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ÍNDICE
Roma era o maior império do mundo, mas possuía problemas para governar tantos povos em
uma vasta extensão territorial, razão pela qual, inclusive, surgem o Império Ocidental (Roma) e
o Império Oriental (Constantinopla).
Ao leste do império viviam os Povos Germânicos que em determinado momento passaram a
ser pressionados pelos Hunos.
Esse Direito Romano Vulgarizado servia para tutelar as relações jurídicas na alta idade média,
inclusive do sistema feudal enraizado na civilização da época.
Dica de filme: O Mercador de Veneza
O Império do Oriente detinha um exército muito bem preparado que conseguiu reconquistar as
terras que correspondem hoje à parte da África, toda a península Itálica e parte da península
Ibérica.
1
Avaliação 2015.2 | Em que consistiu o Direito Romano Vulgarizado utilizado com fonte de direito na Europa Ocidental
durante a idade média?
2
Avaliação 2016.2 | Que causas deram origem ao surgimento do Direito Romano Vulgarizado?
DIR107 – HISTÓRIA DO DIREITO BRASILEIRO 4
Anotações da 1ª avaliação [ Helson ]
Para tanto contou com o ministro da justiça, professor e jurisconsulto de grande mérito –
Triboniano, que nomeou uma comissão para ajudá-lo na compilação do Corpus Juris Civilis,
distribuindo-o por todo o território romano.
Após o assassinato de Justiniano, o Império vivenciou um conflito de duas décadas que
exauriu os seus recursos e contribuiu para grandes perdas territoriais durante as invasões
muçulmanas do século VII. Com isso, o Corpus Juris Civilis foi deixado para trás, ficando
diversos exemplares abandonados nas estantes das bibliotecas.
A autoridade do rei não era absoluta, dada que a transição do sistema feudal para a monarquia
tinha se dado há pouco tempo. Dessa forma, as fontes do direito eram:
a) Costumes – considerados mais influentes e importantes inicialmente;
b) Lei – era a fonte preferida pela coroa.
c) Direito Romano (Corpus Juris Civilis)
A reunião do rei com a nobreza (marqueses, condes, viscondes, etc...) era conhecida como
corte. Não confundir com as cortes atuais formadas por magistrados.
O rei não tinha autoridade para criar leis sem a aprovação da corte.
Com o passar dos anos, o rei de Portugal que já era forte militarmente por conta das guerras
de reconquista, foi se tornando mais forte politicamente também, a ponto de produzir mais e
mais leis (por volta de 1350).
Ainda assim, a Ius Commune era muito maior e mais avançada, de modo que regulava
praticamente tudo, em detrimento do próprio ordenamento do país.
À medida que as leis próprias foram aumentando, o direito romano deixou de regular
preponderantemente, mas passou a ser a fonte inspiradora, razão pela qual o Corpus Juris
Civilis chegou até o direito atual brasileiro.
Entretanto, ainda existia o direito canônico (Igreja) que se aplicava a todos os cristãos (regia
questões como o casamento, os sacrilégios e os pecados) e tinha muito força, estando incluído
no ius commune.
O Direito no Brasil
Para entender o direito aplicado no Brasil no período colonial, precisamos entender o direito
português, pois o direito aplicado aqui era o mesmo de Portugal, diferentemente da
colonização espanhola, que possuía regramentos jurídicos específicos.
Por seu turno, Portugal não criou ordenamentos jurídicos separados, aplicando no Brasil suas
ordenações.
Principais Ordenações.
O aumento no número de leis criou uma situação embaraçosa: Como dar publicidade a todas
elas?
Essa missão ficava no encargo dos emissários que liam as leis em voz alta no pelourinho,
local onde havia um poste que simbolizava o poder do rei.
Os populares requereram que as leis fossem compiladas em uma única obra – Ordenações,
que eram nada mais que conjuntos de leis promulgadas pelos reis portugueses.
Principais Ordenações:
Afonsinas (1446) – primeira compilação feita em Portugal, iniciada no reinado de D.
João I e concluída após sua morte.
Manuelinas (1513) - revisão das Ordenações Afonsinas.
Filipinas (1613) – surgiu à época da União Ibérica e foi a ordenação que mais
perdurou no momento histórico do Brasil, mantendo-se até a Constituição de 1824,
logo após a independência do país.
Nos países protestantes as leis canônicas deixaram de ter valor. Já em Portugal e Espanha, a
Igreja reconheceu a soberania do rei.
Reforma Protestante foi um movimento reformista cristão culminado no início do século XVI por Martinho
Lutero, quando através da publicação de suas 95 teses, em 1517, na porta da Igreja do Castelo de
Wittenberg, protestou contra diversos pontos da doutrina da Igreja Católica Romana, propondo uma reforma
no catolicismo.
O resultado da Reforma Protestante foi a divisão da chamada Igreja do Ocidente entre os católicos romanos e
os reformados ou protestantes, originando o protestantismo.
DIR107 – HISTÓRIA DO DIREITO BRASILEIRO 6
Anotações da 1ª avaliação [ Helson ]
A Companhia das Índias Orientais (Holanda) contratou o jurista Hugo Grotius (Grócio), que
teve papel fundamental para os países protestantes, na medida em que os argumentos
jurídicos elaborados por ele desvinculou-os das orientações da Igreja Católica.
Assim, até mesmo o tratado da divisão da América, firmado entre Portugal e Espanha, deixou
de ter validade nos países protestantes.
Direito Jurídico Laico - criado após o trabalho de Hugo Grotius (Grócio).
Ordenações Afonsinas
Ordenações Manuelinas
Ordenações Filipinas
Embora Portugal tenha sido incorporado pela Espanha na União Ibérica, os assuntos de
Portugal eram tratados separadamente. Para tanto, foi instituída uma corte.
Livro I – estrutura dos órgãos da justiça, da administração fazendário-tributária, administração
pública em geral, Casa Militar e a Polícia.
