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Jack, o Estripador

Introdução

Primeiro serial killer pop da história, Jack, o Estripador, é contemporâneo


da pulp fiction (Sherlock Holmes, Jekyll e Hyde, A Guerra dos Mundos) e
da imprensa sensacionalista, que cobriu minuciosamente seus crimes.
Cinco prostitutas de Whitechapel, bairro miserável de Londres, foram
selvagemente estripadas por Jack entre agosto e novembro de 1888. O
assassino nunca foi capturado, o que inspirou teorias conspiratórias
completamente malucas. A mais popular, defendida pelo escritor Stephen
Knight em Jack the Ripper: The Final Solution (Grafton Books, 1977),
serviu de base para a ambiciosa graphic novel Do Inferno (Via lettera,
2002), de AIan Moore e Eddie Campbell, e para o filme de mesmo nome.
A tese é a seguinte; Jack, o Estripador, era Sir William Gull, médico da
família real inglesa, que teria cometido os crimes a pedido da própria
rainha Vitória. A confusão teria começado com o príncipe AIbert Victor,
duque de Clarence, neto da rainha e segundo na linha sucessória. O
príncipe supostamente se casara secretamente com uma certa Annie
Crook, balconista de confeitaria, com quem tivera uma filha. A mulher,
além de plebéia e pobre, era católica. Cinco amigas de Annie, todas
prostitutas, conheciam a história e resolveram chantagear a coroa. Para
eliminar o problema, a rainha convocou Sir William Gull, homem de sua
extrema confiança (ele havia cuidado com discrição da sífilis do príncipe).
Gull era maçom e contou com o silêncio e a cumplicidade da ordem para
Jack, o Estripador
encobrir seus atos. O médico, entretanto, traiu a irmandade ao realizar os
assassinatos de forma ritualística que remetem aos mistérios maçônicos.
Uma das vitimas teve a barriga aberta, os intestinos puxados para fora e
jogados sobre o ombro direito. Outra teve o coração arrancado e
queimado numa lareira. As mutilações seriam uma referência ao castigo
imposto a Jubela, Jubelo e Jubelum, os três assassinos de Hiram Abiff,
lendário arquiteto do templo de Salomão e fundador da MAÇONARIA.
Gull, sugere Stephen Knight, acreditava que as amigas de Annie
mereciam a mesma punição, pois eram traidoras da Coroa.
Essa tese é reforçada pela misteriosa inscrição encontrada numa parede
da rua Goulston, também em Whitechapel, ao lado do pedaço
ensangüentado do vestido de uma das vitimas de Jack: “Os juwes são os
homens que não serão culpados de nada”. O grafite foi apagado
rapidamente por ordem do comissário de polícia Sir Charles Warren, que
era maçom. Warren argumentou que a frase associava os judeus (“jews",
em inglês) aos crimes, e que isso poderia provocar tumulto no bairro,
onde viviam muitos imigrantes. Stephen Knight afirma que a expressão
"juwes" é usada em textos maçônicos para se referir coletivamente aos
irmãos da ordem. William Gull teria feito a inscrição para reafirmar sua
missão e inocentar os companheiros. Warren a teria apagado para
encobrir a ligação entre o assassino e a ordem.
Mas a tese de Stephen Knight não é levada muito a sério fora dos
círculos conspirólogos. Os maçons dizem que a expressão "juwes" não
existe e é pura invenção do escritor. Além disso, juram que William Gull
jamais pertenceu à ordem. A idéia do assassinato ritualístico também
despenca fácil: um dos castigos impostos aos traidores de Hiram Abiff foi
a amputação da língua, mutilação que não aconteceu em nenhuma das
vítimas do estripador.
John Douglas e Mark Olshaker, autores de Mentes Criminosas e Crimes
Assustadores (Ediouro, 2002), concluem que o serial killer não era um
criminoso meticuloso, mas desorganizado e apressado. Eles
ridicularizam as especulações de Knight e atribuem os crimes a um
imigrante polonês pobre e louco que vivia em Whitechapel na mesma
época. Segundo eles, a inscrição que fala dos "juwes" não tem nada a
ver com o caso e provavelmente é apenas um grafite racista e iletrado
que se refere aos “judeus/jews" que viviam na região.
A hipótese mais recente sobre a identidade de Jack foi formulada pela
escritora americana Patrícia Cornwell no livro Portroit of a Killer: Jack the
Ripper - Case Closed (Putnan Pub Group, 2002). Ela afirma que o
assassino era o pintor Walter Sickert, famoso por suas telas góticas.

Jack, o Estripador
Jack, o Estripador

Falar sobre o E.D. conhecido como Jack, o estripador é difícil. Primeiro


pela época dos crimes, mais de cem anos atrás. Segundo pela áurea
mística que o caso recebeu, o que abriu caminho para inúmeras teorias,
algumas com um ar de conspiração, outras sem cabimento algum.
Parece que muita gente tem opinião formada sobre os crimes ocorridos
em Whitechapel, em 1888.
Todo assassino em série, por si só, causa fascínio. A natureza de seus
crimes leva a muitos a crença de se tratar de um individuo inteligente e
superior. Quando o crime não é resolvido, essa imagem só é ampliada,
mas não é muito bem assim. Começamos então com os fatos:
A Inglaterra era uma terra de sucesso, dona de colónias e de grande
parte da riqueza mundial da época. Londres era o centro do progresso,
com todas suas indústrias. Dizia-se que o sol nunca se punha para
Londres. Porém, no East End londrino, estava uma pústula na saudável
Inglaterra, um deplorável bairro chamado Whitechapel.
A população de Whitechapel era formada em sua, totalidade, por
miseráveis. Não haviam trabalhos o suficiente, o que aumentava os
trabalhos informais, entre eles a prostituição. Grande parte da população
dormia em abrigos pagos, geralmente sujos, apertados e deploráveis. As
doenças grassavam, devido à falta de higiene do local. Haviam sarjetas
infectadas com fezes humanas, esgoto à céu aberto e infestação de
insetos e ratos. Em outras palavras, Whitechapel parecia um pedaço
extirpado da Índia, implantado em Londres.

