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Este é um resumo da lista de cantos da Odisseia, poema épico de Homero (século VIII

a.C.).
São usados os nomes gregos e não os nomes latinos dos deuses e personagens, porque
a obra é grega. Assim usa-se Odisseu em vez de Ulisses, Zeus em vez de Júpiter, Atena
em vez de Minerva (em algumas versões, Palas Ateneia), Hermes em vez de Mercúrio,
etc.
Canto I
Invocação à musa. Assembleia dos deuses. Exortação de Atena a Telémaco. Festim dos
pretendentes.
Prólogo e invocação à musa.
Odisseu está retido na Ilha de Calipso. Os deuses, na ausência de Poseidon (que odeia
Odisseu), reúnem-se em concílio e decidem que Odisseu deverá voltar à sua terra natal
(Ítaca). Atena disfarça-se de mendigo e vai falar com Telémaco para que este parta em
busca de novas de seu pai. Os pretendentes de Penélope estão em festim, abusando da
hospitalidade da casa.
Canto II
Assembleia dos itacenses. Telémaco parte em procura do pai
Telémaco convoca a assembleia de Ítaca para que lhe aparelhem um barco para poder
ir em busca de alguma notícia de seu pai. Discurso de Aegipo. Telémaco queixa-se do
comportamento dos pretendentes. Antinous replica culpando Penélope. Telémaco
replica e invoca a ajuda de Zeus. Eurímaco replica-lhe.
Disfarçada de Mentor, Atena, aparece a Telémaco e promete-lhe ajuda e
acompanhamento. Telémaco vai a casa, pede a Euricleia que lhe prepare provisões
para a viagem. Atena providencia um barco e ambos partem (Telémaco e Atena).
Canto III
Estadia de Telémaco em Pilo
Em Pilo, Telémaco fala com Nestor. Nestor narra a Telémaco a viagem de volta da
Guerra de Troia, mas nada sabe sobre o paradeiro de Odisseu. Emprestam, então
cavalos a Telémaco para sua viagem, é acompanhado por Pisístrato, filho de Nestor.
Atena desaparece.
Canto IV
Estada de Telémaco na Lacedemónia (Esparta)
Telémaco e Pisístrato chegam à Lacedemónia, terra de Menelau. Após narrar seu
retorno de Troia diz que ouviu do Velho do Mar, Proteus, que Odisseu ainda estaria
vivo em uma ilha. Em Ítaca os pretendentes planejam matar Telémaco durante sua
volta. Atena aparece em um sonho para Penélope na forma de sua irmã, Iftima, para
acalmá-la.
Canto V
A ilha de Calipso. A jangada de Odisseu.
Odisseu está preso na ilha da ninfa Calipso. Apesar de bem tratado Odisseu tem
saudades da sua família.
Atena fala com Zeus acerca das mágoas de Odisseu. Hermes é enviado por Zeus para
interceder junto de Calipso em favor de Odisseu. Hermes não encontra Odisseu na
gruta de Calipso, este encontra-se junto ao mar olhando o infinito nostalgicamente.
Hermes convence Calipso a libertar Odisseu. Ela lamenta-se porque o ama e lhe tinha
prometido torná-lo num imortal. Concorda em lhe ajudar a fazer uma jangada.
Odisseu, apesar de sua esposa (Penélope) ser uma mortal, quer ir ter com ela. Antes de
partir na jangada, faz amor pela última vez com Calipso. Abandona a ilha depois de
receber recomendações de Calipso (que vai usar quando for descer ao Hades).
Poseidon (o Netuno dos latinos) levanta uma tempestade para o fustigar. Ino avista-o
no meio da tempestade apieda-se dele e vai em seu auxílio. Transformando-se em
gaivota aparece-lhe e fala-lhe na proa da jangada. Dá-lhe um véu para o proteger. A
jangada desconjunta-se,ele então estende o véu sobre o peito e põe-se a nadar.
Atena intercede para que os ventos se acalmem. Esteve dois dias e duas noites à
deriva. Depois de conseguir não chocar com os rochedos atinge a praia a nado. Faz as
preces ao espírito do rio. Deita-se na floresta cobrindo-se de folhas. Adormece num
sono profundo providenciado por Atena.
Canto VI
Chegada de Odisseu ao país dos Feácios. Nausícaa
Odisseu ( ou Ulisses ) está a dormir. Entretanto Atena entra num sonho de Nausícaa e
diz-lhe para ir lavar a roupa ao rio. Quando Nausícaa acorda dirige-se ao rio com as
servas para lavar a sua roupa nos lavadouros do rio. Atena induz Nausícaa e as servas a
fazerem um jogo atirando uma bola umas às outras. Odisseu acorda. Questiona-se
onde estará. Ele aproxima-se de Nausícaa, esta não foge dele, apesar de estar nu
(Odisseu, enquanto nadava para terra, viu-se obrigado a libertar-se das armas e das
roupas para estas não pesarem). Odisseu põe-se na posição do suplicante para
Nausícaa. Ela acede-lhe gentilmente às súplicas. As servas de Nausícaa tratam de
Odisseu, oferecem-lhe um manto e uma túnica, e óleo para ele untar o corpo depois de
se banhar no rio. Depois dão-lhe comida e bebida. Nausícaa dá-lhe instruções para ele
se dirigir ao palácio de seu pai (Alcínoo), para se atirar aos joelhos de sua mãe e
suplicar-lhe ajuda. Se ele cair nas suas boas graças é certo que regressará a Ítaca
porque os Feácios são ótimos construtores de barcos. No caminho passam por um
bosque onde Odisseu dirige preces à deusa Atena.
Canto VII
Entrada de Odisseu no palácio de Alcínoo
Nausícaa chega a casa. Odisseu fica a rezar a Atena. Vai a caminho da cidade dos
Feácios e encontra uma garota que não é mais do que Atena disfarçada. Odisseu
pergunta-lhe onde fica o palácio de Alcínoo. Ela dá-lhe as indicações. Odisseu segue
envolto numa nuvem providenciada por Atena para que os habitantes da Feácia não o
vejam, porque estes são muito agressivos para com os estrangeiros. Odisseu fica
maravilhado à porta do palácio, ele que anda há tanto tempo longe da civilização.
Odisseu entra no palácio e lança-se aos pés de Areta. Suplica-lhe que o ajude a voltar a
Ítaca. Senta-se humildemente na cinza e aguarda. Um velho, Euqueneu, toma a palavra
e intercede por Odisseu. Alcínoo oferece a Odisseu o lugar de seu filho Laodamante.
Oferecem-lhe comida. Oferecem-lhe estadia. Todos se vão deitar.
