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Ficha de Trabalho 1 Dito e Feito, 5.

o ano

GRUPO I
PARTE A

Lê o texto. Caso tenhas dúvidas acerca do significado de alguma palavra, consulta o


vocabulário apresentado.

FALAM OS BAGOS DE TRIGO

Metidos numa velha arca, desde que o António Seareiro os guardara para
semente, os bagos de trigo tinham acabado por adormecer naquela escuridão de
muitos meses, julgando talvez que estavam esquecidos e ali ficariam a apodrecer o
resto da vida.
5 Ignoravam, pois, que Doirado, um boi amarelo todo paciência e poder, já
lavrara com a charrua1, no outono, a parte da leiva 2 destinada à semeadura e que o
António preparava a grade com que desfaria os torrões do alqueive3, na esperança de
uma boa colheita, tanto mais que já comprara um saco de adubo para revigorar 4 a
terra cansada.
10 Só quem vivesse a apatia5 dorminhoca dos bagos resignados6 poderia
entender depois o entusiasmo e a alegria que rebentaram na velha arca mal a Maria
Rita lhe levantou a tampa e a luz do dia os sacudiu. Até o Serrano – vejam lá! –, um
bago anafado7 e sempre resmungão, se pôs a saltitar de contentamento, como se
percebesse, o maroto, o destino que lhe reservavam.
15 E não se enganava, o espertalhão!
Toda desembaraços, que a vida no campo é sempre de labuta 8, a Maria Rita
tirou-os, às punhadas, para um grande tabuleiro; e, vai daí, foi sentar-se à porta do
casebre para os escolher, mesmo à chapa de um solzinho que era um consolo de
brandura9.
20 Logo as sementes, ainda aturdidas10, se puseram a gritar:
– Viva, amigo! Viva! Bom dia!...
– Olá! – respondeu-lhes o Sol Soalheiro. – Estiveram a dormir este tempo todo,
não? Boa vida, não há dúvida!
– Sempre tens cada uma! – disse o Amarelo de Barba Preta, um velho grão de
25 trigo muito sabido.

– Boa vida numa escuridão daquelas?...


A tocar uma campainha tagarela, que levava pendurada ao pescoço, já o
Doirado arrastava a grade pela leiva2, animado por uma cantiga do António Seareiro e
pelo bico do aguilhão11, mal o boi parava a olhar a passarada12 vadia.
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Os bagos de trigo perderam a cabeça com aquele espetáculo. Só a


Sementinha estava distraída e indignada, pois metera conversa com a Despedida-de-
Verão, uma flor amarela com pintinhas vermelhas, que lhe dizia, muito ancha 13 da sua
beleza:
– Já viste como sou bonita?... Olha para estes braços todos e para o meu
corpo verde. Que tal?... Repara na minha carapuça vermelha… É linda, não é? Só tu
és tão feia, Sementinha!...
– O que hei de fazer? Nasci assim – respondeu a Sementinha muito
contristada14, a choramingar de desgosto.
Logo o Amarelo de Barba Preta, todo ternuras, correu, aflito, para junto dela.
– O que foi, minha pequerrucha?...
A Sementinha nem podia falar com tantos soluços.
– Tem pena de não ser linda como eu – disse, muito orgulhosa, a Despedida-
de-Verão.
– Bonita como tu? – respondeu o Amarelo de Barba Preta. – Pois claro que é…
E mais bonita ainda porque não é vaidosa.
– Vê-se logo que tens inveja da minha beleza – disse, um nadinha amuada, a
Despedida-de-Verão.
– Inveja de quê? Qualquer dia murchas… E depois?...
Ferida no seu orgulho, a flor voltou costas ao grão de trigo, enquanto este
continuava a animar a Sementinha.
– Deixa lá falar aquela toleirona. Sem a nossa ajuda os homens viveriam pior,
calcula tu! Queres coisa mais bela?
– Mas estamos sempre quietos – lamentou o Serrano gorducho.
– Quietos é como quem diz… Temos andado por todos os caminhos do mundo.
Foi neste momento preciso que um passarico, aproveitando a ausência da
Maria Rita, passou pelo tabuleiro, num voo raso, e roubou a Sementinha com o bico
guloso.
Alves REDOL, 2012. A Vida Mágica da Sementinha. Alfragide: Editorial Caminho

Vocabulário
1
charrua: instrumento para lavrar a terra.
2
leiva: terra lavrada.
3
alqueive: terra que se lavra e que se deixa em pousio, para repousar.
4
revigorar: dar novo vigor, nova força.
5
apatia: falta de energia.
6
resignados: que aceitaram pacientemente o que aconteceu.
7
anafado: gordo.

