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- Cantos I a IV - Telemaquia:
- Canto III - Viagem a Pilos; Audiência com Nestor; Revelação do destino de Agamémnon; Partida junto
de Pisístrato (Filho de Nestor);
- Canto IV - Viagem a Esparta; Audiência com Menelau e Helena; Vislumbre do grande luxo do Palácio
do Atrida; Demonstração dos princípios de hospitalidade e ancestralidade;
- Revelação do estado em que se encontra Ítaca (Reino de Odisseu);
- Preparação de uma tentativa de assassinato contra Telémaco por parte dos pretendentes;
- Cantos V a VIII:
- Canto V - Odisseu parte de Ogígia, vendo-se assim solto das amarras de Calipso;
- Canto V - Posídon, furioso com Ulisses por este ter cegado Polifemo, filho do Sacudidor da Terra,
destrói a jangada do filho de Laertes, sendo este salvo por Leucoteia, acabando por naufragar na ilha dos
Feaces (Já no Canto VI);
- Canto VI a VIII - Nova demonstração dos princípios de hospitalidade. Antes mesmo de se revelar rei de
Ítaca, Odisseu é muito bem recebido pelo rei Alcínoo, a rainha Arete e a princesa Nausícaa, esta última
que fora a primeira a o auxiliar; São então organizados diversas festividades em nome do estrangeiro e
um enorme banquete;
- Canto VIII - Após ouvir um aedo cantar a história do saque de Troia, em que o protagonista é
precisamente Ulisses, o herói vê-se incapaz de conter as lágrimas, estas nas quais repara o rei Alcínoo;
- Canto VIII - Terminadas as festividades e o banquete, Odisseu revela a sua verdadeira identidade a
pedido do rei, dando assim início ao relato (a analepse) das anteriores "Viagens (Ou Errâncias) de
Ulisses", estas que o detiveram de regressar à sua pátria e família por dez longos anos;
- Nostos:
- A Odisseia é talvez o maior representante do conceito de Nostos, ideia grega associada ao
regresso de um herói, após uma longa jornada repleta de desafios e adversidades. Apesar da
narrativa deste Poema Homérico se focar, em especial, na viagem de retorno de Odisseu até Ítaca,
o filho de Laertes não é o único exemplo de representação deste conceito ao longo da obra,
apesar de ser, indubitavelmente, o que mais obstáculos e impasses enfrentou. No entanto, ao
longo do poema deparamo-nos com outras histórias de viagens de outros heróis, também eles já
conhecidos para o leitor da Ilíada. São exemplos disso as viagens dos dois Atridas, Agamémnon e
Menelau, também elas marcadas pelas suas próprias dificuldades: Menelau, apesar de agora
reunido com Helena, sua esposa, ao fim de dez anos a lutar por ela, navegou durante sete anos,
perdido, também ele sem saber como regressar à sua pátria; e Agamémnon que, apesar de ter
realizado a sua viagem de retorno sem grandes contratempos, acaba assassinado pelas mãos da
sua própria esposa e do amante desta;
- Xenia:
- O conceito de Xenia, associado aos princípios de hospitalidade e ancestralidade, era quase que
indissociável da cultura helénica. Xenia determina que todos devem ser recebidos com
generosidade e simpatia, sejam eles reis, estrangeiros ou mendigos. Ao longo da Odisseia,
encontramos diversas exemplares representações deste conceito, desde Calipso a Nestor,
destacando-se, no entanto, os Feaces, onde é de realçar os esforços individuais tanto do rei
Alcínoo como da sua filha, a princesa Nausícaa. É ainda de salientar, em Ítaca, a ação do porqueiro
Eumeu que, mesmo sendo muito mais pobre quando comparado a reis como Alcínoo, Nestor ou
Menelau, acolhe o estrangeiro, disponibilizando tudo o que tem para oferecer, mesmo sabendo
dos custos que teria de carregar consigo no futuro. Por fim, temos ainda de referir um outro
exemplo, não de boa hospitalidade, mas precisamente do contrário. No palácio de Odisseu, os
pretendentes abusam da generosidade de Penélope, gastando a riqueza dos soberanos daquelas
terras em festas, jogos e banquetes que apenas a si mesmos beneficiam;
Semelhanças e Diferenças:
- Ao comparar a Odisseia face à Ilíada - quer entendamos que ambos possuem o mesmo autor,
quer não -, percebemos que muitas são as semelhanças entre os dois poemas, mas as diferenças
também não são despiciendas.
Entre as semelhanças, podemos apontar que o respeito pelos suplicantes, os hóspedes e as
tradições, as normas de convívio social e os conceitos éticos são idênticos. Já o fundo arqueológico
e linguístico presente em ambas as obras é muito parecido. Por fim, os processos literários são
exatamente os mesmos; tanto num como no outro é comum a maneira quase visual de descrever
as mais simples ações.
Quanto às divergências - para além da diversidade do tema, esta que não se pode deixar de
assinalar -, estas são de caráter religioso, ideológico, arqueológico e linguístico.