O Outono do terror em Withechapel

Existem discordâncias entre os pesquisadores sobre qual foi o primeiro


crime de Jack, a maioria aceita que foram cinco, aliás cinco seria o
número oficial de vítimas na época, mas alguns acreditam que a primeira
vítima foi Martha Tabram.
Jack, o Estripador

Martha Tabram, um possível vítima

Segunda-feira, 6 de agosto de 1888, um feriado nacional, 10 horas da


noite. Martha Tabram, por volta de 36 anos, apelidada de Emma, e sua
amiga Mary Ann Connolly, conhecida como Pearly Polly, estavam
sentadas no bar Angel and Crown, com dois soldados que supostamente
seriam da Guarda dos Granadeiros. Como muitas das mulheres pobres
de Whitechapel, Tabram e Polly faziam programas. Elas estavam
confiantes, acreditando que iriam garantir o dinheiro para a hospedagem
naquele dia. Antes da meia noite, Polly e Tabram se despediram, indo
Polly na direção Angel Alley e Tabram para a High Street em
Whitechapel.
Às 4h45, da manhã seguinte, John Reaves, inquilino do edifício Georgy
Yard, assombrou-se ao sair para o trabalho. Ele deparou-se com o
cadáver de uma mulher, deitada de costas com as pernas abertas no
patamar do prédio. A mulher vestia um longo casaco preto, saia verde e
anágua marrom, estes estavam erguidos até a cintura, sugerindo um
possível ataque sexual. A mulher havia sido esfaqueada inúmeras
vezes. Reaves arrastou o corpo até uma rua, e procurou a polícia. O
corpo era de Martha Tabram.
Jack, o Estripador
Uma testemunha, Elizabeth Mahonney, inquilina do George Yard, disse
que chegou ao prédio à 01h50min, e não avistaram ninguém. Alfred
Crow, motorista de taxi, disse que avistaram uma mulher deitada, ao
chegar ao edifício, uma hora e quarenta minutos depois de Elizabeth. Ele
não deu muita atenção ao caso, pois estava acostumado a ver bêbados
jogados na calçada. Nenhum dos moradores relatou ouvir qualquer
barulho, exceto a mulher do zelador do prédio. Ela afirmou ter ouvido um
grito feminino: “assassino”. O assassino teria estrangulado a vítima,
antes de cortar seu pescoço.
O Dr. Timothy Killeen, que havia examinado o corpo, ainda pela
madrugada, determinou que Martha havia sido assassinada entre 2:00 e
3:30 de madrugada, ou seja, tempo antes de Alfred Crow vê-la caída. A
vítima foi esfaqueada 39 vezes, sendo os seios, abdômen e genitália
mais afetados. Somente por um ferimento no esterno era possível
deduzir a arma usada no crime, uma adaga ou baioneta.
O guarda que acompanhou Tabram naquela noite foi imediatamente tido
como suspeito do crime. Mary Ann Connolly se negou, ou não conseguiu,
identificar o soldado, e ele foi inocentado.

Mary Ann Nichols


Jack, o Estripador

Mary Ann “Polly” Nichols, assim como Martha Tabran, era uma das mais
de mil prostitutas que faziam ponto pelas ruas de Whitechapel. Nichols
media 1,60m, tinha 45 anos de idade e a boca desdentada (faltavam-lhe
cinco dentes da frente). Como outras mulheres que se prostituiam, Polly
via no álcool um alívio para seu triste destino. Mary tinha cinco filhos e
havia saído de um casamento desastroso. A custódia dos filhos foi dada
ao marido.
Tempo depois da 1:00h da manhã, do dia 31 de agosto de 1888, Polly
tentava conseguir um quarto no albergue da rua Flower and Dean, onde
estava dormindo há uma semana. Polly havia passado o mês anterior em
outra pensão, onde dividia um quartinho com outras prostitutas. Naquela
noite, Polly não tinha o dinheiro necessário para a hospedagem, além
disso, estava bêbada. O encarregado do alojamento não permitiu que ela
ficasse sem pagar. Polly Nichols pediu para que o rapaz reservasse uma
cama pra ela: “Logo vou conseguir o dinheiro para dormir. Olha só que
lindo chapéu estou usando!”.O chapéu havia sido presente de um cliente,
e a fazia sentir-se mais atraente.
Jack, o Estripador
Polly saiu e encontrou uma amiga, com quem dividira o quarto na Rua
Thrawl, Ellen “Emily” Holland. Polly e Ellem pararam para ver um
incêndio. Ellen, mais tarde, relataria que Polly estava tão bêbada que se
escorava na parede para não cair.
Ellen insistiu com Polly, para que ela a acompanhasse até a Rua Thrawl,
mas Nichols cismou em conseguir ela mesma o dinheiro para o
quarto: “Consegui hoje três vezes o dinheiro necessário para pagar um
quarto, mas já gastei em bebida. Não vou demorar muito para voltar.”
Polly Nichols seguiu cambaleante em direção à Rua Flower and Dean.
Por volta das 3:40h, dois carroceiros, Charles A. Cross e Robert Paul,
caminhavam pela alameda do Buck, a uma quadra de distância do
hospital de Londres, localizado na Whitechapel Street. Charles percebeu
algo caído do outro lado da rua, próximo a entrada de um estábulo. Ele
decidiu examinar, e verificou que se tratava de um cadáver feminino.
Robert Paul colocou a mão sobre o rosto da mulher, e verificou que ainda
estava quente, mas Charles, segurando as mãos do defunto, verificou
que a mulher já estava morta. Os dois decidiram chamar a policia. Eles
encontraram Jonas Mizen, policial metropolitano que fazia ronda na rua
Hanbury próximo dali. Os três voltaram ao local onde estava o cadáver e
encontraram o policial John Neil, que acabara de encontrar o cadáver.
Ele sinalizou para outro policial, Jonh Thain. Neil pediu para Thain para
chamar o doutro Ress Llewllyn, um clínico geral que morava próximo ao
local. Mizen chamou a ambulância (que na época era uma carroça
grande).
O Dr. Llewelly notou que a mulher havia sido esfaqueada várias vezes no
pescoço. O médico declarou que a mulher havia morrido há menos de
meias hora. Ele também notou que havia pouco sangue no local do
crime. O corpo foi levado para o necrotério da enfermaria do albergue da
Old Montague. O inspetor de policia, Jonh Spratling, chegou por volta
das 4:30 e se deparou com uma multidão que se formava. Ele
imediatamente mandou policiais buscarem evidências no local do crime,
e na área em torno. Junto ao doutro Llewellyn, Spratling seguiu para o
necrotério.
Pela manhã, o Dr. Llewellyn realizou uma autopsia mais detalhada no
cadáver. Havia um incisão, de formato circular, tão profunda, que
seccionara todos os tecidos até a vértebra, assim como as artérias do
pescoço. Llewellyn acreditava que o assassino poderia conhecer um
pouco de anatomia, e que provavelmente era canhoto. O corpo era de
Mary Ann “Polly” Nichols, ela não havia retornado para dormir.
A Scotland Yard, polícia metropolitana londrina, estava desconfortável
com a situação. Mas os crimes não chegaram a chocar a população.
Eram comuns crimes contra prostitutas, e sem-tetos, principalmente no
miserável bairro de Whitechapel. Não havia porque os cidadãos de bem
se preocupar com isso.
Jack, o Estripador

Annie Chapman

Pouco antes das 6:00 da manhã, 8 de setembro de 1888, o carroceiro


John Davis saiu de seu apartamento, onde morava com sua mulher e
com três filhos, na Rua Hanbury, 29. Ao descer os degraus que davam
pra rua, Davis deparou-se com um cadáver entre os degraus e a cerca
do pátio de propriedade. O vestido estava puxado até acima da cabeça,
sua barriga estava rasgada, e os intestinos jogados acima do ombro
esquerdo. John foi até a policia, na companhia de outros moradores,
entre eles, Henry Holland, que encontrou um policial em um mercado
próximo. O policial não podia o acompanhar, pois as rígidas leis da época
impediam que um soldado deixasse seu posto.
O inspetor de policia, Joseph Chandler, chegou à cena do crime, cobriu o
cadáver, e chamou o Dr. George Bagster Phillips, médico legista da
divisão H, área onde ocorreu o crime. Phillips examinou o cadáver,
arrumado de forma ritualística:

