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ÍNDICE

1. O problema geral da navegação


2. Projeções cartográficas; a carta nautical
3. Agulhas náuticas; conversão de rumos e marcações
4. A posição no mar; navegação costeira
5. Navegação estimada
6. Determinação da posição por marcações sucessivas
7. Emprego de linhas de posição de segurança
8. Uso dos dados táticos do navio na navegação em águas restritas
9. A equipe de navegação
10. Marés e correntes de maré; correntes oceânicas
11. Instrumentos náuticos
12. Publicações de auxílio à navegação
13. Auxílios visuais à navegação: faróis, faroletes, barcas-faróis, bóias, balizas
e sistemas de balizamento
14. Navegação radar
15. Regulamento internacional para evitar abalroamento no mar

https://www.mar.mil.br/dhn/bhm/publicacao/catalogo/htm/sumario.htm
O p ro ble m a g e ra l d a n a v e g a ç ã o

O PROBLEMA GERAL
1 DA NAVEGAÇÃO

1.1 DEFINIÇÃO; FORMAS; SEQÜÊNCIA


B ÁS ICA D AS ATIVID AD ES
E n t r e a s vá r ia s defin ições de n a vega çã o, u m a qu e a pr esen t a com pr ecisã o os pr in cipa is
a spect os en volvidos n a qu est ã o est a belece qu e “n a vega çã o é a ciên cia e a a r t e de con du zir com
segu r a n ça , dir igir e con t r ola r os m ovim en t os de u m veícu lo, desde o pon t o de pa r t ida a t é o seu
dest in o”. O veícu lo pode ser u m n a vio ou em ba r ca çã o, u m su bm a r in o, u m a a er on a ve, u m a
espa çon a ve ou u m veícu lo t er r est r e.
Da defin içã o a cim a , der iva m a s diver sa s for m a s da n a vega çã o: n a vega çã o m a r ít im a (de
su per fície ou su bm a r in a ), n a vega çã o a ér ea , n a vega çã o espa cia l e n a vega çã o t er r est r e. Ou t r a s
cla ssifica ções t a m bém a plica da s especifica m a in da m a is o m eio a m bien t e n o qu a l o veícu lo se
desloca , su r gin do da í ca t egor ia com o n a vega çã o flu via l e n a vega çã o pola r .
E st e Ma n u a l a bor da , ba sica m en t e, a n a vega çã o m a r ít im a de su per fície, a dot a n do, dest a
for m a , a segu in t e defin içã o:
“NAVE GAÇÃO É A CIÊ NCIA E A ARTE DE CONDUZIR, COM SE GURANÇA, UM
NAVIO (OU EMBARCAÇÃO) DE UM PONTO A OUTRO DA SUPERFÍCIE DA TERRA”
Sem dú vida , a Na vega çã o foi, in icia lm en t e, qu a n do o h om em com eçou a locom over -se
sobr e a á gu a em r ú st ica s em ba r ca ções, u m a a r t e. E n t r et a n t o, logo elem en t os de ciên cia for a m
in cor por a dos. H oje, a Na vega çã o con ser va a spect o de a m bos. É u m a ciên cia , pois en volve o
desen volvim en t o e u t iliza çã o de in st r u m en t os de pr ecisã o (a lgu n s ext r em a m en t e com plexos),
m ét odos, t écn ica s, ca r t a s, t á bu a s e a lm a n a qu es. É , t a m bém , u m a a r t e, pois en volve o u so
a dequ a do dessa s fer r a m en t a s sofist ica da s e, pr in cipa lm en t e, a in t er pr et a çã o da s in for m a ções
obt ida s. A m a ior pa r t e do t r a ba lh o da Na vega çã o é feit a com in st r u m en t os de pr ecisã o e cá lcu los
m a t em á t icos . P or ém , a p ós a e xe cu çã o d a s obs er va ções e d os cá lcu los , o n a vega n t e
exper im en t a do a plica su a m edida de a r t e, qu a n do in t er pr et a os da dos dispon íveis e r esu lt a dos
obt idos e a fir m a , in dica n do n a Ca r t a : “est a é a posiçã o do n a vio”.

Para consecução do propósito da navegação, é necessário obedecer à seguinte seqüência básica de


atividades:

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 1


O proble m a ge ral da n ave gação

• E fet u a r u m est u do pr évio, det a lh a do, da der r ot a qu e se deseja segu ir , u t iliza n do,
pr in cipa lm en t e, a s CARTAS NÁUTICAS da á r ea em qu e se va i t r a n sit a r e a s P UBLICAÇÕE S
DE AUXÍLIO À NAVE GAÇÃO (Rot eir os, List a de F a r óis, List a de Au xílios-Rá dio, Tá bu a s da s
M a r é s , C a r t a s -P ilot o, C a r t a s d e C or r e n t e s d e M a r é s , e t c.). E s t a fa s e d e n om in a -s e
P LAN EJ AMEN TO D A D ERROTA; e
• No m a r , du r a n t e a EXECU ÇÃO D A D ERROTA, det er m in a r a P OSIÇÃO DO NAVIO
sem pr e qu e n ecessá r io, ou pr ojet á -la n o fu t u r o im edia t o, em pr ega n do t écn ica s da Na vega çã o
E st im a da , a fim de se a ssegu r a r qu e o n a vio est á , de fa t o, per cor r en do a der r ot a pla n eja da ,
com a velocida de de a va n ço pr evist a e livr e de qu a isqu er per igos à n a vega çã o.
Um su m á r io da s a t ivida des a ser em desen volvida s n a n a vega çã o é a pr esen t a da n a
F igu r a 1.1.

F ig u ra 1-1

SEQÜÊNCIA DE OPERAÇÕES NA NAVEGAÇÃO


1. P LANE J AME NTO E TRAÇADO DA DE RROTA (E STUDO DA VIAGE M)
SE LE ÇÃO DAS CARTAS NÁUTICAS, CARTAS P ILOTO E P UBLICAÇÕE S DE
SE GURANÇA À NAVE GAÇÃO NE CE SSÁRIAS.
VE RIF ICAR, P E LOS “AVISOS AOS NAVE GANTE S”, SE AS CARTAS E P UBLI-
CAÇÕE S E STÃO ATUALIZADAS.
E STUDO DE TALH ADO DA ÁRE A E M QUE SE VAI NAVE GAR.
TRAÇADO DA DE RROTA NAS CARTAS GE RAIS E DE GRANDE E SCALA.
RE GISTRO DE RUMOS, VE LOCIDADE S E E TAs.
2. DE TE RMINAÇÃO DA P OSIÇÃO DO NAVIO.
3. P RE VISÃO DA P OSIÇÃO F UTURA DO NAVIO, UTILIZANDO TÉ CNICAS DA
NAVE GAÇÃO E STIMADA.
4. NOVA DE TE RMINAÇÃO DA P OSIÇÃO DO NAVIO.
5. CONF RONTO DA P OSIÇÃO DE TE RMINADA E DA P OSIÇÃO E STIMADA
P ARA UM ME SMO INSTANTE , A F IM DE :
a – DE TE RMINAR OS E LE ME NTOS DA CORRE NTE .
b – CORRIGIR O RUMO E A VE LOCIDADE , P ARA SE GUIR A DE RROTA
P RE VISTA, COM A VE LOCIDADE DE AVANÇO E STABE LE CIDA, COMP E N-
SANDO A CORRE NTE .
6. RE P E TIÇÃO DAS OP E RAÇÕE S DE (2) A (5), COM A F RE QÜÊ NCIA NE CE SSÁ-
RIA À SE GURANÇA DA NAVE GAÇÃO.

2 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


O p ro ble m a g e ra l d a n a v e g a ç ã o

1 .2 TIP OS E MÉ TOD OS D E N AVE GAÇÃO;


P RECIS ÃO REQU ERID A E IN TERVALO
D E TEMP O EN TRE P OS IÇÕES
E m bor a exist a m vá r ia s ou t r a s cla ssifica ções, a lgu m a s a t é m esm o m u it o sofist ica da s, é
t r a dicion a lm en t e r econ h ecido qu e a n a vega çã o a pr esen t a t r ês t ipos pr in cipa is, ou ca t egor ia s
pr im á r ia s, de a cor do com a dist â n cia qu e se n a vega da cost a ou do per igo m a is pr óxim o:
N AVEGAÇÃO OCEÂN ICA: é a n a vega çã o a o la r go, em a lt o-m a r , n or m a lm en t e pr a t ica da a
m a is de 50 m ilh a s da cost a .
N AVEGAÇÃO COS TEIRA: com o o pr ópr io n om e in dica , é a n a vega çã o pr a t ica da já m a is
pr óxim o da cost a , em dist â n cia s qu e, n or m a lm en t e, va r ia m en t r e 50 e 3 m ilh a s da cost a (ou do
per igo m a is pr óxim o). P ode, t a m bém , ser defin ida com o a n a vega çã o feit a à vist a de t er r a , n a
qu a l o n a vega n t e u t iliza a ciden t es n a t u r a is ou a r t ificia is (pon t a s, ca bos, ilh a s, fa r óis, t or r es,
edifica ções, et c.) pa r a det er m in a r a posiçã o do n a vio n o m a r .
N AVEGAÇÃO EM ÁGU AS RES TRITAS : é a n a vega çã o qu e se pr a t ica em por t os ou su a s
pr oxim ida des, em ba r r a s, ba ía s, ca n a is, r ios, la gos, pr oxim ida des de per igos ou qu a isqu er
ou t r a s sit u a ções em qu e a m a n obr a do n a vio é lim it a da pela est r it a con figu r a çã o da cost a ou
da t opogr a fia su bm a r in a . É est e, t a m bém , o t ipo de n a vega çã o u t iliza do qu a n do se n a vega a
dist â n cia da cost a (ou do per igo m a is pr óxim o) m en or es qu e 3 m ilh a s. É o t ipo de n a vega çã o
qu e m a ior pr ecisã o exige.
O t ipo de n a vega çã o pr a t ica do con dicion a a pr ecisã o r equ er ida pa r a a s posições e o
in t er va lo de t em po en t r e posições det er m in a da s. E m bor a n ã o h a ja lim it es r ígidos, os va lor es
a pr esen t a dos n a F igu r a 1.2 dã o u m a idéia dos r equ isit os de pr ecisã o e da fr eqü ên cia m ín im a
de det er m in a çã o de posições pa r a a s t r ês ca t egor ia s bá sica s de n a vega çã o.

Figura 1.2 – Precisão requerida e intervalo de tempo entre posições

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 3


O proble m a ge ral da n ave gação

P a r a con du zir qu a lqu er u m dos t ipos de n a vega çã o, o n a vega n t e u t iliza -se de u m ou


m a is m ét odos pa r a det er m in a r a posiçã o do n a vio e dir igir seu s m ovim en t os.
Os pr in cipa is MÉ TODOS DE NAVE GAÇÃO sã o:
N AVEGAÇÃO AS TRON ÔMICA: em qu e o n a vega n t e det er m in a su a posiçã o a t r a vés de
obser va ções dos a st r os.
N AVEGAÇÃO VIS U AL: em qu e o n a vega n t e det er m in a su a posiçã o a t r a vés de obser va ções
visu a is (m a r ca ções, a lin h a m en t os, â n gu los h or izon t a is ou ver t ica is, et c.) de pon t os de t er r a
cor r et a m en t e iden t ifica dos e/ou de a u xílios à n a vega çã o de posições det er m in a da s (con diçã o
essen cia l: os pon t os de a poio e os a u xílios à n a vega çã o visa dos devem est a r r epr esen t a dos n a
Ca r t a Ná u t ica da r egiã o).
N AVE GAÇÃO E LE TR ÔN ICA: em qu e o n a vega n t e det er m in a su a posiçã o a t r a vés de
in for m a ções elet r ôn ica s (obt ida s de Ra da r , Ra diogon iôm et r o, Om ega , Decca , Lor a n , Sa t élit e
et c.).
N AVEGAÇÃO ES TIMAD A: m ét odo a pr oxim a do de n a vega çã o, a t r a vés do qu a l o n a vega n t e
execu t a a pr evisã o da posiçã o fu t u r a do n a vio (ou em ba r ca çã o), pa r t in do de u m a posiçã o
con h ecida e obt en do a n ova posiçã o u t iliza n do o r u m o, a velocida de e o in t er va lo de t em po
en t r e a s posições.

1.3 A FORMA DA TERRA; A ESFERA


TERRES TRE
P r im eir a m en t e o h om em im a gin ou a Ter r a com o u m a su per fície pla n a , pois er a a ssim
qu e ele via . Com o cor r er dos t em pos, descobr iu -se qu e a Ter r a er a a pr oxim a da m en t e esfér ica .
Na r ea lida de, a su per fície qu e a Ter r a a pr esen t a , com t oda s a s su a s ir r egu la r ida des ext er ior es,
é o qu e se den om in a SUP E RF ÍCIE TOP OGRÁF ICA DA TE RRA e n ã o t em r epr esen t a çã o
m a t em á t ica .
Ten t a n do con t or n a r o pr oblem a da fa lt a de r epr esen t a çã o m a t em á t ica pa r a a su per fície
da Ter r a , con cedeu -se o GE ÓIDE , qu e ser ia o sólido for m a do pela su per fície do n ível m édio
dos m a r es, su pon do-o r ecobr in do t oda a Ter r a , pr olon ga n do-se a t r a vés dos con t in en t es (F igu r a
1.3).
Figura 1.3 – Forma da Terra

4 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


O p ro ble m a g e ra l d a n a v e g a ç ã o

O GE ÓIDE , en t r et a n t o, a in da n ã o é u m a su per fície geom et r ica m en t e defin ida . Assim ,


m edições geodésica s pr ecisa s, r ea liza da s n o sécu lo pa ssa do e n o in ício dest e, est a belecer a m
com o a su per fície t eór ica qu e m a is se a pr oxim a da for m a r ea l da Ter r a , a do E LIP SÓIDE DE
RE VOLUÇÃO, qu e é o sólido ger a do pela r ot a çã o de u m a elípse em t or n o do eixo dos pólos
(F igu r a 1.4).

F ig u ra 1.4 – P a râ m e tro s d o Elip s ó id e In te rn a c io n a l d e Re fe rê n c ia

O E LIP SÓIDE INTE RNACIONAL DE RE F E RÊ NCIA t em os segu in t es pa r â m et r os:


RAIO E QUATORIAL (SE MI-E IXO MAIOR):

a = 6.378.388,00 m et r os

RAIO P OLAR (SE MI-E IXO ME NOR):

b = 6.356.911,52 m et r os
ACH ATAME NTO:

E XCE NTRIDADE :
Os pa r â m et r os de ou t r os elipsóides de r efer ên cia podem ser en con t r a dos n o Apên dice C
(Volu m e II).
A difer en ça dest e E LIP SÓIDE pa r a u m a SUP E RF ÍCIE E SF É RICA é, por ém , m u it o
pequ en a e, a ssim , a E SF E RA é a dot a da com o SUP E RF ÍCIE TE ÓRICA DA TE RRA n os cá lcu los
da n a vega çã o a st r on ôm ica e em m u it os ou t r os t r a ba lh os a st r on ôm icos.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 5


O proble m a ge ral da n ave gação

1.4 P RIN CIP AIS LIN HAS , P ON TOS E


P LAN OS D O GLOB O TERRES TRE

EIXO D A TERRA: é a lin h a em t or n o da qu a l a Ter r a execu t a o seu m ovim en t o de r ot a çã o, de


Oest e pa r a Lest e (o qu e pr odu z n os ou t r os a st r os u m MOVIME NTO AP ARE NTE de Lest e
pa r a Oest e).
P ÓLOS : sã o pon t os em qu e o eixo in t er cept a a su per fície t er r est r e. O P ÓLO NORTE é o qu e
se sit u a n a dir eçã o da E st r ela P ola r (a URSA MINORIS); o P ÓLO SUL é o opost o.
F ig u ra 1.5 – Equ a d o r: c írc u lo m á x im o a m e io e n tre o s p ó lo s

P LAN O E QU ATOR IAL: é o p la n o


per pen dicu la r a o eixo de r ot a çã o da Ter r a e
qu e con t ém o seu cen t r o (F igu r a 1.5).
EQU AD OR D A TERRA: é o cír cu lo m á xim o
r esu lt a n t e da in t er seçã o do pla n o equ a t or ia l
com a su per fície t er r est r e. O equ a dor divide a
Ter r a em dois h em isfér icos, o H E MISF É RIO
NORTE e o H E MISF É RIO SUL.

F ig u ra 1.6 – Círc u lo m á x im o e c írc u lo m e n o r

CÍRCU LO MÁXIMO: é a lin h a qu e r esu lt a


da in t er seçã o com a su per fície t er r est r e de u m
pla n o qu e con t en h a o CE NTRO DA TE RRA.
CÍRCU LO MEN OR: é a lin h a qu e r esu lt a da
in t er seçã o com a su per fície t er r est r e de u m
p la n o q u e n ã o con t e n h a o C E N T R O D A
TE RRA (F igu r a 1.6).

Figura 1.7 – Paralelo ou paralelo de latitude

P ARALELOS: sã o círcu los men ores pa ra lelos


a o E qu a dor e, por t a n t o, per pen dicu la r es a o
E ixo da Ter r a . Seu s r a ios sã o sem pr e m en or es
qu e o do E qu a dor (F igu r a 1.7)

6 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


O p ro ble m a g e ra l d a n a v e g a ç ã o

Entre os paralelos distinguem-se o TRÓPICO DE CÂNCER (paralelo de 23,5º de Latitude


Nor t e), o TRÓP ICO DE CAP RICÓRNIO (pa r a lelo de 23,5º La t it u de Su l), o CÍRCULO P OLAR
ÁRTICO (pa r a lelo de 66,5º de La t it u de Nor t e) e o CÍRCULO P OLAR ANTÁRTICO (pa r a lelo
de 66,5º de La t it u de Su l). Os pa r a lelos m a t er ia liza m a dir eçã o E – W.
MERID IAN OS : sã o os cír cu los m á xim os qu e con t ém os pólos da Ter r a (F igu r a 1.8). Os
m er idia n os m a r ca m a dir eçã o N – S.
Figura 1.8 – Meridianos

1.5 A P OSIÇÃO NA TERRA; SISTEMA DE


COORD EN AD AS GEOGRÁF ICAS

F i g u ra 1.9 – P ri n c i p a i s li n h a s , p la n o s e p o n t o s d o g lo b o t e rre s t re : s i s t e m a d e
c o o rd e n a d a s g e o g rá fic a s

LATITU D E D E U M LU GAR (o sím bolo é


a let r a gr ega j): é o a r co de m er idia n o
com pr een dido en t r e o E qu a dor e o pa r a lelo
do lu ga r . Con t a -se de 0º a 90º pa r a o Nor t e
e pa r a o Su l do E qu a dor .
LONGITUDE DE UM LUGAR: (o símbolo
é a let r a gr ega l): é o a r co do E qu a dor , ou o
â n gu lo n o P ólo, com p r een d id o en t r e o
M E R I D I AN O D E G R E E N W I C H e o
ME RIDIANO DO LUGAR. Con t a -se de 0º
a 1 8 0 º, p a r a L e s t e ou p a r a O e s t e d e
Gr een wich .
O MERID IAN O D E GREEN WICH, qu e
s er ve d e r efer ên cia p a r a con t a gem d a s
Lon git u d es , é d en om in a d o P RI ME I RO
ME RIDIANO.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 7


O proble m a ge ral da n ave gação

D IF EREN ÇA D E LATITU D E EN TRE D OIS LU GARES (sím bolo Dj): é o a r co de m er idia n o


com pr een dido en t r e os pa r a lelos qu e pa ssa m por esses lu ga r es. P a r a se obt er a DIF E RE NÇA
DE LATITUDE en t r e dois pon t os deve-se su bt r a ir ou som a r os va lor es de su a s La t it u des,
con for m e eles seja m , r espect iva m en t e, de m esm o n om e ou de n om es con t r á r ios. Assim , por
exem plo, a DIF E RE NÇA DE LATITUDE en t r e o pon t o A, sit u a do sobr e o pa r a lelo de 30ºN, e
o pon t o B, sit u a do sobr e o pa r a lelo de 45ºN, ser á de 15º. Adem a is, cost u m a -se in dica r , t a m bém ,
o SE NTIDO da DIF E RE NÇA DE LATITUDE . Dessa for m a , dir -se-ia qu e a Dj de A pa r a B é
de 15ºN, a o pa sso qu e a Dj de B pa r a A ser ia de 15ºS.
LATITU D E MÉD IA EN TRE D OIS LU GARES (jm): é a La t it u de cor r espon den t e a o
pa r a lelo m édio en t r e os pa r a lelos qu e pa ssa m pelos dois lu ga r es. Seu va lor é obt ido pela
sem i-som a ou sem i-difer en ça da s La t it u des dos dois lu ga r es, con for m e est eja m eles n o
m esm o h em isfér io ou em h em isfér ios difer en t es (n est e ca so, t er á o m esm o n om e qu e o va lor
m a ior ). No exem plo a n t er ior , a LATITUDE MÉ DIA en t r e os pon t os A (La t it u de 30ºN) e B
30ºN + 45ºN
(Latitude 45ºN) é jm = = 37 5ºN. A LATITUDE MÉDIA entre o ponto C (Latitude
2
40ºN + 12ºN
40ºN) e o pon t o D (La t it u de 12ºS) ser á : jm = = 14ºN
2
D IF E R E N ÇA D E LON GITU D E E N TR E D OIS LU GAR E S (Dl): é o a r co do E qu a dor
com pr een dido en t r e os m er idia n os qu e pa ssa m por esses lu ga r es. A obt en çã o de seu va lor é
sem elh a n t e à da DIF E RE NÇA DE LATITUDE . Assim , por exem plo, a DIF E RE NÇA DE
LONGITUDE en t r e o pon t o E (Lon git u de 045ºW) e o pon t o F (Lon git u de 075ºW) ser á de 30ºW
(Dl en t r e F e E ser ia de 30ºE ). A DIF E RE NÇA DE LONGITUDE en t r e G (Lon git u de 015ºW) e
H (Lon git u de 010ºE ) é de 25ºE .

1.6 DISTÂNCIAS NA SUP ERFÍCIE DA TERRA;


AMILHANÁUTICA (OU MILHA MARÍTIMA);
LOXODROMIA E ORTODROMIA
a . A MILHA N ÁU TICA
DISTÂNCIA entre dois pontos na superfície da Terra é a separação espacial entre eles, expressa
pelo com pr im en t o da lin h a qu e os u n e. E m n a vega çã o a s DISTÂNCIAS sã o n or m a lm en t e
m edida s em MILH AS NÁUTICAS.
MILHA N ÁU TICA (ou MILH A MARÍTIMA) é o com pr im en t o do a r co de m er idia n o qu e
su bt en de u m â n gu lo de 1 m in u t o n o cen t r o da Ter r a . Ma is r esu m ida m en t e, pode-se defin ir a
MI LH A N ÁU TI CA com o s en d o o com p r im en t o d o a r co d e 1’ d e La t it u d e. Con t u d o, o
com pr im en t o do a r co de m er idia n o cor r espon den t e a u m â n gu lo de 1’ n o cen t r o da Ter r a va r ia
ligeir a m en t e com o lu ga r , u m a vez qu e a Ter r a n ã o é per feit a m en t e esfér ica . Da do, por ém , o
in t er esse de u m a u n ida de de va lor con st a n t e, fixou -se, por u m Acor do In t er n a cion a l (1929), o
va lor da m ilh a n á u t ica em 1852 ME TROS, in depen den t em en t e da La t it u de do lu ga r . P oder -
se-ia , en t ã o, defin ir u m a MILH A NÁUTICA com o o com pr im en t o do a r co de u m m in u t o de
m er idia n o t er r est r e e dizer qu e seu va lor é de 1852 ME TROS.

8 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


O p ro ble m a g e ra l d a n a v e g a ç ã o

Devido a o pr oblem a da s defor m a ções em La t it u de a pr esen t a da s n a s CARTAS DE


ME RCATOR (La t it u des Cr escida s), a s dist â n cia s n est a s ca r t a s devem ser sem pr e m edida s n a
esca la da s La t it u des (1 m in u t o de La t it u de é igu a l a u m a m ilh a ).

b. ORTOD ROMIA E LOXOD ROMIA


F ig u ra 1.10 – Orto d ro m ia (a rc o d e c írc u lo m á x im o )

ORTOD ROMIA: é qu a lqu er segm en t o de u m


cír cu lo m á xim o da esfer a t er r est r e. É , a ssim ,
a m e n or d is t â n cia e n t r e d ois p on t os n a
su per fície da Ter r a (F igu r a 1.10).

NA ESPERA TERRESTRE

NA CARTA DE MERCATOR
– LOXODROMIA OU LINH A DE RUMO: é a lin h a qu e in t er cept a os vá r ios m er idia n os
segu n do u m â n gu lo con st a n t e (F igu r a 1.11).
E m bor a a m en or d is t â n cia en t r e d ois p on t os n a s u p er fície d a Ter r a s eja u m a
ORTODROMIA, ist o é, o a r co do cír cu lo m á xim o qu e pa sse pelos dois pon t os, em n a vega çã o é
qu a se sem pr e m a is con ven ien t e n a vega r por u m a LOXODROMIA, ist o é, por u m a LINH A DE
RUMO, in dica da pela Agu lh a , n a qu a l a dir eçã o da pr oa do n a vio cor t e t odos os m er idia n os
sob u m m esm o â n gu lo.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 9


O proble m a ge ral da n ave gação

F ig u ra 1.11 – Lin h a d e ru m o o u lo x o d ro m ia

NA ESFERA TERRESTRE

NA CARTA DE MERCATOR

1.7 A D IREÇÃO N O MAR; RU MOS E


MARCAÇÕES

F ig u ra 1.12 – D ire ç õ e s
D I R E Ç ÃO : é , n a s u p e r fície d a
Terra, a linha que liga dois pontos. A Figura
1.12 a pr esen t a a s dir eções CARDE AIS,
I N T E R C AR D E AI S ou L AT E R AI S e
COLATE RAIS, com u m en t e r efer ida s em
n a vega çã o (toda s a s direções mostra da s sã o
DIRE ÇÕE S VE RDADE IRAS, ist o é, t êm
como referên cia o NORTE VERDADE IRO).

CARDE AIS N, S, E e W
LATE RAIS NE , SE , NW e SW
COLATE RAIS NNE , E NE , E SSE , SSE ,
NNW, WNW, WSW e SSW

10 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


O p ro ble m a g e ra l d a n a v e g a ç ã o

F ig u ra 1.13 - Ru m o
R U MOS : u m n a vio (ou em ba r ca çã o) go-
ver n a segu in do u m RUMO, qu e pode ser
defin ido com o o â n gu lo h or izon t a l en t r e
u m a dir eçã o de r efer ên cia e a dir eçã o pa r a
a qu a l a pon t a a pr oa do n a vio ou , o qu e é
o m esm o, o â n gu lo h or izon t a l en t r e u m a
dir eçã o de r efer ên cia e a pr oa do n a vio.
Os r u m os sã o m edidos de 000º a 360º, n o
sen t ido do m ovim en t o dos pon t eir os de u m
r elógio, a pa r t ir da DIRE ÇÃO DE RE F E -
RÊ NCIA (F igu r a 1.13).
As t r ês DIRE ÇÕE S DE RE F E RÊ N-
CIA m a is u t iliza da s em n a vega çã o sã o:
NORTE VERDADEIRO(ou GEOGRÁFICO)
NORTE MAGNÉ TICO
NORTE DA AGULH A

F ig u ra 1.14 - Ru m o s v e rd a d e iro , m a g n é tic o e d a a g u lh a

Assim , con for m e a DIRE ÇÃO DE


RE F E RÊ NCIA em r ela çã o à qu a l é m edi-
do, o r u m o den om in a -se (F igu r a 1.14):
RUMO VE RDADE IRO (R v )
RUMO MAGNÉ TICO (R m g )
RUMO DA AGULH A (R a g )
Ta m bém r ela cion a dos a os con ceit os
a cim a a pr esen t a dos, podem ser defin idos
os segu in t es elem en t os:
P ROA: é a dir eçã o pa r a a qu a l o n a vio
est á a pon t a n do, n u m det er m in a do in st a n -
t e. Qu a n do se gover n a em u m det er m in a -
do RUMO, n em sem pr e se con segu e m a n -
t ê-lo r igor osa m en t e con st a n t e. N or m a l-
m en t e, por in flu ên cia do est a do do m a r
(on da s, va ga lh ões), ven t o, er r os dos t im o-
n eir o, et c., a dir eçã o em qu e se n a vega
va r ia em t or n o do r u m o deseja do. A dir eçã o
pa r a a qu a l o n a vio est á a pon t a n do, em
u m d e t e r m i n a d o i n s t a n t e , é , e n t ã o,
den om in a da P ROA.

RU MOS P RÁTICOS : qu a n do se n a vega em r ios, ca n a is est r eit os ou á gu a s con fin a da s, é


com u m or ien t a r -se por r efer ên cia s de t er r a , e n ã o por r u m os da a gu lh a . E st a s dir eções, n a s
qu a is o n a vio deve gover n a r pa r a m a n t er -se sa fo de per igos, sã o den om in a da s RUMOS
P RÁTICOS.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 11


O proble m a ge ral da n ave gação

Na r ea lida de, especifica m en t e, o t er m o RUMO a plica -se à dir eçã o n a qu a l se n a vega


n a su per fície do m a r , qu e, em ger a l, en con t r a -se em m ovim en t o, pelo efeit o da cor r en t e. Assim ,
su r ge o con ceit o de RUMO NO F UNDO, com o a dir eçã o r esu lt a n t e r ea lm en t e n a vega da , desde
o pon t o de pa r t ida a t é o pon t o de ch ega da n u m det er m in a do m om en t o. Nor m a lm en t e, o RUMO
NO F UNDO é a r esu lt a n t e en t r e o RUMO NA SUP E RF ÍCIE e a CORRE NTE , con for m e
m ost r a do n a F igu r a 1.15.
F ig u ra 1.15 –

As a br evia t u r a s u t iliza da s sã o:
RUMO VE RDADE IRO: R ou R v
RUMO MAGNÉ TICO: R m g
RUMO DA AGULH A: R a g

RUMOS PRÁTICOS: Rp

RUMO NO FUNDO: Rfd

A pr ecisã o a dot a da é de 0,5º; u m RUMO deve ser sem pr e escr it o com t r ês a lga r ism os
em su a pa r t e in t eir a . E xem plos: 045º; 072º; 180º; 347.5º; 233.5º.
MARCAÇÃO: é o â n gu lo h or izon t a l en t r e a lin h a qu e u n e o n a vio a u m ou t r o objet o e u m a
det er m in a da DIRE ÇÃO DE RE F E RÊ NCIA, m edido a pa r t ir da DIRE ÇÃO DE RE F E RÊ NCIA.
E st a DIRE ÇÃO DE RE F E RÊ NCIA pode ser :
NORTE VE RDADE IRO (ou GE OGRÁF ICO)
NORTE MAGNÉ TICO
NORTE DA AGULH A
P ROA DO NAVIO
Con for m e a DIRE ÇÃO DE RE F E RÊ NCIA, a m a r ca çã o ser á den om in a da :

F ig u ra 1.16 – Ma rc a ç ã o v e rd a d e ira

MARCAÇÃO VERD AD EIRA (M ou M v):


â n g u l o h or i z on t a l e n t r e o N O R T E
VE RDADE IRO e a lin h a qu e u n e o n a vio
a o objet o m a r ca do, m edido de 000º a 360º,
n o sen t ido do m ovim en t o dos pon t eir os de
u m r e l óg i o, a p a r t i r d o N O R T E
VE RDADE IRO (F igu r a 1.16).
M A R C A Ç Ã O M A G N É T I C A (M m g ):
â n g u l o h or i z on t a l e n t r e o N O R T E
MAGNÉ TICO e a lin h a qu e u n e o n a vio a o
objet o m a r ca do, m edida de 000º a 360º, n o
s e n t i d o h or á r i o, a p a r t i r d o N O R T E

12 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


O p ro ble m a g e ra l d a n a v e g a ç ã o

MAGNÉ TICO.
MARCAÇÃO D A AGU LHA (M a g ): â n gu lo h or izon t a l en t r e o NORTE DA AGULH A e a lin h a
qu e u n e o n a vio a o objet o m a r ca do, m edido de 000º a 360º, n o sen t ido h or á r io, a pa r t ir do
NORTE DA AGULH A.
Qu a n do a DIRE ÇÃO DE RE F E RÊ NCIA é a P ROA DO NAVIO, a m a r ca çã o pode ser
den om in a da de MARCAÇÃO RE LATIVA ou MARCAÇÃO P OLAR.
F ig u ra 1.17 –

MARCAÇÃO RELATIVA (M r ): é o â n gu lo
h or izon t a l en t r e a P ROA e a lin h a qu e u n e
o n a vio a o objet o m a r ca do, m edido de 000º
a 360º, no sentido horário, a partir da PROA
(F igu r a 1.17). E n t ã o, t er em os Mv = Mr + R

(F igu r a 1.18).

y
= Mr + R

F ig u ra 1.18 – M v = M r + R

F ig u ra 1.19 – Ma rc a ç ã o p o la r
MAR CAÇÃO P OLAR (M p ): é m edida a
pa r t ir da pr oa pa r a BORE STE (BE ) ou pa r a
BOMBORDO (BB), de 000º a 180º. Recebe
sem pr e u m a design a çã o (BE ou BB), t a l
com o m ost r a do n a F igu r a 1.19.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 13


O proble m a ge ral da n ave gação

F ig u ra 1.20 –
Um navio no Rv = 045º, marca um Na figu r a 1.20, u m n a vio, n o RUMO
farol exatamente pelo # de BB VE RDADE IRO R v = 045º, m a r ca u m fa r ol
a) Qual a Mp ? exa t a m en t e n o t r a vés de BB, ist o é, n a
MARCAÇÃO P OLAR, M p = 090º BB. É
b) Qual a Mr ?
p os s ív e l, e n t ã o, ob t e r a M AR C AÇ ÃO
c) Qual a Mv ? R E L AT I VA (M r ) e a M AR C AÇ ÃO
VE RDADE IRA (M v) do fa r ol:
M r = 270º
M v = M r + R = 147º
Tal como os RUMOS, as MARCAÇÕES
também devem ser sempre escritas com três
algarismos em sua parte inteira. A aproximação:
A ser usada é de 0.5º. Exemplos: M = 082º; M =
033.5º; M = 147º.

1.8 A VELOCID AD E N O MAR


VELOCID AD E é dist â n cia per cor r ida n a u n ida de de t em po. E m n a vega çã o, a u n ida de de
velocida de com u m en t e u t iliza da é o NÓ, qu e cor r espon de à velocida de de 1 MILH A NÁUTICA
P OR H ORA.
VELOCID AD E N O F U N D O (vel fd) é a expr essã o qu e design a velocida de a o lon go da der r ot a
r ea lm en t e segu ida , em r ela çã o a o fu n do do m a r , desde o pon t o de pa r t ida a t é u m pon t o de
ch ega da .
VELOCID AD E D E AVAN ÇO (SOA, do in glês “SP E E D OF ADVANCE ”) é a expr essã o u sa da
pa r a in dica r a velocida de com qu e se pr et en de pr ogr edir a o lon go da der r ot a pla n eja da . É u m
im por t a n t e da do de pla n eja m en t o, com ba se n o qu a l sã o ca lcu la dos os E TA (“E STIMAE D
TIME OF ARRIVAL” ou H ORA E STIMADA DE CH E GADA) e os E TD (“E STIMATE D TIME
OF DE P ARTURE ” ou H ORA E STIMADA DE P ARTIDA) a os diver sos pon t os e por t os da
der r ot a pla n eja da .

1.9 OUTRAS UNIDADES DE MEDIDA


U TILIZAD AS EM N AVEGAÇÃO
MED ID AS D E D IS TÂN CIAS
1 ja r da = 3 pés = 0,914 m
Na r ea lida de, 1 m ilh a n á u t ica t em 2.025,37 ja r da s. E n t r et a n t o, de m odo a pr oxim a do,
m u it a s vezes con sider a -se, em n a vega çã o, 1 m ilh a = 2.000 ja r da s.
1 a m a r r a = 100 br a ça s = 200 ja r da s = 183 m
MED ID AS D E P ROF U N D ID AD ES
1 m = 3,281 pés = 1,09 ja r da s = 0,55 br a ça s

1 pé = 12 polegadas = 0,3048 m

1 braça = 2 jardas = 6 pés = 1,83 m

14 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Projeções cartográficas; a Carta Náutica

P ROJ EÇÕES
2 CARTOGRÁF ICAS ; A
CARTA N ÁU TICA

2.1 MAP AS E CARTAS ; O P ROB LEMA D A


REP RES EN TAÇÃO D A TERRA S OB RE
U MA S U P ERF ÍCIE P LAN A
E m bor a a dist in çã o seja u m t a n t o con ven cion a l, é opor t u n o in icia r est e Ca pít u lo
est a belecen do a difer en ça en t r e os con ceit os de m a p a e c a rta :

MAP A: é a r epr esen t a çã o do globo t er r est r e, ou de t r ech os da su a su per fície, sobr e u m


pla n o, in dica n do fr on t eir a s polít ica s, ca r a ct er íst ica s física s, loca liza çã o de cida des e ou t r a s
in for m a ções geogr á fica s, sócio-polít ica s ou econ ôm ica s. Os m a pa s, n or m a lm en t e, n ã o t êm
ca r á t er t écn ico ou cien t ífico especia liza do, ser vin do a pen a s pa r a fin s ilu st r a t ivos ou
cu lt u r a is e exibin do su a s in for m a ções por m eio de cor es e sím bolos.

CARTA: é, t a m bém , u m a r epr esen t a çã o da su per fície t er r est r e sobr e u m pla n o, m a s foi
especia lm en t e t r a ça da pa r a ser u sa da em n a vega çã o ou ou t r a a t ivida de t écn ica ou cien t ífica ,
ser vin do n ã o só pa r a ser exa m in a da , m a s, pr in cipa lm en t e, pa r a qu e se t r a ba lh e sobr e ela
n a r esolu çã o de pr oblem a s gr á ficos, on de os pr in cipa is elem en t os ser ã o â n gu los e dist â n cia s,
ou n a det er m in a çã o da posiçã o a t r a vés da s coor den a da s geogr á fica s (la t it u de e lon git u de).
As CARTAS per m it em m edições pr ecisa s de dist â n cia s e dir eções (a zim u t es).
Dest a for m a , os docu m en t os ca r t ogr á ficos u t iliza dos em n a vega çã o sã o sem pr e ch a -
m a dos de Ca r t a s, ou , m a is pr ecisa m en t e, Ca r t a s Ná u t ica s.

O P ROBLEMA DA REP RESENTAÇÃO DA TERRA


SOBRE UMA SUP ERFÍCIE P LANA
A única forma rigorosa de representar a superfície da Terra é por meio de globos, nos
quais se conservam exatamente as posições relativas de todos os pontos e as dimensões são
apresentadas em uma escala única. Entretanto, os detalhes que a navegação exige obrigariam
à construção de um globo de proporções exageradas (em um globo de 1,28m de diâ m et r o,

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 15


Projeções cartográficas; a Carta Náutica

por exem plo, a esca la é de a pr oxim a da m en t e 1/10.000.000, o qu e n ã o per m it e r epr esen t a r


det a lh es in fer ior es a 2km ). E st e in con ven ien t e e m a is a s dificu lda des qu e se a pr esen t a r ia m
pa r a o t r a ça do da der r ot a ou a plot a gem de pon t os a bor do a fa st a m de cogit a ções est e
sist em a .

P or isso, in t er essa r epr esen t a r sobr e u m a folh a de pa pel (ist o é, n o pla n o) a t ot a lida de ou
u m a pa rte da superfície terrestre, a proxima da mente esférica . É impossível fa zer isto sem
deformações ou distorções, pois a superfície de uma esfera (ou de um elipsóide) não é desen-
volvível no plano.

S IS TE MAS D E P R OJ E ÇÕE S CAR TOGR ÁF ICAS são métodos utilizados para repre-
sen t a r a su per fície de u m a esfer a (ou de u m elipsóide), n o t odo ou em pa r t e, sobr e u m a
su per fície plana. O processo consiste em transferir pontos da superfície da esfera (ou elip-
sóide) pa r a u m pla n o, ou pa r a u m a su per fície desen volvível em u m pla n o, t a l com o u m
cilin dr o ou u m con e.

2.2 S ELEÇÃO D O S IS TEMA D E P ROJ E-


ÇÃO: CON D IÇÕES D ES EJ ÁVEIS EM
UMA REP RESENTAÇÃO DA SUP ER-
F ÍCIE D A TERRA S OB RE U M P LAN O
SELEÇÃO DA P ROJ EÇÃO: a construção de uma carta requer a seleção de um sistema de
projeção. Este sistema será escolhido de maneira que a carta venha a possuir as propriedades
que satisfaçam às finalidades propostas para sua utilização.
Ca da pr ojeçã o t em ca r a ct er íst ica s dist in t a s, qu e a t or n a m a dequ a da pa r a det er m i-
n a dos u sos, em bor a n en h u m a pr ojeçã o possa a t en der com plet a m en t e a t oda s a s con dições
desejá veis. As ca r a ct er íst ica s dist in t a s de ca da sist em a de pr ojeçã o sã o m a is n ot á veis em
ca r t a s qu e r epr esen t a m gr a n des á r ea s. À m edida qu e a á r ea r epr esen t a da se r edu z, a s
diferenças entre as várias projeções passam a ser menos conspícuas, até que, nas cartas de
esca la m u it o gr a n de, com o n a s ca r t a s de por t os ou ou t r a s á r ea s r est r it a s, t oda s a s pr ojeções
t or n a m -se pr a t ica m en t e idên t ica s.
O idea l ser ia con st r u ir u m a ca r t a qu e r eu n isse t oda s a s pr opr ieda des, r epr esen t a n do
u m a su per fície r igor osa m en t e sem elh a n t e à su per fície da Ter r a . E st a ca r t a dever ia possu ir
a s segu in t es pr opr ieda des:
1. Repr esen t a çã o dos â n gu los sem defor m a çã o e, em decor r ên cia , m a n u t en çã o da ver da deir a
for m a da s á r ea s a ser em r epr esen t a da s (con for m ida de).
2. In a lt er a bilida de da s dim en sões r ela t iva s da s m esm a s (equ iva lên cia ).
3. Con st â n cia da s r ela ções en t r e a s dist â n cia s dos pon t os r epr esen t a dos e a s dist â n cia s
dos seu s cor r espon den t es n a su per fície da Ter r a (eqü idist â n cia ).
4. Repr esen t a çã o dos cír cu los m á xim os por m eio de lin h a s r et a s.
5. Repr esen t a çã o da s loxodr om ia s (lin h a s de r u m o) por lin h a s r et a s.
6. F a cilida de de obt en çã o da s coor den a da s geogr á fica s dos pon t os e, vice-ver sa , da plot a gem
dos pon t os por m eio de su a s coor den a da s geogr á fica s.

16 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Projeções cartográficas; a Carta Náutica

As pr opr ieda des a cim a r ela cion a da s ser ia m fa cilm en t e con segu ida s se a su per fície
da Ter r a fosse pla n a ou u m a su per fície desen volvível. Com o t a l n ã o ocor r e, t or n a -se im pos-
sível a con st r u çã o da ca r t a -idea l, ist o é, da ca r t a qu e r eú n a t oda s a s con dições desejá veis.
A solu çã o ser á , por t a n t o, con st r u ir u m a ca r t a qu e, sem possu ir t oda s a s con dições
idea is, possu a a qu ela s qu e sa t isfa ça m det er m in a do objet ivo. É , pois, n ecessá r io, a o se fixa r
o sist em a de pr ojeçã o escolh ido pa r a r epr esen t a r det er m in a da r egiã o, con sider a r o fim a
qu e se dest in a a ca r t a em pr ojet o, pa r a , en t ã o, est a belecer qu a is a s defor m a ções qu e poder ã o
s er a d m it id a s , qu a is a s qu e t er ã o d e s er a n u la d a s e qu e p r op r ied a d es d ever ã o s er
pr eser va da s.
A Ca r t ogr a fia N á u t ica n ecessit a r epr esen t a r a lin h a de r u m o (loxodr om ia ) com o
u m a lin h a r et a e de m odo qu e essa r et a for m e com a s t r a n sfor m a da s dos m er idia n os u m
â n gu lo con st a n t e e igu a l a o seu a zim u t e. Dest a for m a , o t ipo de pr ojeçã o escolh ido dever á
sa t isfa zer essa exigên cia .

2 .3 CLAS S IF ICAÇÃO D OS S IS TEMAS D E


P ROJ EÇÕES
As pr ojeções, qu a n t o a o m é to d o d e c o n s tru ç ã o , cla ssifica m -se em : g e o m é tric a s ,
a n a lític a s e c o n v e n c io n a is .

P ro je ç õ e s g e o m é t ri c a s se ba seia m em pr in cípios geom ét r icos pr ojet ivos. P odem ser


su bdividida s em : p ro je ç õ e s p e rs p e c tiv a s e p s e u d o -p e rs p e c tiv a s .
As p ro je ç õ e s p e rs p e c tiv a s sã o a s obt ida s pela s in t er seções sobr e det er m in a da
su per fície dos feixes de r et a s qu e pa ssa m pelos pon t os cor r espon den t es da su per fície da
Ter r a e por u m pon t o fixo, den om in a do p o n to d e v is ta .
O p o n to d e v is ta é sem pr e con sider a do com o sit u a do sobr e a dir eçã o da ver t ica l
do pon t o cen t r a l da por çã o da su per fície da Ter r a qu e se deseja r epr esen t a r e pode est a r
dispost o a qu a lqu er dist â n cia do cen t r o da Ter r a , desde o in fin it o a t é coin ciden t e com esse
pr ópr io cen t r o. P or ém , ele é ger a lm en t e sit u a do em t r ês posições, su r gin do en t ã o u m a
im por t a n t e cla ssifica çã o da s p ro je ç õ e s p e rs p e c tiv a s (F igu r a 2.1):

F ig u ra 2.1 - P ro je ç õ e s p e rs p e c tiv a s

a ) g n o m ô n ic a – pon t o de vist a n o
cen t r o da Ter r a ;
b) e s te re o g rá fic a – pon t o de vist a
n a su per fície da Ter r a ;

c) o rto g rá fic a – pon t o de vist a n o in fin it o.

P ro je ç õ e s p s e u d o -p e rs p e c tiv a s sã o pr ojeções per spect iva s n a s qu a is se r ecor r e a a lgu m


a r t ifício, de m a n eir a a se obt er det er m in a da pr opr ieda de.
Um exem plo desse t ipo de pr ojeçã o é a pr ojeçã o cilín dr ica equ a t or ia l est er eogr á fica ,
n a qu a l o pon t o de vist a n ã o fica fixo, m a s va i per cor r en do o equ a dor , sit u a n do-se sem pr e
n o a n t i- m er idia n o do pon t o a pr ojet a r .

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 17


Projeções cartográficas; a Carta Náutica

P ro je ç õ e s a n a lític a s sã o a qu ela s qu e per der a m o sen t ido geom ét r ico pr opr ia m en t e dit o,
em con seqü ên cia da in t r odu çã o de leis m a t em á t ica s, visa n do-se con segu ir det er m in a da s
pr opr ieda des.
E m vir t u de da s diver sa s a da pt a ções qu e a s pr ojeções dest e gr u po podem sofr er
qu a n do se deseja obt er essa ou a qu ela pr opr ieda de, t a l gr u po a ssu m e gr a n de im por t â n cia .

P ro je ç õ e s c o n v e n c io n a is sã o a s qu e se ba seia m em pr in cípios a r bit r á r ios, pu r a m en t e


con ven cion a is, em fu n çã o dos qu a is se est a belecem su a s expr essões m a t em á t ica s.
Ou t r a im por t a n t e cla ssifica çã o dos sist em a s de pr ojeções é segu n do a su per fície de
p r oje çã o a d ot a d a . E s s a s u p e r fície p od e s e r u m p la n o ou u m a s u p e r fície a u xilia r
d es en volvível em u m p la n o. Da í a cla s s ifica çã o em p r ojeções p la n a s e p r ojeções p or
desen volvim en t o (F igu r a 2.2).

F ig u ra 2.2 -

A p r oje çã o é e n t ã o d it a p la n a ,
qu a n d o a s u p er fície d e p r ojeçã o é u m
pla n o. E sse pla n o poder á ser t a n gen t e ou
seca n t e à su per fície da Ter r a .
A p r oje çã o p la n a é ge r a lm e n t e
ch a m a d a a zim u t a l, e m vir t u d e d e os
a zim u t es em t or n o do pon t o de t a n gên cia
ser em r epr esen t a dos sem defor m a ções. As pr ojeções a zim u t a is sã o t a m bém ch a m a da s
zen it a is.
A pr ojeçã o é por desen volvim en t o, qu a n do a su per fície de pr ojeçã o é u m a su per fície
desen volvível.
De a cor do com a n a t u r eza dessa su per fície desen volvível, a s pr ojeções desse t ipo se
cla ssifica m em côn ica s, cilín dr ica s e poliédr ica s.
In clu ída s n o gr u po da s pr ojeções côn ica s est ã o a s pr ojeções policôn ica s. Nest a s, em
vez de a pen a s u m con e, a su per fície de pr ojeçã o a dot a da com põe-se de diver sos con es
t a n gen t es à su per fície da Ter r a .
Os sist em a s de pr ojeções sã o t a m bém cla ssifica dos de a cor do com a sit u a çã o da
su per fície de pr ojeçã o.
E ssa cla ssifica çã o é feit a , n o ca so da s pr ojeções pla n a s ou a zim u t a is, de a cor do com
a posiçã o do pla n o de pr ojeçã o e do pon t o de t a n gên cia ou pólo da pr ojeçã o; e, n o ca so da s
pr ojeções por desen volvim en t o, segu n do a posiçã o do eixo da su per fície côn ica ou cilín dr ica .
As pr ojeções pla n a s ou a zim u t a is sã o, en t ã o, cla ssifica da s em (F igu r a 2.3):

a. p o la re s – pon t o de t a n gên cia n o pólo; eixo da Ter r a per pen dicu la r a o pla n o de pr ojeçã o;
b. e qu a to ria is ou m e rid ia n a s – pon t o de t a n gên cia n o equ a dor ; eixo da Ter r a pa r a lelo
a o pla n o de pr ojeçã o; pla n o de pr ojeçã o pa r a lelo a o pla n o de u m m er idia n o;
c. h o rizo n ta is ou o blíqu a s – pon t o de t a n gên cia em u m pon t o qu a lqu er da su per fície da
Ter r a ; eixo da Ter r a in clin a do em r ela çã o a o pla n o de pr ojeçã o.
As p ro je ç õ e s p o r d e s e n v o lv im e n to sã o cla ssifica da s em (F igu r a 2.3):

18 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Projeções cartográficas; a Carta Náutica

F ig u ra 2.3 - Cla s s ific a ç ã o d a s p ro je ç õ e s s e g u n d o a s itu a ç ã o d a s u p e rfíc ie d e p ro je ç ã o

a. n o rm a i s – eixo do con e pa r a lelo a o


eixo da Ter r a ;
e qu a to ria is – eixo do cilin dr o pa r a lelo
a o eixo da Ter r a ;
b. t ra n s v e rs a s – eixo do con e per pen -
dicu la r a o eixo da Ter r a ;
tra n s v e rs a s ou m e rid ia n a s – eixo do
ci l i n d r o p e r p e n d i cu l a r a o e i x o d a
Ter r a ;
c. h o rizo n ta is ou o blíqu a s – eixo do co-
n e ou cilin dr o in clin a do em r ela çã o a o
eixo da Ter r a .
As pr ojeções sã o, a in da , cla ssifica -
da s segu n do a s p ro p rie d a d e s qu e c o n -
s e rv a m , em : eqü idist a n t es, equ iva len t es,
con for m es e a filá t ica s.

a. As p ro je ç õ e s e q ü i d i s t a n t e s sã o a s
q u e n ã o a p r e s e n t a m d e for m a çõe s
lin ea r es, ist o é, os com pr im en t os sã o
r epr esen t a dos em esca la u n ifor m e.
A con diçã o de eqü idist â n cia só é obt ida
em det er m in a da dir eçã o e, de a cor do

com essa dir eçã o, a s pr ojeções eqü idist a n t es se su bcla ssifica m em e q ü i d i s t a n t e s


m e rid ia n a s , e qü id is ta n te s tra n s v e rs a is e e qü id is ta n te s a zim u ta is .
As p ro je ç õ e s e qü id is ta n te s m e rid ia n a s sã o a qu ela s em qu e h á eqü idist â n cia segu n do
os m er idia n os.
As p ro je ç õ e s e q ü i d i s t a n t e s t ra n s v e rs a i s sã o a s qu e a pr esen t a m eqü idist â n cia
segu n do os pa r a lelos.
As p ro je ç õ e s e qü id is ta n te s a zim u ta is ou e qü id is ta n te s o rto d rô m ic a s sã o a s qu e
n ã o a pr esen t a m dist or ções n os cír cu los m á xim os qu e pa ssa m pelo pon t o de t a n gên cia .
As p ro je ç õ e s e qü id is ta n te s a zim u ta is sã o sem pr e p ro je ç õ e s p la n a s .
b. As p ro je ç õ e s e qu iv a le n te s sã o a s qu e n ã o defor m a m a s á r ea s, ist o é, a s á r ea s n a ca r t a
gu a r da m u m a r ela çã o con st a n t e com a s su a s cor r espon den t es n a su per fície da Ter r a .
c. P ro je ç õ e s c o n fo rm e s sã o a s qu e n ã o defor m a m os â n gu los e, decor r en t e dessa pr opr ie-
da de, n ã o defor m a m t a m bém a for m a da s pequ en a s á r ea s.
As pr ojeções a zim u t a is podem ser con sider a da s u m ca so pa r t icu la r da s pr ojeções con for -
m es, em vir t u de da pr opr ieda de qu e possu em de n ã o defor m a r em os â n gu los (a zim u t es)
em t or n o do pon t o de t a n gên cia . P or ém , n em t oda s a s pr ojeções a zim u t a is sã o con for m es
em t oda ext en sã o.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 19


Projeções cartográficas; a Carta Náutica

d. As p ro je ç õ e s a filá tic a s sã o a qu ela s em qu e os com pr im en t os, a s á r ea s e os â n gu los n ã o


sã o con ser va dos. E n t r et a n t o, podem possu ir u m a ou ou t r a pr opr ieda de qu e ju st ifiqu e
su a con st r u çã o. A p ro je ç ã o g n o m ô n ic a , por exem plo, a pr esen t a n do t oda s a s defor m a -
ções, possu i a excepcion a l pr opr ieda de de re p re s e n ta r a s o rto d ro m ia s c o m o re ta s .
P or ist o, é u t iliza da em Ca r t ogr a fia Ná u t ica , con for m e a dia n t e explica do.
Um su m á r io da s diver sa s cla ssifica ções dos s is te m a s d e p ro je ç õ e s é a pr esen t a do
n a F igu r a 2.4.

2 .4 D ES IGN AÇÃO D OS S IS TEMAS D E


P ROJ EÇÕES
De u m a m a n eir a ger a l, a s pr ojeções sã o m a is con h ecida s pelos n om es de seu s a u t or es
do qu e, pr opr ia m en t e, pela s design a ções de su a s pr opr ieda des ou de su a s cla ssifica ções.
Ist o a con t ece, pr in cipa lm en t e, com a s p ro je ç õ e s a n a lític a s e c o n v e n c io n a is .
É , por exem plo, o ca so da pr ojeçã o cilín dr ica equ a t or ia l con for m e, m a is con h ecida
com o P r ojeçã o de Mer ca t or ; e da pr ojeçã o a zim u t a l equ iva len t e, con h ecida com o P r ojeçã o
Azim u t a l de La m ber t .

F ig u ra 2.4 - S u m á rio d a s c la s s ific a ç õ e s d a s p ro je ç õ e s


perspectivas
geométricas
pseudo-perspectivas
1. Quanto ao método analíticas
convencionais
gnomônica
2. Quanto à situação do estereográfica
ponto de vista ortográfica
planas ou azimutais
3. Quanto à superfície cônicas e policônicas
de projeção por desenvolvimento cilíndricas
poliédricas
polares
planas ou azimutais equatoriais ou meridianas
Projeções
horizontais ou oblíquas

4. Quanto à situação da normais


superfície de projeção cônicas e policônicas transversas
horizontais ou oblíquas
equatoriais
cilíndricas transversas ou meridianas
horizontais ou oblíquas
meridianas
eqüidistantes transversais
5. Quanto às proprie- azimutais ou ortodrômicas
equivalentes
dades conformes
afiláticas

20 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Projeções cartográficas; a Carta Náutica

Con vém , en t r et a n t o, s e d es eja r m os es t a belecer u m a r egr a p a r a d es ign a r os


difer en t es t ipos de pr ojeções, especifica n do su a s ca r a ct er íst ica s, m en cion a r seu s elem en t os
n a segu in t e or dem :

a. n a t u r eza da su per fície de pr ojeçã o a dot a da (pla n o, cilin dr o ou con e);


b. sit u a çã o da su per fície de pr ojeçã o em r ela çã o à su per fície da Ter r a ; e
c. cla ssifica çã o da pr ojeçã o qu a n t o à pr opr ieda de qu e con ser va .
Assim , dir -se-á : pr ojeçã o côn ica n or m a l eqü idist a n t e m er idia n a ; pr ojeçã o pla n a po-
la r gn om ôn ica ; pr ojeçã o cilín dr ica t r a n sver sa con for m e; et c.

2 .5 P ROJ EÇÕES U TILIZAD AS EM


CARTOGRAF IA N ÁU TICA; A
P ROJ EÇÃO D E MERCATOR

2 .5 .1 A P ROJ EÇÃO DE MERCATOR


Con for m e já vist o, a m en or dist â n cia en t r e dois pon t os n a su per fície da Ter r a (con si-
der a da esfér ica pa r a os fin s com u n s da n a vega çã o) é o a r co de cír cu lo m á xim o qu e os u n e,
ou seja , u m a o rto d ro m ia .
A n a vega çã o sobr e u m a or t odr om ia , por ém , exige con st a n t es m u da n ça s de r u m o,
pois os a r cos de cír cu lo m á xim o for m a m â n gu los va r iá veis com os m er idia n os. A u t iliza çã o
da a gu lh a n á u t ica obr iga os n a vega n t es a per cor r er , en t r e dois pon t os n a su per fície da
Ter r a , n ã o a m en or dist â n cia en t r e eles, m a s u m a lin h a qu e fa z u m â n gu lo con st a n t e com
os su cessivos m er idia n os, igu a l a o seu a zim u t e. E st a lin h a é o ru m o , a lo x o d ro m ia ou
c u rv a lo x o d rô m ic a e, t a m bém con for m e m en cion a do n o Ca pít u lo a n t er ior , t em , n a esfer a ,
a for m a de u m a espir a l qu e t en de pa r a os pólos, excet o n a ca so dos m er idia n os, pa r a lelos
e equ a dor (F igu r a 2.5).

F ig u ra 2.5 - Lo x o d ro m ia

Dest a for m a , u m a exigên cia bá sica


pa r a u t iliza çã o de u m s is te m a d e p ro je -
ç ã o em Ca r t ogr a fia Ná u t ica é qu e r epr e-
sen t e a s lo x o d ro m ia s , ou lin h a s d e ru -
m o , por lin h a s re ta s . E ssa con diçã o in -
dispen sá vel é a t en dida pela P r ojeçã o de
Mer ca t or , n om e la t in o do seu idea liza dor ,
Ger h a r d Kr ä m er , ca r t ógr a fo n a scido em
F la n der s, em 1512. Mer ca t or pu blicou , em
1569, sua Carta Universal (planisfério), na
qu a l a s loxodr om ia s er a m r epr esen t a a s
por lin h a s r et a s.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 21


Projeções cartográficas; a Carta Náutica

2.5.2 CLAS S IF ICAÇÃO D A P ROJ EÇÃO D E MERCATOR


A P r ojeçã o de Mer ca t or per t en ce à cla sse da s p ro je ç õ e s p o r d e s e n v o lv im e n to
c ilín d ric o e à ca t egor ia da s p ro je ç õ e s c o n fo rm e s . Da con diçã o de c o n fo rm id a d e , ist o
é, da in exist ên cia de defor m a ções a n gu la r es, su r ge a pr opr ieda de de m a n u t en çã o da for m a
da pequ en a s figu r a s.
A P r ojeçã o de Mer ca t or é u m a m oda lida de e qu a to ria l da s p ro je ç õ e s c ilín d ric a s ,
ist o é, o cilin dr o é con sider a do t a n gen t e à su per fície da Ter r a n o equ a dor (F igu r a 2.6 a &
b).
F i g u r a 2 .6 (b ) - Ci l i n d r o t a n g e n t e n o
F ig u ra 2.6 (a ) - P ro je ç ã o c ilín d ric a e qu a d o r

A P r ojeçã o de Mer ca t or é cla ssifica da , por t a n t o, com o u m a p ro je ç ã o c ilín d ric a


e qu a to ria l c o n fo rm e .

CILÍN D RICA: pois a S U P ERF ÍCIE D E P ROJ EÇÃO é u m cilin dr o, ist o é, a S U P ERF Í-
CIE D A TERRA (ou pa r t e dela ) é pr ojet a da em u m cilin dr o.

EQU ATORIAL: o CILIN D RO é t a n gen t e à su per fície da Ter r a n o EQU AD OR .

CON F OR ME : os ÂN GU LOS sã o r epr esen t a dos S E M D E F OR MAÇÃO. P or ist o, a s


for m a s da s pequ en a s á r ea s se m a n t êm , sen do, a ssim , a pr ojeçã o t a m bém den om in a da
OR TOMOR F A.
Na r ea lida de, a P r ojeçã o de Mer ca t or é u m a p ro je ç ã o c o n v e n c io n a l e, por t a n t o,
n ã o obedece a u m con ceit o geom ét r ico defin ido, em bor a seja in spir a da em u m a p ro je ç ã o
c ilín d ric a. A figu r a 2.7 a pr esen t a a s difer en ça s e sem elh a n ça s en t r e a P r ojeçã o de Mer ca t or
e u m a p ro je ç ã o c ilín d ric a g n o m ô n ic a . E n t r et a n t o, pa r a m a ior fa cilida de de com pr een sã o,
pode-se con sider a r a P r ojeçã o de Mer ca t or com o u m a p ro je ç ã o c i lí n d ri c a equ a t or ia l
con for m e.

22 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Projeções cartográficas; a Carta Náutica

F ig u ra 2.7 - P ro je ç õ e s c ilín d ric a s

MERC

CILÍNDRICA GNOMÔNICA
A F igu r a 2.8 ilu st r a o desen volvim en t o da P r ojeçã o de Mer ca t or , cu ja s ca r a ct er íst ica s
sã o a pr esen t a da s n a F igu r a 2.9.
F ig u ra 2.9 - Ca ra c te rís tic a s d a p ro je ç ã o d e
F ig u ra 2.8 - P ro je ç ã o d e Me rc a to r Me rc a to r

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 23


Projeções cartográficas; a Carta Náutica

2.5.3 VANTAGENS E LIMITAÇÕES DA P ROJ EÇÃO DE


MERCATOR

a. VAN TAGEN S D A P ROJ EÇÃO D E MERCATOR


1. Os m er idia n os sã o r epr esen t a dos por lin h a s r et a s, os pa r a lelos e o equ a dor sã o r epr e-
sen t a dos por u m segu n do sist em a de lin h a s r et a s, per pen dicu la r à fa m ília de lin h a s qu e
r epr esen t a m os m er idia n os.
2. É fá cil iden t ifica r os pon t os ca r dia is n u m a Ca r t a de Mer ca t or .
3. É fá cil plot a r u m pon t o n u m a Ca r t a de Mer ca t or con h ecen do-se su a s coor den a da s geo-
gr á fica s (La t it u de e Lon git u de). É fá cil det er m in a r a s coor den a da s de qu a lqu er pon t o
r epr esen t a do n u m a Ca r t a de Mer ca t or .
4. Os â n gu los m edidos n a su per fície da Ter r a sã o r epr esen t a dos por â n gu los idên t icos n a
ca r t a ; a ssim , dir eções podem ser m edida s dir et a m en t e n a ca r t a . Na pr á t ica , dist â n cia s
t a m bém podem ser m edida s dir et a m en t e n a ca r t a .
5. As LIN HAS D E RU MO ou LOXOD ROMIAS sã o r epr esen t a da s por lin h a s r et a s.
6. F a cilida de de con st r u çã o (con st r u çã o por m eio de elem en t os r et ilín eos).
7. E xist ên cia de t á bu a s pa r a o t r a ça do do r et icu la do.

b. LIMITAÇÕES D A P ROJ EÇÃO D E MERCATOR


1. Defor m a çã o excessiva n a s a lt a s la t it u des.
2. Im possibilida de de r epr esen t a çã o dos pólos.
3. Cír cu los m á xim os, excet o o equ a dor e os m er idia n os, n ã o sã o r epr esen t a dos por lin h a s
r et a s (lim it a çã o n ot á vel n a s Ca r t a s de Mer ca t or de pequ en a esca la , r epr esen t a n do u m a
gr a n de á r ea ).

2 .5 .4 LATITUDES CRESCIDAS E MEDIÇÃO DE


DISTÂNCIAS NAS CARTAS DE MERCATOR
Qu a n do com pa r a da com o globo, a P r ojeçã o de Mer ca t or exibe en or m es defor m a ções
de á r ea s n a s a lt a s la t it u des.
O exem plo m a is vezes cit a do é o da Gr oen lâ n dia qu e, qu a n do a pr esen t a da n u m a
P r ojeçã o de Mer ca t or , a pa r ece m a ior qu e a Am ér ica do Su l, a pesa r dest a ú lt im a t er á r ea
n ove vezes m a ior (F igu r a 2.10).
A F igu r a 2.11 a ju da n a com pr een sã o dest a ca r a ct er íst ica da pr ojeçã o. E m A m ost r a -
se ver t ica lm en t e u m fu so, ou set or , do globo t er r est r e, com dois cír cu los desen h a dos em
posições difer en t es, pa r a m elh or en t en dim en t o da s defor m a ções qu e ir ã o ocor r er . E m B
est ica r a m -se h o rizo n ta lm e n te os dois m er idia n os ext er ior es de for m a a fica r em pa r a lelos.

24 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Projeções cartográficas; a Carta Náutica

F ig u ra 2.10 - Ma p a Mu n d i n a p ro je ç ã o d e Me rc a to r

Ver ifica -se a í qu e, em con seqü ên cia , os cír cu los t r a n sfor m a r a m -se em elipses, fica n do
o do Nor t e m a is dist or cido qu e o do Su l.
Um a vez qu e a pr ojeçã o é c o n fo rm e , ela deve con ser va r a s for m a s em á r ea s pequ en a s.
Assim , t em -se qu e est ica r a gor a v e rtic a lm e n te o set or a t é qu e a s elipses r et or n em n ova -
m en t e à for m a cir cu la r , o qu e se a pr esen t a em C.

F ig u ra 2.11 - A p ro je ç ã o d e Me rc a to r e a s la titu d e s c re s c id a s

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 25


Projeções cartográficas; a Carta Náutica

É de n ot a r qu e, u m a vez qu e a pa r t e Nor t e do set or foi m a is dist en dida qu e a Su l, o


cír cu lo su per ior ficou com u m diâ m et r o sen sivelm en t e m a ior qu e o in fer ior .
Assim , n a P r ojeçã o de Mer ca t or à m edida qu e a la t it u de cr esce os a r cos de pa r a lelos
vã o sen do a u m en t a dos n u m a r a zã o cr escen t e, com os a r cos de m er idia n o sofr en do a u m en t os
n a m esm a pr opor çã o (pa r a qu e seja m a n t ida a con diçã o de c o n fo rm id a d e ).
Na scem da í dois con ceit os im por t a n t es. O pr im eir o deles é o de la titu d e c re s c id a .

LATITU D E CRES CID A cor r espon den t e a u m det er m in a do pa r a lelo é o com pr im en t o


do a r co de m er idia n o com pr een dido en t r e a pr ojeçã o do pa r a lelo con sider a do e o equ a dor ,
t om a n do-se pa r a u n ida de de m edida o com pr im en t o do a r co de 1 m in u t o do equ a dor (1
m in u t o de Lon git u de).
Adem a is, n u m a Ca r t a de Mer ca t or a esca la da s Lon git u des é con st a n t e, m a s, com o
vist o, a esca la da s La t it u des cr esce à m edida qu e a La t it u de a u m en t a , Assim , a esca la da
Ca r t a va r ia n a r a zã o da La t it u de e, dest a for m a , a s d is tâ n c ia s s ó s e rã o v e rd a d e ira s s e
fo re m lid a s n a e s c a la d a s La titu d e s . E st e é u m cu ida do fu n da m en t a l a ser obser va do
n a u t iliza çã o de u m a Ca r t a Ná u t ica n a P r ojeçã o de Mer ca t or .

2 .5 .5 UTILIZAÇÃO DA P ROJ EÇÃO DE MERCATOR


Do pon t o de vist a da n a vega çã o, a P r ojeçã o de Mer ca t or r esolveu gr a fica m en t e os
pr oblem a s da est im a com t a l su cesso qu e su a popu la r ida de é in excedível e seu em pr ego
in com pa r á vel: a loxodr om ia é r epr esen t a da por u m a lin h a r et a , qu e fa z com a s t r a n sfor m a da s
dos m er idia n os u m â n gu lo con st a n t e e igu a l a o seu a zim u t e.
A im possibilida de de r epr esen t a çã o dos pólos e o va lor exa ger a da m en t e cr escen t e
da s defor m a ções lin ea r es e su per ficia is n a s a lt a s la t it u des, con st it u em a s lim it a ções m a is
a cen t u a da s da pr ojeçã o de Mer ca t or . E la é ger a lm en t e lim it a da pelo pa r a lelo de 60º, por qu e,
n est a la t it u de, a s defor m a ções já se a pr esen t a m excessiva s. E n t r et a n t o, podem os u t ilizá -
la sa t isfa t or ia m en t e a t é a la t it u de de 80º, desde qu e seja m t om a da s pr eca u ções especia is
qu a n t o a o u so da esca la da s dist â n cia s.
Além da Ca r t ogr a fia Ná u t ica , a P r ojeçã o de Mer ca t or é t a m bém em pr ega da n a s se-
gu in t es cla sses de ca r t a s: ca r t a s-pilot o, de fu sos h or á r ios, m a gn ét ica s, geológica s, celest es,
m et eor ológica s, a er on á u t ica s e m a pa s-m u n di.

2 .5 .6 OUTRAS P ROJ EÇÕES USADAS EM


CARTOGRAFIA NÁUTICA

a. P ROJ EÇÃO GN OMÔN ICA


Con for m e a n t er ior m en t e m en cion a do, em bor a a m en or dist â n cia en t r e dois pon t os
n a su per fície da Ter r a seja o a rc o d e c írc u lo m á x im o qu e os u n e (o rto d ro m ia ), a n a ve-
ga çã o é n or m a lm en t e con du zida por u m a lo x o d ro m ia , ou lin h a d e ru m o , qu e fa z com os
su cessivos m er idia n os u m â n gu lo con st a n t e e igu a l a o seu a zim u t e. Qu a n do os dois pon t os
da su per fície da Ter r a est ã o pr óxim os, a lo x o d ro m ia pr a t ica m en t e se con fu n de com a
o rto d ro m ia : a difer en ça é de 1 m ilh a pa r a dois pon t os a fa st a dos de 350 m ilh a s, n a la t it u -
de de 40º.

26 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Projeções cartográficas; a Carta Náutica

Toda via , qu a n do os dois pon t os est ã o m u it o a fa st a dos, a difer en ça pode ser da or dem
de cen t en a s de m ilh a s: a difer en ça en t r e a s dist â n cia s loxodr ôm ica e or t odr ôm ica de Sidn ey,
n a Au st r á lia , a Va lpa r a íso, n o Ch ile, é de 748 m ilh a s.
Assim , pa r a sin gr a du r a s m u it o ext en sa s t or n a -se im per a t iva a a doçã o do ca m in h o
m a is cu r t o, ist o é, da d e rro ta o rto d rô m ic a , sen do n ecessá r io, pa r a o seu pla n eja m en t o,
dispor de ca r t a s con st r u ída s em u m sist em a de pr ojeçã o qu e r epr esen t e os c írc u lo s m á x i-
m o s com o lin h a s re ta s . E st e sist em a é a p ro je ç ã o p la n a g n o m ô n ic a ou , com o é n or m a l-
m en t e den om in a da , p ro je ç ã o g n o m ô n ic a .

F ig u ra 2.12 - P ro je ç ã o Gn o m ô n ic a

A p ro je ç ã o g n o m ô n ic a u t iliza co-
m o s u p e rfí c i e d e p ro je ç ã o u m p la n o
t a n g e n t e à s u p e r fí c i e d a Te r r a , n o
q u a l os p on t os s ã o p r oje t a d os
geom et r ica m en t e, a pa r t ir do cen t r o da
Ter r a (F i g u r a 2 . 1 2 ). Esta é,
pr ova velm en t e, a m a is a n t iga da s pr o-
jeções, a cr edit a n do-se qu e foi desen volvi-
da por Th a les de Milet o, cer ca de 600 a .C.
A p ro je ç ã o g n o m ô n ic a a pr esen t a
t odos os t ipos de defor m a ções. A pr ojeçã o
n ã o é eqü idist a n t e; a esca la só se m a n t ém
exa t a n o pon t o de t a n gên cia , va r ia n do r a -
pida m en t e à m edida qu e se a fa st a desse
pon t o. Adem a is, a pr ojeçã o n ã o é con for m e, n em equ iva len t e. As dist or ções sã o t ã o gr a n des
qu e a s for m a s, a s dist â n cia s e a s á r ea s sã o m u it o m a l r epr esen t a da s, excet o n a s pr oxim ida des
do pon t o de t a n gên cia .

