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MarcusBraga - Therebels - Carlos Alberto Brilhante Ustra - A Verdade Sufocada PDF
MarcusBraga - Therebels - Carlos Alberto Brilhante Ustra - A Verdade Sufocada PDF
iSr
Editora Ser
Brasilia 200’’
comunismo internacional, com a
tnlAcifl do que lutaram contra uma
(lllndurn militar para promover a
liberdade e a Democracia
O próprio Listra foi vitlm.i <1,i
farsa dessa gente, por ter sofrido
na pele a torpeza de uma «cnso
ção rocambolesca, que elo dos-
trói, ponto-por-ponto, em dotei
minadas páginas deste trabalho, Comandei o DOI/CODI/II Exército,
como já o fizera em seu nnlorlor de 29/09/1970 a 23/01/1974, período
“Rompendo o Silêncio”. em que as organizações terroristas
Em linguagem coloquial, "A atuaram com maior intensidade.
Verdade Sufocada” prende o lei
tor em narrativas ricas em ação, Neste livro conto como os Órgàos
pormenorizando o entrechoque de Segurança as derrotaram. Na luta
entre os órgãos de segurança a armada, lamentavelmente, tivemos
chamada repressão - e as orga cerca de 500 vítimas, de ambos os
nizações comuno-terroristas, hoje
lados, um número bastante reduzido
mitificadas por uma parcela da
mídia ainda renitente em abraçar se o compararmos com os demais
uma causa ultrapassada. países da América Latina que, tam
Ustra, com muita clareza e bém, enfrentaram o terrorismo.
propnedade. apresenta provas ir Além dos relatos, procuro desfazer
refutáveis que permitem ao leitor
mitos, farsas e mentiras divulgadas
um verdadeiro juízo de valor sobre
a realidade dos fatos daqueles para manipular a opinião pública e
anos conturbados. A contundência para desacreditar e desmoralizar
do seu livro é de extrema valia para aqueles que as venceram.
os que não vivenciaram aqueles
momentos e que hoje são bombar
deados por versões enviesadas
de uma esquerda revanchista.
Ustra e a sua Joseíta não
mediram esforços num diligente
trabalho de pesquisa, que em
presta a maior credibilidade e
profundidade às narrativas con
tidas nesta obra.
Acompanhei, pari passu. to
das as etapas da feitura de “A
Verdade Sufocada" e. com muito ISBN 978-85-86662-60-7
orgulho, integro o elenco de seus
colaboradores
Passemos, pois. ao desfilar
de uma época, sob o testemunho
de um de seus melhores prota
gonistas.
Há quarenta anos, em 25/07/1966, a organização terrorista
Ação Popular (AP) realizou um atentado no Aeroporto
de Guararapes - Recife/PE - que ocasionou duas mortes
Paulo Carvalho Espíndola, e treze feridos graves, entre os quais uma criança de seis anos.
Coronel Reformado. Esse atentado é considerado o marco inicial da luta armada no Brasil.
cam ajude» que,na fyorafausgrm&ti
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Agradecimentos
Nüo poderia escrever este livro sem expressar os m eus agradecimentos:
- Ao senhor M oacir N unes Pinto pelo apoio dado quando do lançam ento
do livro na cidade de São Paulo.
- Tam bém não poderia deixar de agradecer aos que escreveram artigos e
livros e mantêm sites onde esclareci algum as de minhas dúvidas:
- Ao Doutor Plínio, por iniciar e m anter nossos encontros anuais com anti
gos companheiros de luta.
Dedico este livro ao meu Exército e aos meus chefes, principalmente àque
les que m e designaram para, sob suas ordens, com bater a guerrilha urbana e o
terror comunista. Meus chefes sempre me apoiaram e me distinguiram, conce-
dendo-me a Medalha do Pacificador com Palma, maior condecoração que um
militar do Exército pode receber em tem po de paz.
D edico-o, tam bém , aos m eus com panheiros do E xército, da M arinha,
da Força A érea e das Polícias C ivis e M ilitares que, em todo o Brasil, luta
ram com denodo, bravura e abnegação no com bate à subversão e ao terro
rismo.
Faço-o, especialm ente aos m eus com andados no D O I/C O D I/II E xér
cito, ab n eg ad o s que atenderam ao cham ado da Pátria e arriscaram a vida
com coragem , lutando com honra e dignidade para extirpar o terrorism o de
esquerda que am eaçava a paz e a tranqüilidade do Brasil. M inha adm iração
a vocês q u e enfrentaram , em luta arm ada e traiçoeira, irm ãos brasileiros
fanatizados.
D edico-o, com em oção, aos fam iliares e am igos que perderam seus
entes queridos nessa guerra fratricida. Desse m odo, hom enageio as vítim as
do terro rism o verm elho que, desde 1935, vinha ten tan d o tom ar o poder
pelas arm as. Estendo aos fam iliares desses m ártires o m eu profundo respei
to.
Dedico este livro, com o já o fiz em 1987 em Rompendo o Silêncio , aos
jovens que não viveram aquela época e que somente conhecem a história
distorcida pelos perdedores de ontem , m uitos dos quais ocupam cargos em
universidades, jornais, emissoras de rádio e televisão e posições relevantes em
órgãos públicos.
D edico-o a eles que são o futuro do novo Brasil. São puros de espírito e de
intenções e vejo-os, muitas vezes, explorados em sua boa fé. No negro período
revolucionário da guerrilha urbana e rural, muitos foram usados, manipulados e
fanatizados. Puseram-lhes arm as nas mãos, os instruíram, orientaram e doutri
naram, levando-os à violência inútil. Hoje, reescrevem a história e a transmitem
distorcida às novas gerações.
Ofereço este livro aos jovens, para que possam buscar a verdade, com liber
dade para procurá-la, liberdade legada a eles por nossa luta. Entretanto, hoje
prevalecem as “m eias-verdades” que, no seu reverso, são mentiras completas.
Preocupo-me em vê-los influenciados por panfletos que tomam ares de história
contemporânea e lhes são apresentados com o a verdade definitiva. Não é sobre
a mentira que se alicerça o futuro de um país.
C onfio que os jo v e n s , na sua sede de ju stiça, sab erão encontrar a ver
dade e saberão ser livres, não perm itindo que ideologias ultrapassadas, de
novo am orteçam os seu s sentim entos, oferecendo a violência no lugar da
paz, a m entira no lu g ar da verdade e a discórdia no lugar da solidariedade.
A ssim , com o espírito lim po, construirão o País que pacificam os com san
gue e lágrimas de m uitos brasileiros.
À todos os que repudiam a violência, amam a paz e a verdade, levo o meu
testem unho e apresento o resum o de m inha vida nesses anos conturbados.
S o m o s liv res e d e v e m o s fazer da lib e rd ad e a ra z ã o m a io r da c o n s
tan te v ig ilân c ia , u m a v ez que os d e rro ta d o s não d e sistira m de in te n ta r
c o n tra o Brasil.
Sumário
À guisa de prefácio................................................................................................... 21
Introdução...................................................................................................................25
Lupes Ustra: minha primeira motivação ideológica..............................................31
Partido Comunista Brasileiro...................................................................................38
l)e Getúlio a Juscelino..............................................................................................42
Luís Carlos Prestes e Olga Benário....................................... 45
Intentona Com unista.................................................................................................47
O Tribunal Vermelho e os “justiçamentos” do PCB........................................... 54
Governo Jânio Q uadros............................................................................................58
Governo João G oulart................................................................ 61
Ligas Cam ponesas....................................................................................................69
Onda esquerdista......................................................................................................73
A imprensa e a Contra-Revolução......................................................................... 78
Agitação nos quartéis...............................................................................................83
Minas, rastilho da Contra-Revolução..................................................................... 89
Encontro de irmãos de armas - lição de amor ao Brasil.................................... 92
0 31 de março no 19° RI - São Leopoldo/RS................................................... 104
Golpe ou contra-revolução?....................................................................................111
De norte a sul vivas à Contra-Revolução.............................................................115
A Contra-Revolução e os Estados U nidos............................. 118
Governo Castello Branco..................................................................................... 123
Influência e ajuda de Cuba à luta armada na América L atina....................... 129
Influência e ajuda de Cuba à luta armada no Brasil......................................... 138
O caudilho contra-ataca....................................................................................... 144
As sete bombas que abalaram R ecife............................................................... 154
Governo Costa e Silva.......................................................................................... 161
Carlos Marighella, o ideólogo do terror.............................................................. 166
Sonho de uma guerrilha rural............................................................................... 173
Recrutamento dos jo v en s..................................................................................... 176
Movimento estudantil............................................................................................ 178
Assalto ao Hospital Militar................................................................................... 189
Atentado ao QG do II Exército.............................................................................191
Tribunal Revolucionário e novas sentenças
(major alemão e capitão americano).................................................................. 197
Lamarca rouba armas que a Nação lhe confiou................................................203
2a Companhia de Polícia - a pioneira no combate ao terrorismo................... 210
O Movimento Armado Revolucionário (MAR)
e “os meninos” de Flávio Tavares........................................................................ 214
Operação Bandeirante (OBAN).......................................................................... 221
Seqücstro do embaixador americano................................................................... 227
Governo Mediei e o milagre brasileiro.................................................................233
Em Süo Paulo.......................................................................................................... 243
Seqücstro do cônsul do Japão em São Paulo....................................................245
Um dia é do caçador, outro da c a ça .................................................................. 254
Operações no Vale da Ribeira
e massacre do tenente Alberto Mendes Júnior.................................................257
Seqücstro do embaixador da Alemanha............................................................ 270
Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR).................................... 277
Uma estrutura se arma contra o terror.............................................................. 282
Quando o espírito de corpo é imprescindível....................................................286
Ao DOI/CODI/II Exército uma estrutura dinâm ica........................................293
Seção de Contra-Inform ações............................................................................. 295
Setor de Operações de Informações................................................................. 300
Seção de Investigações......................................................................................... 303
Seção de Informações e Análise.......................................................................... 306
Seção de Busca e Apreensão............................................................................... 307
O interrogatório.............................. 309
Para combater o terrorismo, leis especiais........... ............................................ 317
Quando é mais fácil criticar..................................................................................319
Seqüestro do embaixador suíço............................................................................ 322
“Tribunal Revolucionário” condena mais um(Boilesen)......................................326
ALN abandona companheiro fendo..................................................................... 335
Ação Libertadora Nacional (A L N )..................................................................... 341
Batismo de sangue..................................................................................................345
“Tribunal Revolucionário” em sessãopermanente.............................................. 351
A Dissidência da ALN
e o Movimento de Libertação Popular (Molipo)...............................................365
Morte do major José Júlio Toja Martinez Filho.................................................. 373
A melhor defesa é o ataque.................................................................................. 380
Um com bate............................................................................................................383
À espera do filho de José Milton........................................................................ 385
Rajada mortal - Morte do cabo Sylas Bispo Feche..........................................394
Não interessa o cadáver, mas o impacto - David A. Cuthberg...................... 399
Mais um combate na ru a .......................................................................................401
Nossa vida em contínua tensão............................................................................408
Assassinato do Dr. Octávio Gonçalves Moreira Júnior.....................................411
Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (Var-Palmares)........................ 417
A VAR Palmares e os jovens...............................................................................420
Em Brasília.............................................................................................................433
( Joverno Ernesto Geisel........................................................................................ 435
Um final feliz ......................................................................................................... 437
No 10 Grupo de Anilharia de Cam panha........................................................ 439
Governo João Figueiredo......................................................................................442
’’Julgamento da Revolução’’ .................................................................................446
Brasília - Uruguai - Brasília.................................................................................449
De Tancredo a Itamar Franco.............................................................................465
A vala do Cemitério dc Perus..............................................................................471
( ioverno Fernando Henrique Cardoso............................................................... 479
Mais que “perseguidos políticos” revanchistas.................................................481
Lei dos Desaparecidos Políticos............................*............................................ 484
Morte no QG da 5a Zona Aérea, Canoas/RS....................................................500
Suicídio no 19° RI - São LeopoIdo/RS...............................................................504
Lei dos Perseguidos Políticos............................................................................. 507
Vítimas do terrorismo no Brasil.......................................................................... 511
Governo Luiz Inácio Lula da S ilva..................................................................... 526
Os sem-terra sem lim ites.................................................................................... 532
Indenizações... até quando?................................................................................ 542
A vingança dos derrotados.................................................................................. 546
Foro de São Paulo.................................................................................................553
Rumo ao socialismo............................................................................................. 559
Para m editar.......................................................................................................... 564
Palavras fin ais.......................................................................................................565
índice onom ástico................................................................................................ 568
BIBLIOGRAFIA................................................................................................. 600
A guisa de prefácio
surrupiadas pelo H eilorA quino Ferreira que, muitos anos mais tarde, as entre
gana ao jornalista ElioG aspari.
Conheceria tam bém a esposa do comandante, Joscíta, m ulher de aparência
frágil, mas animo forte que fora um dos arrimos de Ustra naqueles tempos difí
ceis e que se transform aria na “mãezona” das moças que as peripécias da guer
rilha colocariam so b aguarda de seu marido naR uuT utóia, nas tertúlias com
M iriam , Joana, Li la, Cristina, Shiruca, entre as aulas de tricô e crochê e as
brincadeiras com a sua pequena filha.
Por fim, procuro m ostrar com o agiam “os jovens estudantes”, alguns hoje
recebendo vultosas indenizações e altos salários pela “p erseguição” que a
ditadura lhes im pôs. Pretendo deixar bem claro, com o a revolução com unista
vinha sendo preparada e com o as cabeças dos nossos jo v en s vinham sendo
am oldadas, desde antes de 1935, ano da Intentona Com unista.
É isto que eu sei e é disto que resulta a abertura dos m eus arquivos.
1
Lupes Ustra: minha primeira motivação ideológica
Nasci na cidade de Santa M aria, interior do Rio Grande do Sul, numa épo
ca em que os m eios de com unicação eram precários. As estradas até Santa
Maria eram de terra, os telefones mal funcionavam.
M inha m ãe, C acilda Brilhante Ustra, dona-de-casa, dedicava-se à criação
e educação dos quatro filhos. Era uma m ulher m aravilhosa, am igae carinhosa
que se esforçou m uito para que meu pai pudesse trabalhar e estudar com tran
quilidade. M eu pai, Célio M artins Ustra, funcionário dos Correios eT elégra
fos, estudava e trabalhava para m anter a família. Quando fiz três anos, ele con
cluiu o que, hoje, cham am os de segundo grau. No ano seguinte, no dia em que
meu irm ão R enato nasceu, ele pegou o “noturno” e, viajando num vagão de
passageiros de 2a classe, foi a Porto A legre prestar vestibular para a Faculdade
de D ireito da U niversidade Federal do Rio Grande do Sul. A provado, cinco
anos mais tarde era bacharel em Direito.
Foi nessa luta árdua, m as cheia de vitórias, que meus pais conseguiram
formar os quatro filhos.
M inha irm ã, G láucia Ustra Soares, formou-se em Farm ácia pela Universi
dade Federal de Santa M aria, onde, após o curso, fez parte do corpo docente
até se aposentar. N unca parou de estudar. Até hoje, continua fazendo cursos
em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre, procurando sem pre se atualizar e
se aperfeiçoar n a técnica da m anipulação de m edicam entos e na fabricação de
cosméticos, produzidos nas suas conceituadas Farmácias Nova Derme, sediadas
em Santa Maria.
Meu irm ão Renato Brilhante Ustra form ou-se pela Academ ia M ilitar das
Agulhas Negras. C om o oficial do Exército, fez os cursos de Pára-quedism o,
Educação Física, A perfeiçoam ento de O ficiais, Estado-M aior, Superior de
G uerra e com andou a Escola dc Educação Física do Exército.
O irmão caçula, José Augusto Brilhante Ustra, seguiu o exem plo de nosso
pai e form ou-se em Direito pela U niversidade Federal de Santa Maria. Com o
professor dc D ireito daquela universidade, foi designado para a C asa de Rui
B arbosa, no Rio dc Janeiro. Ao dirigir-se para essa cidade, um acidente na
BR -116 tirou-lhe a vida. Sua m orte prem atura interrom peu um a brilhante
carreira. Era reconhecido por seus alunos e colegas com o um professor e x
trem am ente com petente. Escreveu livros sobre Direito Tributário.
Meu pai estava sem pre às voltas com seus estudos, com o C orreio c com
suas causas, m as, nas horas vagas, falava-nos dc sua vida c, pelo exem plo, ia
sedim entando o nosso caráter.
32- Carlos Alberto Brilhante Ustra
Meu pai procurou, junto aos militares da Brigada Militar, que haviam parti
cipado desse combate, localizar a região onde ele morreu. Segundo esses mili
tares. após o com bate. Lupes Ustra foi encontrado m orto, tendo ao seu lado
um outro soldado, cujo nom e nunca conseguim os apurar. Eles m orreram en
quanto protegiam a retirada de seus companheiros.
Hm hom enagem aos dois soldados que, segundo o pessoal da Brigada Mi
litar. morreram com o heróis, os sepultaram lado a lado, junto aos dois coquei-
A verdade sufocada - 33
ros que haviam derrubado e que serviram com o trincheira. M arcaram cada
sepultura com um a cruz.
Tem pos depois, Prestes asilou-se na Argentina e aderiu ao com unism o. A
revolta de meu pai foi grande. O tio Lupes m orrera em vào.
Das conversas mantidas com o pessoal da Brigada, meu pai tez um croquis
que perm itiu. 20 anos depois daquele com bate, encontrar o local onde os cor
pos foram enterrados. Ele foi até lá com um outro ex-soldado, que tam bém
participara da coluna. Retiraram os restos m ortais do tio Lupes e do seu com
panheiro e os levaram para Santa Maria. Estão no túmulo da nossa família, no
Cemitério Municipal.
Essas histórias povoaram meus sonhos de menino, com a cabeça repleta de
aventuras. Com eçou aí, creio eu, a minha motivação de ser militar.
O Dia do Soldado
Em Porto A legre, com ecei a me inteirar m elhor das coisas. V ivia num a
capital, longe da “c o rte ” , m as era um a capital. As estradas e as co m u n ic a
ções no Brasil ainda eram m uito precárias. As notícias chegavam pelo rádio
ou, atrasadas, pelos jo rn a is, m as chegavam . Pela prim eira vez, com ecei a
1er e ouvir algum a coisa sobre política c aí com preendi a revolta de meu pai.
Soube, com d e ta lh es, que L uís C arlos P restes - por um perío d o , ídolo de
m eu pai e de m eu tio L u p es - c h efiara em 1935 a In tentona C o m u n ista ,
quando vários quartéis foram atacados. M ais de 30 m ilitares, além de cen
tenas de civis, foram m ortos de form a traiçoeira, muitos enquanto dormiam.
Passei o restante da m inha adolescência em Porto Alegre e de lá me trans
feri para Resende/RJ, com o cadete da Academ ia M ilitar das A gulhas Negras
(AM AN). Três anos depois, em 1954, seria declarado aspirante e a saudade
do Rio Cirande me levou de volta a Santa M aria, para servir no R egim ento
A verdade sufocada - 35
Fontes:
- SO U Z A , A luisio M adruga de M oura e. Guerrilha cio Araguaia -
Revanchismo.
- http://www.grandecomunismo.hpg.cotn.br/pcb.htm
De Getúlio a Juscelino
1930-1961
Getúlio Dom eles Vargas, gaúcho de São Borja, bacharel pela Faculdade de
Direito de Porto Alegre, foi deputado federal e líder da bancada gaúcha, entre
1923 e 1926.
Em 1929, candidatou-se à Presidência da República na chapa d a Aliança
Liberal, de oposição. D enotado pelo paulista Júlio Prestes e apoiado pela Ali
ança Liberal, não aceitou o resultado das umas e chefiou o m ovim ento revolu
cionário de 1930.
Em 1932, eclodiu a Revolução Constitucionalista, em São Paulo.
O Partido R epublicano Paulista e o Partido D em ocrático de S ão Paulo,
unidos, incorporaram um grande núm ero de voluntários, pegando em arm as
contra o governo provisório.
O m ovim ento durou três m eses e m arcou o início do processo da volta á
constitucionalização.
G o v ern o u o P aís e n tre I 9 3 0 e 1934, por m eio de um g o v e rn o p ro v i
sório.
Getúlio Vargas foi eleito presidente da República em julho de 1934.
Foi um período de crises, revoltas e revoluções, que tinham com o m otiva
ção problemas estruturais c sociais, csscncialmentc brasileiros.
O Partido Com unista Brasileiro (PCB), criado em 1922, orientou as ações
para liderar o processo revolucionário brasileiro. Com o verão ao longo deste
livro, os com unistas sem pre se aproveitaram das crises para ocupar espaço,
aliciar militantes, doutrinar as m assas e divulgar a ideologia, tudo sob a ju sti
ficativa da redem ocratização, visando à conquista do poder.
Durante o período em que Getúlio Vargas governou constitucionalm ente o
País, surgiu, em fevereiro de 1935, a A liança N acional L ibertadora (A N L),
entidade infiltrada e dom inada pelo Partido Comunista Brasileiro, para congre
gar operários, estudantes, m ilitarese intelectuais.
Os com unistas deram prioridade à revolução operária e cam ponesa, ao
mesmo tempo que exortavam a luta de classes e conclamavam os cam poneses
à tomada violenta das terras.
Pregavam a tom ada do poder pela luta arm ada e a instauração de um go
verno operário e cam ponês.
Em agosto de 1934, a linha política passou a ser a da insurreição arm ada,
para derrubar o governo e tom ar o poder.
No dia 10 de m arço de 1935, a A N L promoveu sua primeira reunião públi
ca, na cidade do Rio de Janeiro, quando mais de mil pessoas ouviram o seu
A verdade sufocada - 43
Fontes:
- Jornal Inconfidência - Edição histórica - 27/11/2004 - Belo H orizonte
- E-mai I: ginconfi @ vento.com.br
- SO U ZA , A luísio M adruga de M oura e. Guerrilha do Araguaia -
Revanchistno.
Intentona Comunista
23/11 a 27/11/1935
Em 11 de ju lh o de 1935, o g o v e rn o V argas d e c re to u a e x tin ç ã o da
ANL e de o u tras organizações de cunho m arxista-lcninista. E m bora seto
res m ais e s c la re c id o s da so c ie d a d e rea g isse m ás p rin c ip a is a tiv id a d e s
desenvolvidas p elo s com unistas - infiltração, propaganda e aliciam ento -
e o B rasil não e stiv e sse p rep arad o para um a rev o lu ção , os d irig e n te s da
In te rn ac io n al C o m u n ista não p a reciam se p reo c u p a r c o m tais fato s. O
K om intern e x ig ia ação. O grupo ch efiad o por Luís C arlo s P restes tinha a
m issão de im p lan tar no Brasil um a ditadura com unista. O rdens vieram de
M oscou para que o PCB agisse o m ais rápido possível. L uís C arlos P res
tes co n co rd o u co m o d e sen c a d e am e n to do m o v im en to a rm a d o que v iti
mou centenas dc civis e m ilitares.
Os recursos de M oscou, para o financiam ento da revolução, eram des
tinados a C elestino Paraventi, velho conhecido de Prestes no Café Paraventi,
na Rua Barão de Itapetininga, em São Paulo.
A po lícia, c o n v e n c id a de que o d in h eiro vinha pelo U ruguai, ja m a is
descobriu. Paraventi recebia as rem essas regularm ente, por sua conta no
Banco F rancês e Italiano. P róspero industrial e m uito rico, Paraventi m o
v im e n ta v a g ra n d e s so m as de d in h e iro e se c o rre s p o n d ia com o m undo
inteiro, sem d esp ertar suspeitas.
As famílias dos mortos pelos comunistas, tanto civis como militares, jamais
receberam qualquer indenização.
A família de Luís Carlos Prestes, que teve a patente de capitão cassada, em
abril de 1936, por ter liderado a Intentona Com unista, foi indenizada pela Co
missão de Anistia e recebe a pensão equivalente ao posto de general-de-briga-
da, além de RS 180.000,00 de atrasados, segundo O Globo de 20/05/2005,
Ia página.
As fam ílias dos vitim ados pelos seguidores de Prestes não tiveram trata
m ento sem elhante do atual governo. As pensões não são as correspondentes
aos postos que eles alcançariam se não tivessem sido assassinados no cum pri
mento do dever.
Fontes:
- Agência Estado. Aedata - William Waack.
- SO U ZA , A luísio M adruga de M oura e. Guerrilha do Araguaia -
Revanchismo.
Olga Benário
e Luís Carlos
Prestes
52- Carlos Alberto Brilhante Ustra
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“Rio, 17/04/40
Meu caro Bonfim
Acabo de assistir à exumação do cadáver de minha irmã Elvira.
Reconheci ainda a sua dentadura e seus cabelos. Soube também
da confissão que elementos de responsabilidade do PCB fizeram
na polícia de que haviam assassinado minha irmã Elvira. Diante
disso, renego o meu passado revolucionário e encerro as minhas
atividades comunistas.
Do teu sempre amigo,
Luiz Cupelo Colônio”
Elizário Alves Barbosa e Maria Silveira, “Neli”, eram nam orados e, tam
bém, militantes do PCB. Residiam em São Carlos,SP.
Acabado o nam oro, Elisário acusou-a de não m erecer mais a confiança do
partido. O “Tribunal Vermelho” condenou-a à morte, no Rio de Janeiro.
Participantes: R icarte Sarrun; A ntônio Vitor da Cruz; e A ntônio A zeve
do C osta.
Para executar a sentença, usaram o táxi de Dom ingos A ntunes Azevedo,
“ P aulista” . N o local. Floresta da Tijuca, esperavam D iocesano M artins e
Daniel da Silva Valença.
Fontes:
- AUGUSTO, Agnaldo Del Nero. A Grande M e n tir a Biblioteca do Exér
cito Editora, 2001.
- D U M O N T , F. Recordando a H istória - Os crim es do PCB.
(www.ternuma.com.br).
-Jornal Inconfidência. Belo Horizonte (ginconfi@ vento.com .br).
Antônio Maciel Bonfim - " Miranda " e Elvira Cupelo Colônio - “Garota "
Governo Jânio Quadros
31/01/1961 a 25/08/1961
Em 3 de outubro de 1960, Jânio Quadros foi eleito pela UDN (U niào De
mocrática Nacional) e pelo PDC (Partido Democrático Cristão) com 48% dos
votos, empunhando a bandeira da moralidade administrativa, da austeridade e
da honestidade no trato da coisa pública. O vice eleito foi João Goulart (Jango),
candidato da chapa de oposição.
A conquista de seis milhões de votos e o apoio massivo de variados setores
da sociedade levaram m uitos a pensar que Jânio resolveria as crises econôm i
cas e políticas do Brasil.
Jânio era advogado e professor de Português. Nasceu em Cam po Grande/
MS e transferiu-se para São Paulo, onde iniciou sua bem -sucedida carreira
política. Foi vereador, deputado estadual, prefeito da capital e governador do
Estado de S. Paulo.
N a cam panha para a P residência, populista, tinha com o lem a: “ A vas
so u ra contra a c o rru p ç ã o ". Era um a figura bizarra. E ntre um c o m íc io e
outro , com ia sa n d u íc h e d e m o rtad ela e pão com b anana, que tira v a dos
bolsos. Vestia roupas surradas, usava cabelos longos e tinha casp as pelos
cabelos e om bros. D urante a cam panha, levava sem pre um a vassoura.
Com essa imagem folclórica e discurso moralista, encantava as m assas.
Empossado, sem pre despachava por m eio de bilhetes aos m inistros e ou
tras autoridades.
Jânio fez fama de excêntrico, autoritário e antidemocrático.
Entre suas realizações, desvalorizou o Cruzeiro (moeda da época), reduziu os
subsídios às importações de produtos como o trigo e a gasolina, o que elevou o
preço do pão e dos transportes. Reprimiu os movimentos camponeses e estudan
tis e exerceu forte controle^sobre os sindicatos. Proibiu o uso do biquíni, restringiu
as corridas de cavalo aos domingos, combateu as rinhas de galo, pregou contra o
hipnotismo e determinou que os trajes do tipo safári fossem adotados com o uni
forme em repartições públicas.
Seu governo teve baixa popularidade e frágil apoio partidário, pois se
ressentia de um a base sólida de apoio político, já que no C o n g re sso N a
cional os partidos o p o sito res, o PTB e o PSD, constituíam a m aio ria par
lamentar.
Para completar o quadro, enfrentava a oposição cerrada do então governa
dor do Estado da G uanabara, Carlos Lacerda.
Uma certa simpatia pelo regime comunista cubano, instaurado após a revo
lução de l idei Castro, em 1959, levou-o a condecorar o então m inistro da
A verdade sufocada - 59
Juscelino e Jango
durante a posse
de Jânio Quadros
na Presidência
da República
Presidente
Jânio Quadros
condecora Che
Guevara
Governo João Goulart
07/09/1961 a 31/03/1964
Jango reatou relações diplom áticas com a URSS, rom pidas no governo
Dutra, e foi contrário à s sanções impostas a Cuba. Realizou um governo con
traditório. Estreitou alianças com o movimento sindical e tentou implem entar
uma política dc estabilização, baseada na contenção salarial. Determinou a re
alização das cham adas reformas de base: reformas agrária, fiscal, educacional,
bancária e eleitoral, condições exigidas pelo FMI para a obtenção de novos
em préstim os e para a renegociação da dívida externa. Para ele, elas eram ne
cessárias ao desenvolvimento de um “capitalismo nacional progressista”.
Limitou a rem essa de capital para o exterior e nacionalizou em presas de
comunicação.
A oposição ao governo aum entou com o anúncio dessas m edidas. Jango
perdeu suas bases e, para não se isolar, reforçou as alianças com Leonel
Brizola, seu cunhado e deputado federal pela G uanabara, com a LTNE e com
o Partido C om unista Brasileiro que, apesar de clandestino, m antinha forte
atuação nos m ovim entos estudantil e sindical.
A atuação das organizações subversivas era grande. Em 18 d e novembro
de 1961, um a delegação de com unistas brasileiros enviada ao XXII C on
gresso do Partido Com unista da União Soviética foi recebida no Kremlin por
dirigentes russos. Lá, Luís C arlos Prestes e seus seguidores receberam ins
truções para o preparo político das m assas operárias e cam ponesas e para a
montagem da luta arm ada no Brasil.
No início de 1962, os com unistas conquistaram o dom ínio da UNE e da
Petrobrás.
O VI Congresso dos Ferroviários mostrou o nível de infiltração comunista
no setor de transportes. Um com ando unificado orientava e conduzia as ações
dos rodoviários, ferroviários, marítimos e aeroviários.
O jornal oficial do Partido Comunista Brasileiro circulava, diariamente, com
artigos audaciosos. A s vitórias da União Soviética no plano internacional esti
mulavam a aceleração do processo revolucionário no Brasil.
Em fevereiro de 1962, o Partido Com unista do Brasil (PCdoB ). dissiden
te do PCB e recém -criado, organizou-se e passou a defender a luta arm ada
com o instrum ento para a conquista do poder, seguindo o conceito chinês da
“guerra popular prolongada” .
A verdade sufocada - 63
Dias decisivos
Fontes:
- TO R R ES, R aym undo Negrão. Fascínio dos anos de chumbo .
- http://cadete.am an.ensino.eb.br/histgeo/H istM ildoB rasil/nov55_64/
12DiasDec.htm
Ligas Camponesas
Os prim eiros movimentos camponeses foram criados polo PCB, na década
de 1940, com a finalidade de m obilizar as m assas rurais.
No Estado dc Pernam buco, as Ligas Cam ponesas surgiram com o desdo
bram ento de pequenas organizações de plantadores e foreiros (espécie de dia
ristas) dos grandes engenhos de açúcar da Zona da Mata. Em poucos anos, as
Ligas espalharam -se pelos estados vizinhos, sob a liderança de Francisco Julião,
deputado do Partido Socialista Brasileiro (PSB). Desde o com eço obtiveram o
apoio do Partido C om unista B rasileiro e de setores da Igreja Católica. Em
pouco tem po arregim entaram milhares de trabalhadores rurais. O crescimento
de militantes e de núcleos, em número expressivo, estimulou suas lideranças a
prosseguir na m obilização para uma reform a agrária radical, que atendesse às
reivindicações cam ponesas em seu conjunto.
Em 1957, Francisco Julião visitou a URSS.
A partir de 1959, as Ligas C am ponesas se expandiram tam bém , rapida
mente, em outros estados, com o a Paraíba, Rio dc Janeiro e Paraná, aum entan
do o impacto político do movimento.
Até 1961,25 núcleos foram instalados no Estado de Pernam buco, princi
pal mente na Zona da Mata.
Nesse m esm o ano, Julião repetiu sua visita à União Soviética.
De todos os núcleos das Ligas, o mais importante, o mais expressivo e o de
maiorefetivo foi o de Sapé, na Paraíba. Esse núcleo congregaria 10.000 membros.
Em 1960e 196 L a s Ligas organizaram comitês regionais em 10 estados e
criaram o jornal A Liga, porta-voz do m ovim ento, que circulava entre seus
militantes. Também nesse ano tentou criar um partido político cham ado M ovi
mento RevolucionárioTiradcntes - MRT (M ovimento que atuou na luta arm a
da, no período pré c pós-revolucionário de 1964).
No plano nacional, Francisco Julião reuniu, em tomo das Ligas, estudantes,
idealistas, visionários c alguns intelectuais, com o Clodom irdos Santos Morais,
advogado, deputado, militante com unistae um dos organizadores de um malo
grado movim ento de guerrilha em Dianópolis/Goiásem 1962.
A aproxim ação de Francisco Julião com Cuba foi notória, especialm ente
após a viagem que realizou acompanhando Jânio Quadros àquele país, em 1960,
seguido por m uitos militantes. A partir daí, tomou-se um entusiasta da revolu
ção cubana e convenceu-se a adotar a guerrilha com o form a de ação das Ligas
Cam ponesas. E dessa época a iniciativa, pioneira no Brasil, dc fundarem Reci
te o Com itê dc Apoio à Revolução Cubana.
Em 30 dc abril dc 1961, JovcrTelles, dirigente do PCB, chegou a Havana
e. após contatos com as autoridades cubanas, encam inhou ao Com itê Central
70- Carlos Alberto Brilhante Ustra
PCdoB
Ação Popular
PORT
POLOP
Como a revolução vinha sendo preparada pelo Partido Com unista Brasilei
ro (PCB), seguindo a chamada “via pacífica”, Brizola, no seu radicalismo orien
tado pelos “folhetos cubanos”, aproxim ava-se, cada vez mais, do Pailido Co
munista do Brasil (PCdoB), considerado um possível aliado:
“Existe uma ala mais poderosa que, dia a dia, está se elevando
no conceito do proletariado marxista, seguidora dos ideais de Mao
Tse Tung, de Stalin, e que são, em ultima análise, os de Marx e
Engels. É nessa ala, hoje muito mais poderosa que a de Moscou,
que iremos buscar a fonte de potencialidade material e militar para
a luta de Libertação Nacional.”
“Fora
A Nação não mais suporta a permanência do Sr. João Goulart
à frente do governo. Chegou ao limite a capacidade de tolerá-lo
por mais tempo. Não resta outra saída ao Sr. João Goulart senão a
de entregar o governo ao seu legítimo sucessor.
Só há uma coisa a dizer ao Sr. João Goulart: saia
Durante dois anos, o Brasil aguentou um governo que parali
sou o seu desenvolvimento econômico, primando pela completa
omissão o que determinou a completa desordem e a completa anar
quia no campo administrativo e financeiro.
Quando o Sr. Goulart saiu de seu neutro período de omissão
foi para com andar a guerra psicológica e criar o clim a de
intranquilidade e insegurança que teve o seu auge na total
indisciplina que se verificou nas Forças Armadas.
Isso significou c significa um crime de alta traição contra o
regime, contra a República que ele jurou defender...”
82- Carlos Alberto Brilhante Listra
Ao chegar à m inha nova unidade, fui designado para com andar a 4a Bateria.
O 1° Grupo era com posto pelas Ia, 2a, 3a e 4a Baterias de C anhões A ntiaéreos
e pela Bateria de C om ando e Serviços.