“O braço esquerdo estava cruzado sobre o seio esquerdo; as


pernas dobradas. Os pés descansados no chão e os joelhos virados
para fora. O rosto, todo inchado, voltado para o lado direito. A
língua, muito inchada, projetava-se entre os dentes da frente, mas
não ultrapassava os lábios. E estes dentes da frente, perfeitos até o
molar, tanto os superiores quanto os inferiores eram muito bons. O
corpo, terrivelmente mutilado… A garganta mostrava um corte
profundo; as incisões na pele, todas irregulares, atingiam o redor do
pescoço… Na cerca de madeira entre o pátio em questão e o
vizinho, sangue esparramado podia ser visto, correspondendo ao
local onde a cabeça da morta tombou.”
Jack, o Estripador
O Dr. Phillips continuou suas observações. Ele percebeu que todos os
ferimentos haviam sido feitos com um instrumento afiado e de lâmina
estreita e a evisceração indicava algum conhecimento médico. A
Mutilação completa teria demorado um agora, pelo menos. Assim como
no caso de Nichols e Tebran, não havia sinais de luta. O assassino
neutralizava suas vítimas, antes que elas pudessem se defender.
O inspetor Frederick George Abberline, da divisão de homicídio de
Scotland Yard, foi alertado sobre o crime. Ele era tido como um policial
lendário, embora pouco se saiba sobre sua vida. Ele começou como
policial de patrulha, foi promovido a sargento e depois para inspetos.
Abberline viria a chefiar todos os detetives na investigação dos crimes
em Whitechapel..
Abberline mandou averiguar a cena do crime minuciosamente. O bolso
da roupa da mulher estava rasgado e seus itens pessoais, dois pentes,
um pedaço de musselina e um envelope com pílulas, estavam
espalhados. Próximo ao local do crime estava um avental de couro,
usado por açougueiros ou sapateiros.
Naquela época, não havia recursos para determinar se o sangue era
humano ou de boi. O sangue no avental estava seco e a ligação entre ele
e o crime era questionável.
O Dr. Phillips acreditava que os objetos haviam sido ajeitados
cuidadosamente: A musselina e os pentes próximos aos pés da vítima e
o envelope perto de sua cabeça. Haviam também duas moedas próximas
ao corpo, mas esse detalhe foi mantido em segredo, para ajudar a
elucidar o caso.
O corpo, ainda não identificado, foi levado para o Necrotério de
Whitechapel, na rua Eagle. A autópsia foi feita pelo próprio Phillips, na
tarde daquele dia. As lacerações profundas na garganta mostravam a
tentativa de separar a cabeça do tronco, um tipo de curiosidade
pervertida. Os intestinos foram separados de seus ligamentos no
abdômen e colocados sob o ombro. Útero, metade da vagina e parte da
bexiga haviam sido removidos por completo – parecia cortados com certo
zelo, e não estavam perto do corpo. Assassinatos de prostitutas não
eram incomuns, mas crimes com aquelas características era novidade
para ao ingleses vitorianos. Mesmo se não fosse vítima do assassino, a
mulher não viveria muito tempo. Ela tinha doenças crônicas no pulmão e
nas meninges.
A vítima foi identificada por uma lavadeira, de nome Amelia Palmer, como
sendo Annie Chapman. Prostituta, corpulenta, 1,56 de altura, cabelos
castanhos e olhos azuis.

Annie antes do crime


Jack, o Estripador
Chapman estava hospedada junto com outras prostitutas em um
albergue comunitário, na Rua Dorset, onde ficou conhecida como
briguenta e Ladra. Na ocasião do crime, usava três anéis baratos,
nenhum deles foi encontrado. O assassino os tirou ou para guardar de
recordação, ou para vender por uma ninharia.
Chapman encontrou com a amiga, Amélia Palmer, pra quem disse que
estava muito doente, mas necessitava trabalhar para ter dinheiro para
dormir. Annie foi vista na cozinha, bêbada, quando tomava duas pílulas
que trazia dentro de uma caixa. A caixa caiu e quebrou, Annie apanhou
um envelope do chão e colocou as pílulas restantes dentro dele.
Annie Chapman saiu, ela bebeu durante a noite de sexta-feira e durante
a madrugada de sábado, 8 de setembro de 1888. Voltou para o albergue
às 1: 35h, mas não tinha dinheiro. Ela pediu para o atendente, John
Evans, não alugar seu leito para ninguém, pois sairia para arrumar o
dinheiro. Todas as testemunhas relatarma ter visto Annie bêbada, mas é
provável que a doença tenha enfraquecido seu organismo. A autópsia
revelou pouco álcool em seu organismo.
Vários testemunhos, muitas vezes contraditórios e confusos foram
dados. Muita gente afirmou ter visto Annie nas proximidades do mercado
Spitalfields, no bar Tem Bells, às 5:00 da madrugada, mas
aparentemente as pessoas confundiram Chapman com outra pessoa.
Uma prostituta de nome Elizabeth Darrel disse ter testemunhado a
conversa de Annie com um sujeito de aparência estrangeira. Ela ouviu
quando o sujeito perguntou “você vai?”, ao que Annie respondeu: “sim”.
Albert Cadoche, um carpinteiro morador do número 27 da Rua Hanbury
pensou ter escutado uma briga violenta e alguém gritando “Não!” no
prédio ao lado, número 29. A polícia, porém, não levou muita fé no
depoimento de Albert.
O inspetor Abberline e seus colegas da Scotland Yard concluíram: Quem
matou Chapman, matou Polly Nichols. A população de East End
apavorou-se com a possibilidade de um assassino que matava mulheres
indefesas. Qualquer mulher na rua, principalmente prostitutas, corria
risco de vida. Porém, mesmo com medo, essas mulheres necessitavam,
ganhar dinheiro para ter um leito para dormir. Sem alternativa, elas
continuaram espalhadas pelas ruas.

John Pizer: O Avental de Couro

Withechapel passou a chamar a atenção dos londrinos. Policiais e


reporteres estavam por toda parte. Os locais dos crimes eram cercados
diariamente por pessoas curiosas. O ministro foi aconselhado a oferecer
uma recompensa para quem tivesse alguma notícia do “Assassino de
Whitechapel”, ou “A faca”, como era chamado, mas acreditou que a
recompensa atrairia oportunistas, com falsas pistas.
Jack, o Estripador
Uma suspeita prevaleceu sobre o avental de couro encontrado próximo
ao corpo de Chapman. A policia começou a interrogar as pessoas nas
ruas, e um dos rumores que corriam era que um valentão, conhecido
como Avental de Couro, seria o culpado pelos crimes. Avental de Couro
estava sempre pelas ruas, tomando dinheiro de prostitutas e agredindo
mulheres. Muitos acreditaram que ele poderia ser o assassino.
Outro individuo, muito semelhante à descrição das vítimas, era John
Pizer, um engraxate. Um morador da Rua Hanbury o identificou como
sendo o homem que ameaçara uma mulher com uma faca, na manhã de
8 de setembro. Pizer tinha a reputação de tomar parte em brigas e de
maltratar prostitutas. Ele foi preso, em sua casa, na Rua Mulberry, em 10
de setembro. A polícia encontrou várias facas de lâminas longas. Na
delegacia, uma mulher não o reconheceu. O homem da
Rua Hanbury confirmou que Pizer era o sujeito que ameaçou uma mulher
com uma faca, ele afirmou também, que Pizer era o Avental de Couro. O
homem não reconheceu o Chapman como sendo a mulher que Pizer
ameaçou. Foram verificados os locais onde Pizer estava no dia em que
Nichols e Chapman, e os álibis se mostraram sólidos. John Pizer foi solto
após um dia e meio.
Nem a polícia nem mídia nunca conseguiu achar o verdadeiro Avental de
Couro.

