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Administração II – Prof. Ms. Francisco de Assis Breda; Prof. Ms. Neivaldo Hakime Dutra e
Profa. Dra. Sonia Valle Walter de Oliveira
Olá! Meu nome é Francisco de Assis Breda. Sou mestre em Gestão Empresarial
pela UNI-Facef e graduado em Administração de Empresas pela mesma
instituição. Atualmente, sou coordenador do curso de Administração do
Claretiano, nas modalidades presencial e EaD. Também coordeno os MBAs em
Administração. Tenho experiência de ensino em diversas disciplinas da área
de Administração, principalmente Marketing e Logística, além de experiência
profissional em consultoria e pesquisa.
E-mail: breda@claretiano.edu.br
Meu nome é Neivaldo Hakime Dutra. Sou mestre em Gestão Empresarial pela
UNI-Facef/Franca/SP. Em meu mestrado, desenvolvi um estudo a respeito
dos estilos de liderança em evidência nas indústrias de calçados de Franca/
SP. Concluí minha graduação em Administração de Empresas no Instituto
Tecnológico de Osasco-SP e minha Especialização em Gestão de Recursos
Humanos e Financeiros na UNI-Facef/Franca/SP. Atuo como professor
universitário no curso de graduação em Administração de Empresas do Centro
Universitário Claretiano de Batatais e como professor do Módulo de Liderança
do curso de pós-graduação MBA da FGV-COC. Vejo na EaD uma importante
ferramenta de inclusão social, uma vez que ela permite a um número maior da população o
acesso ao ensino universitário e à especialização profissional. Como sabemos, a educação, seja na
formação acadêmica ou na especialização profissional, é uma das ferramentas mais importantes
para o desenvolvimento social de um país. Por isso, acredito que o estudo do binômio "sociedade e
educação" seja extremamente relevante para a formação de um educador.
E-mail: neivaldo@claretiano.edu.br
ADMINISTRAÇÃO II
Caderno de Referência de Conteúdo
Batatais
Claretiano
2013
© Ação Educacional Claretiana, 2011 – Batatais (SP)
Versão: dez./2013
658 B842a
CDD 658
Preparação Revisão
Aline de Fátima Guedes Cecília Beatriz Alves Teixeira
Camila Maria Nardi Matos Felipe Aleixo
Carolina de Andrade Baviera Filipi Andrade de Deus Silveira
Cátia Aparecida Ribeiro Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz
Dandara Louise Vieira Matavelli Rodrigo Ferreira Daverni
Elaine Aparecida de Lima Moraes Sônia Galindo Melo
Josiane Marchiori Martins
Talita Cristina Bartolomeu
Lidiane Maria Magalini
Vanessa Vergani Machado
Luciana A. Mani Adami
Luciana dos Santos Sançana de Melo
Luis Henrique de Souza Projeto gráfico, diagramação e capa
Patrícia Alves Veronez Montera Eduardo de Oliveira Azevedo
Rita Cristina Bartolomeu Joice Cristina Micai
Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli Lúcia Maria de Sousa Ferrão
Simone Rodrigues de Oliveira Luis Antônio Guimarães Toloi
Raphael Fantacini de Oliveira
Bibliotecária Tamires Botta Murakami de Souza
Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11 Wagner Segato dos Santos
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web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do
autor e da Ação Educacional Claretiana.
CRC
Ementa––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A abordagem da teoria burocrática, suas vantagens e disfunções. O desenvolvimento
organizacional no ambiente empresarial e a aplicação da teoria estruturalista. Abor-
dagem à teoria sistêmica. Teoria contingencial. Novos paradigmas e modelos de ad-
ministração. Ética e responsabilidade social nas empresas. A ação da liderança nas
organizações.
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
1. INTRODUÇÃO
Seja bem-vindo ao estudo de Administração II. Neste Cader-
no de Referência de Conteúdo, você encontrará o conteúdo básico
das nove unidades que serão desenvolvidas ao longo das doze se-
manas.
Abordagem Geral
Prof. Ms. Neivaldo Hakime Dutra
O que é burocracia?
Toda vez que ouvimos o termo "burocracia", ele nos lembra
excesso de papéis ou excesso de procedimentos para se conseguir
algo. No estudo das teorias administrativas, a abordagem burocráti-
ca consiste em um sistema de normas, regras, leis e procedimentos
formais, aos quais nós chamamos de "burocracia". Entretanto, por
© Caderno de Referência de Conteúdo 13
Glossário de Conceitos
O Glossário de Conceitos permite a você uma consulta rá-
pida e precisa das definições conceituais, possibilitando-lhe um
bom domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de
conhecimento dos temas tratados em Administração II. Veja, a se-
© Caderno de Referência de Conteúdo 23
Questões Autoavaliativas
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões
autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados, as quais podem ser
de múltipla escolha, abertas objetivas ou abertas dissertativas.
Responder, discutir e comentar essas questões, bem como re-
lacioná-las com a prática do ensino de Administração pode ser uma
forma de você avaliar o seu conhecimento. Assim, mediante a re-
solução de questões pertinentes ao assunto tratado, você estará se
preparando para a avaliação final, que será dissertativa. Além disso,
essa é uma maneira privilegiada de você testar seus conhecimentos
e adquirir uma formação sólida para a sua prática profissional.
Bibliografia Básica
É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus
estudos, mas não se prenda só a ela. Consulte, também, as biblio-
grafias complementares.
Dicas (motivacionais)
Este estudo convida você a olhar, de forma mais apurada,
a Educação como processo de emancipação do ser humano. É
importante que você se atente às explicações teóricas, práticas e
científicas que estão presentes nos meios de comunicação, bem
como partilhe suas descobertas com seus colegas, pois, ao com-
partilhar com outras pessoas aquilo que você observa, permite-se
descobrir algo que ainda não se conhece, aprendendo a ver e a
notar o que não havia sido percebido antes. Observar é, portanto,
uma capacidade que nos impele à maturidade.
Você, como aluno do curso de Graduação na modalidade EaD,
necessita de uma formação conceitual sólida e consistente. Para isso,
você contará com a ajuda do tutor a distância, do tutor presencial e, so-
bretudo, da interação com seus colegas. Sugerimos, pois, que organize
bem o seu tempo e realize as atividades nas datas estipuladas.
É importante, ainda, que você anote as suas reflexões em
seu caderno ou no Bloco de Anotações, pois, no futuro, elas pode-
rão ser utilizadas na elaboração de sua monografia ou de produ-
ções científicas.
3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CHIAVENATO, I. Introdução à teoria geral da Administração: uma visão abrangente da
moderna administração das organizações. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.
MAXIMIANO, A. C. A. Teoria geral da administração: da revolução urbana à revolução
digital. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
EAD
Abordagem à Teoria da
Burocracia
1
1. OBJETIVOS
• Conhecer os princípios e as origens da burocracia com
base na sociedade das organizações de Max Weber.
• Compreender o significado da burocracia a partir da defi-
nição de sociedade paternalista, democrática e racional-
-legal burocrática.
• Identificar as vantagens e desvantagens da burocracia e
compará-las com as disfunções burocráticas.
• Entender a necessidade da aplicação da burocracia nas
organizações complexas.
2. CONTEÚDOS
• As origens da burocracia.
• Conceito e características da burocracia.
• Vantagens da burocracia.
• Disfunções da burocracia.
32 © Práticas Corporais Alternativas
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Nesta unidade, você vai conhecer as origens da burocracia, seu
conceito e suas características, além de suas vantagens e disfunções.
Primeiramente, é importante que você conheça a Teoria da Burocracia.
Você conhecerá mais profundamente a estrutura das organi-
zações, o chamado "complexo organizacional", além de compreen-
der o que é burocracia, as premissas racionais que a constituem e
como ela se adequou satisfatoriamente a organizações complexas.
Inicialmente, estudaremos as origens da burocracia e suas
definições.
5. ORIGENS DA BUROCRACIA
Os primeiros estudos sobre os fenômenos burocráticos são
atribuídos a Max Weber. Ele nasceu em Erfurt, na Turíngia, no ano
de 1864. Aos cinco anos, mudou-se para Berlim, Alemanha. Era
sociólogo, cientista político e economista.
Informação!––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Os indivíduos ingressam nas organizações e permanecem lá por um bom tempo
de sua vida. Alguns são admitidos, mas, por vontade própria ou da própria orga-
nização, afastam-se da empresa. Todavia, tanto na primeira como na segunda si-
tuação, as organizações podem continuar em funcionamento por muitas gerações.
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Weber (1971) ressalta que o sistema moderno de produção
racional e capitalista não surgiu das inúmeras mudanças tecnoló-
gicas, como salientava Karl Marx, mas das mudanças religiosas ve-
rificadas após o Renascimento.
Nessa premissa, Max Weber, apesar de não ser um profissio-
nal da Administração, era um sociólogo interessado em detectar o
que estava acontecendo nas sociedades industriais em compara-
ção a sociedades que estavam em outros estágios de desenvolvi-
mento.
Para compreender o sistema burocrático e por que os indiví-
duos pertencentes às organizações obedeciam tantas ordens, We-
ber estudou três tipos de sociedades e de autoridades, dispostos
no quadro a seguir.
Hierarquia da autoridade
Os cargos previstos na burocracia para serem ocupados pe-
los indivíduos seguem o princípio da hierarquia. Isso significa que
todos os cargos inferiores ficam sob a supervisão e controle de um
posto superior.
Entretanto, na hierarquia burocrática, o subordinado está
protegido de ações arbitrárias de seu superior, porque as ações de
ambos estão previamente estabelecidas por regras conhecidas em
todas as esferas da organização.
Especialização da administração
O sistema burocrático é baseado na profissionalização espe-
cializada do participante. O participante não é dono da burocra-
cia, nem seu proprietário, mas sim um elemento que faz parte da
organização burocrática. Os recursos, os meios de produção e a
estrutura que compõem o sistema burocrático, necessários para
a consecução dos objetivos previstos, não são propriedades dos
burocratas.
Informação!––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Para auxiliar na reflexão sobre o tema, assista ao trecho do filme "Os doze trabalhos
de Asterix" onde Asterix e seu companheiro Obelix precisam conseguir a licença A38!
Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=stjfdosZQk4&feature=relat
ed>. Acesso em: 06 jun. 2012.
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7. VANTAGENS DA BUROCRACIA
Max Weber, em seus estudos sobre as organizações sociais,
descreveu inúmeras razões para explicar a amplitude de alcance
da burocracia nas instituições.
Para Weber (apud Chiavenato, 2000), as vantagens da buro-
cracia são:
1) Racionalidade: os objetivos propostos pela organização
têm que ser alcançados de uma maneira racional, ou
seja, as metas são traçadas para que os processos utili-
zados sejam eficientes, possibilitando a sua consecução
© U1 - Abordagem à Teoria da Burocracia 43
2) Amitai Etzioni Tipologia das organizações com base nos tipos de poder.
8. DISFUNÇÕES DA BUROCRACIA
Para Weber, as consequências imprevistas (ou indesejadas)
que levam a burocracia à ineficiência e às imperfeições são chama-
das de "disfunções da burocracia".
No sistema burocrático, apesar da previsibilidade de funcio-
namento, a disfunção é uma consequência não prevista, ou inde-
sejada, que resulta em ineficiências ou imperfeições. Vejamos, a
seguir, algumas disfunções burocráticas:
Resistência a mudanças
As atividades realizadas pelos funcionários da organização
burocrática são desempenhadas de acordo com um padrão insti-
tuído por normas e regulamentos. Como vimos nas características
da burocracia, todas as variáveis do processo devem ser previstas.
Em relação ao cumprimento dos objetivos, a previsibilidade é
uma ação satisfatória; todavia, o excesso de normatização conduz
os indivíduos a uma estabilidade prejudicial, porque eles se acomo-
dam e dificilmente aceitam desafios e mudanças no processo.
Despersonalização do relacionamento
A imparcialidade e a impessoalidade conduzem a comunida-
de social com um tratamento mais equitativo aos participantes da
sociedade organizacional. O tratamento imparcial evita o nepotis-
mo, o "filhotismo" e o "patrimonialismo".
Entretanto, na sociedade burocrática, os indivíduos seguem
as orientações racionais de uma forma tão mecânica e fiel que
muitas vezes esquecem o ambiente de relacionamento humano
na formação das organizações.
Estudo de Caso–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A empresa Alfa atua no segmento de calçados de segurança, atualmente produz
cerca de 800.000 mil pares de calçados por mês de um total de 100 modelos
disponíveis para vários segmentos. A seguir, Spengler, Barros e Otofuji (2011, p.
4) descrevem quatro situações referentes à burocracia interna nesta empresa:
Primeiro caso
A empresa tem como procedimento não realizar contratações e demissões entre
o dia 20 e o último dia útil de cada mês com o objetivo de facilitar o fechamento
da folha de pagamento dos funcionários e evitar atrasos.