N essa ép o ca, o co m a n d a n te da Bia. de C om ando e S e rv iç o s era o I o
tenente C arlos M ário Pitet, que com ungava dos m esm os princípios ideoló
gicos que eu. H avia, ain d a, m ais um a Bia. de C anhões, cujo com andante
era so lid ário a nós e d o qual não me lem bro o nom e. Q u anto às dem ais,
eram co n sid erad as c o m o “ baterias verm elhas” , já que seus co m an d an tes
eram sim patizantes do governo.
Quando assumi o Com ando da 4a Bia., tratei, imediatamente, de aprimorar
a instrução e a disciplina e de dedicar um esforço considerável na m anutenção
e no preparo do m aterial bélico. M eus sargentos e soldados eram um todo
unido e coeso. Quanto aos oficiais, consegui, antecipadamente, transferir para
outra Bateria um tenente que não me inspirava confiança.
No que d iz respeito aos sargentos, tive problem as apenas com um. Ao
fazer uma revista inopinada, o sargento encontrava-se ausente. Q uando to
mei conhecim ento de q u e ele vinha se ausentando do ex p ed ien te, por que
passava o dia fazendo propaganda com unista, em frente à estação da C en
tral do Brasil, coloquei seu nom e no pernoite (revista feita às 21 horas). Ele
faltou à revista três d ias seguidos. C om o alguém deve tê-lo av isad o e sa
bendo que, após sete ausências, passaria à situação de desertor, co m p are
ceu ao quartel e se ap re se n to u na B ateria. E stava em estad o lastim áv el.
B arba por fazer, c a b elo s grandes para os padrões m ilita re s, ca m isa para
fora das calças e, no lu g a r de usar co tu rn o s, usava b otas de can o curto,
onde carregava um a faca.
A verdade sufocada - 85
“À P á tria
tu d o se deve d a r e nada pedir,
nem mesmo com preensão”
A “Marcha
Ja Família
com Deus
e pela
LiherJaJe ”,
em 02/04/1964
reuniu no Rio
Je Janeiro,
mais J e um
milhão Je
pessoas
Marinheiros
sublevados,
na Avenida Rio
Branco - Rio
de Janeiro
Minas, rastilho da Contra-Revolução
Em 30 de m arço de 1964, o governador do Estado de M inas Gerais, M a
galhães Pinto, tom ou público um manifesto, confirmando sua posição favorável
às reform as que o País aspirava, m as não concordando que elas fossem usadas
com o pretexto para am eaçar a paz social.
No dia seguinte, 31 de março, M agalhães Pinto lançou um a Proclamação.
Nela declarava que tinham sido inúteis as advertências feitas ao País e conside
rava ser seu dever entrar em ação, a fim de assegurar a legalidade am eaçada
pelo presidente da República.
O general Carlos Luiz Guedes, comandante da Infantaria Divisionária (1D/4),
sediada em Belo Horizonte, no dia l°de abril lançou um manifesto afirmando que,
honrando sua heróica tradição, o povo mineiro iniciou a luta pela liberdade, como
sempre. Em verdade, j á na tarde do dia 30 de m arço, o general Guedes reuniu
seus oficiais no comando da 1D/4 e lhes informou que. a partir daquele momento,
se julgava rebelado c não mais cumpriria ordens do governo federal.
Sem dúvida, a posição firm e e decidida do governador M agalhães Pinto
tomou possível a deflagração da Contra-Revolução.
M inas Gerais acendia o pavio da Contra-Revolução!
O comandante da Polícia Militar de Minas Gerais, coronel PM José Geraldo,
com o apoio irrestrito do governador, foi decisivo para o êxito das ações em Minas,
ao colocai* os 18.000 homens da Policia Militar à disposição do Exército.
A 4;' R egião Mi 1itar/4 l Dl, sediada em Juiz de Fora, era com andada pelo
general-de-divisão Olympio M ourão Filho. A s4h30 de 31 de março, o general
M ourão inform ou ao general Guedes que ia partir com suas tropas para o Rio
de Janeiro. Em seguida, ligou para o general Muricy, solicitando sua presença
para apoiá-lo n a condução das operações.
Outro apoio, não menos importante e valioso, foi o do marechal Odylio Denys,
ex-m inistro da Guerra, que. em bora na reserva, viajou para Juiz de Fora onde
contribuiu para o sucesso das operações e da própria Contra-Revolução.
Nessa cidade, foi organizado o Destacam ento Tiradentes, sob o com ando
do general Muricy. constituído pelas seguintes unidades:
- 1 0o Regim ento de Infantaria (10o RI), de Juiz de Fora;
-11° R egim ento dc Infantaria (11° RI), dc São João dei Rcy;
- 2o B atalhão do 12ÒR egim ento de Infantaria (2°/l 2o R I), de Belo H ori
zonte;
- um G rupo de Artilharia, de Juiz de Fora;
- um Esquadrão de Reconhecimento M ecanizado:
- um Batalhão de Polícia Militar, dc Juiz de Fora;
- um Batalhão de Polícia Militar, de G overnador Valadares.
90- Carlos Alberto Brilhante Ustra
i
A verdade sufocada - 91
Fonte:
- / listória Oral do Exército - depoimentos de: general Cid de Godofredo Fon
seca -' Ibm o 3: general José Antonio Barbosa de Moraes - Tomo 2; coronel ítalo
Míindarino - 1bmo 3; coronel Carlos Alberto Guedes - Tomo 9; coronel Everton da
Paixão ( unido Hcury- lbmo3;com nel I Icnrique Carlos Guedes-Tom o 3: coronel
W aldirAbbcs- I bmo 3: e coronel Audir Santos Maciel Ibmo II
Encontro de irmãos de armas
Lição de amor ao Brasil
AA cadem ia M ilitar das Agulhas Negras (A M A N ), sob o com ando do ge-
neral-de-brigada Em ílio G arrastazu M édici. desem penhou papel d e extrem a
importância nos acontecim entos ocorridos naqueles dias.
A determ inação e a firm eza com que o general M édici decidiu em pregar
os cadetes em ações m ilitares, interpondo-se entre as tropas do então 1 Exér
cito (I Ex), que se deslocavam no sentido Rio de Janeiro-S ão P au lo , e as
tropas do II Exército (II Ex), que se deslocavam com propósitos antagônicos
aos do I Exército, no sentido São Paulo-Rio dc Janeiro, evitaram , sem dúvi
da, um inútil derram am ento de sangue entre brasileiros c, em particular, entre
irm ãos dc íârda.
Já na véspera do início da C ontra-R evolução, em 30/03/1964, o com an
dante da AM AN expediu um a N ota de Serviço Especial, alertando quanto à
intranquilidade vivida pelo País e relem brando a im portância de serem pre
servados, até a últim a instância, os princípios basilares da Instituição: a hie
rarquia e a disciplina.
Em cum prim ento à decisão do com andante da A cadem ia, foi organizada
um a vanguarda, integrada por cadetes, que iniciou o seu deslocamento às 8h30.
A vanguarda estava assim constituída:
- um E squadrão de C avalaria M otorizado, sob o com ando do m ajor de
Cavalaria Emani Jorge Corrêa. Esse Esquadrão, formado por cadetes do C ur
so de Cavalaria, tinha com o missão ocupar uma Posição de Retardamento (PR),
na região do Km 277 da Via Dutra;
- um a C om panhia d e Infantaria Reforçada, com andada pelo capitão de
Infantaria Geise Ferrari, constituída pelos cadetes do Curso de Infantaria, com
a m issão de ocupar u m a Posição D efensiva (PD), próxim a à fábrica W hite
Martins, no Km 283 da Via Dutra. Cabia, também, a essa PD acolher o Esqua
drão de Cavalaria, que, a partir da posição ocupada na PR, executaria um a
Ação de Retardam ento, até ser acolhido pela PD;
- um a Bateria de O buses 105 m m , com andada pelo capitão de A rtilharia
Dickens Ferraz, constituída por cadetes do Curso de Artilharia, recebeu a m is
são de ocupar um a Posição de Tiro no Km 286, da B R -116,3 Km à retaguar
da da Posição D efensiva;
- um Pelotão de E ngenharia, constituído por cadetes do C urso de Enge
nharia, se preparou para a destruição dos viadutos da G uarita e da Rede
Ferroviária Federal, nas proxim idades do Km 278 da Via Dutra; e
- duas equipes de cadetes do Curso de Com unicações.
Paralelam ente, quando a Vanguarda da AMAN iniciou seu deslocam ento
para ocupar suas posições na Via Dutra, foi divulgado para todo o País a pro
mulgação abaixo. intitulada “Irmãos em Armas".
A verdade sufocada - 95
para cada um. Nele, estavam dois pàes franceses com m ortadela, ovos cozi
dos, bananas e algum as mariolas. Para beber, apenas um cantil com água. Os
soldados não tinham japona e nada mais que os protegessem da chuva. Tam
bém não tinham com o que contar em term os dc enferm eiros e m aterial de
primeiros socorros. Nada! Sc realmente entrássemos em combate, não sei como
seriam atendidos os possíveis feridos. Seguindo as minhas instruções, os moto
ristas retardaram ao m áxim o a marcha da coluna. Pneus foram esvaziados, via
turas apresentaram panes. Ao anoitecer, ainda não tínhamos com pletado a su
bida da Serra das A raras.
Fontes:
- A participação cia A MAN na Revolução de 31 de março de 1964 -
Pesquisa histórica para o EM E - 1985.
- História Oral do Exército - Depoimentos do general Antônio Jorge Corrêa
- Tom o l; general E m ani Jorge Corrêa - Tomo 5: e coronel Affonso de
Alencastro Graça - Tom o 3.
A verdade sufocada - 101
General Ancora recebido pelo general Mediei, na A MAN. para o encontro com o
general Krncl
102-Carlos Alberto Brilhante Ustra
Soldados do
Destacamento
Tiradentes na
marcha para
o Rio de
Janeiro,
pernoitam
em Areal
P ro fe sso r de S o c io lo g ia da U n ic a m p , M arcelo R id e n te a rg u m e n ta
que o term o “ re s is tê n c ia ” só p o d e se r u sad o se for d e s c o la d o do a d je
tivo “d em o crática. ”
“A Paz Alcançada
A vitória da causa democrática abre ao País a perspectiva
de trabalhar em paz e de vencer as graves dificuldades atuais.
Não se pode, evidentemente, aceitar que essa perspectiva seja
toldada, que os ânimos sejam postos em fogo. Assim o querem
as Forças Armadas, assim o quer o povo brasileiro e assim deve
rá ser, pelo bem do Brasil.”
(Editorial de O Povo - Fortaleza - 3 de abril de 1964).
“Ressurge a Democracia!
Vive a Nação dias gloriosos. Porque souberam unir-se todos
os patriotas, independentemente de vinculações políticas, simpati
as ou opinião sobre problemas isolados, para salvar o que é essen
cial: a democracia, a lei e a ordem.
Graças à decisão e ao heroísmo das Forças Armadas que,
obedientes a seus chefes, demonstraram a falta de visão dos que
tentavam destruir a hierarquia e a disciplina, o Brasil livrou-se do
governo irresponsável, que insistia em arrastá-lo para rumos con
trários à sua vocação e tradições”.
“Como dizíamos, no editorial de anteontem, a legalidade não
poderia ter a garantia da subversão, a escora dos agitadores, o
anteparo da desordem. Em nome da legalidade não seria legítimo
admitir o assassínio das instituições, como se vinha fazendo, dian
te da Nação horrorizada...”
(O Globo - Rio de Janeiro - 4 de abril de 1964).
Essa mesma imprensa, hoje, faz coro aos perdedores, classificando o movi
m ento de 3 1 de m arço de 1964 de golpe.
O u a m em ória do povo brasileiro é curta, ou só o que conta é o ressenti
m ento esquerdista e a farsa de suas versões.
Aos derrotados não interessa que outra história seja do conhecim ento da
sociedade brasileira, a que cham am de sociedade civil, excluindo as Forças
Arm adas desse contexto, com o se não fizessem parte da Nação.
Para eles, as m anifestações populares de júbilo pela vitória da Contra-Re
volução ou o milhão de pessoas na M archa da Família com Deus pela Liberda
de constituem ficção da direita.
Na verdade, as Forças Arm adas foram e continuam sendo o pesadelo que,
até hoje, povoa os sonhos dos comunistas...
Fonte:
História Oral do Exército - 1964 - 31 de Março - Biblioteca do Exército
Editora.
A Contra-Revolução e os Estados Unidos
Ao longo das últim as décadas, a esquerda brasileira tem acusado os Esta
dos Unidos da Am érica de, em conluio com nossas Forças Armadas, ter parti
cipado, ativamente, da Contra-Revolução que depôs o presidente João Goulart.
Na mídia, nas escolas, em livros didáticos, em pichações e em paníletos, a
nação am ericana é acusada de ter tram ado, apoiado e subsidiado o “golpe
m ilitar de 1964”, por interm édio da Cl A.
Durante os chamados “ anos de chum bo”, prédios, lojas, estabelecim entos
de ensino, enfim , tudo o que representasse os Estados Unidos passou a ser
odiado, sendo alvo de atos terroristas representações diplomáticas, proprieda
des e, até mesmo, cidadãos am ericanos residentes em nosso País.
Dentre esses atos podem os destacar:
- Explosão de um a bom ba no Consulado A m ericano, em São Paulo, em
20/03/1968, ferindo gravem ente o transeunte O rlando Lovecchio Filho, que
perdeu uma pema;
- D isparos de arm as d e fogo contra a E m baixada dos Estados U nidos,
no Rio de Janeiro, p o r d esco n h ecid o s, no dia 21/06/1968. Esse d ia ficou
conhecido com o “ sexta-feira sangrenta” pela quantidade de distúrbios ocor
ridos na cidade;
- Assassinato do capitão Charles Rodney Chandler, do Exército dos Esta
dos Unidos, em 12/10/1968, que cursava uma Faculdade em São Paulo, de
terminado por um “Tribunal Revolucionário” da Vanguarda Popular Revolucio
nária (VPR), sob a acusação de que era agente da CIA;
- Atentado a bom ba contra a loja Sears, multinacional americana, no bairro
de Á gua Branca/SP, em 27 de outubro de 1968;
- Seqüestro do em baixador dos Estados Unidos, C harles Burke Elbrick,
em 04/09/1969, no Rio de Janeiro, pelas organizações terro rista s A ção
Libertadora N acional (A L N ) e M ovim ento R evolucionário O ito d e O utu
bro (M R 8 );e
- Tentativa de seqüestro do cônsul am ericano Curtis Carly Cutter, em 04/
04/1970, em Porto A legre, pela VPR.
tam bém para Brady, com assinatura decalcada de J. Edgar H oover. N essa
m ensagem , abaixo transcrita, H oover cum prim enta Brady pelo sucesso de
um a determ inada “O peração” que, pelo contexto, qualquer leitor, im ediata
m ente, associa ao “ golpe” que depôs João Goulart.
“Washington D. C”.
15 de abril de 1964
Pessoal
Caro Sr. Brady: Quero fazer uso desta para expressar meu
apreço pessoal a cada agente lotado no Brasil, pelos serviços pres
tados na execução da “Revisão“.
A admiração pela forma dinâmica e eficiente que esta opera
ção em larga escala foi executada, em uma terra estrangeira e
sob condições difíceis, levou-me a expressar minha gratidão. O
pessoal da CIA cumpriu bem o seu papel e conseguiu muito. En
tretanto, os esforços de nossos agentes tiveram valor especial.
Estou particularmente feliz porque a nossa participação no caso
tenha se mantido secreta e de que a Administração não tenha tido
de fazer declarações públicas, negando-a. Podemos todos nos or
gulhar da participação vital do FBI na proteção da segurança da
nação mesmo além de suas fronteiras.
Estou perfeitamente ciente de que nossos agentes muitas ve
zes fazem sacrifícios pessoais no cumprimento de seus deveres.
As condições de vida no Brasil podem não ser as melhores, mas é
realmente muito encorajador saber que - pela sua lealdade e pelas
realizações através das quais vocês têm prestado serviços ao seu
país de forma vital mesmo que não glamurosa - vocês não aban
donam o trabalho. É este espírito que hoje permite nosso Bureau
enfrentar com sucesso suas graves responsabilidades.
Sinccramente,
J. E. Hoover.”
“O básico desse enredo foi escrito nos anos setenta pela historia
dora americana Phyllis Parker, na obra de referência 1964: O Papel
dos Estados Unidos no Golpe de Estado de 31 de Março. Phyllis
entrevistou os principais personagens do episódio e teve acesso à
maior parte da correspondência secreta. Chegou à conclusão de que
o golpe de 1964 foi dado mesmo por brasileiros, não por americanos.
Hoje isso soa óbvio, mas na época, até por falta de bons livros em
português sobre o assunto, imperava a versão esquerdista de que a
tomada de poder pelos militares havia sido planejada em Washington
e incluiria até uma invasão do Brasil por marines americanos. Phyllis
mostra que os Estados Unidos realmente acompanhav am a situação
de perto, faziam seus lobbies e sua política com a costumeira
agressividade e tinham um plano B para o caso de o País entrar em
guerra civil. Entretanto, nas palav ras da historiadora, não há provas
de que os Estados Unidos instigaram, planejaram, dirigiram ou partici
param da execução do golpe de 1964. O resto é teoria conspiratória.”
O general H um berto Castello Branco obteve 361 dos 388 votos que com
punham o C olégio Eleitoral, sendo em possado em 15 de abril de 1964. Assu
miu o poder com total apoio da sociedade brasileira. N o entanto, repor a or
dem no País era seu grande desafio.
F o ram ta n ta s as c o rre n te s que se u niram em to rno d o ideal contra-
revolucionário, que, à m edida que a C o n tra-R ev o lu ção se co nsolidava e
o governo ia d efinindo suas estratégias, as insatisfações de alguns grupos
afloravam . T udo em c o n seq ü ê n c ia de não se terem e sta b e le c id o s, antes
do d esen cad eam en to da própria C ontra-R evolução, os seus objetivos po
líticos. F eito a posteriori , com o queriam os in sa tisfe ito s, ap re se n ta ria o
risco de pro v o car cisões nas forças co n tra-rev o lu cio n árias. A redação do
A I-1 m ostrava o receio do A lto C om ando C o n tra-R evolucionário de que
o m o v im en to p a re c e sse ap en as um golpe. A p reo c u p a ç ão em m anter as
intenções c o m e ç o u com o tem p o c o n c ed id o ao p re sid e n te - apenas o
restante do m an d a to p resid e n cia l -, que se m o strav a c u rto p ara c o lo car
“ordem na casa” .
A respeito disso, o Jornal do Brasil, de 20 de m aio de 1964, escreveu
em seu editorial:
As medidas tom adas pelo governo Castello Branco, apesar da pouca dura
ção de seu m andato - pouco m enos de três anos -, criaram excelentes condi
ções para o crescim ento econôm ico do País.
Logo começariam as tentativas para desestabilizar o governo, a mesma tá
tica das épocas de crise: procurar pontos fracos na ação governam ental para
conseguir o apoio da população. Nesse caso, as medidas de exceção e a que
bra do regime constitucional passaram a ser as bandeiras usadas sob o pretexto
da “luta pela redem ocratização”.
Ainda no governo C astello Branco, atos terroristas abalaram o País. Em
pouco espaço de tem po, sete bom bas explodiram em Recife. Uma, no Aero
porto G uararapes, causou 15 vítimas.
A rdilosos, po lítico s de renom e, donos de grande c a cife eleitoral, p as
saram a d ar cu rso às su as asp ira çõ e s, já que o Brasil se assentava em
bases m ais só lid as. A lém disso, e stim u la v a -o s a férrea d isp o sição de
C astello B ran co de não se e te rn iz a r no g o v e rn o , o q ue, sem som bra de
dúvida, d e sc a ra cte riz av a a ex istên cia no B rasil de um a d ita d u ra m ilitar.
Havia im p ren sa livre, o p o siç ã o ao g o v e rn o , L eg islativ o e Ju d ic iá rio no
ex ercício de su as a trib u iç õ e s e, fu n d am en talm en te, a p o io p o p u lar a um
governo probo e realizador.
A despeito da vontade de Castello Branco, os acontecim entos se precipita-
mm, gerando novas e substanciais conscqüências.
128-Carlos Alberto Brilhante Ustra
Fontes:
- SO UZA , A luísio M adruga de M oura e. Guerrilha do Araguaia -
Revanchismo.
- Projeto Orvil.
Influência e ajuda de Cuba à luta armada na América Latina
O M ovim ento Com unista Internacional sem pre objetivou estender seus
domínios sobre a América Latina.
Em 1956,82 revolucionários, com andados por Fidel Castro, desem barca
ram do iate G ranm a, no litoral sudeste de Cuba. Foram em boscados pelas
tropas de Fulgêncio Batista. Só restaram 12, que se refugiaram nas selvas de
Sierra M acstra, onde continuaram a pregar a luta arm ada contra o regim e de
Batista. Com o tem po, formaram um exército guerrilheiro que m archou em di
reção ao centro d o país.
Em P d e janeiro de 1959, colunas guerrilheiras, lideradas por Ernesto Che
Guevara e Cam ilo Cienfuegos, entraram em Havana apoiadas pela população
civil contrária a Fulgêncio Batista.
Fidel Castro nas primeiras semanas fiizilou mais de 700 pessoas, aí incluin
do 600 m ilitares que pertenciam ao exército cubano. Ao longo dos anos, os
fuzilamentos continuaram. Estima-se que mais de 17.000 cubanos tenham sido
executados no “paredón” . Assim conseguiu dom inar Cuba.
Q uando anunciou ao m undo que a sua revolução era com unista, passou a
ser apoiado por M oscou em arm amento, munição, petróleo e divisas que atin
giram o valor de um bilhão de dólares anualmente.
Estava encravada, na América Latina, uma cunha para facilitar os propósi
tos da União Soviética na tentativa de dominá-la.
A revolução cubana teve grande influência sobre os movimentos guerrilhei
ros em vários países latino-americanos onde eclodiu a luta armada.
A teoria do foco, de Rcgis Debray, baseada na revolução cubana, conteria
prioridade absoluta à luta arm ada. O foquism o pregava a ação de pequenos
grupos em locais propícios, que cresceriam e se alastrariam pelo país, como foi
feito por Fidel, em Cuba.
Nas décadas de 50 e 60, a Am érica Latina vivia uma tênue dem ocracia.
Na Bolívia, com Victor Paz Estensoro (1952-1956) e (1960-1964) e Hemán
Siles S u azo ( 1956-1960).
No Chile, durante os governos de Jorge Alessandri Rodriguez (1958-1964)
c Eduardo Frei M ontalva (19 6 4 - 1970).
Na Argentina, sob os governos de Arturo Frondizi (1958-1962) e Umberto
lllia( 1963-1966).
No Uruguai, os partidos tradicionais se alternavam no poder. Blancos (1959-
1967) c C olorados (1967-1973).
No Peru, o presidente Manuel Prado U garteche fora eleito para o período
(1956-1962).
130-Carlos Alberto Brilhante Ustra
A Tricontinental
Existia, no início dos anos 60, uma organização comunista, sob orientação
da China, denom inada Organização de Solidariedade dos Povos da Ásia e da
África (OSPAA).
Em 1965, a OSPAA, em uma conferência realizada em Gana, decidiu que a
próxima reunião seria em Havana, com a finalidade de integrar a América Latina
ao movim ento. Entre 3 e 15 de janeiro de 1966, realizou-se, em Cuba, a I C on
ferência da agora denominada Organização de Solidariedade dos Povos da Ásia,
África e América Latina (OSPAAAL), que ficou conhecida como a Tricontinental.
A União Soviética não aceitou a m anobra chinesa para colocar a América
Latina sob a sua influência. Assim, a Tricontinental passou a ser disputada por
duas vertentes do comunismo internacional: a China e a União Soviética.
Fidel Castro, alinhado com Moscou, rompeu com a China, e a Tricontinental
passou a ser dom inada pela influência soviética.
C om pareceram a essa conferência representantes de 82 países, sendo 27
da América Latina. Representavam o Brasil: Aluísio Palhanoe Excelso Ridean
Barcelos, indicados por Leonel Brizola; Ivan Ribeiro e José Bastos, pelo Parti
do Com unista Brasileiro (PCB); Vinícius Caldeira Brandt, pela Ação Popular
(AP); e Félix Ataídc da Silva, ex-assessor de Miguel Arraes.
Nos debates predom inavam as discussões sobre a utilização da luta armada
como instrum ento de tom ada do poder.
O sw aldo Dorticós, presidente de Cuba, declarou na conferência que: “to
dos os movimentos de libertação têm o direito de responder à violência
armada do imperialismo com a violência armada da revolução
Fidel Castro, em seu pronunciamento, afirmou que “a luta revolucionária
deve estender-se a todos os países latino-americanos ”.
C he G uevara, em sua “mensagem aos povos do mundo ", através da
Tricontinental assim se expressou:
-"... o direito geral dos povos para obter a sua libertação polí
tica, econômica e social pelos caminhos julgados necessários, in
cluindo a luta armada;”
-"... incrementar a participação da juventude nos movimentos
de libertação nacional;”
- a publicação de obras clássicas e modernas, a fim de
romper o monopólio cultural da chamada civilização ocidental cristã,
cuja derrocada deve ser o objetivo de todas as organizações en
volvidas nessa verdadeira guerra.”
AOLAS
AOCLAE
A luta armada
A Colômbia foi o único país da América do Sul que resolveu nào endurecer o
seu regime de governo para combater o terrorismo. Luta, até hoje, contra as FARC,
chora a morte de mais de 45.000 colombianos e tem 40% do seu território total
mente dominado pela guerrilha. Uma Zona Liberada, onde o governo do país nào
pode entrar e que vive sob as novas leis dos guerrilheiros narcotraficantes.
A Bolívia era considerada por Fidel Castro e Che G uevara com o o país
ideal para o estopim de uma revolução que se espalharia pela Am érica do Sul.
Guevara se propôs a comandá-la. Ele seria o chefe desse Exército de Liberta
ção N acional e C uba o ajudaria com pessoal, m aterial e dinheiro. Com essa
finalidade chegou à Bolívia em 04/11/1966 e no mês seguinte sc reuniu com
membros do Partido Comunista Boliviano.
Fidel an unciou que C he estava em um país da A m érica preparando a
revolução.
Após meses de luta, Che Guevara morreu em 8 de outubro de 1967, quan
do a guerrilha foi dizimada pelo exército boliviano.
A exportação da guerrilha e do terrorism o, de Cuba para o restante do
continente, era um a das estratégias para a desestabilizaçào dos governos legal
mente constituídos e democráticos.
Com o acontece em todos os m ovim entos onde os comuni stas são derrota
dos, eles iniciam a volta lutando pela anistia, que, uma vez conquistada, lhes per
mite viver usando as liberdades dem ocráticas que queriam destruir. Posterior
mente, começam uma virulenta campanha para denegrir os que os combateram,
posam de vítimas e de heróis e fazem da mentira e da calúnia o seu discurso. Nào
descansam enquanto nào conseguem, por revanchismo, colocar na prisão aque
les que os com bateram e derrotaram. Para isso, mudam as leis e até a própria
Constituição, o que é feito com a corrupção do Legislativo e com o apoio de
simpatizantes, escolhidos a dedo, para as mais altas funções do Judiciário.
Caro leitor, isso nào lhe é familiar?
Influência e ajuda de Cuba à luta armada no Brasil
Fidel Castro vislumbrou expandir sua revolução no Brasil, inicialmente, usan
do as Ligas Cam ponesas de Francisco Juliào. Tinha a esperança de, obtendo o
sucesso desse m ovim ento, exportar as suas idéias revolucionárias para outros
países da América do Sul.
Posterionnente, propiciou treinamento militar cm Cuba para brasileiros selecio
nados pelas organizações terroristas, que tinha como objetivo maior a criação de
uma massa crítica, capaz não apenas de desencadear ações de guerrilha urbana e
rural, mas, principalmente, dc operar campos de treinamento e de instruir outros
militantes selecionados para a guerra de guerrilha. Não parou aí a interferência cu
bana em nosso País. Além do apoio político, ajudou com dinheiro e armas.
Elio G aspari, em seu livro A Ditadura Envergonhada - C om panhia Das
Letras, página 178, escreveu a respeito:
• técnicas de sabotagem ; e
• marchas e sobrevivência na selva.
Em 2005, diante das denúncias de que Fidel Castro “investiu” com três
milhões de dólares na cam panha eleitoral de Lula cm 2002, o ditador cubano,
com o descaram ento e a teatralidade dos grandes donos da verdade, enfatica
mente afirma que Cuba jam ais interveio em assuntos internos do Brasil. Setores
da mídia, entretanto, nada fa7em para repor a verdade. Ao que parece, a am né
sia é inerente ao esquerdism o midiático.
E curioso que a m aior parte da imprensa nào se refere a Fidel Castro como
ditador, m algrado Castro etem izar-se no poder há mais de 47 anos e apesar do
duro cerceam ento das liberdades e dos incontáveis fuzilamentos de presos po
líticos em Cuba, até os dias de hoje. Tratam-no de “presidente” ou de “chefe de
Estado”, tratam entos que não dispensam a A ugusto Pinochet ou a qualquer
outro que considerem de direita.
Fontes:
- Projeto Orvil
- ROLLEM BERG, Denise. Apoio de Cuba à Luta Armada no Brasil: o
inamento guerrilheiro.
- USTRA, Carlos A lberto Brilhante. Rompendo o Silêncio.
0 caudilho contra-ataca
O desencadeamento e a vitória da Contra-Revolução, rápida e sem vítimas,
levou centenas de com unistas, de subversivos e de políticos inconform ados
com o novo regim e a se refugiar no Uruguai. Alguns por tem erem a prisão,
outros por puro pânico. O Uruguai foi escolhido devido à fronteira com o Rio
Grande do Sul e pelas facilidades geográficas de acesso ao Brasil, condições
favoráveis para desenvolver um foco de resistência.
Dos prim eiros a chegar, com seu arroubo platino, seu inegável carism a e
sua popularidade, alcançada graças a sua “C adeia da Legalidade” em 1961,
Brizola não perdeu a oportunidade para aglutinar resistência em tom o de seu
nome. Com planos m irabolantes, fez contatos com ex-militares cassados, sin
dicalistas, estudantes, com unistas, políticos, padres e freiras. C ontatou, tam
bém, com agentes cubanos e organizou um “ livro de ouro” para financiar a
derrubada do novo regim e no Brasil.
Operação Pintassilgo
Apesar dos insucessos, Brizola, incentivado pela belicosidade dos seus li
derados, muitos originários da Brigada M ilitar do Rio G rande do Sul e das
Forças Armadas, resolveu desencadear mais um ataque contra o governo, que,
no meio de tantas crises, tentava se estabilizar. Esse seria um plano infalível.
De autoria do ex-sargento Alberi Vieira dos Santos Júnior, a “O peração
Três Passos” teria início no Rio Grande do Sul, onde seriam atacados quartéis
em Porto Alegre, Bagé, Ijuí e Santa M aria, para roubar fardas, arm as e m uni
ções e recrutar novos adeptos. A operação atuaria em duas frentes sim ultanea
m ente. O ram o vindo do sul seria com andado pelo ex-coronel do Exército
Jefferson Cardim de A lencar Osório. A o m esm o tempo, outros subversivos
partiriam da Bolívia, com andados pelo ex-coronel da A eronáutica Emanoel
Nicoll, penetrariam por M ato Grosso e se juntariam às tropas de Cardim para.
no dia 3 1 de m arço de 1965, um ano depois da C ontra-Revolução, as duas
colunas efetuarem o com bate final para a tomada do poder.
A senha para a deflagração do m ovim ento seria a divulgação pela Rádio
D ifusora de Três Passos, no dia 25 de m arço de 1965, de um m anifesto que
daria início à revolução brasileira.
O grupo que saiu de M ontevidéu, no dia 18 de m arço de 1965, em um
táxi alugado, era com posto por Cardim , A lbery e Alcindor Aires. Em Livra
m ento, alugaram outro táxi e prosseguiram para Santa M aria, onde Alcindor
ficou para recrutar adeptos e aum entar o contingente. Cardim e Alberi segui
ram para Cam po N ovo, local em que receberam do professor Valdetar A ntô
nio D om eles detalhes sobre a cidade de Três Passos e a prom essa de mais
subversivos para a ação.
Realmente, apesar de não serem os esperados, os reforços foram chegando:
- de Santa Maria, A lcindor trouxe dois homens;
- de Porto Alegre, o ex-sargento Firmo Chaves trouxe m ais sete, dentre os
quais Adamastor Antônio Bonilha;
- o professor Valdetar conseguiu mais nove.
Reunido o grupo, realizaram exercícios e definiram as missões de seus inte
grantes. Como eram poucos, desistiram da tomada do quartel de Ijuí e partiram
para Três Passos. A cam inho, assaltaram de m adrugada o posto da Brigada
A v e rd a d e s u f o c a d a - 1 4 7
“...Segui para Sta. Lúcia às I0h30. Logo após passar por São
José encontrei um jipe tripulado por elementos do Io Btl Fronteira,
que me informaram que também nào haviam feito qualquer contacto
por aquela estrada...”
“...Segui adiante em direção a Sta. Lúcia.
Na viatura-testa iam na cabine: eu, o Sgt. Camargo e o cabo
Bertussi, sendo este último o motorista. A carroceria estava ocu
pada por 15 homens.
A meio caminho entre S. José e Sta. Lúcia, numa curva da
estrada, de chofre deparamos com um indivíduo, vestindo o 5o
uniforme de oficial do Exército, sem a túnica, portando na cintura
uma pistola e na mão direita, segurando ao longo da perna, uma
arma grande. Não pude notar se era uma metralhadora ou um
mosquetào. Ao nos reconhecer titubeou por alguns segundos e
então fez sinal para pararmos. Deviam ser 11 hOO.
Dei ordem para o motorista parar imediatamente e, ainda com
a viatura em movimento, rolei para fora da estrada. A viatura pa
rou a mais ou menos 10 metros do indivíduo, enquanto o restante
dos ocupantes abandonavam o caminhão e se abrigavam nas bei
ras da estrada. Concomitantemente, os primeiros tiros foram dis
parados contra o caminhão, ainda com alguns soldados se movi
mentado para abandoná-lo. Comandei então fogo à vontade e a
la/13° RI respondeu, rápida e violentamente, ao fogo recebido.
Os primeiros momentos foram de confusão. Com os sargen
tos conseguimos impedir que a tropa retrocedesse, acalmamos os
homens e gritamos para que permanecessem como estavam: ins
talados nas duas margens da estrada. Ordenei que a última viatu
ra retomasse a Leônidas Marques para participar o ocorrido ao
Cap. Ibiapina e pedir reforços.
Pensei que fosse ser atacado por ambos os flancos da estrada
(tática de guerrilhas) e, portanto, dei ordens de defesa e observa
ção em todas as direções. Tal, como vimos mais tarde, não era
necessário, pois os guerrilheiros tinham-se instalado perpendicu
larmente a nossa frente.
Durante o tiroteio perdi contacto com os Sgt. Tavares e
Camargo. Calculei que deviam estar camuflados na mata.
A viatura-testa, que tinha ficado na dobra da curva, esta
va abandonada, um a vez que a tropa tinha se instalado defen
sivamente antes da curva. Temendo que pudesse ser roubada
(tenho inclusive a impressão de ter ouvido o barulho de um
A verdade sufocada -149
que, depois de fugir d a prisão, foi levado ao Uruguai. Lá, foi posto em conta
to com N eiv a M oreira, Paulo Schilling, Flávio Tavares e o próprio Brizola,
que o designou para ir a Cuba, fazer treinam ento de guerrilha. Em 1967, após
receber passaporte e dinheiro, seguiu de navio até a A rgentina e de lá para
Paris, de onde, depois de várias escalas, chegou a Havana.
B rizola desejava com o seu M NR, inicialm ente, instalar três focos de
guerrilha:
- ao norte do Rio G rande do Sul, liderado pelo ex-sargento Am adeu Felipe
da Luz Ferreira;
- no Brasil Central, sob a responsabilidade do jornalista Flávio Tavares;
- na Serra de C aparaó, entre M inas Gerais e o Espírito Santo, coordenado
por Dagoberto Rodrigues.
Guerrilha de Caparaó
que teria sido feito pela direita para tentar incriminá-la. Técnica antiga muito
usada, até os dias de hoje, pela esquerda.
O bservação:
- Em 25/12/2004, Cláudio Hum berto, em sua coluna, no Jornal de Brasí
lia, publicou a concessão da indenização fixada pela C om issão dc Anistia,
158-Carlos Alberto Brilhante Ustra
que beneficia o ex-padre Alípio de Freitas, hoje residente em Lisboa. Ele terá
direito a RS 1,09 milhão.
