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Universidade Federal de Uberlândia

Didática Geral

Aluna: Maryelly S. Faria Matricula: 11111FIS239

Abordagem Comportamentalista

1. Características gerais

O conhecimento é uma “descoberta” e é nova para o individuo que a faz. O que foi
descoberto, porém, já se encontrava presente na realidade exterior. Considera-se o organismo
sujeito às contingências do meio, sendo o conhecimento uma cópia de algo que simplesmente é
dado do mundo externo. Os comportamentalistas consideram a experiência planejada como a
base do conhecimento, o conhecimento é resultado direto da experiência.

Skinner pode ser considerado como um representante da “análise funcional” do


comportamento, dos mais difundidos no Brasil. Segundo ele, cada parte do comportamento é
uma “função” de alguma condição que é descritível em termos físicos, da mesma forma que o
comportamento. As pesquisas predominantemente norte-americanas, relacionadas com o ensino
e com a abordagem sistêmica da instrução, tais como, Gerlach, Briggs, Glaser, entre outros, têm
seus fundamentos no neobehaviorismo skinneriano.

2. Homem

O homem é uma conseqüência das influências ou forças existentes no meio ambiente. A


hipótese de que o homem não é livre é absolutamente necessária para se poder aplicar um
método científico no campo das ciências do comportamento.

O ideal é transferir-se o controle da situação ambiental para o próprio sujeito de forma que a
pessoa se torne auto-controlável, auto-suficiente, a não aceitação dessa responsabilidade deixa
que o controle seja exercido por outras pessoas. O homem é considerado como o produto de um
processo evolutivo.

3. Mundo
A realidade, para Skinner, é um fenômeno objetivo; o mundo já é construído, e o homem é
produto do meio. O meio pode ser manipulado. O comportamento, por sua vez, pode ser mudado
modificando-se as condições das quais ele é uma função, ou seja, alterando-se os elementos
ambientais.

4. Sociedade-cultura

Para Skinner, o ambiente social é o que chamamos de cultura. A cultura é entendida como
espaço utilizado no estudo do comportamento. É um conjunto de contingências de reforço. A
sociedade ideal para Skinner, é aquela que implicaria um planejamento social e cultural.

Qualquer ambiente, físico ou social, deve ser avaliado de acordo com seus efeitos sobre a
natureza humana. A cultura, em tal abordagem, passa a ser representada pelos usos e costumes
dominantes, pelos comportamentos que se mantém através dos tempos porque são reforçados na
medida em que servem ao poder.

O individuo tem seu papel nesse planejamento sócio-cultural, que é ser passivo e respondente
ao que dele é esperado. É ele uma peça numa máquina planejada e controlada, realizando a
função que se espera que seja realizada de maneira eficiente.

5. Conhecimento

A experiência planejada é considerada a base do conhecimento.

Para Skinner, o comportamento é um desses objetos de estudo que não pede método
hipotético-dedutivo. O conhecimento, portanto, é estruturado indutivamente, via experiência.

6. Educação

A educação está intimamente ligada à transmissão cultural. A educação deverá transmitir


conhecimentos, assim como comportamentos éticos, práticas sociais, habilidades consideradas
básicas para a manipulação e controle do mundo/ambiente.

O sistema educacional tem como finalidade básica promover mudanças nos indivíduos,
mudanças essas desejáveis e relativamente permanentes, as quais implicam tanto a aquisição de
novos comportamentos quanto a modificação dos já existentes. O objetivo último da educação é
que os indivíduos sejam os próprios dispensadores dos reforços que elicitam seus
comportamentos.
7. Escola

A escola é considerada e aceita como uma agência educacional que deverá adotar forma
peculiar de controle, de acordo com os comportamentos que pretende instalar e manter. Cabe a
ela, portanto, manter, conservar e em parte modificar os padrões de comportamentos aceitos
como úteis e desejáveis para a sociedade.

