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Preste atenção aos termos em destaque no primeiro verso
citado: GAD e MENI. Algumas versões em língua portuguesa
vertem ambos os termos como “Fortuna” e “Destino”
respectivamente. Porém, uma tradução assim tende a ocultar
algumas verdades nem sempre perceptíveis numa leitura
superficial da passagem. Será de muita valia uma análise
mais detida desses vocábulos.
O termo “Gad” quando analisado à luz do conhecimento dos
Sábios de Abençoada Memória, poderia nos surpreender.
Segundo Rashi, o maior exegeta judeu de todos os tempos,
este termo diz respeito a uma “divindade pagã, segundo o
zodíaco” – ou seja, trata-se de uma representação astrológica
¹
Há ainda uma outra fonte que trata desse termo. O Talmud
Bavli, Tratado Shabat 67b.
האומר גד גדי וסנוק לא אשכי ובושכי יש בו משום דרכי האמורי ר' יהודה אומר גד
אינו אלא לשון ע"ז שנאמר העורכים לגד שלחן
“Aquele que diz, ‘seja boa a minha sorte e que não se canse
nem de dia e nem de noite’ há nele algo de práticas amoritas.
O Rabi Yehudá diz, ‘Gad não é outra coisa senão um termo
idólatra, como se diz, ‘Os que preparam uma mesa para
Gad...”
Curiosamente, o
termo “Gad” []גד
reflete a raiz verbal
[ ]גדדque segundo
vários léxicos e
dicionários
hebraicos4,
significa ‘cortar’,
‘dividir’ ou ainda, ‘agrupar’. Teríamos assim, uma divindade
dividida ou agrupada, caso consideremos o vocábulo
segundo a sua raiz. Isso muito obviamente contradiz o tema
central da Torá que é a unidade e a indivisibilidade do
Criador, Bendito Seja. O sentido do termo quando
considerado o original reflete também de forma muito clara a
ideia de uma composição de divindades, algo bastante
comum tanto no antigo oriente quanto hoje em dia, nas
religiões modernas.
Na segunda parte de Is. 65:11, vemos a menção de uma
“mesa preparada” para esta divindade, e a menção inequívoca
acerca de “vinho misturado”, dedicado a um tal “Meni”.
Banquetes cerimoniais e místicos eram muito comuns nas
religiões de mistério do mundo antigo. Os convidados
assetavam-se ao redor da mesa cerimonial e ali eram servidos
comidas e bebidas que segundo criam, detinham poderes de
elevação e de ‘comunhão’ com os deuses. Tais práticas
refletem-se no culto a Baco ou Dionísio e em muitos outros
cultos antigos, como o de Adônis, Baal ou Tamuz – sendo
essas divindades um amálgama de conceitos muito similares
transmitidos por milênios e que, pelo que podemos perceber,
persistem até hoje, em sua forma mais recente.
Como se sabe, o planeta Júpiter emprestou seu nome desde a
antiguidade à maior divindade do panteão greco-romano,
sendo entendido como “pai dos deuses”. Os astrólogos
4
(Inscrição do acrônimo do ‘peixe’ – “Jesus Cristo. Filho de Deus Salvador” - sobre uma
peça de mármore, entalhada na cidade de Éfeso, atual Turquia) Fonte:
http://en.wikipedia.org/wiki/Ichthys
Referências:
1. Rashi sobre Isaías 65:11-12
http://www.chabad.org/library/bible_cdo/aid/15996#showr
ashi=true
2. The Book of Isaiah, vol. 2 – Judaica Press, pág. 502ª
3. Comentário Metzudat David
http://www.sefaria.org/Metzudat_David_on_Isaiah.65.11.3
4. Dicionário Português-Hebraico e Hebraico-Português,
Avraham Hatzamri, Ed. Sefer, pág. 31
5. Conjunção de Júpiter com Vênus
http://newsinfo.iu.edu/news/page/normal/1203.html
6. Teofagia cristã
http://www.dicio.com.br/teofagia/
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