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Eletromagnetismo - O Campo Magnético das Correntes Elétricas

Os três fenômenos eletromagnéticos

Eletromagnetismo é a parte da Eletricidade que estuda certos fenômenos nos quais intervêm
corrente elétrica e campo magnético: podemos chamar a esses fenômenos, fenômenos
eletromagnéticos.

Os fenômenos eletromagnéticos que à primeira vista parecem muito numerosos, na realidade


são três únicos fenômenos:

1o) Uma corrente elétrica, passando por um condutor, produz um campo magnético ao redor do
condutor, como se fosse um ímã;
2o) Um condutor, percorrido por corrente elétrica, colocado em um campo magnético, fica
sujeito a uma força;
3o) Suponhamos um condutor fechado, colocado em um campo magnético; a superfície
determinada pelo condutor é atravessada por um fluxo magnético; se, por uma causa qualquer
esse fluxo variar, aparecerá no condutor uma corrente elétrica; esse fenômeno é chamado
indução eletromagnética.

Neste capítulo estudaremos o primeiro fenômeno. Os outros dois serão estudados nos
próximos dois capítulos.

Experiência de Oersted

Em 1819 o físico dinamarquês Oersted


observou que, quando a agulha de uma
bússola é colocada próxima de uma corrente
elétrica, essa agulha é desviada de sua
posição (fig. 264). Ora, uma agulha magnética,
suspensa pelo centro de gravidade, só entra
em movimento quando está em um campo
magnético. O deslocamento da agulha só se
explica pela formação de um campo magnético
em torno do condutor percorrido por corrente
elétrica. Foi essa a primeira vez que se
observou o aparecimento de um campo
magnético juntamente com uma corrente
elétrica.

O leitor pode fazer a seguinte observação:


quando um bonde passa a muitos metros de
Figura 264
uma agulha imantada, faz a agulha oscilar. Isso
porque a corrente que passa no fio “troley”
produz um campo magnético que atinge a
agulha (“troley” é o fio no qual desliza a
“alavanca” do bonde).

A figura abaixo mostra como se pode realizar a experiência de Oersted: um condutor retilíneo
horizontal é colocado paralelamente a uma agulha imantada. Esse condutor é ligado em série
com os seguintes elementos: um acumulador, que fornece corrente; um reostato, que controla
a intensidade da corrente; e uma “chave” (interruptor), para abrir e fechar o circuito.
Inicialmente, esta chave está aberta, e a agulha se mantém paralela ao condutor (figura a).
Quando se fecha a chave, passa corrente, produz-se o campo magnético, e a agulha é
desviada (figura b).
Figura 265-a

Figura 265-b

Sentido do vetor campo magnético

Analogamente ao caso de campo magnético criado por um ímã, quando o campo magnético é
criado por corrente elétrica podemos determinar o módulo, a direção e o sentido do vetor
campo, , em um ponto. O cálculo do módulo será dado no parágrafo seguinte. Vejamos a
direção e o sentido. Sabemos que, quando uma massa magnética norte é colocada em um
campo magnético, o sentido da força que atua nessa massa é o próprio sentido do campo (fig.
266-a); e, quando uma massa magnética sul é colocada num campo magnético, o sentido da
força que atua é oposto ao sentido do campo (fig. 266-b).

Figura 266

Concluímos que regra prática para sabermos o sentido do campo magnético em um ponto é
verificarmos o sentido em que se desloca uma massa magnética norte colocada nesse ponto.
Entre as diversas regras práticas existentes para assinalar esse sentido, existem a do
observador de Ampère, a do saca-rolhas, de Maxwell, e a da mão direita.

a. Regra do observador, de ampère

Imaginemos um observador olhando para um ponto A, colocado paralelamente à corrente, de


tal maneira que a corrente entre pelos pés e saia pela cabeça. Um polo norte, colocado nesse
ponto A, gira para a esquerda do observador. Esse é o sentido do campo no ponto A (fig. 267).
Figura 267

b. Regra do saca-rolhas, de Maxwell

Pode ser aplicada de duas maneiras:

1a) Se o condutor é retilíneo, imagine o saca-rolhas avançando no sentido da corrente e com a


ponta do cabo num ponto A ; o sentido de rotação do cabo é o sentido do campo no ponto A
(fig. 268-a).

2a) Se o condutor é curvo, por exemplo circular, imagine o saca-rolhas girando no sentido da
corrente; então ele avança no sentido do campo (fig. 268-b).

Figura 268

c. Regra da mão direita

Também pode ser aplicada de dois modos:

1a) Se o condutor é retilíneo, imagine o polegar da mão direita esticado e apontando no sentido
da corrente, e os outros quatro dedos fechados sobre o condutor. Então esses quatro dedos
acompanham o sentido do campo (fig. 269).

Figura 269
2a) Se o condutor é curvilíneo, imagine os quatro dedos da mão direita acompanhando o
sentido da corrente; então o polegar esticado indica o sentido do campo.

Exemplos de campos magnéticoas criados por correntes elétricas

1º - Campo criado por condutor retilíneo

Seja uma corrente elétrica de intensidade i atravessando um condutor retilíneo. Suponhamos


que esse condutor seja atravessado por um cartão, colocado perpendicularmente a ele (fig.
270). Colocando limalha de ferro sobre o cartão, essa limalha se orientará no campo magnético
segundo as linhas de força do campo. Observamos que a limalha de ferro se distribui segundo
circunferências concêntricas, cujo centro está no próprio condutor. Isso mostra que as linhas de
força do campo magnético criado pelo condutor retilíneo são circunferências concêntricas, com
o centro no próprio condutor.

Figura 270

Num ponto A qualquer o vetor campo tem o


sentido que concorda com o sentido das linhas
de força, e é dado pela regra do saca-rolhas,
de Maxwell, ou pela do observador, de Ampère,
ou da mão direita. A figura 271 mostra as linhas
de força do campo criado por condutor
retilíneo, vistas de cima; o sentido assinalado
supõe que a corrente saia do papel.

A figura 270 mostra como podem ser obtidos


os espectros magnéticos dos campos criados
por correntes: o condutor é colocado em série Figura 271
com um acumulador, que fornece corrente; um
reostatato, que controla a corrente; e uma
chave, que abre e fecha o circuito.

2º - Campo criado por condutor circular

Suponhamos um condutor circular com corrente de intensidade i. Essa corrente produz um


campo magnético. Para determinar a forma das linhas de força, atravessamos o condutor por
um cartão, e sobre o cartão colocamos limalha de ferro. A disposição do pó de ferro dá o
aspecto das linhas de força. Observamos que a limalha se distribui por circunferências
concêntricas cujos centros são os pontos A e B, onde o condutor fura o cartão (fig. 272).

Figura 272
Os sentidos das linhas de força podem ser obtidos pela aplicação da regra do saca-rolhas;
observemos que no plano do círculo, todas as linhas de força têm sentidos coincidentes. Como
consequência, no centro do círculo há um campo magnético perpendicular ao plano da figura e
dirigido para trás.

Pode-se usar a mesma montagem indicada na figura 270 , com o acumulador, o reostato e a
chave.

3º - Campo criado por um solenóide

Chama-se solenóide a um condutor enrolado em espiral. Se as espiras são bastante


próximas, podemos considerar cada espira como um condutor circular. Para determinar as
linhas de força do campo criado pelo solenóide, atravessamos o solenóide por um cartão e
colocamos limalha de ferro. Como o campo resultante é a soma dos campos produzidos pelas
espiras, obtemos a disposição indicada na figura 273. A montagem do acumulador, do reostato
e da chave é igual à da figura 270.

Figura 273

O sentido das linhas de força pode ser dado pela regra do saca-rolhas ou pela regra da mão
direita. No centro do solenóide as linhas de força são retas paralelas e, portanto, o campo
magnético é uniforme. Por fora do solenóide, as linhas de força se curvam, para se fechar.

Pólo do solenóide

As linhas de força do campo magnético produzido por um solenóide são idênticas aos do
campo magnético produzido por um ímã. Na prática, é indiferente produzir-se um campo
magnético por um ímã ou por um solenóide.

Num ímã, as linhas de força saem do polo norte e entram no polo sul. Por analogia, chama-se
polo norte ou face norte de um solenóide à extremidade do solenóide por onde saem as linhas
de força. Chama-se polo sul ou face sul de um solenóide a extremidade por onde entram as
linhas de força (fig. 274).

Figura 274
A um simples condutor circular também atribuímos face norte e face sul, pois ele pode ser
considerado um solenóide de uma única espira (fig. 275).

Figura 275

Cálculo do campo magnético em um ponto - 1ª Lei elementar de Laplace ou Lei de Biot-Savart

Chamamos lei elementar a uma lei que


relaciona uma variação infinitamente pequena
da variável independente, (ou das variáveis
independentes), com uma variação
infinitamente pequena da função (ou das
funções). Suponhamos um condutor AB,
percorrido por corrente elétrica de intensidade i.
Essa corrente elétrica produz um campo
magnético. Para calcularmos o vetor campo
, em um ponto M qualquer, imaginamos o
condutor AB dividido em um número muito
grande de partes: essas partes terão
comprimentos muito pequenos. Calculamos o

campo magnético que cada uma dessas


partes produz em M . Depois efetuamos a

soma vetorial de todos esses campos e Figura 271


obtemos o campo total que o condutor
inteiro AB produz em M. A lei que permite o

cálculo do campo (pequeno) produzido por


um elemento CD (pequeno) do condutor, é uma
lei elementar: é a 1a lei elementar de Laplace,
também chamada lei de Biot-Savart, por muitos
autores.

1ª - Lei elementar de Laplace

Suponhamos um elemento qualquer do condutor, por exemplo CD, de comprimento . Seja


r a distância do ponto M a , o ângulo formado por e r (fig. 276).

A 1a lei elementar de Laplace diz que: “o campo magnético que o elemento de comprimento
produz no ponto M:

1o) é independente do meio em que se encontram e o ponto M;


2o) é independente da ação simultânea de outros corpos magnéticos sobre o ponto A;

3o) tem direção perpendicular ao plano determinado por M e ;

4o) tem módulo dado por:

O sentido do campo é dado pela regra do saca-rolhas, ou regra do observador de Ampère, ou


regra da mão direita.

Uma vez conhecidos os campos elementares , o campo total é obtido pela soma

vetorial dos

Exemplo - campo criado no centro de um condutor circular

Suponhamos um condutor circular, de raio R,


percorrido por corrente elétrica de intensidade i.
Um elemento qualquer AB do condutor produz

no centro M um campo magnético (fig.


277). Neste caso, a distância do ponto M aos
elementos é o próprio raio R do círculo. A

direção de é perpendicular ao plano


determinado por M e , que neste caso é o

plano do círculo. Logo, é perpendicular ao

plano do círculo. O sentido é dado pela


regra do saca-rolhas, por exemplo. O módulo

é: Figura 277

Mas, neste caso:

Fica:

É fácil ver que os outros elementos do condutor produzem no ponto M, campos de mesma

direção e mesmo sentido que esse . O campo resultante terá então a mesma direção, (isto
é, será perpendicular ao plano do círculo), o mesmo sentido, e terá por módulo a soma dos
módulos:
Podemos por em evidência , por ser constante. Fica:

Mas, neste caso, é o comprimento da circunferência:

Fica:

ou

Campo magnético criado por um condutor retilíneo - Lei de Biot e Savart

Suponhamos um condutor retilíneo


infinitamente comprido, percorrido por
corrente elétrica de intensidade i. Em um
ponto A, situado à distância do condutor,
o campo magnético tem (fig. 278):

1ª - Direção

Perpendicular ao plano determinado por A e


o condutor; no caso da figura ao lado é
perpendicular ao plano do papel;

2º - Sentido

Dado pela regra do saca-rolhas, ou pela


regra do boneco, de Ampère, ou pela da
mão direita;

Figura 278
3º - Módulo

Dado por

Essa expressão pode ser calculada a partir da primeira lei elementar de Laplace. Mas Biot e
Savart a demonstraram experimentalmente, independentemente da lei de Laplace. Por causa
disso ela é chamada lei de Biot e Savart. (Nós aqui não damos a demonstração porque não
pode ser feita só com matemática elementar).

Unidade de intensidade de corrente do sistema CGSEM

Essa unidade é obtida a partir da equação do campo magnético que um condutor circular
produz no seu centro:

Daí tiramos:

Devemos então considerar:

Resulta:

“Unidade CGSEM de intensidade de corrente elétrica também chamada abampère é a


intensidade de uma corrente elétrica que, passando em um condutor circular de raio 1cm,
produz no centro do condutor um campo magnético de intensidade oersteds”.

Relação entre o ampère e o abampère

Demonstraremos essa relação com as três observações seguintes.

1a) A permeabilidade magnética do vácuo vale 1 gauss/oersted no sistema CGSEM; e

no MKS, o que nos faz concluir que:

ou seja:
2a) Consideremos a fórmula que exprime a força que atua em dois condutores retilíneos
paralelos percorridos por correntes e , e que serve para a definição do ampère:

Se usarmos todas as unidades CGSEM podemos escrever:

de onde tiramos:

3a) Se considerarmos nessa mesma fórmula os elementos que entram na definição do ampère,
conforme já vimos no tópico "Sistemas de Unidades em Magnetismo e Eletromagnetismo" ,
temos:

isto é:

de onde tiramos:

No segundo membro dessa igualdade podemos transformar as unidades para o sistema

CGSEM, usando a relação e lembrando que .


Resulta:

o que significa, de acordo com a relação , que:

ou

ou

É a relação entre a unidade de intensidade de corrente do sistema CGSEM e a do MKS, e é


uma das relações fundamentais entre unidades eletromagnéticas.

Unidade de carga elétrica, diferença de potencial, resistência e condutância no sistema


CGSEM

1. Unidade de carga elétrica

Chama-se abcoulomb (símbolo, abc). É definida a partir da equação , considerando-


se:

Resulta:

Deixamos ao leitor, como exercício, enunciar por extenso o abcoulomb, e demonstrar que:

2. Unidade de diferença de potencial

Chama-se abvolt (símbolo, abv). É definida a partir da equação

,
considerando-se:

Resulta:

Deixamos ao leitor, como exercício, escrever por extenso a definição do abvolt, e demonstrar
que:

3. Unidade de resistência

Chama-se abohm (símbolo, ). É definida a partir da lei de Ohm:

considerando-se:

Resulta:

Escreva o leitor por extenso a definição do abohm, e demonstre que:

4. Unidade de condutância

Chama-se abmho. Pode ser definida pela equação:

isto é,
Escreva o leitor por extenso a definição do abmho, e demonstre que:

Nome das unidades CGSEM

O leitor já deve ter observado que os nomes das unidades magnéticas do CGSEM são obtidas
por combinações dos nomes das três unidades: oersted, gauss e maxwell (veja os quadros de
resumo no fim dos Capítulos 12 e 13). Mas, os nomes das outras unidades desse sistema, que
não são formados por combinações daqueles três nomes, são obtidos do seguinte modo: ao
nome da unidade correspondente do sistema MKS se adiciona o prefixo AB. Assim, a unidade
de intensidade de corrente é chamada abampère, a de diferença de potencial, abvolt, etc..

Analogamente ao que acontece com o sistema CGSES, com o CGSEM se dá o seguinte:

1o) Em vez de se usar o nome de uma unidade como está mencionado acima, pode-se indicar
a unidade escrevendo-se: unidade CGS eletromagnética de ……… (nome da grandeza).

Exemplo

Em vez de se usar o nome abampère para unidade de intensidade de


corrente, pode-se escrever: unidade CGS eletromagnética de intensidade
de corrente (abreviadamente: , ou ).

2o) Quando não há possibilidade de confusão, isto é, quando se sabe de antemão qual a
grandeza que está sendo tratada, não é necessário indicar o nome dela nem escrever CGS.
Basta escrever: unidade eletromagnética.

Exemplo

Não é necessário escrever: a carga elétrica do elétron é


unidades CGS eletromagnéticas de carga elétrica, porque já se sabe que
se trata de uma carga elétrica. Basta escrever: a carga elétrica do elétron é

unidades eletromagnéticas. E abreviadamente:


uem.

A unidade de intensidade de campo magnético do sistema MKS

No "Unidades de Intensidade de Campo" vimos que o praoersted, ou ampère/metro, é definido


como a intensidade do campo magnético num ponto, quando a massa magnética de um weber
colocada nesse ponto fica sujeita à força de um newton. Mas, ele também pode ser definido a
partir da lei de Biot e Savart para o campo produzido por condutor retilíneo.

Considerando-se:
resulta:

ou praoersted .

É daqui que provem o nome ampère/metro.