Duplo homicídio e a inscrição na Rua Goulston

Policiais se posicionaram por toda Whitechapel, na tentativa de apanhar


o assassino, incluindo policiais desfarçados de mulher. Na madrugada de
domingo, 30 de setembro, 1:00 hora da manhã. Louis Diemschutz,
mascate de jóias, voltava de um evento no Clube Intenracional
Educacional dos Trabalhadores, rua Berner, uma organização de ajuda
mútua fundada por judeus. Ele descia a Rua Berner na sua charrete,
quando dobrou a esquina com a Dutfield. O animal assustou-se e parou.
Louis notou algo estranhop caído no chão, ao aproximar-se e acender
um fósforo, percebeu que se tratava de uma mulher deitada, devia está
bêbada. Ele acreditou que poderia ser sua mulher, desceu e foi atá o
clube onde ela trabalhava. Verificou que não era ela. Louis voltou com
alguns membros do clube. Eles examinaram a mulher mais de perto, e
perceberam que sua garganta estava cortada. Rapidamente, duas
pessoas do grupo correram para chamar a policia. Eles encontraram
outro sujeito, que se juntou à dupla, e seguiram até a esquina da rua
Faircloug com a Rua Grove, onde encontraram o policial Henry Lamb. Os
quatro voltaram ao local do crime.
O Dr. William Blackwell foi chamado e chegou por volta das 1:16h. Ele
declarou que a mulher havia sido morta há menos de 20 minutos. Desta
vez o corpo não foi mutilado, ou seja, é provável que o assassino tivesse
Jack, o Estripador
sido surpreendido por Diemschutz antes de realizar seu serviço.
Enquanto Louis Diemschutz foi até o clube procurar pela mulher, o
assassino, que estava escondido em algum local, conseguiu fugir.
O Dr. Blackwell acreditava que a mulher foi assassinada de pé, tendo sua
garganta cortada. Havia sangue em abundância no local do crime,
diferente do ocorrido nos crimes anteriores. Alguns ferimentos nas mãos
da vítima indicavam luta. Mary Malcon, esposa de um alfaiate, identificou
a vítima como sendo sua irmã, Eliazbeth Watts Stokes, por uma mordida
de cobra na perna.
As 1:30h, trinta minutos após a descoberta do cadáver na saída da rua
Berner, o policial Ed Watkins, da força policial de Londres, passave pela
praça Mitre, que estava vazia e deserta. Em Londres, até hoje, existem
jurisdições policiais sobrepostas. Londres possui sua própia força policial,
que é separada da polícia metropolitana.
Entre 1:40h e 1:42h, o policial James Harvey fazia ronda na Church, três
rotas para a praça Mitre. Enquanto isso, Watikins dava mais uma volta
em torno da praça, desta vez indo para o lado oposto de onde se
encontrava. Ele reparou algo caído no chão, ao se aproximar, percebeu
que se tratava de um corpo de uma mulher. Watikins iluminou o local, e
viu que havia uma poça de sangue por debaixo da mulher. Ele teve sua
garganta cortada e duas vestes estavam erguidas, seu abdômen aberto
e os intestinos puxados para fora. Ele correu para chamar reforços e
voltou para vigiar o corpo. Um oficial respondeu o chamado, e trouxe
consigo o Dr. George Willian Sequeira, este determinou que a mulher
morrera a poucos minutos. Algum tempo depois, chegou ao local o Dr.
Frederick Gordon Brown, médico legista da polícia da cidade. Ele fez um
meticuloso exame no cadáver. Um dedal foi encontrado próximo aos
dedos do cadáver. Intestinos dispostos ao ombro direito. O útero e rins
haviam sido removidos e não estavam na cena do crime. O rosto e a
orelha direita estavam muito mutilados. A morte foi resultado de uma
hemorragia por conta de uma carótida rompida. Todas as mutilações
foram post-mortem.
Em quanto a policia estava à procura do assassino, Alfred Long, policial
metropolitano, passava pela Rua Goulston, às 02:20h, onde avistou um
pedaço de tecido ensangüentado, ainda úmido, caído no patamar de
entrada do Wentworth Model Dwellings, um conjunto habitacional, nos
números 108 até o 119. Long verificou que o pedaço de tecido era
semelhante ao usado pela vítima da Praça Mitre. Na parede próxima ao
local onde estava o pedaço de tecido, havia uma inscrição a giz: “Os
Judeos são os homens Que não Serão Culpados de nada.” Sic.
O chefe da divisão H, Thomas Arnold, ao chegar na Rua Goulston, ficou
receoso que a inscrição despertasse sentimentos anti-semitas na
população. Havia em Whitechapel uma grande concentração de judeus,
principalmente imigrantes. Eles trabalhavam, geralmente, em açougues,
Jack, o Estripador
sapatarias e barbearias. Arnold queria que a inscrição fosse apagada,
mas alguns policiais protestaram, dizendo que logo amanheceria e que
fotos poderiam ser tiradas. O comissário de polícia Charles Warren
chegou ao local e determinou que a inscrição fosse apagada. Havia
medo que alguém quisesse por a culpa nos judeus. A inscrição foi
apagada antes do nascer do sol, às 5:30h.

A vítima da Rua Berner

Em 1° de outubro, a vítima da Rua Berner foi finalmente identificada.


