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I.

Identificação da Obra

LOVELOCK, James. A Vingança de Gaia. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2006, 159 p.

- Livro editado no ano de 2006, baseado em estudos prévios do autor, fundamentado na


Hipótese de Gaia, da qual o mesmo foi precursor e criador em 1972.

II. Credenciais do Autor

James Lovelock é autor de mais de duzentos artigos científicos e ocriador da Hipótese de Gaia
(Teoria de Gaia). É membro da Royal Society desde 1974. Desde 1961 trabalha como cientista
independente, porém conservou vínculos com Universidades do Reino Unido e dos Estados
Unidos da América. Desde 1944 é professor visitante honorário do Green College da
Universidade de Oxford. Em 2003, foi nomeado Companion of Honour por Sua Majestade, a
Rainha da Inglaterra e, em seembro de 2005, a Revista Prospect considerou-o um dos cem
maiores intelectuais públicos globais.

III. Quadro de Referências do Autor

James Lovelock baseou sua obra nas leituras e comentários de Gisbert Glaser (Consultor Sênior
do International Council for Science); E. O. Wilson (Biólogo); Bert Bolin (Painel
Intergovernamental sobre Mudança do clima – IPCC); John Gray (Filósofo e Historiador); Mary
Midgley (Filósofa); George Williams (Biólogo); Richard Betts (Cientista de Hadley Center);
James Clerk Maxwell (Físico); Michael Crickton (Meteorologista); Walt Patterson (Fissão e
Fusão Nuclear); Richard Dawkins (Cientista); Rowan Williams (Arcebispo da Cantuária);
Stephan Harding (Biólogo); sir Crispin Tickell (Prefácio do Livro).

IV. Pressupostos e Resumo da Obra

A idéia de que a Terra está viva tem uma longa história. Deuses e Deusas eram vistos como
corporificação de elementos específicos, variando do céu à fonte mais próxima, e a idéia de
que a própria Terra estava viva e aflorou regularmente na filosofia grega.

Leonardo da Vinci viu o corpo humano como o microscosmo da Terra, e a Terra como o
macrocosmo do corpo humano. Ele não sabia, como nós atualmente, que o corpo humano é
um macrocosmo dos elementos minúsculos de vida, deixando-se habitar por vírus, bactérias e,
muitas vezes guerreando contra si próprio.

Giordano Bruno foi queimado na fogueira há mais de 400 anos passados, por sustentar a idéia
de que a Terra estava viva, e que outros planetas poderiam também estar.
O geólogo James Hutton viu a Terra como um sistema auto-regulador, em 1785, e T. H. Huxley
a percebeu da mesma forma em 1877.

Vladimir Ivanovitch Vernadsky viu o funcionamento da biosfera como uma força geológica que
cria um desequilíbrio dinâmico, que, por sua vez, promove a diversidade da vida.

Em 1972, James Lovelock reuniu essas idéias na Hipótese de Gaia. Ele aperfeiçoou em seu livro
e ampliou com novas idéias e práticas.

A idéia pareceu inaceitável para os adeptos do pensamento convencional, quando


apresentada, há mais de 25 anos passados.

Segundo Lovelock, na presente obra, Gaia está mudando, parecendo menos forte que no
passado. O calor do sol vem aumentando sobre a Terra gradualmente, e a auto-regulação da
qual dependem todas as espécies de vida, corre perigo.

Na obra “A Vingança de Gaia”, James Lovelock examina cada um dos problemas principais, a
maioria decorrente dos efeitos da Revolução Industrial, particularmente o consumo de
combustíveis fósseis e produtos químicos, a agricultura e o espaço vital. Assim, o autor sugere
formas de como poderíamos começar a enfrentar a questão. Para o autor, o primeiro passo é
reconhecer a existência dos problemas. O segundo passo seria entender estes problemas e
procurar extrair conclusões corretas e aplicáveis. Como terceiro passo, a tomada de
providências.

Se aplicado aos problemas da sociedade moderna, o conceito de Gaia pode ser aplicado ao
pensamento atual sobre valores: a forma como encaramos e julgamos o mundo à nossa volta,
nosso comportamento.

Segundo Lovelock, a principal diferença entre o passado e o presente é que nossos problemas
são de fato globais, encontrando-nos presos a um círculo vicioso de feedeback positivo. Todo
acontecimento afeta todas as coisas e situações.