F ig u ra 2.13 (a ) - Ca rta Gn o m ô n ic a

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 27


Projeções cartográficas; a Carta Náutica

A F igu r a 2.13a , on de est á r epr esen t a do u m r et icu la do da p ro je ç ã o g n o m ô n ic a ,


com pon t o de t a n gên cia em Recife, ilu st r a a s defor m a ções a pr esen t a da s pela pr ojeçã o.
P odem ser com pa r a da s a s difer en ça s de for m a s, á r ea s e dim en sões en t r e dois r et â n gu los
de 5º de la do, u m sit u a do r ela t iva m en t e pr óxim o do p o n to d e ta n g ê n c ia e o u tro be m
a fa s ta d o d e s s e p o n to .

F ig u ra 2.13 (b) - Ca rta Gn o m ô n ic a

E n t r e t a n t o, con for m e cit a d o, a


p ro je ç ã o g n o m ô n ic a t em a pr opr ieda de
ú n ica de r epr esen t a r t odos os c í rc u lo s
m á x i m o s p or l i n h a s r e t a s . O s
m e r i d i a n o s a p a r e ce m com o r e t a s
con ver gin do pa r a o pólo m a is pr óxim o. Os
p a ra le lo s , excet o o e qu a d o r (qu e é u m
c írc u lo m á x im o ) a pa r ecem com o lin h a s
c u rv a s (F igu r a 2.13b). Além disso, n a
p ro je ç ã o g n o m ô n ic a , com o em t oda s a s
p r o je ç õ e s a z i m u t a i s , os a zim u t e s a
p a r t ir d o p o n t o d e t a n g ê n c i a s ã o
re p re s e n t a d o s s e m d e fo rm a ç õ e s .
E m C a r t og r a fi a N á u t i ca , a
p r o je ç ã o g n o m ô n i c a é , e n t ã o,
em pr ega da pr in cipa lm en t e n a con st r u çã o
de Ca r t a s pa r a N a vega çã o Or t odr ôm ica
(F igu r a 2.14), qu e ser ã o est u da da s com det a lh e n o Ca pít u lo 33 (Volu m e II). Adem a is, é
t a m bém a plica da em ra d io g o n io m e tria c o m e s ta ç ã o fix a , a pr oveit a n do-se a pr opr ieda de
da p ro je ç ã o g n o m ô n ic a de r epr esen t a r sem defor m a ções os a zim u t es (m a r ca ções) t om a dos
a p a r t i r d o p o n t o d e t a n g ê n c i a (q u e , n e s t e ca s o, s e r á a p os i çã o d a e s t a çã o
r a diogon iom ét r ica ). P or ou t r o la do, sa be-se qu e n ã o é possível r epr esen t a r a s r egiões pola r es
n a P r ojeçã o de Mer ca t or , devido à su a im possibilida de m a t er ia l da r epr esen t a r o pólo e
p or ca u s a d a s d efor m a ções exces s iva s a p r es en t a d a s em La t it u d es m u it o a lt a s . E s t a
im por t a n t e la cu n a pode ser pr een ch ida pela p ro je ç ã o g n o m ô n ic a .
Na F igu r a 2.14, por exem plo, se for deseja da a d e rro ta o rto d rô m ic a do Ca bo Or a n ge
pa r a o Ar qu ipéla go dos Açor es, ba st a t r a ça r n a ca r t a , con st r u ída n a pr ojeçã o gn om ôn ica ,
u m a lin h a r et a con ect a n do os dois loca is. E st a lin h a r epr esen t a o a r co de cír cu lo m á xim o
qu e pa ssa pelos dois pon t os, con st it u in do, a ssim , a m en or dist â n cia en t r e eles.

28 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Projeções cartográficas; a Carta Náutica

F ig u ra 2.14 - Ca rta p a ra N a v e g a ç ã o Orto d rô m ic a

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 29


Projeções cartográficas; a Carta Náutica

b. P ROJ EÇÃO ESTEREOGRÁFICA


A p ro je ç ã o e s te re o g rá fic a r esu lt a da pr ojeçã o geom ét r ica de pon t os da su per fície
da Ter r a sobr e u m pla n o t a n gen t e, desde u m p o n to d e v is ta sit u a do n a posiçã o opost a a o
pon t o de t a n gên cia (F igu r a 2.15). E st a pr ojeçã o é t a m bém ch a m a da de a zim u ta l o rto m o rfa .
F i g u r a 2 .1 5 - P r o je ç ã o E s t e r e o g r á fi c a F i g u r a 2 .1 6 - Ma p a d o H e m i s fé r i o
Equ a to ria l Oc id e n ta l n a P ro je ç ã o Es te re o g rá fic a

A esca la em u m a p ro je ç ã o e s te re o g rá fic a a u m en t a com a dist â n cia do p o n to d e


ta n g ê n c ia , por ém m a is len t a m en t e qu e em u m a p ro je ç ã o g n o m ô n ic a . Um h em isfér io
com p let o p od e s er r ep r es en t a d o em u m a p r o je ç ã o e s t e r e o g r á fi c a , s em d is t or ções
excessiva s (F igu r a 2.16). Ta l com o em ou t r a s p ro je ç õ e s a zim u ta is , os c írc u lo s m á x im o s
qu e pa ssa m pelo p o n t o d e t a n g ê n c i a a pa r ecem com o lin h a s re t a s . Todos os dem a is
cír cu los, in clu in do m er idia n os e pa r a lelos, sã o r epr esen t a dos com o cír cu los ou a r cos de
cír cu los.
O pr in cipa l u so da p ro je ç ã o e s te re o g rá fic a em Ca r t ogr a fia Ná u t ica é pa r a con s-
t r u çã o de ca r t a s da s r egiões pola r es.

c. P ROJ EÇÃO ORTOGRÁF ICA


F ig u ra 2.17 - P ro je ç ã o Orto g rá fic a Equ a to ria l
P r oje t a n d o-s e g e om e t r i ca m e n t e
pon t os da su per fície da Ter r a t en do com o
p o n to d e v is ta o in fin it o (lin h a s pr ojet a n -
t es pa r a lela s), sobr e u m p la n o ta n g e n te ,
t em -se u m a p ro je ç ã o o rto g rá fic a (F igu r a
2.17). E st a pr ojeçã o n ã o é c o n fo rm e , n em
e qu iv a le n te , n em e qü id is ta n te em t oda
su a ext en sã o. Su a pr in cipa l a plica çã o em
Ca r t ogr a fia N á u t ica ocor r e n o ca m po da
n a vega çã o a st r on ôm ica , on de ela é ú t il pa -
r a a pr esen t a r ou pa r a solu cion a r gr a fica -
m en t e o t r iâ n gu lo de posiçã o e pa r a ilu s-
t r a çã o de coor den a da s a st r on ôm ica s.

30 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Projeções cartográficas; a Carta Náutica

F ig u ra 2.18 - Ma p a Orto g rá fic o d o He m is fé rio Oc id e n ta l

Se o pla n o é t a n gen t e a u m pon t o


do equ a dor , com o n or m a lm en t e ocor r e, os
p a r a l e l o s (i n cl u i n d o o e q u a d or )
a p a r e ce m com o l i n h a s r e t a s e os
m e r i d i a n o s com o e l i p s e s , e x ce t o o
m e r i d i a n o q u e p a s s a p e l o p on t o d e
t a n gên cia , qu e a pa r ece com o u m a lin h a

re ta , e o qu e est á a 90º, qu e é r epr esen t a do por u m cír cu lo (F igu r a 2.18).

d. P ROJ EÇÃO AZIMU TAL EQÜ ID IS TAN TE


É u m a pr ojeçã o n a qu a l a e s c a la d e d i s t â n c i a s a o lon go de qu a lqu er c í rc u lo
m á x im o qu e pa ssa pelo p o n to d e ta n g ê n c ia é con st a n t e. Se o p o n to d e ta n g ê n c ia est á
sit u a do em u m dos p ó lo s , os m e ri d i a n o s a pa r ecem com o li n h a s re t a s ra d i a i s e os
p a ra le lo s com o c írc u lo s c o n c ê n tric o s , igu a lm en t e espa ça dos. Se o pla n o é t a n gen t e em
qu a lqu er ou t r o p on t o, os cír cu los con cên t r icos r ep r es en t a m d is t â n cia s d o p on t o d e
t a n gên cia . Nest e ca so, m er idia n os e pa r a lelos a pa r ecem com o cu r va s. A p ro je ç ã o a zim u ta l
e qü id is ta n te pode ser u sa da pa r a r epr esen t a r t oda a Ter r a , sen do qu e, n est a sit u a çã o, o
pon t o 180º defa sa do do pon t o de t a n gên cia a pa r ece com o o m a ior dos cír cu los con cên t r icos.
A pr ojeçã o n ã o é con for m e, n em equ iva len t e, n em per spect iva . P r óxim o a o pon t o de
t a n gên cia a s d is t or ções s ã o p equ en a s , p or ém cr es cem com a d is t â n cia , a t é qu e, n a s
im edia ções do la do opost o da Ter r a , a s for m a s t or n a m -se ir r econ h ecíveis (F igu r a 2.19a ).
A p ro je ç ã o a zim u ta l e qü id is ta n te é ú t il por qu e com bin a a s t r ês ca r a ct er íst ica s
possíveis de se en con t r a r n a s pr ojeções a zim u t a is:

• a s d is tâ n c ia s a pa r t ir do p o n to d e ta n g ê n c ia sã o r epr esen t a da s sem dist or ções;


• a s d i r e ç õ e s (a zim u t es ) a p a r t ir d o p o n t o d e t a n g ê n c i a s ã o r ep r es en t a d os s em
defor m a ções; e
• per m it e r epr esen t a r t oda a su per fície da Ter r a em u m a ca r t a .

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 31


Projeções cartográficas; a Carta Náutica

F ig u ra 2.19 (a ) - P ro je ç ã o Azim u ta l Eqü id is ta n te

32 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Projeções cartográficas; a Carta Náutica

Assim , se u m por t o ou a er opor t o im por t a n t e for escolh ido com o p o n to d e ta n g ê n -


c ia , o a zim u t e (r u m o), a dist â n cia e a der r ot a dest e pon t o pa r a qu a lqu er ou t r o pon t o n a
su per fície da Ter r a sã o det er m in a dos com r a pidez e pr ecisã o, t a l com o m ost r a do n a s figu r a s
2.19 b & c . Se u m a est a çã o de com u n ica ções for escolh ida com o p o n to d e ta n g ê n c ia de
u m a ca r t a n a p ro je ç ã o a zim u ta l e qü id is ta n te , a s t r a jet ór ia s dos sin a is r á dios pa r a /da
est a çã o t or n a m -se a pa r en t es. Adem a is, pode-se det er m in a r fa cilm en t e a dir eçã o pa r a a
qu a l deve ser or ien t a da u m a a n t en a . A pr ojeçã o é, t a m bém , u sa da n a con st r u çã o de ca r t a s
pola r es e do Iden t ifica dor de E st r ela s (“St a r F in der a n d Iden t ifier ”, Nº 2102 – D), qu e ser á
est u da do post er ior m en t e.

F ig u ra 2.19 (b) - N a s u p e rfíc ie d a Te rra F ig u ra 2.19 (c ) - N a Ca rta Azim u ta l Eqü id is ta n te

e. P ROJ EÇÕES CÔN ICAS


Um a p ro je ç ã o c ô n ic a é pr odu zida pela t r a n sfer ên cia de pon t os da su per fície da
Ter r a pa r a u m con e, ou u m a sér ie de con es, qu e sã o, en t ã o, desen volvidos em u m pla n o,
pa r a for m a r a ca r t a . Se o eixo do con e coin cide com o eixo da Ter r a , com o ocor r e n or m a lm en t e
qu a n do se u sa m p ro je ç õ e s c ô n ic a s em Ca r t ogr a fia Ná u t ica , os p a ra le lo s a pa r ecem com o
a rc o s d e c írc u lo s e os m e rid ia n o s ou com o lin h a s re ta s , ou com o c u rv a s , con ver gin do
pa r a o pólo m a is pr óxim o. As defor m a ções excessiva s sã o evit a da s lim it a n do a á r ea r epr e-
sen t a da n a ca r t a à pa r t e do con e pr óxim a à su per fície da Ter r a . O pa r a lelo a o lon go do
qu a l n ã o h á dist or ções é den om in a do p a ra le lo p a d rã o .<$&figu r a 2.20[v]>
As ca r a ct er íst ica s da s p ro je ç õ e s c ô n ic a s va r ia m , pelo u so de con es t a n gen t es em
vá r ios pa r a lelos, u sa n do u m con e seca n t e ou u m a sér ie de con es.
Um a p ro je ç ã o c ô n ic a s im p le s u t iliza u m ú n ico con e t a n gen t e à su per fície da Ter r a
(F igu r a 2.20). A a lt u r a do con e a u m en t a à m edida qu e a La t it u de do p a ra le lo d e ta n g ê n c ia
dim in u i. No e qu a d o r a a lt u r a do c o n e é in fin ita e est e t or n a -se u m c ilin d ro . No p ó lo a
a lt u r a é ze ro e o c o n e t r a n sfor m a -se em u m p la n o .

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 33


Projeções cartográficas; a Carta Náutica

F ig u ra 2.20 - P ro je ç ã o Cô n ic a S im p le s

Qu a n do o con e é desen volvido em


u m pla n o pa r a for m a r u m a ca r t a , os m e -
ri d i a n o s a pa r ecem com o li n h a s re t a s
con ver gin do pa r a o v é rtic e d o c o n e . O
p a ra le lo p a d rã o , n o qu a l o con e é t a n -
gen t e à Ter r a , é r ep r es en t a d o p or u m
a rc o d e c írc u lo cu jo cen t r o é o v é rtic e
d o c o n e (pon t o de in t er seçã o de t odos os
m er idia n os).

F ig u ra 2.21 - Ma p a d o He m is fé rio N o rte n a P ro je ç ã o Cô n ic a S im p le s

Os ou t r os pa r a lelos a pa r ecem com o cír cu los con cên t r icos, com a dist â n cia a o lon go
de ca da m er idia n o en t r e pa r a lelos con secu t ivos r epr esen t a da em r ela çã o cor r et a com a
dist â n cia n a Ter r a , sen do, a ssim , der iva da m a t em a t ica m en t e. P or isso, a p ro je ç ã o c ô n ic a
s im p le s n ã o é p e rs p e c tiv a (a pen a s os m er idia n os sã o pr ojet a dos geom et r ica m en t e). O
p ó lo é r epr esen t a do por u m cír cu lo (F igu r a 2.21).
A e s c a la é cor r et a a o lon go do p a ra le lo p a d rã o e de qu a lqu er m e rid ia n o . Todos
os ou t r os pa r a lelos sã o r epr esen t a dos com defor m a ções (com pr im en t os m a ior es qu e o
cor r et o), sen do qu e os er r os a u m en t a m à m edida qu e a u m en t a a dist â n cia do pa r a lelo
pa dr ã o. Com o a esca la n ã o é a m esm a em t oda s a s dir eções em t or n o de ca da pon t o, a
pr ojeçã o n ã o é con for m e, su a pr in cipa l desva n t a gem pa r a n a vega çã o. Além disso, t a m bém
n ã o é equ iva len t e.

34 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Projeções cartográficas; a Carta Náutica

F ig u ra 2.22 (a ) - Co n e s e c a n te c o m d o is p a ra le lo s p a d rõ e s

De vez qu e a esca la é cor r et a a o


l on g o d o p a r a l e l o p a d r ã o e v a r i a
u n ifor m e m e n t e p a r a ca d a la d o d e s t e
pa r a lelo, com dist or ções r ela t iva m en t e
p e q u e n a s n a s r e g i õe s p r óx i m a s a o
p a r a le lo p a d r ã o, a p r o je ç ã o c ô n i c a
s i m p l e s é ú t il p a r a r ep r es en t a çã o d e
u m a á r ea com gr a n de desen volvim en t o
e m L on g i t u d e e com p a r a t i v a m e n t e
e s t r e it a e m L a t it u d e . A p r oje çã o foi
desen volvida n o Sécu lo II DC por Clá u dio
P t olom eu pa r a ca r t ogr a fia de u m a á r ea

F ig u ra 2.22 (b) - Ge o m é tric a Mo d ific a d a

com est a s ca r a ct er íst ica s, o Medit er r â n eo.


A P ro je ç ã o Co n fo rm e d e La m -
be rt a u m en t a a fa ixa de La t it u de da pr o-
jeçã o côn ica sim ples pelo u so de u m c o n e
s e c a n te , qu e in t er cept a a su per fície da
T e r r a e m d oi s p a r a l e l o s p a d r õ e s
(F igu r a 2.22 a & b).

F ig u ra 2.23 - Ca rta n a P ro je ç ã o d e La m be rt

Adem a is, o espa ça m en t o en t r e os


pa r a lelos é a lt er a do m a t em a t ica m en t e, de
m odo qu e a dist or çã o a o lon go dos pa r a le-
los e a o lon go dos m er idia n os seja a m es-
m a , o qu e t or n a a p r ojeçã o c o n fo r m e
(F igu r a 2.23).
E s t a p r oje çã o, i d e a l i z a d a p or
J oh a n n H e in r ich L a m b e r t n o S é cu lo
XVIII, é a pr ojeçã o côn ica m a is u t iliza da
em n a vega çã o, em bor a seu em pr ego m a ior
seja em ca r t a s a er on á u t ica s.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 35


Projeções cartográficas; a Carta Náutica

Um a lin h a re ta n a P r ojeçã o Con for m e de La m ber t a pr oxim a -se t a n t o de u m c írc u lo


m á x im o qu e os dois podem ser con sider a dos idên t icos pa r a os pr opósit os de n a vega çã o.
Ma r ca ções r a diogon iom ét r ica s, de sin a is r á dio qu e se pr opa ga m por cír cu los m á xim os,
podem ser plot a da s n est a pr ojeçã o sem a cor r eçã o qu e n ecessit a m qu a n do sã o plot a da s em
u m a Ca r t a de Mer ca t or . E st a ca r a ct er íst ica , ga n h a sem o sa cr ifício da con for m ida de, t or n ou
a P r ojeçã o Con for m e de La m ber t a dequ a da pa r a ca r t a s a er on á u t ica s, pois em n a vega çã o
a ér ea fa z-se in t en so u so de m a r ca ções-r á dio. E m Ca r t ogr a fia Ná u t ica , est a pr ojeçã o t em
sido em pr ega da , em u m a for m a ligeir a m en t e m odifica da , em a lt a s la t it u des, pa r a ca r t a s
pola r es.
A F igu r a 2.24 com pa r a a s t r ês pr ojeções m a is u t iliza da s em Ca r t ogr a fia Ná u t ica .
F ig u ra 2.24 -

MERCATOR LAMBERT GNOMÔNICA

Paralelos Linhas retas Arcos de círculos Curvas (seções de


horizontais concêntricos cone) exceto o
Equador

Meridianos Linhas retas verti- Linhas retas, raio dos Linhas retas
cais, perpendicula- paralelos convergindo
res ao Equador para o Pólo

Conforme Sim Sim Não

Círculos Linhas curvas Linhas aproxima- Linhas retas


máximos (exceto os damente retas
Meridianos e o
Equador)

Linhas de rumo Linhas retas. Linhas curvas Linhas curvas


Ângulo medido
com qualquer
Meridiano

Escala de Variável -- será Aproximadamente Variável -- será


distâncias usada a do constante medida por ábacos
paralelo médio impressos nas cartas

Aumento Aumenta com a Aumenta com a Aumenta com a


da escala distância do distância do distâncoa ao centro
Equador paralelo central da da projeção
projeção

Usos para o Navegação em Navegação Determinação da


navegante geral -- Costeira Costeira, Estimada ortodrômia
e Estimada e Eletrônica

36 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Projeções cartográficas; a Carta Náutica

F ig u ra 2.25 - P ro je ç ã o P o lic ô n ic a

As lim it a ções em La t it u de da s ou -
t r a s pr ojeções côn ica s podem ser essen -
cia lm en t e elim in a da s pelo u so de u m a sé-
r ie d e con es t a n gen t es , r es u lt a n d o em
u m a p ro je ç ã o p o lic ô n ic a (F igu r a 2.25).
Nest a pr ojeçã o, qu e n ã o é per spect iva , ca -
da pa r a lelo é a ba se de u m con e t a n gen t e.
Na s bor da s da ca r t a , a á r ea en t r e pa r a le-
los é expa n dida , pa r a elim in a r a s pa r t es
qu e fica r ia m sem r ecobr im en t o. A esca la
é cor r et a a o lon go de qu a lqu er pa r a lelo e
a o lon go do m er idia n o cen t r a l da pr ojeçã o.
Ao lon go dos ou t r os m er idia n os, a esca la
a u m en t a com o a u m en t o da difer en ça de
lon git u de pa r a o m er idia n o cen t r a l. Os pa -
r a lelos a pa r ecem com o cír cu los n ã o con -
cên t r icos e os m er idia n os com o lin h a s cu r -
va s con ver gin do pa r a o pólo, com a con ca -
vida de volt a da pa r a o m er idia n o cen t r a l.

F ig u ra 2.26 - Ma p a n a P ro je ç ã o P o lic ô n ic a

A p ro je ç ã o p o li c ô n i c a é m u it o
u sa da em At la s (F igu r a 2.26). E n t r et a n t o,
com o n ã o é con for m e, n ã o é cost u m eir a -
m en t e u t iliza da em n a vega çã o.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 37


Projeções cartográficas; a Carta Náutica

f. P ROJ EÇÃO TRAN S VERS A D E MERCATOR


F ig u ra 2.27 - Ma p a n a P ro je ç ã o Tra n s v e rs a d e Me rc a to r

U m ca so especia l da P r ojeçã o de
Mer ca t or é a P r ojeçã o Tr a n sver sa de Mer -
ca t or ou p r o je ç ã o cilín drica
tra n s v e rs a o rto m o rfa (c o n fo rm e ), n a
qu a l o cilin dr o é t a n gen t e à su per fície da
Ter r a a o lon go de u m m e rid ia n o . Com o
a á r e a d e d e for m a çã o m ín im a n e s t a
pr ojeçã o fica r á pr óxim a a o m e rid ia n o d e
t a n g ê n c i a , a P r oje çã o t r a n s ve r s a d e
M e r ca t or t or n a -s e ú t i l p a r a ca r t a s
cobr in do u m a gr a n de fa ixa de La t it u des
e u m a fa ixa est r eit a de Lon git u des de
ca da la do do m e rid ia n o d e ta n g ê n c ia
(F igu r a 2.27) ou pa r a ca r t a s de r egiões
p ola r e s (F igu r a 2 .2 8 ). Alé m d is s o, é
a lgu m a s vezes u sa da em c a rta s c e le s te s
qu e a pr esen t a m a con figu r a çã o do céu n a s
vá r ia s est a ções do a n o.
E m u m a ca r t a n a P r ojeçã o Tr a n s-
v e r s a d e M e r ca t or , p r óx i m o a o
m e rid ia n o d e ta n g ê n c ia u m a lin h a
re ta a pr oxim a -se m u it o de u m c írc u lo
m á x im o n a esfer a t er r est r e. É n est a á r ea
qu e a ca r t a é m a is ú t il.
O sist em a UTM (Un iver sa l Tr a n s-
F ig u ra 2.28 - P ro je ç ã o Tra n s v e rs a d e Me rc a to r ver sa de Mer ca t or ) é u m a gr a de qu ilo-
(m e rid ia n o d e ta n g ê n c ia 090°E - 090°W) m ét r ica su per post a a u m r et icu la do da
P r ojeçã o Tr a n sver sa de Mer ca t or , pa r a
fin s t écn ico-cien t íficos ou m ilit a r es . O
sist em a U TM é m u it a s vezes u t iliza do
p a r a con s t r u çã o d e F olh a s d e Bor d o e
F olh a s d e S on d a ge n s p r od u zid a s e m
L e va n t a m e n t os H id r ogr á ficos e p a r a
ca r t a s m i l i t a r e s (e x e m p l o: C a r t a d e
Bom ba r deio).

38 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Projeções cartográficas; a Carta Náutica

2.5.7 CARTAS P OLARES


As excessiva s defor m a ções n a s a lt a s la t it u des e a im possibilida de de r epr esen t a çã o
dos pólos lim it a m o u so da P r ojeçã o de Mer ca t or pa r a ca r t ogr a fia da s r egiões pola r es. H á
n ecessida de, en t ã o, de selecion a r ou t r a s pr ojeções pa r a r epr esen t a çã o dessa s á r ea s.
As pr in cipa is con sider a ções pa r a escolh a de u m sist em a de pr ojeçã o con ven ien t e
pa r a n a vega çã o pola r sã o:

a. CON F ORMID AD E – é desejá vel qu e os â n gu los (dir eções) seja m cor r et a m en t e r epr e-
sen t a dos, de m odo qu e a plot a gem possa ser feit a dir et a m en t e sobr e a ca r t a , sem
cor r eções com plica da s;
b. REP RES EN TAÇÃO D OS CÍRCU LOS MÁXIMOS – com o os cír cu los m á xim os (or t o-
dr om ia s) sã o m a is ú t eis em a lt a s La t it u des qu e a s lin h a s de r u m o (loxodr om ia s), é dese-
já vel qu e os cír cu los m á xim os seja m r epr esen t a dos por lin h a s r et a s;
c. E SCALA CONSTANTE – é desejá vel qu e se t en h a u m a esca la con st a n t e em t oda a ca r t a ;
d. LIMITES D E U S O – lim it es a m plos de u t iliza çã o sã o desejá veis, pa r a r edu zir a o m ín im o
o n ú m er o de pr ojeções n ecessá r ia s.
As 3 pr ojeções com u m en t e selecion a da s pa r a c a rta s p o la re s sã o a Tr a n sver sa de
Mer ca t or , a Con for m e de La m ber t m odifica da e a pr ojeçã o pola r est er eogr á fica . Sã o, a in da ,
u t iliza da s a pr ojeçã o gn om ôn ica e a a zim u t a l eqü idist a n t e. P r óxim o a o pólo h á pou co o qu e
se escolh er en t r e ela s, pois a í t oda s sã o essen cia lm en t e con for m es e em t oda s os cír cu los
m á xim os sã o pr a t ica m en t e r epr esen t a dos por lin h a s r et a s. E n t r et a n t o, con for m e a dist â n cia
a o pólo a u m en t a , devem ser con sider a da s a s ca r a ct er íst ica s dist in t a s de ca da pr ojeçã o.
A P r ojeçã o Tr a n sver sa de Mer ca t or é con for m e e o t ipo de dist or çã o qu e a pr esen t a
é fa m ilia r a qu em est á a cost u m a do a u sa r u m a Ca r t a de Mer ca t or . As dist â n cia s podem ser
m edida s da m esm a m a n eir a qu e em u m a Ca r t a de Mer ca t or . Assim , n a ca r t ogr a fia da s
r egiões pola r es a s va n t a gen s da P r ojeçã o de Mer ca t or , t a is com o fa cilida de de con st r u çã o
e plot a gem r á pida dos pon t os, podem a in da ser a pr oveit a da s pela r ot a çã o do cilin dr o de
90º em a zim u t e, fica n do a gor a t a n gen t e em u m m er idia n o, o qu a l pa ssa a ser o equ a dor
fict ício. N es t a p r ojeçã o, d en t r o d a s r egiões p ola r es , os p a r a lelos s ã o p r a t ica m en t e
cir cu n fer ên cia s con cên t r ica s e os m er idia n os diver gem ligeir a m en t e de lin h a s r et a s; os
a r cos de cír cu los m á xim os t a m bém podem ser con sider a dos lin h a s r et a s, despr eza n do-se
o pequ en o er r o com et ido. Um pequ en o in con ven ien t e n a m edida de â n gu los pode r esu lt a r
da cu r va t u r a dos m er idia n os (F igu r a 2.27). A pr ojeçã o é excelen t e pa r a u so em u m a fa ixa
est r eit a em t or n o do m er idia n o de t a n gên cia e pa r a em pr ego com sist em a a u t om á t ico de
n a vega çã o qu e ger a La t it u de e Lon git u de.
A P r ojeçã o Con for m e de La m ber t m odifica da é vir t u a lm en t e con for m e em t oda su a
ext en sã o e a s dist or ções de esca la m a n t êm -se pequ en a s qu a n do a ca r t a est en de-se a t é
cer ca de 25º a 30º do pólo. Além desse lim it e, a s dist or ções cr escem r a pida m en t e. U m
cír cu lo m á xim o é pr a t ica m en t e u m a li-n h a r et a em qu a lqu er pon t o da ca r t a . Dist â n cia s e
dir eções podem ser m edida s dir et a m en t e n a ca r t a . A P r ojeçã o Con for m e de La m ber t
m odifica da (ou P r ojeçã o de Ney) u sa u m pa r a lelo m u it o pr óxim o a o pólo com o p a ra le lo
p a d rã o m a is a lt o. Assim , est a pr ojeçã o côn ica com dois pa r a lelos pa dr ões va i r equ er er
pou ca defor m a çã o pa r a r epr esen t a r os pa r a lelos com o cír cu los e elim in a r o cír cu lo qu e
r epr esen t a r ia o pólo.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 39


Projeções cartográficas; a Carta Náutica

A ou t r a p r ojeçã o com u m en t e u t iliza d a em ca r t ogr a fia d a s r egiões p ola r es é a


p ro je ç ã o p o la r e s te re o g rá fic a , qu e é c o n fo rm e em t oda su a ext en sã o e n a qu a l u m
c í rc u lo m á x i m o difer e m u it o pou co de u m a li n h a re t a . A dist or çã o de esca la n ã o é
excessiva pa r a u m a dist â n cia con sider á vel do pólo, m a s é m a ior qu e n a P r ojeçã o Con for m e
de La m ber t m odifica da . A va r ia çã o de esca la pode ser r edu zida u sa n do u m pla n o seca n t e,
qu e cor t e a Ter r a em u m pa r a lelo in t er m ediá r io en t r e o pólo e o pa r a lelo m a is a fa st a do, de
for m a qu e a s dist or ções seja m dividida s, com a por çã o den t r o dest e pa r a lelo pa dr ã o
com pr im ida e a por çã o for a dele expa n dida .

2 .6 A CARTA N ÁU TICA; U TILIZAÇÃO E


IN TERP RETAÇÃO D E U MA CARTA
N ÁU TICA N A P ROJ EÇÃO D E
MERCATOR

2 .6 .1 DEFINIÇÃO DE CARTAS NÁUTICAS


Sã o os docu m en t os ca r t ogr á ficos qu e r esu lt a m de leva n t a m en t os de á r ea s oceâ n ica s,
m a r es, ba ía s, r ios, ca n a is, la gos, la goa s, ou qu a lqu er ou t r a m a ssa d’á gu a n a vegá vel e qu e se
dest in a m a ser vir de ba se à n a vega çã o; sã o ger a lm en t e con st r u ída s n a P r ojeçã o de Mer -
ca t or e r epr esen t a m os a ciden t es t er r est r es e su bm a r in os, for n ecen do in for m a ções sobr e
p ro fu n d id a d e s , p e rig o s à n a v e g a ç ã o (ba n cos, pedr a s su bm er sa s, ca scos soçobr a dos ou
qu a lqu er ou t r o obst á cu lo à n a vega çã o), n a tu re za d o fu n d o , fu n d e a d o u ro s e á re a s d e
fu n d e io , a u x ílio s à n a v e g a ç ã o (fa r óis, fa r olet es, bóia s, ba liza s, lu zes de a lin h a m en t o,
r a diofa r óis, et c.), a ltitu d e s e p o n to s n o tá v e is a o s n a v e g a n te s , lin h a d e c o s ta e d e
c o n to rn o d a s ilh a s , e le m e n to s d e m a ré s , c o rre n te s e m a g n e tis m o e o u tra s in d ic a -
ç õ e s n e c e s s á ria s à segu r a n ça da n a vega çã o.

2 .6 .2 P RINCIP AIS ELEMENTOS REP RESENTADOS EM


UMA CARTA NÁUTICA

a. R E TICU LAD O
E m u m a Ca rta d e Me rc a to r, o con ju n t o dos m e rid ia n o s e p a ra le lo s é den om in a do
re tic u la d o . Ao lon go dos m er idia n os ext r em os da ca r t a est á r epr esen t a da a e s c a la d e
la titu d e s (on de devem ser sem pr e m edida s a s dist â n cia s). Ao lon go dos pa r a lelos su per ior
e in fer ior da ca r t a est á r epr esen t a da a e s c a la d e lo n g itu d e s .

b. E S CALA
Com o vim os, em u m a Ca rta d e Me rc a to r a e s c a la d e lo n g itu d e s é con st a n t e,
en qu a n t o qu e a e s c a la d e la titu d e s va r ia , em vir t u de da s la titu d e s c re s c id a s .
Den om in a -se, en t ã o, e s c a la n a tu ra l a esca la de la t it u des em u m det er m in a do pa -
r a lelo, n or m a lm en t e o p a ra le lo m é d io (La t m édia ) da á r ea a br a n gida . E st e é, de fa t o, o
ú n ico pa r a lelo r epr esen t a do sem defor m a ções de esca la , ou seja , a e s c a la n a tu ra l, n a
r ea lida de, som en t e é per feit a m en t e vá lida a o lon go dest e pa r a lelo.

40 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Projeções cartográficas; a Carta Náutica

A ou t r a p r ojeçã o com u m en t e u t iliza d a em ca r t ogr a fia d a s r egiões p ola r es é a


p ro je ç ã o p o la r e s te re o g rá fic a , qu e é c o n fo rm e em t oda su a ext en sã o e n a qu a l u m
c í rc u lo m á x i m o difer e m u it o pou co de u m a li n h a re t a . A dist or çã o de esca la n ã o é
excessiva pa r a u m a dist â n cia con sider á vel do pólo, m a s é m a ior qu e n a P r ojeçã o Con for m e
de La m ber t m odifica da . A va r ia çã o de esca la pode ser r edu zida u sa n do u m pla n o seca n t e,
qu e cor t e a Ter r a em u m pa r a lelo in t er m ediá r io en t r e o pólo e o pa r a lelo m a is a fa st a do, de
for m a qu e a s dist or ções seja m dividida s, com a por çã o den t r o dest e pa r a lelo pa dr ã o
com pr im ida e a por çã o for a dele expa n dida .

2 .6 A CARTA N ÁU TICA; U TILIZAÇÃO E


IN TERP RETAÇÃO D E U MA CARTA
N ÁU TICA N A P ROJ EÇÃO D E
MERCATOR

2 .6 .1 DEFINIÇÃO DE CARTAS NÁUTICAS


Sã o os docu m en t os ca r t ogr á ficos qu e r esu lt a m de leva n t a m en t os de á r ea s oceâ n ica s,
m a r es, ba ía s, r ios, ca n a is, la gos, la goa s, ou qu a lqu er ou t r a m a ssa d’á gu a n a vegá vel e qu e se
dest in a m a ser vir de ba se à n a vega çã o; sã o ger a lm en t e con st r u ída s n a P r ojeçã o de Mer -
ca t or e r epr esen t a m os a ciden t es t er r est r es e su bm a r in os, for n ecen do in for m a ções sobr e
p ro fu n d id a d e s , p e rig o s à n a v e g a ç ã o (ba n cos, pedr a s su bm er sa s, ca scos soçobr a dos ou
qu a lqu er ou t r o obst á cu lo à n a vega çã o), n a tu re za d o fu n d o , fu n d e a d o u ro s e á re a s d e
fu n d e io , a u x ílio s à n a v e g a ç ã o (fa r óis, fa r olet es, bóia s, ba liza s, lu zes de a lin h a m en t o,
r a diofa r óis, et c.), a ltitu d e s e p o n to s n o tá v e is a o s n a v e g a n te s , lin h a d e c o s ta e d e
c o n to rn o d a s ilh a s , e le m e n to s d e m a ré s , c o rre n te s e m a g n e tis m o e o u tra s in d ic a -
ç õ e s n e c e s s á ria s à segu r a n ça da n a vega çã o.

2 .6 .2 P RINCIP AIS ELEMENTOS REP RESENTADOS EM


UMA CARTA NÁUTICA

a. R E TICU LAD O
E m u m a Ca rta d e Me rc a to r, o con ju n t o dos m e rid ia n o s e p a ra le lo s é den om in a do
re tic u la d o . Ao lon go dos m er idia n os ext r em os da ca r t a est á r epr esen t a da a e s c a la d e
la titu d e s (on de devem ser sem pr e m edida s a s dist â n cia s). Ao lon go dos pa r a lelos su per ior
e in fer ior da ca r t a est á r epr esen t a da a e s c a la d e lo n g itu d e s .

b. E S CALA
Com o vim os, em u m a Ca rta d e Me rc a to r a e s c a la d e lo n g itu d e s é con st a n t e,
en qu a n t o qu e a e s c a la d e la titu d e s va r ia , em vir t u de da s la titu d e s c re s c id a s .
Den om in a -se, en t ã o, e s c a la n a tu ra l a esca la de la t it u des em u m det er m in a do pa -
r a lelo, n or m a lm en t e o p a ra le lo m é d io (La t m édia ) da á r ea a br a n gida . E st e é, de fa t o, o
ú n ico pa r a lelo r epr esen t a do sem defor m a ções de esca la , ou seja , a e s c a la n a tu ra l, n a
r ea lida de, som en t e é per feit a m en t e vá lida a o lon go dest e pa r a lelo.

40 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Projeções cartográficas; a Carta Náutica

E sca la é defin ida com o a r ela çã o en t r e u m va lor gr á fico, n a Ca r t a , e o va lor r ea l


cor r espon den t e, n a su per fície da Ter r a . A e s c a la de u m a ca r t a pr opor cion a u m a idéia da
r ela çã o exist en t e en t r e o t r ech o da Ter r a a br a n gido pela ca r t a e su a r epr esen t a çã o n a
m esm a . Qu a n t o m a ior o den om in a dor da esca la , m en or a esca la .

EXEMP LOS

1. Com qu e com pr im en t o gr á fico ser ia r epr esen t a da u m a dist â n cia de 500 m et r os em u m a


ca r t a n a esca la de 1 : 100.000?
1 mm 100.000 m m = 100 m
x mm 500 m
500
x= = 5 mm
100
2. Com qu e com pr im en t o gr á fico ser ia r epr esen t a da a m esm a dist â n cia de 500 m et r os em
u m a ca r t a n a esca la de 1 : 25.000?
1 mm 25.000 m m = 25 m
x mm 500 m
500
x= = 20 m m
25
Ou t r os exem plos sobr e esca la sã o m ost r a dos n a F igu r a 2.29.

F ig u ra 2.29 - Es c a la

Va lor gr á fico n a Ca r t a
E=
Va lor r ea l n a Ter r a
1. Qual o comprimento gráfico, em milímetros, correspondente a uma distância de
2.000 metros, medida na superfície da Terra, em uma carta na escala de
1:50.000?
Carta Terra
1 mm 50.000 mm
x 2.000.000 m
2.000.000
x= = 40 mm
50.000
2. Quanto mede no terreno, em metros, uma dimensão cujo valor gráfico, medido
sobre uma carta na escala de 1:25.000, é 15 milímetros?
Carta Terra
1 mm 25.000 mm
15 mm x

x = 25.000 mm x 15 = 375.000 mm = 375 m

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 41


Projeções cartográficas; a Carta Náutica

Qu a n t o m a ior a e s c a la de u m a ca r t a , m a is det a lh a da pode ser a r epr esen t a çã o do


t r ech o da Ter r a por ela a br a n gido.
A esca la de u m a ca r t a deve ser det er m in a da pelo t ipo de n a vega çã o pr et en dido, a
n a t u r eza da á r ea a ser cober t a e a qu a n t ida de de in for m a ções a ser em m ost r a da s. Vá r ia s
cla ssifica ções pa r a esca la sã o em pr ega da s, t a is com o pequ en a esca la , m édia esca la , gr a n de
esca la e sér ie cost eir a con t ín u a . E st a s cla ssifica ções t êm por fin a lida de in dica r o t ipo de
ca r t a , m a is do qu e a esca la r ea l, qu e poder á va r ia r de á r ea pa r a á r ea .
De u m a for m a m u it o gen ér ica , a s cla ssifica ções “pequ en a esca la ”, “m édia esca la ” e
“gr a n de esca la ” a br a n gem os segu in t es t ipos de ca r t a :

P e qu e n a e s c a la n a vega çã o oceâ n ica (a lt o-m a r ) ................... esca la m en or qu e 1:1.500.000

Mé d ia e s c a la t r a vessia (pa ssa gem )/a t er r a gem ............... 1:1.500.000 – 1:750.000

ca bot a gem .................................................... 1:500.000 – 1:150.000

Gra n d e e s c a la a pr oxim a çã o de por t os/á gu a s cost eir a s

r est r it a s ....................................................... 1:150.000 – 1:50.000

por t os/a n cor a dou r os/ca n a is est r eit os ....... 1:50.000 e a cim a
Com o n or m a , sem pr e qu e u m a det er m in a da á r ea for a br a n gida por ca r t a s n á u t ica s
em esca la s diver sa s, deve-se n a vega r n a ca r t a de m a ior esca la , qu e a pr esen t a r á sem pr e
m a ior gr a u de det a lh e n a r epr esen t a çã o t a n t o do r elevo su bm a r in o com o da pa r t e em er sa .
Além disso, n a plot a gem de posiçã o do n a vio n a ca r t a , u m m esm o er r o gr á fico pode cor r es-
pon der a desde a lgu m a s dezen a s de m et r os, n a ca r t a de m a ior esca la , a t é m u it os décim os
de m ilh a , n a s ca r t a s de m en or esca la , o qu e é m u it o im por t a n t e, pr in cipa lm en t e n a s pr oxi-
m ida des da cost a ou de per igo. De a cor do com a s esca la s, a s ca r t a s n á u t ica s pu blica da s
pela DH N sã o ger a lm en t e cla ssifica da s em (F igu r a 2.30):

F ig u ra 2.30 - Es c a la s

CARTAS GE RAIS: esca la m en or qu e 1:3.000.000


CARTAS DE GRANDE S TRE CH OS: esca la en t r e 1:3.000.000 e 1:1.500.000
CARTAS DE MÉ DIOS TRE CH OS: esca la en t r e 1:1.500.000 e 1:500.000
CARTAS DE P E QUE NOS TRE CH OS: esca la en t r e 1:500.000 e 1:150.000
CARTAS P ARTICULARE S: esca la m a ior qu e 1:150.000
P LANOS: esca la igu a l ou m a ior qu e 1:25.000

As Ca rta s N á u tic a s con st r u ída s n a esca la de 1:80.000, ou em esca la s m a ior es, a pr e-


sen t a r ã o, a lém da s esca la s de la t it u de e de lon git u de a n t er ior m en t e m en cion a da s, esca la s
lin ea r es (gr á fica s) de dist â n cia , n o sist em a m ét r ico, n a s bor da s (esca la qu ilom ét r ica ).

c. TÍTU LO D A CARTA N ÁU TICA


O títu lo da Ca r t a Ná u t ica t r a z in for m a ções im por t a n t es, qu e devem ser lida s com
a t en çã o. Os elem en t os do t ít u lo sã o a pr esen t a dos n a segu in t e or dem (F igu r a 2.31):

42 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Projeções cartográficas; a Carta Náutica

F ig u ra 2.31 -

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 43


Projeções cartográficas; a Carta Náutica

1. Ár ea geogr á fica ger a l e t r ech o da cost a em qu e se sit u a a á r ea r epr esen t a da n a Ca r t a .


P a r a efeit os de Ca r t ogr a fia Ná u t ica , a cost a do Br a sil é dividida em :
COSTA NORTE : do Ca bo Or a n ge a o Ca bo Ca lca n h a r .
COSTA LE STE : do Ca bo Ca lca n h a r a o Ca bo F r io.
COSTA SUL: do Ca bo F r io a o Ar r oio Ch u í.
Na F igu r a 2.31 (t ít u lo da Ca r t a Ná u t ica Nº 100), a á r ea geogr á fica ger a l é o BRASIL e o
t r ech o da cost a r epr esen t a do n a ca r t a sit u a -se n a COSTA NORTE .
2. Refer ên cia geogr á fica específica , qu e con sist e n a descr içã o da á r ea r epr esen t a da n a
Ca r t a , do n or t e pa r a o su l. Na figu r a 2.31: DO CABO ORANGE À ILH A DE MARACÁ.
3. In for m a ções sobr e a da t a dos Leva n t a m en t os H idr ogr á ficos qu e der a m or igem à Ca r t a .
E st e é u m pr im eir o da do sobr e a con fia bilida de e a a t u a liza çã o da Ca r t a . Da dos m a is
com plet os con st a m dos Dia gr a m a s de Leva n t a m en t os ou Dia gr a m a s de Con fia bilida de,
qu e ser ã o a dia n t e explica dos.
E m t odo ca so, n ã o se deve esqu ecer qu e Ca r t a s Ná u t ica s or iu n da s de leva n t a m en t os
m a is a n t igos t en dem a ser m en os pr ecisa s, em vir t u de da m en or pr ecisã o dos in st r u -
m en t os e m ét odos de posicion a m en t o, de m edida da s pr ofu n dida des e de pesqu isa s de
per igos dispon íveis n a época .
Adem a is, pr in cipa lm en t e em se t r a t a n do de por t os, ba ía s, ba r r a s e est u á r ios de r ios,
deve-se con sider a r qu e Ca r t a s m a is a n t iga s podem est a r desa t u a liza da s, devido a m odi-
fica ções n o r elevo su bm a r in o, por ca u sa s n a t u r a is (a ssor ea m en t o, er osã o, et c.) ou pr o-
voca da s pelo h om em (dr a ga gen s, a t er r os, et c.).
4. Un ida de de m edida da s pr ofu n dida des, com m en çã o gen ér ica a o “da t u m ver t ica l” u sa do
n a Ca r t a .
Na s n ossa s Ca r t a s Ná u t ica s a s pr ofu n dida des (son da gen s) sã o r epr esen t a da s em m et r os,
t en do com o “da t u m ver t ica l” o n ível m édio da s ba ixa -m a r es de sizígia , pla n o de r efer ên cia
qu e ser á explica do com det a lh e n o Ca pít u lo 10, qu e est u da a s m a r és.
5. Un ida de de m edida da s a lt it u des e pla n o de r efer ên cia u sa do com o or igem .
As a lt it u des, n a s n ossa s Ca r t a s Ná u t ica s, sã o m edida s em m et r os, t en do com o or igem o
Nível Médio do m a r .
6. Refer ên cia pa r a Sím bolos e Abr evia t u r a s u t iliza dos n a Ca r t a Ná u t ica .
O t ít u lo da Ca r t a in for m a qu e a Ca r t a Nº 12.000 – INT1 – SÍMBOLOS E ABRE VIATU-
RAS (qu e, n a r ea lida de, é u m a pu blica çã o, con for m e ser á a dia n t e explica do) deve ser
u t iliza da pa r a su a cor r et a in t er pr et r a çã o.
7. E sca la Na t u r a l e pa r a lelo de r efer ên cia .
A E sca la N a t u r a l da Ca r t a N á u t ica é m ost r a da n o t ít u lo, a com pa n h a da do va lor do
pa r a lelo de r efer ên cia , qu e n or m a lm en t e cor r espon de à La t it u de Média do t r ech o a br a n -
gido pela Ca r t a . Com o vist o, a e s c a la n a tu ra l só é r ea lm en t e ver da deir a a o lon go do
p a ra le lo d e re fe rê n c ia , qu e, a ssim , é o ú n ico r epr esen t a do sem defor m a çã o n a Ca r t a .
8. O n om e da pr ojeçã o u sa da (P r ojeçã o de Mer ca t or em qu a se t oda s a s n ossa s Ca r t a s
Ná u t ica s).

44 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Projeções cartográficas; a Carta Náutica

9. O “da t u m h or izon t a l” u sa do n a Ca r t a .
E st a in for m a çã o t or n a -se m u it o im por t a n t e a pós o a dven t o dos sist em a s de n a vega çã o
por sa t élit e, qu e for n ecem posições r efer ida s a o Sist em a Geodésico Mu n dia l (WGS).
Mu it a s vezes, especia lm en t e n a s ca r t a s de gr a n de esca la , pa r a plot a r a s posições-sa t élit e
n a s Ca r t a s Ná u t ica s r efer ida s a u m “da t u m ” r egion a l ou loca l sã o n ecessá r ia s cor r eções,
qu e devem ser in for m a da s em n o ta d e p re c a u ç ã o in ser ida n a Ca r t a .

d. N OTAS D E P RECAU ÇÃO E EXP LAN ATÓRIAS


As Ca r t a s Ná u t ica s podem con t er n o ta s d e p re c a u ç ã o ou e x p la n a tó ria s , de pr e-
fer ên cia coloca da s pr óxim a s a o títu lo , a bor da n do a ssu n t os diver sos, com o á r ea s de n a ve-
ga çã o ou fu n deio pr oibidos, exist ên cia de m a r és ou cor r en t es a n or m a is, a n om a lia s m a gn é-
t ica s, et c.

e. IN F ORMAÇÕES S OB RE MARÉS E CORREN TES


F ig u ra 2.32 - F ig u ra 2.33 -

Ta m bém podem con st a r da s Ca r t a s


Ná u t ica s in for m a ções sobr e m a r és e cor -
r en t es, t a is com o a s m ost r a da s n a s F igu -
r a s 2.31, 2.32 e 2.33. Ta is in for m a ções sã o
im por t a n t es pa r a o pla n eja m en t o e a con -
du çã o da n a vega çã o e ser ã o det a lh a da -
m en t e est u da da s n o Ca pít u lo 10.

f. ROS A D OS VEN TOS OU ROS A D E RU MOS


A Ca r t a Ná u t ica a pr esen t a u m a ou m a is ro s a s v e rd a d e ira s , em lu ga r es pa r t icu -
la r m en t e selecion a dos pa r a o seu u so, a fim de per m it ir a obt en çã o ou o t r a ça do de r u m os
e m a r ca ções ver da deir os. Além disso, n o in t er ior da s ro s a s d e ru m o s v e rd a d e i ro s
a pa r ecer á sem pr e o va lor da declin a çã o m a gn ét ica , ju n t o com o a n o e su a va r ia çã o a n u a l,
sen do r epr esen t a da , t a m bém , a ro s a d e ru m o s m a g n é tic o s (F igu r a 2.34).

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 45


Projeções cartográficas; a Carta Náutica

F ig u ra 2.34 - Ro s a Ve rd a d e ira e Ro s a Ma g n é tic a

g AU XÍLIOS À N AVEGAÇÃO
Os fa r óis, fa r olet es, r a diofa r óis, lu zes de a lin h a m en t o, lu zes pa r t icu la r es n ot á veis,
ba liza s, bóia s cega s e lu m in osa s, equ ipa m en t os RACON e dem a is a u xílios à n a vega çã o sã o
r epr esen t a dos n a Ca r t a Ná u t ica , com sim bologia pr ópr ia , r egist r a da n a Ca r t a Nº 12.000 –
INT1 – SÍMBOLOS E ABRE VIATURAS. Os det a lh es dos fa r óis ser ã o om it idos n a segu in t e
or dem , à m edida qu e a esca la da ca r t a dim in u i:

• in for m a çã o sobr e a gu a r n içã o


• a lt it u de do foco
• p er íod o
• n ú m er o de gr u pos
• a lca n ce

h . D EMAIS ELEMEN TOS REP RES EN TAD OS N A P ARTE TERRES TRE


D A CARTA N ÁU TICA
A p a rte te rre s tre de u m a Ca r t a Ná u t ica r epr esen t a o con t or n o da lin h a de cost a
(a lin h a de con t or n o cor r espon de à pr ea m a r ), ilh a s, cu r va s de n ível, a lt it u des, pon t os
n ot á veis à n a vega çã o (a ciden t es n a t u r a is e a r t ificia is), t opon ím ia , in st a la ções por t u á r ia s
(ca is, pier s, t r a pich es, en r oca m en t os, doca s, m olh es, et c.) e ou t r a s in for m a ções de in t er esse
da n a vega çã o. É im por t a n t e n ot a r qu e u m a Ca rta N á u tic a n ã o é u m a Ca rta To p o g rá fic a ,
cu ja fin a lida de é r epr esen t a r , com o m á xim o r igor de det a lh es, u m a á r ea t er r est r e. Dest a
for m a , só devem ser r epr esen t a dos n a pa r t e t er r est r e da Ca r t a Ná u t ica os det a lh es qu e
r ea lm en t e in t er essa m a os n a vega n t es, com o cu ida do de qu e o excesso de in for m a ções
t opogr á fica s n ã o ocu lt e ou dificu lt e a visu a liza çã o do qu e in t er essa de fa t o à n a vega çã o.

46 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Projeções cartográficas; a Carta Náutica

i. P RIN CIP AIS ELEMEN TOS REP RES EN TAD OS N A P ARTE


MARÍTIMA (AQU ÁTICA) D E U MA CARTA N ÁU TICA
A p a rte m a rítim a (flu via l ou la cu st r e) de u m a Ca rta N á u tic a é, obvia m en t e, a
m a is im por t a n t e da ca r t a , in dica n do:

• pr ofu n dida des (r edu zida s a o Nível de Redu çã o);


• lin h a s isoba t im ét r ica s (ou isobá t ica s);
• per igos à n a vega çã o (ba n cos, r ecifes, pedr a s su bm er sa s, ca scos soçobr a dos, obst r u ções
ou qu a lqu er ou t r o obst á cu lo à n a vega çã o);
• est ir â n cio (á r ea qu e cobr e e descobr e com o m ovim en t o da s m a r és);
• n a t u r eza do fu n do (qu a lida de do fu n do);
• ba liza m en t o (bóia s, ba liza s, lu zes de a lin h a m en t o, sin a is de cer r a çã o ou especia is, et c.);
• ba r ca -fa r ol ou bóia s “la n by” (“LARGE AUTOMATIC NAVIGATIONAL BUOYS”);
• fu n dea dou r os e á r ea s de fu n deio;
• bóia s de a m a r r a çã o;
• der r ot a s a con selh a da s e esqu em a s de sepa r a çã o de t r á fego;
• á r ea s de a r r eben t a ções;
• r edem oin h os, r ebojos, á gu a s descor a da s, zon a s su speit a s ou de fu n do su jo;
• lim it es de gelo;
• a n om a lia s m a gn ét ica s (declin a çã o a n or m a l) e cu r va s isogôn ica s;
• pla t a for m a s de explor a çã o/explot a çã o de pet r óleo;
• in dica ções de cor r en t es;
• vã o livr e de pon t es ou ca bos a ér eos;
• ca bos, du t os e ca n a liza ções su bm a r in a s;
• á r ea s de exer cícios;
• eclu sa s;
• m ilh a m edida e dem a is in for m a ções essen cia is à segu r a n ça da n a vega çã o.

j. OU TROS ELEMEN TOS REP RES EN TAD OS N AS CARTAS


N ÁU TICAS
F ig u ra 2.35 - Vis ta p a n o râ m ic a d a c o s ta
VISTA PANORÂMICA DA COSTA DA GUIANA FRANCESA

Mont D’Argent Faux Mont D’Argent


Ponto de Vista Lat. 04° 32’ 12” N
Long. 051° 37’ 18” W

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 47


Projeções cartográficas; a Carta Náutica

Ou t r os elem en t os de in t er esse a o n a vega n t e, t a is com o vist a s pa n or â m ica s da cost a


(F igu r a 2.35), esca la loga r ít m ica de velocida de (F igu r a 2.31) e esca la de con ver sã o de u n i-
da des de pr ofu n dida de (F igu r a 2.36), t a m bém podem ser in ser idos n a Ca r t a Ná u t ica .

F ig u ra 2.36 - Ta be la d e c o n v e rs ã o d e u n id a d e s

Na s ca r t a s com esca la m en or qu e 1:750.000 e n a s ca r t a s on de a a pr esen t a çã o de


in for m a ções m a gn ét ica s den t r o da s r osa s se m ost r a r im pr a t icá vel, devido à r á pida su cessã o
de lin h a s isogôn ica s ou à ir r egu la r ida de da su a con figu r a çã o, a s in for m a ções m a gn ét ica s
sã o r epr esen t a da s por lin h a s de igu a l declin a çã o m a gn ét ica (cu r va s isogôn ica s), a in t er va los
de 1º, 2º ou 3º. E st a s lin h a s sã o r ot u la da s com o va lor da declin a çã o e su a va r ia çã o a n u a l.

l. D IAGRAMAS D E LEVAN TAMEN TOS E D IAGRAMAS D E


CON F IAB ILID AD E

I – D IAGRAMAS D E LEVAN TAMEN TOS

F ig u ra 2.37 - D ia g ra m a d e Le v a n ta m e n to s (s im p lific a d o )
Toda s a s Ca r t a s Ná u t ica s com es-
ca la de 1:500.000 e m a ior es devem con t er
u m Dia gr a m a de Leva n t a m en t os, qu e in -
diqu e a os n a vega n t es os lim it es, a s da t a s,
a s esca la s e ou t r a s in for m a ções sobr e os
leva n t a m en t os qu e der a m or igem à ca r -
t a . Os Dia gr a m a s de Leva n t a m en t os de-
v e r ã o con s t a r d a s n ov a s C a r t a s
pu blica da s, sen do a cr escen t a dos à s Ca r -
t a s exist en t es logo qu e su r gir opor t u n i-
da de.
E xem plos de Dia gr a m a de Leva n -
t a m en t os, sim plifica do ou m a is com ple-
t o, podem ser visu a liza dos n a s F igu r a s
2.37 e 2.38.
Os Dia gr a m a s de Leva n t a m en t os
devem ser u t iliza dos n a fa se de p la n e ja -
m e n t o d a d e rro t a , especia lm en t e pa r a
pla n eja r pa ssa gen s a t r a vés de á gu a s des-
con h ecida s pelo n a vega n t e. Su a fin a lida -
de é or ien t a r os n a vega n t es e os qu e pla -
n eja m “oper a ções de n a vega çã o” (in clu si-
ve o pla n eja m en t o de n ova s r ot a s e m edi-
da s oficia is pa r a est a belecim en t o de r o-
t a s), qu a n t o a o gr a u de con fia n ça qu e de-
va m deposit a r n a a dequ a çã o e pr ecisã o
das p r ofu n d i d a d e s e p os i çõe s
ca r t ogr a fa da s.

48 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Projeções cartográficas; a Carta Náutica

F ig u ra 2.38 - D ia g ra m a d e Le v a n ta m e n to s (c o m p le to )

II – D IAGRAMAS D E CON F IAB ILID AD E


Sã o r eser va dos pa r a ca sos especia is, qu a n do a s r ot a s de n a vega çã o pa ssa m a t r a vés
de á r ea s in a dequ a da m en t e pesqu isa da s e per igosa s. Os Dia gr a m a s de Con fia bilida de
for n ecem in for m a ções m u it o det a lh a da s, qu e pr opor cion a m u m a a va lia çã o da exa t idã o dos
leva n t a m en t os, bem com o in dica ções sobr e a s á r ea s pr efer íveis pa r a a n a vega çã o (figu r a
2.39).

F ig u ra 2.39 - D ia g ra m a d e Co n fia bilid a d e

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 49


Projeções cartográficas; a Carta Náutica

m S ÍMB OLOS E AB REVIATU RAS


Con for m e vist o, pa r a cor r et a in t er pr et a çã o e u t iliza çã o de u m a Ca r t a N á u t ica é
n ecessá r io dispor da Ca r t a Nº 12.000 – INT1 – SÍMBOLOS E ABRE VIATURAS e con su lt á -
la fr eqü en t em en t e. Algu m a s seções da r efer ida Ca r t a sã o a pr esen t a da s em a n exo a est e
Ca pít u lo.

2 .7 RES OLU ÇÃO GRÁF ICA D E


P ROB LEMAS – TIP O:
N OTAS IMP ORTAN TES
1. Só se t r a ça m n a Ca r t a RU MOS e MARCAÇÕES VERD AD EIROS .
2. Tr a ba lh a -se n a Ca r t a a pen a s com lá pis, n u n ca com ca n et a .
a D AD AS AS COOR D E N AD AS D E U M P ON TO, P LOTÁ-LO N A CAR TA
E XE MP LO: P lot a r n a Ca r t a de In st r u çã o (Min ia t u r a da Ca r t a Nº 52 – Ar qu ipéla go de
F er n a n do de Nor on h a ) o pon t o A, cu ja s coor den a da s sã o:
La t . 03º 51.0' S; Lon g. 032º 30.6’W

S E QÜ Ê N CIA D E OP E R AÇÕE S :

1. Ma r ca m -se os va lor es da la t it u de e lon git u de n a s esca la s r espect iva s (cu ja m en or divisã o,


n est e ca so, é de 1 décim o de m in u t o).
2. C om a R É G U A D E P AR AL E L AS (ou o “P AR AL L E L P L O T T E R ”) t r a ça -s e o
P AR ALELO cor r espon den t e à LATITU D E D O P ON TO.
3. Sobr e est e P ARALELO, com o a u xílio do COMP AS S O D E N AVEGAÇÃO, m a r ca -se
a LON GITU D E D O P ON TO, a pa r t ir de u m dos MERID IAN OS do RETICU LAD O
da ca r t a .
OBS.: P oder -se-ia , t a m bém , t r a ça r pr im eir o o MERID IAN O cor r espon den t e à LON -
GITU D E do P ON TO e depois m a r ca r sobr e ele, com u m com pa sso, a LATITU D E D O
P ON TO, a pa r t ir de u m dos P ARALELOS do RETICU LAD O da ca r t a . Além disso, poder -
se-ia , a in da , plot a r o pon t o A a pen a s com a r égu a de pa r a lela s, t r a ça n do, com ela , seu
pa r a lelo e seu m er idia n o. O pon t o A, en t ã o, est a r ia n a in t er seçã o da s lin h a s t r a ça da s.

P ER GU N TAS S OB R E O P ON TO A:

1. Qu a l a pr ofu n dida de do pon t o A?


RE SP OSTA: 844 m et r os (lida n a Ca r t a )
2. Qu a l a La t it u de Média (La t m d) do t r ech o a br a n gido pela Ca r t a Ná u t ica Nº 52?
RE SP OSTA:
La t 1 = 3° 47.5’ S
La t 2 = 3° 54.5’ S
Σ = 7° 42.0’ La t m d = Σ/2 = 3° 51.0' S

50 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Projeções cartográficas; a Carta Náutica

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 51


Projeções cartográficas; a Carta Náutica

3. Qu a l a E sca la Na t u r a l da Ca r t a Nº 52?
RE SP OSTA: 1:30.000 n a La t . 3º 51.0' S (lida n o títu lo da Ca r t a ).
b. D AD O U M P ON TO N A CARTA, D ETERMIN AR AS S U AS COORD EN AD AS

EXEMP LO: Det er m in a r , n a Ca r t a Nº 52 r edu zida , a s c o o rd e n a d a s g e o g rá fic a s (La t i-


t u de e Lon git u de) do F a r ol Ilh a Ra t a – Lp B 15s 63m 16M (SG).

S E QÜ Ê N CIA D E OP E R AÇÕE S :
1. Com o a u xílio da RÉGU A D E P ARALELAS (ou do “P ARALLE L P LOTTE R”), m a r ca -
se, sobr e o pa r a lelo do pon t o em qu est ã o, o pon t o em qu e est e in t er cept a o MERID IAN O
m a is pr óxim o t r a ça do n o RETICU LAD O da ca r t a .
2. E n t ã o, com o a u x í l i o d o C O M P A S S O D E N A V E G A Ç Ã O , d e t e r m i n a m -s e a s
coor den a da s do pon t o, n a s ES CALAS de LATITU D E e LON GITU D E da ca r t a .
OBS.: O pr oblem a t a m bém pode ser r esolvido a pen a s com u m COMP AS S O D E
N AVE GAÇÃO, t a n gen cia n do-se, a pa r t ir do pon t o em qu est ã o, o ME R ID IAN O e o
P ARALELO m a is pr óxim os t r a ça dos n o RETICU LAD O da ca r t a , u sa n do-se a s dist â n cia s
obt ida s n o com pa sso pa r a det er m in a r a s coor den a da s do pon t o, n a s esca la s de la t it u de e
lon git u de.

COOR D E N AD AS D O F AR OL ILH A R ATA:


La t . 03º 48.75' S; Lon g. 032º 23.2' W

P E R GU N TAS COR R E LATAS :


1. Qu a l a c o r d a lu z em it ida pelo F a r ol Ilh a Ra t a ?
RE SP OSTA: Br a n ca (B) – ver Ca r t a Nº 12.000 – INT1 – SÍMBOLOS E ABRE VIATURAS
(seçã o IP ).
2. Qu a l o ritm o da lu z em it ida pelo F a r ol Ilh a Ra t a ?
RE SP OSTA: Lu z de La m pejos (Lp.) – ver Ca r t a N º 12.000 – IN T1 – SÍMBOLOS E
ABRE VIATURAS (seçã o IP ).
3. Qu a l a a ltitu d e d o fo c o e o a lc a n c e do F a r ol Ilh a Ra t a ?
RE SP OSTA:
Alt it u de do foco: 63m
Alca n ce: 16 Milh a s Ná u t ica s
c. TRAÇAR U M RU MO A P ARTIR D E U M P ON TO P LOTAD O N A CARTA

EXEMP LO: A pa r t ir do pon t o de coor den a da s La t . 03º 50.0' S, Lon g. 032º 28.0' W, t r a ça r o
Ru m o Ver da deir o R = 150º.

S E QÜ Ê N CIA D E OP E R AÇÕE S
1. Com o vist o, só se t r a ça m n a ca r t a RU MOS VERD AD EIROS . E n t ã o, t r a n spor t a -se
p a r a o p on t o d e or igem , a p a r t ir d a R OS A D E R U MOS VE R D AD E IR OS m a is
pr óxim a , com o a u xílio da r égu a de pa r a lela s (ou do “P ARALLE L P LOTTE R”), a dir eçã o
150º e t r a ça -se o r u m o.

52 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Projeções cartográficas; a Carta Náutica

2. P RECAU ÇÃO: Cu ida do pa r a n ã o t r a ça r a r ecípr oca (n est e ca so, 330º).


3. Sobr e a lin h a t r a ça da , r ot u la -se: R 150

P ERGU N TAS CORRELATAS :


1. Qu a l o va lor da D e c lin a ç ã o Ma g n é tic a (Dec m g) e de su a v a ria ç ã o a n u a l n a á r ea de
F er n a n do de Nor on h a ?
RE SP OSTA:
Dec m g = 21º 25' W (em 1990).
Va r ia çã o a n u a l = 1' E .
2. E st e va lor da Dec m g sign ifica qu e o Nor t e Ma gn ét ico est á a lest e ou a oest e do Nor t e
Ver d a d eir o?
RE SP OSTA: O Nor t e Ma gn ét ico est á a Oest e (W) do Nor t e Ver da deir o.
3. Qu a l o va lor do Ru m o Ma gn ét ico (Rm g) cor r espon den t e a o Ru m o Ver da deir o R = 150º?
RE SP OSTA: Rm g = 171.5º (lido n a Rosa de Ru m os Ma gn ét ico ou obt ido pela som a de R
com D e c m g ).

d. D AD O S D O I S P O N T O S , D E T E R MI N AR O R U MO VE R D AD E I R O E N T R E
E LE S

EXEMP LO: Det er m in a r o Ru m o Ve rd a d e iro en t r e os pon t os de coor den a da s:


A: La t . 03º 51.0' S; Lon g. 032º 30.6' W
B: La t . 03º 50.0' S; Lon g. 032º 28.0' W

S E QÜ Ê N CIA D E OP E R AÇÕE S :
1. In icia lm en t e, plot a m -se os dois pon t os n a ca r t a , con for m e já explica do.
2. E m segu ida , u n em -se os dois pon t os com a r égu a de pa r a lela s (ou o “P ARALLE L P LOT-
TE R”), com o qu e fica det er m in a da a d ire ç ã o a ser segu ida en t r e os dois pon t os.
3. Moven do a dequ a da m en t e a r égu a de pa r a lela s a o lon go da ca r t a , t r a n spor t a -se a dir eçã o
det er m in a da pa r a o cen t r o da Rosa de Ru m os Ver da deir os m a is pr óxim a .
4. Lê-se, en t ã o, n a gr a du a çã o da Rosa , n o sen t ido cor r et o, o va lor do Ru m o Ver da deir o.
5. F in a lm en t e, r ot u la -se o va lor do Ru m o sobr e a lin h a t r a ça da en t r e os dois pon t os,
pr ecedido pela a br evia t u r a R; n o ca so em qu est ã o: R068 (Ru m o Ver da deir o = 068º).

P E R GU N TAS :
1. Qu a l ser ia o Ru m o Ver da deir o pa r a n a vega r do pon t o B pa r a o pon t o A?
RE SP OSTA: R = 248º
2. Qu a l a Difer en ça de La t it u de e Difer en ça de Lon git u de en t r e os pon t os A e B ?
RE SP OSTA:
Difer en ça de La t it u de: 1.0' N Difer en ça de Lon git u de: 2.6' E

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 53


Projeções cartográficas; a Carta Náutica

3. Qu a l a N ot a de P r eca u çã o in ser ida n a Ca r t a N º 52 sobr e a s c o rre n t e s n a á r ea do


Ar qu ipéla go de F er n a n do de Nor on h a ?
RE SP OSTA: A cor r en t e t em a dir eçã o W e va r ia de in t en sida de en t r e 0.7 e 1 n ó. Os
n a vega n t es com dest in o a os fu n dea dou r os qu e se a pr oxim em ou con t or n em o a r qu ipéla go
por E dever ã o da r o n ecessá r io r esgu a r do.

e . D AD OS D OIS P ON TOS , D E TE R MIN AR A D IS TÂN CIA E N TR E E LE S

EXEMP LO: Det er m in a r a dist â n cia en t r e os pon t os A e B do exem plo a n t er ior .

S E QÜ Ê N CIA D E OP E R AÇÕE S :
1. Após plot a r os pon t os n a ca r t a (se for o ca so), deve- se u n í-los por u m a lin h a r et a , com o
a u xílio da r égu a de pa r a lela s.
2. E m segu ida , ver ifica -se a possibilida de de a lca n çá -los com u m a ú n ica a ber t u r a do com -
pa sso de n a vega çã o. Nest e ca so, a ju st a -se est a a ber t u r a n o com pa sso e fa z-se a m edida
da d is tâ n c ia n a e s c a la d e la titu d e s (n u n ca n a esca la de lon git u des), em t or n o da
la t it u de m édia en t r e os dois pon t os (ou seja , n a a lt u r a a pr oxim a da dos pa r a lelos dos
dois pon t os).
3. Ca so n ã o seja possível m edir a dist â n cia en t r e os dois pon t os com u m a só a ber t u r a do
com pa sso, m ede-se por som a t ór io de vá r ia s a ber t u r a s, t en do-se o cu ida do de u sa r sem pr e
a e s c a la d e la titu d e s n a a lt u r a da la titu d e m é d ia de ca da segm en t o (F igu r a 2.40).

F ig u ra 2.40 - Me d iç ã o d e d is tâ n c ia e m u m a Ca rta d e Me rc a to r

4. Após obt er o va lor da dist â n cia , r egist r a -se o m esm o sob a lin h a qu e u n e os dois pon t os,
pr ecedido da a br evia t u r a d. Nest e ca so, d = 2,8 M.

P E R GU N TAS :
1. Qu a l o sign ifica do do sím bolo con st it u ído por u m fer r o t ipo a lm ir a n t a do, r epr esen t a do
n a Ba ía de Sa n t o An t ôn io?

54 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Projeções cartográficas; a Carta Náutica

RE SP OSTA: F u n dea dou r o r ecom en da do – ver Ca r t a Nº 12.000– INT1, seçã o IN.


2. Qu a l a dist â n cia en t r e o F a r ol F er n a n do de Nor on h a (La t . 03º 52.48' S, Lon g. 032º 27.70'
W) e o F a r ol Ilh a Ra t a ?
RE SP OSTA: d = 5,85 M.
3. Qu a l a a lt u r a do n ível m édio do m a r (MSL: “m ea n sea level”) sobr e o n ível de r edu çã o
da s son da gen s (NR) n a á r ea da Ca r t a Nº 52?
RE SP OSTA: 143 cm (obt ida do qu a dr o de INF ORMAÇÕE S SOBRE A MARÉ , in ser ido
n a Ca r t a Nº 52).

f. OB TER O RU MO P ARA, A P ARTIR D E U M P ON TO D AD O, P AS S AR A U MA


D E TE R MIN AD A D IS TÂN CIA D E OU TR O P ON TO
EXEMP LO: Obt er o Ru m o Ver da deir o (R) pa r a , a pa r t ir do pon t o de coor den a da s La t .
03º 50.0' S, Lon g. 032º 26,0' W, pa ssa r a 1,0 M da P on t a da Sa pa t a , n a ext r em ida de SW da
Ilh a de F er n a n do de Nor on h a .

S E QÜ Ê N CIA D E OP E R AÇÕE S :
1. P lot a -se n a Ca r t a o pon t o de or igem , con for m e já explica do.
2. Tom a -se a dist â n cia da da , com u m com pa sso, n a e s c a la d e la titu d e s , n a a lt u r a do
pa r a lelo do pon t o do qu a l se deseja pa ssa r dist a n t e.
3. Tr a ça -se, com r a io igu a l à dist â n cia da da , u m a cir cu n fer ên cia (ou t r ech o dela ) em t or n o
do pon t o do qu a l se deseja pa ssa r dist a n t e.
4. E m segu ida , t r a ça -se do pon t o de or igem u m a t a n gen t e à cir cu n fer ên cia a cim a cit a da .
5. E n t ã o, com o a u xílio de u m a r égu a de pa r a lela s, t r a n spor t a -se a dir eçã o da t a n gen t e
t r a ça da pa r a o cen t r o da Rosa de Ru m os Ver da deir os m a is pr óxim a e lê-se o va lor do
Ru m o, n a Gr a du a çã o da Rosa .
6. F in a lm en t e, r ot u la -se o va lor do Ru m o, sobr e a lin h a t r a ça da , pr ecedido da a br evia t u r a
R.
No ca so em qu est ã o, o RU MO VERD AD EIRO pa r a , pa r t in do do pon t o da do, pa ssa r a
1,0 Milh a da P on t a da Sa pa t a é R = 242º.