Podemos então dar a seguinte definição: ampère/metro, ou praoersted é a intensidade do


campo magnético produzido por uma corrente de meio ampère que circula em um condutor
retilíneo infinitamente comprido, num ponto situado a um metro do condutor.

Relação entre o praoersted e o oersted

Temos:

Mas,

Logo,

Mas, , como indicou, por exemplo, as fórmulas 159 e 160. Então:

Outras relacões entre unidades MKS e CGSEM

Como já sabemos que:

deixamos a cargo do leitor, como exercício, demonstrar as seguintes relações:


Indução magnética no campo produzido por corrente elétrica

Sendo a permeabilidade magnética do meio no qual a corrente elétrica produz o campo, e


o vetor campo magnético num ponto, a indução magnética nesse ponto é, por definição,

Na 1a lei elementar de Laplace já está enunciado que o campo magnético que a corrente
produz NÃO DEPENDE DO MEIO; ele depende só da intensidade da corrente elétrica e da
forma geométrica do condutor. Mas, na expressão da indução magnética, B, aparece a
permeabilidade magnética , que depende do meio. Logo, a indução magnética B DEPENDE
DO MEIO, QUANDO O CAMPO MAGNÉTICO É PRODUZIDO POR CORRENTE ELÉTRICA.
Compare este resultado com o caso em que o campo magnético é produzido por ÍMÃ, visto no
tópico "Indução Magnética ou Densidade de Fluxo Magnético".

Para calcularmos a indução magnética em um ponto, calculamos o campo H nesse ponto, pela
lei de Laplace. Depois multiplicamos esse campo por .

Aplicações do 1º fenômeno eletromagnético

Os campos magnéticos criados por correntes elétricas têm numerosas aplicações. Veremos
algumas importantes e que utilizamos constantemente na vida diária.

1ª - Princípio de funcionamento dos galvanômetros de imã móvel

De modo geral, chama-se galvanômetros aos instrumentos de medida que funcionam pela
ação entre uma corrente elétrica e um ímã permanente. São muito sensíveis, e por isso são
usados para a medida de correntes muito pequenas. Há dois tipos:

1o) galvanômetro de ímã móvel e bobina fixa;

2o) galvanômetro de bobina móvel e ímã fixo.

Veremos agora como funcionam os primeiros. Os segundos serão vistos no capítulo seguinte.
a. Galvanômetro de imã móvel

Um ímã permanente, NS, suspenso pelo


centro de gravidade, é colocado no interior de
uma bobina. Quando não passa corrente pela
bobina, o ímã fica com o eixo na direção do
meridiano magnético do lugar. Quando passa
a corrente i, que desejamos medir, ela cria
um campo magnético. Os polos do ímã ficam
sujeitos a forças, e o ímã se desloca, girando
de um ângulo (fig. 279).

Pode-se demonstrar que esse ângulo é


diretamente proporcional à corrente i, isto é,
que:

K é uma constante que depende do Figura 279


instrumento e do lugar em que o
galvanômetro está sendo usado, pois o
campo magnético da Terra também exerce
ação sobre o ímã. Para um mesmo
galvanômetro essa constante deve ser
determinada no lugar em que ele vai ser
usado.

Para medirmos o ângulo , em geral há um espelho E preso à suspensão do ímã. O ângulo é


então medido pelo método de Poggendorff (de rotação de espelho).

b. Galvanômetro das tangentes, ou bússola das tangentes

É um tipo particular de galvanômetro de ímã móvel. Neste galvanômetro a bobina é chata, de


espiras circulares e é colocada com o plano dos círculos coincidindo com o plano meridiano
magnético do lugar (fig. 280). O ímã NS é muito pequeno em relação à bobina e é colocado no
centro O dela. Quando não passa corrente pela bobina, o ímã, suspenso pelo centro de

gravidade, indica a direção do campo magnético terrestre, . Quando passa a corrente i, que
desejamos medir, ela produz um campo magnético perpendicular ao plano das espiras (ver
tópico "Exemplo - Campo Criado no Centro de um Condutor Circular"), e, portanto, horizontal.
Se a bobina tivesse uma só espira, o campo H valeria (ver tópico "Exemplo - Campo Criado no
Centro de um Condutor Circular"):
Figura 280-a

Figura 280-b

Figura 280-c

Mas, como tem n espiras, o campo é n vezes mais forte, isto é,

O campo que atua no ímã, que era , agora é , soma de com H.

O ímã gira então de um ângulo , sob a influência de dois campos horizontais: o campo

produzido pela corrente i, e a componente horizontal do campo magnético terrestre, . Pela


figura c vemos que:

de onde:
Mas,

é uma constante para um mesmo galvanômetro num mesmo lugar da Terra. Chamando K a
esse fator, temos:

isto é, a intensidade da corrente é diretamente proporcional à tangente do ângulo de que girou


o ímã. Daí o nome, galvanômetro das tangentes.

2ª - Eletroimã

Os eletroímãs são constituídos por uma barra de ferro, ao redor da qual é enrolado um
condutor. Quando passa corrente pelo condutor, ela produz um campo magnético; e a barra de
ferro, ficando em um campo magnético, se imanta. Podemos saber onde aparece o polo norte
aplicando, por exemplo, a regra do saca-rolhas.

O uso de eletroímãs oferece várias vantagens:

1a) se quisermos inverter os polos, basta invertermos o sentido da corrente;

2a) é somente a imantação por corrente elétrica que nos fornece ímãs muito possantes;

3a) podemos usar uma barra de ferro doce (ferro puro), que tem a propriedade de só se imantar
enquanto estiver passando a corrente; e se neutraliza logo que a corrente é desligada.
Assim, temos um ímã que só funciona quando queremos. (Nota: o aço, ao contrário,
permanece imantado mesmo quando cessa a causa da imantação).

Os eletroímãs, em geral, não têm forma de barra, mas a forma de U, indicada na figura acima.
Em uma peça n de ferro doce, se enrolam duas bobinas, B e ; os seus enrolamentos são
postos em série e de tal forma que a corrente que passe por elas produza campo no mesmo
sentido. Em geral, têm também uma peça de ferro doce que é atraída pelos polos quando o
eletroímã funciona. A peça n é chamada núcleo; a peça a é chamada armadura.

Os eletroímãs têm inúmeras aplicações, desde em instalações delicadas, como telégrafos,


telefones e campainhas, até em grandes instalações industriais. Veremos, a seguir, exemplos
de utilização de eletroímãs.
3ª - Disjuntor

O disjuntor é um eletroímã que funciona como interruptor de circuitos. É usado quando se quer
proteger um dispositivo qualquer M de correntes muito elevadas. Esse dispositivo M é ligado
em série com a bobina do eletroímã, de maneira que a mesma corrente i que passa por M
também passa pela bobina (fig. 282). A armadura A do eletroímã é sustentada pela mola m de
tal maneira que para valores admissíveis de i ela não se desloca para os polos. Mas, para
valores de i superiores a um valor prefixado, a força de atração sobre a armadura vence a
mola. Então, a armadura desce, a haste AC gira ao redor do ponto O, o ponto D se separa do
ponto E, e o circuito se abre. A corrente deixa de circular, e o dispositivo M fica assim protegido
de uma corrente alta.

Figura 282

4ª - Relé

O relé é um dispositivo que


serve para abrir ou fechar um
circuito. Sua parte fundamental
é um eletroímã, constituído por
uma bobina B, armadura A e
núcleo de ferro N (desenhado
em preto na fig. 283). A bobina é
alimentada por uma corrente i.
Uma peça metálica CDE é
ligada com a armadura, e se
desloca juntamente com ela; a
parte DE dessa peça é flexível,
para facilitar seus
deslocamentos. Uma outra peça
metálica FG é fixa. A finalidade Figura 283-a
do relé é estabelecer ligação
entre os pontos G e E, através
da parte metálica GFCDE, para
fechar o circuito da corrente I,
ou, ao contrário, desfazer a
ligação entre esses dois pontos,
para abrir esse circuito.

Para manter aberto o circuito da corrente I devemos retirar a corrente i da bobina; então a
bobina deixa de funcionar, e a mola M mantém a armadura na posição indicada na figura; os
pontos C e F ficam afastados, e não há ligação entre G e E. Se quisermos fechar o circuito da
corrente I, devemos fazer passar a corrente i pela bobina; então a bobina atrai a armadura, que
gira ao redor do ponto D, os pontos C e F se unem, e se estabelece ligação entre os pontos G
e E.

Figura 283-b

Um relé é, portanto, um interruptor controlado eletricamente. A figura b mostra a posição de um


relé num circuito; sua finalidade é abrir ou fechar o circuito formado pelo gerador g e as

resistências e . A bobina do relé é alimentada por um gerador g , que está em


série com a chave K . Fechando-se a chave K, o relé funciona; abrindo-se esta chave, ele
deixa de funcionar.

Entre as vantagens do uso de relés, podemos citar as seguintes:

1a) a corrente i que o relé utiliza para funcionar é independente da corrente I que ele controla.
Desse modo, com uma pequena corrente i podemos controlar uma grande corrente I;

2a) a corrente i pode ser fornecida por válvulas eletrônicas; com essas válvulas, a corrente
pode ser controlada muito rapidamente, em tempos da ordem de milionésimos de segundo;

3a) o relê pode controlar uma corrente I em um aparelho qualquer colocado muito afastado.

5ª - Campainha

Consta de um eletroímã E, cuja armadura A tem uma extremidade presa a uma mola de aço
flexível B e a outra extremidade a uma haste C que mantém na ponta uma esfera D. A mola B
obriga a armadura a ficar em contato com uma placa metálica F . A corrente é fornecida por
uma pilha P , ou pelo circuito que serve à uma residência (fig. 284). Quando se fecha a chave
S a corrente segue o seguinte caminho: eletroímã, mola B , armadura A, placa F chave S e
volta à pilha. Mas, logo que a corrente passa, acontece o seguinte:

1o) o eletroímã atrai a armadura; esta leva consigo a haste C, e a esfera D bate no tímpano T ;

2o) quando a armadura é atraída, ela se afasta da placa F e o circuito se abre;

3o) com o circuito aberto, cessa a atração sobre a armadura, e a mola B leva novamente a
armadura em contato com F ;

4o) então o circuito se fecha, e tudo se repete. Assim, enquanto a chave S permanecer
fechada, a esfera D alternadamente bate no tímpano e recua. Essa chave S é o que
vulgarmente chamamos o “botão” da campainha; quando apertamos o botão, estamos
fechando o circuito.
Figura 284

6ª - Telégrafo

O princípio de funcionamento é o seguinte: são colocados em série um gerador G, um


eletroímã E e um interruptor C. Esse interruptor tem uma mola M que mantém o circuito aberto.
Para fecharmos o circuito precisamos apertar o “botão” B do interruptor. Quando um operador
fecha o circuito em C, o eletroímã atrai a sua armadura A. Então a haste AD gira ao redor do
ponto O, e um estilete, colocado em D, encosta em uma fita de papel que se desenrola de um
cilindro P . Esse estilete fica encostado no papel durante todo o tempo em que o interruptor C
permanecer fechado. Assim, se se fechar o interruptor por um instante, aparecerá na fita de
papel um ponto. Se se fechar C por algum tempo aparecerá na fita um traço. Como se sabe,
em telegrafia as letras do alfabeto são representadas por combinações de traços e pontos.
Assim, um observador, atuando no interruptor C pode mandar uma mensagem a outro que
receba junto ao eletroímã, colocado à distância muito grande.

Figura 285

Nas instalações telegráficas, em vez de se usarem dois fios para a condução da corrente, uma
para ida e outro para volta, usa-se um só, o outro fio é substituído pela terra. Como esta é
condutora, transporta corrente de uma estação à outra, bastando para isso ligar as
extremidades do circuito à terra, como indica a figura 285.

7ª - Fonte

O fone (a parte do telefone por onde ouvimos) também é um eletroímã, cuja armadura A é uma
lâmina muito delgada (fig. 286). A corrente i chega ao eletroímã vinda do microfone de um
outro telefone, no qual há outra pessoa falando. Essa corrente é variável; ela acompanha as
variações da voz da pessoa que está falando no outro telefone. À medida que a corrente varia,
a atração do eletroímã sobre a armadura A também varia, e a armadura vibra. Essas vibrações
produzem som, que é uma reprodução do som que, no outro telefone, faz variar a corrente i.
Figura 286

Teorias do magnetismo

Um corpo que normalmente é neutro pode ser imantado. Isso acontece, por exemplo, com o
ferro. Para explicar o magnetismo, antigamente admitiam que na constituição de todos os
corpos entrasse um número muito grande de pequenos ímãs. Admitiam que no corpo neutro,
esses ímãs tivessem orientações quaisquer, e seus polos, assim, neutralizassem seus efeitos.
E que, quando o corpo fôsse colocado em um campo magnético, todos esses ímãs se
orientassem, de maneira que não haveria mais neutralização de todos os polos, e o corpo se
apresentaria imantado.

Hoje sabemos que não existem esses ímãs interiores, mas que existem elementos
equivalentes: as partículas constituintes do átomo, dotadas de carga elétrica e em movimento
no interior do átomo, comportam-se como pequenos ímãs. Por exemplo, um elétron que gira
numa órbita constitui uma corrente elétrica, e portanto produz um campo magnético. Num
corpo neutro essas partículas geram campos que se neutralizam. Num ímã, seus campos não
se neutralizam, e dão um campo total não nulo.

Resumo

1 – 1a lei elementar de Laplace:

2 – O sentido do campo magnético produzido por corrente é dado pelas três regras: do saca-
rolhas, de Maxwell do boneco, de Ampère da mão direita.

3 – Campo magnético no centro de condutor circular:

4 – Campo magnético criado por condutor retilíneo (lei de Biot e Savart):

.
5 – Unidades a serem usadas nessas fórmulas:

GGSEM: oersted abampère centímetro

MKS: praoersted ampère metro *

Resumo das unidades estudadas nesse capítulo

Grandeza Símbolo Unidade Unidade Relação


CGSES MKS

Intensidade de
I ou i ab A A
corrente

Carga elétrica Q ou q abc c

Diferença de potencial V ou v abv v

Resistência R ou r

Condutância C ou c abmho mho

Intensidade de campo
Oersted Praoersted
magnético

Permeabilidade
magnética

Susceptibilidade
magnética

Massa magnética m uem CGS weber

Fluxo magnético maxwell weber

Momento magnético

Densidade magnética
gauss

Intensidade de
imantação gauss

Indução magnética
Gauss

Nota: A relação dada indica o número de unidades eletromagnéticas necessárias para


perfazerem uma unidade MKS.
Nota Histórica

No século passado, o período compreendido entre os anos de 1819 e 1831 foi dos mais férteis
em descobertas no campo da eletricidade. Os fenômenos básicos do eletromagnetismo foram
descobertos entre aquelas datas. A observação que Oersted fez, em 1819, de que uma
corrente elétrica desvia a agulha de uma bússola, marca o início de uma época da Física que
iria influir profundamente na história da humanidade. A ação mútua de um ímã e uma corrente
elétrica aguçou a curiosidade de muitos investigadores que até então não se dedicavam ao
estudo da eletricidade, principalmente um grupo de franceses. A primeira grande aplicação da
descoberta de Oersted foi feita três anos mais tarde, por Dominique François Arago e Joseph
Luis Gay-Lussac. Este, muito conhecido por seus trabalhos em Química. Eles observaram que
quando passava corrente em um condutor enrolado numa barra de ferro, esta se imantava:
estava, pois, inventado o eletroímã. No mesmo ano, Andrè Marie Ampère estabeleceu a “regra
do observador”, e descobriu que um solenóide atua como um ímã. Posteriormente, Jean
Baptiste Biot e Felix Savart descobriram, ao mesmo tempo, e independentemente um do outro,
a lei que leva seus nomes.

Este é um dos muitos exemplos conhecidos nas ciências, de uma descoberta feita ao mesmo
tempo por dois ou mais investigadores que trabalham independentemente um do outro. Isso
porque uma descoberta só pode ser realizada quando o assunto já atingiu o necessário grau
de maturidade. Não seria normal, por exemplo, Biot, ou Savart, descobrir a lei 50 anos antes
daquela época, porque então eles não conheceriam os trabalhos de seus predecessores, que
lhes serviram de base.

Exercícios propostos

1. Um condutor retilíneo é percorrido por uma corrente elétrica de 10A. Calcular: a) a


intensidade do campo magnético e a indução magnética num ponto situado a 2mm, sabendo
que a permeabilidade magnética do meio é igual a 1,8 gauss/oersted; b) a força que atua numa
massa magnética de colocada nesse ponto.