Canto VIII
Odisseu no país dos Feácios
Alcínoo leva Odisseu até à Ágora, onde propõe que se ajude Odisseu a voltar para
Ítaca. Os Feácios admiram a beleza de Odisseu. Seguem para o palácio. O aedo
Demódoco é chamado e fica no meio da sala do palácio para recitar. Come-se. O aedo
canta episódios da guerra de Troia. Odisseu, comovido, chora e cobre-se com um pano
para não o verem. Só Alcínoo repara nisso. Saem todos para a rua. Vão começar os
jogos. Na prova de corrida Clitonéo destaca-se. Na luta Euríadalo. No salto foi Anfíalo
que se destacou. Laodamante questiona se Odisseu saberá algum jogo. Euríalo desafia-
o com mais arrogância. Odisseu argumenta que não quer jogar, que está cansado, e
que a única coisa que o preocupa é voltar a casa. Euríalo pica-o com soberba e alude
que, se calhar, Odisseu não passa de um corsário dos mares. Odisseu fica irritado. Pega
num disco e atira-o mais longe que algum Feácio poderia atirar. Atena, disfarçada de
homem, lê a marca. Odisseu afirma que não recusa nenhuma prova, excepto com
Laodamante que é seu anfitrião. Afirma que só tem receio de ser posto à prova na
corrida porque está muito quebrado pelas desventuras e naufrágios no mar.
Apaziguador, Alcínoo diz que as palavras de Odisseu são sábias e que os Feácios não
são perfeitos no pugilato nem na luta, mas que são excelentes marinheiros, corredores,
dançarinos e excelentes cantores. Mostram a Odisseu as artes do canto. Cantam o
episódio picaresco de Afrodite a trair o seu marido Hefesto com Ares (Marte). Hálio e
Laodamante dançam. Odisseu afirma ao anfitrião que nas artes da dança não há
ninguém como os Feácios. Alcínoo diz a Euríalo para pedir desculpa a Odisseu pelas
provocações de há bocado. Euríalo oferece uma espada a Odisseu. Alcínoo providencia
uma arca com mais presentes para Odisseu. As servas lavam Odisseu e untam-no com
óleo. Nausícaa e Odisseu fitam-se nos olhos; ela saúda-o, para que ele não se esqueça
dela e que é graças a ela que ele foi salvo. No banquete, Odisseu oferece um pedaço de
carne ao aedo Demódoco e gaba-lhe o canto. O aedo, inspirado, canta o episódio do
cavalo de Troia. E Odisseu tem outro momento de grande choro. Outra vez só Alcínoo
viu as lágrimas de Odisseu, e pergunta-lhe por fim: quem é, onde é a sua terra, e como
foi parar ao país dos Feácios.
Canto IX
Relatos de Odisseu (Cícones, Lotófagos, Ciclopes)
Odisseu vira-se para o seu anfitrião, Alcínoo e diz-lhe que vai-lhe relatar as suas
aventuras. Diz-lhe quem é e de onde vem (Odisseu, Ítaca). Vai contar a sua viagem
desde que partiu de Troia. Aproximou-se dos Cícones que viviam na Trácia. Aí Odisseu e
os seus saquearam a cidade apoderando-se das mulheres e das riquezas. Odisseu
aconselhou os seus a se retirarem mas estes ficaram a beber o vinho e a degolar bois
em abundância. Os Cíclones entretanto foram chamar reforços. Contra-atacaram,
rechaçando os Aqueus. Em cada nau morreram seis dos de Odisseu. Fugiram e
deixaram os companheiros mortos na praia.
Depois de nove dias de viagem arribam à terra dos Lotófagos (literalmente os
comedores de lótus). Os companheiros de Odisseu queriam ficar com os Lotófagos a
comer lótus que lhes provocava o esquecimento. Odisseu teve que obrigá-los a
embarcarem. Chegam à terra dos Ciclopes. Aqui dá-se um dos episódios mais
conhecidos da saga de Odisseu. Os ciclopes são homens gigantescos, que vivem sem lei
e são trogloditas (vivem em cavernas). Odisseu, movido pela curiosidade, quer ver e
falar com um ciclope. Os ciclopes são pastores de ovelhas. E Odisseu o chão e comeu-
os. Quando Polifemo dorme, Odisseu pega na espada mas depois reconsidera porque
não poderia depois abrir a entrada da gruta para sair. No dia seguinte, enquanto
Polifemo estava com o rebanho fora, com os seus amigos prepara uma grande vara,
afia-lhe a ponta e endurece-a ao lume. Polifemo volta e come mais dois Aqueus.
Odisseu oferece-lhe vinho. Polifemo pergunta-lhe o nome ele responde eu sou
"ninguém". Polifemo agradece-lhe o vinho e diz-lhe que, em retribuição da bebida, vai
deixar Odisseu ser o último a ser comido. Depois, toldado pelo vinho, o gigante
adormece. Então Odisseu e os seus camaradas espetam-lhe a grande lança no olho.
Este levanta-se aos gritos. Aparecem outros Ciclopes lá fora a perguntar-lhe o que lhe
aconteceu. Ele responde fui cegado. Eles perguntam: Por quem? Polifemo responde:
Por "ninguém". No dia seguinte os Aqueus e Odisseu penduram-se por baixo das
ovelhas. Assim, o Polifemo cego que agarra nas ovelhas uma a uma para as pôr para
fora, e que as tacteia por cima, não se apercebe do estratagema. Fogem assim os que
sobram para as naus ancoradas. Depois de levantarem ferro, Odisseu a alguma
distância da costa grita injúrias a Polifemo cego. Este num acesso de raiva atira-lhes
grandes pedregulhos que quase acertam nas naus
Canto X
Relatos de Odisseu (Éolo. Os Lestrígones).
Quando Odisseu chega à terra de Éolo, este, vendo que Odisseu era um homem de
caráter elevado, dá-lhe um saco que continha todos os ventos que os podiam
incomodar durante a sua viagem, mas com a condição de nunca o abrir. No entanto, a
curiosidade dos companheiros aqueus foi maior e, enquanto Odisseu dormia, abriram
o saco, de onde de facto saíram todos os maus ventos para a viagem, o que provocou
uma violenta tempestade. Quando a tempestade acalmou, voltaram atrás para de novo
pedir ajuda a Éolo, mas este recusou de novo a ajuda, uma vez que não foram
cuidadosos. Logo Éolo deduz que estes viajantes não eram queridos pelos deuses e
portanto não mereciam ajuda.
Voltaram ao mar, no sétimo dia chegaram a cidadela de Lamos, em Teléfilo dos
Lestrígones. Odisseu despachou uns companheiros para investigar quem ali morava.