Caso algum colaborador cometa um ato grave de indisciplina ou realize um tra-
balho errado propositalmente causando prejuízo para a empresa, não poderá ser
demitido entre o dia 20 e o último dia do mês.
Um exemplo de complicação causada pela regra aconteceu quando houve au-
mento de demanda na produção e era necessária a contratação de 3 cortadores.
Como a necessidade foi identificada no dia 20, foram aguardados 11 dias para
que a solicitação fosse atendida pelo setor de Recursos Humanos.
Como cada cortador produz em média 330 pares por dia e foram aguardados
ao todo 9 dias úteis, a empresa deixou de produzir 8.910 pares. O preço médio
de venda dos calçados é de R$ 29,00, assim a empresa deixou de faturar R$
258.390,00, além de ter seus clientes sendo atendidos por outros fornecedores.
Segundo caso
Na empresa Alfa o processo de compra de matéria-prima inicia com o encami-
nhamento da necessidade para o almoxarifado, que emite um documento deno-
minado Solicitação de Compras.
Antes de o documento ser emitido, o almoxarifado checa a necessidade da com-
pra, as especificações do material solicitado e se o mesmo já possui cadastro
interno. Caso o material não possua cadastro interno, o mesmo precisa ser soli-
citado ao setor de cadastro.
Cumprida essa etapa, a Solicitação de Compras segue para o setor de Compras
que verifica os dados, os fornecedores aprovados para o fornecimento e, caso
não haja nenhum, é preciso desenvolver um novo fornecedor.
Neste caso, é preciso envolver o setor de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), que
realiza os testes necessários para aprovação do material e também o setor de pro-
dução que deve dar o seu aval para que o material e fornecedor sejam aprovados.
Definidos o material e o fornecedor, o setor de compras abre uma Ordem de
Compras onde estão relacionados o prazo de entrega e todas as outras especi-
ficações importantes para realização da transação.
Na recepção, quando o material chega à empresa, a transportadora deve en-
tregar a nota fiscal na portaria. A nota é encaminhada para o setor de compras,
onde são checadas todas as informações constantes na nota. Caso haja algum
erro, o material não é recebido e é devolvido até mesmo por erros de digitação.
Terceiro caso
Na empresa Alfa, para toda prestação de serviços de terceiros, precisa ser aber-
to um documento de Solicitação de Compra e, posteriormente, uma Ordem de
Compra antes da realização do mesmo.
Para este procedimento,exigem-se o orçamento prévio e descrição do que será
feito. Após tudo estar devidamente preenchido e acertado é que o serviço pode
ser realizado.
Em certa data, uma injetora de solados teve um problema na mangueira hidráu-
lica. Como o supervisor não tinha certeza de que conseguiria uma peça idêntica,
© U1 - Abordagem à Teoria da Burocracia 49
por se tratar de uma máquina importada, teve que retirar a referida peça da má-
quina e levá-la a um fornecedor para fazer uma avaliação.
Neste caso, como era preciso levar uma peça danificada para verificação, uma
nota fiscal de saída devia ser emitida e, ao retornar, outra nota fiscal de retorno
devia ser emitida pelo fornecedor. Como o caso era urgente, o supervisor não
seguiu o procedimento.
Em função de seu bom relacionamento com o fornecedor, conseguiu encontrar
a peça correta. Caso não encontrasse, a opção seria comprar outra peça em um
fornecedor na Alemanha, o que levaria 20 dias aproximadamente.
Ao chegar à portaria com a peça, o supervisor foi barrado, pois não podia entrar
com a peça sem a nota fiscal do serviço prestado e por que não havia seguido
o procedimento correto. Isto atrasou mais uma hora até que o responsável pela
controladoria da empresa liberou a entrada do material.
Com a parada extra, a injetora ficou mais uma hora parada. A máquina produz
125 pares/hora que custam em média R$ 29,00; ou seja, a empresa deixou de
faturar R$ 3.625,00 neste período.
Quarto caso
Para organizar o recebimento de materiais e entradas de notas fiscais, a em-
presa Alfa aceita a entrada das mesmas até às 17h com o objetivo de facilitar a
conferência e o recebimento dos materiais no almoxarifado.
Na empresa Alfa, o controle da entrada e saída de materiais é rígido. Tudo que
entra ou sai da empresa precisa ser acompanhado pela nota fiscal correspon-
dente, mesmo matérias e utensílios utilizados em outras unidades.
Como a empresa Alfa possui uma unidade produtiva em uma cidade que fica a 50
km da matriz, vários materiais são enviados para esta unidade.
A programação do que deve ser produzido nesta filial é feita pelo setor de Plane-
jamento e Controle da Produção (PCP), que fica na matriz.
Em determinada data, houve uma situação em que foi programado o mesmo nú-
mero de um determinado modelo para as duas unidades. Isto criou um problema,
pois havia somente um gabarito, que deveria ser usado nos dois lugares.
A supervisora do setor, percebendo a situação, pediu para anteciparem a pro-
dução para que pudesse levar o gabarito para a matriz no final da tarde. Tomou
esta decisão para evitar perdas nas duas unidades, tendo o cuidado de emitir a
nota fiscal para transportar o gabarito, conforme o procedimento estabelecido.
Contudo, ao chegar à matriz às 17h30, a norma que impede o recebimento após
as 17h, lhe impediu de entrar com a peça.
Após explicar o que aconteceu e a importância do gabarito, o responsável pela
controladoria permitiu sua entrada.
Spengler, Barros e Otofuji (2011) ressaltam que o procedimento foi criado para
disciplinar a entrega de materiais por parte das transportadoras e acabou se es-
tendendo para todos os recebimentos, inclusive para transações entre unidades
da própria empresa.
(Adaptado de SPENGLER; BARROS; OTOFUJI, 2011).
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9. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Sugerimos que você procure responder, discutir e comentar
as questões a seguir que tratam da temática desenvolvida nesta
unidade.
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se você encontrar dificuldades em
responder a essas questões, procure revisar os conteúdos estuda-
dos para sanar as suas dúvidas. Esse é o momento ideal para que
você faça uma revisão desta unidade. Lembre-se de que, na Edu-
cação a Distância, a construção do conhecimento ocorre de forma
cooperativa e colaborativa; compartilhe, portanto, as suas desco-
bertas com os seus colegas.
Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu
desempenho no estudo desta unidade:
1) Nessa unidade você viu diversos conceitos relacionados à Teoria Burocráti-
ca. Monte um breve resumo retomando cada um desses conceitos, relacio-
nando-os com o cotidiano da empresa em que trabalha.
2) Cite alguns prejuízos que a burocracia poderia causar para uma empresa.
10. CONSIDERAÇÕES
Nesta primeira unidade, você pôde conhecer um pouco mais
sobre burocracia: seus princípios, sua origem, seus significados,
suas vantagens, desvantagens e disfunções. Por fim, você teve a
oportunidade de entender a necessidade da aplicação da burocra-
cia nas organizações complexas.
Na próxima unidade, abordaremos a Teoria Estruturalista.
© U1 - Abordagem à Teoria da Burocracia 51
11. E-REFERÊNCIAS
Site pesquisado
SPENGLER, A. J.; BARROS, L. B.; OTOFUJI, T. S. A burocracia destruindo valor: Estudos de
casos. COGNITIVO, v. 2, n. 1, p. 1-9, 2011. Disponível em: <http://revista.unilins.edu.br/
index.php/cognitio/article/view/174>. Acesso em: 6 jun. 2012.
2
1. OBJETIVOS
• Compreender a Teoria Estruturalista e sua intervenção no
conflito das Teorias Clássicas e das Relações Humanas.
• Identificar a metodologia do Estruturalismo e sua rele-
vância na análise e na constituição das organizações.
• Entender os tipos de Estruturalismo, sua aplicação nas or-
ganizações, bem como o perfil do homem organizacional
e sua atividade na sociedade das organizações.
2. CONTEÚDOS
• Origens da Teoria Estruturalista.
• Conceito de Estruturalismo.
• Tipos de Estruturalismo.
• A sociedade das organizações e o homem organizacional.
54 © Práticas Corporais Alternativas
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Como foi visto na unidade anterior, a divergência entre a
Teoria Clássica e a Teoria das Relações Humanas criou tal impasse
no estudo da Administração que nem mesmo a Teoria Burocrática
teve condições de ultrapassar (CHIAVENATO, 2000).
Para isso, a abordagem estruturalista mostra um redesenho
da Teoria Burocrática. Ainda que as premissas da Teoria das Rela-
ções Humanas sejam consideradas relevantes, a visão estruturalis-
ta é mais crítica em relação à organização formal.
Nesta unidade, vamos aprender que os estudiosos do estrutura-
lismo, de origem europeia, buscam a interdisciplinaridade das ciências.
O início dos estudos dessa teoria baseia-se primeiramente
na oposição entre a Teoria Clássica e a das Relações Humanas, na
necessidade de considerar a organização como uma organização
© U2 - Abordagem à Teoria Estruturalista 55
6. CONCEITO DE ESTRUTURALISMO
Dando continuidade ao nosso estudo da Teoria Estruturalista,
é necessário, primeiramente, conhecer o conceito de Estruturalismo.
Veja, a seguir, a definição de Estruturalismo feita por dois autores:
1) Estruturalismo é um método analítico e comparativo
que estuda os elementos ou fenômenos com relação a
uma totalidade, salientando o seu valor de posição. O
conceito de estrutura significa a análise interna de uma
totalidade em seus elementos constitutivos, sua disposi-
ção, suas inter-relações etc. (CHIAVENATO, 2000, p. 345).
© U2 - Abordagem à Teoria Estruturalista 57
7. TIPOS DE ESTRUTURALISMO
Como vimos no item anterior, o estruturalismo tem como
cenário o relacionamento das partes na formação de um todo.
Essa totalidade tem como princípio a interdependência das par-
tes e a somatória delas para completar o perfil básico do estru-
turalismo.
Motta e Vasconcelos (2002), em seus estudos sobre as cor-
rentes estruturalistas, dizem que não existe uma única definição
com validação máxima sobre qual é o tipo mais ideal de estrutu-
ralismo a ser aplicado nas organizações. Entretanto, é necessária
a compreensão de cada tipo de Estruturalismo, pois cada um tem
sua limitação conceitual e metodológica.
Para facilitar nosso estudo, apresentamos no quadro a seguir
os quatro tipos de Estruturalismo e suas características.
8. A SOCIEDADE DE ORGANIZAÇÕES
Nos princípios estabelecidos pelos estruturalistas, "a socie-
dade moderna e industrializada é uma sociedade de organizações,
das quais o homem passa a depender para nascer, viver e morrer"
(CHIAVENATO, 2000, p. 346).
Em nosso estudo de Administração I, aprendemos que as or-
ganizações sociais possuem diferenças peculiares, pois necessitam
de que seus participantes tenham características de personalidade
baseadas no trabalho em equipe, na obtenção de resultados e na
construção de bens que atendam às expectativas da sociedade.
Embora a ciência das teorias administrativas seja algo recente, as
organizações não são recentes. Elas existem desde o tempo dos
faraós e dos imperadores da antiga China. A Igreja, por exemplo,
© U2 - Abordagem à Teoria Estruturalista 59
11. CONSIDERAÇÕES
Chegamos ao final desta unidade. Nela, você estudou sobre
a Teoria Estruturalista e sua intervenção no conflito das Teorias
Clássicas e das Relações Humanas.
Estudou, também, sobre como se fundamenta a metodologia
do estruturalismo e sobre sua relevância na análise e na constituição
das organizações. Viu, ainda, quais são os tipos de estruturalismo.
Na terceira unidade, você terá a oportunidade de estudar
sobre a teoria sistêmica.
12. E- REFERÊNCIAS
Sites pesquisados
AMITAI ETZIONI. Homepage. Disponível em: <http://amitaietzioni.org/index.shtml>.
Acesso em: 28 set. 2012.
HISTÓRIA DA ADMINISTRAÇÃO. Homepage. Disponível em: <http://www.
historiadaadministracao.com.br/>. Acesso em: 28 set. 2012.
3
1. OBJETIVOS
• Identificar os conceitos de Sistema de Von Bertalanffy e
de Cibernética de Norbert Wiener.
• Compreender os benefícios do princípio do expansionis-
mo, que veio substituir o princípio do reducionismo.
2. CONTEÚDOS
• Origens da Teoria Sistêmica.
• Cibernética de Norbert Wiener.
• Aprendendo a usar o enfoque sistêmico.
• Organizações como sistemas.
• Eficácia global.
