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As Mênades, é uma tragédia grega de autoria

do dramaturgo Eurípedes

As Bacantes (em grego antigo:


Βάκχαι, transl.: Bakchai), ou As Mênades, é
uma tragédia grega de autoria
do dramaturgo Eurípedes, de Salamina, mas que
passou a maior parte de sua vida em Atenas. Estreou
postumamente no Teatro de Dionísio em 405 a.C.,
como parte de uma tetralogia que também incluía
a peçaIfigênia em Áulis, e que provavelmente
foi dirigida pelo filho ou sobrinho do próprio
Eurípedes.[1] A obra obteve o primeiro lugar na
competição teatral realizada durante o festival da
Grande Dionísia.
A tragédia é baseada na história mitológica do
rei Penteu, de Tebas, e de sua mãe, Agave, e da
punição dos dois pelo deus Dioniso, primo de Penteu,
por sua recusa em venerá-lo e pelo injusto descrédito
em que pairava o nome de sua mãe, Sêmele.
Contexto
O Dioniso da narrativa de Eurípedes é um deus jovem,
enfurecido porque sua família mortal, a casa
real de Cadmo, negou-lhe um lugar de honra como
divindade. Sua mãe, Sêmele, foi uma das amantes
de Zeus e, ainda grávida, foi morta por Hera com
um raio. A maior parte da família de Sêmele, no
entanto, incluindo sua irmã Agave, recusou-se a
acreditar que Dioniso era filho de Zeus, e o jovem deus
acabou sendo rejeitado em sua própria casa. Após
viajar por toda a Ásia e outras terras estrangeiras,
Dioniso reúne um grupo de devotas, as Bacantes ou
Mênades, e, no início da peça, retorna para se vingar da
linhagem de Cadmo, disfarçado como um forasteiro
loiro. Após levar as mulheres de Tebas, incluindo suas
tias, a um frenesi extático, envia-lhes ao Monte Citéron,
dançando e caçando, para horror de suas famílias. Para
complicar ainda mais as coisas, o jovem
rei Penteu declara a proibição do culto a Dioniso por
toda a cidade de Tebas.
Trama
Dioniso entra no palco pela primeira vez para contar ao
público quem ele é e porque decidiu vir a Tebas. Ele
explica a história de seu nascimento, de
como Zeus havia se apaixonado por sua mãe, Sêmele,
e descido do Monte Olimpo para se deitar com ela.
Grávida com um filho divino, ninguém de sua família
acredita em sua palavra, no entanto, e acredita ser
apenas uma gravidez ilícita. Hera, furiosa com a traição
de seu marido, convence Sêmele a pedir a Zeus que
apareça a ela em sua forma verdadeira. Zeus concorda,
e aparece como um raio e a mata instantaneamente. No
momento de sua morte, no entanto, Hermes desce e
salva Dioniso de seu ventre; para escondê-lo de Hera,
Zeus costura o feto em sua própria coxa até que ele
termine de crescer. A família de Sêmele, no entanto -
suas irmãs Agave, Autónoe e Ino, e seu pai, Cadmo -
ainda acredita que ela cometeu blasfêmia ao mentir
sobre a identidade do pai do bebê, e que teria morrido
como resultado deste ato. Dioniso volta a Tebas para
vingar sua mãe, Sêmele.
O velho Cadmo e Tirésias, embora não estejam
enfeitiçados, como as mulheres tebanas, apaixonam-se
pelos rituais báquicos e estão prestes a sair em
celebração quando Penteu retorna à cidade e os
encontra vestidos em roupas festivas. Após
repreender-lhes com veemência, Penteu ordena aos
seus soldados, que prenda qualquer um que participe
do culto dionisíaco.
Os guardas retornam com o próprio Dioniso,
disfarçado como um sacerdote de seu próprio culto, o
líder das mênades asiáticas. Penteu o interroga, ainda
sem acreditar que Dioniso seja um deus. Suas
perguntas, no entanto, revelam seu profundo interesse
nos ritos dionisíacos, que o "estranho" se recusa a
revelar inteiramente. Isto enfurece enormemente
Penteu, que ordena que ele seja encarcerado; no
entanto, sendo um deus, ele rapidamente consegue se
libertar e cria ainda mais distúrbios, destruindo o
palácio de Penteu com um terremoto gigante, seguido