Eles desembarcaram e percorreram uma estrada lisa por onde carroças transportavam
lenha das altas montanhas para a cidade. Encontraram diante da cidade uma moça
com um cântaro. Era a corpulenta filha de lestrígone Antífates, que descera a fonte
para pegar água. Perguntaram-lhe quem era o rei do local. Ela indicou a mansão de seu
pai. Ao entrarem na mansão se depararam com uma mulher tal alta que os encheu de
pavor. Ela chamou da praça o marido, o ilustre Antífates, que pensou em lhes dar um
triste fim. Agarrou um dos camaradas e fez o jantar. Os outros dois companheiros
correram para o barco. O rei deu o alarme na cidade e de todos os lados vinham
lestrígones aos milhares, não pareciam homens e sim gigantes. Eles começaram a jogar
pedregulhos que atingiam os barcos e companheiros, os fazendo em pedaços. Eles os
fisgavam como peixes e levavam-nos para o seu jantar. Odisseu rapidamente cortou as
amarras de seu barco e rapidamente seus companheiros rapidamente remaram.
Enquanto isso os outros eram destruídos em massa. Dali prosseguíram com o coração
pesaroso, mas contentes de escapar à morte, embora com a perda de companheiros
queridos. Chegaram a Ilha de Eeia, onde vivia "Circe", de ricas tranças, deusa terrível,
de humana linguagem. Desembarcamos e deixamo-nos ficar por ali dois dias e duas
noites, devorando o coração de fadiga e tristeza.
No terceiro dia, Odisseu pegou sua lança e sua espada, subiu até o cume do monte
mais próximo e de lá avistou uma casa no meio de um bosque. Retornou a seus
companheiros, mas no caminho conseguiu abater um cervo. Os homens ficaram muito
alegres ao vê-lo chegar com a caça e fizeram um festim de carne e vinho na praia.
Odisseu só lhes contou o que vira no dia seguinte, mas os homens não ficaram
animados com a ideia de explorar a ilha, pois ainda tinham muito presentes os
infortúnios que passaram. Odisseu sugeriu que dividissem-se em dois grupos: um seria
liderado por ele e o outro pelo denodado Euríloco, e tirariam a sorte para decidir qual
dos dois exploraria a ilha. Os homens aceitaram e o grupo de Euríloco partiu a frente
de 22 homens, que iam chorando temendo que lhes acontecesse o mesmo que com os
outros companheiros, mortos. Numa clareira da baixada, acharam o solar de Circe,
construído de pedras polidas. Rodeada de lobos e leões, por ela enfeitiçados com
drogas venenosas.Eles não atacavam os companheiros de Odisseu, e sim o recebiam
bem. Dentro ouviam o canto de Circe que trabalhava a tecer uma grande trama, como
as deusas o fazem. O primeiro a lhe falar foi Polita, o mais caro e precioso dos
companheiros de Odisseu, que disse que a deviam chamar. Ela abriu a porta e os
convidou a entrar, todos entraram, menos Euríloco, que suspeitou. Serviu-lhe comidas
com drogas e que provocavam esquecimento de casa, logo viraram em suínos, embora
preservassem a inteligência, ficaram presos em pocilgas. Circe lhes deu comida de
porcos. Euríloco voltou correndo para o barco e contou o que havia acontecido com
muito nervosismo. Euríloco insistiu para que fossem embora, pois não poderiam trazer
de volta os companheiros, Odisseu disse que ele poderia ali focar, mas que ele iria atrás
dos companheiros. Indo ao solar de Circe, Odisseu é abordado por Hermes, da vara de
ouro, que na figura de um jovem lhe dá uma erva benéfica. Ele disse que Circe lhe dará
comida com uma droga, mas que não fará efeito por causa da droga que ele estava lhe
dando, quando Circe quiser tanger-se com sua longa vara, ele deveria sacar de junto da
coxa o gládio aguçado e fazer como se fosse atacá-la. Circe amedrontada, iria convidá-
lo a se deitar com ela. Ele não deveria negá-la nada. Dito isso tirou do chão môli, que
somente os deuses conseguiam arrancar. Ele vai a casa de Circe, ela lhe dá a comida,
manda que vá para junto dos companheiros, ele saca a faca, ela fica com medo,
pergunta sobre ele, por fim lhe convida para se deitar com ela. Odisseu recusa-se a
fazer o que ela quer antes dela libertar seus companheiros.Os companheiros voltam a
forma humana. Circe lhe diz que bonha o barco a seco e volte com os outros
companheiros para o seu solar, ele obedece. Todos os companheiros foram com
Odisseu.Ela os recebeu todos bem, comerem e beberam, e assim por 1 ano ali
ficaram.Após um ano, os companheiros se reunirão e disseram a Odisseu que estava na
hora de irem para casa. Odisseu foi falar para que Circe os deixa-se ir.Circe lhe diz que
se assim deseja, que vá, mas que antes deve fazer outra viagem, deve ir a morada de
Hades e da terrível Perséfone, a fim de consultar a alma do tebano Tirésias, o adivinho
cego, cuja mente continua viva. A ele Perséfone concedeu inteligência ainda após a
morte, para que só ele fosse inspirado, enquanto os outros adejam como sombras.
Canto XI
Relatos de Odisseu (Evocação dos Mortos)
Depois de um vento favorável providenciado por Circe, a nau de Odisseu chega ao país
dos Cimérios. Depois das libações e das oferendas aos deuses, Odisseu endereça uma
prece aos mortos. Odisseu dirige-se para a entrada do Inferno para descer ao mundo
subterrâneo dos mortos e consultar Tirésias. (Note-se que o reino dos mortos, o Hades,
também chamado de inferno ou infernos é muito diferente do inferno dos cristãos. Os
gregos não tinham a noção de Paraíso, e o reino dos mortos era um sítio onde apenas
havia sombras, um resquício triste do que as pessoas foram em vida). Então Odisseu
entra no mundo dos mortos, os seus companheiros ficam à superfície fazendo rituais
para acalmar os mortos. Odisseu encontra o seu companheiro Elpenor. Encontra a sua
defunta mãe Anticleia. Odisseu comove-se ante a sua aparição. Depois encontra
Tirésias e recebe os seus conselhos/profecias: Posidão tentará tudo para que Odisseu
não regresse a casa. Que quando encontrar os Bois de Hélio não os deve molestar, e
que se o fizer grande mal acontecerá. E que quando chegar a casa grandes
preocupações virão porque haverá homens que pretendem a sua esposa e que
dilapidam os seus bens. Tirésias prediz ainda que Odisseu matará os pretendentes. E
que acabará numa velhice opulenta e que em sua volta os povos florescerão. Tirésias
retira-se para os fundos do reino dos mortos.
A mãe de Odisseu pergunta-lhe como foi ele capaz de chegar até debaixo do mundo. E
se ele já se aproximou de Ítaca. Odisseu diz-lhe que lhe era necessário ir ao Hades para
consultar Tirésias e que não chegou ainda a ítaca. A mãe de Odisseu diz-lhe que
Penélope continua fiel no seu coração a Odisseu. E que o pai ainda vive mas está muito
apagado. Odisseu tenta abraçar três vezes a mãe mas três vezes abraça só um sonho.