66 © Práticas Corporais Alternativas
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Na unidade anterior, apresentamos a Teoria Estruturalista,
que enfatiza a criação de uma organização gerada por um sistema
aberto em constante mudança, assim como a necessidade da apli-
cação da burocracia nas organizações complexas.
Nesta unidade, abordaremos os estudos dos sistemas orga-
nizacionais que surgiram na década de 1950, após o final da Se-
gunda Guerra Mundial, e o conceito de sistemas abertos em diver-
sas disciplinas.
Inicialmente, os estudos da Administração focalizavam o
princípio do reducionismo, ou seja, eram estimulados pela busca
da eficiência máxima. Dessa forma, os precursores da Administra-
ção Científica e Clássica desenvolveram princípios de gestão que
© U3 - Abordagem Sistêmica das Organizações 67
Os Sistemas––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Conforme a UCPEL (2012), todo sistema deve possuir 4 características básicas:
- Elementos;
- Relações entre elementos;
- Objetivo comum; e
- Meio-ambiente
Exemplo:
Um carro possui elementos tais como sistema elétrico, motor, chassis, rodas e
carroceria. As relações entre os elementos são estruturais (uma parte acoplada
ou integrada à outra) ou funcionais (uma parte desempenhando trocas com ou-
tra). O objetivo comum é a locomoção (UCPEL, 2012).
© U3 - Abordagem Sistêmica das Organizações 71
Exercício:
Identifique estas 4 características nos sistemas "corpo humano" e "computador".
O meio-ambiente é o que está fora do sistema, ou seja, não pode ser controla-
do pelo sistema. Entretanto, o sistema pode fazer trocas com o meio-ambiente
(energia, produtos, materiais, informações) e, por isto, o sistema pode influenciar
o meio-ambiente e vice-versa.
Como exemplo, o meio-ambiente de um carro inclui a estrada, postes e árvo-
res, edificações, placas e sinalizações, outros carros, o clima e a natureza. Um
exemplo de troca é a de combustível (do meio para o sistema) e emissões (do
sistema para o meio).
Às vezes, é difícil determinar o que está fora ou dentro do sistema. Por exemplo,
os alunos de uma universidade são elementos do sistema "universidade" ou são
meio-ambiente.
Para tirar esta dúvida, verifica-se se o sistema pode controlar este elemento. Se
sim, ele será um elemento do sistema. Se não, ele será um elemento do meio-
-ambiente.
Neste exemplo, a universidade não pode controlar que o aluno venha à aula,
portanto os alunos são parte do meio-ambiente. A universidade pode influenciar
o aluno a vir às aulas, mas não tem controle sobre esta decisão.
Exercício:
Identifique o meio-ambiente dos sistemas "corpo humano" e "computador" (UC-
PEL, 2012, p. 1).
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Uma das grandes contribuições para o estudo da Teoria
Sistêmica foi a abordagem cibernética, de Norbert Wiener, que
aprenderemos a seguir.
6. CIBERNÉTICA
Para iniciar nossos estudos, faremos a seguir algumas consi-
derações a respeito da palavra cibernética.
1) Cibernética, do grego kybernytiky, significa "a arte de
governar navio".
2) Platão (427-347 a.C.) utilizou a palavra kybernytiky em
seus diálogos.
3) Alcebíades e Górgias utilizaram-na com o sentido de
"arte de dirigir um navio ou um carro".
4) Em Clítofo e na República de Platão, a palavra foi usada
com o significado de "dirigir homens ou governar".
Regras do negócio–––––––––––––––––––––––––––––––––––
Em seu livro Business rule concepts: getting to the point of knowledge, o autor
Ross (2009) faz uma analogia entre o corpo humano e as organizações, enfati-
zando nas regras do negócio.
Para esse autor, no corpo humano, o controle é realizado pelo sistema nervoso,
uma coleção organizada de nervos que se conecta com os músculos. Organi-
zações necessitam de uma coordenação de comportamento semelhante, que é
suportada por regras de negócios.
No corpo humano, a energia é fornecida pelos músculos; nas organizações, é
apoiada por processos. Nervos e músculos são separados, regras de negócio e
processos devem ser separados também. Este princípio de separação é chama-
do de Regra Independente (adaptado de ROSS, 2009).
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
© U3 - Abordagem Sistêmica das Organizações 77
9. EFICÁCIA GLOBAL
Uma proposta relevante do enfoque sistêmico é a eficácia
global do sistema, isto é, seu desempenho na consolidação dos
objetivos.
Visualizando a eficácia global, o enfoque sistêmico prioriza
a realização dos objetivos dos sistemas, muito mais que a eficiên-
cia das partes separadas. De acordo com a abordagem sistêmica,
é mais importante conceituar uma organização a respeito de sua
finalidade ou utilidade para o usuário do que pelos seus recursos
de entrada.
Apresentamos, a seguir, um exemplo de utilização prática des-
se princípio sistêmico, fundamentado na elaboração de questões
que buscam conhecer o cenário no qual a empresa está inserida.
1) Qual é o nosso negócio?
2) O que podemos oferecer para o cliente?
3) Qual é nossa missão?
4) Quem são os nossos concorrentes?
11. CONSIDERAÇÕES
A concepção do enfoque sistêmico trouxe diversas contribui-
ções para a teoria das organizações. Inicialmente, ela demonstrou
a relevância do pensamento holístico, procurando compreender
as variáveis dos ambientes que compõem a complexidade de qual-
quer situação ou problema enfrentado pelas organizações.
Depois, ela revelou a necessidade de considerar os ambien-
tes interno e externo como fatores determinantes da eficácia das
organizações, colocando que, para que isso seja obtido, é neces-
sária a consonância entre a estrutura organizacional e o ambiente.
Com efeito, essas ações permitem que a visão estratégica da admi-
nistração esteja em afinidade com a visão global do sistema.
Chegamos, enfim, ao final da Unidade 3, na qual você teve
a oportunidade de estudar os conceitos do Sistema de Von Ber-
talanffy e da Cibernética de Norbert Wiener. Você aprendeu tam-
bém sobre os benefícios do princípio do expansionismo, que veio
substituir o princípio do reducionismo.
Na quarta unidade, você aprenderá sobre o desenvolvimen-
to organizacional.
© U3 - Abordagem Sistêmica das Organizações 79
12. E-REFERÊNCIAS
Sites pesquisados
BCSSS. Bertalanffy Center for the study of systems science (BCSSS). Disponível em:
<http://www.bertalanffy.org/index.php> e <http://www.bertalanffy.org/bertalanffy/>.
Acesso em: 01 out. 2012.
O pensamento sistêmico no cotidiano e no mundo dos negócios. Disponível em: <http://
www.youtube.com/watch?v=VS0FLiAoRN0>. Acesso em: 23 maio 2012.
ROSS, Ronald G. The father of business rules. Disponível em: <http://www.ronross.info>.
Acesso em: 01 out. 2012.
Terra, planeta vida. A teoria de gaia. Disponível em: <http://www.youtube.com/
watch?v=yjAUSeAAy_w>. Acesso em: 23 maio 2012.
Universidade Católica de Pelotas (UCPEL). Teoria geral dos sistemas e abordagem
sistêmica. 2012. Disponível em: <http://paginas.ucpel.tche.br/~loh/tgs.htm>. Acesso
em: 01 out. 2012.
2. CONTEÚDOS
• Características do desenvolvimento organizacional.
• Mudança organizacional.
• As fases das organizações.
• Conceitos e fases do desenvolvimento organizacional.
82 © Práticas Corporais Alternativas
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Na segunda metade da década de 1960, o mundo passava
por intensas mudanças. O complexo organizacional estava diante
de uma sociedade caracterizada pela presença intensa do socia-
lismo, do preconceito racial, de confrontos revolucionários e na-
cionalistas, além do alcance de ditaduras militares em inúmeros
países do terceiro mundo e em países emergentes.
Nesse cenário, as organizações também protagonizavam um
novo desenho, que permitia continuar com seu desempenho e,
consequentemente, alavancar alternativas para o desenvolvimen-
to de seus ambientes institucionais.
Em nosso estudo anterior, constatamos principalmente os
princípios das teorias Científica, Clássica e Burocrática, que são co-
nhecidas por alguns autores como Abordagens Mecanicistas. Essas
abordagens tinham como foco a eficiência no trabalho, a especiali-
zação das atividades, a divisão do trabalho e a eleição do homem
ideal – aquele que tivesse aptidões físicas, técnicas e emocionais.
O segundo momento do estudo da Administração abordou
as teorias humanísticas das organizações, destacando a relevância
dos recursos humanos no ambiente empresarial.
© U4 - Abordagem do Desenvolvimento Organizacional 83
6. MUDANÇA ORGANIZACIONAL
As principais técnicas desenvolvidas no processo de desenvolvi-
mento organizacional são realizadas por meio de dinâmicas de grupo,
nas quais os participantes são convidados a expor seu trabalho, seus
sentimentos e seus relacionamentos pessoais (PARK et al., 1997).
Nesse contexto, os funcionários são treinados para aprimo-
rar sua sensibilização, as habilidades interpessoais de comunicação
e o comportamento em contexto social. Esse treinamento dirigido
para melhorar essas capacitações vai possibilitar que os indivíduos
estejam preparados para as mudanças organizacionais.
Qual é a conceituação de mudança organizacional? Vejamos
a seguir.
Mudança organizacional é a transição de uma situação para ou-
tra ou a passagem de um estado para outro. A mudança implica rup-
tura, transformação, perturbação, interrupção (CHIAVENATO, 2000).
© U4 - Abordagem do Desenvolvimento Organizacional 85
Conceituação do DO
O Desenvolvimento Organizacional caracteriza-se por ser
uma estratégia de gestão administrativa planejada que exige dos
participantes um comprometimento extra, pois é um projeto que
tem a finalidade de melhoria de processos por meio da aplicação
de um eficiente diagnóstico administrativo da cultura organizacio-
nal. Para tanto, é necessário o apoio da alta direção.
Mas, o que é cultura organizacional?
De acordo com Chiavenato (2000, p. 444), cultura organiza-
cional
[...] é o conjunto de hábitos, crenças, valores e tradições, interações
e relacionamentos sociais típicos de cada organização. Ela repre-
senta a maneira tradicional e costumeira de pensar e fazer as coisas
e que são compartilhadas por todos os membros da organização.
Fases do DO
O processo de Desenvolvimento Organizacional pode ser di-
vidido em quatro fases: levantamento de dados, diagnóstico orga-
nizacional, plano de intervenção e avaliação, conforme demons-
trado no Quadro 3.
Normalmente, a equipe responsável pela implementação do
DO é formada por consultores externos independentes da organi-
zação.
Quadro 3 Fases de implantação do Desenvolvimento Organizacional.
FASES PROCESSO
O processo de coleta de dados necessita ser realizado com
1) Levantamento de critérios de coletas que permitam buscar informações em
dados todos os níveis do ambiente envolvido, a fim de evitar
tendenciosidade nos dados colhidos.
9. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu
desempenho no estudo desta unidade:
1) Nessa unidade, você viu diversos conceitos relacionados ao Desenvolvimen-
to Organizacional. Monte um breve resumo, retomando cada um desses
conceitos e relacionando-os com a empresa em que trabalha.
2) Quais são as fases da organização conforme a escola do Desenvolvimento
Organizacional? Em qual fase a empresa em que atua está inserida?
3) Como é vista a mudança organizacional dentro dessa escola?
4) Identifique alguns pontos positivos e negativos do Desenvolvimento Orga-
nizacional.
10. CONSIDERAÇÕES
Uma grande vantagem da Teoria do Desenvolvimento Or-
ganizacional foi buscar os conhecimentos alicerçados nas Teorias
Humanísticas e na Abordagem Sistêmica, além de aproveitar as
técnicas da Administração Científica para resolver os problemas
complexos encontrados nas organizações.
Entretanto, com o passar do tempo, detectou-se que a técnica
do Desenvolvimento Organizacional não produz a eficácia garantida,
em função de trabalhar diretamente com as pessoas, tendo em vista
que o comportamento humano pode variar em proporções ocultas
e, consequentemente, os resultados do DO também.
Todavia, o estudo do comportamento humano e sua influên-
cia no ambiente organizacional continua sendo fonte inesgotável
de pesquisas, teorias, teses, na ânsia de se conhecer cada vez mais
a ação e a reação do indivíduo nas organizações.
Nesta quarta unidade, você estudou a necessidade da mudança
no ambiente organizacional, bem como as variáveis que têm influên-
cia sobre a construção do clima organizacional, que, por sua vez, é um
fator relevante para a cristalização da cultura organizacional.
A próxima unidade será destinada à cultura organizacional.
© U4 - Abordagem do Desenvolvimento Organizacional 91
5
1. OBJETIVOS
• Compreender o significado e a importância da cultura or-
ganizacional.