Solução

Temos:

a) Pela lei de Biot e Savart:

Fica:

Para transformarmos para o sistema MKS fazemos a proporção:


A indução vale:

b) A força que atua na massa magnética m vale:

2. Um condutor circular de 12cm de diâmetro é percorrido por uma corrente de 100A em um


meio de permeabilidade magnética igual a 120 no sistema CGSEM. Calcular: a) a intensidade
do campo magnético e a indução magnética no centro do condutor; b) a força que atua na
massa magnética de 200 uem CGS colocada nesse ponto.

3. Para se determinar a permeabilidade magnética de um meio, coloca-se nesse meio um


condutor circular de 0,03 m de diâmetro. Faz-se passar pelo condutor uma corrente de 200A, e
mede-se no centro do condutor uma indução magnética de 3348 Weber. Qual a
permeabilidade magnética?

4. Um condutor retilíneo é colocado na posição vertical e percorrido por uma corrente de 30A.
Um ímã de 3cm de comprimento, cujos polos têm suspenso pelo centro de
gravidade e colocado de maneira que sua linha norte-sul fique num plano horizontal e essa
linha prolongada, encontra o condutor. Um dos polos do ímã está a 2cm do condutor. 1 o)
Calcular o momento das forças que atuam nos polos do ímã. 2o) Indicar na figura asbaixo o
sentido da rotação do ímã.

5. Um condutor retilíneo é colocado na posição vertical e percorrido por uma corrente de 20A.
Outro condutor retilíneo é colocado na posição horizontal e percorrido por uma corrente de
30A. Imagine um ponto situado entre os dois condutores na reta da menor distância entre eles
(perpendicular comum), a 2cm do condutor vertical e a 4cm do condutor horizontal. Sendo a
permeabilidade magnética do meio igual a 25 gauss/oersted, calcular a intensidade do campo
magnético e a indução magnética nesse ponto.

6. Transformar: a) 4.000 gauss para ; b) 200 webers para maxwells; c) a


permeabilidade de 120 gauss/oersted para ; d) a massa magnética de 5.000 uem CGS
para unidades MKS; e) a intensidade de imantação de para gauss.

7. Uma bobina circular chata de 10cm de diâmetro contém 200 espiras e é percorrida por uma
corrente de 5A. Calcular: a intensidade do campo magnético e a indução magnética no seu
centro, no ar, usando obrigatoriamente o sistema MKS.

8. Um condutor retilíneo de 1m de comprimento é percorrido pela corrente de 10A. Calcular: a)


a intensidade do campo magnético e a indução magnética num ponto situado a 2cm do
condutor, no ar; b) a força que atua na massa magnética de 0,00005 weber colocada nesse
ponto. Usar, obrigatoriamente, o sistema MKS.

9. Uma bobina circular chata com 100 espiras, de 12cm de diâmetro, produz no centro uma

indução magnética de , no ar. Qual a intensidade da corrente?

10. Demonstre que .

11. Demonstre que .

12. Demonstre que .

13. Um condutor circular de 5cm de raio é percorrido pela corrente de 100A. No plano do
círculo, a 2cm dele, há um condutor retilíneo infinitamente comprido, percorrido pela corrente
de 3,5 ab A. Calcular: a) a intensidade do campo magnético e a indução magnética no centro
do círculo, supondo os condutores no ar; b) idem, supondo os condutores num meio de
permeabilidade magnética 1,5 gauss/oersted.

14. Com um fio de cobre de 0,4mm de diâmetro quer-se construir uma bobina chata de 20
espiras e 10cm de raio, que produza no centro um campo magnético de 80 oersteds. Calcular:
a) quantos metros de fio são necessários; b) a diferença de potencial que deve ser aplicada à

bobina. Resistividade do cobre, .

15. Demonstre que .

16. Demonstre que .

187 – Demonstre que .

18. Demonstre que .

19. Demonstre que .

20. Desenhe o vetor campo magnético nos pontos A e B dos campos produzidos pelos
circuitos desenhados abaixo:
21. Uma bússola das tangentes (galvanômetro das tangentes) tem uma bobina de 10cm de
raio com 40 espiras, e está trabalhando num lugar da Terra em que a inclinação magnética é
de 60o e a intensidade do campo magnético é de 0,5 oersteds. Calcular: a) a constante do
galvanômetro; b) a intensidade da corrente que produz no ímã uma rotação de 5 o.

22. Quais são os três fenômenos eletromagnéticos?

23. No que consiste a “experiência de Oersted”? Se o leitor dispuser de um “acumulador” de


automóvel, para funcionar como gerador, realize a experiência de Oersted com o circuito
indicado na figura 285.

24. Faça a experiência indicada na figura acima (exercício 21), para determinar a forma das
linhas de força do campo criado por condutor retilíneo.

25. Idem, para o caso de um condutor circular abaixo. Faça o condutor de uns 5cm de raio.

26. Idem, para um solenóide.

27. Enuncie a 1a lei elementar de Laplace.

28. Explique as regras do boneco, do saca-rolhas e da mão direita.

29. Defina indução magnética num ponto do campo criado por uma corrente. De que elementos
depende o valor dessa indução magnética? E quando o campo é produzido por um ímã, de que
depende o valor da indução magnética?

30. Defina abampère (uem CGSi).

31. Defina as seguintes unidades: abcoulomb, abvolt, abohm, abmho.


32. Deduza a expressão do campo magnético e da indução magnética criados no centro de um
condutor circular.

33. Enuncie a lei de Biot e Savart, para o campo de um condutor retilíneo.

34. Explique o funcionamento do galvanômetro de ímã móvel e do galvanômetro das


tangentes. Para se trabalhar com um desses instrumentos, é necessário saber-se o valor do
campo magnético terrestre? Justifique a resposta.

35. Explique o funcionamento de: um eletroímã, um disjuntor, um relé, uma campainha, o


telégrafo, o fone, fazendo uma figura de cada um deles.

36. Se possível, analise a campainha de sua residência para verificar como funciona.

37. Num relé, a corrente que alimenta a bobina é a própria corrente do circuito que o relé abre
ou fecha?

O Segundo fenômeno Eletromagnético

Força exercida sobre um condutor

O segundo fenômeno eletromagnético é o seguinte: suponhamos que um condutor AC seja


colocado em um campo magnético: se por êsse condutor passar uma corrente elétrica, o
campo magnético exercerá uma força sobre ele (fig. 287).

Figura 287

Cálculo da força - 2ª Lei elementar de Laplace

Podemos determinar o módulo, a direção e o sentido da força que atua no condutor.

a. Modulo

É calculado pela 2a lei elementar de Laplace.


Para calcularmos a força, imaginamos o
condutor dividido em um número muito grande
de partes. Cada uma dessas partes é chamada
um elemento do condutor. A 2a lei de Laplace
se refere ao módulo da força que atua em cada
um desses elementos; por isso é chamada lei
elementar. Figura 288

Seja:
o comprimento de um elemento;

i a intensidade da corrente;

a indução magnética no lugar em que está o elemento;


o ângulo formado por e a tangente ao elemento.

A 2a lei elementar de Laplace diz que o módulo da força que atua em vale:

Isto é, a força que atua no elemento de condutor é diretamente proporcional à intensidade da


corrente, à indução magnética, ao comprimento do elemento e ao seno do ângulo que o
elemento faz com a indução magnética. Essa é a 2a lei elementar de Laplace.

A força que atua no condutor inteiro é dada pela soma vetorial de todos êsses .

b. Direção

é perpendicular ao plano determinado por e . No caso da figura 288, o plano


determinado por e é o próprio plano do papel; então é perpendicular ao plano do
papel.

c. Sentido

É dado por uma regra prática, chamada regra


dos três dedos da mão esquerda: colocando-se
o polegar no sentido do campo e o indicador no
sentido da corrente, então o médio dará o
sentido da força (fig. 289). Êsses três dedos
devem ser da mão esquerda. Na figura
anterior, por exemplo, é dirigida para trás
do papel.

NOTA IMPORTANTE

É muito importante comparar o


comportamento de um campo
magnético em relação a um ímã com
o comportamento em relação a uma Figura 289
corrente elétrica. Quando um ímã é
colocado num campo magnético, a
força que atua na massa magnética é
dada por:

Quando uma corrente elétrica é colocada em um campo magnético, a força que atua num
elemento do condutor vale:
Portanto, a intensidade de campo magnético, , é responsável pela força que atua numa
massa magnética (num ímã); a indução magnética, , é responsável pela força que atua
numa corrente elétrica (num condutor).

Observação relativa às duas leis elementares de Laplace

Poderá ocorrer ao leitor a seguinte dúvida: como se deduzem as duas leis elementares de
Laplace?

Essas duas leis não têm demonstração. Elas são na verdade dois postulados; isto é, nós
admitimos, como ponto de partida para o estudo dos dois primeiros fenômenos
eletromagnéticos, que as duas equações de Laplace sejam verdadeiras, sem demonstrá-las
diretamente. E sabemos que elas realmente são verdadeiras porque as aplicações dessas
duas leis elementares sempre nos levam a resultados que são confirmados pela experiência.

Exemplo - Codutor retilíneo colocado em campo magnético uniforme

Seja o comprimento do condutor retilíneo AC, a indução magnética do campo uniforme;


o ângulo formado entre e AC. Um elemento qualquer do condutor, de comprimento ,
fica sujeito a uma força , cuja direção é perpendicular ao plano formado por e ,
sentido dado pela regra dos três dedos da mão esquerda, e módulo dado por:

O condutor sendo retilíneo, todos os têm a mesma direção e o mesmo sentido (fig. 290). A
força total tem, então, a mesma direção e o mesmo sentido que os , e tem por módulo a
soma dos modulos:

Figura 290

Mas,

Então
Caso particular

1º - O condutor é perpendicular ao campo

Neste caso, .

Então .

Resulta:

Como o valor +1 é o máximo valor do seno, esta é a posição em que um condutor fica sujeito à
força máxima (fig. 291).

Figura 291

2º - O condutor é paralelo ao campo

Neste caso, ou 180o. Mas, .

Figura 292

Resulta:

Então, no caso particular em que o condutor é paralelo ao campo, nenhuma força atua nele.

Ação mútua entre correntes e imãs

Uma corrente elétrica produz um campo magnético; então, um ímã, colocado próximo da
corrente, fica sujeito a forças (1o fenômeno eletromagnético). Mas o ímã também produz um
campo magnético; então uma corrente elétrica, colocada próxima do ímã fica sujeita a forças
(2o fenômeno eletromagnético).
Para demonstrar a ação mútua de correntes e ímãs podemos realizar a experiência da figura
abaixo. Um solenóide, ligado em série com um gerador e um interruptor, é suspenso pelo
centro de gravidade, para que possa oscilar e transladar-se um pouco. Um ímã, também é
suspenso pelo centro de gravidade próximo do solenóide. Mantendo-se o solenóide fixo, e
fechando-se o interruptor, forma-se o campo magnético do solenóide, e observa-se nitidamente
um deslocamento do ímã. Mantendo-se o ímã fixo, e fechando-se o interruptor, nota-se
nitidamente um deslocamento do solenóide. E, deixando-se os dois livres, ao fechar-se o
interruptor se observa nitidamente deslocamentos dos dois. Podemos também observar que
polos de mesmo nome do solenóide e do ímã se repelem, e os de nomes contrários se atraem,
analogamente aos polos de dois ímãs.

Figura 293

Ação mútua entre correntes

Duas correntes elétricas próximas exercem forças entre si. Isto porque, cada uma delas produz
um campo magnético (1o fenômeno eletromagnético); e a outra, estando colocada nesse
campo magnético, fica sujeita a forças (2o fenômeno eletromagnético).

Podemos demonstrar a ação mútua entre correntes com a experiência da figura abaixo. Dois
solenóides são suspensos pelos centros de gravidade, cada um deles ligado a um gerador e a
um interruptor. Quando fechamos os interruptores cada uma das correntes produz um campo
magnético como o que está indicado na figura a. A corrente i 2, estando no campo magnético da
corrente i1, fica sujeita a uma força; a corrente i1, estando no campo magnético da corrente i2,
fica sujeita a uma força. Observamos então o seguinte: mantendo o solenóide (1) fixo, no
instante em que fechamos os interruptores, o solenóide (2) se desloca; mantendo o solenóide
(2) fixo, no instante em que fechamos os interruptores, o solenóide (1) se desloca; deixando os
dois livres, ambos se deslocam.

Figura 294
Se considerarmos os polos do solenóide, constataremos que êles se comportam do mesmo
modo que os polos dos ímãs: os de nomes contrários se atraem, e os de mesmo nome se
repelem.

Forças entre dois condutores retilíneos paralelos

Calculemos as forças que, reciprocamente, se


exercem dois condutores retilíneos, paralelos,
afastados pela distância a (fig. 295). Seja o
comprimento dos condutores, i1 a corrente do
condutor (1), i2 a do condutor (2). Calculemos a
força que o condutor (1) exerce sobre o
condutor (2).

O condutor (1) produz, em todos os pontos do


condutor (2) um campo cuja indução magnética
tem: Figura 295

módulo: dado pela lei de Biot e Savart

direção: perpendicular ao plano dos dois condutores.

sentido: para trás da figura (verifique pela regra do boneco, de Ampère).

Em todos os pontos do condutor (2) existe uma indução igual a essa . Então tudo se passa
como se o condutor (2) estivesse em um campo magnético uniforme de indução magnética
e perpendicular ao condutor. A força que atua nesse condutor tem então:

direção: perpendicular ao plano determinado por e o condutor, portanto, está no plano da


figura.

sentido: do condutor (2) para o condutor (1) (verificar pela regra dos três dedos da mão
esquerda).

módulo: (tópico "Cálculo da Força - 2a. lei elementar de Laplace", 1o caso


particular).

Substituindo pelo seu valor, resulta:

Essa é a importantíssima fórmula tomada como base para a definição do AMPÈRE, à qual já
nos referimos nos tópicos "A Formação do Sistema MKS em Eletricidade" e "Sistemas de
Unidades em Magnetismo e Eletromagnetismo" .

Deixamos a cargo do leitor demonstrar o seguinte:


1o) que a força que o condutor (2) exerce sobre o condutor (1) tem êsse mesmo valor, e é
dirigida para o condutor (2);

2o) vemos que, no caso da figura acima, em que as duas correntes têm o mesmo sentido, os
dois condutores se atraem; demonstre que quando as duas correntes têm sentidos opostos os
condutores se repelem.

Aplicações do 2º fenômeno eletromagnético

O 2o fenômeno eletromagnético tem inúmeras aplicações. Todas elas consistem em se usar


uma combinação de um campo magnético e uma corrente elétrica para se obter uma força num
condutor. Essa força poderá deslocar o condutor; assim obtemos energia mecânica (no
movimento) partindo inicialmente de um campo magnético e uma corrente elétrica.

1ª - Roda de Barlow

É um dispositivo que serve para mostrar como se pode obter movimento de um corpo
utilizando-se um campo magnético e uma corrente elétrica. É uma roda metálica dentada,
suspensa por um eixo horizontal O, cujos dentes submergem no mercúrio contido numa cuba C
(fig. 296). A roda fica colocada entre os polos de um ímã, de maneira tal que o campo
magnético seja perpendicular à roda. A corrente i, fornecida por um gerador, percorre a roda
segundo um raio do círculo, e passa através do mercúrio da cuba C, pois os dentes que estão
em contato com mercúrio fecham o circuito. Vê-se, pela regra dos três dedos da mão
esquerda, que a roda fica sujeita a uma força que atua no plano da roda. Essa força produz
na roda um movimento de rotação. Logo que um dente sai do mercúrio, outro dente entra, o
circuito elétrico se fecha novamente, e tudo se repete. Assim, com a utilização do ímã e da
corrente elétrica a roda gira. A figura 297 é a fotografia de uma roda de Barlow; vêem-se os fios
por onde a corrente chega do gerador, e o ímã, colocado em posição horizontal.

Figura 296

A roda de Barlow é um exemplo de motor elétrico, isto é, um dispositivo que utiliza corrente
elétrica e campo magnético para obter movimento de algum corpo.
Figura 297

2ª - Quadro plano em campo magnético uniforme


Suponhamos um condutor com a forma
retangular ABCD, aberto no lado AB para que
possa receber a corrente i, como indica a figura
298. Imaginemos o quadro ABCD colocado em
um campo magnético uniforme de indução
magnética de tal modo que AD e BC fiquem
perpendiculares ao campo. Aplicando a regra
dos três dedos da mão esquerda vemos que,
quando passa corrente, nos ramos AE e JB
atuam as forças , no lado CD atua a força f.
Tanto f como atuam no plano do quadro e
não produzem movimento do quadro:
simplesmente tendem a deformar os
condutores AE, JB e CD. O lado Ad fica sujeito
à força e BC à força . Essas duas forças
são paralelas, têm sentidos opostos e mesma Figura 298
intensidade ( , tópico "Campo
Magnético em um Ponto Infinitamente Próximo
de um Polo Plano"). Então elas formam um
binário, que dá ao quadro um movimento de
rotação ao redor da reta mn.

