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Resumo: Os rituais e os discursos a cerca de suas realizações são objetos privilegiados para o
estudo das questões, que ocidental e modernamente denominamos por religiosas (ASAD,
2010). Tais ações simbólicas, por um lado, são responsáveis por construírem um mundo, uma
realidade em que o sujeito que as desenvolve vive. Por outro lado, tais práticas indicam este
mundo, pressupõe-no e são in-formadas por esta realidade que as abarca e possibilita a sua
existência. Caminhando neste sentido este trabalho parte dos rituais e discursos de
benzedeiras, mais especificamente de benzedeiras da cidade de Rebouças – PR, para
compreender não só os sentidos atribuídos às práticas religiosas destas mulheres, mas
compreender qual é o mundo que informa as suas práticas, ou seja, qual é o mundo de
possibilidades onde tais práticas ocorrem, que agências e substâncias o constituem e como tais
ritos e discursos atualizam a sua existência ontológica. Para isso, este trabalho tem como eixo
fundamental a análise de discurso e de ritual de benzedeiras de Rebouças – PR. Esta analise,
por sua vez é empreendida através de uma transcriação das práticas rituais e discursos das
benzedeiras e por meio de uma perspectiva semiológica que, principalmente, se ancora em
Edmund Leach (LEACH, 1976) e nos Escritos de Linguística Geral de Saussure (SAUSSURE,
2004), procedimento através do qual buscamos nos aproximar da realidade de existência
destas benzedeiras. Ao fim este trabalho apresenta como é o mundo e a cosmologia destas
mulheres e que seres ontológicos habitam o universo onde a benzedura se realiza. Deste
modo, o texto busca esclarecer as lógicas que subjazem as ações religiosas destas mulheres e
questões ontológicas das agências rituais que apresentam-se na realização deste ofício
tradicional religioso.
3
Visagens na perspectiva desta população são agências sobrenaturais que emergem em contados esporádicos e
pontuais com os indivíduos locais, dentre eles podemos citar como exemplares os casos de encontros com Boitatás –
bolas de luz que seguem as pessoas em ambiente rural, Lobisomens, e diversos outros seres de difícil classificação.
4
Como exemplos mais tradicionais posso citar os rituais de Romaria de São Gonçalo e a Recomendação das Almas,
ambos muito presentes na vida religiosa popular local.
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Em especial, vale destacar os Olhos D’água de São João Maria, onde diversos rituais coletivos são realizados,
desde batismos até processos de cura e purificação que utilizam da matéria prima local – barro, água, plantas
medicinais, entre outros.
Referenciais
ASAD, T. A construção da religião como uma categoria antropológica. Cadernos de
Campo, São Paulo, n. 19, p. 263-284, 2010.
BOUQUET, S. Introdução à Leitura de Saussure. São Paulo: Cultrix, 2000.
BRUSCHETTA, C. A. A. M. Cura e Devoção: A vida e a sabedoria das benzedeiras de
Rebouças - PR. Monografia de Graduação. Curitiba: UFPR, 2015.
DURKHEIM, É. As Formas Elementares da Vida Religiosa. São Paulo: Martins
Fontes, 2000.
FRAZER, J. G. The Golden Bough: A Study in Magic and Religion, 3rd ed. London:
Macmillan, 1955
EVANS-PRITCHARD, S. E. E. Bruxaria, oráculos e magia entre os Azande. Rio de
Janeiro: Zahar, 2005.
LEACH, E. Cultura e Comunicação. Lisboa: 70, 1992.
MAUSS, M. Ensaio sobre a natureza e função do sacrifício. In: MAUSS, M. Ensaios de
Sociologia. [S.l.]: [s.n.], 2005. p. 141-228.
MEYER, B. Mediation and Genesis of Presence: Toward a Material Approach to
Religion. Religion and Society: Advanceds in Research 5, 2014.
SAUSSURE, F. D. Escritos de Linguística Geral. São Paulo: Cultrix, 2004.