Apesar de Mary Malcon ter identificado como sendo sua irmã, Elizabeth
Watts Stokes, Stokes apareceu bem viva. O corpo era de outra Elizabeth:
Elizabeth “Liz” Stride, imigrante sueca, de 44 anos. Ela foi identificada
pelo policial Walter Frederick Stride, sobrinho de seu ex-marido. A única
foto de Elizabeth Stride é póstuma, no necrotério. Havia sinais de que ela
sofria de doenças crônicas.
No dia 29 de setembro, Elizabeth Stirde foi vista no bar Queen’s Head,
por volta das 18:30h. Uma hora depois, na esquina da Flower com a
Dean. Às 23:00h, dois homens viram deixar o bar Briclayers’ Arms, na
rua Settles. Ela estava com um homem que parecia um inglês bem
vestido, medindo aproximadamente 1,65m. Os dois caçoaram de Liz
Stride, gritando para ela tomar cuidado com o avental de couro. 45
minutos depois, outro homem avistou Elizabeth na compania do mesmo
homem, na Rua Berner. Após um beijo, o homem teoria dito: “Você não
falará mais nada além de suas preces”. Minutos depois, um vendedor de
frutas chamado Matthew Packer, vendeu uvas para o homem que os
outros viram com Liz. O casal permaneceu em frente a loja de Pecker, na
chuva, por mais de meia hora. O policial William Smith também viu o
casal. James Brow, um estivador, afirmou ter visto Stride enconstada
emn um muro, junto com um homem, na Rua Fairclough. A mulher dizia
algo como: “Esta noite não, talvez outra noite qualquer.” Brown identificou
positivamente o corpo de Stride como a mulher que vira na Rua
Fairclough.
Ao mesmo tempo, um judeu húngaro, Israel Schwartz, afiemou está
voltando do Clube Internacional dos trabalhadores, na Rua Berner,
quando viu um homem derrubar Liz Stride ao chão. Ao atravessar a rua,
o homem gritou “Lipski”, um insulto anti-semita que se referia a um
homicida judeu que havia sido enforcado. Schwartz percebeu outro
sujeito, fumando um cachimbo, próimo da ali. Com medo de ser
assaltado, Israel Schwartz fugil. Ele também reconheceu Liz Stride como
a mulher que vira envolvida no incidente. Ou seja, passaram-se mais ou
menos 15 minutos desde que Schwartz viu Liz Stride sendo agredida até
Louis Diemschutz encontra o cadáver.
Jack, o Estripador
A vítima da Praça Mitre

Ao contrário de Liz Stride, A vítima da Praça Mitre foi facilmente


identificada, pois trazia consigo alguns objetos pessoais, incluindo uma
lata contendo duas notas de penhor. Elas estava no nome de Anne Kelly.
Mary Anne Kelly havia sido recolhida bêbada na calçada na noite de
sábado, e foi levada até a delegacia de Bishopgate, onde curaram sua
embriaguez. Na terça feira seguinte, John Kelly, um desempregado, foi a
policia com medo de que as notas estivessem em nome de sua mulher,
Catherine Kelly, também conhecida como Catherine Conway, cujo ex-
marido era um soldado chamado Thomas Conway. John Kelly descobriu
que realmente tratava-se de sua mulher. Catherine era mais conhecida
pelo apelido, Kate e também pelo nome de solteira Eddowes.
Catherine e John Kelly haviam voltado quinta-feira de uma viagem a
Kente, onde fizeram um trabalho rural temporário. Passaram uma noite
juntos no Abrigo Aléia Shoe, onde eram velhos conhecidos. Na sexta-
feira, Kate deu algumas moedas para que John pudesse ficar em um
alojamento e dirigiu-se para o abrigo de Mile End, para tentar dormir
antes de trabalhar no dia seguinte. O casal se encontrou novamente no
sábado, pela manhã. Catherine penhorou umas botas de John.
Catherine procurou sua filha para pedir dinheiro emprestado, mas não
conseguiu achá-la. Naquela noite, 29 de setembro, aconteceu o incidente
da delegacia, quando foi encontrada bêbada deitada em uma calçada,
pelo policial Louis Robinson, da Policia da Cidade. Ela foi conduzida até
a delegacia de Bishopgate. Ela foi liberada por volta das 1:00h. “Vou
levar uma surra danada quando chegar em casa”, teria dito ela ao sair.
Por volta da 1:35h da madrugada, o vendedor de cigarros Joseph
Lawende, o negociante de móveis Harry Harris e o açougueiro Joseph
Levy acreditaram ter visto Catherine Eddowes numa das entradas da
praça Mitre, conversando com um homem bem trajado. Não foi possível
ver o rosto do sujeito.

As cartas Caro Chefe e Jacky Safado: Surge Jack, o estripador

Na segunda-feira, 1° de outubro, no mesmo dia em que o cadáver de


Stride foi identificado, duas correspondências – Uma carta e um cartão
postal – foram publicadas no matutino Daily News e no vespertino Star.
Elas haviam sido enviadas para a Agência Central de Notícias. A polícia,
por sua própria conta, distribuiu cópias, na esperança de que a caligrafia
fosse reconhecida por alguém. A carta estava escrita com vermelho e
pastel, numa letra bem feita e fluente. Eis seu conteúdo:

“ 25 de setembro de 1888
Jack, o Estripador
Caro Chefe,
Continuo a escutar que a polícia me apanhou, mas
por enquanto não vão conseguir dar jeito em mim.
Acho graça quando parecem tão espertos e dizem
que estão no caminho certo. A brincadeira sobre o
avental de couro me fez ter verdadeiros acessos de
riso. Estou atrás das prostitutas e não vou parar
estripá-las até me cansar. O último trabalho foi
formidável. Não dei tempo para a senhora gritar.
Como poderão me apanhar agora? Gosto do meu
trabalho, e quero começar de novo. Em breve vocês
terão notícias minhas e dos meu joguinhos
engraçados.Guardei um pouco daquele material
vermelho em uma garrafa de cerveja de gengibre,
depois do último trabalho, para escrever com ele,
mas ficou muito espesso, parecia cola, não pude usá-
lo. Acho que a tinta vermelha já está bem, rá, rá! No
próximo trabalho, vou cortar as orelhas da mulher e
enviá-las para os policiais só por diversão, vocês não
fariam o mesmo? Guarde esta carta até eu fazer mais
alguma coisa, depois a distribuam logo. Minha faca
está tão boa e afiada, que eu quero trabalhar
imediatamente, assim que tiver a oportunidade.
Boa sorte.
Atenciosamente
Jack, o Estripador
Não leve a mal, se assino apenas meu nome
artístico.”

Essa foi a primeira menção do nome Jack, o estripador. Esta ficou


conhecida como a carta “Caro Chefe”. O apelido anterior do E. D.,
Assassino de Whitechapel, seria substituído para sempre. A carta foi
recebia em 27 de Setembro. O cartão postal, enviado quatro dias depois,
também escrita com tinta vermelha e pastel, trazia:

“Eu não estava brincando, caro velho chefe, quando


lhe dei a dica, amanhã você vai ficar sabendo do
Evento duplo de Jacky Safado. Desta vez a número
um gritou muito e eu não pude acabar logo. Não tive
tempo de pegar as orelhas para a polícia. Obrigado
Jack, o Estripador
por guardar a ultima carta até eu voltar de novo ao
trabalho.
Jack, o Estripador”

As duas correspondências despertaram suspeitas da polícia,


principalmente por que Jack não teria cumprido o envio das orelhas,
mesmo tendo tempo de ter feito isso. A segunda carta teria sido enviada
no fim de domingo ou inicio de segunda-feira, quando todos souberam da
notícia do duplo assassinato.
Jack era um nome popular (como João ou Zé, no Brasil), usado como
nomes genéricos, assim como no Brasil se usa as expressões João-sem-
braço, Zé ninguém e etc. Na Inglaterra se usava Jolly Jack Tarcomo
nome genérico para marinheiros. Carrascos públicos eram apelidados
de Jack Ketch, e assim por diante. O estripador surgiu por que os jornais
usavam o temor estripar, e não eviscerar. É provável que ambas as
correspondências tenham sido obra de um jornalista.