- Raym undo N egrão Torres, em seu livro O Fascínio dos Anos de Chum
bo, Editora do Chain, página 85, escreve o seguinte:
Fontes:
- Com bate nas Trevas.
- Projeto Orvil.
A verdade sufocada -159
Tenente-coronel (hoje
general) Sylvio
Ferreira da Silva,
gravemente ferido,
aguardando socorro
Corpo do Almirante
Nelson Gomes
Fernandes, falecido
no local
160-Carlos Alberto Brilhante Ustra
de Sete de Setembro. O governo pediu à Câm ara dos Deputados licença para
cassar o seu mandato, o que foi negado.
“AI-5, um Imperativo”
“Até 1968, o governo mantinha intocadas as liberdades indivi
duais. As restrições constantes do Ato Institucional n° I já haviam
cessado há muito. Eleições diretas - exceto para presidente da
República - haviam levado a oposição aos governos de Minas
Gerais e Rio de Janeiro. A imprensa, livre, e os direitos individuais
assegurados, caminhava o País para o restabelecimento da demo
cracia plena. No plano externo, a Guerra Fria exacerbava a
dicotomia ideológica entre democracia e comunismo. A esquerda
marxista-leninista não convinha o exercício da oposição no plano
democrático, mas a revolução inspirada na União Soviética. Des
de 19 6 1, Cuba e China, nos governos Jânio Quadros e João Goulart,
já treinavam brasileiros para a guerrilha. O movimento estudantil
radica li/ara-se. dirigido pelas dissidências comunislas da <íunnabara
1 6 4 -C a rlo s A lb e rto B rilh a n te U s tra
estudantil cam po fértil. Em pouco tempo, a Ala ganhou adeptos e várias lide
ranças surgiram durante as agitações do m ovim ento estudantil. Logo depois,
estabeleceu contato com M ário Roberto Zanconato, líder do G rupo Corrente
em Minas Gerais. Em Brasília, Flávio Tavares, que já conhecia Marighella, apre
sentou um m em bro da Corrente, “Juca”, a George Michel Sobrinho, que pas
saria a ser o contato do A C/SP com os grupos de Brasília. A partir daí, o
m ovim ento estudantil de Brasília passou a agir pelas norm as de M arighella.
Esse grupo, ainda em 1968, realizou treinamento de guerrilha (tiros de revólve
res e m etralhadora IN A e experiências com explosivos) nas proxim idades do
Rio Sâo Bartolomeu. O AC/SP atuava tam bém no Ceará e em Ribeirão Preto.
Marighella e o clero
“Lesbaupin:
A Igreja e os dominicanos deveriam entrar no projeto revolu
cionário de forma organizada. Seríamos a linha de apoio logístico
para a guerrilha rural. Na cidade, esconderíamos pessoas, faría
mos transferencias de armas e dinheiro."
Na época, eu não sabia que esses fatos teriam em m inha vida uma im por
tância m aior do que para a maioria dos brasileiros.
Não imaginava que seria um, dentre m uitos, a combater o terror que am ea
çava a N ação e o Estado.
N ão esperava que um dia eu seria injuriado e caluniado por ter cumprido o
meu dever, lutando em uma guerra perigosa e suja, contra inimigos desconheci
dos, m ilitarm ente treinados no exterior e dispostos a tudo, para implantar no
Brasil uma ditadura de inspiração marxista-leninista.
”... nào matam com raiva: esse é o sexto dos sete pecados
capitais contra os quais adverte expressamente o Minimanual
de Guerrilha Urbana de Carlos Marighella, a cartilha-padrão
do terrorista. Tampouco matam por impulso: pressa e improvisa
ção o quinto e sétimo pecados da lista de Marighella. Matam
com naturalidade, pois esta é “a única razão de ser de um guer
rilheiro urbano’' segundo reza a cartilha. O que importa não é a
identidade do cadáver, mas seu impacto sobre o público.”
” ... em prim eiro lugar, escreveu M arighella, o guerrilhei
ro urbano precisa usar a violência revolucionária para iden
tificar-se com causas populares e assim conseguir uma base
popular. Depois:
O governo não tem alternativa exceto intensificar a re
pressão. As batidas policiais, busca em residências, prisões
de pessoas inocentes tornam a vida na cidade insuportável.
O sentim ento geral é de que o governo é injusto, incapaz de
solucionar problem as, e recorre pura e sim plesm ente à liqui
dação física de seus opositores.”
Morte de Marighella
que ele trab alh av a, usando a senha: “ Aqui é da parte de E rnesto. Esteja
hoje na gráfica”.
Frei Fernando foi levado pela polícia à livraria para aguardar o telefone
ma. N a hora m arcada, o telefone tocou e frei Fernando atendeu, ouviu a
senha e confirm ou o “ponto” que seria às 20 horas, na altura do n° 800 da
Alam eda C asa Branca.
O dispositivo para prender Marighella foi armado. Homens escondidos nos
edifícios em construção e numa caminhonete observavam tudo. Do outro lado
da m a, o delegado Fleury fingia namorar. Mais adiante, outro casal também
“nam orava” . N o lugar certo, o Fusca de sem pre, com os dois frades dentro.
Pouco antes da hora, um hom em passou devagar, exam inando o local. A
polícia o identi ficou como sendo Edm ur Péricles Cam argo, mas o deixou pas
sar. N a realidade, não era Edmur e sim Luís José da Cunha (Crioulo), que dava
cobertura a M arighella. A polícia preferiu esperar um peixe maior.
Marighella chegou pontualmente às 20h00, dirigiu-se ao Fusca e entrou na
parte traseira. Frei Ives e Fernando saíram rapidam ente do carro e se jogaram
no chão. Percebendo a emboscada, imediatamente reagiu à prisão e foi morto.
Marighella seguiu as normas de seu manual. Portava um revólver e levava duas
cápsulas dc cianureto.
Na ocasião, em m eio a intenso tiroteio, morreram também a investigadora
Stela M orato e o protético Friederich A d o lf Rohm ann, que passava pelo local
do tiroteio. O delegado Tucunduva foi ferido gravemente.
Acabava assim Marighella, mas seus seguidores continuaram a agir segun
do seu Minimanual, que aterrorizou o Brasil e o mundo.
Fontes:
-P rojeto Orvil.
- USTRA, Carlos A lberto Brilhante. Rompendo o Silêncio.
Sonho de uma guerrilha rural
João Amazonas de Souza Pedroso, o mais antigo dirigente com unista, pre
sidente do PCdoB desde 1962, faleceu aos 90 anos por com plicações pulm o
nares, em 22/05/2002. Elza M onnerat faleceu aos 91 anos, depois de uma
cirurgia no fêmur, no dia 11/08/2004.
A verdade sufocada -175
Fontes:
- SO U SA , A luísio M adruga de M oura e. Guerrilha do Araguaia -
Revanchismo.
- Projeto Orvil.
Recrutamento dos jovens
Aproveitando o idealism o dos jovens, sua ousadia, sua esperança de poder
reformar o mundo, o PCB reunia grupos e, discutindo política, incutia nos jovens
as idéias do Manifesto Comunista de Marx e Engels. As organizações de esquer
da, tendo como suporte experientes militantes comunistas, sempre dispensaram
especial atenção ao recrutam ento dos jovens - mesmo aqueles no início de sua
adolescência conhecedores da sua impetuosidade, da alma sonhadora, inquieta
e aventureira da juventude. A penetração de idéias subversivas era feita no m o
mento em que o jovem sentia os problemas sociais no meio em que vivia.
Todas as organizações deram destaque especial ao setor de recrutamento.
Normalmente, esse setor era dirigido por elementos altamente politizados, ver
dadeiros líderes, de fácil trânsito no meio jovem .
Os contatos eram estabelecidos entre os elem entos m ais perm eáveis às
novas idéias. Eles eram sondados pelos organism os de fachada das organiza
ções. Por exemplo, a Dissidência da Guanabara (DI/GB), depois M R-8, tinha
na sua estrutura os cham ados Grupos de Estudo (GE), especialmente voltados
para o aliciamento dos jovens.
O recrutamento com eçava, geralmente, em reuniões sociais, shows, bares,
colégios e faculdades. Inicialmente, reuniões informais, sem intenções políticas.
Depois, os indivíduos que mais se destacavam eram reunidos para discussões
em tom o de fatos políticos que haviam causado impacto no âmbito internacio
nal ou nacional. A rdilosam ente, o coordenador da reunião induzia o debate,
conectando-o com a situação sócio-econôm ica do Brasil e explorando o espí
rito contestador do jovem contra o sistema.
A discussão dos problemas era feita em nível mais amplo. Nessa etapa, distri
buíam textos que, partindo dos problemas gerais, se dirigiam aos problemas bra
sileiros. Esses textos, normalmente escritos e publicados por membros da organi
zação, não davam m argem a qualquer discussão. Levavam a pessoa a concluir
que o sistema vigente era totalmente ineficiente, incapaz, explorador e corrupto.
Adquirida a confiança dos jovens, o líder sugeria uma m udança estrutural
do regime vigente no País.
Qualquer crise, insatisfação popular e reivindicação de grupos eram estopins a
serem aproveitados como “ganchos”, e explorados para despertar no jovem o desejo
de mudar a realidade existente, nem sempre agradável, e criar uma nova condição
social. O próximo passo era sugerir aos jovens, aventureiros e “reformadores do
mundo”, idéias para concretizar a mudança: a revolução social, inicialmente apresenta
da como pacífica, para quebrar resistências e comprometê-los com o grupo.
Aos poucos, encantados com a idéia de um mundo melhor, eram envolvi
dos de forma lenta e ardilosa. Ávidos por m udanças, propunham -se, inicial
A verdade sufocada -177
Para os que m orreram em seu trabalho ou na rua, sem nem saber porque, nada!
0 vigia Paulo M acena, um trabalhador, desem penhando sua hum ilde fiinçào,
morto pela explosão da bom ba no Cine Bruni, colocada como protesto contra
1 Lei Suplicy; os m ortos do Aeroporto de Guararapes - jornalista Edson Régis
dc Carvalho e almirante Nelson Gomes Fernandes; o sargento Carlos Argemiro;
o cabo PM R aym undo de C arvalho Andrade; o fazendeiro José Gonçalves
Conceição - Zé Dico; o bancário Ozires Motta M arcondes; Agostinho Ferreira
Lima da M arinha M ercante, todos vítim as das ações guerrilheiras ocorridas
antes da m orte do estudante Edson Luiz, não m ereceram velórios em Assem
bléias Legislativas, nem discursos inflamados, nem a bandeira nacional sobre
hcus caixões! E, se não fosse a dor de suas famílias e seus amigos, nem mesmo
Em 1964, José Dirceu tinha 19 anos. Nessa época, era estudante secundarista
cm São Paulo e participava do movimento estudantil, filiado ao PCB. Seu líder
era Carlos M arighella e ele logo aderiu à “Corrente Revolucionária” , criada
dentro do PCB para defender a luta arm ada.
No final de 1966, ingressou na “ Ala M arighella” que, um ano depois, se
chamaria Agrupam ento Com unista de São Paulo (AC/SP).
Em 1968, José Dirceu era presidente da União Estadual dos Estudantes
(UEE) e insuflava os jo v en s a pegar em arm as. No dia 2 de outubro, foi um
dos líderes do conflito no qual se envolveram , na Rua M aria A ntônia, mil
universitários da Faculdade de Filosofia da USP e do M ackenzie. Os alunos
da USP, cm São Paulo, m aior centro estudantil de esquerda da época, orga
nizaram um pedágio para arrecadar dinheiro para a UNE. Revoltados com as
bldem as constantes, provocadas pelos esquerdistas, os alunos do Mackenzie,
lituado na mesma rua, ao negarem a contribuição, foram atacados e revidaram.
( )s estudantes transform aram a Rua M aria Antonia em um verdadeiro campo
de batalha. Saldo: o estudante secundarista José G uim arães m orto com um
tiro na cabeça, dez outros feridos e cinco carros oficiais incendiados.
Com todo esse clim a, em 12 de outubro, a UNE realizou em Ibiúna, no
interior de São Paulo, o seu XXX Congresso. Informada por telefone, a polícia
cercou e prendeu os participantes. N o congresso estavam presentes diversos
padres e sem inaristas: Tito de A lencar Lima, Dom ingos Figueiredo Esteves
186-Carlos Alberto Brilhante Ustra
A razão pela qual resolvi escrever o que sei, vendo e vivendo as situações
descritas, é, exatam ente, a parcialidade em todos os m ovim entos de “ resgate
da história”, sempre contada por participantes de um só lado.
Veja o exemplo abaixo:
Em m arço de 2 004, a revista Petrobras - n° 98 publicou a seguinte
reportagem:
A m em ória da m ídia é quase sem pre seletiva. O exem plo disto é o livro
Jornal Nacional - A notícia faz a história, sobre o Jornal da Globo que foi a<>
ar pela prim eira vez em I o de setem bro de 1969 e que, apesar de cobrir os
piores m omentos da subversão e do terrorismo no Brasil, dedica apenas pou
cas linhas sobre o assunto. O capítulo intitulado “Os militares e a censura”, fala
apenas do seqüestro do em baixador americano e da morte de Lam arca, abran
gendo o tema da censura, e se refere à morte de Lamarca como uma execuçâi >
Impressionante, com o da m em ória da Globo foram apagadas as atrocidades
cometidas pelos “jo v en s estudantes” . Preocupa-nos agora que o R esgate da
História, patrocinado pela Petrobras, tenha também ignorado os atos insanos
cometidos por esses jovens.
Por que será que, em busca da história, omitem os atos subversivo-terroris
tas e a verdadeira intenção da luta iniciada, ainda antes da Contra-Revolução'/
Por ignorância, impossível! Para esconder a verdade, talvez, pois quem sabe,
agora mais velhos, esses “estudantes” ainda precisarão usar os jo v en s de hoje
para uma nova tentativa de tom ada do poder.
Fonte:
-Projeto Orvil.
Assalto ao Hospital Militar
22/06/1968
Fontes:
- USTRA,Carlos A lberto Brilhante. Rompendo o Silêncio.
- Projeto Orvil.
- CA SO, Antônio. A Esquerda Armada no Brasil-1967/1971 - M oraes
Editora.
Atentado ao QG do II Exército
26/06/1968
É revoltante o sentido ético e moral dessa gente! Se não bastasse o mal que
causaram com seus atos de demência, cinicamente rotulam como “ideal ista” a “in
tenção” de não matar nenhum soldado ao lançar um carro bomba contra um quar
tel. Se tivessem matado um oficial ou um sargento, estaria justificada a barbárie?
Foi essa form a covarde, a reação dos com unistas a um repto lançado por
um chefe militar?
Que ideal é esse, que se assenta no abjeto conceito dc que “ser assaltante
ou terrorista é um a condição que enobrece qualquer homem honrado” ?
Honradez é uma virtude que passa muito longe desses desviados.
O “ idealism o” é tão grande que, hoje, eles entopem o M inistério da Justi
ça com os incontáveis pedidos de indenização por terem sido “perseguidos”
por uma “ditadura”.
Os “idealistas” foram vencidos na luta armada, mas hoje estão por aí regia
m ente indenizados e em altos cargos - principalm ente no governo -, a ditai
regra com seus “elevados” princípios éticos e morais.
Fontes:
- USTRA, Carlos Alberto Brilhante. Rompendo o Silêncio
- CASO, Antônio. A Esquerda Armada no Brasil - 1967/1971 - Moraes Editora
- Projeto Orvil.
A verdade sufocada - 195
i
“Tribunal Revolucionário” e novas sentenças
1. Major do exército alemão Edward Ernest Tito
Otto Maximilian von Westernhagen - 01/07/1968
Era essa a forma usada pelos crim inosos da esquerda revolucionária para
dar curso à sua “luta contra a ditadura militar”. Assassinar com crueldade era o
dia-a-dia desses sanguinários combatentes do marxismo-leninismo.
200-Carlos Alberto Brilhante Ustra
Fontes:
- USTRA, Carlos Alberto Brilhante, Rompendo o Silêncio
- G O R EN D ER , Jacob. Combate nas Trevas - Editora Ática.
- Projeto Orvil.
- CA SO , Antônio. A Esquerda Armada no Brasil - 1967/1971 - M oraes
I ditores.
202-Carlos Alberto Brilhante Ustra
Lamarca rouba armas que a nação lhe confiou
24/01/1969
C élula co m u n ista co n sp ira
general com andante da 2a Divisão de Exército (2a DE), a quem o 4° \<I «,.i
subordinado. O general decidiu que o assunto deveria ser mantido em sigilo e
que o capitão Lamarca e o sargento Darcy deveriam ser vigiados em suas ai i\ i
dades, intensificando-se a busca de provas e de fatos novos, inclusive a idcnii
ficação de outros militares que pudessem integrar a célula subversiva.
Passaram -se três m eses e o S2 não obteve nenhum dado novo.
No dia 21 de ja n e iro de 1969, o m esm o cabo que participava de um
grupo de discussões políticas, foi inform ado de que no dia seguinte ha\ ei u
um a reunião para d e fin ira s m issões dos que participariam de um “golpe »!<
mão” no Regimento.
A pesar de co n v o cad o , o cabo não com pareceu à reunião q u e se rcah
zou na noite do dia 22 de jan eiro . Foi à residência do m ajor S2, relatando
lhe o ocorrido e inform ando-o que, apesar de não saber a d ata d a a ç a o
planejada, sabia que e la ocorreria entre os dias 22 e 30 de ja n e iro .
No dia seguinte, 23/01/1969, quinta-feira, o com andante do Regímen
to, cientificado pelo S2, reuniu em seu gabinete os com andantes dos dor.
Batalhões, o subcom andante e o fiscal adm inistrativo. Para não “queim ar' «»
cabo, disse que soubera dos fatos pelo com andante da 2a DE. D eterm inou
a substituição do sarg en to encarregado do paiol de m unição, a imediai.i
troca dos cadeados do d epósito de arm am ento e a in ten sificação da v igi
lância sobre Lam arca e Darcy.
O Plano 4o RI
O fio d a m ea d a
que encontraram o fio da meada. Era o que necessitavam para com provar qiu
os atentados freqüentes eram um problem a de segurança nacional. O cami
nhão, pintado nas cores do Exército, sugeria que um novo atentado, contia
quartel ou instalação militar, estaria para acontecer.
Assim, segundo o coronel Lameira, sem perda de tem po, telefonou para <>
oficial superior de d ia ao QG/1I Ex, tenente-coronel João da Cruz Paião, pe
dindo autorização para deslocar tropa da Com panhia para Itapecerica da Sei
ra, sendo advertido de que qualquer deslocamento dependia de perm issão ex
pressa do general com andante do II Exército. Incontinenti, ele pediu para que
esse oficial de serviço obtivesse a perm issão, o que mais uma vez foi negadi»
por ele não avaliar corretam ente a importância do fato. O pedido foi reiterad« *
e, com o a resposta foi a mesma, o então major Lameira solicitou orientação de
com o proceder, um a vez que o deslocam ento era de sum a im portância para a
conclusão das investigações. Foi aconselhado a usar o bom senso. Desculpou
se pela insistência e participou que, usando o bom senso, deslocaria a tropa m *1»
seu com ando para Itapecerica da Serra.
Em virtude de os soldados da PE serem, na quase totalidade, recém-incorpo
rados, o com andante do 2o Esquadrão de Reconhecimento M ecanizado - 1 s
quadrào Anhangüera major de Cavalaria Inocêncio Fabrício de Mattos Beltrà< >.
se prontificou a apoiar com homens e com blindados M -8 .0 mesmo aconteceu
com relação ao m ajor aviador Flávio Pacheco Kauflman, comandante do S A K.
que assumiu a responsabilidade em apoiar a tropa do Exército que se deslocaria
na madrugada de sexta-feira, 24 de janeiro, para Itapecerica da Serra, dando
cobertura aérea com dois helicópteros.
Sabedor do deslocam ento sem autorização e do apoio de dois helicópte
ros, o coronel Sebastião Chaves, chefe interino do Estado-M aior do II Ex, não
suspendeu a m issão e determinou ao m ajor Lameira que se apresentasse na 2“
feira, dia 27/01 /69, no seu gabinete.
A chegada da tropa da PE, dos blindados e dos helicópteros da FAB foi
um verdadeiro acontecim ento para a população de Itapecerica da Serra, que
estava acordando, ávida para saber detalhes sobre os últim os acontecim cn
tos ocorridos na cidade. N o sítio, além da caseira e do filho, vizinhos foram
interrogados, perm itindo assim levantar o nom e e endereço do proprietário
do local e dados sobre os pintores do cam inhão. O m ais im portante, entre
tanto, foi fornecido p o r um m enino de 12 a 13 anos. C onversando com o
m ajor Lam eira, declarou ter vontade de ser soldado e polícia e concordou
em responder a algum as perguntas. G uardado na m em ória, o garoto tinha
registrado a placa de um Fusca bege que conduzia o pessoal da pintura do
cam inhão. O garoto era m uito observador e, segundo ele, o “ja p o n ê s" que
A verdade sufocada - 207
dirigia o Volks ev itav a ser visto e por isso deixava os pintores distantes do
local onde o cam inhão estava sendo pintado.
De volta ao quartel da PE, um telex sim ultâneo foi passado para todas as
Delegacias de Polícia de São Paulo, solicitando a captura de um Fusca bege,
placa 30-4185, de São Paulo/SP, conform e afirm ou o coronel Lameira. O car
ro foi encontrado abandonado numa rua sem saída, após perseguição da polí
cia. Posteriormente, foi apurado que o seu motorista era Yoshitame Fujimore, o
mesmo “japonês" que o m enino vira dirigindo, e que o seu proprietário era o
ex-sargento José Araújo Nóbrega, do Estabelecimento Regional de Subsistên-
cia/2, que aguardava reforma e perm anecia foragido. No interior do carro, ha
via um verdadeiro arsenal, inclusive um morteiro, armas de fabricação artesanal
e vários silenciadores.
Diante do material bélico, a polícia avisou ao Departamento de Ordem Po
lítica e Social. DOPS, que designou os investigadores A m ador Navarro Parra,
Antônio Brito M arques, Benedito C aetano e Henrique C astro Perrone Filho
para examinarem o carro no local onde fora localizado. Os investigadores pre
tendiam levar o carro para o DOPS. Não o fizeram em virtude da existência de
um telex da PE solicitando a captura do veículo. Inconformados, os quatro se
dirigiram ao quartel da PE, onde o com andante os fez ver que o Fusca fazia
parte da investigação em curso sobre os presos de Itapecerica da Serra, que
poderiam esclarecer sobre o arm am ento encontrado no veículo, onde e como
seria em pregado e quem era o am ieiro que fabricara as armas.
Fontes:
- Entrevista com o coronel Jaym e H enrique Antunes L am eira, que como
major, com andava a 2a Cia PE, na época desses acontecim entos.
- USTRA , C arlos A lberto Brilhante. Rompendo o Silêncio.
- Projeto Orvil.
- C A SO , Antônio. A Esquerda Armada no Brasil - 1967/1971 - M oraes
Editora.
2a Companhia de Polícia do Exército
pioneira no combate ao terrorismo
aos ciúm es. A cooperação não era m ais im ediata. O m ajor com andante da 2a
Cia PE não tinha os canais oficiais para se ligar com o D O PS, a Guarda Civil e
a Força Pública.
A s organizações terroristas, em face das inúmeras prisões de seus m em
bros, se articularam . A perfeiçoaram seus dispositivos e procedim entos de
segurança e to rnaram -se m ais violentas. Q ualquer ten tativ a de prisão era
respondida à bala.
A PE não tinha viaturas, arm am ento e pessoal especializado. O excelente
trabalho inicial prestado pelos militares da 2a Cia PE foi exemplar. A dedicação
e o ardor m ostrados superaram os obstáculos. As ações, inicialm ente coorde
nadas, m ostraram que o apoio e a cooperação de todos os interessados na
segurança eram essenciais para o combate ao terrorismo.
Em Io de ju n h o de 1969, a 2a Cia de PE foi transform ada em 2o Batalhão
de Polícia do Exército (2o BPE). Continuou sob o com ando do m ajor Jayme
Henrique Antunes Lam eira até 9 de agosto do m esm o ano, quando o Batalhão
passou ao com ando do coronel de Infantaria Orlando A ugusto Rodrigues.
Foi dessa experiência valorosa com a 2a Cia PE que surgiu a idéia da cria
ção de um órgão oficial que possibilitasse a integração de inform ações e de
esforços e que centralizasse o combate ao terrorismo.
Essa foi a sem ente da criação da O peração Bandeirante, a OBAN.
Fontes:
- Projeto Orvil.
- Entrevista com o coronel Jayme Henrique Antunes Lameira.
0 Movimento Armado Revolucionário - MAR
e “os meninos” de Flávio Tavares
26/05/1969
Fontes:
- w w w .tem um a.com .br - DUM ONT, F. Recordando a história.
- TAVARES, Flávio. Memórias do Esquecimento.
- Idos de M arço - A Revolta dos M arinheiros - Prosa e Verso - O Globo .
27/03/2004.
Operação Bandeirante - OBAN
27/06/1969 a 28/09/1970
C entro de C oordenação
C m t II Exército
C oordenação
de E xecução
Fontes:
- SILVA, Em ani Ay rosa da. Memórias de um Soldado.
- Projeto Orvil.
- USTRA, Carlos A lberto Brilhante. Rompendo o Silêncio.
Seqüestro do embaixador americano
04/09/1969
As ações de violência atem orizavam a população, mas eram tantas que já
não causavam o impacto desejado, pela ífeqüência com que aconteciam.
Franklin de Souza M artins, da direção da Dissidência da Guanabara (D l/
GB), propôs um a ação inédita. Sugeriu um seqüestro, que seria o primeiro.
Estudados os alvos, concluiu-se que o de m aior repercussão seria o de um
embaixador. A idéia foi logo aprovada por Cid Queiroz Bcnjamin, da Frente de
Trabalho A rm ado (FTA), um dos setores da DI/GB.
Após reuniões, decidiram que o alvo ideal, com uma repercussão nacional e
internacional, seria o embaixador dos EUA, Charles Burke Elbrick. O objetivo
principal do seqüestro, além de destacar a guerra revolucionária por meio da
propaganda e de tentar a desmoralização do governo, era libertar os principais
líderes do movim ento estudantil que se encontravam presos. Franklin de Souza
Martins estivera preso com Vladimir Gracindo Soares Palmeira (Marcos), José
Dirccu de Oliveira e Silva (Daniel), militante da ALN, e Luiz Gonzaga Travassos
da Rosa, militante da AP.
A direção da DI/GB, após os planejam entos iniciais, concluiu que seria
necessária a participação de outra organização, com m aior experiência, para
apoiá-la nessa em preitada. A ALN, dispondo de gente com treinam ento em
Cuba, já que os seus primeiros militantes haviam regressado ao Brasil - tendo
realizado cerca de trinta assaltos a bancos e carros pagadores, duas dezenas de
atentados a bom bas, roubos de arm as, “justiçam entos”, ataques a quartéis e
radiopatrulhas -, foi considerada pela direção da DI/GB com o a parceira ideal
para tão audaciosa ação. A judava m uito na decisão pela ALN a figura de
M arighella que, pelos seus textos, incentivando a iniciativa e a violência, os
levava a supor que conseguiriam o seu apoio para o seqüestro.
Em ju lh o d e 1969, C láudio Torres da S ilva (P edro ou G eraldo), tam
bém m em bro da FTA, recebeu a incum bência da d ireção da D I/G B de
co ntatar com Joaquim C âm ara Ferreira (T oledo ou V elho), segundo ho
mem na hierarquia da ALN, para conseguir o seu apoio. T oledo aprovou a
idéia imediatamente.
O período escolhido foi a Sem ana da Pátria, para esvaziar as com em ora
ções do Sete de Setem bro.
De volta ao Rio, começaram a intensificar os preparativos. Fernando Paulo
Nagle Gabcira (Mateus ou Honório), jornalista do Jornal do Brasil, responsável
pelo setor de imprensa da DI/GB, conseguiu que Helena Bocayuva Khair alugas
se no início de agosto uma casa na Rua Barão dc Petrópolis, 1026, no Rio Com
prido. Lá foram impressos os jornais Luta Operaria e Resistência. O local seria
utilizado como cativeiro do embaixador.
228-Carlos Alberto Brilhante Ustra
Fontes:
- USTRA, Carlos A lberto Brilhante. Rompendo o Silêncio
- Projeto Orvil
- Temuma - ww w.tem um a.com .br
Em 1971, o Brasil possuía três vezes m ais estradas que em 1964 e todas
itKcapitais brasileiras estavam interligadas a Brasília.
Elio Gaspari, um dos maiores críticos dos governos militares, em seu livro A
itadura Escancarada, página 133, escreve o seguinte:
imagem de um tirano cruel, que perseguia aqueles que com batiam a sua dita
dura. Jam ais se perm itirão adm itir que Emílio Garrastazu M ediei foi um dos
melhores presidentes que o Brasil já teve. Os ideólogos dessa esquerda ultra
passaram , signifícativam cnte, os seus m estres c m odelos de com unicação
Goebbels e Lenin -, transform ando a mentira, o engodo e a meia verdade cm
uma nova história.
Nada m elhor para corroborar o que afirm o, do que o trecho abaixo, d«*
depoim ento de Luiz Inácio Lula da Silva, dado, em 03/04/1997, a Ronaldo
Costa Couto e publicado no livro Memória Viva do Regime Militar. Brasil
1964-1985 - Editora Record 1999.
Mediei, juntam ente com o ministro dos Transportes. Mário Andreazzci, inaugura a
epoca. como obra faraônica
Ponte Rio-Niterói, considerada pela oposição da época,
Hidrelétrica
de Itaipu, também considerada uma
obra faraônica
240-Carlos Alberto Brilhante Ustra
Soldado PM José
A/eixo Nunes
Dia 10/11/1970.
Sâo Paulo/SP Três mort.
na perseguição a terroristas
da VPR. (Ver descrição
na página 343 1
Soldado PM
Gari baldo de Queiroz
A verdade sufocada - 241
Depredação de viatura da
Polícia Civil, durante passeata
estudantil
Atentado à viatura
da Pnlieia Militar/SP
242-Carlos Alberto Brilhante Ustra
Explosão do carro dos terroristas Ishiro Nagami e Sérgio Correia, na rua Consola
ção/SP (Onde eles iriam colocar esses explosivos?)
Ataque à radiopatrulha/SP
i
Em São Paulo
Concluindo a Escola de Com ando e Estado-M aior do Exército, ao final de
1969, fui transferido para São Paulo. A pesar de aconselhado a residir no pré
dio do Exército, na Avenida São João, resolvi realizar o nosso sonho de morar
em um a casa. Depois de m uito procurar, encontram os um pequeno sobrado,
perto do A eroporto de Congonhas, numa rua tranqüila. O que encantou minha
m ulher foi uma tira de terra, ao lado da entrada do carro, onde ela logo plantou
flores e folhagens e, orgulhosa, cham ava de nosso jardim . Estávamos nos sen
tindo no paraíso, afinal tínham os saído de um apartam ento de quarto e sala e,
pela prim eira vez, m orávamos em uma casa.
Eu servia na 2a Seção, Seção de Informações, no Quartel General do II
Exército. O clim a em São Paulo era de constantes sobressaltos. A ssaltos e
atentados quase que diários. Com frequência eu chegava em casa, do quartel,
m uito tarde, às vezes de m adrugada. Em alguns períodos, como durante o se-
qüestro do cônsul do Japão, não pude nem m esm o ir dorm ir em casa. M inha
mulher e minha filha recém-nascida ficavam sozinhas. Ficávamos inseguros. Não
tínhamos família na cidade que pudesse nos apoiar. Para completar nossa inse
gurança, havia, sempre, informes que as organizações terroristas pretendiam
sequestrar ou “justiçar” militares. Eu, na época, nâo m e enquadrava no que se
poderia dizer um alvo cobiçado, mas nunca se sabe, não conseguindo patente
mais alta, poderiam se contentar com um major.
A situação era preocupante, pois os subversivos-terroristas, até o início
de 1970, assaltaram , aproxim adam ente, 300 bancos e alguns carros fortes
de em presas pagadoras; encam inharam 300 m ilitantes para cursos em Cuba
e na C hina; sabotaram linhas férreas; assaltaram q u artéis para ro u b ar ar
mas; seqüestraram três diplom atas; “justiçaram ” três m ilitares (dois estran
geiros e um tenente da Polícia M ilitar de São Paulo); roubaram grande quan
tidade de exp lo siv o s em pedreiras; explodiram dezenas de bom bas (entre
elas um a no A eroporto G uararapes e outra no Q uartel G eneral de São Pau
lo); e incendiaram várias radiopatrulhas. O núm ero dc m ortos da insensatez
dessa guerrilha urbana já era grande: 66 pessoas, sendo 20 policiais m ilita
res, 7 m ilitares, 7 p oliciais civis, 10 guardas de seg u ran ça e 22 civis de
profissões diversas.
Com toda essa situação de guerrilha urbana em São Paulo, onde o núm e
ro dc ações era m uito grande, recebi recom endações de m eus chefes para
que, por m edida de segurança, me m udasse para o prédio do Exército, o que
fiz logo que possível, depois de pagar multa de rescisão de contrato. Saímos
da tranqüilidadc de nosso sobrado, deixando nosso jard im que com eçava a
244-Carlos Alberto Brilhante Ustra
florir, e fomos para a Avenida São João, pleno centro de São Paulo, ao lado da
Praça da República, pensando que estaríamos tranqüilos.
Mal sabia eu que os próximos três anos e três meses seriam os m ais difíceis
de minha vida. Em fins de setem bro, fui nom eado o prim eiro com andante do
recém -criado D O I/C O D I/ II Ex.
Eu iria, junto com m eus comandados, enfrentar os “estudantes, arm ados de
estilingue”, que lutavam para “redemocratizar” o País, como dizem alguns m em
bros da mídia...
Os “jovens idealistas”, na verdade, revelaram-se fanáticos assassinos, não
hesitando trucidar inocentes em prol da odiosa causa que abraçavam.
Seqüestro do cônsul do Japão em São Paulo
11/03/1970
“Consciência Geral
O desvario terrorista nào mede conseqüências. Pouco lhe im
porta as vítimas que vai deixando pelo caminho, desde que atinja
os seus objetivos imediatos de precário rendimento contestatório.
Este é um dos seus aspectos mais cruéis: a insensibilidade com
que, nos seus transbordamentos, envolve, de repente, o homem de
rua, o transeunte pacato, a mãe que leva o filho consigo.
A ação terrorista nào se limita a entrechoques eventuais com
agentes da lei. E uma guerra declarada à sociedade, na medida
em que, criando um clima geral de insegurança, arrisca vidas anô
nimas. O repúdio da família brasileira ao terrorismo, manifestado
desde seus primórdios no País, não a isenta, infelizmente, de uma
participação maior no quadro geral das responsabilidades convo
cadas para combatê-lo. Da mesma forma, não a impede de, even
tualmente, sofrer na própria pele os efeitos dessa luta.
No momento em que as ruas se transformam em palco de esca
ramuças sangrentas, com o sacrifício até de crianças e mães de famí
lia habituadas a uma paz de espírito agora ameaçada, cabe a todos
nós reforçar conceitos de deveres e responsabilidades em função da
tranqüil idade coletiva. A consciência geral terá de despertar com ur
gência para a triste constatação de que está diante de uma ação
alucinada de grupos minoritários que requer medidas especiais de res
guardo.
A família brasileira precisa colocar-se à altura desse instante in
quietador que não deve e não pode perdurar, não obstante a soma atual de
maus presságios. E somente será digna dessa nova convocação quando
começar no ambiente dos seus lares a tarefa geral de pacificação dos
espíritos e desarme das atitudes radicais timdamentadas no ódio.”
(Trecho do editorial do Jornal cio Brasil - 14/03/1970).
Tanto “Mário Japa" como Damaris sabiam da existência de uma área de treina
mento de guerrilha no Vale da Ribeira. Era necessário para a organização criminosa
tirá-los da prisão, com a máxima urgência, antes que colocassem em risco a VPR e
“entregassem" a área de treinamento no Vale da Ribeira.
