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Capacitação em licitações Matéria

TCU: NOVO ACÓRDÃO DETERMINA


CAPACITAÇÃO EM LICITAÇÕES
Por Franceslly Catozzo

Imagem: Shutterstock

O investimento em capacitação de qualidade é essencial para evitar possíveis irregularidades


nas aquisições.
Este é o entendimento expressado no recente Acórdão 1.007/2018-Plenário do Tribunal de Contas
da União (TCU), de Relatoria da Ministra Ana Arraes. O documento determina a adoção de pro-
grama continuado de treinamentos dos profissionais que atuam na área de licitações e contratos,
inclusive quanto ao correto uso dos sistemas operacionais aplicáveis.
Em decisão estruturada a um hospital universitário, o Tribunal estabelece a elaboração de um
plano de ação, com prazos e metas, para sanar as deficiências identificadas no âmbito do Serviço
de Licitações e Contratos. O objetivo é pôr fim ao uso abusivo de dispensas e inexigibilidades e ao
descontrole no setor de aquisições.

junho 2018 23
Matéria Capacitação em licitações

A capacitação foi destaque na orientação da relatora:


“Além disso, que elabore e passe a adotar, rotineiramente, um programa
continuado de implementação de ações de treinamento e atualização pro-
fissional periódica, com estabelecimento de prazos e metas, que tenha por
objetivo o aprimoramento continuado de competências desempenhadas
na área de licitações e contratos.”
O público-alvo da capacitação do órgão devem ser todos os agentes lota- O tema de compras
dos na área de Licitações e Contratos e subunidades competentes, bem públicas é amplo e
como fiscais de execução contratual, que, efetivamente, sejam responsá-
veis pela prática de atos ao longo das fases interna e externa de contrata-
complexo, além de
ções. possuir atualiza-
O acórdão reforça outras orientações do próprio TCU quando à capacitação
ções normativas,
em licitação e gestão de contratos (como o Acórdão 564/2016 – TCU – 2ª jurisprudenciais e
Câmara e o Acórdão 544/2016 – 1ª Câmara). de ‘sistemas ope-
Vale lembrar ainda que a falta de capacitação e reconhecimento de pre- racionais’ quoti-
goeiros e equipe foi um dos alertas do presidente do Grupo Negócios Pú- dianamente. Por-
blicos, Rudimar Reis, durante audiência pública da Câmara dos Deputa- tanto, não é justo e
dos sobre a Nova Lei de Licitações. nem juridicamente
possível, impedir
Opinião do especialista a capacitação dos
Para o especialista em direito administrativo e doutorando em direito eco- agentes envolvidos
nômico, Luciano Reis, qualquer função pública exercida que demande co- em tal importante
nhecimento técnico deve ser amparada por condições. área ou ainda não
“O tema de compras públicas é amplo e complexo, além de possuir atua- proporcioná-la”,
lizações normativas, jurisprudenciais e de ‘sistemas operacionais’ quoti- explica Luciano
dianamente. Portanto, não é justo e nem juridicamente possível, impedir Reis.
a capacitação dos agentes envolvidos em tal importante área ou ainda não
proporcioná-la”, explica.
Apenas a capacitação não é sufiente: ela precisa ser continuada e acom-
panhar as mudanças no exercício da função: “O fato de um servidor ter
participado de um curso de capacitação em 2012 não o torna apto e seguro
para atuar em 2018 com licitações e contratos”, conta Reis.

Como escolher a melhor capacitação?


“Deve-se primar por eventos que sejam realizados por docentes já qua-
lificados acadêmica e profissionalmente, buscando assim efetividade nos
mesmos. Deve ser focado conhecimento, didática, vivência nos setores pú-
blicos e privados, teoria e prática nas atividades, o que representa dizer
mais uma vez um exame amplo e completo sobre os instrutores que terão
esta missão de compartilhar conteúdo e experiências”, conclui.

24 junho 2018

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