Você está na página 1de 9

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

PROGRAMA DE PÓ-GRADUAÇÃO EM MÉTODOS NUMÉRICOS EM


ENGENHARIA

INTRODUÇÃO

São propostos seis exercícios nesta série, com exceção do último item do exercício 6,
tdos os outros são resolvidos aplicando-se relações fundamentais da teoria da Mecânica da Fratura
entre o fator de intensidade de tensão K, tensão nominal σ , tamanho de trinca L0 , fator de

calibração Y e tenacidade à fratura K IC , isto é:

K IC = Yσ πL0  sempre
e
K = K IC  na fratura
 L0 
considerar Y  f   ; W  L0
W 
O exercício 1 é um problema direto de substituição numérica nas relações da Mecânica
da Fratura. No final da questão você terá que verificar a susceptibilidade dos vários materiais na
presença de trincas, quando o material é solicitado em tensões proporcionais à sua tensão de
escoamento. Esta é uma situação muito comum na prática, pois muitos materiais são selecionados e
utilizados, de tal forma que, operam em tensões proporcionais de seu limite de escoamento.
O exercício 2 usa a Mecânica da Fratura para estimar a variação da resistência de dois
materiais, onde a essa resistência é controlada pelo tamanho de uma fase fraca que é menos
resistente na microestrutura. Para resolver a questão, você deve assumir que certos aspectos
microestruturais são os mesmos em cada um dos dois materiais. Fazendo isto, a resposta será
imediata.
O exercício 3 pede para você usar a Mecânica da Fratura para investigar a causa de uma
falha, isto é, a fratura de um invólucro de motor de foguete durante um ensaio hidrostático.
Selecionada uma geometria apropriada para seu modelo de Mecânica da Fratura, a resposta segue
imediatamente.
A questão 4 não necessita de cálculo detalhados. Pergunta como usar as relações da
Mecânica da Fratura para ajudá-lo a entender porque alguns animais quebram mais facilmente seus
ossos que outros. Este exercício mostra como certos fatos dependem do tamanho.
O exercício 5 é similar em conceito ao exercício 4, mas pede para você calcular valores
específicos de tamanhos de trincas e comentar sobre os seus significados. O exercício leva-o através
da análise, passo a passo.
O exercício 6 é o mais complexo do grupo, mas é também o único que mais se
aproxima ao uso diário da Mecânica da Fratura na prática de engenharia. Se você não tem tempo de
atacá-lo nas aulas tutoriais, certifique-se de que entendeu a explicação da solução dada pelo
professor.
A primeira parte está relacionada a argumento vazar-antes-de-romper (leak-before-
break). Você tem que usar a Mecânica da Fratura para predizer se uma tubulação se romperá se uma
trinca atravessar a parede, ou se a trinca é suficientemente pequena para não se propagar. No último
caso, a tubulação vazará e há oportunidade de se detectar o vazamento e repará-lo antes da fratura
total.
A segunda parte usa argumentos de energia para verificar se há uma trinca que se
propaga poderá ser freada ou não.
LISTA DE EXERCÍCIO 1
1 – Uma chapa grande, digamos de 3m x 2m, apresenta uma trinca central passante, com orientação
paralela ao seu lado mais curto. Uma tensão de tração uniaxial igual á metade da tensão de
escoamento é aplicada paralelamente ao eixo maior. A espessura da placa é suficiente para permitir
que se operem em condições de formação plana. Considere os quatro materiais seguintes:

MATERIAL σ E (MN/m2) K IC (MN/m3/2) * E (GN/m2)


Aço NiCrMo 1350 90 200
CMn 450 120 200
18Ni aço maraging 1500 140 200
Al-3Mg-7Zn 500 25 70
(*) Esta coluna (para ser usada em uma questão mais tarde no curso) não é necessária aqui.

Calcule:
a) O comprimento de trinca necessário para causar fratura.
b) A intensidade de tensão para um comprimento de trinca de 5mm.
Recalcule um conjunto de resultados para o caso onde uma trinca central é substituída
por uma trinca de aresta, através da espessura, na mesma orientação.

2 – Um ferro fundido cinzento de classe 20 apresenta um tamanho de veio de grafita de cerca de 9


vezes maior que o de um tipo da classe 60. A resistência à fratura do primeiro é de
aproximadamente 140MPa. Qual seria uma predição razoável para a resistência de um FoFo da
classe 60, com base na Mecânica da Fratura, assumindo-se que os veios agem como trincas.