2 .8 CON F IAN ÇA E P RECIS ÃO D A CARTA


N ÁU TICA
As Ca r t a s Ná u t ica s br a sileir a s edit a da s pela DH N sã o u m dos m ot ivos de or gu lh o
d a M a r in h a , p e la p r e cis ã o d a t e cn ologia e m p r e ga d a , r e con h e cid a p e los s e r viços
h idr ogr á ficos de t odo o m u n do e pela Or ga n iza çã o H idr ogr á fica In t er n a cion a l. Mesm o a ssim ,
o n a vega n t e deve evit a r con fia r cega m en t e n a ca r t a e ser ca pa z de a va lia r a con fia n ça qu e
ela pode in spir a r .
O va lor de u m a ca r t a depen de, pr in cipa lm en t e, da pr ecisã o do leva n t a m en t o em
qu e é ba sea da , sen do esse fa t o t a n t o m a is sen sível qu a n t o m a ior for a esca la da Ca r t a . A
da t a do leva n t a m en t o, qu e é sem pr e en con t r a da n o t ít u lo da ca r t a , é u m bom gu ia pa r a se

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 55


Projeções cartográficas; a Carta Náutica

est im a r essa pr ecisã o. Os pr im it ivos leva n t a m en t os er a m feit os, n a m a ior ia da s vezes, em


cir cu n st â n cia s qu e im pedia m gr a n de pr ecisã o de det a lh es, pelo qu e a s ca r t a s n eles ba sea da s
devem ser u t iliza da s com pr eca u çã o, a t é qu e a exper iên cia ven h a dem on st r a r su a pr ecisã o.
Na s Ca r t a s m a is n ova s, os Dia gr a m a s de Leva n t a m en t os ou Dia gr a m a s de Con fia bilida de
t a m bém for n ecem im por t a n t es in for m a ções sobr e a pr ecisã o e con fia n ça da Ca r t a . E m
cer t a s zon a s, on de a qu a lida de pr edom in a n t e do fu n do é a r eia ou la m a , podem , com o
pa ssa r dos a n os, ocor r er sen síveis a lt er a ções. É m esm o possível a fir m a r qu e, excet o n os
por t os m u it o fr eqü en t a dos e em su a s pr oxim ida des, em n en h u m leva n t a m en t o a t é a gor a
execu t a do o exa m e do fu n do foi m u it o m in u cioso pa r a se poder fica r cer t o de qu e t odos os
per igos for a m en con t r a dos e delim it a dos. Ou t r a m a n eir a de se a va lia r a qu a lida de de u m a
Ca r t a é o exa m e da qu a n t ida de e da dist r ibu içã o da s son da gen s n ela m ost r a da s. Qu a n do
a s s on d a gen s s ã o es p a r s a s e ir r egu la r m en t e d is t r ibu íd a s , p od e-s e con s id er a r qu e o
leva n t a m en t o n ã o foi feit o com gr a n de det a lh e.
Deve-se t er sem pr e em m en t e qu e o pr in cipa l m ét odo pa r a con h ecer o r elevo do
fu n do do m a r é o la bor ioso pr ocesso de son da gem , n o qu a l u m a em ba r ca çã o ou n a vio qu e
son da u m a det er m in a da á r ea con ser va -se sobr e det er m in a da s lin h a s e, ca da vez qu e la n ça
o pr u m o ou fa z u m a son da gem son or a , com ecoba t ím et r o, obt ém a pr ofu n dida de sobr e u m a
á r ea dim in u t a , qu e r epr esen t a o r elevo su bm a r in o de u m a fa ixa de pou ca la r gu r a . P or
con segu in t e, a s lin h a s de son da gem devem sem pr e ser con sider a da s com o r epr esen t a n do
o r elevo su bm a r in o a pen a s n a s su a s pr oxim ida des im edia t a s.
P or vezes, n ã o h a ven do in dícios da exist ên cia de u m a lt o- fu n do, su a loca liza çã o
pode esca pa r qu a n do se son da m du a s lin h a s qu e o la deia m , sen do essa possibilida de t a n t o
m a ior qu a n t o m en or for a esca la da ca r t a . As ca r t a s Cost eir a s, por con segu in t e, n ã o podem
ser con sider a da s com o in fa líveis, n ã o se deven do, em u m a cost a r och osa , n a vega r por den t r o
da lin h a de 20 m et r os de pr ofu n dida de, sem se t om a r t oda pr eca u çã o pa r a evit a r u m possível
per igo. Mesm o em ca r t a de gr a n de esca la , os n a vios devem evit a r pa ssa r sobr e fu n dos
ir r egu la r es r epr esen t a dos n a s ca r t a s, por qu e a lgu m a s pedr a s isola da s sã o t ã o esca r pa da s,
qu e, n a son da gem , pode n ã o t er sido en con t r a da a su a pa r t e m a is r a sa .
E spa ços em br a n co en t r e a s pr ofu n dida des podem sign ifica r qu e n esses t r ech os n ã o
se fizer a m son da gen s. Qu a n do h á ba st a n t e fu n do em t or n o de t a is t r ech os, podem eles ser
con sider a dos com o de pr ofu n dida de gr a n de e u n ifor m e. P or ém , qu a n do a s son da gen s
in dica m pou ca á gu a e o r est o da ca r t a m ost r a a exist ên cia de pedr a s e a lt os-fu n dos, esses
espa ços em br a n co devem ser con sider a dos com o su speit os.

2 .9 ATU ALIZAÇÃO D AS CARTAS


As Ca rta s , a s s im c o m o a s d e m a is p u blic a ç õ e s d e a u x ílio à n a v e g a ç ã o , s ó
p o d e m in s p ira r c o n fia n ç a qu a n d o s ã o m a n tid a s a tu a liza d a s

a. CORREÇÃO D E CARTAS A B ORD O


Ao u sa r u m a ca r t a r ecém - a dqu ir ida , o n a vega n t e deve ver ifica r se n ã o h á n en h u m
Aviso P er m a n en t e qu e a t en h a a lt er a do, a pós o ú lt im o Aviso n ela r egist r a do, e deve a n ot a r
t odos os Avisos-Rá dio, Tem por á r ios e P r elim in a r es qu e a a fet a m e con t in u a m em vigor , de
a cor do com o ú lt im o F olh et o Qu in zen a l de Avisos a os Na vega n t es.

56 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Projeções cartográficas; a Carta Náutica

Toda s a s a lt er a ções qu e a fet a m a segu r a n ça da n a vega çã o e qu e podem ser in t r odu -


zida s n a ca r t a à m ã o ou por cola gem de t r ech o, sã o divu lga da s por Avisos a os Na vega n t es.
Nest a s cor r eções é im por t a n t e obser va r os segu in t es cr it ér ios: devem ser u sa da s a s con -
ven ções da ca r t a Nº 12.000 – INT1 da DH N – Sím bolos e Abr evia t u r a s Usa dos n a s Ca r t a s
Ná u t ica s Br a sileir a s; os a cr éscim os devem ser feit os de m a n eir a a n ã o pr eju dica r qu a lqu er
in for m a çã o já exist en t e; a s in for m a ções ca n cela da s ou cor r igida s em ca r á t er per m a n en t e
devem ser r isca da s a t in t a violet a , n u n ca r a su r a da s; e a s n ot a s de pr eca u çã o, pr oibiçã o,
m a r és, cor r en t es, et c., devem ser coloca da s em loca l con ven ien t e, de pr efer ên cia pr óxim o
d o t ít u lo, qu a n d o o Avis o a os N a vega n t es n ã o es p ecifica r a p os içã o on d e d evem s er
in ser ida s.

As a lt er a ções d ecor r en t es d e Avis o-Rá d io, ger a lm en t e r efer en t es a d er r elit os


per igosos à n a vega çã o, ext in çã o t em por á r ia de lu zes, r et ir a da t em por á r ia de a u xílios à
n a vega çã o e ou t r a s in for m a ções de ca r á t er u r gen t e, devem ser in ser ida s a lá pis n a ca r t a
a fet a da e a pa ga da s logo qu e n ovo a viso a s ca n cela r ou n a da t a qu e for det er m in a da pelo
Aviso qu e a s divu lgou . E st a s a lt er a ções, en qu a n t o em vigor , sã o r epet ida s n o F olh et o
Qu in zen a l de Avisos a os Na vega n t es.

As a lt er a ções decor r en t es de Aviso Tem por á r io devem ser feit a s a lá pis, a n ot a n do-
se ju n t o a ela s, t a m bém a lá pis, o n ú m er o e o a n o do a viso (E x. E 40 (T)/93). Se o Aviso
en t r a r em vigor com o P er m a n en t e em da t a pr efixa da e sem n ovo Aviso, seu n ú m er o deve
ser a n ot a do a lá pis n o ca n t o esqu er do da m a r gem in fer ior da ca r t a e a m bos – cor r eçã o e
n ú m er o do a viso – devem ser cober t os com t in t a violet a n a da t a de en t r a da em vigor com o
per m a n en t e.

As cor r eções decor r en t es de Aviso P er m a n en t e devem ser feit a s a t in t a violet a , de


m a n eir a cla r a e sem r a su r a s. No ca n t o esqu er do da m a r gem in fer ior da ca r t a devem ser
r egist r a dos com t in t a violet a o a n o, se a in da n ã o est iver escr it o, e o n ú m er o do a viso.

b. ATU ALIZAÇÃO D AS CARTAS P ELA D HN


Além da s cor r eções a bor do, a s Ca r t a s N á u t ica s sã o per iodica m en t e a t u a liza da s
pela DH N, n a s for m a s a ba ixo:

REIMP RES S ÃO – A r eim pr essã o de u m a ca r t a con st it u i u m a n ova im pr essã o da ediçã o


em vigor , sem qu a lqu er a lt er a çã o sign ifica t iva pa r a a n a vega çã o, a n ã o ser a s já pr evia m en t e
divu lga da s por Avisos a os N a vega n t es. A r eim pr essã o pode in clu ir , t a m bém , ou t r a s
pequ en a s a lt er a ções qu e n ã o a fet a m a segu r a n ça da n a vega çã o e qu e, por con segu in t e, n ã o
for a m divu lga da s por Avisos a os Na vega n t es. A r eim pr essã o de u m a ca r t a n ã o ca n cela a
im pr essã o a n t er ior da m esm a ediçã o.

N OVA ED IÇÃO – Um a n ova ediçã o é pu blica da qu a n do u m a ca r t a fica desa t u a liza da ,


ger a lm en t e devido à r ea liza çã o de n ovos leva n t a m en t os, im plica n do em im por t a n t es a lt e-
r a ções n a s in for m a ções essen cia is à n a vega çã o, a lém da s já divu lga da s por Avisos a os Na -
vega n t es. Um a n ova ediçã o ca n cela a ediçã o a n t er ior . A da t a da s edições su bseqü en t es à 1ª
ediçã o é in for m a da n o cen t r o da m a r gem in fer ior da ca r t a , em su bst it u içã o à dest a , per m a -
n ecen do in a lt er a da a da t a de pu blica çã o, n o ca n t o dir eit o da m a r gem .

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 57


Projeções cartográficas; a Carta Náutica

2.10 O P LAN O CAR TOGR ÁF ICO NÁUTICO


BRASILEIRO
A Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN) é o órgão da Marinha do Brasil in -
cu m bido de execu t a r e con t r ola r t odo e qu a lqu er Leva n t a m en t o H idr ogr á fico em á gu a s
in t er ior es ou em á gu a s ju r isdicion a is br a sileir a s, sen do a ediçã o de Ca r t a s Ná u t ica s e a
execu çã o dos leva n t a m en t os pa r a est e fim a t r ibu ições exclu siva s da DH N.
O pr im eir o P la n o Ca r t ogr á fico Ná u t ico Br a sileir o (figu r a 2.41) foi o m a is a n t igo
pla n o ca r t ogr á fico do Br a sil. E la bor a do en t r e 1933 e 1935, cor r espon deu , sem a lt er a ções,
à s n ecessida des da n a vega çã o m a r ít im a a o lon go e a o la r go da cost a br a sileir a .
O pr ojet o con t in h a o esqu em a da s ca r t a s, on de sen t ia -se a im por t â n cia do r ela cion a -
m en t o en t r e o n ú m er o da ca r t a e a esca la , n o r ecobr im en t o da cost a br a sileir a : a s ca r t a s de
n ú m er os 10, 20 e 30 t er ia m a esca la pou co m en or de 1:2.000.000; a s do gr u po de 40 a 90,
esca la pr óxim a a 1:1.000.000 e a s de 100 a 2200, em t or n o de 1:300.000. E st e esqu em a é o
qu e vigor a a t é os dia s de h oje, com a ú n ica difer en ça n a s ca r t a s 10, 20 e 30, qu e est ã o n a
esca la de 1:3.500.000.
In icia n do os t r a ba lh os a in da n a déca da de 1930, a DH N con segu iu , em fever eir o de
1975, com plet a r o seu P la n o Bá sico Ca r t ogr á fico, u m a con t ecim en t o, sem dú vida , de excep-
cion a l im por t â n cia pa r a a Ca r t ogr a fia Ná u t ica Br a sileir a .
As Ca r t a s Ná u t ica s do I P la n o Ca r t ogr á fico obedecia m à segu in t e cla ssifica çã o, em
fu n çã o do t r ech o a br a n gido:
-- Ca rta s g e ra is : a br a n gem u m ext en so t r ech o, t êm esca la m en or qu e 1:3.000.000 e
se dest in a m a o est u do de gr a n des der r ot a s oceâ n ica s;
– Ca rt a s d e g ra n d e s t re c h o s : t êm esca la s com pr een dida s en t r e 1:1.500.000 e
1:3.000.000 e se dest in a m à n a vega çã o for a do a lca n ce de fa r óis e pon t os de t er r a . In clu em -
se n est a cla ssifica çã o a s ca r t a s n º 10, 20 e 30.
– Ca r t a s d e m é d i o s t r e c h o s : t êm es ca la s com p r een d id a s en t r e 1:500.000 e
1:1.500.000 e t a m bém se dest in a m à n a vega çã o for a do a lca n ce de fa r óis e pon t os de t er r a .
In clu em -se n est a cla ssifica çã o a s ca r t a s da sér ie de dezen a s 40 a 90, t oda s com a m esm a
u n ida de; e
– Cartas de pe qu e n os tre ch os: têm escalas entre 1:150.000 e 1:500.000 e se dest i-
n a m à n a vega çã o cost eir a . As ca r t a s da sér ie de cen t en a s 100 a 2200, n a esca la bá sica
1:300.000, t oda s com a m esm a u n ida de, est ã o in clu ída s n est a divisã o.
Além das cartas definidas no I Plano Cartográfico Náutico Brasileiro, a DHN publica,
ta mbém, a s denominda s Cartas P articu lare s , a bra ngendo reduzidos trechos da costa ou
destinadas à representação de portos, baías, enseadas, fundeadouros e suas proximidades.
As Ca rta s P a rtic u la re s sã o con st r u ída s em esca la m a ior qu e 1:150.000 e su bdividi-
da s n os segu in t es gr u pos:

1. Ca rta s d e Ap ro x im a ç ã o : ger a lm en t e com esca la en t r e 1:50.000 e 1:150.000 e dest in a da s


à a t er r a gem de det er m in a dos por t os ou pa ssa gen s por á r ea s cr ít ica s de per igos à n a ve-
ga çã o a fa st a da s da cost a ; e

58 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Projeções cartográficas; a Carta Náutica

F ig u ra 2.41 - Ca rta s d a Co s ta e Ilh a s a o La rg o

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 59


Projeções cartográficas; a Carta Náutica

2. Ca rta s d e P o rto : a br a n gen do a r epr esen t a çã o det a lh a da de por t os, ba ía s, en sea da s e


fu n dea dou r os, em esca la m a ior qu e 1:50.000, de a cor do com a im por t â n cia do por t o,
sen do con sider a da s t a m bém a qu a n t ida de e a n a t u r eza dos per igos da r egiã o (qu a n do a
esca la é igu a l ou m a ior qu e 1:25.000, podem ser den om in a da s de P la n os).
E m lin h a s ger a is, a DH N t em edit a da s a s segu in t es ca r t a s:

a. CARTAS D A COS TA B RAS ILEIRA


1 ca r t a ger a l
3 ca r t a s de gr a n des t r ech os
6 ca r t a s de m édios t r ech os
22 ca r t a s de pequ en os t r ech os
140 ca r t a s pa r t icu la r es

b. CARTAS N ÁU TICAS F LU VIAIS


Ca r t a s dos Rios Solim ões e Am a zon a s, a br a n gen do a ca lh a pr in cipa l e os seu s a cessos
(ba r r a n or t e, ba r r a su l, Rio P a r á e est r eit os), ca r t a s de ou t r os r ios da Ba cia Am a zôn ica ,
ca r t a s do Rio Oia poqu e e do Rio P a r a gu a i.

c. CAR TAS IN TE R N ACION AIS


Cu m pr in do r esolu çã o da Or ga n iza çã oH idr ogr á fica In t er n a cion a l (OH I), n o sen t ido de
qu e os E st a dos – Mem br os qu e possu íssem m a ior es con dições t écn ica s ser ia m r espon sá -
veis pela con fecçã o de Ca r t a s In t er n a cion a is n a su a r egiã o, cou be à DH N a pr epa r a çã o
de 6 Ca r t a s In t er n a cion a is do At lâ n t ico Su l, sen do qu a t r o n a esca la de 1:3.500.000 e
du a s n a esca la de 1:10.000.000, t oda s já pu blica da s.

d. CAR TAS D A AN TÁR TICA


Com a pa r t icipa çã o do Br a sil com o Mem br o Con su lt ivo do Tr a t a do An t á r t ico e possu in do
est a çã o de pesqu isa n a r egiã o, fez-se n ecessá r io u m pla n eja m en t o de ca r t a s n a á r ea ,
qu e ser ã o con feccion a da s em fu n çã o da s n ecessida des. At é a pr esen t e da t a t r ês ca r t a s
já for a m con st r u ída s.
e CAR TAS N ÁU TICAS D E ÁR E AS E S TR AN GE IR AS
As a t ivida des ca r t ogr á fica s da Dir et or ia de H idr ogr a fia e Na vega çã o n ã o se t êm lim it a do
à s Ca r t a s Ná u t ica s da cost a br a sileir a . O desen volvim en t o da n a vega çã o m er ca n t e n a -
cion a l veio exigir a con st r u çã o de ca r t a s a br a n gen do á gu a s est r a n geir a s. Assim sen do,
a DH N já con st r u iu e pu blicou ca r t a s do Rio da P r a t a e da cost a da s Gu ia n a s.
A pu blica çã o de t a is ca r t a s n ã o t em obedecido a qu a lqu er pla n o específico, depen den do
t ã o som en t e da s n ecessida des do t r á fego m a r ít im o br a sileir o, em su a s r ot a s in t er n a cio-
n a is. P or ou t r o la do, ela s n ã o pr ocedem t ot a lm en t e de Leva n t a m en t os H idr ogr á ficos
br a sileir os; a su a con st r u çã o t em por ba se a com pila çã o de ca r t a s est r a n geir a s, pr in ci-
pa lm en t e ca r t a s a m er ica n a s, br it â n ica s, fr a n cesa s, a lem ã s e a r gen t in a s.
f. OU TR OS D OCU ME N TOS CAR TOGR ÁF ICOS P U B LICAD OS P E LA D H N
Além da s Ca r t a s Ná u t ica s a cim a cit a da s, a DH N t a m bém pu blica ou t r os docu m en t os
ca r t ogr á ficos, t a is com o:

60 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Projeções cartográficas; a Carta Náutica

• Ca rta s Es p e c ia is : pr epa r a da s com fin a lida des m ilit a r es (Ca r t a s de Bom ba r deio, de
Min a gem , pa r a Desem ba r qu e An fíbio, pa r a Su bm a r in os, et c.).
• Ca rta B a tim é tric a Ge ra l d o s Oc e a n o s : est á a ca r go da DH N a pu blica çã o / a t u a liza çã o
de 29 F olh a s de P lot a gem , n a esca la de 1:1.000.000, cobr in do ext en sa á r ea do At lâ n t ico
Su l, den t r o do pr ogr a m a de cooper a çã o in t er n a cion a l em pr een dido pela OH I e pela
Com issã o Ocea n ogr á fica In t er gover n a m en t a l (COI), pa r a con fecçã o da Ca r t a Ba t im ét r ica
Ger a l dos Ocea n os (GE BCO).
• Ca rt a s Me t e o ro ló g i c a s ;
• Ca rta s d e Co rre n te s d e Ma ré ;
• Ca rt a s P i lo t o ;
• Ca rta s p a ra o P la n e ja m e n to d e D e rro ta s ; e
• Cro qu is d e N a v e g a ç ã o pa r a diver sos r ios br a sileir os.
Toda s a s Ca r t a s pu blica da s pela DH N est ã o list a da s n o Ca t á logo de Ca r t a s Ná u t ica s
e P u blica ções, edit a do pela Dir et or ia de H idr ogr a fia e Na vega çã o.
Nos a n os su bsequ en t es à con clu sã o do I P la n o Ca r t ogr á fico Ná u t ico Br a sileir o, a s
m u da n ça s n os pa r â m et r os da n a vega çã o, t a is com o: o m a ior ca la do dos n a vios, a m a ior
velocida de da s em ba r ca ções e u m a u m en t o con t ín u o do t r á fego m a r ít im o, a lia dos a os a n seios
da com u n ida de m a r ít im a por u m a pa dr on iza çã o in t er n a cion a l dos docu m en t os pelos
Ser viços H idr ogr á ficos, levou a DH N a r ea va lia r o seu P la n o Ca r t ogr á fico.
P a r a lela m en t e, em 1967, foi pr opost o pela pr im eir a vez, du r a n t e a IX Con fer ên cia
H idr ogr á fica In t er n a cion a l, o con ceit o de Ca r t a In t er n a cion a l. E st e con ceit o visa va a eli-
m in a r os esfor ços desn ecessá r ios n o r ecobr im en t o globa l da Ca r t ogr a fia Ná u t ica e t or n a r
m a is econ ôm ica s a s a t ivida des dos Ser viços H idr ogr á ficos.
Na Con fer ên cia H idr ogr á fica In t er n a cion a l de 1982, foi a dot a do o t r a ba lh o desen vol-
vido pelo gr u po cr ia do em 1967 – E specifica ções de Ca r t a s da Or ga n iza çã o H idr ogr á fica
In t er n a cion a l. E st a s especifica ções sã o a plicá veis pa r a t oda s a s Ca r t a s In t er n a cion a is e
r ecom en da da s, t a m bém , pa r a t oda s a s ca r t a s da s sér ies n a cion a is.
Um sist em a de du a s sér ies de ca r t a s de pequ en a esca la foi a cor da do: 1:10.000.000
(dezen ove ca r t a s) e 1:3.500.000 (sessen t a ca r t a s), pr oven do u m a cober t u r a de ca r t a s u n i-
for m es e m oder n a s pa r a a n a vega çã o m a r ít im a in t er n a cion a l em t oda s a s pa ssa gen s oceâ -
n ica s.
E m 1982, a sér ie de ca r t a s INT est en deu seu con ceit o à s ca r t a s de m édia e gr a n de
esca la s, a br a n gen do á r ea s cost eir a s e ca r t a s de a pr oxim a çã o de por t os. Cou be a o Br a sil
coor den a r o esqu em a do At lâ n t ico Su doest e, a br a n gen do a á r ea do At lâ n t ico qu e va i da
fr on t eir a Ven ezu ela -Gu ia n a a t é a fr on t eir a Ch ile-Ar gen t in a .
Con d en s a n d o a s d u a s t a r efa s , foi ela bor a d o o I I P la n o Ca r t ogr á fico N á u t ico
Br a sileir o, cu jo esqu em a qu e cobr e a á r ea da cost a br a sileir a foi a pr esen t a do e su bm et ido
à a va lia çã o do Con selh o Técn ico da DH N, em 17 de ju lh o de 1995, sen do a pr ova do pelo
Dir et or de H idr ogr a fia e Na vega çã o e con sa gr a do com o o II P la n o Ca r t ogr á fico Ná u t ico
Br a s ileir o. E s t e es qu em a con t ém 8 ca r t a s a p r es en t a n d o cober t u r a s oceâ n ica s m a is
a br a n gen t es, n a s esca la de 1:1.000.000, e u m a ou t r a sér ie de 26 ca r t a s n a esca la de 1:300.000,
a dot a n do-se a n u m er a çã o da s Ca r t a s In t er n a cion a is (Ca r t a s INT) em su bst it u içã o a o m odelo
a n t igo de n u m er a çã o n a “sér ie 100”. As Ca r t a s Ná u t ica s a cim a cit a da s, com seu s r espect ivos
n ú m er os, podem ser via su a liza da s n a s F igu r a s 2.42 e 2.43.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 61


Projeções cartográficas; a Carta Náutica

F ig u ra 2.42 -

A fim de com plem en t a r o II P la n o Ca r t ogr á fico Ná u t ico Br a sileir o, a DH N r ea va lia r á


a s su a s ca r t a s n á u t ica s de gr a n de esca la (Ca r t a s P a r t icu la r es) qu e r epr esen t a m , con for m e
m en cion a do, a a pr oxim a çã o e o in t er ior de por t os, ba ía s, en sea da s e fu n dea dou r os, a lém
de pon t os foca is e ou t r a s á r ea s de in t er esse<$&figu r a 4.43[v]>.

62 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Projeções cartográficas; a Carta Náutica

F ig u ra 2.43 -

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 63


Projeções cartográficas; a Carta Náutica

64 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Projeções cartográficas; a Carta Náutica

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 65


Projeções cartográficas; a Carta Náutica

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Projeções cartográficas; a Carta Náutica

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Projeções cartográficas; a Carta Náutica

68 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Projeções cartográficas; a Carta Náutica

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 69


Projeções cartográficas; a Carta Náutica

70 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Ag u lh a s n á u tic a s ; c o n v e rs ã o d e ru m o s e m a rc a ç õ e s

AGULHAS NÁUTICAS;
3 CON VERS ÃO D E
RUMOS E MARCAÇÕES

3.1 OBTENÇÃO DE RUMOS E


MARCAÇÕES A B ORD O
Con for m e vist o, os n a vios (ou em ba r ca ções) pa r a se dir igir em de u m pon t o a ou t r o da
su per fície da Ter r a gover n a m por Ru m o s , defin idos com o o â n gu lo h or izon t a l en t r e u m a
DIRE ÇÃO DE RE F E RÊ NCIA e a dir eçã o pa r a a qu a l a pon t a a pr oa do n a vio (m edido de 000º
a 360º, n o sen t ido h or á r io, a pa r t ir da dir eçã o de r efer ên cia ).
Adem a is, em Na vega çã o Cost eir a ou em Águ a s Rest r it a s, pa r a det er m in a r a posiçã o do
n a vio (ou em ba r ca çã o) em r ela çã o a pon t os de t er r a , du r a n t e a execu çã o da der r ot a , o n a vega n t e
per iodica m en t e obser va Ma rc a ç õ e s de pon t os n ot á veis ou a u xílios à n a vega çã o.
A bordo, ou Ru m os e Marcaçõe s são obtidos através do uso de Agu lh as Náu ticas.
Existem dois tipos de Agulhas Náuticas: Agu lh as Magn é ticas e Agu lh as Giroscópicas.

3.2 AGULHAS MAGNÉTICAS


3.2.1 DESCRIÇÃO E P ARTES COMP ONENTES
A AGU LH A MAGN É TICA (BÚ SSOLA) é u m dos m a is a n t igos in st r u m en t os de
n a vega çã o e, com pou cos m elh or a m en t os, é u sa da a in da h oje em dia por t odos os n a vega n t es
qu a lqu er qu e seja o t ipo ou por t e do n a vio ou em ba r ca çã o. E m bor a a t u a lm en t e n os n a vios a
Agu lh a Gir oscópica seja o in st r u m en t o n or m a lm en t e u t iliza do com o fon t e pr im á r ia pa r a
obt en çã o de dir eções (r u m os e m a r ca ções), exist ir ã o sem pr e Agu lh a s Ma gn ét ica s a bor do,
com o “ba ck-u p”, pa r a a t en der à s sit u a ções de em er gên cia .
Ger a lm en t e, os n a vios possu em du a s Ag u lh a s Ma g n é tic a s . Um a loca liza da n o P a s -
s a d iç o , den om in a da Ag u lh a d e Go v e rn o ; ou t r a n o Tiju p á (em loca l m a is livr e de in flu ên -
cia s m a gn ét ica s), den om in a da Ag u lh a P a d rã o .

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 71


Ag u lh a s n á u tic a s ; c o n v e rs ã o d e ru m o s e m a rc a ç õ e s

F ig u ra 3.1 - Ro s a c irc u la r d a a g u lh a

Um a Agu lh a Ma gn ét ica con sist e de


uma Rosa Circular, graduada de 000º a 360º
(F igu r a 3.1), a poia da n o seu cen t r o, livr e
pa r a gir a r em t or n o de u m eixo ver t ica l
(est ilet e), flu t u a n do em u m a cu ba ch eia de
u m líqu ido, qu e pode ser u m a m ist u r a de
á gu a e á lcool (pa r a n ã o con gela r ) ou u m
dest ila do fin o de pet r óleo, sem elh a n t e a o
varsol.

F ig u ra 3.2 - Ag u lh a m a g n é tic a

Um con ju n t o de ír m ã s é fixa do n o
la do in fer ior da Rosa , a lin h a do com o seu
eixo n or t e-su l (F igu r a 3.2). A cu ba é m on -
t a da , a t r a vés de su spen sã o ca r da n , em u m
pedestal denominado Bitácu la (Figura 3.3).
A cu ba é feit a em m a t er ia l a m a gn ét ico e
n ela est á gr a va da a lin h a d e fé (r efer ên -
cia pa r a r u m os), qu e deve ser r igor osa m en -
t e a lin h a da com a lin h a pr oa -popa (eixo
lon git u din a l do n a vio).

E m oper a çã o, os ír m ã s da a gu lh a (e, por t a n t o, su a lin h a n or t e-su l) t en dem a se a lin h a r


com as Lin h as de Força do Cam po Magn é tico da Te rra existentes no local. Estas Lin h as de
F o rç a , den om in a da s Me rid ia n o s Ma g n é tic o s , in dica m a dir eçã o do N o rte Ma gn ét ico n o
loca l. P or t a n t o, o â n gu lo in dica do n a Rosa da Agu lh a en t r e a lin h a de fé (a lin h a da com o eixo
longitudin a l do na vio) e a linha nor te-sul da Agu lh a será igua l a o â n gu lo en tre a proa do n a vio
e o Nor t e Ma gn ét ico, ou seja , o Ru m o Ma gn ét ico do n a vio (ca so a Agu lh a n ã o possu a D e s v io ,
com o ser á vist o a segu ir ).

3.2.2 VANTAGENS E LIMITAÇÕES DAS


AGU LHAS MAGN ÉTICAS
Em comparaçã o com a s Agulha s Giroscópica s, que serã o estuda da s a dia nte, neste mesmo
Ca pít u lo, a s Agu lh a s Ma gn ét ica s a pr esen t a m a s segu in t es va n t a gen s e lim it a ções:

72 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Ag u lh a s n á u tic a s ; c o n v e rs ã o d e ru m o s e m a rc a ç õ e s

F ig u ra 3.3 - B itá c u la
a . VAN TAGEN S
. A Agu lh a Ma gn ét ica é u m in st r u m en t o
com pa r a t iva m en t e sim ples, qu e oper a
in depen den t e de qu a lqu er fon t e de en er -
gia elét r ica ;
. Requ er pou ca (qu a se n en h u m a ) m a n u -
t en çã o;
. É u m equ ipa m en t o r obu st o, qu e n ã o so-
fr e a va r ia s com fa cilida de; e
. Seu cu st o é r ela t iva m en t e ba ixo.

b. LIMITAÇÕES
. A Agulha Magnética busca o Norte Magnético, em lugar do Norte Verdadeiro (ou Geográfico);
. É a fet a da por m a t er ia l m a gn ét ico ou eqipa m en t os elét r icos;
. Nã o é t ã o pr ecisa e fá cil de u sa r com o u m a Agu lh a Gir oscópica ;
. Nor m a lm en t e, su a s in for m a ções n ã o podem ser t r a n sm it ida s com fa cilida de pa r a
ou t r os sist em a s;
. Um a Ag u lh a Ma g n é tic a é m a is a fet a da por a lta s la titu d e s qu e u m a Agu lh a Gir oscópica .

3.2.3 D ECLIN AÇÃO MAGN ÉTICA


a. MAGNETISMO TERRESTRE; O CAMP O MAGNÉTICO DA
TERRA
F ig u ra 3.4 - Ca m p o m a g n é tic o te rre s tre

A Te rra pode ser con sider a da u m


gr a n de ír m ã , t en do dois P ó lo s Ma g n é ti-
c o s de pola r ida des opost a s (P ó lo N o rte
Ma g n é tic o & P ó lo S u l Ma g n é tic o ). Os
P ó lo s Ma g n é tic o s n ã o c o in c id e m c o m
o s P ólos Ver da deir os, o u Geogr á ficos (F i-
gu r a 3.4). O P ó lo N o rte Ma g n é tic o fica
loca liza do a pr oxim a da m en t e n a La t . 74ºN,
Lon g. 101ºW, O P ó lo S u l Ma g n é tic o est á
n a An t á r t ica , n a La t . 60ºS, Lon g. 144ºE .
S e a T e r r a fos s e com p os t a d e
m a t e r ia l m a gn é t ico h om oge n e a m e n t e
dist r ibu ído, a s lin h a s de for ça de seu ca m po
m a gn ét ico ser ia m Círc u lo s Máx im os , que
p a s s a r i a m p e l os P ó l o s M a g n é t i c o s
(Me ri d i a n o s Ma g n é t i c o s ). E n t et a n t o,

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 73


Ag u lh a s n á u tic a s ; c o n v e rs ã o d e ru m o s e m a rc a ç õ e s

ist o n ã o ocor r e e, a ssim , a s lin h a s segu n do a s qu a is a for ça m a gn ét ica t er r est r e a t u a , em bor a


den om in a da s de Me rid ia n o s Ma g n é tic o s , n ã o sã o cu r va s r egu la r es, difer in do da dir eçã o
dos Círc u lo s Má x im o s qu e pa ssa m pelos P ó lo s Ma g n é tic o s . Con for m e a cim a m en cion a do,
est a s cu r va s, a pen a s de ir r egu la r es, a in da a ssim sã o ch a m a da s de Me rid ia n o s Ma g n é ti-
cos.
Con sider a n do o ca m po m a gn ét ico t er r est r e em u m det er m in a do loca l decom post o se-
gu n do o h or izon t e e o ver t ica l do lu ga r (F igu r a 3.4), obt êm -se a s com pon en t es h o rizo n ta l (H )
e v e rtic a l (Z) do m a gn et ism o t er r est r e, va r iá veis de lu ga r pa r a lu ga r e cu jo va lor vem in dica -
do em ca r t a s especia is.
A com pon en t e h or izon t a l (H ) é ze ro n os pólos m a gn ét icos e a lca n ça m á x im o v a lo r n o
equ a dor m a gn ét ico.
A com pon en t e ver t ica l (Z) é ze ro n o equ a dor m a gn ét ico e a lca n ça m á x im o v a lo r n os
pólos m a gn ét icos.
A com pon en t e h or izon t a l (H ) é a r espon sá vel pela or ien t a çã o da Agu lh a Ma gn ét ica
Com o seu dim in u i à m edida qu e a La t it u de a u m en t a (t or n a n do-se n u lo n o pólo m a gn ét ico), o
desem pen h o da Agu lh a Ma gn ét ica fica pr eju dica do n a s a lt a s La t it u des (m a ior es qu e 60º).
Um a a gu lh a im a n t a da , su pen sa por seu cen t r o de gr a vida de, livr e de gir a r , em u m
loca l isen t o de ou t r a s in flu ên cia s m a gn ét ica s, or ien t a -se n o ca m po m a gn ét ico t er r est r e, com o
n o ca so ger a l de qu a lqu er ca m po m a gn ét ico, segu n do a s t a n gen t es à s lin h a s de for a , t en do
sem pr e u m de seu pólos a pon t a dos pa r a u m det er m in a do pólo m a gn ét ico t er r est r e.
Ao pólo da a gu lh a qu e a pon t a pa r a o P ó lo N o rte Ma g n é tic o d a Te rra con ven cion ou
ch a m a r -se P ó lo N o rte d a Ag u lh a , den om in a n do-se de P ó lo S u l d a Ag u lh a o pólo opost o.
É cost u m e pin t a r , n a s ba r r a s m a gn ét ica s, t a m bém por con ven çã o, de e n c a rn a d o a
m et a de qu e con t ém o P ó lo N o rte e de a zu l a qu e con t ém o P ó lo S u l.
E n t r e os ír m ã s, pólos do m esm o n om e se r epelem , e os de n om es con t r á r ios se a t r a em .
O N o rt e Ma g n é t i c o d a Te rra , en t r et a n t o, por defin içã o, a t r a i o N o rt e d o s Írm ã s .
Con ven cion ou -se, en t ã o, r epr esen t a r em a zu l a ext r em ida de Nor t e do ím ã sim bólico do ca m po
m a gn ét ico t er r est r e e de e n c a rn a d o a ext r em ida de S u l. P ode-se, pois, gen er a liza r , a fir m a n -
do qu e pólos de m esm a cor se r epelem , en qu a n t o os de cor es con t r á r ia s se a t r a em .

b. CON CEITO D E D ECLIN AÇÃO MAGN ÉTICA


Figura 3.5 - Declinação magnético Figura 3.6 - Ilustração da declinação m a g n é tic a

74 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Ag u lh a s n á u tic a s ; c o n v e rs ã o d e ru m o s e m a rc a ç õ e s

E m oper a çã o, u m a Ag u lh a Ma g n é tic a t en de a or ien t a r -se segu n do o Me rid ia n o Ma g -


n é tic o qu e pa ssa pelo loca l (F igu r a 3.5). A difer en ça em dir eçã o en t r e o Me rid ia n o Ma g n é -
tic o e o Me rid ia n o Ve rd a d e iro (ou Ge o g rá fic o ), em u m det er m in a do lu ga r , é den om in a da
D e c lin a ç ã o Ma g n é tic a (Dec m g).
Da m esm a for m a , pode-se dizer qu e a Declin a çã o Ma gn ét ica em u m det er m in a do loca l
é o â n gu lo en t r e o Nor t e Ver da deir o e o Nor t e Ma gn ét ico n o loca l (F igu r a 3.6).
F ig u ra 3.7 - Co n c e ito d e d e c lin a ç ã o m a g n é tic a
A De c lin aç ão Magn é tic a é expres-
sa em gr a u s e m in u t os, r eceben do u m a
designação Le ste ou Oe ste , para indicar de
qu e la do do Me rid ia n o Ve rd a d e iro est á o
Meridiano Magnético (Figura 3.7).
A D e c lin a ç ã o Ma g n é tic a va r ia de
loca l pa r a loca l n a su per ficie de Ter r a , em
vir t u de da s ir r egu la r ida des da s lin h a s de
for ça d o ca m p o m a g n é t i co t e r r e s t r e .
Adem a is, en qu a n t o os P ó lo s Ve rd a d e iro s
(ou Ge o g r á f i c o s ) s ã o fixos , os P ó l o s
Ma g n é tic o s da Ter r a va r ia m de posiçã o.
Desta forma, a Declinação Magnética de um
loca l t a m bém va r ia a o lon go do t em po.

As Ca rta s N á u tic a s in for m a m a o n a vega n t e, pa r a a s á r ea s n ela r epr esen t a da s, o


va lor da D e c lin a ç ã o Ma g n é tic a e de su a Va ria ç ã o An u a l (F igu r a 3.8).
F ig u ra 3.8 - D e c lin a ç ã o m a g n é tic a e s u a v a ria ç ã o a n u a l

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 75


Ag u lh a s n á u tic a s ; c o n v e rs ã o d e ru m o s e m a rc a ç õ e s

Além disso, exist em ca r t a s especia is, qu e a pr esen t a m a s lin h a s Is o g ô n ic a s (lin h a s


qu e u n em pon t os de m esm a Declin a çã o Ma gn ét ica ) e Ag ô n ic a s (lin h a s qu e u n em pon t os
on de a Declin a çã o Ma gn ét ica é n u la ), com o a m ost r a da n a F igu r a 3.9.
Figura 3.9 - Carta de declinação magnética (Redução da carta nº 42 do DMAHTC)

3.2.4 D ES VIO D A AGU LHA


a. CON D IÇÕES QU E U MA AGU LHA MAGN ÉTICA D EVE
S ATIS F AZER
Um a boa a gu lh a deve ser “sen sível” e “est á vel”. A a gu lh a deve ser s e n s ív e l pa r a qu e
a cu se qu a lqu er va r ia çã o da pr oa do n a vio. Deve ser e s tá v e l pa r a qu e in diqu e fir m em en t e a
pr oa , m esm o n a s gu in a da s r á pida s, e n ã o se desloqu e sob a a çã o do ba la n ço, ca t u r r o, t r epida -
ções, et c. E st a s du a s con dições, a t é cer t o pon t o a n t a gôn ica s, sã o con segu in da s da n do à a gu lh a
gr a n de m om en t o m a gn ét ico, pequ en o peso e dim in u içã o do a t r it o, o qu e se con segu e obt er
m a is fa cilm en t e n a s Ag u lh a s Líqu id a s . As Ag u lh a s S e c a s sã o m u it o sen síveis, m a s pou co
est a veis. P or isso, pr a t ica m en t e n ã o sã o u sa da s a bor do de n a vio ou em ba r ca ções.

b. P ERTU RB AÇÕES D A AGU LHA; D ES VIOS


Um a a gu lh a m a gn ét ica livr em en t e su spen sa , qu a n do sit u a da em Ter r a , em loca l isen t o
de ou t r a s in flu ên cia s m a gn ét ica s, per m a n ece or ien t a da n a dir eçã o do m er idia n o m a gn ét ico
(lin h a de for ça do ca m po m a gn ét ico t er r est r e). A bor do, por ém , exist em ou t r os ca m pos m a gn é-
t icos, pr oven ien t es dos fer r os e a ços de qu e o n a vio é con st r u ído e dos equ ipa m en t o elét r icos
in st a la dos.

76 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Ag u lh a s n á u tic a s ; c o n v e rs ã o d e ru m o s e m a rc a ç õ e s

As m a ssa s de fe rro d u ro (for t em en t e ca r bu r a da s, t a is com o a ços e fer r os fu n didos)


a dqu ir em , du r a n t e a con st r u çã o dos n a vios, u m a m a gn et iza çã o por in flu ên cia do ca m po m a g-
n ét ico t er r est r e. E ssa m a gn et iza çã o, a celer a da du r a n t e a con st r u çã o pela s vibr a ções e ch oqu e
a qu e en t ã o a s m a ssa s est ã o su jeit a s, pou co se a lt er a n o fu t u r o, evolu in do, sa lvo cir cu n st â n cia
especia s, m u it o len t a m en t e. É , a ssim , den om in a da m a g n e tiza ç ã o p e rm a n e n te ou m a g n e -
tis m o p e rm a n e n te e depen de fu n da m en t a lm en t e da pr oa em qu e foi con st r u ído o n a vio e do
va lor do ca m po m a gn ét ico t er r est r e n o loca l da con st r u çã o (F igu r a 3.10a ). Alt er a ções n o m a g -
n e tis m o p e rm a n e n te podem ocor r er sem pr e qu e o n a vio fica r m u it o t em po n a m esm a pr oa
(com o, por exem plo, du r a n t e u m pr olon ga do per íodo de r epa r os) ou n u m loca l qu e pr ovoqu e
u m a in flu ên cia m a gn ét ica ba st a n t e difer en t e da exer cida du r a n t e a con st r u çã o, ou , a in da ,
qu a n do o n a vio é su jeit o a ch oqu e ou t r epida ções a n or m a is.
F ig u ra 3.10 - Ma g n e tis m o p e rm a n e n te e m a g n e tis m o in d u zid o
N a s m a s s a s d e fe r r o d o c e (n ã o
ca r bu r a do), a o con t á r io, a m a gn et iza çã o
in du zida pelo ca m po t er r est r e é t em por á r ia
e a l t e r a -s e , sen do d e n om i n a d a
m agn e tizaç ão in du zida ou m agn e tism o
in d u zid o , qu e depen de da pr oa do n a vio e
do va lor do ca m po t er r est r e n o loca l on de o
n a vio se en con t r a , va r ia n do, a ssim , com o
r u m o do n a vio e com o lu ga r on de se n a ve-
ga (F igu r a 3.10b).
Os efeit os pr ovoca dos pela s cor r en -
t es elét r ica s podem ser evit a dos desde qu e
os equ ipa m en t os seja m a fa st a dos da a gu -
lh a . Os efeit os dos fer r os do n a vio podem
ser m u it o a t en u a dos, pela “com pen sa çã o”,

oper a çã o qu e con sit e n a coloca çã o de “ím ã s cor r et or es” qu e cr ia m ca m pos m a gn ét icos igu a is e
opost os a os pr ovoca dos por a qu eles fer r os. Os cor r et or es, ou com pesa dor es, com o t a m bém sã o
ch a m a dos, est ã o in st a la dos n a bit á cu la e sã o, em ger a l, con t r u ídos por ím ã s per m a n en t es,
ba r r a s e esfer a s de fer r o doce.
Apesa r da com pen sa çã o da a gu lh a ser pr á t ica cor r en t e e obr iga t ór ia , n ã o é, n or m a l-
m en t e, possível a n u la r por com plet o o ca m po m a gn ét ico do n a vio. Nest a s con dições, a a gu lh a
n ã o se or ien t a n a dir eçã o do m er idia n o m a gn ét ico (com o su cede em Ter r a ), m a s segu n do u m a
ou t r a lin h a qu e se den om in a “n or t e da a gu lh a ”.
Assim, o De svio da Agu lh a é definido como o ângulo entre o Norte Magn é tico e o Norte
d a Ag u lh a , con for m e m ost r a do n a F igu r a 3.11.
Figura 3.11 - Conceito de desvio da agulha

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 77


Ag u lh a s n á u tic a s ; c o n v e rs ã o d e ru m o s e m a rc a ç õ e s

O D e s v io d a Ag u lh a , qu e depen de dos fer r os do n a vio, dos cor r et or es in st a la dos e,


t a m bém da , or ien t a çã o da qu eles em r ela çã o a o ca m po m a gn ét ico t er r est r e, é va r iá vel com a
pr oa do n a vio.
Ist o pode ser m a is fa cilm en t e com pr een dido a com pa n h a n do a F igu r a 3.12, n a qu a l se
su põe t odo o m a t er ia l m a gn ét ico do n a vio con cen t r a do em u m bloco, coloca n do n a pr oa (sim -
boliza do por u m qu a dr a do n a F igu r a ).
F ig u ra 3.12 - D e s v io d a a g u lh a
Na sit u a çã o (a ), o n a vio est á a pr oa do
a o Nor t e Ma gn ét ico (Rm g = 000º). A lin h a
n or t e-su l da Agu lh a Ma gn ét ica (r epr esen -
t a da por u m a set a , n o in t er ior de u m cír -
cu lo, qu e sim boliza a r osa da Agu lh a ) t en -
de a se or ien t a r pelo m er idia n o m a gn ét ico.
Ta l t en dên cia , n essa pr oa , é r efor ça da pelo
ca m po m a gn ét ico do n a vio, o qu a l t a m bém
a t r a i a a gu lh a , qu e, a ssim , n ã o a pr esen t a -
r á desvio.
Na sit u a çã o (b), com o n a vio n o Rm g
= 045º, o Nor t e Ma gn ét ico con t in u a a a t r a ir
a lin h a n or t e-su l da Agu lh a , a qu a l, por ém ,
pa ssa a ser a t r a ída t a m bém pa r a a dir eçã o
045º m g, pelo ca m po m a gn ét ico do n a vio.
O r esu lt a do é qu e a lin h a n or t e-su l da
Agu lh a n ã o se or ien t a r á exa t a m en t e pa r a
o m e r id ia n o m a gn é t ico, s u r gin d o u m
pequ en o Desvio da Agu lh a (Da g) pa r a le s -
te (E ).
Na sit u a çã o (c), com o n a vio n o Rm g
= 090º, pela s m esm a s r a zões o Desvio da
Agu lh a pa r a le s te a u m en t a , a lca n ça n do o
va lor m á xim o.
E m (d), com o n a vio n o Rm g = 180º, o Desvio da Agu lh a volt a a ser n u lo , em bor a a for ça
de or ien t a çã o da Agu lh a se r edu za , pelo fa t o de a a t r a çã o do ca m po m a gn ét ico t er r est r e e do
ca m po m a gn ét ico do n a vio ser em exa t a m en t e opost a s.
Na s sit u a ções (e) e (f), por r a zões sem elh a n t es à s já explica da s, su r ge u m Desvio da
Agu lh a oest e (W), qu e a lca n ça o va lor m á xim o em (f), com o n a vio n o Rm g = 270º.
E m bor a de u m a for m a ba st a n t e sim plifica da (pr in cipa lm en t e por qu e o m a gn et ism o do
n a vio n u n ca est á con cen t r a do em u m ú n ico pon t o), a F igu r a 3.12 dem on st r a qu e os Desvios da
Agu lh a (Da g) va r ia m com a dir eçã o da pr oa do n a vio, ist o é, com o seu r u m o.
Os desvios sã o for n ecidos pa r a ca da Agu lh a e pa r a ca da n a vio, em fu n çã o da pr oa , por
u m a cu r va ou t a bela - TAB ELA D E D ES VIOS , cu ja m a n eir a de ela bor a r ser á in dica da
a dia n t e.

78 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Ag u lh a s n á u tic a s ; c o n v e rs ã o d e ru m o s e m a rc a ç õ e s

c . F ATORES QU E P OD EM ALTERAR OS D ES VIOS D A


AGU LHA
. Desloca m en t o ou a lt er a çã o dos fer r os de bor do;
. Alt er a çã o dos cor r et or es (“ím ã s com pen sa dor es”);
. Coloca çã o ou su pr essã o de equ ipa m en t os elét r icos n a s pr oxim ida des da a gu lh a ;
. F er r os deixa dos a ciden t a lm en t e per t o da a gu lh a ou ch a ves, ca n ivet es, et c. u sa dos pelo
pessoa l qu e t r a ba lh a ju n t o da a gu lh a ;
. At r it o exa ger a do en t r e o est ilet e e o con ju n t o flu t u a dor -r osa ;
. Tr ovoa da s, qu eda de fa ísca , t em pest a des m a gn ét ica s;
. P r oxim ida de de t er r a cu jo solo con t en h a m a t er ia l m a gn ét ico;
. P r oxim ida de de ou t r os n a vios;
. Au m en t o da t em per a t u r a dos fer r os a bor do, especia lm en t e da ch a m in é;
. Ch oqu es violen t os devidos a a ba lr oa m en t o, en ca lh e, t ir os de a r t ilh a r ia , et c.

Figura 3.13

d . COMP EN S AÇÃO D A
AGU LHA
A op er a çã o d e com p en s a çã o d a
Agu lh a visa , com o já vim os, a n u la r ou
r edu zir a s in flu ên cia s dos fer r os de
bor d o, a n u la n d o ou , m a is com u m en t e,
r edu zin do os Desvios, qu e pa ssa m a ser
ch a m a dos D e s v i o s R e s i d u a i s (a pós a
com pen sa çã o). P or n or m a , u m a Agu lh a
Ma gn ét ica deve ser com pen sa da sem pr e
q u e s e u s D e s v i os e x ce d e r e m 3 º. O
p r oce d im e n t o p a r a com p e n s a çã o e s t á
det a lh a do n o Apên dice a est e Ca pít u lo.

e . TAB ELA E CU RVA D E


D ES VIOS
Depois de c o m p e n s a d a a Agu lh a
(Bú ssola ), deve ser feit a u m a ver ifica çã o
dos D e s v io s Re s id u a is e pr een ch ida
u m a Ta be la e Cu rv a d e D e s v io s . E st es
d a d os s ã o, e n t ã o, t r a n s cr i t os n o
Ce rtific a d o d e Co m p e n s a ç ã o d a
Ag u lh a (m odelo DH N - 0108), docu m en t o
ob r i g a t ór i o a b or d o d os n a v i os e
em ba r ca ções (F igu r a 3.13).

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 79


Ag u lh a s n á u tic a s ; c o n v e rs ã o d e ru m o s e m a rc a ç õ e s

f. MÉTOD OS P ARA D ETERMIN AÇÃO D OS D ES VIOS D A AGU -


LHA E P REP ARO D A TAB ELA E CU RVA D E D ES VIOS
A oper a çã o de det er m in a çã o dos Desvios é den om in a da de “Regu la m en t o da Agu lh a ”.
Qu a n do se con h ecem per feit a m en t e os Desvios de u m a Agu lh a diz-se qu e ela est á r egu la da .
Os m ét odos m a is fr eqü en t em en t e u t iliza da pa r a det er m in a çã o dos Desvios e pr epa r o da Ta bela
e Cu r va de Desvios sã o:
1. Com pa r a çã o com a Agu lh a Gir oscópica
2. Alin h a m en t os
3. Ma r ca çã o de u m pon t o dist a n t e
4. Azim u t es de a st r os
Qu a lqu er qu e seja o m ét odo u t iliza do, a o pr oceder à det er m in a çã o dos Desvios o n a vio
deve est a r com pa ssa do e n a s con dições n om a is de n a vega çã o. As obser va ções efet u a m -se em
pr oa s eqü idist a n t es (15º, 30º ou 45º), ger a lm en t e n o decor r er de gir os com plet os do n a vio. Os
Desvios devem ser det er m in a dos com a pr ecisã o de 0,5º. Na s Ta bela s de Desvios, por ém ,
ser ã o r egist r a dos a pen a s com a pr ecisã o de gr a u in t eir o.
Os segu in t es cu ida dos devem ser obser va dos n a oper a çã o de det er m in a çã o dos Desvios
da Agu lh a :
1. Ver ifica r se os fer r os de bor do est ã o em su a s posições u su a is e se os cir cu it os elét r icos da
a pa r elh a gem do P a ssa diço en con t r a m -se em su a s con dições n or m a is de oper a çã o.
2. Se o n a vio possu ir Dega u ssin g (cir cu it o de desm a gn et iza çã o) dever ã o ser feit a s du a s
det er m in a ções de Desvios e pr epa r a da s du a s Ta bela s e Cu r va s de Desvios, u m a com o
Dega u ssin g liga do e ou t r a com o Dega u ssin g desliga do.
3. O n a vio dever á per m a n ecer 3 a 4 m in u t os em ca da pr oa escolh ida , a n t es da det er m in a çã o
dos Desvios (a fim de qu e o m a gn et ism o in du zido pr odu za seu s efeit os).
4. Du r a n t e a op er a çã o d e d et er m in a çã o d os Des vios , a s gu in a d a s d evem s er feit a s
va ga r osa m en t e (com pou co â n gu lo de lem e).
5. Após a det er m in a çã o, devem ser con st r u ída s a Ta bela s e a Cu r va de Desvios, da s qu a is
u m a cópia deve ser fixa da ju n t o à Agu lh a , pa r a con su lt a im edia t a qu a n do da a doçã o de
r u m os e t om a da de m a r ca ções.

g. DETERMINAÇÃO DOS DESVIOS P OR COMP ARAÇÃO COM A


AGULHA GIROSCÓP ICA
É o pr ocedim en t o cor r en t e u t iliza do n os n a vios pa r a det er m in a çã o dos Desvios,
especia lm en t e da s Agu lh a s de Gover n o, cu ja sit u a çã o a bor do ger a lm en t e n ã o per m it e a
obt en çã o de m a r ca ções ou a obser va çã o de a lin h a m en t o.
É in dispen sá vel ver ifica r , a n t es do in ício da s com pa r a ções, se a Agu lh a Gir oscópica
a pr esen t a Desvio (Desvio da Gir o - Dgi), con for m e ser á a dia n t e explica do. Se h ou ver Dgi, est e
dever á ser con sider a do. Além disso, depois de t er m in a r a s com pa r a çã o deve ser n ova m en t e
ver ifica do o Desvio da Gir o.
Du r a n t e a det er m in a çã o dos Desvios, em ca da u m dos Ru m os da Gir o cor r espon den t es
a os Ru m os Ma gn ét icos eqü idist a n t es escolh idos, a n ot a -se o Ru m o da Agu lh a e obt ém -se o
Desvio.

80 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Ag u lh a s n á u tic a s ; c o n v e rs ã o d e ru m o s e m a rc a ç õ e s

Ex e m p lo :
a P r epa r a r u m a Ta bela da Ru m os da Gir o (Rgi) pa r a det er m in a çã o dos Desvios da Agu lh a ,
em Ru m os Ma gn ét icos (Rm g) eqü idist a n t es de 45º, sa ben do-se qu e o va lor da Declin a çã o
Ma gn ét ica é Dec m g = 20ºW e qu e a Agu lh a Gir oscópica n ã o a pr esen t a Desvio (Dgi = 0º).

S OLU ÇÃO:
Rm g Dec m g Rgi
000º 20ºW 340º
045º 20ºW 025º

090º 20ºW 070º

135º 20ºW 115º

180º 20ºW 160º


225º 20ºW 205º
270º 20ºW 250º
315º 20ºW 295º

b. Du r a n t e a det er m in a çã o dos Desvios da Agu lh a Ma gn ét ica por com pa r a çã o com a Agu lh a


Gir oscópica for a m a n ot a da s a s segu in t es pr oa s:

AGULH A GIROSCÓP ICA AGULH A MAGNÉ TICA


Rgi = 340º Ra g = 002º
Rgi = 025º Ra g = 044º
Rgi = 070º Ra g = 087º
Rgi = 115º Ra g = 135º
Rgi = 160º Ra g = 183º
Rgi = 205º Ra g = 225º
Rgi = 250º Ra g = 267º
Rgi = 295º Ra g = 314º

Ca lcu la r os Desvios da Agu lh a (Da g) pa r a os Ru m os Ma gn ét icos escolh idos.


S OLU ÇÃO:
Rm g Ra g Da g
000º 002º 2ºW

045º 044º 1ºE


090º 087º 3ºE
135º 135º 0º
180º 183º 3ºW
225º 225º 0º
270º 267º 3ºE
315º 314º 1ºE

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 81


Ag u lh a s n á u tic a s ; c o n v e rs ã o d e ru m o s e m a rc a ç õ e s

h . D ETERMIN AÇÃO D OS D ES VIOS P OR ALIN HAMEN TOS


Na s Agu lh a s Ma gn ét ica s em qu e é possível t om a r m a r ca ções (a t r a vés do u so de u m
cír cu lo a zim u t a l ou a lida de), ba st a a pen a s dispor de u m a lin h a m en t o, qu e deve ser bem visível
e defin ido e est a r r epr esen t a do n a Ca r t a Ná u t ica .
Obtém-se da carta o valor da Marcação Ve rdade ira (Mv) do alinhamento e, considerando
a De clin ação Magn é tica para o local e ano, transforma-se a Mv em Marcação Magn é tica.
Du r a n t e a det er m in a çã o dos Desvios, fa z-se o n a vio cr u za r o a lin h a m en t o n a s difer en t es
pr oa s da a gu lh a selecion a da s (eqü idist a n t es de 15º, 30º ou 45º) e obser va m -se a s Ma rc a ç õ e s d a
Ag u lh a (Ma g) n o in st a n t e em qu e os objet os qu e con st it u em o a lin h a m en t o est ã o ext a m en t e
en fia dos.
Os Desvios da Agu lh a (Da g) n a s vá r ia s pr oa s sã o obt idos pela com pa r a çã o en t r e a
Marcação Magn é tica do alinhamento (Mmg) e as Marcaçõe s da Agu lh a (Mag) registradas.
Qu a n do n ã o for possível obser va r m a r ca ções com a Agu lh a Ma gn ét ica (com o ocor r e,
n or m a lm en t e, n os veleir os, ia t es e dem a is em ba r ca ções qu e u t iliza m bú ssola s de a n t epa r a ,
t ipo “bolh a ”, ou de t et o), ser ã o n ecessá r ios vá r ios a lin h a m en t os pa r a det er m in a çã o dos Desvios.
Nest a s con dições, o idea l é dispor de a lin h a m en t o cu jos va lor es seja m pr óxim os de:

NORTE - SUL MAGNÉ TICO


LE STE - OE STE MAGNÉ TICO
RUMO QUADRANTAL (NE -SW MAGNÉ TICO; NW-SE MAGNÉ TICO).

P a r a det er m in a r os D e s v io s d a Ag u lh a e or ga n iza r a Ta be la e Cu rv a d e D e s v io s , o
n a vio (ou em ba r ca çã o) deve gover n a r r igor osa m en t e n os a lin h a m en t os e, en t ã o, com pa r a r a
leit u r a do Ru m o d a Ag u lh a com a D ire ç ã o Ma g n é tic a do a lin h a m en t o (obt ida u t iliza n do a s
in for m a ções da Ca rta N á u tic a da r egiã o). As difer en ça s con st it u em os D e s v io s . Seu s va lor es
pa r a os diver sos r u m os per m it em pr epa r a r a Tabe la e t r ça r a Cu rv a de D e s v io s da Ag u lh a.

i. DETERMINAÇÃO DOS DESVIOS P OR MARCAÇÕES DE UM


P ON TO D IS TAN TE
E st e m ét odo pode ser u t iliza do qu a n do é possível obser va r m a r ca ções com a Agu lh a
Ma gn ét ica da qu a l se qu er obt er os Desvios (a t r a vés do u so de u m cír cu lo a zim u t a l ou a lida de).
O idea l é qu e o n a vio est eja a m a r r a do à bóia ou fu n dea do e se con h eça exa t a m en t e a
su a posiçã o (obt ida por ou t r os m eios, por exem plo, por segm en t os ca pa zes ou pelo r a da r ).
O objet o escolh ido deve:
1. Ser bem visível e defin ido;
2. E st a r r epr esen t a do n a Ca r t a ;
3. E st a r su ficien t em en t e a fa st a do pa r a qu e su a m a r ca çã o possa ser con sider a da con st a n t e
du r a n t e a oper a çã o de det er m in a çã o dos Desvios (a dist â n cia m ín im a n a vio-objet o deve ser
de 6 m ilh a s, o qu e per m it ir á qu e o n a vio fa ça u m gir o de cer ca de 100 m et r os de r a io com a
m a r ca çã o do objet o va r ia n do m en os de 0,5º).

82 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Ag u lh a s n á u tic a s ; c o n v e rs ã o d e ru m o s e m a rc a ç õ e s

A Ma rc a ç ã o Ma g n é t i c a (Mm g) do objet o escolh ido é obt ida da segu in t e m a n eir a : a


pa r t ir da posiçã o con h ecida do n a vio, det er m in a -se, n a Ca r t a , a Ma rc a ç ã o Ve rd a d e i ra
pa r a o objet o, qu e se con ver t e em Ma r c a ç ã o Ma g n é t i c a , u t iliza n do o va lor da
D e c li n a ç ã o Ma g n é t i c a a pr esen t a do n a Ca r t a .
Du r a n t e a det er m in a çã o dos Desvios, o n a vio gir a em t or n o da bóia ou sobr e o fer r o
e m a r ca o objet o escolh ido em ca da u m a da s pr oa s da a gu lh a selecion a da (eqü idist a n t es de
15º, 30º ou 45º). Os Desvios sã o obt idos por com pa r a çã o da s Ma rc a ç õ e s d a Ag u lh a (Ma g) com a
Marcação Magn é tica (Mmg) do objeto.

j. D ETERMIN AÇÃO D OS D ES VIOS P OR AZIMU TES D E


AS TROS
P r ocedim en t o t ípico de Na vega çã o Ast r on ôm ica , ser á explica do post er ior m en t e, n o
Ca pít u lo 31 (VOLUME II).

3.2.5 CON VERS ÃO D E RU MOS E MARCAÇÕES


Nos problemas de conversão de Ru m os e Marcaçõe s é importante recordar sempre que:
. Só se t r a ça m n a Ca r t a Ma rc a ç õ e s e R u m o s Ve rd a d e i ro s .
. O va lor da D e c lin a ç ã o Ma g n é tic a (pa r a o loca l e a n o) deve ser obt ido da Ca r t a Ná u t ica
da r egiã o.
. Os D e s v io s d a Ag u lh a va r ia m em fu n çã o do ru m o do n a vio (ou em ba r ca çã o) e devem
ser obt idos da Cu rv a d e D e s v io s d a Ag u lh a .
. Nos pr oblem a s de c o n v e rs ã o d e Ru m o s e Ma rc a ç õ e s , os va lor es da D e c lin a ç ã o Ma g -
n é tic a , do D e s v io d a Ag u lh a, dos Ru m o s e Ma rc a ç õ e s devem ser a pr oxim a dos a 0,5º
(m eio gr a u ).
F ig u ra 3.14 - Co n v e rs ã o d e ru m o s

mg . A solu çã o dos pr oblem a s de c o n v e rs ã o


de Ru m os e Marcaçõe s fica muito fa ci-
lit a da se for t r a ça do, pa r a ca da ca s o, o
d ia g ra m a cor r espon den t e (“ca lu n ga”),
ag
como ilustrado na Figura 3.14, qu e
mg solve a segu in t e qu est ã o:
ag “Em um local onde o valor da D e c lin a ç ã o
mg Magn é tica é Dec mg = 20ºW, o navio go-
ver n a n o Ru m o d a Ag u lh a Ra g = 085º.
Sabendo-se que, para esta proa, o va lor
do De svio da Agu lh a é Dag = 5º E, de-
terminar o Ru m o Magn é tico (Rmg) e o
Ru m o Ve rd a d e iro (Rv)”.
Rm g = 090º
Rv = 070º

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 83


Ag u lh a s n á u tic a s ; c o n v e rs ã o d e ru m o s e m a rc a ç õ e s

a . CON VERS ÃO D E RU MOS


Ex e m p lo s (u t iliza r a Ta be la e Cu rv a d e D e s v io s da F igu r a 3.13):
1. E m u m loca l on d e o va lor d a D e c l i n a ç ã o Ma g n é t i c a (Dec m g) é 15ºW, o R u m o
Ve r d a d e i r o p a r a n a vega r en t r e d ois p on t os é 075º. Qu a l s er á o R u m o d a Ag u l h a
cor r es p on d en t e?
F ig u ra 3.15 - Co n v e rs ã o d e ru m o s

S OLU ÇÃO:
Rv = 075º
Dec m g = 15ºW
Rm g = 090º

Da g = 3º E (da Cu r va de Desvios)
Ra g = 087º (ver F igu r a 3.15).

F ig u ra 3.16 - P ro x im id a d e s d a B a ía d e Gu a n a ba ra

2. N a vega n do n a s pr oxim ida des da Ba ía de Gu a n a ba r a (Dec m g = 20º 10W/1990; va r ia çã o


a n u a l: 6’W - F igu r a 3.16), em 1993, u m veleir o gover n a n o R u m o d a Ag u lh a Ra g =
160º. Qu a l o R u m o Ma g n é t i c o (Rm g) cor r espon den t e? Qu a l o R u m o Ve rd a d e i ro (Rv)
cor r es p on den t e?

84 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Ag u lh a s n á u tic a s ; c o n v e rs ã o d e ru m o s e m a rc a ç õ e s

S OLU ÇÃO:
.
se
E n t r a da n a Cu rv a d e D e s v io s (F igu r a 3.13) com o Ru m o d a Ag u lh a (Ra g) = 160º (com o
fosse Ru m o Ma gn ét ico), obt em os Da g = 2ºW
. Ra g = 160º
Da g = 2ºW
Rm g = 158º
. Dec m g (1990) = 20º 10’W; va r ia çã o a n u a l = 6’W
In cr em en t o (3x6’W) = 18’W
Dec m g (1993) = 20º 28’W = 20,5ºW
. Rm g = 158º
Dec m g = 20,5ºW
Rv = 137,5º
3. Um navegante (em 1993) deseja partir da barra da Baía de Guanabara e governar exatamente
no Ru m o Su l Magn é tico (180º mg).
Qu a l o va lor do Ru m o Ve rd a d e iro cor r espon den t e?
Qu a l o va lor do D e s v io d a Ag u lh a ?
Qu a l o va lor do Ru m o d a Ag u lh a cor r espon den t e?
SOLUÇÃO:
. Va lor da Declin a çã o Ma gn ét ica , em 1993, n a ba r r a da Ba ía de Gu a n a ba r a : Dec m g (1993) =
20,5º W (ca lcu la da n o pr oblem a a n t er ior ).
. Rm g = 180º
Dec m g = 20,5ºW
Rv = 159º,5
. Rm g = 180º Da g = 3ºW (da Cu r va de Desvios)
. Rm g = 180º
Da g = 3ºW
Ra g = 183º
4. Na vega n do n a s pr oxim ida de da Ba ía de Gu a n a ba r a (em 1993), o Ru m o da Agu lh a (Ra g) é
045º.
. Qu a l o va lor do D e s v io d a Ag u lh a n est a pr oa ?
. Qu a l o va lor do Ru m o Ma g n é tic o cor r espon den t e?
. Qual o valor da De clin ação Magn é tica ?
. Qu a l o va lor do Ru m o Ve d a d e iro cor r espon den t e?

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 85


Ag u lh a s n á u tic a s ; c o n v e rs ã o d e ru m o s e m a rc a ç õ e s

S OLU ÇÃO:
. E n t r a n do n a Cu rv a d e D e s v io s com 045º, obt em os:
Da g = 01ºE
. Ra g = 045º
Da g = 01ºE
Rm g = 046º
. Dec m g (1990) = 20º10’W; va r ia çã o a n u a l: 6’W
In cr em en t o (3x6’W) = 18’W
Dec m g (1993) = 20º 28’W = 20,5ºW
. Rm g = 046º
Dec m g = 20,5ºW
Rv = 025,5º
5. O n a vega n t e, em 1993, deseja gover n a r do F a r ol Ra sa pa r a o F a r ol Ma r icá s e obt ém n a
Ca r t a Ná u t ica o Ru m o Ve rd a d e iro en t r e os dois pon t os: Rv = 078º. Qu a l o Ru m o Ma g n é ti-
c o (Rm g) cor r espon den t e? Qu a l o va lor do D e s v io d a Ag u lh a (Da g) pa r a essa pr oa ? Qu a l o
va lor do Ru m o da Agu lh a (Ra g) em qu e se deve gover n a r ?
S OLU ÇÃO:
. Dec m g (1993) = 20.5ºW (ca lcu la da n o pr oblem a a n t er ior ).
. Rv = 078º
Dec m g = 20.5ºW
Rm g = 098,5º
. E n t r a n do n a Ta bela ou Cu r va de Desvios da Agu lh a (F igu r a 3.13) com Rm g = 098,5º, obt ém -
se:
Da g = 2,5ºE
. Rm g = 098,5º
Da g = 2,5ºE
Ra g = 096º

b. CON VERS ÃO D E MARCAÇÕES OB S ERVAD AS COM A


AGU LHA MAGN ÉTICA (MARCAÇÃO D A AGU LHA - Ma g )

P a r a con ver sã o de Ma rc a ç õ e s d a Ag u lh a em Ma rc a ç õ e s Ve rd a d e ira s , é n ecessá r io


con h ecer o Ru m o do n a vio (ou em ba r ca çã o), pois o D e s v io d a Ag u lh a depen de do Ru m o
Ma g n é tic o .
É im por t a n t e r ecor da r qu e, pa r a en con t r a r o D e s v io d a Ag u lh a , deve-se u sa r com o
a r gu m en t o de en t r a da n a Cu rv a d e D e s v io s o Ru m o e n ã o a s Ma rc a ç õ e s obser va da s.