Damaris, quando interrogada, falou a respeito dessa área, localizando-a
próximo a Registro. Os analistas de interrogatório interpretaram essa informa
Çâo com o se fosse a região de Registro do Araguaia, em Mato G rosso (região
propícia a esse tipo de atividade). “ M ario Japa” declarou que a área era em
Goiás. A contradição foi percebida e, mais cedo ou mais tarde, eles iriam “cn
tregar" a região certa.
A verdade sufocada - 247
Era preciso libertá-los antes que fosse tarde. Com o êxito do seqüestro do
embaixador americano, decidiram que um novo seqüestro seria a solução.
Para sensibilizar a colônia japonesa, muito numerosa em São Paulo, e pres
sionar o governo, foi escolhido o cônsul geral do Japão, N obuo Okuchi.
Em ações mais arriscadas as organizações agiam “em frente" (duas ou mais
organizações). Para o seqüestro foram empregados os seguintes militantes, co
ordenados por Ladislas D ow bor (Jamil):
- Pela VPR - Vanguarda Popular Revolucionária: Liszt Benjam in Vieira
(Frcd); M arco Antônio Lim a Dourado (O rlando ou Elói); M ário de Freitas
Gonçalves (Dudu); Joelson Crispim: Osvaldo Soares (Miguel ou Fanta); José
Raimundo da C osta (Moisés).
- Pela REDE - R esistência D em ocrática: D enise Peres C rispim (Célia);
Eduardo Leite (Bacuri); Fernando Kolleritz (Ivo, Raim undo).
- Pelo M R T - M ovim ento R evolucionário Tiradentes: D evanir José de
C arvalho (H enrique); P línio Petersen P ereira (G aúcho); Jo sé R odrigues
Angelo Júnior.
C hizuo Osava
Otávio Ângelo
no bairro Artur Alvim. Eles faziam cópias de armas roubadas pelo ex-
capitào Lamarca do 4° Regimento de Infantaria, em Quitaúna.
A fábrica estava montada num galpão que havia nos fundos
da casa de Francisco, ex-membro do Partido Comunista. Ele acei
tou a proposta do ex-capitào Lamarca, pois havia a chance de
“servir à causa" e ganhar um salário de NCr$ 500,00. Mas o es
colhido para montar a fábrica foi Otávio Ângelo, que não teve
problemas para fazê-lo. Ele havia feito um curso em Cuba, onde
aprendeu a transformar pedaços de cano e equipamentos de auto
móvel em armas automáticas e de grosso calibre.
Para montar a fábrica, Otávio Ângelo recebeu NCrS 5 mil de
Joaquim Câmara Ferreira. Com esse dinheiro deu a entrada para
comprar um tomo e preparar o galpão com revestimento a prova
de som, já que faziam provas de tiro e não podiam despertar a
atenção dos vizinhos."
madre M aurina B orges Silveira. C ertam ente, não era para discutir tem as do
currículo de Direito e. muito menos, religião.
Da teoria passaram à ação. N o 2o sem estre de 1967, a FALN iniciou os
atentados terro rista s nas cidades de R ibeirão Preto e S ertàozinho. Á urea
M oretti participou de alguns desses atentados.
Em R ibeirão Preto, explodiram bom bas nos cinem as C entenário, São
Paulo, D. Pedro 11, São Jorge e Suez; no m ercado dos C am pos Elíseos; na
agência do D epartam ento de C orreios e Telégrafos; na Igreja M órm on; e no
3o Batalhão de Polícia Militar.
Em Sertàozinho, a FALN explodiu bom bas em lugares públicos, nos m es
mos dias e horários das de Ribeirão Preto.
No final de 1967, atuava tam bém em Franca e Pitangueiras.
Em 1968, aproxim ou-se do clero progressista, obtendo apoio moral, finan
ceiro e material de diversos religiosos, alguns favoráveis à luta armada. Madre
Maurina foi presa por m anter contato com Mário Lorenzato, perm itir reuniões
e guardar material subversivo no Lar Santana.
Em 1969, tentando desencadear a luta arm ada no campo, a FALN instalou
dois projetos de cam pos de treinam ento: o prim eiro nas m atas da Fazenda
Capão da Cruz, destruído pelo fogo; e o segundo, nas matas da Fazenda Boa
Vista, distrito de G uatapará, desbaratado pela polícia no m esm o ano. O res
ponsável por esse cam po era M ário Bugliani (Capitão), que fazia o recruta
mento na zona rural.
Na noite de 13 de outubro de 1969, a organização assaltou a pedreira da
Prefeitura M unicipal de Ribeirão Preto, roubando grande quantidade de di
namite e estopim . A pós esse assalto, alguns m ilitantes foram presos em um
acam pam ento próxim o à cidade de Sertàozinho, o que proporcionou o des
baratam ento de todo o grupo. Várias pessoas foram presas, entre elas, cam
poneses, estudantes, freiras e sacerdotes, suspeitos de participar ativam ente,
ou com o apoio.
A grande ação da FALN, planejada, m as não realizada por causa da
prisão de seus principais m em bros, seria o seqüestro do usineiro João
M arquesi, com a finalidade principal de obter fundos para expandir os atos
terroristas da organização.
W anderley Caixe cumpriu pena de cinco anos de prisão, por ter sido iden
tificado com o coordenador do grupo. Hoje, é advogado e professor. Atua ju n
to ao M ST.
Á urea M oretti saiu da cadeia em ja n e iro de 1973. Em 1985, voltou a
R ibeirão Preto, on d e atu a ju n to ao MST. N o livro Mulheres que foram à
lufa armada , de L uiz M aklouf, página 97, reafirm a: A luta de ontem c a
luta de hoje” .
252-Carlos Alberto Brilhante Ustra
Que a luta deles continua muitos sabem, só nào vê quem não quer.
Na determ inação de tom ar o Brasil um País com unista, a qualquer custo,
passam por integrantes de “m ovimentos sociais’', mas, na verdade, são os mes
m os lobos travestidos de cordeiros.
Fontes:
- Projeto Orvil
- CARVALHO, Luiz M aklouf. Mulheres queforam à luta armada - Edi
tora Globo.
- USTR A, C arlos A lberto Brilhante. Rompendo o Silêncio.
Um dia é do caçador, outro da caça
04/04/1970
A Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), do Rio G rande do Sul, dese
jav a realizar uma ação que lhe destacasse ju n to à esquerda arm ada e lhe desse
prestígio perante seu Com ando Nacional (CN). Era necessário, para isso, uma
ação de impacto nacional e internacional. N ada melhor que o seqüestro de um
diplomata. A experiência com o embaixador americano servia como exemph >
Esperavam que um cônsul fosse um alvo mais fácil que um embaixador e dedn
ziram que a ação seria m enos arriscada.
O alvo escolhido foi o cônsul dos Estados Unidos em Porto Alegre, Curtis
Carly Cutter.
Imediatamente, em fevereiro de 1970, iniciaram cuidadosos levantamenh >s
Atuariam “em frente” com Gregório M endonça (Fumaça), do M ovimento Kc
volucionário 26 de M arço (M R-26). N ão poderia haver erros. Logo, desco
briram tudo sobre o cônsul: onde morava, seus horários de entrada e saída dc
casa e do trabalho, locais aonde ia com mais freqüência e, principalmente, que
usava, durante a sem ana, em seus deslocam entos um carro de cobertura, com
dois agentes lhe dando segurança. Portanto, era preciso planejar a ação para
um final de semana, quando, tranqüilamente, circulava sem cobertura.
O bem -sucedido seqüestro do cônsul do Japão reforçava a certeza do
sucesso da ação. C onfiantes, em m arço, C arlos Roberto Serrasol (Brcno)
recebeu a incumbência d e alugara casa localizada na Avenida Alegrete, 6 >(>
bairro Petrópolis, para ser o cativeiro do cônsul. Foi solicitado ao C om ando
N acional (CN), já que nesse tipo de ação o tem po é precioso, a redação
antecipada do com unicado a ser enviado às autoridades, após o seqüestro
Juarez G uim arães de B rito (Juvenal), do CN , no Rio de Janeiro, atendeu
prontam ente, incum bindo C elso Lungaretti (Lourenço), do Setor de Inleli
gência da VPR, de redigir o documento.
N o comunicado, transcrito no final, com o exigência para libertar o cônsul
vivo, as autoridades deveriam libertar 50 presos, que seguiriam para a Argélia
O com unicado tam bém previa que a não aceitação das exigências levaria os
seqüestradores à execução de Curtis Carly Cutter. O docum ento era assinar li >
pelo Com ando Carlos Marighclla.
A ação foi m arcada p a ra 21 de m arço, um sábado. A ssim foi feito la
com um carro, roubado só para o se q ü estro , partiram para a ação. Tudo
no e n ta n to , fracassou, p o r erro no tão m in u cio so p lan e jam e n to . A a ç ã o
foi rem arcada para d u a s sem anas depois. A final, era p reciso rev er todo
os detalhes.
A verdade sufocada - 255
Se o cônsul Curtis Carly Cutter tivesse sido seqüestrado, esse comunicadi >
seria difundido pela imprensa e muitos acreditariam. Assim se foijam as mentiras,
reescreve-se a história e faz-se a cabeça dos brasileiros.
Mentira. Eis a grande arm a dessa gente para impor a sua versão desonesta
dos fatos e da história.
Essa é a m otivação m aior que me leva a escrever. Desmentir a fraude dessa
gente e d em onstrar a sua im postura, resgatando a verdade com fatos
irretorquíveis.
Só lastimo que perdas hum anas tenham ocorrido nessa infame e insensata
luta armada.
Fontes:
-P rojeto Orvil.
- www.temum a.com .br
- DUM ONT, F. Recordando a História - O fracasso do sequestro do
cônsul dos Estados Unidos
Operações no Vale da Ribeira
Massacre do tenente Alberto Mendes Júnior
10/05/1970
O objetivo de toda organização terrorista era levar a guerrilha para a área
rural e depois, já com o “Exército de Libertação Popular” form ado e treinado,
atacar e conquistar as cidades.
A Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) planejava criar focos guerri
lheiros em determ inadas áreas táticas. Porém, antes disso era necessário dou
trinar, instruir, orientar e preparar militantes para ocupar tais áreas. A organiza
ção passou a procurar áreas que facilitassem a segurança c a s instalações a
serem construídas e as já existentes e que permitissem instruir adequadamente
o seu pessoal.
Por m ais cautelosos e por mais rígidos e exigentes que fossem , um a área de
treinamento, pela m ovim entação constante e pelas contínuas entradas e saídas
dos futuros alunos, estaria com a segurança sem pre vulnerável. Pensando em
tudo isso, a VPR escolheu o Vale da Ribeira, região agreste, úm ida, de muitas
matas, banhada pelo curso d ’água que lhe dá o nome, situada a mais de 200 km
ao sul da cidade de São Paulo.
Em m eados de 1969. a VPR adquiriu o Sítio Palmital, com 40 alqueires, na
altura do Km 254 da B R -116, São Paulo-Curitiba. Esse terreno foi comprado
dos sócios M anoel dc Lima (ex-prefeito de Jacupiranga) c Flozino Pinheiro de
Souza, simpatizantes dessa organização terrorista. Quem assinou a escritura foi
Celso Lungaretti, usando o nome falso de “ Lauro Pessoa”.
Em 15/11/69, Lamarca foi levado por Joaquim dos Santos e José Raimundo
Costa para o Sítio Palmital. Lamarca seria o comandante dessa área de treina
mento, que ele denominou Núcleo Carlos Marighella. Quando chegou ao sítio, já
o esperavam Celso Lungaretti, Yoshitame Fujimore, Massafumi Yoshinaga e José
Lavechia. Reunidos, concluíram que o Sítio Palmital era pequeno e vulnerável por
estar localizado nas proxim idades da B R -116. Com praram outro sítio, o dobro
do prim eiro, com 80 alqueires, um pouco m ais ao norte e a 4 km da B R -116,
pertencente ao m esm o Manoel de Lima.
O problema logístico era preocupante. Como abastecer m ais de 20 pessoas,
embrenhadas na mata, sem levantar suspeitas? Decidiram que o necessário, em
termos de abastecimento, seria adquirido na capital paulista. A s compras seriam
feitas por M anoel Dias do Nascim ento e transportadas por Joaquim Dias de
( )liveira. Aliás, Joaquim desempenhou outro importante papel para manter a área
cm segurança. Era o responsável pelo transporte dos futuros alunos para a área.
Esses eram apanhados cm São Paulo. Joaquim obrigava-os a viajar com óculos
escuros, preparados com antecedência para impedir que identificassem o itinerá
rio que eslava sendo seguido.
258-Carlos Alberto Brilhante Ustra
A prim eira, com posta por oito alunos, saiu no dia 20. Eles abandonaram a
área, de dois em dois, cm intervalos de 10 minutos, na seguinte ordem: Herbert
c o boliviano Revollo; Roberto Menkes e sua companheira Carmem ; Ubiratan
c Antenor; e Delci e Valneri. Com o o cerco da região ainda não estava concre
tizado, conseguiram chegar a São Paulo. As outras turmas sairiam nos dias 21 e
24 de abril, m as não conseguiram porque o cerco já estava estabelecido.
Com ando das O perações de Contraguerrilha a inform ação dc que havia uma
viatura do Exército abandonada na Marginal Tietê com sua guarnição amarra
da, debaixo de um a lona, na carroceria. A seguir, uma ronda policial abordou a
viatura e libertou os militares.
C om o con seq ü ên cia desses fatos, o sargento K ondo respondeu a pro
cesso, foi condenado e expulso do E xército. Sua m aior falta foi a de não
acreditar na situação existente. Saiu com quatro soldados desarm ados. Aliás,
m esm o que eles estivessem arm ados com FAL, facilm ente poderiam ser em
boscados pelo grupo dos quatro. Em verdade, o grande perigo nessas situa
ções são as em boscadas.
foi classificado no 15°BP. Em 15 de novem bro foi prom ovido, por m ereci
m ento, ao posto de 2° tenente. Em 06/02/1970, apresentou-se no Batalhão
Tobias Aguiar, onde rapidam ente se entrosou com seus novos com panheiros.
C arinhosam ente era cham ado de “Português” pelos seus colegas. Era alegre,
sempre sorridente e m uito competente.
Em fins de abril o seu batalhão foi designado para prestar apoio à Companhia
Independente, com sede em Registro. Para lá o tenente M endes seguiu no co
mando de um pelotão, juntamente com outro pelotão do mesmo batalhão, ambos
sob o com ando do capitão Carlos de Carvalho. Após uma sem ana naquela cida
de. o capitão recebeu ordens para retornar com um dos pelotões para São Paulo.
0 tenente M endes apresentou-se como voluntário para permanecer. Não imagi
nava a tragédia que o atingiria e que o tornaria um dos maiores heróis da Polícia
M ilitar do Estado de São Paulo, corporação que ao longo dos anos se sacrifica
em benefício do povo de São Paulo c do Brasil.
Eu, até então, nunca havia convivido com o pessoal da PM ESP. Foi no
Comando do DOÍ/CODI/II Ex que passei a conviver e lutar ao lado deles. São
homens com grande espírito de disciplina, de justiça c do exato cumprimento
do dever. Entre eles fiz grandes amigos. Amigos que perm anecem até hoje, em
que pese o tem po passado.
Concluo, portanto, com a certeza de que, mais uma vez, as Forças Ami.i
das demonstraram sua capacidade operacional, apesar da precariedade de u
cursos, dos meios inadequados e do pessoal em início de instrução.
A morte do tenente Alberto Mendes Júnior não foi em vão. Ela revelou, poi
um lado, o desprendim ento de um homem e a perfeita noção do cumprimento
do dever, que o levou à m orte para salvar seus subordinados. Por outro, o
ódio, o fanatismo e a crueldade de seus algozes.
A sublimação da tragédia desse herói trouxe aos verdadeiros combatentes
da liberdade o suporte m oral para seguir lutando com denodo e crença nos
valores democráticos.
Para muitos, entretanto, Alberto Mendes Júnior é, hoje, apenas um agenli
da ‘'ditadura”, que não m erece a atenção que dedicam aos seus assassinos.
Os revanchistas não se conform am com a acachapante derrota que sofre
ram . Com muito menos m ortos, com poucos recursos humanos e financeiros
e em m uito m enos tem po, com parando com os dem ais países da Am érica
Latina, que tam bém sofreram e ainda sofrem as conseqüências da guerra fria
nós os derrotam os.
Fontes:
- Projeto Orvil
- USTRA, Carlos A lberto Brilhante. Rompendo o Silêncio.
Tenente PM Alberto
Mendes Júnior
A v e rd a d e s u f o c a d a - 269
Carlos Lamarca,
assassino e traidor
d a a u la s n u m curso
d c s e g u ra n ç a bancaria
1969. na c id a d e
dc O s a s c o
Á
Seqüestro do embaixador da Alemanha
11/06/1970
“Nação Afrontada
Mais um ato covarde de ação subversiva feriu o Brasil: o em
baixador da República Federal da Alemanha foi seqüestrado. E na
emboscada que lhe armaram dois agentes federais tombaram, um
sem vida c outro ferido; dois brasileiros. Toda a Nação se sente
também atingida.
O manifesto em que se exprimem os agressores declara guer
ra a todos os brasileiros, ao advertir que doravante ninguém será
poupado pela violência. Nós, que nos empenhamos para que o
ódio nunca prevaleça, sob qualquer de suas numerosas práticas,
não podemos calar uma repulsa que nos sufoca em indignação.
O Brasil, sob um governo legítimo, progride a uma taxa que
autoriza a confiança. A Nação prospera, os problemas são en
frentados com disposição, o País sc desenvolve. Os níveis de
produção e consumo são hoje mais elevados do que em qual
quer tempo passado.
Uma expectativa política razoavelmente favorável encaminha
a oportunidade democrática. Merecemos a democracia c a alcan
çaremos por nossos méritos, a despeito da ínfima parcela de in
cendiados pelo ódio. A maciça maioria brasileira está voltada para
o trabalho, a ordem e a esperança, que repele esta e qualquer
outra prática de ódio e violência.
A decisão do governo, dentro dos limites que inspiram a lei, em
defesa das vítimas e para desagravar a honra nacional, contará
com a adesão certa da opinião pública brasileira.
Somos, desde ontem uma nação afrontada por um ato que nos
fere a todos. Somos noventa milhões desafiados em nossas dispo
sições ordeiras c pacíficas por um grupo de fanáticos ensandecidos
pela perda dos mais caros valores humanos.
Somos uma Nação silenciosa e infelicitada, mas digna e civili
zada. Não abriremos mão desta dignidade e desta civilização.”
(Editorial do Jornal do Brasil - 13/06/70 - Ia página).
A casa foi alugada para o “casal” Gerson Theodoro de Oliveira (Ivan) e Tere/.i
Angelo (Helga), irm ã de Otávio Ângelo, o armeiro da ALN.
No m ês de ju nho, cm São Paulo, num a reunião entre Carlos Lam arca. d.i
VPR, “Toledo”, d a A LN , e D evanir José de Carvalho, do MRT, foram esc« •
Ihidos os 40 prisioneiros que seriam trocados pelo diplomata.
Com o era um a ação de risco, atuariam “em frente” . Para reforçar a eqm
pe, vieram de São Paulo José M ilton Barbosa (Cláudio), da ALN, e E duarT •
Leite (Bacuri), este para com andar a ação. Foram enviados, tam bém , trim.i
mil cruzeiros, um a m etralhadora INA e uma pistola .45.
N o dia 11 de ju n h o d e 1970. durante o jo g o Inglaterra X T c h e co sh n a
quia, da Copa do M undo, Molleben saiu da Em baixada, em Laranjeiras, dii i
gindo-sc para sua residência. Ao avistar o M ercedes, Jesus P aredes Soln
(M ário) deu o sinal c, nesse m om ento, um a Pick-up, dirigida por José Mau
rício Gradei (Jarbas), abalroou o M ercedes Benz do embaixador. N o inlerioi
do carro vinham, no banco dianteiro, o motorista M arinho Huttl e o agente du
Polícia Federal Irlando de Sousa R égis. No banco traseiro, o e m b a ix a d a
Von H ollenben. À retaguarda do M ercedes, com o segurança, uma Variam
dirigida por Luís Antônio Sam paio, tendo ao seu lado José Banharo da Silva
am bos agentes da Polícia Federal.
A operação foi m uito rápida e durou dois ou três m inutos. José M ilion
B arbosa, que fingia n a m o ra r Sônia Eliane L afoz (M ariana), m etralh o u .i
Variant, ferindo gravem ente o policial Luís Antônio Sampaio. O outro agvn
te. José Banharo da Silva, tam bém foi ferido. Enquanto isso, “B acuri” chi
gou ju n to à porta dianteira do carro do em baixador, ao lado do m o to ris ta .«
disparou três tiros na direção do agente Irlando de Sousa Régis. m atando
o instantaneamente.
I lerbert Eustáquio de Carvalho (Daniel) retirou o em baixador do autonn *
vel e o colocou no Opala, partindo na direção do bairro Santa Teresa.
No local deixaram panfletos que diziam o seguinte:
que os recompensa com o dinheiro público “pela perseguição’ que lhes impingiu
a “ditadura militar”.
Irlando de Souza R égis m orreu em vão. H oje ele só existe na lem bran
ça de seus fam iliare s, rele g ad o s tam bém à in d iferen ça go v ern am en tal e
condenados à penúria.
Infelizmente, vivemos no País da hipocrisia e em tempos de iniqüidade...
Fontes:
- U STRA , Carlos A lberto Brilhante. Rompendo o Silêncio.
- Projeto Orvil.
- Tem um a - w w w .tem um a.com .br - DUM ONTJ. Recordando a História.
Ministro do Exército,
Orlando Geisel, cumprimenta
a esposa do agente Irlando,
dona Floremina, e sua filh a
Guilhermina
Banidos em troca
do embaixador
da Alemanha
Partido Comunista Brasileiro Revolucionário - PCBR
Em 17 de abril de 1968. os integrantes da Corrente R evolueionária funda
ram o Partido Com unista Brasileiro Revolucionário (PCBR), realizando a sua
Ia Conferência Nacional.
Poi eleito um Secretariado, composto por M ário Alves de Souza Vieira (se
cretário-geral), Apolônio Pinto de Carvalho e Manoel Jover Telles; c escolhida a
Comissão Executiva, integrada por Jacob Gorender. Armando Teixeira Fructuoso
e Bruno da Costa de Albuquerque Maranhão. Este último, em 2006, comandou
os m ilitantes do M LST na invasão e depredação da Câm ara dos Deputados.
O Com itê Central foi constituído, além da Com issão Executiva, por mais
oito m embros efetivos.
Essa conferência aprovou dois documentos básicos:
- Os “Estatutos”, que estabeleciam a estrutura do PCBR: C om itê Central,
conhecido com o o 3o Com ando Central: Ram ires M aranhão do Vale. Ranúsia
Alves Rodrigues c Alm ir Custódio de Lima.
Estruturado som ente na Guanabara para ações arm adas, o PC B R contava
apenas com esses m ilitantes, reforçados por Vitorino Alves M outinho.
- Em 0 5 /02/1972. aluando “cm frente” com a ALN e a V A R -Palm ares,
a organização participou do “justiçam ento” do m arinheiro D avid Cuthbcrg,
julgado c condenado pelo tribunal verm elho, por representar o “ im perialis
mo inglês” .
- Em 25/02/73, o PC BR, atuando em “ frente” com a A LN e a VAR-
Palmares, participou do traiçoeiro assassinato do delegado O ctávio Gonçalves
M oreira Júnior, em C opacabana. Rio de Janeiro. Pelo PC B R , participaram
Ranúsia e Ramires.
- Em m arço d c 73, Ram ires e Vitorino foram a Porto A legre, onde, “cm
frente” com a ALN e a VAR-Palmares, assaltaram, no dia 14, o Banco Francês
c Brasileiro, roubando aproximadamente 41 mil cruzeiros.
- Em 04/06/73. assalto ao B ob’s, de Ipanema. Rio de Janeiro, onde rouba
ram cerca de 31 m il cruzeiros.
- Em 23/07/73, “justiçamento” de Salaticl Teixeira Rolim (Chinês), membro
fundador do PCBR.
1:.m 29/08/73, assalto a uma clínica na Rua Paulino Fernandes, em Botafogo,
Rio de Janeiro.
Anos mais tarde, com a anistia e a volta ao Brasil dc Apolônio de Carvalho,
Antônio Prestes de Paula c vários outros militantes, pôde o PC BR rccslrulurar-sc,
atuando, segundo a revista IstoÉ. dc 05/08/1987. infiltrado no PT.
Fontes:
- O ng Grupo Terrorismo Nunca Mais (TERNUM A) - \vww.tçrnuma.çpm :br
Uma estrutura se arma contra o terror
Na prim eira quinzena de setem bro de 1970, a Presidência da R epública
cm face dos problem as criados pelo terrorism o, expediu um docum ento tu •
qual analisava em profundidade as conseqüências que poderiam advir dessa
situação c definia o que deveria ser feito para impedir e neutral izar os m ovimen
tos subversivos. Tal docum ento recebeu o nom e de Diretriz Presidencial <A
Segurança Interna. De acordo com a diretriz, em cada com ando de Exérciti >
que hoje se denom ina Com ando M ilitar de Área. existiria:
- um Conselho de Defesa Interna (CONDI);
- um Centro de O perações de D efesa Interna (CO D I); e
- um D estacam ento de Operações de Inform ações (DOI).
Todos sob a coordenação do próprio com andante de cada Exército.
Esse G rande C o m an d o M ilitar, quando no desem penho de m issõ es di
D efesa Interna, se denom inaria Zona de Defesa Interna (ZDI).
No R io G r a n d e d o S u l, o u tro m odelo
Fonte:
-U S T R A , Carlos A lberto Brilhante. Rompendo o Silêncio .
2 8 6 - C a r lo s A l b e r to B r i l h a n t e U s tr a
Seguidam ente sou apontado com o chefe de hom ens que praticaram tar
atos. Eu jam ais os perm itiria.
Para que o leitor possa avaliar o meu perfil profissional, transcrevo abaix»
um elogio que recebi do coronel Souza Pinto. Longe de querer me valorizar, ek
serve para m ostrar com o um chefe desse quilate me considerava:
Primeira visita
do general
Humberto de
Souza Mello ao
DOI/CODI/11 Ex
General Humbero
de Souza Mello em
visita ao DOÍ/
CODI/lIEx
»
Ao DOI/CODI/II Exército uma estrutura dinâmica
Eles, quando contam a sua versão, sempre omitem a orientação que a mai
o ria das organizações dava aos seus m ilitantes de jam ais se entregarem e de
m orrerem lutando. Alguns até portavam cápsulas de cianureto.
Neste livro, em inúm eras oportunidades, relato os com bates travados com
os Grupos Táticos A rm ados (GTA) das organizações terroristas. Foram inú
m eras as baixas que lhes causam os. Deixei de citar todos porque, nas m inhas
pesquisas, para fazer um relato verdadeiro, foi muito difícil encontrar os pro
cessos. Não tenho, com o a equipe de D. Evaristo, os recursos e o pessoal em
abundância que, no STM , vasculhou os processos para escrever o Brasil Nun
ca Mais, com tendenciosas conclusões.
Além dos combates, inúmeras vezes os presos, ao serem soltos para cobri i
u m ponto, tentaram a fíiga. Em outras oportunidades, o contato com quem sc
encontrava no “ponto”, ao perceber que seu companheiro estava preso, entrega
va-lhe uma arma e os dois reagiam. Existiram situações em que o preso tinha um
Aponto de polícia” , previam ente marcado, quando a organização tentava o seu
resgate. Nesses casos, normalmente, no entrevero. corriam risco de morte, tant<»
os militantes com o os agentes da lei. Além disso, alguns morreram atropelados,
tentando a fuga ou cometendo o suicídio.
Mesmo nos casos m ais evidentes, com depoim entos de testem unhas, eles
negam que seus m ilitantes tenham sido mortos em combate. Quando isso acon
tecia c eles m orriam em ação, ou se suicidavam em plena rua, afirm am q u e »»
preso foi ferido, não foi socorrido e foi levado para o DOI para ser m orto sob
tortura.
Quando rebatem os essas falsidades, logo aparecem m ilitantes que csti\ e
ram presos no DOI e que foram preparados ideologicam ente para m entir pela
causa, fazendo declarações e afirmando que testemunharam cenas bárbaras \
palavra deles, em coro. com o aval de setores da imprensa, prevalece sobre a
nossa que não encontra apoio na mídia.
Poucas são as m ortes que eles adm item não terem ocorrido so b tortura
É o caso das m ortes de Ishiro N agam i e Sérgio C orreia, am bas no dia 04/0‘>
1969, na R ua da C onsolação. São Paulo, quando tran sp o rtav am bomba*,
q u e explodiram antes d a hora. N esse caso, eles não alegam que os dois tei
roristas tenham sido levados para o DOI, pois seria im possível. S eus corpo-,
sc desintegraram , com a violência da explosão. Até hoje, não se sab e omk-
seria o atentado que iriam praticar.
A queles que, com isenção, procurarem os processos arquivados na Ju.s
liça, encontrarão, com detalhes, as causas das m ortes ocorridas no combati-
ao terrorismo.
Seção de Investigações
A Seção de Investigações era constituída por 20 Turm as de Investigação,
cada um a com seu próprio carro - um autom óvel com um , quase sempre um
Volks - todos equipados com um rádio transmissor-receptor fixo e outro móvel.
Cada membro da turm a tinha um a pistola 9 mm ou um revólver calibre .38 e uma
m etralhadora B eretta 9 mm. À sua disposição estavam os m eios de disfarce,
como barbas e bigodes postiços, perucas e óculos. Contavam com várias placas
frias para constante troca durante o trabalho de “ paquera” (operação montada
para seguir um subversivo). Utilizavam máquinas fotográficas sofisticadas para a
época. As turmas contavam, também, com o apoio das mulheres da Polícia Femi
nina, da PM ESP e da Polícia Civil, designadas para servir no DOI.
Seu chefe era o capitão do Exército, da arma de Artilharia, Ênio Pimentel da
Silveira. Um oficial extraordinário, talhado para o Serviço de Informações. Ex
tremamente com petente e de um a coragem invulgar. N ossa am izade era muito
grande. Eu o considerava como um irmão mais moço.
Seu subchefe era o capitão do E xército, da arm a de C avalaria, Freddie
Perdigão Pereira. Um oficial com muita capacidade de trabalho e grande in
teligência. Valente c destem ido, fora ferido no Rio dc Janeiro quando e, com
bravura, enfrentou terroristas. Os ferim entos deixaram sequelas que acaba
ram prejudicando a sua saúde, levando-o, prem aturam ente, à morte.
O trabalho nessa seção era exaustivo. Não havia hora para com eçar nem
para terminar. A m issão ditava os horários dc trabalho e de folga.
O s integrantes da seção não efetuavam prisões, interrogatórios ou buscas.
Só entravam em com bate quando era absolutamente necessário.
O responsável por qualquer operação cm andamento saía do Destacamen
to com os recursos necessários para m anter as turm as na rua* sem o apoio do
DOI, no m ínimo por um dia. Levava, tam bém, o dinheiro necessário para cus
tear a viagem im prevista dc alguns agentes. Isso ocorria quando, durante uma
“paquera”, o suspeito se dirigia a um a estação rodoviária e partia para outra
cidade. Imediatam ente, dois dos nossos agentes tomavam o m esm o ônibus.
0 Setor dc O perações dc Inform ações era avisado. E nquanto a viagem
transcorria, entrávam os cm ligação com o DOI situado na sede de destino do
ônibus. Quando o suspeito desem barcava, lá os esperavam , para segui-lo, as
Turmas dc Investigação daquele DOI.
Em Porto A legre, com o não tínham os DOI, era o d eleg ad o Pedro C ar
los S eelig, do D O P S , d a S ecretaria dc S egurança que, com sua equipe,
continuava o trabalho.
1 ira a Seção d e Inform ações que fazia o trabalho de infiltração nas organi
zações terroristas. Isso podia ser concretizado por m eio de um agente nosso
304-Carlos Alberto Brilhante Ustra
- o que era extrem am ente arriscado e perigoso - ou, com o era m ais com um ,
empregando um próprio m ilitante da organização que aceitasse trabalhar para
nós. Evidentemente, nesse caso, ele continuava militando na organização, cor
rendo o risco de ser “justiçado” por ela, caso seu trabalho a nosso favor viesse
a ser descoberto.
Assim, quando infiltrávamos um militante éramos obrigados a tom ar muitas
medidas de segurança, das quais destacamos:
-Pessoal:
Chefe - oficial da Polícia M ilitar ou delegado de Polícia
Integrantes - quatro agentes que poderiam ser sargentos do Exército
ou da Polícia Militar, investigadores da Polícia Civil, cabos ou soldados
da Polícia Militar.
M otorista - cabo ou soldado da Polícia Militar.
- Viaturas:
C ada turm a tinha à sua disposição três tipos de viaturas - C - 14, Opala
ou K om bi, todas equipadas com rádio transm issor-receptor. O chefe da
turm a escolhia a viatura de acordo com o tipo de m issão.
-Armam ento:
Cada agente, de acordo com a m issão, tinha à sua disposição o seguinte
arm am ento - pistola 9 m m ou revólver calibre .38, fuzil FAL, espingarda
calibre 12, granadas de mão ofensivas e defensivas, granadas fumígenas
e de gás lacrim ogêneo.
- Proteção:
C olete à prova de balas.
O trabalho da seção era o m ais arriscado, pois era ela que enfrentava os
Grupos Táticos A rm ados das organizações terroristas (GTA).
Material bélico
apreendido
em “aparelho "
Interrogatório
Q uando um terrorista era preso, a fase crucial da prisão, tanto para ele
com o para nós, era a do interrogatório.
As prisões eram efetuadas, normalmente, pelas Turmas de Busca e Apreen
são, sendo o preso conduzido para o DOI, a fim de ser interrogado.
Q uando a prisão era planejada, a Turm a de Interrogatório Prelim inar já o
aguardava com a docum entação referente a ele, preparada pela Subseção de
Análise. Sabíam os pela sua ficha: seus codinom es, organização à qual perten
cia, ações arm adas em que tomara parte, localização do seu “aparelho”, conta
tos e outros dados.
Antes de iniciar o interrogatório, procurávamos dialogar com ele, analisan
do a sua situação, m ostrando os dados de que dispúnham os a seu respeito e o
aconselhávam os a dizer tudo o que sabia, para que pudesse sair o mais rápido
possível da incomunicabilidade.
Porém, quando ocorria uma prisão inopinada, geralmente desconhecíamos
quase tudo a respeito e o interrogador necessitava obter alguns dados essenci
ais, tais como: o nom e verdadeiro, o codinom e, a localização do seu “apare
lho”, o próxim o “ponto” e seus contatos.
Quando “caía" um terrorista, o tem po era precioso e a incomunicabil idade
indispensável, pois, de acordo com as normas de segurança estabelecidas pe
las organizações subversivas, todo o terrorista possuía um a "hora teto" para
retom ar ao seu “aparelho” . Caso a hora fosse ultrapassada e ele não chegasse,
o militante com quem vivia abandonava o “aparelho”, levando a documentação
com prom etedora e o material bélico existente.
O u tra n o rm a de se g u ra n ç a era q u a n to à c o b e rtu ra de “ p o n to s ” . O
m ilitante era o b rig ad o a “co b rir” , no m ínim o, um “p o n to n o rm al” a cada
24 h o ras e, c a so “ fu ra s s e ” um d e sse s p o n to s, restav a a in d a com o se g u
rança c o b rir um “ponto a lte rn a tiv o ” . C aso ele ou o seu co n tato faltasse a
um d esses p o n to s, o m otivo provável era que um dos d o is estiv esse p re
so. Im ediatam ente, toda a rede que m antinha ligação com eles era avisada
da p rovável “ q u e d a ” . Por isso, o p reso d ev eria “ se g u ra r" ao m áx im o os
seus en c o n tro s e ganhar o m aior tem po possível, m en tin d o e nos c o n d u
zindo a um “ p o n to frio” ou a um “ponto de p o líc ia ” . O in te rro g a d o r tinha
dc ser bastan te hábil e inteligente para não se d eixar enganar.
Se fô sse m o s c o m b a te r os te rro rista s com as leis c o m u n s, com o
h ab cas-co rp u s a todo vapor, de nada adian taria que ele “ abrisse um pon
to ” , o seu “ a p a re lh o ” ou as p ró x im a s ações. A o rg a n iz a ç ã o to m a ria c o
nhecim ento im ediato de sua prisão e nossa ação, no sentido de neutralizá-
la, estaria prejudicada.