Esse é mais um exemplo de como se pode obter movimento de um corpo utilizando-se um


campo magnético e uma corrente elétrica.
3ª - Motor elétrico

Chama-se motor elétrico a qualquer


dispositivo que recebe energia elétrica e
fornece energia mecânica. A roda de Barlow é
um primeiro exemplo de motor elétrico. Mas, os
motores comuns se baseiam no
comportamento do quadro plano colocado no
campo magnético uniforme.

Suponhamos que o quadro ABCD seja disposto


ao redor de um cilindro, como indica a figura
299. O binário formado pelas forças e Figura 299
faz com que o cilindro entre em rotação. Na
prática, em vez de um único quadro, enrolamos
no cilindro muitos quadros, e os seus binários
são somados.

A figura 300 é um esquema de um motor elétrico, mostrando as partes fundamentais de um


motor:

Figura 300

a) um ímã, que produz um campo de indução magnética (em vez de ímã poderia ser uma
bobina);

b) um cilindro, no qual estão enrolados os condutores;

c) um conjunto de condutores, enrolados ao redor desse cilindro de maneira a formar quadros


planos como os que estão indicados na figura 299.

Os quadros planos estão ligados em série. A corrente i que passa por êles é fornecida ao
motor por algum gerador. Para que a corrente chegue até os condutores, no eixo do cilindro
são fixados dois anéis metálicos, que giram solidários com o cilindro. Êsses anéis ficam
encostados a dois pedaços de carvão, chamados escovas, que são ligados aos fios que vão ter
ao gerador. Os condutores do cilindro têm suas extremidades ligadas aos anéis. A corrente
chega por um dos fios ligados ao gerador, passa para a escova, depois ao anel, deste aos
condutores do cilindro, depois de percorrer os condutores vai ao outro anel, escova
correspondente e sai para o outro fio que vai ter ao gerador.
O conjunto do cilindro com os condutores enrolados nele é chamado ROTOR, porque é a parte
que gira. O ímã (ou bobina) que produz o campo é chamado ESTATOR, porque fica fixo.

Ao eixo do rotor ligamos as peças que desejamos por em movimento, como por exemplo, as
rodas de um bonde, as escovas de uma enceradeira, as pás de um ventilador, etc.. Na maior
parte dos casos, o rotor é horizontal; equivale a girar a figura 300 de 90 o.

4ª - Galvanômetro de quadro móvel

Uma outra aplicação do quadro plano colocado em campo magnético uniforme está na
construção de instrumentos de medida. Um desses instrumentos é o galvanômetro de quadro
móvel.

Êsse galvanômetro consiste de:

a) um ímã permanente, que produz um campo magnético entre seus polos;

b) uma bobina, em forma de quadro plano, colocada nesse campo entre os polos do ímã (fig.
301).

Figura301

O quadro é percorrido pela corrente i que se quer medir. Quando a corrente passa, as forças
e fazem o quadro girar de certo ângulo , como está indicado na figura b. Pode-se
demonstrar que o ângulo é diretamente proporcional à corrente i, isto é, que:

onde K é uma constante. K tem um valor conhecido para cada instrumento. Conhecendo-se
e K, determina-se i. Para se medir o ângulo , o galvanômetro tem um espelho E preso ao
suporte da bobina. Quando esta gira, o espelho também gira, e o ângulo de rotação é medido
pelo método de Poggendorff. A figura 302 é a fotografia de um desses galvanômetros.
Resumo

1 – 2a lei elementar de Laplace: .

2 – Sentido de : dado pela regra dos três dedos da mão esquerda.

3 – Força que atua em condutor retilíneo colocado em campo magné tico uniforme:

4 – Unidades a serem usadas nessa fórmula:

GGSEM: abampère gauss centímetro dine

MKS: ampère metro newton

Nota Histórica

O ano de 1822, ano da independência do Brasil, está assinalado na história da Física por dois
acontecimentos empolgantes: um de ordem prática, devido a Faraday, outro de ordem teórica,
devido a Ampère.

No dia de natal daquele ano, Faraday colocou um condutor entre os polos de um ímã, fez
passar corrente elétrica pelo condutor, e êste executou movimento de rotação. Foi a primeira
vez que o homem obteve movimento de rotação a partir de um campo magnético e uma
corrente elétrica: estava inventado o motor elétrico. Como acontece em geral com as
descobertas científicas, ninguém pôde julgar, naquela época, a importância do fato. Decorridas
algumas dezenas de anos foi possível a produção industrial de motores, cujos serviços para o
bem estar humano não é preciso ressaltar.

No campo teórico do eletromagnetismo, Ampère lançou uma idéia revolucionária. Até então
admitiam a existência de “fluidos magnéticos”, que seriam responsáveis pelo magnetismo.
Ampère abandonou essa hipótese, e admitiu que nas moléculas dos corpos existissem
correntes elétricas que produziriam pequenos campos magnéticos. Quando êsses campos
magnéticos se neutralizassem, o corpo seria neutro. Quando não se neutralizassem, o corpo
seria imantado. Se considerarmos que naqueles tempos, o próprio conceito de molécula era
mal definido, podemos julgar quanto arrojada era essa hipótese. Efetivamente, a idéia de
Ampère não foi muito aceita. Ela foi retomada somente quase um século depois. Hoje sabemos
que ela encerra um fundo de verdade. Que o magnetismo é consequência, não de correntes
elétricas moleculares, mas, de correntes elétricas atômicas.

Exercícios propostos

1. Um condutor retilíneo de 2m de comprimento é colocado em um campo magnético de

indução magnética , e é percorrido por uma corrente de 5A. Calcular a força


que atua no condutor, nos seguintes casos: a) condutor perpendicular ao campo; b) condutor
paralelo ao campo; c) condutor faz com o campo um ângulo de 30o.

Solução

Temos:
A força que atua no condutor vale:

a)

b)

c)

2. Um condutor retilíneo de 0,80m de comprimento, percorrido por uma corrente de 20A e


colocado em um campo magnético de intensidade 400 oersteds, num meio de permeabilidade
magnética 50 uem CGS. Calcular a força que atua no condutor nos seguintes casos: a) o
condutor é perpendicular ao campo; b) o condutor é paralelo ao campo; c) o condutor faz com
o campo ângulo de 45o.

3. Dois condutores retilíneos de 2m de comprimento cada são colocados paralelos a 2cm de


distância, num meio de permeabilidade magnética 10 uem CGS. Um é percorrido pela corrente
de 20A, outro pela corrente de 3 uem CGSi. Qual a força que atua nesses condutores?

4. As dimensões do quadro da figura 298 são: AD=BC=20cm; CD=AB=10cm. A corrente que


passa no condutor é de 18 ampères. A intensidade ao campo magnético em que se encontra o
condutor é de 40 oersteds, e a permeabilidade magnética do meio é de

praoersted. Calcular o momento do binário que atua no quadro nas


seguintes posições: a) o quadro é perpendicular ao campo; b) o quadro é paralelo ao campo; c)
o quadro faz com o campo um ângulo de 60o.

NOTA

Vimos no tópico "Força Entre Dois Condutores Retilínios Paralelos",


aplicação 3a, que êsse quadro colocado em um campo uniforme é o
princípio dos motores elétricos. Os cálculos do exercício 195 farão o leitor
sentir como é que por meio de um campo magnético e de uma corrente
elétrica se pode obter rotação de um corpo. É isso o que realmente
acontece com um motor elétrico. Será muito útil ao leitor recapitular o
conceito de receptor e força contra-eletromotriz de un receptor, depois de
ter resolvido êsse exercício (Capítulo 8).

5. No que consiste a ação de um campo magnético sobre uma corrente elétrica?

6. Qual a lei fundamental desse fenômeno?

7. As duas leis elementares de Laplace são “deduzidas” a partir de algumas outras leis? Como
sabemos que elas são válidas?
8. De que elementos depende a força que um campo magnético exerce sobre um ímã? E a
força que um campo magnético exerce sobre uma corrente? Que papel desempenham e
nessas forças?

9. Quando o campo magnético é produzido por corrente elétrica, a força que êle exerce sobre
um ímã depende do meio? E a força que êle exerce sobre uma corrente elétrica?

10. Deduza a fórmula da força que atua em um condutor retilíneo colocado em campo
uniforme.

11. Deduza a fórmula de força que atua em dois condutores retilíneos e paralelos próximos,
percorridos por corrente.

12. Explique como se processa a ação mútua entre um ímã e uma corrente.

13. Explique como aparecem as forças mútuas entre duas correntes.

14. Como funciona a roda de Barlow? Por que podemos dizer que a roda de Barlow é um
motor elétrico?

15. Explique porque se dá a rotação de um quadro plano, percorrido por corrente, quando
colocado em um campo magnético uniforme.

16. Explique o princípio de funcionamento de um motor elétrico, e faça um esquema.

17. Explique o funcionamento de um galvanômetro de quadro móvel.

18. Qual a posição em que deve ser colocado, em um campo magnético uniforme, um condutor
retilíneo (com corrente) para que a força que atua nele seja máxima?

19. Nunca é possível a um condutor retilíneo estar em um campo magnético uniforme e não
ficar sob ação de forças ou é? Justifique a resposta.

20. As forças que duas correntes exercem entre si dependem do meio? Justifique a resposta.

O Terceiro fenômeno Eletromagnético - Indução Eletromagnética

A indução eletromagnética

Suponhamos um condutor fechado c colocado


num campo magnético. Para simplicidade,
imaginemos o campo uniforme (fig. 303). Seja
S a área da superfície determinada pelo
condutor; o ângulo formado pela normal a
essa superfície com as linhas de força; a
indução magnética. O fluxo magnético através
da superfície S é:

A experiência nos mostra o seguinte: se por um Figura 303


processo qualquer variar o fluxo , como
consequência aparecerá no condutor uma
corrente elétrica. Esse fenômeno é chamado
indução eletromagnética. A corrente i que
aparece é chamada corrente induzida.

Portanto, chama-se indução eletromagnética ao fenômeno pelo qual aparece corrente elétrica
num condutor, quando ele é colocado num campo magnético e o fluxo que o atravessa varia.

É importante notar que a causa da indução eletromagnética é a variação do fluxo. Se o fluxo


permanecer constante e não variar, então a corrente elétrica desaparecerá.

Variação de fluxo

A variação do fluxo pode ser obtida, ou por uma variação da indução , ou por uma variação
da área S, ou por uma variação de . Na prática, o que se faz quase sempre é variar o
, pois para isso basta girar o condutor dentro do campo magnético. Nesse caso, a
variação do fluxo é igual àquela descrita no capítulo anterior (recorde, porque é importante).

Exemplos de indução eletromagnética

A indução eletromagnética existe todas as vezes que varia o fluxo magnético que atravessa um
condutor. Na prática essa variação do fluxo é obtida por vários processos. Veremos alguns
exemplos.

1º - Indução numa bobina com deslocamento de imã

Suponhamos uma bobina cujos extremos sejam ligados a um galvanômetro. Aproximando-se


da bobina um ímã, ou introduzindo nela um ímã, ela vai ficar num campo magnético (fig. 304).
Deslocando-se o ímã, o fluxo magnético que atravessa as espiras da bobina varia. A variação
do fluxo provoca o aparecimento de uma corrente elétrica, que o galvanômetro acusa.

Figura 304

A causa da indução é a variação do fluxo magnético. Por isso, o que interessa é um movimento
relativo do ímã em relação à bobina: é indiferente manter-se a bobina fixa e deslocar-se o ímã,
ou manter-se o ímã fixo e deslocar-se a bobina.

2º - Indução numa bobina produzida por outra bobina

Em vez de se produzir o campo magnético com um ímã, pode-se produzí-lo com uma bobina,
como indica a figura 305. Liga-se uma bobina a um gerador, que fornece corrente I. Essa
corrente produz o campo magnético. Uma segunda bobina é ligada a um galvanômetro G.
Deslocando-se qualquer das bobinas em relação à outra, haverá variação do fluxo magnético
nessa segunda bobina, e consequentemente indução eletromagnética: o galvanômetro acusa a
passagem de uma corrente i.
Figura 305

A figura 306 é a fotografia de um conjunto de duas bobinas especialmente preparadas para


demonstrar a existência da indução eletromagnética. Os dois fios ligados à maior vão ter a um
gerador. Essa bobina produz o campo magnético. A menor, colocada no interior da maior, é
ligada a um galvanômetro pelos dois fios que saem dela. Deslocando-se a menor, ela sofre
indução eletromagnética, registrada pelo galvanômetro.

Figura 306

3º - Indução num condutor retilíneo movendo-se em campo uniforme


Quando um condutor retilíneo AB
se desloca em um campo
magnético uniforme, aparece uma
f.e.m. induzida nesse condutor.
Para comprovar o aparecimento
dessa f.e.m. basta ligar os extremos
desse condutor por um condutor c,
em série, com um galvanômetro
(fig. 307). Quando o condutor
retilíneo se desloca, o galvanômetro
indica a passagem de uma corrente
elétrica.

Pode-se demonstrar que a f.e.m.


induzida é proporcional ao
comprimento do condutor, à sua Figura 307
velocidade e à indução do
campo magnético.
Leis fundamentais da indução eletromagnética

São duas: a lei de Lenz e a de Faraday-Neumann.

a. Leis de Lenz

O condutor da figura 303, atravessado pelo fluxo variável ,


sofre indução eletromagnética.
Figura 303

A corrente induzida, por sua vez, produz um campo magnético de indução magnética (fig.

308 e 309). Essa indução existe também nos pontos da própria superfície S, e produz aí um

outro fluxo , chamado fluxo induzido.

Figura 308 Figura 309

A lei de Lenz estabelece urna relação entre o sentido do fluxo induzido e o sentido do fluxo
indutor, e com isso nos possibilita a determinar o sentido da corrente induzida. A lei de Lenz é
na verdade um postulado, porque não pode ser demonstrada diretamente. Sabemos que ela é
verdadeira porque as consequências de sua aplicação são verdadeiras. O seu enunciado é:

Quando o fluxo indutor está aumentando, o fluxo induzido tem sentido


oposto; quando o fluxo indutor está diminuindo, o fluxo induzido tem o
mesmo sentido que o indutor.

Assim, na figura a esquerda imaginamos que o fluxo indutor esteja aumentando. Então o

fluxo induzido tem sentido oposto ao do , isto é, a indução magnética produzida pela

corrente induzida i tem sentido oposto ao da indução magnética indutora (primitiva). Depois

de conhecer o sentido de determinamos o sentido da corrente induzida i aplicando a regra

do saca-rolhas ou a regra da mão direita (não esquecer que é a indução magnética


produzida pela corrente induzida i).

Na figura a direita imaginamos que o fluxo indutor esteja diminuindo. Então o fluxo induzido

tem o mesmo sentido que , isto é, a indução produzida pela corrente induzida tem o
mesmo sentido que a indução primitiva. Verifique o leitor se os sentidos atribuídos a i nas
figuras acima estão certos.

b. Lei de Faraday - Neumann

Em qualquer condutor em que aparece corrente elétrica, aparece uma força eletromotriz. A
força eletromotriz que aparece no condutor por causa da indução eletromagnética é chamada
força eletromotriz induzida. A lei de Faraday-Neumann dá o valor dessa força eletromotriz.
Consideraremos dois casos.

1º Caso - Força eletromotriz induzida média

Consideremos um instante t e o intervalo de tempo contado imediatamente após o instante


t. Seja a variação do fluxo durante o tempo . A lei de Faraday-Neumann estabelece
que a f.e.m. induzida média durante o tempo vale:

O sinal menos aparece por causa da lei de Lenz. Essa fórmula supõe que e t sejam

expressos num mesmo sistema de unidades. No sistema MKS, deve ser expresso em

webers, t em segundos, e em volts. No CGSEM, em maxwell, t em segundo, e em statvolts.

2º Caso - Força eletromotriz no instante t

A f.e.m. induzida no instante t é o limite da f.e.m. média quando tende a zero:

ou

A lei de Faraday-Neumann significa o seguinte: que num mesmo tempo , a f.e.m.


induzida é tanto maior quanto maior for a variação do fluxo; isto é, a f.e.m. é tanto maior
quanto maior for a variação do fluxo por unidade de tempo. Se quisermos obter grandes
f.e.m. induzidas, precisamos fazer com que o fluxo varie muito depressa.