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8
labuta: trabalho duro.
9
brandura: doçura.
10
aturdidas: atordoadas, estonteadas.
11
aguilhão: ponta afiada.
12
passarada: grande número de pássaros.
13
ancha: orgulhosa, vaidosa.
14
contristada: triste, cheia de pena.

Responde aos itens que se seguem, de acordo com as orientações que te são dadas.

1. Relê o primeiro parágrafo (linhas 1 a 4).


De acordo com o comentário do narrador, explica qual parecia ser o destino provável
dos bagos de trigo.

2. Na verdade, o destino dos bagos de trigo era outro.


Relê o segundo parágrafo (linhas 5 a 9).
Transcreve a expressão que revela os preparativos para a semeadura.

3. Explicita a ideia que o narrador pretende transmitir com o uso da expressão «vejam
lá!» (linha 12).

4. Indica onde foi Maria Rita sentar-se a escolher os bagos de trigo.

5. Enquanto as sementes conversavam e o boi Doirado lavrava a terra, a Sementinha


conversava com uma flor.
Faz o retrato psicológico da Despedida-de-Verão.

6. O Amarelo de Barba Preta interveio, em defesa da Sementinha.


Dá a tua opinião sobre a sua atitude.

7. Seleciona, de 7.1. a 7.3., a única opção que completa cada frase, de acordo com o
sentido do texto.
7.1. Segundo o Amarelo de Barba Preta, os homens teriam uma vida pior
a. se as sementes os ajudassem.
b. se as sementes não existissem.
c. se as flores substituíssem as sementes.
d. se dessem ouvidos às flores.
7.2. Face à opinião do Amarelo de Barba Preta, o Serrano
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a. concordou com tudo o que o outro dizia.


b. discordou totalmente do que o outro dizia.
c. ficou triste e decidiu ir-se embora.
d. lastimou-se por os bagos nunca se mexerem.
7.3. O roubo da Sementinha, no último parágrafo (linhas 56 a 58), mostra que
a. a ideia de que os bagos percorrem «todos os caminhos do mundo» é
verdadeira.
b. os pássaros são perigosos para as sementes.
c. a Maria Rita não se preocupava com as sementes.
d. a Sementinha não fazia falta para a sementeira.

PARTE B

Lê o texto de imprensa que se segue. Caso tenhas dúvidas acerca do significado de


alguma palavra, consulta o vocabulário apresentado.

VOADORES COM COROA

São pássaros muito especiais, conhecidos pela poupa fashion1

Origem das espécies


O canário Gloster surgiu na década de 20 do século passado, na cidade de
Gloucestershire, em Inglaterra. Daí o seu nome.

Que cuidados diários são precisos?


Dar-lhes alimento – alpista e fruta ou legumes – e mudar a água. É importante limpar a
gaiola uma vez por semana e mudar a areia que deve cobrir o fundo.

Podemos ter só um?


Viverá sempre em stresse2. Um casal é o mínimo.

Penteado moderno
O que distingue os canários Gloster é a poupa que, por vezes, lhes tapa os olhos
quase completamente. Os criadores chamam-lhe coroa. Nem todos têm esta franja,
que tanto pode surgir nos machos como nas fêmeas. O que começou por ser um
defeito genético3 tornou-se um sinal distintivo4 muito apreciado.

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A gaiola deve estar em casa ou no exterior?


Pode estar em casa, mas o relógio biológico dos canários é orientado pela luz solar.
Se os tivermos em casa, devemos cobrir a gaiola, assim que escurece. Além disso,
devemos ter muito cuidado com as correntes de ar!