Depois Odisseu avista várias princesas. Entre as quais Jocasta, a mãe de Édipo. Além de
Clóris, Leda, Ifimedia, Fedra, Prócris, Ariana, filha de Minos, Mera, Clémene, Erifila,
Areta.
Interrompe-se o relato de Odisseu. O que nos lembra que estamos na corte dos Feácios
a ouvir Odisseu contar (em analepse, ou flashback) as suas aventuras até chegar ao
reino de Alcínoo. Odisseu conta que encontrou mais personagens no reino dos mortos.
Aquiles, Ájax, heróis e companheiros de Odisseu na guerra de Troia. Avista ainda
Minos, Títio, Tântalo (que tinha o suplício de estar preso de pé num lago a morrer de
sede sem conseguir beber). Sísifo (que levava um rochedo às costas ladeira acima que
depois escorregava, e depois voltava a empurrá-lo eternamente). Depois avista
Herácles (Hércules). Os mortos começam a acumular-se em volta de Odisseu com
gritos medonhos e este, tomado pelo medo, e já tendo consultado Tirésias que era a
razão de ter descido àquele reino, retira-se. Odisseu retira-se para a superfície e,
chegando junto dos companheiros, levanta ferros.
Canto XII
Relatos de Odisseu (Sereias. Cila. Caríbdis. Bois de Hélios).
Odisseu manda os seus companheiros à mansão de Circe para recuperar o corpo de
Elpenor. O corpo é sujeito a cremação numa fogueira. Circe, não ignorando que
Odisseu regressou do Hades, trouxe-lhes carnes e vinhos em abundância. Circe dá-lhes
instruções para a viagem. Vão encontrar sucessivamente as Sereias, Cila e Caríbdis.
Odisseu questiona que se puder evitar Caríbdis poderia atacar Cila. Circe responde-lhe
que não, que não deve estar sempre a pensar em feitos guerreiros (aconselha-lhe
portanto temperança). Circe diz-lhe ainda que ele chegará a seguir à ilha da Trinácria
(que quer dizer três montes, que corresponde à Sicília). Circe vai-se embora e Odisseu
e os seus retomam viagem.
Odisseu, "dos mil ardis", quer ouvir o canto imortal das sereias. Que consta que são
cânticos tão divinos que um mortal enlouquece e atira-se à água. Odisseu pede aos
seus colegas que ponham todos cera nos ouvidos para não ouvirem o canto. Depois
pede que o amarrem ao mastro e que por mais que ele suplique que não o
desamarrem. Assim o inteligente Odisseu consegue ser o único ser humano que ouviu
o canto das sereias e que ficou vivo para contar.
Aqui acaba o relato de Odisseu aos Feácios que ocupou todos os capítulos IX, X, XI, XII e
XIII. Repare-se que isto é uma narrativa de encaixe dentro de uma história maior. A
Odisseia é um poema narrativo, tendo assim algumas características do gênero
romance.
Odisseu deixa o país dos Feácios. Chega a Ítaca.
Canto XIII
Chegada de Odisseu a Ítaca
O barco que transportava Odisseu chega a Ítaca. Os feáceos o deixam em terra firme
(este em sono profundo) junto com todos os presentes que ganhara dos feáceos. O
barco retorna à sua terra, despertando a ira de Posidão por insistirem em transportar
os forasteiros que em sua terra chegam, especialmente Odisseu. Poseidon fala com
Zeus sobre o castigo que quer dar aos feáceos, Zeus aprova lhe dizendo:
"[...]quando o barco estiver singrando à vista de toda a cidade, convertê-lo num ilhéu
junto
da terra firme - ilhéu em forma de ligeiro barco, que cause maravilha a toda gente - e
também
rodear sua cidade com alta montanha que a esconda."
Ao ver isto, Alcínoo e todos os feáceos, tomados de medo prepararam os touros; os
caudilhos e conselheiros do povo feáceo, de pé em torno de um altar, puseram-se a
orar a Posidão.
Odisseu acorda sem saber onde está.
Pergunta a Atena, que, disfarçada de pastor, diz que ele está em Ítaca. Odisseu não
acredita. Atena assume a forma de uma bela mulher e lhe fala. Mostra sua terra.
Odisseu fica feliz por voltar.
Atena engendra um plano para que o engenhoso Odisseu possa reaver seus bens e sua
família. Primeiro faz Odisseu guardar os presentes em uma gruta que era onde ele
orava para as ninfas náiades, filhas de Zeus. Depois guardados todos os presentes na
gruta, Atena fecha a entrada com uma laje. Depois, Atena puxa assunto com Odisseu
sobre a sua vingança contra os abusados pretendentes. Atena diz que transformará
Odisseu em um mendigo repugnante, completamente diferente de sua figura, para que
não seja reconhecido, mas, antes, Odisseu deve procurar o guardião dos seus porcos,
que gosta de Penélope e Telémaco, e deve contar tudo ao porqueiro, enquanto ela vai
a Esparta para chamar Telémaco. Odisseu pergunta a Atena por que ela deixara que
seu filho o procurasse sem rumo. Atena diz que cuidara dele e que Telêmaco estava
sendo bem tratado no palácio do filho de Atreu, onde é servido com abundância. Mas
diz que alguns homens - os pretendentes - esperam Telêmaco de tocaia, em Ítaca. Em
seguida, Atena toca Odisseu com uma vara, transformando-o em um moribundo, e vai
a Lacedemônia em busca de Telémaco.
Canto XIV
Conversa de Odisseu com o porqueiro Eumeu
" Porém Odisseu subiu do porto por caminhos agrestes, através de um terreno
arborizado por cima das serras até ao lugar onde lhe dissera Atena que encontraria
Eumeu, o divino porqueiro, um dos servos mais zelosos de Ulisses."[1] Quando ele
chega, os cães recebem-no com grande alarido. Eumeu dirige-se a Ulisses e, sem o
reconhecer, faz referências elogiosas ao amo que partiu e convida o visitante para o
seu casebre enquanto tece considerações sobre a justiça dos homens e sobre os
prejuízos que têm sido causados ao seu falecido amo.
Eumeu mata dois porcos para a ceia do estrangeiro, polvilha a carne com cevada
branca e a põe a grelhar em espetos, acompanhando, depois, a refeição com vinho
doce. Eumeu profere considerações de reprovação contra o comportamento dos
pretendentes de Penélope. Segue-se a vez de Ulisses falar, começando por pedir que
Eumeu lhe fale sobre o amo pois, sendo ele muito viajado, talvez lhe possa dar alguma
informação útil. Eumeu responde que tudo o que qualquer viajante possa dizer sobre o
amo é para tirar disso benefícios e está convencido de que seu amo estava morto.
