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digitalizações de livros específicos da sua área de conhecimento!
SERIE LEITURAS JURÍDICAS
PROVAS E CONCURSOS
DIREITO CIVIL
PARTE GERAL
V o lu m e 3
2* Edição
SAO PAULO
EDITORA ATLAS S.A. - 2007
Copyright © 2005 by E ditora Atlas S.A.
Bibliografia.
ISBN 978-85-224-4437-3
1. D ireito civil - C o ncursos - Brasil 2. D ireito civil - Legislação - Brasil 3. Parte geral (D irei
to) - Brasil I. T ítulo. II. Série.
D epósito legal na Biblioteca N acional conform e D ecreto n9 1.825, d e 20 de dezem bro de 1907.
Aos meus pais, João Nicolau Neto e Belenice Fabricio Nicolau, que, pelo
modo honesto, íntegro, brando e inteligente de se comportar diante de
suas vidas, serviram de norte para cada passo que dei na minha. Meu
desejo é que a satisfação e a sensação do dever cumprido que eu sinto em
apresentar este trabalho sejam idênticas àquelas que vocês, pais, possam
sentir em relação ao seu filho.
Sumário
Nota, xvii
Mensagem ao leitor, xix
Capítulo V p Do domicílio, 76
1 Diversas residências, 77
2 Pessoas sem residência habitual, 77
3 Domicílio necessário, 78
4 Domicílio convencional, 78
4.1 Cláusula de eleição de foro nas relações de consumo, 79
6 Singulares e coletivos, 94
6.1 Bens singulares, 94
6.2 Bens coletivos, 94
Questões, 203
llibliografia, 207
Capítulo I
Função e alcance da LICC
1 Função da LICC
Capítulo II
Vigência e eficácia das leis no tem po
1 Vacatio legis
A própria LICC, que deveria dar o exem plo sobre técnica le
gislativa, determ inação de validade de leis e revogação das an te
riores, precisou de um o u tro D ecreto-lei, 13 dias depois, apenas
para dispor sobre a sua própria vigência. É o D ecreto-lei n° 4.707,
de 17 de setem bro de 1942, que - em seu artigo único - dispõe:
2 Correção da lei
“Se a correção for feita den tro da vigência legal, a lei, apesar
de errada, vigorará até a data do novo diplom a legal publicado
[...]. Respeitar-se-ão os direitos e deveres decorrentes de norm a
publicada com incorreções ainda não retificada.”
D evem os nos lem brar de que a lei b rota exatam ente desta
relação social, deste convívio hum ano e deste reiterado com por
tam en to da coletividade num certo sentido. Se esta é um a das
fontes do Direito, deve tam bém ser respeitada com o um a força
que retira a eficácia das normas. Leis como a que disciplina o trân
sito de gado pela Avenida Paulista ou a que regulam enta estacio
nam ento de m ulas no centro de um a das m aiores m etrópoles do
m undo perderam eficácia por conta dos costum es, apesar de não
terem sido revogadas e, portanto, continuarem vigentes.
5 Princípio da continuidade
6 R e p ristin a ç ã o
7 Princípio da obrigatoriedade
Capítulo III
Os sistem as integradores do ordenamento
1 Analogia
2 Costumes
A em enta esclarece:
4 Eqüidade
Capítulo IV
Interpretação da lei
I Interpretação teleológica
Espécie de interpretação
Significado
quanto à fonte
Capítulo V
D ireito intertemporal
a partir da nova lei subm etem -se ao seu im pério e serão por ela
reguladas. A questão torna-se m ais com plexa quando a nova lei
se depara com relações p retéritas onde duas situações d istintas
se apresentam :
Na prim eira, a lei expressam ente retroage, regula situações
pretéritas, o que não é proibido por nosso ordenam ento. Aliás, é o
que se depreende do art. 6° da LICC e do art. 5Q, XXXVI, da CF.
Nada im pede que a norm a regule situações pretéritas, desde que
respeite o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada (sen
do então d enom inada lei retro ativ a ju sta ). E a lição de C arlos
R oberto Gonçalves (2003, p. 60): "no direito brasileiro a irretroa-
tividade é a regra, mas admite-se a retroatividade em determinados casos".
Silvio Rodrigues (2002, p. 29) ratifica: “Entre nós a lei é retroativa
/...] A lei retroage, apenas não se permitindo que ela recaia sobre o ato ju
rídico perfeito, sobre o direito adquirido e sobre a coisa julgada."