310-Carlos Alberto Brilhante Ustra
Segundo Taís M orais e Eum ano Silva, em seu livro Operação Araguaia
Geração Editorial, página 95:
O preso, por sua ideologia, por seu companheirismo, por seu fanatismo, ou
por m edo de represália da sua organização, que poderia “justiçá-lo”, tentava
iludir-nos e ganhar o m áxim o de tempo possível.
Do nosso lado, tínham os de cumprir nossa missão:
- Continuar o com bate cerrado contra a sua organização;
- Reduzir, ao m áxim o, e com toda a rapidez possível, as ações arm adas
por eles planejadas;
- N eutralizar a sua organização, desm antelando-a c im pedindo-a d e se
reorganizar.
A verdade sufocada - 311
Q uando a prisão cra planejada, a nossa rapidez tam bém era necessária,
embora, nesse caso, dispuséssem os um pouco m ais de tem po para as respos
tas às nossas perguntas. D essa forma, necessitávam os saber qual e quando
seria a próxim a ação terrorista.
Tanto para a prisão planejada como para a inopinada, ao longo dos dias o
interrogatório continuava. Necessitávamos conhecer o organograma da organi
zação, os seus contatos e com o foi aliciado. A fase do interrogatório culm inava
com um a declaração de próprio punho, na qual o preso, sozinho, fazia um
relato m anuscrito de toda a sua militância.
Quem já teve acesso a essas declarações, arquivadas no Superior 1ribunal
Militar, verificou que, pela m aneira como foram escritas, pela letra firme, pela
coerência com o os fatos foram revelados, pela clareza com que o preso expõe
a sua vida íntim a na organização, jam ais poderá dizer que tais depoim entos
tenham sido feitos sob tortura.
É absolutam ente falsa a versão que os subversivos difundem , dizendo que
essas declarações eram datilografadas para que o preso as copiasse.
Tam bém é falsa a afirm ação que o pessoal do DOI/I1 Ex usava capuz para
cobrir o rosto, durante os interrogatórios.
Ponto frio
Quando o preso m orria num tiroteio ou num acidente desse gênero, ele era
retirado do local e levado para o DOI, onde o corpo aguardava os trâm ites
legais para o seu encam inham ento ao IML.
As razões desse procedimento eram necessárias, pois os terroristas, segui
damente, agiam com um a cobertura armada. Se perm anecêssem os preservan
do o local, aguardando os procedimentos da Polícia Técnica, estaríam os sujei
tos a um a represália dos terroristas que, em um a ação desse tipo. poderiam nos
atacar e atingir os curiosos. Quando o preso não m orria era, i m ediatam ente,
levado para o hospital.
C om o a existência do acidente não pode ser desm entida, alguns grupos
criaram outra versão, tam bém falsa, de que Benetazzo, quando se jogou sob o
caminhão, não m orreu, foi ferido e voltou para o DOI, onde acabou morto por
tortura.
N ecessid ad e d a ra p id e z n as o p eraçõ es
Fontes:
- CARVALHO, L uiz M aklouf. Mulheres que foram c) lula armada
Editora Globo.
- USTRA, C arlos A lberto Brilhante. Rompendo o Silêncio.
- Projeto Orvil.
Para combater o terrorismo, leis especiais
N o sso s acusadores reclam am com freq ü ên ciad e no sso s interrogatóri
os. A legam que presos “ inocentes” eram m antidos horas so b tensão, sem
dormir, sendo interrogados. Reclam am de nossas invasões nos “aparelhos” ,
sem m andados ju d ic ia is. E necessário explicar, porém , q u e não se conse
gue com bater o terrorism o, am parado nas leis norm ais, elaboradas para um
cidadão com um . Os terroristas não agiam com o cidadãos com uns.
A s m edidas de exceção com o o AI-5, a suspensão do habeas-corpus, a
incom unicabilidadc por 30 dias, a Lei dc Segurança N acional e outras, tão
criticadas, foram necessárias para desm antelar as organizações terroristas. O
terrorism o só pode ser com batido, eficicntcm cnte, com leis especiais, exata
mente com o no passado fizeram os brasileiros.
O terrorista é um com batente que optou por um tipo d e guerra, a guerra
revolucionária. Dentro desse contexto, m ilita no âmbito de um a organização
clandestina; é preparado ideologicam ente; recebe recursos m ateriais de um a
potência estrangeira; é aperfeiçoado em cursos nesses países, interessados em
apoiar essa guerra; recebe nom es falsos e codinom es; vive na clandestinidade;
possui m ecanism os de segurança eficientes, em que a com partim entação os
isola da m aioria dos seus companheiros; vive infiltrado no seio da população;
não usa uniform e; ataca sem pre de surpresa; seqüestra, m ata, assalta e rouba
em nome do seu ideal revolucionário; vive cm “aparelhos” ; com bate no seio da
sociedade que pretende destruir; vive a soldo de uma organização para a qual
dedica todos os seus dias.
Por agir em nom e de um a ideologia, qu er ter o direito de em boscar, de
assaltar, de roubar, de seqüestrar e de assassinar. Para isso, quando pratica
tais crim es, lança p an íleto s em que se ju stific a , dizendo q u e faz a “ju stiça
revolucionária”.
Quando ataca, é um com batente que julga ter o direito de fazer justiça com
as próprias m ãos. Quando é atacado, exige ser considerado com o um com ba
tente, m as nunca age com o um soldado.
Quando o governo percebe que, mesmo empenhando a polícia e utilizando
os m étodos tradicionais de com bate aos m arginais, a guerrilha continua cres
cendo a ponto dc abalar as instituições democráticas, resolve em pregaras For
ças Arm adas. Quando se chega a esse ponto, ou elas acabam com a guerrilha,
OU, então, o E stado é derrotado.
Nesse ultim o caso, o País é obrigado a conviver com a guerrilha que, ocu
pando áreas do território nacional, estabelecerá um governo paralelo, como é o
caso da C olôm bia.
Q uando as Forças A rm adas, com determ inação, enfrentam a guerrilha, o
terrorista exige ser tratado de acordo com as leis que am param o cidadão
318-Carlos Alberto Brilhante Ustra
í
324-Carlos Alberto Brilhante Ustra
Não é difícil verificar quantos desses nom es se incluem no rol dos "perse
guidos pela ditadura” e, por essa razão, aquinhoados com as gordas indeniza
ções às custas do com balido contribuinte brasileiro.
O relato desse seqüestro não carrega nas tintas quando aborda a frieza com
que Lam arca executou o segurança do embaixador.
Alguém da mídia ou da igreja de D. Paulo Evaristo Am s lembra-se do nome
desse homem brutal mente baleado por Lamarca? Carlos Lam arca, no entanto,
é festejado como “herói do com bate à ditadura”; sua m ulher - abandonada por
ele, que se am asiou com Iara Iavelberg - recebe pensão de coronel e o assas
sino frio é hoje nom e de logradouros e motivo de filme.
A verdade sufocada - 325
As fam ílias dos que participaram dessa ação c depois m orreram , loi.im
indenizadas pela Lei 9.140/95. Os que continuaram vivos foram indeni/ado .
por outras Leis.
A família do industrial assassinado deveria pensar em processar aquel.
que, através da m entira e da calúnia, deturpam os fatos e procuram m anchai a
honra e a dignidade de H enning Albert Boilesen.
O filho de H en n in g A lbert Boilesen, em entrevista a S andro Guidalli
(guidalli.blogspot.com /2002_l 2 01), declarou o seguinte:
todos esses anos. Se o fizesse, gostaria, apenas, que nâo m en tisse, com o o
fazem seus com panheiros do passado, declarando que o obrigam os a fazer
o depoim ento m anuscrito, que a seguir transcrevo:
O preso cum priu o seu papel corretam ente. M esm o assim , Fuji m ore não
com pareceu ao ponto Creio que isso ocorreu porque exageram os na prepa
ração e a m ovim entação excessiva talvez nos tenha denunciado. O utro fator
que deve ter cooperado para que Fujim ore nào entrasse no ponto foi o longe
espaço de tem po en tre a prisão de Delci (3 de novem bro) e a d a ta do “pon
to" (20 de novem bro). N esse intervalo, o C om ando R egional d a V PR. em
Porto A legre, poderia ter avisado ao C om ando N acional, cm S ão Paulo, da
*‘queda” do seu m ilitante.
Um agente que ficara como observador desconfiou da atitude de uni "japo
nês". que olhava com insistência para a praça. Kle dirigia um Volks verm elho ()
agente anotou a placa do carro.
Com o fracasso do “ponto” , recolhem os o preso para o 1)01
Ainda “cobrim os" os dois “pontos alternativos", em 25 e 30 de novem bii>
Fujim ore, desconfiado, não voltou a aparecer No entanto, ele com eteria um
erro prim ário Não trocou de carro, nem de placa
N um a derradeira tentativa, determ inei que todas as Turm as de Busca e
A preensão c irc u la ssem pela zona sul de São Paulo, na p ro cu ra do Volks
suspeito
No dia 5 de dezem bro de 1970, um dom ingo, às 11 h30, um a de nossas
Turmas de Busca rondava no Bosque da Saúde 1lavia pouco m ovim ento nas
ruas. Na igreja Santa Rita de Cássia acabara a m issa e os fieis saíam para a
praça fronteira, que tem o m esm o nom e da santa A Turma de B usca, nesse
momento cruzou com um Volks vermelho Ao volante um “japonês”, tendo ao
lado um passageiro. A placa conferia com a anotada pelo agente. O chefe da
I urma dc Busca e Apreensão decidiu prender os suspeitos para averiguações
Retomou e seguiu o Volks. que parou num sinal vermelho. Quando o Fusca deu
a partida, a C - 14 da nossa turm a o fechou, bem sobre a porta do m otorista,
impedindo-o de saltar por esse lado
F.nquanto o nosso pessoal descia da C - 14 para render os o c u p a n te s do
Volks. o p assag eiro saiu co rren d o e atirando D ois ag en tes fo ra m ao seu
encalço O “jap o n ês", com um a m etralhadora, saiu do carro atiran d o e nào
se rendeu. Foi e sta b e le c id o um tiroteio. A praça ficou em p o lv o ro sa Os
suspeitos caíram m ortos Da nossa turm a, um sargento PM e um cabo PM
foram feridos. O m otorista, pelo rádio, fez-nos um relato rápido da o p era
ção. D eterm inei que o chefe da Turm a de B usca p erm a n ec e sse no local,
aguardando ordens
l .m período de norm alidade, seria cham ada uma am bulância c providen
ciado o com p arecim en to da autoridade policial A P olicia T é c n ic a faria a
perícia, o rabecão trasladaria os m ortos M as estávam os v i vendo um perí
odo de guerra revolucionária. Os guerrilheiros urbanos poderiam estar com
A v e rd a d e su fo c ad a - 347
Até a data da sua m orte, em 05/12/70, Fujim ore participou, som ente ein
São Paulo, junto com outros militantes da VPR, de algum as das ações abaixo]
praticadas por essa organização terrorista.
A n o d e 1968:
A no de 1969:
A no dc 1970:
Teria, ainda, m uitos casos a relatar sobre os trabalhos das nossas Turmas
de Busca e A preensão. Selecionei esse porque foi o m eu '‘batism o de sangue”
c, tam bém , porque serviu para m ostrar um caso real por m im vi v en d ad o , o
procedim ento de nossos hom ens quando enfrentavam os G rupos Táticos Ar
mados, os GTA do inimigo.
O pessoal que trabalhava no 1)01 vivia, continuamente, sob tensão. Quan
do estava de serviço, com batia um inim igo cruel e vingativo, que atacava de
surpresa e com violência. Q uando estava dc folga, procurava viver sob outra
"fachada", pois o inim igo podia a qualquer m om ento identificá-lo e. se isso
acontecesse, seria "justiçado" ou seus familiares seqüestrados.
Não só nós, m as tam bém as nossas esposas tínhamos de, por segurança da
família, ocultar o local e o tipo de trabalho que exercíamos. Além do constran
gimento dc ocultar as atividades do marido e de apresentar desculpas por suas
ausências sistem áticas, por seus horários incom uns e por suas atitudes inusita
das, a m ulher vivia sob pressão psicológica constante.
Q uantas vezes um subordinado teve de sair do 1)01, às pressas, c ir até a
sua residência, porque a sua lamilia ficava temerosa ao notar pessoas com ati
tudes suspeitas nas proximidades.
3 5 0 - C a r lo s A l b e r t o B r i l h a n t e U s tr a
Ary Rocha Miranda e Wilson Conceição Pinto, havia pouco, tinham ingres
sado em um G rupo Tático A rm ado (G l A) da ALN. O riginários da Frente de
Massas da m esm a organização terrorista, procuravam se adaptar ao novo tra
balho, m ais violento do que o anterior, no qual aliciavam pessoas.
Após alguns assaltos, sentiram que seriam mais úteis voltando ao trabalho
na Frente de M assas, onde usariam mais argum entos do que arm as. Cada um,
segundo pensaram , seria útil aos propósitos da organização, dentro de suas
habilidades pessoais G ostavam m ais de um trabalho de argum entação,
arregimentação e convencim ento das massas. Certos de que seriam atendidos,
pediram á direção o afastam enio do GTA. C om o resposta, foram am eaçados
dc m orte por m em bros da ALN, caso abandonassem a luta.
No dia 12/06/70, a ALN fez um assalto ao Banco N acional de M inas G e
rais, na Agência da Avenida Nossa Senhora da Lapa, esquina com a Rua Afon
so Sardinha, em São Paulo. Tanto Ary, com o W ilson, m esm o desconfiados,
participaram da ação.
Eduardo Leite, o "B acuri", pertencia à Resistência Dem ocrática (REDE),
mas, nessa ocasião, com o a REDE havia sido desbaratada, "prestava serviços"
á ALN e participem do assalto Eduardo Leite era um dos quadros mais violen
tos da luta arm ada.
Prontos para a ação, W'ilson Conceição Pinto foi colocado com o observa
dor, a 30 m etros do banco, e os dem ais partiram para o assalto.
H ouve reação e W ilson, de onde estava, presenciou o tiroteio. "B acuri"
acabara de ferir, m ortalm ente, Ary Rocha M iranda com um tiro no peito. Logo
3 5 2 - C a r lo s A l b e r to B r i l h a n t e U s tr a
“A gente sabia que ele não era um traidor. Quando meu pai
chegou na Policia do Exercito, eles já tinham lá todos os nomes,
endereços e fotos ”
I
j
A verdade sufocada - 361
desse crim e estendem -se a m ilitantes do PCBR com as iniciais A C., poucos,
entre os que ainda estão vivos.
A seguir transcrevo o panfleto jogado no local do assassinato:
“COM UNICADO
22 dcjulho de 1973
Assumimos a responsabilidade pela execução desse traidor e
corrupto
O indivíduo Salatiel (Chinês), ex-militante e ex-membro do
Comitê Central do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário
(PCBR), preso pela repressão no inicio do ano de 1970, é conde
nado à morte por
- corrupção e apropriação individual na utilização do dinheiro
da revolução e do partido, dinheiro este conseguido pela organiza
ção para a luta revolucionária popular,
- delação aos “órgãos de segurança interna" de uma série de
companheiros revolucionários que posteriormente foram submeti
dos às mais brutais torturas após serem presos pela ditadura;
- colaboração aberta com o inimigo, entregando às Forças Po
liciais Contra-Revolucionárias uma série de moradias e o patrimônio
da revolução e do partido.
Todos esses crimes significam a prova clara da sua alta trai
ção ao povo e à revolução A revolução tem o dever de eliminar
todos os torturadores, delatores, traidores e inimigos do povo que
tentem deter o caminho da vitória do povo sobre o imperialismo e
sua ditadura militar
A revolução tem o dever de, à mão armada, fazer pagar pelos
seus crimes, todos os que merecem.
Assim, cumprimos o nosso dever em aplicar merecidamente
sobre este elemento a justiça
Ao povo oferecemos a luta
Aos torturadores, traidores e inimigos do povo. a morte
Partido Comunista Brasileiro Revolucionário
Comando Mário Alves - PCBR."
Nos arquivos do D O PS'SP consta que ele foi justiçado pelos companhei-
ros em 16 de agosto de 1973.
(Fonte: h itjr / / www. dcsaparcc idospol it icos.org.br/araguaia)
3 6 4 - C a r lo s A l b e r t o B r i l h a n t e U s tr a
Era essa a “ju stiça” revolucionária. Esses foram alguns de seus crim es
Inescrupulosos, com o sempre, extorquem dos cofres públicos vultosas recom
pensas, como forma de “ reparação”.
Quem os recom pensa pratica o m esm o tipo de “justiça”, venal e cruel. A
diferença é que, agora, som os nós, contribuintes brasileiros, os “justiçados”.
Pelo visto, o “Tribunal Revolucionário” continua em sessão perm anente.
M udaram apenas os “ju íz e s” c a condenação.
Márcio Toledo
Leite "ju stiça d o '
por discordar da
direçào da ALX
A dissidência da ALN e o Movimento
de Libertação Popular - MOLIPO
A morte de Marighella, em 1969, foi o primeiro revés sério sofrido pela AJ N
Com a queda dos dominicanos, inúmeras prisões foram efetuadas, vários “apare
lhos” descobertos, inclusive uma fábrica de armas em Mogi das Cruzes, São Paulo.
Esses fatos causaram sérios problemas à organização.
Em bora Marighella, figura carismática, fosse um idolo para os militantes da
ALN, Joaquim C âm ara Ferreira, (Toledo), velho m ilitante do PCB, com o
Marighella, era o m entor intelectual das principais ações. Sabedor dos proble
mas que essa m orte poderia causar na Al ,N. 'T o le d o ”, que estava na Europa,
assumiu o Com ando Nacional e apressou-se a ir a Cuba, em 1970, confabular
com os assessores cubanos e procurar o apoio do “III E xército da A LN” . que
fazia cursos de guerrilha desde 1969.
Estava nos planos de Marighella o inicio da guerrilha rural, o mais rápido possí
vel, ainda em 1969, mas com sua morte houve um retraimento dos membros da
organização. “Toledo” planejava a guerrilha rural da seguinte forma:
0 Molipo foi desm antelado em pouco tempo, com a queda da m aioria dos
:om ponentes do “ G rupo dos 2 8 " e com a m orte de alguns que, seguindo a
)rientaçào recebida nos cursos de guerrilha em Cuba, reagiam sem se entregar
oram poucos os que sobreviveram do “Grupo dos 28".
Jose Dirceu, até ju n h o de 2005, era chefe da C asa Civil e o hom em foi u-
do P 1 no governo Lula. C om o escândalo nos C orreios e as d en ú n cias d«»
“m ensalão” - propinas que seriam usadas para com pra de apoio ao govern« •
- pediu dem issão do cargo e voltou à C âm ara, onde, com o peça chave d«*
esquem a, segundo o deputado Roberto Jefferson, do PTB , foi inquirido na
CPI instalada para apuração de possíveis irregularidades.
Em 30/11/2005, p o r 293 votos a 192, teve seu m andato cassado pel««
Plenário da C âm ara c perdeu seus direitos políticos por 8 anos. N a realidade
ele terá de esperar dez anos para poder concorrer, dem ocraticam ente, a algun i
cargo eletivo.
Receio que ele não tenha paciência e principalm ente bom senso e tente
apoiado por seus antigos camaradas de armas e inspirado em seu ídolo c amis’*»
ditador Fidel Castro, chegar novam ente ao poder através de um a luta armada
O que me preocupa são suas declarações transcritas no artigo do historia
dor Carlos I. S. A zam buja - “Sou um cubano-brasileiro”, publicado em Midia
Sem Máscara - ww w .m idissem m ascara.org de 07/01 /2006 :
1971
1972
Fontes:
-T crnum a- w w w .tem um a.com .br
- Projeto Orvil
- Mídia Sem M áscara - www.m idiasemmascara.org
Morte do major José Júlio Toja Martinez Filho
04/04/1971
Ao receber um a denúncia de que na R ua N iquelândia, n° 23, cm Cam po
Grande, Rio de Janeiro, um casal tinha hábitos estranhos e talv ez fosse sub
versivo, a S e g u n d a Seção da B rigada P ára-q u ed ista reso lv e u averiguar o
inform e antes de encam inhá-lo aos órgãos de segurança. P ara isso, m ontou
um a “cam p an a” (esq u em a de vigilância) no local, para c o n firm a r se a de
núncia tinha fundamento.
N o dia 3 de abril de 1971. um a equipe chefiada pelo m ajor José Júlio Toja
M artinez Filho foi enviada para a “cam pana” . Às 23 horas, a equipe estava a
postos, vigiando o “aparelho” . Um táxi estacionou próxim o à casa e um casal
saltou do carro. A mulher, em adiantado estado de gravidez, e seu companheiro
se dirigiram para a área vigiada. O m ajor M artinez. tem endo riscos para o
casal, principalm ente para a gestante, no caso dos subversivos aparecerem ,
atravessou a rua e foi em sua direção, “de peito aberto para avisá-lo dos
possíveis riscos c pedir que se afastasse da região.
Im ediatam ente, antes que conseguisse se aproxim ar, a m ulher sacou um
revólver da falsa barriga, por um a abertura na roupa, e m atou-o instantanea
mente. sem lhe dar tem po para qualquer reação.
O capitão Parreira, que fazia parte da equipe, ao tentar reagir foi gravemen
te ferido pelo com panheiro da mulher. Um violento tiroteio foi iniciado entre a
equipe do m ajor c os terroristas. Ao final, além do m ajor M artinez, estavam
mortos M ário de Souza Prata e Marilena Villas-Boas Pinto, m ilitantes do MR-
8. am bos de alta periculosidade e responsáveis por uma extensa lista de atos
criminosos.
No “aparelho cam panado” foram encontrados explosivos, arm as e m uni
ções, além de levantam entos de bancos, rotinas de diplom atas estrangeiros e
de generais, para futuras ações.
Armas em funeral!
O sino do Campo Santo dobra a finados.
Carregar!
Apontar!
Fogo!
As honras militares foram prestadas.
O esquife do major Martinez, simples como deve ser o de um
soldado, conduzido por seus colegas, familiares e amigos, avança
em marcha lenta por entre as aléias do cemitério.
Um corneteiro executa as sentidas notas do toque de silêncio.
As lágrimas rolam pelas faces até dos mais empedernidos.
A tamília está ali. Os quatro filhos, na sua ingenuidade de crian
ças (a mais velha com onze e o menor com quatro anos), não se dão
contado drama que os envolve. A viúva, senhora Maria Matilde, em
estado de choque, recebe a bandeira que agasalhou a urna funerá
ria do seu esposo. A mesma bandeira brasileira que o aluno José
Toja Martinez Fil ho, quase um menino, havia jurado defender "mes
mo com o sacrifício da própria vida”.
M o vim e n to R e vo lu c io n á rio S de O u tu b ro
Dissidência G u a n a b a ra - M R -8
colado num painel de vidro, o explodiram com uma bom ba e deixaram outra,
felizmente, desativada pela polícia. Participaram da ação: Sônia Lafoz, Solange
Lourenço G om es, M aria da G lória Araújo Ferreira, Roberto C hagas da Silva.
Cid Q ueiroz Benjam in. Nelson Rodrigues Filho e João Lopes Salgado.
- 20 de novem bro de 1970, assalto ao B anco N acional de M inas Gerais,
Agência Ramos, Rio de Janeiro. Participaram da ação: M ário Prata, M arilena
Villas-Boas Pinto e Stuart Angel. O assalto term inou em intenso tiroteio, sen
do feridos dois guardas c um transeunte, além de Stuart Angel que, m esm o
baleado no joelho, conseguiu fugir.
- 13 de m arço d c 1971, assalto às Casas da Banha, na liju ca . Rio de
Janeiro, onde imobilizaram , com metralhadoras c coquetéis m olctov, 100 pes
soas que faziam com pras. N a rua, dois terroristas, usando tardas roubadas,
manobravam o trânsito para facilitar a fuga. Participaram, entre outros, C armen
Jacom ini. Stuart Angel e M ário Prata.
- 22 de novem bro de 1971, os m ilitantes Sérgio Landulfo Furtado, N orm a
Sá Pereira, Nelson Rodrigues Filho, Paulo Roberto Jabour, Thim othy William
W atkin R o ss c P au lo C osta R ibeiro, to d o s do M R -8, “ cm tre n te com a
V A R -Palm ares, assaltaram um carro forte da firm a T ransport, na E strada
do Portela, em M adurcira. Rio de Janeiro. Na ocasião, m orreu o tenente da
reserva do E x é rcito Jo sé do A m aral V illcla e ficaram ferid o s os guardas
Sérgio da S ilva T aran to , E m ílio Pereira e A d ilso n C aetano d a S ilva, que
faziam a segurança do carro-forte.
D e p o is do lo n g o e trau m ático sequestro do e m b aix ad o r su íço , C arlos
L am arca e su a co m p an h eira, Iara lavelberg, saíram da V PR e passaram a
engrossar as fileiras do M R-8.
N o an o de 1971, o M R -8 p riv ileg io u o C o m ando R e g io n a l da Bahia,
já e s tru tu ra d o em S a lv a d o r e F eira de S antana. O tra b a lh o de c am p o na
B ahia era d e sen v o lv id o na região de C angula, em A la g o in h a s, e entre os
m u n icíp io s de B ro tas de M acaúbas c Ibotiram a. C arlos L am arca, e n v ia
do para a re g iã o , a c a b o u sen d o m orto num e n fre n ta m e n to com o D O I/
C O D l/6a R egião M ilitar.
Com a prisão de vários m ilitantes e a m orte de Lam arca, a desarticulação
do Com itê Regional da Bahia e o desmantelamento do “trabalho de cam po”, o
M R-8 voltou sua ação para São Paulo. N a realidade, a estrutura brasileira da
organização eslava esfacelada. M uitos presos, alguns m ortos e outros refugia
dos no exterior. N essa ocasião, o MR-8 contava, apenas, com pouco mais de
15 m ilitantes para realizar suas atividades, passando a atuar "era frente" com
outras organizações. Em contrapartida, crescia o grupo do M R-8 no exterior
3 7 8 - C a r lo s A l b e r t o B r i l h a n t e U s tr a
com os m ilitan tes que fugiram para o C hile, além da adesão de m em bros
de outras o rganizações.
A s palavras de ordem do M R -8 passaram a ser ditadas do C hile. As
divergências eram evidentes e havia uma divisão clara entre “m ilitaristas"
que defendiam o im ediatism o revolucionário - e “m assistas” que, prim eiro,
queriam preparar m elhor as m assas. Em novem bro de 1972, em Santiago do
Chile, a organização convocou um a assem bléia-geral, com o com parecim en
to de seus principais m ilitantes, onde se oficializou o “racha” .
Em dezem bro, durante três dias, os “m assistas” realizaram reuniões pre
paratórias para a assem bléia que fariam ainda nesse mês, a qual foi denomi
nada Pleno.
No artigo prim eiro dos “ Estatutos Provisórios” aprovados no Pleno, o MR
8 definia os objetivos da organização:
Fontes:
- USTRA , C arlos A lberto Brilhante. Rompendo o Silêncio.
- Projeto Orvil.
Um combate
05/12/1971
Pouco a pouco. Linda Tayah tinha com ela, na m esma cela. cinco militantes
companheiras dc subversão.
Linda. Darcy, Eliane, M árcia, Mari e Rioco ficariam juntas sete meses, no
DOI, por opção - m ais à frente verão porque por opção -, à espera do filho de
José Milton.
3 8 8 - C a r lo s A l b e r t o B r i l h a n t e U s tr a
O DOI aum entou o núm ero de idas ao Hospital das C línicas. E ra neces
sário levar E liane p a ra a fisioterapia, reco m en d ad a p elo s m éd ic o s que a
operaram , e L inda p ara o pré-natal. O m esm o procedim ento: um a equipe
acom panhava cada um a, em dias e horários variados, para evitar possíveis
tentativas de resgate.
Com a autorização de m eus superiores, ela poderia perm anecer até o nas
cimento da criança. As outras iriam para o presídio. Entretanto, Eliane, Darci.
Mari, M árcia e Rioco pediram para continuar fazendo com panhia a Linda.
Levando em conta m ais o coração do que a razão, contrariando alguns de
meus subordinados, levei novamente a situação à consideração de m eus chefes
imediatos. C om a perm issão deles, aquelas seis presas perm aneceram nas de
pendências do DOI até o nascimento da criança, quando então foram transferidas
para o presídio.
Se o am biente do DOÍ fosse, como dizem alguns, em livros e cm entrevis
tas, onde os gritos atorm entavam os presos, onde cadáveres eram vistos pelo
pátio, por que essas presas preferiram perm anecer no D ü l até o nascim ento
da criança?
O relacionam ento delas com pessoal do DOI era cada vez m elhor. C o
m em orávam os seus aniversários e elas participavam de nossas com em ora
ções. M uitas vezes, alm oçavam ju n to conosco no refeitório.
Linda, além do que recebia dos seus fam iliares, preparava, ju n to com as
outras, o enxoval e nós, os integrantes do DOI, fizemos um a lista e com pram os
um presente para a criança.
Finalmente chegara o dia. Linda teve, no Hospital das Clínicas, o seu filho.
Era um menino moreno e lbrtc. M andamos ílores, fomos visitá-lae partilhamos
da sua felicidade.
Nós, os “ assassinos” , “os estupradqres de m ulheres” ; nós, que “obrigá
vam os as presas a atos libidinosos” , que “arrancávam os as unhas dos pre
sos”, que “torturávam os os pais na frente de criancinhas” , que “provocáva
m os abortos em m ulheres”; nós, os “m onstros” , havíam os, durante oito m e
ses, com partilhado da espera do filho de Linda, dando-lhe toda a assistên
cia pré-natal, e participado do tratam ento de Eliane. N ós tínham os infringi
do normas de segurança e rotinas do Destacam ento para m anter ju n ta s aque
las seis jo v e n s que o d e stin o co locara em n ossas m ãos e que p referiram
ficar no DOI até o nascim ento da criança.
Isso Linda om itiu, quando foi entrevistada por Luiz. M ak lo u f C arvalho,
para o seu livro Mulheres que foram à luta armada , além de d e c la ra r na
m esm a entrevista: “ E le se sen tia orgulhoso, achava que tinha cu id ad o dc
m im ” (referindo-se a m im ). Será que no íntim o ela não reconhece o quanto
fizem os por ela?
O ito dias d e p o is do n ascim en to do filho de Linda Tayah, to d a s cias
foram apresentadas ao P resídio T iradcntes, no dia 05 /0 9 /1 9 7 2 , com o se
guinte oficio:
A v e r d a d e s u f o c a d a - 391
Linda Tayah, ainda declarou a Luiz M aklouf C arvalho que deixou de ser
interrogada no terc eiro m ês de gravidez, m as que p erm an eceu na OBAN
porque o inquérito estava em andam ento. N ão é verdade. O que acontecia,
norm alm ente, era o encam inham ento do preso ao DOPS, depois de ser ouvi
do no interrogatório prelim inar no DOI. Portanto, após serem interrogadas,
tanto L inda Tayah. com o as outras presas, seriam enviadas ao D O PS, onde
era aberto o inquérito e, se fosse o caso, seriam recolhidas ao Presídio Tira-
dentes para aguardar o julgam ento. Elas, com o j á afirm ei, pediram para per
m anecer no D O I.
I dnda, além de m entir quando afirm a que só não abortou seu filho durante
as torturas, porque linha um útero de ferro, apresenta várias versões para a
morte de seu marido.
3 9 2 - C a r lo s A l b e r t o B r i l h a n t e U s tr a
Seu chefe, na Turma de Busca c Apreensão, era o capitão (,1a Polícia Militar
do Estado de São Paulo Devanir Antônio de Castro Queiroz, que o comandava
nesse triste dia d a sua morte.
Em sua despedida do DOI, o capitão Devanir assim se referiu ao cabo Feche:
As fam ílias dos assinalados com asterisco foram contem pladas com inde
nizações, de acordo com a Lei 9.140/95, pagas pelo E stado co n tra o qual
pegaram em armas.
Gostaríamos que o m arinheiro inglês David Cuthberg não fosse esquecido e
que o sacrifício de sua v id a não tenha sido em vão. Justiça seria feita se, no
mínimo, a família dc David recebesse as mesmas indenizações que os defenso
res dos direitos hum anos no Brasil dispensaram aos seus assassinos.
Mais um combate na rua
14/06/1972
Três in teg ran tes do m esm o com ando terro rista, que m ato u o senhor
M anoel H enrique de O liveira, tiveram um com bate com agentes do DOI no
dia 15 de m arço de 1973, n a Rua Caquito, na Penha, onde m orreram Arnaldo
C ardoso R ocha (Jib ó ia ), F rancisco Seiko O kam a (B aian o ) e F ra n cisc o
Emanoel Penteado (Júlio). Os outros dois m em bros desse com ando, Ronaldo
M outh Q ueiroz (Papa) m orreu em 06/04/73 e A ntônio C arlos B icalho Lana
(B runo) em 30/11/73, e m confronto, tam bém com agentes do 1)01.
Jacob Gorender, que m ilitou no PCBR. cm seu livro ('onihatc nas Trevas,
assim se refere ao episódio d o “justiçamento” de Manoel I lenrique de ( )li veira:
A verdade sufocada - 405
No dia de sua m orte, a fisionom ia de Ana M aria era com pletam ente dife
rente da que aparecia nos cartazes. Por tudo isso, o senhor M anoel H enrique
não teria condições de reconhecer Ana Maria. Além do mais, preocupadíssimos
com segurança e preparados para todo tipo de eventualidade, m esm o que es
tivessem disfarçados, nunca ficariam por m uito tem po em um local onde um
desses cartazes estivesse em exposição.
A m inha versão, em bora o senhor Jacob G orender considere suspeita, é
verdadeira e irrefutável.
P orque som ente as versões de assassinos, terroristas, assaltantes, seqíies-
tradores, subversivos, sim patizantes e historiadores de esquerda são verdadei
ras? Porque um sem pre confirm a ou justifica a versão do outro, independente
de ter presenciado o fato. Interessa ideologicamente que existam cada v ez mais
“vítimas inocentes” de um a “ditadura implacável”. É preciso que os jovens se
jam novam ente enganados para, se necessário, serem usados e sacrificados
“em nome da luta pela dem ocracia”.
Se os seus doutrinadores vencerem, ao invés da democracia pela qual pen
sam estar lutando, terão um regime totalitário, no qual seus direitos não serão
respeitados, sem liberdade de imprensa ou, mesmo, de opinião. O exem plo de
C uba está aí, há m ais de 45 anos.
Kosinha”. “Cam arão”, “Q uincas”, “El Cid”, “C urniira“ e tantos outros. Mas
loi essa tropa, de apelidos engraçados, sem pre unida, que lutou com b rav u
ra, ju n ta m e n te com o u tro s, contra o terro rism o em São Paulo. N a hora
precisa, ninguém recuava. É ram os um todo solidário. Eu confiava n e le s c
eles confiavam em mim.
A noite de Natal é para mim uma festa da família, que deve ser passada em
casa. Entretanto, enquanto fui com andante do DOÍ, as quatro ceias de Natal
foram feitas no Destacam ento, junto com os meus com andados que nesse dia
estavam de serviço. Levava a minha família para que todos, irmanados - oficiais,
delegados, investigadores, sargentos, cabos e soldados ceássemos juntos. Aca
bada a nossa ceia, era a ve/, dos presos que, no m esm o local antes p o r nós
ocupado, ceavam com os seus entes queridos. A ceia era idêntica á nossa e até
melhorada, porque as suas famílias levavam comidas e doces gostosos. A penas
não com pareciam os presos incomunicáveis. Para esses, a ceia era levada, por
mim e pelo carcereiro, nas celas.
A guerrilha, a incerteza da volta, os momentos difíceis, tudo nos unia.
Não foram bons tempos. Foram tempos difíceis. M uito difíceis, mas tenho
gratas recordações dos m eus comandados.
da Silva M eireles N etto (Luiz) - ALN; José Carlos da C osta (B aiano) - VAR-
Palm ares; Jam es A llen Luz (C iro) - V A R-Palm ares; R am ires M aranhão do
Vale (A dalberto) - PCBR; e Ranúsia Alves R odrigues (Florinda) - PC BR.
