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SEMINÁRIO TEOLÓGICO PRESBITERIANO

REV. DENOEL NICODEMOS ELLER


Rua Joviano Naves, 301 – Palmares – Belo Horizonte – MG
CEP 31155-710 – Fone (31) 3426-9949

DATA: 27 de maio de 2002 AVALIAÇÃO: ____________


ALUNO: Gladson Pereira da Cunha
TIPO DE TRABALHO: resenha
DISCIPLINA: Ética 1
TURMA: 4º ano TURNO: Noturno
PROFESSOR: Rev. Lineu Faria

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA: Reifler, Hans Ulrich, A Ética dos Dez


Mandamentos, São Paulo: Edições Vida Nova, 1992

O autor desta obras, Hans Ulrich Reifler, procurou apresentar resumidamente o que é
Ética Cristã nesta primeira parte. Ele fez isso para cumprir um papel simplesmente, ou seja,
apresentar a Ética Cristã para aqueles que, pela primeira vez, têm contato com esta disciplina.
Contudo, é possível perceber breve uma apologia à Ética Cristã, que, por muitas vezes,
é contrastada com a Ética Secular. Neste caso, Hans Reifler tenta demonstrar a superioridade
da Ética Cristã sobre a Secular, quando ele afirma que a Ética Cristã está baseada nas
Escrituras, cujas regras são absolutas e normativas, entre outros aspectos que ele descreve.
Hans Reifler trata de modo muito interessante, algo que ainda não havia ouvido e nem
lido, sobre a Ética Cristã, que é a sua ligação com a Teologia e, mais além, da sua ligação com
a Teologia Sistemática. Tanto é, que ele gasta dois capítulos, mesmo que não consecutivos,
para tratar desta relação. A sua consideração de que ambas as disciplinas devam caminhar
fraternalmente, leva-nos a sua conclusão, com a qual concordo, ele diz, Paulo Wailler Silva:
“Só podemos fazer Ética Cristã na medida em que conhecemos a Deus”. Sendo, portanto, a
Ética Cristã a reprodução praticável da Teologia Sistemática.
A definição da Ética Cristã como ética teonômica, onde Deus se torna o elemento
decisivo nas resoluções éticas, rechaçam tanto o antinomismo quanto legalismo ético, que são
consideradas duas formas antitéticas à Ética Cristã Teonômica. O interessante nesta ética
teonômica é o fato do homem ser considerado tanto livre como responsável pelos seus atos, o
que nos leva ao pensamento reformado sobre a responsabilidade humana diante das suas
decisões (ou como alguns preferem dizer, livre-arbítrio). Sendo que esta ética atinge todas as
áreas da vida e dos relacionamentos humanos, de modo que o homem passa a ser encarado de
forma holística, ou seja como um todo.
Então, ainda nesta possível apologia, Reifler apresenta quatro razões que devem são
observadas pela Ética Cristã. Os motivos são os seguinte: (a) motivo antropológico: porque o
homem necessita de regras para o seu desenvolvimento; (b) motivo sociológico: porque o
homem precisa definir suas regar para alcançar o bem comum; (c) motivo teológico: porque os
conceitos de bem e mal, são ligados à Lei que conduz o homem a Cristo; e (d) motivo
individual e natural: é a Lei moral colocada no coração do homem por Deus, que estimula o
homem a produzir as regras para a sua vida.
Continuando, Reifler aparece demonstrar na capítulo 8 (ou I), que a esta lei gravada
nos corações noa pode ser caracterizada como “consciência”. Conforme a sua argumentação,
consciência, dentro de uma cultura grega e atualmente agregada ao idealismo kantiano, é
designada como uma ação autônoma do ser humana, onde livremente ele avalia toda a sua vida
por si só, deixando de lado qualquer pressuposto, que não a consciência. Para Reifler, a
consciência não é autônoma, pelo contrário, para Ética Cristã e as Escrituras ela é submissa e
subordinada à vontade de Deus e à sua Palavra Revelada.
Desta forma ele introduz a Parte II deste livro, afirmando que a “ética cristã significa
também guardar os mandamentos”. Afirmando novamente a inseparável ligação entre teologia
sistemática e ética cristã, onde a primeira solidifica a segunda, porque a ortodoxia na exclui
ortopraxia vinculada a ética cristã, contida nos Dez Mandamentos, ou simplesmente Decálogo.
Tratando sobre a importância do decálogo para Ética Cristã, Hans Reifler afirma que o
decálogo é o conteúdo fundamental da ética cristã. Então, para ratificar a sua proposição,
Reifler propõe-se demonstrar que tanto a Bíblia quanto a Reforma Protestante validam a sua
idéia. A Bíblia o decálogo como base para a ética cristã, ao mostrar que ela é extensiva a todos
os homens, em todos os tempos, e não somente ao povo hebreu recém saído do Egito. De
modo que o decálogo se tonar a expressão clara e divina da prática do bem.
Já a Reforma, através dos grandes reformadores como Lutero e Calvino, confirmam
que a Lei moral de Deus se configura como o conteúdo principal da ética cristã, porque
“mesmo que a lei cerimonial tenha sido anulada, a verdade e doutrina do decálogo devem ser
pregadas1”. E mais uma vez os reformadores define a ética cristã como a exposição desta Lei,
demonstrando assim a relação entre Ética Cristã e Lei Mosaica.
Sobre esta relação, Hans Reifler continua afirmando que esta relação pode ser
biblicamente provada através da confirmação que Jesus Cristo oferece através de seu
ministério, em que a Lei é fortificada em seu alcance, tornado sua abrangência não só externa,
mas também interna ou espiritual. Sendo que esta última é a que Jesus parece dar mais ênfase
em seu ministério, para os que são cidadãos do Reino. E isto é confirmado através do
ensinamento paulino. Paulo entende que toda a lei se cumpre em Jesus Cristo, sendo, contudo,
ainda necessária e importante para definir o modo de viver e o modo de agir dos cristãos em
todas as gerações, como abordado anteriormente.