3 – Um invólucro de aço de um foguete, apresenta a forma de um tubo circular de 6,60cm de


diâmetro (D) e de uma espessura de parede de 18,5mm (t). Sofreu uma fratura frágil durante um
ensaio hidrostático a um pressão de 3,7MNm2. Examinando-se as superfícies de fratura encontrou-
se um defeito de tamanho 2,8mm com origem na superfície interna da parede e extendendo-se numa
grande porção na direção longitudinal do cilindro. Assumindo-se que este defeito foi a causa da
fratura, calcule a tenacidade à fratura do aço. (Você pode visualizar a parede como um chapa com
uma trinca de aresta). A tensão circunferencial  num cilindro de parede fina sujeito a uma pressão
interna p pode ser encontrada equacionando-se a força pD na metade do cilindro à reação 2 t
das paredes. Assim,
pD
σC =
2t
onde σ C é a tensão circunferencial
4 – Caracterize o tamanho de um animal (por exemplo, um rato, um homem ou um elefante) pelo
seu comprimento típico, L. Com a densidade de animais á aproximadamente a mesma para todos, os
3
seus pesos são proporcionais L .

A tensão que atua no osso quando suporta o peso é a força por unidade de área do osso e o formato
do osso não varia muito de animal para animal.

a) Como a tensão varia com L ?


b) Assuma que (como é verdade) a tenacidade à fratura do osso é aproximadamente independente
do tamanho do animal.
c) Escreva as relações entre tamanho crítico do defeito no osso de uma animal e seu tamanho.
d) Comente como pode ser fácil para grandes animais fraturarem seus ossos.

5 – Foi A. A. Griffith quem primeiro percebeu que a resistência observada de objetos de vidro era
fundamentalmente relacionada com a presença de pequenas trincas na superfície. Explore este
argumento estimando o tamanho da trinca que é responsável pela resistência de barras de vidro
comum (5-20mm de diâmetro). Siga os seguintes passos:
a) Note que o limite de resistência de barras de vidro é de cerca de 100MPa
b) Modele a geometria e a orientação do tipo de trinca que você acredita que seja típica no vidro.
c) Selecione um valor para a tenacidade a fratura do vidro.
d) Calcule o tamanho do defeito crítico
e) Decida se este é razoável ou não.

6 – Quando os projetos para os sistemas de distribuição de gás de baixa pressão estavam sendo
desenvolvidos, os engenheiros usaram a Mecânica da Fratura para assegurar, da maneira mais
prática possível, que seriam imunes de falhar por propagação instável (catastrófica) da trinca. Há
dois aspectos fundamentais a serem considerados. O primeiro, é a potencialidade de propagação
instável de uma trinca que apenas perfure a parede da tubulação do gás (polietileno). Se ela é
estável, a tubulação irá vazar devagar e os efeitos, embora possivelmente severos, serão localizados.
Se, entretanto, ocorre uma propagação, pode acarretar um desprendimento maciço de gás numa
grande área urbana, com conseqüências desastrosas. O segundo aspecto é mais importante. Se uma
trinca instável começa a se mover, quanto ela poderia caminhar, devido à liberação de energia
elástica armazenada na tubulação suportando a pressão da linha. É conhecido desde a metade da
década de 60 que trincas podem caminhar por muitos quilômetros numa tubulação pressurizada.
Explore estes fatos você mesmo, tentado responder às seguintes questões:
a) Estime o valor da pressão interna que seria necessária para iniciar potencialmente um
crescimento de trinca instável em uma tubulação pressurizada. O tubo tem um diâmetro externo de
100mm e espessura de parede é de 10mm, é confeccionado com polietileno, com uma tenacidade à
fratura de 2,1MPa.m1/2. Para isto, é necessário assumir que uma trinca passante pode ser originada
por crescimento de trinca por fadiga, a partir de uma defeito de fabricação na parede do material.
Primeiro você deve modelar o tipo de trinca passante que simultaneamente é a mais provável e a
mais perigosa.
b) Comparando a energia elástica armazenada em um metro de tubo, decida se a fratura é ou não
catastrófica uma vez iniciada, se a pressurização é originada por um gás. Suas conclusões ainda são
válidas, se o fluído de pressurização for um líquido?
Dados:
A relação entre o fator de intensidade de tensão K e a taxa de alivio de energia G é dada
por:

K2
G = 1  v 
2

E
v  0,33 para a maioria dos materiais de engenharia; E é o módulo de elasticidade.
A energia elástica armazenada por unidade de volume num material sob tensão  e
deformação  é igual a:
1
u = 
2
Você pode assumir que  =  / E para este cálculo.
LISTA DE EXERCÍCIO 2

1 – Um motor de foguete pode ser fabricado com tubos de parede fina usando-se os materiais
abaixo:
a) Aço de baixa liga de limite de escoamento de 1200MPa e tenacidade a fratura de 24KJm-2,
medido em uma chapa de espessura apropriada, ou
b) Aço maragin de limite de escoamento de 1800MPa e tenacidade à fratura de 24KJm-2.
Para aplicação acima, as normas do projeto específica uma tensão de projeto de
 p   e /1,5 onde  e é o limite de escoamento (limite 0,2).
Calcule o tamanho mínimo do defeito que pode ser tolerado em serviço para os dois
aços acima. Comente o resultado. (Módulo de Young pode ser adotado como 200GPa em ambos os
casos).