Indenizações foram distribuídas fartamente aos familiares de seus assassinos.
Cortejo fúnebre
do Dr. Octávio
Sepultamento
do Dr. Octávio
A grande ação
Dilm a R ousseff, cham ada por José Dirceu de “cam arada de arm as”, em
sua posse com o chefe d a C asa Civil do governo Lula, além de a ju d a r na
infra-estrutura de assaltos a banco, planejou o que seria o m aior golpe da lula
arm ada - o roubo do cofre de A dhem ar de Barros.
G eraldo Ferreira Dam asceno foi incum bido por um a dissidência da VAR-
Palmares (DV P) de guardar algumas armas da organização, cm sua residência.
Eram um a carabina e cinco revólveres calibre .38, com a m unição. A cabou
vendendo-as, por necessidade de sobrevivência.
Ao saber da venda, o “Tribunal Revolucionário”, num j ulgamento sumário,
condenou-o à m orte. G eraldo reconheceu o seu erro e im aginava que, no m á
ximo, seria expulso da DVP.
À s 23 horas do dia 29/05/1970, foi m arcado um “p o n to ” da DVP com
G eraldo, na R ua Leblon, em Duque de C axias, RJ. Segundo com binado na
organização, G eraldo seria morto a facadas.
Um imprevisto aconteceu, pois Geraldo, por precaução, levou consigo um
am igo de nom e Elias dos Santos. (Não confundir com o soldado da PE, Elias
dos Santos, m orto por Prestes de Paula, em 18/12/1969, durante o “estouro”
de um aparelho do PC B R . Ver PCBR).
Como Geraldo chegou acompanhado, seus assassinos mudaram o plano inicial
c. cm lugar das facadas, mataram-no com seis tiros. Para que a execução não
tivesse testemunha, Elias dos Santos também foi abatido a tiros.
A VAR-Palmares e os jovens
As operações para desarticular a VAR em São Paulo foram iniciadas na primei
ra quinzena de agosto de 1970, pelo meu antecessor, major Waldyr Coelho, que
comandava a Coordenação de Execução da Operação Bandeirante.
N o dia 29/09/1970, assum i o Com ando do DOI. Em razão das diligênci
as de m eu antecessor, quando cheguei encontrei presos vários m ilitantes da
VAR- Palmares.
Do Com ando Regional estavam presos: Carlos Franklin Paixão de Araú
jo e M aria Celeste M artins (Lca).
Do Setor de Inteligência: Pedro Farkas (M aurício); A lfredo Schneider
(A lberto); Joscíina B acariça (Josc); Elizabcth M endes de O liveira ou Bete
M endes (Rosa), presa no dia 29/09/1970; e E. R. R. (M ário).
Dos Setores Estudantil, de Imprensa, Operário e Interior, 17 militantes.
O Setor de Inteligência, onde Bete M endes atuava, ocupava-se em falsificar
documentos; levantar locais estratégicos; levantar locais para assaltos, pichações
e panfletagens annadas; e microfilmar e arquivar documentos.
O m eu primeiro dia com o comandante do DOI foi extenuante. Procurei me
am bientar, visitar parte das suas instalações, estudar as operações em anda
m ento e m e inteirar da situação de cada preso.
N o dia seguinte, após a am bientação geral, já estava em co n d içõ es de
tom ar algum as decisões e dar a continuidade necessária ao nosso trabalho.
Eram aproxim adam ente 19 horas, quando consegui um tem po para conver
sar com alguns jo v en s da V A R-Palm ares, oito rapazes e cinco m oças, que
haviam sido presos no dia anterior. Todos esses jovens, cuja idade variava de
18 a 21 anos, já haviam praticado pequenas ações, com o panfletagens, p i
chações, levantam ento para futuros assaltos.
Inicialm ente, conversei com os rapazes. Eles eram L.C.M .F. (usava do
cu m en to s falsos com o n om e de Flávio B atista de R ib eiro S o u z a e os
codinom es “ Paulo", “G uilherm e” e “Vicente” ); C.E.P.S. (usava docum entos
falsos em nom e de Jo ão P rad o dos Santos e os codinom es de “ F lo rian o ",
“ M arechal", “ Rodrigo"); P.C.J. (Sérgio); J.R. V. (Rafael ou Cássio); J.C.S.S.
(C elso, Beto ou Fábio); F.M .A. (Edson); P.A. (R enato, A bel ou D aniel); e
E.R.R. (A lfredo ou M ário).
A seguir, fui ao local onde estavam as cinco moças, um quarto no segundo
andar do nosso prédio. Conversei amigavelmente com elas. Perguntei seus no
mes. onde residiam, colégios onde estudavam, profissão dos seus pais e o mo
tivo da prisão. 1das eram bastante jovens. Uma delas não me era estranha. Tive
a sensação de conhecê-la de algum lugar e lembrei-me que era da novela Beto
Rockléllcr. Era Elizabcth M endes de ( )Iiveira. conhecida nos m eios artísticos
A verdade sufocada - 421
com o Bete M endes e. na VAR-Palmares, com o “Rosa". Fora presa num “apa
relho" por integrar o Setor de Inteligência da Organização.
C om ela esta v a m , tam bém presas, E.S. V. (L uíza), V.M . V. (M anoela),
N.P.V. (S ô n ia ) e C .S . (H elen a ou C larice), todas por in te g rare m a VAR-
Palm ares.
Fui para casa. no meu segundo dia de D O I/CO D I, pensando nos proble
mas desses jo v en s e nas suas famílias. Quanta ansiedade, quantos sofrim en
tos esses pais estariam sentindo a partir do m om ento que souberam da prisão
e da incom unicabilidadc de seus filhos.
lo d o s pertenciam a uma otganização subversivo-terrorista. Usavam codinomes.
Alguns foram presos vivendo em “aparelhos”. Tinham participado de pequenas
ações. Já estavam sendo instruídos para a execução de assaltos e. fiituramentc,
seriam induzidos a participar de seqtiestros e a fazer “justiçamentos”
De acordo com a lei. estavam im plicados com a subversão e o terrorismo
e deveriam , por isso. ser julgados. Entretanto, sentia que eles ali estavam por
que foram aliciados, principalmente onde estudavam.
Seguindo os trâm ites legais, após os depoim entos prelim inares, deveri
am ser m andados para o D O PS, para serem ouvidos e indiciados em inqu
érito policial. A seguir, o seu destino seria, provavelm ente, o Presídio Tira-
dentes, o fam oso “A pareihão” .
Para e le s e p a ra o B rasil, se ria m uito m elh o r a rec u p e raç ã o do que a
condenação na Justiça. Caso seguissem os trâm ites legais, a convivência no
presídio, com terroristas de alta periculosidade e a influência do “Com ando
R evolucionário do Presídio", os tom aria m ilitantes m ais capacitados para a
p rática de açõ es terroristas.
Era necessário evitar que isso acontecesse.
Com autorização do com andante do II Exército, decidim os que onze des
ses jovens não seguiriam os trâm ites normais e iniciou-se intenso trabalho no
sentido de que retornassem à família e à sociedade.
A primeira m edida foi a de deixá-los isolados c incomunicáveis. Eles passa
ram a sentir saudades dos pais, dos irmãos, da família. Da m esm a família que a
m aioria estava prestes a abandonar para ingressar na clandestinidade.
Ao m esm o tem po, os pais, aflitos, queriam vê-los. abraçá-los.
Isso tudo nos comovia, m as não cedíamos. Essa ansiedade m útua de pais e
filhos era necessária para o trabalho de recuperação.
Enquanto os dias passavam , oficiais do Exército, alguns deles psicólogos,
visitavam c entrevistavam esses rapazes c moças. D iscutiam com eles os pro
blem as brasileiros, a subversão, o terrorismo e suas consequências. Os livros e
artigos, indicados por eles para leitura, deveriam induzi-los a olhar a vida sob
outro ângulo e levá-los a uma profunda meditação.
422-Carlos Alberto Brilhante Ustra
auditório, onde houve o reencontro de cada preso com seus pais. Foram
m om entos em ocionantes. Ao térm ino da reunião todos foram libertados e se
retiraram na com panhia dos pais, inclusive Bete M endes, que perm anecera
presa 18 dias.
A tendendo ao convite do II Exército, todos os pais com pareceram à gra
vação de um program a especial na TV Tupi.
O program a, que foi ao ar no dia 19/10/1970, às 22h45, teve o objetivo
de alertar e esclarecer as fam ílias a respeito dos m étodos usados pela subver
são para recrutar os jovens.
O apresentador foi Blota Júnior, um profissional conhecido pela sua ele
vada com petência e admirável espírito público.
A senhora Zuleika Sucupira, tam bém presente, entrevistada pela imprensa
declarou:
Carta dc um pai
“limo. Sr.
Major Carlos Alberto Brilhante Ustra
Capital
Prezado amigo
Como posso agradecer-lhe? Como posso agradecer a todas
as autoridades militares? Como posso agradecer à sábia orienta
ção do governo que, cm tão pouco tempo, para tão imensa di
m ensão do problem a, está catalisando a nossa juventude,
conscientizando-a para a verdadeira luta pela legítima emanci
pação econômica c social brasileira?
Creio que jamais conseguirei transmitir todo o meu reconheci
mento. Acho que somente outros pais que, como eu, viveram o
drama de ter uma filha ou um filho, ainda crianças, maldosa, im
placável, fria e vergonhosamente aliciadas pelos sequazes da sub
versão é que poderão compreender-me.
Que acontece a um pai quando, certa noite, ele abre a porta de
sua casa e vê diante de si uma equipe dc busca que veio para
prender sua filha?
Que pensamentos lhe acodem ao cérebro e ao coração? Que
tantas c estranhas perguntas ele se faz? E um pesadelo ou reali
dade? ! por que essa sinistra realidade?
426 -Carlos Alberto Brilhante Ustra
Assinado por:
Carlos Alberto Brilhante Ustra - Maj Art
Dalmo Lúcio M unizCyrillo -C ap Art
Maurício Lopes I ima - Cap Inf
A verdade sufocada - 4 3 1
Bete M endes continuou sua carreira artística, filiou-se ao PT e foi eleita depu
tada federal. Jam ais nos encontram os até 1985 e, até então, nunca soube que
houvesse declarado que havia sido torturada no DOI.
N o U ru g u ai, 15 anos depois de sua prisão, fui su rpreendido com a sua
p a rtic ip a ç ã o n a farsa m o n ta d a para m e a tin g ir, so b re a qual escrev erei
m ais adiante.
432-Carlos Alberto Brilhante Ustra
Em Brasília
Em novem bro de 1973, com a saída do Com andante do IJ Exército, gene
ral H um berto de Souza M ello, aceitei o convite para ser in strutor na Escola
Nacional de Informações, em Brasília.
Seria uma vida nova, mais calma. Descansaríamos um pouco da tensão diária
que passamos nesses três anos e cinco meses em que comandei o DOI.
A saída de São Paulo, onde vivem os quatro anos, e onde fizem os tantos
am igos e estávam os tão am bientados, nos angustiava um pouco. A lém dis
so, naquela época, Brasília era considerada por m uitos com o um lugar ruim
para se viver.
Foram m uitas as despedidas. Iniciava-se uma nova fase de nossas vidas. O
militar e sua famíl ia estão sempre começando vida nova, fazendo novos amigos,
am bientando-se a novas situações.
A cidade era fria, esquisita, não se via gente nas mas. O silêncio da noite nos
incomodava, tão acostum ados estávamos ao burburinho da Avenida São João,
onde residíam os em São Paulo em um prédio do Exército.
H á tanto tem po não tínham os tranquilidade que, aos poucos, nos fomos
acostum ando e nos encantando com o sossego de Brasília.
D urante o p rim eiro ano, 1974, fui Instrutor-C hefe do C urso de O pera
ções da Escola Nacional de Informações. N o ano seguinte, o general Confúcio
D anton A velino m e convidou para trabalhar no C entro de Inform ações do
Exército (CIE), órgão do gabinete do m inistro.
Logo haveria mudança de governo. O general Ernesto Geisel seria eleito pelo
Congresso Nacional, por voto indireto, para um mandato de cinco anos.
Em 1975, n ossa felicidade foi com pletada com a chegada de nossa se
gunda filha.
Joseíta, sonhando em m orar num a casa, falava sem pre em com prar um
terreno no Lago. Para realizar esse sonho, decidim os viver apenas com os ven
cimentos de um tenente-coronel. Minha mulher começara a trabalhai- na Rhodia.
com o prom otora de vendas. Seu salário e a gratificação de gabinete que eu
recebia eram guardados para a com pra do tão sonhado terreno. N o Lago Sul,
não podíam os nem pensar. Estava fora de nossas posses.
Final m ente, depois de várias idas e vindas, encontram os um terreno no
Lago N orte que, com nossas econom ias e um pequeno em préstim o no Banco
do Brasil, conseguim os comprar. E verdade que para localizar o terreno tive
m os de pagar a um funcionário da Terracap para dem arcá-lo, pois não tinha
rua aberta por perto.
Aí com eçaram novos sonhos. M inha m ulher passava as horas vagas dese
nhando as plantas de nossa futura casa.
434-Carlos Alberto Brilhante U s tr a
Nesse dia. cheguei cedo ao quartel. Levei, como sempre, m inha m ulher e
minhas filhas para participar das festividades.
Quando chegam os ao portão de entrada, vi um senhor bem idoso que me
parecia “perdido” n aquele burburinho. Saltei do carro para auxiliá-lo. N as
suas m ãos um am arelado certificado dc reservista atestava sua passagem na
quela unidade.
- Bom-dia, sou o tenente-coronel Ustra, com andante do Grupo. O senhor
veio para nossa festa?
- Sim, li o seu convite nas notícias militares do Correio do Pòvo. de Porto
Alegre, e resolvi comparecer.
- Ótimo. O senhor não quer ir no carro com igo?
- N ão, p refiro ir a pé. Ó senhor não deve saber, m as há 46 an o s p assa
dos eu, com o soldado, acam pei aqui neste local, num a barraca, e auxiliei a
levantar este quartel. Eu vi este quartel nascer. As vezes passava p o r aqui,
prim eiro com m eus filh o s c depois com os m eus netos. Há alg u n s m eses,
estacionei o m eu carro aqui perto c fotografei a entrada do G rupo. D epois
desses 46 anos, e sta é a p rim eira vez que vou pisar nesse solo. P refiro ,
portanto, subir a pé essa colina.
- Pois eu vou com o senhor. Vamos os dois relembrar, juntos, os seus tem
pos de soldado.
N esse dia, o quartel foi deles. Eram m ais de 600. Cada um recebeu uma
boina azul, a cor da A rtilharia, com um distintivo do 16o GAC. E ntraram em
forma e a festa foi deles, que desfilaram em continência ao general reform ado
M arcos K ruchin, o m ais antigo entre os ex-com andantes presentes. O Hino
N acional e a C anção da A rtilharia “explodiram ” naqueles peitos vibrantes.
D epois, com o se o tem po não houvesse passado, eles, seguidos p e la nossa
tropa, desfilaram pelo quartel, com banda, de boina e tudo o que tinham
direito. A cadência, a princípio incerta, logo se tornou uniform e.
Se naquele tem po eu m e emocionei imaginando o que eles sentiam, hoje, na
reserva, não im agino, sinto toda a vibração e a saudade daqueles soldados
quando participo de um a solenidade em um quartel.
Term inada a solenidade m ilitar, no Rancho dos Soldados, por ser o mais
am plo, m édicos, carpinteiros, advogados, dentistas, operários, funcionários
públicos, as mais diversas profissões se acotovelavam para, entre um guaraná,
um pastel e um cachorro quente, relem brar a vida na caserna.
Foram dois anos inesquecíveis dos quais tenho as mais gratas lem branças.
São Leopoldo é um a cidade gostosa, limpa, com m uitos descendentes de ale
mães e lá passamos anos excepcionais. Minhas filhas freqüentavam as colônias
de férias no quartel e aprenderam muito, desde cedo, a respeito do E xército e,
a exem plo dos seus pais, passaram também a amá-lo.
A verdade sufocada - 441
A lém disso, eu estava perto de Santa M aria e podia v isitar os m eus pais
com mais freqüência.
O tem po de comando é o coroamento da carreira de qualquer oficial. Além
de estar assoberbado com os problem as operacionais c adm inistrativos da sua
unidade, se envolve com os problem as de seus com andados e às vezes até dos
familiares. N esse período, se solidificam grandes amizades. Até hoje mantenho
amizade com ex-soldados, cabos, sargentos, oficiais e generais que foram meus
com andados no 16o G AC em São Leopoldo.
Governo João Figueiredo
15/03/1979-15/03/1985
João B aptista de O liveira Figueiredo nasceu em 15/01/1918, no Estado
do Rio de Janeiro. E studou no C olégio M ilitar de Porto A legre e na Escola
M ilitar do R ealengo. Participou do M ovim ento C ontra-R evolucionário de
1964. Foi chefe da A gência do Serviço N acional de Inform ações (SN I), no
Rio de Janeiro (1964-1966); chefe do E stado-M aior do III E xército; chefe
do gabinete m ilitar no governo M édici; m inistro chefe do SNI no governo
G eisel; foi prom ovido a general-de-brigada em 1969.
Eleito pelo C ongresso N acional, pelo voto indireto. Figueiredo assum iu
a P residência da Repúbl ica em 15/03/1979. A política de disten são lenta e
gradual tom ou força cm seu governo, acelerando o projeto de abertu ra po
lítica, iniciado no governo anterior. Livre da guerrilha rural e urbana, pros
seguiu na im plantação das m edidas liberalizantes que a N ação, a sociedade
e a C ontra-Revolução aspiravam . João Baptista Figueiredo realizou a difícil
tarefa de g aran tir a tra n siç ã o p acífica do últim o governo m ilitar para um
governo civil.
Em 28 de agosto de 1979, foi aprovada pelo Congresso Nacional, por 206
votos contra 201, a Lei 6.683, conhecida como a Lei da Anistia.
Prosseguindo na im plem entação do projeto de abertura política, em 22 de
novembro desse m esm o ano foi aprovada a Lei Orgânica dos Partidos, que ex
tinguia o bipartidarismo e instituía o pl uri partidarismo. Foram registrados, nessa
época, o Partido Democrático Social (PDS), o Partido do M ovimento Democrá
tico Brasileiro (PM DB), o Partido Popular (PP), o Partido Trabalhista Brasileiro
(PTB) e o Partido Democrático Trabalhista (PDT).
Em 13 de novem bro de 1980, foi restabelecida a eleição direta para go
vernadores.
Durante o governo Figueiredo, a crise econômica foi aprofundada, não ape
nas pelo agravam ento da denom inada segunda crise do petróleo, com o preço
do barril atingindo 42 dólares e comprometendo ainda mais a balança com erci
al, mas, tam bém, pela elevação dos juros no m ercado interno norte-am ericano
(19% ao ano), o que provocou a fuga de recursos aplicados no País.
A inda em 1980, os m etalúrgicos do ABC paulista, liderados p o r Luiz
Inácio L ula da Silva, paralisaram indústrias locais por 41 dias, o q u e levou
a d em issões, ch o q u es com a po lícia, prisões e en q u ad ram en to d e líderes
sindicais na Lei de Segurança N acional. Lula. nesse período, estev e preso
no D O PS, p o r 31 dias.
N o dia 30 de abril d e 1981. um a bom ba ex p lodiu dentro de um carro,
no estacionam ento do R ioC cnlro. no Rio de Janeiro, durante um show em
A verdade sufocada *443
Lei de Anistia
“Essa Léi, além dos direitos nela expressos, não gera quais
quer outros, inclusive aqueles relativos a vencimentos, soldos, sa
lários, proventos, restituições atrasadas, indenizações, promoções
ou ressarcimentos.”
Não seria o que iria acontecer, na m edida em que “os perseguidos políti
cos” iam assum indo o poder.
A anistia, claram ente, tomou-se via de mão-única, em direção às esquerdas
e aos esquerdistas vencidos na luta ideológica.
N ão se tornou conquista do povo brasileiro, com o sonharam os seus
formuladores. m as instrumento de um revanchismo imoral.
“Julgamento da Revolução”
Vinte anos depois da Contra- Revolução, totalmente livre da censura à im
prensa. o jornal O Globo publicou, cm 07/10/1984. o seguinte editorial, assinado
por Roberto Marinho, onde ressalta os méritos do regime militar.
Já havia algum tem po a esquerda radical, derrotada na luta arm ada, usava
outras armas: a m entira e a calúnia. Setores da m ídia davam guarida ao
revanchism o que era cada vez mais crescente.
A lguns m ilitantes d e esquerda, ex-subversivos, ex-terroristas e até sim
p a tiz an te s da g u e rrilh a derro tad a, ja m a is se co n fo rm aram c o m a m inha
nom eação, pelo p resid e n te João Figueiredo, para ad id o no U ruguai e e s
tavam à espreita.
Logo após ter assum ido as minhas funções no Uruguai, Jair Krischke, con
selheiro do M ovim ento de Justiça e Direitos Humanos, durante o Jornal N aci
onal da Rede G lobo, no horário reservado às notícias do Rio G rande do Sul.
sem nenhuma com provação, aventou a hipótese de m inha participação no sc-
qüestro dos uruguaios Lilian Celiberti e Universindo Dias.
Argumentos usados por Jair Krischke para me acusar:
- eu com andara o DOI/CODI/II Exército;
- era amigo do delegado Pedro Carlos Seelig que, segundo ele, participara
do sequestro;
- era am igo do cel A tila R o hrsertz que, tam bém , seg u n d o e le , estava
envolvido; e
- na ocasião do seqüestro eu com andava o 16o G A C , em São L eopoldo,
que estava muito próxim o de Porto Alegre.
Realm ente, eu era e sou am igo do delegado Pedro Seelig e do cel Atila
Rohrsetzer e, na ocasião, com andava o 16o GAC. Mas isso não era suficiente
para que Jair Krischke m e acusasse de ter participado desse sequestro, do qual
só tomei conhecimento por meio da imprensa.
Jamais estive em contato com Lilian Celiberti c Universindo Dias.
Lilian C eliberti já tin h a sido libertada c residia no U ruguai, quando eu,
adido no pais, co m ecei a sofrer a torpe cam panha que, ao que parece, ten
tava m e dcsestabüizar no cargo.
A verdade sufocada - 451
Sábado, 17 de agosto.
À s 7h30, fomos despertados por um telefonem a de m inha mãe, aflita, que
quase sem poder se explicar, perguntava o que acontecera com igo e um a atriz,
pois as rádios estavam anunciando a minha exoneração do cargo e o meu retomo
imediato ao Brasil. Tranqüilizei-a, dizendo-lhe que nada de anormal acontecera.
Antes do café, abri o jornal El Pais e, surpreso, li:
Fico atônito!
M inha m ulher, calm a, m e disse: “ Recorte este artigo do jo rn a l, m ande
para Bete M endes que ela desm entirá” .
O telefone tocou novam ente. Era m eu irm ão que, do Rio de Janeiro, me
contou todo o caso - as m an ch etes de jo rn a is, a ida da d e p u ta d a à te le v i
são, sua carta ao p residente.
Bete M endes representava, no retorno ao Brasil, a m ais convincente in
terpretação da sua vida artística. Aos prantos, em entrevista a vários jornais,
tornou pública a farsa planejada, a de vítim a torturada.
A verdade sufocada - 453
As acusações e as mentiras não tinham fim nem limites no tem po, no espa
ço e na sua co n sciên cia. Bete M endes não se esqueceu e ap licav a, com
A verdade sufocada - 457
Mentira! Não linha m otivos para procurá-la insistentem ente, nem para me
justificar e. m uito menos, para pedir desculpas por “violências” cometidas contra
pessoas indefesas. Pelo contrário, ela e os presos da VAR-Palmares haviam sido
bem tratados; eu havia deposto em juízo em favor dela e dos outros jovens e a
meu pedido eles não foram para o Presídio Tiradentes. Responderam ao proces
so em liberdade (Ver “VAR-Palmares e os jovens”).
Bete M endes quando assumiu seu mandato pelo PT poderia, perfeitam en
te, em Plenário, ter denunciado as “torturas” que sofreu.
Porque denunciá-las somente 15 anos depois, quando, sem partido, preci
sava de projeção?
Mentira! Seus pais estiveram no 1)01 duas vezes, juntam ente com os pais
dos outros jo v en s, p ara assistirem à palestra que lhes fiz c para receberem
Bete M endes.
Compareceram espontaneamente ao programa de Blota Júnior, na T V Tupi.
Quanto aos parentes que foram presos e torturados, gostaria que ela citas
se, pelo m enos, o nom e de um deles.
Nunca um parente de militante, que não estivesse implicado em subversão,
foi preso ou detido.
ela afirm a ter visto n u n c a existiram . P ortanto, ela m entiu e falto u com o
decoro p arlam en tar q u a n d o , usando a trib u n a da C âm ara, fez a cu saçõ es
caluniosas em proveito próprio e em benefício da sua causa com unista, sen
do acolhida com o heroína pelo C ongresso e pela im prensa.
Quantos corpos de inocentes, que estão nas listas de desaparecidos, você viu?
Qual era o nome do seu am igo morto a pancadas? A final, o nom e de um
amigo m orto a pancadas não se esquece jam ais.
De Tancredo a Itamar Franco
Tancredo Neves
Nasceu em São João dei Rei, Minas Gerais, em 4 de m arço de 1910. Apesar
de sua eleição ter sido por via indireta, durante o processo eleitoral, ele. político
experiente, conseguiu fortalecer cada vez mais sua imagem e derrotar o outro can
didato. Paulo Salim Maluf, do Partido Democrático Social.
Sua carrei ra pol ítica começou em 1934, quando se elegeu vereador em sua
cidade natal.
Eleito deputado federal em 1950, em 1953 foi nom eado m inistro da Justiça
do governo G etúlio Vargas. Entre outros cargos políticos de destaque foi pri
m eiro-m inistro no governo parlamentarista de João G oulart - de 07/09/1961 a
26/06/1962.
Em 15/01/1985, Tancredo Neves, do M ovimento Dem ocrático Brasileiro
(MDB), foi eleito presidente da República pelo Colégio Eleitoral, com o apoio da
oposição, exceto do PT, mas não assumiu. Dias antes da posse, começou a sentir
fortes dores abdominais, mas relutava em fazer exames mais detalhados.
No dia 13 de m arço, dois dias antes da posse, o Dr. Renault de M attos
R ibeiro, m édico da C âm ara dos D eputados, constatando o agravam ento do
quadro clínico de Tancredo, recomendou o seu internam ento hospitalar, pron-
tam ente recusado. Q ueria primeiro tom ar posse.
A conselhado por um a Junta M édica e tom ado por fortes dores, Tancredo
foi internado e operado no Hospital de Base de Brasília no dia 14, não poden
do, em conseqüência, assum ir o cargo. Interinamente, foi em possado o candi
dato a vice-presidente, José Sarney.
Com a dem ora em internar-se, o quadro clínico de Tancredo piorou. Após
sete cirurgias, faleceu no dia 21 de abril de 1985, em S ao Paulo, para onde
havia sido transferido.
Sua enferm idade consternou o País. Seu falecimento foi um a com oção na
cional.
D epois d a m orte do presidente, no dia 22 de abril, Jo sé Sarney, inici
alm en te líd er do PD S e, p o sterio rm en te, a d erin d o ao PM D B , assum iu a
Presidência da R epública em caráter definitivo, m antendo o m inistério es
co lh id o p o r T an cred o N eves.
O novo ministro, Dílson Funaro, lançou o Plano Cruzado, que cortava três
zeros na m oeda d a época, o Cruzeiro, e a substituía pelo Cruzado. C ongelou
os preços e os salários por um ano. Esses seriam corrigidos anual m ente ou
cada vez que a inflação atingisse 20% - era o gatilho salarial.
O sucesso do plano durou aproximadamente quatro meses, levando o povo
à euforia. Logo depois, com eçou a fracassar. As m ercadorias desapareceram
dos superm ercados e a inflação voltou a subir.
O congelam ento continuou até as eleições - estratégia para conquistar o
eleitorado. A econom ia desorganizou-se, mas o PMDB, partido do presidente,
elegeu 22 dentre os 23 governadores eleitos.
Logo após as eleições de novembro de 1986, um novo plano econôm ico, o
Cruzado II, liberou os preços e aumentou os impostos de vários produtos.
Em 20 de jan e iro de 1987, foi decretada a suspensão do pagam ento dos
Serviços da D ívida E xterna - m oratória. A inflação disparou e o povo que,
inicialmente, se entusiasmara, perdeu a confiança no governo.
Nova substituição no M inistério da Fazenda. Luiz Carlos B resser Perei
ra assum iu em abril de 1987. A inflação no mês seguinte chegou a 23,26% .
O déficit público se tornava incontrolável. G astava-se m ais do que se arre
cadava. M edidas im populares foram tom adas para contenção de despesas.
Extinguiu-se o gatilho salarial. R etom aram -se as negociações com o Fundo
M onetário Internacional (FM I) e suspendeu-se a m oratória. N ada c o n tro
lava a inflação galopante.
Sem conseguir seu objetivo, Bresser deu lugar a M ailson da N óbrega, que
prom eteu um a política econôm ica do “ Feijão com A rroz” - co nviver com a
inflação sem adotar medidas drásticas, apenas ajustes para evitara hiperinflação.
N ovo fracasso. Ao longo de 1988, a inflação atingiu o patam ar de 933% .
Em janeiro de 1989. M ailson da N óbrega ap resen to u um n o v o plano
econôm ico: criou o C ru zad o N ovo (cortando três zeros no C ru z a d o ); es
tabeleceu novo c o n g e la m e n to de preços e o fim da c o rre ç ã o m o n etária;
pro p ô s a p riv a tiz a ç ã o d e v árias e sta ta is; c an u n c io u c o rte s n o s g asto s
públicos. N ovam ente o plano fracassou e no m ês de d ezem bro d e 1989 a
inflação chegou a 53.55% .
A verdade sufocada - 467
Despontaram dois candidatos: Lula, pelo PT. operário, pobre, sindicalista atu
ante, preso pelo DOPS de 19 de abril a 20 de maio de 1980; e Collor, pelo PRN.
vindo de uma família de políticos, rico, um representante das elites.
A c a m p a n h a de L ula foi c e n trad a nas d ific u ld a d e s d o tra b a lh a d o r e
dos e x c lu íd o s, refo rçad a pela cam panha co n tra o reg im e m ilitar, contra
468-Carlos Alberto Brilhante Ustra
irm ão, acusou publicam ente o tesoureiro da cam panha de Collor, o em pre
sário Paulo C ésar Farias, o PC, de articular um esquem a de tráfico de influ
ência e corrupção, distribuição de cargos públicos e cobranças de propinas
dentro do governo. Esse esquem a leria com o beneficiários alguns m em bros
dos altos escalõ es d a R epública.
O esquem a utilizava “laranjas” - pessoas que cediam ou que nem m esm o
sabiam da utilização de seus nom es - para abrir contas e realizar transações
bancárias.
O escândalo foi aos poucos se aproxim ando cada vez mais do Palácio do
Planalto e alguns dos envolvidos justificaram as altas som as gastas, inclusive
com a refo rm a da “C asa da D inda” - residência particu lar do presidente -
com o sendo provenientes de um em préstim o junto a banqueiros uruguaios, a
“O peração U ruguai” .
Cansada de tantas denúncias, incoparavelmente menos graves que as ocorri
das cm 2005/2006, a sociedade começou a sair às mas, exigindo a apuração. Os
jovens, com as caras pintadas de verde e amarelo ou preto, pediam o impeachment
de Collor. Eram os “Caras-Pintadas”, como ficaram conhecidos.
Um a C P I foi instaurada e o seu relatório final aprovava o pedido de
impeachmeni do presidente Collor. Em votação aberta os deputados votaram
pela abertura do impeachmeni.
Em 1992, Collor, sentindo-se pressionado, renunciou ao cargo, mas, como
o processo já estava aberto, teve seus direitos políticos cassados por 8 anos.
Assum iu em seu lugar o vice-presidente, Itamar Franco.
O tesoureiro de Collor, Paulo C ésar Farias, à época do escândalo, fugiu
para o exterior, sendo capturado, em 29/11/1993. na Tailândia. Passou um a
tem porada na cadeia c logo após ser libertado foi encontrado morto, no dia 23
de junho de 1996, ao lado de sua namorada Suzana M arcolino, am bos assas
sinados a tiros, enquanto dorm iam , em sua casa de praia, em Maceió.
Apesar de viver rodeado de seguranças, ninguém soube, ninguém viu, nem
ouviu nada. O s tiros foram abafados por foguetes de uma festa de São João. As
versões foram muitas, m as o crime nunca foi devidamente esclarecido.
Em 4 de setem bro daquele ano, a prefeitura de São Paulo abriu com grande
estardalhaço, com m anchetes e mais m anchetes na m ídia, a Vala de Perus, lo
calizada no Cem itério Dom Bosco, na periferia da cidade, onde estavam enter
radas 1.049 ossadas de indigentes e, possivelmente, de alguns terroristas.
Ainda em setembro desse ano, no dia 17, instalou-se na Câm ara Municipal
de São Paulo uma CPI para investigar as “irregularidades” na Vala de Perus.
De acordo com wvvvv.desaparecidospoliticos.org.hr:
m etralhadora o cabo Sylas Bispo Feche, desta equipe. A s suas m ortes foram
tornadas públicas dois dias depois, em m atéria do jornal O Estado de S. Pau
lo , onde constam seus nom es verdadeiros. Foram sepultados com os nom es
constantes nos documentos que usavam ao morrer, João M aria Freitas (Alex) e
Em iliano Sessa (Gerson). Em novembro de 1980, a família de Alex retirou do
Cemitério de Perus os restos mortais dos dois irmãos, Yuri e Alex, e os sepultou
no Cem itério de Inhaúma, no Rio de Janeiro. A família de Gelson Reicher, após
exum ar seu corpo no Cem itério de Perus, o sepultou no Cem itério Israelita.
- Frederico E duardo Mayr, ao m orrer no dia 24/02/1972, foi enterrado
com o nome que usava: Eugênio Magalhães Sardinha.
- Yuri X avier Pereira, Ana M aria N acinovic C orrêa e M arcos Nonato da
Fonseca faleceram em 14/06/1972. A noticia de suas m ortes foi publicada no
dia 18/06/1972 pela im prensa, inclusive pelo Diário Popular , onde apare
cem seus nom es verdadeiros.
- H elber José G om es G oulart faleceu em 16/07/1973. U sava os nom es
falsos de W altcr Aparecido Santos e Acrísio Ferreira G om es. Os jornais Folha
da Tarde e Jornal do Brasil, do dia 18/07/1973, publicaram sua morte, com
sua foto e nom e verdadeiro.
- A n tô n io C arlo s B icalho L ana e Sônia M aria de M oraes Angel Jones
faleceram em 30/11/1973. Suas mortes foram publicadas na im prensa, inclu
sive no jo rn a l O Globo dc 01/12/1973.
A bem da verdade, Flávio Carvalho M olina foi sepultado na cova 14, rua
11, quadra 2, gleba 1, registro 3.054. Isso consta no Inquérito Policial, enviado
à 2a Auditoria Militar, em São Paulo. Se a sua família tivesse lido os jornais da
época e se tivesse procurado as autoridades, com o o fez em ju lh o d e 1979,
saberia onde estava enterrado o seu ente querido e poderia, com o o fizeram
outras, tê-lo exum ado, evitando que, após cinco anos, sua ossada fosse sepul
tada na vala comum , juntam ente com indigentes.
Que fique bem claro, Flávio Carvalho Molina não foi enterrado clandesti
nam ente nem com nom e falso; paradoxalm ente, o últim o nom e q u e usava
tam bém era verdadeiro.
Foi eleito, ainda no primeiro turno, com uma votação expressiva. Assumiu o
governo em 01/01/1999.
A estabilidade da m oeda e a inflação em baixa davam a FHC - com o passou
a ser chamado - am plo apoio no Congresso Nacional para realizar as reformas.
Além dos partidos que o ajudaram a eleger-se, passaram a compor a base gover-
nista o PM DB, o PP, o PPR e o PL.
Fernando Henrique deu seqüência ao processo de privatização usando o argu
mento de que precisava enxugar o Estado. Foram vendidas grandes estatais, como
aTelebrás, Centrais Elétricas, Companhia Vale do Rio Doce, Siderúrgica Tubarão.