Livro II – as relações entre o Estado Português e a Igreja (Imunidade tributária, dízimos e
outras taxas, direitos dos bispos, etc.; também algumas regras sobre o direito feudal)
Livro III – Direito Processual Civil;
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Ordenações Filipinas – Livro V (Direito Criminal)
Os cinco primeiros títulos tinham por objetivo proteger os dogmas da Igreja Católica,
demonstrando clara segregação religiosa.
o Crime de heresia;
o Crime para quem não crê em Deus;
o Crime para quem benze cães e bichos sem ter autoridade;
o Crime para quem dorme com parentas;
Não há um tratamento igualitário a todas as pessoas (pessoalidade). Há
passagens no Título III – Da Feitiçaria onde a ordenação previa que o cometimento de
um crime devia ser informado ao rei para que ele pudesse avaliar a qualidade do réu
e pudesse dar a punição com base nessa avaliação.
Titulo VI – Lesa Magestade – Crime de traição contra o rei.
o Era tão abominável que os antigos sábios o comparavam à doença da lepra.
o Era tão condenável que afetava a toda linha da família (não poderão ser
nobres, nem ter dignidade ou qualquer cargo, nem poderão receber herança),
independentemente destes serem culpados ou não.
o Atingia inclusive o patrimônio do traidor. O terreno onde ficava a casa era
salgada para que nada se produzisse nele.
o O crime de Lesa Magestade era cheio de simbolismo e nuances.
A linguagem utilizada era técnica discursiva (narrativa)
o O rei em muitas vezes se valia de justificativas para produzir a lei, como
se estivesse prestando esclarecimentos aos súditos sobre a criminalização do
ato.
Outra característica é que a pena poderia afetar outras pessoas não ligadas ao
crime, como se pode observar nos crimes de Lesa Magestade.
Vários outros títulos estabeleciam crimes como forma de proteção à Coroa Portuguesa.
Qual a ordem de precedência das fontes do direito45 que deve observada na aplicação das
leis? Como serão julgados os crimes que não estão tipificados no ordenamento?
3
Avaliação 2015.2 | Cite ao menos três características do Livro V das ordenações Filipinas sobre o direito criminal.
4
Avaliação 2015.2 | Quais eram as fontes do direito português de acordo com as ordenações filipinas?
5
Avaliação 2016.2 | Enumere as fontes do direito português, de acordo com as Ordenações Filipinas.
6
Avaliação 2016.2 | Em que consiste o ius proprium no Direito Medieval Europeu?
DIR107 – HISTÓRIA DO DIREITO BRASILEIRO 8
Anotações da 1ª avaliação [ Helson ]
Conceitos utilizados:
Precedente – é a decisão judicial tomada em um caso concreto, que pode servir como
exemplo para outros julgamentos similares.
O Título I trata do Regedor da Casa da Suplicação – mais alto tribunal da Justiça da Coroa. Os
juízes eram conhecidos como ministros e eram escolhidos entre pessoas com indiscutível
conhecimento jurídico. Eles possuíam atribuições diversas (administrativas, por exemplo), além
de serem responsáveis pelos julgamentos.
A justiça era conhecida como Justiça do Rei - Rei-Juiz ou Rex Judex, onde os juízes estavam
subordinados ao Rei, implicando que ele era soberano para modificar qualquer decisão. Os
juízes eram a mão do Rei.
Outros conceitos:
Sistema senhorial
Contrato de Doação
O Contrato de Doação estabelecia o sucessor do donatário, os limites da capitania e
assim como na doação régia, a previsão de que a posse da capitania poderia ser revertida
(reversibilidade da posse), caso houvesse necessidade militar de ocupação ou ficasse
abandonada ou economicamente inviável.
O contrato de Enfeudação/Diffidatio era o contrato entre o vassalo e o suserano que
existia em toda a Europa menos Portugal. Apenas o Papa poderia anular tal união.
Carta de Foral
Regulava os direitos e deveres da colônia com a capital. Ela estipulava os tributos a serem
coletados pelo donatário, se haveria ou não jurisdição e a possiblidade de concessão de
sesmarias (algumas sesmarias se fundiram devido a relações pessoais e se tornaram
latifúndios, contrariando a ideia inicial da coroa).
7
Avaliação 2015.2 | Que formalidades jurídicas eram adotadas para conferir aos capitães / donatários o controle sobre
as capitanias?
8
Avaliação 2015.2 | A Justiça em Portugal e nas colônias era composta por várias jurisdições hierarquicamente
sobrepostas: a municipal, a senhorial e a real. Indique que magistrados exerciam estas jurisdições; os requisitos para a
ocupação destes cargos; e a atribuição de cada jurisdição.
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Anotações da 1ª avaliação [ Helson ]
Justiça Municipal
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Avaliação 2015.2 | Em que consistiam a carta foral e a carta de doação?
DIR107 – HISTÓRIA DO DIREITO BRASILEIRO 11
Anotações da 1ª avaliação [ Helson ]
Justiça Senhorial
Justiça Régia
Casa de Suplicação
o Mais alto tribunal de Portugal
o Ficava acima de qualquer outra Relação (Tribunal).
o Julgava o recurso de súplica
o Composta por desembargadores escolhidos pelo rei, que se tornavam
Ministros.
Necessariamente bacharéis em direito.
A novidade no Brasil foi a chegada dos Juízes de Fora10 a partir do século XVII
o Originalmente surgiram em Portugal.
o O rei começou a perceber que a câmara municipal atendia aos interesses
próprios em detrimento aos interesses do Rei.
o Funções
Função política: Fiscalizava as decisões da câmara municipal (presidia
a câmara)
Função jurisdicional: Substituía os juízes ordinários, em situações em
que o povo questionava as decisões absurdas dos juízes ordinários
(eram leigos).
o Requisitos
Bacharel em direito;
Não podiam casar com mulheres locais;
Serviam por tempo indeterminado.
o O recurso contra uma decisão de um Juiz de Fora seguia para as Relações, já
que não cabia uma decisão de um juiz do rei ser julgada por Ouvidores, que
eram juízes vinculados aos senhores.
o A primeira cidade a receber Juízes de Fora foi Salvador.
