O investimento em capacitação de qualidade é essencial para evitar possíveis irregularidades
nas aquisições. Este é o entendimento expressado no recente Acórdão 1.007/2018-Plenário do Tribunal de Contas da União (TCU), de Relatoria da Ministra Ana Arraes. O documento determina a adoção de pro- grama continuado de treinamentos dos profissionais que atuam na área de licitações e contratos, inclusive quanto ao correto uso dos sistemas operacionais aplicáveis. Em decisão estruturada a um hospital universitário, o Tribunal estabelece a elaboração de um plano de ação, com prazos e metas, para sanar as deficiências identificadas no âmbito do Serviço de Licitações e Contratos. O objetivo é pôr fim ao uso abusivo de dispensas e inexigibilidades e ao descontrole no setor de aquisições.
junho 2018 23 Matéria Capacitação em licitações
A capacitação foi destaque na orientação da relatora:
“Além disso, que elabore e passe a adotar, rotineiramente, um programa continuado de implementação de ações de treinamento e atualização pro- fissional periódica, com estabelecimento de prazos e metas, que tenha por objetivo o aprimoramento continuado de competências desempenhadas na área de licitações e contratos.” O público-alvo da capacitação do órgão devem ser todos os agentes lota- O tema de compras dos na área de Licitações e Contratos e subunidades competentes, bem públicas é amplo e como fiscais de execução contratual, que, efetivamente, sejam responsá- veis pela prática de atos ao longo das fases interna e externa de contrata- complexo, além de ções. possuir atualiza- O acórdão reforça outras orientações do próprio TCU quando à capacitação ções normativas, em licitação e gestão de contratos (como o Acórdão 564/2016 – TCU – 2ª jurisprudenciais e Câmara e o Acórdão 544/2016 – 1ª Câmara). de ‘sistemas ope- Vale lembrar ainda que a falta de capacitação e reconhecimento de pre- racionais’ quoti- goeiros e equipe foi um dos alertas do presidente do Grupo Negócios Pú- dianamente. Por- blicos, Rudimar Reis, durante audiência pública da Câmara dos Deputa- tanto, não é justo e dos sobre a Nova Lei de Licitações. nem juridicamente possível, impedir Opinião do especialista a capacitação dos Para o especialista em direito administrativo e doutorando em direito eco- agentes envolvidos nômico, Luciano Reis, qualquer função pública exercida que demande co- em tal importante nhecimento técnico deve ser amparada por condições. área ou ainda não “O tema de compras públicas é amplo e complexo, além de possuir atua- proporcioná-la”, lizações normativas, jurisprudenciais e de ‘sistemas operacionais’ quoti- explica Luciano dianamente. Portanto, não é justo e nem juridicamente possível, impedir Reis. a capacitação dos agentes envolvidos em tal importante área ou ainda não proporcioná-la”, explica. Apenas a capacitação não é sufiente: ela precisa ser continuada e acom- panhar as mudanças no exercício da função: “O fato de um servidor ter participado de um curso de capacitação em 2012 não o torna apto e seguro para atuar em 2018 com licitações e contratos”, conta Reis.
Como escolher a melhor capacitação?
“Deve-se primar por eventos que sejam realizados por docentes já qua- lificados acadêmica e profissionalmente, buscando assim efetividade nos mesmos. Deve ser focado conhecimento, didática, vivência nos setores pú- blicos e privados, teoria e prática nas atividades, o que representa dizer mais uma vez um exame amplo e completo sobre os instrutores que terão esta missão de compartilhar conteúdo e experiências”, conclui.