Em maio de 1997, a Folha de São Paulo informava que aliados de Fernando
Henrique teriam com prado por R$ 200 mil, votos favoráveis à em enda para a
reeleição de cargos executivos - presidente, governadores c prefeitos -, permi
tindo ao ocupante de um cargo executivo concorrer à própria sucessão para
mais um mandato.
Em 1998, candidato à reeleição, Fernando Henrique conseguiu o apoio do
PPB (antigo PPR ), do PFL, do PTB c parte do PM DB.
A reeleição provocou certo m al-estar entre FHC e M ário Covas, candidato
á reeleição para governador de São Paulo. Fernando Henrique não pediu votos
para M ário C ovas, além de fazer um acordo de apoio a sua reeleição com
Malul - presidente do PDS e grande rival de M ário Covas.
Sem adversários fortes, enfrentou Lula (PT), Ciro G om es (PPS) e Enéas
C arneiro (Prona). R eelegeu-se, novam ente, no prim eiro turno.
Em 2001, o País passou por sua m aior crise no setor en erg ético . Foi
preciso um racionam ento de energia, estabelecendo-se laxas fixas e gastos
para cada consum idor, e aum ento de tarifas e multas para quem ultrapassasse
os limites preestabelecidos.
O M ST esteve bastante ativo durante o seu governo. Em março de 2002. a
fazenda de Fernando Henrique foi invadida em uma ação de ousadia. Os sem-
terra acam param na sede, usaram os cômodos íntimos da fazenda, com eram e
beberam o que encontraram de melhor. D ezesseis m em bros do M S T foram
indiciados, mas o M inistério Público os inocentou e a Justiça concordou.
A coirupção também esteve presente no governo Fernando Henrique. Desvio
de verbas na construção do Fórum Trabalhista do Tribunal Regional do Traba
lho, em São Paulo, envolvendo o juiz Nicolau dos Santos Neto, alguns em pre
sário e o senador Luiz Estevão.
Os desvios de R$ 169,5 milhões da obra ocasionaram a condenação do juiz
Nicolau. Os dem ais acusados foram inocentados. O senador e em presário Luiz
Estevão, apesar de absol vido por falta de provas, teve seu mandato cassado no
Senado.
Durante o governo Fernando I lenriquc os salários ficaram congelados.
Mais que “ perseguidos políticos” , revanchistas
O fim do regim e m ilitar e a Lei da A nistia não trouxeram a pacificação
desejada. C rédulos, os m ilitares voltaram às suas atribuições, confiantes na
reconciliação de todos os brasileiros. As m ãos foram estendidas em sinal de
paz, por um dos lados - as mãos dos vencedores da luta arm ada -, porém ,
para os vencidos, o com bate continuou. Os derrotados apenas trocaram as
arm as pelas palavras, fazendo questão de não deixar cicatrizar as feridas que
eles m antém abertas até hoje.
A passividade dos vencedores, o silêncio com prom etedor das autoridades,
somente fizeram crescer o revanchismo dos vencidos.
C om a ch eg ad a ao poder de ex-banidos e e x -a u to -e x ilados, a história
com eçou a ser reescrita. Com os direitos políticos readquiridos, muitos volta
ram aos seus antigos cargos, outros foram acolhidos p o r governos sim pati
zantes e alguns ingressaram cm partidos que necessitavam de seus serviços,
m esm o sem com partilhar a mesma ideologia.
Aos poucos, a m aioria dos “perseguidos’' ocupava cargos públicos. Bons
form adores de opinião, contando com o apoio de setores d a mídia, passaram a
usar novas trincheiras na batalha pela tom ada do poder e pela desm oralização
do regim e m ilitar c das próprias Forças Armadas.
Esse p rocesso com eçou nas escolas de prim eiro g rau , onde o M inisté
rio da E d u cação p asso u a indicar livros de H istória e s c rito s por an tig o s
m ilita n te s de o rg a n iz a ç õ e s su b v e rsiv o -te rro rista s, c o m suas versões
distorcidas. Terroristas com o Lam arca. M arighella e outros inspiram filmes
rom ânticos, peças de teatro, séries de TV e passam a se r m itificados com o
h e ró is c m á rtire s d a lib erd ad e. O s a g e n te s da le i, c o m o b an d id o s.
D ocum entários sobre esses “ heróis" e entrevistas com subversivos, assas
sin o s e se q u estra d o re s - sem pre o m itin d o seus crim es - são transm itidas
p ela T V C âm ara, TV Senado, TV E d u c a tiv a e outras, n arra n d o suas v e r
sões e apresentando-os sem pre com o vítim as de um reg im e que perseguia
estudantes indefesos.
Nas eleições, com eçaram a conquistar os frutos do revanchism o e do si
lêncio das autoridades.
Em 1982. alguns foram eleitos na legenda do PMDB. O PT conseguiu ele
ger oito deputados federais e. concorrendo ao governo do Estado de São Pau
lo com Roge F erreira (PD T). R einaldo de Barros (PD S) e A ndré Franco
M ontoro (PM DB). Lula Ficou em quarto lugar.
Com toda essa cam panha, a geração que não vivenciou a época dos go
vem os da C ontra-Revolução foi acreditando que realinenle era um período de
terror, quando as pessoas eram perseguidas; nao se podia sau as m as. |o \e u s
482-Carlos Albeito Brilhante Ustra
N O M ES ORGA NIZAÇÃO
N O M ES O R GA NIZAÇÃO
N O M ES ORGA NIZAÇÃO
“Joaquinzão”;
“ Pedro C arretel” ; e
“A ntônio A lfaiate” , identificado com o Antônio Ferreira Pinto, PC doB -
Araguaia - pedido de indenização deferido.
Total: 3 desaparecidos.
A seguir, 219 m ortos relacionados pelo G rupo Tortura N unca M ais, dos
quais 132 tiveram seus pedidos de indenização deferidos, até 1998.
A cada nom e acrescentei a organização e a situação perante a com issão
especial. Posteriormente, alguns dos indeferimentos foram revistos c as famílias
indenizadas. Além disso, novos argumentos estão, dia a dia, sendo criados.
A verdade sufocada - 491
1965
José Sabino —
1967
M ilton Soares de Castro MNR deferido
1968
Clóvis Dias Amorim — Passeata
David de Souza M eira — Passeata
Edson Luiz de Lima Souto — Passeata
Fernando da Silva Lembo — Passeata
Jorge Aprígio de Paula — Passeata
José Carlos G uim arães — Passeata
Luis Paulo C ruz Nunes — Passeata
Manoel Rodrigues Ferreira — Passeata
Maria Angela Ribeiro — Passeata
Ornalino Cândido da Silva — Passeata
1969
Antônio Henrique Pereira Neto — deferido
Carlos Marighella ALN deferido
4 9 2 - C a r l o s A l b e r t o B r i l h a n t e U s tr a
1970
Abelardo Rausch Alcântara — —
1971
Aderval Alves Coqueiro MRT deferido
A Ido de Sá B rito de Souza Neto ALN deferido
Am aro Luiz de Carvalho PCR deferido
Antônio Sérgio de Matos ALN indeferido
Carlos Eduardo Pires Fleury Molipo deferido
Carlos Lamarca V P R /M R -8 deferido
Devanir José de Carvalho MRT deferido
Dimas Antônio Casemiro MRT deferido
Eduardo A ntônio da Fonseca ALN deferido
Fláviode Carvalho Molina Molipo deferido
Francisco José de Oliveira Molipo deferido
Gerson T heodore de Oliveira VPR indeferido
Iara Iavclberg VPR/M R 8 indeferido
Joaquim Ale near de Seixas MRT deferido
José C am pos Barreto MR 8 deferido
José Gomes Teixeira MR 8 deferido
José M ilton Barbosa ALN deferido
José Raim undo da Costa VPR deferido
José Roberto Arantes de Almeida Molipo deferido
Luís Antônio Santa Bárbara MR 8 deferido
Luís Eduardo da Rocha Merlino PO LO P/PO C deferido
Luís Ui rata AP deferido
M anoel José M endes Nunes de Abreu ALN indeferido
M arilene Vilas-Boas Pinto MR 8 deferido
M ário de Souza Prata MR 8 deferido
Maurício Guilherme da Silveira VPR deferido
Ni Ida Carvalho Cunha MR 8 indeferido
Odijas C arvalho de Souza PCBR deferido
Otoniel C am pos Barreto MR 8 deferido
Raimundo Eduardo da Silva AP deferido
Raimundo Gonçalves Figueiredo VAR-Palm deferido
Raimundo Nonato Paz de ferido
Raul Am aro Nin Ferreira deferido
4 9 4 - C a r l o s A l b e r t o B r i l h a n t e U s tr a
1972
Alex de Paula X avier Pereira ALN deferido
A lexander José Ibsen Voeroes Molipo —
Ana Maria Nacinovic Corrêa ALN deferido
Antonio Benetazzo Molipo deferido
Antonio Carlos Nogueira Cabral ALN deferido
Antônio M arcos Pinto de Oliveira VAR-Palm deferido
Arno Preis Molipo deferido
Aurora M aria Nascim ento Furtado ALN deferido
Carlos Nicolau Danielli PCdoB deferido
C élio Augusto Guedes PCB deferido
Fernando Augusto V. da Fonseca PCBR deferido
Frederico Eduardo M ayr Molipo deferido
Gastone Lúcia Beltrão ALN deferido
Gelson Reicher ALN deferido
Getúlio D’Oliveira Cabral PCBR deferido
Grenaldo de Jesus da Silva — —
Hélcio Pereira Fortes ALN deferido
Hiroaki Torigoi ALN deferido
Ismael Silva de Jesus PCB deferido
Iuri Xavier Pereira ALN deferido
Jeová de Assis G om es Molipo deferido
João Carlos Cavalcanti Reis Molipo deferido
João M endes Araújo ALN —
José Bartolomeu Rodrigues de Souza PCBR deferido
José Inocêncio Pereira — —
José Júlio de Araújo ALN deferido
José Si 1ton Pinheiro PCBR deferido
Lauriberto José Reyes Molipo deferido
Lígia Maria Salgado Nóbrega VAR-Palm deferido
Lincoln Cordeiro Oest. PCdoB deferido
Lourdes Maria W anderley Pontes PCBR deferido
Luís Andrade de Sá e Benevides PCBR indeferido
M arcos N onato da Fonseca ALN deferido
Maria Regina Lobo Leite Figueiredo VAR-Palm deferido
Míriam Lopes Verbena PCBR indeferido
Ruy Osvaldo Aguiar Pfitzenreuter PORT deferido
A verdade sufocada - 495
1973
Alexandre Vannucchi Leme ALN deferido
Almir Custódio de Lima PCBR deferido
Anatália de Souza Alves de Melo PCBR deferido
Antônio Carlos Bicalho Lana ALN deferido
Arnaldo C ardoso Rocha ALN deferido
Emanoel Bezerra dos Santos PCR deferido
Eudaldo G om es da Silva VPR deferido
Evaldo Luis Ferreira de Sousa VPR deferido
Francisco Em anoel Penteado ALN deferido
Francisco Seiko Okam a ALN deferido
Gildo M acedo Lacerda AP deferido
Helber José G om es Goulart ALN deferido
Henrique O rnelas Ferreira Cintra — deferido
Jarbas Pereira M arques VPR deferido
José C arlos N. da M ata M achado AP deferido
José M anuel daSilva VPR deferido
José M endes de Sá Roriz M NR deferido
Lincoln Bicalho Roque PC doB deferido
LuisGuilhardini PC doB deferido
Luís José d a Cunha ALN deferido
Manoel Aleixo da Silva PCR deferido
Manoel Lisboa de Moura PCR deferido
Merival Araújo ALN deferido
Pauline Philipe Reichstul VPR deferido
Ranúsia Alves Rodrigues PCBR deferido
Ronaldo M outh Queiroz ALN deferido
Soledad Barret Viedma VPR deferido
Sônia M aria de M oraes ALN deferido
1975
José Ferreira de Almeida PCB indeferido
Pedro Jeronim o de Souza PCB deferido
Vladimir Herzog PCB deferido
4 9 6 - C a r l o s A l b e r t o B r i lh a n t e U s tr a
1976
Ângelo Arroyo PCdoB deferido
João Baptista Franco Drum mond PCdoB deferido
João Bosco Penido Burnier Sem motivação
(Padre) política _____
1977
José Soares dos Santos sem motivação política indeferido
1979
Alberi Vieira dos Santos Sem motivação política indeferido
Benedito Gonçalves passeata indeferido
Guido Leão greve indeferido
Otacílio Martins Gonçalves passeata indeferido
Santo Dias daS ilva greve indeferido
1980
Lydia Monteiro da Silva carta-bom ba na OAB —
1983
Margarida Maria Alves conflito agrário indeferido
Outras Mortes
Afonso Henrique Martins Saldanha indeferido
Antônio Carlos Silveira Al ves indeferido
Ary Rocha M iranda - ALN indeferido
Catarina Abi-Eçab - VPR indeferido
íris Amaral Indeferido
Ishiro Nagain i - ALN indeferido
João Antônio Abi- Eçab - ALN indeferido
João Barcellos Martins —
Mortes no exílio
Ângelo Pezzuti da Silva VPR
Carmcm Jacomini VPR
D jalm aC arvalho Maranhão
Gerosina Silva Pereira
M aria Auxiliadora Lara Barceloí VAR- Palm
Nil ton Rosa da Silva MIR
Therezinha Viana de Assis
Tito de Alencar I Jm a (Frei)
Desaparecidos na Argentina
Francisco Tenor io J únior
Jorge Alberto Basso Polop
I AW7. Renato do Lago Faria
Maria Regina M arcondes Pinto Polop
Roberto Rascardo Rodrigues sem referências
Sidney Fix M arques dos Santos Port
Waller Kenneth Nelson Fleury
Desaparecido na Bolívia
Luiz Renato Pires de Almeida
Desaparecidos no Chile
JaneVanini Molipo
Luiz Carlos Almeida Polop
Nelson de Souza Kohl Polop
Túlio Roberto Cardoso Quintiliano PCBR
W ânio José de M atos VPR
Segundo os autores:
E foi baseada nessa absurda versão que a Com issão Especial concedeu a
indenização de 100 mil reais aos beneficiários do coronel Alfeu.
Em que pese as provas apresentadas pelo general Gom es, o ato da C om is
são Especial não foi revogado.
Para a esquerda o IPM, o processo Judicial, os depoim entos das testem u
nhas em Juízo, o laudo do exam e cadavérico do coronel A lfeu. as sentenças
dos M agistrados, os ferim entos do m ajor brigadeiro Lavanére W anderlcy, o
ato heróico do coronel H ipólito, não têm valor algum , pois "tudo fo i forjado
pela ditadura ” .
A verdade sufocada - 503
Para a esquerda e para a Com issão Especial, o c ue tem valor é o que consta
no Dossiê dos M ortos e Desaparecidos Pouticos.
Com o eles conseguiram contar os 16 projéteis que teriam sido retirados do
corpo do coronel Alfeu, até hoje ninguém sabe.
Certam ente, as mentiras desse Dossiê são infinitamente maiores do que os
dezesseis projéteis inventados.
A quantidade de mentiras não lhes interessa e nem lhes fazem corar. Como
corar, se o objetivo dessa gente é prem iar os seus “heróis” , que para o povo
de bem não passam de assassinos e terroristas.
É pena que as pessoas não comprometidas com essa ideologia, embora con
denem tanta indignidade, continuem inermes, sem nenhuma reação a esse estado
de coisas, inclusive usando mal a grande arma de que dispõem - o voto elegen
do gente que não viu nada, não sabe e não quer saber de nada.
5 0 4 -C a rlo s A l b e r t o B r i l h a n t e U s tr a
a rua. Vestia uma japona c estava com a mão direita, num gesto típico
de quem a abriga do frio, enfiada entre os botões da frente da
vestimenta. Ato contínuo, falei para ele: “Vamos, Venaldino!”, Ele
rapidamente girou o corpo, voltou-se para mim, apontando uma pisto
la. Disparou de imediato c continuamente tres tiros.
Ele unha. naturalmente, escondido a arma sob a japona. Como
foi que o encarregado do inquérito não o revistou antes do interroga
tório, são típicas questões que só se fazem depois que as tragédias
acontecem. O fato é que tudo foi tão rápido que o Maj Rui ainda
estava na outra sala. atrás de mim. O primeiro tiro Venaldino errou,
passou uns três centímetros da minha cabeça, alojando-se no marco
da porta. A marca da bala está lá até hoje para quem quiser ver. O
segundo tiro pegou de raspão no meu tórax, furando meu uniforme
em dois lugares. Já o terceiro me acertou em cheio. Como meu corpo
estava em rotação, procurando abrigo à minha retaguarda, no vão da
porta, este último tiro penetrou atrás da minha orelha direita, perfurou
toda a cabeça e saiu em baixo do olho esquerdo rompendo o osso
malar. Era uma pistola Beretta 6,35 a arma de Venaldino. O projétil,
com capa de aço e com grande velocidade inicial, na sua trajetória
encontrou osso somente na saída, onde fez o seu estrago maior, abrin
do um rombo. No início de seu percurso, até encontrar os ossos
malares, a sorte foi toda minha aliada, já que a bala passou justamente
na bifurcação da veia jugular, na sua parte superior e foi tangenciando
o cérebro por baixo e a arcada bucal por cima, sem encontrar grande
resistência. Dei alguns passos, coloquei a mão no rosto e senti o san
gue jorrando profusamente. Logo em seguida, senti um tremor no
corpo todo, um frio e uma fraqueza muito grande nas pernas. Antes
de desabar em frente à mesa do comandante, ainda percebi que atira
vam para dentro do gabinete e que Venaldino respondia aos tiros. A
partir daí. apesar de não ter perdido os sentidos, não me lembro mais
direito do que aconteceu. O inquérito cujo encarregado foi o então
Cap Carlos Eurico da Silva Soares, está arquivado no 19 e pode ser
consultado. Sei que fui carregado, banhado em sangue, pelo Sd Johny,
aquele guarda costas do Maj Rui, até a enfermaria, onde verifiquei
uma correria para todos os lados, mas ninguém punha a mão em mim.
Todos olhavam para mim como se eu fosse um animal. Vi até um Sgt
enfermeiro me olhar e sair de fininho, com a cara apavorada. Mas.
acabei sendo levado para o Hospital Centenário, na freme do Quartel,
onde estavam o meu companheiro de turma Asp Aloysioí kcas. Iam
506- C a r lo s A lb e rto Brilhante U s tr a
Além disso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou o D ecreto 4.897.
publicado no DO de 26/11/2003, que isenta do Imposto de Renda as aposen
tadorias excepcionais pagas pelo INSS c outros órgãos da adm inistração pú
blica, ao m esm o tem po, por iniciativa do presidente Lula, aprovada pelo Con
gresso Nacional, os aposentados passaram a contribuir para o IN SS.
Segundo a Folha de São Paulo. 3.823 ex-servidores e em pregados de em
presas privadas foram indenizados até fevereiro de 2(X)5. A indenização média re
troativa ficou em tomo de R$ 3 13 mil. sem contar as pensões mensais.
A com issão já pediu reforço de verba. P rovavelm ente as indenizações
retroativas passarão d e 4 bilhões de reais, fora as pensões que passarão a ser
pagas mensal mente.
0 advogado e deputado Luiz Eduardo G reenhalgh pediu ao m inistro da
Justiça, M árcio Thom az Bastos, sessões extraordinárias para acelerar o julga
mento de cerca de 28 mil pedidos protocolados.
Essas indenizações são concedidas por processos adm inistrativos sum á
rios, defendidos e julgados, geralm ente, por com panheiros de ideologia.
Depois que os cassados, anistiados e perseguidos políticos assum iram o
poder, tem sido tantas as indenizações e pensões milionárias que alguns setores
da sociedade passaram a defender o controle desses gastos saídos dos bolsos
do contribuinte, que não foi consultado se queria pagara conta.
“Conta certa
Estava errada a informação segundo a qual Nosso Guia rece
be RS 3.900 mensais como aposentado da ditadura. Lula foi preso
por 51 dias e tom aram -lhe a presidência do Sindicato dos
Metalúrgicos de São Bernardo. O companheiro recebe R$ 4.294.12
e em abril ganhará um aumento. Começou a embolsar essa pen
são em maio de 1997, quando ela valia RS 2.365. Se tivesse deixa
do o dinheiro no banco, rendendo juros tucano-petistas, em janeiro
seu saldo teria chegado a R$ 707.114. Até agora, cada dia de
cadeia de Lula custou RS 13.865 á Viúva.”
(Elio Gaspari, 19 Fev. O Globo)
O bservação: Na realidade a conta ainda não está certa. Lula esteve preso
31 dias. C ada dia de cadeia custou aos cofres públicos R$ 22.810,00.
Jair Rattner
“Para FHC, houve exagero nas indenizações", Copyright O
Estado de S. Paulo, 18/11/04
“LISBOA - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que
também foi exilado político, criticou ontem, em Lisboa, o critério das
indenizações dadas aos perseguidos pelo regime militar. “Acho que
houve exagero. Acredito que as indenizações devem ser dadas a
todos aqueles que real mente sofreram, mas com certa preocupação
de não deformar uma reparação e transformá-la numa propina."
Segundo Fernando Henrique, o objetivo, nào é dar vantagem a
ninguém e sim reparar uma injustiça."
http.y/observatorio. ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp
“Feliz Anistia
Novo anistiado na praça: o sargento Darcy Rodrigues que saiu
com Carlos Lamarca do quartel em Osasco (SP) e foi trocado
pelo embaixador alemão em 1970, agora é capitão, RS 7 mil men
sais c indenização de RS 771 mil."
Jornal de Brasília - Coluna de Cláudio Humberto
:s - 1 «Aí- Edson Régis de Carvalho \P ■líomba ti\ Aeroporto de t iuarampes jornalista Recife PE
AP - Bomba nn Aeroporto de Guararapes almirante Recife PL
4 25 " ]%(, Nelson Gomes Fernandes
í cabo PM Goiânia G( )
NS L> IMNi Raimundo tie t artaliw \ndradc passeata estudantil
Presidente
José G onfle es Conceicãn Ma Mariguella - Invasão de sua fazenda fazendeiro SP
(> 24 11 l% " Lpilacio
i/e Dicol
- ao tentar impedir assalto a agencia bancária bancário São Paulo SP
15 12 1967 Osins Muita MarconJes
I------ Ala Marighclla - abordagenule lancha Marinha Mercante Rio Negro AM
s 1El 1 [%S Veostinho Ferreira Lima
M AR ■ao tcmar impedir fuga do presidio guarda penitenciário Rio de Janeiro RJ
9 31 5 l% s ■\iltnn de Oliveira
VPR - sentinela do QG.1l E\ - earro bomba soldado do Exército São Paulo SP
;n 2f>6 1%N Mário Ko/el Fílhó
passeata, estudantil sargento PM Rio de Janeiro RJ
’7 <) l%N Nelson tie Barn»
11 civil Rio de Janeiro RJ
r 2 " f* 1%K Noel de Olheira Ramos passeala estiidanlil
Edward Ernest Titu Oito major do exército
COLIN A - "justiçado“ por engano Rio de Janeiro RJ
! i? I ' l% s alemão
Maximilian von VYexIcmhagcn
ALN • metralhado quando sentinela do São Paulo SP
" 4 1968 Eduardo Custódio de Sou/a soldado PM
I*1 DOPS
VPR - metralhado quando de sentinela em soldado PM São Paulo SP
15 2d 4 1%N António Carlos Jeffery
quartel da PMESP
\ PR - ‘ justiçado* por lercombatido cap, do exército SP
São Paulo
16 12 Hl NOS Charles Rodney Chandler na euerra do Vsetnan dos I stadós 1 rudes
20
transeunte - quando passava em frente a uma
7/1/1969 Alzira Baltazar de Almeida dona-dc-casa Rio de Janeiro RJ
viatura da polícia explodida por terroristas
23 29/1/1969
COLINA - ao tentar prender terroristas num
José Antunes Ferreira guarda civil Belo HorizontE MG
“aparelho”
VAR-Palmares - quando Carlos Mine
24 Baumfeld, Fausto Machado Freire
31/3/1969 Manoel da Silva Dutra comerciante Rio de Janeiro RJ
e outros assaltaram o Banco Andrade
Amaud/RJ
25 14/4/1969 Francisco Bento da Silva Ala Vermelha - assalto a carro pagador motorista carro pagador São Paulo SP
26 14-41969 Luiz Francisco da Silva Ala Vermelha - assalto a carro pagador guarda earro pagador Sâo Paulo SP
8/5/1969 José de Carvalho ALN - assalto a banco investigador de polícia Suzano SP
25 9/5/1969 Orlando Pinto da Sílva VPR - assalto a banco guarda civil São Paulo SP
:9 ALN - metralhado quando de sentinela cm
27 5.1969 Naul José Montavani soldado PM São Paulo SP 1
um quartel PMESP
514-Carlos Alberto Brilhante Ustra
Data Nome Org. resp. pela morte e como morreu Função Cidade UF
Boavemtira Rodrmies tia
1ü 4 6 l%9 ALN - assalto a banco soldado PM São Paulo SP
Silva
Al N - ataque a mdiopaintlha que
31 22 6 1969 Guido Bone soldado PM São Paulo SP
guarnecia
52 22 iv 1969 Natalino Amaro Teixeira ALN - ataque à radiopatrulha que guarnecia soldado PM São Paulo SP
Data Nome Org. resp. pela morte e como morreu Função Cidade UF
Eudides dc Paiva
4. 4 10 1969 assalto a carro pagador guarda de cano pagador Rio de Janeiro RJ
Cerqucira
44 6 10 1969 Abelardo Rosa Lima MRT REDE - assalto a supermercado soldado PM São Paulo SP
45 7 Kl 1969 Rotnildo Ottcnio ao tentar prender terrorista soldado PM São Paula SP
78 7/4/1971 Maria Alice Matos assalto a depósito de matcnal de construção empregada doméstica Rio dc Janeiro RJ
A verdade sufocada - 517
80 10/5/1971 Manoel Silva Neto ALN - assalto à frota de táxis Bandeirante soldado PM São Paulo SP
81 14/5/1971 Adilson Sampaio assalto ás lojas Gaio Marti artesão Rio dc Janeiro RJ
Antônio Lisboa Ceres de
82 9/6/1971 assalto à Boate Comodoro civil Rio de Janeiro RJ
Oliveira
518-Carlos Alberto Brilhante Ustra
Data N om e O rg resp. pela m orte e co m o m orreu Função C idade UF
Jaime Pereira da transeunte - durante tiroteio entre
S3 I 7 197 J cixil Rio de Janeiro RJ
Silva terroristas e policiais
Demers al Ferreira ALN - assassinado durante assalto à Casa
84 2 9 197I guarda de segurança Rio dc Janeiro RJ
dos Santos de Saúde Dr Eiras
Cardënio Ja>rtic ALN - assassinado durante assalto à Casa Chefe do Departamento
85 2/9/197! Rio dc Janeiro RJ
Dotcc dc Saúde Dr Eiras dc Pessoal
Silvano Amâncio ALN - assassinado durante assalto à Casa
86 2/91971 guarda dc segurança Rio de Janeiro RJ
dos Samos de Saúde Dr Eiras
Gentil Procópio de
$7 2 9 1971 PCR - ao roubarem seu táxi motorista de táxi Recife PE
Melo
Alberto da Silva proprietário da Casa dc Móveis
$8 -10/1971 PCR - durante assalto a sua loja Riodc Janeiro RJ
Machado Vogal
Nelson Martinez MO LI PO - metralhado durante assalto á
89 1 II 1971 cabo PM São Paulo SP
Ponce empresa de ônibus
ao interceptar carro que conduzia
90 Ki l l 1971 João Campos cabo PM Pindamonliangaba SP
terroristas
9! 22 II 1971 Jose do Amaral MR-8 - Var-Palmarcs - assalto a carro sub-ofkial da reservada Marinha Rio de Janeiro RJ
Vilela paeador -segurança carro pagador
Eduardo Timóteo
92 27 II 1971 durante assalto ás lojas Gaio Marti soldado PM Rio de Janeiro RJ
Filho
Hélio Ferreira de
93 15 12 1971 durante assalto a carro pagador guarda dc carro pagador Rio de Janeiro RJ
Moura
IS 1 1972 Tomaz Paulino de
94 MOLÍPO - ao roubarem seu carro sargento PM São Paulo SP
Almeida
ALN - ao tentar identificar dois terroristas
95 20 1 1972 Sylas Bispo Feche cabo PM São Pauto SP
num carro suspeito
coronel R 1 do Exército -
Aníbal Figueiredo
105 12 5 1972 durante assalto à firma proprietário da distribuidora São Paulo SP
de Albuquerque
A verdade sufocada *519
guarda de segurança da
194 12 5 1972 Manoel dos Santos durante assalto à firma distribuidora dc bebidas São Paulo SP
Chare! Ltda
195 S 5 1972 Odilo Cruz Rosa PCdoB - guerrilha do Araguaia cabo do Exército Araguaia PA
106 2 6 1972 Rosendo Resende ao interceptar carro com terroristas sargento PM São Paulo SP
20 -Carlos Alberto Brilhante Ustra
Data N om e Org. resp. pela m orte e co m o m orreu Função C idade UF
107 29 6 1972 João Pereira PCdoB - guerrilha do Araguaia mateiro - região do Araguaia Araguaia PA
IOft -'9/1972 Osmar.. PCdoB - guerrilha do Araguaia posseiro - região do Araguaia Araguaia PA
Mário Abraim da
109 2 3 /9 /1 9 7 2 PCdoB - guerrilha do Araguaia segundo sargento do Exército Araguaia PA
Silva
110 2 7 /9 /1 9 7 2 Silvio Nunes Alves P t’BR * assalto a banco bancário Rio de Janeiro RJ
Lui? Honório
111 1/10/1972 assalto a empresa dc ônibus civil Rio de Janeiro RJ
Correia
José Jnoccncio
112 6/10/1972 conflito agrário civil PE
Barreto
Scvcrino Fernandes
113 6 /1 0 /1 9 7 2 conflito agrário civil PE
da Silva
Francisco Valdir
A verdade sufocada - 521
Geraldo José
120 10/4/1974 assassinado ao tentar prender tetroristas soldado PM São Paulo SP
Nogucíra
Alguns desses casos estão descritos, com maior detalhamento, ao longo do livro.
5 2 2 * C a rlo s A lb e r to B r ilh a n te U s tr a
Resumo
43 Civis
34 Policiais militares
12 G uardas de segurança
10 Policiais civis
8 M ilitares do Exército
3 Agentes da Polícia Federal
3 M oradores do A raguaia
2 Militares da M arinha
2 Militares da Aeronáutica
1 M ajor do Exército A lem ão
1 Capitão do Exército dos Estados Unidos
1 M arinheiro da M arinha Real Inglesa
defender o bem público - esses, por não estarem com prom etidos com a causa,
não têm direito a nenhum benefício.
Nossos heróis são lem brados por poucos. São esquecidos até pelas insti
tuições que os designaram para a m issão onde perderam a vida. Essas, até
m esm o proíbem que seus templos sejam cedidos para que possam os, em datas
históricas, rezar por suas alm as; os sacerdotes e pastores, que lhes são subor
dinados, se negam a dirigir um culto ou rezar uma missa.
Parece que os nossos heróis não têm familiares. Com seus órfãos ninguém
se preocupou, nem com seus traumas, com sua educação, com seu futuro. Seus
pais, suas viúvas e seus filhos só ouvem e lêem críticas form uladas, continua
mente, pelos revanchistas de plantão, os m esm os que agora estão no poder.
2006 foi ano de eleição. M ais um a vez, oportunistas forão eleitos apro
veitando-se do passado de “presos políticos to rtu rad o s” e “ex ilad o s” pela
“ditadura” .
Nossos m ortos não m ereceram ler seus nomes lem brados pela Com issão
de D ireitos H um anos, que o deputado N ilm ário M iranda tanto lutou para
criar. N em d e la , nem dos m inistros da Justiça, do presid en te Fernando
Henrique ou d o presidente Lula.
Nem poderiam pensar neles, pois são com prom etidos com a causa, uns
m ais, outros m enos, m as todos “perseguidos políticos” .
C om o o deputado Nilm ário M iranda - PT que participou ativam ente do
movimento estudantil, que foi militante da POLOP. organização trotskista, que
esteve preso p o r três anos e m eio e teve seus direitos pol íticos cassados, iria
pensar nos direitos hum anos desses 120 mortos e dos 343 feridos? Ele que foi
eleito por três m andatos usando a bandeira dos “horrores d a ditadura”?
Com o querer que o ex-ministro da Justiça, no governo Fernando Henrique,
Aloysio Nunes Feneira (Beto ou Mateus), defenda os direitos dos familiares desses
120 mortos, se ele participou da luta armada? Ele que, em 10/08/1968, participou do
assalto ao trem pagador da Santos-Jundiaí e, em outubro desse mesmo ano, do
assalto ao cairo pagador da Massey-Ferguson? Ele que foi motorista de seu líder,
Carlos Marighclla, conhecido pela violência de seus atos. palavras e ações?
E no C ongresso Nacional, quem se lem brou dos nossos m ortos ? Quem
levantou a voz para defender um a equidade de tratam ento entre m ortos de
am bos os lados? Ao que eu saiba, somente dois deputados tiveram a coragem
de fazê-lo. 0 deputado Jair Bolsonaro e o Deputado W ilson Leite Passos. Este
último, em 1996, apresentou o Projeto de Lei n° 2397, criando um a Com issão
Especial de Indenização, para indenizaras famílias de m ilitares e civis, que a
serviço do Estado m orreram ou ficaram inválidos no com bate ao terrorismo.
Ao que parece, esse Projeto perm anece “engavetado” . N enhum senador, nem
m esm o aqueles que chefiaram organizações que tiveram m em bros assassina
dos. fria e covardem ente pelos terroristas, ousaram se pronunciar.
5 2 4 -C a rlo s A lb e rto Brilhante U s tr a
Mártires da Democracia
Pouco a pouco, a idéia foi tom ando corpo. A gregando sindicalistas, ex-
presos políticos, militantes de organizações clandestinas, ex-cassados, ex-par
ticipantes da luta arm ada, representantes de movimentos sociais, lideranças de
trabalhadores rurais, lideranças religiosas e intelectuais das mais diversas cor
rentes esquerdistas, em 10 de fevereiro de 1980, no C olégio Sion, em São
Paulo/SP, foi fundado o Partido dos Trabalhadores - PT.
Em 1982, o PT e stava o rg an izad o em boa parte do território nacional.
I .tila, nesse ano, disputou o governo de São Paulo, com o partido adotando
as palavras de ordem :
A v e rd a d e s u f o c a d a - 527
cio Haiti que, apesar cie tudo, cresceu 1,5%. À Argentina e a Venezuela cresce
ram 9% . A índia 7% e a C hina 9% . A econom ia m undial cresceu 4,5% . Para
um país emergente, 2,3% é um crescimento pífio.
No tão criticado regime militar, principal mente no governo Mediei, o cresci
m ento da econom ia chegou a 11,9%. A média do período foi de 9% ao ano.
A política agrária do governo foi alvo de críticas. O M S I, passados os
primeiros meses, iniciou as invasões, ocorrendo mortes entre fazendeiros, poli
ciais e sem-terra durante os confrontos.
Em 2005, o M S T resolveu dar um a dem onstração de força, ao organizar a
M archa Nacional pela Reform a Agrária, com 15.000 m anifestantes. Iniciada
cm Goiânia, marcharam 200 km até Brasília. Pelo caminho, arrebentaram cer
cas e acam param em fazendas, m esm o sem autorização dos proprietários.
Concluíram a m archa no prazo previsto, com uma logística de fazer inveja a
muitos exércitos.
O m ovim ento prom oveu m anifestações em B rasília, sendo contido pela
polícia quando da tentativa de invasão do Congresso Nacional. Realizou quei
ma de bandeiras de países amigos e de organizações nacionais, além de arrua
ças diversas, o que não o im pediu de ter seus representantes recebidos pelo
presidente da República, a quem apresentaram inúmeras exigências.
No decorrer de 2004, surgiu o prim eiro escândalo, o dos bingos, que en
volveu W aldomiro Diniz e, por tabela, segundo a imprensa, respingou no todo
poderoso chefe da C asa Civil, o então ministro José Dirceu.
