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São Paulo
2017
JUSTIFICATIVA
Tal texto, Isaías cap. 1, vs 18-20, é um texto muito conhecido dos cristãos, que traz por si uma
mensagem de graça e misericórdia, mas que possui significados profundos se for analisado
minuciosamente. Porém acima de tudo é um texto que demonstra a ação de Deus para restaurar
seu povo, vemos que a iniciativa provém de Deus, que nos faz lembrar que Deus a todo
momento nos atrai para si como povo eleito, que ele se preocupa em nos trazer para perto dele e
nos restaurar partindo de sua iniciativa, mensagem esta que devemos refletir todos os dias para
renovarmos nossas forças e fé no Criador, que para ele somos tão preciosos que ele pode fazer
de tudo para nos trazer para ele, e que tudo isso é pura iniciativa divina, pura graça, e que nada
depende de nós.
EXEGESE DO TEXTO
Primeiramente, não podemos fazer a interpretação do texto sem analisarmos o contexto do texto
total em que ele está inserido, o qual Deus faz uma denúncia contra seu povo, alegando que o
“abandonaram e que estão cheios de pecados”, que “está cansado dos sacrifícios de seu povo,
das festas” pois fazem tudo da boca para fora, e não com o coração, suas vidas continuam cheias
de pecados, ainda mais, Deus diz que quer que seu povo pare de pecar, parem de fazer o mau,
façam o que é bom e que aprendam a fazer justiça, olhando para os órfãos e as viúvas (figuras
rejeitadas naquela época)
Nesse sentido é interessante notar que, primeiramente Deus acusa seu povo, para depois dar
uma solução para seu problema chamando-os para conversar e resolver este assunto, dizendo
que limpará seus pecados. De fato, primeiramente na vida cristão antes da conversão Deus
aponta primeiro para os nossos pecados, fazendo-nos conscientes dele, e de todo o peso que ele
nos traz, para em seguida apresentar sua graça imerecida, igualmente como Deus está fazendo
com seu povo, conforme o texto.
O verso 18 é interessantíssimo, pois nos traz alguns pontos que precisamos conhecer do
contexto da época e também atual, que muitos produtores de tecidos usavam a cor “escarlate”
para tingir tecidos, os quais provavelmente iriam para as pessoas mais importantes da época,
devido a dificuldade de se encontrar tal cor e preço caro por isso. Interessante notar que após
tingido o tecido desta cor, nada pode fazer ele voltar à cor natural , ou seja branca. O tecido
pode ser lavado tantas vezes quanto necessário que não se tornará novamente branco, indicando
que somente Deus pode nos purificar, que nada mais pode tirar a mancha de pecado da nossa a
vida e nos tornar brancos como a lã em que o tecido é tingido, a não ser o próprio Deus, o único
que pode nos perdoar e libertar do pecado.
Os versos 19 traz a promessa de que Deus abençoa aqueles que decidem segui-lo. “Comer
coisas boas que a terra produz” talvez fosse algo inimaginável, pois aparentemente quando este
texto foi escrito, os judeus já teriam ido para o exílio da babilônia, pois o profeta fala no início
do texto que apenas Jerusalém restou e que a terra foi arrasada pelos estrangeiros:
Nesse sentido, dizer que comeriam do melhor da terra, é quase como um milagre acontecendo,
porém Deus seria fiel mesmo assim em sua promessa, para aqueles que a ouvissem.
O verso 20, finalmente, traz a ressalva e punição para aqueles que não quisessem ser lavados
por Deus, o que seria a morte. De fato sabemos que o salário do pecado é a morte, e nesse caso
fica muito amis fácil vermos isso. Deus chama seu povo ao arrependimento, e diz que caso não
aceitem sua proposta o resultado será a morte. Nós cristãos, não tememos mais a morte por
sermos lavados do pecado, para nós a morte definitivamente morreu com o sacrifício de Cristo
na Cruz. Porém a ressalva é válida até hoje. Se de alguma forma naquela época a ameaça era a
morte terrena, agora aqueles que não aceitam a Deus estão condenados a morte eterna.