• Entender os principais aspectos da cultura organizacional
e suas formas de influência nas empresas.
2. CONTEÚDOS
• Conceitualizando a cultura.
• Ambiguidade entre o discurso e a prática.
• Mudança de conceitos.
• Cultura nacional e cultura organizacional.
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Na unidade anterior, vimos que a teoria do Desenvolvimento
Organizacional está baseada nas teorias de origem humanística e
na abordagem sistêmica.
Nesta unidade, veremos como é formada a cultura de uma em-
presa e suas principais características e nuances. Esse tema é bastante
interessante e esperamos poder auxiliá-lo a compreendê-lo.
5. CONCEITUALIZANDO A CULTURA
Para que possamos iniciar o estudo desta unidade, recorre-
remos a um dicionário para encontrar os significados básicos para
a palavra "cultura".
No âmbito individual, "cultura" significa o saber, a instrução,
o desenvolvimento intelectual da pessoa. Já na esfera social, deno-
ta o conjunto de comportamentos, crenças e valores espirituais e
materiais partilhados pelas pessoas de uma sociedade.
As empresas são constituídas de pessoas. Como a variação
cultural refere-se basicamente aos hábitos e comportamentos de
um grupo ou de uma sociedade, podemos concluir que empresas
possuem culturas diferentes.
Todavia, podemos considerar que o estudo das diferenças
entre as formas de se administrar uma empresa é relativamente
recente, pois havia uma crença de que regras gerais se aplicavam a
todas as situações de administração, trabalho e organização, inde-
pendentemente do contexto e da situação.
A partir da década de 1970, percebeu-se que o sucesso das
empresas japonesas devia muito à cultura desenvolvida por elas,
destacando o trabalho em equipe, a qualidade e as respostas às
mudanças.
Dessa forma, a cultura organizacional pode ser definida como
o conjunto de princípios e valores vigentes em uma empresa, suas
relações com o ambiente interno e externo, sua hierarquia, que
definem sua postura e seus padrões de comportamento.
Uma das maiores autoridades sobre o assunto afirma que:
a cultura de uma organização é percebida por meio da linguagem,
dos símbolos e das imagens, das histórias e dos mitos, dos rituais e
das cerimônias, dos hábitos e os valores que permeiam essa orga-
nização, além dos objetos visíveis e físicos da mesma, tais como a
arquitetura, os móveis, o espaço físico, a decoração (SCHEIN apud
MOTTA; VASCONCELOS, 2004, p. 302).
© U5 - Cultura Organizacional 97
7. MUDANÇA DE CONCEITOS
A palavra mudança, de acordo com dicionário eletrônico Mi-
chaelis, significa: ação ou efeito de mudar; alteração; modificação;
variação; substituição. A maioria das pessoas não gosta de mudan-
ças e, quanto mais o tempo passa, mais resistentes elas tendem
a ficar. Dessa forma, é natural a resistência delas a mudanças de
conceitos ou padrões preestabelecidos.
Como a cultura é algo em perpétua formação, uma vez que
a organização e os indivíduos estão sempre submetidos a um pro-
cesso de aprendizado, mudar e questionar os valores anterior-
mente adquiridos faz parte do processo.
Contudo, esse processo evolucionário não muda alguns prin-
cípios e conceitos que se encontram assimilados profundamente
e que tenham se tornado elemento de estabilidade da existência
do grupo. Indivíduos também possuem elementos profundos de
sua identidade que estão bastante incorporados e dificilmente se
transformam.
Assim, atualmente, uma das maiores complicações com que
a empresa pode se deparar é a sua mudança de cultura, pois as
pessoas que fazem parte de uma organização estão habituadas
aos princípios e valores vigentes, e mudar a cultura é mudar a for-
ma de agir e pensar das pessoas. O processo de mudança cultural
provoca renovação de pensamentos e ações, levando ao confronto
não só de comportamentos, mas também de sentimentos susten-
tados pelos hábitos adquiridos.
Por isso é que geralmente empresas pequenas e novas aca-
bam sendo mais ágeis e flexíveis a mudanças que empresas gran-
des e tradicionais como a IBM e a GM, que têm encontrado dificul-
dades em remodelar suas culturas.
A cultura empresarial não é mudada simplesmente por um
decreto emitido pela administração superior. Nenhuma ação iso-
lada tende a causar o impacto conveniente para iniciar uma mu-
Conflito Disfuncional–––––––––––––––––––––––––––––––––
Lembra a tentação de Cristo no deserto, em que lhe foram oferecidos todos os bens e
todo o poder no mundo se Ele se submetesse ao demo. Isso não é uma metáfora, mas
a realidade em muitas organizações, formando-se uma cultura competitiva predatória.
Algumas organizações parecem dizer aos novatos que ingressam em seus qua-
dros: bem-vindos ao inferno!
O conflito disfuncional é estimulado ao ser traduzido como apologia à ambição
e à agressividade, como sinônimos de capacidade empreendedora. Cria-se a
cultura da desagregação. Parece incrível, por sua irracionalidade, mas carac-
teriza o estado organizacional de espírito, eclipsado pelo poder excludente. É a
reprodução do preceito de Maquiavel: dividir para governar.
A competitividade, nos moldes em que é proclamada e desenvolvida, reproduz
um ambiente de lutas fratricidas, sob o disfarce de um coleguismo artificial, que
desestimula qualquer relação autêntica de amizade. Todos amigáveis, ninguém
amigo, pois a regra é competir, não cooperar.
Formar uma cultura saudável pelos valores da participação, cooperação, sinergia
é condição essencial à valorização humana e à perpetuidade das organizações
(MATOS, 2001 p. 168-169).
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
9. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu
desempenho no estudo desta unidade:
1) Nessa unidade, você viu conceitos relacionados à cultura organizacional.
Monte um breve resumo retomando cada um desses conceitos, identifican-
do-os com a empresa em que trabalha.
2) A cultura de uma organização é estática ou dinâmica? Justifique.
3) Faça uma análise reflexiva sobre o personalismo e a malandragem e suas
influências nas organizações.
4) O que você acha da ambiguidade entre o discurso e a prática presente na
cultura organizacional?
5) Para você, quais são os traços brasileiros que marcam a cultura organizacional?
10. CONSIDERAÇÕES
Pelo que pudemos observar, a fonte inicial da cultura da em-
presa remete então ao seu fundador, pois ele não estava bloquea-
do por ideologias anteriores e o pequeno porte que determina a
© U5 - Cultura Organizacional 105
11. REFERÊNCIAS
Site pesquisado
MORITA. M. Cultura Organizacional: dos campos às empresas. 7 maio 2010. Disponível
em: <http://www.marcosmorita.com.br/2010/07/cultura-organizacional-dos-campos-
as-empresas/>. Acesso em: 03 out. 2012.
6
1. OBJETIVOS
• Apresentar a visão relativista e contingencial das organizações.
• Compreender que não há uma maneira única ou melhor
de administrar as empresas.
• Entender o significado da palavra "contingência" e refletir
sobre o ponto de vista dessa abordagem no desempenho
organizacional.
2. CONTEÚDOS
• Burns e Stalker: Sistemas mecânicos e orgânicos.
• Quatro variáveis contingenciais que afetam a estrutura
organizacional.
• Lawrence e Lorsch: paradoxo entre integração e diferen-
ciação dos sistemas organizacionais.
• Chandler e as estratégias e estruturas das empresas.
108 © Práticas Corporais Alternativas
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Aprendemos nas unidades anteriores que a Teoria Geral da Ad-
ministração inclui grande diversidade de temas que correspondem
às teorias específicas ou aos campos do conhecimento, e, portanto,
abrange diversos princípios de forma distinta ou interdependente.
Dessa forma, novos estudos, técnicas e práticas gerenciais
surgem em períodos cada vez mais curtos, resultando em diferen-
tes abordagens e modelos de gestão empresarial.
Dentre as diversas abordagens e modelos, quais delas as em-
presas podem utilizar?
Poderíamos responder que a escolha dos modelos mais ade-
quados para a organização depende da identificação de vários fa-
tores, como o problema que a empresa vivencia, a situação em
que ela se encontra, a entrada de novos concorrentes no mercado,
as mudanças na política econômica do país etc.
Para Maximiano (2004), à medida que a administração ama-
durece, constata-se que muitas ideias são úteis em determinadas
situações; porém, não o são em outras. Algumas teorias servem
para determinados gerentes, mas não para outros. Por meio dessa
questão, surgiu uma escola de pensamento administrativo chamada
de "teoria situacional" ou, simplesmente, "teoria da contingência".
Nesta unidade, abordaremos as principais pesquisas que re-
sultam na teoria contingencial e, inicialmente, seus principais con-
ceitos. Vamos lá!
© U6 - Teoria Contingencial 109
5. CONCEITO DE CONTINGÊNCIA
Vamos refletir sobre o significado da palavra "contingência"?
De acordo com o dicionário eletrônico Michaelis, "contingên-
cia" significa: fato possível, mas incerto. E "contingente" significa aqui-
lo que pode, ou não, suceder ou existir; duvidoso, eventual, incerto.
Porém, Bernardes e Marcondes (2003) alertam para o fato
de que os estudiosos dessa teoria criaram um significado a mais
para a palavra "contingência", na qual "tudo depende de", caracte-
rizada pelo desenvolvimento da teoria dos sistemas, com algumas
vantagens, tais como a de detalhar melhor cada uma das variáveis
que afetam a empresa e prescrever medidas para o planejamento
visando a resultados eficazes e eficientes.
Essas variáveis podem ser:
• internas: representadas pelas culturas de seus participan-
tes, tecnologias empregadas, porte e idade da empresa.
• externas: representam as características ambientais e prin-
cipalmente seu grau de incerteza e sua adaptação contínua.
Os pressupostos básicos da teoria contingencial, que se esta-
beleceram na moderna análise organizacional, enfatizam que:
As organizações são sistemas abertos que necessitam de cuidadosa
administração para satisfazer e equilibrar necessidades internas,
assim como adaptar-se a circunstâncias ambientais (MORGAN,
1996, p. 53).
[...]
"Não existe a melhor forma de organizar. A forma adequada depen-
de do tipo de tarefa ou do ambiente dentro do qual se está lidando"
(MORGAN, 1996, p. 53).
[...]
A Administração deve estar preocupada, acima de tudo, em atingir
boas medidas. Diferentes enfoques em administração devem ser ne-
cessários para desempenhar diferentes atividades dentro da mesma
organização e tipos bem diferentes ou espécies de organizações são
necessários em diferentes tipos de ambientes (MORGAN, 1996, p. 53).
Regras e regulamentos
Pessoas e comunicações
6) Confiabilidade formalizados por escrito e
informais entre as pessoas.
impostos pela empresa.
• diferenciação e integração;
• descentralização e centralização;
• inovação e conformismo.
Portanto, não havendo uma maneira pronta de administrar,
cada organização deve procurar as adaptações necessárias para
sua sobrevivência e perpetuidade.
A Figura 1 ilustra o modelo proposto pelos autores.
ESTRUTURA
FASE CARACTERÍSTICAS
ORGANIZACIONAL
• Diversificação.
3) Continuação do • Aumento da concorrência. • Adaptação da estrutura
crescimento organizacional.
• Queda nos lucros.
• Surgimento dos
• Mercado saturado.
departamentos de Pesquisa
& Desenvolvimento.
• Ênfase na estratégia
4) Racionalização mercadológica.
• Nova estrutura funcional
do uso de • Busca de novas linhas de
departamentalizada.
recursos em produtos.
expansão • Divisões autônomas de
• Descentralização das
cada linha de produtos.
operações.
• Centralização do controle.
Fonte: adaptado de RIBEIRO (2005, p. 141).
11. CONSIDERAÇÕES
Como podemos perceber, essa abordagem salienta que o
que um administrador faz na prática depende ou está relacionado
a um conjunto de circunstâncias ou situações.
Em geral, tenta delinear situações nas quais as várias formas
de administrar tenham as melhores chances de sucesso, e, ain-
da que não exista uma forma ideal para se resolver um problema
administrativo em todas as empresas, é plausível que haja uma
forma ideal para resolver qualquer problema administrativo em
qualquer empresa.
Nesta unidade, você estudou sobre a visão relativista e contin-
gencial das organizações, fundamentada em alguns teóricos como
Chandler, Burns e Stalker, Lawrence e Lorsch. Entendeu o concei-
to de "contingência" e, por fim, pôde fazer uma reflexão acerca da
abordagem contingencial no desempenho organizacional.
Na próxima unidade, faremos um breve estudo sobre lide-
rança organizacional.
Vamos lá?