Uma segunda situação m ais freqüente é a nova lei alcançar
efeitos de atos praticados sob a égide de lei anterior. N esse caso,
ela não retroagiu, passando apenas a regular “conseqüências” de
atos constituídos an terio rm en te à sua vigência. E o que prevê o
art. 2.035 do Código Civil de 2002:
Capítulo I
Estrutura do D ireito privado
Capítulo II
Das pessoas naturais
1 Capacidade e personalidade
2 Nascituro
3 Capacidade de fato
“I - do m enor de 16;
II - dos enferm os ou deficientes m entais que não tenham
discernim ento;
III - de todos aqueles que não possam exprim ir sua vontade."
para que haja conhecim ento geral sobre o fato. É por isso que tal
em ancipação é cham ada de judicial.
Justificável o receio do legislador. Q uando a criança se vê
destitu íd a do poder fam iliar que lhe acobertava, n atu ralm en te
passará a depositar plena confiança naquele que lhe educa e ad
m inistra os bens. Se fosse perm itida sua livre em ancipação (o que
ensejaria a cessação da tutela), não é necessária grande dose de
malícia para perceber que o m enor poderia ser facilm ente in d u
zido pelo ex-tutor a negociar com ele, em condições não m uito
vantajosas. Daí a exigência de interferência estatal nesta hipóte
se (M P/SP - 82°).
Mas a em ancipação judicial tam bém poderá ocorrer quando
houver divergência entre os pais sobre sua concessão. De fato, a
norm a genérica do parágrafo único do art. 1.631 assegura a qual
quer deles recorrer ao juiz sem pre que houver desacordo no exer
cício do poder familiar. N essa hipótese, é novam ente o Juiz quem
decidirá, tom ando por conta o interesse do m enor.
Em caso concreto, pais solicitaram judicialm ente a em anci
pação do filho, confundindo a em ancipação voluntária com a ju
dicial. O pedido foi negado, visto que a trilh a judicial não era
necessária para tal situação. Bastava a escritura pública dos pais.
N estes term os:
“Pedido de Emancipação - Extinção - Possibilidade - M enor
a contar, presentem ente, com 20 anos de idade - Suficiente es
critura pública - Carência por ausência de interesse em pedir ju
dicialm ente e pela im possibilidade jurídica do pedido - Recurso
não provido" (Apelação Cível nQ76.776-4 - Cotia - 4a Câm ara de
D ireito P rivado - R elator: F onseca T avares - 08.0 4 .9 9 -
v. u.).
Cabe lem brar que os arts. 89 a 94 da LRP (Lei n9 6.015, de
31-12-1973) especificam o procedim ento do registro da em anci
pação voluntária e da judicial.
Todavia, ainda que sem decisão judicial e sem requerim ento
dos pais, alguns fatos relevantes têm o condão de autom aticam en
te gerar a em ancipação, antecipando a capacidade de fato do m e
nor. São hipóteses sérias, em que a lei dispensa escritura pública
D as P esso as 39
argum entando que para com eter crim e falim entar é necessário
contar com 18 anos e, portanto, para ser com erciante tam bém .
De qualquer modo, a em ancipação legal por essa hipótese tem -
mais um a vez - como requisito a idade m ínim a de 16 anos (M P/
MT - 2002).
6 Extinção da personalidade
6.1 Comoriência
6 .2 .2 Da sucessão provisória
Capítulo III
Direitos da personalidade
1 Características
pode sofrer limitação voluntária, desde que não seja permanente nem ge
ral. ”
Interessante aresto do T ribunal de Justiça do Rio de Janeiro
asseverou: “há que se distinguir o direito à imagem, inserido que está
no âmbito dos direitos da personalidade, portanto inalienável e
irrenunciável, do direito ao uso da imagem, que pode ser objeto de ces
são” (Apelação Cível n° 2.940/97. Relator: M oraes M arinho).