Notórios especialistas em casos, como o criador de perfis do FBI, John


Douglas e o jornalista Paul Roland, também duvidam da autenticidade da
carta.

“Do inferno”

Em 16 de outubro, outra correspondência foi enviada. Dessa vez foi uma


caixa, enviada para o superior do Comitê de Vigilância de Whitechapel,
George Akin Lusk. A caixa de papelão contia um carimbo da agencia dos
correios de Londres. Dentro dela, havia metade de um rim, conservado
em vinho. Enrolada em torno do rim, havia uma carta, com uma letra
grosseira e cheia de erros:

Sr. Lusk
Sinhor
Lhe mando metade de um Rins que tirei de uma
mulher conservei pro sinhor o outro pedaço eu fritei
e comi estava muito gostozo posso mandar também
a faca que arrancou ele fora se o sinhor esperar mais
um pouco
Sinado
Ma pegue quando puder
Sinhor Lusk
Jack, o Estripador
Lusk achou que a carta seria um trote, e que o rim não seria humano. Ele
porém levou às autoridade para analises. O Dr. Thomas Openshaw, do
hospital de Londres, acreditava se tratar de um rim humano, de alguém
com idade entre 40 e 45 anos, sofrendo de alcoolismo crônico. Muitos
outros especialistas examinaram o rim, mas as opiniões divergiram. A
possibilidade de o rim ser de Kate Eddowes nunca foi descartada. A carta
é tida, por muitos, como a única autentica do caso.

Mary Jane Kelly

Manhã de sexta-feira, 9 de novembro. Thomas Bowyer, militar reformado


do exército da índia, conhecido com Indian Harry, foi mandado por seu
patrão, para receber um aluguel no prédio de sua propriedade, na Miller’s
Court, número 13. Era praticamente ao lado do mercado de Spitalfields e
a poucos passos da Rua Goulston, para o sul, e, para o nordeste de rua
Hanbury, onde Chapman fora assassinada.
Bowyer bateu na porta de Mary Jane Kelly, também conhecida como
Ginger, Fair Emma e Black Mary, por seus clientes e amigos. Ela havia
vindo da Irlanda e tinha 24 anos, muito bonita e atraente. Por volta das
10:45h, quando Bowyer chegou, bateu várias vezes na porta, porém não
houve resposta, ele começou a suspeitar que ela não tivesse dinheiro, e
pensou em forçar a porta, mas percebeu que, em uma janela com um
vidro quebrado, havia um casaco e um cobertor que serviam como
cortina. Ele decidiu afastar o cobertor e espiar pela janela. Thomas ficou
paralisado com a terrível visão que teve. Na cama, havia um cadáver,
brutalmente castigado. O cadáver foi tão mutilado, tão rasgado e suas
vísceras foram espalhadas, que perdera seu contorno e suas
características humanas.
Bowyer respirou fundo e foi correndo até uma loja de velas, onde relatou
o que viu para o dono, McCarthy. Os dois voltaram até o local, onde o Sr.
McCarthy espiou o cadáver dentro da casa. Ele pediu para que Thomas
chamasse a policia. Boyer voltou com o inspetor Walter Beck e com o
detetive Walter Dew. Este era um crime realizado no interior de uma
casa, por isso a cena do crime foi preservada. A porta só foi aberta às
13:00h, quando o superintendente Thomas Arnold chegou.
A cama e todo o quarto estavam sujos de sangue. Segundo o Dr. George
Bagster Phillips, aquilo seria o máximo do delírio do assassino. O rosto
estava severamente retalhado e a cabeça, quase separada do corpo. Os
seios haviam sido cortados fora, O abdômen aberto e os órgãos internos
espalhados pelo quarto. Em muitas partes do resto do corpo, incluindo a
zona púbica, a coxa e o glúteo direitos, a carne fora retirada do osso. O
coração fora levado da cena. O criminoso não tentou somente
desfeminar a vítima, mas sim desumanizá-la. A causa da morte foi a
secção da carótida, mas todas as mutilações demoraram, no mínimo,
Jack, o Estripador
duas horas para serem completas. Desta vez, o assassino tinha mais
privacidade por em prática suas fantasias.
O inspetor Frederick Abberline chegou e examinou a cena do crime,
Concluiu que as cinzas na lareira eram remanescentes de roupas, que o
assassino queimara ali, ele também utilizou o fogo para iluminar o quarto
durante o crime.
Mary Kelly foi vista na noite de quinta feira, 8 de novembro, entre as
19:00 e 20:00h, na companhia de sua amiga, Lizzie Allbrook., por Joseph
Barnett, um peixeiro com quem Kelly tiveram um caso anos antes.
Barnett abandonou Kelly no fim de outubro, por que ela trouxe uma
amiga prostituta para viver ali. Ele a visitava com freqüência, e, as vezes,
deixava um pouco de dinheiro. Provavelmente ele queria tirar Kelly das
ruas. A prostituta Mary Cox, afirmou ter visto Mary Kelly na companhia de
um estranho homem, com marcas no rosto, bigode e chapel. Ela estava
bêbada. Os vizinhos afirmaram que escutaram o canto de Mary Kelly
entre 24:00 e 1:00h. Outras testemunhas afirmaram ter visto Kelly no bar
Britannica na companhia de um jovem, por volta das 23:00h.
Às 2:00 da madrugada, ela abordou George Hutchinson, operário
desempregado, antigo conhecido seu, e pediu uma moeda. Hutchinson
não tinha dinheiro no momento. Kelly foi abordada por outro homem,
George viu quando os dois conversavam e riam. Achou ouvir o homem
dizer: “Você serve muito bem para o que eu quero fazer!” Hutchinson
seguiu o casal até Miller’s Court e ouviu Mary dizer: “Tudo bem, querido,
venha. Você estará confortável” . George Hutchinson não conseguiu ver
o rosto do homem.
Na madrugada da sexta-feira, por volta das 3:45h, vizinhas ouviram um
grito: “Oh, assassino!”. Se o grito foi de Mary Kelly, essas foram suas
últimas palavras. Mary Kelly estava grávida na ocasião de seu
assassinato.

Relatório Médico

Nenhuma evidência de estupro;


O elemento matou as vítimas rapidamente;
O elemento controlou as vítimas durante o ataque;
O elemento removou os orgãos internos das vítimas demonstrando
agilidade, talvez fosse um açougueiro;
Não há evidência de tortura;
As mutilações foram post-mortem;
Evidencia de estrangulamento com as mãos;
Em geral, o sangue se concentrava nas áreas restritas;
foram levados anéis de uma das vítimas;
A ultima vítima foi morta no interior de um quarto, o que fez com que
fosse mais mutilada;
Jack, o Estripador
As mortes foram causadas durante a madrugada.

Conhecimento médico?