10
Avaliação 2016.2 | Sobre os juízes de fora: a) Quais era suas atribuições no Brasil Colônia? b) Por quais motivos os
Reis criaram esse cargo, originalmente em Portugal, e, séculos depois no Brasil? Apresentar um motivo político e outro
jurídico?
DIR107 – HISTÓRIA DO DIREITO BRASILEIRO 13
Anotações da 1ª avaliação [ Helson ]
Iluminismo
O iluminismo, também conhecido como Século das Luzes e como Ilustração foi um
movimento cultural da elite intelectual europeia do século XVIII que procurou mobilizar o poder
da razão, a fim de reformar a sociedade e o conhecimento herdado da tradição medieval.
O Marquês de Pombal tinha por objetivo promover um choque de gestão, mediante uma
centralização da administração das leis.
Fontes de Direito
A revolução pombalina pretendia aumentar a importância das leis da coroa, mediante a
diminuição da importância e da influência das demais fontes do direito.
Por outro lado, adotando o direito natural, não se conseguiu resolver o problema da incerteza
da aplicação da lei, já que a subjetividade acabou substituindo os problemas gerados pela
diversidade das fontes do sistema antigo.
Reforma educacional surgiu para preparar os novos bacharéis para o novo direito com
base na Lei da Boa razão.
11
Os livros destacam uma verdadeira batalha com os jesuítas.
DIR107 – HISTÓRIA DO DIREITO BRASILEIRO 14
Anotações da 1ª avaliação [ Helson ]
Os juízes ordinários teriam que provar que o costume tinha mais de 100 anos. Além
disso, teria que existir compatibilidade do costume com a Lei da Boa Razão.
o Era comum que os juízes ordinários aplicassem costumes da localidade,
deixando de aplicar normas de interesse da coroa.
o Isso porque não havia prevalência entre leis, costumes e estilos.
Contra os estilos:
Asterix e Obelix
Série de história em quadrinhos baseado no povo gaulês em grande parte no tempo do grande
chefe guerreiro Vercingetorix.
O Mercador de Veneza
Filme baseado na obra homônima de William Shakespeare que relata uma história passada em
Veneza no século XV de um nobre e um empréstimo de dinheiro a um judeu.
ANOTAÇÕES
DIR107 – HISTÓRIA DO DIREITO BRASILEIRO
(Marcos Seixas)
ÍNDICE
Institutas
o Livro escrito por três compiladores, inclusive Triboniano.
o Simples e talvez por isso alcançou enorme difusão.
Digesto
o Compilação de todas as opiniões dos jurisconsultos romanos até o CJC.
o O principal livro do direito romano. É a obra mais complexa e que ofereceu as
maiores dificuldades de elaboração.
Codex (código)
o Conjunto de todas as leis de imperadores romanos até Justiniano
Novelas
o Novas leis, aquelas efetivamente criadas por Justiniano.
Características
Exemplo de Código
Pessoas ingênuas
o São pessoas livres desde sempre, pois já nasceram livres.
Nasceram do matrimônio de dois ingênuos;
Nasceram do matrimônio de dois libertos;
Nasceram do matrimônio de um ingênuo e um liberto;
Nasceram de uma mãe livre, ainda que o pai tenha sido escravo.
O status de mãe era fundamental para a definição da liberdade
dos filhos. Em alguns casos de nascimentos com pai que não
fosse livre.
Bastava que a mãe tivesse sido livre em algum momento entre
a concepção e o nascimento para que a criança fosse livre.
Pessoas libertas
o São pessoas que adquiriram a liberdade ao longo da vida – já foram escravos.
Considerações acerca da liberdade
o Libertos possuíam limitações nos seus direitos públicos.
o Libertos tinham o mesmo tratamento que ingênuos no direito privado.
o Escravos, mesmo que nascidos no Brasil, não eram considerados cidadãos.
Pacto Colonial
Afastou a rejeição das pessoas que residiam no Brasil à realeza, que estava distante
na Colônia até então, e adiou, certamente, a independência do Brasil.
As limitações foram extintas1:
o As limitações intelectuais foram extintas de imediato, com a assinatura
de uma carta pelo rei, onde é hoje a Faculdade de Medicina da Bahia no
Terreiro de Jesus em Salvador – Antiga Escola dos Jesuítas.
Criação do ensino superior no Brasil.
Criação da Escola Real de Guerra (RJ)
o Permissão à livre publicação no Brasil, mas submetida à censura local.
o Acabou a proibição de se imprimir no Brasil.
o Criação da Imprensa Régia
Imprensa oficial (Diários Oficiais)
A primeira gráfica foi criada no recôncavo baiano, perto de Cachoeira.
o Abertura dos portos para as nações amigas. À época, somente a Inglaterra,
que bancou a vinda e deu proteção à família real.
o Estímulos à produção de algumas fábricas.
Na base do privilégio, pois a Coroa dava a autorização apenas a um
fábrica por seguimento para não haver concorrência.
No geral, a produção era de produtos de menor qualidade, que
não tinham como concorrer com os produtos da Inglaterra.
Investimentos em melhorias, concentrados na cidade do
O trecho que vai da Associação
Rio de Janeiro.
Comercial (Comércio) até o
o Somente após a vinda da Família Real, houve
Caminho de Areia em Salvador
preocupação da Coroa para patrocinar melhorias
foi todo aterrado.
na Colônia.
o Jardim Botânico, Biblioteca Nacional, iluminação
pública, iniciativa para saneamento público, calçadas, etc...
Houve um aumento impressionante no crescimento da população do Rio de Janeiro.