A escola está ligada a outras agências controladoras da sociedade, do sistema social e depende
igualmente delas para sobreviver. Essas agências, por sua vez, necessitam da escola, porque é a
instituição onde as novas gerações são formadas. Não é necessário a ela oferecer condições ao
sujeito para que ele explore o conhecimento, explore o ambiente, invente e descubra.

8. Ensino Aprendizagem

A aprendizagem pode ser definida como uma mudança relativamente permanente em uma
tendência comportamental e/ou na vida mental do individuo, resultantes de uma prática
reforçada. Ensinar consiste, assim, num arranjo e planejamento de contingência de reforço sob as
quais os estudantes aprendem e é de responsabilidade do professor assegurar a aquisição do
comportamento.

Os comportamentos desejados dos alunos serão instalados e mantidos por condicionantes e


reforçadores arbitrários, tais como: elogios, graus, notas, prêmios, reconhecimentos do mestre e
dos colegas, prestigio etc.

9. Professor-aluno

Aos educandos caberia o controle do processo de aprendizagem, um controle científico da


educação. O professor teria a responsabilidade de planejar e desenvolver o sistema se ensino-
aprendizagem, de forma tal que o desempenho do aluno seja maximizado, considerando-se
igualmente fatores tais como economia de tempo, esforços e custos.

A função básica do professor consistiria em arranjar as contingências de reforço de modo a


possibilitar ou aumentar a probabilidade de ocorrência de uma resposta a ser aprendida.

10. Metodologia

Aqui se incluem tanto a aplicação da tecnologia educacional e estratégias de ensino, quanto


formas de reforço no relacionamento professor-aluno. A individualização do ensino surge, na
abordagem comportamentalista, como decorrente de uma coerência teórico metodológica.
Essa abordagem enfatiza o uso de estratégias as quais permitem que um maior número
possível de alunos atinja altos níveis de desempenho.

Como princípio tem-se que a matéria a ser aprendida seja dividida em pequenos passos a fim
de ser possível reforçar todas as respostas e todos os comportamentos operantes emitidos pelo
aprendiz.

11. Avaliação

Decorrente do pressuposto de que o aluno progride em seu ritmo próprio, em pequenos


passos, sem cometer erros, a avaliação consiste, nesta abordagem, em se constatar se o aluno
aprendeu e atingiu os objetivos propostos quando o programa foi conduzido até o final de forma
adequada.

A avaliação surge como parte integrante das próprias condições para a ocorrência da
aprendizagem, pois os comportamentos dos alunos são modelados à medida em que estes têm
conhecimento dos resultados de seu comportamento.

12. Considerações finais

O meio pode ser controlado e manipulado e, consequentemente, também o homem pode ser
controlado e manipulado. Educação, ensino-aprendizagem, instrução, passam, portanto, a
significar arranjo de contingências para que transmissão cultural seja possível, assim como as
modificações que forem julgadas necessárias pela cúpula decisória.

O ensino é tratado em função de uma tecnologia que, além da aplicação de conhecimentos


científicos à prática pedagógica, envolve um conjunto de técnicas diretamente aplicáveis em
situações concretas de sala de aula.

Como conseqüência dessa abordagem, fica claro que o que não é programado não é desejável.
Encontra-se aqui ênfase no produto obtido, na transmissão cultural, na influência do meio, sobre
o que será aprendido o que deverá ser transmitido às novas gerações.

Abordagem Cognitivista

1. Características gerais
O termo “cognitivista” se refere a psicólogos que investigam os denominados “processos
centrais” do individuo, dificilmente observáveis, tais como: organização do conhecimento,
processamento de informações, estilos de pensamento etc. Uma abordagem cognitivista implica,
dentre outros aspectos, se estudar cientificamente a aprendizagem como sendo mais que um
produto do ambiente, das pessoas ou de fatores que são externos ao aluno.

Como seus principais representantes têm-se o suíço Jean Piaget e o norte americano Jerome
Bruner. Grande parte das conquistas teórico-experimentais dessa abordagem foi obtida no
CIEEG, Centro Internacional de Estudos de Epistemologia Genética, com sede em Genebra e em
funcionamento desde 1955.