O u tra característica que deve ser cuidadosam ente analisa
da é a da im prescritibilidade dos direitos da personalidade. Tec
nicam ente, isso significa que a não-utilização de um d ireito da
personalidade por décadas não tem o condão de retirar do indi
víduo sua titularidade. Porém , um a vez violado um dos direitos
da personalidade, nasce para o agente a preten são de reparação
civil (art. 189), que prescreverá em prazos m aiores ou m enores,
dependendo do direito violado. A ssim , o direito de im agem do
fam oso artista não caduca, ainda que ele não a utilize com er
cialm ente por décadas. Porém , se ocorrer um a indevida utiliza
ção por algum órgão da im prensa, seu titu la r não pode quedar-
se inerte, pois contra ele teve início um prazo no qual deverá
pleitear sua respectiva indenização. Fábio U lhoa C oelho (2003,
p. 182) resum e:
3 Do nome
3.2.1 Estrangeiro
3 .2 .3 Erro gráfico
3 .2 .4 M udança de sexo
3.2.7 Adoção
4 D ireito à imagem
5 Direito ao corpo
5.1 Em vida
O direito à inviolabilidade do corpo hum ano e a segurança
que se outorga à sua integridade física são preocupações constan
tes do ordenam ento. O livre arbítrio confere ao titu lar a p rerro
gativa de proceder em relação ao seu corpo da m aneira que lhe
aprouver, resguardada a razoabilidade d en tro do exercício deste
direito. A ssim , são vedadas utilizações do corpo com in tu ito
atentatório à dignidade da pessoa hum ana, ou que contrariem a
m oral e os bons costum es.
U m a das conseqüências do direito que o indivíduo possui
sobre o próprio corpo é a possibilidade de doação em vida de
órgãos e tecidos do corpo hum ano, dentro dos parâm etros legais.
A lguns requisitos são exigidos pela Lei n Q 9.434/97: (a) só
podem ser doados órgãos duplos, ou partes do corpo cuja retira
da não impeça o organism o do doador de continuar vivendo sem
risco para a sua integridade; (b) a doação não represente grave
com prom etim ento das aptidões vitais e saúde m ental do doador;
(c) não cause m utilação ou deform ação inaceitável; (d) corres
ponda a um a necessidade terapêutica com provadam ente indis
pensável à pessoa receptora.
Senise Lisboa (2004, p. 265) ainda lem bra outras possibili
dades de utilização do próprio corpo, com o “relações sexuais, dis
posição do útero para alojar o produto de concepção humana por
inseminação artificial e a polêmica cirurgia de mudança de sexo".
Capítulo IV
Das pessoas jurídicas
“Q ualquer que seja a form a por que se form aram e seja qual
for a finalidade a que se destinem , são elas entidades reais e exis
tentes, unidades orgânicas que têm um a vida própria e desenvol
vem as suas actividades e funções. In d ep en d en tem en te dos indi
víduos, estas associações organizadas têm , com o o indivíduo, um a
capacidade patrim onial, que lhes é reconhecida pelo E stado.”
4.1 Fundações
4.2 Corporações
4.3 A ssociações
associações pela união de pessoas que se organizem para fins não econô
micos. ”
A associação pode te r com o objetivo a defesa, o in teresse e a
prestação de serviços aos seus associados. Im agine, v. g., um a
associação desportiva ou recreativa. O im p o rtan te é que ela não
tenha com o objetivo final o lucro. Este pode até advir, m as com o
meio de se atingir o fim p ro p o sto pela associação. Fábio U lhoa
Coelho (2003, p. 255) com enta:
“A rt. 4 4 ...........................................
IV - as organizações religiosas;
V - os partidos políticos.
§ 1° São livres a criação, a organização, a estruturação in ter
na e o funcionam ento das organizações religiosas, sendo vedado
ao poder público negar-lhes reconhecim ento ou registro dos atos
constitutivos e necessários ao seu funcionam ento.
§ 2° As disposições concernentes às associações aplicam -se
subsidiariam ente às sociedades que são objeto do Livro II da Parte
Especial deste Código.
§ 3Q Os partidos políticos serão organizados e funcionarão
conforme o disposto em lei específica.”