Consequência das mudanças:
o O direito terá que construir um conjunto de normas modernizadoras para
transformar esse novo país que surgiu após a chegada da Família Real.
o Novas regras comerciais.
o Novas regras empresariais.
o Avançar em questões Diplomáticas.
o Atualizar leis antigas
o Pensar o modelo de posse das terras.
o Pensar em um novo modelo de Justiça
1
Avaliação 2015.2 | Aponte dois aspectos das limitações às liberdades coloniais que foram
superadas no curso do período Joanino no Brasil.
DIR107 – HISTÓRIA DO DIREITO BRASILEIRO 6
Anotações da 2ª avaliação [ Helson ]
Criada com dois objetivos: i) atender aos interesses de partidos políticos, de viés
normalmente liberal, que se formaram após a vinda da Família Real em 1808 e exigiam
uma descentralização, mediante a separação dos poderes e ii) manter privilégios para
o Imperador e a Família Real.
DOM PEDRO PRIMEIRO, POR GRAÇA DE DEOS, e Unanime Acclamação dos Povos, Imperador
Constitucional, e Defensor Perpetuo do Brazil : Fazemos saber a todos os Nossos Subditos, que tendo-
Nos requeridos o Povos deste Imperio, juntos em Camaras, que Nós quanto antes jurassemos e
fizessemos jurar o Projecto de Constituição, que haviamos offerecido ás suas observações para serem
depois presentes á nova Assembléa Constituinte mostrando o grande desejo, que tinham, de que elle se
observasse já como Constituição do Imperio, por lhes merecer a mais plena approvação, e delle
esperarem a sua individual, e geral felicidade Politica : Nós Jurámos o sobredito Projecto para o
observarmos e fazermos observar, como Constituição, que dora em diante fica sendo deste Imperio a
qual é do theor seguinte:
Preâmbulo passa a ideia que a Constituição foi fruto do clamor popular, o que se configura
uma farsa, já que Pedro dissolveu a Assembleia Constituinte e OUTORGOU a Constituição
de 1824.
o Antes da Constituição de 1824, institui-se uma Assembleia Constituinte de 1823,
mas D. Pedro não gostou do resultado do projeto, razão pela qual a dissolveu e
outorgou a Constituição.
TITULO 1º
Do Imperio do Brazil, seu Territorio, Governo, Dynastia, e Religião.
Art. 1. O IMPERIO do Brazil é a associação Politica de todos os Cidadãos Brazileiros. Elles formam uma
Nação livre, e independente, que não admitte com qualquer outra laço algum de união, ou federação, que
se opponha á sua Independencia.
Art. 4. A Dynastia Imperante é a do Senhor Dom Pedro I actual Imperador, e Defensor Perpetuo do Brazil.
Art. 5. A Religião Catholica Apostolica Romana continuará a ser a Religião do Imperio. Todas as outras
Religiões serão permitidas com seu culto domestico, ou particular em casas para isso destinadas, sem
fórma alguma exterior do Templo.
Inovou ao permitir o convívio entre a religião católica (oficial) e outras religiões e cultos.
o Possibilitou a liberdade de escolha da religião ou, até, de não ter uma religião.
Manteve a religião católica como religião oficial no Brasil.
A liberdade religiosa era mitigada e bem limitada23
o Aspecto “Manifestação Religiosa”
Para as demais religiões, havia restrições com respeito à sua prática
ostensiva. Deveria ser contida, com culto doméstico ou particular dentro de
casas próprias e sem nenhuma identificação externa (sem ostentar
símbolos como minarete, estrela de Davi, fitinhas do Candomblé).
Não se confundia com liberdade de manifestação religiosa, pois não
havia permissão para sair às ruas vestindo, muito menos procedendo a
rituais ou pregando a religião (sem exteriorização).
o Aspecto “Político”
Proibição de assumir determinados cargos no Estado, a exemplo de se
tornarem deputados ou senadores, pois, para tanto, obrigatoriamente
deveriam praticar a religião oficial – a Católica.
Havia proibição até mesmo para se tornarem Eleitores de Província,
cidadãos que poderiam votar nos representantes da Assembleia Geral.
o Proibição socialmente seletiva
Com os Ingleses era tolerável.
Em Salvador, havia a Catedral Anglicana, localizada próximo à ladeira que
hoje dá acesso ao Vale do Canela (Britany Anchor).
2
Avaliação 2015.2 | Aponte duas limitações à liberdade religiosa na Constituição de 1824, uma
relacionada aos direitos políticos e outra à liberdade de manifestação religiosa.
3
Avaliação 2015.1 | Aponte duas limitações à liberdade religiosa na Constituição de 1824.
DIR107 – HISTÓRIA DO DIREITO BRASILEIRO 8
Anotações da 2ª avaliação [ Helson ]
TITULO 2º
Dos Cidadãos Brazileiros.
II. Os filhos de pai Brazileiro, e Os illegitimos de mãi Brazileira, nascidos em paiz estrangeiro, que
vierem estabelecer domicilio no Imperio.
Exemplo de tratamento desigual entre gêneros, pois frisa com o termo “ilegítimo”
quando se refere a filhos de mães brasileiras.
III. Os filhos de pai Brazileiro, que estivesse em paiz estrangeiro em sorviço do Imperio, embora
elles não venham estabelecer domicilio no Brazil.
IV. Todos os nascidos em Portugal, e suas Possessões, que sendo já residentes no Brazil na
época, em que se proclamou a Independencia nas Provincias, onde habitavam, adheriram á esta
expressa, ou tacitamente pela continuação da sua residencia.
Nascidos livres no Brasil, desde que os pais não fossem estrangeiros a serviço aqui.
Filhos de brasileiros nascidos no exterior, desde que os pais estivessem a serviço lá.
Filhos de brasileiros nascidos no exterior, desde que estabelecessem residência no
Brasil.
Nascidos em Portugal ou Possessões, que residiam no Brasil à época da
independência e que tenham aderido expressamente ou tacitamente pela
continuação da residência no Brasil
Atenção às hipóteses de naturalidade citadas nos comentários do art. 6º, IV.