2. Homem e mundo

Homem e mundo serão analisados conjuntamente, o conhecimento é o produto da interação


entre eles, entre sujeito e objeto. Em Piaget, encontra-se a noção do desenvolvimento do ser
humano por fases que se inter-relacionam e se sucedem até que se atinjam estágios da
inteligência caracterizada por maior mobilidade e estabilidade. O ser humano, como todo
organismo vital, tende a aumentar seu controle sobre o meio, colocando-o a seu serviço. Ao fazê-
lo, modifica o meio e se modifica.

O desenvolvimento do ser humano consiste, de forma genérica, em se alcançar o máximo de


operacionalidade em suas atividades, sejam estas motoras, verbais ou mentais. Todo individuo,
portanto, tem um grau de operatividade. O ser humano, ontogenética e filogeneticamente,
progride de estágios mais primitivos, menos plásticos, menos móveis, em direção ao pensamento
hipotético-dedutivo.

Toda atividade do ser humano implica a consideração de duas variáveis: inteligência e


afetividade. O desenvolvimento da inteligência implica, portanto, em desenvolvimento afetivo. A
afetividade e a inteligência são interdependentes, não havendo autonomia de uma sobre a outra.

3. Sociedade-cultura

Da mesma forma que a evolução ontogenética ocorre no sentido de uma maior mobilidade
intelectual e afetiva, de um adualismo inicial até a formação do pensamento hipotético-dedutivo,
a abertura a todos os possíveis, o desenvolvimento social deve caminhar no sentido da
democracia, que implica deliberação comum e responsabilidade pelas regras que os indivíduos
seguirão.

Os fatos sociológicos, pois, tais como regras, valores, normas, símbolos etc. De acordo com
este posicionamento, variam de grupo para grupo, de acordo como o nível mental médio das
pessoas que constituem o grupo. Da mesma forma que se podem encontrar maneiras diferentes
dos seres humanos viverem juntos, que vão desde a anarquia, passando pela tirania até a
democracia, verifica-se igualmente, no desenvolvimento ontogênico, fases caracterizadas por
anomia, passando pela heteronomia até atingir, a autonomia.

A deliberação coletiva, evita que interesses egocêntricos predominem. O egocentrismo é


caracterizado por imaturidade intelectual e afetiva. A democracia, pois, é uma conquista gradual
e deve ser praticada desde a infância, até a superação do egocentrismo básico do homem.

4. Conhecimento

Conhecimento é considerado uma construção contínua. A passagem de um estado de


desenvolvimento para o seguinte é sempre caracterizada por formação de novas estruturas que
não existiam anteriormente no individuo. O conhecimento do ser humano é essencialmente ativo.
Quanto à aquisição do conhecimento, Piaget admite, pelo menos, duas fases:

Fase exógena: fase da constatação, da cópia, da repetição.

Fase endógena: fase da compreensão das relações, das combinações.

Em relação à formação e ao desenvolvimento do conhecimento, é interessante constatar que a


ciência aparece tardiamente na história da humanidade, aproximadamente no século XV. Este
surgimento tardio pode indicar a necessidade de um intervalo temporal bastante amplo para que a
humanidade pudesse, superando as fases de observação meramente ingênua e de dedutividade
tautológica, chegar à formalização.

5. Educação

Para Piaget, a educação é um todo indissociável, considerando-se dois elementos


fundamentais: o intelectual e o moral.

O objetivo da educação não consistirá na transmissão de verdades, informações,


demonstrações, modelos etc., e sim em que o aluno aprenda, por si próprio, a conquistar essas
verdades, mesmo que tenha de realizar todos os tateios pressupostos por qualquer atividade real.

A educação pode ser considerada, igualmente como um processo de socialização, ou seja, um


processo de “democratização das relações”. Socializar, nesse sentido, implica criar-se condições
de cooperação. A aquisição individual das operações implica pressupõe necessariamente a
cooperação, colaboração, trocas e intercâmbio entre as pessoas.
A educação, é condição necessária ao desenvolvimento natural do ser humano. Este, por sua
vez, não iria adquirir suas estruturas mentais mais essenciais sem a intervenção do exterior. Sem
esse tipo de contribuição o individuo não chegará à autonomia intelectual e moral.

