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4ª EDIÇÃO | OUTUBRO 2021

R$ 12,90

RAINHAS NA HISTÓRIA

O PAPEL DE D. LEOPOLDINA NA
INDEPENDÊNCIA DO BRASIL

OS MISTÉRIOS DO MONASTÉRIO DO ESCORIAL


A MORTE PRECOCE DE ISABEL DE VALOIS
OS MISTÉRIOS DO
MONASTÉRIO DO ESCORIAL
POR FERNANDA DA SILVA FLORES

O Monastério do Escorial em 1722, pintura de Michel-Ange Houasse.

Erguido a partir de 1563 por ordem do Rei Felipe II da Espanha como forma de
comemorar sua vitória sobre os franceses na Batalha de Saint-Quentin, o
Monastério de São Lourenço do Escorial, no coração da Serra de Guadarrama,
na encosta do Monte Abantos, há 45 quilômetros de Madri, é considerado uma
das maiores joias da coroa espanhola. O Monastério foi definido como “a
oitava maravilha do mundo moderno” pelo Doutor Juan Alonso de Almela,
ainda em 1594, e possui mais de 30.000 metros quadrados e 5. 7.000 relíquias
de santos.

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Última visita de Felipe II ao Escorial, por Ignacio Suárez Llanos, c. 1881.

Entre agosto e setembro de 1598, quando Felipe II estava prestes a


morrer, conta-se que do lado de fora do Escorial ouviam-se uivos e
latidos, emitidos pelo fantasma de um cachorro negro de olhos
vermelhos. Alguns vão mais além e dizem que seu espectro percorria os
corredores do próprio mosteiro, porque estava esperando que a alma
do Rei o acompanhasse pelo portal que ele queria fechar. Ninguém sabe
se isso é verdade ou não, mas o fato é que Felipe II apegou-se às várias
relíquias de santos que colecionou. Ao total, o monarca juntou 7.422
relíquias e conta-se que algumas dela foram colocadas nas fundações e
paredes do Escorial. Não se sabe qual era o objetivo disso, mas a
primeira coisa que nos vem à mente é a ideia de proteção contra
maldições, bruxarias ou espíritos malignos que rondassem o local. Seja
como for, parece que a tentativa falhou, pois o Escorial segue sendo
palco de diversos eventos paranormais deixando aqueles que conhecem
sua história ou o visitar impressionados. Mesmo assim, o Monastério
do Escorial é um dos pontos turísticos mais visitados da Espanha e
segue fascinando o mundo geração após geração.

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O PAPEL DE D. LEOPOLDINA NA
INDEPENDÊNCIA DO BRASIL
POR MARIA CLARA SOARES MOTA E FERNANDA DA SILVA FLORES

Imperatriz D. Leopoldina, por Josef Kreutzinger, 1815.

D. Leopoldina foi esposa de D. Pedro I e mãe de D. Pedro II, dois homens que
viram o começo e o fim do Império do Brasil. No entanto, ela não se limitou a
ser apenas esposa e mãe. Entre 1821 e 1822 D. Leopoldina exerceu uma forte
influência política e foi uma das principais impulsionadoras da Independência
do Brasil. A seguir conheça mais detalhes da vida desta impressionante
mulher.

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influência nas Américas e Portugal, por sua vez, tinha a oportunidade
de fazer uma aliança com a Áustria, que possuía grande prestígio na
Europa, apesar de ter sido derrotada por Napoleão em algumas
ocasiões. O noivo em questão era quase dois anos mais novo que D.
Leopoldina e “media entre 1,64 metro e 1,67 metro [...] O príncipe
adorava água e tomava banho até mais de uma vez por dia. [...] Era
muito simpático, tinha uma personalidade encantadora, porém seu
gênio era instável. [...] Leopoldina viria a ser um trunfo nesses pontos:
muito mais equilibrada e educada para essas questões que o marido,
seria o equilíbrio do casal”, explica Paulo Rezzutti na biografia da
Imperatriz. 5 de novembro de 1817 foi a data do desembarque da
Arquiduquesa no Rio de Janeiro. A travessia havia durado cerca de três
meses pelo Oceano Atlântico. Seu sogro, D. João VI, assegurou-se que
sua recepção na capital fosse efusiva e até mesmo presenteou a noiva
com um busto de seu pai, o Imperador Francisco I, que ficou nos
aposentos de D. Leopoldina. Inteligente, popular entre o povo, bem
instruída e culta D. Leopoldina viria a ser essencial para o processo de

'Estudo para Desembarque de Dona Leopoldina no Brasil', por Jean-Baptiste Debret, c. 1817.