86 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Ag u lh a s n á u tic a s ; c o n v e rs ã o d e ru m o s e m a rc a ç õ e s

Um a vez obt ido o D e s v io d a Ag u lh a pa r a u m det er m in a do Ru m o , est e desvio pode


ser a plica do pa r a t oda s a s Ma rc a ç õ e s d a Ag u lh a obser va da s en qu a n t o o n a vio per m a n ecer
n o m esm o r u m o.
Qu a n do o n a vio m u da r de Ru m o , u m n ovo va lor pa r a o D e s v io deve ser det er m in a do.
Exemplo:
1. Na vega çã o n a s pr oxim ida des da Ba ía de Gu a n a ba r a (em 1993), n o Ru m o d a Ag u lh a Ra g =
110º, ma r ca -se o F arol Rasa na Marcação da Agu lh a Ma g = 327º.
. Qual o De svio da Agu lh a a ser empregado na Con ve rsão da Marcação?
. Qual a Marcação Magn é tica correspondente?
. Qu a l o va lor da D e c lin a ç ã o Ma g n é tic a a ser u t iliza do n o cá lcu lo?
. Qual a Marcação Ve rdade ira (a ser tra ça da na carta)?
S OLU ÇÃO:
. Com Ra g = 110º, obt em -se n a Ta be la e Cu rv a d e D e s v io s :
. Da g = 2ºE
. Ma g = 327º
Da g = 2ºE
Mm g = 329º
. Dec m g (1990) = 20º 10’W; Va r ia çã o a n u a l: 6’W (F ig.3.16)
In cr em en t o (3x6’W) = 18’W
Dec m g (1993) = 20º 28’W = 20,5ºW
. Mm g = 329º
Dec m g = 20,5ºW
Mv = 308,5º
2. A Ma rc a ç ã o Ve rd a d e ira do F a ro l Ma ric á s é 075º. Con sider a n do qu e a em ba r ca çã o est á
n o Ru m o d a Ag u lh a Ra g = 180º, det er m in a r (a n o 1993):
. A Marcação Magn é tica corespondente
. O D e s v io d a Ag u lh a a ser con sider a n do
. A Marcação da Agu lh a correspondente
. O Ru m o Ve rd a d e iro em qu e n a vega a em ba r ca çã o
S OLU ÇÃO:
E m 1993, a D e c lin a ç ã o Ma g n é tic a n a á r ea é Dec m g = 20,5ºW. E n t ã o:
Mv = 075º
Dec m g = 20,5ºW
Mm g = 095,5º

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 87


Ag u lh a s n á u tic a s ; c o n v e rs ã o d e ru m o s e m a rc a ç õ e s

. Com o Ra g = 180º, obt ém -se, n a Ta be la e Cu rv a d e D e s v io s :


Da g = 3ºW.
. Mm g = 095,5º
Da g = 3ºW
Ma g = 098,5º
. Ra g = 180º
Da g = 3ºW
Rm g = 177º
Dec m g = 20,5ºW
Rv = 156,5º
3. A Marcação da Agu lh a do Farol P on ta Ne gra é 032º, estando a embarcação no Ru m o da
Ag u lh a Ra g = 315º. Det er m in a r (a n o 1993):
. O va lor do D e s v io d a Ag u lh a (Da g).
. O Ru m o Magn é tico da emba rca çã o (Rmg).
. O Ru m o Ve rdade iro da embarcação (Rv).
. A Marcação Ve rdade ira (Mv) do Farol.
SOLUÇÃO:
. E n t r a n do n a Ta be la e Cu rv a d e D e s v io com Ra g = 315º, obt em os: Da g = 1ºE .
. Ra g = 1ºE .
Da g = 1ºE
Rm g = 316º
. Rm g = 316º
Dec m g = 20,5ºW (1993)
Rv = 295,5º
. Ma g = 032º
Da g = 1ºE
Mm g = 033º
Dec m g = 20,5ºW (1993)
Mv = 012,5º
4. Via ja n do do Rio pa r a Ca bo F r io, em 10/01/1993, à s 09:40, n o Ru m o d a Ag u lh a Ra g = 110º,
você obtém as seguintes Marcaçõe s da Agu lh a:
F a r ol P on t a Negr a : Ma g = 072º
F a r ol Ma r icá s : Ma g = 345º

88 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Ag u lh a s n á u tic a s ; c o n v e rs ã o d e ru m o s e m a rc a ç õ e s

det er m in a r :
. O Ru m o Ve rd a d e iro da su a em ba r ca çã o
. A Marcação Verdadeira do Farol P onta Negra
. A Marcação Verdadeira do Farol Maricás
S OLU ÇÃO:
. Entrando na Tabe la e Cu rva de De svios com Rag = 110º, obtém-se o De svio da Agu lh a
Da g = 2ºE
. Pa r a o a no de 1993, o va lor da D e c lin aç ã o Ma g n é tic a é:
Dec m g = 20º 28’W = 20,5ºW
. E n t ã o:
Ra g = 110º
Da g = 2ºE
Rm g = 112º
Dec m g = 20,5ºW
Rv = 091,5º (Ru m o Ver da deir o)
.Marcação do Farol Ponta Negra
Ma g = 072º
Da g = 2ºE
Mm g = 074º
Dec m g = 20,5ºW
Mv = 053,5º (Ma r ca çã o Ver da deir a )
.Marcação do Farol Maricás
Ma g = 345º
Da g = 2ºE
Mm g = 347º
Dec m g = 20,5’W
Mv = 326,5º (Ma r ca çã o Ver da deir a )

3.2.6 REGISTRO DAS AGULHAS MAGNÉTICAS


P a r a r egist r o de t odos os elem en t os sobr e a s Agu lh a s Ma gn ét ica s do n a vio, a DH N
pu blica “Livr o da s Agu lh a s Ma gn ét ica s”, on de devem ser escr it u r a dos os da dos de pla ca da s
Agu lh a s (fa br ica n t e, m odelo, n ú m er o de sér ie, diâ m et r o da r osa e da cu ba , et c.) e a s in for m a ções
sobr e exa m es, r epa r os e com pen sa ções da s Agu lh a s de bor do. O Cer t ifica do de Com pen sa çã o
da Agu lh a deve fica r a r qu iva do n esse livr o, com cópia fixa do à bit á cu la da Agu lh a .
Adem a is, em via gem os Desvios da s Agu lh a s devem ser per iodica m en t e det er m in a dos
(n or m a lm en t e de h or a em h or a , por com pa r a ções com a Gir o) e os r esu lt a dos la n ça dos n o
“Livr o da s Agu lh a s Ma gn ét ica s”.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 89


Ag u lh a s n á u tic a s ; c o n v e rs ã o d e ru m o s e m a rc a ç õ e s

3.2.7 AGU LHAS MAGN ÉTICAS D E B ORD O; TIP OS D E


AGU LHAS MAGN ÉTICAS
F ig u ra 3.17 (a ) - Ag u lh a m a g n é tic a d e 7.5 p o le g a d a s
Con for m e m en cion a do, os n a vios
u su a lm en t e possu em in st a la da s du a s Agu -
lh a s Ma gn ét ica s, a Ag u lh a d e Go v e rn o ,
n o P a ssa diço, e a Ag u lh a P a d rã o, em u m
loca l m a is livr e de in flu ên cia s m a gn ét ica s
(em ger a l, o Tiju pá ). A Ag u lh a d e Go v e r-
n o e a Ag u lh a P a d rã o sã o, n or m a lm en -
t e, do t ipo m ost r a do n a F igu r a 3.17a , sen -
do m on t a da s em bit á cu la s sem elh a n t es à
a pr esen t a da n a F igu r a 3.17b.

F ig u ra 3.17 (b) - B itá c u la

90 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Ag u lh a s n á u tic a s ; c o n v e rs ã o d e ru m o s e m a rc a ç õ e s

F ig u ra 3.17 © - Ag u lh a m a g n é tic a c o m p e ris c ó p io

E m n a vios m en or es, por r est r ições de espa ço n o P a ssa diço, à s vezes u sa -se u m a Ag u -
lh a d e Te to , n a qu a l a r osa é vist a por ba ixo, a t r a vés de u m sist em a ót ico. Ou t r os n a vios t êm
a pen a s u m a Agu lh a s Ma gn ét ica n o Tiju pá e, pa r a qu e ela possa ser lida da posiçã o de gover -
n o, n o P a ssa diço, é in st a la do u m per iscópio (F igu r a 3.17c )
F ig u ra 3.18 - Ag u lh a m a g n é tic a p a ra e m ba rc a ç ã o m iú d a
Além dest a s, exist em t a m bém a bor -
do Agu lh a s Ma gn ét ica s pa r a a s em ba r ca -
ções m iú da s do n a vio (F igu r a 3.18), qu e sã o
ger a lm en t e por t á t eis.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 91


Ag u lh a s n á u tic a s ; c o n v e rs ã o d e ru m o s e m a rc a ç õ e s

Adem a is, veleir os, la n ch a s e ou t r a s em ba r ca ções vêm u sa n do ca da vez m a is a s a g u -


lh a s e s fé ric a s ou d e “bo lh a ”, qu e podem ser m on t a da s h or izon t a lm en t e, com br a ça deir a ou
em bu t ida n a a n t epa r a (F igu r a 3.19a , b e c ). E st a s bú ssola s ofer ecem diver sa s va n t a gen s em
comparação com as agulhas convenciona is, de rosa pla na . As agu lh as e sfé ric as têm suspensã o
in t er n a e o pon t o de a poio da r osa est á sit u a do n o cen t r o da esfer a , a ssegu r a n do m á xim a
est a bilida de da bú ssola em t oda s a s con dições de ca t u r r o e ba la n ço. Além dist o, o dom o esfér ico
t r a n spa r en t e a t u a com o u m a poder osa len t e de a u m en t o, a m plia n do ba st a n t e o t a m a n h o
a pa r en t e da r osa gr a du a da n a á r ea da lin h a de fé. A r osa da bú ssola , levem en t e côn ca va , em
con ju n t o com o don o esfér ico, per m it e qu e est e t ipo de a gu lh a seja lido com pr ecisã o de u m a
dist â n cia de cer ca de 3 m et r os (10 pés). Qu a n do m on t a da com ca lços ca pa zes de a bsor ver
ch oqu es, u m a a g u lh a e s fé ric a fu n cion a m u it o bem em la n ch a s de a lt a velocida de, m esm o
com vibr a ções e t r epida ções con t ín u a s, em m a r pica do. O flu ido u t iliza do n essa s a gu lh a s é
u m dest ila do fin o de pet r óleo, sem elh a n t e a o va r sol.

F ig u ra 3.19 - Ag u lh a s e s fe ric a s

(b)

(c )
(a )

92 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Ag u lh a s n á u tic a s ; c o n v e rs ã o d e ru m o s e m a rc a ç õ e s

F ig u ra 3.20 - Ag u lh a m a g n é tic a d e m ã o

Ou t r o t ipo de Agu lh a m a gn ét ica é a


a g u lh a d e m ã o (“h a n d bea r in g com pa ss”),
m ost r a da n a F igu r a 3.20, u t iza da pa r a t o-
m a r m a r ca ções (con for m e vist o, a Ag u lh a
d e Go v e rn o , por su a posiçã o a bor do, n or -
m a lm en t e n ã o per m it e a obser va çã o de
m a r ca ções; lém dist o, se for u m a a g u lh a
e s fé ric a n ã o possibilit a a u t iliza çã o de u m
cír cu lo a zim u t a l ou a lida de pa r a obt en çã o
de m a r ca çã o).

3.2.8 D ES EN VOLVIMEN TOS RECEN TES D AS


AGU LHAS MAGN ÉTICAS
Um a da s lim it a ções da s Ag u lh a s Ma g n é tic a s , m en cion a da a n t er ior m en t e, con sist ia
n a dificu lda de de t r a n sm issã o de seu s sin a is pa r a ou t r os u t iliza dor es. E st a lim it a çã o foi r e-
cen t em en t e su per a da , com o desen volvim en t o da s bú ssola s de flu xo m a gn ét ico (“flu xga t e
com pa sse”).

F ig u ra 3.21 - Ag u lh a m a g n é tic a s d ig ita is

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 93


Ag u lh a s n á u tic a s ; c o n v e rs ã o d e ru m o s e m a rc a ç õ e s

As bú ssola s de flu xo m a gn ét ico a pr esen t a m u m m ost r a dor digit a l ou u m “m ost r a dor


a n a lógico” elet r on ica m en t e r epr odu zido (F igu r a 3.21a e b), n o lu ga r de u m a r osa gr a du a da .
Ao in vés da r osa cir cu la r com u m con ju n t o de ím ã s, a poia da n o seu cen t r o e livr e de gir a r ,
exist en t e n a s a gu lh a s con ven cion a is, a s bú ssola s de flu xo m a gn ét ico u t iliza m u m sen sor
elet r ôn ico est a cion á r io m on t a do cober t a s a ba ixo, a lin h a do com a qu ilh a do n a vio (eixo
lon git u din a l). E st e sen sor det ect a a s m u da n ça s de dir eçã o do n a vio com r ela çã o a o ca m po
m a gn ét ico t er r es t r e e en via in for m a ções (cen t en a s d e leit u r a s p or s egu n d o) p a r a u m
m icr ocom pu t a dor , qu e ca lcu la con t in u a m en t e a s m édia s da s leit u r a s e a pr esen t a va lor es pr e-
cisos e est á veis do r u m o m a gn ét ico.
As bú ssola s de flu xo m a gn ét ico sã o m u it o pr ecisa s (0,5º) e, a lém disso, o seu sin a l
digit a liza do pode ser fa cilm en t e t r a n sm it ido pa r a ou t r os equ ipa m en t os (LORAN C, GP S,
“plot t er s”, et c.) ou pa r a in dica dor es r em ot os (r epet idor a s).

3.2.9 ACES S ÓRIOS D AS AGU LHAS MAGN ÉTICAS


P a r a u t iliza r a Agu lh a Ma gn ét ica n a s su a s du a s fu n ções bá sica s - obt en çã o de ru m o s
e de m a rc a ç õ e s - em pr ega m -se a lgu n s a cessór ios.

F ig u ra 3.22 - Le n te d e Go v e rn o
P a r a fa cilit a r a leit u r a dos ru m o s ,
pode-se a da pt a r sobr e a r osa cir cu la r u m a
le n te d e g o v e rn o (F igu r a 3.22), qu e a m -
plia o set or da r osa n a s pr oxim ida des da
lin h a d e fé , t or n a n do m a is fá cil e côm odo
ler e segu ir u m det er m in a do r u m o.
P a r a l e i t u r a d e m a r ca çõe s
dir et a m en t e da Agu lh a Ma gn ét ica , a da p-
t a -s e s ob r e a r o s a u m a a l i d a d e d e
p ín u la s , u m c írc u lo a zim u ta l ou u m a
a lid a d e te le s c ó p ic a .

F ig u ra 3.23 - Alid a d e d e P ín u la s
A a lid a d e d e p ín u la s (F igu r a 3.23)
é coloca da sobr e a ro s a c irc u la r, livr e de
gir a r em t or n o do cen t r o da Agu lh a . O equ i-
pa m en t o possu i u m o rifíc io d e v is a d a (a ),
qu e pode ser in clin a do ou ver t ica liza do gi-
r a n do-se a pla ca (b), e u m a m i ra c o m
re tíc u lo (c). P a r a obt en çã o de m a r ca ções,
o obser va dor olh a a t r a vés do o rifíc io d e
v is a d a e gir a a a lid a d e sobr e a ro s a a t é
qu e o objet o vesa do fiqu e a lin h a do com o
re tíc u lo da m ira , com o cu ida do de m a n -
t er a r osa n ivela da , a t r a vés do n ível (e).
E n t ã o, a m a r ca çã o é lida n a ro s a , n a gr a -
du a çã o a lin h a da com o ín d ic e (f).

94 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Ag u lh a s n á u tic a s ; c o n v e rs ã o d e ru m o s e m a rc a ç õ e s

A m ira c o m re tíc u lo é dot a da de u m re fle to r (d) com vidr o cor a do ca pa z de gir a r em


t or no de um eixo-hor izonta l, per mitindo a o observa dor a ju stá -lo de modo qu e a ima gem refletida
de u m a st r o possa ser visa da , pa r a obt en çã o de u m a zim u te a s tro n ô m ic o , de m odo sim ila r
a o descr it o pa r a u m objet o t er r est r e.
O c írc u lo a zim u ta l e a a lid a d e te le s c ó p ic a ser ã o a bor da dos n o est u do da Agu lh a
Gir oscópica , n est e m esm o Ca pít u lo.
E n t r et a n t o, com for m e a n t er ior m en t e m ecion a do, a posiçã o da Agu lh a de Gover n o a
bor do dificilm en t e per m it e qu e a m esm a seja u t iliza da pa r a obt en çã o de m a r ca ções, pois, em
ger a l, su a visa da est á obst r u ída pa r a vá r ia s dir eções.
F ig u ra 3.24 - Ta x ím e tro c o m Alid a d e d e P ín u la s

P a r a con t or n a r est e pr oblem a , in st a la m -se ta x ím e tro s (F igu r a 3.24) em pon t os con ve-
n ien t es, t a is com o a s a sa s do P a ssa diço. O ta x ím e tro con sist e de u m a r osa gr a du a da de 000º
a 360º, m on t a da com su spen sã o ca r da n em u m su por t e ver t ica l den om in a do p e lo ro . A ro s a
pode ser gir a da e t r a va da , de m odo qu e qu a lqu er de su a s gr a du a ções possa ser a ju st a da pa r a
coin cidir com a lin h a d e fé . Sobr e a r osa é m on t a da u m a a lid a d e de p ín u la s , já explica da . O
ta x ím e tro é u t iliza do pa r a obt er Ma rc a ç õ e s Re la tiv a s e Ma rc a ç õ e s d a Ag u lh a .
P a r a obt en çã o de Ma rc a ç ã o Re la tiv a s fa z-se a coin cidên cia da gr a du a çã o 000º da ro s a
com a lin h a d e fé (pa r a lela à lin h a pr oa -popa do n a vio) e t r a va -se n est a posiçã o. E n t ã o, a s
m a rc a ç õ e s lida s n a ro s a com a a lid a d e ser ã o Ma rc a ç õ e s Re la tiv a s (Mr ), qu e podem ser
con ver t ida s em Ma rc a ç õ e s d a Ag u lh a se for em com bin a da s com o ru m o do n a vio: Ma g = Mr +
Ra g.
P a r a obt en çã o de Ma r ca ções da Agu lh a a ju st a -se a ro s a de m odo qu e a gr a du a çã o
cor r espon den t e a o Ru m o d a Ag u lh a coin cida com a lin h a d e fé , t r a va n do-se a r osa n essa
posiçã o. Dest a for m a , a s m a rc a ç õ e s obser va da s com a a lid a d e d e p ín u la s ser ã o Ma rc a -
ç õ e s d a Ag u lh a . N est e ca so, é essen cia l qu e, n o in st a n t e do “m a r qu e”, o n a vio est eja
exa t a m en t e n o Ru m o d a Ag u lh a a ju st a do n o ta x ím e tro .

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 95


Ag u lh a s n á u tic a s ; c o n v e rs ã o d e ru m o s e m a rc a ç õ e s

3.3 AGU LHA GIROS CÓP ICA


3.3.1 INTRODUÇÃO
P or m u it os sécu los a Agu lh a Ma gn ét ica foi o ú n ico in st r u m en t o dispon ível pa r a
det er m in a çã o de d ire ç õ e s (ru m o s e m a rc a ç õ e s , ou a zim u te s ) n o m a r . Na bu sca de u m
equ ipa m en t o qu e in dica sse o N o rte Ve rd a d e iro , em vez do N o rte Ma g n é tic o , a Ag u lh a
Giro s c ó p ic a foi desen volvida n a s pr im eir a s déca da s sécu lo. Ava n ços pa r a lelos for a m feit a s
n os E st a dos Un idos e n a E u r opa , sen do qu e os n or t e-a m er ica n os desen volver a m u m a Agu lh a
Gir oscópica s t en do com o ba se u m ú n ico gir oscópio, en qu a n t o qu e os a lem ã es u t iliza r a m
gir oscópios m ú lt iplos n a s su a s pr im eir a s a gu lh a s.
F ig u ra 3.25 - Ag u lh a g iro s c ó p ic a

A Ag u lh a Giro s c ó p ic a é, essen cia lm en t e, u m g iro s c ó p io bu s c a -m e rid ia n o , cu jo


e ix o d e ro ta ç ã o per m a n ece a lin h a do com os m er idia n os t er r est r es e qu e é ca pa z de oscila r
em t or n o de seu e ix o v e rtic a l (e ix o d e p re c e s s ã o ou e ix o d e in d ic a ç ã o d e a zim u te ) e de
m edir o â n gu lo en t r e a pr oa do n a vio e o eixo de r ot a çã o do gir oscópio, ist o é, o Ru m o
Ve rd a d e iro do n a vio (figu r a 3.25).

As Ag u lh a s Giro s c ó p ic a s sã o ca da vez m a is u t iliza da s a bor do dos n a vios m oder -


n os, n ã o a pen a s com o r efer ên cia pa r a obt en çã o de r u m os e m a r ca ções (pa r a gover n o e obser -
va çã o de Lin h a s de P osiçã o pa r a n a vega çã o), m a s t a m bém com o com pon en t es bá sicos de u m
Sist em a de Na vega çã o In er cia l e pa r a pr over da dos de dir eçã o, ba la n ço e ca t u r r o pa r a sist e-
m a s de a r m a s e sist em a s in t egr a dos de n a vega çã o.

Os pr in cípios de qu e depen dem a oper a çã o da s Ag u lh a s Giro s c ó p ic a s sã o br eve-


m en t e explica dos n est e Ca píu lo, a pen a s pa r a ca pa cit a r o n a vega n t e a en t en der o con ceit o
bá sico dest e t ipo de a gu lh a e, a in da m a is im por t a n t e, h a bilit á -lo a com pr een der os lim it es de
pr ecisã o da s Agu lh a s Gir oscópica s e a s fon t es de er r o in er en t es a o gir oscópio, qu a n do u sa do
com o a gu lh a a bor do de n a vios.

96 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Ag u lh a s n á u tic a s ; c o n v e rs ã o d e ru m o s e m a rc a ç õ e s

3.3.2 GIROS CÓP IO B ÁS ICO


F ig u ra 3.26 - Giro s c ó p ic o s e s u a s p a rte s p rin c ip a is

Um gir oscópio bá sico, cu ja s pa r t es pr in cipa is est ã o m ost r a da s n a F igu r a 3.26, con sist e
de u m r ot or (vola n t e ou t or o) per feit a m en t e ba la n cea do, livr e pa r a gir a r em t or n o de t r ês
eixos per pen dicu la r es en t r e si, qu e se in t er cept a m n o seu cen t r o de gr a vida de. Diz-se, a ssim ,
qu e o gir oscópio t em t r ês g ra u s d e libe rd a d e , con st it u ídos pela s possibilida des de gir a r em
t or n o dos t r ês eixos (figu r a 3.27), den om in a dos r espect iva m en t e de:
. eixo de r ot a çã o
. eixo h or izon t a l (ou eixo de t or qu e)
. eixo ver t ica l (ou eixo de pr ecessã o)
F ig u ra 3.27 (a ) - Gra u s d e libe rd a d e d o F ig u ra 3.27 (b) - Os trê s e ix o s d e ro ta ç ã o
g iro s c ó p io d o g iro s c ó p io

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 97


Ag u lh a s n á u tic a s ; c o n v e rs ã o d e ru m o s e m a rc a ç õ e s

O eixo do r ot or possu i r ola m en t os pr a t ica m en t e livr es de a t r it o, qu e lh e per m it em


gir a r com com plet a liber da de em t or n o do e ix o d e ro ta ç ã o X-X. O a n el in t er n o é m on t a do
com r ola m en t os n o a n el ext er n o, de m odo qu e t en h a com plet a liber da de de m ovim en t o em
t or n o do e ix o h o rizo n ta l Y-Y. O a n el ext er n o, por su a vez, é m on t a do n o sem i-a n el, sen do
pr ovido de r ola m en t os qu e lh e per m it em gir a r em t or n o do e ix o v e rtic a l Z-Z.
Qu a n do o r ot or gir a em a lt a velocida de, o gir oscópio desen volve du a s pr opr ieda des qu e
n ã o a pr esen t a en qu a n t o o r ot or est á em r epou so. E st a s du a s pr opr ieda des sã o con h ecida s
como inércia giroscópica (ou rigidez no espaço) e precessão.
A in é rc ia g iro s c ó p ic a fa z com qu e o r ot or t en da a con ser va r su a dir eçã o n o espa ço, por
m a is va r ia dos qu e seja m os m ovim en t os im post os à su a ba se. E m ou t r a s pa la vr a s, a in é rc ia
g iro s c ó p ic a (ou rig id e z n o e s p a ç o ) é a pr opr ieda de qu e o gir oscópio livr e t em em m a n t er
seu eixo a pon t a do sem pr e pa r a u m m esm o pon t o n o espa ço, a despeit o dos m ovim en t os de su a
ba se. Na F igu r a 3.28 (a ), o e ix o d e ro ta ç ã o est á h or izon t a liza do e a pon t a n do em u m a det er -
m in a da dir eçã o. E m 3.28 (b), in clin ou -se a ba se do gir oscópio, m a s o eixo con t in u a a pon t a n do
n a m esm a dir eçã o e n a h or izon t a l.
F ig u ra 3.28 - In é rc ia Giro s c ó p ic a

Os dois pr in cipa is fa t or es qu e a fet a m a in ér cia gir oscópica sã o o p e s o do r ot or e a


v e lo c id a d e de r ot a çã o. Qu a n do m a ior a velocida de de r ot a çã o e o peso do r ot or , m a ior ser á a
in é rc ia g iro s c ó p ic a (ou rig id e z n o e s p a ç o ). E m vir t u de dist o, o r ot or do gir oscópio t em
ger a lm en t e a for m a de u m a r oda , com a m a ior ia do peso con cen t r a da pr óxim o da s bor da s.
E st e for m a t o pr opor cion a u m a boa dist r ibu içã o de peso pa r a a oper a çã o do r ot or em a lt a
velocida de, o qu e r esu lt a em u m a in é rc ia g iro s c ó p ic a eleva da .

A F igu r a 3.29 for n ece ou t r a ilu st r a çã o da in é rc ia g iro s c ó p ic a : n ã o im por t a de qu e


m a n eir a a ba s e é m ovim en t a da , o ro to r do gir oscópio m a n t ém -se fixo n o espa ço. Mesm o qu e
a ba se dê u m gir o com plet o, o eixo de r ot a çã o m a n t er á su a dir eçã o com r ela çã o a u m
det er m in a do pon t o n o espa ço.

98 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Ag u lh a s n á u tic a s ; c o n v e rs ã o d e ru m o s e m a rc a ç õ e s

F ig u ra 3.29 - In é rc ia g iro s c ó p ic a (rid id e z n o e s p a ç o )

À m edida qu e a Ter r a gir a e o e ix o d e ro ta ç ã o do gir oscópio per m a n ece fixo, a pon t a n -


do pa r a u m det er m in a do pon t o n o espa ço, su r ge u m a con diçã o den om in a do de ro ta ç ã o a p a -
re n te do gir oscópio. Assim , se o eixo de r ot a çã o est iver a pon t a n do pa r a u m a est r ela , ele
con t in u a r á a pon t a n do pa r a a est r ela du r a n t e t odo o m ovim en t o a pa r en t e do a st r o a t r a vés do
céu , descr even do, t a m bém , u m m ovim en t o a pa r en t e. No ver da de, por ém , a est r ela est á fixa e
é a Ter r a (e, por t a n t o, a ba se do gir oscópio) qu e est á gir a n do. Dest a for m a , a r ot a çã o a pa r en t e
do gir oscópio é u m r esu lt a do da in é rc ia e da ro ta ç ã o d a Te rra .
P re c e s s ã o pode ser defin ida com o o m ovim en t o r esu lt a n t e do r ot or , qu a n do é a plica da
u m a for ça qu e t en de a a lt er a r a dir eçã o do seu e ix o d e ro ta ç ã o . E m vir t u de dest a pr opr ieda -
de, qu a n do é a plica da a o r ot or u m a for ça t en den do a desloca r o e ix o d e ro ta ç ã o de su a
dir eçã o n o espa ço, em vez de eixo se m over n a dir eçã o da for ça , o fa r á n u m pla n o per pen dicu -
la r à dir eçã o da for ça a plica da .
F ig u ra 3.30 - P re c e s s ã o

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 99


Ag u lh a s n á u tic a s ; c o n v e rs ã o d e ru m o s e m a rc a ç õ e s

Na figu r a 3.30 (a ), é a plica da u m a for ça ver t ica lm en t e de cim a pa r a ba ixo sobr e a


ext r em ida de do e ix o d e ro ta ç ã o (t en den do a fa zer esse eixo se in clin a r em t or n o do e ix o
h o rizo n ta l m a r ca do Y-Y). P or ém , o eixo n ã o se in clin a e sim se m ovim en t a pa r a a dir eit a , n a
dir eçã o da set a m a r ca da P . E ssa é a pr ecessã o em t or n o do eixo ver t ica l. Na F igu r a 3.30 (b),
u m a for ça é a plica da n o a n el ver t ica l, t en den do a m ovim en t a r o e ix o d e ro ta ç ã o pa r a a
esqu er da : em vez de se con segu ir esse m ovim en t o, o eixo se in clin a n a dir eçã o da set a m a r ca da
P . E ssa é a pr ecessã o em t or n o do eixo h or izon t a l.
A dir eçã o do m ovim en t o de pr ecessã o é obt ida gir a n do a dir eçã o da for ça de 90º n o
sen t ido de r ot a çã o do r ot or .
A p re c e s s ã o é u m a pr opr ieda de ú t il dos gir oscópios. Mu it os sist em a s (in clu sive a s
Agu lh a s Gir oscópica s) sã o pr ojet a dos pa r a a pr oveit a r est a ca r a ct er íst ica . E n t r et a n t o, h á u m
tipo de pre ce ssão que é indesejável, comumente denominada de “deriva mecânica” (“mechanical
dr ift ”), qu e t en de a a fa st a r o gir oscópio de u m a dir eçã o det er m in a da . As du a s pr in cipa is ca u sa s
deste problema são atrito n os m an cais (rolamentos) e de sbalan ce am e n to do rotor. Embora
est es pr oblem a s seja m m in im iza dos n os gir oscópios m oder n os, a in da podem con st it u ir fon t es
de er r os n a s Agu lh a s Gir oscópica s.

3.3.3 AGULHAS GIROSCÓP ICAS


Um gir oscópio livr e n ã o ser ve com o a gu lh a , m a s, a pr oveit a n do a s du a s pr opr ieda des
a cim a descr it a s e a plica n do for ça s con ven ien t es n os loca is a pr opr ia dos, con segu e-se est a bili-
za r o eixo de r ot a çã o n o m er idia n o e n a h or izon t a l.
As a gu lh a s de diver sa s t ipos difer em qu a n t o a o m odo de efet u a r essa est a biliza çã o.
F ig u ra 3.31 - B a lís tic o d e m e rc ú rio

N a s a g u l h a s n or t e -a m e r i ca n a s
(SP SRRY), a est a biliza çã o é feit a por m eio
d o b a l í s t i c o d e m e r c ú r i o , s e n d o os
r eser va t ór ios de ca da pa r liga dos por t u bos
com u n ica n t es qu e fica m or ien t a dos com o
Nor t e-Su l da a gu lh a . A F igu r a 3.31 m ost r a
u m esqu em a do ba líst ico de m er cú r io (qu e,
n a F igu r a , é a pr esen t a do com o u m ú n ico
pa r ) e a pon t a n egr a sen do a pon t a n or t e.
O cen t r o de gr a vida de do m er cú r io fica
a ba ixo do cen t r o de r ot a çã o e, a ssim , t odo
o sist em a pa ssa a t er seu cen t r o de gr a vi-
da de a ba ixo do eixo geom ét r ico, t or n a n do-
s e , p or t a n t o, p e n d u la r : o g i r o s c ó p i o
p e n d u la r n ã o a m o rte c id o. Qu a n do, por
m ot ivo d e r ot a çã o d a Ter r a , o eixo d o
gir oscópio com eça a se eleva r sobr e o h or i-
zon t e, o m er cú r io desloca -se de u m r eser -
v a t ór i o p a r a o ou t r o, for ça n d o a
h or izon t a liza çã o e, a ssim , a plica n do u m a
p re c e s s ã o .

100 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Ag u lh a s n á u tic a s ; c o n v e rs ã o d e ru m o s e m a rc a ç õ e s

F ig u ra 3.32 - Giro s c ó p io p e n d u la r n ã o a m o rte c id o

Desta m a n eir a , o movimen to da pon -


t a n or t e n ã o ser á m a is u m a cir cu n fer ên cia
e sim u m a elipse ba st a n t e a lon ga da (F igu -
r a 3.32) e o t em po pa r a descr evê-la ser á de
som en t e 84 m in u t os (est e é o per íodo qu e
u m pên du lo sim ples t er ia se o seu com pr i-
m en t o fos s e igu a l a o r a io d a Ter r a ). O
gir oscópio pen du la r a in da n ã o ser ve com o
a g u l h a p or q u e n ã o s e e s t a b i l i z a n o
m er idia n o.

P a r a qu e a pon t a n or t e do gir oscópio com ba líst ico de m er cú r io se est a bilize n o m er idia n o


e n o h or izon t e é feit a u m a liga çã o excên t r ica en t r e os va sos com u n ica n t es e a ca ixa do r ot or
(F igu r a 3.33).
F ig u ra 3.33 - Ele m e n to s d a a g u lh a g iro s c ó p ic a

1. Ca ixa do r ot or
2. An el ver t ica l
3. E ixo ver t ica l de su spen sã o
4. An el ext er ior (a n el fa n t a sm a )
5. Ba líst ico de m er cú r io
6. Liga çã o excên t r ica (en t r e o ba líst ico de
m er cú r io e a ca ixa do r ot or )
P a r a obt er u m con ju n t o sim ét r ico, o sist e-
m a ba líst ico é for m a do por dois jogos de dois
r eser va t ór ios de m er cú r io, ca da jogo for -
m a n do va sos com u n ica n t es.

F ig u ra 3.34 - Es p ira l d o e ix o d e ro ta ç ã o c o m a m o rte c im e n to

As s im , o m ovim en t o p en d u la r é
a m or t ecido, con segu in do-se u m gir oscópio
pen du la r a m or t ecido. Nest e ca so, a pon t a
n or t e n ã o descr ever á m a is a elipse, e sim
u m a e s p ir a l loga r ít m ica con ve r ge n t e
(F igu r a 3.34). O per íodo de oscila çã o é u m
p ou co m a i or d o q u e o d o m ov i m e n t o
pen du la r n ã o a m or t ecido: cer ca de 86 m i-
n u t os. Com o a pon t a n or t e leva t r ês per ío-
dos pa r a se est a biliza r , a a gu lh a deve ser
liga da 5 h or a s a n t es (86 x 3 = 268 m in u t os:
4,5 h or a s, a pr oxim a da m et e) de o n a vio su s-
pen der .

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 101


Ag u lh a s n á u tic a s ; c o n v e rs ã o d e ru m o s e m a rc a ç õ e s

Devido a o sist em a u sa do pa r a a m or t ecer o m ovim en t o pen du la r , a pon t a n or t e do eixo


do r ot or n ã o se est a biliza n o m er idia n o n em n o h or izon t e: ela fica u m pou co eleva da sobr e o
h or izon t e e a lest e do m er idia n o n o H em isfér io Nor t e, e u m pou co a ba ixa da e a oest e n o
H em isfér io Su l. E sses â n gu los de in clin a çã o e a fa st a m en t o sã o pequ en os e per feit a m en t e
det er m in a dos. O a fa st a m en t o do m er idia n o é com pen sa do por m eio de u m cor r et or , den om i-
n a do c o rre to r d e la titu d e , qu e gir a a r osa da a gu lh a em sen t ido opost o a o er r o, a n u la n do-
o. A a gu lh a sofr e in flu ên cia do m ovim en t o do n a vio (r u m o e velocida de), m ot ivo pelo qu a l
exist e u m ou t r o cor r et or , den om in a do c o rre to r d e v e lo c id a d e . O r u m o é in t r odu zido a u t o-
m a t ica m e n t e , p e la p r óp r ia a gu lh a .
As a gu lh a s de or igem a lem ã (An sch u t z, P la t h , At la s) possu em dois gir oscópios
encerrados em uma esfera denominada e sfe ra giroscópica (ou giroe sfe ra ). É a resultante dos
dois gir oscópios a in dica dor a do n or t e. A gir oesfer a fica den t r o de ou t r a , den om in a da e s fe ra
e n volve n te . A esfera envolvente é colocada num recipiente com uma mistura de água destilada
e ou t r o líqu ido (ger a lm en t e glicer in a ). Com o o cen t r o de gr a vida de do elem en t o sen sível (esfer a
gir oscópica ) fica a ba ixo do cen t r o geom ét r ico (cen t r o da esfer a ) o sist em a é pen du la r , por t a n t o
dir ecion a l. É com o se u m pên du lo est ivesse liga do a o r ot or , fa zen do com qu e seu eixo de
rotação abaixasse logo que iniciasse a se elevar sobre o horizonte, criando assim uma pre ce ssão.
Da m esm a m a n eir a qu e descr it a pa r a a a gu lh a de ba líst ico de m er cú r io, a pon t a n or t e n ã o
descr ever á u m a cir cu n fer ên cia em vin t e e qu a t r o h or a s sider a is e sim u m a pequ en a elipse,
em cer ca de 84 m in u t os. O a m or t ecim en t o desse m ovim en t o pen du la r , pa r a qu e a r esu lt a n t e
a pon t e pa r a o n or t e, é feit o por m eio de u m líqu ido viscoso em va sos com u n ica n t es. Nest e
ca so, n ã o h á er r o de a m or t ecim en t o e a r esu lt a n t e dos dois gir oscópios a pon t a pa r a o m er idia n o
e n a h or izon t a l.
Essa s a gulha s só possuem o er ro de ru mo e velocida de. E m a lgu n s modelos ele é corrigido
por m eio de bot ões, e em ou t r os é com pu t a do n u m a t a bela for n ecida pelo fa br ica n t e do
equ ipa m en t o.
Qu a n do o equ ipa m en t o est á pa r a do, a esfer a gir oscópica a ssen t a levem en t e n a esfer a
en volven t e, m a s qu a n do oper a n do, devido a bobin a s de r epu lsã o, a s du a s fica m con cên t r ica s.
A esfer a gir oscópica or ien t a -se n o m er idia n o e por m eio de cir cu it os elét r icos, a t r a vés do líqu ido,
ca r r ega a en volven t e qu e, por su a vez, t r a z a r osa .
Con for m e vist o, a o gir oscópio livr e for a m a plica da s for ça s qu e o obr iga r a m a “pr ecessa r ”
n o sen t ido e n a qu a n t ida de con ven ien t es, d e fo rm a a qu e o s e u e ix o s e m a n te n h a s e m p re
horizontal e apontado na direção do meridiano geográfico do lugar, isto é, na direção da linha
N o rte -s u l. A for m a com o sã o cr ia da s e a plica da s a s for ça s de pr ecessã o va r ia de a cor do com os
t ipos e fa br ica n t es de gir oscópica s.
Qu a n do u m a gir o é a lim en t a da , ist o é, qu a n do o seu r ot or é post o a gir a r e a t in ge a
velocida de n or m a l de oper a çã o (6.000 RP M em m édia ), ela com eça a u t om a t ica m en t e a se
“or ien t a r ” em bu sca do Nor t e ver da deir o, qu a lqu er qu e seja a dir eçã o em qu e se en con t r a
qu a n do pa r a da . Qu a n do m a is pr óxim a est iver do Nor t e ver da deir o, m a is r á pida ser á su a
or ien t a çã o. Na s a gu lh a s m oder n a s, exist e u m disposit ivo qu e per m it e r edu zir est e per íodo a
a pen a s 30 m in u t os.
Na Agu lh a Giroscópica orientada, o e ixo de rotação do giroscópio é mantido alinhado
com o m er idia n o geogr á fico do lu ga r , ist o é, n a dir eçã o da lin h a Nor t e-Su l, em u m pla n o
t a n gen t e à su per fície da Ter r a (pla n o h or izon t a l). Qu a n do o n a vio gu in a , for ça s ext er n a s
obr iga m o gir oscópio a “pr ecessa r ”, n o sen t ido e n a qu a n t ida de con ven ien t es, de m odo qu e o
seu eixo de r ot a çã o t or n e a a pon t a r pa r a a dir eçã o do m er idia n o do lu ga r (lin h a N-S) e se
m a n t en h a sem pr e h or izon t a l.

102 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Ag u lh a s n á u tic a s ; c o n v e rs ã o d e ru m o s e m a rc a ç õ e s

A for ça dir et iva qu e m a n t ém o e ix o d e ro ta ç ã o do g iro s c ó p io h or izon t a l e a lin h a do


com o m er idia n o geogr á fico do lu ga r é der iva da da c o m p o n e n te ta n g e n c ia l da velocida de de
r ot a çã o da Ter r a . E st a v e lo c id a d e ta n g e n c ia l é m á xim a n o equ a dor e dim in u ir a t é zer o n os
pólos. Assim , a for ça qu e m a n t ém o eixo de r ot a çã o do gir oscópio a lin h a do com os m er idia n os
t er r est r e é g ra n d e em la titu d e s ba ix a s e m é d ia s , m a s d im in u i n a s a lta s la titu d e , à
m edida qu e se a pr oxim a dos P ó lo s .
Em latitudes além de 70º Norte ou Sul, a ve locidade do n avio pode tornar-se tão grande
em r ela çã o à v e lo c id a d e ta n g e n c ia l da Ter r a qu e gr a n des er r os podem ser in t r odu zidos n a
Agu lh a Gir oscópica . P or est a r a zã o, o er r o da Ag u lh a Giro s c ó p ic a deve ser con t in u a m en t e
ver ifica do em la t it u des de 70º (Nor t e ou Su l). E m la t it u de da or dem de 75º a 80º, a m a ior ia da s
Agu lh a s Gir oscópica s a pr esen t a gr a n des er r os. A cer ca de 85º de la it u de, a Agu lh a Gir oscópica
t or n a -se vir t u a lm en t e in ú t il.

3.3.4 VANTAGENS E LIMITAÇÕES DAS AGULHAS


GIROS CÓP ICAS

Comparando com uma Agulha Magné tica, a Agulha Giroscópica apresenta as seguintes
va n t a gen s e lim it a ções.

VANTAGENS

. Apon t a n a dir eçã o do Mer idia n o Ver da deir o, em vez do Mer idia n o Ma gn ét ico. É , por t a n t o,
in depen den t e do m a gn et ism o t er r est r e e m a is sim ples n a su a u t iliza çã o.
. P er m it e m a ior pr ecisã o de gover n o / obsser va çã o de m a r ca ções qu e a Agu lh a Ma gn ét ica .
. P ode ser u sa da em la t it u de m a is a lt a s qu e a Agu lh a Ma gn ét ica .
. Nã o é a fet a da pela pr esen ça de m a t er ia l m a gn ét ico ou equ ipa m en t os elét r icos.
. P ela fa cilida de e pr ecisã o n a t r a n sm issã o de da dos, em com pa r a çã o com a s Agu lh a s
Ma gn ét ica s, o sin a l da Agu lh a Gir oscópica pode ser u t iliza do em r epet idor a s, equ ipa m en t o
r a da r , equ ipa m en t o de n a vega çã o por sa t élit e, r egist r a dor de r u m os, pilot o a u t om á t ico,
equ ipa m en t o de Der r ot a E st im a da , Sist em a in t egr a do de Na vega çã o e Sist em a s de Ar m a s.

LIMITAÇÕES

. A Ag u lh a Gi ro s c ó p i c a exige u m a fon t e con st a n t e de en er gia elét r ica e é sen sível à s


flu t u a ções de en er gia .
. E st á su jeit a a a va r ia s pr ópr ia s de equ ipa m en t os com plexos e r equ er u m a m a n u t en çã o
a dequ a da , feit a por t écn icos especia liza dos.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 103


Ag u lh a s n á u tic a s ; c o n v e rs ã o d e ru m o s e m a rc a ç õ e s

3.3.5 U TILIZAÇÃO D A AGU LHA GIROS CÓP ICA

Nor m a lm en t e, a Ag u lh a Giro s c ó p ic a dispõe de Re p e tid o ra s con ven ien t em en t e


in st a la da s a bor do, pa r a leit u r a de r u m os e m a r ca ções. Um a Re p e tid o ra é, ba sica m en t e, u m a
Ro s a Gra n d u a d a de 000º a 360º, qu e, por m eio de sr vo-m eca n ism os elet r ôn icos, r epr odu z
exa t a m en t e a s leit u r a s da Me s tra da Ag u lh a Giro s c ó p ic a . Na Re p e tid o ra , o r u m o é in di-
ca do por u m a m a r ca den om in a da Lin h a d e F é , exist en t e em su a bor da e pa r a lela à lin h a de
cen t r o do n a vio.
F ig u ra 3.35 - Re p e tid o ra d a Giro

A Re p e tid o ra d a Giro é m on t a da
em u m pedest a l den om in a do P e lo ro (F i-
gu r a 3.35). P a r a obt en çã o de Ma rc a ç õ e s ,
in st a la -se sobr e a Re p e tid o ra u m Cír cu lo
Azim u t a l (F igu r a 3.36). P a r a visa r objet os
dista ntes, pode ser usa da na Repetidora , em
vez do Cír cu lo Azim u t a l, u m a Alid a d e Te -
le s c ó p ic a (F igu r a 3.37).
F ig u ra 3.36 - Círc u lo Azim u ta l

O Círc u lo Azim u ta l, de for m a sem elh a n t e à Alid a d e d e P ín u la s , é in st a la do sobr e


a Repet idor a , livr e de gir a r em t or n o do cen t r o da ro s a g ra d u a d a . P ossu i u m pa r de visor es,
a fe n d a d e v is a d a e a m ira c o m re tíc u lo . P a r a obt en ções de m a rc a ç õ e s , o obser va dor
olh a a t r a vés da fe n d a d e v is a d a e gir a o Círc u lo Azim u ta l a t é qu e o objet o visa do a pa r eça
a lin h a do com o re t í c u lo v e rt i c a l da m i ra , t en do a pr eocu pa çã o de m a n t er a ro s a n ive-
la d a , pelo n ív e l d e bo lh a exist en t e n a ba se da m ira . A m a rc a ç ã o é lida n a ro s a g ra -
d u a d a a t r a vés de u m p ris m a d e re fle x ã o pr ovido de u m ín d ic e a lin h a do com o re tíc u lo
v e rtic a l da m ira . Adem a is, o Círc u lo Azim u ta l dispõe de u m con ju n t o de obser va çã o,
dest in a do à obt en çã o de a zim u t es do Sol. E st e con ju n t o con sist e de u m e s p e lh o , ca pa z de
gir a r em t or n o de u m eixo h or izon t a l, dia m et r a lm en t e opost o n o cír cu lo a u m a fe n d a d e
le itu ra pr ovida de u m p ris m a re fle to r e u m n ív e l d e bo lh a . P a r a obser va r o a zim u te d o
S o l, gir a -se o Cí rc u lo Az i m u t a l de m odo qu e os r a ios sola r es in cida m sobr e o e s p e lh o ,
qu e é, en t ã o, or ien t a do pa r a dir igir os r a ios r eflet idos pa r a a fe n d a d e le itu ra , qu e, a t r a vés
do pr ism a r eflet or , fa z r eflet ir u m de lu z dir et a m en t e n a ro s a g ra d u a d a , per m it in do
a ssim a obt en çã o do a zim u t e (m a r ca çã o) do a st r o. Da m esm a for m a qu e t om a da de m a r-

104 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Ag u lh a s n á u tic a s ; c o n v e rs ã o d e ru m o s e m a rc a ç õ e s

c a ç õ e s , deve-se m a n t er a ro s a n ivela da , por m eio do n ív e l d e bo lh a exist en t e n a ba se da


fe n d a d e le itu ra , du r a n t e a obser va çã o do a zim u t e do Sol.
F ig u ra 3.37 - Alid a d e Te le s c ó p ic a

A Alid a d e Te le s c ó p ic a é sem elh a n t e a u m Círc u lo Azim u ta l, por ém dispõe de u m a


lu n e ta te le s c ó p ic a c o m re tíc u lo , em vez do con ju n t o fe n d a d e v is a d a / m ira . Assim , a
imagem é a mpliada, melhorando a definição de objetos distantes para o observador. Um prism a
re fle t o r per m it e qu e seja m obser va dos sim u lt a n ea m en t e o objet o visa do e a m a r ca çã o
cor r espon den t e.

3.3.6 DESVIO DA GIRO

a. CORREÇÕES A INTRODUZIR NA GIROSCÓP ICA


As for ça s de pr ecessã o qu e, a u t om a t ica m et e, leva m a a gu lh a a o m er idia n o sã o va r iá veis
con for m e a la t it u de do lu ga r . P or est a r a zã o, u m a gir o t em sem pr e u m cor r et or de la t it u de
qu e, n os m odelos m a is a n t igos da s a gu lh a s gir oscópica s, deve ser coloca do e m a n t ido
m a n u a lm en t e n a posiçã o con ven ien t e. Adem a is a velocida de do n a vio pr ovoca u m er r o n a
gir óscópica , a lém da la t it u de e do r u m o. E xist e, por t a n t o, u m cor r et or de velocida de on de, n os
m odelos a n t igos, sã o in dr odu zidos m a n u a lm en t e a velocida de do n a vio e a la t it u de do lu ga r (o
r u m o é in t r odu zido a u t om a t ica m en t e pela pr ópr ia a gu lh a ).

b. DESVIOS DA GIRO
É possível qu e os er r os n ã o seja m a n u la dos com plet a m en t e ou qu e a a gu lh a n ã o
est eja fu n cion a n do em per feit a s con dições; o Ru m o in dica do, en t ã o, n ã o é o Ver da deir o e
sim o Ru m o da Gir oscópica (Rgi). N esse ca so, a lin h a 000º - 180º da a gu lh a for m a r ia , com
a dir eçã o do m er idia n o ver da deir o, u m â n gu lo, o Desvio da Gir oscópica (Dgi). O Dgi é E
qu a n do o zer o da r osa fica a E do m er idia n o ver da deir o e W qu a n do o zer o da r osa fica a W
do r efer ido m er idia n o. N ot e-se qu e a s ca u sa s do Dgi n a da t êm , em com u m , com a s Desvio
da Agu lh a Ma gn ét ica . O D g i é c o n s ta n te p a ra to d o s o s Ru m o s , a o p a s s o qu e o s D e s v i-
o s d a Ma g n é tic a v a ria m c o m o Ru m o . Se a ca u sa do Dgi n ã o for o er r o de la t it u de, ele
ser á o m esm a em pon t os difer en t es da su per ficie da Ter r a , en qu a n t o qu e isso n ã o su cede com

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 105


Ag u lh a s n á u tic a s ; c o n v e rs ã o d e ru m o s e m a rc a ç õ e s

os Desvios da Ma gn ét ica . O Desvio é det er m in a do com pa r a n do-se u m a Ma r ca çã o da Gir o com


u m a Ma r ca çã o Ver da deir a con h ecida , com a de u m a lin h a m en t o, ou pelo Azim u t e do Sol
(ou de ou t r o a st r o), qu e pode ser obt ido a t r a vés de t á bu a s a st r on ôm ica s a pr opr ia da s.
F ig u ra 3.38 - D e s v io d a a g u lh a g iro s c ó p ic a
Assim sen do, qu a n do se u sa u m a
Ag u lh a Gi ro s c ó p i c a , o D e s v i o (Dgi) é
defin ido com o o Ân g u lo e n t re o N o rt e
Ve rd a d e iro (o u Ge o g rá fic o ) e o N o rte
d a Ag u lh a , com o m ost r a do n a F igu r a 3.38.
F i g u r a 3 .3 9 - Ma r c a ç ã o v e r d a d e i r a e
m a rc a ç ã o d a g iro

Con for m e explica do, o D e s v io d a Giro (expr essã o n or m a lm en t e u sa da pa r a desig-


n a r o De svio da Agu lh a Giroscópica) é constante em todos os Rumos (deriva de
pequenos er r os in du zidos n o equ ipa m en t o pela velocida de do n a vio, la t it u de do lu ga r e ou -
t r os fa t or es). É im por t a n t e con h ecer o Dgi e levá -lo em con sider a çã o du r a n t e a n a vega çã o,
a o obser va r e plot a r Ru m o s e Ma rc a ç õ e s (F igu r a 3.39).

c. DETERMINAÇÃO DO DESVIO DA GIRO

O D e s v io d a Giro deve ser det er m in a do com a m a ior fr eqü ên cia possível, du r a n t e a


execu çã o da n a vega çã o.

d. MÉTODOS DE DETERMINAÇÃO DO DESVIO DA GIRO

EM N AVEGAÇÃO COS TEIRA OU EM ÁGU AS RES TRITAS


1. P o r a lin h a m e n to (com pa r a çã o da Ma rc a ç ã o d a Giro , obser va da n a Ag u lh a , com a
Ma rc a ç ã o Ve rd a d e i ra de u m a lin h a m en t o, obt ida da Ca rt a N á u t i c a ). É u m m ét odo
m u it o sim ples e pr eciso. Con diçã o essen cia l: os pon t os qu e con st it u em o a lin h a m en t o
devem est a r r epr esen t a dos n a Ca r t a Ná u t ica (F igu r a 3.40).

106 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Ag u lh a s n á u tic a s ; c o n v e rs ã o d e ru m o s e m a rc a ç õ e s

F ig u ra 3.40 - D e te rm in a ç ã o d o d e s v io d a g iro p o r a lin h a m e n to

2. Por marcação a um ponto distante (representado na Carta) a partir de uma posição conhecida.
3. Co m p a ra ç ã o d o Ru m o d a Giro c o m o n a v io a m a rra d o p a ra le lo a u m P ie r o u Ca is ,
c o m o Ru m o d o P ie r o u Ca is re tira d o d a Ca rta (m ét odo a pr oxim a do).
4. “Re d u ç ã o d o triâ n g u lo ”, a p ó s m a rc a r 3 o bje to s re p re s e n ta d o s n a Ca rta .
5. Co m p a ra ç ã o c o m o u tra Ag u lh a d o n a v io , d e D e s v io c o n h e c id o .

EM NAVEGAÇÃO ASTRONÔMICA
O D e s v io d a Giro é det er m in a do a t r a vés da obser va çã o do Azim u t e do Sol ou de ou t r o
a st r o, con for m e ser á est u do n o Ca pít u lo 31 (VOLUME II).

3.3.7 INSTALAÇÃO DA AGULHA GIROSCÓP ICA A


B ORD O; ACES S ÓRIOS D A AGU LHA
GIROS CÓP ICA

Com o o fu n cion a m en t o da gir o n ã o sofr e in flu ên cia dos fer r os de bor do, n os n a vios de
gu er r a ela é ger a lm en t e in st a la da em com pa r t im en t os in t er n os, pa r a m a ior pr ot eçã o em ca so
de com ba t e. Nos n a vios m er ca n t es e a u xilia r es, a Agu lh a Gir oscópica a n t er ior m en t e t a m bém
er a in st a la da em com pa r t im en t o pr ópr io. H oje, devido à s pequ en a s dim en sões do equ ipa m en t o,
sã o in st a la da s n o P a ssa diço.
Adem a is, m u it os n a vios possu em du a s Agu lh a s Gir oscópica s, u m a ser vin do com o “ba ck-
u p” da ou t r a . No qu e se r efer e a os a cessór ios da Agu lh a Gir oscópica , a lém da s já cit a da s
Re p e tid o ra s , con ven ien t em en t e dist r ibu ída s a bor do (n o P a ssa diço - Re p e tid o ra d e Go -
v e rn o , n a s Asa s do P a ssa diço, n o Tiju pá , n o Ca m a r im de Na vega çã o, n o CIC/COC, Com pa r -
t im en t o da Má qu in a do Lem e,et c.), cit a m -se os segu in t es:

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 107


Ag u lh a s n á u tic a s ; c o n v e rs ã o d e ru m o s e m a rc a ç õ e s

. p ilo to a u to m á tic o (g iro -p ilo to ); e


. re g is tra d o r d e ru m o s .
O p ilo to a u to m á tic o , ou Giro -P ilo to , é u m disposit ivo elét r ico ou , m oder n a m en t e,
elet r ôn ico, n o qu a l a ju st a -se o va lor do ru m o qu e se qu er segu ir , pa ssa n do o n a vio a ser
gover n a do a u t om a t ica m en t e. Um a obser va çã o im pot a n t e é qu e, est a n do o n a vio gover n a do
pelo piloto au tom átic o , deve-se exer cer u m a vigilâ n cia per m a n en t e sobr e a n a vega çã o e sobr e
o desem pen h o do equ ipa m en t o, qu e é su scept ível de fa lh a s, ca pa zes de t ir a r o n a vio do r u m o
a ju st a do, pr ovoca n do sit u a ções per igosa s. Mesm o com o Gir o-P ilot o oper a n do cor r et a m en t e,
u m a for t e cor r en t e in esper a da pode fa zer com qu e o n a vio a ba t a e se a fa st e da d e rro ta
p la n e ja d a . Adem a is, o p ilo to a u to m á tic o t a m bém n ã o r econ h ece a a pr oxim a çã o de ou t r os
n a vios em r u m o de colisã o.
F ig u ra 3.41 - Re g is tra d o r d e ru m o s

O re g is tra d o r d e ru m o s (F igu r a
3.41) m a n t ém u m r egist r o per m a n en t e, sob
for m a gr á fica , dos r u m os segu idos pelo n a -
vio, possibilit a n do, en t r e ou t r a s a plica ções,
ver ifica r o gr a u de a dest r a m en t o dos t im o-
n eir os e u m a r econ st it u içã o post er ior da
n a vega çã o.

3.3.8 D ETERMIN AÇÃO D O D ES VIO D A GIRO P OR


“RED U ÇÃO D O TRIÂN GU LO”
E st e é u m m ét odo in t er essa n t e de det er m in a çã o do d e s v io d a g iro, qu e va le a pen a ser
det a lh a do. Se n ã o se dispõe de u m a lin h a m e n to pa r a com pa r a çã o ou n ã o é possível det er m in a r
a posiçã o do n a vio por ou t r o m ét odo pa r a obt er o Dgi, pode-se u sa r o m ét odo de “re d u ç ã o d o
triâ n g u lo ”, a pós m a r ca r t r ês pon t os r epr esen t a dos n a Ca r t a .
P a r a em pr ego desse m ét odo, obser va m -se, com o n a vio pa r a do, a s m a r ca ções de 3 (ou
m a is) pon t os de t er r a e t r a ça m -se a s LDP pr odu zida s. Se a s 3 (ou m a is) LDP pr odu zida s
cr u za m -se em u m pon t o qu a n do in icia lm en t e plot a da s, o d e s v io d a g iro é zer o. Se for m a m u m
t r iâ n gu lo, exist e desvio. E n t ã o, som a m -se (ou su bt r a em -se, con for m e o ca so) in cr em en t os de
1º a t odos a s ma rca ções e repete-se a plota gem, a té qu e se “re du za o triâ n g u lo ” e a s m a rca ções
se cr u zem em u m pon t o. A cor r eçã o t ot a l a ssim a plica da a ca da u m a da s LDP é o d e s v io d a
g iro . Se a cor r eçã o t eve qu e ser su bt r a ída , odesvio é OE STE (W). Se t eve qu e ser som a da , o
desvio é LE STE (E ).

108 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Ag u lh a s n á u tic a s ; c o n v e rs ã o d e ru m o s e m a rc a ç õ e s

AP ÊN D ICE AO CAP ÍTU LO 3

COMP EN S AÇÃO D A AGU LHA


MAGN ÉTICA

1. CON CEITO; F REQÜ ÊN CIA D E


COMP EN S AÇÃO
Com pen sa çã o é a oper a çã o qu e t em por fim a n u la r ou r edu zir a va lor es m u it o pequ en os
(ger a lm en t e in fer ior es a 2 º ou 3º ), os Desvios da Agu lh a .
Um a Agu lh a n ã o com pen sa da a pr esen t a gr a ves in con ven ien t es:
a . Desvios gr a n des e m u it o difer en t es de pr oa pa r a pr oa ;
b. Desvios m u it o va r iá veis com o a der n a m en t o do n a vio e a la t it u de m a gn ét ica ;
c. F r a ca s est a bilida de e sen sibilida de.
A com pen sa çã o é leva da a efeit o pela in t r odu çã o n a a gu lh a de cor r et or es, con st it u ídos
por :
a . ím ã s per m a n en t es (ba r r a s) com a s ext r em ida des pin t a da s de ver m elh o (pólo n or t e) e a zu l
(pólo su l), qu e se in t r odu zem n o in t er ior da bit á cu la ;
b. com pen sa dor es do desvio qu a dr a n t a l, con st it u ídos por esfer a s (m u it o r a r a m en t e pla ca s e
cilin dr os) de fer r o doce, qu e sã o fixa dos ext er n a m en t e a u m e ou t r o la do da bit á cu la .
c. ba r r a de F lin der s, cilin dr o de fer r o doce in t r odu zido em u m t u bo de la t ã o fixa do ver t ica l-
m en t e à bit á cu la
Ao lon go da vida de u m n a vio é n ecessá r io r ea liza r n u m er osa s oper a ções de com pen sa -
çã o. A evolu çã o dest a s oper a ções pode r esu m ir -se da segu in t e for m a :
a . As a gu lh a s sã o su jeit a s a u m a pr im eir a oper a çã o de com pen sa çã o a pós est a r t er m in a da a
con st r u çã o do n a vio. Nessa oca siã o, n ã o exist em a in da elem en t os qu e per m it a m ca lcu la r o
com pr im en t o da ba r r a de F lin der s e, por isso, se r ecor r e a u m va lor a pr oxim a do ou se deixa
m esm o pa r a m a is t a r de a in t r odu çã o dest e cor r et or . A com pen sa çã o é, en t ã o, leva da a efeit o
u sa n do a pen a s im ã s per m a n en t es e com pen sa dor es do desvio qu a dr a n t a l. E fet u a -se, a ssim ,
u m a c o m p e n s a ç ã o p ro v is ó ria .
b. Logo qu e o n a vio fizer u m a via gem em qu e se desloqu e fr a n ca m en t e em la t it u de, é possível
leva r a efeito obser va ções de desvios que permitem ca lcu la r o comprimen to da ba r ra de F linders.
E st a s obser va ções sã o ger a lm en t e efet u a da s n o m a r , m a s a in t r odu çã o ou a r et ifica çã o do
com pr im en t o da ba r r a de F lin der s t em qu a se sem pr e lu ga r em u m por t o; qu a n do se in t r odu -
zir ou r et ifica r est e com pr im en t o, é n ecessá r io r et oca r a posiçã o dos cor r et or es r est a n t es. Diz-
se, en t ã o, qu e se levou a efeit o u m a c o m p e n s a ç ã o d e fin itiv a .
E n qu a n do n ã o t iver sido r ea liza da a com pen sa çã o defin it iva , os desvios, sobr et u do n a s
pr oa s E e W, va r ia m m u it o com a la t it u de m a gn ét ica e a s Agu lh a s n ã o ofer ecem por isso
gr a n de con fia n ça . Se u m n a vio fizer t oda a su a vida sem se desloca r su bst a n cia lm en t e em

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 109


Compensação da agulha magnética

la t it u de, n u n ca ch ega a ser possível efet u a r a com pen sa çã o defin it iva , o qu e n ã o t em , a liá s,
em t a is con dições, qu a lqu er in con ven ien t e.
Qu er u m a Agu lh a t en h a sido su jeit a à com pen sa çã o defin it iva , qu er à com pen sa çã o
pr ovisór ia , é n ecessá r io ver ifica r fr equ en t em en t e os Desvios e r et oca r a com pen sa çã o logo
qu e eles a t in ja m va lor es excessivos (m a ior es qu e 3º ). Det er m in a da s cir cu n st â n cia s podem
a lt er a r pr ofu n da e r a pida m en t e a m a gn et iza çã o dos n a vios, t or n a n do pr em en t e a n ecessida de
de det er m in a r n ova s Ta bela s de Desvios e r et oca r a com pen sa çã o. Apon t a m -se a s m a is
fr equ en t es:
a . gr a n des r epa r os ou a lt er a ções n a est r u t u r a do n a vio;
b. in st a la çã o ou a lt er a çã o de in st r u m en t os elét r icos ou de fer r o n a s im edia ções da Agu lh a ;
c. t r a n spor t e de ca r ga de n a t u r eza m a gn ét ica ;
d. pr olon ga da per m a n ên cia n a m esm a pr oa (em ca r r eir a s, a t r a ca do ou m esm o n a vega n do);
e. n a vio a t in gido por gr a n a da s, bom ba s, t or pedos ou fa ísca s a t m osfér ica s;
f. t ir o de a r t ilh a r ia ;
g. t r a t a m en t o de desm a gn et iza çã o com o defesa con t r a m in a s m a gn ét ica s.
A com pen sa çã o de u m a a gu lh a com pr een de n a pr á t ica a s segu in t es oper a ções.
. Cá lcu lo da ba r r a de F lin der s.
. Ca libr a gem , em t er r a , da ba la n ça de in clin a çã o.
. In speçã o da a gu lh a e dos cor r et or es.
. Rot a çã o do n a vio e coloca çã o da s ba r r a s e dos cor r et or es do desvio qu a dr a n t a l.

2. CALIBRAGEM, EM TERRA, DA BALANÇA


D E IN CLIN AÇÃO
Figura A3.1 -

A ba la n ça de in clin a çã o é u m in s-
t r u m en t o con st it u ído por u m a pequ en a
ca ixa (F igu r a A3.l) qu e con t ém u m a a gu -
lh a m a gn ét ica , su scept ível de se m over
livr em en t e n o pla n o ver t ica l, t en do ge-
r a lm en t e in dica da s, em a zu l e ver m e-
lh o, a s pola r ida des dos seu s ext r em os.
E m u m dos br a ços da a gu lh a est á m on -
t a do u m pequ en o peso, ca pa z de ser des-
loca d o e cu ja d is t â n cia a o ce n t r o é
in dica da por u m a esca la .

E m t er r a , em u m loca l livr e de in -
flu ên cia s m a gn ét ica s e em a lt u r a do solo

110 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Co m p e n s a ç ã o d a a g u lh a m a g n é tic a

n ã o in fer ior a 1m , o in st r u m en t o é coloca do de for m a qu e a a gu lh a fiqu e or ien t a da segu n do


o m er idia n o m a gn ét ico, com a ca ixa bem n ivela da e com o pólo ver m elh o a pon t a do pa r a o
n or t e. Desloca -se o con t r a peso sobr e o br a ço da a gu lh a a t é con segu ir qu e ela fiqu e em equ i-
líbr io em u m a posiçã o sen sivelm en t e h or izon t a l e a n ot a -se a dist â n cia a qu e o con t r a peso
ficou do cen t r o. N est a oper a çã o, elim in ou -se en t ã o o efeit o da in clin a çã o m a gn ét ica sobr e a
a gu lh a , por in t er m édio do con t r a peso. A ba la n ça est á ca libr a da e pr on t a pa r a ser leva da
pa r a bor do.

3. INSP EÇÃO DA AGULHA E DOS


CORRETORES
a . Ver ifica r a e s ta bilid a d e e s e n s ibilid a d e da Agu lh a . Obr iga r a Agu lh a a gir a r , a pr oxi-
m a n do dela , e a fa st a n do logo a segu ir , u m ím ã cor r et or , ver ifica r se a Agu lh a se desloca
livr em en t e e se r et om a r a pida m en t e a posiçã o in icia l. Se t a l n ã o su ceder , a Agu lh a n eces-
sit a de ser r epa r a da em u m a oficin a especia liza da (en ca m in h a r à DH N).
b. Ver ifica r se a c u ba est á com plet a m en t e ch eia e se n ã o exist em bolh a s de a r . Ca so con t r á -
r io, r et ir a r a a gu lh a da bit á cu la , a br ir o or ifício de en ch im en t o e in jet a r líqu ido (45% de
á lcool e 55% de á gu a dest ila da ) a t é a t est a r . Na s a gu lh a s esfér ica s, o flu ído é con st it u ído
por u m dest ila do fin o de pet r óleo, sem elh a n t e a o va r sol.
c. Ver ifica r se a lin h a d e fé est á r igor osa m en t e a pon t a da pa r a a pr oa . P r oceder a r ot a çã o da
cu ba ou da bit á cu la se for n ecessá r io.
d. Ver ifica r a a u sên cia de m a gn et iza çã o r esidu a l per m a n en t e n os cor r edor es de fer r o doce:
a pr oxim a r o m a is possível da Agu lh a os c o rre t o re s d o d e s v i o q u a d ra n t a l (esfer a s de
Ba r low) e r oda r su cessiva m en t e ca da u m deles; essa r ot a çã o n ã o deve pr ovoca r n a pr oa
da Agu lh a a lt er a çã o su per ior a 2º Com o n a vio a pr oa do, t a n t o qu a n t o possível, a E ou
W, in ver t er a posiçã o da ba r r a de F lin der s (pa ssa n do pa r a ba ixo a pa r t e qu e est a va em
cim a ); essa in ver sã o n ã o deve t a m bém pr ovoca r n a pr oa da Agu lh a a lt er a çã o su per ior a
2 Se a s a lt er a ções for em su per ior es a o va lor in dica do, a s peça s devem ser r edu zida s
(leva da s a o r u br o e deixa da s depois a r r efecer len t a m en t e), oper a çã o n or m a lm en t e r ea li-
za da n a DH N .

4. MANOBRAS COM O NAVIO

4.1 ADVERTÊNCIAS
Ao efet u a r a s m a n obr a s com o n a vio, pa r a efeit os de com pen sa çã o da Agu lh a , é n ecessá r io
t er em m en t e qu e:
a . Nã o é con ven ien t e r ea liza r a s m a n obr a s im edia t a m en t e depois de o n a vio t er est a do du -
r a n t e m u it o t em po n a m esm a pr oa . Ca so ist o ocor r a é r ecom en dá vel qu e o n a vio per m a n e-
ça 24 h or a s a m a r r a do à bóia ou fu n dea do, a n t es da com pen sa çã o.
b. Os ím ã s da Agu lh a e os cor r et or es exer cem en t r e si in flu ên cia s m u it o com plexa s; por est a
e por ou t r a s r a zões n ã o é ger a lm en t e possível, n a pr á t ica , con segu ir com u m a ú n ica oper a -
çã o obt er Desvios m u it o pequ en os, se eles er a m in icia lm en t e m u it o gr a n des, com o a con t ece

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 111


Compensação da agulha magnética

em u m n a vio n ovo ou em u m a Agu lh a em qu e a posiçã o dos cor r et or es est eja , por qu a lqu er
r a zã o, m u it o er r a da . Qu a n do os Desvios sã o m u it o gr a n des, é ger a lm en t e n ecessá r io pr oce-
der por a pr oxim a ções su cessiva s, execu t a n do pr im eir o u m a com pen sa çã o a pr oxim a da , pa r a ,
post er ior m en t e, leva r a efeit o ou t r a m a is r igor osa .
c. É sem pr e pr efer ível u sa r cor r et or es m a ior es ou em m a ior n ú m er o, bem a fa st a dos da a gu -
lh a , do qu e m en os pot en t es por ém m a is pr óxim os.
d. As gu in a da s devem ser feit a s va ga r osa m en t e e a s det er m in a ções de desvios só ser ã o
efet u a da s depois de o n a vio per m a n ecer 3 a 4 m in u t os n a m esm a pr oa .
e. As det er m in a ções de desvios n ã o devem ser feit a s m u it o pr óxim o de ou t r os n a vios (m en os
de 500 m et r os).
f. A ch a m in é deve est a r à t em per a t u r a h a bit u a l.

4.2 OP ERAÇÕES P RELIMIN ARES


An t es de in icia r a s m a n obr a s com o n a vio, é n ecessá r io:
a . Assegu r a r -se de qu e t odos os fer r os est ã o n a s posições qu e n or m a lm en t e ocu pa m em r egi-
m e de via gem e qu e o n a vio est á sem ba n da e sem t r im .
b. Abr ir a s por t a s da bit á cu la e a pr on t a r o m a t er ia l n ecessá r io (cor r et or es, m odelo DH N
0108, et c.).
c. E m se t r a t a n do da pr im eir a com pen sa çã o, coloca r os cor r et or es do desvio qu a dr a n t a l a
m eia dist â n cia ; ca so con t r á r io, m a n t ê-los n a s posições em qu e t in h a m fica do n a com pen sa -
çã o a n t er ior .
d. Ao in icia r a s r ot a ções do n a vio, iça r o sin a l OQ do Código In t er n a cion a l de Sin a is (cu jo
sign ifica do é “est ou com pen sa n do a s Agu lh a s ou ca libr a n do o Ra diogon iôm et r o”) e o sin a l
visu a l pr evist o n o RIP E AM pa r a em ba r ca çã o com m a n obr a r est r it a (ver Ca pít u lo 15).

4.3 GOVE RNO DO NAVIO DURANTE AS MANOBRAS


P a r a pr oceder à s com pen sa çã o é n ecessá r io a pr oa r o n a vio a vá r ios Ru m os da Agu lh a ,
oper a çã o qu e é dificu lt a da pelos m ovim en t os da r osa r esu lt a n t es do desloca m en t o dos cor r e-
t or es. Os m ét odos m a is em pr ega dos sã o:
a . Sen do possível gover n a r pela Gir oscópica , a dm it e-se qu e os Ru m os da Agu lh a e Ru m os
Ma gn ét icos sã o pr a t ica m en t e coin ciden t es depois de efet u a da a com pen sa çã o e gover n a -se
o n a vio n os Ru m os da Gir o cor r espon den t es n os Ma gn ét icos: R = Dec m g.
b. Nã o sen do possível gover n a r pela gir o, va i-se leva n do o n a vio a o Ru m o da Agu lh a por
a pr oxim a ções su cessiva s. Apr oa -se a det er m in a do Ru m o da Agu lh a ; det er m in a -se o Desvio
e in t r odu zem -se ou desloca m -se os cor r et or es; a r osa desloca -se; o n a vio gu in a pa r a a com -
pa n h a r esse desloca m en t o, o qu e pr ovoca a lt er a çã o n o Desvio. E fet u a -se n ova det er m in a -
çã o de Desvio, con seqü en t em en t e, desloca m en t o dos cor r et or es e gu in a da do n a vio. E a s-
sim su cessiva m en t e (m esm o qu e se t r a t e de u m a Agu lh a qu e a pr esen t e in icia lm en t e gr a n -
des desvios, em du a s ou , qu a n do m u it o, t r ês oper a ções, obt êm -se o r igor deseja do).

112 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Co m p e n s a ç ã o d a a g u lh a m a g n é tic a

5. COMPENSAÇÃO DE AGULHA MAGNÉTICA


P OR COMP ARAÇÃO
COM A GIRO
P a r a descr ever a com pen sa çã o pr opr ia m en t e dit a ser á det a lh a do a pen a s est e pr ocesso,
por ser o m a is u t iliza do a bor do dos n a vios.
Ba sica m en t e, a com pen sa çã o con sist e em a pr oa r o n a vio a os Ru m os Ma gn ét icos N, S, E
e W, m a n t en do os Ru m os pela Gir oscópica e fa zen do, por m eio dos cor r et or es, com qu e a
Agu lh a Ma gn ét ica in diqu e os Ru m os N, S, E e W m a gn ét icos, fica n do, por t a n t o, sem Desvios.
A DH N edit a u m m odelo (DH N -0104) qu e a p r es en t a t od o o p r oced im en t o pa r a
com pen sa çã o da Agu lh a Ma gn ét ica por com pa r a çã o com a Gir o.
É a con selh á vel qu e o qu a dr o “RUMOS” já est eja pr on t o a n t es de se in icia r a s m a n obr a s
com o n a vio e qu e seja n u m er a da a seqü ên cia de pr oa s a a dot a r du r a n t e a s m a n obr a s.