Gaia não é uma forma de religião, mas uma forma de fazer as pazes com o resto do mundo em
que vivemos. O autor compara a Terra como sendo um planeta vivo, pois ele controla sua
temperatura e composição para estar e permanecer confortável, quando comparado com seus
planetas irmãos mortos Marte e Vênus.
Segundo o biólogo evolutivo, E. O. Wilson, ao escrever sobre a incompatibilidade entre a
ciência do século XX e a religião, sabia da necessidade inconsciente, na maioria de nós, de algo
transcendental, algo além de uma análise fria. Ele trouxe à tona uma palavra já em desuso,
mas ainda válida, “consiliência”, como algo para conciliar os pensamentos dos cientistas
reducionistas com outros seres humanos inteligentes, em especial àqueles com fé.

James Lovelock nos põe a par de que ainda que cessássemos nesse instante de arrebatar e
fazer uso de novas terras e águas de Gaia para a produção de alimentos e combustíveis e
parássemos de envenenar o ar, ainda assim, a Terra levaria mais de mil anos para se recuperar
do dano já causado, e, talvez, seja tarde demais até para salvar o Planeta. Segundo o autor,
será necessária uma seqüência planejada para substituir o carbono fóssil por fontes de energia
mais seguras e limpas. Chegamos à nossa desordem atual por meio de nossa inteligência e
inventividade.

A mudança é algo normal na história geológica. A mais recente foi a passagem da Terra do
longo período de glaciação ao período interglacial quente atual. Precisamos renovar aquele
amor e empatia pela natureza que perdemos quando iniciamos nossas relações com a vida
urbana. As perspectivas são sombrias e, ainda que tenhamos sucesso ao reagir, passaremos
por tempos difíceis, como numa guerra, nos levando ao limite de nossas forças. Seria preciso
mais do que a catástrofe climática prevista para eliminar casais de seres humanos em
condições de procriar. A civilização está em risco.

O autor vê a energia nuclear como o único remédio eficaz de que se dispõe agora, sendo
considerada como o remédio que sustenta uma fonte constante e segura de eletricidade, até
que se possa utilizar com disponibilidade suficiente a energia advinda do Sol, renovável.

A mudança climática constou da Agenda da Reunião do G8, na Escócia, em 2005, mas foi
marginalizada quando Londres sofreu um terrível ataque terrorista. A maioria dos cientistas
quando pensa ou fala sobre a parte viva da Terra, chama-a de Biosfera, embora estritamente
falando, a biosfera se limite à região geográfica onde a vida existe, a bolha esférica fina na
superfície da Terra. Gaia é um invólucro esférico fino de matéria que cerca o interior
incandescente. Lovelock chama Gaia de um sistema fisiológico, porque parece dotada do
objetivo inconsciente de regular o clima e a química em um estado confortável para a
continuidade da existência de vida.

Precisamos pensar em Gaia como o sistema completo de partes animadas e inanimadas. O


crescimento desenfreado dos seres vivos possibilitados pela luz solar fortalece Gaia, mas essa
força caótica é contida por limitações que moldam a entidade propositada que se auto-regula
a favor da vida.
O aparecimento de oxigênio foi um evento tão importante na história de Gaia, impelindo o
desenvolvimento de células vivas mais complexas, os eucariotos, culminando com
agrupamentos de células vivas que compõem plantas e animais.

Em sua existência, a Terra experimentou vários regimes climáticos diferentes. Logo depois que
a vida começou, Gaia emergiu como um sistema regulador e, segundo Lovelock, isso levou a
uma mudança de composição atmosférica, dióxido de carbono (CO2), para outra denominada
metano (CH4), que durou cerca de 1 bilhão de anos, até que o oxigênio (O2) se tornasse o gás
quimicamente dominante.

O autor também discute, na presente obra, diferentes fontes de energia, citando desde a
explosão primordial, Big Bang, até fontes como carbono fóssil, absorção (coleta) da luz do Sol
sobre telhados, energia elétrica, carvão e petróleo, gás natural, hidrogênio; além destas,
fontes renováveis, como energia eólica, energia das marés, hidroeletricidade, energia nuclear,
energia de fusão, energia de fissão.

V. Conclusões do Autor

Para James Lovelock, Gaia é um planeta vivo. Ele entende a capacidade de reconhecer
instantaneamente a vida, e outros instintos, fazendo parte de nossa história evolutiva.

Segundo o autor, não apenas a humanidade está em caminho de destruir a si e à Terra, mas a
maioria das soluções alternativas que têm sido propostas. James Lovelock acredita que Gaia, a
Terra viva e auto-reguladora vai defender-se sempre.