4.4 Sociedades
Porém, não foi o que aconteceu e o veto sim plesm ente recaiu
sobre o parágrafo prim eiro, que - com o já dissem os - nada de
novo trazia. Com este equívoco m anteve-se em vigor o terrível
§ 5°. Entendo que não se pode considerar eficaz referido parágrafo,
prestigiando u m engano em d etrim en to de toda um a construção
d o utrinária ab so lu tam en te solidificada e que visa - em últim a
análise - proteger a coletividade. A ssim com o na vida, toda defe
sa exacerbada acaba por prejudicar o protegido. Levar a proteção
do consum idor às últim as conseqüências, com o é o caso do § 5o,
significa d esestim ular o im pulso para a criação de novas pessoas
jurídicas e de novos fornecedores, o que d esestim u la a concor
rência e coloca o consum idor nas m ãos dos poucos “sobreviven
te s ” de u m m ercad o já fam o so p ela rara lo n g ev id ad e
diante de fatores com o a tributação explosiva, a concorrência com
produtos piratas, o pagam ento de "um funcionário a m ais para
os cofres públicos a cada funcionário efetivam ente co n tratad o ” e
da condescendência estatal com o m ercado ilegal (MAGISTRA
TURA FEDERAL/3â REGIÃO - 2001).
Zelm o D enari (GRINOVER, 2001, p. 212) conclui:
Capítulo V
Do domicílio
1 Diversas residências
3 Domicílio necessário
4.1 C lá u su la d e eleição d e fo ro n a s re la ç õ e s d e c o n su m o
Capítulo I
Bens. Segundo elem ento da estrutura do direito subjetivo
I Conceito
Capítulo II
D os bens considerados em si m esm os
Essa foi um a operação m u ito sim ples que a lei efetuou. Indi
vidualizou um bem e - exclusivam ente sobre ele - elaborou sua
prim eira classificação. N ão se im p o rto u com o dono, com o u tro s
bens porventura a ele relacionados, enfim , tom ou o bem por si
mesm o, individualm ente e de acordo com as principais caracte
rísticas, agrupando-o em cada um a das categorias.
1 Imóveis
I
N ote que patrim ônio significa conjunto de bens, direitos e
obrigações e, p o rtan to , não há certeza do quantum que cada h e r
deiro receberá. A ntes de as cotas dos herdeiros serem devidam en
te transm itidas, cada um deles tem o direito à sucessão aberta.
O art. 1.791 resum e:
2 Móveis
3 Fungíveis e infungíveis
5 D ivisíveis e indivisíveis
6 Singulares e coletivos
Capítulo III
Classificação dos bens considerados uns
em relação aos outros
1 Principais
2 Acessórios
2.1 Benfeitorias
rias são as realizadas para m ero deleite, com o, por exem plo, a
piscina, a churrasqueira, a sauna. O Código conceitua no art. 96,
§1°: “São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam
o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de
elevado valor. ”
Já as benfeitorias úteis são aquelas que, ainda que não sejam
consideradas indispensáveis à m an u ten ção do bem , a u m en ta
riam seu valor ou facilitariam seu uso. Um bom exem plo é a cons
trução de um dorm itório a m ais na casa ou a am pliação da cozi
nha. O Código assim define: "São úteis as que aumentam ou facili
tam o uso do bem. "
Por fim, as benfeitorias necessárias têm com o característica
a “conservação” do bem. Tendem a evitar a ruína do principal. Ex.:
troca das telhas quebradas de um a casa que co n stan tem en te ala
gava com as chuvas. O Código conceitua: “São necessárias as que
têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore. ”
2.2 Pertenças
Necessárias
100 D i r e i t o C iv il
Capítulo IV
Classificação dos bens considerados em sua titularidade
1 Públicos
2.1 Inalienabilidade
2.2 Impenhorabilidade
Código Civil, os bens dominiais, como os demais bens públicos, não po
dem ser adquiridos por usucapião. ”
A questão perm anece polêmica quando a hipótese é de usuca
pião de herança jacente. D uas correntes principais se formaram.
A prim eira su sten ta que é a declaração de vacância que confere
ao m unicípio a titularidade dos bens e por isso haveria a possibi
lidade de atos possessórios no período de jacência, decorrendo daí
a usucapião como efeito principal. A segunda corrente afirma que
não há tal possibilidade, pois não há patrim ônio sem sujeito e
desde a ab ertu ra da sucessão o bem já considera propriedade
pública, ainda que resolúvel.
Públicos
Particulares
Vedada a Usucapião
Capítulo V
Bens fora do comércio
alm ejava ficassem fora de circulação (v. g., bem de fam ília con
vencional, os bens dotais).
O corre que o legislador de 2003 sabiam ente não rep etiu o
dispositivo e, conseqüentem ente, o capítulo “Coisas que estão fora
do comércio” não mais integra nosso ordenam ento.