Ulisses diz-lhe - não de uma maneira vulgar, mas sob juramento - que o amo está vivo e
que no decurso do mês, entre o quarto minguante e a lua nova, chegará a Ítaca. Eumeu
diz que naquele momento também está preocupado com Telémaco que partiu para
Pilos à procura do pai e que os pretendentes lhe preparam uma emboscada para o
regresso.
Eumeu pede ao viajante que lhe conte as desgraças que sofreu ao que Ulisses
responde que tendo comida e vinho poderá falar-lhe sobre isso durante um ano. Inicia
então um relato fantasioso da sua vida, realçando os feitos de guerra em Ilion (Troia),
Príamo, Egipto, onde Zeus esteve contra ele, Fenícia, Líbia e Creta onde pereceram
todos os companheiros tendo sobrevivido do naufrágio agarrado ao mastro da nau e
sido arrastado até Tesprócios, onde foi recolhido pelo rei, que lhe falou de Ulisses e o
informou ter uma nau pronta para levar este a Dodona onde ouviria a vontade de Zeus
sobre o seu regresso a casa. Ele, pobre viajante, embarcou numa nau que partia para
Dulíquo e, por má deliberação da tripulação foi feito prisioneiro e pretendia vendê-lo
como escravo, mas conseguiu libertar-se e fugir quando a nau atracou a Ítaca.
Eumeu comove-se com o relato mas diz não acreditar estar Ulisses com vida. Foi
recolher os porcos, cortar lenha e matar um porco para a ceia. O viajante faz novos
relatos e pediu uma capa ao que Eumeu responde que eles não tinham roupas para
além das que vestiam, mas que em breve o filho do amo passaria por ali e lhe daria
roupas novas. Fez a cama de Ulisses e saiu para ir dormir junto dos porcos. Ulisses ficou
muito agradado sobre tudo o que ouviu do porqueiro.
Canto XV
Chegada de Telémaco a casa de Eumeu
Atena recomenda a Telémaco que regresse a casa onde Penélope está a ser
pressionada a casar, aconselha-o como evitar a emboscada dos pretendentes e que ao
desembarcar em Ítaca visite, em primeiro lugar, o porqueiro que levará a notícia do seu
regresso à mãe. Telémaco pede auxílio a Menelau para a viagem e recebe uma oferta
das mãos da mulher de Menelau, a bela Helena. Seguiu-se um jantar com carne e
vinho. Enquanto conversavam uma águia voou do lado direito o que significava bom
presságio que a própria Helena decifrou dizendo significar o regresso de Ulisses a casa
onde castigará os pretendentes.
Telémaco inicia o regresso por Feras, tendo passado a noite em casa de Díocles e
embarcado na manhã seguinte. Na hora do embarque aproximou-se de si Teoclímeno
que lhe fez perguntas sobre o propósito da sua viagem e lhe pediu para embarcar ao
que ele acedeu.
Entretanto no casebre do divino porqueiro jantavam o forasteiro (Odisseu) e os outros
servos. Para experimentar Eumeu, o forasteiro pede para ir à cidade e manifesta a
intenção de visitar Penélope no palácio de Odisseu onde se proporia fazer os trabalhos
em que é sabedor tais como rachar lenha, trinchar a carne e servir os vinhos. Eumeu
considera a ideia perigosa e recomenda-lhe que aguarde a chegada do filho de
Odisseu. O forasteiro pede que o porqueiro lhe fale dos pais de Odisseutendo sabido
que Laertes está vivo, mas muito choroso pela morte da esposa e ausência do filho.
Odisseupede que Eumeu conte a sua história ao que este diz ir responder no dia
seguinte pois há um tempo próprio para cada coisa. Conta depois que é originário da
ilha de Síria onde reinava o seu pai Ctésio. Quando criança aportou à sua ilha uma nau
de fenícios com quem a sua ama, também fenícia, se entendeu para o raptar. A ama
morre na viagem e ele chega a Ítaca onde Laertes o comprou e criou com amabilidade.
Entretanto Telémaco chega a Ítaca onde diz aos companheiros para seguirem no barco
enquanto ele irá por terra visitar uns pastores. Um falcão segurando uma pomba com
as garras voou do lado direito no que Teoclímaco vê bom augúrio. Telémaco calça as
belas sandálias e caminhou veloz a caminho da pocilga.
Canto XVI
Telémaco reconhece o pai Odisseu
Ao chegar na casa do porcariço os cães fizeram festa para Telémaco, Odisseu
acompanhou o movimento do convidado com cautela, logo Odisseu viu que era seu
filho que chegara. O Porcariço recebeu com muito carinho o querido Telémaco.
Telémaco fala com o porcariço, o trata por paizinho devido ao carinho que este lhe
tem. O porcariço conta o que está acontecendo em Ítaca, que os pretendentes
continuam em sua casa. Odisseu, disfarçado de miserável acompanhava a conversa do
filho.Telémaco pergunta de onde era o forasteiro(Odisseu). O porcariço lhe conta que é
um viajante sem rumo e que seu destino é vagar pelas cidades (Era a história que
Odisseuhavia lhe dito). Telémaco pede que o porcariço cuide do forasteiro. Odisseu
pergunta por que Telémaco deixa que os pretendentes abusem de seus bens. Telémaco
responde que nada pode fazer, pois há muitos nobres da região que desejam ocupar o
lugar de seu pai (pela cultura da época, quando um homem poderoso fosse dado como
morto a esposa deveria escolher o pretendente mais nobre para ocupar seu lugar).
Telémaco, como Atena lhe disse, pede que o porcariço avise Penélope que ele chegou
de Pilos e está bem. O porcariço pergunta se deve avisar Laertes também, por que o
velho estava triste e solitário desde a partida do neto, Telémaco pede que peça a uma
criada para avisá-lo. Eumeu vai avisar Penélope. Atena aparece para Odisseu, diz que
deve dizer a verdade a Telémaco. Atena transforma Odisseuem sua antiga forma, este
aparece para Telémaco que assustado pensa ser um deus. Odisseudiz que é seu pai.
Telémaco não acredita, mas Odisseuexplica que Atena o ajudou e como chegou até lá,
trazido pelos feáceos. Odisseupede que Telemaco lhe conte quantos são os
pretendentes e como são para poderem articular uma vingança. Telémaco teme que
precisem de ajuda:
"Os pretendentes não são apenas uma dezena ou duas; De Dulíquio são cinquenta e
dois moços de escol, acompanhados de seis servidores; são vinte e quatro varões de
Same; de Zacinto vinte filhos de aqueus; aqui de Ítaca, doze, todos fidalgos, e com eles
se acha Medonte, o arauto, mais o divino aedo e dois servidores, hábeis trinchões."