VI. Metodologia do Autor

Com grande entendimento da ciência do aquecimento global, baseou-se em uma abordagem


filosófica da Ciência da Terra, permitindo que se ofereça uma explicação real. James Lovelock
analisa nossa necessidade de energia e as fontes alternativas da mesma.

VII. Quadro de Referências da Resenhista

Andréa de Oliveira Pinheiro é Bióloga, Professora da Rede Municipal de Ensino de Navegantes


– SC. Utiliza como referências, além de James Lovelock, Eurico Cabral de Oliveira e Samuel
Murgel Branco

VIII. Críticas e Comentários da Resenhista

Conceitos importantes, como DEUS e GAIA, não são compreensíveis no espaço limitado de
nossas mentes conscientes, mas faz sentido naquela parte interior de nossas mentes.
A história da ciência mostra que devemos conservar o que há de bom na nossa visão de
mundo e intercalar com novos conhecimentos adquiridos no percurso de nossas vidas.

IX. Indicações da Obra

O livro “A Vingança de Gaia”, de James Lovelock é extremamente importante ao grande grupo


de ambientalistas (ou protetores ambientais), Gestores Ambientais e, àqueles que crêem nas
fontes renovávem nas fontes renovtante ao grande grupo de ambientalistas (ou protetores
ambientais), Gestores Ambientais e, te falando, a bioeis e limpas de eneis de enrgiargia, como
possibilidade para diminuir impactos em nossa Terra, Biosfera, Gaia.

SOBRE O POLÊMICO A VINGANÇA DE GAIA

Constantemente somos bombardeados por informações sobre o aquecimento global, as


mudanças climáticas, a extinção de espécies e até mesmo sobre o fim do mundo. Em face
deste contexto, cabe uma boa leitura com fundamentos científicos, como a do livro do
reconhecido autor e cientista James Lovelock, intitulado “A vingança de Gaia”.

Tal obra fora publicada no ano de 2006, e defende a Teoria de Gaia no âmbito da mudança
climática global, tema contemporâneo e que ainda necessita de muitos estudos a respeito,
portanto, a relevância desta obra. Com uma abordagem de fácil entendimento e uma visão
multidisciplinar, o livro é composto por nove capítulos, sendo os seguintes: O estado da Terra;
O que é Gaia?; História da vida de Gaia; Previsões para o século XXI, Fontes de energia;
Produtos químicos, alimentos e matérias-primas; Tecnologia para uma retirada sustentável;
Uma visão pessoal do ambientalismo; Além da estação final.

Inicialmente, sobre o estado do planeta, Lovelock alerta que temos abusado do mesmo, que
tem comportado-se como um paciente febril. Esta analogia sobre a saúde planetária tem
prosseguimento com uma referência ao clássico O médico e o monstro, onde o primeiro é o
sábio, que visualiza a saúde da Terra. Já o monstro, corresponde ao mau uso da tecnologia e o
abuso da energia por nós, assim como o superpovoamento que presenciamos na atualidade.
Diante disto, não haveria possibilidade do desenvolvimento, nos moldes em que vivenciamos,
esperando que o planeta permaneça no estado em que se encontra por aproximadamente
mais meio século. A prática do desenvolvimento sustentável deveria ter iniciado há duzentos
anos, enquanto a mudança era lenta.

O possível estado mais quente do planeta tumultuaria os mundos político e comercial. As


importações de alimentos, combustível e matérias-primas tornar-se-ão difíceis, pois
fornecedores poderão estar assolados por secas ou enchentes. Enfim, devemos enxergar
questões além da extinção de espécies animais, o que comumente somos alertados. Somos
parte do sistema, e assim como afetamos o meio, também somos afetados.

Agora, o que é Gaia? De uma maneira simplificada, esta seria como um invólucro esférico de
matéria que envolve o interior incandescente do planeta, começando onde as rochas
encontram o magma, cerca de 160 quilômetros abaixo da superfície e avançando outros 160
quilômetros para fora, até a fronteira com o espaço. Este invólucro inclui a biosfera e é um
sistema fisiológico, mantendo o planeta adequado à vida há mais de três bilhões de anos.
Fala-se de um sistema fisiológico porque parece haver um objetivo inconsciente de regulação
do clima e da química em um estado confortável à vida, como observado na década de 1960
durante estudos sobre a atmosfera. Gaia é um conjunto de partes animadas e inanimadas e se
autorregula a favor da vida. A evolução dos organismos e a do mundo material é parte de uma
só história, onde a vida e o ambiente físico evoluem como entidade única[1] .

