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Balduíno IV de Jerusalém
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Balduíno IV de Jerusalém (Jerusalém, 1161 – Jerusalém, Balduíno IV
16 de Março de 1185[1]), cognominado o Leproso, foi rei de
Jerusalém de 1174 até à sua morte. Era filho do rei Amalrico I
com a sua primeira esposa, Inês de Courtenay, irmão da rainha
Sibila de Anjou, tio do seu sucessor Balduíno de Montferrat e
Rei de Jerusalém
meio-irmão da rainha Isabel I de Jerusalém.
Índice
Infância
Regência de Milão de Plancy
Regência de Raimundo III de Trípoli
Questão sucessória
Conflito com Saladino
Regência de Guy de Lusignan e morte
Representações na arte e na literatura
Literatura
Ilustrações
Cinema
Referências e notas
Bibliografia
estimar o ano do seu nascimento em 1161[2]. Aquando do seu Coroação 15 de Julho de 1174
nascimento, o seu pai, então conde de Jafa e Ascalão, pediu ao Antecessor(a) Amalrico I
irmão, o rei Balduíno III de Jerusalém, para ser o padrinho do Sucessor(a) Balduíno V
seu filho. Uma vez que este aceitou, a criança foi baptizada com Casa Anjou
o prenome de Balduíno. Nascimento 1161
Balduíno III morreu no ano seguinte, sendo sucedido por Jerusalém Reino de
Amalrico. Para subir ao trono, este foi forçado pela nobreza Jerusalém
cruzada a anular o seu casamento com Inês de Courtenay, Morte 16 de março de
1185 (24 anos)
julgada de personalidade demasiado volátil e propensa a
Jerusalém
intrigas para se tornar rainha da Cidade Santa[3][4].
Enterro Igreja do Santo Sepulcro
Inês manteve o título de condessa de Jafa e Ascalão Pai Amalrico I de Jerusalém
(posteriormente seria também senhora de Sidom) e continuou Mãe Inês de Courtenay
a receber uma pensão pelo rendimento desse feudo; e a Igreja
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Enquanto Sibila foi enviada para ser educada com a sua tia-avó Ioveta,
abadessa do convento de Betânia, Amalrico manteve o seu filho na corte de
Jerusalém, tendo pouco contacto com a mãe. Aos nove anos de idade, a
educação do herdeiro foi confiada ao historiador Guilherme de Tiro. Na
sua Historia não poupou elogios ao falar da educação do seu jovem pupilo
e, apesar do viés natural do autor, este rei ficaria na história com uma
imagem de inteligência e cultura[7].
Foi também Guilherme quem descobriu que o jovem sofria de lepra, apesar
de o diagnóstico só ter sido confirmado quando atingiu a puberdade: ao
observar o seu pupilo a brincar com jovens da sua idade, tentando magoar-
se uns aos outros com beliscões nos braços, o cronista reparou que
O Oriente Próximo em 1165 Balduíno não parecia sentir dor, ao contrário das restantes crianças.
Por ser leproso, não se esperava que Balduíno reinasse por muito tempo ou produzisse um herdeiro, pelo que os
nobres do reino posicionaram-se de modo a influenciar os herdeiros de Balduíno: a sua irmã Sibila, na companhia da
tia-avó Ioveta no convento de Betânia; e a sua meia-irmã Isabel, na corte da sua mãe Maria Comnena em Nablus
(actual Cisjordânia) e na companhia da poderosa família Ibelin.
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Entretanto Raimundo III de Trípoli chegou a Jerusalém, exigindo a sua nomeação como bailio e regente, uma vez que
era o parente varão mais próximo (primo direito) de Amalrico. Foi apoiado pela maioria da nobreza do reino,
incluindo Onofre II de Toron, Balião de Ibelin e Reginaldo de Sidom.
O regente nomeou Guilherme de Tiro chanceler em 1174 e arcebispo de Tiro em 1175; no Verão de 1175 acordou
tréguas com Saladino, necessárias a ambos os campos - os latinos ainda não possuíam a liderança forte de um rei nos
seus plenos poderes, e o muçulmano ainda estava a tentar consolidar o seu poder, precisando de subjugar a Ordem
dos Assassinos e os emires independentes da Síria.