A quarta vítima, Kate Eddowes, teve o útero e um rim removidos. Isto


levou o Dr. Brown a acreditar que o assassinato seria alguém com
conhecimento médio. Ele teria se apossado dos órgãos para
experimentos anatômicos. Entretanto, é bem mais provável que o
assassino teria conseguido extirpar os órgãos por pura sorte, após puxar
os intestinos para fora. Até o Dr. Brown concordou que esse crime
poderia ter sido obra de alguém acostumado a cortar animais, como
havia muitos açougueiros em Whitechapel…
O perito George Sequeira concordou que não se tratava da obra de um
perito, mas de alguém que não era completamente ignorante com o uso
da faca. É mais provável que os ferimentos tenham sido feitos por um
açougueiro, do que por um médico.

Suspeitos

Wiliam Henry Bury


Jack, o Estripador

Em 10 de fevereiro de 1989, um homem de boa aparência foi até um


posto policial, na cidade de Dundee, Escócia. Ele informou que sua
esposa havia cometido suicídio. Quando os policiais foram até sua casa,
encontraram o corpo da mulher com escoriações na garganta e cortes
Jack, o Estripador
nos genitais. Ela havia sido estrangulada, degolada e brutalmente
mutilada. Haviam mensagens escritas a giz: “Jack estripador está atrás
da porta” e “Jack estripador esta neste porão”. Uma busca minuciosa
revelou um baú, contendo um machado com sangue seco e dois anéis
de ouro falso, muito parecidos com os arrancados dos dedos de Annie
Chapman. William foi preso e interrogado. A policia ficou convencida que
estava diante do assassino de Whitechapel, Bury se enquadrava na
descrição de várias testemunhas, principalmente de William Marshall,
testemunha do assassinato de Elizabet Stride. Ele também correspondia
com o perfil psicológico, criado mais tarde, pelo FBI.
Bury era mentiroso compulsivo, sofria de paranóias, além de praticar
furtos. Andava munido de facas e tinha ódio por mulheres. Acreditava ser
portador de uma doença venérea. Bury não tinha álibis para as noites
dos crimes em Whitechapel. A polícia acreditava que Bury poderia ser o
Estripador. O inspetor Abberline foi até onde Bury estava, mas Bury se
negou a falar. Quando ele foi enforcado, Abberline declarou: “Estamos
bem satisfeitos com o fato de ter enforcado Jack.”
George Chapman: O Serial Killer

Chapman nasceu na Polônia, em 1863, Severin Antoniovich Klosowski.


Assumiu o nome George Chapman na tentativa de afastar de si as
autoridades britânicas, que começavam a suspeitar de seu envolvimento
na morte de suas esposas. Chapman havia trabalhado como assistente
de cirurgião, enquanto vivia na Polônia, porém não se qualificou. Ele foi
para a Inglaterra em 1887, e conseguiu um emprego como assistente de
barbeiro. Mais tarde, ele conseguiria abrir sua própria barbearia em
Cable Street, 126. Localizada próxima ao local dos crimes.
Chapman foi julgado em 1903, pela série de assassinatos . Ele
demonstrava esporádicos sinais de violência. Ele foi visto diversas vezes
Jack, o Estripador
perambulando de madrugada pelo East End, não trabalhava nos fins de
semana, quando os assassinatos ocorreram. A época dos crimes
também condizia com a época em que Chapman chegou e saiu de
Whitechapel. O problema em relacioná-lo aos crimes em Whitechapel, é
que, Chapman assassinava as esposas por envenenamento, dificilmente
um assassino mudaria seu Modus Operandi tão bruscamente. Além
disso, Chapman não era compatível com a descrição das testemunhas.
Outra questão a se observar, Chapman era sexualmente insaciável, e
nenhuma das vítimas foram sexualmente violentadas, pelo contrário, as
mutilações aparentam alguém sexualmente inibido. Chapman foi
enforcado em 7 de abril de 1903.
Francis Tumblety

O Dr. Francis Tumblety não era um suspeito em potencial. Ele nasceu na


Irlanda, em 1830, e se mudou, ainda durante a infância, para Nova York.
Tumblety aprendeu rudimentos médicos com um farmaceutico,e se
estabeleceu como “médico” em Detroid. Mudava de cidade quando sua
farsa era descoberta. Em 7 de novembro de 1888, foi preso em Londres,
por atentado violento ao pudor e agressão armada. Enquanto aguardava
julgamento, fugil para a França, e de lá, novamente para os EUA, onde
se estabeleceu com um nome falso. Ele soube que a polícia suspeitava
dele, e quando o inspetor da Scotland Yard chegou a New York, Francis
mudou de cidade. Ele retornou a Rochester, onde morou com sua irmã
até sua morte, em 1903.
Neill Cream
Jack, o Estripador

O Dr. Neil Crem, tinha um histórico de incendio, chantagem e práticas de


abortos. Ele foi condenado em 1892 pelo assassinato de 4 prostitutas por
envenenamento, em londres. Enquanto estava no cadafalso, no
momento de sua morte, declarou: “Sou Jack, o…”, mas não conseguiu
completar a frase.
Jack, o Estripador
Roslyn D’Onston: O médico do demônio

O Dr. Roslyn D’Onston (na verdade, ele se chamava Robert Donston


Stephenson) era um sujeito que se divertia enganando a policia,
enviando cartas contando inverdades e pistas tentadoras. Ele era um
assumido satanista, praticante de magia negra e extremamente gabola.
Adorava dizer que tinha conhecimento sobre os crimes, principalmente
para os amigos e para a amante. Segundo ele, Jack usaria partes das
vítimas em rituais satânicos, ele escreveu isso em um artigo na Pall Mall
Gazette. Também tinha vício em drogas e em álcool. Por causa de seu
apelido, “Morte Súbita”, muitos investigadores começaram a suspeitar
dele. Sua amante, Mabel Collins, encontrou o que poderia ser uma pista
importante: Uma maleta preta, contendo várias gravatinhas com sangue
seco. Elas poderiam ter sido guardadas para o assassino relembrar seus
crimes. Após o assassinato de Mary Kelly, D’Oston supostamente tornou-
se cristão.
Suspeitos de Melville L. Macnaghten
Suspeito número 1: Montague John Druitt
Jack, o Estripador