TITULO 3º
Dos Poderes, e Representação Nacional.
Art. 9. A Divisão, e harmonia dos Poderes Politicos é o principio conservador dos Direitos
dos Cidadãos, e o mais seguro meio de fazer effectivas as garantias, que a Constituição
offerece.
Art. 10. Os Poderes Politicos reconhecidos pela Constituição do Imperio do Brazil são quatro: o
Poder Legislativo, o Poder Moderador, o Poder Executivo, e o Poder Judicial.
Art. 12. Todos estes Poderes no Imperio do Brazil são delegações da Nação.
TITULO 4º
Do Poder Legistativo.
CAPITULO I.
Art. 13. O Poder Legislativo é delegado á Assembléa Geral com a Sancção do Imperador.
Já comentado.
CAPITULO II
Os membros da Câmara dos Deputados tinham mandato fixo de 4 anos, a despeito dos
membros do Senado que tinham vitaliciedade no cargo (art. 40).
o No Senado, os membros eram mais conservadores, muito provavelmente por não
terem pressa para fazer as reformas ou novas leis.
o Na Câmara, havia mais dinâmica, tendo em vista que o mandato era curto.
4
Avaliação 2015.1 | Q.2.a | A quem competia, nos termos da Constituição de 1824 a
interpretação das leis no Direito Imperial Brasileiro?
DIR107 – HISTÓRIA DO DIREITO BRASILEIRO 11
Anotações da 2ª avaliação [ Helson ]
CAPITULO III.
Do Senado.
Art. 40. 0 Senado é composto de Membros vitalicios, e será organizado por eleição Provincial.
Comentou
Obs.: Disse que não quer o decoreba (idade mínima, números, etc...). Apenas os fatores de
exclusão do processo político). Pulou para art. 90 e depois voltou para cá.
Escravos
o Não eram considerados cidadãos brasileiros (art. 6º, inciso I);
Libertos
o Embora considerados cidadãos brasileiros (art. 6º, inciso I), não possuíam direitos
políticos plenos;
Criminosos
Estrangeiros
o Não eram cidadãos brasileiros;
o Os naturalizados podiam participar das eleições;
Não católicos
o Limitação de direitos políticos (art. 5º);
Quem não era patter família
o Mulheres;
o Filhos, pois somente o homem mais velho que concentrava a renda da família era
o patter família;
o Havia exceções
Bacharéis formados, casados, oficiais militares;
Pessoas sem condições financeiras;
o Exigência de rendimento mínimo anual a depender da fase da eleição e do cargo a
que se pretendia ser eleito.
I. Que seja Cidadão Brazileiro, e que esteja no gozo dos seus Direitos Politicos.
III. Que seja pessoa de saber, capacidade, e virtudes, com preferencia os que tivirem feito
serviços á Patria.
IV. Que tenha de rendimento annual por bens, industria, commercio, ou Empregos, a
somma de oitocentos mil réis.
DIR107 – HISTÓRIA DO DIREITO BRASILEIRO 12
Anotações da 2ª avaliação [ Helson ]
CAPITULO VI.
Das Eleições.
Art. 90. As nomeações dos Deputados, e Senadores para a Assembléa Geral, e dos
Membros dos Conselhos Geraes das Provincias, serão feitas por Eleições indirectas,
elegendo a massa dos Cidadãos activos em Assembléas Parochiaes os Eleitores de Provincia,
e estes os Representantes da Nação, e Provincia.
Eleições indiretas.
o O Povo (Massa dos Cidadãos Ativos) votava nos Eleitores de Província.
o Os Eleitores de Província é que votavam nos Deputados e Senadores, bem
como nos membros dos Conselhos Gerais das Províncias.
Curiosidade
Estavam ligados às Assembleias Paroquias, porque eram elas que
controlavam o registro de nascimento e os óbitos. Não havia título de
eleitor. Por isso, havia essa ligação com as Paróquias.
II. Os filhos familias, que estiverem na companhia de seus pais, salvo se servirem
Officios publicos.
III. Os criados de servir, em cuja classe não entram os Guardalivros, e primeiros caixeiros
das casas de commercio, os Criados da Casa Imperial, que não forem de galão branco, e os
administradores das fazendas ruraes, e fabricas.
V. Os que não tiverem de renda liquida annual cem mil réis por bens de raiz,
industria, commercio, ou Empregos.
Art. 93. Os que não podem votar nas Assembléas Primarias de Parochia, não podem ser
Membros, nem votar na nomeação de alguma Autoridade electiva Nacional, ou local.
Art. 94. Podem ser Eleitores, e votar na eleição dos Deputados, Senadores, e Membros
dos Conselhos de Provincia todos, os que podem votar na Assembléa Parochial. Exceptuam-
se
I. Os que não tiverem de renda liquida annual duzentos mil réis por bens de raiz, industria,
commercio, ou emprego.
II. Os Libertos.
Ações criminais
o Querela - contra uma única pessoa
o Devassa - Contra várias pessoas
Art. 95. Todos os que podem ser Eleitores, abeis para serem nomeados Deputados.
Exceptuam-se
I. Os que não tiverem quatrocentos mil réis de renda liquida, na fórma dos Arts. 92 e 94.
Art. 96. Os Cidadãos Brazileiros em qualquer parte, que existam, são elegiveis em cada
Districto Eleitoral para Deputados, ou Senadores, ainda quando ahi não sejam nascidos,
residentes ou domiciliados.
Art. 97. Uma Lei regulamentar marcará o modo pratico das Eleições, e o numero dos
Deputados relativamente á população do Imperio.
Art. 99. A Pessoa do Imperador é inviolavel, e Sagrada: Elle não está sujeito a
responsabilidade alguma.
The king can do no wrong – pressupõe que nenhuma atitude do rei era errada.
Art. 100. Os seus Titulos são "Imperador Constitucional, e Defensor Perpetuo do Brazil" e
tem o Tratamento de Magestade Imperial.