5.1 CORREÇÃO DO DESVIO DE BANDA - P RIMEIRA


P ROA
Com pen sa çã o do D e s v io d e B a n d a (Rm g E ou W).
a . Desloca -se o con t r a peso de ba la n ç a d e in c lin a ç ã o pa r a u m a dist â n cia do cen t r o d = 0.9
d (ou 0.8 d, se se t r a t a r de u m a Agu lh a in st a la da den t r o de com pa r t im en t o de a ço), sen do
d a dist â n cia qu e for a det er m in a da em t er r a (ver it em 2 - Ca libr a gem em t er r a da ba la n ça
de in clin a çã o).
b. Apr oa -se o n a vio a E ou W m a gn ét ico. Rem ove-se a Agu lh a da bit á cu la e leva -se a ba la n ça ,
or ien t a da segu n do o m er idia n o m a gn ét ico e com o pólo ver m elh o a pon t a do pa r a N, à posi-
çã o qu e er a ocu pa da pela Agu lh a n a bit á cu la .
Ger a lm en t e a a gu lh a da ba la n ça t om a r á u m a posiçã o in clin a da ; in t r odu zem -se ou des-
loca m -se os ím ã s c o rre to re s v e rtic a is (in s ta la d o s n o ba ld e ) a t é con segu ir qu e a a gu lh a
da ba la n ça se m a n t en h a equ ilibr a da n a posiçã o h or izon t a l. E st a m ovim en t a çã o do ba lde po-
der á ser feit a por t en t a t iva . E n t r et a n t o, se se deseja r u m a or ien t a çã o pr évia , pode-se con su l-
t a r o it em 5.4 a dia n t e, on de u m a t a bela in dica a m ovim en t a çã o dos cor r et or es pa r a a s sit u a -
ções qu e podem ocor r er .
Com a a gu lh a da ba la n ça de “in clin a çã o h or izon t a liza da , est á com pen sa do o D e s v io d a
B a n d a . Ret ir a -se a ba la n ça e r ecoloca -se a cu ba em seu lu ga r .

5.2 COMP ENSAÇÃO DO DESVIO SEMI-CIRCULAR


2 a P ROA - Vai-se ao Rm g N e com os ímãs transversais (e somente com eles), anula-se o Desvio
(en con t r a n do dificu lda des, con su lt e a t a bela do it em 5.4 a dia n t e).
3 a P ROA - Va i-se a o E m g (ou Wn g) e com os ím ã s lon git u din a is a n u la -se o Desvio en con t r a do
(a t a bela do it em 5.4 t a m bém poder ia a ju da r , se n ecessá r io).
4 a P ROA - Va i-se a o Sm g e, com os ím ã s t r a n sver sa is, t ir a -se a pen a s a m et a de do Desvio.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 113


Compensação da agulha magnética

5 a P ROA - Va i-se a o Wn g (r u m o opost o a o a dot a do n a 3 a P ROA) e com os ím ã s lon git u din a is


t ir a -se a m et a de do Desvio en con t r a do.

5.3 COMP EN S AÇÃO D O D ES VIO QU AD RAN TAL

6 a P ROA - Va i-se a u m a pr oa in t er ca r dea l (NE , SE , SW ou NW m a gn ét ico) qu a lqu er e,


m ovim en t a n do-se os cor r et or es do desvio qu a dr a n t a l (E sfer a s de Ba r low), a n u la -se o Desvio
en con t r a do.
7 a P ROA - Va i-se a u m a pr oa in t er ca r dea l a fa st a da de 90 o da a n t er ior , e, por m eio a in da dos
cor r et or es de desvio qu a dr a n t a l, t ir a -se a m et a de de Desvio.
E STÁ TE RMINADA A COMP E NSAÇÃO DA AGULH A.
A F igu r a A3.2, a o la do, a pr esen t a a s pa r t es do m odelo DH N 0104 qu e for a m pr een ch ida s
n a s m a n obr a s do n a vio.

5.4 OP ERAÇÕES A REALIZAR COM OS


CORRETORES D ES VIO D E B AN D A - 1 a P ROA -

BALAN ÇA DE IN CLI- AGULH A SE M AGULH A COM CORRE TORE S J Á COLOCADOS


N AÇ ÃO C O M O E X- CORRE TORE S
TRE MO VE RME LH O
Coloca r o pólo ver - Com o ver m elh o pa r a Desloca m en t o a efet u a r
m elh o pa r a
ba ixo a pr oxim a r
E LE VADO ba ixo
cim a a fa st a r
cim a ba ixo a fa st a r
ABAIXADO
cim a a pr oxim a r

Se a oper a çã o de a r r ia r o ba lde com os cor r et or es n ã o for su ficien t e pa r a a n u la r o


desvio, est e ser ã o t ot a l ou pa r cia lm en t e r et ir a dos. Se o desvio a in da su bsist ir , t er ã o de ser
in ver t idos.
Nã o é con ven ien t e qu e o ba lde fiqu e m u it o pr óxim o da a gu lh a ; é pr efer ível ca r r egá -lo
com m a ia or n ú m er o de cor r et or es, pa r a qu e seja possível m a n t ê-lo m a is a fa st a do.

DESVIO SEMI-CIRCULAR – 2a , 3a , 4a e 5a PROAS

ÍMÃS P ROA DE SVIO AGULH A SE M AGULH A COM CORRETORES


(Rm g) OBSERVADO CORRETORES J Á COLOCADAOS
Colocar o pölo
vermelho para

N E BE aproximar
TRANSVE RSAIS Vermelho a fa st a r
W BB aproximar Vermelho a fa st a r
para BB
S E BB aproximar para BE a fa st a r
W BE a fa st a r aproximar
LONGITUDINAIS E E VANTE aproximar a fa st a r
Vermelho Vermelho
W RÉ para a fa st a r aproximar
para RÉ
W E RÉ VANTE a fa st a r aproximar
W VANTE aproximar a fa st a r

114 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Co m p e n s a ç ã o d a a g u lh a m a g n é tic a

Figura A3-2 - Modelo DHN-0104 - Quadros preenchidos da Manobra do navio e operações


da compensação propriamente dita

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 115


Compensação da agulha magnética

Se a oper a çã o de m ovim en t a r os cor r et or es já exist en t es n ã o for su ficien t e pa r a a n u la r


ou r edu zir o desvio, ser á n ecessá r io a u m en t a r ou dim in u ir o seu n ú m er o, ou , a in da , in ver t er
a su a posiçã o.
Nã o é con ven ien t e qu e os cor r et or es fiqu em m u it o pr óxim os da a gu lh a ; é pr efer ível
a u m en t a r o seu n ú m er o pa r a qu e seja possível m a n t ê-los m a is a fa st a dos. Nã o colocá -los a
u m a dist â n cia in fer ior a o dobr o do seu com pr im en t o.
Os ír m ã s lon git u din a is sã o qu a se sem pr e in st a la dos em u m e ou t r o la dos da bit á cu la ,
sen do m u it o con ven ien t e qu e fiqu em sim et r ica m en t e dispost os.

DESVIO QUADRANTAL - 6ª e 7ª P ROAS

P ROAS DE SVIO DESLOCAMENTO


(Rmg) OBSERVADO DOS CORRETORES
NE e SN E a pr oxim a r
W a fa st a r
NW e SE E a fa st a r
W a pr oxim a r

É con ven ien t e qu e os cor r et or es fiqu em o m a is a fa st a do possível da a gu lh a , sen do


pr efer ível su bst it u í-los por ou t r os de m a ior es dim en sões do qu e a pr oxim á -los excessiva m en t e.
P or ou t r o la do, se os cor r et or es a o fim da com pen sa çã o est iver em n a s ext r em ida des dos
br a ços, pr ova velm en t e n a pr óxim a com pen sa çã o dever ã o ser su bst it u ídos por ou t r os m en or es.

6. CURVA DE DESVIOS RESIDUAIS


J á com pen sa da a a gu lh a , fa z-se u m gir o com plet o, pa r a n do n os Ru m os ca r dea is e
in t er ca r dea is e, com pa r a n do os va lor es dos Rm g com os Ra g, det er m in a m -se os Da g, oper a çã o
est a den om in a da Regu la m en t o da Agu lh a .
Ca so o n a vio possu a equ ipa m en t o Dega u ssin g, fa z-se t a m bém o r egu la m en t o com o
Dega u ssin g liga do.

7. BARRA DE FLINDERS
O com pr im en t o e a posiçã o da ba r r a de F lin der s devem ser det er m in a dos por cá lcu lo;
pa r a efet u a r est e cá lcu lo é, por ém , n ecessá r io qu e t en h a sido possível det er m in a r desvios n a s
pr oa s E e W m a gn ét ico em la t it u des ba st a n t e difer en t es.
E st e p r oblem a a fet a pr in cipa lm en t e os n a vios n ovos , oca siões em qu e u sa -se o
com pr im en t o já obt ido por cá lcu lo pa r a ou t r o n a vio da m esm a cla sse ou , n a fa lt a de qu a isqu er
elem en t os, deixa -se de u sa r a ba r r a de F lin der s a t é qu e h a ja con dições de efet u a r os cá lcu los.

116 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


A posição no mar; navegação costeira

A P OS IÇÃO N O MAR;
4 N AVEGAÇÃO
COS TEIRA

4 .1 P LAN EJ AMEN TO E TRAÇAD O D A


DERROTA
Nor m a lm en t e, n ã o se su spen de pa r a u m a via gem sem a n t es pr oceder -se a u m det a -
lh a do est u do da á r ea em qu e se va i n a vega r . Nest e est u do, den om in a do P la n e ja m e n to d a
D e rro ta , u t iliza m -se, en t r e ou t r os docu m en t os, os segu in t es:

1. Ca rta s N á u tic a s (de Es c a la s va r ia da s, desde Ca rta s Ge ra is , em pequ en a esca la e


cobr in do gr a n des á r ea s, a t é Ca r t a s de P e q u e n o s Tre c h o s , em e s c a la s g ra n d e s ,
d e s t i n a d a s à n a v e g a ç ã o c o s t e i r a , ou C a r t a s P a r t i c u l a r e s , d e p or t os ou
a pr oxim a ções);
2. Ro te iro s , Lis ta d e F a ró is e Lis ta d e Au x ílio s -Rá d io ;
3. Tá bu a s de Ma r és, Ca r t a s ou Tá bu a s de Cor r en t es de Ma r és;
4. Ca r t a s-pilot o;
5. Ca r t a s E specia is (Ca r t a s de Der r ot a s, Ca r t a s pa r a N a vega çã o Or t odr ôm ica – pa r a
gr a n des t r a vessia s);
6. Tá bu a s de Dist â n cia s;
7. Alm a n a qu e Ná u t ico e ou t r a s Tá bu a s Ast r on ôm ica s;
8. Ca t á logos de Ca r t a s e P u blica ções;
9. Avisos a os Na vega n t es;
10. Ma n u a is de Na vega çã o, et c.
Toda s est a s P u blica ções Ná u t ica s (ou P u blica ções de Au xílio à Na vega çã o) ser ã o
est u da da s det a lh a da m en t e n o Ca pít u lo 12.
Defin ida a D e rro ta , est a é, en t ã o, t r a ça da n a s Ca rta s N á u tic a s (t a n t o n a s Ca r t a s
de p e qu e n a e s c a la , com o n a s de g ra n d e e s c a la ). Após o Tra ç a d o d a D e rro ta , r egist r a m -
se os va lor es dos Ru m o s Ve rd a d e iro s e D is tâ n c ia s a n a vega r , en t r e os pon t os de in flexã o

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 117


A posição no mar; navegação costeira

da Der r ot a . Adem a is, é con ven ien t e a n ot a r , a o la do de ca da pon t o, o E TD / E TA (“E STI-


MATE D TIME OF DE P ARTURE / E STIMATE D TIME OF ARRIVAL”) pr evist o, ca lcu la do
com ba se n a v e lo c id a d e d e a v a n ç o , ou SOA (“SP E E D OF ADVANCE ”), est a belecida n a
fa se de P la n e ja m e n to d a D e rro ta . Com ist o, pode-se ver ifica r , du r a n t e a e x e c u ç ã o d a
d e rro ta , se o n a vio est á a dia n t a do ou a t r a sa do em r ela çã o a o pla n eja m en t o.
Além disso, o E n ca r r ega do de Na vega çã o deve pr epa r a r u m a Ta bela com os da dos
da der r ot a pla n eja da (coor den a da s dos pon t os da der r ot a , r u m os e dist â n cia s, E TD / E TA,
du r a çã o da s sin gr a du r a s e ou t r a s obser va ções r eleva n t es) e su bm et ê-la à a pr ova çã o do
Com a n da n t e, ju n t a m en t e com a s Ca r t a s Ná u t ica s m ost r a n do o t r a ça do da Der r ot a .
As F igu r a s 4.1 e 4.2 a pr esen t a m o t r a ça do (n a Ca r t a de Gr a n de Tr ech o, a o la do) e a
t a bela com os da dos de u m a der r ot a cost eir a , do Rio de J a n eir o a Na t a l.

F ig u ra 4.1 -

DERROTA DE: RIO DE JANEIRO PARA: NATAL SOA: 12 NÓS


PONTO COORDENADAS P/PROX. PONTO ETD/ETA ETE OBSERVAÇÕES
(DURAÇÃO
LAT. (S) LONG. (W) RUMO DIST. DO TRAJETO)
RIO xxx xxx RP 17.2’ 121600P FEV 02h 52m SOA = 6 NÓS
ALFA 23° 10.0’ 043° 06.0’ 090° 62.0’ 121852P FEV 05h 10m PARTIDA
BRAVO 23° 10.0’ 041° 58.0’ 048° 124.0’ 130002P FEV 10h 20m TRAVÉS CABO FRIO
CHARLIE 21° 45.0’ 040° 19.0’ 029° 263.0’ 131022P FEV 21h 55m NORTE SÃO TOMÉ
DELTA 17° 55.0’ 038° 06.0’ 003° 283.0’ 140817P FEV 23h 35m TRAVÉS ABROLHOS
ECHO 13° 16.0’ 037° 51.0’ 035° 378.0’ 150752P FEV 31h 30m PROX. SALVADOR
FOXTROT 08° 14.0’ 034° 13.0’ 348° 150.0’ 161522P FEV 12h 30m PROX. RECIFE
GOLF 05° 43.0’ 034° 45.0’ RP 20.0’ 170352P FEV 03h 20m SOA = 6 NÓS
NATAL xxx xxx xxx xxx 170712P FEV xxx xxx
TOTAL: 1297.2 TOTAL: 111h 12m 04d 15h 12m

NOTA: 1. ETE = “ESTIMATED TIME ENROUTE”(DURAÇÃO DO TRAJETO)


2. SOA = “SPEED OF ADVANCE” (VELOCIDADE DE AVANÇO)
3. RP = RUMOS PRÁTICOS

4 .2 CON CEITO D E LIN HA D E P OS IÇÃO


(LD P ); LD P U TILIZAD AS N A N AVE-
GAÇÃO COS TEIRA E N A N AVEGA-
ÇÃO EM ÁGU AS RES TRITAS
Du r a n t e a execu çã o da der r ot a , o n a vega n t e est á con st a n t em en t e fa zen do-se a s
segu in t es per gu n t a s: “qu a l é m in h a posiçã o a t u a l? P a r a on de est ou in do? Qu a l ser á m in h a
posiçã o n u m det er m in a do t em po fu t u r o?”. A det er m in a çã o de su a posiçã o e a plot a gem
dest a n a Ca r t a Ná u t ica con st it u em , n or m a lm en t e, os pr in cipa is pr oblem a s do n a vega n t e,

118 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


A posição no mar; navegação costeira

F ig u ra 4.2 -

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 119


A posição no mar; navegação costeira

a dvin do da í u m a sér ie de r a ciocín ios e cá lcu los, qu e dizem r espeit o a o ca m in h o per cor r ido
ou a per cor r er pelo n a vio e à decisã o sobr e os r u m os e velocida des a a dot a r .
P a r a d e te rm in a r a su a posiçã o, o n a vega n t e r ecor r e a o em pr ego da s Lin h a s d e
P o s iç ã o .
Ch a m a -se Lin h a d e P o s iç ã o (LDP ) a o lu ga r geom ét r ico de t oda s a s posições qu e o
n a vio pode ocu pa r , t en do efet u a do u m a cer t a obser va çã o, em u m det er m in a do in st a n t e.
As LDP sã o den om in a da s de a cor do com o t ipo de obser va çã o qu e a s or igin a m . Sen do
a ssim , podem ser :

• RE TAS DE MARCAÇÃO;
• RE TAS DE ALINH AME NTO;
• RE TAS DE ALTURA (OBSE RVAÇÃO ASTRONÔMICA);
• CIRCUNF E RÊ NCIA DE IGUAL DISTÂNCIA;
• CIRCUNF E RÊ NCIA DO SE GME NTO CAP AZ;
• LINH AS DE IGUAL P ROF UNDIDADE (ISOBATIMÉ TRICAS); e
• H IP É RBOLE S DE P OSIÇÃO (LDP E LE TRÔNICA).
Um a só Lin h a d e P o s iç ã o in dica r á a o n a vega n t e o lu ga r geom ét r ico da s m ú lt ipla s
posições qu e o n a vio poder á a ssu m ir em u m det er m in a do in st a n t e, fr u t o da obser va çã o
qu e efet u ou , m a s n ã o a su a posiçã o. P or exem plo, se for obser va do qu e, à s 10:32, o n a vio
est á à dist â n cia de 5 m ilh a s de u m a cer t a ilh a , o n a vega n t e sa ber á qu e, n esse in st a n t e, o
n a vio se en con t r a em a lgu m pon t o da cir cu n fer ên cia com cen t r o n a ilh a e r a io de 5 m ilh a s.
As LDP t êm for m a s geom ét r ica s difer en t es, de a cor do com a s obser va ções qu e lh es
der a m or igem . À exceçã o da s isoba t im ét r ica s, qu e podem a ssu m ir a s cu r va s m a is ca pr ich o-
sa s, a s LDP h a bit u a is t êm , ger a lm en t e, a s for m a s de r et a s ou cir cu n fer ên cia s, o qu e t or n a
o seu t r a ça do sobr e a ca r t a r á pido e sim ples.
Sã o a s segu in t es a s pr in cipa is LDP u t iliza da s n a n a vega çã o cost eir a e em á gu a s
r est r it a s:

F ig u ra 4.3 - Lin h a d e p o s iç ã o – a lin h a m e n to


a. LD P ALIN HAMEN TO (F igu r a 4.3).
É a L D P d e m a ior p r e cis ã o e n ã o
n eces s it a d e qu a lqu er in s t r u m en t o
pa r a ser obt ida , sen do det er m in a da
por obser va çã o visu a l dir et a , a olh o n u .
Con dições essen cia is:
• os dois pon t os qu e m a t er ia liza m o a li-
n h a m e n to devem ser bem defin idos,
cor r et a m en t e iden t ifica dos e est a r r e-
pr esen t a dos n a Ca r t a Ná u t ica ; e
• a a lt it u de do pon t o post er ior deve ser
m a ior qu e a do pon t o a n t er ior .

120 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


A posição no mar; navegação costeira

Além do seu u so n or m a l n a n a vega çã o, os a lin h a m en t os sã o m u it o u t iliza dos em


sin a liza çã o n á u t ica , pa r a in dica r a o n a vega n t e on de gover n a r , m a n t en do-se sa fo dos
per igos, especia lm en t e em ca n a is est r eit os.
Na F igu r a 4.3, à s 10:00 o n a vega n t e obser vou visu a lm en t e qu e est á n o a lin h a m en t o
TORRE – CÚP ULA. P ode-se, en t ã o, plot a r n a Ca r t a a LINH A DE P OSIÇÃO cor r espon den t e
e, t a m bém , a fir m a r qu e o n a vio, n a qu ele in st a n t e, est a r á sobr e a LDP t r a ça da (pr olon -
ga m en t o da r et a qu e u n e os dois pon t os). Da m esm a for m a , obser va do à s 12:43 o a lin h a m en t o
F AROLE TE “A” – F AROLE TE “B”, pode-se t r a ça r n a Ca r t a a LDP m ost r a da n a F igu r a ,
sobr e a qu a l est a r á o n a vio n o m om en t o da obser va çã o.

F ig u ra 4.4 - Lin h a d e p o s iç ã o – re ta d e m a rc a ç ã o

b. LD P MARCAÇÃO VIS U AL (F igu r a


4.4)
• É , t a lvez, a LD P m a is u t iliza da em
n a vega çã o cos t eir a e em á gu a s r es -
t r it a s.
• P r e c a u ç ã o : s ó s e t r a ça m n a Ca r t a
m a r c a ç õ e s v e r d a d e i r a s . Com o a s
m a r ca ções sã o obser va da s a t r a vés do
u so de Ag u lh a s , é n ecessá r io con si-
der a r sem pr e o D e s v io d a Ag u lh a e
a D e c lin a ç ã o Ma g n é tic a , n o ca so de
ser u t iliza da Ag u lh a Ma g n é tic a , ou
o D e s v i o d a Gi ro , qu a n do a s m a r -
ca ções sã o obt ida s n a r epet idor a da
Ag u lh a Giro s c ó p ic a .
• Tr a ça -se a Re ta d e Ma rc a ç ã o a pen a s n a s pr oxim ida des da P o s iç ã o Es tim a d a do
n a vio (ou em ba r ca çã o), pa r a pou pa r a Ca rta N á u tic a . Se t oda s a s m a r ca ções obser va -
da s fossem pr olon ga da s a t é o objet o m a r ca do, a Ca r t a fica r ia logo su ja e o t r ech o em
t or n o de u m objet o n ot á vel pr ova velm en t e in u t iliza do (F igu r a 4.5)

F ig u ra 4.5 (a ) - Ex e m p lo d e la n ç a m e n to d e F ig u ra 4.5 (b) - Ex e m p lo d e la n ç a m e n to


LD P n a c a rta (in c o rre to ) d e LD P n a c a rta (c o rre to )

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 121


A posição no mar; navegação costeira

F ig u ra 4.6 - Lin h a d e p o s iç ã o – d is tâ n c ia

c. L D P C I R C U N F E R Ê N C I A D E
IGU AL D IS TÂN CIA (F igu r a 4.6)
• Tr a ça -se n a Ca r t a a LDP D is tâ n c ia
com o com pa sso (a ju st a do n a Es c a la
d e La titu d e s da Ca r t a , com u m a a ber -
t u r a igu a l à dist â n cia m edida ), com
cen t r o n o objet o pa r a o qu a l se det er -
m in ou a dist â n cia .
• Ta l com o n o ca so da Re ta d e Ma rc a -
ç ã o , n or m a lm en t e t r a ça -se a pen a s o
t r ech o da Circ u n fe rê n c ia d e Ig u a l
D is t â n c ia sit u a do n a s pr oxim ida des
da P o s i ç ã o E s t i m a d a do n a vio (ou
em ba r ca çã o).

d. LD P LIN HA D E IGU AL P ROF U N D ID AD E (IS OB ATIMÉTRICA OU IS OB ÁTICA)

• Qu a n do é m edida u m a pr ofu n dida de a bor do, fica defin ida u m a LINH A DE P OSIÇÃO,
pois pode-se dizer qu e o n a vio est a r á em a lgu m pon t o da IS OB ATIMÉTRICA (LINH A
DE IGUAL P ROF UNDIDADE ) cor r espon den t e à pr ofu n dida de obt ida .
• A IS OB ATIMÉTRICA é u m a LDP a pr oxim a da , m a s qu e t em gr a n de em pr ego com o
LD P D E S EGU RAN ÇA, pa r a se evit a r á r ea s per igosa s (a pr ofu n dida de lim it e pode,
in clu sive, ser a ju st a da n o a la r m e do ecoba t ím et r o).
• O em pr ego da IS OB ATIMÉTRICA com o LDP só t em va lor r ea l em á r ea s on de o r elevo
su bm a r in o é bem defin ido e a pr esen t a va r ia çã o r egu la r .

F ig u ra 4.7 -

N a F igu r a 4.7, por exem plo, se o


n a v i o s on d ou 2 0 m e t r os e m u m
d et er m in a d o in s t a n t e, ele es t á , n es s e
in st a n t e, sobr e a IS OB ATIMÉ TR ICA
D E 20 METROS , r epr esen t a da n a Ca r t a
Ná u t ica da á r ea .
Qu a n d o s e u t iliza u m a LIN H A
D E IGU AL P R OF U N D ID AD E com o
LDP , con vém u sa r sem pr e u m a qu e con st e
da Ca r t a Ná u t ica n a qu a l se n a vega .
Além disso, a o u t iliza r IS OB ATI-
MÉ T R I C AS é i n d i s p e n s á v e l t e r e m
m en t e qu e:

122 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


A posição no mar; navegação costeira

• Os ecoba t ím et r os in dica m , m u it a s vezes, o fu n do a ba ixo da qu ilh a ; pa r a obt er a pr ofu n -


dida de r ea l, n esse ca so, é n ecessá r io som a r o ca la do do n a vio a o va lor in dica do pelo
equ ipa m en t o; e
• Qu a n do se deseja r m a ior pr ecisã o, ser á n ecessá r io r edu zir a pr ofu n dida de obt ida a o
Nível de Redu çã o da Ca r t a , su bt r a in do da m esm a a a lt u r a da m a r é n o in st a n t e da m ediçã o
da pr ofu n dida de (ver Ca pít u lo 10 – MARÉ S E CORRE NTE S DE MARÉ ).

F ig u ra 4.8 -
e. LD P S E GME N TO CAP AZ (F igu r a
4.8)
A ob s e r v a çã o d o  N G U L O
H O R I ZO N T A L e n t r e d oi s p on t os
n ot á v e i s , r e p r e s e n t a d os n a C a r t a ,
per m it e o t r a ça do de u m a LDP , qu e ser á
u m a ci r cu n fe r ê n ci a (S E G M E N T O
CAP AZ) qu e pa ssa pelos dois pon t os e
s ob r e a q u a l s e a ch a o n a v i o (ou
em ba r ca çã o).
O t r a ça do do SE GME NTO CAP AZ
e a det er m in a çã o e plot a gem da p o s iç ã o
p o r s e g m e n to s c a p a ze s ser ã o
e s t u d a d os a d i a n t e , n e s t e m e s m o
Ca pít u lo.
4.3 DETERMINAÇÃO DA P OSIÇÃO NO
MAR
Um a só Lin h a d e P o s iç ã o con t ém a posiçã o do n a vio, por ém n ã o a defin e. P a r a
d e te rm in a r a p o s iç ã o , é n ecessá r io cr u za r du a s ou m a is lin h a s de posiçã o, do m esm o
t ipo ou de n a t u r eza s difer en t es.
As du a s ou m a is LDP podem ser obt ida s de obser va ções sim u lt â n ea s de dois ou m a is
pon t os de t er r a bem defin idos n a Ca r t a , ou de obser va ções su cessiva s de u m m esm o pon t o,
ou de pon t os dist in t os (con for m e explica do n o Ca pít u lo 6).
A bor do, a s obser va ções sã o feit a s, ger a lm en t e, por u m só obser va dor . Desse m odo,
obser va ções de dois ou m a is pon t os n ã o podem , t eor ica m en t e, ser con sider a da s sim u lt â n ea s.
Con t u do, n a pr á t ica , t a is obser va ções sã o a ceit a s com o sim u lt â n ea s e, por isso, t odo esfor ço
deve ser feit o pa r a qu e o in t er va lo de t em po en t r e ela s seja o m ín im o possível.
O posicion a m en t o do n a vio (ou em ba r ca çã o) em n a vega çã o cost eir a ou em á gu a s
r est r it a s é n or m a lm en t e obt ido por u m dos m ét odos in dica dos a segu ir . A escolh a do m ét odo
m a is con ven ien t e depen de, en t r e ou t r os, dos segu in t es fa t or es:

a. m eios de qu e o n a vio (ou em ba r ca çã o) dispõe;


b. pr ecisã o r equ er ida (qu e depen de, por su a vez, da dist â n cia da cost a ou do per igo m a is
pr óxim o); e
c. n ú m er o de pon t os n ot á veis dispon íveis (e r epr esen t a dos n a Ca r t a ) pa r a obser va çã o vi-
su a l ou iden t ificá veis pelo r a da r .

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 123


A posição no mar; navegação costeira

4.3.1 MÉTOD OS P ARA D ETERMIN AÇÃO D A P OS IÇÃO

a. P OS IÇÃO P OR D U AS MARCAÇÕES VIS U AIS (S IMU LTÂN EAS )

F ig u ra 4.9 - P o s iç ã o d e te rm in a d a p o r d u a s m a rc a ç õ e s v is u a is

Mesm o qu e seja a pen a s u m obser va dor


det er m in a n do a s du a s LDP , ela s poder ã o
s er con s id er a d a s “s im u lt â n ea s ”, d es d e
qu e o in t er va lo d e t em p o en t r e a s
obser va ções seja o m ín im o possível.

Qu a n do u m a posiçã o é det er m in a da por


LDP sim u lt â n ea s, a s Lin h a s de P osiçã o
n ã o n e ce s s it a m s e r in d ivid u a lm e n t e
id e n t ifica d a s , r ot u la n d o-s e a p e n a s a
posiçã o, com a h o ra e o o d ô m e tro cor -
r e s p on d e n t e s , con for m e m os t r a d o n a
F igu r a 4.9.

b. P OS IÇÃO D E TE R MIN AD A P OR ALIN H AME N TO E MAR CAÇÃO VIS U AL


(F i g u ra 4.10)

F ig u ra 4.10 - P o s iç ã o d e te rm in a d a p o r a lin h a m e n to e m a rc a ç ã o v is u a l

É , t a m bém , u m a com bin a çã o d e LDP


b a s t a n t e e m p r e g a d a n a p r á t i ca d a
n a vega çã o cost eir a ou em á gu a s r est r it a s.

Ofer ece a lgu m a s va n t a gen s es p ecia is ,


t a is com o b oa p r e cis ã o e o fa t o d e o
a lin h a m en t o n ã o n ecessit a r de qu a lqu er
in s t r u m e n t o p a r a s u a ob s e r va çã o. O
n a vega n t e deve est u da r a Ca r t a Ná u t ica
e o Rot eir o da r egiã o, bu sca n do iden t ifica r
os a lin h a m en t os qu e podem ser u t iliza dos
pa r a o posicion a m en t o do seu n a vio.

124 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


A posição no mar; navegação costeira

c. P OS IÇÃO D ETERMIN AD A P OR MARCAÇÃO E D IS TÂN CIA D E U M MES MO


OB J E TO (F i g u ra 4.11)

F ig u ra 4.11 - P o s iç ã o d e te rm in a d a p o r m a rc a ç ã o e d is tâ n c ia d e u m m e s m o o bje to

Mét odo qu e pr odu z bon s r esu lt a -


dos, pois a s du a s LDP cor t a m -se n u m â n -
gu lo de 90°, o qu e con st it u i con diçã o fa -
vor á vel. É especia lm en t e in dica do qu a n do
se com bin a m u m a m a rc a ç ã o v i s u a l e
u m a d i s t â n c i a ra d a r a u m m esm o
ob je t o, p oi s a m b os t i p os d e L D P
a pr esen t a m boa pr ecisã o.

d. P OS IÇÃO D ETERMIN AD A P OR MARCAÇÃO D E U M OB J ETO E D IS TÂN CIA


D E OU TR O (F i g u ra 4.12)

F ig u ra 4.12 - P o s iç ã o d e te rm in a d a p o r m a rc a ç ã o d e u m o bje to e d is tâ n c ia d e o u tro

Mét odo em pr ega do qu a n do n ã o é


possível obt er a m a rc a ç ã o e a d is tâ n c ia
de u m m esm o objet o. Na F igu r a 4.12, por
exem plo, a TORRE “A”, em bor a n ot á vel
e bem defin ida pa r a u m a m a rc a ç ã o v i-
s u a l, est á in t er ior iza da e sit u a da em u m
loca l qu e n ã o pr odu zir ia u m a boa d is tâ n -
c ia ra d a r, o qu e se obt ém , en t ã o, da La je
P r et a .
O pon t o obt ido por m a r ca çã o de
u m objet o e dist â n cia de ou t r o t em m en or
con sist ên cia qu e a posiçã o por m a r ca çã o
e dist â n cia de u m m esm o objet o, pois a s
LDP n ã o sã o per pen dicu la r es.

4.3.2 P OSIÇÃO P OR DUAS LDP – P OSSIBILIDADE DE


AMBIGÜIDADE
A posiçã o det er m in a da por a pen a s du a s LDP pode con du zir a u m a a m bigü ida de (ver
F igu r a 4.13). P or isso, sem pr e qu e possível, é con ven ien t e obt er u m a t er ceir a LDP , qu e
elim in a r á qu a lqu er possibilida de de a m bigü ida de, com o m ost r a do n a s F igu r a s 4.14 e 4.15.
Con for m e cit a do, n a s posições det er m in a da s por in t er seções de LDP con sider a da s
sim u lt â n ea s, a s Lin h a s de P osiçã o n ã o sã o in dividu a lm en t e r ot u la da s, iden t ifica n do-se
a pen a s a p o s iç ã o , com a h o ra e o o d ô m e tro cor r espon den t es (ver F igu r a s 4.14 e 4.15).

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 125


A posição no mar; navegação costeira

F ig u ra 4.13 - P o s iç ã o p o r in te rs e ç ã o d e d u a s LD P – p o s s ibilid a d e d e a m big ü id a d e

F i g u ra 4.14 - P o s i ç ã o d e t e rm i n a d a p o r t rê s Figu ra 4.15 - De te rm in ação da posição por


m a rc a ç õ e s v is u a is trê s d is tâ n c ia s

4.3.3 OUTROS MÉTODOS DE DETERMINAÇÃO DE


P OSIÇÃO
Além dos m ét odos a n t er ior es, m a is com u n s, ou t r os podem ser u t iliza dos pa r a det er -
m in a çã o da posiçã o em n a v e g a ç ã o c o s te ira ou , a lgu n s deles, a t é m esm o em n a v e g a ç ã o
e m á g u a s re s trita s , t a is com o:

126 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


A posição no mar; navegação costeira

a. P OS IÇÃO P OR MARCAÇÃO E P ROF U N D ID AD E (F ig u ra 4.16)

F ig u ra 4.16 - P o s iç ã o p o r m a rc a ç ã o e p ro fu n d id a d e
E m bor a pou co pr eciso, pode for n e-
cer u m pon t o r a zoá vel, n a fa lt a de ou t r a s
a lt er n a t iva s. É con ven ien t e escolh er u m a
pr ofu n dida de cor r espon den t e a u m a da s
isoba t im ét r ica s r epr esen t a da s n a Ca r t a .
Além disso, m elh or es r esu lt a dos sã o ob-
t idos qu a n do a m a r ca çã o cor t a a isoba t i-
m é t r i ca o m a i s p e r p e n d i cu l a r m e n t e
possível.
Na F igu r a 4.16, o n a vio m a r cou o
fa r ol a os 262° e, sim u lt a n ea m en t e, son -
dou 20 m et r os com o ecoba t ím et r o. A po-
siçã o est a r á n a in t er seçã o da r et a de m a r -
ca çã o com a isoba t im ét r ica de 20 m et r os,
r epr esen t a da n a Ca r t a .
b. P OS ICION AME N TO E LE TR ÔN ICO
H á diver sos s is te m a s d e p o s ic io n a m e n to e le trô n ic o ca pa zes de for n ecer a o n a -
vega n t e o r igor e a r a pidez exigidos pela n a v e g a ç ã o c o s te ira . E n t r e eles cit a m -se o LO-
RAN C, o DE CCA e o SISTE MA DE NAVE GAÇÃO P OR SATÉ LITE GP S (“GLOBAL P O-
SITIONING SYSTE M”) qu e, especia lm en t e n a su a for m a Difer en cia l (DGP S), pode pr opor -
cion a r a pr ecisã o r equ er ida a t é m esm o pa r a n a v e g a ç ã o e m á g u a s re s trita s . Ta is sist em a s
ser ã o est u da dos n o VOLUME II dest e Ma n u a l.
c. P OS IÇÃO P OR S EGMEN TOS CAP AZES
Mét odo ba st a n t e pr eciso, qu e ser á est u da do a segu ir .

4.4 P OSIÇÃO P OR SEGMENTOS


CAP AZES : U S O D O S EXTAN TE N A
N AVEGAÇÃO COS TEIRA

4 .4 .1 OBSERVAÇÃO E TRAÇADO DA LDP SEGMENTO


CAPAZ
Obser va n do-se com o sext a n t e o â n g u lo h o rizo n ta l (α) en t r e dois pon t os (M e F n a
F igu r a 4.17), fica defin ida u m a LDP qu e é o lu ga r geom ét r ico dos pon t os qu e obser va m o
segm en t o MF segu n do o a n gu lo α. Ta l LDP é o s e g m e n to c a p a z desse â n gu lo, ou seja , a
cir cu n fer ên cia de cen t r o O, sit u a do n a per pen dicu la r a m eio de MF e de r a io OF , de m odo
qu e o â n gu lo MOF seja igu a l a 2α.
Assim , se, n u m det er m in a do in st a n t e, o n a vega n t e obser va r o â n g u lo h o rizo n ta l
α en t r e os pon t os M e F (bem defin idos e r epr esen t a dos n a Ca r t a Ná u t ica ), o n a vio poder á
ocu pa r qu a lqu er posiçã o sobr e o s e g m e n to c a p a z det er m in a do (por exem plo: A, B ou C
n a F igu r a 4.17).

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 127


A posição no mar; navegação costeira

F ig u ra 4.17 - LD P S e g m e n to Ca p a z F ig u ra 4.18 - Tra ç a d o d o S e g m e n to Ca p a z

O t r a ça do de u m s e g m e n to c a p a z é r ela t iva m en t e sim ples. Su pon h a -se qu e foi


obser va do u m â n gu lo de 30° en t r e os pon t os M e F (F igu r a 4.18). P a r a t r a ça r a LDP
(segm en t o ca pa z) segu e-se o pr ocedim en t o a ba ixo:

a. Tr a ça r a per pen dicu la r a m eio, en t r e M e F ;


b. Ma r ca r , com u m t r a n sfer idor , a pa r t ir de M (ou de F ), u m â n gu lo de 60° (90° - α) e
pr olon ga r a lin h a obt ida a t é in t er cept a r a per pen dicu la r a m eio de MF . Se o â n gu lo
m edido fosse m a ior qu e 90°, o â n gu lo m a r ca do a pa r t ir de M (ou de F ) ser ia a - 90°);
c. O pon t o O, a ssim obt ido, ser á o cen t r o do s e g m e n to c a p a z de 30° e a cir cu n fer ên cia do
segm en t o ca pa z poder á ser t r a ça da n a Ca r t a .
O s e g m e n to c a p a z é u m a LDP m u it o r igor osa , desde qu e seja m gu a r da dos cer t os
cu ida dos n a obser va çã o, qu a is seja m :
1. Os pon t os visa dos devem ser pr óxim os a o h or izon t e (ba ixa a lt it u de) e n ã o deve exist ir
difer en ça de a lt it u de a pr eciá vel en t r e eles.
Na r ea lida de, o qu e se m ede com o sext a n t e n ã o é o â n g u lo h o rizo n ta l, m a s sim a
d is tâ n c ia a n g u la r (â n g u lo in c lin a d o ) en t r e os pon t os (F igu r a 4.19). E n t r et a n t o, a
plot a gem n a Ca r t a é feit a com o se o â n gu lo m edido t ivesse sido o â n gu lo h or izon t a l. Se
os pon t os visa dos for em de gr a n de a lt it u de, ou se difer ir em m u it o em a lt it u de, a difer en ça
en t r e o â n g u lo in c lin a d o e o â n g u lo h o rizo n ta l ser á r eleva n t e, in t r odu zin do u m
er r o sign ifica t ivo n a LDP plot a da (ver F igu r a 4.20).
2. O â n gu lo m edido n ã o deve ser in fer ior a 30°. Ân gu los m en or es con du zem a er r os (n a
plot a gem da LDP ), qu e sã o t a n t o m a ior es qu a n t o m en or for o â n gu lo m edido. Com o
r egr a , n ã o se deve obser va r â n gu los h or izon t a is a u m a dist â n cia su per ior a cer ca de 2,5
vezes a dist â n cia en t r e os pon t os visa dos. Se est a r egr a for segu ida , o â n gu lo n ã o ser á
in fer ior a 30°.

128 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


A posição no mar; navegação costeira

F ig u ra 4.19 - Me d iç ã o d e S e g m e n to Ca p a z – F ig u ra 4.20 - Me d iç ã o d e S e g m e n to Ca p a z –
e rro c a u s a d o p e la d ife re n ç a d e a ltitu d e d o s e rro c a u s a d o p e la a ltitu d e d o s p o n to s
p o n to s

3. O er r o in st r u m en t a l do sext a n t e deve ser a plica do à s leit u r a s obt ida s (ver Ca pít u lo 23,
VOLUME II).

4 .4 .2 DETERMINAÇÃO E P LOTAGEM DA P OSIÇÃO


P OR SEGMENTOS CAP AZES
F ig u ra 4.21 - U s o d o s e x ta n te n a m e d iç ã o d o s S e g m e n to s Ca p a ze s
A com bin a çã o de dois s e g m e n to s
c a p a z e s , m e d id os e n t r e t r ê s p on t os ,
sen do u m deles (p o n to c e n tra l) com u m
a os dois â n gu los obser va dos, for n ece a
p os içã o d o n a vio com eleva d o gr a u d e
pr ecisã o.
A t écn ica é a segu in t e: a bor do, do
m esm o p o n to n o n a v io , devem ser m e-
didos (sim u lt a n ea m en t e ou , n a im possi-
bilida de de fa zê-lo, com o m en or in t er va lo
de t em po possível en t r e a s obser va ções)
dois â n g u lo s h o ri z o n t a i s (com o s e x -
ta n te ), en t r e t r ês pon t os, sen do o p o n to
c e n t r a l com u m a os d oi s â n g u l os
obser va dos (ver F igu r a 4.21).

F ica m , en t ã o, defin idos 2 s e g m e n to s c a p a ze s , qu e se cr u za m n o p o n to c e n tra l e


em ou t r o pon t o, qu e defin e a posiçã o do n a vio (ou em ba r ca çã o), con for m e m ost r a do n a
F igu r a 4.22.
P a r a plot a gem da p o s i ç ã o p o r s e g m e n t o s c a p a z e s podem ser u t iliza dos t r ês
pr ocessos. O pr im eir o deles, m u it o pou co em pr ega do, con sist e em t r a ça r os segm en t os
ca pa zes pelo m ét odo gr á fico a n t er ior m en t e expost o.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 129


A posição no mar; navegação costeira

F ig u ra 4.22 - P o s iç ã o p o r S e g m e n to s Ca p a ze s

O segu n do pr ocesso, m a is r á pido e


n or m a lm en t e o pr efer ido a bor do, u t iliza
o e s t a c i ó g ra fo , in st r u m en t o específico
pa r a est a fin a lida de.

Figu ra 4.23 - Estaciógrafo

O e s ta c ió g ra fo , com o m ost r a a F i-
gu r a 4.23, con sist e, su cin t a m en t e, de u m
cír cu lo gr a du a do qu e dispõe de t r ês r é-
gu a s ir r a dia n do do cen t r o. A r égu a cen -
t r a l é fixa , det er m in a o cen t r o do cír cu lo
e pa ssa pelo zer o da gr a du a çã o do m esm o
qu e, ger a lm en t e, é m a r ca do de ½ em ½
gr a u , de 0 a 180° pa r a ca da la do dessa
r égu a . As ou t r a s du a s r égu a s sã o m óveis,
dispõem de bot ões de pr essã o pa r a t r a vá -
la s em qu a lqu er gr a du a çã o do cír cu lo e
sã o m u n ida s, a in da , de ver n ier s ou pa r a -
fu sos m icr om ét r icos.

F ig u ra 4.24 - P lo ta g e m c o m Es ta c ió g ra fo d e Ta m bo r

In t r odu zidos os â n gu los m edidos, coloca -se o in st r u m en t o sobr e a ca r t a e, por t en t a -


t iva s, pr ocu r a -se t a n gen cia r , com a s r égu a s, os pon t os A, B e C, com o m ost r a a F igu r a 4.24.
F eit o isso, m a r ca -se com u m lá pis, n o cen t r o do cír cu lo, pon t o O, qu e r epr esen t a a posiçã o
do n a vio.

130 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


A posição no mar; navegação costeira

A plot a gem com ou t r o t ipo de est a ciógr a fo (de plá st ico) é m ost r a da n a F igu r a 4.25.

F ig u ra 4.25 - P lo ta g e m c o m Es ta c ió g ra fo

Figu ra 4.26 - Estac iógrafo de Fortu n a

O t er ceir o pr ocesso, a dot a do qu a n -


do n ã o se dispõe de u m est a ciógr a fo e n ã o
se deseja u sa r o m ét odo gr á fico, é im pr o-
visa r o ch a m a do E STACIÓGRAF O DE
F ORTUNA, qu e con sist e de u m a folh a de
pa pel t r a n spa r en t e on de se t r a ça m os dois
â n gu los m edidos (com u m t r a n sfer idor ou
u sa n do a r osa de r u m os da Ca r t a ) e, colo-
ca n do-se a folh a t r a n spa r en t e com os dois
â n gu los t r a ça dos sobr e a Ca r t a , pr ocu r a -
se fa zer a coin cidên cia da s t r ês visa da s
com os t r ês objet os obser va dos, à sem e-
lh a n ça do qu e é feit o com o est a ciógr a fo
p r op r ia m en t e d it o. A p os içã o d o n a vio
est a r á n o vér t ice com u m a os dois â n gu los t r a ça dos (pon t o “O”, n a F igu r a 4.26).

4.4.3 CUIDADOS NA ESCOLHA DOS OBJ ETOS


VISADOS
Ao selecion a r qu a is os objet os qu e ser ã o visa dos, o n a vega n t e deve pr eca ver -se pa r a
evit a r a escolh a de t r ês pon t os qu e est eja m sobr e u m a cir cu n fer ên cia qu e pa sse t a m bém
pela posiçã o do n a vio, pois, n esse ca so, a posiçã o ser á in det er m in a da , ist o é, qu a lqu er
pon t o da cir cu n fer ên cia a t en der á a os dois â n gu los obser va dos (F igu r a 4.27).

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 131


A posição no mar; navegação costeira

Figu ra 4.27 - Circu n fe rê n cia de in de te rm in ação

As con dições fa vor á veis pa r a evit a r


qu e ist o a con t eça sã o:
a. os t r ês pon t os est a r em em lin h a re ta
ou pr óxim o disso (F igu r a 4.28); n esse
ca s o, a c irc u n fe rê n c ia de
in d e te rm in a ç ã o t em r a io in fin it o e a s
posições sã o sem pr e defin ida s.

F ig u ra 4.28 - Trê s p o n to s e m lin h a re ta

F ig u ra 4.29 - Circ u n fe rê n c ia d e in d e te rm in a ç ã o c o m a c o n v e x id a d e p a ra o o bs e rv a d o r
b. o p o n to c e n tra l est a r m a is pr óxim o
a o n a vio qu e os dem a is (F igu r a 4.29);
n e s s e ca s o, a c i r c u n f e r ê n c i a d e
indeterminação fica com a con vexida de
volt a da pa r a a á r ea em qu e se n a vega
e a s posições t a m bém ser ã o sem pr e
bem defin ida s.

F ig u ra 4.30 - Obs e rv a d o r n o in te rio r d o triâ n g u lo fo rm a d o p e lo s trê s p o n to s

c. o n a vio est a r n o in t er ior do t r iâ n gu lo


for m a d o p e los t r ê s p on t os (F igu r a
4.30); a s posições t a m bém ser ã o bem
d efin id a s , p ois es t a r ã o d is t a n t es d a
c irc u n fe rê n c ia d e in d e te rm in a ç ã o .

132 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


A posição no mar; navegação costeira

4.4.4 OBSERVAÇÕES FINAIS SOBRE NAVEGAÇÃO


P OR SEGMENTOS CAP AZES
A com bin a çã o de dois segm en t os ca pa zes for n ece a posiçã o m a is pr ecisa qu e se pode
obt er p or p r oces s os vis u a is e p os s u i, a in d a , a va n t a gem d e p r es cin d ir d e a gu lh a s ,
dispen sa n do, en t ã o, os su bseqü en t es cu ida dos qu a n t o a desvios, declin a çã o m a gn ét ica ,
et c.
E m vir t u de de su a pr ecisã o, a posiçã o por segm en t os ca pa zes é a m pla m en t e em -
p r e ga d a n o p os icion a m e n t o d e s in a is d e a u xílio à n a ve ga çã o, e m le va n t a m e n t os
h idr ogr á ficos, em m in a gem e va r r edu r a e em qu a isqu er ou t r os ser viços on de se pr et en da
o m á xim o r igor n a posiçã o obser va da .
E m con t r a pa r t ida , com o n a vio em m ovim en t o o m ét odo exige dois obser va dor es
(pa r a obt er a per feit a sim u lt a n eida de n a m ediçã o dos â n gu los), a plot a gem da posiçã o
r equ er a lgu m a pr á t ica e n ecessit a sem pr e de t r ês objet os dispost os den t r o da s con dições
essen cia is a cim a en u m er a da s (a lém de ser em bem defin idos e est a r em r epr esen t a dos n a
Ca r t a N á u t ica da á r ea ). E st es in con ven ien t es t or n a m a n a v e g a ç ã o p o r s e g m e n t o s
c a p a ze s pou co u t iliza da n a pr á t ica .
E n t r et a n t o, o m ét odo de s e g m e n to s c a p a ze s t em a lgu m a s a plica ções especia is n a
n a vega çã o cost eir a e em á gu a s r est r it a s qu e m er ecem ser cit a da s:
• pode ser u sa do com o n a vio fu n dea do, pa r a obt er a posiçã o r igor osa (in depen den t e do
u so de a gu lh a s) e a ssim ser vir com o ba se pa r a det er m in a çã o dos desvios da a gu lh a ,
ca libr a gem do r a da r ou ou t r a s ver ifica ções in st r u m en t a is;
• pode ser u sa do pa r a posicion a r n ovos per igos visíveis a in da n ã o ca r t ogr a fa dos (com o,
por exem plo, ca scos-soçobr a dos ou ou t r os obst á cu los à n a vega çã o), con for m e m ost r a do
n a s F igu r a s 4.31 e 4.32, ou pon t os n ot á veis à n a vega çã o a in da n ã o r epr esen t a dos n a s
Ca r t a s Ná u t ica s; e

F i g u ra 4.31 - U s o d e S e g m e n t o s Ca p a z e s p a ra d e t e rm i n a r a p o s i ç ã o d e o b je t o s n ã o
cartografados

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 133


A posição no mar; navegação costeira

Figu ra 4.32 - Uso de Se gm e n tos Capaze s e Alin h am e n tos para de te rm in ar a posição de obje tos
n ão cartografados

• pode ser u sa do em n a v e g a ç ã o d e s e g u ra n ç a , n a defin içã o de â n g u lo s h o rizo n ta is


d e s e g u ra n ç a , a ssu n t o qu e ser á est u da do n o Ca pít u lo 7.
F in a lm en t e, r est a m m en cion a r dois em pr egos pa r t icu la r es do con ceit o de segm en t os
ca pa zes. O pr im eir o deles con sist e n a det er m in a çã o da posiçã o por segm en t os ca pa zes
qu a n do h á im possibilida de de est a belecer u m p o n to c e n tra l com u m . Nesse ca so, ilu st r a do
n a F igu r a 4.33, visa m -se 4 pon t os, m edin do-se 2 â n gu los h or izon t a is n ã o a dja cen t es. Ao
t r a ça r os segm en t os ca pa zes pelo m ét odo gr á fico, est es se cr u za r ã o em 2 pon t os. O n a vio
est a r á n a in t er seçã o m a is pr óxim a de su a posiçã o est im a da , con for m e m ost r a do n a F igu r a .

F ig u ra 4.33 - P o s iç ã o p o r S e g m e n to s Ca p a ze s s e m u m p o n to c e n tra l c o m u m , u tiliza n d o


qu atro pon tos

134 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


A posição no mar; navegação costeira

O ou t r o em pr ego do con ceit o de posicion a m en t o por segm en t os ca pa zes é ú t il qu a n do


n ã o se con h ece o va lor r ea l do d e s v io d a a g u lh a . Nessa sit u a çã o, podem ser t om a da s a s
m a rc a ç õ e s d a a g u lh a de t r ês pon t os a dja cen t es. E m segu ida , dim in u em -se os seu s va lor es,
dois a dois, pa r a obt er os â n g u lo s h o rizo n ta is en t r e os pon t os. Dest a for m a , fica elim in a do
o d e s v io d a a g u lh a descon h ecido. E n t ã o, in t r odu zem -se os va lor es dos â n g u lo s h o ri-
zo n ta is n o e s ta c ió g ra fo e plot a -se a posiçã o, com o se est a fosse obt ida por segm en t os
ca pa zes.

4 .5 TÉCN ICAS D A N AVEGAÇÃO


COSTEIRA

4 .5 .1 SEQÜÊNCIA DE OP ERAÇÕES DA NAVEGAÇÃO


COSTEIRA
1. P LAN E J AME N TO E TR AÇAD O D A D E R R OTA (E S TU D O D A VIAGE M)
E st e t r a ba lh o deve ser feit o n o p o rto , on de o te m p o d is p o n ív e l e a fa c ilid a d e d e
o bte r qu a lqu e r tip o d e in fo rm a ç ã o sã o m u it o m a ior es qu e n o m a r .
Nos n a vios de gu er r a , su jeit os, m u it a s vezes, a m u da n ça s de der r ot a s em via gem , o
est u do e o pr epa r o da der r ot a a ssu m em gr a n de im por t â n cia , pois pr opor cion a m t em po e
con dições, n o m a r , pa r a fa zer fa ce a qu a lqu er im pr evist o.
O pla n eja m en t o da der r ot a con sist e, ba sica m en t e, em :

a. Seleçã o da s Ca r t a s Ná u t ica s e pu blica ções de segu r a n ça da n a vega çã o n ecessá r ia s.


b. Seleçã o da s Ca r t a s P ilot o n ecessá r ia s.
c. Ver ifica r , pelos “Avisos a os Na vega n t es”, se a s Ca r t a s Ná u t ica s est ã o a t u a liza da s, a ssim
com o a s P u blica ções de Au xílio à Na vega çã o.
d. E st u do det a lh a do da á r ea em qu e se va i n a vega r , en foca n do, pr in cipa lm en t e:
• r ecu r sos e a u xílios à n a vega çã o dispon íveis (ba liza m en t o, a u xílios elet r ôn icos à n a ve-
ga çã o, pon t os n ot á veis).
• per igos à n a vega çã o exist en t es.
• cor r en t es m a r ít im a s e con dições m et eor ológica s pr ová veis.
• m a r és e cor r en t es de m a r és pr edom in a n t es.
• est u do do por t o de dest in o e dos por t os e a br igos a lt er n a t ivos, pa r a u m a possível
a r r iba da (obt er Ca r t a s Ná u t ica s de t odos est es loca is).
e. Tr a ça do da der r ot a n a s Ca r t a s Ger a is ou de Gr a n des Tr ech os e t r a n sfer ên cia , por pon t os
(por m a r ca çã o e dist â n cia de pon t os de t er r a ), pa r a a s Ca r t a s de Ma ior E sca la , on de
ser á con du zida a n a vega çã o.
f. Det er m in a r e r egist r a r n a s Ca r t a s os Ru m os, Dist â n cia s, Velocida des de Ava n ço e E TA
(h or a est im a da de ch ega da ) r ela t ivos a os diver sos pon t os de in flexã o da der r ot a .

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 135


A posição no mar; navegação costeira

g. Ca lcu la r a s h or a s do n a scer e do por do Sol e a s h or a s do n a scer e do por da Lu a , pa r a a s


n oit es em qu e dever á ser a vist a da t er r a ou n a vega r cost eir o (a Lu a à s vezes a ju da , ou t r a s
vezes pr eju dica a visibilida de).
h. P on der a r o a fa st a m en t o da cost a , o qu a l, qu a n do m u it o r edu zido, a u m en t a dem a sia da -
m en t e os r iscos pa r a o pequ en o lu cr o qu e pr opor cion a e, qu a n do gr a n de dem a is, a lém
de den ot a r fa lt a de con fia n ça , r edu n da em a u m en t o da sin gr a du r a e, con seqü en t em en t e,
m a ior ga st o de com bu st ível e dispên dio de t em po.
2. E XE CU ÇÃO D A D E R R OTA COS TE IR A
D e te rm in a ç ã o p e rió d ic a d a p o s iç ã o d o n a v io , a in te rv a lo s d e te m p o p e qu e n o s
(d e 10 a 30 m in u to s , e m m é d ia ).
a. P osições obt ida s por in t er seçã o de du a s ou m a is LDP obt ida s por sist em a s visu a is ou
elet r ôn icos.
b. No ca so de sist em a s visu a is, a s LDP m a is com u n s ser ã o os a lin h a m e n to s , a s m a rc a -
ç õ e s v is u a is (obt ida s n or m a lm en t e a t r a vés do u so de Repet idor a da Gir o ou de Agu lh a
Ma gn ét ica /Bú ssola ), d is tâ n c ia s p o r â n g u lo v e rtic a l (obt ida s pelo u so do sext a n t e ou
est a dím et r o) e a n a v e g a ç ã o por s e g m e n to s c a p a ze s (â n gu los h or izon t a is).
c. N o ca so de sist em a s elet r ôn icos, u sa m -se pr in cipa lm en t e n a n a vega çã o cost eir a a s
d is tâ n c ia s e m a rc a ç õ e s -ra d a r e sist em a s de r a dioloca liza çã o de pr ecisã o (LORAN
“C” e D ECCA), a lém de sist em a s de n a vega çã o por sa t élit e GP S.
d. As posições podem ser det er m in a da s por LDP sim u lt â n ea s ou su cessiva s.
e. Uso even t u a l da LDP “pr ofu n dida de”, obt ida a t r a vés do ecoba t ím et r o.
P re v i s ã o d a p o s i ç ã o fu t u ra d o n a v i o , re c o rre n d o à s t é c n i c a s d a n a v e g a ç ã o
e s tim a d a , s e g u in d o a s “re g ra s p a ra n a v e g a ç ã o e s tim a d a ” (v e r Ca p ítu lo 5).
N o v a d e te rm in a ç ã o d a p o s iç ã o d o n a v io .
Co n fro n to d o P o n to Obs e rv a d o e d o P o n to Es tim a d o p a ra u m m e s m o in s ta n te ,
a fim d e :
a. Det er m in a r os elem en t os da cor r en t e (r u m o e velocida de).
b. Cor r igir o Ru m o, e a velocida de, pa r a segu ir a der r ot a pr evia m en t e est a belecida , com a
velocida de de a va n ço pla n eja da , com pen sa n do a cor r en t e.
Re p e tiç ã o d a s o p e ra ç õ e s a n te rio re s c o m a fre qü ê n c ia n e c e s s á ria à s e g u ra n ç a
da navegação.

4 .5 .2 ESCOLHA DAS CARTAS NÁUTICAS P ARA A


NAVEGAÇÃO COSTEIRA
Dir et a m en t e a ssocia da à con du çã o da n a vega çã o cost eir a , est á a escolh a da s r espec-
t iva s Ca r t a s Ná u t ica s. Da da a im por t â n cia dest a seleçã o n a segu r a n ça da n a vega çã o, é
opor t u n o r ecor da r qu e n ã o se devem u t iliza r n est e t ipo de n a vega çã o Ca rta s Ge ra is ou
de Gra n d e s Tre c h o s , u m a vez qu e ela s n ã o con t êm a r iqu eza de in for m a çã o in dispen sá vel
à obt en çã o pr ecisa de posições e à con du çã o da der r ot a , t a is com o det a lh es sobr e a t opogr a fia
do fu n do, per igos, a u xílios à n a vega çã o, con t or n os da cost a , pon t os n ot á veis, et c. Assim ,
com o n or m a , d e v e m u tiliza r-s e s e m p re a s Ca rta s d e m a io r e s c a la e x is te n te s , n a
m edida em qu e ela s est ã o su jeit a s a defor m a ções m en os expr essiva s e a pr esen t a m a r iqu eza
de det a lh es essen cia l pa r a a N a v e g a ç ã o Co s te ira .

136 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


A posição no mar; navegação costeira

Adem a is, é n ecessá r io lem br a r qu e a in t er pr et a çã o da s Ca r t a s Cost eir a s deve ser


sem pr e com plem en t a da com a leit u r a do Rot eir o, bem com o de ou t r a s pu blica ções n á u t ica s,
com o a Ca r t a 12.000 – INT1 SÍMBOLOS E ABRE VIATURAS, Ca r t a s P ilot o, Ca r t a s de
Cor r en t es de Ma r é, List a de F a r óis, List a de Au xílios-Rá dio e Tá bu a s da s Ma r és.

4 .5 .3 SELEÇÃO DOS P ONTOS DE AP OIO À


NAVEGAÇÃO COSTEIRA
Ao ser obt ida u m a P o s iç ã o pelo cr u za m en t o de LD P (m a r ca ções, a lin h a m en t os ou
dist â n cia s), é n ecessá r io qu e o n a vega n t e a va lie a P re c is ã o e Co n fia n ç a qu e pode deposit a r
n o P o n to Obs e rv a d o . P a r a ga r a n t ir bon s r esu lt a dos, dever á , en t r e ou t r a s pr eca u ções,
t om a r a lgu n s cu ida dos n a escolh a dos pon t os de a poio à n a vega çã o u t iliza dos.
Sã o os segu in t es os pr in cipa is cu ida dos a ser em obser va dos:

1. Iden t ifica çã o cor r et a dos pon t os visa dos, t a n t o n o t er r en o com o n a Ca r t a . É n ecessá r io


cu ida do, pr in cipa lm en t e, com con st r u ções r ecen t es, qu e, a pesa r de n ot á veis à n a vega çã o
e con st it u ir em excelen t es m a r ca s, podem n ã o t er sido, a in da , in clu ída s n a Ca r t a .
2. E vit a r pon t os m u it o dist a n t es, em fa ce do a u m en t o do er r o lin ea r em fu n çã o do er r o
a n gu la r . Rea lm en t e, deve-se da r pr efer ên cia a pon t os m a is pr óxim os, a fim de m in im iza r
os efeit os de er r os n a s LDP , con for m e m ost r a do n a F igu r a 4.34. Um m esm o er r o de
obser va çã o, por exem plo, ir á pr ovoca r u m er r o n a posiçã o t a n t o m a ior qu a n t o m a is dis-
t a n t e est iver o objet o m a r ca do.

F ig u ra 4.34 - Té c n ic a d a n a v e g a ç ã o c o s te ira – c u id a d o s n a e s c o lh a d o s p o n to s

1. Iden t ifica çã o per feit a dos pon t os, t a n t o n o t er r en o com o n a ca r t a


2. E vit a r m a r ca s dem a sia da m en t e dist a n t es, se dispu ser de ou t r a s m a is pr óxim a s, a fim
de m in iza r os efeit os de er r os n a s lin h a s de posiçã o.

3. Selecion a r os pon t os de m odo a obt er u m â n gu lo de cr u za m en t o fa vor á vel en t r e a s LDP


(F igu r a 4.35). De fa t o, a pr ecisã o do pon t o depen de dir et a m en t e do â n gu lo de cr u za m en t o
da s LDP . De m odo ger a l, pode-se a fir m a r qu e o â n gu lo de cr u za m en t o idea l da s r et a s
deve ser de 180°/n , sen do n o n ú m er o de Lin h a s de P osiçã o (ou de pon t os visa dos, qu a n do
a s LDP sã o r et a s de m a r ca çã o ou a lin h a m en t os).

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 137


A posição no mar; navegação costeira

F ig u ra 4.35 - Cu id a d o s n a e s c o lh a d o s p o n to s

Selecion a r os pon t os de m odo a obt er â n -


gu los de cr u za m en t o fa vor á veis.

a . Ut iliza n do dois pon t os, o â n gu lo de cr u -


za m en t o idea l en t r e a s LDP s é de 90°.

b. N o ca so de in t er seçã o de t r ês LDP s, o
â n gu lo de cr u za m en t o idea l é de 120°
(qu a n do se visa m pon t os por a m bos os
bor dos) ou 60° (qu a n do t odos os pon t os
est ã o sit u a dos den t r o de u m a r co de 180°,
com o n o ca so em qu e u m n a vio desloca
a o lon go de u m a cost a ).

O efeit o do â n gu lo de cr u za m en t o da s LDP n a pr ecisã o da posiçã o est á ilu st r a do n a


F igu r a 4.36 (a ). Nessa F igu r a , o n a vio en con t r a -se sobr e o ALINH AME NTO A1 - A2 (por t a n t o,
n ã o h á er r o n est a LDP , qu e n ã o n ecessit a de qu a lqu er in st r u m en t o pa r a obser va çã o) e su a
posiçã o r ea l é o pon t o O. Se, pa r a det er m in a r a posiçã o, o n a vega n t e m a r ca o pon t o B , 30°
defa sa do do a lin h a m en t o, e se exist e u m er r o n ã o det ect a do de -5° n a m a r ca çã o, a posiçã o
do n a vio ser á desloca da pa r a Y e o er r o da posiçã o ser á igu a l a OY. Se, en t r et a n t o, o
n a vega n t e m a r ca r o pon t o C, 90° defa sa do do a lin h a m en t o, e com et er o m esm o er r o de -5°
n a m a r ca çã o, a posiçã o do n a vio ser á desloca da de O pa r a X e o er r o r esu lt a n t e ser á OX,
bem m en or qu e OY

F ig u ra 4-36 (a ) - P o s iç ã o p o r in te rs e ç ã o d e d u a s LD P

EFEITOS DE UM ERRO NÃO DETECTADO DE -5° NA MARCAÇÃO DE


DOIS OBJETOS COM UM ÂNGULO DE CRUZAMENTO DE 30° E 90°

138 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


A posição no mar; navegação costeira

Na F igu r a 4.36 (b), obser va -se qu e a á re a d e in c e rte za da posiçã o t or n a -se m a ior à


m edida qu e o â n g u lo d e c ru za m e n to en t r e a s LDP cr esce ou decr esce em r ela çã o a o
â n g u lo ó tim o de 90°. Com u m â n g u lo d e c ru za m e n to de 90°, o efeit o de u m er r o de 5°
n a s LDP é m in im iza do. E m t er m os n u m ér icos, pode-se a fir m a r qu e, qu a n do se det er m in a
a posiçã o por in t er seçã o de du a s LDP , devem ser evit a dos â n gu los de cr u za m en t o m en or es
qu e 30° ou m a ior es qu e 150°.

F ig u ra 4.36 (b) - Áre a d e in c e rte za d a p o s iç ã o

EFEITOS DE UM POSSÍVEL ERRO DE ± 5° NAS MARCAÇÕES DE DOIS


OBJETOS COM ÂNGULLOS DE CRUZAMENTO DE 30°, 90° E 120°

4. Qu a n do se u t iliza m du a s r et a s de m a r ca çã o, devem ser visa dos, sem pr e qu e possível,


u m pon t o pela pr oa (ou pela popa ) e ou t r o pelo t r a vés, pa r a m elh or defin ir o c a im e n to
e o a v a n ç o (ou a tra s o ), con for m e m ost r a do n a F igu r a 4.37, on de o n a vio est á a dia n t a do
(ist o é, com a v a n ç o ) e com c a im e n to p a ra bo m bo rd o , em r ela çã o à der r ot a pr evist a e
à n a vega çã o est im a da .

F ig u ra 4.37 - P o s iç ã o p o r in te rs e ç ã o d e d u a s re ta s d e m a rc a ç ã o – d e fin iç ã o d e c a im e n to e
a v a n ç o (o u a tra s o )

QUANDO SE UTILIZAM DUAS RETAS DE


MARCAÇÃO MELHORES RESULTADOS SÃO
OBTIDOS SE FOREM VISADOS UM PONTO
PELA PROA (OU PELA POPA) E OUTRO PELO
TRAVÉS, PARA MELHOR DEFINIR O CAIMEN-
TO E O AVANÇO DO NAVIO

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 139


A posição no mar; navegação costeira

5. P a r a evit a r e rro s d e i d e n t i fi c a ç ã o , sem pr e qu e u m n ovo pon t o com eça r a ser u t iliza do,
dever á ser cr u za do com ou t r os dois pon t os já a n t er ior m en t e m a r ca dos. Ca so n ã o h a ja
ou t r os dois pon t os pa r a a ver ifica çã o, deve ser obser va do se o ca m in h o per cor r ido n a
Carta (entre a posição anterior e a posição obtida com o novo ponto) corresponde efet iva -
m en t e à dist â n cia n a vega da en t r e a s posições (pr ocu r a n do det ect a r sa lt os ou r ecu os).
6. Con for m e vist o, u m cr u za m en t o de a pen a s d u a s LD P dificilm en t e den u n cia u m er r o
com et ido e, a ssim , n ã o in spir a m u it a con fia n ça . E n t ã o, sem pr e qu e possível, devem ser
cr u za da s, pelo m en os, t rê s LD P , qu e in dica m , visu a lm en t e, a pr ecisã o obt ida n a posiçã o.

4.5.4 TRIÂNGULO DE INCERTEZA


Qu a n do se t om a m t r ês r et a s, ela s n em sem pr e se cr u za m em u m pon t o, poden do
ger a r u m triâ n g u lo d e in c e rte za (F igu r a 4.38), cu ja s pr in cipa is ca u sa s sã o:

1. Nã o sim u lt a n eida de da s m a r ca ções;


2. E r r os n a obser va çã o de u m a ou m a is m a r ca ções;
3. Desvio da gir o ou da a gu lh a n ã o det ect a do ou de va lor er r a do;
4. E r r o n a iden t ifica çã o dos objet os m a r ca dos;
5. E r r os de plot a gem ; ou
6. E r r o n a Ca r t a (er r o n a r epr esen t a çã o ca r t ogr á fica : pon t os m a l posicion a dos).

F ig u ra 4.38 - P o s iç ã o p e la in te rs e ç ã o d e trê s Lin h a s d e P o s iç ã o – Triâ n g u lo d e In c e rte za

SE TRÊS LDPs SÃO UTILIZADAS E NÃO SE


CRUZAM EM UM PONTO, FICA FORMADO UM
TRIÂNGULO DE INCERTEZA.
TRIÂNGULO DE INCERTEZA

a. S E O T R I Â N G U L O F O R P E Q U E N O :
AD O T A-S E O S E U C E N T R O P AR A A
POSIÇÃO DO NAVIO.

b. S E P RÓXI MO DE U M P E RI GO: ADOTA-S E


P AR A A P O S I Ç ÃO D O N AVI O A I N T E R -
S E ÇÃO (VÉ RTICE DO TRIÂN GU LO) MAIS
P R Ó XI M A D O P E R I G O E O B T É M -S E
OU TRA P OS I ÇÃO I ME DI ATAME N TE P ARA
CONFIRMAÇÃO.

NOTAS:

1. SE O TRIÂNGULO F OR GRANDE , ABANDONA-SE A P OSIÇÃO E DE TE RMINA-SE OUTRA


IMEDIATAMENTE.

2. SE A P OSIÇÃO F OR OBTIDA P OR INTE RSE ÇÃO DE 4 LDP s, P ODE RÁ SE R GE RADO UM


QUADRILÁTE RO DE INCE RTE ZA, E O P ROCE DIME NTO ADOTADO DE VE SE R IDÊ NTICO
AO ACIMA DESCRITO.

140 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


A posição no mar; navegação costeira

4.5.5 SEQÜÊNCIA DE OBSERVAÇÃO DE MARCAÇÕES


E DISTÂNCIAS NA NAVEGAÇÃO COSTEIRA
P a r a qu e a s LD P possa m ser con sider a da s s im u ltâ n e a s , é essen cia l qu e seja m ín im o
o in te rv a lo d e te m p o decor r ido en t r e a s obser va ções.
Adem a is, é n ecessá r io qu e seja obedecida u m a s e qü ê n c ia a d e qu a d a d e o bte n ç ã o
d e m a rc a ç õ e s . A m a is u su a l r ecom en da obser va r -se, pr im eir a m en t e, os pon t os pr óxim os
da pr oa ou da popa , e, por ú lt im o, os pr óxim os do t r a vés, cu jos va lor es da s m a r ca ções
va r ia m m a is r a pida m en t e. Nest e ca so, a h or a da obser va çã o deve cor r espon der a o in st a n t e
da ú lt im a visa da , t a l com o ilu st r a do n a F igu r a 4.39 (a ).

F ig u ra 4.39 (a ) - S e qü ê n c ia d e Obs e rv a ç ã o d e Ma rc a ç õ e s

1. M 1 E M 2 Q U AS E N ÃO VAR I AM C O M O
MOVIME NTO DO NAVIO.
2. M 3 VARIA RAP IDAME NTE .
3. NA DE TE RMINAÇÃO DA P OSIÇÃO, OBSE RVA-
S E P RI ME I RO M 1 (OU M 2 ), ADOTAN DO-S E
P AR A H O R A D A P O S I Ç ÃO O I N S T AN T E
CORRE SP ON DE N TE À DE TE RMIN AÇÃO DE
M 3.