Quando provocamos indução eletromagnética numa bobina com deslocamento de vai-vem


de um ímã, a f.e.m. induzida na bobina será tanto maior quanto mais rápido for o
deslocamento do ímã.
Veremos adiante, no tópico "Dínamo, ou Geradores Mecânicos de Eletricidade", que os
geradores de corrente elétrica de alta energia obtém a corrente elétrica por indução
eletromagnética; e que nesses geradores, para se produzir variação do fluxo, fazem-se
quadros girar num campo magnético. Pois bem, para que a variação de fluxo por segundo seja
grande, isto é, para que o fluxo varie rapidamente, esses quadros executam em geral, 50 ou 60
rotações por segundo. No próximo parágrafo estudaremos a indução nesses quadros.

Indução num quadro plano em rotação num campo uniforme

Suponhamos o quadro ABCD plano, girando com movimento de rotação uniforme de


velocidade em um campo magnético uniforme de indução magnética . Sabemos que,
numa posição do quadro na qual a sua normal faz com o campo um ângulo , o fluxo que
atravessa o quadro vale:

À medida que o quadro gira, varia o ângulo , e, portanto o fluxo . Há, então, indução no
quadro e aparece no condutor uma corrente elétrica i (fig. 310).

Figura 310

No Capítulo 13 já estudamos a variação do fluxo em função do ângulo em um caso desses.


Vimos que a variação do fluxo é cosenoidal, como indica a figura abaixo. É muito importante
exprimirmos a variação do fluxo em função do tempo, à medida que o quadro gira. Para isso,
comecemos a contar o tempo de rotação do quadro no instante em que . Nesse caso,
num instante t qualquer, o ângulo vale: . E o fluxo, nesse instante, é expresso por :

Figura 311
À medida que o quadro gira, o fluxo varia proporcionalmente a . Para fazermos uma
representação gráfica do fluxo em função do tempo basta observarmos que, chamando T ao
período de rotação do quadro, temos:

Basta então na figura 311-a substituir os valores de pelos valores correspondentes de t e


resulta o gráfico do segundo gráfico que exprime em função de t.

a. Força eletromotriz induzida no quadro

Pela lei de Faraday-Neumann essa f.e.m. é igual à derivada do fluxo em relação ao tempo:

Sendo , resulta .

Logo,

Sendo constante, essa expressão indica que e é diretamente proporcional a


.

Conclusões

1a) Quando um quadro plano gira com movimento de rotação uniforme dentro de um campo
magnético uniforme, a força eletromotriz induzida no quadro é uma função senoidal do tempo.
Uma força eletromotriz desse tipo é chamada, por definição, força eletromotriz alternativa
senoidal. A representação gráfica de i em função de t está na figura 313.

Figura 312
2a) Vemos que a f.e.m. induzida é diretamente proporcional a velocidade angular w do quadro.
Portanto, para obtermos grande f.e.m. é necessário que o quadro gire muito depressa. É a
conclusão que tínhamos chegado quando demos a interpretação física da lei de Faraday-
Neumann.

b. Corrente induzida no quadro

Seja:

Temos

ou

Sendo constante, essa expressão mostra que i é diretamente proporcional a


. O valor máximo da corrente é aquele para o qual , isto é:

Podemos escrever :

Conclusões

1a) A corrente elétrica induzida no quadro é uma função senoidal do tempo. Uma corrente
desse tipo é chamada corrente alternativa senoidal.

A representação gráfica de i em função de t está indicada na figura 312. Essa corrente é


chamada alternativa, ou alternada, porque ela percorre o condutor ora num sentido, ora noutro.
A figura abaixo indica o seguinte: que a corrente no início tem valor zero; vai aumentando, até
atingir um máximo em ; depois vai diminuindo até se anular em ; depois muda de
sentido e vai aumentando até atingir um máximo em ; depois vai diminuindo, até se
anular em T; muda de sentido novamente, e reinicia o ciclo.
Figura 313

Vemos que o tempo T que a corrente demora para realizar um ciclo completo é igual ao tempo
T que o quadro demora para dar uma volta no campo magnético.

Na corrente usada na cidade de São Paulo esse tempo T é de 1/60 segundo, isto é, a corrente
muda de sentido 60 vezes por segundo. Na corrente usada no Rio de Janeiro, esse tempo T é
de 1/50 segundo.

2a) Como era de se esperar, vemos pela fórmula que a corrente


induzida também é diretamente proporcional à velocidade angular w do quadro. Isso está de
acordo com a lei de Faraday-Neumann: a corrente induzida será tanto maior quanto mais
rápida for a variação do fluxo.

Recomendamos ao leitor estudar muito bem este parágrafo, porque a indução num quadro
plano girando em campo uniforme é a mais importante aplicação do eletromagnetismo em
benefício da sociedade, pois neles se baseiam os geradores de corrente elétrica de alta
energia, como por exemplo, os que fornecem eletricidade às cidades.

Indução mútua entre dois circuitos

Suponhamos dois circuitos e próximos. Imaginemos que o circuito não esteja ligado a
nenhum gerador, mas, possua um galvanômetro G que indica quando ele é percorrido por

corrente elétrica (fig. 314). Imaginemos que esteja ligado a um gerador que lhe forneça

corrente . Essa corrente produz um campo magnético de indução magnética . O condutor

, estando próximo, ficará dentro desse campo e será atravessado por um fluxo S. Se este

fluxo for variável, no circuito haverá indução eletromagnética e aparecerá uma corrente

que o galvanômetro acusa. Portanto, um circuito pode provocar indução eletromagnética

num circuito próximo desde que faça com que este seja atravessado por um fluxo
variável. E isso pode ser conseguido de dois modos:

1o) se a corrente for variável: pois então ela produzirá um campo variável, e este, um fluxo

variável;

2o) se a corrente for constante, a variação de pode ser obtida deslocando-se


sucessivamente um circuito em relação ao outro.
Figura 314

Indução mútua

Suponhamos agora que os dois circuitos inicialmente possuam corrente. Neste caso, cada um
deles pode provocar indução eletromagnética no outro. A isso chamamos indução mútua. Por
exemplo, se as duas bobinas da figura 306 forem percorridas por correntes variáveis, haverá
indução mútua entre elas.

Bobina de ruhmkorff, ou bobina de indução

A bobina de Ruhmkorff, também chamada bobina de indução é um dispositivo que nos permite
obter alta tensão alternada, utilizando corrente contínua a baixa tensão. Consta das seguintes
partes:

1o) uma bobina chamada primário;


2o) uma bobina chamada secundário, enrolada por fora do primário;
3o) um núcleo de ferro, colocado dentro do primário;
4o) um interruptor de circuito chamado vibrador.

Em frente ao núcleo de ferro fica uma lâmina de ferro A, mantida afastada do núcleo por uma
mola M, que obriga a lâmina A a girar em torno do ponto O e comprimir dois contatos, B e C.
Um destes contatos, B, é ligado a um dos polos de um acumulador. O segundo é ligado a um
dos terminais do primário. O outro terminal do primário é ligado ao segundo polo do
acumulador, através de uma chave S.

Com a chave S aberta, nada acontece. Quando se fecha essa chave, passa corrente pelo
primário: o núcleo de ferro se imanta e atrai a lâmina A. Esta gira no ponto O, os contatos B e
C se separam, e o circuito se abre: deixa de passar corrente pelo primário. Mas, deixando de
passar corrente, o núcleo de ferro deixa de atrair a lâmina A. Ela volta à posição primitiva, pela
ação da mola M, os contatos B e C tornam a unir-se, o circuito se fecha, e novamente passa
corrente pelo primário. Ao passar essa corrente, a lâmina A é atraída, e o circuito novamente
se abre. Assim, enquanto a chave S permanecer fechada, o circuito do primário fecha e abre
alternadamente. A lâmina A fica vibrando. O conjunto da lâmina A, mola M, contatos B e C e
núcleo de ferro é chamado vibrador.

Examinemos o que se passa no secundário enquanto o circuito do primário abre e fecha.


Quando o circuito se fecha, a corrente do primário não passa bruscamente do valor zero ao
máximo; ela vai aumentando continuamente. Então, o campo magnético produzido por essa
bobina vai também aumentando. E o secundário, estando em um campo magnético variável,
sofre indução eletromagnética: aparece entre os terminais do secundário uma diferença de
potencial. Quando o circuito do primário abre, a corrente também não passa bruscamente do
valor máximo a zero, mas, vai diminuindo continuamente. Então, o primário produz um campo
magnético que vai diminuindo, e o secundário sofre indução eletromagnética. Mas, a diferença
de potencial que aparece entre os extremos do secundário quando a corrente do primário está
aumentando tem um sentido, e tem sentido oposto quando essa corrente está diminuindo, por
causa da lei de Lenz. (Explique o leitor com mais detalhes como se aplica a lei de Lenz neste
caso). Isto é, a diferença de potencial obtida no secundário é alternada.
A figura 315 é fotografia de uma bobina de Ruhmkorff de uns 25 centímetros de comprimento,
que, com um acumulador de 6 volts, dá, no secundário, diferença de potencial alternada de
30.000 volts. Essas bobinas dão diferenças de potencial de dezenas de milhares de volts.
Ligando-se uma ponta e um disco aos terminais do secundário, obtém-se entre eles faíscas de
vários centímetros de comprimento, no ar (figs. 315 e 316).

Figura 315

Figura 316

As bobinas de Ruhmkorff têm bastante aplicação nos laboratórios, porque são de simples
construção, fácil manejo, e robustas. Elas são usadas nos automóveis, para fornecer alta
tensão às “velas” do motor, para que essas velas deêm faíscas que provocam a combustão da
gasolina. Pelo fato de fornecerem faísca para iniciar a combustão, nos automóveis são
conhecidas por “bobina de ignição”.

Correntes de Foucault

Estudamos a indução eletromagnética que se processa num condutor em forma de fio,


colocado num campo magnético, mas também existe indução eletromagnética num bloco
metálico sujeito a fluxo magnético variável.

Suponhamos, por exemplo, que um bloco de ferro seja colocado com a face plana ABCD
perpendicular a um campo magnético variável. Sendo S a área dessa face, ela é atravessada

por um fluxo . Se o campo for variável, então o fluxo será variável. Neste caso,
o bloco de ferro sofrerá indução eletromagnética e aparecerão nele correntes elétricas
induzidas circulares, situadas em planos perpendiculares à indução magnética , isto é,
planos paralelos a ABCD.

Figura 317

Chamam-se corrente de Foucalt a essas correntes que aparecem por indução em blocos
metálicos. Pode-se demonstrar que a energia perdida num bloco metálico por causa das
correntes de Foucalt é proporcional ao quadrado da espessura BC do bloco. Para diminuir essa
perda nós laminamos o bloco, isto é, em vez de fazermos um bloco metálico maciço, juntamos
um grande número de lâminas finas, como indica a figura 317-b.

Para diminuir as perdas de energia por correntes de Foucalt, as partes de ferro das máquinas
elétricas são sempre laminadas, e nunca são blocos maciços. Assim são os núcleos de ferro
dos transformadores. O cilindro do rotor dos motores, o estator dos motores, etc., como, por
exemplo, os da figura 300.
A figura 318 é fotografia de um aparelho simples para demonstrar a existência das correntes de
Foucalt. Os dois fios que entram pela esquerda transportam corrente elétrica de um
acumulador para a bobina que se vê em posiçao horizontal. Essa bobina produz um campo
magnético perpendicular ao disco metálico. Os dois fios que saem pela direita estão ligados ao
disco e vão ter a um galvanômetro. Girando-se o disco, há variação do fluxo magnético que o
atravessa, pois suas partes entram e saem do campo à medida que ele gira. Então o
galvanômetro acusa a passagem de uma corrente pelo disco.

Figura 318

Auto indução ou self-indução

Quando uma corrente i passa por um condutor ela produz um campo magnético. O condutor
fica situado dentro desse campo magnético produzido pela sua própria corrente. Esse campo
produz no próprio condutor um fluxo (fig. 319). Se a corrente i for variável, o seu campo
também será variável e o fluxo será variável. E o condutor, sendo atravessado por um fluxo
variável, sofre indução eletromagnética: isto é, como consequência do fato de a corrente i ser
variável aparece no condutor uma corrente induzida. Esse fenômeno é chamado auto-indução,
ou self-indução.

Figura 319

Portanto, auto-indução é o fenômeno pelo qual um condutor produz indução eletromagnética


em si mesmo quando é percorrido por uma corrente variável.

A auto-indução é muito intensa nas bobinas, porque como elas possuem muitas espiras, o
fenômeno se dá em todas as espiras e é mais intenso do que numa espira só.

Indutância, ou coeficiente de auto-indução, ou coeficiente de self-indução

A corrente primitiva i produz um campo de indução magnética B proporcional a i. O fluxo é


proporcional a B. Logo, o fluxo é proporcional a i, isto é:
onde L é uma constante. Essa constante L é chamada indutância, ou coeficiente de auto-
indução. Esse coeficiente depende da forma geométrica e das dimensões do circuito.

Abertura e fechamento de circuito com


indutância

Quando fechamos um circuito que tem


coeficiente de auto-indução elevado, como uma
bobina, a corrente não passa instantaneamente
do valor zero para o valor normal.

Durante um tempo ela aumenta


gradativamente a partir de zero, até atingir o Figura 320
valor constante I, como indica a figura 320 .
Durante esse tempo em que a corrente está
aumendo, portanto, variando, ela produz auto-
indução no circuito.

Analogamente, quando se desliga o circuito, a corrente não cai instantaneamente a zero, mas
diminui gradativamente como indica o gráfico da figura 321. Durante o tempo em que a
corrente está diminuindo, e, portanto, variando, ela produz auto-indução no circuito. Essa
corrente de auto-indução na abertura de um circuito pode atingir valores elevados. É por causa
disso que quando se abre a chave para desligar um circuito podem saltar faíscas grandes na
chave, mesmo que a corrente de funcionamento normal do circuito não seja grande; basta que
o circuito tenha grande coeficiente de auto-indução. A figura 321 é um gráfico da corrente em
função do tempo mostrando o valor da corrente antes de se abrir o circuito (constante), ao se
abrir o circuito sem auto-indução (sem bobina), e ao se abrir o circuito com auto-indução, isto
é,com bobina. Neste último caso, a corrente cresce e depois diminui.

Figura 321

Dínamos ou geradores mecânicos de eletricidade

Chamam-se geradores mecânicos de corrente elétrica, ou dínamos, aos dispositivos que


transformam energia mecânica em energia elétrica.

Os dínamos se dividem em dois grandes grupos:

1º - Dínamo com corrente contínua

É aquele que fornece corrente contínua, isto é, corrente que circula num único sentido.
2º - Dínamo com corrente alternada

Também chamado alternador – é aquele que fornece corrente alternada, isto é, corrente que
circula num sentido e noutro alternadamente.

Princípio de funcionamento

Os dínamos funcionam por meio de indução eletromagnética. E esta é sem dúvida a mais
importante aplicação do fenômeno de indução. Isso porque esse fenômeno é o único que
fornece corrente elétrica com grande energia, como por exemplo, essa corrente que é
fornecida para iluminação das cidades e para as indústrias.

O princípio de funcionamento dos dínamos em geral, tanto de corrente contínua como de


corrente alternada, é a indução eletromagnética num quadro plano que gira num campo
magnético unifome. A indução nesse quadro foi estudada no tópico "Indução num Quadro
Plano em Rotação num Campo Uniforme". Vimos que, à medida que o quadro gira, ele é
percorrido por uma corrente alternada senoidal .

Tanto no dínamo de corrente alternada como no de corrente contínua o quadro é percorrido por
corrente alternada. A diferença entre eles está na maneira de colher essa corrente para fora do
quadro. Essa captação da corrente para fora do quadro é feita por um dispositivo chamado
coletor.

a. Coletor de corrente alternada

Suponhamos que o quadro seja aberto em A e D, e daí sejam tirados dois condutores AB e CD
que são ligados a dois anéis, B e D. Encostados a esses anéis existem dois pedaços de carvão
(que é condutor), m e n (fig. 322). O circuito externo, R, onde vai ser utilizada a corrente, é
ligado a esses pedaços de carvão. À medida que o quadro gira dentro do campo magnético, os
anéis giram juntos com ele. Os pedaços de carvão m e n ficam fixos e os anéis ficam raspando
neles. A corrente que se produz no quadro passa para os anéis, deste para o carvão e do
carvão vai para o circuito externo. É fácil ver que, com esse dispositivo, quando a corrente
elétrica muda de sentido no quadro, também muda de sentido no circuito externo, isto é, no
circuito externo ela é captada também como alternada. A figura 323 mostra o quadro entre os
polos do ímã que produz o campo magnético.