CAPITULO II.
Do Poder Executivo.
Art. 102. O Imperador é o Chefe do Poder Executivo, e o exercita pelos seus Ministros de
Estado.
I. Convocar a nova Assembléa Geral ordinaria no dia tres de Junho do terceiro anno da
Legislatura existente.
o Não existia a função do concurso público. Todos os servidores eram nomeados por
indicação política.
No início só existiam a Faculdade de Direito de Olinda e de São Paulo.
Curioso que para as faculdades havia concurso público.
o Muitos magistrados optavam posteriormente pela política.
XIII. Decretar a applicação dos rendimentos destinados pela Assembléa aos varios ramos
da publica Administração.
XIV. Conceder, ou negar o Beneplacito aos Decretos dos Concilios, e Letras Apostolicas,
e quaesquer outras Constituições Ecclesiasticas que se não oppozerem á Constituição; e
precedendo approvação da Assembléa, se contiverem disposição geral.
XV. Prover a tudo, que fôr concernente á segurança interna, e externa do Estado, na
fórma da Constituição.
Art. 103. 0 Imperador antes do ser acclamado prestará nas mãos do Presidente do
Senado, reunidas as duas Camaras, o seguinte Juramento - Juro manter a Religião Catholica
Apostolica Romana, a integridade, e indivisibilidade do Imperio; observar, e fazer observar a
Constituição Politica da Nação Brazileira, e mais Leis do Imperio, e prover ao bem geral do
Brazil, quanto em mim couber.
Art. 104. O Imperador não poderá sahir do Imperio do Brazil, sem o consentimento da
Assembléa Geral; e se o fizer, se entenderá, que abdicou a Corôa.
TITULO 6º
Do Poder Judicial.
CAPITULO UNICO.
Art. 151. O Poder Judicial independente, e será composto de Juizes, e Jurados, os quaes
terão logar assim no Civel, como no Crime nos casos, e pelo modo, que os Codigos
determinarem.
É independente porque as decisões dos juízes não podiam ser revistas por nenhum
outro poder.
O jurado (civil e criminal) é uma inspiração do direito inglês e foi absorvida pela CF1824
com o fim de modernizar o direito. Entretanto o júri civil não se consolidou no período
imperial.
o Aplicava-se a qualquer crime.
DIR107 – HISTÓRIA DO DIREITO BRASILEIRO 17
Anotações da 2ª avaliação [ Helson ]
Hoje só existe o júri nas causas criminais que envolvem o direito à vida.
Homicídio, latrocínio, etc.
o O júri não atingiu o objetivo a que se propunha originalmente.
O propósito era permitir que crimes fossem julgados por um júri composto
por pares do réu.
o Nos E.U.A ainda existe o júri civil.
Os magistrados eram indicados pelo poder executivo.
Como não era um corpo técnico, o jurado só se manifestava em relação ao fato, nunca na
matéria de direito, que ficava ao encargo do juiz.
Em sua maioria os crimes eram cometidos por escravos e libertos que viviam à margem da
sociedade (crimes de furto, por exemplo).
o Não havia paridade na composição do júri.
A composição do jurado deveria ser pelos pares desses réus. Mas isso não
ocorria, porque escravos sequer tinham direito a documentação.
o O júri era formado por classes superiores que já prejulgavam o réu.
Totalmente contrário à ideia original da formação de um júri.
Aqui o júri era composto por “inimigos” dos réus.
Art. 153. Os Juizes de Direito serão perpetuos, o que todavia se não entende, que não
possam ser mudados de uns para outros Logares pelo tempo, e maneira, que a Lei determinar.
Havia vitaliciedade, mas a administração poderia transferir de uma comarca para outra.
Art. 154. O Imperador poderá suspendel-os por queixas contra elles feitas, precedendo
audiencia dos mesmos Juizes, informação necessaria, e ouvido o Conselho de Estado. Os
papeis, que lhes são concernentes, serão remettidos á Relação do respectivo Districto, para
proceder na fórma da Lei.
Art. 156. Todos os Juizes de Direito, e os Officiaes de Justiça são responsaveis pelos
abusos de poder, e prevaricações, que commetterem no exercicio de seus Empregos; esta
responsabilidade se fará effectiva por Lei regulamentar.
Art. 157. Por suborno, peita, peculato, e concussão haverá contra elles acção popular, que
poderá ser intentada dentro de anno, e dia pelo proprio queixoso, ou por qualquer do Povo,
guardada a ordem do Processo estabelecida na Lei.
Art. 158. Para julgar as Causas em segunda, e ultima instancia haverá nas
Provincias do Imperio as Relações, que forem necessarias para commodidade dos
Povos.
Art. 159. Nas Causas crimes a Inquirição das Testemunhas, e todos os mais actos do
Processo, depois da pronuncia, serão publicos desde já.
DIR107 – HISTÓRIA DO DIREITO BRASILEIRO 18
Anotações da 2ª avaliação [ Helson ]
Art. 160. Nas civeis, e nas penaes civilmente intentadas, poderão as Partes nomear
Juizes Arbitros. Suas Sentenças serão executadas sem recurso, se assim o convencionarem
as mesmas Partes.
Art. 161. Sem se fazer constar, que se tem intentado o meio da reconciliação, não se
começará Processo algum.
Art. 162. Para este fim haverá juizes de Paz, os quaes serão electivos pelo mesmo tempo,
e maneira, por que se elegem os Vereadores das Camaras. Suas attribuições, e Districtos
serão regulados por Lei.
Art. 163. Na Capital do Imperio, além da Relação, que deve existir, assim como nas
demais Provincias, haverá tambem um Tribunal com a denominação de - Supremo
Tribunal de Justiça - composto de Juizes Letrados, tirados das Relações por suas
antiguidades; e serão condecorados com o Titulo do Conselho. Na primeira organisação
poderão ser empregados neste Tribunal os Ministros daquelles, que se houverem de
abolir.