PASSO 3
Bíblia de Jerusalém:
Almeida atualizada:
Bíblia do peregrino:
Venham, para que possamos conversar, diz o Senhor. Ainda que os seus
pecados sejam como o vermelho mais escuro, se tornarão brancos como a
neve; ainda que sejam da cor do vermelho mais profundo, tornar-se-ão
como lã. Se me ouvirem e me obedecerem, comereis do bendito fruto da
terra. Mas se recusarem a proposta e se rebelarem, serão destruídos pela
guerra. Assim diz o Senhor.
ANÁLISE SEMÂNTICA DO TEXTO
A) O primeiro eixo semântico que podemos destacar pode ser apontado como
desobediência ou o pecado no texto, designado como a cor escarlate ou vermelha, uma
verdadeira mancha na vida do pecador que somente Deus pode tirar.
Aqui vemos Deus propondo uma forma de limpar o pecado de seu povo, de forma
generosa e graciosa.
A palavra em jogo em hebraico neste texto para pecado é Het’ , significa um crime
ou sua punição:- pecado, ofensa x gravemente, ofensores.
É um substantivo masculino que significa pecado, falta, ofensa. A palavra sugere as
faltas acumuladas que levam a punição (Gn41.9); os erros ou ofensas que provocam a
ira de um supervisor (Ec 10.4); e a acusação contra uma pessoa pelos seus atos
contrários à Lei (Lv 24.15; Nm 9.13; Dt 15.9; 23.21[22]). Isaías usa também a palavra
em Is 53.12, para reforçar a tremenda iniquidade de Judá em contraste com o sofrimento
redentor do Messias.
O que está em jogo é o objeto que causa a ira de Deus, ou seja, a desobediência
humana a sua vontade. Se fizéssemos um resumo da bíblia veríamos que a grande parte
do sofrimento do povo de Deus é causado pelo pecado, desde o pecado cometido por
Adão e Eva, passando pelos pecados que provocaram o dilúvio, até mesmo os pecados
que provocaram o exílio do povo judeu.
No texto, Deus está chamando seu povo para resolver essa questão de uma vez por
todas, de maneira graciosa para que seu povo não sofra mais em consequência de suas
faltas. O pecado é aquilo que gera a ira e a condenação da parte de Deus.
“Eis que, hoje, eu ponho diante de vós a bênção e a maldição: A bênção, quando
cumprirdes os mandamentos do Senhor, vosso Deus, que hoje vos ordeno; A maldição,
se não ouvirdes os mandamentos do Senhor vosso Deus, e vos desviardes do caminho
que hoje vos ordeno, para seguirdes outros deuses que não conhecestes". (Dt 11.26-
28).
Portanto cabe ao ser humano escolher se ouvirá a Deus e cumprirá sua ordem de
obediência a seus estatutos ou se irá se rebelar contra Deus mesmo tendo ouvido sua
voz para se arrepender de seus pecados, não havendo terceira opção para ser seguida.
Sendo o aconselhado ouvir a voz de Deus, que não somente por trazer as benção que
promete, mas porque é o certo e correto a se fazer, e que nos traz satisfação completa
por estarmos do lado de nosso Senhor.
Livros usados para realizar este trabalho: Bíblia de estudo Palavras-Chave, Hebraico-Grego
ANÁLISE CONTEXTUAL
CONTEXTO HISTÓRICO
Para podermos entender melhor o texto é necessário se fazer uma análise de seu
contexto histórico. Alguns capítulos de 2Reis, Amós, Oséias e Miquéias mostram um
pouco da situação nacional e internacional da época de Isaías, que em parte de seu
ministério foi contemporâneo desses profetas. Podemos pressupor com base em
2Crônicas 26.22 que ele estava ativo na corte pelo menos alguns anos antes da morte de
Uzias, sendo que os capítulos 1-5 podem datar dos últimos anos de Uzias. Se o registro
da morte de Senaqueribe (Is 37.38), rei da assíria, foi lavrado por Isaías, sua vida na
corte e seu ministério devem datar das últimas quatro décadas e meia do século oitavo,
sendo um período de eventos grandiosos e importantes da História de Israel.