E n t r et a n t o, pode-se, t a m bém , obser va r pr im eir o a s m a r ca s pelo t r a vés, e, por ú lt im o,


a s pr óxim a s à pr oa e popa . N est e ca so, a dot a -se pa r a a posiçã o a h or a da pr im eir a
obser va çã o. Ou seja , a h or a da posiçã o deve cor r espon der a o in st a n t e da obser va çã o da
LDP qu e va r ia m a is r a pida m en t e.
Qu a n do o in st a n t e de det er m in a çã o da posiçã o n ã o for com a n da do pelo in divídu o
qu e obt ém a s m a r ca ções, o pr ocedim en t o cor r et o é, n o m om en t o do “t op”, m a r ca r pr im eir o
os objet os ou pon t os n ot á veis pr óxim os a o t r a vés (pois su a s m a r ca ções va r ia m m a is r a pida -
m en t e) e depois os objet os ou pon t os m a is pr óxim os à pr oa ou popa (cu ja s m a r ca ções va r ia m
m a is len t a m en t e), a dot a n do-se pa r a a posiçã o e h or a e o odôm et r o cor r espon den t es à pr i-
m eir a m a r ca çã o. Ist o é o qu e ocor r e qu a n do oper a a E qu ipe de Na vega çã o (ver Ca pít u lo 9).
N o ca so de det er m in a çã o da posiçã o por in t er seçã o de dist â n cia s, é n ecessá r io
obser va r qu e a s dist â n cia s a objet os ou pon t os sit u a dos pr óxim os à pr oa ou popa va r ia m
m a is r a pida m en t e qu e a s dist â n cia s a pon t os sit u a dos pr óxim os a o t r a vés. Dest a for m a ,
dois pr ocedim en t os podem ser a dot a dos:

• det er m in a r pr im eir o a s dist â n cia s a pon t os sit u a dos pr óxim os a o t r a vés (qu e va r ia m
m a is len t a m en t e) e depois a s dist â n cia s a pon t os n a pr oa ou popa , a dot a n do pa r a a
p os içã o a h o r a e o o d ô m e t r o cor r es p on d en t es à ú lt im a d et er m in a çã o, con for m e
m ost r a do n a F igu r a 4.39 (b).

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 141


A posição no mar; navegação costeira

F ig u ra 4.39 (b) - S e qü ê n c ia d e o bs e rv a ç ã o d e d is tâ n c ia s

1. D 3 VAR I A L E N T AM E N T E COM O
MOVIME NTO DO NAVIO.
2. D 1 E D 2 VARIAM RAP IDAME NTE .
3. N A D E T E R M I N AÇ ÃO D A P O S I Ç ÃO ,
O B S E R VA-S E P R I M E I R O D 3 E P O R
Ú LTIMO D 1 (OU D 2 ), ADOTAN DO P ARA
H O R A D A P O S I Ç ÃO O I N S T AN T E
CORRE SP ONDE NTE À DE TE RMINAÇÃO
DE D 1 (OU D 2).

• det er m in a r pr im eir o a s dist â n cia s a pon t os sit u a dos pr óxim o da pr oa (ou popa ) e depois
a s dist â n cia s pa r a pon t os pr óxim os a o t r a vés, a dot a n do pa r a a posiçã o a h o ra e o o d ô -
m e tro cor r espon den t es à pr im eir a dist â n cia m edida .
Com o r egr a ger a l, a h o ra e o o d ô m e tro a dot a dos pa r a a posiçã o devem cor r espon der à
LDP qu e va r ia m a is r a pida m en t e.

4 .5 .6 REGISTRO DAS OBSERVAÇÕES


Toda s a s LDP obser va da s devem ser cu ida dosa m en t e a n ot a da s, pa r a per m it ir u m a
plot a gem cor r et a da s posições n a ca r t a e, a t é m esm o, u m a a va lia çã o post er ior da n a vega çã o
r ea liza da .
Na Ma r in h a , a s obser va ções qu e or igin a m LDP e ou t r a s in for m a ções r ela t iva s à
n a vega çã o sã o r egist r a da s em u m m odelo a pr opr ia do (F OLH A N—2), m ost r a do n a F igu r a
4.40). E st es r egist r os con st it u em u m docu m en t o lega l do n a vio.

F ig u ra 4.40 -

142 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


A posição no mar; navegação costeira

APÊNDICE AO CAPÍTULO 4

ERROS D A P OS IÇÃO OB S ERVAÇÃO

1. INTRODUÇÃO
O n a vega n t e, pa r a det er m in a r a posiçã o, r ecor r e a obser va ções, qu e lh e per m it ir ã o
t r a ça r n a Ca r t a a s r espect iva s LDP e, a pa r t ir do cr u za m en t o da s m esm a s, plot a r a posiçã o
do n a vio.
Tod a s es t a s LDP s ã o obt id a s , n or m a lm en t e, r ecor r en d o-s e a in s t r u m en t os ou
equ ipa m en t os qu e possu em os seu s er r os pr ópr ios. P or ou t r o la do, a pr ópr ia leit u r a desses
in st r u m en t os, efet u a da pelo n a vega n t e, con t ém os er r os in er en t es a obser va çã o. As s im ,
qu a lqu e r LD P v ira e iv a d a d o s e rro s p ro v e n ie n te s n ã o s ó d a o bs e rv a ç ã o , c o m o ,
a in d a , in s tru m e n ta is .
Ta l cir cu n st â n cia é in evit á vel. Na r ea lida de, d a fo rm a c o m o é h a bitu a lm e n te
p ra tic a d a , a N a v e g a ç ã o e s tá lo n g e d e s e r u m a c iê n c ia e x a ta . As lim it a ções im post a s
pela exigü ida de de espa ço e pela in st a bilida de da pla t a for m a em qu e o n a vega n t e a t u a ,
ju n t a m -s e a s q u e p r ovê m d e r a zõe s e con ôm ica s , q u e n ã o t e m p e r m it id o o u s o d e
in s t r u m en t os m u it o d is p en d ios os e, s obr et u d o, a es ca s s ez d o t em p o d is p on ível p a r a
det er m in a r a posiçã o do n a vio.
De fa t o, é pr efer ível, em a lt o m a r , despen der , por exem plo, 10 m in u t os e det er m in a r
u m a posiçã o com u m er r o pr ová vel de 2 m ilh a s, do qu e sa ber com m u it o m a ior r igor o loca l
on de se est a va h á a lgu m a s h or a s a t r á s. J u n t o da cost a , a u r gên cia é a in da m u it o m a ior ,
da da a pr oxim ida de im edia t a de per igos, e m a is se a cen t u a , en t ã o, a n ecessida de de n ã o
exa ger a r em r igor , com sa cr ifício do t em po despen dido pa r a o con segu ir .
Dest a for m a , a o en fr en t a r o con flit o en t r e o desejo de m a ior pr ecisã o e a exigü ida de
do t em po n ecessá r io pa r a con segu í-la , t en do, a in da , em con t a a s lim it a ções dos pr ópr ios
in st r u m en t os a o seu dispor , o n a vega n t e ger a lm en t e sim plifica os pr ocedim en t os e u t iliza
a pr oxim a ções qu e ser ia m in a ceit á veis em ou t r os gên er os de t r a ba lh o.
Assim , selecion a n do a lgu n s exem plos qu e poder ia m ser a pr esen t a dos, qu a n do se
u sa a esca la da s la t it u des da Ca r t a de Mer ca t or com o u m a esca la de m ilh a s, ou se ca lcu la m
o r u m o e a dist â n cia or t odr ôm icos, a dm it e-se qu e a Ter r a é u m a esfer a , pr ocedim en t o
in t eir a m en t e in a ceit á vel a o efet u a r leva n t a m en t os geodésicos. Qu a n do o n a vega n t e t r a ça
u m a m a r ca çã o visu a l ou u m a lin h a m en t o n a Ca r t a de Mer ca t or u sa a loxodr om ia pa r a
r epr esen t a r u m cír cu lo m á xim o. Qu a n do se efet u a m in t er pola ções, a dm it e-se, qu a se sem pr e,
u m a va r ia çã o lin ea r en t r e os va lor es t a bu la dos, o qu e, ger a lm en t e, n ã o cor r espon de a
r ea lida de. Qu a n do se m edem dist â n cia s pelo r a da r ou pr ofu n dida des com o ecoba t ím et r o,
a dm it e-se qu e a s on da s elet r om a gn ét ica s e a cú st ica s se pr opa ga m com a m esm a velocida de
em qu a isqu er cir cu n st â n cia s, et c.
É, p o ré m , e s s e n c ia l qu e o n a v e g a n te te n h a p le n a c o n s c iê n c ia d a g ra n d e za
d o s e rro s q u e p o s s a t e r c o m e t i d o , pois, dessa for m a , est a r á a ler t a pa r a t om a r a s
pr eca u ções qu e a s cir cu n st â n cia s exigir em . O qu e é r ea lm en t e per igoso é ign or a r a s
lim it a ções ou su per va lor iza r a con fia n ça qu e u m a posiçã o possa in spir a r .

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 143


A posição no mar; navegação costeira

A segu ir ser ã o a n a lisa dos os er r os pr esen t es n a s obser va ções qu e con du zem à s


LDP isola da s e, logo a pós, os a spect os de pr ecisã o r ela t ivos a o a pr oveit a m en t o dessa s
Lin h a s de P osiçã o t om a da s em con ju n t o, pa r a defin ir a posiçã o. Nos dois ca sos o a ssu n t o
ser á t r a t a do en foca n do a pen a s su a a plica çã o pr á t ica .

2. ERROS N AS LIN HAS D E P OS IÇÃO


Qu a n do se det er m in a o va lor de u m a gr a n deza , com et em -se in evit a velm en t e e rro s .
Ch a m a -se ERRO VERD AD EIRO ou , sim plesm en t e, E RRO, à difer en ça en t r e o va lor
cor r et o (ou r ea l) de u m a gr a n deza e o va lor obt ido em u m a det er m in a da m ediçã o.
De a cor do com a s ca u sa s qu e os det er m in a m , os er r os podem dividir -se em t r ês
t ipos fu n da m en t a is:
ERROS S IS TEMÁTICOS , qu e se r epr odu zem iden t ica m en t e t oda vez qu e u m a
obser va çã o é r epet ida n a s m esm a s cir cu n st â n cia s.
E st es er r os podem ser m ot iva dos, por exem plo, por defeit os pa r t icu la r es de u m
in st r u m en t o, con dições a t m osfér ica s especia is, im per feições de u m a t a bela ou t en dên cia
de u m obser va dor (equ a çã o pessoa l do obser va dor ).
A ca libr a gem dos in st r u m en t os con du z a det er m in a çã o dos seu s er r os sist em á t icos
e, por t a n t o, h su a a n u la çã o ou a su a con sider a çã o n os cá lcu los.
É o ca so, por exem plo, da det er m in a çã o dos er r os in st r u m en t a is dos sext a n t es e
r a da r es. O er r o sist em á t ico do obser va dor con segu e-se n or m a lm en t e a n u la r r ecor r en do a
t écn ica s a dequ a da s de obser va çã o.
LAP S OS , qu e n ã o sã o m a is qu e E NGANOS do obser va dor (leit u r a s er r a da s dos
in st r u m en t os, en t r a da s er r a da s em t á bu a s, in ver sões de sin a is, er r os n a s oper a ções, et c.)
ou AVARIAS even t u a is dos in st r u m en t os. Os la psos gr osseir os sã o fa cilm en t e det et á veis,
pelo a bsu r do dos r esu lt a dos a qu e con du zem , m a s os pequ en os sã o, por vezes, de m u it o
difícil det ecçã o. O con h ecim en t o da exist ên cia dest e t ipo de er r os im põe a o n a vega n t e
CUIDADO n a s obser va ções ou cá lcu los qu e efet u e e espír it o cr ít ico n a a n á lise dos r esu lt a dos
obt idos.
ERROS ACID EN TAIS , qu e sã o er r os de gr a n deza e sin a l im pr evisíveis, sem pr e
pr esen t es em qu a lqu er obser va çã o. E st es er r os sã o er r os de a ca so, qu e n ã o se podem evit a r ,
m a s cu ja s leis sã o r a zoa velm en t e con h ecida s e da s qu a is pa ssa r em os a n os ocu pa r . Os
e rro s a c id e n ta is sã o n or m a lm en t e in det ect á veis, m a s a a n á lise est a t íst ica da s m edições
efet u a da s pode in dica r o gr a u de pr oba bilida de de n ã o exceder em det er m in a dos va lor es.
Além disso, os efeit os dos e rro s a c id e n ta is podem ser r edu zidos efet u a n do vá r ia s m edições
n a s m esm a s con dições e a dot a n do pa r a o va lor da gr a n deza a m édia en t r e a s m edida s
efet u a da s.

144 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


A posição no mar; navegação costeira

3. ERROS ACIDENTAIS

3.1 ERRO MÉDIO QUADRÁTICO


Defin im os a t r á s e rro com o sen do a difer en ça en t r e o va lor r ea l de u m a gr a n deza e
o seu va lor obt ido em u m a det er m in a da obser va çã o.
P on do de pa r t e os er r os sist em á t icos e os la psos, poder em os dizer qu e o ver da deir o
va lor d o er r o s er á , em ger a l, im p os s ível d e d et er m in a r , u m a vez qu e n ã o h a ver á ,
n or m a lm en t e, con h ecim en t o do va lor r ea l da gr a n deza m edida . O ú n ico elem en t o qu e, n a
r ea lida de, se dispõe é a c o m p a ra ç ã o e n tre c a d a m e d iç ã o re a liza d a e o v a lo r a d o ta d o
p a r a a g r a n d e z a m e d i d a . A d ifer en ça en t r e es s es d ois va lor es ch a m a -s e E RRO
AP ARE NTE , RE SIDUO ou DE SVIO.
Su pon h a m os, por exem plo, qu e se pr et en de m edir , com o Ra da r , a dist â n cia do n osso
n a vio a u m pon t o da cost a . O n a vio est a fu n dea do e sa be-se qu e o er r o in st r u m en t a l é zer o.
Com o se pr et en de r igor n a m ediçã o in dica da , efet u ou -se a segu in t e sér ie de obser va ções:
Dl = 1.5 m ilh a
D2 = 1.3 m ilh a
D3 = 1.0 m ilh a
D4 = 1.7 m ilh a
D5 = 1.5 m ilh a
O v a lo r m a is p ro v á v e l da dist â n cia m edida é a m édia a r it m ét ica dos vá r ios va lor es
obt idos, ist o é:

Σ Dn 1.5 + 1.3 + 1.0 + 1.7 + 1.5 7.0


D= = = = 1.4 milhas
n 5 5
P odem os, en t ã o, con st r u ir o segu in t e qu a dr o elu cida t ivo:

Obs er va çã o Va lor Med id o Va lor a d ot a d o Des vio Qu a dr a do


(Méd ia a r it .) d os d es vios

1 1.5 1.4 + 0.1 0.01

2 1.3 1.4 – 0.1 0.01

3 1.0 1.4 – 0.4 0.16

4 1.7 1.4 + 0.3 0.09

5 1.5 1.4 + 0.1 0.01

S OMA D OS D E S VIOS (Σ
Σ Δ 2) 0.0

Σ Δ2)
S OMA D OS QU AD RAD OS D OS D ES VIOS (Σ 0.28

Adot a n do o cr it ér io da m édia a r it m ét ica , ver ifica -se qu e:


A som a a lgébr ica dos desvios é n u la .
Logo:
A som a dos qu a dr a dos dos desvios é m ín im a .

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 145


A posição no mar; navegação costeira

Sen do a som a dos qu a dr a dos dos r esídu os u m m ín im o pa r a o va lor m a is pr ová vel da


gr a n deza a m edir , é n a t u r a l ser vir m o-n os dessa som a pa r a a va lia r a pr ecisã o de u m a
m ediçã o.
Assim , ch a m a -se E RRO MÉ DIO QUADRATICO, a gr a n deza defin ida por :

Σ Δ2
e=±
n −1
em qu e n é o n u m er o de obser va ções efet u a da s.
No ca so do n osso exem plo, t er ía m os u m er r o m édio qu a dr á t ico de:

0.28
e=± = ± 0.07 = ± 0.26 milha
4
Assim , o er r o m édio qu a dr á t ico m ost r a -n os qu e a pr ecisã o de u m a m ediçã o feit a ,
a plica n do a lei da s m édia s (pr ocedim en t o n or m a lm en t e a dot a do n a pr a t ica da n a vega çã o),
cr e s ce p r op or ci on a l m e n t e a r a i z q u a d r a d a d o n ú m e r o d e ob s e r v a çõe s e n ã o
pr opor cion a lm en t e a o n u m er o dessa s obser va ções. P ode-se dem on st r a r qu e o e rro m é d io
qu a d rá tic o t em 67% de pr oba bilida de de n ã o ser excedido.

4. ERRO P ROVÁVEL
Ch a m a -se E RRO P ROVÁVE L de u m a obser va çã o a qu ele cu ja pr oba bilida de de
ocor r er é 50%. E m ou t r a s pa la vr a s, se fizer m os u m a n ova obser va çã o n a s m esm a s con dições
em qu e r ea liza m os a s a n t er ior es , exis t e igu a l p r oba bilid a d e qu e o er r o d es t a n ova
obser va çã o seja m a ior ou m en or do qu e o er r o pr ová vel.
P ode-se dem on st r a r qu e o er r o pr ová vel (E ) é a pr oxim a da m en t e igu a l a 2/3 do er r o
m édio qu a dr á t ico, ist o é:

Σ Δ2
E = 2/3 e = ± 2/3
n −1

No ca so do exem plo a n t er ior , a a doçã o do va lor de 1.4 m ilh a con du z a u m er r o pr ová vel
d e:

E = ± (2/3 x 0.26) = ± 0.17 milha


Assim , t er ía m os u m a pr oba bilida de de 50% de qu e o er r o com et ido n a m ediçã o n ã o
excedesse 0.17 m ilh a .
Na pr á t ica da n a vega çã o, pr et en de-se con h ecer com m a ior segu r a n ça a gr a n deza do
er r o com et ido em u m a obser va çã o. Ou m elh or , deseja -se sa ber qu e, pa r a a LDP a dot a da ,
exis t e u m a p r oba bilid a d e eleva d a d e n ã o s e exced er u m d et er m in a d o er r o. N es t a s
cir cu n st â n cia s, é eviden t e qu e a m a r gem de 50% é pequ en a , pr et en den do-se, em r egr a ,
u m a m a r gem de 95%.
P ode-se dem on st r a r qu e, ca so só exist a m er r os a ciden t a is, a pr oba bilida de de, n a
execu çã o de u m a obser va çã o, n ã o ocor r er u m er r o su per ior a u m det er m in a do va lor é,
a pr oxim a da m en t e, da da pela segu in t e t a bela :

146 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


A posição no mar; navegação costeira

Valor do erro Probabilidade de não ser excedido


(erro provável) E 50%
(erro médio quadrático) 3/2 E 67%
(dobro do erro médio quadrático) 3E 95%
4E 99%

Volt a n d o a o n os s o e xe m p lo, p od e -s e , e n t ã o, a fir m a r q u e , a u s e n t e s os e r r os


sist em á t icos e os la psos, a m ediçã o efet u a da t em 95% de pr oba bilida de de n ã o exceder u m
er r o de:
E 95% = 3E 50% = 3E = 3 x 0.17 = 0.51 m ilh a
N o ca s o d e u m a m ed içã o s er in flu en cia d a p or er r os d e m a is d e u m a es p écie,
dem on st r a -se qu e o er r o pr ová vel t ot a l é da do pela r a iz qu a dr a da da som a dos qu a dr a dos
dos er r os pr ová veis de ca da espécie, ist o é:

Et = E12 + E 22 + E 32 + ... + E 2n

P or exem p lo, qu a n d o o n a vega n t e d et er m in a u m a m a r ca çã o com u m a Agu lh a


Ma gn ét ica , a LDP cor r espon den t e vem eiva da dos segu in t es er r os:
1 – E r r o a ciden t a l com et ido pelo n a vega dor du r a n t e a obser va çã o.
2 – E r r o da a gu lh a pr oven ien t e da difer en ça en t r e o va lor do desvio ca lcu la do e o
seu va lor r ea l n esse loca l e n essa pr oa .
3 – E r r o r esu lt a n t e da a pr oxim a çã o com et ida n a a va lia çã o da declin a çã o m a gn ét ica .
O er r o pr ová vel t ot a l ser á , en t ã o:

Et = ± E12 + E 22 + E 32

Figu ra A4.1 -

N e s t a s cir cu n s t â n cia s , d e ve t e r
s e m p r e o n a ve ga n t e p r e s e n t e q u e a
posiçã o m a is pr ová vel do n a vio é sobr e a
LDP obser va da (ver F igu r a A4.1), m a s
qu e o n a vio t em 50% de pr oba bilida de de
se en con t r a r n u m a fa ixa com pr een dida
en t r e (LDP + E ) e (LDP – E ), den om in a da
z on a d e con fi a n ça d e 5 0 % d e
pr oba bilida de.

A zon a d e con fia n ça d e 9 5 % d e


pr oba bilida de ser á u m a fa ixa cen t r a da n a
LDP , m a s com u m a la r gu r a t r ipla da zon a
dos 50%.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 147


A posição no mar; navegação costeira

5. ERROS N OS CRU ZAMEN TOS D E


LIN HAS D E P OS IÇÃO
5.1 ZONAS DE CONFIANÇA. A ELIP SE DE ERRO
Con for m e vist o, a det er m in a çã o da posiçã o do n a vio r esu lt a sem pr e do cr u za m en t o
de du a s ou m a is Lin h a s de P osiçã o.
No ca so do cr u za m en t o de du a s LDP , a posiçã o m a is pr ová vel do n a vio é o pon t o de
in t er seçã o dessa s lin h a s, u m a vez qu e ca da u m a dela s r epr esen t a , por seu t u r n o, o lu ga r
geom ét r ico da s posições m a is pr ová veis do n a vio a h or a da obser va çã o.
Rigor osa m en t e, por ém , a t en den do a qu e qu a lqu er LDP est a sem pr e a fet a da por
er r os, o cr u za m en t o de du a s LDP va i defin ir u m a á r ea . Se, com o a F igu r a A4.2(a ) ilu st r a ,
for obt ido u m pon t o por du a s LDP per pen dicu la r es e com er r os pr ová veis igu a is, essa á r ea
(zon a de con fia n ça de 50% de pr oba bilida de) é u m cír cu lo. Se, m esm o n o ca so de a s LDP
ser em per pen dicu la r es, u m a LDP é m a is pr ecisa do qu e a ou t r a , a á r ea é u m elipse. Com o
se r epr esen t a n a F igu r a A4.2(b), a zon a de con fia n ça é t a m bém u m a elipse se o er r o pr ová vel
de ca da u m a da s lin h a s é igu a l, m a s ela s se cr u za m obliqu a m en t e. É eviden t e qu e a s
dim en sões da elipse depen dem dos va lor es dos er r os qu e se a dm it a t er em sido com et idos.
Se ela for t r a ça da t en do em con sider a çã o u m a cer t a pr oba bilida de de n ã o ocor r er u m er r o
su per ior a u m det er m in a do va lor em ca da u m a da s LDP , ela con t or n a r á u m a á r ea on de
exis t e u m a p r oba bilid a d e bem d efin id a d e o n a vio s e en con t r a r (zon a d e con fia n ça
cor r espon den t e a essa pr oba bilida de). Assim , se pa r a o seu t r a ça do for con sider a do u m
er r o 3E em ca da u m a da s LDP (a qu e cor r espon de, com o vim os, u m a pr oba bilida de de 95%
de n ã o ser excedido), a posiçã o do n a vio t er á 95% de pr oba bilida de de se en con t r a r den t r o
dessa elipse.

Figu ra A4.2 -

148 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


A posição no mar; navegação costeira

5.2 ERRO RADIAL


O t r a ça do da elipse qu e defin e a zon a de con fia n ça é pou co côm odo. Além disso,
t or n a -se con ven ien t e defin ir essa zon a de con fia n ça com o u m cír cu lo, com cen t r o n o pon t o
de in t er seçã o da s LDP obser va da s e com u m r a io qu e expr im a a gr a n deza do er r o em jogo.
E sse r a io se ch a m a E RRO RADIAL.

Figu ra A4.3 -

P ode-se dem on st r a r qu e o er r o r a -
dia l é da do pela expr essã o:

r = 3/2 E12 + E 22 ⋅ cosec α , em

qu e E 1 e E 2 sã o os er r os pr ová veis a ciden -


t a is de ca da u m a da s LDP con sider a da s e
α o â n gu lo de cr u za m en t o en t r e ela s. A
pr oba bilida de qu e o n a vio t em de se en -
con t r a r den t r o de u m cír cu lo de r a io igu a l
a o er r o r a dia l é cer ca de 65 a 68%.

Ap r e s e n t a m -s e a b a ixo va lor e s d os r a ios d os cír cu los a q u e cor r e s p on d e m


det er m in a dos va lor es de pr oba bilida de:

RAIO DO CÍRCULO P ROBABILIDADE DA ZONA DE CONF IANÇA


0.8 r 50 a 55%
(E r r o r a dia l) r 65 a 68%
2r 95 a 98%
Assim , pode-se a fir m a r , por exem plo, qu e u m n a vio t em 95 a 98% de pr oba bilida de
de se en con t r a r den t r o de u m cír cu lo de r a io igu a l a 2r , ist o é:

E 95% = 2 x r = 2 x 3/2 E12 + E 22 x cosec α

E 95% = E12 + E 22 x cosec α

As expr essões a n t er ior es leva m -n os a s con clu sões lógica s de qu e a pr ecisã o do pon t o
r esu lt a n t e da in t er seçã o de du a s LDP é t a n t o m a ior qu a n t o:
• Men or for o er r o com et ido n a det er m in a çã o de ca da u m a da s LDP .
• Ma is pr óxim o de 90º se en con t r a r o a n gu lo de in t er seçã o en t r e a s LDP .
A figura A4.4 ilustra graficamente o que se disse. Assim, suponhamos, a título de exemplo, que a
LDP1 esta isenta de erro (E = 0) e que o erro provável da LDP2 tem o valor E .
1 2

Se o ângulo entre elas é de 90º (Figura A4.4a), a diferença entre V (posição verdadeira) e O
(posição resultante da interseção de LDP1 com a LDP2 afetada do erro E ) é exatamente igual a E .
2 2

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 149


A posição no mar; navegação costeira

Se, por ém , o â n gu lo en t r e a LDP 1 e a LDP 2 é difer en t e de 90º, a difer en ça VO (er r o


r a dia l) é m a ior qu e o va lor de E 2, com o se vê n a F igu r a A4.4(b).
Na realidade, ela será tanto maior quanto menor for o valor do ângulo de cruzamento α.

5.3 CRU ZAMEN TO D E MAIS D E D U AS


LIN HAS D E P OS IÇÃO

O pon t o obt ido por cr u za m en t o de du a s LDP n ã o per m it e r evela r gr a fica m en t e, com


r a pidez, a gr a n deza do er r o com et ido. Con for m e vist o, por est a r a zã o é de boa n or m a
r ecor r er a obser va çã o de t r ês objet os, pr ocedim en t o qu e per m it e a va lia r , im edia t a m en t e
a pós o t r a ça do, a or dem de gr a n deza do er r o em jogo, pela dim en sã o do t r iâ n gu lo for m a do
pela s t r ês LDP (ver F igu r a A4.5).

Figu ra A4.5 -

Na r ea lida de, qu a n do se det er m in a m


3 LDP , devido a os er r os a qu e est ã o su jeit a s,
ela s n ã o con cor r em ger a lm en t e em u m pon t o,
d e fi n i n d o, p e l o con t r á r i o, u m p e q u e n o
t r iâ n gu lo (triâ n g u lo d e in c e rte za ).
Com o se a fir m ou , a gr a n de va n t a gem
da in t r odu çã o de u m a t er ceir a LDP con sist e
em per m it ir , pela a n á lise do t r iâ n gu lo de
e r r o, v e r i fi ca r a con s i s t ê n ci a d a s 3
obser va ções.
As ca u s a s d o t r iâ n gu lo d e er r o n o
p on t o p or cr u za m e n t o d e t r ê s r e t a s d e
m a r ca ções podem ser a s segu in t es:

150 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


A posição no mar; navegação costeira

• E r r o n a iden t ifica çã o de u m objet o;


• E r r o n o t r a ça do da lin h a de m a r ca çã o;
• F a lt a de r igor n a s obser va ções, r esu lt a n t e de lim it a ções da a gu lh a ou da s con dições
de obser va çã o;
• E r r o da gir o (ou desvio da a gu lh a ) descon h ecido ou in cor r et a m en t e a plica do;
• In t er va lo de t em po excessivo en t r e a s obser va ções ext r em a s; e
• Erros da própria carta, como, por exemplo, incorreta representação das marcas observadas.
Se o n a vega n t e con st a t a r qu e o triâ n g u lo d e in c e rte za t em dim en sões excessiva s,
dever á a n a lisa r o seu t r a ba lh o, t en do em m en t e a s ca u sa s de er r o in dica da s a cim a .
Qu a n do o t r iâ n gu lo é de pequ en a s dim en sões, t om a -se, n or m a lm en t e, com o posiçã o,
o seu cen t r o geom ét r ico.

6. P RECIS ÃO E ACU RÁCIA


A cr escen t e m oder n iza çã o dos equ ipa m en t os e in st r u m en t os de n a vega çã o cr ia a
ilu sã o de qu e a t ecn ologia h odier n a dispen sa a a plica çã o dos pr in cípios elem en t a r es do
bom sen so e espír it o cr ít ico, r elega n do a o esqu ecim en t o cer t a s pr á t ica s ca r a s a o n a vega n t e,
t a is com o o cu ida do, o ca pr ich o e a bu sca in cessa n t e da a c u rá c ia .
Ca da pr ocedim en t o qu e con t en h a qu a lqu er m oda lida de de in t er ven çã o h u m a n a , por
m a is t ên u e qu e seja , est á , por defin içã o, su jeit o a er r os e om issões. Um a sim ples en t r a da
de da dos em u m equ ipa m en t o deve ser sem pr e feit a com a m a ior a t en çã o e, se possível,
ver ifica da por u m a ou t r a pessoa . A obser vâ n cia dos pr eceit os a cim a cit a dos e o per feit o
con h e cim e n t o d os r e q u is it os d e a c u r á c i a , d os p r in cíp ios d e fu n cion a m e n t o d os
equ ipa m en t os, da s su a s lim it a ções, p re c is ã o e ca pa cida de de r esolu çã o t em sido os m a ior es
a lia dos do n a vega n t e, em su a pr ocu r a con st a n t e da segu r a n ça da n a vega çã o. Lem br e-se
qu e u m equ ipa m en t o, por m a is sofist ica do qu e seja , só for n ecer á in for m a ções cor r et a s
(“ou t pu t ”) se os da dos de en t r a da (“in pu t ”) t iver em sido cor r et a m en t e in t r odu zidos.
Além disso, é pr eciso m a n t er em m en t e a r ela çã o p re c is ã o /a c u rá c ia e, sobr et u do,
a difer en ça en t r e p re c is ã o e re s o lu ç ã o .
P re c is ã o é a qu a n t ida de, o m on t a n t e de va lor , qu e u m a m edida desvia -se de su a
m é d i a . É ca l cu l a d a p or i n t e r m é d i o d e com p a r a çõe s e n t r e v a l or e s con s i d e r a d os
r igor osa m en t e cor r et os e a qu eles obt idos n a s obser va ções.
Re s o lu ç ã o é a m a ior defin içã o da gr a n deza m edida pelo equ ipa m en t o, r epr esen t a da
pela leit u r a dir et a de seu ú lt im o dígit o sign ifica t ivo, sem qu e h a ja n ecessida de de u m a
est im a t iva ou in t er pola çã o.
Ac u rá c ia é o gr a u de a pr oxim a çã o de u m a va r iá vel de seu r ea l va lor . Tr a du z a
exa t idã o da oper a çã o efet u a da . Nen h u m equ ipa m en t o, a lu z de det er m in a dos pr opósit os,
n os da r á , sem in t er pr et a çã o h u m a n a , a cer t eza sobr e a a cu r á cia colim a da .
N o ca so de a lgu n s in st r u m en t os m a is a n t igos, pa r a se a u m en t a r a pr ecisã o dos
va lor es fin a is, vá r ia s m edições sã o efet u a da s e, por cr it ér ios est a t íst icos, ch ega -se a u m
va lor m a is pr ová vel da gr a n deza m edida , qu e cor r espon der á a u m desvio zer o da su a m édia
(m a ior pr ecisã o). E m segu ida , sã o a gr ega dos diver sos cu ida dos n o m a n u seio e n os cá lcu los

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 151


A posição no mar; navegação costeira

on de est e va lor ser á em pr ega do, visa n do a obt en çã o, n o fin a l, da m a io r a c u rá c ia possível


da in for m a çã o deseja da . P or exem plo, a a lt u r a de u m a st r o pode ser m edida com gr a n de
p re c is ã o , m a s, se for u t iliza da em u m cá lcu lo de posiçã o qu e con t en h a er r o, o r esu lt a do
fin a l (la t it u de e lon git u de do n a vio) n ã o t er á n en h u m a a c u rá c i a , ou , n a m elh or da s
h ipót eses, u m gr a u de a cu r á cia m u it o pequ en o.
Os equ ipa m en t os m oder n os t r a zem em bu t idos pr ocessos qu e, velozm en t e, ca lcu la m
u m va lor fin a l de vá r ia s m edida s e a pr esen t a m u m v a lo r m é d io , qu e est a r á bem pr óxim o
d a qu ele qu e s er ia obt id o, s e fos s em feit a s m a is r ep et ições . I s t o, a lia d o a m elh or es
r esolu ções, in du z a in t er pr et a çã o er r ôn ea sobr e o gr a u de a cu r á cia obt ido, pois est e ser á
r efém , den t r e ou t r os fa t or es, da vida ú t il de “ch ips” elet r ôn icos, dos cu ida dos n o m om en t o
da colet a e do g ra u d e in te rfe rê n c ia h u m a n a pa r a se obt er a in for m a çã o deseja da .
E m ú lt im a in st â n cia , a ga r a n t ia da segu r a n ça da n a vega çã o depen de da p re c is ã o
com qu e o n a vega n t e efet u a su a s obser va ções e do gr a u de a cu r á cia com qu e ca lcu la e/ou
plot a a s in for m a ções obt ida s. P or t a n t o, n ã o h á dú vida s qu a n t o a n ecessida de de se m a n t er
n a n a vega çã o a t r a diçã o de exer cit a r sem pr e o cu ida do, a t en çã o, con t r ole, espír it o cr ít ico
e bom sen so, ca lca dos n a com pet ên cia e for ja dos n a exper iên cia , a fim de a ssegu r a r a
con fia bilida de dos da dos obt idos e, em con seqü ên cia , a cr edibilida de e a segu r a n ça da
n a vega çã o.

152 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


N a v e g a ç ã o e s tim a d a

NAVEGAÇÃO
5 ESTIMADA

5.1 CON CEITO D E N AVEGAÇÃO


ES TIMAD A
N a v e g a ç ã o e s tim a d a é o m ét odo de det er m in a r a posiçã o pr ová vel do n a vio, r ecor r en do-se
som en t e à s ca r a ct er íst ica s do seu m ovim en t o, a pa r t ir de u m a posiçã o con h ecida . No m ét odo
convencional, o movimento do navio é caracterizado pelo rumo verdadeiro e distância percorrida,
obt idos a t r a vés da s in for m a ções da a gu lh a e do odôm et r o, r espect iva m en t e. O pon t o est im a do
é, qu a n do obt ido dest e m odo, u m a posiçã o a pr oxim a da , por qu e n ã o le v a e m c o n s id e ra ç ã o o s
efeitos da corrente sobre o movimento do navio.
Se for con sider a do o efeit o da cor r en t e (com o ser á vist o a dia n t e), obt er -se-á u m a posiçã o
m a is pr ecisa , den om in a da e s tim a d a c o rrig id a . E m bor a de m a ior pr ecisã o, a posiçã o a ssim
obt ida a in da é a pr oxim a da .
Apesa r de m u it a s vezes seu s m ét odos ser em em pr ega dos isola da m en t e (por fa lt a de
ou t r os m eios pa r a det er m in a r a posiçã o), m esm o qu a n do se u t iliza m ou t r os m ét odos de
posicion a m en t o deve ser se m p re ma ntida , s im u lta n e a m e n te , u ma n a vega çã o estima da .
Um er r o m u it o com u m a os qu e t êm pou ca vivên cia n o m a r é m in im iza r a im por t â n cia
da n a vega çã o est im a da con ven cion a l, dia n t e da sim plicida de de seu s cá lcu los. Na ver da de, se
o m a r fosse u m m eio líqu ido est á t ico, ela ser ia m u it o sim ples. Ma s, com o n ã o é, a pr á t ica da
est im a exige m u it o m a is da n a vega n t e qu e os dem a is m ét odos pois in clu i o “sen t im en t o” sobr e
o m ovim en t o r ea l do n a vio, dia n t e dos m eios em qu e se desloca , o a r e o m a r .
P or ou t r o la do, o fa t o de a n a vega çã o est im a da n ã o depen de de m eios ext er ior es a o
n a vio (ou em ba r ca çã o) con fer e-lh e u m especia l r elevâ n cia , n a m edida em qu e in depen de de
con dições a t m osfér ica s fa vor á veis (in dispen sá veis, por exem plo, pa r a n a vega çã o a st r on ôm ica ,
n a vega çã o por m ét odos visu a is ou , a t é m esm o, pa r a o bom fu n cion a m en t o de a lgu n s sist em a s
de Rá dio-Na vega çã o) e de in for m a ções pr oven ien t es de fon t es ext er n a s.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 153


Nave gação e stim ada

5.2 P LOTAGEM D O P ON TO ES TIMAD O


Con for m e vist o, n a vega çã o est im a da é o pr ocesso de det er m in a r gr a fica m en t e a posi-
çã o a pr oxim a da do n a vio r ecor r en do-se som en t e à s ca r a ct er íst ica s do seu m ovim en t o, a plica n -
do-se à u lt im a posiçã o con h ecida plot a da n a ca r t a u m vet or , ou u m a sér ie de vet or es, r epr e-
sen t a n do t odos os r u m os ver da deir os e velocida des or den a dos su bseqü en t em en t e.
Figura 5.1 - Navegação Estimada
NAVE GAÇÃO E STIMADA
É O PROCESSO DE DETERMINAR GRAFICAMENTE Na F igu r a 5.1, vem os u m exem plo
A POSIÇÃO APROXIMADA DO NAVIO RECORREN- d e plot a gem d o p o n t o e s t i m a d o , pela
DO-SE SOMENTE ÀS CARACTERÍSTICAS DO SEU a p l i ca çã o d a e q u a çã o q u e r e l a ci on a
MOVIMENTO, APLICANDO-SE À ÚLTIMA POSIÇÃO distân cia, ve locidade e te m po, ao
CONHECIDA PLOTADA NA CARTA UM VETOR OU m ovim en t o d o n a vio, a p a r t ir d e u m a
UMA SÉRIE DE VETORES REPRESENTADO TODOS p o s iç ã o c o n h e c id a in icia l. Nessa figu r a ,
OS RUMOS VERDADEIROS E VELOCIDADES ORDE- pa r t in do de u m a posiçã o in icia l con h ecida
NADOS SUBSEQUENTENTE. (p o s i ç ã o o b s e rv a d a de 07:00), o n a vio
governou no rumo verdadeiro R=100º, como
v e lo c id a d e de 15 n ós. Às 08:00 h or a s, a
p o s iç ã o e s tim a d a do n a vio est a r á sobr e a
lin h a d e ru m o=100º e a u ma dis tâ n c ia de
15 m ilh a s da posiçã o de 07:00 h or a s (pois,
em 1 h or a , u m n a vio a 15 n ós n a vega 15
m ilh a s).

O MÉ TODO DE NAVE GAÇÃO E STIMADA CONSISTE


NA AP LICAÇÃO DA E QUAÇÃO QUE RE LACIONA DIS-
TÂNCIA, VE LOCIDADE E TE MP O AO MOVIME NTO
DO NAVIO
Figura 5.2 - Escala Logarítmica

P a r a r esolver os pr oblem a s qu e
envolvem distância, velocidade e tempo, o
n a vega n t e pode u t iliza r ca lcu la dor a s, t a -
bela s especia is (a pr esen t a da s n a pu blica -
çã o DG6-1 “Tá bu a s pa r a Na vega çã o E st i-
m a da ” – Tá bu a s XV e XIX) ou a “esca la
loga r ít m ica ”, m ost r a da n a F igu r a 5.2, on de
sã o t a m bém a pr esen t a da s a s in st r u ções
pa r a u so da esca la . No exem plo ilu st r a do,
ca lcu la -se, a t r a vés da esca la loga r ít m ica , a
velocida de de u m n a vio qu e per cor r e a dis-
t â n cia de 4 m ilh a s, n o t em po de 15 m in u -
t os, obt en do-se com o r esu lt a do veloc=16
n ós.

154 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


N a v e g a ç ã o e s tim a d a

Figura 5.3 - Régua de cálculo náutica


Ademais, são também usados ábacos
com o o da F igu r a 5.3 (“NAUTICAL SLIDE
RULE ”), n os qu a is, en t r a n do-se com dois
elem en t os en t r e os t r ês a cim a cit a dos (dis-
t â n cia , velocida de e t em po), obt ém -se o
va lor do t er ceir o.
Além disso, devem ser a in da m en -
cion a da s a s segu in t es pr á t ica s em pr ega da s
n a r esolu çã o dos pr oblem a s qu e en volvem
velocida de, t em po e dist â n cia :
a . a “r egr a dos t r ês m in u t os”, pela qu a l “a
dist â n cia per cor r ida pelo n a vio, em ja r da s,
em t r ês m in u t os, é igu a l à su a velocida de,
em n ós, m u lt iplica da por 100”;
b. a “r egr a dos seis m in u t os”, pela qu a l “a
dist â n cia per cor r ida pelo n a vio, em m ilh a s,
em seis m in u t os, é igu a l à su a velocida de,
em n ós, dividida por 10”.

5.3 REGRAS P ARA A NAVEGAÇÃO


ES TIMAD A
Sã o a s segu in t es a s seis r egr a s pa r a a n a vega çã o est im a da , ilu st r a da s n a F igu r a 5.4:
Figura 5.4 - As seis regras da Navegação Estimada
1. u m a posiçã o est im a da deve ser plot a da n a s h or a s
in t eir a s (e n a s m eia s h or a s);
2. u m a posiçã o est im a da deve ser plot a da a ca da m u
da n ça de r u m o;
3. u m a posiçã o est im a da deve ser plot a da a ca da m u
da n ça de velocida de;
4. u m a posiçã o est im a da deve ser plot a da pa r a o in s
t a n t e em qu e se obt ém u m a posiçã o det er m in a da ;
5. u m a posiçã o est im a da deve ser plot a da pa r a o in s
t a n t e em qu e se obt ém u m a ú n ica lin h a de posiçã o;
6. u m a n ova lin h a de r u m o e u m a n ova plot a gem est i
m a da devem ser or igin a da s de ca da posiçã o det er
m in a da obt ida e plot a da n a ca r t a .
N OTAS :
a. Não se ajusta uma plotagem estimada com uma única
lin h a de posiçã o.
b. Um a LDP cr u za n do u m a lin h a de r u m o n ã o con st it u i
u m a posiçã o det er m in a da , pois u m a lin h a de r u m o
n ã o é LD P .

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 155


Nave gação e stim ada

Um a obser va çã o im por t a n t e, r efer en t e à r egr a 1, é qu e a fr eqü ên cia de plot a gem de


u m a posiçã o est im a da é fu n çã o da esca la da ca r t a n á u t ica qu e est iver sen do u t iliza da e da s
pecu lia r ida des da n a vega çã o qu e se pr a t ica . Os in t er va los de t em po cit a dos n a F igu r a 5.4 (1
h or a ou 1/2 h or a ) sã o os n or m a is pa r a a n a vega çã o oceâ n ica e pa r a a n a vega çã o cost eir a .
E n t r et a n t o, in t er va los de t em po m en or es ser ã o a dot a dos n a n a vega çã o em á gu a s r est r it a s, ou
m esm o em n a vega çã o cost eir a , ca so a esca la da ca r t a n á u t ica em u so e o t ipo de n a vega çã o
pr a t ica do a ssim o exija m .

5.4 P LOTAGEM ESTIMADA ESTENDIDA


A F igu r a 5.5 m ost r a a n a v e g a ç ã o e s tim a d a efet u a da por u m n a vio en t r e 08:00 h or a s e
12:00 horas, cumprindo as re gras para a n ave gação e stim ada anteriormente enunciadas.

Figura 5.5 -

EXTRATO D O REGIS TRO D AS OCORRÊN CIAS D A N AVEGAÇÃO D O N AVIO


0800 – F a r ol Ra sa 270º/6M – Su spen deu , n o r u m o 090º. Veloc. 15 n ós.
0900 – Velocida de r edu zida pa r a 10 n ós, a fim de evit a r u m ba r co a vela .
1000 – Ru m o a lt er a do pa r a 145º, velocida de a u m en t a da pa r a 15 n ós.
1030 – Ru m o a lt er a do pa r a 075º, velocida de a u m en t a da pa r a 20 n ós.
1115 – P osiçã o det er m in a da – F a r ol Ma r icá s 020º/7M.
1130 – Ru m o a lt er a do pa r a 090º, velocida de r edu zida pa r a 18 n ós.

5.5 FATORES QUE INFLUENCIAM A


P OS IÇÃO ES TIMAD A
At é a gor a con sider ou -se qu e o n a vio per cor r eu exa t a m en t e o r u m o ver da deir o t r a ça do,
m a n t en do r igor osa m en t e a m esm a velocida de. Assim , n ã o for a m leva dos em con t a vá r ios fa t o-
r es qu e podem t er a lt er a do o m ovim en t o do n a vio, t a is com o:
Figura 5.6 -
. Cor r en t es m a r ít im a s;
. Cor r en t es de m a r és;
. E feit o do ven t o;
. E st a do do m a r (a çã o da s va ga s, fa zen do
a pr oa t om a r dir eções difer en t es do r u m o
deseja do);

156 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


N a v e g a ç ã o e s tim a d a

. Ma u gover n o (efeit o da s gu in a da s qu e o t im on eir o fa z pa r a m a n t er o r u m o);


. P equ en a s difer en ça s de RP M en t r e os eixos (pa r a n a vios de m a is de u m eixo);
. P equ en a s difer en ça s de velocida de;
. Ba n da e t r im ; e
. Desvio da a gu lh a n ã o det ect a do ou m a l det er m in a do.
Na pr á t ica , ch a m a m os de c o rre n te à r esu lt a n t e de t odos est es fa t or es sobr e o m ovim en -
t o do n a vio (F igu r a 5.6).

5.6 TERMOS EMP REGADOS NA


N AVEGAÇÃO ES TIMAD A
Ve lo c id a d e d o n a v io (vel N ) – ou , sim plesm en t e, velocida de (vel), é a dist â n cia per cor r ida em
1 h or a n a s u p e rfíc ie .
Ve locidade n o fu n do – é a distância percorrida pelo navio, em 1 hora, e m re lação ao fu n do. É,
en t ã o, a r esu lt a n t e da v e lo c id a d e d o n a v io com a v e lo c id a d e d a c o rre n te (a br evia t u r a :
vel fd ).
Ve lo c id a d e d a c o rre n te – é o efeit o com bin a do pr ovoca do pelos fa t or es m en cion a do n o it em
a n t er ior , du r a n t e ca da h or a , sobr e o ca m in h o per cor r ido pelo n a vio. O t er m o t a m bém é em pr e-
ga do pa r a in dica r , isola da m en t e, o desloca m en t o da m a ssa líqu ida por a çã o exclu siva da s
cor r en t es m a r ít im a s, ou , em á gu a s r est r it a s, pela a çã o con ju n t a da s cor r en t es m a r ít im a s e
cor r en t es de m a r és (a br evia t u r a : vel cor ).
Ru m o n a s u p e rfíc ie (R N ) – ou , sim plesm en t e, Ru m o (R) é, con for m e já vist o, o â n gu lo en t r e
o Nor t e Ver da deir o e a dir eçã o n a qu a l gover n a o n a vio (em r ela çã o à su per fície), con t a do de
000º a 360º, n o sen t ido h or á r io, a pa r t ir do Nor t e Ver da deir o.
Ru m o n o fu n d o (R fd ) – é o â n gu lo en t r e o ca m in h o efet iva m en t e per cor r ido pelo n a vio (pr o-
jet a do sobr e o fu n do do m a r ) e o Nor t e Ver da deir o, con t a do de 000º a 360º, a pa r t ir do Nor t e
Ver da deir o, n o sen t ido h or á r io.

Figura 5.7 - Abatimento

Ab a t i m e n t o (Abt ) – é o â n gu lo en t r e o
r u m o n a su per fície (R N ) e o r u m o n o fu n do
(R fd ). Ser á con t a do pa r a BE ou pa r a BB, a
pa r t ir do r u m o n a su per fície (F igu r a 5.7).

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 157


Nave gação e stim ada

Figura 5.8 - Caimento e Avanço


Ca im e n to , a v a n ç o e a tra s o – qu a n do se
com pa r a u m a posiçã o obser va da com a es-
t im a da pa r a u m m esm o m om en t o, a dis-
t â n cia en t r e os dois pon t os é o efeit o da
cor r en t e. E st a dist â n cia poder á ser decom -
post a em du a s com pon en t es: a pr im eir a ,
den om in a da a v a n ç o (o u a tra s o ), é obt i-
da pelo r eba t im en t o do pon t o est im a do so-
br e o r u m o n o fu n do e, con seqü en t em en t e,
igu a l à difer en ça da s dist â n cia s per cor r i-
da s n o fu n do e n a su per fície. A Segu n da , den om in a da c a im e n to , é igu a l à cor da com pr een di-
da pelo a r co do r eba t im en t o (F igu r a 5.8).
H á a v a n ç o qu a n do a dist â n cia per cor r ida n o fu n do é m a ior qu e a dist â n cia per cor r ida
n a su per fície, ou seja , qu a n do vel fd >velN e a tra s o qu a n do vel fd <vel N . E viden t em en t e qu e, em
t er m os vet or ia is, t er -se-á sem pr e vel cor = vel ca im en t o + vel a va n ço.
Os conceitos acima definidos estão mostrados na Figura 5.9.

Figura 5.9 – Triângulo de Corrente e termos correlatos

P o s iç ã o e s tim a d a – posiçã o obt ida pela a plica çã o, a pa r t ir de u m a posiçã o obser va da , de


vet or es defin idos pelo ru m o d o n a v io e a d is tâ n c ia e m re la ç ã o à s u p e rfíc ie .
P o s iç ã o e s tim a d a c o rrig id a – posiçã o obt ida pela a plica çã o, a pa r t ir de u m a posiçã o obser -
va da , de vet or es defin idos pelo ru m o n o fu n d o e dist â n cia per cor r ida e m re la ç ã o a o fu n d o .
Posição carteada – é a posição que se prevê que o navio ocupará em horas futuras. Dependen-
do da n a vega çã o em cu r so, poder á t om a r com o ba se u m a posiçã o obser va da , est im a da ou
est im a da cor r igida . P a r a ser plot a da , poder á ser con sider a da ou n ã o a cor r en t e, depen den do
dos elementos que o na vega nte dispuser. Se a corrente foi determinada com critério, o navega nte
n ã o dever á om it í-la n a ca r t ea çã o dos pr óxim os pon t os, a dot a n do, en t ã o, a pr em issa de qu e o
n a vio ir á se desloca r com o r u m o e a veloc em r ela çã o a o fu n do. A posiçã o ca r t ea da é ba st a n t e

158 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


N a v e g a ç ã o e s tim a d a

ú t il com o a n t ecipa çã o dos even t os qu e dever ã o ocor r er n a s pr óxim a s h or a s, pa r a a ler t a r o


p es s oa l d e s er viço (fa r óis qu e ir ã o “boia r ”, va r ia ções s en s íveis n a s is oba t im ét r ica s ,
pr oxim in a da des de per igo, et c.). É r epr esen t a da por u m pequ en o t r a ço cor t a n do o r u m o, com
a in dica çã o da h or a .

5.7 O TRIÂNGULO DE CORRENTE


P a r a r esolver gr a fica m en t e o pr oblem a da cor r en t e, em pr ega m -se t r ês vet or es r epr e-
sen t a t ivos, qu a is seja m :
Ve to r fu n d o – Defin ido, em dir eçã o, pelo ru m o n o fu n d o e, em gr a n deza , pela v e lo c id a d e
e m re la ç ã o a o fu n d o (R fd ’ vel fd ).
Ve to r s u p e rfíc ie – Defin ido, em dir eçã o, pelo ru m o v e rd a d e iro e, em gr a n deza , pela v e lo -
c id a d e e m re la ç ã o à s u p e rfíc ie (R N’ vel N ).
Ve to r c o rre n te – Defin ido pela d ire ç ã o p a ra o n d e flu i a c o rre n te e pela su a v e lo c id a d e
(R cor ’ vel cor ).
O triâ n g u lo d e c o rre n te e seu s elem en t os podem ser visu a liza dos n a F igu r a 5.10.
Figura 5.10 – O triângulo de corrente real e estimado

5.8 RES OLU ÇÃO GRÁF ICA D OS


P RIN CIP AIS P ROB LEMAS D O
TRIÂN GU LO D E CORREN TE
Sen do t r ês os vet or es e, por t a n t o, seis os elem en t os qu e os con st it u em , os pr oblem a s
con sist em em det er m in a r dois elem en t os, dia n t e de qu a t r o con h ecidos.
Os pr oblem a s m a is u su a is a pr esen t a m -se sob a s segu in t es for m a s:

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 159


Nave gação e stim ada

F ig u ra 5.11 -

160 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


N a v e g a ç ã o e s tim a d a

a . Det er m in a çã o do r u m o da cor r en t e (R cor ) e da velocida de da cor r en t e (vel cor ) t en do


du a s posições obser va da s.
Exemplo (Figura 5.11):

In vest in do a ba r r a do Rio de J a n eir o, vin do de SW, su a p o s iç ã o o bs e rv a d a de 0300 é


Lat 23º 05.0’S Long 043º 19.0’W. O ru m o ve rdade iro é RN = 055º, ve locidade velN = 9.0 nós. Às
0400, a posiçã o é n ova m en t e det er m in a da , obt en do-se La t 23º 00.0’S Lon g 043º 10.0’W. Det er -
m in a r os e le m e n to s d a c o rre n te (Rcor e vel cor ), o ru m o n o fu n d o (R fd ) e a v e lo c id a d e n o
fu n d o (vel fd ).
Solu çã o:

1. Plota-se a posição obse rvada de 0300;


2. Da posiçã o plot a da t r a t a -se o ru m o v e rd a d e iro (Ru m o n a Su per fície) 055º;
3. P lot a -se a p o s iç ã o e s tim a d a de 0400, sobr e a lin h a de r u m o t r a ça da (055º) e à dist â n cia
de 9 m ilh a s da posiçã o de 0300, pois a v e lo c id a d e (n a su per fície) é de 9 n ós e o in te rv a lo
d e te m p o é de 1 h or a .
4. P lot a -se a p o s iç ã o o bs e rv a d a de 0400.
5. O vet or qu e u n e a s posições e s tim a d a e o bs e rv a d a de 0400 r epr esen t a o efeit o da c o r
re n te n o per íodo 0300-0400.
6. O ru m o d a c o rre n te (R cor ) é a pr ópr ia dir eçã o do vet or , n o sen t ido posiçã o est im a da –
posiçã o obser va da (R cor = 101º).
7. A v e lo c id a d e d a c o rre n te (vel cor ) é a dist â n cia en t r e a s posições e s tim a d a e o bs e rv a d a
(vel cor = 1 n ó), pois o in te rv a lo d e te m p o en t r e a s p o s iç õ e s o bs e rv a d a s foi de 1 h or a .
8. O ru m o n o fu n d o é da do pela dir eçã o do vet or qu e in t er liga a s p o s iç õ e s o bs e rv a d a s de
0300 e 0400: R fd = 059º. A v e lo c id a d e n o fu n d o é obt ida pela dist â n cia en t r e a s du a s
p o s iç õ e s o bs e rv a d a s , já qu e o in te rv a lo d e te m p o en t r e ela s foi de 1 h or a : vel fd = 9.7
n ós.
9. P ode-se a fir m a r , a in da , qu e, n o in t er va lo 0300/0400 h ou ve:
Um ABATIME NTO de 4º BE ;
Um AVANÇO de 0,7 m ilh a ; e
Um CAIME NTO P ARA BE de 0,7 m ilh a .
No exem plo a cim a , o in te rv a lo d e te m p o con sider a do foi de exa t a m en t e 1 h or a (0300/
0400). Se fosse m a ior , ou fr a cion á r io, a r esolu çã o ser ia a m esm a , a pen a s a cr escida do cu ida do
de dividir a distância entre as posições pelo intervalo de tempo, para obter a velocidade (v = e/t).
b. D e te rm in a ç ã o d o ru m o n o fu n d o (R fd ) e d a v e lo c id a d e n o fu n d o (v e l fd ), c o n h e c e n -
d o -s e o ru m o e a v e lo c id a d e n a s u p e rfíc ie e o s e le m e n to s d a c o rre n te .
Exe m plo (Figura 5.11)
Às 1300 na posição obse rvada Lat. 23º 04.0’S Long. 043º 01.0’W, o navio assume o ru m o
v e rd a d e iro R N = 315º, v e lo c id a d e vel N = 8 n ós. Sa be-se qu e exist e n a á r ea u m a c o rre n te
cu jos elem en t os sã o: R cor = 270º, velcor = 1.0 n ó. Det er m in a r o ru m o n o fu n d o (R fd ) e a v e lo -
c id a d e n o fu n d o (vel fd ) em qu e se est im a qu e o n a vio va i se desloca r .

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 161


Nave gação e stim ada

S o lu ç ã o :
1. P lot a -se a posiçã o de 1300 e t r a ça -se o ru m o v e rd a d e iro R N = 315º. Sobr e o r u m o t r a ça do,
m a r ca -se a v e lo c id a d e n a s u p e rfíc ie (vel N = 8 n ós).
2. Da ext r em ida de dest e vet or , t r a ça -se o vet or cor r en t e (R cor = 270º, vel cor = 1n ó).
3. Unindo-se a posição de 1300 ao ponto assim obtido, determinam-se o Rfd= 270º, velfd = 8,7 nós.
As in for m a ções sobr e a cor r en t e poder ã o t er cido det er m in a da s pelo pr ópr io n a vio, n o
per íodo im edia t a m en t e a n t er ior , ou , en t ã o, ser em or iu n da s de ca r t a s pilot o ou ou t r os docu -
m en t os Ná u t icos
A n ecessida de de pr evisã o do R fd e Velfd é ba st a n t e en con t r a da n a pr á t ica , pois é
r ot in eir o os n a vios in for m a r em com a n t ecedên cia o seu ETA (“est im a t ed t im e of a r r iva l” ou
h or a est im a da de ch ega da ), ba sea do n o qu a l a s a u t or ida des do por t o de dest in o t om a r ã o u m a
sér ie de pr ovidên cia s, com o pr á t ico, r eboca dor es pa r a a s m a n obr a s de a t r a ca çã o, ca is, et c.
P ou ca s sit u a ções sã o m a is con st r a n gedor a s a u m n a vega n t e do qu e est a r a vá r ia s m ilh a s do
por t o de dest in o n a h or a em qu e est a beleceu o seu ETA, sa ben do qu e diver sa s pr ovidên cia s já
for a m t om a da s, con fia n do n a pr ecisã o de seu s cá lcu los.
c . D e te rm in a ç ã o d o ru m o e v e lo c id a d e n a s u p e rfíc ie , c o n h e c e n d o -s e o s e le m e n to s
d a c o rre n te e o ru m o e a v e lo c id a d e n o fu n d o d e s e ja d o s .
Ex e m p lo (F igu r a 5.11):
A p o s iç ã o o bs e rv a d a do n a vio à s 1500 é La t . 23º 05.0’S Lon g. 043º 02.0’W. O n a vio
deseja est a r n a posiçã o La t . 22º 59.0’S Lon g. 043º 10.0’W, on de r eceber á o pr á t ico, e x a ta m e n -
te à s 1600. Sa ben do-se qu e exist e n a á r ea u m a c o rre n te cu jos elem en t os sã o R cor = 270º, vel cor
= 1,0 n ó, det er m in a r o ru m o v e rd a d e iro (R N ) e a v e lo c id a d e (vel N ) qu e o n a vio deve a ssu -
m ir .
S o lu ç ã o :
1. P lot a m -se n a Ca r t a Ná u t ica a p o s iç ã o o bs e rv a d a de 1500 e a posiçã o qu e se deseja
a lca n ça r à s 1600. Det er m in a -se, gr a fica m en t e, qu e, pa r a ch ega r a o pon t o deseja do à s 1600,
o ru m o n o fu n d o e a v e lo c id a d e n o fu n d o devem ser , r espect iva m en t e, Rfd = 270º, velfd
= 9.6 n ós.
2. Aplica -se, a o pon t o in icia l, o v e to r c o rre n te , n o s e n tid o Rcor = 270º e com gr a n deza igu a l
a 1.0 m ilh a (pois a velcor = 1.0 n ó e o in te rv a lo d e te m p o é de 1 h or a ), e a r m a -se o triâ n
g u lo d a e s tim a (ou triâ n g u lo d e c o rre n te ).
3. Lê-se, en t ã o, n a Ca r t a o v e to r s u p e rfíc ie , qu e in t er liga a ext r em ida de do v e to r c o rre n
te com o p o n to d e s e ja d o , obt en do-se R N = 314º, vel N = 8.8 n ós.
d . D e te rm in a ç ã o d o ru m o n a s u p e rfíc ie e d a v e lo c id a d e n o fu n d o , c o n h e c id a s a s
c a ra c te rís tic a s d a c o rre n te , a v e lo c id a d e n a s u p e rfíc ie e o ru m o n o fu n d o d e s e ja
do.
E st a sit u a çã o ilu st r a o ca so em qu e a pen a s u m dos vet or es t em os seu s dois elem en -
t os con h ecidos, en qu a n t o qu e, dos dois vet or es, con h ecem os a pen a s u m dos elem en t os da
ca da .

162 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


N a v e g a ç ã o e s tim a d a

Ex e m p lo (F igu r a 5.11):
Às 1000 a p o s iç ã o o bs e rv a d a do n a vio (pon t o A) é La t .23º 05.0’S Lon g. 043º 18.0’W. A
v e lo c id a d e d o n a v io é vel N = 6 n ós e n ã o pode ser a lt er a da , em vir t u de de u m a a va r ia de
m á qu in a s. O n a vio deseja a lca n ça r o pon t o B, m ost r a do n a F igu r a 5.11, sit u a do n o a lin h a m en -
t o F a r ol RASA – F a r ol LAJ E . Sa ben do-se qu e exist e n a á r ea u m a c o rre n te cu jos elem en t os
sã o R cor = 270º, vel cor = 1.0 n ó, det er m in a r :
. O ru m o v e rd a d e iro (R N ) em qu e o n a vio deve gover n a r ;
. Qu a l a v e lo c id a d e n o fu n d o (vel fd ) com qu e o n a vio se desloca r á ; e
. O E TA (“est im a t ed t im e of a r r iva l”) n o pon t o B .
Solução:
1. Un in do a p o s iç ã o o bs e rv a d a de 1000 (pon t o A) a o pon t o B , obt ém -se o ru m o n o fu n d o
deseja do: Rfd = 072º.
2. Ain da n a p o s iç ã o o bs e rv a d a de 1000, t r a t a -se o v e to r c o rre n te (Rcor =100º, velcor =1,5
n ós). Da ext r em ida de do v e to r c o rre n te , a plica -se a g ra n d e za do v e to r s u p e rfíc ie , ist o
é, velN = 6 n ós e, com est a a ber t u r a n o com pa sso, cor t a m os o Rfd’ obt en do, a ssim , o ú lt im o
vér t ice do triâ n g u lo d e c o rre n te .
3. O R N e velfd sã o lidos dir et a m en t e n a ca r t a , obt en do-se:
R N = 065º; vel fd = 7.3 n ós.
O R N ser á a or dem a ser da da a o Tim on eir o e a velfd per m it ir á a pr evisã o do E TA n o pon t o
B.
4. P a r a ist o, m ede-se n a Ca r t a Ná u t ica a dist â n cia AB =9 m ilh a s. Ten do-se vel fd = 7,3 n ós,
det er m in a -se a d u ra ç ã o d o tra je to en t r e A e B : 74 m in u t os = 01 h or a e 14 m in u t os.
5. P or t a n t o, o E TA n o pon t o B ser á à s 1114.
e . D e te rm in a ç ã o d a p o s iç ã o e s tim a d a c o rrig id a .
Con h ecida a cor r en t e da r egiã o em qu e se n a vega , t or n a -se sim ples det er m in a r a p o s i-
ção estimada corrigida a partir de qualquer posição estimada.
Para isso, bastará aplicar à posição e stim ada o ve tor corre n te referente ao período em
qu e a est im a foi t r a ça da .
Exe m plo (Figura 5.11):
A p o s iç ã o o bs e rv a d a do n a vio à s 0800 é La t . 22º 57.0’S Lon g. 043º 08.75’W (sobr e o
alinhamento Farol RASA-Farol LAJ E). O navio governa no ru m o ve rdade iro R N = 120º, vel N =
7 n ós. A c o rre n te n a á r ea a pr esen t a os segu in t es e le m e n to s : Rcor = 030º, vel cor = 1.0 n ó.
P lot a r a p o s iç ã o e s tim a d a c o rrig id a de 0900 e det er m in a r su a s coor den a da s.
Solução:
1. P lot a -se n a Ca r t a Ná u t ica a p o s iç ã o o bs e rv a d a de 0800. Tr a ça -se, en t ã o, a lin h a d e
ru m o 120º e, sobr e ela , m a r ca -se a d is tâ n c ia de 7 m ilh a s, det er m in a n do-se a p o s iç ã o
e s tim a d a de 0900.
2. Aplica -se a essa posiçã o o v e to r c o rre n te , n o s e n tid o R cor = 030º e com g ra n d e za igu a l
a v e lo c id a d e d e c o rre n te (vel cor = 1 n ó). Na ext r em ida de dest e vet or est a r á a p o s iç ã o
e s tim a d a c o rrig id a de 0900.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 163


Nave gação e stim ada

3. Su a s coor den a da s sã o:
La t . 22º 59.6’S Lon g. 043º 01.6’W.
Se o n a vio est iver execu t a n do m a n obr a s su cessiva s, t or n a -se con ven ien t e plot a r a s
p o s iç õ e s e s tim a d a s dos pon t os on de h ou ver m u da n ça s de ru m o e/ou v e lo c id a d e , con for m e
ú lt im a p o s iç ã o e s tim a d a o e fe ito d a c o rre n te du r a n t e t odo o per íodo de m a n obr a s, obt en -
do a p o s iç ã o e s tim a d a c o rrig id a fin a l.

5.9 P RECISÃO E CONSISTÊNCIA DA


P OS IÇÃO ES TIMAD A
Na pr á t ica , a det er m in a çã o do p o n to e s tim a d o é ext r em a m en t e sim ples m a s, pa r a qu e
possa sa t isfa zer à s exigên cia s de u m a boa n a vega çã o, deve t er sido pr ecedida de escr u pu losa s
det er m in a ções dos er r os in st r u m en t a is dos equ ipa m en t os em qu e se fu n da m en t a .
Por outro lado, o pon to e stim ado corrigido , a bordo, exige um perfeito conhecimento do
n a vio e u m a com pa n h a m en t o con st a n t e da s con dições em qu e se pr ocessa a su a n a vega çã o.
E m vist a do expost o, é n ecessá r io qu e o n a vega n t e n u n ca esqu eça qu e o pon t os est im a -
dos representam apenas uma posição em que o navio tem maiores probabilidades de se encon-
t r a r ; em sit u a ções per igosa s pode-se (e, à s vezes, deve-se) su bst it u ir o pon t o por u m a zo n a d e
p ro ba bilid a d e (cir cu n fer ên cia t r a ça da em t or n o do p o n to e s tim a d o , com m a ior ou m en or
r a io, depen den do da s cir cu n st â n cia s).
O r a io desta circunferência é denom in a do c on sistê n c ia do pon to e stim ado, sen do fun-
ção dos e rros prováve is no ru m o e na distân cia pe rcorrida (além do efeito da “corrente”, ante-
r ior m en t e est u da do).
Assim , a dm it e-se, em pir ica m en t e, qu e, m esm o com t odos os cu ida dos cit a dos, a p o s iç ã o
e s tim a d a t em u m a c o n s is tê n c ia de 0,1 (10%) da dist â n cia per cor r ida desde a ú lt im a p o s iç ã o
observada.

5.10 O EQUIP AMENTO DE DERROTA


ES TIMAD A (ED E)
a. Conceito
O E qu ipa m en t o de Der r ot a E st im a da (E DE ) é u m com pu t a dor elet r o-m ecâ n ico qu e, a
pa r t ir de u m a posiçã o in icia l con h ecida , in dica con t in u a m en t e a p o s iç ã o e s tim a d a do n a vio,
em La t it u de e Lon git u de, e execu t a u m t r a ça do da d e rro ta e s tim a d a (F igu r a 5.12). O equ i-
pa m en t o, r eceben do in for m a ções elét r ica s de Ru m o da Agu lh a Gir oscópica e in for m a ções de
velocida de do Odôm et r o (ou in dica çã o m a n u a l de velocida de), r esolve m eca n ica m en t e o pr o-
blem a da est im a , for n ecen do a posiçã o do n a vio, por m eio da s in dica ções dos va lor es de La t it u -
de e Lon git u de e por m eio de u m t r a ça dor , qu e plot a dir et a m en t e n u m a ca r t a ou folh a de
plot a gem a su a n a vega çã o est im a da .

164 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


N a v e g a ç ã o e s tim a d a

F ig u ra 5.12 – Equ ip a m e n to d e D e rro ta Es tim a d a

O E DE , seja em su a for m a t r a dicion a l (sist em a elet r o-m ecâ n ico) ou em ver sões elet r ô-
n ica s m oder n a s, é u m equ ipa m en t o pa dr ã o n os n a vios de gu er r a , especia lm en t e em u n ida des
da E squ a dr a , por su a im por t â n cia n a gu er r a n a va l.
b. P a rte s P rin c ip a is
Figura 5.13 – Diagrama em Bloco do EDE

O E DE con sist e, em essên cia , de u m DE COMP OSITOR DE VE TORE S (DV), ou


ANALIZADOR (DRA – “Dea d Reckon in g An a lyzer ”) e de u m TRAÇADOR DE DE RROTAS
(DRT – “Dea d Reckon ig Tr a cer ”), m ost r a dos n a s F igu r a s 5.13 e 5.14.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 165


Nave gação e stim ada

O ANALISADOR r ecebe in for m a ções dir et a s de RUMO da Agu lh a Gir oscópica e in for -
m a ções de VE LOCIDADE do Odôm et r o (ou a t r a vés de en t r a da m a n u a l – ‘du m m y log”). A
v e lo c id a d e é in t egr a da com o in te rv a lo d e te m p o , r esu lt a n do em d is tâ n c ia p e rc o rrid a .

F ig u ra 5.14 – Equ ip a m e n to d e D e rro ta Es tim a d a – c o m p o n e n te s p rin c ip a is

As in for m a ções de Ru m o e Dist â n cia sã o, en t ã o, t r a n sfor m a da s n o ANALISADOR em


sin a is elét r icos pr opor cion a is a os seu s com pon en t es n a s dir eções NORTE -SUL (N-S) e LE S-
TE -OE STE (E -W). As r ela ções m a t em á t ica s u t iliza da s n est a t r a n sfor m a çã o sã o a s m esm a s
qu e r esolvem o pr oblem a da NAVE GAÇÃO LOXODRÔMICA, ou seja (ver F igu r a 5.13):
DISTÂNCIA N – S = Δϕ dist . cos R
DISTÂNCIA E – W = a p = dist . sem R
Δλ = ap. sec ϕm

O ANALISADOR pr opor cion a 3 leit u r a s:


ß MILHAS NAVEGADAS NA DIREÇÃO N-S;
ß MILHAS NAVEGADAS NA DIREÇÃO E-W; e
ß TOTAL DE MILHAS NAVEGADAS.

Algu n s ANALISADORE S a pr esen t a m , a in da , leit u r a s de La t it u de e Lon git u de. Sã o os


chamados ANALISADORES-INDICADORES (DRAI – “Dea d Reckoning Ana lyzer – Indica tor”).
O TRAÇADOR r ecebe a s in for m a ções do ANALISADOR e pr opor cion a a plot a gem geo-
gr á fica do m ovim en t o do n a vio a t r a vés da á gu a . In dica , a in da , con t in u a m en t e, os va lor es de
La t it u de e Lon git u de, em dois m ost r a dor es loca liza dos a o la do da m e s a d e p lo ta g e m (ver
F igu r a 5.14).
A m e s a d e p lo ta g e m r ecebe a s in for m a ções de DIF E RE NÇA DE LATITUDE (Δϕ) e de
AP ARTAME NTO (a p) e pr ovê, por m eios m ecâ n icos, o r egist r o gr á fico do m ovim en t o do n a vio,
a t r a vés do desloca m en t o de u m p o n to lu m in o s o (“bu g”) ou de u m lá p is n u m a ca r t a ou folh a
de plot a gem , efet u a n do, a ssim , o t r a ça do da DE RROTA E STIMADA.

166 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


N a v e g a ç ã o e s tim a d a

Os m ost r a dor es de La t it u de e Lon git u de devem ser a ju st a dos com os va lor es da p o s i-


ç ã o in ic ia l c o n h e c id a , n o in ício da oper a çã o. A pa r t ir da í, o m ost r a dor de La t it u de r ecebe
dir et a m en t e a in for m a çã o de DISTÂNCIA N-S, pois, em qu a lqu er pon t o da su per fície da Ter -
r a , u m gr a u de La t it u de cor r espon de a pr oxim a da m en t e a 60 m ilh a s. O m esm o n ã o se dá ,
por ém , n o t oca n t e à Lon git u de, pois a Difer en ça de Lon git u de é fu n çã o do Cossen o da La t it u -
de. Ist o obr igou à coloca çã o de u m m eca n ism o de velocida de va r iá vel, qu e per m it e t r a n sfor -
m a r o AP ARTAME NTO (DISTÂNCIA E -W) em Difer en ça de Lon git u de, pa r a o m ost r a dor de
Lon git u de.