Seguir na próxima:
I. Conceder, ou denegar Revistas nas Causas, e pela maneira, que a Lei determinar.
II. Conhecer dos delictos, e erros do Officio, que commetterem os seus Ministros, os das
Relações, os Empregados no Corpo Diplomatico, e os Presidentes das Provincias.
Art. 179. A inviolabilidade dos Direitos Civis, e Politicos dos Cidadãos Brazileiros, que tem
por base a liberdade, a segurança individual, e a propriedade, é garantida pela Constituição do
Imperio, pela maneira seguinte.
Artigo muito importante no nosso direito, por abranger muitos direitos em seu bojo.
Uma espécie de carta de direitos, por ter sido o primeiro elencar um rol de direitos – Bill of
Rights
o Muitos desses direitos serão repetidos nas constituições subsequentes,
configurando-se uma fonte de direito.
o Titularizado por Ingênuos e Libertos. Somente escravos estavam fora da
possibilidade dos direitos aqui elencados.
5
Avaliação 2015.1 | Indique qual é a atribuição do Supremo Tribunal de Justiça no julgamento
dos recursos de revista.
DIR107 – HISTÓRIA DO DIREITO BRASILEIRO 19
Anotações da 2ª avaliação [ Helson ]
I. Nenhum Cidadão póde ser obrigado a fazer, ou deixar de fazer alguma cousa, senão
em virtude da Lei.
o Princípio da Irretroatividade
IV. Todos podem communicar os seus pensamentos, por palavras, escriptos, e publical-os
pela Imprensa, sem dependencia de censura; com tanto que hajam de responder pelos
abusos, que commetterem no exercicio deste Direito, nos casos, e pela fórma, que a Lei
determinar.
V. Ninguem póde ser perseguido por motivo de Religião, uma vez que respeite a do
Estado, e não offenda a Moral Publica.
VI. Qualquer póde conservar-se, ou sahir do Imperio, como Ihe convenha, levando
comsigo os seus bens, guardados os Regulamentos policiaes, e salvo o prejuizo de terceiro.
VII. Todo o Cidadão tem em sua casa um asylo inviolavel. De noite não se poderá entrar
nella, senão por seu consentimento, ou para o defender de incendio, ou inundação; e de dia só
será franqueada a sua entrada nos casos, e pela maneira, que a Lei determinar.
VIII. Ninguem poderá ser preso sem culpa formada, excepto nos casos declarados na Lei;
e nestes dentro de vinte e quatro horas contadas da entrada na prisão, sendo em Cidades,
Villas, ou outras Povoações proximas aos logares da residencia do Juiz; e nos logares remotos
dentro de um prazo razoavel, que a Lei marcará, attenta a extensão do territorio, o Juiz por
uma Nota, por elle assignada, fará constar ao Réo o motivo da prisão, os nomes do seu
accusador, e os das testermunhas, havendo-as.
IX. Ainda com culpa formada, ninguem será conduzido á prisão, ou nella conservado
estando já preso, se prestar fiança idonea, nos casos, que a Lei a admitte: e em geral nos
crimes, que não tiverem maior pena, do que a de seis mezes de prisão, ou desterro para fóra
da Comarca, poderá o Réo livrar-se solto.
X. A' excepção de flagrante delicto, a prisão não póde ser executada, senão por ordem
escripta da Autoridade legitima. Se esta fôr arbitraria, o Juiz, que a deu, e quem a tiver
requerido serão punidos com as penas, que a Lei determinar.
O que fica disposto acerca da prisão antes de culpa formada, não comprehende as
Ordenanças Militares, estabelecidas como necessarias á disciplina, e recrutamento do
Exercito; nem os casos, que não são puramente criminaes, e em que a Lei determina todavia a
prisão de alguma pessoa, por desobedecer aos mandados da justiça, ou não cumprir alguma
obrigação dentro do determinado prazo.
DIR107 – HISTÓRIA DO DIREITO BRASILEIRO 20
Anotações da 2ª avaliação [ Helson ]
XI. Ninguem será sentenciado, senão pela Autoridade competente, por virtude de Lei
anterior, e na fórma por ella prescripta.
XII. Será mantida a independencia do Poder Judicial. Nenhuma Autoridade poderá avocar
as Causas pendentes, sustal-as, ou fazer reviver os Processos findos.
XIII. A Lei será igual para todos, quer proteja, quer castigue, o recompensará em
proporção dos merecimentos de cada um.
XIV. Todo o cidadão pode ser admittido aos Cargos Publicos Civis, Politicos, ou Militares,
sem outra differença, que não seja dos seus talentos, e virtudes.
XV. Ninguem será exempto de contribuir pera as despezas do Estado em proporção dos
seus haveres.
XVI. Ficam abolidos todos os Privilegios, que não forem essencial, e inteiramente ligados
aos Cargos, por utilidade publica.
XVII. A' excepção das Causas, que por sua natureza pertencem a Juizos particulares, na
conformidade das Leis, não haverá Foro privilegiado, nem Commissões especiaes nas Causas
civeis, ou crimes.
XVIII. Organizar–se-ha quanto antes um Codigo Civil, e Criminal, fundado nas solidas
bases da Justiça, e Equidade.
Determina que a assembleia geral crie o quanto antes o código civil e o código penal.
o O objetivo era atualizar os dispositivos que vinham das Ordenações Filipinas.
o Mesmo assim o Código Civil só veio a ser publicado na República, em 1916.
XIX. Desde já ficam abolidos os açoites, a tortura, a marca de ferro quente, e todas as mais
penas crueis.
XX. Nenhuma pena passará da pessoa do delinquente. Por tanto não haverá em caso
algum confiscação de bens, nem a infamia do Réo se transmittirá aos parentes em qualquer
gráo, que seja.
XXI. As Cadêas serão seguras, limpas, o bem arejadas, havendo diversas casas para
separação dos Réos, conforme suas circumstancias, e natureza dos seus crimes.