Isso não significa que as coisas fora do com ércio deixaram de
existir. Elas existem e estão previstas em dispositivos esparsos
pelo Código, que - como já dissem os - prefere m antê-las fora da
circulação m aterial hum ana. O art. 100, retroanalisado, traz um
exem plo de bem fora do com ércio. A própria n atu reza dos bens
públicos de uso comum do povo e dos de uso especial grava-os com tal
im possibilidade. O art. 1.911 traz m ais um exem plo desta espe
cial categoria de bens. D esta vez é a vontade do hom em que ali
os inclui. E a hipótese da cláusula de inalienabilidade im posta pelo
te sta d o r. T al c láu su la ain d a im plica: " impenhorabilidade e
incomunicabilidade”. O art. 1.848 exige para tal restrição a decla
ração de ju sta causa no “te sta m e n to ”. O Projeto nQ 6.960/2002
pretende to rn ar desnecessária a ju sta causa quando a restrição
versar sobre incom unicabilidade.
Enfim, a supressão do penúltim o Capítulo do Livro II não traz
relevantes conseqüências para o m u n d o prático. A categoria es
pecial destes bens continua existindo, em bora sem um a previsão
genérica a seu respeito.
1 Bem de família
Capítulo I
Introdução ao estudo dos fatos. Terceiro elem ento
do direito subjetivo
Capítulo II
Conceito e classificação
FATOS
4 A tos lícitos
Por sua vez, há condutas nas quais a vontade é sim plesm ente
ignorada e o Direito se im porta apenas com os efeitos daí decor
rentes. O consagrado exemplo da criança que com pra um refrige
rante na padaria com o dinheiro do pai (a ilustração é de Moreira
Alves) ilustra bem o ato-fato jurídico. Ao inserir tal atitude no
campo dos negócios jurídicos, estaríamos fulm inando-o de nuli
dade absoluta (art. 1 6 6 ,1), o que não é socialmente tolerável.
Para esses casos, o que im porta é a conseqüência, os efeitos
daí decorrentes, e não a vontade ou intenção do agente em pro
duzi-los. Dessa forma, o indivíduo que conduz o autom óvel de
m odo diligente e - desviando abruptam ente sua trajetória para
não atingir criança no meio da rua - destrói o m uro de um a casa,
apesar de ter praticado ato lícito (e até heróico), deverá pagar
ressarcim ento ao p ro p rietário do m uro, pois pouco im porta a
intenção, a vontade do agente, e sim a conseqüência que foi pre
judicial ao dono do imóvel (MP/RS - XLII).
Do m esm o modo, se o louco encontrar depósito antigo de
coisas preciosas, ainda que não seja em imóvel de sua proprieda
de, terá direito à m etade do seu valor, pois a sua vontade não é
levada em conta e sim a conseqüência do seu ato-fato. N ovam en
te, não seria razoável sustentar pela não-produção de efeitos deste
com portam ento.
O autor da Parte Geral do Código Civil, M oreira Alves (in
Revista de Informação Legislativa, p. 8, out./d ez. 1973) conclui:
“Os atos jurídicos em geral são ações hum anas que criam,
modificam, transferem ou extinguem direitos. Mas as ações h u
manas que produzem esses efeitos jurídicos dem andam discipli
Dos F atos Ju ríd ico s 117
Atos Lícitos
Negócios Jurídicos
Ex.: contrato de
l Ato-fato jurídico
Ex.: ato danoso
compra e venda de Atos jurídicos em
praticado em
bem imóvel. sentido estrito
estado de
Vontade Ex.:
necessidade.
qualificada Reconhecimento
Vontade
de paternidade,
desprezada
fixação de
domicílio.
Vontade
desprestigiada
C ap ítu lo III
T e o ria g eral d o s n eg ó cio s ju ríd ico s
2.1 V o n ta d e
2 .J.2 D a representação
2.1.3 A utocontrato
2 .1 .4 Reserva m ental
3.1 C ap ac id ad e
Capítulo IV
Elem entos acidentais dos negócios jurídicos: condição,
termo e encargo
1 Condição
pio, um casam ento que possa se desfazer autom aticam ente caso
a sogra venha residir na casa dos cônjuges (OAB/SP - 104s).
