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DETERMINISMO E LIBERDADE NA AÇÃO HUMANA (inc.

O problema do livre-arbítrio

Determinismo

Dizer que um acontecimento está determinado significa que irá ocorrer inevitavelmente.
Porquê? Porque se tem em consideração as leis da Natureza e as circunstâncias atuais. [Por
isso se diz que o bater de asas duma borboleta no Japão, pode provocar um ciclone na
Califórnia] Mas será que as coisas se passam assim ou o futuro e as suas múltiplas
possibilidades estão em aberto?

O facto de desconhecermos o futuro não significa que ele esteja em aberto, mas tão-só que
não dominamos todas as suas variáveis que influenciam as circunstâncias atuais. Ou porque
não conhecemos todas as leis da natureza. Quando dizemos que o futuro está em aberto, está
indeterminado, isso pode acontecer porque não conseguimos prever tudo. Ou ainda não
conseguimos. Esta indeterminação do futuro pode se ilusória, pode ser um reflexo das nossas
limitadas capacidades de conhecer.

O nosso desconhecimento acerca do funcionamento da natureza, o facto de ainda não


dominarmos todas as suas leis e conhecermos todos os fatores que intervêm na composição
dos acontecimentos, aconselha a que tenhamos prudência em relação à posição a adotar. Mais
importante, para já, é compreendermos o problema.

O que vem dizer o determinismo?

“Que todos os acontecimentos são efeitos inevitáveis de certas circunstâncias e das leis da
natureza.”

Porque é possível prever (ou não) o estado do tempo no próximo fim-de-semana?


António vai consultar o estado do tempo no próximo fim-de-semana, porque quer ir à praia com a
namorada.
Mas os amigos contestam a previsão:
«Eles não percebem nada disso!...»
«Eles são uns aldrabões!...»
«O tempo está todo marado, depois do Homem ter ido à Lua!...»
Aqui, nestes excertos de diálogo, considera-se que, por vários motivos, não se conseguem fazer previsões:
por ignorância ou devido ao irregular “comportamento” da Natureza.
Porém, sabemos que existe alguma previsão acertada em relação aos fenómenos atrmosféricos. Tal é
possível, porque o comportamento dos fenómenos revela alguma regularidade e é possível descobrir
alguns padrões no seu comportamento e também porque o nosso conhecimento científico desses
fenómenos, aliado à cooperação duma grande panóplia de instrumentos, bem como o desenvolvimento de
modelos matemáticos, nos permite fazer essa previsão. E é possível imaginar que essa capacidade
científica de previsão continue a desenvolver-se...
O demónio de Laplace

Com o conhecimento exato e completo do estado do universo num determinado momento e o


conhecimento perfeito das leis da Natureza, conseguir-se-á prever, com exatidão, o que
aconteceria no universo, em qualquer momento do futuro.

Isto acontece assim, porque todo o acontecimento é o resultado inevitável (necessário) de


outros acontecimentos, segundo um encadeamento de causa e efeito.

Providencialismo e fatalismo

Segundo certas religiões, o futuro já está completamente previsto e definido na mente infinita de Deus.
Por exemplo, costuma-se dizer quando alguém morre, que «já estava escrito». Com isso pretende-se dizer
duas coisas: que aquela morte já estava determinada (já estava escrita) e que, em jeito de consolo, nada
poderíamos fazer para contrariar esse momento fatal. O problema desta visão providencialista é que se
transforma num convite à indiferença, à passividade, ao conformismo. O homem nada pode fazer para
alterar o que já foi concebido e planeado por Deus. E tudo o que fizer, apenas é reflexo da intervenção de
Deus no mundo!

O indeterminismo

O indeterminismo é a visão do mundo oposta ao determinismo. Para o indeterminista, alguns


acontecimentos não são efeitos inevitáveis dos acontecimentos anteriores. De notar que o
indeterminista considera apenas alguns acontecimentos.

O que defende o indeterminista

- Dadas as circunstâncias reunidas num dado momento, há vários resultados possíveis, várias
alternativas em aberto;

- Há alternativas mais prováveis que outras, mas nenhuma delas se realizará forçosamente;

- As leis da Natureza, segundo os indeterministas, deixam espaço para várias possibilidades


alternativas.

A história do universo vem-nos dizer que há acontecimentos são fruto do acaso, assim como
certos acontecimentos serão aleatórios.

Quem tem razão deste debate?

Será que estamos num universo determinista, sem lugar para o acaso, onde nada acontece por
acaso;

Ou as leis da Natureza e as circunstâncias atuais deixam espaço para vários futuros


alternativos?
No século XX, o indeterminismo ganhou novos argumentos, como por exemplo, a física
quântica. Os fundamentos desta foram introduzidos na 1ª metade do século XX e lá figuram
leis de carácter probabilístico.

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