F i g u r a 5 .1 4 (a ) – E D E Ma r c a N C-2 ,
Mo d . 2
Algu n s m odelos m a is m oder n os de
E DE , com o o Sist em a NC-2(“ASW P LOT-
TING SSTE M MARK NC-2, MOD 2), pos-
sibilit a m o t r a ça do da der r ot a est im a da do
n a vio sim u lt a n ea m en t e com t r a ça do da s
der r ot a s de 2 ou m a is a lvos, per m it in do
u m a leit u r a con st a n t e da m a r ca çã o e dis-
t â n cia dos a lvos. As in for m a ções dos a lvos

sã o pr oven ien t es de en t r a da s a u t om á t ica s do RADAR e/ou SONAR (F igu r a 5.14(a )).


c. Es c a la s
O E DE per m it e o a ju st e de diver sa s esca la s, segu n do a s qu a is o pon t o lu m in oso (ou
lá pis), qu e r epr esen t a a posiçã o do n a vio, se desloca . E m n a vega çã o, a esca la a ju st a da n o E DE
deve ser igu a l à Ca r t a Ná u t ica qu e se u t iliza n a m esa de plot a gem .
E xist em 2 t ipos de esca la n o E DE L: e m e rg ê n c ia e “s ta n d a rd ”.
A esca la de e m e rg ê n c ia é in depen den t e, sen do u sa da pr in cipa lm en t e pa r a a plot a gem
de h o m e m a o m a r. O seu va lor é de 200 ja r da s por polega da (o qu e cor r espon de a u m a esca la
de 1:7.200).
Na esca la “st a n da r d” podem ser a ju st a dos va lor es de 1/4 a 16 m ilh a s por polega da (ou
1:18.000 a 1:1.152.000).
d. Acessórios à plotagem no EDE
Além dos com pa ssos e r égu a s-pa r a lela s, u t iliza -se n o E DE o TRANSF E RIDOR UNI-
VE RSAL (TU), m ost r a do n a F igu r a 5.15.
O TRANSF E RIDOR UNIVE RSAL (“UNIVE RSAL DRAF TING MACH INE ”) é u m in s-
t r u m en t o de plot a gem ba st a n t e con ven ien t e. Su a r égu a pode ser fixa da de m odo a con ser va r
a m esm a dir eçã o, du r a n t e o seu m ovim en t o sobr e t oda a á r ea de plot a gem . Além disso, podem
ser con ect a da s a o TU r égu a s de vá r ios com pr im en t os e em esca la s lin ea r es diver sa s (r égu a de
200 jd/pol, et c.). Se a esca la da ca r t a ou folh a de plot a gem coin cidir com a esca la de u m a da s
r égu a s dispon íveis, a s dist â n cia s podem ser dir et a m en t e m a r ca da s pela s esca la s gr a du a da s
n a r égu a s.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 167


Nave gação e stim ada

F ig u ra 5.15 – Tra n s fe rid o r u n iv e rs a l

O Tr a n sfer idor Un iver sa l dispõe de u m a r osa gr a du a da de 000º a 360º, con cên t r ica com
u m a ou t r a r osa , qu e t em a pen a s qu a t r o ín dices, defa sa dos de 90º en t r e si.
P a r a u t iliza r -se o Tr a n sfer idor Un iver sa l (TU), a Ca r t a (ou folh a de plot a gem ) deve ser
pr im eir o fixa da à m esa de plot a gem . A r égu a é, en t ã o, a lin h a da com u m m er idia n o da Ca r t a
(ou u m pa r a lelo) e fixa da em posiçã o, pela bor bolet a in t er n a . F olga -se, en t ã o, a bor bolet a
ext er n a e a ju st a -se a r osa gr a du a da de m odo qu e a s gr a du a ções 0º e 180º (ou 90º e 270º, se a
r égu a foi a lin h a da com u m pa r a lelo) est eja m a lin h a da s com u m ín dice exist en t e n a r osa in t er -
n a . F ixa -se, en t ã o, a bor bolet a ext er n a (e n ela n ã o se m exe m a is), m a n t en do a r osa em posi-
çã o. Com est a a ju st a gem , qu a lqu er posiçã o su bsequ en t e da r égu a é in dica da n a r osa com o
d ire ç ã o v e rd a d e ira , sen do, en t ã o, possível obt er ou plot a r Ru m o s e Ma rc a ç õ e s v e rd a d e i-
ra s a t r a vés do TU, sem n ecessida de de r efer ên cia s à s r osa s da Ca r t a .
É óbvio qu e o u so do in st r u m en t o dest a m a n eir a r equ er qu e os m er idia n os da ca r t a
seja m lin h a s r et a s e pa r a lela s en t r e si, com o n u m a Ca r t a de Mer ca t or . Nu m a Ca r t a de La m ber t
a u Gn om ôn ica , on de os m er idia n os con ver gem , o in st r u m en t o n ã o pode ser u t iliza do.
P a r a qu e r esu lt a dos pr ecisos seja m obt idos, a ba se do in st r u m en t o deve ser r igida m en -
t e fixa da n a m esa de plot a gem , u su a lm en t e n o seu ca n t o su per ior esqu er do. Ist o deve ser
ver ifica do de t em pos em t em pos, pois a ba se pode ser a fr ou xa da por vibr a çã o ou u so con t in u -
a do. Os pivôs n a ba se do in st r u m en t o t a m bém devem est a r fir m es, sem folga . As cin t a s m et á -
lica s sem -fim do m eca n ism o de m ovim en t o pa r a lelo devem est a r fir m es, pa r a pr eser va r a
r igidez do in st r u m en t o.
O in st r u m en t o deve ser ver ifica do qu a n t o a o seu pa r a lelism o por m eio dos m er idia n os
e pa r a lelos da s ext r em ida des opost a s de u m a Ca r t a de Mer ca t or .

e . Op e ra ç ã o d o ED E
P a r a oper a çã o do E DE em n a vega çã o, coloca -se u m a Ca r t a Ná u t ica sob o su por t e do
lá pis n a m esa de plot a gem e a ju st a -se a esca la pa r a u m va lor igu a l à esca la da ca r t a . O lá pis,
en t ã o, t r a ça r á a d e rro ta e s tim a d a do n a vio sobr e a ca r t a .

168 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


N a v e g a ç ã o e s tim a d a

P a r a em pr ego do E DE em oper a ções n a va is, u t iliza -se n or m a lm en t e u m a folh a de


plot a gem , em pa pel veget a l, on de é t r a ça da a der r ot a do n a vio e sã o plot a da s a s m a r ca ções e
dist â n cia s dos a lvos, u t iliza n do os in st r u m en t os de plot a gem a n t er ior m en t e m en cion a dos, a
pa r t ir dos pon t os da der r ot a de on de a s m a r ca ções e dist â n cia s for a m obt ida s. E st a plot a gem
é den om in a da P LOTAGE M GE OGRÁF ICA e est á m ost r a da e descr it a n a F igu r a 5.16.

F ig u ra 5.16 – P lo ta g e m g e o g rá fic a n o ED E
. A P LOTAGE M GE OGRÁF ICA MOSTRA
O MOVIME NTO VE RDADE IRO DE AL
VOS DE SUP E RF ÍCIE OU SUBMARI
NOS.
. O TRANSF E RIDOR UNIVE RSAL É UTI
LIZADO P ARA P LOTAR MARCAÇÕE S
E DISTÂNCIAS DOS ALVOS.
. O RUMO DO ALVO P ODE SE R ME DI
DO DIRE TAME NTE DA P LOTAGE M E
SUA VE LOCIDADE P ODE SE R CALCU-
LADA P E LO TE MP O DE SP E NDIDO E M P E RCORRE R UMA DISTÂNCIA ME DIDA NA
P LOTAGE M.
. P ARA NAVE GAÇÃO RADAR A CARTA DA ÁRE A É F IXADA À ME SA DE P LOTAGE M E
O T.U. É UTILIZADO P ARA P LOTAR MARCAÇÕE S E DISTÂNCIAS P ARA P ONTOS DE
AP OIO À NAVE GAÇÃO, DE MANE IRA A DE TE RMINAR A P OSIÇÃO VE RDADE IRA DO
NAVIO.

f. Em p re g o d o ED E
O E DE fa z n a v e g a ç ã o e s tim a d a com a s m esm a s lim it a ções qu e o pr ocesso gr á fico-
geom ét r ico n a ca r t a , ist o é, n ã o leva em con sider a çã o o efeit o da c o rre n te , v is to qu e o s
in s tru m e n to s e m qu e s e fu n d a m e n ta s ó in fo rm a m o m o v im e n to d o n a v io s o bre a
água.
A m a ior u t ilida de do E DE sit u a -se n a gu er r a n a va l, especia lm en t e n a gu er r a a n t i-
su bm a r in o (GAS), u m a vez qu e o posicion a m en t o r ela t ivo da s for ça s a n t a gôn ica s in depen de
da cor r en t e, por se en con t r a r em t oda s a s u n ida des n o m esm o r efer en cia l, qu e é a m a ssa líqu i-
da do m a r (a dm it ida h om ogên ea , em vir t u de da s dist â n cia s n or m a lm en t e en volvida s).
Assim , ba sica m en t e o E DE ser á em pr ega do pa r a :
. Na vega çã o est im a da ;
. P lot a gem geogr á fica ;
. P lot a gem de GAS;
. Apoio de F ogo Na va l;
. H om em a o m a r (esca la de 200 jd/pol);
. Bu sca e sa lva m en t o.
At u a lm en t e, o E DE foi su bst it u ído por ver sões digit a is, ba sea da s n os m esm os pr in cípi-
os, por ém m u it o m a is com plet a s e efica zes, u m a vez qu e podem n ã o só r eceber e in t egr a r
in for m a ções de vá r ios equ ipa m en t os, com o t a m bém en via r r espost a s e m a n t er u m a com plet a
a pr esen t a çã o da sit u a çã o t á t ica e u m r egist r o do desen volvim en t o da a ções.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 169


Nave gação e stim ada

170 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


D e te rm in a ç ã o d a p o s iç ã o p o r m a rc a ç õ e s s u c e s s iv a s

DETERMINAÇÃO
6 DA P OSIÇÃO P OR
MARCAÇÕES
SUCESSIVAS

6.1 CONCEITOS P RELIMINARES


No est u do da s t écn ica s da n a vega çã o cost eir a foi a bor da da a det er m in a çã o da posiçã o
por lin h a s d e p o s iç ã o (LDP ) sim u lt â n ea s. F oi vist o qu e, em bor a n a m a ior ia da s vezes a s LDP
n ã o seja m r ea lm en t e sim u lt â n ea s, pr ocu r a -se t or n a r o in t er va lo de t em po en t r e ela s o m ín im o
possível, de m odo qu e, n a pr á t ica , a s lin h a s de posiçã o possa m ser con sider a da s sim u lt â n ea s.
E n t r et a n t o, h á oca siões em qu e n a vega -se a o lon go de u m a cost a on de só é possível
iden t ifica r , de ca da vez, u m ú n ico p o n to n o tá v e l r epr esen t a do n a Ca r t a Ná u t ica . Nessa s sit u -
a ções, pode-se det er m in a r a posiçã o do n a vio (ou em ba r ca çã o) u t iliza n do-se du a s lin h a s d e
p o s iç ã o obt ida s em in st a n t es difer en t es.
Para isso, aplica-se a técnica de de te rm in ação da posição por LDP su ce ssivas , isto é,
com u m in te rv a lo d e te m p o con sider á vel en t r e ela s. Nest e ca so, con h ecen do o in t er va lo de
tempo decorrido entre as duas linhas de posição, a ve locidade do navio e o seu ru m o ve rdade i-
ro, pode-se determinar a distância percorrida entre as observações, em uma direção conhecida
(o r u m o ver da deir o), e, en t ã o, tra n s p o rta r a pr im eir a LDP pa r a o in st a n t e da segu n da , ob-
t en do a p o s iç ã o p o r LD P s u c e s s iv a s .
A det er m in a çã o da posiçã o por LDP su cessiva s u t iliza os con ceit os da n a v e g a ç ã o e s ti-
m a d a , est u da da n o Ca pít u lo a n t er ior . Nest e Ca pít u lo ser á est u da da a t écn ica de det er m in a -
çã o da posiçã o por LDP su cessiva s a plica da à n a v e g a ç ã o c o s te ira. E n t r et a n t o, os con ceit os
for m u la dos, especia lm en t e os r ela t ivos a o tra n s p o rte d e LD P , a plica m -se a ou t r os t ipos de
n a vega çã o, em pa r t icu la r à n a v e g a ç ã o a s tro n ô m ic a, con for m e ser á vist o n o Volu m e II.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 171


Determinação da posição por marcações sucessivas

6.2 TRAN S P ORTE D E U MA LIN HA D E


P OS IÇÃO
Um a lin h a d e p o s iç ã o r esu lt a n t e de u m a obser va çã o feit a em det er m in a do in st a n t e
t, pode ser t r a ça da n ova m en t e em u m in st a n t e t’, post er ior a t . P a r a t a n t o, u sa -se tra n s p o r-
ta r, com o se diz, a LDP do in st a n t e t pa r a o in st a n t e t ’.
P a r a o t r a n spor t e de u m a lin h a de posiçã o, é n ecessá r io con h ecer o r u m o ver da deir o e
a dist â n cia n a vega da n o in t er va lo de t em po (t ’- t ). E st a dist â n cia per cor r ida poder á ser obt ida
por m eio do odôm et r o ou pelo pr odu t o da velocida de pelo t em po.
É im por t a n t e sa lien t a r o sign ifica do r ea l do t r a n spor t e de u m a LDP , ou seja : se n o
in st a n t e t u m n a vio est a va sobr e u m a LDP e, a pa r t ir dest e in st a n t e, t iver n a vega do, du r a n t e
u m t em po Δt , u m a cer t a dist â n cia d , sobr e u m r u m o R, n o in st a n t e t’=(Δt + t ) est a r á sobr e a
m esm a LDP desloca da da m esm a dist â n cia d , segu n do o m esm o r u m o R.
Iden t ifica -se a lin h a de posiçã o t r a n spor t a da r epet in do-se a iden t ifica çã o da LDP or igi-
n a l e a n ot a n do-se o in st a n t e t ’, em segu ida a o in st a n t e t . Com o vim os, pa r a o t r a n spor t e de
u m a lin h a de posiçã o é n ecessá r io con h ecer o r u m o e a dist â n cia n a vega dos n o in t er va lo de
t em po Δt = t ’- t (F igu r a 6.1).
É pr eciso n ot a r qu e, du r a n t e est e in t er va lo de t em po (Δt = t ’= t ), o n a vio (ou em ba r ca -
çã o) pode t er o seu r u m o e velocida de a lt er a dos por a çã o da cor r en t e, ven t o, est a do do m a r
(a çã o da s va ga s), er r os do t im on eir o, et c. Assim , o t r a n spor t e de lin h a s de posiçã o é u m pr oces-
so est im a do, deven do ser evit a do, n a n a vega çã o cost eir a , t r a n spor t e de LDP com difer en ça s
de t em po su per ior es a 30 m in u t os.
E m bor a qu a lqu er LDP possa ser t r a n spor t a da , o n osso est u do se lim it a r á a os ca sos
mais comuns das re tas de m arcação e de alin h am e n tos.
O t r a n spor t e de u m a re ta d e m a rc a ç ã o est á ilu st r a da n a F igu r a 6.1.

Figura 6.1 – Transporte de LDP – Reta de Marcação

Às 1300, u m n a vio n o r u m o = 090º,


Odôm et r o = 0107,0 e vel = 10 n ós, m a r cou
o pon t o n ot á vel “A” a os 042º; à s 1330,
Odôm et r o = 0112,0, deseja t r a n spor t a r a
r et a de m a r ca çã o r esu lt a n t e da obser va çã o
a n t er ior .
Tr a ça -se n a ca r t a , com o é m ost r a do
n a F igu r a 6.1, a r et a de m a r ca çã o da ob-
ser va çã o feit a à s 1300.
Tr a ça -se, pelo pon t o obser va do (pon -
t o A) ou por qu a lqu er pon t o da r et a de
m a r ca çã o t r a ça da n a ca r t a , u m a r et a n a
dir eçã o do R = 090º. Sobr e est a r et a , m a r ca -se a dist â n cia per cor r ida en t r e 1300 e 1330, qu e a
difer en ça de leit u r a s do odôm et r o in dicou ser de 5 m ilh a s. Do pon t o obt ido, t r a ça -se u m a r et a
pa r a lela à m a r ca çã o in icia l. Obt ém -se, a ssim , u m a r et a de posiçã o à s 1330, qu e n a da m a is é
qu e a m a r ca çã o de 1300 t r a n spor t a da pa r a 1330.

172 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


D e te rm in a ç ã o d a p o s iç ã o p o r m a rc a ç õ e s s u c e s s iv a s

Figura 6.2 – Transporte de LDP – Alinhamento

Se, em vez de m a r ca r u m pon t o, o


n a vio t ivesse cr u za do u m a lin h a m en t o, o
t r a n spor t e da re ta d e a lin h a m e n to ser ia
igual ao feito para a re ta de m arcação, con-
for m e m ost r a do n a F igu r a 6.2.

6.3 P OS IÇÃO P OR MARCAÇÕES S U CES S IVAS

6.3.1 IN TROD U ÇÃO

Na det er m in a çã o da posiçã o do n a vio (ou em ba r ca çã o) por m a rc a ç õ e s s u c e s s iv a s , a s


lin h a s d e p o s iç ã o u sa da s ou sã o re ta s d e m a rc a ç ã o tra n s p o rta d a s ou sã o re ta s d e
m a rc a ç ã o r esu lt a n t es de m a rc a ç õ e s p o la re s qu e sa t isfa zem con dições especia is.
Nest e ca sos, t r ês sit u a ções podem ocor r er :
a . D u a s m a rc a ç õ e s de u m m e s m o o bje to , t om a da s com u m in te rv a lo d e te m p o en t r e
ela s.
b. D u a s m a rc a ç õ e s de o bje to s d ife re n te s , t om a da s com u m in te rv a lo d e te m p o en t r e
ela s.
c. Um a s é rie d e m a rc a ç õ e s de u m m esm o objet o.

6.3.2 P OS IÇÃO P OR D U AS MARCAÇÕES D E U M


MES MO OB J ETO, TOMAD AS COM U M
IN TERVALO D E TEMP O EN TRE ELAS

Se du a s LDP sã o obt ida s em t em pos difer en t es, a posiçã o do n a vio (ou em ba r ca çã o) n o


in st a n t e da segu n da obser va çã o pode ser det er m in a da , t r a n spor t a n do-se a pr im eir a lin h a de
posiçã o pa r a o in st a n t e em qu e se obt eve a segu n da . O pon t o de in t er seçã o da S e g u n d a LD P
com a LD P tra n s p o rta d a é a p o s iç ã o d o n a v io n o in s ta n te d a S e g u n d a o bs e rv a ç ã o . O
pr ocesso est á det a lh a da m en t e explica do n a F igu r a 6.3.

OB S ERVAÇÕES :
a . Qu a n do se u sa est e m ét odo, n or m a lm en t e n ã o se leva em con sider a çã o o efeit o da cor r en t e
sobr e o m ovim en t o do n a vio (ou em ba r ca çã o) n o in t er va lo de t em po en t r e a pr im eir a e a se-
gu n da m a r ca çã o. P or ist o, devem ser evit a dos in t er va los de t em po su per ior es a 30 m in u to s
en t r e a s m a r ca ções. Adem a is, é n ecessá r io qu e o n a vega n t e t en h a sem pr e em m en t e qu e a
det er m in a çã o da posiçã o por m a r ca ções su cessiva s con st it u i u m pr ocesso a pr oxim a do, m elh or
qu e a n a v e g a ç ã o e s tim a d a pu r a , por ém m en os pr eciso qu e u m a boa d e te rm in a ç ã o d e
p o s iç ã o p o r LD P s im u ltâ n e a s .

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 173


Determinação da posição por marcações sucessivas

Figura 6.3 – Posição por marcações sucessivas


DUAS MARCAÇÕES DE UM MESMO OBJETO, DESCONHECENDO-SE OS ELEMENTOS DA CORRENTE

b. Assim , est e m ét odo a pr esen t a m elh or es r esu lt a dos qu a n do se con h ece u m a posiçã o
obser va da n ã o m u it o dist a n t e do pon t o em qu e se fez a pr im eir a m a r ca çã o e em u m a á r ea
on de a cor r en t e n ã o seja m u it o sign ifica t iva .

DUAS MARCAÇÕES DE UM MESMO OBJETO, COM F i g u r a 6 .4 – P o s i ç ã o p o r m a r c a ç õ e s


MUDANÇA DE RUMO E VELOCIDADE NO INTERVALO s u c e s s i v a s c o m m u d a n ç a s d e r u m o e
v e lo c id a d e
c. S e h ou v e r m u d a n ça d e r u m o , d e
v e lo c id a d e ou de a m bo s n o in t er va lo
de t em po en t r e a s du a s LDP s, o
pr ocesso é o m esm o, ba st a n do qu e se
u n a m a s p o s iç õ e s e s tim a d a s do n a vio
n os in st a n t es cor r espon den t es à s du a s
LDP e se a va n ce a pr im eir a LDP n u m a
dir eçã o pa r a lela à lin h a obt ida u n in do-
se a s du a s posições, com o m ost r a do n a
F igu r a 6.4.

174 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


D e te rm in a ç ã o d a p o s iç ã o p o r m a rc a ç õ e s s u c e s s iv a s

d. Con h ecen do-se os e le m e n t o s d a c o rre n t e n a á r ea , deve-se a plicá -los a o m ovim en t o


do n a vio en t r e a s du a s LDP , a fim de a u m en t a r a pr ecisã o da p o s i ç ã o p o r m a rc a ç õ e s
s u c e s s i v a s . O pr ocesso de obt en çã o da posiçã o por m a r ca ções su cessiva s con h ecen do-se
os elem en t os da cor r en t e est á ilu st r a do n a F igu r a 6.5, on de o n a vio gover n a va n o r u m o
095º, velocida de 12 n ós. A c o rre n te er a est im a da em R cor = 190º, vel cor = 3.0 n ós.

F ig u ra 6.5 - P o s iç ã o p o r m a rc a ç õ e s s u c e s s iv a s c o n h e c e n d o -s e o s e le m e n to s d a c o rre n te
• Às 1215 h or a s (Odôm et r o 0310.5) u m
t a n q u e n ot á v e l (ca i x a -d ’á g u a ),
r epr esen t a do n a ca r t a , foi m a r ca do a os
M V = 020º.

• Às 1245 h or a s (Od ôm et r o 0316.5) o


m e s m o t a n q u e foi m a r ca d o a os
M V = 330º.

• Det er m in a r a posiçã o à s 1245, leva n do


em con t a a cor r en t e est im a da .

Solução:
Ap ós p l ot a r a s d u a s L D P e a s
posições est im a da s n os in st a n t es cor r es-
pon den t es, a plica -se à posiçã o est im a da
n o in s t a n t e d a s e gu n d a ob s e r va çã o o
efeit o da cor r en t e n o in t er va lo de t em po
en t r e a s du a s obser va ções (n o ca so em
pa u t a , 30 m in u t os). Obt ém -se, a ssim , a
posiçã o est im a da cor r igida n o in st a n t e da
segu n da obser va çã o.

Un e-se, en t ã o, a posiçã o est im a da n o in st a n t e da pr im eir a LDP à posiçã o est im a da


cor r igida cor r espon den t e à segu n da LDP .
E m segu ida , ba st a a va n ça r a pr im eir a LDP em u m a dir eçã o pa r a lela à lin h a obt ida ,
de u m a dist â n cia igu a l à dist â n cia qu e sepa r a a s du a s posições, con for m e m ost r a do n a
F igu r a 6.5.
O pon t o em qu e a pr im eir a LDP , t r a n spor t a da , cr u za com a segu n da LDP ser á a
posiçã o do n a vio à s 1245.

6.3.3 P OS IÇÃO P OR D U AS MARCAÇÕES D E OB J ETOS


D IF EREN TES , TOMAD AS COM IN TERVALO D E
TEMP O EN TRE ELAS
Nem sem pr e é possível obser va r -se o m esm o pon t o du r a n t e u m in t er va lo de t em po
t a l qu e per m it a a u t iliza çã o do m ét odo a n t er ior m en t e explica do.
Se t iver m os dois pon t os n ot á veis r epr esen t a dos n a ca r t a , m a s qu e n ã o possa m ser
obser va dos sim u lt a n ea m en t e, é possível det er m in a r -se a p o s iç ã o p o r m a rc a ç õ e s s u c e s -
s iv a s , mesm o t r a t a n do-se de objet os difer en t es, t a l com o m ost r a do n a s F igu r a s 6.6 e 6.7.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 175


Determinação da posição por marcações sucessivas

F i g u ra 6.6 - P o s i ç ã o p o r m a rc a ç õ e s s u c e s s i v a s d e p o n t o s d i fe r e n t e s
Na Figura 6.6, às 0900 horas um n a -
vio n o ru m o v e rd a d e iro 195º, velocida de
10 n ós, m a r cou o fa r ol a os M V = 270º, pou co
a n t es de ele se ocu lt a r . Às 0930 h or a s,
m a n t en do r u m o e velocida de, m a r cou o
m on u m en t o a os M V = 247º.
Det er m in a r a posiçã o do n a vio à s
0930 h or a s.

S o lu ç ã o (a com pa n h a r n a F igu r a 6.6):

a. Tr a ça r a LDP de 0900 (pa r a o fa r ol) e a LDP de 0930 (pa r a o m on u m en t o).


b. Tr a n spor t a r a LDP de 0900 pa r a 0930, a va n ça n do-a , n o ru m o v e rd a d e i ro 195º, de u m a
d is tâ n c ia igu a l a AB = 5 m ilh a s (dist â n cia n a vega da em 30 m in u t os, n a velocida de de
10 n ós).
c. A posiçã o de 0930 est a r á n o cr u za m en t o da LD P d e 0930 com a LD P t ra n s p o rt a d a .

A figu r a 6.7 m ost r a a posiçã o det er m in a da por du a s m a r ca ções su cessiva s de objet os


difer en t es, h a ven do m u da n ça de r u m o e velocida de n o in t er va lo de t em po en t r e a s du a s
LDP .

F i g u ra 6.7 - P o s i ç ã o p o r m a rc a ç õ e s s u c e s s i v a s d e o b je t o s d i fe re n t e s

176 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


D e te rm in a ç ã o d a p o s iç ã o p o r m a rc a ç õ e s s u c e s s iv a s

6.3.4 P OS IÇÃO P OR S É R IE S E S P E CIAIS D E MAR CA-


ÇÕE S S U CE S S IVAS D E U M ME S MO OB J E TO
Ma r ca n do-se u m m esm o objet o com det er m in a dos va lor es pr é-fixa dos de m a rc a ç õ e s
p o la re s su cessiva s, é possível obt er diver sos elem en t os de dist â n cia , qu e n os per m it ir ã o det er -
minar a posição do navio por m arcaçõe s e distân cia .
Dois ca sos especia is se a pr esen t a m :
• Qu a n do se t êm du a s m a rc a ç õ e s p o la re s e o va lor da Segu n da m a r ca çã o é o d o bro do va lor
da primeira (posição por marcações duplas).
• Qu a n do a s m a r ca ções obedecem a va lor es pr é-fixa dos.
a. Posição por marcações duplas (posição por duas marcações polares, sendo o valor da Segunda
o dobro da primeira)

Nest e ca so, com o se pode ver ifica r n a F igu r a 6.8, a dist â n cia do n a vio a o pon t o obser va -
do, n o in st a n t e da Segu n da m a r ca çã o, é igu a l à dist â n cia per cor r ida pelo n a vio n o in t er va lo de
t em po en t r e a s m a r ca ções.

Figura 6.8 – Posição por série de marcações (marcações duplas)


POSIÇÃO POR DUAS MARCAÇÕES POLARES, SENDO Sen do a a pr im eir a m a r ca çã o pola r e 2a a
O VALOR DA SEGUNDA O DOBRO DO DA PRIMEIRA Segu n da m a r ca çã o pola r , pode-se con clu ir
qu e AB = BC, p ois o t r iâ n gu lo ABC é
isósceles. Assim , a dist â n cia do n a vio a o
pon t o obser va do n o in st a n t e da Segu n da
marcação é igual à distância percorrida pelo
n a vio n o in t er va lo de t em po en t r e a s m a r -
ca ções. Dest a for m a , pode-se det er m in a r a
posiçã o do n a vio n o in st a n t e da Segu n da
m a r ca çã o, u t iliza n do-se o va lor da m a r ca -
çã o e a dist â n cia a o pon t o (igu a l à dist â n -
cia per cor r ida en t r e a s m a r ca ções).

Dest a for m a , pode-se det er m in a r a posiçã o do n a vio n o in st a n t e da Segu n da m a r ca çã o,


u t iliza n do-se o va lor da m a r ca çã o e a dist â n cia a o pon t o m a r ca do (igu a l à dist â n cia per cor r ida
pelo n a vio, ou em ba r ca çã o, n o in t er va lo de t em po en t r e a s m a r ca ções).
A dist â n cia en t r e a s m a r ca ções é obt ida pela difer en ça de odôm et r o ou pelo pr odu t o
velocidade x intervalo de tempo.
As m arcaçõe s polare s mais usadas para este fim são:
22,5º e 45º;
30º e 60º; e
45º e 90º.
As m a rc a ç õ e s p o la re s 45º BE / 90º BE e 45º BB sã o m u it o u sa da s n a pr á t ica , pois con s-
t it u em u m ca so especia l, em qu e a dist â n cia n a vega da en t r e a s du a s m a r ca ções é igu a l à
d is tâ n c ia p e lo tra v é s (dist â n cia do objet o qu a n do est e est iver pelo n osso t r a vés). Assim ,
obt ém -se a posiçã o do n a vio qu a n do o objet o m a r ca do est á pelo t r a vés, o qu e é con ven ien t e.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 177


Determinação da posição por marcações sucessivas

A F igu r a 6.9 a pr esen t a u m exem plo de posiçã o por m a r ca ções du pla s.


Figura 6.9 – Posição por duas Marcações Polares, sendo a segunda marcação o dobro da
primeira
O n a vio n a vega n o r u m o 090º, veloc. 15 n ós.
Às 1600 é m a r ca da a a n t en a (Not .) obt en -
do-se: M = 060º (Mp = 030º BB). Nest e in s-
t a n t e o odôm et r o in dica 0410.0. Às 1622 a
a n t en a (Not ) é m a r ca da a os 030º (Mp = 060º
BB) com o odôm et r o in dica n do 0415.5.
A posiçã o do n a vio à s 1622 pode ser det er -
m in a da pela m a r ca çã o da a n t en a n est e in s-
t a n t e (M = 030º) e a dist â n cia do n a vio à
a n t en a , qu e ser á igu a l à dist â n cia per cor -
r ida en t r e a m a r ca ções, da da pela difer en -
ça de odôm et r o, ist o é, 5,5 m ilh a s.
Adem a is, pode-se det er m in a r a posiçã o por du a s m a rc a ç õ e s p o la re s su cessiva s qu a is-
qu er e o ca m in h o en t r e ela s, con for m e m ost r a do n a F igu r a 6.10.
Figura 6.10 – Posição e distância por duas marcações e caminho percorrido
Com du a s m a r ca ções pola r es su cessiva s do m esm o
objet o (M p1 n o in st a n t e A e M p2 n o in st a n t e B) e a
dist â n cia per cor r ida n o in t er va lo de t em po en t r e a s
m a r ca ções (for n ecida pela difer en ça de odôm et r o a u
pela r esolu çã o da equ a çã o qu e r ela cion a dist â n cia ,
velocida de e t em po) pode-se obt er d 2 (dist â n cia a o
objet o n o in st a n t e da segu n da m a r ca çã o) e d t (dis-
t â n cia pelo t r a vés), u t iliza n do a s fór m u la s:
sen Mp1 d
d2 = d dt =
sen (Mp2 - Mp1) cotg Mp1 - cotg Mp2
Com M p 2 e d 2 det er m in a -se a posiçã o do n a vio n o
in st a n t e da Segu n da m a r ca çã o.
A TÁBUA X da pu blica çã o DN 6p-1 TÁBUAS P ARA NAVE GAÇÃO E STIMADA, a qu i
r epr odu zida , for n ece, em fu n çã o da s m a rc a ç õ e s p o la re s , dois coeficien t es (c1 e ct ) qu e m u lt i-
plica dos pela d is tâ n c ia p e rc o rrid a en t r e a s m a r ca ções (d), pr opor cion a m , r espect iva m en t e,
a dist â n cia a o pon t o m a r ca do, por oca siã o da Segu n da m a r ca çã o (d 2 ) e a d is tâ n c ia p e lo
tra v é s (d t ), ist o é, a dist â n cia a o pon t o, qu a n do est e est iver pelo t r a vés.
Exemplo:
Um n a vio m a r cou u m fa r ol P n a m a rc a ç ã o p o la r 30º BE , n a vegou 4,0 m ilh a s n o m esm o
r u m o e m a r cou n ova m en t e o m esm o fa r ol, n a m a rc a ç ã o p o la r 50º BE . Det er m in a r a dist â n cia
a o fa r ol por oca siã o da Segu n da m a r ca çã o (d 2 ) e a dist â n cia pelo t r a vés (d t ).
Solução:
Entrando na Tábua X com 30º e 50º, obtêm-se: c1 = 1,46; c t = 1,12; sabe-se que d = 4.0
milhas. Daí:

d2 = c 1 x d = 1,46 x 4 = 5,84 milhas


d t = c t x d = 1,12 x 4 = 4,48 milhas

178 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


D e te rm in a ç ã o d a p o s iç ã o p o r m a rc a ç õ e s s u c e s s iv a s

Figura 6.10 (a) – Distância por duas marcações e caminho percorrido

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 179


Determinação da posição por marcações sucessivas

b. S é rie d e m a rc a ç õ e s p o la re s p ré -fix a d a s . S é rie d e Tra u b:


A sér ie de TRAUB é con st it u ída pela sér ie de m a rc a ç õ e s p o la re s 14º, 16º, 22º, 27º, 34º,
45º, 63º e 90º a u m m esm o objet o, qu e a pr esen t a m a s segu in t es pr opr ieda des:
As dist â n cia s n a vega da s en t r e du a s m a r ca ções con secu t iva s sã o igu a is.
A dist â n cia do objet o qu a n do est iver pelo t r a vés é o dobr o da dist â n cia n a vega da en t r e
du a s m a r ca ções con secu t iva s.
As F igu r a s 6.11 e 6.12 ilu st r a m a s pr opr ieda des da Sér ie TRAUB.
Figura 6.11 – Série de Traub
P r opr ieda des:
1. As dist â n cia s n a vega da s en t r e a s m a r -
ca ções pola r es con secu t iva s da sér ie sã o
igu a is.
2. A dist â n cia pelo t r a vés (dist â n cia a o
objet o qu a n do est iver pelo t r a vés) é o do-
br o da dist â n cia n a vega da en t r e du a s m a r -
ca ções con secu t iva s.
Fórmulas utilizadas:

1. Distância pelo través (d t):


d
dt =
cotg Mp1 - cotg Mp2

2.Distância da Segunda marcação (d 2); 3.Distância a navegar até o través (d’):


sen Mp1
d2 = d d sen Mp1 cos Mp2
sen (Mp2 - Mp1 ) d’ =
sen (Mp2 - Mp1)
Figura 6.12 – Série de Traub
Dist â n cia s n a vega da s en t r e du a s m a r ca -
ções con secu t iva s sã o igu a is
Dist â n cia pelo t r a vés é o dobr o da dist â n -
cia n a vega da en t r e du a s m a r ca ções con -
secu t iva s da sér ie: d t =2d

MP= M - R

180 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


D e te rm in a ç ã o d a p o s iç ã o p o r m a rc a ç õ e s s u c e s s iv a s

A Tá bu a I X p u blica çã o DN 6-1 – TÁBU AS P ARA N AVE GAÇÃO E S TI MADA,


r epr odu zida n a F igu r a 6.13, for n ece coeficien t es qu e, m u lt iplica dos pela dist â n cia n a vega da
en t r e u m pa r de m arc aç õe s p olare s con secu t iva s da S é rie d e TRAU B (obt ida da difer en ça de
odôm et r o ou da solu çã o da equ a çã o qu e r ela cion a dist â n cia , velocida de e t em po), for n ece:
- Dist â n cia n a 2ª m a r ca çã o;
- Dist â n cia pelo t r a vés;
- Dist â n cia a n a vega r a t é o t r a vés.
Figura 6.13 – Distância por marcações sucessivas (Série de Traub)

MARCAÇÕES POLARES SUCESSIVAS DISTÂNCIA


14º 16º 18º 22º 27º 34º 45º 63º 90º

c1 - 7,3 6,4 5,3 4,4 3,6 2,8 2,2 2 ao ponto marcado, na ocasião da 2ª marcação

c’ - 7 6 5 4 3 2 1 0 a navegar, da segunda marcação ao través.

ct - 2 2 2 2 2 2 2 2 ao ponto marcado, quando pelo través.

MARCAÇÕE S P OLARE S SUCE SSIVAS

14º e 18º 16º e 22º 18º e 27º 22º e 34º 27º e 45º 34º e 63º 45º e 90º

Dist â n cia n a vega da en t r e ca da pa r de m a r ca ções = dist â n cia a o objet o m a r ca do, qu a n do


est iver pelo t r a vés.
As fórmulas que foram utilizadas são as seguintes:

d
dt (través) =
cotg Mp1 - cotg Mp2

d sen Mp1
d2 (na 2ª marcação) =
cotg Mp1 - cotg Mp2

d sen Mp1 cos Mp2


d’ (a navegar até o través) =
sen ( Mp2 - Mp1)
c . S é rie d e TRAU B ; Ex e rc íc io s .
Exercício 1 (Figura 6.14):

O n a vio est á n o r u m o 090º, velocida de 15 n ós. Na s h or a s in dica da s, sã o obt ida s a s


segu in t es m a r ca ções do fa r ol ALF A:
HORA FAROL ALFA ODÔMETRO
1500 M 1 = 063º 0060.0’
1520 M 2 = 056º 0065.0’

determinar:

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 181


Determinação da posição por marcações sucessivas

Figura 6.14 – Série de Traub – Exercício

Na vio n o r u m o 090º, velocida de 15 n ós. Na s h or a s in dica da s sã o obt ida s a s segu in t es


m a r ca ções do F a r ol Alfa :

HORA FAROL ALFA ODÔMETRO


1500 MT - 063 0060.0
1520 M2 - 056 0065.0

Det er m in a r :
1. A dist â n cia a o pon t o m a r ca do, por oca siã o da Segu n da m a r ca çã o;
d 2 = c2 . d = 3.6 x 5.0 = 18.0 M
2. A dist â n cia a n a vega r , da Segu n da m a r ca çã o a o t r a vés:
d’= c’ . d = 3.0 x 5.0 = 15.0 M
3. A dist â n cia a o pon t o m a r ca do, qu a n do est e est iver pelo t r a vés:
d t = ct . d = 2 x 5.0 = 10.0 M
4. A h or a em qu e o pon t o m a r ca do est a r á pelo t r a vés:
d’ = 15.0 M, vel. = 15 n ós ’ T = 1 h or a . E n t ã o: H = 1620 h or a s
S o lu ç ã o :
Ca lcu la m -se a s m a r ca ções pola r es cor r espon den t es à s m a r ca ções ver da deir a s, u t ili-
za n do-se a fór m u la :
Mp = M – R
Mp 1 = M 1 – R = 063 – 090 = 27º BB
Mp 2 = M 2 = R = 056 – 090 = 34º BB

É uma Série de TRAUB. Obtêm-se, pela tábua IX (Figura 6.13) os coeficientes, para a Mp2
= 34º:
c1 = 3.6
c’=3
ct = 2

182 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


D e te rm in a ç ã o d a p o s iç ã o p o r m a rc a ç õ e s s u c e s s iv a s

Ca lcu la -se, pela difer en ça de odôm et r o, a dist â n cia per cor r ida pelo n a vio n o in t er va lo
en t r e a s m a r ca ções: d = 5.0 M
E n t ã o:
1. d 2 = 3.6 x 5.0 = 18.0 M
2. d’ = 3.0 x 5.0 = 15.0 M
3. d t = 2 x 5.0 = 10.0 M
4. d’= 15.0 m ilh a s; v = 15 n ós. P or t a n t o: t = 1 h or a
E n t ã o, o pon t o est a r á pelo t r a vés à s 1620.
Exercício 2:
O ru m o do na vio é 128º e sua ve locidade é 15.5 nós. Sã o obtida s a s seguintes m a rca ções
de u m t a n qu e n ot á vel r epr esen t a do n a Ca r t a Ná u t ica da á r ea , n a s h or a s in dica da s:

H ORA MARCAÇÃO MARCAÇÃO P OLAR


1008 150º 22º BE
1017 155º 27º BE
1026 162º 34º BE
1035 173º 45º BE
Det er m in a r :
1. A distância pelo través
2. A dist â n cia a ser n a vega da desde o in st a n t e da ú lt im a m a r ca çã o a t é o in st a n t e em qu e o
t a n qu e est iver pelo t r a vés.
3. O in st a n t e em qu e o t a n qu e est a r á pelo t r a vés
4. A dist â n cia a o t a n qu e do pon t o em qu e foi det er m in a da a ú lt im a m a r ca çã o.

Solução:

Δt = 9 m in ; vel = 15.5 n ós > d = 2.33 M


1. d t = 2d = 2 x 2.33 = 4.66M > 4.7 M
2. d’= coeficien t e c’ x d = 2 x 2.33 = 4.66 > 4.7 M
3. 10:35 = 18 m in = 10:53
5. d 2 = coeficien t e c1 x d = 2.8 x 2.33 = 6.5 M

Obs e rv a ç ã o fin a l: A Sér ie de TRAUB é pou co u sa da em veleir os ou ou t r a s pequ en a s em ba r ca -


ções, devido à fa lt a de pr ecisã o n a leit u r a de su a s a gu lh a s (bú ssola s). Mesm o se u sa r m os
a lida des m a n u a is ou t a xím et r os, h a ver á , em em ba r ca ções m en or es, n ecessida de de boa pr á t i-
ca pa r a con segu ir obser va r u m objet o n os va lor es det er m in a dos n a Sér ie. O u so da Sér ie de
TRAUB h a ven do cor r en t e est á ilu st r a do n a F igu r a 6.15, com a s explica ções per t in en t es.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 183


Determinação da posição por marcações sucessivas

Figura 6.15 – Uso da série de Traub havendo corrente

H a ven do cor r en t e, a sér ie de Tr a u b n ã o pode ser u t iliza da pa r a det er m in a çã o de dist â n cia


e posições P oder á , ser u sa da pelo n a vega n t e pa r a obt er in dica ções sobr e a cor r en t e exis-
t en t e n a á r ea , a plica n do a s segu in t es pr opr ieda des:
. se os in t er va los de t em po en t r e du a s m a r ca ções con secu t iva s sã o decr escen t es, h á u m a
cor r en t e em pu r r a n do o n a vio pa r a a cost a .
. Se os in t er va los de t em po en t r e du a s m a r ca ções con secu t iva s a u m en t a m , h á u m a cor
r en t e em pu r r a n do o n a vio pa r a o la r go

184 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Emprego de linhas de posição de segurança

EMP REGO DE
7 LINHAS DE P OSIÇÃO
DE SEGURANÇA

7.1 CONCEITO DE NAVEGAÇÃO DE


S EGU RAN ÇA

O em pr ego de lin h a s de posiçã o (LDP ) com o lim ite d e s e g u ra n ç a é com u m em n a v e -


g a ç ã o cost eir a e, pr in cipa lm en t e, em n a v e g a ç ã o e m á g u a s re s trita s , per m it in do pa ssa r
sa fo de per igos m esm o sem se Ter a posiçã o per feit a m en t e det er m in a da .
Conforme visto, uma só LDP não define a posição do navio, porém poderá dar ao navegante
indicações bastante úteis para a segurança da navegação.
O melhor modo de visualizar se o navio está ou não se aproximando de perigos à navegação
é assinalar nas Cartas Náuticas da região os contornos das áreas perigosas para o navio. Esta
providência recebe o nome de “iluminar” a carta e consiste em marcar a lápis, de forma cuidado-
sa para não danificar a Carta Náutica, os limites das áreas perigosas, que variam de navio para
navio, dependendo, principalmente, do seu calado, comprimento, boca e características de mano-
bra. Como é fácil de imaginar, uma área perigosa à navegação para um Navio-Aeródromo poderá
não o ser poderá não ser para um Navio-Patrulha, de dimensões e calado muito menores e de
manobrabilidade muito mais fácil.
Quando se ilumina uma Carta, traçando-se os contornos das áreas perigosas, dois são os
critérios que podem ser adotados: o critério das profundidades e o critério da distância ao perigo
mais próximo.
Utilizando-se o critério das profundidades, traçar-se-á a linha de perigo em torno da área
perigosa com base numa profundidade igual ao calado do navio mais 2 metros (ou mais 15% do
calado do navio, quando esta percentagem for maior que 2 metros). Esta é a lazeira mínima de
água que desejamos ter abaixo da quilha quando navegando no local.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 185


Emprego de linhas de posição de segurança

Figura 7.1
Na Figura 7.1 tem-se uma carta ilumina-
da com linhas de contorno de perigos corres-
pondentes à isobatimétrica de 6 metros envol-
vendo as áreas perigosas à navegação. Foram
traçadas, portanto, para um navio com 4 metros
de calado.
As Linhas de Perigo também podem ser
traçadas com base no critério da distância ao
perigo mais próximo. Neste caso, será estipu-
lada pelo Comandante a menor distância que
se deseja passar dos perigos à navegação exis-
tentes na área e, então, a linha de perigo será
traçada unindo-se pontos situados à distância
estabelecida dos perigos da área, como mostra a
Figura 7.2.

Figura 7.2

Carta iluminada, com linha de perigo demarcando as áreas


perigosas à navegação. A linha de perigo foi traçada de modo
que o navio não se aproxime a menos de uma milha dos peri-
gos à navegação

O traçado das áreas perigosas e o empre-


go de LDP de segurança são procedimentos tí-
picos utilizados no planejamento e na execução
da navegação de segurança praticada em águas
restritas, onde o navio está confinado pelo seu
calado, pela exiguidade da área de manobra, ou
por ambos os fatores.

7.2 LINHAS DE P OSIÇÃO DE


S EGU RAN ÇA
Às vezes o navegante se defronta com a situação de ter que passar a salvo de perigos sem
poder Ter sua posição determinada com precisão.
Nessa situação, é de grande utilidade o emprego de uma LDP de segurança, em relação à
qual o navio se movimentará. As LDP de segurança podem ser: alinhamentos, marcação de segu-
rança (ou marcação de perigo), distância de perigo e ângulo vertical ou ângulo horizontal de peri-
go.

186 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Emprego de linhas de posição de segurança

a . ALIN HAMEN TOS COMO LD P D E S EGU RAN ÇA

Figura 7.3
Quando, por exemplo, navegamos
em um canal estreito ou desejamos entrar
em um porto que apresenta perigos à nave-
gação nas proximidades de sua barra, se
mantemos a nossa proa (ou, em determina-
das situações, a nossa popa) sobre um ali-
nhamento temos certeza de que estamos
seguindo um determinado caminho, qual
seja, a direção do alinhamento, ou sua re-
cíproca (Figura 7.3). Os alinhamentos, em
particular aqueles estabelecidos especifica-
mente como auxílio à navegação, constitu-
em as mais precisas LDP de segurança.

b. MARCAÇÃO D E P ERIGO OU MARCAÇÃO D E S EGU RAN ÇA

1. ÁREA DE P ERIGO P OR AP ENAS UM DOS BORDOS

Figura 7.4 – Marcação de segurança indicando o limite de área perigosa à navegação


Situação ilustrada na Figura 7.4, onde
a derrota prevista entre os pontos A e B se-
gue o Rumo Verdadeiro R = 000º e, para se
estabelecer o limite da área perigosa à nave-
gação que se projeta da costa (área de pedras
submersas), foi traçada a marcação de segu-
rança para o Farol Ponta Alta, cujo valor é
M = 010º. Neste caso, quando o navio estiver
nas proximidades do perigo, qualquer mar-
cação do farol maior que 010º indicará ao
navegante que o navio está em águas seguras
(como, por exemplo, as marcações 015º e
020º) e, da mesma forma, qualquer marcação
menor que 010º indicará ao navegante que o
navio pode estar na área perigosa à navega-
ção ou se dirigindo para esta área (como, por
exemplo, a marcação 005º, na Figura)
É interessante notar que a marcação
de segurança é sempre determinada do na-
vio para o ponto de referência (auxílio à
navegação ou ponto notável representado
na Carta Náutica da área), isto é, do largo
para terra (nunca é a recíproca). Para se obter

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 187


Emprego de linhas de posição de segurança

a marcação de segurança, traça-se, do ponto de referência, uma tangente ao limite da área perigo-
sa à navegação e determina-se a direção desta linha, sempre do largo para o ponto de refe-
rência, pois a marcação de segurança é tomada do navio para o ponto.

2. ÁREAS DE P ERIGO À NAVEGAÇÃO P ELOS DOIS BORDOS

A situação é ilustrada na Figura 7.5, na qual o navio deve se aproximar do pier mostrado. O
Rumo para aproximação é R = 105º. São traçadas, então, duas marcações de segurança, ambas
tendo como referência a torre (notável) existente nas proximidades do pier, Estas marcações são,
conforme anteriormente citado, tangentes aos limites de perigo em ambos os bordos do rumo de
aproximação. Os valores das marcações de segurança são, como se verifica na figura, M1 = 097º e
M2 = 117º.
Assim, durante a aproximação, se o navio estiver marcado a torre entre os valores de 097º e
117º, estará em águas seguras para a navegação. Sempre que a marcação da torre se aproximar de
097º, o navio deverá corrigir o rumo para BB; sempre que a marcação se aproximar de 117º, o
navio deverá corrigir o rumo para BE. Com este procedimento, a aproximação ao pier poderá ser
feita com segurança.
Na situação em pauta, a torre notável representada na Carta Náutica da área na altura do
terminal a que o navio se dirige foi, ainda, utilizada como marca de proa para o rumo de aproxima-
ção. Assim, na derrota final para o pier, no rumo verdadeiro 105º, a torre deverá estar pela proa,
como se vê na figura. Desta forma, na aproximação, se o navio marcar a torre aos 105º, pela proa,
estará sobre a derrota prevista. Se isto não ocorrer, manobrará para corrigir a situação.

Figura 7.5 – Marcações de segurança limitando perigos nos dois bordos do rumo de

188 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Emprego de linhas de posição de segurança

aproximação
c. D IS TÂN CIA D E P ERIGO

Figura 7.6 – Distâncias de perigo


Se o navio necessitar passar entre os pe-
rigos A e B, nas proximidades do farol C, mos-
trados na Figura 7.6, podem ser traçadas duas
distâncias de perigo, d1 relativa ao perigo A e
d2 relativa ao perigo B. Ao navegar na área, o
navio deve manter-se numa distância ao farol C
situada entre os valores d1 e d2. As distâncias
do farol devem ser seguidamente verificadas e
comparadas às distâncias de perigo, até que os
perigos sejam ultrapassados e se volte a navegar
em águas seguras.

d. ÂN GU LO VERTICAL D E S EGU RAN ÇA

Figura 7.7 – Círculo de igual altitude em torno de objeto de altitude conhecida

Para ilustrar o conceito de ângulo


vertical de segurança, considere-se, inicialmen-
te, um mastro de altura conhecida, disposto ver-
ticalmente num terreno plano e nivelado, con-
forme mostrado na Figura 7.7.

Suponha-se que o referido mastro


está estaiado por um determinado número de
cabos de aço atados ao seu tope e fixados ao solo
em pontos equidistantes da base do mastro. Es-
tes pontos estão, portanto, sobre uma circunfe-
rência com centro na base do mastro. Nos pon-
tos em que os estais estão fixados ao solo, os
ângulos entre o solo e os cabos de aço são iguais,
conforme se verifica na Figura (ângulo ∝).

Assim, de qualquer ponto da circunferência representada na figura, os ângulos entre os


estais e o solo são iguais, au seja, o ângulo subtendido pela altura do mastro será igual em qualquer
ponto da circunferência que tem como centro a base do mastro. O raio desta circunferência, isto é,
a distância à base, será dado por : d = h cotg∝ .

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 189


Emprego de linhas de posição de segurança

Desta forma, um ângulo vertical medido para um objeto de altitude conhecida determinará
uma circunferência cujo raio d será dado por: d = h cotg µ, sendo µ o ângulo vertical subtendido
pelo objeto e h a altitude do objeto.
Na Figura 7.8, o navio deve se deslocar de C para D, passando entre os dois perigos mostra-
dos. Do ponto mais saliente dos perigos (pontos E e G), determina-se a distância d ao farol repre-
sentado na Carta Náutica da área. Conhecendo-se a altitude h do farol, calculam-se os ângulos
verticais ∝E e ∝G, pelas fórmulas:

tg ∝ = h tg ∝ = h
dE dE

Figura 7.8 – Ângulo vertical de segurança

Assim, determinam-se as circunferências de segurança traçadas na Figura, estando entre


elas o caminho seguro a ser seguido pelo navio. Quando navegando na área, do ponto C para o
ponto D, se o ângulo vertical aumentar, aproximando-se do valor∝ E, o navio deve corrigir o rumo
para BB; se diminuir, aproximando∝ G, o navio deve corrigir o rumo para BE.
Na Figura 7.9 é mostrado outro exemplo do uso de ângulos verticais de segurança. Assim,
para navegar-se entre o Banco dos Cavalos e o banco que se projeta da Ponta da Madeira, foram
determinados os ângulos verticais ∝ e β para o farol Ponta da Madeira, através das fórmulas:
h h
tg ∝= e tg β = sendo h a altitude do farol (25m) e d1 e d2 as distâncias ao farol medida dos
d1 d1
pontos mais salientes dos perigos a evitar.
Quando navegando na área, o navio procurará manter o ângulo vertical para o farol enter os
valores∝e β. Se o ângulo vertical aumentar muito, aproximando-se∝, o navio corrigirá o rumo de
modo a reduzí-lo. Por outro lado, se o ângulo vertical diminuir, aproximando-se de B, o navio
deverá corrigir o rumo no sentido contrário. Adotando este procedimento, o navio passará entre a
Ponta da Madeira e o Banco dos Cavalos navegando em águas seguras.

190 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Emprego de linhas de posição de segurança

Figura 7.9 – Ângulos verticais de segurança definindo círculos de distâncias a um ponto


notável de altitude conhecida

Os ângulos verticais, como se sabe, são medidos com um sextante.

e. ÂNGULO HORIZONTAL DE SEGURANÇA

Figura 7.10 – Ângulo horizontais de segurança

Na Figura 7.10, o navio deve


passar entre os dois perigos represen-
tados, sendo o rumo da derrota previs-
ta 050º.
Para traçar os ângulos horizon-
tais de segurança verifica-se, dos pon-
tos mais salientes dos perigos a serem
evitados (pontos A e B), qual o ângulo
horizontal entre dois auxílios à nave-
gação ou pontos notáveis representados
na Carta da área, no caso os faróis Ponta
da Areia e São Marcos, mostrados na
Figura.
Nesta situação, os dois ângulos são α = 38º e β =84º. Assim, quando navegando na área,
controla-se a segurança do navio pelo ângulo horizontal medido entre os dois faróis acima citados.
Se este ângulo diminui, aproximando-se do valor de α (38º), há risco de encalhe no Banco da Cerca
e o rumo deve ser corrigido para BE. Se o ângulo horizontal aumenta, aproximando-se do valor de
β (84º), o navio deve corrigir o rumo para BB, a fim de manter-se em águas seguras para a navega-
ção. Adotando este procedimento, o navio poderá navegar entre dois bancos sem risco de encalhe.
O ângulo horizontal pode ser obtido com o auxílio de um sextante au pela diferença de
marcações (verdadeiras, relativas ou da agulha) simultâneas.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 191


Emprego de linhas de posição de segurança

Figura 7.11 – Ângulos horizontais de segurança

Na Figura 7.11 vê-se outro exemplo do


emprego de ângulos horizontais de segurança.
Para o navio navegar do ponto C até o
ponto D, entre os perigos representados na figu-
ra, o ângulo horizontal entre os pontos A e B,
representados na Carta Náutica da área, deve ser
maior que B e menor que∝ . Desta forma, se o
ângulo horizontal entre os pontos diminuir,
aproximando-se do valor de B, o rumo deve ser
corrigido para boreste (BE); se o ângulo hori-
zontal aumentar, aproximando-se do valor de∝ ,
o navio deve corrigir o rumo para bombordo
(BB).

7.3 U S O D E S ON D AGEN S COMO LIMITE


D E S EGU RAN ÇA
Em navegação de segurança, particularmente em condições de baixa visibilidade, o uso
de sondagens torna-se importante. A comparação entre as profundidades registradas nas Cartas
Náuticas e a assinalada pelo ecobatímetro pode vir a ser o único recurso que permitirá ao navegante
demandar águas seguras. O alarme de baixa profundidade existente nos ecobatímetros modernos,
no qual pode ser introduzido o valor da profundidade mínima segura para o navio, proporciona um
uso muito conveniente das sondagens como limite de segurança para a navegação.

7.4 EXERCÍCIOS
a) Na Figura 7.12 (a), traçar uma marcação de segurança (ou marcação de perigo), usando a
torre como referência. Informar o valor da marcação verdadeira e a identificação do perigo.
RESPOSTAS: M = 060º
identificação do perigo: pedras submersas perigosas à navegação.

b) Na Figura 7.12 (b), traçar uma marcação de segurança (ou marcação de perigo), usando o
farolete (ISSO. B.) como referência. Informar o valor da marcação verdadeira e a identifica-
ção dos perigos.

RESPOSTAS: M = 084º

Identificação dos perigos: casco soçobrado perigoso à navegação e pedra submersa


perigosa à navegação.

192 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Emprego de linhas de posição de segurança

F ig u ra 7.12

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 193


Emprego de linhas de posição de segurança

194 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


U s o d o s d a d o s tá tic o s d o n a v io n a n a v e g a ç ã o e m á g u a s re s trita s

USO DOS DADOS


8 TÁTICOS DO NAVIO
NA NAVEGAÇÃO EM
ÁGUAS RESTRITAS

8.1 “D AD OS TÁTICOS ” OU CARACTERÍS TI-


CAS D E MAN OB RA D OS N AVIOS
E m n a v e g a ç ã o o c e â n ic a e a t é m esm o em n a v e g a ç ã o c o s te ira, a dm it e-se qu e o n a vio
a t en de im edia t a m en t e à s or den s de m u da n ça s de r u m o ou de velocida de, con sider a n do-se qu e
o n a vio gu in a em u m pon t o e pa ssa im edia t a m en t e de u m r egim e de velocida de pa r a ou t r o. Na
r ea lida de, en t r et a n t o, ist o n ã o ocor r e. Ao gu in a r ou va r ia r de velocida de, o n a vio leva u m
cer t o te m p o e per cor r e u m a det er m in a da d is tâ n c ia a t é se est a biliza r n o n ovo r u m o a u pa s-
sa r a desen volver a n ova velocida de.
O te m p o e a d is tâ n c ia p e rc o rrid a a t é efet iva r -se u m a det er m in a da ou a lt er a çã o de
velocidade dependem das caracte rísticas de m an obra do navio, denominadas de dados táticos
n os n a vios de gu er r a .
Na n a v e g a ç ã o e m á g u a s re s trita s , on de o n a vio oper a n a s pr oxim ida des de per igos à
n a vega çã o, est a n do lim it a do pelo seu ca la do, pela s dim en sões da á r ea de m a n obr a ou por
a m bos os fa t or es, a pr ecisã o de posicion a m en t o exigida é m u it o m a ior , t or n a n do-se essen cia l
leva r em con t a os d a d o s tá tic o s do n a vio qu a n do se pla n eja m e se execu t a m gu in a da s ou
a lt er a ções de velocida de.
Da m esm a for m a , qu a n do h á n a vios evolu in do em for m a t u r a , n a execu çã o de m a n obr a s
t á t ica s, esses va lor es t êm qu e ser con sider a dos, pa r a qu e seja m obt ida s a segu r a n ça , a r a pi-
dez, a sin cr on iza çã o e a eficá cia exigida s.
Assim , qu a n do se in vest e u m ca n a l est r eit o, qu a n do se execu t a a a pr oxim a çã o a u m
fu n dea dou r o ou qu a n do se m a n obr a em for m a t u r a , o n a vega n t e t em qu e con sider a r os d a d o s
táticos do navio, tanto na fase de plan e jam e n to como na fase de e xe cu ção da de rrota .
Normalmente, o dados táticos compreendem os elementos das cu rvas de giro d navio e
su a s in fo rm a ç õ e s d e m á qu in a s (t a bela s de a celer a çã o e desa celer a çã o, t a bela de RP M x velo-
cida des e t a bela de cor r espon dên cia de Or den s do Telégr a fo de Ma n obr a /r ot a ções/velocida -
des).

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 195


Uso dos dados táticos do navio na navegação em águas restritas

Os d a d o s tá tic o s do n a vio sã o det er m in a dos du r a n t e a s p ro v a s d e m a r qu e se se-


gu em à su a con st r u çã o ou m oder n iza çã o. Ta is da dos, qu e, con for m e vist o, sã o den om in a dos
c a ra c te rís tic a s d e m a n o bra n os n a vios m er ca n t es, devem est a r sem pr e à disposiçã o do
Oficia l de Ser viço, n o pa ssa diço e n o CIC/COC.

8.2 CURVAS DE GIRO E SEUS


ELEMEN TOS
Du r a n t e a s pr ova s de m a r de u m n a vio, é efet u a do u m cer t o n ú m er o de gir os com ple-
t os, sob difer en t es con dições de v e lo c id a d e e â n g u lo d e le m e , sen do r egist r a dos em t a bela s
e gr á ficos os r esu lt a dos obt idos. Nor m a lm en t e os segu in t es elem en t os (F igu r a 8.1):
Figura 8.1 – Curva de giro e seus elementos
CU RVA D E GIRO – é a t r a jet ór ia descr i-
t a pelo cen t r o de gr a vida de de u m n a vio
numa evolução de 360º, em determinada ve-
locida de e â n gu lo de lem e.
AVAN ÇO – é a dist â n cia m edida n a dir e-
çã o do r u m o in icia l, desde o pon t o em qu e o
lem e foi ca r r ega do a t é a pr oa t er gu in a do
pa r a o n ovo r u m o. O a va n ço é m á xim o
qu a n do a gu in a da é de 90º.
AF AS TAMEN TO – é a dist â n cia m edida
n a dir eçã o per pen dicu la r a o r u m o in icia l,
desde o pon t o em qu e o lem e foi ca r r ega do
a t é a pr oa t er a t in gido o n ovo r u m o.
AB ATIMEN TO – é o ca im en t o do n a vio
pa r a o bor do con t r á r io a o da gu in a da , n o
in icio da evolu çã o, m edido n a dir eçã o n or -
Figura 8.2 - m a l a o r u m o in icia l.
D IÂMETRO TÁTICO – é a dist â n cia m e-
dida n a dir eçã o per pen dicu la r a o r u m o in i-
cia l, n u m a gu in a da de 180º. O diâ m et r o
t á t ico cor r espon de a o a fa st a m en t o m á xim o.
DIÂMETRO FINAL – é o diâmetro do arco
de cir cu n fer ên cia descr it o n a pa r t e fin a l da
t r a jet ór ia pelo n a vio qu e gir ou 360º com u m
â n gu lo de lem e con st a n t e. É sem pr e m e-
n or qu e o diâ m et r o t á t ico. Se o n a vio con t i-
n u a r a evolu çã o a lém de 360º, com o m es-
m o â n gu lo de lem e, m a n t er á su a t r a jet ór ia
n essa cir cu n fer ên cia .
ÂNGULO DE DERIVA – é o ângulo forma-
do, em qu a lqu er pon t o da cu r va de gir o,
en t r e a t a n gen t e a essa cu r va e o eixo lon -
git u din a l do n a vio (F igu r a 8.2).

196 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


U s o d o s d a d o s tá tic o s d o n a v io n a n a v e g a ç ã o e m á g u a s re s trita s

Na cu r va de gir o m ost r a da n a F igu r a 8.1, est á r epr esen t a da a t r a jet ór ia per cor r ida
pelo cen t r o de gr a vida de de u m n a vio qu e gu in a com u m â n gu lo de lem e con st a n t e e sob
det er m in a da velocida de, t a m bém con st a n t e. É im por t a n t e con h ecer e leva r em con t a o a ba t i-
m en t o obser va do n o in ício da gu in a da (ver F igu r a 8.3). Após o a ba t im en t o in icia l, o cen t r o de
gr a vida de do n a vio pa ssa a descr ever u m a t r a jet ór ia cu r va , de r a io va r iá vel, a t é gu in a r cer ca
de 90º, qu a n do en t ã o a t r a jet ór ia se t or n a cir cu la r , com cen t r o fixo.
O n a vio efet u a o m ovim en t o de r ot a çã o em t or n o do seu cen t r o de gir o, qu e, n or m a l-
m en t e, est á a 1/3 do com pr im en t o do n a vio, a pa r t ir de va n t e, sobr e o seu eixo lon git u din a l.
Um obser va dor n o cen t r o de gir o ver á o n a vio em t or n o de si, o qu e lh e da r á u m m elh or
sen t im en t o de com o se com por t a o n a vio em m a n obr a ; por isso, qu a n do possível, o pa ssa diço é
loca liza do e con st r u ído de m odo a con t er o cen t r o de gir o.
A pa r t ir do m om en t o em qu e a t r a jet ór ia descr it a pelo cen t r o de gr a vida de do n a vio se
est a biliza r , segu n do u m a cir cu n fer ên cia , o â n gu lo de der iva (F igu r a 8.2) t a m bém pa ssa a Ter
u m va lor con st a n t e.

8.3 CONSIDERAÇÕES P RÁTICAS SOBRE


A CU RVA D E GIRO
Do est u do da c u rv a d e g iro e da pr á t ica de m a n obr a su r gem a s segu in t es con clu sões:

a. Logo que o leme é carregado, a proa guina para o bordo da guinada, mas o centro de gravidade permanece
seguindo o rumo inicial por um curto espaço. Em seguida, abate para o bordo oposto ao da guinada e só
começa a ganhar caminho para o bordo da guinada depois de avançar cerca de 2 a 3 vezes o comprimento
do navio. Verifica-se, então, que não será possível evitar um obstáculo à proa se somente carregar-se o
leme para um bordo, ao se ter o obstáculo à distância inferior ao dobro do comprimento do navio. Da
mesma forma, 2 navios roda a roda não evitarão a colisão se estiverem à distância inferior a duas a três
vezes a soma dos seus comprimentos (Figura 8.3).

Figura 8.3 – Efeitos do leme na manobra

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 197


Uso dos dados táticos do navio na navegação em águas restritas

Figura 8.4 – Curvas de giro para determinada velocidade e ângulos de leme diferentes (15º,
25º e 35º)

b. O avanço, o diâmetro tático, o afastamento


e o tempo de evolução diminuem com o
aumento do ângulo de leme (Figura 8.4).
c. O ângulo de deriva aumenta com o aumento
do ângulo de leme.
d. O tempo de evolução diminui com o aumento
da velocidade do navio.
e. O avanço, o diâmetro tático e o afastamento
variam com a velocidade segundo uma
parábola; diminuem até uma velocidade
denominada “ótima de evolução” e
O avanço, afastamento, diâmetro tático e tempo de
evolução diminuem com o aumento do ângulo de leme aumentam a partir desde valor.

f. Ao se efetuar uma evolução, devem ser levados em conta o avanço, o afastamento (ou o diâmetro
tático, no caso de uma guinada de 180º) e o abatimento, para avaliar-se o espaço necessário.
A F igu r a 8.5 m ost r a , pa r a u m a em ba r ca çã o t ipo Aviso de In st r u çã o (Cla sse YP -654), a s
c u rv a s d e g iro pa r a a s v e lo c id a d e s de 6 e 10 n ós e pa r a os â n g u lo s d e le m e de 5º; 13.5º
(“STANDARD RUDDE R” = lem e pa dr ã o); 20º e 25º (“F ULL RUDDE R” = t odo o lem e). P a r a
ca da c u rv a d e g iro sã o a pr esen t a dos o a v a n ç o e o a fa s ta m e n to pa r a u m a g u in a d a de 90º, o
d iâ m e tro tá tic o e o te m p o d e e v o lu ç ã o pa r a u m a gu in a da de 180º. A a n á lise da s cu r va s ilu s-
tram bem os efeitos da ve locidade e do ân gu lo de le m e sobre os dados táticos.

8.4 EFEITOS DO VENTO E DA CORREN-


TE S OB RE A CU RVA D E GIRO
As c u rv a s d e g iro , det er m in a da s, con for m e m en cion a do, du r a n t e a s p ro v a s d e m a r de
n a vio, devem ser execu t a da s em u m lu ga r de á gu a s t r a n qü ila s, sem cor r en t es m a r ít im a s ou
de m a r é sign ifica t iva s, sem sofr er in flu ên cia de ven t o e de ba ixa s pr ofu n dida des (a s pr ofu n di-
da des do loca l em qu e se efet u a m a s c u rv a s d e g iro devem ser de, pelo m en os, 5 a 6 vezes o
calado do navio).
Na pr á t ica , en t r et a n t o, m u it a s vezes t em -se qu e m a n obr a r e execu t a r c u rv a s d e g iro
em pr esen ça de v e n to e c o rre n te . Assim , é n ecessá r io con h ecer os seu s efeit os sobr e a m a n o-
br a .
A m a ior ia dos n a vios t em t en dên cia a a r r iba r , ou seja , leva r a su a pr oa pa r a sot a ven t o
e o ven t o t en de a defor m a r a cu r va de gir o, con for m e su a for ça e dir eçã o em r ela çã o a o r u m o
in icia l.

198 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


U s o d o s d a d o s tá tic o s d o n a v io n a n a v e g a ç ã o e m á g u a s re s trita s

Figura 8.5 – Curvas de Giro – Embarcações Classe AV.IN. 654

A cor r en t e t a m bém defor m a a cu r va , a lon ga n do-a n a dir eçã o em qu e a á gu a se desloca


(F igu r a 8.6).
Figura 8.6 – Efeito da corrente na curva de giro
Na figura ao lado a linha pontilhado representa a
curva de giro para condição de águas tranquilas,
sem corrente e vento. A linha cheia representa a
curva de giro descrita pelo navio com a corrente
representada na Figura.

A corrente deforma a curva de giro, alongan-


do a na direção em que a água se desloca

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 199


Uso dos dados táticos do navio na navegação em águas restritas

Qu a n do u m n a vio va i en t r a r ou sa ir de u m ca n a l ou m a n obr a r em á gu a s r est r it a s, o


n a vega n t e dever á ver ifica r a s con dições de v e n to e c o rre n te qu e en con t r a r á e, t r a ba lh a n do
com esses fa t or es, a ssocia dos a os d a d o s tá tic o s do n a vio, u sá -los pa r a m a ior pr oveit o de su a s
m a n obr a s. Ao ver ifica r qu e esses elem en t os n ã o sã o fa vor á veis à s su a s evolu ções, poder á
deixa r pa r a en t r a r n o ca n a l pr óxim o a o est ofo da m a r é, qu a n do a cor r en t e dever á ser m ín im a ,
ou em ou t r a oca siã o, qu a n do a s con dições for em m en os a dver sa s.

8.5 OBTENÇÃO DOS DADOS TÁTICOS A


P ARTIR DAS CURVAS DE GIRO
As c u rv a s d e g iro , exper im en t a lm en t e det er m in a da s du r a n t e a s p ro v a s d e m a r, sã o
t r a ça da s em esca la , em u m a for m a gr á fica qu e possibilit a a r ecu per a çã o dos d a d o s tá tic o s ,
permitindo obter o diâm e tro tático , o abatim e n to e os valores de avan ço e afastam e n to para
qu a isqu er gu in a da s (ver F igu r a 8.7).
Por exemplo, na Figura 8.8 verifica-se que, para 10 nós de ve locidade e 15º de ân gu lo de
le m e , uma gu in ada de 45º resultará num avan ço de 430 jardas e um afastam e n to de 55 jardas.
O diâm e tro tático (correspondente a uma gu in ada de 180º) para 10 nós de ve locidade de 15º de
ân gu lo de le m e será de 630 jardas.

Figura 8.7 – Curvas de giro Figura 8.8 – Obtenção dos dados táticos

No ca so especia l do d iâ m e tro tá tic o , da dos de fu n da m en t a l im por t â n cia , especia l-


m en t e pa r a m a n obr a s de n a vio de gu er r a , m u it a s vezes sã o pr epa r a dos gr á ficos, com o o da
F igu r a 8.9, qu e for n ecem , pa r a ca da v e lo c id a d e , o d iâ m e tro tá tic o pa r a os vá r ios va lor es
de â n g u lo d e le m e . Na F igu r a em qu est ã o, por exem plo, pa r a 12 n ós de v e lo c id a d e e 25º de
â n g u lo d e le m e (“t odo o lem e”) t er ía m os u m d iâ m e tro tá tic o de 120 ja r da s.
E n t r et a n t o, é m u it o m a is côm odo t r a ba lh a r a bor do com a s TABE LAS DE DADOS
TÁTICOS, or ga n iza da s com o os da dos r et ir a dos da s c u rv a s d e g iro.