Figura 322
Figura 323

Coletor é o nome que se dá ao conjunto dos anéis e pedaços de carvão (fig. 323). Os pedaços
de carvão são chamados escovas.

b. Coletor de corrente continua

Em vez de dois anéis ele se compõe de dois semi-anéis. Cada semi-anel é ligado a uma ponta
do quadro girando junto com o quadro. Os pedaços de carvão são fixos, e são ligados ao
circuito externo. Quando os semi-anéis giram eles ficam apertados contra os pedaços de
carvão (figura acima).

Vemos que, em cada meio período, um semi-anel está em contato com um pedaço de carvão
diferente.

A posição dos carvões é ajustada de tal modo que, no instante em que a corrente muda de
sentido no quadro, há troca de contato entre os carvões e os semi-anéis. Desse modo, fora do
quadro, a corrente caminha sempre no mesmo sentido, isto é, é contínua.

Nota Histórica

No ano de 1831, Faraday colocou duas bobinas próximas e fez passar corrente por uma delas.
Observou que pela outra passava também uma corrente, quando abria e fechava o circuito da
primeira: era a descoberta da indução eletromagnética (o campo magnético da primeira bobina
induzia corrente na segunda). Nos anos seguintes, ele esclareceu os diversos casos de
indução, com campo magnético produzido por ímã, ou por bobina, etc.. Dois anos depois da
descoberta do fenômeno, Friedrich Emil Lenz estabeleceu a lei que permite conhecer-se o
sentido da corrente induzida.

Logo após começaram a construir os geradores mecânicos para obtenção de corrente elétrica,
que até então só era fornecida por pilhas. Mas, a fabricação em grande escala de dínamos
começou muito mais tarde, em 1867, quando Werner von Siemens inventou um método prático
para produção do campo magnético no interior dessas máquinas.

Exercícios propostos

1. O que é o fenômeno de indução eletromagnética?

2. Qual a causa da indução eletromagnética?

3. Explique como se pode obter corrente elétrica numa bobina por meio do deslocamento de
um ímã.
4. Explique como a corrente que circula em uma bobina pode fazer aparecer corrente numa
outra bobina.

5. Explique como se pode obter corrente em um condutor retilíneo, por meio de um campo
magnético.

6. Enuncie a lei de Lenz, e explique o enunciado com exemplos.

7. Qual é a lei de Faraday-Neumann? Interprete essa lei, dando exemplo.

8. Se, ao utilizarmos a lei de Faraday-Neumann, exprimirmos em maxvells e t em segundos,


por que fator devemos multiplicar o segundo membro, , para termos a f.e.m. em
volts?

9. Como é a variação do fluxo magnético através de um quadro plano em movimento de


rotação uniforme num campo magnético uniforme?

10. Demonstre que a f.e.m. induzida nesse quadro é senoidal.

11. Demonstre que a corrente induzida nesse quadro é senoidal. Porque motivo essa corrente
é chamada alternada?

12. Como se explica a indução mútua entre dois circuitos?

13. Faça um esquema da bobina de Ruhmkorff, e explique seu funcionamento.

14. O que são “correntes de Foucalt”? Como podem ser diminuídas? Conhece algum aparelho
para demonstrar a existência dessas correntes? Descreva-o.

15. O que é auto-indução? E coeficiente de auto-indução?

16. Por que, quando se abre um circuito que contém uma bobina, a intensidade de corrente
elétrica aumenta bruscamente?

17. Explique o princípio de funcionamento dos dínamos.

18. Explique a diferença fundamental entre um dínamo de corrente contínua e um de corrente


alternada.

19. Examine a figura abaixo, e explique porque a corrente é alternada no circuito externo.

20. Examine a figura abaixo, e explique porque a corrente é contínua no circuito externo.
21 Por que o rotor de um motor é laminado?

22. Explique porque no secundário da bobina de Ruhmkorff a diferença de potencial é


alternada, isto é, porque essa diferença de potencial tem um sentido quando a corrente do
primário cresce, e tem sentido oposto quando a corrente do primário decresce.

23. Imagine dois quadros idênticos, girando em campos magnéticos uniformes iguais, um
executando 60 rotações por segundo, outro 50 por segundo. Em qual dos dois se desenvolverá
maior f.e.m.? Justifique a resposta.

Noções elementares sobre Correntes Alternadas

Geradores de corrente alternada

a. Corrente alternada

Chama-se corrente alternada aquela que muda de sentido. Por exemplo, nos metais a
corrente é constituída por elétrons que se deslocam. Então, num metal, a corrente alternada é
aquela em que os elétrons se deslocam, ora num sentido, ora noutro, executando um
movimento de vai-vem.

b. Geradores

Vimos, no capítulo 16, que os geradores de corrente alternada são formados pelos quadros
plano sem movimento de rotação uniforme num campo magnético uniforme. Já vimos que,
sendo a indução magnética do campo, S a área do quadro, a velocidade angular, a força
eletromotriz induzida no quadro no instante t é:

As grandezas , , S são constantes. Então o valor máximo da força eletromotriz é aquele


em que o é máximo, isto é, :

O valor da força eletromotriz num instante t pode ser escrito do seguinte modo:
A figura 324 é uma representação gráfica da força eletromotriz
em função do tempo. Vemos que no primeiro meio período a
f.e.m. é positiva, e no segundo meio período é negativa.
Fisicamente, isso significa que, quando ligamos aos polos A e B
do gerador o circuito externo, durante o primeiro meio período o
potencial de uma das extremidades do circuito é maior que o da
outra, por exemplo, o de A é maior que o de B: a corrente passa
de A para B (fig. 325). Figura 324

E no segundo meio período, o potencial de B é


maior que o de A: a corrente passa de B para A
(figura ao lado). No circuito externo os elétrons
executam um movimento de vai-vem.
Figura 325

c. Caso de n espiras

Os geradores não são formados de um só quadro, mas de muitos, ligados em série, como
indica a Figura abaixo. Neste caso, cada quadro é chamado uma espira. Sendo n o número de
quadros ligados em série, a f.e.m. induzida no instante t vale:

e a f.e.m. máxima:

Exemplo

Um alternador é constituído por 50 quadros ligados em


série, cada um de 150 cm 2, que giram com movimento
de rotação uniforme executando 1.500 rotações por
minuto, em um campo magnético uniforme de 10.000
gauss.
Pede-se:
a) a f.e.m. induzida máxima;

b) a lei de variação da f.e.m. em função do tempo; Figura 326

c) um gráfico, em escala, da f.e.m. em função do tempo,


para um período.
Solução

frequência:

A velocidade angular do quadro é:

ou

a) F.E.M. máxima:

b)

c) Se a frequência é 25 rotações/segundo, o período é .

Figura 327

Nota

A velocidade angular , é avaliada em radianos/segundo. O tempo t é avaliado em segundos.


Então, o ângulo é avaliado em radianos, pois
. Se necessitarmos calcular o que
aparece nas fórmulas estudadas, precisamos transformá-lo de radianos para graus.
Observação sobre a lei de Faraday-Neumann

No capítulo dissemos que fisicamente a lei de Faraday-Neumann significa o seguinte:


a f.e.m. induzida em um condutor é tanto maior quanto mais rápida for a variação do fluxo

magnético. Vemos agora pela fórmula que a f.e.m. induzida no


quadro é diretamente proporcional à velocidade angular . Portanto, quanto mais depressa
girar o quadro, maior será a f.e.m. induzida.

Para fixar bem êste ponto refaçamos o problema anterior, supondo que os quadros executem
3.000 rotações por minuto, em vez de 1.500. Como a velocidade angular é agora o dobro, a
variação do fluxo é duas vezes mais rápida. Então a f.e.m. será o dobro do anterior.

Com efeito, temos:

ou

a)

No caso anterior tínhamos encontrado


117, 75 volts, isto é, a metade, com o
mesmo quadro e mesmo campo
magnético. Basta aumentar a
velocidade do quadro e a f.e.m.
aumenta.
Figura 328

b) e=Emax

c) A frequência é , e o período é .

Observação:Notemos que o período T da f.e.m. é igual ao período de rotação do quadro.


A corrente induzida

Sendo ri a resistência interna do gerador, isto é,


a resistência total de todas as espiras, re a
resistência externa, i a intensidade da corrente,
e a f.e.m. do gerador, pela lei de Pouillet temos:

e=(ri+re)i

Tiramos:
Figura 329
i=e/(ri+re)

é a resistência total do circuito. Chamando-a R , temos:

Substituindo a expressão de e, resulta:

O valor máximo da intensidade da corrente é aquele em que é máximo, Isto é,


:

Podemos então escrever:

Comparando

concluímos que
a intensidade da corrente e a f.e.m.
seguem a mesma lei de variação em
função do tempo. A figura 330 lado é
um gráfico de i em função de t.
Vemos que a intensidade da corrente
não é a mesma em todos os Figura 330
instantes. Isso era de esperar, pois
quando os elétrons estão se
deslocando num sentido, para
poderem se deslocar em sentido
oposto eles devem parar e inverter a
velocidade.

Suponhamos que o gerador dado como exemplo no 1o tópico deste capítulo tenha resistência
interna de , e seja ligado a um circuito de .
Pede-se:
a) a intensidade máxima da corrente;
b) a lei de variação da corrente em função do tempo;
c) um gráfico da corrente em função do tempo.

Dados

a) Já sabemos que

b) A lei de variação de i é: , onde

Então:

c) O gráfico de i em função de t é a figura 331.

Figura 331
Corrente senoidal

Dadas duas variáveis x e y, dizemos que y é função senoidal de x, quando é dado por uma
fórmula do tipo:

em que e K são constantes. As expressões e

mostram que tanto a f.e.m. como a corrente do gerador são funções


senoidais do tempo. Dizemos simplesmente que a f.e.m. e a corrente são senoidais.

As correntes que as usinas elétricas fornecem para as cidades são sempre senoidais (as
correntes usadas na indústria, nas residências, etc.).

Todas as definições do próximo parágrafo valem para correntes senoidais.

1ª - Corente alternada senoidal

Chama-se corrente alternada senoidal aquela cuja intensidade é dada em função do tempo
por:

em que e são constantes.

2ª - Pulsação

É a grandeza que aparece na expressão da corrente.


A unidade de pulsação é radiano/segundo.

3ª - Período

É o intervalo de tempo
decorrido entre duas
passagens consecutivas da
corrente num mesmo
sentido com o mesmo valor.
É o tempo T da figura 330.
O período em geral se Figura 330
avalia em segundos.

4ª - Frequência

É o inverso do período. Sendo f a frequência e T o período, temos:

A unidade de frequência é: 1/segundo (cujo símbolo é 1/seg ou seg-1 ). A frequência significa o


número de períodos existentes na unidade de tempo.
Na prática, em vez de se usar como unidade de frequência o seg-1 , que fisicamente é a
unidade correta, avalia-se a frequência em ciclo por segundo. Por exemplo: dizemos que na
cidade de São Paulo, a frequência da corrente é de 60 ciclos por segundo, em vez de
dizermos que é de 60seg-1 . Significa que essa corrente tem 60 períodos em um segundo, isto
é, ela muda de sentido 60 vezes num segundo.

A frequência se relaciona com a pulsação por:

Sendo f=1/T , também podemos escrever:

=2/T

5ª - Fase

Chama-se fase no instante t ao ângulo , isto é, a fase e o produto da pulsação pelo tempo.
Avalia-se a fase em radianos.

6ª - Valor eficaz

Chama-se valor eficaz da intensidade de uma corrente alternada à intensidade de uma


corrente elétrica constante e imaginária que faria com que o condutor absorvesse a mesma
potência que absorve quando é percorrido pela corrente alternada. Pode-se demonstrar que o
valor eficaz é igual ao quociente do valor máximo por , isto é:

Exemplo

O que caracteriza a intensidade de uma corrente alternada é o seu valor eficaz. Assim, quando
se diz corrente alternada de 5 ampères, fica subentendido que o valor eficaz é de 5
ampères. Uma corrente alternada tem a lei:

Qual seu valor máximo e seu valor eficaz?

Solução

O valor máximo é 14 A, de acordo com a fórmula . O valor eficaz é:

ou
O significado físico desses 10A é o
seguinte:
nessa corrente alternada a corrente
varia desde 0 até 14A, depois
diminui outra vez até zero, muda de
sentido, cresce novamente até 14A,
diminui até zero, etc(fig. 332). Mas,
se em vez de sofrer essas
variações, a corrente fosse
Figura 332 constante e igual a 10A, o circuito
absorveria a mesma potência.

Diferença de potencial alternada - diferença de fase

Quando um condutor é percorrido por corrente alternada, a diferença de potencial entre os


extremos do condutor também é alternada. A lei que relaciona a diferença de potencial com o
tempo é:

Aqui ao ângulo aparece somado um certo ângulo . Isto é, a fase, que na corrente é ,
na diferença de potencial é . Esse ângulo é chamado a diferença de fase entre a
corrente e a diferença de potencial. Infelizmente, a explicação para o significado desse está
acima do nível deste curso.

Valem para a diferença de potencial as mesmas definições dadas para a intensidade de


correntes relativas a: pulsação, período, frequência, valor eficaz.

Devido à sua importância, insistiremos no conceito de valor eficaz. Chama-se valor eficaz de
uma diferença de potencial alternada a uma diferença de potencial imaginária e constante
que, se fosse aplicada ao condutor, faria com que o condutor absorvesse a mesma potência
que êle absorve quando a corrente é alternada. A diferença de potencial eficaz está ligada à
diferença de potencial máxima por:

A corrente elétrica fornecida para as residências em São Paulo e no Rio de Janeiro tem
diferença de potencial cujo valor eficaz é de 110 volts. Esse valor eficaz corresponde a um
valor máximo que vale:

Concluímos que essa corrente corresponde a uma diferença de potencial alternativa cujos
valores variam desde zero até 154 volts, mas que faz com que o condutor absorva a mesma
potência que absorveria se estivesse sob diferença de potencial constante igual a 110 volts.
Potência absorvida

Já estudamos que, quando a corrente é contínua, a potência absorvida por um condutor é


igual ao produto da diferença de potencial existente entre os extremos do condutor, pela
intensidade da corrente, isto é:

Quando a corrente é alternada, a potência absorvida por um condutor é dada pelo produto do
valor eficaz da diferença de potencial existente entre seus extremos, pelo valor eficaz da
intensidade da corrente. Isso resulta do próprio conceito de valores eficazes de corrente e
diferença de potencial. Então,

Se a corrente circula por uma resistência R, a diferença de potencial eficaz vale:

Então, a potência também pode ser calculada por:

Exemplo

Por um fogareiro, cuja resistência é de , passa uma corrente alternada cuja lei é:

Calcular:
a) o valor eficaz da diferença de potencial;
b) a potência absorvida pelo fogareiro.

Solução

a) É dado Imax=3,5A . Então:

ou

Sendo , temos: ou

b) A potência absorvida é: .

Logo, P=100.2,5 ou
As usinas elétricas ou estações geradoras

Vimos que os dínamos consistem numa série de espiras que executam movimento de rotação
uniforme num campo magnético uniforme. Essas espiras, para executarem movimento de
rotação, necessitam de energia mecânica. De onde provém essa energia? Na prática, provém
de energia térmica ou da energia de uma queda d’água. Tomemos como exemplo o caso da
queda d’água.

O aproveitamento de uma queda d’água para fornecer energia mecânica a um dínamo é feito
do seguinte modo: armazena-se a água de um ou de vários rios numa região muito vasta,
chamada represa. A água dessa represa cai, pelo interior de tubos, de uma altura H , e vai
acionar uma roda que possui na periferia certo número de pás como na figura (fig. 333). A
energia com que a água chega às pás faz com que a roda execute movimento de rotação. A
roda com as pás é chamada turbina.

Figura 333

Ao eixo da turbina são ligados os condutores do dínamo, de maneira que, quando a roda gira,
êles também giram.

Vimos que a energia elétrica da corrente, isto é, a energia comunicada aos elétrons que se
deslocam nos condutores provém da energia potencial (mecânica) da água que estava na
represa.

Ao conjunto do dínamo com turbina se chama usina hidroelétrica, ou estação geradora de


eletricidade.

Exemplo

Na cidade de São Paulo, a represa de Santo Amaro armazena água de vários rios e se
extende até à localidade chamada Cubatão, distante aproximadamente 50 quilômetros da
cidade. Lá, a água cai pelo interior de tubos de uma altura H de aproximadamente 740 metros,
e aciona várias turbinas. Essas turbinas acionam vários dínamos, e a corrente fornecida por
êles é transportada por fios, de Cubatão até São Paulo.