Raimundo também negociou o casamento da irmã do rei com Guilherme de Montferrat, primo direito de Luís VII de
França e de Frederico Barbarossa. Guilherme chegou no início de Outubro, tornou-se conde de Jafa e Ascalão jure
uxoris, e esperava-se que subisse ao trono com Sibila assim que Balduíno ficasse incapacitado; mas morreria em
Ascalão em Junho de 1177[14] após várias semanas de doença, ainda durante a gravidez de Sibila de Jerusalém, da qual
nasceria o futuro rei Balduíno V. A regência terminou no segundo aniversário da coroação de Balduíno IV em 1176,
data em que o jovem rei atingiu a maioridade e o conde de Trípoli abandonou o cargo de bailio[13].
Questão sucessória
Devido à sua doença, desde o início do seu reinado Balduíno IV teve de se preocupar com os problemas da sua
sucessão. O seu pai casara-se duas vezes: com Inês de Courtenay, que contraíra novo matrimónio com Reginaldo de
Sidom; e com Maria Comnena, casada em 1177 com Balião de Ibelin. Sibila, a filha de Inês, já tinha atingido a
maioridade e tido um filho, pelo que estava em uma boa posição para suceder ao irmão, mas Isabel, a filha de Maria,
tinha o apoio dos Ibelin, a família do seu padrasto.
A posição de Raimundo III de Trípoli era difícil e controversa. Como parente mais próximo do rei por via varonil,
poderia reivindicar o trono. No entanto não tinha produzido descendentes que pudessem ser seus herdeiros
inequívocos, o que terá sido o motivo de evitar colocar-se na posição de pretendente. Em vez disso, usou a sua
influência para colaborar com os Ibelin na tentativa de influenciar os casamentos das princesas.
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Em Agosto, o conde da Flandres Filipe da Alsácia chegou em cruzada à Terra Santa, pretendendo casar as irmãs de
Balduíno IV com vassalos seus. Advogava para isto que tinha mais direitos do que o regente Raimundo III de Trípoli,
por ser o parente mais próximo do rei por via paterna: Filipe era neto de Fulque de Jerusalém, e por isso primo direito
de Balduíno; Raimundo era sobrinho de Melisende de Jerusalém, e assim primo direito do pai de Balduíno. Mas a
Haute Cour recusou-lhe este direito, com Balduíno de Ibelin chegando a insultá-lo publicamente - os Ibelin eram os
partidários da rainha Maria Comnena, pelo que possivelmente terão usado a sua influência para assim tentar casar
uma das irmãs do rei com o próprio Balduíno de Ibelin. Ofendido, o flamengo abandonou o reino, preferindo então
lutar nas campanhas do Principado de Antioquia.
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Aproveitando então a ausência de um grande número de soldados e cavaleiros de Jerusalém, Saladino decidiu invadir
o reino pelo sul. Com poucas forças, o Leproso acorreu para tentar travar os egípcios em Ascalão. Não teve sucesso,
mas persistindo em perseguição ao exército inimigo, obteria uma surpreendente vitória na batalha de Montgisard a 25
de Novembro, com o auxílio de Reinaldo de Châtillon e dos Cavaleiros Templários[15][16].
Em 1179 Balduíno sofreu algumas derrotas militares a norte. A 10 de Março liderou uma incursão para capturar gado
em Banias, mas foi surpreendido por Farrukh Shah, sobrinho de Saladino. O seu cavalo assustou-se e o rei quase foi
capturado. Ao proteger a sua fuga, o condestável Onofre II de Toron foi mortalmente ferido[19].
A 10 de Junho, em resposta a incursões de cavalaria muçulmana perto de Sidom, Balduíno organizou uma expedição,
com Raimundo III de Trípoli e o grão-mestre dos Templários Odo de Saint Amand[20]. Em Cesareia de Filipe
derrotaram o destacamento que atravessava o rio Litani, mas depois foram surpreendidos e derrotados pela hoste de
Saladino. Incapaz de montar sem ajuda, o rei escapou por pouco, retirado do campo no cavalo de outro cavaleiro
enquanto a sua guarda abria o caminho. Raimundo III de Trípoli fugiu para Tiro e Reginaldo de Sidom resgatou um
grande número de fugitivos, mas neste confronto foram aprisionados o grão-mestre Templário, Balduíno de Ibelin e
Hugo de Tiberíades, um dos enteados de Raimundo de Trípoli[21].