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Seus poderes não eram ilimitados, pois tudo o que ela decidia deveria
antes passar pela aprovação de D. Pedro. Como ela mesma diria, a
situação política no Brasil estava como um vulcão: Portugal exigia a
volta dos príncipes para Lisboa, assim rebaixando o Brasil à posição de
colônia novamente, mas isso nunca chegou a se concretizar. De acordo
com Paulo Rezzutti, o principal fator que levou D. Leopoldina a apoiar a
causa da Independência foi “garantir aos filhos e ao marido um trono,
uma vez que a situação caótica das Cortes estava pondo em risco a
integridade da herança que D. João VI poderia legar aos seus
descendentes.” Isso, de fato, procede. Desde o retorno de D. João VI a
Lisboa ele havia perdido grande parte de seus poderes devido à atuação
das cortes, que até mesmo lhe impuseram uma Constituição. Apesar de
ser criada para acreditar no bom funcionamento do Absolutismo, D.
Leopoldina foi inteligente o suficiente para perceber que os últimos
acontecimentos eram tão profundos e dramáticos que dificilmente
poderiam ser resistidos. Ainda de acordo com Rezzutti, na biografia
que escreveu sobre a imperatriz, ela tinha outro aspecto a seu favor.

Letícia Colin caracterizada como D. Leopoldina na telenovela 'Nos Tempos do Imperador'.

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A MORTE PRECOCE DE
ISABEL DE VALOIS
POR FERNANDA DA SILVA FLORES

Isabel de Valois, por Juan Pantoja de la Cruz, c. 1605.

Em 3 de outubro de 1568 Felipe II da Espanha sofreu a maior derrota de sua


vida. Nesta data sua terceira esposa, Isabel de Valois, morreu em seus braços
no Palácio de Aranjuez, após dar à luz uma menina prematura. Isabel foi a
terceira das quatros esposas do monarca e, apesar de se tratar de um
casamento arranjado e da diferença de idade entre ambos, muitos
historiadores apontam que a jovem foi o grande amor da vida de Felipe, ainda
que ela não ter conseguido cumprir com sua principal missão como consorte:
produzir um filho homem.

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No ano seguinte, em 1565, sofreu um novo aborto. Esta nova perda
debilitou a saúde já frágil de Isabel, cada vez mais pressionada para
gerar filhos. Em 12 de agosto de 1566, a Rainha deu à luz a Infanta Isabel
Clara Eugênia. Apesar da criança não ser o filho homem ansiado, Felipe
II recebeu a filha de braços abertos. Porém, o mesmo não aconteceu no
ano seguinte, quando outra menina nasceu. Logo após o fim do
resguardo da esposa, Felipe voltou a frequentar sua cama em busca de
um filho varão. Entretanto, esses encontros não eram agradáveis para a
jovem. Desde o início das relações sexuais, Isabel sentia fortes dores ao
ser penetrada pelo monarca. De acordo com o embaixador francês, que
relatou a situação a Catarina de Médici, “a constituição do rei causa
grande dor à rainha, que precisa de muita coragem para evitá-lo”.
Apesar das tentativas de Isabel de evitar manter relações sexuais com o
marido, seu papel como consorte falava mais alto e ela se via obrigada a
ceder. Ao total, a rainha engravidou em quatro ocasiões distintas,
gerando cinco filhas, das quais apenas duas chegaram à idade adulta. A
sua última gestação se revelaria fatal.

Infantas Isabel Clara Eugenia e Catarina Micaela, por Alonso Sánchez Coello, c. 1575.

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Juan Pantoja de la Cruz, 1607.
Margarida da Áustria, por
SÓ A EDUCAÇÃO LIBERTA.
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