Você está na página 1de 3

DOENÇAS DO SORGO :

1- Antracnose – Glomerella graminicola Politis (Colletotrichum graminicola (Cesati)


G. W. Wilson)

È uma das doenças mais importante na cultura do sorgo pela sua ampla
distribuição geográfica e pelos danos que ocasiona, constituindo-se, inclusive, em sério
fator limitante da produção (PANIZZI & FERNANDES, 1997).
O patógeno incide nas folhas, pedúnculo, colmo, panícula, grãos e raízes. Os
sintomas aparecem, normalmente, durante o florescimento. Nas folhas, as lesões são de
circulares para ovais, pequenas ( 0,5 cm), de coloração avermelhada ou amarelada,
dependendo da cultivar. O centro das lesões pode tornar-se de cor escura, onde são
observadas frutificações do fungo. Nas nervuras, as lesões são de forma elíptica e de cor
marrom avermelhada. No pedúnculo infectado, internamente, o tecido adquire coloração
avermelhada com pontuações brancas correspondentes aos pontos de penetração do
fungo. Nestes pontos, externamente, em condições de alta umidade e temperatura, há
formação de uma massa de esporos de cor rosa. No colmo, os sintomas se assemelham
aos do pedúnculo (FERREIRA et al., 1986).
Os grãos da panícula também são afetados, tendo como efeito direto a podridão
seca dos mesmos, e, em casos de ataque moderado, a perda do poder germinativo em
boa parte dos grãos (MELO, 1981).
O uso de variedades resistentes é a forma ideal de controle. A rotação de
cultura, a eliminação de gramíneas hospedeiras do patógeno e o enterrio de restos de
cultura são, também, medidas de controle recomendadas (FERREIRA et al., 1986).

2- Ferrugem – Puccinia purpurea Cook

A ferrugem ocorre em qualquer parte onde se cultiva o sorgo. Em condições


favoráveis à doença, a produção de grãos pode ter redução de 65 %. A severidade é
maior em plantas próximas da maturidade, porém em cultivares suscetíveis, pode
ocorrer nos primeiros estádios de desenvolvimento das plantas (PANIZZI &
FERNANDES, 1997).
Ao lado da antracnose, é uma das mais difundidas doenças do sorgo, segundo
Lutrell (1950), citado por MELO (1981). Em variedades suscetíveis, a coalescência das
lesões pode provocar grandes áreas necróticas no tecido foliar, ocasionando o aspecto de
queima característico da doença.
O grande número de variedades atualmente conhecidas propicia a
probabilidade da ocorrência entre elas de material resistente. Desta forma, não se
justifica a adoção de controle químico, sem uma anterior pesquisa de fontes de
resistência à doença (MELO, 1981).

3- Helmintosporiose – Exserohilum turcicum (Pass) Leonard & Suggs (sin.


Helmintosporium turcicum (Pass.) e Drechslera turcica (Pass.) Subram & Jain)

A helmintosporiose é uma doença que ocorre em todas as regiões úmidas onde


se cultiva o sorgo. Em cultivares suscetíveis, sua ocorrência antes da formação da
panícula pode acarretar redução na produção acima de 50 % e predispor as plantas a
microrganismos causadores de podridões de colmos. No Brasil sua importância é maior
em sorgo vassoura e em certas variedades de sorgo forrageiro. A maioria dos híbridos
comerciais de sorgo granífero tem bom nível de resistência à doença (PANIZZI &
FERNANDES, 1997).
Os sintomas aparecem nas folhas, em forma de lesões elípticas, de 5 a 10 cm
de comprimento, com bordos bem definidos e de coloração palha, tornando-se de cor
acinzentada quando o fungo se frutifica (FERREIRA et al., 1986).
O fungo sobrevive de um ano para outro nos restos de cultura e sementes na
forma de micélio, conídios ou clamidosporos.
A principal via de disseminação dos conídios são os ventos.
A helmintosporiose é favorecida por temperaturas moderadas (18 a 27º C) e
alta umidade, principalmente na forma de orvalho.
O controle da helmintosporiose é feito pelo uso de cultivares resistentes. A
rotação de cultura, enterrio dos restos de cultura e eliminação das plantas de sorgo
remanescentes ajudam a reduzir o nível de inóculo primário.