Telêmaco teme que se Odisseusozinho quiser se vingar de todos, fracassará. Odisseu
pede que Telémaco veja se precisarão de ajuda, ou se Atena e Zeus lhe bastarão, e
conta-lhe seu plano: mais tarde o porcariço iria levá-lo à cidade, disfarçado de velho
mendigo. Telémaco não deveria interferir mesmo que maltratassem Odisseu. Pediu
que ao seu sinal Telémaco pegasse as armas de guerra existentes no solar e as levasse
para o fundo da sala de armas. Que se perguntarem desse uma desculpa que as armas
estavam se degradando por causa da fumaça. Que ele só deixasse um par de adagas,
um de lanças e um de escudos de couro à mão para eles.E que ninguém soubesse que
Odisseu estava em casa, pois Odisseu iria por todos à prova. Queria saber quais
realmente gostavam dele e ainda eram fiéis a sua lembrança. Telémaco teme que a
ideia de Odisseu de testar um a um o povo de sua terra demore e que enquanto isso
sua casa continue sendo alvo de desrespeito. Enquanto isso, Penélope ficara sabendo
que o filho havia retornado. Os pretendentes vêm o barco vindo e se reúnem
planejando a morte de Telémaco. Antínoo, filho de Eupites fala: quer que matem
Telemaco,repartam seus bens e que Penélope escolha com quem casará e este ficará
com a casa. Porém, Anfínomoteme matar alguém de sangue nobre, prefere consultar o
oráculo e se, este consentir ai sim matá-lo. A proposta agradou os pretendentes que
foram até a casa de Odisseu. Lá Penélope, como não era de costume, aparece e
repudia Antínoo por planejar a morte de seu filho. Eurímaco responde-lhe que não se
preocupe pois ninguém tocará em seu filho, sendo que ele próprio pensara em sua
morte. Ao entardecer Eumeu voltou e Odisseu já havia posto trajes de mendigo para
não ser reconhecido.
Canto XVII
Telémaco volta à cidade de Ítaca
Na manhã seguinte, Telémaco disse a Eumeu que iria retornar à sua casa e rever sua
mãe, disse que levasse o forasteiro para mendigar na cidade. Ao chegar em sua casa, a
primeira a ver Telémaco foi a ama Euricléia; ela o abraçou e ficou emocionada.Em
seguida Penélope veio emocionada ao reencontro do filho, perguntou o que este
soubera do pai em sua viagem a Pilos. Telémeco disse a mãe que subisse, tomasse
banho e vestisse roupas limpas,e prometesse imolar hecatombes na esperança de que
um dia Zeus permita a consumação de vingança. Penélope obedece. Telémaco vai para
fora da casa, onde as pessoas o cercam querendo revê-lo, assim como os pretendentes
que fingiam afetividade por ele. Encontra Pireu, que disse-lhe que buscasse os
presentes que recebera de Menelau, que ele estava guardando em sua casa. Telémaco
diz que prefere que eles fiquem com Pireu por enquanto, com medo que os
pretendentes o matassem e se apoderassem dos bens. Telémaco e o forasteiro
banham-se, conversando com Telémaco,Penélope deseja saber o que lhe disseram
sobre o regresso de Odisseu, Telémaco lhe conta de sua viagem. Como foi bem
recebido na casa de Nestor, por Menelau (onde viu a bela Helena), conta que ouviu
que de Menelau que Odisseu estava prisioneiro na Ilha de Calipso e não conseguia
voltar a Ítaca. Após essa notícia Telémaco voltou para casa. O forasteiro porém lhe diz
que interpretou no voo de uma ave que avistou que Odisseu já estava em sua terra.
Penélope tem esperanças. Os pretendentes jogam. A noite chega, é hora do jantar, os
pretendentes vão comer o banquete na mansão. O porcariço e Odisseu apressam-se
para chegar logo à cidade. Ao chegarem, viram Melântio que ia levando cabras para o
banquete dos pretendentes. Para surpresa de Odisseu, este lhes despreza e ofende,
chegando a dar um pontapé nas nádegas de Odisseu, que nada pôde fazer. O porcariço
o defende e diz que Odisseu deveria voltar, mas Melântio ainda diz que ficaria feliz se
Telémaco também morresse.Chegaram a casa, onde o banquete estava sendo servido
Canto XVIII
Pugilato de Odisseu e de Iro
Iro insulta Odisseu. Os pretendentes combinam um combate entre os dois mendigos.
Todos se surpreendem quando Odisseu tira a camisa e mostra um corpo bastante
musculado.Odisseu aplica uns golpes,e parte o queixo a Iro.
Canto XIX
Conversas de Odisseu com Penélope. O banho de pés.
Depois de os pretendentes terem saído, Odisseu manda que seu filho esconda as
armas que houver no palácio. Atena guia-o, empunhando um facho. Penélope
repreende a escrava Melanto, por haver insultado o mendigo. Penélope interroga o
estrangeiro acerca de sua naturalidade e, perante recusa dele em responder, insiste de
novo. Odisseu acaba por condescender: Penélope ouve com emoção a narrativa do
hóspede, que declara ter visto Odisseu em Creta. A rainha põe à prova a sinceridade do
mendigo, que lhe anuncia o próximo regresso de Odisseu. Penélope ordena à velha
Euricleia que lave os pés do mendigo. Euricleia reconhece Odisseu por uma ferida que
ele tem na perna. Odisseu intima-lhe que guarde silêncio. Penélope conta a Odisseu
um sonho que parece anunciar o regresso do esposo. Propõe-se com a aprovação do
mendigo, estabelecer um concurso entre os pretendentes: casará com o vencedor.
Canto XX
Preparação para o massacre dos pretendentes
Odisseu não consegue dormir. Sente-se tentado a punir as escravas, mas contém-se e
contemporiza. Atena adormece-o. Penélope lamenta sua desgraça. Odisseu pede a
Zeus que lhe envie dois presságios: sua prece é atendida. Telêmaco dirige-se à
assembleia. As escravas procedem a limpeza da casa; os pastores chegam, trazendo
suas vítimas. O Cabreiro Melântio quer expulsar de casa o estrangeiro; o pastor Filécio
interessa-se pelo infeliz estrangeiro e fala-lhe de Odisseu em termos comoventes. Um
sinistro presságio inquieta os pretendentes, que desistem do projeto de matar
Telêmaco. Este fala, como dono da casa: ninguém insultará impunemente seu hóspede.
Sacrifício e refeição. Agelau exorta os pretendentes a que se mostrem calmos; e
aconselha Telêmaco a apressar o casamento de sua mãe. Teoclímeno, hóspede da casa,
levanta a voz e prediz a desgraça que impende sobre os pretendentes. Aproxima-se a
hora do castigo.
Canto XXI
O arco de Odisseu.