Por fim, a 29 de Agosto o castelo interminado no vau de Jacob foi cercado, vencido e arrasado por Saladino na batalha
de Vadum Iacob[22]. Metade da sua guarnição de Templários foi morta e os restantes foram aprisionados[23]. Em
1180, os recursos humanos dos latinos e dos muçulmanos estavam esgotados, pelo que Balduíno e Saladino acordaram
umas tréguas de dois anos[24][25]. Durante este período o imperador germânico Frederico Barbarossa envolveu-se em
um conflito contra os Guelfos; Luís VII de França e Manuel I Comneno morreram, e os seus sucessores tinham outras
prioridades que não o domínio da Terra Santa.
Com base na Historia de Guilherme de Tiro, as primeira decisões têm sido atribuídas pelos historiadores à influência
de Inês de Courtenay sobre o filho, mas recentemente esta versão dos acontecimentos tem sido posta em dúvida,
levando em conta a inimizade pessoal do cronista pelo partido dos Ibelin[27]. Por outro lado, o noivado de Isabel pode
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ser explicado por uma dívida de gratidão que o rei sentiria pelo avô do noivo, Onofre II
de Toron, que perdeu a vida para o salvar em 1179. Uma herdeira ficava assim ligada ao
partido oposto aos Ibelin, em um contexto de equilíbrio de poderes.
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Literatura
Várias obras literárias basearam-se no personagem histórico do rei leproso, com
graus variáveis de imprecisão. Em geral é representado como um personagem
simpático. Algumas destas obras são:
Manuel Mujica Láinez (1965). El unicornio (em espanhol). [S.l.: s.n.] (fantasia)
Serge Dalens. L'Etoile de Pourpre (ou Baudouin IV de Jérusalem). col. Signe
de Piste (em francês). 1 - Les Prisonniers; 2 - Les Lépreux. [S.l.]: Fleurus
(também adaptado para banda desenhada(PE) - história em quadrinhos(PB))
Judith Tarr (1989). Alamut (em inglês). [S.l.]: Doubleday (fantasia) Guilherme de Tiro descobre
Judith Tarr (1991). The Dagger and the Cross (em inglês). [S.l.]: Doubleday os primeiros sintomas de
(fantasia) lepra de Balduíno
Cecelia Holland (1996). Jerusalem (em inglês). [S.l.: s.n.] Iluminura de c. 1250 de
Juliette Benzoni (2002). Thibaut ou la croix perdue (em francês). [S.l.]: Plon L'Estoire d'Eracles,
Laurence Walbrou-Mercier (2008). Baudouin IV de Jérusalem « ...C'est tradução para o francês
pourquoi je ne faiblirai pas » (em francês). [S.l.]: Téqui. ISBN 978-2-7403- antigo da Historia de
1424-1 (romance histórico) Guilherme de Tiro,
Georges Bordonove. Les lances de Jérusalem (em francês). [S.l.: s.n.] Biblioteca Britânica)
Dominique Baudis. La Conjuration (em francês). [S.l.: s.n.]
Zofia Kossak (1936). Król trędowaty (O Rei Leproso) (em polaco). [S.l.: s.n.]
Níkos Kazantzákis (1956). Ο Φτωχούλης του Θεού (São Francisco) (em grego). [S.l.: s.n.]
Michel Bom, Thierry Cayman. Sylvain de Rochefort. (série) (em francês). [S.l.: s.n.]
Ilustrações
Balduíno figura em iluminuras das várias versões da Historia de Guilherme de Tiro dos séculos XIII e XIV,
inclusivamente na descoberta da sua doença pelo cronista.
O rei aparece em uma representação romântica de c. 1842 da batalha de Montgisard, por Charles-Philippe
Larivière, nas Salas das Cruzadas do Palácio de Versailles. Nesta obra é transportado em uma maca para a
batalha, mas com uma espada na mão direita e o rosto descoberto, sem as lesões típicas da lepra. Na realidade,
em Montgisard Balduíno ainda montava e lutava a cavalo, e empunhava a espada com a mão esquerda, uma
vez que a sua mão e o seu braço direitos tinham sido os primeiros afectados pela doença.
Cinema
No filme Kingdom of Heaven de Ridley Scott (2005), Balduíno é representado por Edward Norton. Esta ficção
reduz a gravidade da sua doença e apresenta-o como um rei pacífico ao contrário de um típico rei guerreiro da
Idade Média em geral e do contexto das Cruzadas em particular. A máscara com que surge é uma invenção do
argumentista do filme, sem base em relatos contemporâneos.
Referências e notas
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