12. E-REFERÊNCIAS
HISTÓRIA DA ADMINISTRAÇÃO. Alfred DuPont Chandler Jr. Disponível em: <http://www.
historiadaadministracao.com.br/jl/index.php?option=com_content&view=article&id=4
8:alfred-dupont-chandler-jr&catid=10:gurus&Itemid=10>. Acesso em 03 out. 2012.
7
1. OBJETIVOS
• Compreender a necessidade de liderança no ambiente
organizacional.
• Conhecer a evolução histórica da teoria da liderança e
suas principais conceituações.
• Identificar e reconhecer as diferenças entre as teorias: os tra-
ços, o estilo de liderança e a abordagem da nova liderança.
• Identificar as características que compõem o perfil do líder.
2. CONTEÚDOS
• Liderança organizacional.
• Evolução histórica da Teoria da Liderança.
• Teoria dos traços.
• Estilos de liderança.
122 © Práticas Corporais Alternativas
• Liderança situacional.
• Abordagem da Teoria da Nova Liderança.
• Características do líder.
geral dobrou nos últimos 13 anos. Desde o ano passado, elas já são maioria nos
cargos de coordenadora, encarregada ou análogos, ocupando 55% das vagas
em cada uma dessas áreas, e devem imperar, nos próximos dois anos, também
entre chefes e supervisores.
A leitura de Chieko Aoki, proprietária da rede de hotéis Blue Tree e presidente
de honra do Grupo de Mulheres Líderes Empresariais (Lidem), é de que o tempo
em que não havia espaço para a sensibilidade feminina na liderança empresarial
acabou com a cultura do pragmatismo exagerado entre as companhias após a
segunda guerra mundial – quando o mais importante era reconstruir, e não ino-
var. "Naquele tempo, as características da mulher eram vistas como desvanta-
gem, um peso que atrasaria o desenvolvimento. Isso mudou. A mulher geralmen-
te se preocupa em compartilhar, em ter contato com as pessoas no ambiente de
trabalho. É uma qualidade que tem sido reconhecida e aplicada inclusive pelos
homens", ressalta.
Essa proximidade com empregados e clientes está no cotidiano de Chieko, que
escreve e responde e-mails, cartas e bilhetes, e visita periodicamente as unida-
des da rede de hotéis, onde aproveita para fazer reuniões de trabalho, desde que
não sejam longas e possam ser centralizadas em um endereço por dia. "O trânsi-
to anda terrível", comenta. O pragmatismo faz parte do lado racional de Chieko:
ela costuma dizer que se não vai conseguir fazer algo, não insiste. Foi assim com
a tentativa de ter filhos. "Mas não tem problema, meus quatro sobrinhos já dão
um trabalhão", brinca.
A empresária diz que não há um padrão que descreva a mulher executiva, nem
mesmo entre as participantes do Lidem (hoje, são cerca de 90, que atuam em
áreas tão distintas quanto o mercado financeiro e a prestação de serviços em
tecnologia). Mas existem traços em comum: a idade da mulher que "chegou lá"
circunda os 45 anos; elas costumam manifestar o desejo quase nunca realizado
de ter filhos, mas negam sob qualquer hipótese abandonar o trabalho para se
dedicar exclusivamente à família ou aos afazeres domésticos, e frequentemente
encontram dificuldades com os parceiros quando são mais bem-sucedidas do
que eles. Fora, claro, as adversidades geradas por "núcleos de resistência" do
machismo.
Na marra
A escalada nem sempre é só cor-de-rosa. A administradora Elza Aguiar, hoje
vice-presidente da Marinho Despachantes, uma das maiores empresas do setor,
começou na empresa com 16 anos de idade, como recepcionista, e teve de con-
quistar seu espaço contra tudo e todos. "Nosso ramo de atuação é 100% machis-
ta. Encontrei obstáculos toda vez que cresci na empresa. Tinha de provar minha
competência na raça. Até hoje, com 30 anos de casa, vice-presidente, ainda
tenho dificuldades, tanto entre alguns colegas de trabalho quanto com contatos
externos", conta. "Até porque quando comecei a trabalhar aqui, eu era a única
mulher na companhia inteira. Hoje, as coisas estão se equilibrando", acredita.
Responsável pelos maiores filões da empresa no mercado – seguradoras e finan-
ceiras –, Elza comanda diretamente um diretor e quatro gerentes, além dos 202
funcionários da empresa. E já há novas "elzas" entre eles. "A gente percebe que
a mulher investe mais em formação pessoal. Quando nós abrimos inscrição para
cursos de aprimoramento, elas são as primeiras. Então há mulheres aqui que,
em cinco anos de casa, alcançaram postos mais altos que alguns homens em
30 anos", afirma. Essa transformação na hierarquia da empresa incentiva os ho-
mens a se fecharem em ainda mais machismo? Elza não sabe. De qualquer forma,
quando eles são forçados a correr atrás, quem ganha é a empresa. "Temos per-
cebido, sim, ganho na produtividade com um espaço de trabalho ‘misto’", avalia.
A própria Elza diz que, para realizar tudo que gostaria, teria de considerar sua
agenda lotada "até os 79 anos de idade" – motivo pelo qual acabou desistindo
dos filhos, "porque, depois dos 30, passou da hora". Mas ela firmou como obje-
tivo ajudar a empresa a criar mais postos de trabalho e mais oportunidades de
crescimento como as que ela teve, para ambos os sexos. "Você me pergunta se
não me arrependo de não ter tido filhos. Tenho minhas sobrinhas, que são mara-
vilhosas, e 202 filhos e filhas na empresa. É suficiente", brinca. "Se alguém me
pergunta se eu não estou cansada ou se não queria deixar o trabalho para criar
família, eu digo que não. Eu quero é cada vez mais", afirma.
Sete véus
O fim do primeiro casamento de Patrícia de Toledo, hoje à frente da diretoria de
Desenvolvimento e Apoio do Hospital Geral de Pedreira, situado na Zona Sul da
capital paulista, teve relação direta com seu crescimento profissional. "Nós brigá-
vamos porque eu tinha maior poder aquisitivo do que ele. Discutíamos também
por causa dos compromissos externos que o meu trabalho exige. Acho que ele
esperava que eu fosse uma dona de casa", conta. Ela casou-se novamente e os
problemas acabaram. "Mas no começo eu percebia algum desconforto nele, por
exemplo, quando queríamos comprar algo. Ele fazia as contas e dizia: ‘não dá’.
Aí eu dizia, dá sim, eu tenho esse dinheiro", lembra.
O momento é de atenção total ao Hospital de Pedreira, que se prepara para con-
quistar as últimas credenciais para que seja considerado o melhor hospital públi-
co do país – sob a direção de uma organização que, há séculos, é liderada por
mulheres. "É um grupo de quase 500 anos tocado por freiras, então sempre teve
as mulheres à frente. Também por isso nunca sofri preconceito entre os colegas.
Cresci profissionalmente aqui dentro e estudei muito para deixar sempre clara a
minha competência", afirma. Para ela, a mulher consegue muito mais facilmente
invocar a sensibilidade no ambiente de trabalho. "Se torna uma vantagem sobre
os homens. Acho que eles não gostam de ouvir isso, mas...", comenta.
Patrícia tem MBA em serviços de saúde e atualmente faz pós-graduação em
administração hospitalar. Sua mãe, que não pôde ter ensino superior, sonhava
com esse sucesso. "Mas não acreditava que iria tão longe", comemora Patrícia.
E com tantas atividades, a agenda continua dificultando as horas livres, mas ao
menos ela encontrou uma atividade física que, ao mesmo tempo em que reafirma
a feminilidade de quem não quer ser vista como "gerentona", ainda agrada ao
marido: dança do ventre. "Escolhi porque faz bem à saúde, é prazeroso até para
alimentar a vaidade".
Sim, senhora!
Já Fátima Ramos Dutra precisa de mais do que exercitar a vaidade para evitar a
"curiosidade", como ela própria diz, sobre sua carreira. Não se trata exatamente
de um cargo de CEO, mas exige tanto poder de gerenciamento quanto, ou até
mais: ela é coronel da Polícia Militar, subcomandante do Comando de Policia-
mento 7, baseado em Sorocaba. Sob o seu comando, estão policiais de 79 mu-
nicípios no interior. "Eu cuido diretamente de todas as questões administrativas
dos sete batalhões nessa área, mais a sede. É uma carreira mais masculina, mas
eu nunca esbarrei em machismo. Sendo uma coronel mulher, vejo muito mais
curiosidade. As pessoas ficam me indagando as mesmas coisas que você está
perguntando agora", conta.
© U7 - Liderança Organizacional 125
O primeiro efetivo feminino de polícia de São Paulo surgiu em 1955, com 13 mulheres.
Hoje, elas já são 9,5 mil, embora dentro de um contexto de 94 mil policiais militares
no total. Mulheres coronéis, há menos de uma dezena. "Elas somam à corporação
como qualquer pessoa. A responsabilidade é a mesma entre homens e mulheres. A
evolução que houve aconteceu de forma conjunta: estamos todos mais propensos a
ouvir, a ser mais sensíveis no trabalho. É uma coisa boa que estejamos todos mais
preocupados uns com os outros", avalia, sobre a contribuição feminina à corporação.
Sair da carreira só depois de aposentada. "Talvez dar aulas, que é algo que eu
gosto, ou então lidar com decoração. Parar de trabalhar eu não vou nunca",
ressalta. Fátima vem de família de policiais militares: o pai era PM, sua irmã é
sargenta na mesma corporação e a tradição pode ser levada adiante. "Eu ainda
quero ter filhos. Por que não? Acho interessante. Mas a polícia eu não largo de
jeito nenhum", afirma. "O importante é ter nos filhos algo que nos motive ainda
mais a fazer um bom trabalho. As policiais mulheres que comandamos e que têm
filhos são excelentes, prestam um ótimo atendimento. Nossos filhos são benefi-
ciados por uma polícia eficiente", pondera.
Pela internet
Mãe de três meninos e diretora-executiva da Folha Online e da PubliFolha, res-
pectivamente site e editora de livros do jornal Folha de S.Paulo, Ana Lucia Busch
tem a mesma opinião: "Só consigo ser tão feliz por poder trabalhar com o que
gosto, do jeito que gosto e ainda assim ter uma família maravilhosa". Contudo,
ela admite que, em um ramo que não tem fins de semana, seu lado dona de casa
não larga celular e notebook. "Eles reclamam, mas precisam entender. É uma
questão de adaptação como em qualquer outra situação da vida", diz. "É possível
separar trabalho e lazer, mesmo que a divisão não seja por dias da semana, e
sim por horas do dia", completa.
Pior do que a correria durante a rotina normal, foi estar à frente do veículo eletrô-
nico do Grupo Folha durante o estouro da "bolha" da Internet, em 2002, ocasião
em que centenas de empresas virtuais desabaram como um castelo de cartas.
"Morreram as empresas que tentaram pôr em prática projetos que só funciona-
ram em tempos de exceção. Quem manteve um planejamento austero sobrevi-
veu. A Internet é só um meio, não pode alterar a forma de conduzir os negócios.
Quem não percebeu isso não tinha como continuar", avalia.
E as finanças pessoais? Independentemente da experiência de enfrentar uma
crise de mercado em uma grande companhia ou do dia a dia naturalmente puxa-
do, as prioridades de Ana Lúcia resumem o que pesquisas apontam como con-
senso entre as mulheres que comandam as contas da casa: "Viagens diferentes,
livros para as crianças e aprendizado de novas coisas". Lazer, família e aprimo-
ramento profissional. "A recompensa é enorme", garante (SARTORATO, 2010).
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Desde o início de nossos estudos sobre a administração nas
organizações, estamos aprendendo as técnicas administrativas e
como elas são úteis na condução das empresas.
5. LIDERANÇA ORGANIZACIONAL
Neste tópico, abordaremos os principais conceitos de lide-
rança. Também enfocaremos a importância do uso desses concei-
tos na condução das organizações, especialmente para os ocupan-
tes dos cargos de chefia.
Teoria da Liderança––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O crescimento da literatura sobre o tema reflete no aumento de artigos no Hand-
book of leadership. Em 1974, esse manual apresentava 3.000 estudos, após sete
anos, 5.000 e em 1995 passou dos 7.000. No entanto, a popularidade da pesquisa
não foi compatível com a sua relevância. Os títulos das teorias, novas e antigas,
demonstram a natureza dessas pesquisas: minuciosas e alienadas, totalmente
fora da realidade cotidiana (KETS DE VRIES apud DUTRA, 2006, p. 22).
[...]
A preocupação com a liderança é tão antiga quanto a história escrita. Platão
constituiu um bom exemplo dessas preocupações iniciais ao falar da adequada
educação e treino dos líderes políticos, assim como da grande parte dos filósofos
políticos que, desde essa época, procuraram lidar com esse problema. No estu-
do da liderança é preciso interpretar o conjunto de todos os pontos de vista dos
autores, a fim de que se tenha uma visão mais abrangente do tema.