2 - Se a tensão de fratura (  F ) para uma grande chapa de aço maragin contendo uma trinca central

de comprimento 40mm é de 480MPa, calcular o  F para uma chapa igual contendo uma trinca
central de comprimento 100mm.

K
3 – Mostre que a equação  1/ 2
é uma primeira aproximação da distribuição de tensão na
 2 r 
frente de uma trinca, mas é cerca de 1,5% imprecisa a uma distância de r  0,02 na frente da
trinca.

4 – Mostre que se o termo dE / da por unidade de espessura (onde dE é a variação da energia


quando a trinca se estende de uma quantidade - da ) é definido como a taxa de alívio de energia
potencial G, é possível expressar G em termos do fator de intensidade de tensão, K, através da
2
relação G   K / E onde   1 em tensão plana e   1  v 2  em deformação plana.

1/ 2
5 – Mostre que a definição de K   ap  a  fornece compatibilidade entre a expressão de

1/ 2
 EG
Orowan e Irwin,    IC

 e o valor de G  K
2 1  v  . Que valores de tenacidade,
2

  1  v  
2
E

em termos de valores críticos de K, caracteriza o aço de baixa liga e maragin do exercício 1? Como
poderia este afetar os comentários feitos naquele exercício?

6 – Uma espessa placa de liga de Al de alta resistência de 200mm de largura e com uma trinca
central de 80mm falhou a uma tensão aplicada de 100MPa. Qual é a tenacidade à fratura da liga?
Que valor da tensão aplicada poderia produzir fratura para um mesmo comprimento de trinca em:
a) corpo infinito
b) placa de 120mm de largura?
LISTA DE EXERCÍCIO 3

1 – Uma corpo de prova padrão SE(B) da liga de Al referida no exercício 6 (da 2ª Lista de
Exercícios) tem uma espessura, W, de 100mm; a distância do carregamento L = 2W e a
profundidade total da trinca é de 53mm. Qual a carga necessária para produzir a fratura, assumindo
que a condição linear-elástica é aplicada? Calcule a carga para o caso de se usar um corpo de prova
C(T) nas mesmas condições acima.

2 – Assumiu-se, no exemplo acima, que a espessura do corpo de prova de 50mm foi suficiente para
garantir a fratura na condição de deformação plana na liga de Al de alta resistência.
a) Se o limite de escoamento desta liga for de 450MNm-2, seria a suposição acima correta?
b) Qual é o nível mínimo do limite de escoamento de uma liga de mesma tenacidade que ainda daria
um resultado de K IC válido para corpos de prova com as mesmas dimensões acima?

3 – Uma liga forjada de aço têm seu limite mínimo de escoamento especificado como 800MNm-2 e
3 / 2
uma tenacidade a fraturam mínima garantida ( K IC  120 MNm ).

a) Calcule as dimensões mínimas de um corpo de prova, necessárias para que o ensaio seja válido.
b) Estime o peso aproximado dos corpo de prova tipo SE(B) tipo C(T).
c) Estime a capacidade da máquina, necessária para o ensaio.

4 – Se a relação entre a carga-deslocamento ( P  u ) para um corpo sólido de espessura 3, contendo


uma trinca de comprimento a, é dado por u  PC , onde C é a flexibilidade (compliance) que é
função de a . Mostre que a taxa de alívio de energia por unidade de espessura, G, é dada por:

P 2  dC 
G=  
2 B  da 

5 – Na calibração da flexibilidade de um corpo de prova tipo C(T) de uma liga de Al, foi observado
que a carga de 100KN produzia um deslocamento entre pontos de aplicação da carga de 0,3000mm
quando o comprimento da trinca era de 24,5mm e 0,3025mm quando o comprimento da trinca era
de 25,5mm. A carga de fratura para um corpo de prova idêntico contendo uma trinca de 25,0mm foi
de 158kN. Calcule o valor de GIC e o K IC da liga. Assuma B  25mm para os corpos de prova,

v  0,3 e E  70GNm 2
LISTA DE EXERCÍCIO 4

Você também pode gostar