2 Termo
3 Encargo
C ap ítu lo V
D efeito s d o n eg ó cio ju ríd ic o
1 In tro d u ç ã o
4 Erro
4.2.1 Substancialidade
5 Dolo
O dolo pode tam bém ser exercido por outrem , que não tem
relação com o beneficiado pelo dolo. Im agine, por exem plo, o
corretor de imóveis que engana o adquirente ao detalhar as ca
racterísticas do imóvel pretendido. N ão seria ju sto anular o n e
gócio jurídico caso o beneficiado não tivesse ciência do engano
provocado, só restando à vítim a reclam ar perdas e danos do ter
D os F atos Ju ríd ic o s 153
Vale lem brar que o dolo bilateral não poderá ser alegado por
nenhum a das partes. E a p u ra aplicação do princípio de que “nin
guém alega em seu favor a própria torpeza”. E o que afirm a o art. 150:
“Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo para
anular o negócio, ou reclamar indenização." Darcy M iranda (1995, p.
77) com enta:
6 C oação
7 E sta d o de p erig o
8 Lesão
vãm ente deixa claro no art. 171, II, que o ato é anulável e não
ineficaz.
É a opinião de N élson e Rosa M aria N ery (2003, p. 77):
Capítulo VI
Invalidade do negócio jurídico
1 Nulidade absoluta
1.1 H ipóteses
Diz-se da sim ulação que esconde o u tro ato proibido pela lei.
O exem plo tradicional é o do m arido que, im possibilitado de efe
tu a r doação à concubina, sim ula com ela co n tra to de venda e
com pra. N ote que por detrás deste últim o co ntrato h á o u tro ato
real e desejado pelas partes, a despeito da vedação legal.
Mais freqüente ainda a declaração de valor abaixo do real
m en te acordado, visando a m enor recolhim ento de im posto aos
cofres públicos. N esta espécie de sim ulação, a lei dispõe que:
“subsistirá o que se dissimulou se válido fo r na substância e na form a”
(art. 167). A III Jornada de D ireito Civil explicou n o E nuncia
do n Q 153: “Na simulação relativa, o negócio simulado (aparente) é
nulo, mas o dissimulado será válido se não ofender a lei nem causar
prejuízos a terceiros.”
O s parágrafos do art. 167 ainda tratam de exem plos em que
haverá simulação. Os exem plos dos dois prim eiros incisos já fo
ram abordados e o terceiro prevê a hipótese de “instrumentos par
ticulares antedatados ou pós-datados”.
2 Nulidade relativa
2.1 H ip ó te se s
Capítulo VII
D os atos ilícitos
2 A buso de direito
Capítulo VIII
Da prescrição e da decadência
2.2 R en ú n c ia à p rescriç ão c o n su m ad a
3.1 T ra n s c u rs o d o la p so d e c a d e n c ia l p o r c u lp a de
r e p r e s e n ta n te leg al d a p e s s o a ju ríd ic a o u a s s is te n te
d o re la tiv a m e n te in c ap az
3.2 D e c a d ê n c ia c o n v en c io n al
profissionais liberais e até sim ples pessoas físicas que têm a seu
favor um crédito, um direito ainda não cobrado judicialm ente.
Contra elas flui um lapso prescricional que tem o condão de - um a
vez consum ado - conceder um a exceção ao devedor que pode
utilizá-la para fazer extinguir a pretensão do credor.
Os lapsos prescricionais (de m aior ou m enor duração, depen
dendo da espécie) sofreram - com o novo Código - um a grande
redução na m aior parte dos casos. O prazo de reparação civil, por
exem plo, dim inuiu de 20 (vinte) para 3 (três) anos (art. 206,
§ 3Q, V). Significa dizer que a mãe terá esse pequeno prazo para
in ten tar ação em face do causador da m orte de seu filho, enfren
tando, assim, a “vitimização secundária do processo”. Relembrar,
em m enos de três anos, nos autos do processo (com fotos, exa
m es, docum entos e relatos), o pior capítulo de su a vida pode
desestim ular a infortunada genitora a m over o aparelho estatal.
A dúvida que surge então é: com o conciliar os prazos em
andam ento com os novos prazos? Imagine o próprio exem plo da
responsabilidade civil. Como já dem onstrado alhures, tal prazo,
que era de 20 (vinte) anos na antiga lei, caiu para 3 (três) com o
novo Código. Como fazer se - na entrada em vigor do novo Có
digo - já houverem transcorrido 11 (onze) anos? Já terá se con
sum ado a prescrição? Terá o credor m ais 9 (nove) anos para co
brar a dívida? Ou terá ele apenas m ais 3 (três) anos?