O terceiro capítulo traz um histórico da vida de Gaia, fazendo uma breve retomada de algumas
eras geológicas, do surgimento da vida e das transformações ambientais já ocorridas em nosso
planeta. Neste, salienta-se que regimes climáticos diferentes ocorreram por diversas vezes,
dependendo da organização dos astros do Sistema Solar e da própria atividade do Sol, porém,
a autoregulação de Gaia para suportar tais acontecimentos, na atualidade, tem sido afetada
pela humanidade. Ao substituirmos ecossistemas naturais por áreas agricultáveis e
acrescentarmos gases de estufa ao ar, acabamos por interferir na manutenção da
temperatura, no caso, aumentamos o calor ao mesmo tempo em que removemos os sistemas
capazes de regular a mesma.

Frente ao exposto, o item quatro nos mostra algumas previsões para o século XXI, sendo
essencialmente focado na mudança do clima, entre elas: o gráfico “taco de hóquei”, como
ficou conhecido o trabalho de Michael Mann, demonstrando que flutuações de temperatura
são naturais, mas a partir do início do período industrial, por volta de 1850, a temperatura
começa a subir com uma aceleração crescente, atingindo quase 1ºC acima da média do estudo
em longo prazo. Ainda, o Sol está 0,5ºC mais quente que há 55 milhões de anos e a metade da
superfície florestada da Terra está transformada em terra cultivável, cerrado e deserto,
reduzindo a capacidade de autorregulação.

Vários gases estufa, além do metano e do dióxido de carbono, aumentam o aquecimento


global, entre eles os CFCs (clorofluorocarbonetos), óxido nitroso e outros que são produtos da
agricultura e da indústria. Devemos esperar eventos meteorológicos de grandes proporções
afetando apenas uma região, como enchentes temporárias e ondas de calor. Mesmo com
tanto calor, alguns locais do planeta serão agradáveis, como as Ilhas Britânicas, porém, poucos
dos atuais bilhões de seres humanos de hoje sobreviverão.

O quinto capítulo da obra merece destaque especial por conter a surpreendente defesa da
utilização de energia nuclear. Nesse trata-se das mais diversas fontes energéticas, como os
combustíveis fósseis e as fontes renováveis, mas o que chama atenção é o autor como um
defensor da energia nuclear, temida, principalmente pelo desconhecimento a seu respeito. O
acidente ocorrido na usina nuclear de Tchernobil, por exemplo, onde houve uma explosão de
vapor e após um incêndio, liberando radioatividade, é muito lembrado e utilizado como
argumento para a inexistência de usinas desta espécie.

O citado evento, segundo o autor, resultou em não mais que 75 mortes, e conforme um
relatório suíço, a energia nuclear é 40 vezes mais segura que as fontes energéticas do carvão
ou petróleo, e mais segura que hidrelétricas (fonte renovável).

Entre as vantagens do uso da fissão nuclear[2] como produtora de energia, expõe-se que ela
gera 2 milhões de vezes menos resíduos que a queima de combustíveis fósseis, e que esses
ocupariam somente 6 metros cúbicos após descartados e soterrados. Diferentemente, o uso
de combustíveis fósseis produz 27 bilhões de toneladas de dióxido de carbono anualmente, o
que formaria uma montanha de resíduos com mais de 1,5 quilômetros de altura por 19
quilômetros de circunferência em sua base. Ainda, as reações nucleares são milhões de vezes
mais energéticas que reações químicas.
Os argumentos favoráveis à energia nuclear estendem-se no decorrer do livro, juntamente
com esclarecimentos sobre a questão. Diga-se, tais escritos possuem forte capacidade de
persuasão.

Ainda quanto às fontes de energia é válido comentar sobre um tipo em voga, tratado como
“energia verde”, os biocombustíveis. Eles são tomados como uma fonte perigosa, pois são
fáceis de cultivar e demandam uma área extensa para este cultivo. Então surge uma
indagação: se já produzimos alimentos em mais da metade da terra produtiva do planeta, o
que acontecerá com Gaia se utilizarmos o restante para produzir biocombustível?

Seguindo no “contexto radioativo”, no capítulo que segue há uma boa discussão sobre
alimentos e radioatividade. O autor cita o grande medo que temos do câncer, mas conclui que
se sobrevivermos ao aquecimento global olharemos para trás e veremos que um de nossos
maiores erros foi a preocupação com esta doença. Nosso temor quanto à radiação emitida por
produtos químicos da comida e de telefones celulares ou linhas de transmissão de energia não
é importante, pois pelo menos 30% de nós morreremos vítimas do câncer, e o fato principal
disto é a respiração do oxigênio! Mesmo assim, viveremos mais que os nossos antepassados.