CONTEXTO LITERÁRIO
Entende-se que os capítulos 1 a 5 do livro de Isaías devem ser lidos em conjunto, são
capítulos que proclamam juízos sobre Judá e Jerusalém com vislumbres de glórias e de
um futuro Messias. Isaías nestes capítulos está proclamando o que virá acontecer caso o
povo não se volte para Deus, que faz uma denúncia contra seu povo, alegando que o
“abandonaram e que estão cheios de pecados”, que “está cansado dos sacrifícios de seu
povo, das festas” pois fazem tudo da boca para fora, e não com o coração, suas vidas
continuam cheias de pecados, ainda mais, Deus diz que quer que seu povo pare de
pecar, parem de fazer o mau, façam o que é bom e que aprendam a fazer justiça,
olhando para os órfãos e as viúvas (figuras rejeitadas naquela época).
Os assírios devastaram Judá, destruindo várias cidades, o reino do Norte já não existia
mais. Só restava Jerusalém, conforme interpretação destes versos.
Isaías 2-4: Nestes capítulos, o profeta antecipa um futuro tempo de paz em que
Jerusalém se tornará a cidade de Deus para pessoas de todas as nações (2.1-5; Mq 4.1-3
são extremamente parecidos). Antes disso, Deus executaria juízo severo sobre todo
pecado e maldade, reconhecendo Isaías o orgulho como a raiz de muitos males. Os
maus não teriam lugar na cidade renovada, apenas os poucos fiéis a Deus sobreviveriam
para desfrutar.
Isaías 5: a canção da vinha (1-7) que Isaías traz, é na verdade uma parábola. O povo de
Judá é a vinha de Deus. Ele fez tudo que era necessário para garantir uma boa colheita,
mas o que resultou foram uvas azedas. Uma série de “ais” é proferida contra aqueles
cujo pecado leva Deus a abandonar a vinha (mas não para sempre). Na terra de Judá, as
grandes propriedades construídas às custas dos pobres (8) se transformariam em solo
improdutivo, um alqueire de parreiras daria pouco vinho e apenas um décimo do que foi
plantado seria colhido. Mais uma vez o profeta denuncia o orgulho, o luxo, embriaguez,
injustiça. Por fim Deus daria o sinal, chamando o inimigo invasor que os esmagaria
(26-30)
CONCLUSÃO:
Podemos notar uma série de Juízos vindouros declarados por Deus sobre Judá e
Jerusalém nestes capítulos, não sendo possível desassociar a leitura destes capítulos sem
o contexto literário de todos os 5 primeiros capítulos de Isaías. É possível perceber
também o período de instabilidade e ameaças estrangeiras no período em que o profeta
vivia e do futuro. Percebe-se também a indignação de Deus com seu povo que o
abandonou e que por isso sofreria juízo divino, tudo causado pelos pecados que o
profeta denuncia. Sendo ainda porém proclamada, por misericórdia divina, uma paz no
futuro e ainda a chance de reconciliação das pessoas com Deus.
ATUALIZAÇÃO DO TEXTO
“Venham, vamos refletir juntos", diz o Senhor. "Embora os seus pecados sejam
vermelhos como escarlate, eles se tornarão brancos como a neve; embora sejam rubros
como púrpura, como a lã se tornarão.
Se vocês estiverem dispostos a obedecer, comerão os melhores frutos desta terra;
mas, se resistirem e se rebelarem, serão devorados pela espada". Pois o Senhor é quem
fala!
SERMÃO
Podemos ver já nas linhas do antigo testamento o caráter gracioso de Deus, em convidar
seu povo para se realinhar com seus ideais, em querer acertar a vida pregressa de seu
povo e lhe fazer promessas graciosas.
O primeiro ponto em destaque é que a iniciativa vem de Deus: “venham, vamos refletir
juntos”, diz o Senhor. Em toda história quem tomou iniciativas para se revelar, para agir
em conjunto com o ser humano foi Deus, sempre tomando a iniciativa e indo de
encontro graciosamente ao ser humano para salvar-lhe. Desde a aliança com Abraão,
passando pelo êxodo, até a salvação em Cristo. E Até hoje para nossa salvação é ele
quem toma a iniciativa de vir de encontro conosco.
Concluindo, pudemos ver que temos um Deus amoroso que vem ao nosso encontro e
propõe uma solução para um problema que nós mesmos causamos, e ainda mais, com
promessas de bênçãos se aceitarmos a solução. Porém, caso rejeitemos essa proposta
teremos que nos responsabilizar pelas terríveis consequências que hão de vir.
BIBLIOGRAFIA