Penélope propõem o desafio aos pretendentes de casar-se com aquele que conseguir
armar o antigo arco de Odisseu e atirar uma flecha através de doze machados. O
primeiro a tentar sem sucesso foi Telémaco, seguido dos pretendes a casar com sua
mãe. Odisseu, ainda disfarçado de mendigo, conversa com o boieiro e o porqueiro,
constata que tem a lealdade de ambos e aos dois revela sua identidade. Odisseu
combina com os dois escravos para que um lhe entregue o arco em posse dos
pretendentes e outro tranque as portas para que ninguém possa sair do local. Após
uma discussão sobre dar o arco ao mendigo para que ele o tente armar, Telémaco
manda sua mãe de retirar para seus aposentos, levando junto as escravas. Odisseu
arma o arco sem nenhuma dificuldade e atira certeiramente por entre os doze
machados, após isso, faz um sinal a seu filho, Telémaco, esse que se prepara para a
chacina.
Canto XXII
O Massacre dos Pretendentes.
Odisseu dá início ao massacre dos pretendentes atirando uma flecha e matando
Antínoo. Após isso, o herói revela sua identidade, e todos ali presentes sentem
profundo terror. Eurímaco propõem que ele e o restante dos pretendentes restituam
Odisseu dos bens consumidos, este respondendo negativamente que a morte os
espera. Os pretendentes partem para cima de Odisseu. Telémaco busca para o pai
lanças, um escudo e um elmo. O cabreiro busca as mesmas armas para os
pretendentes. Atena aparece e decide colocar a prova a força e a coragem de Odisseu.
Odisseu e seus aliados dão combate aos pretendentes. O massacre continua até os
pretendentes estarem todos mortos. Odisseu manda buscar a anciã Euricleia e a
pergunta quais escravas foram desonrosas e quais são inocentes, esta acusa doze das
escravas que foram enforcadas em seguida por Telémaco.
Canto XXIII
Penélope reconhece Odisseu
Euricleia vai acordar Penélope, diz que seu esposo se encontrava na casa:
“Acorda Penélope, querida filha, para veres com os teus olhos o que desejaste dia após
dia. Odisseu voltou e está em casa; tardou, mas veio e exterminou os arrogantes
pretendentes, que afligiam sua família, devoravam sua fortuna e oprimiam seu filho.”
Penélope diz que Euricleia está insana e lhe causou de ter ela lhe acordado dos
melhores dos sonos que já teve. Euricleia diz-lhe que Odisseu era o forasteiro e que
Telêmaco já sabia, mas guardava segredo para que o pai se vingasse. Penélope dá um
salto da cama alegre. Euricleia diz como Odisseu matou os pretendentes:
“Não vi nem perguntei; apenas ouvi o gemido dos que iam morrendo. Nós outras
sentávamos apavoradas no fundo dos bem construídos aposentos, fechadas sobre nós
as bem ajustadas portas, até que Telêmaco, o teu filho, mandado do salão pelo pai,
veio chamar-me. Deparei então, Odisseu de pé cercado dos corpos dos mortos; estes,
em seu redor, jaziam amontoados uns sobre os outros no chão duro. A cena houvera
de aquecer-te o coração. Agora se acham todos empilhados às portas do pátio e
Odisseu, ocupado com a defumação da bela casa pelo enxofre, acendeu um grane fogo
e mandou-me aqui chamar-te. Vem portanto, a fim de pordes ambos o coração na
senda da alegria, pois que muita adversidade sofrestes. Hoje, enfim, vosso longo
desejo se realiza; ele regressou vivo ao lar, encontrou-vos no solar, a ti e ao filho, e
tomou vingança em sua própria casa de todos os pretendentes causadores de tanto
mal.”
Penélope se nega a acreditar que é Odisseu, diz que certo algum deus teria matado os
pretendentes “sofreram, pois, o mal de seus próprios desatinos. Odisseu perdeu seu
regresso de longe da Aqueia e pereceu ele próprio”. – disse Penélope. Euricleia fala da
cicatriz de Odisseu. Elas descem dos aposentos superiores. Penélope está confusa, não
sabe em que acreditar. Penélope vai ao encontro de Odisseu. Telêmaco reclama por
que a mãe não reconhece o esposo. Penélope diz que se aquele for Odisseu ela saberá.
Odisseu fala para Telêmaco meditar sobre os pretendentes que haviam matado (os
moços de melhor linhagem de Ítaca). Disse para lavá-los, por túnicas e que as servas os
vestissem com roupas escolhidas. Que o aedo (poeta) toque a sua lira para que
ninguém desconfie da matança antes deles irem para a fazenda. “Lá pensaremos que
socorros o deus do Olimpo nos há de proporcionar” – disse Odisseu. Eles obedecem as
ordens. Os que estavam fora da mansão acreditam ao ouvirem a música, que Penélope
havia desposado enfim algum dos pretendentes, alguns até a julgam por não ter
esperado por Odisseu! A despenseira banhava e untava de óleo Odisseu. Atena o
embelezou (parecia um deus). Depois foi ao encontro de Penélope. Odisseu diz que
Penélope tem o coração mais duro de todas as mulheres, ele diz que irá se deitar
sozinho . Penélope pede para que Euricleia leve a cama feita por ele para fora para ele
dormir (“Penélope arma essa armadilha para ver se aquele era mesmo Odisseu).
Odisseu se sente ofendido com tais palavras e pergunta quem teria mudado seu leito
de lugar, pois ele conta como ele mesmo o fez com muito esforço e que seria
necessário um deus a mudá-la de lugar ou alguém cortar o tronco de oliveira que a
sustenta. Penélope então se convence que aquele é Odisseu; pede desculpas, mas lhe
explica que não queria mais se enganar. Odisseu fala sobre as futuras provações que
passarão ainda, profetizadas por Tirésias (no Hades). Odisseu e Penélope vão para a
cama. Telêmaco, o vaqueiro e o porcariço param a música do aedo e se deitam.
Odisseu conta por tudo (relata resumidamente por todos povos e desgraças passou)
que passou enquanto esteve fora, assim como Penélope. Amanheceu mais tarde
(devido aos deuses que deixaram o casal mais tempo juntos na cama), Odisseu diz que
irá ver seu pai Laertes com o porcariço, Telêmaco e o vaqueiro
Canto XXIV
O mensageiro Hermes convida as almas dos pretendentes a entrar no Hades (espécie
de inferno). Odisseu sai em busca de Laerte, seu pai. Convence-o de que é seu filho
pela cicatriz na perna e pela descrição do pomar de Laerte. Ocorre o reconhecimento e
ambos festejam.
Hermes de Cilene ia chamando a alma dos pretendentes, que o seguiam dando gritos.