Prevendo essa hipótese, o legislador inseriu no art. 2.028 uma
regra de transição, determ inando a aplicação dos lapsos antigos
para os prazos em andam ento quando da en trad a em vigor do
novo Código. D ispõe o m encionado artigo:
4 .1.4 Conclusão
ALVES, José Carlos Moreira. A parte geral do projeto de Código C ivil brasi
leiro (subsídios históricos para o novo Código Civil brasileiro). 2. ed. São Paulo:
Saraiva, 2003.
AMERICANO, Jorge. C ollectanea de ju risp ru d ên cia . São Paulo:
Typographia Acadêmica, 1935.
AMORIM FILHO, Agnelo. Critério científico para distinguir a prescri
ção da decadência e para identificar as ações imprescritíveis. Revista dos
Tribunais, São Paulo, nQ300, 1960, p. 7-37.
CARVALHO NETO, Inacio de; FUGIE, Érika Harumi. Novo Código Ci
vil comparado e comentado. Curitiba: Juruá, 2002.
COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil. São Paulo: Saraiva, 2003.
v. 1.
DELGADO, Mário Luiz. Problemas de direito intertemporal no Código Ci
vil: doutrina e jurisprudência. São Paulo: Saraiva, 2004.
DINIZ, Maria Helena. Código Civil anotado. 9. ed. São Paulo: Saraiva,
2003.
______. Curso de direito civil brasileiro: teoria geral do direito civil. 19. ed.
São Paulo: Saraiva, 2002. v. 1.
______ . Lei de introdução ao Código Civil brasileiro interpretada. 9. ed. São
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Bola de futebol, Livro II, C apítulo II, C on su m íveis, Livro II, C apítulo II, 4
3 C ontrato co n sig o m esm o , Livro III,
C apítulo III, 2 .1 .5
C Contratros d e adesão, Livro I,
C apítulo V, 4.1
Cadáver, Livro I, C apítulo III, 5.2 C onversão, Livro III, C apítulo VI,
C apacidade de direito, Livro I, 2 .4
C apítulo II, 1 Corpo, Livro I, C apítulo III
Capacidade de fato, Livro I, Capítulo C ostu m e, LICC, C apítulo II, 4
II, 3 C ostu m e contra legem, LICC,
C apítulo próprio, Livro III, C apítulo C apítulo III, 2
VI, 2.1 C o stu m e praeter legem, LICC,
C asam ento, Livro III, C apítulo III, 1 C apítulo III, 2
C asam ento putativo, Livro III, C ostu m e secundum legem, LICC,
C apítulo III, 1 C apítulo III, 2
C aução, Livro I, C apítulo II, 6 .2 .2 Credor hipotecário, Livro III,
Causa mortis, Livro III, C apítulo III, 5 C apítulo IV, 1.3.1
C iência e m edicina, Livro I, C apítulo Curador, Livro III, C apítulo III, 2 .1 .4
III, 5.2 Curadoria, Livro I, C apítulo II, 6.2.1
Class actions, Livro I, C apítulo IV, C urso da água, Livro II, C apítulo II,
4.3.1 1.2
C láusula de estilo, Livro III,
C apítulo VIII, 2.2 D
C láusula penal, Livro II, C apítulo
III, 1 D ano à sua p esso a , Livro III,
C olação, Livro I, C apítulo II, 2, C apítulo V, 8
C apítulo II, 4 .2 .3 .3 D ano moral, LICC, C apítulo III, 1
C om odato, Livro II, C apítulo II, 3, D elegação legislativa, LICC,
Livro III, C apítulo IV, 1.3 C apítulo II, 3
C om oriência, Livro I, C apítulo II, D ep ositário, Livro III, C apítulo III,
6.1 2 . 1.1
C ondição, LICC, C apítulo V, 1 Derrogação, LICC, C apítulo II, 5 .1 .4
C ondição m eram ente potestativa, D esaparecidos p olíticos, Livro I,
LICC, C apítulo V, 1 C apítulo II, 6 .2 .3