Não ficaria somente nisso. Os anos de 2005 e 2006 foram anos críticos para
o governo Lula. A crise recomeçaria com denúncias contra o deputado Roberto
Jefferson, envolvendo pagamento de propinas no Correio. Jefferson, por sua vez,
sentindo-se traído pelo governo, denunciou um esquema de corrupção envolven
do políticos da base aliada do governo: a distribuição, segundo ele, de propinas
para deputados votarem c aprovarem medidas de interesse do governo. O es
quema recebeu o nome de “ mensalão” . Era com a alegada distribuição dc dinhei
ro. a maioria em papel moeda - que não deixava rastro, nao assinava recibo, nem
incriminava que, segundo as denúncias, o executivo obtinha apoio na Câmara
dos Deputados para aprovação de suas propostas.
Repito, 2005 e 2006 foram críticos para o PT e para o governo Lula. Ten
tou-se, de todas as m aneiras, preservar o Palácio do Planalto e o presidente,
sob a inócua justificativa de que nada sabia. Assim m esm o, m em bros de seu
governo, com o o m inistro José D irceu, o m inistro Luiz G ushiken, A ntonio
Palocci e funcionários do segundo escalão, caíram com o peças de dom inó.
N a C âm ara, d ep u tad o s foram relacionados em um a lista de p ro v áv eis
cassados. O prim eiro foi R oberto Jefferson e logo a seguir José D irceu, que
reassum ira seu m an d a to de d ep u tad o . O utros ren u n ciaram para e v ita r a
A verdade sufocada - 5 2 9
“A tática do despiste
O aumento maior do salário mínimo, a operação lapa-buraco
nas t .11adas. o subsídio á contratação de empregados domésticos.
530'Carlos Alberto Brilhante Ustra
E, com o o próprio L ula diz que homem público faz cam panha todos os dias
do ano, Villas-Bôas C orrêa, do Jornal do Brasil de 22/02/2006, escreve, em
seu artigo:
“Opinião
A invasão do Congresso por militantes sem-terra tem de ser
vista na sua verdadeira dimensão. Não é apenas grave.
A depredação de um dos símbolos da República vai além de
um crime previsto no Código Penal e reflete a postura desses
movimentos contra o estado de direito e a democracia.
Mas não surpreende que tenha acontecido. A leniência de au
toridades com a sucessão de atos ilegais e crescentemente vio
lentos que vêm sendo cometidos pelo MST e similares serve de
estímulo para ações mais ousadas.Como a de ontem.
Que o Executivo, o Legislativo e o Judiciário entendam agora
o risco que o país corre pelo fato de a lei não valer para todos.”
á
A verdade sufocada - 535
Com tudo isso, pouco mais de um mês depois todos já estavam em liberda
de, inclusive Bruno Maranhão, que anunciou a intenção de processar o Estado.
As ações desenvolvidas pelo MST, e por outros m ovim entos dele deriva
dos, são tão eloquentes, anárquicas, violentas e crim inosas quanto as repercus
sões junto a N ação e a indiferença com que as autoridades, os órgão de segu
rança e expressiva parcela da mídia tratam do tem a em questão.
acam pam entos entre os m unicípios das M issões, Irai, Nonoai, Encruzilhada,
Natalino, Pontão e Passo Fundo. Isso explica a insistência em tomar a Fazenda
Coqueiro, da família Guerra, em Carazinho.
Com isso, o M ST pretende criar um território liberado que irá de M ato
G rosso do Sul ao U ruguai, sobre o qual os governos federal e estadual não
terão ingerência, a exem plo das “áreas liberadas” da Colom bia.
O MST invade, com ete crimes, faz retens, rouba, depreda.
Seus m etódos são os mesmos da guerilha rural.
Fontes:
Correio Braziliense,
Jornal Estado de Minas
www. m id iasemmascara.com .br
www.temuma.com.br
www.polibiobraga.com.br
Correio Brazilien.se
O Globo
WUNO UAAANHÁO. rr*mbro Cm txacutV* raciona!
a ir
S t sàá» Nâo me arrependo de nada'
o
Globo
Foto: Dida Sampaio/Agència Estado/AE
“Petista Bruno M aranhão teve direito a cadeira especial na posse,, passa
gem e hospedagem pagas pelo governo. Responsável pela invasão do C on
gresso no ano passado, que acabou com depredação das instalações da C â
mara, o líder do M ovim ento de Libertação dos Sem Terra (M LST), Bruno
Maranhão, teve direito a cadeira especial reservada a convidados vips da Pre
sidência na solenidade de posse no Palácio do Planalto...”
Indenizações...até quando?
O Seqücstro
Voltando à história de Jessie Jane e Colombo. Ela, após a prisão, foi para
o Presídio lalavera B ruce, em Bangu, e C olom bo foi para o Presídio da Ilha
Grande. Em 1972 casaram -se e continuaram presos. A “ditadura sanguinária”
perm itia que C olom bo fosse passar os fins de sem ana em Bangu. Às vezes,
Ficava até mais tempo.
Em 1976, da união nasceu a filha Leia. Jessie Jane, com o Criméia, também
alega tortura durante o parto no hospital.
No video Jessie e C olom bo aparecem dando banho no bebê recém -nasci
do e ela. am am entando a 1ilha, hoje com 30 anos, que, seguindo o exem plo do
filho de Criméia, tam bém requereu indenização do Estado.
Jessie e C olom bo continuaram na prisão até 9 de fevereiro de 1979, quan
do foram beneficiados pela Lei da Anistia.
E, agora, nós, contribuintes, vamos esperar mais cerca de 40.000 requeri
mentos de “torturados” e “perseguidos políticos” que hoje são “pobres vítimas”
dessa “ditadura sanguinária” que se preocupava com visitas íntimas, enxovais
de bebés, batizados, festinhas de aniversários, ceias de natal, etc”.,.
Som ente dessa fam ília são 14 processos!
5^6‘Carlos Alberto Brilhante Ustra
A m inha prim eira preocupação foi de, por interm édio de seus assessores,
informar ao Com andante do Exército, General Francisco Albuquerque, pois eu
era o primeiro m ilitar que eles tentavam processar por tê-los com batido.
A pós 8 dias de e sp era recebi a resposta de que o G eneral A lbuquerque
nada faria a respeito.
Durante os 7 dias que m e restavam procurei um advogado, em São Paulo,
que aceitasse fazer a m inha defesa.
Com a ajuda do m eu am igo Dr David dos Santos A raújo, D elegado de
Polícia de Sào Paulo, m eu antigo com andado no DOI, onde com bravura de
sempenhou suas funções, em poucas horas fui colocado em contato com o Dr
Paulo Esteves, um dos m aiores criminalistas de São Paulo, que aceitou fazer a
minha defesa. No dia seguinte, já estava na capital paulista, para que o Dr Paulo
Esteves, nos 5 dias restantes do prazo, apresentasse a minha Contestação. Ao
Dr David, esse bravo com panheiro, que não me deixou só num m om ento tão
difícil, rendo aqui a minha homenagem.
Em outubro desse a n o recebi uma C arta de Intim ação para com parecer
perante o Juízo da 23a Vara Cível, em São Paulo, no dia 08/11/2006. às 14:15
horas, a fim de participar d a audiência de Instrução, Debates e Julgam ento.
Por manobras jurídicas não fui ouvido, em Brasília, por C arta Precatória.
Viajei a São Paulo e no dia m arcado estava pronto para ser subm etido ao
julgamento.
As 12 horas, encontrava-m e no escritório do meu advogado, quando to
mamos conhecimento de um despacho do Juiz que assim dizia:
O Foro inicialmente era uma frente política que, aos poucos, toi sendo trans
formada pelo Partido Com unista Cubano em um a estrutura de com ando cen
tralizado, de cuja direção hoje fazem parte os principais grupos terroristas da
América Latina.
O Foro conta com um a rede de apoio que inclui sindicatos, grupos cultu
rais, organizações de base, m ovim entos indigenistas e outros, além de pu
blicações periódicas, sendo a principal a revista A m érica Livre, criada em
1992, editada em português e espanhol. Nela são publicadas as principais
resoluções políticas e orientações ideológicas dirigidas aos governos, parti
dos e organizações com prom etidas com a organização. N o prim eiro número,
ao fazer a apresentação da revista. Frei Betto afirm ou:
Bandeira do Foro
de São Paulo (a parte com
cinza escuro do mapa, na
foto original, è vermelha)
A verdade sufocada - 559
Rumo ao Socialismo
O Partido dos Trabalhadores sempre teve com o meta o c u p a ra Presidência
da República. M as o seu objetivo principal não é, apenas, assum ir o governo e
conquistar o poder.
Segundo o jornalista João M ellão Neto, em seu artigo "Inferno de Dante” :
Para meditar
“ A in c a p a c id a d e d e um p o v o p a ra p e rc e b e r os p e rig o s q u e
o a m e a ç a m é u m d o s s i n a i s m a is f o r t e s d a d e p r e s s ã o
a u to d e s tru iv a q u e p re n u n c ia as g ra n d e s d e rro ta s so c ia is. A
a p a tia , a in d if e r e n ç a a n te o p ró p rio d e s tin o , a c o n c e n tra ç ã o
d a s a te n ç õ e s em a s s u n to s s e c u n d á rio s a c o m p a n h a d a de to ta l
n e g lig ê n c ia a n te o s te m a s e s s e n c ia is e u rg e n te s, a ssin a la m o
to rp o r da v ítim a q u e , a n te v e n d o um g o lp e m ais fo rte do q ue
p o d e rá s u p o rta r, se p re p a ra , m e d ia n te um re fle x o a n e s té s ic o ,
p ara se e n tr e g a r in e rm e e s e m id e s m a ia d o n a s m ão s d o c a r
ra sc o , c o m o o c a r n e ir o q u e o fe re c e o p e s c o ç o à lâm in a.
M as q u a n d o o to r p o r n ão in v a d e so m e n te a a lm a d o p o v o ,
q u a n d o to m a ta m b é m a m e n te d o s in te le c tu a is c a v o z d o s
m e lh o re s , j á n ã o se e rg u e se n ã o p ara fa z e r c o ro à c a n tile n a
h i p n ó t i c a , e n t ã o s e a p a g a a ú l t i m a e s p e r a n ç a d e um
re d e s p e rta r d a c o n s c iê n c ia .”
X X X
Palavras finais
Em 1987, escrevi o meu prim eiro livro Rompendo o Silêncio - que pre
tendeu scr apenas uma resposta à injúria, à calúnia, às m entiras e ao engodo
de uma atriz. Jam ais pretendi reacender um a luta que para m im fazia parte do
passado. N ão houve intenção de revanehism o. Nem m esm o os nom es das
pessoas citadas no livro, com exceção das que já tinham assum ido seus atos,
eu tornei públicos.
A p esar de sem pre ser procurado pela im prensa, m antive-m e discreto,
resp eitan d o a Lei da A n istia e tentando c o n trib u ir para a u n ião , a paz e a
concórdia.
Este livro não tem a finalidade de reacender conflitos, nem de alim entar
ressentim entos. Não pretendo sequer contrapor-m e ao revanehism o estimula
do por alguns. N ão guardo m ágoa, rancor ou ressentim ento. N em m esm o as
calúnias das quais sou alvo me tiram o sono. O meu trabalho, principalmente na
época da guerrilha revolucionária, ensinou-me a conhecer m elhor a reação das
pessoas e a razão de suas ações. Ensinou-me a com preender que, para muitos,
fanatizados por uma ideologia, os fins justificam os meios.
Este livro pretende m ostrar às novas gerações o porque da Contra-Revolu
ção de 1964 e o porquê da luta arm ada que se desencadeou no País. É preciso
dar um basta ao m ito de que os subversivos e os terroristas lutaram contra a
ditadura m ilitar e pela liberdade. Fomos nós que lutamos para m anter a dem o
cracia no Brasil, regime que tanto prezamos.
Por isso tudo, tive de me alongar, vindo desde 1935 até o s dias de hoje,
ainda que superficial m ente, tentando fazer um resum o da trajetória das três
tentativas de im plantação de um regime com unista no B rasil. Detive-m e em
m aiores detalhes - nem tanto com o cu gostaria, por falta de espaço - sobre o
período da luta arm ada e do terrorism o no Brasil que, a meu ver, inicia-se em
1966, com o atentado ao A eroporto de G uararapes, indo até 1974, quando
foram praticam ente extintos.
Teria m uito m ais a escre v e r sobre esses dias: com bates travados, d es
mentidos de versões fantasiosas, mentiras ideológicas, m entiras forjadas para
justificar delações, m entiras por dinheiro (já que as indenizações são milioná
rias) e m entiras eleitoreiras (dizer-se preso político c dizer-se torturado, são
fontes inesgotáveis de votos). Teria m uito mais a escrever. A final, foram 20
anos de pesquisas.
Penso que fiz a m inha parte. Agora, concito a todos os que conhecem essa
história e que trabalharam para pacificar o País, para que escrevam , relatando a
nossa saga. Sem ódio, sem rancor, sem revanehism o. Q uantos livros foram
escritos sobre nossa lula? Poucos, pouquíssimos.
5 6 6 - C a r lo s A l b e r t o B r i l h a n t e U s t r a
Sei que as dificuldades são muitas. A começar pela editora que norm alm en
te não quer correr o risco d e editar. Depois as livrarias. D epois a m ídia, que
abafa o lançamento. Enfim, são inúmeras as dificuldades. Entretanto, temos de
m ostrara verdade.
Chega de mitos.
C hega de pensarem que enfrentam os estudantes indefesos, que lutavam
pela liberdade e contra a ditadura!
Chega de silêncio!
E screv am . F açam o s c o m o eles, m esm o não sen d o e s c rito re s , co m o
eu não sou, e scre v a m . E le s já têm c e n te n a s de livros p u b lic a d o s e bem
difundidos.
E preciso não deixar que os vencidos continuem reescrevendo a história
E preciso acabar com o m ito de que matamos pessoas inocentes e as enter
ramos em cemitérios clandestinos.
Precisamos acabar com histórias como a que ouvi de um motorista de táxi,
que levava a mim e a minha mulher ao Hotel de Trânsito de São Paulo, construído
no terreno de um antigo quartel. Contou-me ele que, quando demoliram o quartel,
“encontraram ” centenas de esqueletos de pessoas mortas pela ditadura enter
radas ali, clandestinamente.
E m ister trabalhar para que, ao passar em frente ao QG do II Exército, hoje
Comando M ilitar do Sudeste, os taxistas nos contem que ali morreu o soldado
Mário Kozel Filho, jovem de 18 anos, vitim ado por terroristas que jogaram
uma Kombi cheia de explosi vos contra o quartel.
E preciso que eles nos contem com o Lam arca - o traidor, o herói das e s
querdas - e seu bando, m ataram a coronhadas de fuzil o tenente da Polícia
Militar de São Paulo, A lberto M endes Junior, refém e desarmado.
Urge que nos contem com o morreu David Cuthberg, marinheiro inglês que
visitava nossa terra, apenas porque representava o “imperialismo inglês”.
E preciso que ao passar pela Alam eda Casa Branca, em São Paulo, os
motoristas de táxi nos informem que naquele local morreu, em confronto com a
polícia, Carlos Marighella, o ideólogo do ten or.
Para o resgate da história, é necessário que os passageiros que d e se m
barcam no A eroporto de G u ararap es - R ecife - possam ler, num a p laca e
num local visível, no saguão principal do aeroporto, que ali a A ção Popular
praticou um ato terrorista, m atando um jo rn alista, um alm irante e ferindo
gravem ente treze pessoas.
E im preterível que as novas gerações saibam porque determ inadas pes
soas, que hoje se dizem ex-exiladas e perseguidas políticas, fugiram do País.
Senhores governantes, criem uma com issão isenta, sem a participação de
ex-m ilitantes de organizações subversivas ou de antigos integrantes d o s ór
A verdade sufocada - 567
gãos de segurança, para que ela tenha realm ente credibilidade, e abram os
arquivos da ditadura. M as abram tam bém os arquivos da esquerda, sem cen
sura. A bram os depoim entos de próprio punho que os presos escreveram e
que estão arquivados no STM . E abram os arquivos não som ente dos sub
versivos e terroristas presos, m as tam bém dos que fugiram do País para não
responderem a processos por seus atos. Abram os arquivos do PCdoB para
que o povo saiba o que os “estudantes”, que se em brenharam nas selvas do
Araguaia, pretendiam fazer.
É preciso que o País conheça os crim es que os vencidos dessa guerra suja
cometeram e, principal mente, as intenções que os levaram a praticá-los.
Finalm ente, estim o que A Verdade Sufocada tenha trazido ao leitor a real
dim ensão de certos fatos, m ostrando as m otivações que os provocaram e as
conseqüências deles advindas, para que a história recente deste País seja revis
ta com imparcialidade.
Indice Onomástico
Jorge C a v a le ,o ......................................................................................
Jorge Eduardo Saavedra D urão....................................................................... 4 1 7
Jorge Félix Barbosa........................................................................................... 7 1 7
Jorge Leal Gonçalves Pereira.................................................................. 463,488
c 273
Jorge Luís D antas.....................•.............................................................................
Jorge Medeiros Valle (O Bom Burguês)...............................218,278, 360, 376
Jorge Raimundo N ahas...................................................................................... ~ 7 4
José Adalberto Vieira da S ilv a......................................................................... ^29
José Adcildo Ramos.......................................................................... 214,217,219
José Aleixo Nunes.............................................................................................. 3 4 3
527
José A lencar................................................................................................... .
José André Borges........................................................................... 215,217, -1
José Anselmo dos Santos (Cabo Anselmo).............................................. 6 7 ’ 1511
99
José Antônio da Silveira.........................................................
240
José Antunes Ferreira............................................................
José Araújo N óbrcga...................................................... 190,194,207,258,418
José Augusto Brilhante Ustra..............................................................................
José Augusto Silveira de Andrade N etto............................................................ 1 3
José Banhara da Silva....................................................................... 272.275,384
José Bartolomeu Rodrigues de Souza......................................................280,494
José B astos........................................................................................................
José Bernardo R osa..............................................................................................
201
José Bonifácio G uereto.....................................................................................
José Caetano Lavorato A lv es.........................................................................
.lose
. . .( anavarro IV ic iia ................................................— T>i* 222.286.326.327
*
José Carlos da Costa..........................................................................................413
José Costa Cavalcanti........................................................................................ 163
José Dan de Carvalho............................................................................... 329,331
José de Magalhães Pinto (Magalhães Pinto)..................89, 102, 122, 125, 163
José Dirceu de Oliveira e S ilv a......................................................... 27,29, 140,
141,181, 185, 186,227,232, 368,369, 370,418,471,472,528
José do Amaral Villela.......................................................................................377
José Duarte dos Santos................................................... 215,216,217,218, 324
José Emídio dos Santos........................................................................................55
José Ferreira C ardoso........................................................................................216
José Fidelis Augusto S arn o ....................................................................... 133,180
José Francisco Severo Ferreira........................................................................ 158
José Genoino....................................................................................................... 529
José G eraldo......................................................................................................... 89
José Gersino Saraiva M a ia ............................................................................... 280
José Getúlio B orba.............................................................................................342
José Gonçalves C onceição............................................................................... 183
José Gonçalves de L im a...............................................................................,...216
José Guimarães........................................................................................... 145,185
José Hermito de S á .............................................................................................. 50
José Ibraim..................................................................................................212,232
José Inoccncio Pereira.............................................................................. 494,498
José Jarbas Diniz C crqueira................................................................... 134, 180
José Joaquim de Almeida.................................................................................... 49
José Júlio Toja Martinez.................................................................. 237, 373, 379
José Lavechia.......................................................................... 257, 258, 260,488
José Leonardo Sobrinho.................................................................................... 216
José Linhares........................................................................................................ 43
José Luis Moreira G uedes.................................................................................179
José Luiz Sávio C osta.......................................................................................... 13
José Mário Cavalcanti..........................................................................................50
José Marques do N ascim ento................................................................. 240,343
José Maurício G radei................................................................................ 272,274
José Mendonça dos Santos...............................................................................477
José Menezes F ilho.............................................................................................. 50
José Michel G odoy.................................................................................... 215,217
José Milton Barbosa................................................................................. 272,274,
297, 330, 353, 354, 383, 384, 392. 393,485, 493, 586
José Mitchell ..........................................................................................................14
José Nobre Guimarães.......................................................................................529
José Nonato M endes......................................................................................... 167
José Oliveira Silvestre........................................................................................ 155
José Raimundo da Costa...................................................................247,409,493
José Ribamar Ferreira de Araújo Costa (José Sarney) ....................... 22,28,
444,451,453,457, 465,466, 467
José R icardo C am polim de Alm eida .. ..........................................................298
José R oberto A rantes de A lm eid a...... ........................................368, 372,493
José R oberto M o n te iro ........................... ..........................................................378
José R oberto S p ic g n e r........................... ..........................................................376
José R odrigues  ngelo J ú n io r............. ..........................................................247
José R onaldo Tavares de Lira e Silva ........ 65, 153, 189, 190, 193, 194,274
José S am paio X a v ie r.............................. .................................................... 48,50
José S ebastião Rios de M o u ra ............ ................................................. 228,231
José Sérgio V a z ........................................ ..........................................................358
José S erra .................................................. ........ 74, 126, 162, 179,479,482,527
José S cverino B a rre to ............................ .................................................. 155,587
José S oares dos S a n to s ......................... ..................................................496,498
José W ilson L cssa S a b a g ...................... .................................................. 342,492
Jo s e fina B a c a r iç a .................................... .......................................................... 420
Josefin a D am as M e n d o n ç a ................. .......................................................... 403
Joseph G o e b b e ls ...................................... .......................................................... 474
Jovelina Tonello do N ascim en to ......... ...........................................................324
Jüan D om ingo P e ró n .............................. ........................................................... 135
Jüan M aria B o rd a b e rry ......................... ........................................................... 135
Juarez de D eus G om es da S ilv a ........ ............................................................. 13
Juarez G uim arães de B r ito ................. ....................................................65,254,
255, 271, 273, 313, 314, 417, 418,492
Júlio A ntonio Bittencourt de Alm eida ...........................................................324
Júlio C ésar B ueno B ra n d ã o ................ ..........................................................216
Júlio C ésar Senra B a rro s ..................... ..........................................................216
Júlio Ferreira Rosas F ilh o .................... ...........................................................358
Júlio M aria S a n g u in c tti......................... .................................................. 452,460
Júlio M esquita F ilh o ............................... .............................................................63
Juscelino K ubtischeck de O liveira .... ......................................................28,42,
44, 60,61, 125, 130, 238, 266,436
Juvcncio Saldanha L e m o s.................... ......................................... 147, 150, 167
Karl L o e w e n s te in ................................... ........................................................... 164
Ladislas I)o w b o r (J a m il)...................... ....... 198, 200. 201,246. 247.250. 274
Ladislav Bittman............................................................................... 118, 119, 120
Laerte Dorneles M éliga............................................................................ 329,331
Ladislau Crispim de Oliveira.............................................................................298
Laudo Leão de Santa Rosa................................................................................. 50
Laudo N atel........................................................................................................ 395
Lauriberto José R e y e s........................................................... 343,368, 372,494
Lech W aleska..................................................................................................... 529
Leitão de Abreu.................................................................................................. 234
Leôncio Queiroz M aia............................................................................... 215,216
Leonel de Moura Brizola.......................................................... 45,61,62, 64, 6 6 ,
76,77, 109, 123, 129, 131, 141, 144, 145, 146, 150, 151, 152, 153, 178, 200,
215,357,467,479
Leonel Miranda....................................................................................................163
Leonidas Fernandes C ardoso...........................................................................479
Leônidas Pires Gonçalves......................................... 12, 22, 437,455,460, 479
Libero Giancarlo G ontiglia....................................................................... 173,489
Libório Schuck.................................................................................................... 342
Lídia Guerlenda........................................................................ 335, 383, 385, 386
Lígia Maria Salgado Nóbrega........................................................ 399,463,494
Lilian Celiberti..................................................................................................... 450
Lincoln Cordeiro O est....................................................................... 73, 173, 494
Linda Tayah............................................. 297, 383, 384, 385, 387, 390,391,485
Lino Vitor dos Santos........................................................................................... 50
Liszt Benjamin V ieira............................................................. 247, 250, 274,408
Lucas Furtado..................................................................................................... 509
Lúcia Albuquerque V ieira................................................................................. 386
Luciana Sayori Shindo........................................................................................386
Luciano Márcio Prates dos S antos.................................................................. 109
Luciano Salgado Campos.................................................................................... 99
Lúcio C osta........................................................................................................... 44
Lúcio Flávio Uchôa Regueira........................................................................... 324
Luís Affonso Miranda da Costa Rodrigues........................................... 496,499
Luís Alberto Gomes de S ouza............................................................................74
Luís Almeida Araújo.................................................................................. 359,489
Luís Antonio da Gama e S ilv a .......................................................................... 163
Luís Antônio Sampaio...................................................................... 272. 273, 484
Luis Carlos P restes.......................................................................................32,34,
3 8 ,4 3 .4 5 ,4 6 ,4 7 , 5 1 .5 6 , 62, 63, 64. 66, 112,138
Luis Eurico Tejcra Lisboa .................................................................474, 4 8 4 .4 8 9
............................................................................................. 1 0 9
Luis Gonzanga Schrocder Lessa ...
......171,474,476,477,478,495
Luís José da C unha.........................
.............. 168,335
Luís M ir............................................
Luiz Alberto Barreto Leite Sanz ...
.................... 324
Luiz Augusto Pereira.....................
Luiz Carlos Almeida Prado...........
.................... 5013
................................... ” ” ” ” ” ............................................................................................................
... zzzz.........50
Perí Igel........................................................................
Péricles Leal B ezerra................................................
........... .................................................... 7 4
Périclcs Santos de Souza..........................................
...................................431
Pérsio A rida................................................................
.................................... 1 2 1
Phillis P ark er.............................................................
................................................................... 247
Plínio Petersen Pereira (G aúcho)...........................
.
zzzzz......... 90,91
.....................................................................324
Rafael de Falco N eto................................................
Raimundo Ferreira de Sousa...................................
............ 496,498
Raimundo Ferreira Lim a..........................................
Raimundo Gonçalves figueiredo............................................................ ’
Raimundo Salustiano de Souza................................................ asq
Ramires Maranhão do Vale.................................................... 281..................
.............. 59,61, 123
Ranieri M azzilli.........................................................
281,359, 360,413,495
Ranúsia Alves Rodrigues........ ................................
.................................136
Raul Reyes (Luis Antonio Devia)..........................
Raym undo de C arvalho A n d ra d e ..............................
......... 183
Rolando F ratti.....................................................................................................232
Roldão A rruda...................................................................................................... 26
Romeu T u m a..............................................................................................315,413
Romildo Ivo da Silva.......................................................................................... 403
Rômulo Betancourt............................................................................................. 130
Ronaldo Fonseca R o ch a................................................................................... 376
Ronaldo Mouth Queiroz................................................................. 403, 404, 495
Ronan Costa Pinto.............................................................................................. 5 3 1
Roque Aparecido da Silva................................................................................. 324
Rosalindo de Souza (Mundico).............................................. 362, 363, 486, 498
Rose Spina.......................................................................................................... 548
Rubens Paiva...................................................................................................... 4 8 4
Rui Carlos Vieira B erbert.............................................................. 3 4 3 , 367 368
Rui Przewodowski.............................................................................................. 108
Ruperto Clodoaldo Alves Pinto.........................................................................456
Ruth Herrn ini a .................................................................................................... 3 5 9
Ruy M esquita............................... ....................... II I. 122
Salatiel Teixeira R olim ................ ....................... 281. W
Salomão M alina............................ ....................... 103.112
Salvador Allende........................... ...............132, 134, 378
Samuel Aarão Reis....................... .................................324
Sandra Lazzarini........................... .................................358
Sandro Guidalli.............................. ........................... 14,332
Sávio C osta.................................. .........13, 145, 150,586
Sebastião C am argo..................... .................................328
Sebastião C haves........................ ................................206
Sebastião Gomes da Silva.......... ..........................492,498
Sebastião Tomaz de Aquino....... .........................155,159
Sérgio Amaurí Ferreira.............. .................................. 403
Sérgio Buarque de Gusm ão....... .................................. 157
Sérgio Capozzi............................. ........................ 367, 368
Sérgio C o rreia............................. 242, 302, 343,497,499
Sérgio da Silva Taranto.............. ..................................377
Sérgio de Oliveira C ruz.............. ..................................215
Sérgio H olm os............................. ....................................40
Sérgio Landulfo Furtado............ ........................ 377,490
Sérgio Lúcio de Oliveira e C ruz. ..................................217
Sérgio M otta................................ ..................................482
Sérgio Pa ranhos Fleury.............. ......................... 345,413
Sérgio Rubens de Araújo Torres ................. 228,231,378
Sérvulo da Mota L im a ............... ......................... 315,395
Severino C avalcanti................... ..................................529
Severino Mariz F ilh o ................. .................................... 14
Severino Viana Collon............... .................................. 197
Sidney Fix Marques dos Santos ..................................497
Sidney Junqueira Passos........... ..................................214
Sidney Kozel............................... ....................................192
Silvia Maria B. P ra ta ................ ................................... 477
Silvano Amâncio dos Santos..... ...................................343
Silvano Soares dos Santos........ .......................... 497,499
Sílvia Peroba Carneiro Pontes .. ......................... 366,367
Sílvio de Albuquerque M ota..... ...................................368
Sílvio de Souza G om es.............. ..................................216
Sílvio Hcck.................................. ....................................61
Sílvio Saturno C orreia............... .....................................97
Sizeno Sarmento................................................................................................. 3 7 4
Sobral Pinto.......................................................................................................... 1 6 6
Sócrates Gonçalves da Silva...............................................................................4 9
Solange Lourenço G om es................................................................................. 3 7 7
Sônia Eliane Lafoz (Eliane Lafoz)........................................ 272, 274, 377,418
Sônia Hipólito...................................................................................................... 3 4 4
Sônia Maria de Moraes Angel Jones............................................ 474,475, 495
Sônia Maria Sampaio Além ...............................................................................403
Sônia Regina Yessin R am o s.............................................................................324
Stela M orato............................................................................................... 171,515
Stuart A ngel........................................................................................................ 3 7 7
Sueli Nunes......................................................................................................... 385
Suzana Keniger L isboa.............................................................................393,484
Suzana Kozel Varela.......................................................................................... 192
Suzana Marcolino...............................................................................................469
Sidney Junqueira P assos...................................................................................214
Sylas Bispo Feche.................................................................. 394, 397, 398,475
Sylvio Demetrio Almeida....................................................................................109
Sylvio Ferreira da S ilv a ................................................................... 155, 156, 159
Sylvio Frota....................................................................................... 374,436, 439
Tabaré Vasquez.................................................................................................. 1 3 5
Taís M orais......................................................................................................... 310
Takao Amano..............................................................................................324,380
Tales Alvarenga..................................................................................................562
Tancredo N ev es........................................................................ 61,444,448, 465
Tania Manganelli.................................................................................................418
Tânia Rodrigues Fernandes..............................................................................274
Tarso D utra......................................................................................................... 163
Tarzan de C astro................................................................................................ 13 9
Telles M emória...................................................................................................214
Tercina Dias de O liveira................................................................................... 274
Tereza  ngelo................................................................................. 272, 274, 323
Tereza Cristina de Albuquerque...................................................................... 547
Tereza Kozel....................................................................................................... 192
Themistocles Castro e S ilv a ............................................................................... 14
Theodomiro Romeiro dos Santos.................................................................... 279
Therezinha Viana de A ssis....................................................................... 497,499
Thomas B rady..................................................................................................... 1 19
Thomas Paulino dc A lm eida.............................................................................372
Thomaz Antônio da Silva Meirelles N eto............................. 359, 412,413,490
Tibúrcio Souza Barbosa.................................................................................... 279
Thimothy William Watkin R o ss........................................................................377
Tito de Alencar L im a.............................................................. 185,324,497,499
Tobias W archavski...............................................................................................54
Torres de M elo ..................................................................................................... 14
Ubirajara Vieira das N eves...............................................................................150
Ubiratan de Souza......................................................................................258,324
Ubiratan Vatutin Herzcher B orges..................................................................324
Ulisses Guimarães..............................................................................................467
Umberto Illia.............................................. 129
Univcrsindo D ias................................................................................................450
Valdemar Costa Neto.........................................................................................529
Valneri Neves A ntunes............................................................................. 258,324
Valter de Oliveira Pereira................................................................................. 217
Venaldino Saraiva............................................................ 109, 110,498,499, 504
Venâncio Dias da Costa.................................................................................... 335
Vera Maria Rocha Pereira....................................................................... 324,356
Vera Silvia Araújo de Magalhães.................................................... 228,231,274
Vicente Santos................................................................................................54,55
Victor Paz Estensoro......................................................................................... 129
Villas-Boas Correa.............................................................................................530
Vinícius Caldeira Brandt....................................................................74, 131, 179
Vinícius Medeiros Caldev illa ............................................................................ 368
Virgílio Gomes da S ilva..................167, 228, 229, 230.231, 252, 342, 380, 490
Virgílio Soares de Lima......................................................................................147
Vítimas do terrorismo.......... 511,512,513,514,515,516, 517,518,519,520,521
Vítor Buaiz.......................................................................................................... 482
Vitor Fernando Sicurella Varella......................................................................200
Vitorino Alves M outinho..................................................................281,359, 490
Vladimir Gracindo Soares Palmeira....................179, 180, 181, 183, 186,227,232
Vladimir Herzog........................................................ 25,266, 301,435,437,495
Von H olleben.................................................................................... 271, 272, 27:>
Waldir Carlos Sarapu................................................................................. 194,347
Waldir de Souza Lim a......................................................................................... 97
Waldo Domingos C laro....................................................................................... 78
Waldomiro D iniz................................................................................................. 528
Waldyr C oelho...........................................................................................224,420
Walter Aparecido Santos........................................................................... 475
Walter Fernandes da S ilv a ........................................................................... 55
Walter Jo ly ................................................................................................. 298
Walter M artins................................................................................................. 7 3
Walter de Souza e S ilv a ..................................................................................... ..
Walter S uppo..................................................................................................... ..
Walder Xavier de L im a..................................................................................... 279
Wanderley C aixe....................................................................................... 250,251
Wânia de Aragão-Costa..................................................................................... ..
Wünio José de M atos................................................................................ 324,497
Washington Alves da S ilv a................................................................................ 3 2 4
Washington Adalberto Mastrocinque M arlins................................................368
Wellington Moreira Diniz................................................................ 3 1 3 , 324, 418
Willy Seixas....................................................................................................... 9 9
Wilson Conceição P in to .................................................................................... 3 5 1
Wilson Egídio Fava................................................................. 1 8 9 , j 9 0 , 1 9 4 , 3 4 7
Wilson França................................................................................................... 5 0
Wilson Luis Alves M achado.............................................................................4 4 3
Wilson Nascimento Barbosa............................................................215,216,324
Wilson Souza Pinheiro............................................................................... 493
Wladimir Ventura Torres P om ar...................................................................... 1 7 3
Voshitame Fujimorc..................... 207,212,257,258,262,266, 343,345,464,493
Yuri Xavier Pereira....................... 225,330,331,335,354,366,385,401,403,475
Zacarias Bispo da Silva F ilh o ...........................................................................279
Zeca Yu tak a ................................................................................................ 34Q
Zélia Cardoso de M ello..................................................................................... 468
Zulcika Angel Jones (Zuzu Angel)................................................ 266, 497, 499
Zuleika Sucupira.............................................................................. 422,423,461
BIBLIOGRAFIA
Correio Braziliense
Correio da Manhã
Diário de Notícias
Folha dc São Paulo
Jornal de Brasília
Jornal do Brasil
Jornal da Tarde
O Estado de São Paulo
O Globo
Tribuna da Imprensa
Periódicos semanais
Cruzeiro
Época
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Isto É
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O Pasquim
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Veja
I
Sites
www.acontinencia.cjb.net
www.aggio.jor.br
www.arquivonacional.gov.br
www.cpdoc.fgv.br
www.desaparecidospoliticos.org.br
www.diegocasagrande.com.br
www.escolasempartido.org
www.estadao.com.br
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www.grandecomunismo.hpg.br
www.midiasemmascara.com.br
www.mj.gov.br/anistia
www.olavodecarvalho.org
www.primeiraleitura.corn.br
www.puggina.org
www.reservaer.com.br
w w w. tern u ma.com. br