Druitt foi um dos três nomes mencionados por Melville, chefe do


Departamento de Investigações Criminal, em 1889. Druitt era formado
em direito e dava aulas em uma escola, além de ser um ótimo jogador de
críquete. Apesar de está no primeiro lugar da lista de suspeitos,
Montague Druitt era um candidato improvável. Veremos os fatos que o
ligavam aos crimes:
Druitti cometeu suicidio atirando-se no Tâmisa. Após suas morte, os
crimes cessaram;
Tinha um escritório em Withechapel;
Foi demitido por causa de um comportamento sexual inadequado;
Sua família acreditava que ele era o assassino de Whitechapel
Agora vejamos os fatos que vão contra a culpabilidade de Druitt.
Druitt morava em Blackheath e não em East End. Seria difícil ele voltar
para casa manchado de sangue sem ser percebido.
Druitt cometeu suicidio, algo que incompatível com a personalidade do
Estripador;
As testemunhas descreveram um sujeito espadaúdo e robusto, sempre
bem vestido. Druitt era magro;
Jack, o Estripador
Druitt participou de um jogo de críquete em 1° de setembro, em Dorset,
na manhã após o assassinato de Polly Nichols, e em 8 de setembro, em
Blackheath, horas depois do assassinato de Annie Chapman;
Melville apresntou Druitt como suspeito após descobrir que ele havia
cursado medicina. Mas Druitt, apesar de fazer parte de uma família de
médicos, nunca cursou medicina.
A lista não para por aí. Com tantos fatos que vão contra, a presença de
Druitt na lista aparentemente seria um sinal de desespero em se apontar
suspeitos.
Suspeitos 2 & 3: Aaron Kosminski e Michael Ostrog
Kosminski e Ostrog foram os outros suspeitos de Melville, assim como
Druitt, suas presenças na lista parecem uma tentativa desesperada de
apontar um suspeito.
Não havia nenhuma evidencia que ligasse Kosminski ao assassino de
Withechapel. Melville apresentou um relatório baseado em inverdades.
Como por exemplo, a data da morte. Kosminski não morreu em 1889,
mas quase trinta anos depois. Ele passou parte de sua vida em um
manicômio, pois era deficiente mental. Aliás, ele era conhecido por toda a
East End, como um retardado dócil. Era um imigrante judeu polonês, sujo
e maltrapilho, além de comer alimentos do lixo, completamente diferente
dos relatos das testemunhas de Whitechapel. A única coisa que poderia
ligá-lo aos crimes, era uma repulsa pelas mulheres.
Ostrog era um ladrão mentiroso compulsivo, mas assim como os
anteriores, não há nada que o ligue ao homicídios em Whitechapel.
Michael Ostrog nasceu na Russia, tinha experiencia médica e
antecedentes criminais que datavam 1863. Havia sido detido em Osford
com documentos falsos, e, em várias ocasiões, por furtos e roubos. Em
setembro de 1887, ele foi declarado mentalmente louco, e
tentou suicídio, saltando na frente de um term, enquanto era escoltado.
Ostrog foi libertado e estava em Whitechapel durante o “outono do
terror”, mas nunca esboçou nenhum ato violento. Ele poderia se
enquadrar no perfil do assassino, mas, na ocasião dos crimes, Ostrog
usava uma barba longa e espessa, o que, com certeza, não passaria
despercebido.
Assim, podemos descartar a lista de Melville…
Teorias
O caso do estripador é um prato cheio para teorias, algumas
mirabolantes. Decidi colocar quatro das principais:
Conspiração Real
Uma teoria com ar conspirativo envolvendo o Príncipe Albert Victor – Sua
Alteza Real o duque de Clarence, conhecido como Príncipe Eddy, dizia
que ele tinha o costume de visitar Whitechapel. Ele se enamorou com
Annie Crook que acabou engravidando. Os dois se casaram
secretamente. Com medo de que o nome da família fosse sujado. A
Jack, o Estripador
Rainha ordenou que Annie fosse internada em um hospício. Porém Annie
havia confidenciado seu segredo e entregado seu filho á uma amiga:
Mary Jane Kelly. Mary, em uma ocasião, acabou deixando escapar o
segredo para Annie Chapman, Catherine Eddowes, Polly Ann Nichols e
Elizabeth Stride. Como evitar a ruína na Família Real? O jeito seria matar
todas as envolvidas. Assim, o médico da rainha, Sir. William Gull, faria o
serviço sujo.
Uma outra versão dessa teoria, seria que o próprio Príncipe Albert seria o
estripador. Que teria ódio das mulheres e teria casos homossexuais.
Sendo um excelente caçador, Albert teria habilidade em assassinar as
vítimas.
Nenhumas das duas versões são confiavéis. Na verdade são absurdas:
Elas não apareceram na época dos crimes, mas sim na década de 60. O
problema principal, é que Eddy não passaria despercebido pelas
testemunhas. Ele também tinha um álibi para todas as ocasiões dos
homicídios. Realmente, existiu uma mulher chamada Annie Crook, mas
ela nunca passou por nenhum sanatório. E sobre o médico real, Willian
Gull, ele foi vítima de um derrame cerebral em 1887, além de está com
mais de 70 anos. Seria impossivel alguém nessas condições matar e
estripar alguém.
Jill, a estripadora
Na época dos crimes, o inspetor Abberline considerou seriamente essa
teoria. Talvez por frustração por não ter conseguido apanhar o assassino
e evitado mais assassinatos. Abberline debateu sobre a possibilidade do
Estripador se uma Estripadora, talvez uma parteira, pois ela teria
desculpas o suficiente para andar suja de sangue por aí. Poderia ser
uma aborteira. Wilian Stuart, autor do livro Jack the Ripper: A New
Theory, deu ênfase a essa teoria.
Walter Sickert: O pintor assassino

Outra Teoria sem cabimento, seria a proposta pela escritora americana


Patricia Cornwell, autora de notáveis romances policiais. Ela disse que,
Jack, o Estripador
certa vez, ao ver o retrato do pintor impressionista Walter Sickert, ela se
convenceu qeu ele era Jack, o estripador. Começou assim então uma
série de análises, muitas vezes, duvidosas.
Quando você encontra evidências de algo, você propões uma teoria. Se
conformes os estudos as evidências apontarem para outro lado, sua
teoria deverá seguir o caminhi, certo? Mas parece que isso não acontece
no caso de Cornwell. Ele realizou os estudos com a certeza que Sickert
era o assassino, e arrastou as evidências, até que elas ficassem de
acordo com sua vontade. Ela gastou mais de 4 milhões de dólares
comprando pinturas de Sickert (algumas, incrivelmente, foram destruídas
para se buscar “mensagens ocultas”), afirmando que elas retratavam as
cenas dos crimes. Mas a única cena de crime retratada foi a de Mary
Kelly, as outras fotos foram feitas no necrotério. Como Patricia sabia
como eram as cenas de crimes. Um exame de DNA, na carta “Caro
Chefe” foi feito, o resultado: negativo. Ela então partiu para o exame
mitocondrial, que deu positivo. Porém, o DNA mitocondrial pode ser
compartilhado por várias pessoas, sendo somente o DNA nuclear válido.
Walter Sickert era apenas um pintor brilhante. O fato de a maioria de
suas modelos serem prostitutas se dá devido ao fato das prostitutas
aceitarem ser retratadas nuas, coias que muitas mulheres da sociedade
não aceitavam. Outro banho de água fria, é que Sickert estava na
Escócia na ocasião de um dos crimes.
Fim
Em 2008, profissionais do FBI criaram um perfil do
estripador. John Douglas, acredita que ele era um outro suspeito, menos
conhecido, chamado David Cohen. Paul Roland, autor do livro Ther
Murderes of Jack, The Ripper, acredita que o açougueiro Jacob Levy
tenha sido o estripador, porém seja responsável por apenas 3 crimes.
Seja quem for, ele nunca pagou, nem pagará, pelos seu crimes. É
bem provável que Jack tal como conhecemos tenha sido apenas uma
figura inventada pela mídia londrina. Vale ressaltar, que durante seus
crimes, a venda de jornais aumentou. Muitos acreditam que a figura mais
enigmática da história, talvez nunca existiu. Mas isso, só Deus, o Diabo,
ou o próprio Jack podem responder.
Por João Mendonça

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