Por fim chegaram ao Vergel dos Asfódelos, onde habitam as almas, espectros dos
finados. Almas ali presentes: Aquiles, Antíloco, Ájax, Agamêmnon. Aquiles fala a
Agamêmnon, Aquiles lamenta a morte dele, em sua casa (foi morto em Ítaca pelo
amante de sua esposa após regressar de Troia). Já Agamêmnon fala do glorioso enterro
de Aquiles (onde veio sua mãe do mar com as nereidas, assim como as nove musas)
choraram por 17 dias , fizeram oferendas, ele foi cremado em roupas de deuses.
Retoma os eventos dizendo que Aquiles sempre será lembrado, enquanto ele existir,
enquanto ele nada ganhou com a guerra, e ainda ao voltar para casa foi morto por
Egisto. Argeifontes traz as almas dos pretendentes ao vê-los Agamêmnon e Aquiles
foram ao encontro deles. Agamêmnon reconhece Anfimedonte (um dos pretendentes)
e lhe pergunta o que houve. Anfimedonte explica o que houve (desde o começo).
Odisseu chega a fazenda de Laertes.
“Quando o avistou acabado de velho e com grande tristeza na alma, o divino Odisseu
atribulado parou sob uma alta pereira, derramando lágrimas. Hesitou em seguida, no
fundo do coração, entre ir abraçar e beijar o pai,contando-lhe por miúdo como viera e
chegara à terra pátria, ou interrogá-lo primeiro e submetê-lo a provas minuciosas.
Refletindo, pareceu-lhe melhor partido experimentá-lo primeiro com desaforos.
Tomada essa decisão, o divino Odisseu caminhou direto a ele. Laertes estava de cabeça
curvada cavando ao redor duma árvore.”
Para lhe testar, Odisseu vai de encontro a Laertes, pergunta quem é o seu dono, diz que
parece mal cuidado por seu patrão, mas que Laertes é muito esforçado, sendo assim
seu senhor injusto. Odisseu lhe canta mais uma de suas engenhosas mentiras a fim de
lhe por à proa. Disse-lhe que certa vez hospedou em sua casa um homem, forasteiro,
vindo de longe, disse que era de família itacense e que seu pai era Laertes, lhe deu
muitos presentes como de costume. Laertes lhe diz que ele está mesmo em Ítaca,
porém os homens insolentes se apossaram dela(os pretendentes). Laertes lhe
perguntou quando havia estado com seu filho mal-afortunado (que havia passado por
tantas desgraças). Laertes lhe fez várias perguntas sobre a origem daquele homem.
Odisseu diz que viu o filho de Laertes (ele mesmo) pela última vez a 5 anos e que ele
zarpou em paz ele esperava que trocassem presentes no futuro. Laertes entristeceu.
Odisseu se comoveu e lançando-se a ele, abraçou-o e beijou-o e disse que ele era seu
filho e que havia matado os pretendentes. Laertes pede uma prova Convence-o de que
é seu filho pela cicatriz na perna e pela descrição do pomar de Laerte. Laertes desmaia
em seus braços de tanta emoção.Laertes teme a vingança dos familiares dos
pretendentes mortos. Odisseu diz-lhe para não se preocupar com aquilo agora, que
pediu para Telêmaco, Vaqueiro e o porcariço lhes prepararem uma refeição. A serva
Sícula banhou e untou Laertes; Atena o tornou mais alto e encorpado que antes. Eles
comeram. Aparece o velho Dólio e seus filhos. Sícula, a mãe deles e quem cuidava de
Laertes, havia ido chamá-los. Eles reconhecem Odisseu, Dóliio festeja sua volta,
pergunta se Penélope já sabe.
Na cidade, o mensageiro Boato, contava sobre a chacina dos pretendentes. Uma
multidão vinda de todas as partes foi para frente da casa de Odisseu. Cada qual tirava
da casa os seus mortos e sepultava-os; mandavam os de outras cidades para suas casas
de barco.....iam se juntando na praça com luto no coração. Formou-se uma assembleia,
primeiro falou Eupites, pai de Antínoo ( o 1° a ser morto), ele diz que é preciso uma
vingança pelas mortes dos parentes. Nisso sai da mansão o aedo (um dos únicos que
sobreviveram ao massacre no salão) e Medonte que lhes diz que foi com o
consentimento dos deuses que Odisseu matou os pretendentes, que via ao lado dele
um deus parecido com Mentor. A multidão se apavora, o ancião Haliterses lhes fala,
disse que os pretendentes morreram devido ao desrespeito com a casa de Odisseu e
que os outros (eles) não deveriam procurar vingança, pois essa seria a sua desgraça.
Mas mais da metade dos que ali estavam, seguindo Eupites foram pegar suas
armaduras, iam se vingar de Odisseu. Entretanto, Atena interpelou a Zeus, perguntou
sobre o que acontecerá com Odisseu, Zeus responde: “Agora que o divino Odisseu
tomou, afinal, vingança dos pretendentes, que, depois de solenizarem um juramento
fidedigno, reine ele toda a vida e nós, por nossa vez, releguemos ao esquecimento o
morticínio dos filhos e irmãos para que se estimem mutuante como antes e sobeje
riqueza e paz.”
Assim Atena desceu do Olimpo.
Na casa de Laertes após todos comerem, Odisseu pede que vejam se eles estão vindo
(os familiares dos pretendentes, que ele já aguardava). Um filho de Dólio avisa que
estão perto, que peguem as armas depressa. Assim, os 4 de Odisseu (Telêmaco, o
vaqueiro, o porcariço, Laertes) Dólio e seus 6 filhos se armaram e abriram as portas
saindo.Odisseu ia à frente.
Acercou-se deles Atena disfarçada de Mentor. Ao vê-la Odisseu diz a Telêmaco que é
sua vez que honrar o nome da família. Telêmaco diz que assim o fará, Laertes se alegra
ao ver os homens da família juntos. Atena ordena que Laertes atire bem alto a sua
lança, ele acerta Eupites, que morre. Odisseu e Telêmaco matam vários da primeira fila
e matariam todos se Atena não interferisse.
“Sustai, itacenses, a penosa batalha, para que vos possais separar quanto antes sem
derramamento de sangue.”
Assim falou Atena, e um pálido terror se apossou deles, que, deixando cair as armas no
chão, vão à cidade com desejo de viver.
“Então, por fim, o filho de Crono vibrou um raio fumerante, que caiu diante da deusa
de olhos verde-mar, filha de um pai poderoso. Disse, então, Atenas, deusa de olhos
verde-mar, a Odisseu:
- Filho de Laertes, progênie de Zeus, engenhoso Odisseu, susta, cessa o combate duma
guerra funesta para ambos os lados, se não queres que Zeus, filho de Cronos, de voz
longe ouvida, se agaste comigo.
Assim falou Atenas. Ele obedeceu, alegrando-se no seu coração, e Palas Atena, filha de
Zeus, senhor de Égide, soube o aspecto de mentor no corpo e na voz asselou entre
ambas as partes um juramento de paz para o futuro.”

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