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É bem verdade, que o decálogo têm uma abrangência total na vida do homem. E
Reifler demonstra isso muito bem ao dividir o decálogo em grandes áreas de ação. Para ele o
decálogo pode ser divido em três partes, que são: (1) relação correta com Deus; (2) relação
com o trabalho e (3) relação correta com a sociedade. Portanto, de forma normativa, o
decálogo rege a forma de agir das pessoas.
Essa norma, é expressa de forma negativa, pois quase sempre o mandamento inicia
com a Partícula “não”. Para Reifler, isso se deve a uma forma inibidora que deve levar o
homem a agir positivamente, e, portanto, tal valor deve fazer parte da realidade moral e ética
de todas as pessoas, em todas as situação e contextos.
É interessante também, como Hans Reifler trata a idéia do preâmbulo, a frase inicial do
decálogo. De acordo com Reifler, quando Yahveh se apresenta como o Deus soberano que
tirou o povo de Israel do Egito, ele está mostrando que toda a sua lei deve ser aceita, crida e
obedecida por todo o povo. E segundo já dissemos e inferindo nas palavras do autor, essa lei
deve ser obedecida por “todos os povos, em todas as épocas”.
Concluindo, apesar de ter trabalhado com uma parte de um todo, pode observar neste
trecho da obra de Hans Ulrich Reifler, um ênfase muito grande a uma boa ortopraxia por parte
de todo o povo de Deus. Sendo que esta ortopraxia somente pode ser “praticada” se houver
primeiro uma boa ortodoxia por trás dela.
É justamente este o papel do Decálogo. Ser a base de toda a ortopraxia cristã, de toda
conduta dos filhos de Deus, além de servir de testemunho para as nações. Testemunho de uma
vida diferente transformada e restaurada em Cristo Jesus, nosso Salvador, o qual também é o
fim de toda a Lei.

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