por um incêndio. Um pastor traz a notícia de que as
bacantes (ou mênades) estariam na região do monte
Citéron, realizando feitos especialmente incríveis,
como colocar serpentes em seus próprios cabelos para
reverenciar o
deus, amamentandogazelas e lobos selvagens, e
fazendo vinho, leite, mel e água brotar do solo. O
pastor ainda conta que, quando tentou capturar estas
mulheres, elas avançaram sobre um rebanho de vacas,
rasgando-as em pedaços com suas próprias mãos
(sparagmos). Alguns guardas que atacaram as
mulheres também não foram capazes de atingi-las com
suas armas, enquanto elas, por sua vez, puderam
derrotá-los apenas com pedaços de madeira. Dioniso,
ávido por punir Penteu por não lhe prestar o devido
respeito através das libações, utiliza o seu desejo de
ver as mulheres em êxtase como pretexto para
convencê-lo a se vestir como uma mênade, para que
possa evitar ser identificado e assim observar os
rituais.[2]
Dioniso veste Penteu como uma mulher e lhe dá
um tirso e peles de cervo, e o leva para fora da casa.
Penteu começa a ver tudo dobrado, enxergando duas
Tebas, e dois touros a levá-lo (Dioniso por vezes
assumia a forma de um touro). A vingança logo passa
de mera humilhação a assassinato. Um mensageiro
chega ao palácio, para relatar que depois de terem
chegado ao Citéron, Penteu quis escalar uma árvore,
para poder ter uma melhor vista das bacantes (ou
mênades). Dioniso, ainda disfarçado como o pastor
forasteiro, usou seu poder divino para entornar as altas
árvores, e colocou o rei nos galhos mais altos. Assim
que ele chegou ao topo de uma delas, Dioniso gritou às
suas devotas, apontando-lhes o homem no topo da
árvore; ensandecidas, as bacantes (ou mênades)
arrancaram Penteu da árvore e rasgaram seu corpo em
pedaços.
Assim que o mensageiro dá estas notícias a mãe de
Penteu, Agave, entra em cena carregando a cabeça de
seu filho, que ela mesma havia arrancado. Em seu
estado possuído ela acreditava que era a cabeça de
um leão-da-montanha, e a exibia, orgulhosamente, para
seu pai, ansiosa para lhe mostrar o sucesso de
sua caçada, e como tinha sido corajosa. Ao perceber
que Cadmo não está feliz com as notícias, seu rosto
contorcido com horror, Agave começa lentamente a
perceber o que fez; a família é destruída, e Agave e as
irmãs são exiladas. Dioniso, num ato final de vingança,
retorna brevemente para castigar novamente sua
família por sua impiedade; Cadmo e sua
esposa, Harmonia são transfomados em serpentes.
Tirésias, o velho profeta cego de Tebas, é o único a sair
ileso.
Estrutura dramática
Numa peça que segue uma construção de trama
climática, Dioniso, o protagonista, instiga a ação que
se desenrola ao emular simultaneamente o autor, o
figurinista, o coreógrafo e o diretor artístico da
peça.[3] Já se enxergou um simbolismo no fato de
Dioniso, o deus do teatro para os antigos gregos, dirige
a peça.[4]
No início da obra, Dioniso faz a exposição do
argumento, da qual já se identificou um conflito central
à peça: a invasão da Grécia por uma religião
estrangeira, de origem asiática.[5]
Análises críticas
Desde o fim da Antigüidade até o fim do século XIX os
temas das Mênades eram considerados muito
repugnantes para serem estudados e apreciados. Foi O
Nascimento da Tragédia, do filósofo alemãoFriedrich
Nietzsche, que trouxe de volta a questão da relação de
Dioniso com o teatro, e elevou o interesse
nas Mênades. Durante o século XX performances da
peça tornaram-se bem populares, especialmente na
forma de ópera, devido aos coros dramáticos
encontrados por toda a trama.[6] Análises mais técnicas
ressaltam como Eurípides consegue dominar
igualmente as belezas poéticas e dramáticas de sua
obra e o tratamento de temas mais complexos.[7]

FONTE: WIKIPÉDIA

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