Porque se usa corrente alternada

O leitor já deve ter observado que a corrente elétrica que as usinas fornecem às cidades é
alternada, nunca é contínua. O motivo é puramente econômico. As usinas, em geral, são
afastadas das cidades, de dezenas de quilômetros, de maneira que a corrente elétrica tem de
ser transportada por fios, desde as usinas até as cidades. E êsse transporte é mais barato por
corrente alternada do que por corrente contínua.Além disso, dentro da própria cidade, a
distribuição da corrente elétrica para as residências é mais barata e mais cômoda por corrente
alternada do que por corrente contínua.
Além desse motivo econômico há um motivo técnico importante: com corrente alternada é
possível fazermos muito simplesmente aumento ou diminuição de diferença de potencial com
máquinas chamadas transformadores. Assim, por exemplo, dispondo-se de uma diferença de
potencial de 110 volts, pode-se obter uma diferença de potencial de 3.000 volts, ou 5.000 volts,
etc., e vice-versa.

Quanto à utilização de corrente alternada, devemos observar mais o seguinte: para a maioria
dos aparelhos de uso doméstico, como por exemplo, lâmpadas de incandescência, ferros de
passar roupa, aquecedores, fogareiros, etc. seria indiferente o uso de corrente alternada ou
contínua. E, como é mais barato e mais cômodo distribuir corrente alternada para as
residências, é essa que utilizamos para aqueles aparelhos. Quando há necessidade de
corrente contínua para fins especiais, como por exemplo, as indústrias que utilizam eletrólise,
é muito fácil obter-se corrente contínua a partir de corrente alternada.

Exercícios propostos

1- Uma corrente senoidal tem valor eficaz de 50A e período de 0,02 seg. Calcular:

a) a frequência;
b) a pulsação;
c) o valor máximo da corrente;
d) a lei de variação da corrente.

2- Uma corrente alternada tem a lei: i=20sen 314 t . Calcular:


a) a intensidade máxima;
b) a intensidade eficaz;
c) a pulsação;
d) a frequência;
e) o período.

3 – Demonstre que num gerador de corrente alternada constituído por uma bobina que gira
com movimento de rotação uniforme num campo magnético uniforme, a frequência da corrente
é igual à frequência do movimento de rotação do gerador.

4 – O período de uma corrente alternada é de 0,04 seg, e o valor eficaz, 10 A. Calcular:


a) a frequência;
b) a pulsação;
c) a intensidade máxima da corrente;
d) o valor eficaz e o valor máximo da diferença de potencial entre os extremos de uma
resistência de percorrida por essa corrente.

5 – Um fogareiro elétrico tem resistência de , e é alimentado por corrente alternada que


lhe dá diferença de potencial de valor eficaz 110 v. Calcular:
a) o valor eficaz da intensidade da corrente que passa por êle;
b) a potência que ele absorve;
c) a energia que ele absorve em 10 minutos.

6 – Uma corrente alternada de valor eficaz 5A passa por uma resistência de . Calcular:
a) o valor máximo da intensidade da corrente;
b) o valor máximo e o valor eficaz da diferença de potencial através da resistência;
c) a potência consumida pela resistência;
d) a energia consumida pela resistência durante meia hora.

7 – Qual é a resistência dessas lâmpadas que consomem potência de 100 watts com direrença
de potencial de 110 volts?
8 – Na cidade do Rio de Janeiro a corrente elétrica é fornecida às residências com frequência
de 50 ciclos por segundo e diferença de potencial de valor eficaz 115 volts. Calcular:
a) o máximo da diferença de potencial;
b) o período;
c) a pulsação;
d) o valor eficaz e o máximo da corrente que passa por uma resistência de ;
e) a potência dissipada por essa resistência;
f) a quantidade de calor que a resistência liberta em um segundo.

9 – Na cidade de São Paulo a corrente elétrica é fornecida às residências com diferença de


potencial de valor eficaz 110 volts, e frequência de 60 ciclos por segundo. Calcular:
a) o período;
b) a pulsação;
c) o valor máximo da diferença de potencial;
d) a resistência de um “ferro de passar roupa” que absorve a potência de 500 w nessa cidade;
e) o valor eficaz e o valor máximo da corrente que passa por esse ferro.

10 – Uma resistência de é usada para aquecimento de água, sendo alimentada com


diferença de potencial alternada de valor eficaz 110v. Calcular a elevação de temperatura que
ela produz em dois litros d’água durante 10 minutos, supondo que todo o calor libertado pela
resistência seja absorvido pela água.

11 – O leitor pode construir um aquecedor elétrico para água, alimentado por diferença de
potencial alternada de valor eficaz 110v, e que em 5 minutos eleve de 50oC a temperatua de
um litro dágua. Quanto deve valer a resistência do aquecedor?

12 – O leitor pode construir um fogareiro elétrico que, quando alimentado por diferença de
potencial alternada de valor eficaz 115v produza 100 pequenas calorias por segundo.
a) Qual deve ser a resistência do fogareiro?
b) Em quanto tempo êsse fogareiro eleva a temperatura de um litro d’água desde 20 oC até a
temperatura de ebulição, à pressão atmosférica normal, e supondo que todo o calor produzido
pelo fogareiro seja absorvido pela água?

13 – Um gerador de corrente alternada é constituído por 100 espiras que giram em um campo
magnético uniforme de 10.000 gauss, com frequência de 3.000 rotações por minuto. Cada
espira é retangular, de 10 x 15cm, e tem resistência de . O gerador é ligado a
uma resistência de R. Calcular:
a) a f.e.m. máxima;
b) a lei de variação da f.e.m.;
c) a frequência;
d) a pulsação;
e) o período;
f) o valor eficaz da f.e.m.;
g) a resistência interna do gerador;
h) a resistência total do circuito (compare a resistência interna com a resistência total;
i) o valor máximo da intensidade da corrente;
j) o valor eficaz da intensidade da corrente;
k) um gráfico, em escala, que mostre a variação da f.e.m. em função do tempo e outro para a
corrente.

14 – Um alternador contém 100 espiras de cobre em série, cada uma de 10 x 12 cm, e secção
transversal de 0,2 mm 2 , que executam 3.000 rotações por minuto em um campo magnético
uniforme de 8.000 gauss. Calcular:
a) a frequência da corrente fornecida pelo alternador;
b) a resistência interna do alternador;
c) a f.e.m. máxima;
d) a lei de variação da f. e.m. com o tempo;
e) o valor eficaz da intensidade da corrente que o alternador fornece quando ligado à uma

resistência de . Resistividade do cobre: .

15– Um dínamo de corrente alternada é constituído por 100 espiras de cobre, cada uma de 8 x
10 cm e secção transversal de 0,5 mm 2 , que giram em um campo magnético uniforme de
5.000 gauss, executando 3.600 rotações por minuto. Calcular:
a) a frequência da f .e.m.;
b) a f.e.m. máxima;
c) a lei de variação da f.e.m. em função do tempo;
d) a resistência interna do dínamo;
e) a resistência total do circuito;
f) os valores eficaz e máximo da intensidade da corrente que circula por uma resistência de
ligada ao dínamo;
g) a potência que o dínamo fornece a essa resistência. Resistividade do cobre,

Questões

1 – O que é uma corrente alternada, ou alternativa? E uma corrente senoidal?


2 – Conhece algum processo para obter corrente alternada?
3 – Qual o princípio de funcionamento de um alternador (dínamo de corrente alternada)?

4 – Deduza as fórmulas e .
5 – Demonstre que a corrente que passa por uma resistência é senoidal, quando esta é ligada
a um gerador de f.e.m. senoidal.
6 – Defina os seguintes elementos de uma corrente senoidal: valor máximo, pulsação, período,
frequência, fase, valor eficaz.
7 – Qual a relação entre o valor eficaz e o valor máximo?
8 – Defina valor eficaz de uma diferença de potencial alternada.
9 – Como se calcula a potência absorvida por uma resistência percorrida por corrente
alternada?
10 – Explique o princípio de funcionamento de uma usina hidroelétrica.
11 – Dê algumas razões pelas quais se usa corrente alternada.

Noções sobre Oscilações Elétricas e Ondas Eletromagnéticas

Para compreendermos bem as oscilações elétricas, recordemos o seguinte: quando uma


bobina é percorrida por uma corrente i variável, ela sofre auto-indução. Se a corrente i está
diminuindo, a corrente de auto-indução i' tem mesmo sentido que ela. Se a corrente i está
aumentando, a corrente de auto-indução i' tem sentido oposto. Suponhamos agora um
condensador e uma bobina ligados em série por uma chave S (figura abaixo). Imaginemos que
o condensador esteja carregado (o processo usado para carregá-lo não nos interessa no
momento). O condensador carregado tem uma das armaduras, por exemplo a, com carga
positiva +Q e potencial V1; a outra armadura, b, com carga negativa -Q e potencial V2. A
diferença de potencial entre as armaduras é então V1-V2.
Figura 334

Imaginemos que fechamos a chave S (fig. 334-a). A extremidade A da bobina fica ligada à
armadura de potencial V1, e, portanto, fica a êsse potencial V1. A extremidade B fica ligada à
armadura de potencial V2, e fica a êsse potencial V2 (fig. 334-b). Então, entre os extremos da
bobina fica aplicada a mesma diferença de potencial V1-V2 que há entre as armaduras do
condensador. Ora, havendo diferença de potencial entre os extremos da bobina, ela é
percorrida por uma corrente i. Já vimos anteriormente, várias vezes, que convencionamos
que a corrente se desloque do potencial positivo para o negativo. Mas, na realidade essa
corrente i é constituída por elétrons que se deslocam do potencial negativo para o positivo, isto
é, que saem da armadura negativa do condensador e vão para a armadura positiva (fig. 334-b).
Em outras palavras, o condensador desempenha o papel de um gerador que fornece à bobina
a corrente i.

O que aconteceria se não houvesse auto-


indução – Como o circuito inicialmente estava
aberto, no instante em que fechamos a chave S a
corrente é nula. Se não houvesse auto-indução,
essa corrente aumentaria até atingir um máximo
e depois diminuiria, até se anular novamente,
como indica a figura ao lado. Isso porque essa
corrente é constituída por elétrons, que saem da
armadura negativa b, e chegam à armadura
positiva. Então a carga -Q da armadura negativa
passaria para a armadura positiva, e neutralizaria
a carga +Q nela existente. O condensador ficaria
então descarregado, a corrente i se anularia, isto
Figura 335
é, deixaria de existir, e o fenômeno terminaria aí
(fig. 334-c)

O que acontece por causa da auto-indução – Mas, como há auto-indução na bobina, o que
acontece é o seguinte. Enquanto a corrente vai aumentando desde zero até o máximo, há uma
pequena corrente de auto-indução i’ que se opõe a ela. Mas, quando ela vai diminuindo,
tendendo a anular-se, aparece uma forte corrente de auto-indução i’ no mesmo sentido que
ela, como indica a fig. d. Como consequência, depois que a corrente se anula, o fenômeno não
pára, mas, a corrente de auto-indução, i’, continua, fazendo que passe pela bobina uma
corrente em sentido oposto ao sentido da corrente inicial. Na figura acima representamos a
corrente que realmente passa pela bobina, isto é, a soma algébrica da corrente i’ de auto-
indução, com a corrente i que existiria se não houvesse auto-indução. A corrente i’ também é
constituída por elétrons que são extraídos da armadura negativa e são levados para a
armadura positiva. Vemos então que da armadura negativa, b, são extraídos mais elétrons do
que seriam extraídos se não houvesse auto-indução. Isso significa que à armadura a vão
chegar mais elétrons do que os necessários para neutralizá-la. A consequência é que essa
armadura, que era positiva, torna-se negativa. E a armadura b, que era negativa, perdeu mais
elétrons que os necessários para se neutralizar, e se torna positiva (fig. e). Os sinais das
cargas das armaduras agora se inverteram.

Pode-se demonstrar que, se a resistência elétrica da bobina é desprezível, o potencial da


armadura b se torna agora exatamente V1; e o da armadura a se torna exatamente V2. Isto é,
os potenciais das armaduras se trocam: a diferença de potencial entre as armaduras é a
mesma, V1-V2, que havia no início, mas, agora em sentido oposto. Agora é a extremidade B da
bobina que tem potencial V1, e A, o potencial V2. Então a bobina é percorrida novamente pela
corrente i, mas, em sentido oposto ao que passou na outra vez (fig. e). Essa corrente produz
auto-indução na bobina, e o fenômeno se repete.

O condensador se comporta como um gerador, que fornece à bobina a corrente i. Mas, quando
êle tende a se descarregar, a bobina, pela auto-indução, provoca o aparecimento da corrente
em sentido oposto, e novamente carrega o condensador, mas, com cargas opostas às iniciais.

Vemos que, num circuito como êsse indicado, a corrente elétrica fica circulando ora num
sentido, ora noutro, devido ao fenômeno de auto-indução. A êsse fenômeno chamamos
oscilação elétrica, ou descarga oscilatória, ou descarga oscilante. O circuito indicado é
chamado circuito oscilante, ou oscilador. Tem aplicações muito importantes na técnica
moderna, como por exemplo, em rádio, televisão, radar, etc..

Nota

Para se carregar inicialmente o condensador,


pode-se usar o processo indicado na figura 336.
Ligando-se a chave S para a posição P, o
Figura 336 condensador fica ligado ao gerador, e se carrega.
Depois se liga a chave para a posição M, e ela
fecha o circuito oscilante.

Utilização de osciladores

Um oscilador é percorrido então por corrente alternada (em geral, não senoidal). A diferença
fundamental entre a corrente de um oscilador e a de um dínamo está na frequência. Por
questões técnicas de construção, na prática se usam dínamos que fornecem correntes de 25,
50 ou 60 ciclos por segundo, sendo muito raros os que estejam fora dessas frequências. Com
os osciladores se obtém correntes até de centenas de milhares de ciclos por segundo, com
muita facilidade. Por exemplo, as estações de rádio comerciais possuem osciladores cujas
frequências variam, aproximadamente, de 500.000 ciclos por segundo a 1.200.000 ciclos por
segundo.

Portanto, utilizam-se os osciladores quando se necessitam de altas frequências. Mas, em


compensação, os dínamos podem fornecer corrente elétrica de muito maior potência que os
osciladores.

Como aplicações correntes dos osciladores podemos citar as seguintes.


1ª - Nos rádios-Transmissores e rádios-receptores

Estudaremos nos itens de rádio - transmissores e de rádios receptores

2ª - Aquecimento por alta frequência

Suponhamos que no interior da bobina do oscilador seja colocada uma peça metálica. A
corrente oscilante, de alta frequência, produz no interior da bobina um campo magnético
variável de mesma frequência. A peça metálica será então atravessada por um fluxo magnético
variável. Como consequência, aparecerão na peça correntes de Foucalt, que provocarão seu
aquecimento.

Esse processo é muito usado na indústria, para a fusão de substâncias. A vantagem que êle
apresenta em relação aos fornos comuns é que, quando uma substância é fundida nestes
últimos, sempre absorve gases e vapores, que se incorporam a ela como impurezas. Com
aquecimento por alta frequência, êsses gases e vapores são facilmente evitados, e inclusive se
pode efetuar a fusão mantendo-se a substância no vácuo. Uma aplicação interessante do
aquecimento por alta frequência é feita em medicina. É sabido que certas doenças são curadas
se a temperatura do corpo do paciente se elevar, isto é, se o paciente tiver uma febre. Um
método utilizado para produzir febre artificial consiste em se enrolar a bobina de um oscilador
em torno de uma cabine de metal, no interior da qual fica o paciente. Quando o oscilador
funciona, a cabine metálica se aquece, e a temperatura no seu interior se eleva.

Noções elementares sobre ondas eletromagnéticas

1 – Sabemos que uma carga elétrica Q produz ao seu redor um campo elétrico E (fig. 337).
Suponhamos que essa carga elétrica entre em movimento. Uma carga elétrica em movimento
é uma corrente elétrica. Ora, uma corrente elétrica produz ao seu redor um campo magnético
H. Concluímos então, que uma carga elétrica em movimento produz ao seu redor dois campos:
o elétrico, que existe sempre, e o magnético, que ela produz pelo fato de estar em
movimento.

Figura 337

Representemos por R a região abrangida por êsses dois campos (Fig. 338). Quando a carga Q
se desloca, êsses dois campos também se deslocam: considerando uma direção r qualquer, os
campos elétrico e magnético vão atingindo sucessivamente os pontos A,B,C... à medida que a
carga se desloca. Isso nos dá uma primeira idéia de como um campo elétrico e um magnético
podem propagar-se juntos pelo espaço: basta que uma carga elétrica entre em movimento.