Pura ficção.
XXIV. Nenhum genero de trabalho, de cultura, industria, ou commercio póde ser prohibido,
uma vez que não se opponha aos costumes publicos, á segurança, e saude dos Cidadãos.
XXVI. Os inventores terão a propriedade das suas descobertas, ou das suas producções.
A Lei lhes assegurará um privilegio exclusivo temporario, ou lhes remunerará em resarcimento
da perda, que hajam de soffrer pela vulgarisação.
XXVIII. Ficam garantidas as recompensas conferidas pelos serviços feitos ao Estado, quer
Civis, quer Militares; assim como o direito adquirido a ellas na fórma das Leis.
3 ● Particularidades do Império
Conselho de Estado6
6
Avaliação 2015.2 | Apresente duas funções do Conselho de Estado durante o período do
Império.
7
Avaliação 2015.1 | Q.2.a | A quem competia, nos termos da Constituição de 1824 a
interpretação das leis no Direito Imperial Brasileiro?
8
Avaliação 2015.1 | Q.2.b | Que órgão de fato era responsável por interpretar as dúvidas de
compreensão das leis, e qual era o seu procedimento? Qual era a importância desse
procedimento para a segurança jurídica?
DIR107 – HISTÓRIA DO DIREITO BRASILEIRO 23
Anotações da 2ª avaliação [ Helson ]
Seis anos depois da Constituição foi publicado o Código Criminal, que se tornou um
exemplo para muitos países, inclusive Espanha e outros países da Europa.
Diverge bastante em relação ao livro V das Ordenações Filipinas.
Características modernizadoras:
o Linguagem bastante objetiva (direta, racional).
Livro V era subjetivo, narrativo.
Linguagem semelhante ao Código Penal atual.
o As leis são gerais, alcançando a todos, ao menos formalmente.
Não havia tratamento diferenciado.
Livro V o rei tinha conhecimento antes para decidir e definir a punição.
De toda sorte havia tipificação para crimes cometidos por classes
específicas.
Crimes cometidos por escravos.
Crime de Insurreição.
o Art. 113 – reunião de vinte ou mais escravos que
buscassem a liberdade por meio da força.
o A punição era muito mais pesada para os líderes –
pena de morte.
DIR107 – HISTÓRIA DO DIREITO BRASILEIRO 24
Anotações da 2ª avaliação [ Helson ]
4 ● Do Império à República
Os E.U.A eram um país continental, assim como o Brasil, e foi uma ex-colônia de um
país europeu considerado uma potência mundial, assim como o Brasil.
Entretanto, os E.U.A se consolidaram como uma potência regional, diferentemente do
Brasil.
Chamava atenção dos entusiastas republicanos brasileiros, a participação mais ampla
do povo norte-americano nas eleições, que caracterizava um modelo muito mais
democrático, e que deveria ser seguido no nosso país.
E assim o foi. Tanto é que o nome dado à nossa primeira república pela Constituição
de 1891 foi “República Federativa dos Estados Unidos do Brazil”, com a letra “Z” no
lugar de “S”, já que ela foi concebida à imagem e semelhança dos E.U.A.
Entre os principais revolucionários estava o baiano Rui Barbosa, um dos maiores
juristas brasileiros, profundo conhecedor do direito dos E.U.A.
Rui Barbosa morou um tempo nos E.U.A. Quando retornou ao Brasil, se engajou no
movimento da proclamação da República e ficou incumbido de redigir a Constituição de
1891.
Curiosidade: Na Fundação Casa de Rui Barbosa há o manuscrito do primeiro rascunho
da Constituição de 1891 com a caligrafia dele, com anotações, rabiscos e tudo mais.
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Anotações da 2ª avaliação [ Helson ]
1. Supremacia da Constituição
2. Controle de Constitucionalidade
Pode ser feito por qualquer juiz. Nessas situações, a lei só é afastada no caso
concreto.
Sistema jurídico é o próprio direito do país. Por seu turno, a Tradição jurídica é
um conceito mais amplo, pois busca as raízes do direito, que unem vários Sistemas jurídicos.
O Civil Law é de raiz romano-germânica, que prioriza a legislação em
detrimento da jurisprudência. Já o Commom Law é de raiz anglo-saxônica, que prioriza a
jurisprudência e os costumes quando comparado com a legislação.
O direito do Brasil normalmente é considerado como pertencente ao Civil Law,
mas há correntes que creem que deveria se enquadrar como uma tradição jurídica autônoma,
que mistura caracteres do Civil Law e do Commom Law.
O professor não concorda com esse posicionamento, acreditando que nosso
direito deveria ser mesmo classificado com Civil Law, apresentando características primordiais
que justificam essa tese:
Raciocínio jurídico
Faculdade de direito com características pombalinas (alunos que estudam
por manuais, livros; Provas abstratas)
o No Commom Law o funcionamento é totalmente diferente.
DIR107 – HISTÓRIA DO DIREITO BRASILEIRO 29
Anotações da 2ª avaliação [ Helson ]
ESTADO NOVO
Marcada pela repressão física, no período da Guerra Fria, houve o Golpe de 1964
que tinha o intuito de garantir que o Brasil continuasse sendo uma “nação
capitalista” e combatesse a “ameaça comunista”.
Foi outorgada a Constituição de 1967, além dos Atos Institucionais (posteriores à
Constituição de 67), que modificavam a Constituição mesmo não sendo emendas. As
medidas eram impostas à população, sem o devido processo legal, sem os projetos
passarem pelo Congresso.
Baseado na Doutrina de Segurança Nacional (EUA) / Macarthismo / “Caça as
Bruxas e Comunistas), o Brasil criou o Sistema Nacional de Informações – SNI, atual
ABIN, que monitora assuntos de Estado e auxilia o presidente. Focava em espionar
inimigos e “subversivos”, na maioria das vezes estudantes, professores comunistas,
operando dentro das faculdades, escolas e sindicatos.