Uma educação assim concebida é a que procurará provocar nos alunos, constantemente, busca
de novas soluções, criar situações que exijam o máximo de exploração por parte deles e
estimular as novas estratégias da compreensão da realidade.

6. Escola

Segundo Piaget, a escola deveria começar ensinando a criança a observar. A escola deveria
dar a qualquer aluno a possibilidade de aprender por si próprio, oportunidades de investigação
individual, possibilitando-lhe todas as tentativas, todos os tateios, ensaios, que uma atividade real
pressupõe. Isso implica diretamente que a motivação não venha de fora, mas lhe seja intrínseca,
ou seja, da própria capacidade de aprender.

As diretrizes que norteariam uma escola piagetiana seriam, trabalho em grupo, diretividade
seqüencial e consecução de alto nível de interesse pela tarefa.

7. Ensino-aprendizagem

Um ensino que procura desenvolver a inteligência deverá priorizar as atividades do sujeito,


considerando-o inserido numa situação social.

A descoberta irá garantir ao sujeito uma compreensão da estrutura fundamental do


conhecimento. Dessa forma, os processos pelos quais a aprendizagem se realizou assumem papel
preponderante. A aprendizagem verdadeira se dá no exercício operacional da inteligência. Só se
realiza realmente quando o aluno elabora seu conhecimento.

O ensino deve levar, progressivamente, ao desenvolvimento de operações, evitando a


formação de hábitos, que constituem a fixação de uma forma de ação, sem reversibilidade e
associatividade. Diferencia-se, portanto, aprendizagem de desenvolvimento. Este último se refere
aos mecanismos gerais do ato de pensar/conhecer, inerentes à inteligência em seu sentido mais
amplo e completo.

8. Professor-aluno

Caberá ao professor criar situações, propiciando condições onde possam se estabelecer


reciprocidade intelectual e cooperação ao mesmo tempo moral e racional. Cabe ao professor
evitar a rotina, fixação de respostas, hábitos. Deve orientar o aluno e conceder-lhe ampla
margem de autocontrole e autonomia.

Cabe ao aluno um papel essencialmente ativo e suas atividades básicas, entre outras, deverão
consistir em: observar, experimentar, comparar, relacionar, analisar, justapor, compor, encaixar,
levantar hipóteses, argumentar etc.

9. Metodologia

O desenvolvimento humano que traz implicações para o ensino. Uma das implicações
fundamentais é a de que a inteligência se constrói a partir da troca do organismo como o meio,
por meio das ações do indivíduo. A ação do indivíduo é o centro do processo e o fator social ou
educativo constitui uma condição de desenvolvimento.

Caberá ao pedagogo, planejar situações de ensino onde os conteúdos e os métodos


pedagógicos sejam coerentes com o desenvolvimento da inteligência e não com a idade
cronológica do individuo. O material de ensino deve-se prestar a todas as possíveis combinações
e realizações, sendo adaptável ás características estruturais de cada fase.

10. Avaliação

A avaliação terá de ser realizada a partir de parâmetros extraídos da própria teoria e implicará
verificar se o aluno já adquiriu noções, conservações, realizou operações, relações etc. O
rendimento poderá ser avaliado de acordo como a sua aproximação a uma norma qualitativa
pretendida.

O controle de aproveitamento dever ser apoiado em múltiplos critérios, considerando-se


principalmente a assimilação e a aplicação em situações variadas. Não há, pois, pressão no
sentido de desempenho acadêmico e desempenhos padronizados, durante o desenvolvimento
cognitivo do ser humano.

11. Considerações Finais

O conhecimento, para Piaget, progride mediante a formação de estruturas. Tudo o que se


aprende é assimilado por uma estrutura já existente e provoca uma reestruturação. No
comportamentalismo, o que o organismo geralmente persegue é o esforço e não a aprendizagem
em si. Esta interessa apenas ao professor.

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