Qual o tamanho da gaiola?


40 cm a 50 cm de comprimento por 30 cm de altura e de profundidade. As gaiolas
circulares não são boas para os canários porque perdem espaço de voo e sentido de
orientação.
Visão Júnior , n.º 104, janeiro de 2013

Vocabulário
1
fashion: à moda.
2
stresse: perturbação que pode ter como causa um ou vários motivos.
3
genético: relacionado com os genes, com as características próprias de cada um.
4
distintivo: que serve para estabelecer distinção ou diferença.

8. Classifica como verdadeiras (V) ou falsas (F) as afirmações seguintes.


a. Esta espécie de canários apareceu no século XX.
b. Os canários Gloster necessitam apenas de cuidados semanais.
c. Não podemos ter apenas um canário.
d. À poupa destes canários, os criadores chamam franja.
e. O formato da gaiola é importante para a qualidade de vida destes pássaros.
8.1. Corrige as afirmações falsas.

9. Seleciona, de 9.1. a 9.2., a única opção errada.


9.1. O texto apresenta
a. informações detalhadas sobre o canário Gloster.
b. orientações importantes para quem tem ou deseja ter canários Gloster.
c. esclarecimentos sobre cuidados de saúde a ter com o canário Gloster.
d. a origem do canário Gloster.

9.2. Este artigo de imprensa


a. apresenta uma divisão por assuntos.
b. está redigido com frases curtas e simples.
c. expõe o assunto de forma clara e objetiva.

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d. está totalmente organizado segundo o jogo de pergunta-resposta.

GRUPO II

Responde aos itens que se seguem, de acordo com as orientações que te são dadas.

1. Seleciona, de 1.1. a 1.5., o único conjunto de palavras ordenado alfabeticamente.


1.1. António – arca – adormecer – apodrecer – boi
1.2. adubo – alegria – dia – escuridão – semente – saco
1.3. entusiasmo – grade – maroto – torrões – saltitar
1.4. alqueive – anafado – apatia – bagos – boi
1.5. contentamento – destino – dorminhoca– esquecidos – esperança

2. Lê a frase seguinte.
A Maria Rita levantou a tampa da velha arca e a luz surpreendeu os bagos de trigo.
Reescreve a frase substituindo as palavras sublinhadas pelos seus antónimos.

3. Sublinha o predicado em cada uma das frases seguintes.


a. A Maria Rita escolheu os bagos de trigo.
b. As sementes gritaram.
c. O Doirado arrastava a grade pela leiva.
d. A Sementinha estava distraída e indignada.
e. A Despedida-de-Verão dizia-lhe muitas tolices.
3.1. Regista as frases que têm complemento direto.

4. Lê a frase seguinte.
O Amarelo de Barba Preta tinha sempre razão.
Transforma a frase numa frase negativa.

5. Lê as frases.
a. «Sempre tens cada uma!» (linha 24)
b. «Olha para estes braços todos e para o meu corpo verde.» (linhas 34-35)
c. «O que hei de fazer?» (linha 37)
d. «Deixa lá falar aquela toleirona.» (linha 51)
e. «Queres coisa mais bela?» (linha 52)
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f. «Temos andado por todos os caminhos do mundo.» (linhas 54-55)

Associa cada uma delas ao tipo de frase a que corresponde.


1. Tipo declarativo
2. Tipo interrogativo
3. Tipo imperativo
4. Tipo exclamativo

GRUPO III

A Sementinha foi roubada do tabuleiro da Maria Rita por um pássaro que a


levou no bico.
Começou, nesse momento, uma viagem de aventuras e descobertas.
Escreve a carta que a Sementinha teria enviado aos seus amigos, quando
chegou a outras paragens.
O teu texto deve:
─ respeitar a estrutura da carta;
─ relatar a viagem no bico do pássaro;
─ incluir a descrição do lugar onde se encontrava agora;
─ ser correto e bem estruturado;
─ ter um mínimo de 140 e um máximo de 200 palavras.

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