A evolução histórica da liderança é compreendida de quatro etapas correspon-
dentes a um determinado período. A Teoria dos Traços, que marca o início dos
estudos sobre liderança, originou-se de pesquisas disponíveis a respeito de lide-
rança dentro dos períodos compreendidos entre 1904-1948 (BERGAMINI apud
DUTRA, 2006, p. 22).
A abordagem do estilo, caracterizada pela dinâmica do comportamento do líder,
iniciou na década de 50 e prevaleceu até o final dos anos 60" (BERGAMINI apud
DUTRA, 2006, p. 22).
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Nessa época, ocorreu o apogeu da abordagem contingencial,
que durou até o início da década de 1980, com o surgimento da mais
importante abordagem sobre o tema: a influente Nova Liderança.
[...]
Cada uma dessas etapas indica uma transformação de enfoque e
não o fim das anteriores, sendo que a cronologia dos estudos está
associada à mudança de ênfase.
A cobertura e a interpretação dessas principais abordagens serão
dispostas a seguir, dividindo-as em tópicos específicos, os quais re-
presentam uma forma mais evoluída sobre o estudo da liderança
(BERGAMINI apud DUTRA, 2006, p. 22).
© U7 - Liderança Organizacional 131
8. ESTILOS DE LIDERANÇA
A ênfase da Teoria Estilos de Liderança surge no final da década
de 1940. Nessa época, os pesquisadores pararam de pensar nas carac-
terísticas pessoais dos líderes e começaram a se preocupar especifica-
mente com a ação de um bom líder, ou seja, com seu comportamento.
A seguir, acompanharemos algumas reflexões de Dutra
(2006, p. 24) sobre o assunto:
Estilos de Liderança–––––––––––––––––––––––––––––––––––
Esta segunda etapa que norteia os estudos sobre Estilos de Liderança inicia-se
após a II Grande Guerra Mundial, no momento em que a grande preocupação
é as atividades de gestão do dia-a-dia das organizações. A concentração de
esforços foi conduzida no sentido de analisar o comportamento e ação adequa-
da do líder. Essa mudança denotou uma alteração nas implicações práticas da
pesquisa sobre liderança. Enquanto a Teoria dos Traços caracterizou os tipos de
pessoas que se tornaram líderes e diante dessa proposta possuíam enorme po-
tencial para abastecer as organizações com informações importantes na seleção
de líderes atuais ou futuros, a abordagem do Estilo de Liderança tem sua ênfase
no treinamento em detrimento da seleção dos líderes.
[...]
Muitas pesquisas com a visão de colocar em evidência comportamento e eficá-
cia dos líderes foram aplicadas. A hipótese proposta era determinar o nível de
desempenho obtido pelo grupo comparado com o estilo de liderança do líder
(DUTRA, 2006, p. 25).
[...]
Os dois itens abordados com maior ênfase no questionário destas pesquisas sobre
o comportamento do líder foram a consideração e iniciativa de estruturar. O primeiro
© U7 - Liderança Organizacional 133
9. LIDERANÇA SITUACIONAL
Neste tópico, iremos nos apoiar novamente nos apontamen-
tos de Dutra (2006, p. 27). Vejamos o que esse autor comenta so-
bre a liderança situacional.
Liderança Situacional––––––––––––––––––––––––––––––––––
As teorias situacionais possuem como principal foco de interesse o estudo do
comportamento contingente em liderança, que se refere ao ambiente organiza-
cional e ao perfil e comportamento dos liderados
Os defensores da abordagem contingencial destacam os fatores situacionais
para a compreensão de liderança e, assim, buscam especificar as variáveis si-
tuacionais que moderarão a efetividade das diferentes abordagens de liderança
(BRYMAN apud DUTRA, 2006, p. 27).
Segundo Hersey e Blanchard (apud DUTRA, 2006, p. 27), não existe um só
modo de influenciar as pessoas. O estilo de liderança que uma pessoa deve
adotar para influenciar indivíduos ou grupos de pessoas depende do nível de
maturidade dos envolvidos.
Essa maturidade varia em quatro níveis e inclui a dosagem certa de comporta-
mento de tarefa e comportamento de relacionamento (DUTRA, 2006, p. 27).
Nesse contexto, entende-se por comportamento de tarefa a conformidade que o
líder dirige as pessoas e deve dizer a elas o que, como, quando e onde fazer. Por
outro lado, o comportamento de relacionamento é a conformidade que um líder
se dedica na comunicação com as pessoas e tem a intenção de encorajá-las e
motivá-las (HERSEY; BLANCHARD apud DUTRA, 2006, p. 27).
Nova Liderança–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A caracterização da expressão Nova Liderança tem sido usada para denotar as
abordagens atuais que surgiram na década de 1980 e que, consequentemente,
sinalizam um novo modo de conceituar e pesquisar a liderança.
Escritores e pesquisadores empregaram uma variedade de termos para nomear
os recentes tipos de liderança. No presente estudo, serão apresentados alguns
tipos de liderança desta nova abordagem.
O aparecimento de modelos que têm ênfase transformacional e aspectos tran-
sacionais de liderança reativou esta como tópico principal de interesse teórico e
prático nos recentes anos 80 (DUTRA, 2006, p. 29).
Os estudiosos construíram modelos de situação, contingentes e transformação,
incorporando conceitos carismáticos, transacionais e visionários em um paradig-
ma da nova liderança.
Em virtude das pressões da competitividade econômica, que as organizações
enfrentaram na década de 1980, havia interesse crescente nos exemplos de um
único gerente que cria extraordinários níveis de compromisso, esforço e vontade
no empregado para correr altos riscos na organização (DUTRA, 2006, p. 29).
[...]
Em decorrência da necessidade das organizações de encontrarem líderes que
pudessem concretizar comportamentos de compromisso e motivação, a auto-
ridade carismática surge como retaguarda, pois está baseada nas convicções
de seguidores no caráter exemplar do líder. É vista como liderança carismática
quando requer as características de autoconfiança, convicção e as condições de
tensão e incerteza, metas de difícil mensuração e excelente grau de envolvimen-
to (DUTRA, 2006, p. 30).
Muitos estudiosos da liderança carismática também apresentaram a visão como
central para a liderança organizacional. A visão e a missão quase equivalem à defi-
nição característica da liderança carismática (BRYMAN apud DUTRA, 2006, p. 30).
Bryman analisa os estudos sobre a ova Liderança como sinais de mudança de
orientação, uma vez que considera o líder como um gestor de significado e reco-
nhece o papel fundamental da visão no processo (DUTRA, 2006, p. 30).
No estudo de Burns, os líderes políticos podem ser distinguidos em termos de
uma dicotomia entre liderança transacional e transformacional. A primeira com-
preende uma troca entre líderes e seguidores, especificada na oferta de recom-
pensas na forma de prestígio e dinheiro em obediência a seus desejos (BRYMAN
apud DUTRA, 2006, p. 30).
Na análise literal do termo, transacional significa trocar algo por um outro ob-
jetivo, sentido ou ação. Segundo Steiner (1976), psicólogo americano, a teoria
transacional é sustentada quando o comportamento entre duas pessoas é mais
compreensível examinado em termos de transações (DUTRA, 2006, p. 30).
[...]
Liderança transacional é um processo de troca social entre os liderados e líderes
que envolvem várias transações baseadas em recompensas. O líder transacio-
nal transmite as expectativas de desempenho, metas e o ponto em que serão
confrontadas as metas e recompensas. O líder, também, monitora o desem-
penho dos seguidores e propõe ações corretivas quando necessário (DUTRA,
2006, p. 31).
Enquanto a segunda vertente, a liderança transformacional, é baseada na mu-
tualidade de propósito, na qual o líder transformacional eleva as aspirações de
seus seguidores (BRYMAN apud DUTRA, 2006, p. 31).
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O termo "liderança transformacional" foi mencionado pela
primeira vez por J. V. Dowton, em 1973, em seu livro Rebel Lea-
dership. Burns, no livro Leadership, de 1978, forneceu um quadro
teórico para este termo, bem como o modelo e o método de men-
suração (BRYMAN, 2004).
Segundo Bergamini (apud Dutra, 2006, p. 31),
A proposta da liderança transformacional está baseada na influên-
cia do líder sobre o seguidor. A ação da liderança nesse caso tem
que ocorrer em dupla direção a fim de que se estabeleça o clima de
respeito ao outro enquanto pessoa integral.
Na ação da liderança transformacional o líder retira fonte de infor-
mações na convivência com o seguidor para exercer o seu papel,
portanto, não somente o influencia como também é influenciado
por ele.
Características do Líder––––––––––––––––––––––––––––––––
O ser humano, na evolução da história, transformou o mundo gradativamente e,
portanto, necessita de estratégias especiais a fim de que suas potencialidades sejam
devidamente absorvidas e aproveitadas nas instituições (DUTRA, 2006, p. 34).
2) Para liderar um grupo, quais requisitos uma pessoa deve preencher? Identi-
fique pelo menos seis deles.
3) Você acha que a liderança é nata ou pode ser desenvolvida? Justifique sua
resposta.
5) Trabalho em equipe – O líder precisa saber quais são suas fraquezas e en-
contrar pessoas que equilibrem essa deficiência.
6) Comunicação – Líder é quem consegue fazer com que suas mensagens
cheguem aos corações e às mentes das pessoas. "A realização das ideias e
princípios se faz através dos outros", explicou (CRA/SP, 2005).
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
13. CONSIDERAÇÕES
As questões levantadas nesta unidade refletem parte dos
estudos sobre a liderança, desde os primeiros conceitos estabe-
lecidos, cujas vertentes possuíam como enfoque a figura do líder
nato, até a liderança com perfil organizacional, na qual a aborda-
gem estuda a ação da liderança nas instituições.
Nas pesquisas mais recentes sobre o tema, os autores têm
como propósito investigar se a ação da liderança é eficaz na pro-
dução de resultados e também se seus seguidores estão convictos
de que as atividades atribuídas a eles pelos líderes são compactua-
das, isto é, se os liderados acatam as ordens dos líderes e lhes dão
credibilidade.
As pesquisas sobre liderança necessitam de um maior com-
prometimento dos teóricos, estudantes, professores, enfim, da
comunidade acadêmica e científica. Além disso, é preciso que haja
um engajamento das instituições para permitir a difusão dos es-
tudos, pois a pesquisa de campo é essencial para a descoberta de
novas ideias.
14. E-REFERÊNCIAS
Site pesquisado
CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE SÃO PAULO (CRA/SP). O líder precisa
saber quais são suas fraquezas. Extraído de: Jornal do Administrador, n. 234, dez. 2005.
Disponível em: <http://www.crasp.gov.br/crasp/WebForms/default.aspx>. Acesso em:
08 out. 2012.
© U7 - Liderança Organizacional 141
8
"Os sete Pecados Capitais no
mundo de hoje":
• Riqueza sem trabalho,
• Prazer sem consciência,
• Conhecimento sem caráter,
• Negócios sem moral,
• Ciência sem humanidade,
• Religião sem sacrifício e
• Política sem princípios.
(Mahatma Gandhi)
1. OBJETIVOS
• Compreender a importância da relação entre ética e ad-
ministração.
• Entender o significado do termo "responsabilidade social
empresarial".
• Compreender os argumentos favoráveis e contrários ao
ato de as empresas assumirem responsabilidades sociais.
144 © Práticas Corporais Alternativas
2. CONTEÚDOS
• Ética.
• A concepção filosófica da palavra "ética".
• O ensino da ética nas escolas de administração.
• Ética empresarial.
• Responsabilidade social empresarial.
• Abordagens sobre responsabilidade social empresarial.
• A responsabilidade social empresarial no Brasil.
• Governança corporativa.
• Compliance.
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Na unidade anterior, estudamos sobre liderança organizacio-
nal, seus conceitos, traços e estilos. Compreendemos a necessi-
dade da liderança no ambiente organizacional e identificamos as
características que compõem o perfil do líder.
Claretiano - Centro Universitário
146 © Práticas Corporais Alternativas
5. ÉTICA
A origem da palavra "ética" vem do grego ethos, que signifi-
ca costume, maneira habitual de agir, índole. Genericamente, ética
pode ser entendida como um conjunto de princípios e valores que
guiam e orientam as relações humanas.
O homem, durante sua vida, em todas as suas ações, precisa op-
tar entre o certo e o errado, entre o bem e o mal. Esse constante dilema
obriga-o a fazer considerações sobre o significado desses conceitos.
A ética, entre outros objetos de reflexão, trata do enfrenta-
mento dessa constante redefinição na busca da melhor escolha
para o indivíduo e para a sociedade.