4- Cercosporiose – Cercospora sorghi Ell. & Ev.

A cercosporiose é encontrada em áreas onde predominam condições quentes e


úmidas durante o ciclo da cultura. È, provavelmente, a doença foliar de sorgo mais
amplamente distribuída (PANIZZI & FEERNANDES, 1997).
Os sintomas aparecem logo após o florescimento.
As lesões nas folhas são limitadas pelas nervuras cuja cor varia de vermelho-
escuro a amarelado, dependendo da cultivar atacada. O sintoma típico consiste no
aparecimento, no interior das lesões, de pequenas áreas necrosadas circulares, dando-
lhes a aparência de um rosário (FERREIRA et al., 1986).
O controle é feito através da utilização de cultivares resistentes.

5- Míldio do Sorgo – Peronosclerospora sorghi (Weston & Uppal) C.G. Shaw

È uma doença que ocorre apenas em alguns lugares onde o sorgo é cultivado.
No Brasil, esta doença já foi detectada nos estados do Rio Grande do Sul, Santa
Catarina, Paraná e São Paulo. Plantas infectadas até os 40 dias de idade tornam-se
completamente estéreis e a redução na produção pode atingir níveis acima de 50 %
(FERREIRA et al., 1986).
Segundo MELO(1981), dois tipos de sintomas podem ser observados sob o
ataque deste patógeno:

a) Sintomas foliares – Provocados pela forma assexuada do fungo, traduzidos


por manchas necróticas pardas, de tamanho variável.
b) Sintomas gerais – A forma sexuada do fungo provoca alterações no
metabolismo da planta, em qualquer idade. Essas alterações são
principalmente nas folhas, na forma de cloroses internervais ou alterações
no formato do limbo, tomando um aspecto lanceolado ou de setas. O porte
da planta também é alterado, tornando-se mais altas do que o padrão da
variedade.

Variedades resistentes até o momento têm-se constituído na forma mais


racional do controle dessa doença. Também pode ser utilizada a rotação de culturas e o
tratamento de sementes com fungicidas à base de Metalaxil.
6- Doença açucarada do sorgo (Ergot do sorgo) – Claviceps africana Fredericksen,
Manthe & De Milliano (Sphacelia sorghi McRae)

A doença açucarada do sorgo, também conhecida como secreção doce e ergot,


foi relatada na Índia em 1915. Esta doença até bem pouco tempo estava restrita aos
continentes africano e asiático sobretudo à Índia. No Brasil, foi observada pela primeira
vez em 1995, ocorrendo em alta incidência e severidade nas culturas de sorgo nos
municípios de Lavras, Sete Lagoas e Capinópolis (MG).
A doença afeta os floretes individuais da panícula, causando uma redução na
quantidade de grãos produzidos e limitando seu desenvolvimento. As perdas podem
chegar a 60 %; em alguns casos pode ser total.
Segundo SANTO & CARDOSO Jr (1997), o ergot ataca apenas o ovário não
fertilizado.
As medidas de controle visam, principalmente, a proteção dos sítios de
infecção e a redução das fontes de inóculo. Os fungicidas tebuconazole, triadimenol e
propiconazole devem ser aplicados a partir do início da fase de floração.

7- Carvão da panícula – Sporisorium reilianum (Kühn) Langdon & Fullerton (sin.


Sphacelotheca reiliana (Kühn) Clinton)

É uma doença que ocorre na África, Ásia, Austrália, Europa e America do


Norte. No Brasil sua ocorrência foi observada em 1975 em um campo isolado de sorgo,
no CNPMS.
Os sintomas tornam-se evidentes no estádio de emborrachamento da panícula.
Esta se altera, devido à formação de uma grande galha coberta por uma membrana
esbranquiçada. O rompimento da membrana libera uma massa de esporos escuros,
deixando à mostra numerosos filamentos que são vasos lenhosos da panícula
(FERREIRA et al., 1986).
A utilização de cultivares resistentes é a medida de controle recomendada

Você também pode gostar