Uma característica fundamental nessa propagação é a seguinte. Se


o movimento da carga é retilíneo e uniforme, então só há
propagação dos campos enquanto a carga está em movimento.
Mas, se movimento não for retilíneo e uniforme, isto é, se a carga for
acelerada ou retardada, então se observa que:

1o) esses dois campos continuam avançando pelo espaço, e em


todas as direções, mesmo que a carga pare; Figura 338

2o) esses dois campos avançam com uma velocidade igual à


velocidade de propagação da luz.
Definição

Chama-se onda eletromagnética ao conjunto dos campos elétrico e magnético propagando-


se pelo espaço. As ondas eletromagnéticas são sempre produzidas por cargas elétricas
aceleradas ou retardadas. Evidentemente deve haver uma razão para que se chame “onda”. A
razão é a seguinte: consideremos uma direção r qualquer de propagação dos campos (fig.
339). Ao longo dessa reta, o módulo do vetor campo elétrico varia, e se marcarmos os
vetores em todos os pontos de r, as extremidades dos vetores se dispõem sobre uma
linha que tem a forma de uma onda. Isso indica que o campo é nulo num certo ponto A,
depois vai aumentando até atingir um máximo num ponto F, vai diminuindo até se anular num
ponto G; depois muda de sentido e vai novamente aumentando até atingir o máximo, etc.. Com
o campo magnético acontece o mesmo.

Figura 339

Vemos por aí que nas ondas eletromagnéticas não existem partículas materiais em
movimento ondulatório, como por exemplo, no caso das ondas sonoras ou das ondas que se
formam na superfície da água.

Uma propriedade importante


O campo elétrico se propaga num plano, isto é, os
vetores elétricos se dispõem num certo plano
P1 . O campo magnético se propaga num outro
plano P2 . Uma propriedade importante das ondas
eletromagnéticas é que êsses dois planos são
perpendiculares: os vetores estão em um plano
Figura 340
perpendicular ao plano dos vetores , como
indica a figura 340.

Comprimento de onda, período e frequência

Chama-se comprimento de onda da onda eletromagnética à distância entre dois pontos


consecutivos em que o vetor (ou ) tem mesmo módulo e mesmo sentido. É a distância
da figura 339.
Figura 339

Chama-se período da onda eletromagnética ao intervalo de tempo necessário para a onda


caminhar um comprimento de onda.

Representando por v a velocidade de propagação das ondas eletromagnéticas, e por T o


período, temos:

A velocidade de propagação, igual para todas as ondas eletromagnéticas é igual à velocidade


de propagação da luz. O seu valor no vácuo costuma-se representar pela letra c, e é:

Na prática aproximamos para:

Chama-se frequência de uma onda eletromagnética ao inverso do período. Ela representa o


número de períodos existentes na unidade de tempo.

Exemplo

Certa estação de rádio emite ondas eletromagnéticas com frequência de 500.000 ciclos por
segundo. Calcular:
a) o período;
b) o comprimento de onda dessas ondas eletromagnéticas.

Solução

a)

isto é, o período é de 2 milionésimos de segundo.

b)
O comprimento de onda é de 600 metros.

Nota

As unidades de comprimento que se usam para indicar o comprimento de onda das ondas
eletromagnéticas que têm muito pequeno são o angstrom e o micron. Chama-se micron a
um comprimento igual a um milésimo do milímetro. Seu símbolo é a letra :

Chama-se angstron a um comprimento igual a um décimo-milésimo do micron. Seu símbolo é

a letra A (alguns autores ainda usam o símbolo antigo, )

Classificação das ondas eletromagnéticas

De acordo com o comprimento de onda, as ondas eletromagnéticas se classificam em:

Nome
, em

de 0,0001 a1
Raios

Raios X de 0,01 a 100

Raios ultra-violetas de 100 a 4.000

Luz de 4.000 a 7.000

Raios infra- de 7.000 a 100.000


vermelhos

Ondas hertezianas De 100.000 A a quilômetros

Os raios são as ondas eletromagnéticas de menor comprimento de onda; as ondas


hertzianas são as de maior.

RAIOS
Os raios são ondas eletromagnéticas emitidas pelos núcleos dos átomos das substâncias
radioativas. Num dos próximos capítulos estudaremos que substância radioativa é aquela
cujo átomo expulsa expontaneamente alguma partícula ou agregado de partículas, e se
transforma num átomo de outra substância.

RAIOS X

São emitidos por elétrons quando acelerados com energia grande. Por exemplo, suponhamos
uma placa de prata. Se a bombardearmos com algum tipo de partícula, por exemplo, com
elétrons, os elétrons dos átomos de prata são acelerados, e emitem raios X. No próximo
capítulo veremos que êsse é o processo usado para produzirmos raios X, com os chamados
tubos de raios X, muito usado, por exemplo, em medicina.
Raios ultra -violetas, luz e raios infra-vermelhos

São emitidos por elétrons que são acelerados no interior de átomos ou de moléculas. Por
exemplo, numa lâmpada de incandescência acontece o seguinte: a corrente elétrica, passando
por um filamento de tungstênio, aquece-o, por efeito Joule. Os átomos de tungstênio ganham,
então, energia sob a forma de calor. Com essa energia, os elétrons executam movimento
periódico e emitem ondas eletromagnéticas visíveis, isto é, luz.

A luz é então onda eletromagnética com um comprimento de onda tal que impressiona nossa
retina: por isso é visível. As outras ondas eletromagnéticas não impressionam nossa retina, e
por isso não são visíveis. A luz possui uma infinidade de comprimento de ondas, que variam
aproximadamente de 4.000 a 7.000 angstrons. Mas, êsses comprimentos de ondas se
distribuem por sete tonalidades principais de cores, que são as sete cores do arco-íris:
vermelho, alaranjado, amarelo, verde, azul, anil e violeta.

Ondas Hertzianas

São produzidas por circuitos oscilantes, como veremos mais adiante.

A noção de raio luminoso

Imaginemos que as figuras abaixo se refiram à ondas luminosas. Neste caso, a direção de
propagação r é um “raio luminoso”.

Figura 339

Figura 340

Raio luminoso é qualquer


direção de propagação da onda
eletromagnética que constitui a
luz. Em Óptica Geométrica,
para obtermos um raio luminoso
colocamos um anteparo,
munido de um orifício O,
próximo de uma fonte luminosa
(fig. 341). A luz que passa pelo
orifício constitui um raio
luminoso. Ao colocarmos êsse
anteparo, estamos Figura 340
simplesmente isolando uma
certa direção r de propagação
das ondas de todas as outras
direções de propagação.

Observemos que os campos elétrico e magnético são sempre perpendiculares ao raio r, isto é,
perpendiculares à direção de propagação. É por isso que dizemos que as ondas luminosas são
transversais.

Polarização das ondas eletromagnéticas

Na figura abaixo imaginamos que o campo elétrico se propague no plano P 1 , e o magnético no


plano P2 . Na maioria dos casos, o campo elétrico pode-se propagar em qualquer plano que
passe pela reta r1 , o campo magnético estando sempre num plano perpendicular. Mas, há
casos em que o campo elétrico só pode existir em um ou em alguns planos determinados (e
como consequência, o mesmo acontece ao campo magnético); nestes casos dizemos que a
onda eletromagnética está polarizada. O fenômeno se chama polarização. Por exemplo, se a
figura abaixo representar uma onda eletromagnética “luminosa” em que o campo elétrico seja
obrigado a se manter no plano P2 , e o magnético obrigado a se manter no plano P1 , ela
representará luz polarizada.

Figura 340

Os rádio-transmissores

As estações de rádio emissoras produzem as ondas


eletromagnéticas chamadas ondas hertzianas (nome tirado de
Hertz, que foi o primeiro homem a produzí-las). A parte fundamental
de um transmissor de rádio, é um oscilador, constituído por um
condensador C e uma bobina B1 , circuito análogo ao da figura ao
lado. Por fora da bobina B1 há uma bobina B2 , que tem uma
extremidade ligada à terra, e a outra ligada a um condutor de forma
geométrica especial, e exposto ao ar, chamado antena (fig. 342).
Quando, pelo oscilador passa a corrente oscilante i1 , variável, a
bobina B1 produz indução eletromagnética na bobina B2 . A corrente
i2 , induzida na bobina B2 , e que circula da antena para a terra e da
terra para a antena, é constituída por elétrons fortemente acelerados Figura 342
e retardados: êsses elétrons produzem, então, as ondas
eletromagnéticas.

A frequência da corrente produzida pelo oscilador é elevadíssima, pois é a mesma frequência


da onda eletromagnética emitida. Por exemplo, se a estação deve emitir ondas de frequência
700.000 ciclos/segundo, essa deve ser a frequência da corrente oscilante.

Para produção das ondas eletromagnéticas necessitamos de osciladores, e não podemos fazê-
lo com dínamos, porque êstes não podem fornecer corrente de tão alta frequência.
Ondas longas e ondas curtas

As estações de rádio comerciais emitem ondas eletromagnéticas cujos comprimentos de onda


são fixados pelos governos, para impedir “interferência” de umas com outras. Em geral, os
comprimentos de onda emitidas pelas estações comerciais são maiores que 500 metros. Essas
são chamadas “ondas longas”. Ondas “curtas”, de 10 a 200 metros, são usadas para vários
objetivos, como por exemplo, pela polícia, para comunicar-se com seus carros; para orientar os
aviadores em vôo; para rádio-amadores, etc..

A diferença fundamental entre o comportamento das ondas longas e o das ondas curtas, é que
as longas podem contornar os objetos, como edifícios, montanhas, etc.. As ondas curtas não
podem contornar facilmente os objetos, mas, em compensação, podem ser concentradas em
feixes finos, como se fossem feixes de luz. Esses feixes podem depois ser “dirigidos”, e usados
para orientar aviadores em vôo, ou detectar aviões, ou detectar submarinos, etc.. Estão, neste
caso, as ondas de “radar”. Para detectar um avião, a onda é emitida; encontrando o avião ela é
refletida, e a onda refletida é captada. O tempo decorrido entre a emissão da onda primitiva e a
chegada da onda refletida, permite calcular-se a distância do avião.

Os rádio-receptores

O rádio-receptor, como êsses que temos em nossas residências,


recebe a onda eletromagnética do seguinte modo: êle possui uma
antena, ligada a uma bobina B2 , que tem a outra extremidade ligada
à terra. Próxima de B2 há uma bobina B1 que, com um condensador
C constitui um circuito oscilante (fig. 343). A onda eletromagnética,
atingindo a antena, produz nela indução eletromagnética: aparece, na
bobina B1 , uma corrente i1 , que circula da antena para a terra e da
terra para antena. Essa corrente i2 provoca indução eletromagnética
na bobina B1 . No circuito oscilante aparece então uma corrente i1 ,
cujo valor depende da combinação do valor do coeficiente de auto-
indução da bobina B1 com a capacidade do condensador C. Essa
corrente i1 é a corrente utilizada para depois pôr em funcionamento o
restante do rádio. O condensador C é sempre um condensador
variável. Para um mesmo valor do comprimento de onda da onda
hertziana podemos ajustar um valor de C que nos dê uma corrente i1
máxima, ou uma corrente fraca, quase nula. Ora, a antena está
recebendo ondas eletromagnéticas emitidas por várias estações de
rádio diferentes, isto é, ondas de comprimentos de onda diferentes.
Então, se quisermos que nosso rádio “capte uma determinada Figura 343
estação”, isto é, um determinado comprimento de onda, precisamos
ajustar o valor da capacidade C que, combinado com o coeficiente de
auto-indução de B1 , faça que a corrente i1 seja máxima, para aquele
determinado comprimento de onda. Quando, em nosso rádio, nós
viramos um “botão” para “ajustar bem” numa certa estação, estamos
variando a capacidade C, para dar-lhe o valor conveniente relativo ao
comprimento de onda característico daquela estação.

O oscilador de Hertz

O primeiro oscilador foi construído em 1879 pelo físico alemão Heinrich Hertz. Consistia em
duas esferas metálicas A e B, colocadas a certa distância, de maneira que funcionavam como
armaduras de um condensador. A elas eram presos dois fios metálicos que tinham nas outras
extremidades as pequenas esferas a e b, mantidas próximas. Em paralelo com as esferas era
ligada uma bobina H (fig. 344). As esferas A e B eram ligadas a uma bobina de Rumkhorff.
Note-se que o circuito da figura 344 é idêntico ao da figura 336, sendo que agora o gerador é a
bobina de Rumkhorff. Quando a bobina de Rumkhorff funciona, estabelece uma diferença de
potencial entre A e B, e, portanto, entre a e b. Salta então uma faísca entre a e b, e se fecha o
circuito oscilante constituído pelas esferas A e B, e a bobina H. A corrente que passa nesse
circuito emite as ondas eletromagnéticas. Depois, a diferença de potencial fornecida pela
bobina de Rumkhorff vai diminuindo; a faísca entre a e b se extingue, e o circuito oscilante se
abre. Novamente, a bobina de Rumkhorff começa a aumentar a diferença de potencial, e o
fenômeno se repete. (Recorde o funcionamento da bobina de Rumkhorff).

Figura 344

Nota Histórica

A descoberta das ondas eletromagnéticas foi, sem dúvida, o mais belo acontecimento da
história da Física. O inglês James Clerk Maxwell, (1831 – 1879), percebeu que Faraday tinha
sido o primeiro homem a compreender corretamente os fenômenos elétricos e magnéticos.
Mas o longo trabalho de Faraday tinha sido exclusivamente experimental. Jamais êle se
preocupara em colocar em forma matemática os fenômenos que observava. Maxwell então, se
propôs a completar a obra de Faraday, e expor matematicamente os conhecimentos de
eletricidade e magnetismo da época. Êle reuniu suas conclusões num Tratado de Eletricidade e
Magnetismo, publicado em 1873. Êsse livro, além de resumir tudo o que se conhecia sobre o
assunto, marcou uma época na história da Eletricidade, porque fixou um verdadeiro método de
analisar matematicamente os fenômenos elétricos e magnéticos. Desenvolvendo as idéias de
Faraday a respeito de dielétricos e de campos, Maxwell, em 1865, concluiu, exclusivamente
por cálculos, que deveriam existir as ondas eletromagnéticas. E concluiu mais que a luz
deveria ser onda eletromagnética. A conclusão de Maxwell era muito arrojada. A custo, suas
idéias foram sendo aceitas, mesmo pelos grandes físicos da época. Tanto que, em 1867, a
Academia de Ciências de Berlim ofereceu um prêmio a quem conseguisse demonstrar
experimentalmente que as ondas eletromagnéticas existem. Doze anos mais tarde, em 1879, o
físico alemão Heinrich Hertz conseguiu prová-lo, com o oscilador descrito no "Oscilador de
Hertz".

Exercícios propostos

1 – A luz, (onda eletromagnética visível), compreende comprimentos de onda de 4.000 a 7.000


angstrons. Exprima esses comprimentos em microns, milímetros e centímetros.

2 – Qual a frequência de uma onda luminosa cujo comprimento de onda é 6.000 A? Qual a
frequência dos raios X cujo comprimento de onda é 3 A?

3 – O comprimento de onda das ondas emitidas por uma estação de rádio é 300 metros. Qual
a frequência dessas ondas?

4 – Utilizando a lei de Lenz demonstre que, quando a corrente em uma bobina está
aumentando, a corrente de auto-indução tem sentido oposto; e quando a corrente está
diminuindo, a de auto-indução tem o mesmo sentido.

5 – O que é uma descarga oscilatória, ou descarga oscilante, ou oscilação elétrica?


6 – Explique como se dá a oscilação elétrica em um circuito constituído por uma bobina e um
condensador em série. 4 – Que papel desempenha a auto-indução num oscilador?

7 – Qual a diferença fundamental entre um oscilador e um dínamo?

8 – Para que se usam osciladores?

9 – Explique como se executa aquecimento por alta frequência, e cite algumas vantagens que
o método oferece em relação a fornos comuns.

10 – O que é uma onda eletromagnética? Como é produzida, de modo geral?

11 – Porque a onda eletromagnética é chamada “onda”? Existem partículas materiais oscilando


nessa onda?

12 – Que sabe sobre os planos dos vetores e nas ondas eletromagnéticas?

13– Defina comprimento de onda, período e frequência de uma onda eletromagnética, e


demonstre as relações entre eles.

14 – Como são classificadas as ondas eletromagnéticas? O que são os raios gama e os raios
X?

15 – Explique o conceito de “raio luminoso”.

16 – O que é polarização de uma onda eletromagnética?

17 – Como emite ondas um rádio-transmissor?

18 – Qual a diferença de comportamento entre uma onda longa e uma onda curta?

19 – Como recebe a onda eletromagnética um rádio-receptor? O que é uma antena?

20 – Como era o oscilador de Hertz?

21 – O que fizeram Maxwell e Hertz a respeito das ondas eletromagnéticas?

22 – Explique como se dá a emissão de luz por uma lâmpada de incandescência.

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