Etimologicamente, a palavra ética significa:
[...] estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana,
suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja
relativamente à determinada sociedade, seja de modo absoluto
(FERREIRA, 1986, não paginado).
ção pelo bem ou pelo mal. Por essa razão, a ação que não estiver
revestida de liberdade estará destituída de um dos componentes
essenciais das ações éticas. O homem será tanto mais livre quanto
mais sua escolha aproximar-se de seus fins existenciais (ARRUDA
et al., 2001).
8. ÉTICA EMPRESARIAL
O senso ético no homem é construído constantemente. A ética
se aprende e se pratica em casa, na escola, na rua e nas organizações.
Ao longo da vida, por meio de diferentes experiências, é reforçada ou
alterada, mas o certo é que o homem anseia pelos melhores valores
norteadores de seu comportamento e de seu modo de pensar.
Dessa forma, exige-se um alto senso ético do homem em-
presário, especialmente porque de suas atitudes resultarão bene-
fícios ou malefícios a um conjunto maior de pessoas.
A ética nas empresas pode ser entendida como o estudo da
forma pela qual as normas morais e pessoais se aplicam às ativi-
dades e aos objetivos das empresas. Não se trata de um padrão
moral separado, mas do estudo de como o contexto do ambien-
te empresarial cria seus próprios problemas e exclusivos à pessoa
que atua como um gerente desse sistema.
A sociedade exige cada vez mais o comportamento ético por
parte das empresas. No cotidiano das empresas, surgem alguns
dilemas, pois as regras de mercado e o pluralismo da sociedade
apresentam oportunidades e necessidades de ação que, a primei-
ra vista, não parecem dar motivo para dúvidas morais pessoais,
mas, quando analisados de forma profunda, representam proble-
mas morais importantes para as pessoas.
Teoria de Carroll
Archie Carroll criou um modelo de Responsabilidade Social
baseado em cinco princípios, conhecido como a pirâmide da res-
ponsabilidade social. Vejamos a Figura 2, que ilustra esse modelo.
Resp.
Discricionária
Contribuir para
a comunidade e
qualidade de vida
Responsabilidade Ética
Ser ético. Fazer o que é
certo. Evitar dano
Responsabilidade Legal
Obedecer a Lei
Responsabilidade Econômica
Ser Lucrativa
outro lado, esse modelo ocasionou alguns custos para o setor, prin-
cipalmente a perda da oportunidade de se consolidar um sistema
autônomo de representação de interesses, contrastando fortemen-
te com o processo de formação de identidade coletiva típica da clas-
se empresarial dos países capitalistas da Europa.
Conforme relata Torres (2001), a mudança de mentalidade
da classe empresarial no Brasil começou em meados da década
de 1960, com a divulgação da "Carta de Princípios do Dirigente
Cristão de Empresas", publicada pela Associação dos Dirigentes
Cristãos de Empresas (ADCE).
Mesmo que limitada ao mundo das ideias e efetivando-se
apenas em discursos e textos, essa mentalidade já fazia parte da
realidade de uma pequena parcela do empresariado. Um dos prin-
cípios divulgados pela ADCE estava baseado na aceitação, por seus
membros, de que as empresas, além de produzirem bens e servi-
ços, devem possuir uma função social que se realiza em nome dos
trabalhadores e do bem-estar da comunidade em geral.
Nas décadas de 1980 e 1990, com o aprofundamento da cri-
se que afetou os países latino-americanos, em especial o Brasil,
ocorreram graves consequências para o país, como o crescente
endividamento externo, a aceleração do processo inflacionário e
a extrema concentração de renda. Outra mudança que deve ser
considerada é o fim do regime militar.
Contrastando com o que vinha acontecendo na atuação do
empresariado em períodos anteriores, restrita ao exercício da in-
fluência no âmbito da burocracia governamental, a partir de 1985,
os empresários passaram a ter uma presença mais ativa na arena
política, disputando cargos eletivos e formando uma bancada sig-
nificativa para o Congresso Constituinte.
Antes o empresário achava que não quebrava. Sempre havia um órgão
público para socorrê-lo. Depois quebrava como empresa, mas sempre
se safava como pessoa e, muitas vezes, rico. Agora, a tendência é que
também quebre com a quebra da empresa (MATOS, 2001, p. 101).
Governança corporativa––––––––––––––––––––––––––––––––
Para o grupo Suzano governança corporativa é a garantia de continuidade da-
quilo que os fundadores semearam. É a evolução de um sonho. Podemos sofrer
acidentes ao longo do caminho, isso é natural. Mas boas práticas de governança
favorecem a continuidade das empresas da Suzano e tornam seus alicerces re-
sistentes ao movimento incontestável que é a globalização. David Feffer, Presi-
dente do Conselho de Administração (OCDE, 2009, p. 22).
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Conceito e características
Almeida e Almeida (2002) afirmam que as discussões sobre o
conceito de governança corporativa, bem como a aplicação dessas
práticas, vêm se intensificando com mais rigor na última década.
Embora esse já seja um conceito bem desenvolvido nos Estados
Unidos e no Reino Unido, outros locais também o estão adotando,
como o Japão, a Europa continental e até mercados emergentes,
como o Brasil (ALMEIDA e ALMEIDA, 2002).
Para a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), governança
corporativa
O caso da Ultrapar–––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A Ultrapar tinha a opção de transformar-se em uma verdadeira empresa de grande
porte no processo de sucessão de sua liderança familiar. Ela escolheu tornar-se uma
das principais companhias brasileiras nos mercados de capitais. A profissionalização
de sua direção foi o caminho escolhido e, para materializar o objetivo, a governança
corporativa começou a mudar. Houve estes marcos: 1997 – profissionalização do
conselho; 1999 – IPO; 2000 – direitos de tag-along para todos os acionistas; e 2002
– a incorporação da Oxiteno e Gipóia. O processo de profissionalização com a imple-
mentação de práticas sólidas de governança culminaram na minha sucessão como
presidente-executivo do grupo. Em 2007, a aquisição da Ipiranga ocorreu por meio
do uso de ações da Ultrapar como moeda, que foi um processo bem-sucedido com
base nas melhores práticas de governança corporativa". Paulo Cunha, ex-Presiden-
te Executivo e atual Presidente do Conselho de Administração (OCDE, 2009, p. 22).
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Dentre os diversos problemas que podem ocorrer, que levam uma
empresa familiar à perda de seu valor, a OCDE (2009, p. 24) destaca:
• Sucessão da propriedade e da direção;
• Políticas de emprego familiar;
• Relações entre os assalariados da família e os recebedores de
dividendos da família;
• Processos de tomada de decisões dentro da família;
• Fornecer incentivos para contratar e reter gestores não familia-
res que sejam profissionais qualificados.
13. COMPLIANCE
Em um primeiro momento, é importante saber que compliance
"não é um ativo fixo pelo qual é possível atestar rapidamente se o bem
ainda existe, se está em boas condições de uso ou está sendo utilizado
de acordo com suas características" (ABBI-FEBRABAN, 2009, p. 8).
Conforme a ABBI-Febran (2009, p. 8), "Compliance está rela-
cionado ao investimento em pessoas, processos e conscientização",
e, por isso, é fundamental que as pessoas estejam conscientes sobre
a importância de "ser e estar em Compliance" (ABBI-FEBRAN, 2009).
5) Quais os perigos associados às análises dos preços de ações? Por que nem
sempre a maximização do preço conduz a uma maximização da riqueza?
15. CONSIDERAÇÕES
Após a análise do referencial teórico exposto, pode-se con-
siderar que um conjunto de valores éticos e de responsabilidade
social é uma importante ferramenta para que dirigentes e empre-
gados tomem decisões empresariais condizentes com as metas e
convicções da empresa. Quando bem alinhavada e implementada,
uma declaração de valores éticos especifica a forma pela qual a
empresa administrará os negócios.
Essa declaração de valores éticos será utilizada por gerentes e
funcionários como um valioso indicador, especialmente no momen-
to de tomar decisões importantes ou difíceis. Uma declaração de
valores éticos pode ajudar a empresa a desenvolver relações sólidas
com fornecedores, clientes e outros parceiros; pode também ajudar
a reduzir o número de processos legais e de contingências, a nego-
ciar conflitos de interesse e a assegurar o cumprimento das leis.
16. E- REFERÊNCIAS
Sites pesquisados
ALMEIDA, F. G.; ALMEIDA, L. C. A governança corporativa no Brasil: um estudo de caso no setor
de telecomunicações. Revista da CVM, v. 34, p. 71-77, 2002. Disponível em: <http://www.cvm.
gov.br/port/public/publ/Revista/arquivos/governanca.pdf>. Acesso em: 10 out. 2012.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE BANCOS INTERNACIONAIS (ABBI). Função de Compliance,
ABBI/Febraban, jul. 2009. Disponível em: <http://www.abbi.com.br/download/
funcaodecompliance_09.pdf>. Acesso em: 10 out. 2012.
AUSTRALIAN STANDARD™. Compliance programs AS 3806-2006. 9 Mar. 2006. Disponível
em: <http://www.saiglobal.com/PDFTemp/Previews/OSH/as/as3000/3800/3806-2006.
pdf>. Acesso em: 10 out. 2012.
BBCBRASIL.COM. Enron: perguntas e respostas. 30 jan. 2002. Disponível em: <http://www.bbc.
co.uk/portuguese/economia/020128_esp_eronqa.shtml>. Acesso em: Acesso em: 4 jun. 2012.
COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS (CVM). Recomendações da CVM sobre governança
corporativa. CVM, jun. 2002. Disponível em: <http://www.cvm.gov.br/port/public/publ/
cartilha/cartilha.doc>. Acesso em: 10 out. 2012.
FOLHAONLINE. Entenda o caso Enron. 25 maio 2003. Disponível em: <http://www1.
folha.uol.com.br/folha/sinapse/ult1063u416.shtml>. Acesso em: 10 out. 2012.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA (IBGC). Disponível em: <http://
www.ibgc.org.br>. Acesso em: 10 out. 2012.
INSTITUTO ETHOS. Disponível em: <http://www1.ethos.org.br>. Acesso em: 10 out. 2012.
INSTITUTO LIBERAL. Disponível em: <http://www.institutoliberal.org.br/>. Acesso em:
10 out. 2012.
ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO (OCDE). Guia
prático de governança corporática. IFC, Washington, 2009. Disponível em: <http://www.
oecd.org/document/18/0,3343,en_2649_34813_43626450_1_1_1_1,00.html>.
Acesso em: 21 abr. 2012.
PATSURIS, P. The corporate scandal sheet. Forbes.com, 26 Aug. 2002. Disponível em:
<http://www.forbes.com/2002/07/25/accountingtracker.html>. Acesso em: 10 out.
2012.
PENSAMENTO NACIONAL DAS BASES EMPRESARIAIS (PNBE). Disponível em: <http://
www.pnbe.org.br>. Acesso em: 10 out. 2012.
SAIR DA CASCA (SDC). A evolução da responsabilidade social. Disponível em: <http://
www.sairdacasca.com/respsocial/evolucao.asp>. Acesso em: 10 out. 2012.
2. CONTEÚDOS
• A globalização e seus impactos nas empresas.
• Fusões, incorporações e alianças estratégicas.
• Novos paradigmas em Administração.
• Benchmarking;
180 © Práticas Corporais Alternativas
• Reengenharia;
• Downzing;
• Gestão da qualidade total;
• Organizações virtuais;
• Administração participativa.
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Nesta unidade, finalizaremos este estudo mediante uma
análise da globalização e seus impactos no mundo corporativo,
dentre outras tendências que afetam e/ou modificam a Adminis-
tração.
Após 1950, observou-se uma revolução científica e tecnoló-
gica nas formas de produção. As empresas ficaram mais complexas
e as formas de gerenciá-las variaram profundamente quanto às
inovações em produtos e serviços.
Essa revolução ocorre ainda hoje no mundo empresarial. Ela
é resultado de uma série de transformações que acontecem sepa-
radamente ou interligadas, visando a uma maior eficiência e crian-
do um contexto empresarial diversificado. Essas transformações
atingem as organizações industriais, comerciais e prestadoras de
serviços, constatando-se a partir delas uma revolução administra-
tiva sem precedentes na história das empresas.
Funcionários de grandes empresas passaram de operários
manuais a operadores de máquinas, robôs ou sistemas informati-
zados, tornando-se supervisores ou analistas de informações. Des-
sa forma, esses funcionários assumiram tarefas de planejamento
e de estratégia que não estavam presentes em suas atribuições e
preocupações diárias.
Nesta última parte, abordaremos algumas mudanças de pa-
radigmas ou tendências da administração que estão modificando
ou influenciando as práticas administrativas.