Sobre a produção agrícola, uma importante informação, que nos dá um parâmetro para
pensarmos sobre nosso modelo: destinando habitat naturais para esta prática causamos uma
extinção de espécies comparável à morte dos grandes répteis há 65 milhões de anos. A
eminente mudança climática intensificará tais extinções, então, como fazer uma retirada
sustentável?

A palavra “retirada” parece inapropriada, mas seria hipocrisia não usá-la, pois necessitamos de
recursos ambientais para nossa sobrevivência. Lovelock recorda brevemente de um encontro
científico em 2004, na Universidade de Cambridge (Inglaterra), intitulado “Opções de
Macroengenharia para a Mudança Climática”. Nesse, apresentou-se várias propostas
tecnológicas para reduzir a quantidade de calor que o planeta recebe do Sol, como para
remover o dióxido de carbono e demais gases estufa do ar ou de fontes de combustão. Mas a
reunião deixou de mencionar que o clima é apenas uma parte da problemática, tão
importantes quanto à redução das emissões de gases ou atenuação do calor recebido pelo
astro rei, são os ecossistemas naturais, que regulam o próprio clima e a química do planeta.

O autor ainda tem certo “delírio” ao pensar em diferentes formas de alimentação, chegando a
citar que alimentos pudessem ser sintetizados a partir de alguns elementos químicos, assim,
seria possível sustentar a existência de cerca de oito bilhões de indivíduos. Desta forma, a
agricultura poderia ir sendo abandonada, sobrando mais espaços para Gaia regenerar-se.

Um adequado planejamento urbano também seria de grande valor, já que 75% da energia é
consumida no transporte e em prédios. Cidades densas, pequenas e bem planejadas
ocupariam menos espaço e incentivariam a caminhada como método de locomoção. No
mesmo item faz-se uma observação sobre os telefones celulares, chamando-os de uma das
mais “verdes” invenções de todos os tempos, já que exploram a tendência humana de falar
bastante e durante horas por dia! A um custo mínimo de energia, acabamos por resolver
muitas pendências a partir de nossa própria residência.

No penúltimo capítulo da obra afirma-se que o conceito de Gaia é a base para um


ambientalismo coerente e prático, mesmo que a Teoria de Gaia seja provisória e venha a ser
substituída por uma visão mais completa da Terra. Mas, na atualidade, essa teoria é como a
semente de um ambientalismo instintivo, que possa revelar a saúde ou a doença planetária e
ajudar a manter o mundo saudável.

Encaminhando a finalização deste texto, o último capítulo, “Além da estação final”, mostra que
é hora de recuar, pois enquanto não decidimos o que fazer os recursos e a energia vão
tornado-se escassos. Além disso, destaca-se que Gaia age como uma mãe acalentadora, mas é
cruel com os filhos transgressores.

Um provável futuro tolerável estaria nos aguardando, mas é insensato ignorar a possibilidade
do desastre. Algo a ser feito para reduzir a catástrofe, como sugere o cientista, seria escrever
um guia para ajudar os sobreviventes a reconstruir a civilização sem repetir nossos erros; tal
material composto de um compêndio filosófico e científico suficientemente completo, claro e
respeitável, que pudesse estar espalhado em cada lar, escola, biblioteca ou local de culto,
assim, estaria ao alcance aconteça o que acontecer.

Passado certo tempo da publicação da obra aqui apresentada e de sua repercussão mundial,
James Lovelock afirma ter sido alarmista em alguns pontos, como em relação ao curto espaço
de tempo em que as mudanças mais expressivas poderiam ocorrer, admitindo que elas
possam demorar mais do que o previsto; não estaria acontecendo qualquer coisa que mereça
tanto alarme[3]. Este fato não diminui a importância de seus escritos, já que são baseados em
ciência e trazem sensatos alertas.

O livro está repleto de conteúdo atual e relevante, e foi escrito com seriedade, trazendo um
modo de vislumbrar a Terra que poderá salvar a nossa espécie, independente do período de
tempo que ainda nos reste para agir. Concluindo, cita-se uma frase do próprio Lovelock, entre
as tantas passagens marcantes de suas obras, que representa claramente a Teoria de Gaia e
ajuda-nos na reflexão sobre conteúdo aqui abordado: “E a própria vida pode existir pelo
tempo em que puder manter este planeta adequado para ela[4].”

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