C ondição resolutiva, Livro III, D eserdaçao, LICC, C apítulo III, 1
C apítulo IV, 1.3 D esp esa s de con d om ín io, Livro II,
C on dições, Livro III, C apítulo IV, C apítulo V, 3
1 . 1.1 D esproporção, Livro III, C apítulo V,
C on d om ín io ed ilício, Livro III, 8
C apítulo III, 2.1.4 D esv io de finalidade, Livro I,
C onfiguração do erro, Livro III, C apítulo IV, 5.4
C apítulo V, 4.2 D inheiro, Livro II, C apítulo II, 3
C onsiderável tem or na vítim a, Livro D ireito d e autor, Livro II, C apítulo
III, C apítulo V, 6.1.1 II, 2.2
Consilium fraudis, Livro III, C apítulo D ireito intertem poral, Livro III,
V, 9.3 C apítulo VIII, 4
ín d ice R em issivo 215
D ireito p o testa tiv o . Livro III, Erro de d ireito. Livro III, C apítulo
C apítulo VIII, 1, 1.2, 1.5 V, 4.3
D ireito real, Livro II, C apítulo II, 2 .2 Ersatz, Livro III, C apítulo VI, 2 .4
D ireitos a u m a prestação, Livro III, E scravos, Livro I, C apítulo II, 1-1
C apítulo VIII, 1 Escritura pública, Livro II, C apítulo
D ireitos autorais, Livro I, C apítulo II, 1.4
III, 1.1 E scusabilidade, Livro III, C apítulo
D ireitos d e p ersonalidad e, Livro I, V, 4 .2 .2 .1
C apítulo II, 1 E stado d e com a, Livro I, C apítulo II,
D iscern im en to , Livro III, C apítulo 3.1
VI, 2.1 E stado de su jeição, Livro III,
Disregard o f legal entity, Livro I, C ap ítu lo VIII, 1.2
C apítulo IV, 5.2 E strangeiro, Livro I, C ap ítu lo III,
D oação onerada por u m encargo, 3 .2 , Livro I, C ap ítu lo III, 3 .2 .1
Livro III, C apítulo III, 2 .1 .3 Eventus dam ni, Livro III, C apítulo V,
D oação sem encargo, Livro III, 9 .2
C apítulo III, 2 .1 .3 E xceção, Livro III, C apítulo VIII, 2.1
D oador de órgãos e tecid o s, Livro I, E xceção do con trato não cum prido,
C apítulo III, 5.2 Livro III, C apítulo IV, 1.3.1
D olo acidental, Livro III, C apítulo V,
5.1 F
D olo bilateral, Livro III, C apítulo V,
5.4 F atos ju ríd icos em sen tid o estrito,
Dolo bonus, Livro III, C apítulo V , 5.5 Livro III, C ap ítu lo II, 2
D olo de terceiro, Livro III, C apítulo Fiança, Livro II, C apítulo III, 1
V, 5.3 Fim socia l, LICC, C apítulo IV, 1
D olo n egativo, Livro III, C apítulo V, F ins com erciais, Livro I, C apítulo
5.2 III, 4
D olo substancial, Livro III, C apítulo Forças A rm adas, Livro III, C ap ítu lo
V, 5.1 VIII, 2 .5 .1
D om in iais, Livro II, C apítulo IV, 1.3 Fraude de execu ção. Livro III,
C apítulo V , 9 .6
E Fundação, Livro I, C apítulo IV, 4.1
Fundação A rm an d o A lvares
Ebrios h ab ituais, Livro 1, C apítulo Penteado, Livro I, C apítulo IV, 4.1
II, 3.2 F u n d ações fiscalizadas p e lo
ECA, Livro I, C apítulo III, 3 .2 .7 M in istério P úb lico, Livro I,
Eficácia da lei, LICC, C apítulo II, 4 C apítulo IV, 4 .1 .1
Em brião, Livro I, C apítu lo II, 2
E m enda n° 2 0 , Livro I, C apítulo II, G
4 .2 .3 .2
Encargo, Livro III, C apítulo IV, 3 Gabança in tolerável, Livro III,
Engano, Livro III, C apítu lo V, 4 C ap ítu lo V , 5.5
Erro, Livro III, C apítulo V, 4 G aleno, Livro I, C ap ítu lo II, 1.1.1
Guerra, Livro I, C ap ítu lo II, 6.3
2 1 6 D ireito Civil