Globalização–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O profissional bem-sucedido neste milênio, em um mundo globalizado, deverá
ser versátil, flexível, com visão planetária, fácil relacionamento em culturas diver-
sificadas, domínio da informática e de idiomas. E muita sensibilidade humana, já
que a tendência é a de valorizar a emoção mais que a razão. Os princípios bá-
sicos são os da felicidade, da ética e da transcendência (MATOS, 2001, p. 119).
As fronteiras nacionais estão se tornando cada vez mais insignificantes na defi-
nição das fronteiras dos negócios. Os avanços na tecnologia da comunicação e
as reduções às barreiras comerciais entre as nações contribuíram para a criação
de uma aldeia verdadeiramente global (ROBBINS, 2003, p. 6).
Os administradores têm de compreender que são as empresas que devem com-
petir e não os países. As empresas produzem onde lhes é mais conveniente e
vendem onde o mercado é mais atraente. A Nike vende tênis no mundo inteiro,
mas não possui nenhuma fábrica. Ela cria o produto, estabelece as especifica-
ções e terceiriza a produção (LACOMBE; HEILBORN, 2006, p. 504).
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Caro aluno, como já vimos na Unidade 6, cultura organizacio-
nal é o conjunto de princípios e valores vigentes numa empresa,
suas relações com o ambiente interno e externo, sua hierarquia,
que definem sua postura e seus padrões de comportamento. Vi-
mos também que a cultura nacional influencia demais as corpo-
rações.
Para trabalhar no mercado global, Kotabe e Helsen (2000)
alertam para o fato de que é necessário estar sensível aos vieses
culturais que influenciam o pensamento, o comportamento e a to-
mada de decisão, pois, devido a diversidades culturais, os enganos
culturais surgem facilmente quando as empresas globais intera-
gem com os membros de uma cultura estrangeira. Alguns desses
enganos são relativamente prejudiciais e facilmente perdoados.
Porém, muitos erros culturais colocam a empresa e seus produtos
em posição desagradável ou até geram danos permanentes.
Veja a seguir um caso prático de "vacilo" cultural:
Estudo de caso–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Eu me recordo de uma mudança de paradigma que me aconteceu em uma ma-
nhã de domingo, no metrô de Nova York. As pessoas estavam calmamente sen-
tadas, lendo jornais, divagando, descansando com os olhos semicerrados. Era
uma cena calma, tranquila.
© U9 - Novos Paradigmas e Tendências da Administração 195
Os carros dos nossos avós eram construídos para resistir a colisões e evitar
danos estruturais ao veículo, sendo que pouca atenção era direcionada à segu-
rança dos passageiros.
Diferentemente da década de 1950, hoje o automóvel possui conforto e rapidez,
além de contar com itens de segurança, como airbags, cinto, barras laterais,
vidro temperado, freios ABS, tecido resistente a chamas e carenagem que ab-
sorve o impacto de colisões. Trata-se de uma real mudança de paradigma: antes
era priorizada a resistência do automóvel, agora se prioriza a segurança dos
usuários.
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As organizações estão preparadas para a mudança? E você?
Está preparado para mudar? Mudar dá trabalho, requer novos
aprendizados, requer conhecimento de novas técnicas, além de
ser necessário "aprender a aprender".
A seguir, veremos quais são os novos conceitos e paradigmas
no campo da Administração.
Benchmarking
Ao se buscar a tradução da palavra benchmark, depara-se
com o seguinte conceito: marca de nível, marca comparativa, mar-
ca de referência. Portanto, o termo indica um referencial de lide-
rança, cujo objetivo é descobrir como empresas líderes realizam
algo, na tentativa de imitá-las ou superá-las. Pode-se definir ben-
chmarking como a busca das melhores práticas com a finalidade
de obter vantagem competitiva.
O benchmark foi introduzido em 1979 pela Xerox, de acordo
com Chiavenato (2000, p. 588), "como um processo contínuo de
avaliar produtos, serviços e práticas dos concorrentes mais fortes
e daquelas empresas que são líderes empresariais". A essência do
benchmarking é a busca das melhores práticas.
Sobre o conceito, Maximiano (2004, p. 465) agrega que "o
benchmark é o padrão ou ponto de referência a ser copiado, quan-
do se redesenham processos". O autor afirma também que uma
organização pode ser excepcionalmente bem-sucedida no proces-
samento e no acompanhamento de seus pedidos ou na adminis-
tração de suas contas a pagar.
© U9 - Novos Paradigmas e Tendências da Administração 197
Reengenharia
Na década de 1980, a reengenharia foi um marco para o
aprimoramento de processos e a divulgação da administração de
processos (MAXIMIANO, 2004). A reengenharia firmou-se como
proposta de redesenhar a organização em torno de seus proces-
sos, tornando-la ágil e eficiente. Moreira (1994, p. 45) apresenta a
reengenharia como uma proposição audaciosa:
Fazer a reengenharia é reinventar a empresa, desafiando suas
doutrinas, práticas e atividades existentes, para, em seguida, re-
desenhar seus recursos de maneira inovadora, em processos que
integram as funções departamentais. Esta reinvenção tem como
objetivo otimizar a posição competitiva da organização, seu valor
para os acionistas e sua contribuição para sociedade. (MOREIRA,
1994, P. 15).
Downzing
O processo de downsizing pode ser definido como a redução
do tamanho de uma empresa, principalmente pela diminuição pla-
nejada do número de funcionários e de níveis hierárquicos, com o
objetivo de reduzir custos e aumentar a flexibilidade e adaptabili-
dade da organização (LACOMBE; HEILBORN, 2006, p. 305).
Ferreira (1997) destaca que o downsizing também é uma forma
de se reduzir a burocracia exagerada das empresas, e não constitui
um modelo de administração, mas uma técnica cujo objetivo principal
é a racionalização da empresa. No curto prazo, ocorrem demissões
que refletem redução de custos, reestruturação de ativos e nova foca-
lização dos negócios. No longo prazo, procura-se revitalizar a empresa
com a expansão de seus mercados; desenvolver melhores produtos e
serviços; modernizar a organização e mantê-la enxuta.
Outro fato considerado por Ferreira (1997) é que o objetivo
do downsizing não é funcionar como um "facão" indiscriminado
para promover enxugamento. Deve ser planejado conforme o ob-
jetivo que se pretenda atingir, como, por exemplo:
1) redução de custos;
2) rapidez na tomada de decisões;
3) respostas mais rápidas às ações do concorrente;
4) comunicação menos distorcida e mais rápida;
5) promoção de sinergias dentro da empresa;
6) criação de foco nas necessidades do cliente, e não nos
procedimentos internos;
7) aumento da produtividade dos gerentes.
Uma crítica interessante que deve ser levada em considera-
ção é a elaborada por Wood Júnior (1997):
O conceito é simples: pare de inchar a empresa para satisfazer
ao desejo de alguns gerentes de aumentar sua tropa e elimine as
áreas e funções que não agregam valor. Na prática costuma resul-
tar em perda de Know-how, eliminação da memória organizacional
e prejuízos irreversíveis na imagem interna e externa da empresa
(WOOD JÚNIOR, 1997, p. 86-87).
© U9 - Novos Paradigmas e Tendências da Administração 201
melhorar mais ainda os produtos americanos. Então decidiu partir para o Japão.
No Japão, Deming encontrou receptividade pelas suas ideias, e, como o povo
japonês estava totalmente arruinado e na esperança de reconstruir o país, a
Qualidade Total encontrou ali um campo fértil e duradouro. Deming sabia que a
qualidade transforma e, para isso, era preciso determinação e muita disciplina,
algo que o povo japonês tinha e tem de sobra. Esta foi a chave-mestra para a
qualidade começar a ser implantada em todo o Japão.
Entre os anos de 1950 e 1960, mais de 20 mil japoneses receberam treinamento
em gestão da qualidade de forma bem rudimentar. Os treinamentos eram ofere-
cidos diuturnamente para as pessoas que não moravam na cidade de Tóquio e
os cursos oferecidos à noite foram dados para aqueles que trabalhavam durante
o dia. Isso foi possível porque o país tinha um só objetivo: a reconstrução.
No final da década de 1960, o Japão já começava a incomodar o mundo pelo seu
jeito diferente de administração e também porque produtos já ameaçavam a concor-
rência internacional. Todo esse processo levou mais de 20 anos, mas foi levado a
sério pelo povo japonês, que tinha a consciência de que jamais poderia voltar atrás.
As inovações da administração japonesa pela qualidade tiveram a preocupação
de antecipar as expectativas dos clientes e reduzir custos, mas tudo isso só seria
possível se os funcionários fossem treinados e valorizados, e foi o que aconte-
ceu. As mudanças passaram necessariamente primeiro pelos empresários ja-
poneses, que se conscientizaram através de cursos de que a qualidade seria o
diferencial para o crescimento.
Da mesma forma, os funcionários se conscientizaram de que quando as empre-
sas não iam bem, eles também não iriam bem, podendo até perder seus empre-
gos. Nos treinamentos de sensibilização, os funcionários estavam conscientes
de que a única saída para manter seus empregos era fortalecer antes de tudo a
própria empresa em que trabalhavam.
E hoje o resultado está aí, o Japão é um exemplo em Qualidade Total.
Pergunta: Fale-nos um pouco sobre o PQG e sobre o que é necessário para sua
implantação.
Resposta: Para a implantação do PQG (Programa de Qualidade Geral), são
necessários três passos iniciais. O primeiro passo se refere a fazer uma reu-
nião com todos os funcionários para apresentar a importância da Qualidade. O
segundo passo é somente uma reunião com a gerência para fortalecer o com-
prometimento com a Qualidade. O terceiro passo consiste de treinamentos para
conscientização sobre a Qualidade.
Para a manutenção da Qualidade, devem ser implantados os 10 Fundamentos.
Os 10 Fundamentos são o alicerce para que a Qualidade se consolide na empre-
sa e para que todos passem falar a mesma linguagem. Daí, a empresa começa
uma mudança cultural que tenha uma nova postura frente aos consumidores,
funcionários e fornecedores. Isso exige muito comprometimento, principalmente
da alta direção; assim, são estabelecidos vínculos fortes, coesão com o grupo e
a busca de todos pela Qualidade.
© U9 - Novos Paradigmas e Tendências da Administração 203
Organizações virtuais
"As organizações virtuais baseiam-se na comunicação entre
seus diversos componentes, recursos humanos, clientes e fornece-
dores" (MAXIMIANO, 2004, p. 469). Conforme esse mesmo autor,
pessoas e organizações juntam-se em agrupamentos temporários
ou duradouros por meio da comunicação, o que torna a distância
irrelevante.
Muitas vezes, os agrupamentos ficam acima das formalida-
des, conforme explica Maximiano (2004), não sendo necessário
haver contratos para que uma organização virtual exista, pois ape-
nas um acordo entre seus integrantes é suficiente.
© U9 - Novos Paradigmas e Tendências da Administração 205
Administração participativa
Ao contemplar o estudo da administração participativa, Ma-
ximiano (2004, p. 370) considera:
A administração participativa é uma das ideias mais antigas da ad-
ministração. Nasceu na Grécia, há mais de 2.000 anos, com a inven-
ção da democracia. Continua a ser uma ideia moderna, que integra
as práticas mais avançadas e é considerada um dos novos paradig-
mas da administração (MAXIMIANO, 2004, p. 370).
8. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu
desempenho no estudo desta unidade:
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Muito bem, chegamos ao final de nosso estudo. Por ele você
pôde analisar algumas tendências no campo das organizações,
atentando para o fato de que o principal é sempre estar "antena-
do" nessas tendências, bem como nas que ainda surgirão.
Saudações e boa sequência nos estudos!
10. E-REFERÊNCIAS
Sites pesquisados
DINIZ, E. H. Comércio eletrônico: fazendo negócios por meio da internet. RAC, v. 3, n. 1,
p. 71-86, jan./abr. 1999. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rac/v3n1/v3n1a05.
pdf>. Acesso em: 15 out. 2012.
FERNANDES, J. R. Aula n. 1 - Mudança de paradigma na adimistração. Belém: Unama,
2007. Disponível em: <http://arquivos.unama.br/professores/iuvb/visualizacao/GMN/
aula01.pdf>. Acesso em: 15 out. 2012.
GOUILLART, J. F.; NORTON D. Reengenharia e transformação – por onde começar? Revista de
Administração de Empresas, v. 35, n. 1, 1995. Disponível em: <http://rae.fgv.br/sites/rae.fgv.
br/files/artigos/10.1590_S0034-75901995000200002.pdf>. Acesso em: 15 out. 2012.
NOVAK, A. As coisas não mudam. Nós mudamos. (s/d). Disponível em: <http://www.
academianovak.com.br/>. Acesso em: 4 maio 2012.