200 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


U s o d o s d a d o s tá tic o s d o n a v io n a n a v e g a ç ã o e m á g u a s re s trita s

Figura 8.9 Figura 8.10 – Tabela de Dados Táticos

DADOS TÁTICOS DO NAVIO 15 NÓS


DE VELOCIDADE DE 15º DE LEME
ÂNGULO DE AFASTAMENTO
GUINADA AVANÇO
(GRAUS) (JARDAS)
(JARDAS)
15 185 40
30 275 85
45 345 115
60 390 190
75 445 270
90 500 375
105 450 445
120 405 520
135 360 590
150 315 655
165 265 725
180 205 800

As TABE LAS DE DADOS TÁTICOS n or m a lm en t e fa zem pa r t e do Livr o do Na vio, de-


ven do, t a m bém , est a r em dispon íveis n o Ca m a r im de Na vega çã o, P a ssa diço e n o CIC/COC,
pa r a pr on t o u so pelo Oficia l de Ser viço. H á t a bela s de vá r ia s for m a s e t ipos. A t a bela da
Figura 8.10 apresenta os valores de avan ço e afastam e n to e o diâm e tro tático para um deter-
m in a do n a vio, m a n obr a n do a 15 n ós de velocida de e com 15º de â n g u lo d e le m e . De posse da
r efer ida t a bela poder ía m os r espon der a per gu n t a s t a is com o:
a . Qu a is os va lor es do a v a n ç o e do a fa s ta m e n to pa r a u m a g u in a d a de 90º, a 15 n ós de
v e lo c id a d e e com 15º de â n g u lo d e le m e ?
Re s p o s ta s :
AVANÇO = 500 ja r da s
AF ASTAME NTO = 375 ja r da s
b. Qu a l o d iâ m e tro tá tic o do n a vio pa r u m a g u in a d a com 15º de â n g u lo d e le m e , a 15 n ós
de v e lo c id a d e ?
Re s p o s ta :
DIÂME TRO TÁTICO = 800 ja r da s (a fa s ta m e n to pa r a u m a g u in a d a de 180º).
Os d a d o s t á t i c o s pa r a va lor es in t er m ediá r ios de gu in a da podem ser obt idos por
in t er pola çã o lin ea r n a t a bela .
Ou t r o t ipo de TABE LA DE DADOS TÁTICOS est á m ost r a do n a F igu r a 8.11. Nest e
caso, a tabela fornece o avan ço e o afastam e n to para uma gu in ada de 90º e o diâm e tro tático
(guinada de 180º) para várias ve locidade s e ân gu los de le m e . Esta tabela nos permitiria obter
da dos t a is com o:
a . P a r a u m a g u in a d a de 90º, a 25 n ós de v e lo c id a d e e com 25º de â n g u lo d e le m e , os
va lor es a v a n ç o e do a fa s ta m e n to ser ia m r espect iva m en t e, de 560 ja r da s e 345 ja r da s.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 201


Uso dos dados táticos do navio na navegação em águas restritas

Figura 8.11 – Tabela de dados táticos correspondentes a diversas velocidades e ângulos de


leme, para guinadas de 90º e 180º

GUINADA (VARIAÇÃO DA PROA): 90° GUINADA: 180°


ÂNGULO AVANÇO AFASTAMENTO DIÂMETRO TÁTICO
LEME
VELOC. 10° 15° 25° 35° 10° 15° 25° 35° 10° 15° 25° 35°
10 1040 725 450 400 950 625 350 300 2000 1200 650 530
15 920 695 470 420 755 510 310 260 1640 1030 655 540
20 880 685 500 440 650 445 300 250 1450 1015 680 545
25 1100 760 560 490 825 530 345 280 1800 1150 745 600
30 1295 930 675 600 995 650 420 330 2175 1450 905 725
33 1550 1080 780 690 1350 800 475 380 2750 1700 1075 855
NOTA: Avanço, afastamento e diâmetro tático em jardas
b. Nessa sit u a çã o (25 n ós de v e lo c id a d e e 25º de â n g u lo d e le m e ), o va lor do d iâ m e tro
tá tic o ser ia de 745 ja r da s.
A F igu r a 8.12, por ou t r o la do, for n ece, pa r a u m a v e lo c id a d e in ic ia l de 12 n ós e â n g u lo s
de le m e de 15º, 25º e 35º, os valores do te m po de e volu ção, ve locidade re al, avan ço e afasta-
m e n to , pa r a g u in a d a s qu e va r ia m de 15º a 360º. E st a t a bela n os per m it e r espon der a per gu n -
t a s t a is com o:
a . Qu a l o va lor do te m p o d e e v o lu ç ã o , do a v a n ç o e do a fa s ta m e n to pa r a u m a g u in a d a de
90º e qu a l o va lor da v e lo c id a d e re a l do n a vio n o in st a n t e do fin a l da m a n obr a , sa ben do-se
qu e a v e lo c id a d e in ic ia l é de 12 n ós e o â n g u lo d e le m e é de 25º ?

Figura 8.12 – Velocidade de 12 nós – Dados Táticos

Re s p o s ta s :
TE MP O DE E VOLUÇÃO: 01 m in 15 Seg
AVANÇO: 400 ja r da s
AF ASTAME NTO: 200 ja r da s
VELOCIDADE: 8.2 nós

202 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


U s o d o s d a d o s tá tic o s d o n a v io n a n a v e g a ç ã o e m á g u a s re s trita s

8.6 TEB ELA D E ACELERAÇÃO E


DESACELERAÇÃO E OUTROS DADOS
D E MÁQU IN AS
Ain da fa zem pa r t e dos d a d o s tá tic o s do n a vio a s TABE LAS DE ACE LE RAÇÃO E
DE SACE LE RAÇÃO, a de P ARADA E M E ME RGÊ NCIA, a t a bela de cor r espon dên cia en t r e
Or den s do Telégr a fo de Ma n obr a s/r ot a ções/velocida des e t a bela de RP M X VE LOCIDADE S,
a lém de ou t r os da dos de m á qu in a s. Ta l com o a s c u rv a s d e g iro, est es da dos t a m bém sã o det er -
m in a dos du r a n t e a s p ro v a s d e m a r dos n a vios.

Figura 8.13 – Tabela de aceleração e desaceleração e outros dados de máquinas


A F igu r a 8.13 m ost r a a TABE LA DE
ACE LE RAÇÃO E DE SACE LE RAÇÃO de u m
n a vio, qu e per m it e obt er da dos t a is com o:
a. para passar da velocidade de 10 nós para 25 nós,
o navio em questão leva 9 minutos.
b. a distância percorrida entre a ordem de aumentar
a velocidade de 10 nós para 25 nós e a efetiva
mudança de velocidade será, aproximadamente,
de:
d10-15
(veloc 12.5 nós em 2 min) = 833 jd
d15-25
(veloc 17.5 nós em 2 min) = 1.166 jd
d 20-25
(veloc 22.5 nós em 5 min) = 3.750 jd

TOTAL = 5.749 ja r da s = 2,87 m ilh a s


c. o navio estando a 30 nós e parando as máquinas,
levará 12 minutos para efetivamente parar,
percorrendo ainda uma distância de,
aproximadamente, 4.1 milhas.

Na F igu r a 8.14 é a pr esen t a da , n a pa r t e su per ior , a t a bela de In dica ções do Telégr a fo


de Ma n obr a s (Telégr a fo da Má qu in a ), RP M e Velocida de cor r espon den t es. E st a t a bela per m i-
t e a fir m a r , por exem plo, qu e a or dem de m á qu in a s 2/3 ADIANTE cor r espon de a 92 RP M e
velocida de de 10,5 n ós.
Na pa r t e in fer ior da F igu r a 8.14 é a pr esen t a da u m a t a bela qu e r ela cion a RP M e os
va lor es de velocida des cor r espon den t es. Se o n a vio deseja r n a vega r a 20 n ós, por exem plo,
dever á a ju st a r n a s m á qu in a s 185 RP M.
E st a s t a bela s t a m bém devem est a r dispon íveis n o P a ssa diço (e CIC/COC), pa r a pr on t o
u so pelo Oficia l de Ser viço.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 203


Uso dos dados táticos do navio na navegação em águas restritas

Figura 8.14 – Tabela de velocidades, RPM e indicações do telégrafo de manobras

TABELA DE
VELOCIDADES X RPM

8.7 D ETERMIN AÇÃO D O P ON TO D E


GU IN AD A
No pla n eja m en t o da n a v e g a ç ã o e m á g u a s re s trita s, especia lm en t e qu a n do se t em qu e
in vest ir u m ca n a l est r eit o, qu a n do h á u m a in flexã o n a d e rro ta p re v is ta é n ecessá r io defin ir o
p o n to d e g u in a d a, on de o n a vio deve ca r r ega r o lem e, pa r a qu e, n a vega n do em u m a det er m i-
n a da v e lo c id a d e e gu in a n do com u m cer t o â n g u lo d e le m e , possa efet u a r com segu r a n ça a
m u da n ça de r u m o deseja da . Na det er m in a çã o do p o n to d e g u in a d a sã o u t iliza dos os d a d o s
táticos do navio (avanço e afastamento). Após definido o ponto de guinada, estuda-se a Carta
Náutica da área, buscando um ponto notável à navegação, que possa servir como referência
para a marcação de guinada, com o se rá visto abaixo.
Na F igu r a 8.15, a d e rro ta p re v is ta pa r a in vest ir o ca n a l r epr esen t a do m ost r a u m a
gu in a da de 50º n o pon t o A. P a r a det er m in a r o p o n to d e g u in a d a , on de o n a vio, n a vega n do a 12
n ós e m a n obr a n do com 15º de â n gu lo de lem e, deve in icia r a gu in a da , n ecessit a m os do a v a n ç o
e do a fa s ta m e n to pa r a 50º de gu in a da .
A TABE LA DE DADOS TÁTICOS m ost r a da n a F igu r a (cor r espon den t e à velocida de e
â n gu lo de lem e qu e ser ã o u sa dos n a m a n obr a ) n os for n ece os segu in t es da dos
Guinada Avanço Afastamento
45º 270 jardas 60 jardas
60º 310 jardas 110 jardas

Interpolando linearmente entre os dados tabelados, obtêm-se:

Guinada Avanço Afastamento


50º 283 jardas 77 jardas

204 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


U s o d o s d a d o s tá tic o s d o n a v io n a n a v e g a ç ã o e m á g u a s re s trita s

Figura 8.15 – Determinação do avanço, do afastamento, do ponto de guinada e da marcação


Aplica -se, en t ã o, o a fa s ta m e n to de 77
ja r da s, t r a ça n do u m a pa r a lela a o ru m o in ic i-
a l e det er m in a n do o pon t o B , m ost r a do n a F i-
gu r a 8.15 (1).

E m segu ida , a pa r t ir do pon t o B a pli-


ca -se o a v a n ç o de 283 ja r da s, det er m in a n do-
se o pon t o C. Do pon t o C t r a ça -se u m a per -
pen dicu la r a o ru m o in ic ia l, pa r a det er m in a r
o pon t o D (F igu r a 8.15-2), on de deve ser in ici-
a da a gu in a da pa r a qu e a m u da n ça de r u m o
seja efet u a da com segu r a n ça , segu in do exa -
tamente a derrota prevista.

2 - AP LICAÇÃO DO AVANÇO, DE TE RMINAÇÃO


DE GUINADA
E st u da n do a Ca r t a Ná u t ica , ver ifica -se a exist ên cia da TORRE , qu e pode ser u t iliza da
como re fe rê n cia para a gu in ada. Traça-se, então, a m arcação de gu in ada, MG = 270º.
Na fase de e xe cu ção da de rrota, o navio, navegando no ru m o in icial 000º, com 12 nós de
velocida de, a o m a r ca r a TORRE a os 270º in icia r á a gu in a da pa r a o n ovo r u m o (050º),
com 1 5 º d e le m e , o q u e p e r m it ir á q u e a
Figura 8.16 – Determinação doavanço, d e rro ta p re v is ta seja segu ida e a m u da n ça
afastamento e ponto de guinada de r u m o seja feit a com segu r a n ça .
A F igu r a 8.16 m ost r a ou t r o exem plo de
det er m in a çã o do po n to de gu in a d a e tra ça do
da m arcação de gu in ada, para uma guinada
m a ior qu e 90º.
DADOS TÁTICOS DO NAVIO 15 NÓS
DE VELOCIDADE DE 15º DE LEME

ÂNGULO DE AVANÇO AFASTAMENTO


GUINADA (GRAUS) (JARDAS) (JARDAS)

15 180 40
30 275 85
45 345 115
60 390 190
75 445 270
90 500 375
105 450 445
120 405 520
135 360 590
150 315 655
165 265 725
180 205 800
ÂNGULO DE GUINADA: 125º
AVANÇO: 390 J ARDAS
AF ASTAME NTO: 543 J ARDAS
N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 205
Uso dos dados táticos do navio na navegação em águas restritas

A escolh a de u m objet o com o r efer ên cia pa r a a m a rc a ç ã o d e g u in a d a m er ece a lgu -


m a s con sider a ções. De m a n eir a ger a l, dois ca sos ext r em os podem se a pr esen t a r :
1. Objeto mais próximo possível do través no ponto de guinada, na derrota original.

VANTAGENS:

a. O efeito de um desvio da giro desconhecido ou de valor incorreto é minimizado, pois a razão de


variação da marcação é máxima para um objeto próximo do través.
b. Pela mesma razão, há maior probabilidade de se iniciar a guinada no momento apropriado.

DESVANTAGEM:

Se o navio estiver fora da derrota prevista na pernada original, ele continuará fora da derrota na nova
pernada, como mostra a Figura 8.17.

OBJETO MAIS PRÓXIMO POSSÍVEL DO TRAVÉS VANTAGENS


NO PONTO DE GUINADA NA DERROTA ORIGINAL
O EFEITO DE UM DESVIO DA GIRO
DESCONHECIDO OU DE VALOR
INCORRETO É MINIMIZADO, POIS A
RAZÃO DE VARIAÇÃO DA MARCA-
ÇÃO É MÁXIMA PARA UM OBJETO
PRÓXIMO DO TRAVÉS.

PELA MESMA RAZÃO, HÁ MAIOR


PROBABILIDADE DE SE INICIAR A
GUINADA NO MOMENTO APROPRIA-
DO

DESVANTAGEM

SE O NAVIO ESTIVER FORA DA


DERROTA PREVISTA NA PERNADA
ORIGINAL, ELE CONTINUARÁ FORA
DA DERROTA NA NOVA PERNADA,
COMO MOSTRA A FIGURA.

Figura 8.17 – Seleção de um objeto – referência para marcação de guinada


2. O pon t o de r efer ên cia est á sit u a do em u m a posiçã o t a l qu e a su a m a r ca çã o do p o n to d e
g u in a d a é pa r a lela a o r u m o da n ova per n a da .
VANTAGEM:

Nest a sit u a çã o, n ã o im por t a on de est eja o n a vio em r ela çã o à der r ot a or igin a l, ele est a r á
sobr e a n ova per n a da n o fin a l da gu in a da , com o m ost r a a F igu r a 8.18.
D ES VAN TAGEM:
A m a rc a ç ã o d e g u in a d a pa r a u m pon t o de r efer ên cia sit u a do n est a posiçã o é m en os
sen sível, pois va r ia m a is len t a m en t e. P or essa r a zã o, exist e o r isco de n ã o se in icia r a m a n obr a
exa t a m en t e n o in st a n t e a pr opr ia do.

206 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


U s o d o s d a d o s tá tic o s d o n a v io n a n a v e g a ç ã o e m á g u a s re s trita s

Figura 8.18 – Seleção de um objeto – referência para marcação de guinada


O OBJETO DE REFERÊNCIA PARA UMA MARCA-
ÇÃO DE GUINADA É AQUELE CUJA MARCAÇÃO,
DO PONTO DE GUINADA NA DERROTA ORIGI-
NAL, É PARALELA AO RUMO DA NOVA
PERNADA. NESTA SITUAÇÃO NÃO IMPORTA
ONDE ESTEJA O NAVIO EM RELAÇÃO À DER-
ROTA ORIGINAL, ELE ESTARÁ SOBRE A NOVA
PERNADA NO FINAL DA GUINADA, COMO MOS-
TRA A FIGURA.

A F igu r a 8.19 r eca pit u la a s du a s sit u a ções descr it a s e a pr esen t a o pr ocedim en t o in di-
ca do pa r a escolh a de u m objet o a ser u t iliza do com o r efer ên cia pa r a a MARCAÇÃO DE GUI-
NADA, a bor da n do, t a m bém , o u so de u m pon t o n ot á vel com o m a r ca de pr oa , o qu e é ba st a n t e
empregado no fu n de io de pre cisão, conforme será visto adiante.

Figura 8.19 –

COMO RARAMENTE SE CONSEGUE UM OBJETO CUJA MARCAÇÃO DO PONTO DE


GUINADA SEJA EXATAMENTE PARALELA AO NOVO RUMO, SELECIONA-SE COMO
REFERÊNCIA PARA GUINADA UM OBJETO CUJA MARCAÇÃO DO PONTO DE GUINADA
SEJA O MAIS PRÓXIMO POSSÍVEL DA PARALELA AO RUMO DA NOVA PERNADA. ESTE
OBJETO É, ENTÃO, UTILIZADO COMO MARCA DE PROA PARA O NOVO RUMO.

NOTA:
O USO DE UMA MARCA
DE P ROA TAMBÉ M AU-
XILIA A CONTROLAR SE
O NAVIO E STÁ GUINAN-
D O S O B R E A N O VA
PERNADA DA DERROTA.

SE E STIVE R GUINANDO
MUITO RÁP IDO: ALIVIA
O LE ME .

SE E STIVE R GUINANDO
MUITO LE NTO: CARRE -
GA MAIS O LE ME .

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 207


Uso dos dados táticos do navio na navegação em águas restritas

8.8 MAN OB RA D E VARIAÇÃO D E


VELOCID AD E
Ger a lm en t e a s va r ia ções de r u m os sã o m a is com plexa s n a n a vega çã o em á gu a s r est r i-
t a s do qu e a s de velocida des, m a s h á oca siões em qu e se n ecessit a leva r em con sider a çã o a
aceleração ou desaceleração.
P or exem plo, u m n a vio est á se desloca n do à velocida de de 15 n ós, m a s deseja -se pa ssa r
em fr en t e a u m t r a pich e à velocida de de 10 n ós. O Com a n da n t e deseja dim in u ir a velocida de
o m a is t a r de possível. De u m a t a bela sem elh a n t e a da F igu r a 8.13, sa be-se qu e o n a vio leva r á
1 m in u t o pa r a per der velocida de e, se o con sider a r m os com velocida de con st a n t e e igu a l à
m édia , ou seja 12,5 n ós, ver em os qu e ele per cor r er á a dist â n cia de 420 ja r da s n est e m in u t o;
con seqü en t em en t e, a est a dist â n cia do t r a vés de t r a pich e deve-se r edu zir a velocida de.

8.9 FUNDEIO DE P RECISÃO


F u n d e io d e p re c is ã o é a sér ie de m a n obr a s e pr ocedim en t os r ea liza dos pelo n a vio
com a fin a lida de de fu n dea r n u m pon t o pr é-selecion a do, com u m m ín im o de er r o.
E m con dições n or m a is, u m n a vio execu t a r á u m fu n d e io d e p re c is ã o pa r a :

ß esperar vaga para atracação em portos ou bases, especialmente naqueles de intenso movimento e numerosa
presença de navio;
ß abrigar-se de mau tempo;
ß aguardar outros navios com os quais operará; e
ß quando fundeando em companhia dos demais navios com os quais opera, em fundeadouro onde o espaço
é restrito, sendo necessário que todos ocupem os pontos de fundeio pré-determinados, para que não haja
interferência mútua.

Nest a s sit u a ções, a á r ea pr opícia a o fu n deio é qu a se sem pr e lim it a da e m u it a s vezes


con gest ion a da , exigin do, por isso, qu e ca da n a vio ocu pe u m a posiçã o pr ecisa , de m odo qu e n ã o
só u m m a ior n ú m er o de n a vios possa u t iliza r o fu n dea dou r o, com o t a m bém qu e ca da u m o fa ça
com segu r a n ça .
Do pon t o de vist a do n a vega n t e, h á qu a t r o fa ses n u m fu n d e io d e p re c is ã o :

a. Seleçã o do pon t o de fu n deio;


b. P lot a gem do fu n deio de pr ecisã o;
c. Apr oxim a çã o e execu çã o da fa in a de fu n deio; e
d. P r ocedim en t o a ser em obser va dos a pós o fu n deio.

a. Seleção do ponto de fundeio

A seleção do pon to de fu n de io começa com a delimitação da áre a se gu ra para o fundeio,


n o loca l escolh ido pa r a fu n dea r .

208 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


U s o d o s d a d o s tá tic o s d o n a v io n a n a v e g a ç ã o e m á g u a s re s trita s

Depois de selecion a r a loca liza çã o, a á re a s e g u ra n a qu a l fu n dea r deve ser est a belecida


n a Ca r t a , por m eio do segu in t e pr ocedim en t o (F igu r a 8.20):

Figura 8.20 –
PROCEDIMENTO RECOMENDADO PARA
ESTABELECER A ÁREA SEGURA PARA
FUNDEIO:

1. TRACE A LINHA DE PERIGO.

2. DA LINHA DE PERIGO CONSTRUA


UMA SÉRIE DE ARCOS DE RAIO IGUAL
AO COMPRIMENTO DO NAVIO MAIS O
FILAME A SER UTILIZADO.

3. A ÁREA EXTERNA A ESTES ARCOS É A


ÁREA SEGURA NA QUAL FUNDEAR.

1. Traçar a linha de perigo, que é normalmente a isobatimétrica correspondente a uma profundidade igual
ao calado do navio mais 6 pés (aproximadamente 1,8 m), pois esta é a lazeira mínima de água que se
pode admitir, abaixo da quilha, na baixa-mar (BM);
2. A partir da linha de perigo, construir uma série de arcos de raio igual ao comprimento do navio mais o
filame a ser utilizado; e
,3. A área externa a esses arcos será, então, uma área segura na qual fundear.

Após delim it a da a á r ea s e g u ra p a ra o fu n deio, pa ssa -se à escolh a do p o n to d e fu n d e io


pr opr ia m en t e dit o. Os segu in t es a spect os devem ser con sider a dos n a seleçã o do p o n to d e fu n -
deio:

1. O ponto de fundeio deve estar localizado numa área abrigada dos efeitos de ventos fortes, correntes e
marés.
2. A área disponível para a manobra, tendo em vista a conformação da costa e o relevo submarino, deve ser
suficiente.
3. A tensa deve ser, de preferência, areia ou lama, em vez de pedra, coral ou outro fundo duro, para permitir
que o ferro unhe convenientemente.
4. A profundidade não deve ser muito pequena, colocando o navio em perigo, nem muito grande, facilitando
que o ferro garre.
5. A posição deve ser livre de perigos à navegação ou inconvenientes ao fundeio, tais como pedras submersas,
cascos soçobrados, canalizações ou cabos submarinos.
6. Deve existir um número conveniente de pontos notáveis e auxílios à navegação, cegos e luminosos, para
controlar a posição do navio durante o dia e à noite.
7. Devem ser previstos pontos alternativos para o fundeio.
8. Se estiver previsto movimento de lanchas do navio para terra, para condução de licenciados, compras,
etc., o ponto de fundeio escolhido deve estar o mais próximo possível do local onde atracarão as lanchas;
e

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 209


Uso dos dados táticos do navio na navegação em águas restritas

9. Se o ponto de fundeio for designado por Autoridade superior (Comandante da FT ou GT, por exemplo)
e o Encarregado de Navegação, após analisar os fatores a serem considerados para sua seleção, julgar
que a posição não é segura para o fundeio, deve recomendar ao Comandante que solicite um novo ponto.

b. Plotagem do fundeio de precisão

Um a vez escolh ido o p o n to d e fu n d e io e obt ida a a pr ova çã o do Com a n da n t e, pa ssa -se a o


t r a ça do da der r ot a pa r a o fu n deio, o qu e deve ser feit o n a Ca r t a Ná u t ica de m a ior esca la
em qu e est eja r epr esen t a da a á r ea em qu e se va i fu n dea r .

Na plotage m do fu n de io de pre cisão os seguintes fatores devem ser considerados:

1. A der r ot a de a pr oxim a çã o, ist o é, a der r ot a cor r espon den t e a o r u m o fin a l n o qu a l o n a vio


deve gover n a r pa r a a lca n ça r o pon t o de fu n deio selecion a do, deve t er u m com pr im en t o
m ín im o da or dem de 1000 ja r da s (n a r ea lida de, o com pr im en t o da der r ot a sobr e o r u m o
fin a l va r ia r á de a cor do com o n a vio, m a s n ã o deve ser m en or qu e 600-1000 ja r da s,
a u m en t a n do de ext en sã o con for m e a u m en t a o por t e do n a vio);
2. Sem pr e qu e possível, o n a vega n t e deve selecion a r u m a der r ot a de a pr oxim a çã o t a l qu e se
t en h a u m a u xílio à n a vega çã o ou pon t o n ot á vel r epr esen t a do n a ca r t a pela pr oa (ou pela
popa ) n o r u m o fin a l, pois ist o fa cilit a o con t r ole da posiçã o do n a vio du r a n t e a fa se de
a pr oxim a çã o a o fu n dea dou r o.
3. A ca r t a deve ser est u da da em det a lh es, a fim de se ver ifica r a exist ên cia de a u xílios à
n a vega çã o ou pon t o n ot á vel n a s pr oxim ida des do t r a vés qu a n do o n a vio a t in gir o pon t o de
fu n deio, pa r a ser vir de r efer ên cia à m a r ca çã o de la r ga da do fer r o.
4. Os pon t os qu e ser ã o m a r ca dos du r a n t e a a pr oxim a çã o e fu n deio devem ser defin idos com
a n t ecedên cia , a t r a vés do est u do da Ca r t a Ná u t ica da á r ea , ver ifica n do-se a s á r ea s de
cr u za m en t os fa vor á veis de m a r ca ções.
5. O fila m e a ser u t iliza do é fu n çã o da pr ofu n dida de e do t ipo de fu n do. Nor m a lm en t e ser á
u sa do u m com pr im en t o de a m a r r a cor r espon den t e a 5 a 7 vezes a pr ofu n dida de do loca l.
Sa ben do-se qu e u m qu a r t el de a m a r r a m ede 15 br a ça s (27,4 m ), é possível est a belecer
qu a n t os qu a r t éis ser ã o la r ga dos n o pon t o de fu n deio selecion a do. As in for m a ções de
pr ofu n dida de, t ipo de fu n do, fila m e e h or a pr ová vel do fu n deio devem ser t r a n sm it ida s a o
E n ca r r ega do de Con vés ou a o Mest r e do Na vio com a n t ecedên cia , pa r a pr epa r a çã o da
fa in a .
6. Leva n do-se em con t a a velocida de e o â n gu lo de lem e a ser em u t iliza dos, det er m in a r o
avan ç o e o a fa s ta m e n to pa r a a gu in a da n o pon t o de in flexã o da ú lt im a per n a da da der r ot a
do n a vio pa r a a der r ot a de a pr oxim a çã o a o pon t o de fu n deio. U t iliza r o a v a n ç o e o
a fa s ta m e n to pa r a det er m in a r o pon t o de gu in a da e pr ocu r a r u m objet o ca r t ogr a fa do qu e
possa servir como referência para a m arcação de gu in ada.
7. Tr a ça r os círcu los de distân cia , de 100 em 100 jardas (ou de 200 em 200 ja rda s, conforme a
esca la da ca r t a ), cen t r a dos n o pon t o de fu n deio e t en do com o ze ro u m a dist â n cia do pon t o
de fu n deio igu a l à dist â n cia pa ssa diço – escovém do seu n a vio. E st es cír cu los de dist â n cia
possibilit a r ã o obt er , em qu a lqu er pon t o da der r ot a de a pr oxim a çã o a dist â n cia a n a vega r
a t e o pon t o de fu n deio.

A plot a gem do fu n deio de pr ecisã o pode ser visu a liza da n a s F igu r a s 8.21 e 8.22.

210 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


U s o d o s d a d o s tá tic o s d o n a v io n a n a v e g a ç ã o e m á g u a s re s trita s

Figura 8.21 –

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 211


Uso dos dados táticos do navio na navegação em águas restritas

Figura 8.22 –
É in t er essa n t e n ot a r qu e a dist â n cia escovém – pa ssa diço do n a vio deve ser leva da em
con t a qu a n do do t r a ça do dos cír cu los de dist â n cia , n a fa se de plot a gem do fu n deio de pr ecisã o,
pois deseja -se la r ga r o fer r o qu a n do o escovém est iver sobr e o pon t o de fu n deio, m a s a posiçã o
det er m in a da do n a vio cor r espon de à posiçã o do pa ssa diço, on de est ã o ger a lm en t e loca liza dos
os pelor os u t iliza dos pa r a obt en çã o da s m a r ca ções, com o se pode ver ifica r n a F igu r a 8.23.
Dest a for m a , em bor a o cen t r o dos cír cu los de dist â n cia seja o pon t o de fu n deio, o ze ro de
dist â n cia est a r á sobr e o r u m o fin a l, a u m a dist â n cia do pon t o de fu n deio igu a l à dist â n cia
escovém – pa ssa diço. Assim , qu a n do o pa ssa diço est iver n est e pon t o, o escovém est a r á exa t a -
m en t e sobr e o pon t o de fu n deio, e o fer r o poder á ser la r ga do. A dist â n cia escovém – pa ssa diço
pode va r ia r de a pr oxim a da m en t e 10 ja r da s, n u m pequ en o n a vio, a t é cer ca de 300 ja r da s, n u m
su per -pet r oleir o ou gr a n de Na vio-Aer ódr om o.

Figura 8.23 –
c . Ap ro x im a ç ã o e e x e c u ç ã o d o fu n d e io d e p re c is ã o

Antes da execução do fu n de io de pre cisão , a e qu ipe de n ave gação deve ser informada
da s ca r a ct er íst ica s da m a n obr a , t a is com o objet os a ser em m a r ca dos n a der r ot a de a pr oxim a -
çã o, m a r ca çã o de gu in a da pa r a a r efer ida der r ot a , r u m o fin a l e m a r ca de pr oa (ou popa ) n est e
r u m o, objet o de r efer ên cia e va lor da m a r ca çã o de la r ga da do fer r o. O E n ca r r ega do de Na vega -
çã o deve, a in da pa r t icipa r a o Com a n da n t e do n a vio e a o Oficia l de Ma n obr a det a lh es da fa in a ,
especia lm en t e o r u m o fin a l e o objet o de r efer ên cia pela pr oa (ou popa ) n a der r ot a de a pr oxi-
m a çã o, a pr ofu n dida de e o t ipo de fu n do n o pon t o de fu n deio e a s con dições pr ová veis de ven t o
e m a r é. O E n ca r r ega do do Con vés (e/ou Mest r e do n a vio) deve ser in for m a do da pr ofu n dida de
e da qu a lida de do fu n do n o pon t o fu n deio, da s con dições de ven t o e m a r é esper a da s pa r a o
loca l n o m om en t o da fa in a , do h or á r io pr evist o pa r a o fu n deio e o fila m e a ser u t iliza do.
Du r a n t e a execu çã o da a pr oxim a çã o, deve ser bu sca da a m a ior pr ecisã o possível n a
n a vega çã o, t om a n do-se os segu in t es cu ida dos:

ß a s m a r ca ções devem ser sim u lt â n ea s e t om a da s a in t er va los de t em po ba st a n t e cu r t os


(ger a lm en t e a ca da m in u t o);

212 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


U s o d o s d a d o s tá tic o s d o n a v io n a n a v e g a ç ã o e m á g u a s re s trita s

ß os desvios da s a gu lh a s e r epet idor a s u t iliza da s devem est a r bem det er m in a dos e ser leva dos
em con t a antes da plotagem das LDP;
• er r o de dist â n cia do r a da r deve ser con sider a do;

ß com a equ ipe de n a vega çã o gu a r n ecida e o a n ot a dor com a n da n do os “t ops”, a s m a r ca ções


devem ser t om a da s do t r a vés pa r a a pr oa (ou popa ) e a s dist â n cia s-r a da r m edida s da pr oa /
popa pa r a o t r a vés (ist o é, a s LDP qu e va r ia m m a is r a pida m en t e devem ser obser va da s
pr im eir o, n o in st a n t e do “t op”);

Con for m e o n a vio se a pr oxim a do pon t o de fu n deio, a velocida de deve ser r edu zida . Nã o
h á r egr a s fixa s pa r a est e pr ocesso de r edu çã o, depen den do do t ipo de n a vio a s dist â n cia s
cor r espon den t es a os diver sos r egim es de m á qu in a s. P a r a n a vios do por t e de Con t r a t or pedeir os
a s segu in t es r egr a s ger a is sã o in dica da s:
1. A 1.000 ja r da s do pon t o de fu n deio, r edu zir pa r a u m a velocida de de 5 a 7 n ós;
2. Depen den do do ven t o e cor r en t e, a s m á qu in a s devem ser pa r a da s a cer ca de 300 ja r da s do
pon t o de fu n deio;
3. À m edida qu e o n a vio se a pr oxim a do pon t o, a s m á qu in a s devem ser r ever t ida s, de m odo a
qu ebr a r t odo o segu im en t o pa r a va n t e e da r u m pou co de segu im en t o pa r a r é qu a n do o
escovém est iver dir et a m en t e sobr e o pon t o de fu n deio. Um pou co de segu im en t o pa r a r é é
desejá vel qu a n do se la r ga o fer r o, especia lm en t e pa r a n a vios com pr oa bu lbosa ou com
dom o de son a r n a pr oa , com o m ost r a do n a F igu r a 8.24.
Figura 8.24 – Fundeio de navio como domo de sonar na proa
4. La r ga -s e o fer r o qu a n d o for p r een ch id a
exa t a m en t e a m a r c a ç ã o d e l a r g a d a e
det er m in a -se im edia t a m en t e a posiçã o do
p o n to d e fu n d e io re a l.

Con for m e a n t er ior m en t e cit a do, é r eco-


m en da do u m fila m e (com pr im en t o da a m a r r a )
de 5 a 7 vezes a pr ofu n dida de do loca l.

Se t u do cor r er bem , o fer r o deve ser la r -


ga do den t r o de u m cír cu lo de 50 ja r da s de r a io
com cen t r o n o pon t o de fu n deio escolh ido. A a n á -
lise da difer en ça em dist â n cia en t r e o pon t o de
fu n deio selecion a do e o pon t o de fu n deio r ea l
per m it ir á o a pr im or a m en t o da r ot in a do n a vio
n o fu deio de pr ecisã o.
d. Providências para após o fundeio
Após o fu n deio devem ser t r a ça dos o Cír cu lo de Gir o do Na vio (CGN) e o Cír cu lo de Gir o
do P a ssa diço (CGP ), im por t a n t es pa r a a ver ifica çã o per iódica da posiçã o de fu n deio.
O r a io do Cír cu lo de Gir o do Na vio é igu a l a o com pr im en t o do n a vio m a is o com pr im en -
t o da a m a r r a (fila m e) u t iliza do e r epr esen t a a figu r a descr it a pela popa do n a vio qu a n do est e
gir a com o ven t o e m a r é.
O r a io do Cír cu lo de Gir o do P a ssa diço (CGP ) é igu a l à dist â n cia escovém -pa ssa diço
m a is o com pr im en t o da a m a r r a e r epr esen t a a figu r a descr it a pelo pa ssa diço qu a n do o n a vio
gir a com o ven t o e m a r é.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 213


Uso dos dados táticos do navio na navegação em águas restritas

O cen t r o com u m dos dois cír cu los é o pon t o de fu n deio r ea l.


Tr a ça dos os r efer idos cír cu los, m ost r a dos n o F igu r a 8.25, deve-se ver ifica r se o CGN
est á t odo ele com pr een dido n a á r ea segu r a pa r a o fu n deio.

Figura 8.25 – Círculo de giro do navio e do passadiço após o fundeio


CGN (CÍRCULO DE GIRO DO NAVIO) - FIGURA DESCRI-
TA PELA POPA QUANDO O NAVIO GIRA COM A MARÉ
OU O VENTO.
CGP (CÍRCULO DE GIRO DO PASSADIÇO) - FIGURA DES-
CRITA PELO PASSADIÇO QUANDO O NAVIO GIRA COM
A MARÉ OU VENTO.
RAIO CGN = COMPRIMENTO DO NAVIO +
COMPRIMENTO DA AMARRA.
RAIO CGP = DISTÂNCIA ESCOVÉM-PASSADIÇO+
COMPRIMENTO DA AMARRA.
EXEMPLO: COMPRIMENTO DO NAVIO: 300 PÉS (100jd)
DISTÂNCIA ESCOVÉM-PASSADIÇO 150 FT (50 jd)
FILAME: 50 braças (100 jd)
RAIO CGN: 100 jd + jd = 200 jd
RAIO CGP: 50 jd + 100 jd = 150 jd

É n ecessá r io, a in da , est a belecer u m ser viço de con t r ole da posiçã o de fu n deio, qu e deve
ver ifica r a posiçã o do n a vio a ca da 15 ou 30 m in u t os, m a r ca n do pon t os det er m in a dos pelo
E n ca r r ega do de Na vega çã o. As posições det er m in a da s devem , a pós a plot a gem , loca liza r -se
den t r o do Cír cu lo de Gir o do P a ssa diço. Ca so u m a da s posições se loca lize for a , ou t r a posiçã o
deve ser im edia t a m en t e det er m in a da e, se for con fir m a da su a loca liza çã o for a dos lim it es do
CGP , é sin a l de qu e o n a vio est á ga r r a n do e o E n ca r r ega do de Na vega çã o, o E n ca r r ega do do
Con vés e o Com a n da n t e do n a vio devem ser im edia t a m en t e a ler t a dos.
P a r a evit a r qu e a ca r t a seja r a su r a da pelo excesso de posições plot a da s n o m esm o loca l,
qu a n do se con t r ola a posiçã o de fu n deio, u sa -se sobr epor u m peda ço de pa pel veget a l a u plá s-
t ico t r a n spa r en t e à á r ea de fu n deio e, en t ã o, fa zer a plot a gem da s posições de con t r ole sobr e
est e veget a l ou plá st ico, con ser va n do o bom est a do da ca r t a .
Adem a is, deve ser est a belecida u m a r ot in a de ver ifica çã o da a m a r r a (“a n ch or wa t ch ”),
n or m a lm en t e execu t a da pelo polícia de ser viço, a fim de obser va r per iodica m en t e com o est á
dizen do a a m a r r a , se est á da n do t r a n cos, et c..

8.10 OB S ERVAÇÕES F IN AIS


F or a m a pr esen t a dos os em pr egos dos da dos t á t icos do n a vio n a n a vega çã o em á gu a s
r est r it a s e o fu n deio de pr ecisã o sob o pon t o de vist a do P a ssa diço, u t iliza n do pr edom in a n t e-
m en t e m ét odos visu a is, em bor a com o a u xílio do Ra da r .
E n t r et a n t o, pode ser n ecessá r io execu t a r t a is fa in a s (à n oit e ou sob con dições de visibi-
lida de r est r it a ) in t eir a m en t e pelo CIC/COC, u t iliza n do pr ocedim en t os de n a vega çã o r a da r
qu e ser ã o a dia n t e est u da dos.

214 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


U s o d o s d a d o s tá tic o s d o n a v io n a n a v e g a ç ã o e m á g u a s re s trita s

8.11 EXERCÍCIOS
Figura 8.26
1. Dê os nomes dos elementos da curva de
giro mostrada na Figura 8.26.

(1)
(2)
(3)
(4)
(5)
(6)

2. Seu n a vio est á ocu pa n do u m post o a 5.000 ja r da s n a popa do NAeL MINAS GE RAIS, qu e
é o Gu ia da F or m a t u r a , n o Ru m o 090º, velocida de 15 n ós, e r ecebe or dem pa r a desloca r -se
pa r a u m n ovo pon t o, a 1.000 ja r da s n a popa do Gu ia , u t iliza n do a Velocida de de E volu çã o
de 21 n ós. Da Ta bela de Aceler a çã o e Desa celer a çã o do n a vio sa be-se qu e a r a zã o dist â n cia /
va r ia çã o de velocida de é de 100 ja r da s por n ó. Qu a l deve ser a dist â n cia en t r e ser n a vio e
o Gu ia qu a n do você r edu zir a velocida de de 21 pa r a 15 n ós ?

RES P OS TA:

3. Com ba se n a Ta bela de Aceler a çã o e Desa celer a çã o do seu n a vio, m ost r a da n a F igu r a 8.27
r espon der à s segu in t es qu est ões:

a . O seu n a vio en con t r a -se n a vega n do n a velocida de 15.0 n ós e r ecebe or dem pa r a a celer a r
pa r a 31.0 n ós, a fim de escla r ecer u m con t a t o son a r obt ido por u m h elicópet er o da
cober t u r a . Qu a l o t em po decor r ido, em m in u t os, en t r e a or dem de a u m en t a r a velocida de
15.0 pa r a 31.0 n ós e o m om en t o em qu e o n a vio pa ssa efet iva m en t e a desen volver est a
velocida de?
Figura 8.27 – Tabela de Aceleração e Desaceleração .
TABE LA DE ACE LE RAÇÃO E DE SALE RAÇÃO

(U S AD A P AR A P R E VI N I R A D I S T ÂN C I A
P E R C O R R I D A P E L O N AVI O Q U AN D O
ACE LE RANDO OU DE SACE LE RANDO DE UMA
VE LOCIDADE P ARA OUTRA).

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 215


Uso dos dados táticos do navio na navegação em águas restritas

RES P OS TA:

b. Qu a l a dist â n cia per cor r ida pelo seu n a vio en t r e o in st a n t e em qu e a a celer a çã o de 15.0
pa r a 31.0 n ós é or den a da e o in st a n t e em qu e o n a vio pa ssa efet iva m en t e a desen volver
est a velocida de?

RE SP OSTA:

4. O seu navio deve executar a derrota prevista mostrada na Figura 8.28. A TABELA DE DADOS
TÁTICOS para a velocidade e ângulo de leme a serem utilizados consta da Figura 8.29.
Calcular o avanço e o afastamento para a guinada representada (na Figura 8.29). Plotar na
Figura o ponto de guinada, onde a manobra deve ser iniciada, e marcação de guinada (indicando
o objeto de referência para esta marcação).

Figura 8.28 – .

RESPOSTA:

AVANÇO:_______________jardas

AFASTAMENTO:______________jardas

MARCAÇÃO DE GUINADA:
PARA (OBJETO
MARCADO)

Figura 8.29 – .Tabela de dados táticos para a velocidade e ângulo de leme a serem utilizados
na manobra. .
ÂNGULO DE GUINADA AVANÇO (JARDAS) AFASTAMENTO (JARDAS)
15° 48 5
30° 75 15
45° 96 36
60° 112 57
75° 127 87
90° 130 112
105° 127 137
120° 112 160
135° 96 179
150° 75 194
165° 48 203
180° 35 206

216 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


U s o d o s d a d o s tá tic o s d o n a v io n a n a v e g a ç ã o e m á g u a s re s trita s

5. O n a vio deve execu t a r u m fu n d e io d e p re c is ã o n a Ba ía de Ca st elh a n os (F igu r a 8.30),


n o pon t o on de est á r epr esen t a do o sím bolo de fu n dea dou r o. A TABE LA DE DADOS
TÁTICOS pa r a v e lo c id a d e e â n g u lo d e le m e a ser em u sa dos n a m a n obr a est á m ost r a da
n a F igu r a 8.31.

Figura 8.31 – Tabela de dados táticos,


mostrando o avanço e afastamento pa-
ra cada 15º de ângulo de leme e veloci-
Figura 8.30 – Plano da Baía de Castelhanos dade de 15 nós.

a Det er m in a r o a v a n ç o e o a fa s ta m e n to pa r a gu in a da n o pon t o F da der r ot a pr evist a ;


b. P lot a r o p o n to d e g u in a d a n a F igu r a 8.30 e t r a ça r a m a rc a ç ã o d e g u in a d a pa r a o pon t o
de r efer ên cia escolh ido;
c. Indicar qual a m arca de proa a ser utilizada na derrota final de aproximação ao fundeadouro
e qu a l o va lor da m a rc a ç ã o d e p ro a ;
d. Sa ben do-se qu e a dist â n cia pa ssa diço-escovém é de 50 ja r da s, t r a ça r os c írc u lo s d e d is
tâ n c ia pa r a o fu n deio de pr ecisã o (de 100 em 100 ja r da s, a t é 1000 ja r da s, e os cír cu lo de
1200 e 1500 ja r da s);
e. Tr a ça r a m a rc a ç ã o d e la rg a d a d o fe rro , in dica n do qu a l o objet o de r efer ên cia pa r a est a
m a r ca çã o;
f. Tr a ça r m a rc a ç õ e s d e p e rig o pa r a defen der dos per igos exist en t es em a m bos os bor dos da
der r ot a de a pr oxim a çã o a o pon t o de fu n deio.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 217


Uso dos dados táticos do navio na navegação em águas restritas

6. O n a vio deve execu t a r u m fu n d e io d e p re c is ã o n a Ba r r a de Ca t u a m a (F igu r a 8.32), n o


pon t o F . A TABE LA DE DADOS TÁTICOS pa r a a v e lo c id a d e e o â n g u lo d e le m e a ser em
u sa dos est á m ost r a da n a F igu r a 8.31.
a . Determinar o avan ço e o afastam e n to para a guinada no ponto E da de rrota pre vista
(F igu r a 8.32);
b. Plotar o pon to de gu in ada na Figura 8.32 e traçar a m arcação de gu in ada para o ponto
de r efer ên cia escolh ido;
c. Indicar a marca de proa e qual a m arcação de proa para a derrota final de aproximação
a o pon t o de fu n deio;
d. Sa ben do-se qu e a dist â n cia pa ssa diço-escovém pa r a o n a vio é de 100 ja r da s, t r a ça r os
círcu los de distân cia para o fundeio de precisão;
e. Traçar a m arcação de largada do fe rro , indicando qual o objeto de referência para esta
m a r ca çã o;
f. Tr a ça r m a r ca çã o de per igo pa r a os per igos (ba n cos qu e descobr em n a ba ixa -m a r )
exist en t es em a m bos os bor dos da der r ot a de a pr oxim a çã o a o pon t o de fu n deio.

Figura 8.32 –

218 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


A e qu ip e d e n a v e g a ç ã o

A EQUIP E DE
9 NAVEGAÇÃO

9.1 IMP ORTÂNCIA DA EQUIP E DE


N AVEGAÇÃO N A N AVEGAÇÃO EM
ÁGU AS RES TRITAS
Con for m e vist o, NAVE GAÇÃO E M ÁGUAS RE STRITAS é a n a vega çã o qu e se pr a t ica
n o a cesso e n o in t er ior de por t os, ba ía s, ca n a is, r ios, la gos e ou t r a s á gu a s n a vegá veis on de a
pr oxim ida de dos per igos, a con for m a çã o da cost a e/ou a s pr ofu n dida des r edu zida s t r a zem
r est r ições à m a n obr a do n a vio.
A n ave gação e m águ as re stritas envolve a determinação freqüente da posição do navio
e exige a m á xim a pr ecisã o de posicion a m en t o. A posiçã o do n a vio é obt ida pela in t er seçã o da s
LINH AS DE P OSIÇÃO (LDP ) visu a is já est u da da s (m a r ca çã o, a lin h a m en t o, segm en t o ca pa z,
dist â n cia pelo â n gu lo ver t ica l), pelo em pr ego do RADAR ou por sist em a s elet r ôn icos de
posicion a m en t o de a lt a pr ecisã o, com o o LORAN -C e o GP S (GLOBAL P OSITION IN G
SYSTE M), qu e ser ã o a bor da dos n o Volu m e II dest e Ma n u a l.
A fr eqü ên cia de det er m in a çã o da s posições n a n a v e g a ç ã o e m á g u a s re s trita s depen de
da s r est r ições à n a vega çã o exist en t es n a á r ea , sen do com u m a a doçã o dos in t er va los de 3
m in u t os ou de 6 m in u t os (pa r a u so da s r egr a s dos 3 m in u t os e dos 6 m in u t os, est u da da s n a
n a vega çã o est im a da ). H á , por ém , sit u a ções, t a is com o fu n d e io d e p re c is ã o e n a v e g a ç ã o e m
c a n a l v a rrid o /d ra g a d o , em qu e o in t er va lo de t em po en t r e a s posições pode ser r edu zido pa r a
1 m in u t o.
No qu e se r efer e à pr ecisã o de posicion a m en t o, est a deve ser a m á xim a . Cr it ér ios in t er -
n a cion a is, r ecom en da dos pela Or ga n iza çã o Ma r ít im a In t er n a cion a l (IMO) e pela Associa çã o
In t er n a cion a l de Sin a liza çã o Ná u t ica (IALA), est a belecem pa r a n a vega çã o de a pr oxim a çã o de
por t os e n a vega çã o em á gu a s r est r it a s pr ecisões da or dem de 10 m et r os (2 dr m s, ist o é, 95% de
con fia bilida de). Nos E st a dos Un idos, pa r a est es t ipos de n a vega çã o exige-se pr ecisã o de posi-
çã o de 8 a 20 m et r os (2 dr m s). Ta is r equ isit os sã o n ecessá r ios pa r a sa lva gu a r da r o n a vio, o
ca n a l de n a vega çã o ou o por t o e pa r a r efor ça r a pr ot eçã o a o m eio a m bien t e (evit a n do desa s-
t r es ecológicos).

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 219


Uso dos dados táticos do navio na navegação em águas
A equipe de navegação

P a r a obt en çã o da pr ecisã o de posicion a m en t o r equ er ida n a n a vega çã o em á gu a s


r est r it a s, sã o n ecessá r ia s, a lém de equ ipa m en t os e in st r u m en t os a dequ a dos e bem a fer idos,
cu ida dos especia is n a det er m in a çã o e plot a gem da s LDP qu e defin ir ã o a s posições, t a is com o:
ß Sim u lt a n eida de de obser va çã o da s LDP (ou r edu çã o a o m ín im o do in t er va lo de t em po
en t r e ela s):

ß det er m in a çã o da s LDP n a seqü ên cia a dequ a da , obser va n do pr im eir o a s LDP qu e va r ia m


m a is r a pida m en t e (m a r ca r pr im eir o os objet os n a s pr oxim ida des do t r a vés e m edir
pr im eir a m en t e a s dist â n cia s pela pr oa ou popa );

ß con h ecer com pr ecisã o os desvios da gir o e o er r o de ca libr a gem do r a da r e con sider a r seu s
efeit os a n t es da plot a gem da posiçã o;

ß bu sca r â n gu los de cr u za m en t o fa vor á veis en t r e a s LDP ;

ß iden t ifica r per feit a m en t e os pon t os visa dos;

ß plot a r com pr ecisã o a s LDP e a s posições r esu lt a n t es.

Adem a is, é n ecessá r io m a n t er sem pr e u m r egist r o cr it er ioso da n a v e g a ç ã o e m á g u a s


re s trita s , pa r a per m it ir u m a a va lia çã o post er ior da n a vega çã o execu t a da pelo n a vio, com a
fin a lida de de a pr im or a r os pr ocedim en t os, e pa r a ser vir com o docu m en t o lega l, em ca so de
ocor r ên cia de u m a ciden t e.
A E qu ipe de n a vega çã o possibilit a a obt en çã o da s posições e o con t r ole dos m ovim en t os
do n a vio com a fr equ ên cia e a pr ecisã o r equ er ida s pela n a vega çã o em á gu a s r est r it a s, a lém de
per m it ir a m a n u t en çã o de u m r egist r o cr it er ioso da n a vega çã o execu t a da .
E m bor a n ã o h a ja lim it es r ígidos pa r a a á r ea em qu e se deve por em pr á t ica a n a vega çã o
em á gu a s r est r it a s, de m a n eir a ger a l os pr ocedim en t os a ela in er en t es devem ser a dot a dos
qu a n do a dist â n cia à cost a ou a o per igo m a is pr óxim o for in fer ior a 3 m ilh a s ou qu a n do a s
pr ofu n dida des for em r edu zida s, t or n a n do pequ en a a la zeir a de á gu a a ba ixo da qu ilh a . Nor -
m a lm en t e, du r a n t e a n a vega çã o em á gu a s r est r it a s a E qu ipe de Na vega çã o est á gu a r n ecida e
o r est a n t e da t r ipu la çã o est á em DE M (Det a lh e E specia l pa r a o Ma r ), pa r a a m á xim a segu -
r a n ça do n a vio.

9.2 A EQUIP E DE NAVEGAÇÃO


A E qu ipe de Na vega çã o é com post a pelo E n ca r r ega do de Na vega çã o e pelo pessoa l qu e
o a u xilia du r a n t e a n a vega çã o em á gu a s r est r it a s. A con st it u içã o da equ ipe é n or m a lm en t e a
segu in t e (F igu r a 9.1):
1. E n ca r r ega do de Na vega çã o
2. P lot a dor
3. An ot a dor /t elefon ist a
4. Obser va dor dos pelor u s de BE e BB
5. Oper a dor do Ra da r de Na vega çã o
6. Oper a dor do E coba t ím et r o

220 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


A e qu ip e d e n a v e g a ç ã o

Figura 9.1 – Equipe de Navegação

As comunicações entre os componen-


t es da E qu ipe de Na vega çã o sã o feit a s a t r a -
vés de t elefon es a u t o-excit a dos, u t iliza n do
n or m a lm en t e o cir cu it o 1J W (CIRCUITO
DE NAVE GAÇÃO).

A a t r ibu içã o da E qu ipe de Na vega -


çã o com o u m t odo é m a n t er u m flu xo con t í-
n u o e a dequ a do de in for m a ções de n a vega -
çã o, for n ecen do su gest ões, pr in cipa lm en t e
de r u m os e velocida des, qu e per m it a m a o
Com a n da n t e decidir com segu r a n ça sobr e
os m ovim en t os do n a vio.

9.3 ATRIB U IÇÕES D OS COMP ON EN TES


D A EQU IP E D E N AVEGAÇÀO
1. ENCARREGADO DE NAVEGAÇÃO (ENC NAV)
a . a o E NC NAV ca be u m a a t r ibu içã o im por t a n t íssim a , qu e con sist e n o p la n e ja m e n to d a d e r-
rota para n ave gação e m águ as re stritas, que é feito através do estudo das cartas, publicações
e dem a is docu m en t os n á u t icos. Na fa se de pla n eja m en t o sã o est a belecidos os r u m os e a s velo-
cida des pa r a a s vá r ia s per n a da s, os pon t os a ser em obser va dos n os diver sos t r ech os da der r o-
t a (pa r a ga r a n t ir â n gu los de cr u za m en t o fa vor á veis en t r e a s LDP ), os pon t os de gu in a da e
su a s r efer ên cia s (con sider a n do os d a d o s tá tic o s do n a vio), a s m a r ca s de pr oa e a lin h a m en t os
a ser em u t iliza dos e os ou t r os a u xílios à n a vega çã o em á gu a s r est r it a s. Adem a is, a n t es da
execu çã o da n a vega çã o, o E NC NAV deve in st r u ir os ou t r os com pon en t es da E qu ipe sobr e a
der r ot a pr evist a , os pon t os qu e ser ã o obser va dos, o in t er va lo de t em po en t r e a s posições, os
r u m os e velocida des a segu ir e dem a is por m en or es da fa in a .
b. n a fa se de e x e c u ç ã o d a n a v e g a ç ã o e m á g u a s re s trita s , ca be a o E NC NAV a coor den a -
çã o da E qu ipe de Na vega çã o; a a va lia çã o da s in for m a ções obt ida s, qu a n t o à con fia bilida de e a
r ecom en da çã o a o Com a n da n t e dos r u m os, velocida des e in st a n t es de gu in a da , pa r a qu e seja
segu ida a d e rro ta p re d e te rm in a d a , com a v e lo c id a d e d e a v a n ç o pr evist a .

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 221


Uso dos dados táticos do navio na navegação em águas
A equipe de navegação

2. P LOTAD OR

a . plot a n a Ca r t a a s Lin h a s de P osiçã o obt ida s e det er m in a a posiçã o do n a vio, por in t er seçã o
da s LDP ;
b. m a n t ém u m a n a v e g a ç ã o e s tim a d a a cu r a da , a fim de per m it ir u m a cor r et a visu a liza çã o
da sit u a çã o pa ssa da , a t u a l e fu t u r a , e possibilit a r u m a a va lia çã o dos elem en t os e dos efei-
t os da c o rre n te ;
c. in for m a a o E NC NAV a a pr oxim a çã o dos p o n to s d e g u in a d a da der r ot a pr evist a e os
n ovos r u m os a segu ir ;
d. a ler t a a o E NC NAV sobr e sit u a ções per igosa s;
e. r ecom en da r u m os a o E NC NAV, pa r a cor r igir os m ovim en t os do n a vio, de m odo qu e seja
segu ida a der r ot a pr evist a ; e
f. su ger e a o E NC NAV m u da n ça de pon t os a m a r ca r , de m odo a ga r a n t ir â n gu los de cr u za -
m en t o fa vor á veis en t r e a s LDP .

3. ANOTADOR/TELEFONISTA

a . con t r ola os in st a n t es de det er m in a çã o da posiçã o, da n do os sin a is pa r a obser va çã o da s


Lin h a s de P osiçã o (m a r ca ções, dist â n cia s e pr ofu n dida des), de m odo qu e a s LDP seja m
obt ida s sim u lt a n ea m en t e, n o in t er va lo de t em po pr evia m en t e est a belecido pelo E NC NAV;
b. a n ot a os va lor es da s LDP obser va da s (m a r ca ções, dist â n cia s e pr ofu n dida des) em m odelo
pr ópr io. No ca so da s m a r ca ções, os va lor es a n ot a dos sã o MARCAÇÕE S DA GIRO (Mgi),
por ém n a Ca r t a Ná u t ica devem ser plot a da s a pen a s MARCAÇÕE S VE RDADE IRAS (M ou
MV). Assim , a n t es da plot a gem deve ser a plica do o Desvio da Gir o (Dgi). Na s dist â n cia s
obt ida s pelo RADAR, deve ser a plica do o er r o de ca libr a gem do equ ipa m en t o a n t es da
plot a gem , se h ou ver ;
c. in for m a a os m a r ca dor es dos pelor u s e a o oper a dor do RADAR a s m u da n ça s de pon t os
det er m in a da s pelo E NC NAV.
É o segu in t e o pr ocedim en t o pa dr ã o pa r a obser va çã o da s LDP :

INSTANTE ORDE M TRANSMITIDA P E LO ANOTADOR

15 SE GUNDOS ANTE S DO INSTANTE ATE NÇÃO P ARA O MARQUE DO MINUTO (XX)


DA P OSIÇÃO
NO INSTANTE DE TE RMINADO MARQUE ; MINUTO (XX); F AROL (ALF A),
TORRE (BRAVO), P ONTA (CH ARLIE )

Nest e in st a n t e, os obser va dor es dos pelor u s det er m in a r ã o a s m a r ca ções, o oper a dor do


RADAR fa r á a leit u r a da s dist â n cia s e o oper a dor do ecoba t ím et r o m edir á a pr ofu n dida de,
obt en do-se, a ssim , a sim u lt a n eida de r equ er ida pa r a a s LDP .

222 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


A e qu ip e d e n a v e g a ç ã o

É segu in t e a or dem de r espost a r ecom en da da

a . OBSE RVADOR DO P E LORUS DE BE ;


b. OSE RVADOR DO P E LORUS DE BB;
c. OP E RADOR DO RADAR DE NAVE GAÇÃO; e
d. OP E RADOR DO E COBATÍME TRO (poder á est a r ou n ã o n o CIRCUITO 1J W).

4. OBSERVADORES DOS P ELORUS DE BE E BB


a . iden t ifica m visu a lm en t e os pon t os n ot á veis e a u xílios à n a vega çã o a ser em m a r ca dos;
b. obser va m e in for m a m a s m a r ca ções, n os in st a n t es det er m in a dos pelo ANOTADOR;
c. n o ca so de m a r ca r em m a is de u m pon t o, sen do o in st a n t e de det er m in a çã o da s LDP
com a n d a d o p elo AN OTADOR, obs er va m p r im eir o a s m a r ca ções qu e va r ia m m a is
r a pida m en t e (m a r ca ções pelo t r a vés) e por ú lt im o a s qu e va r ia m m a is len t a m en t e
(m a r ca ções pela pr oa e/ou pela popa ); e
d. in for m a m a o E N C N AV o a pa r ecim en t o de n ovos pon t os n ot á veis, o cr u za m en t o de
a lin h a m en t o (com o va lor obser va do pa r a a m a r ca çã o) e o desa pa r ecim en t o defin it ivo ou
t em por á r io dos pon t os qu e est ã o sen do m a r ca dos.

5. OP ERADOR DO RADAR

a . a com pa n h a os pon t os con spícu os a m a r ca r n o P P I do RADAR e for n ece a s dist â n cia s (ou ,
even t u a lm en t e, t a m bém a s MARCAÇÕE S – RADAR) n os in st a n t es det er m in a dos pelo
ANOTADOR;
b. det er m in a pr im eir o a s dist â n cia s a pon t os pela pr oa ou pela popa , pois est a s va r ia m m a is
r a pida m en t e, e depois a s dist â n cia s a pon t os n a s pr oxim ida des do t r a vés, qu e va r ia m
m a is deva ga r ; e
c. m a n t ém a r epet idor a do RADAR n u m a esca la com pa t ível, a t en t a n do pa r a o fa t o de qu e
qu a n t o m en or o a lca n ce a ju st a do n o RADAR, m a ior a esca la de a pr esen t a çã o da im a gem e
m a ior a pr ecisã o de leit u r a da s dist â n cia s.
É ú t il n a fa se de pla n eja m en t o da n a vega çã o em á gu a s r est r it a s o E NC NAV e o OP E -
RADOR DO RADAR fa zer em u m est u do da á r ea , sobr e a Ca r t a Ná u t ica , det er m in a n do vá r ios
pon t os con spícu os pa r a o RADAR e design a n do-os com let r a s do a lfa bet o fon ét ico. P r epa r a -se,
en t ã o, u m cr oqu is m ost r a n do est es pon t os e, du r a n t e a execu çã o da der r ot a , o ANOTADOR,
in st r u ído pelo E NC NAV, det er m in a r á a o OP E RADOR DO RADAR qu e for n eça dist â n cia s
(ou , even t u a lm en t e, m a r ca ções) pa r a os pon t os ALF A, BRAVO, CH ARLIE , et c., sim plifica n do
o pr ocesso.

6. OP ERADOR DO ECOBATÍMETRO

a . n o in st a n t e det er m in a do pelo ANOTADOR, fa z a leit u r a da pr ofu n dida de e in for m a o seu


va lor ; e
b. a ler t a o E NC NAV Sobr e a dim in u içã o da pr ofu n dida de e a pr esen ça de per igos su bm er sos
(a lt os-fu n dos, pedr a s, et c).

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 223


Uso dos dados táticos do navio na navegação em águas
A equipe de navegação

O OP E RADOR DO E COBATÍME TRO pode ou n ã o est a r liga do a o CIRCUITO 1J W,


depen den do da loca liza çã o do equ ipa m en t o. Nor m a lm en t e, o oper a dor in for m a pr ofu n dida des
a ba ixo da qu ilh a e o P LOTADOR dever á som a r o ca la do do n a vio n a a lt u r a do t r a n sdu t or do
ecoba t ím et r o, pa r a obt er a pr ofu n dida de r ea l e poder com pa r a r com a son da gem da Ca r t a
pa r a a posiçã o, a fim de ver ifica r se h á discr epâ n cia s n ot á veis.

7. OUTROS COMP ONENTES


Um com pon en t e do DE M qu e pode a u xilia r m u it o a E QUIP E DE NAVE GAÇÃO é o
SONDADOR DA P ROA, qu e gu a r n ece o pr u m o de m ã o e, a in t er va los r egu la r es, em á r ea s de
pou co fu n do, m ede a pr ofu n dida de n a pr oa e in for m a a o P a ssa diço, pelo cir cu it o de t elefon e
a u t o-excit a do 1J V. E specia lm en t e em n a vios gr a n des, a in for m a çã o de pr ofu n dida de n a pr oa
é im por t a n t e, em pa r t icu la r em á r ea s a ciden t a da s. E m ou t r a s sit u a ções, on de o fu n do é m a is
r egu la r , ser ve pa r a ver ifica r se o ecoba t ím et r o est á fu n cion a n do cor r et a m en t e.
E m con dições de ba ixa visibilida de, t a is com o n evoeir o espesso, cer r a çã o, ch u va pesa da
ou n oit e m u it o escu r a (em á r ea s sem a u xílios visu a is à n a vega çã o), a E qu ipe de Na vega çã o do
P a ssa diço pode ser su bst it u ída pela E qu ipe de Na vega çã o Ra da r do CIC/COC, execu t a n do o
n a vio n est a sit u a çã o u m a n a vega çã o pu r a m en t e r a da r . Mesm o n est a s cir cu n st â n cia s, en t r e-
t a n t o, o E NC NAV con t in u a com o r espon sá vel pela n a vega çã o segu r a do n a vio per a n t e o
Com a n da n t e, a qu em ca be a r espon sa bilida de ú lt im a .
O cir cu it o t elefôn ico en t r e o P a ssa diço e o CIC/COC pa r a in for m a ções de n a vega çã o é o
1J A.
O E NC NAV deve, a ssim , in st r u ir o pessoa l da E qu ipe de Na vega çã o Ra da r do CIC
COC qu a n t o à der r ot a a ser segu ida e a s velocida des de a va n ço pr evist a s, a n t es da n a vega çã o
em á gu a s r est r it a s, pa r a a t en der à even t u a lida de de t er qu e con du zir a n a vega çã o u t iliza n do
essa equ ipe.
A F igu r a 9.2 r epr esen t a , de for m a esqu em á t ica , a E qu ipe de Na vega çã o n o P a ssa diço
de u m con t r a t or pedeir o e su a in t er liga çã o com ou t r os com pon en t es, sit u a dos em loca is diver -
sos do n a vio.

9.4 OBSERVAÇÕES FINAIS

a . o pla n eja m en t o da der r ot a , o a dest r a m en t o e a coor den a çã o da E qu ipe de Na vega çã o e o


cu ida do n a obser va çã o da s LDP e plot a gem da s posições sã o fa t or es essen cia is pa r a obt en -
çã o da pr ecisã o exigida pela n a vega çã o em á gu a s r est r it a s;

b. de qu a lqu er m a n eir a , sem pr e qu e, du r a n t e a execu çã o de n a vega çã o em á gu a s r est r it a s,


su r gir em dú vida s qu a n t o à posiçã o do n a vio ou a dist â n cia a o per igo m a is pr óxim o, o E n -
ca r r ega do de Na vega çã o deve im edia t a m en t e r ecom en da r a o Com a n da n t e qu e pa r e o n a -
vio, poden do m esm o pr opor qu e se fu n deie, a t é qu e a s dú vida s seja m desfeit a s e a posiçã o
n a vio possa ser est a belecida com pr ecisã o.

224 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


A e qu ip e d e n a v e g a ç ã o

Figura 9.2 – Equipe de Navegação no Passadiço de um Contratorpedeiro

1. E NCARRE GADO DE NAVE GAÇÃO


2. P LOTADOR
3. ANOTADOR/TE LE F ONISTA (CIRCUITO 1 J W)
4. OBSE RVADORE S DOS P E LORUS DE BE E BB
5. OP E RADOR DO RADAR DE NAVE GAÇÃO
6. OP E RADOR DO E COBATÍME TRO
7. SONDADOR DA P ROA (CIRCUITO 1 J V)
8. E QUIP E DE NAVE GAÇÃO RADAR CIC ( 1J A)

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 225


Uso dos dados táticos do navio na navegação em águas
A equipe de navegação

226 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Marés e correntes de marés; correntes oceânicas

MARÉS E CORREN -
10 TES D E MARÉ;
CORREN TES
OCEÂN ICAS

10.1 O F EN ÔMEN O D A MARÉ E S U A


IMP ORTÂN CIA P ARA A N AVEGAÇÃO
A su per fície dos m a r es n ã o per m a n ece est a cion á r ia . Devido, pr in cipa lm en t e, à s a t r a -
ções da Lu a e do Sol, a m a ssa líqu ida se m ovim en t a n o sen t ido ver t ica l, da n do or igem à s
m a ré s e, t a m bém , h or izon t a lm en t e, pr ovoca n do a s c o rre n te s d e m a ré . Adem a is, o a qu e-
cim en t o desigu a l dos difer en t es pon t os da Ter r a pelo Sol e os gr a n des sist em a s de ven t o
r esu lt a n t es dã o or igem à s c o rre n te s o c e â n ic a s, qu e ser ã o a dia n t e est u da da s, n est e m esm o
Ca pít u lo.
Qu a n do o n a vio se en con t r a em loca is pr ofu n dos, o con h ecim en t o pr eciso da a lt u r a
da á gu a em r ela çã o a o fu n do do m a r n ã o t em m a ior sign ifica do. E n t r et a n t o, em á gu a s
r a sa s, é est e con h ecim en t o qu e per m it ir á defin ir em qu e oca siões e qu a is a s á r ea s, por t os
ou ca n a is on de u m n a vio pode n a vega r com segu r a n ça .
As cor r en t es de m a r é t a m bém dever ã o ser leva da s em con t a n a n a vega çã o em á gu a s
r est r it a s, qu a n do n ã o se pode per m it ir qu e o n a vio se a fa st e da der r ot a pr evist a . O con h e-
cim en t o a n t ecipa do da dir eçã o e velocida de dest a cor r en t e fa cilit a r á o pla n eja m en t o, n ã o só
da der r ot a , com o t a m bém da a t r a ca çã o/desa t r a ca çã o e dos h or á r ios m a is con ven ien t es à s
m a n obr a s.

10.2 CON CEITOS B ÁS ICOS D E MARÉS


Ma ré é a oscila çã o ver t ica l da su per fície do m a r ou ou t r a gr a n de m a ssa d’á gu a sobr e a
Ter r a , ca u sa da pr im a r ia m en t e pela s difer en ça s n a a t r a çã o gr a vit a cion a l da Lu a e, em m en or
ext en sã o, do Sol sobr e os diver sos pon t os da Ter r a .
A oscila çã o da m a r é é con seqü ên cia , ba sica m en t e, da Lei da Gr a vit a çã o Un iver sa l de
Newt on , segu n do a qu a l a s m a t ér ia s se a t r a em n a r a zã o dir et a de su a m a ssa s e n a r a zã o
in ver sa do qu a dr a do da dist â n cia qu e a s sepa r a . A Lu a , devido à su a pr oxim ida de, é o

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 227


Marés e correntes de marés; correntes oceânicas

cor po celest e qu e m a is in flu en cia a m a r é, segu in do-se o S o l, por for ça de su a en or m e m a ssa .


A in flu ên cia dos dem a is pla n et a s e est r ela s é bem m en os sign ifica n t e.
Os m ovim en t os r ela t ivos Sol–Ter r a –Lu a fa zem com qu e a s m a ré s seja m m o v im e n to s
h a rm ô n ic o s c o m p o s to s qu e podem , con seqü en t em en t e, ser decom post os em vá r ios m o -
v im e n to s h a rm ô n ic o s s im p le s , expr essos por equ a ções m a t em á t ica s.
A Ter r a e, especia lm en t e, seu s ocea n os, sã o a fet a dos pela a t r a çã o gr a vit a cion a l do
sist em a Ter r a –Lu a e pela s for ça s cen t r ífu ga s r esu lt a n t es de su a r evolu çã o em t or n o de u m
cen t r o com u m (ba ric e n tro ou cen t r o de m a ssa do sist em a Ter r a –Lu a ), con st it u ído por u m
pon t o loca liza do n o in t er ior da Ter r a , a pr oxim a da m en t e 810 m ilh a s (cer ca de 1.500 km )
a ba ixo de su a su per fície. A for ça gr a vit a cion a l (F g) e a for ça cen t r ífu ga (F c) est ã o em equ ilí-
br io e, com o r esu lt a do, a Ter r a e a Lu a n em colidem , n em se a fa st a m u m a da ou t r a n o
espa ço (F igu r a 10.1).

F ig u ra 10.1 - F o rç a s g e ra d o ra s d a m a ré
Maré é a oscilação vertical da superfície do mar
ou outra grande massa d’água sobre a Terra,
causada primariamente pelas diferenças na
atração gravitacional da Lua e, em menor ex-
tensão, do Sol sobre os diversos pontos da Terra.

Como a Lua está muito mais próxima da Terra


que o Sol, o efeito de sua força gravitacional é
cerca de 2,25 vezes mais pronunciado, mesmo
tendo o Sol uma massa milhares de vezes maior.

E n t r et a n t o, em bor a o sist em a Ter r a –Lu a com o u m t odo est eja em equ ilíbr io, pa r t í-
cu la s in dividu a is n a Ter r a n ã o est ã o. A for ça cen t r ífu ga é a m esm a em qu a lqu er lu ga r , pois
t odos os pon t os n a su per fície da Ter r a descr evem o m esm o m ovim en t o em t or n o do cen t r o
de m a ssa com u m . E st a s for ça s sã o t oda s pa r a lela s en t r e si e pa r a lela s a u m a lin h a u n in do
o cen t r o da Ter r a a o cen t r o da Lu a . P or ou t r o la do, a for ça gr a vit a cion a l n ã o é a m esm a em
t odos os lu ga r es; a s pa r t ícu la s m a is pr óxim a s da Lu a sofr em u m a for ça gr a vit a cion a l m a ior
qu e a qu ela s loca liza da s n o la do m a is a fa st a do da Ter r a . Adem a is, est a s for ça s n ã o sã o
pa r a lela s, t en do ca da u m a a dir eçã o da lin h a qu e u n e a pa r t ícu la cor r espon den t e a o cen t r o
da Lu a .
Assim , a s re s u lta n te s dessa s for ça s (F r ), m ost r a da s com ên fa se exa ger a da n a F igu r a ,
leva r ã o a á gu a da su per fície a flu ir em dir eçã o a os pon t os da su per fície da Ter r a m a is
pr óxim o e m a is a fa st a do da Lu a (pon t o su b–lu n a r e su a a n t ípoda , r espect iva m en t e). E st e
flu xo ca u sa n íveis de á gu a m a is a lt os qu e o n or m a l n esses pon t os e n íveis m a is ba ixos qu e

228 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Marés e correntes de marés; correntes oceânicas

o n or m a l n a s á r ea s de on de o flu xo pr ovém . E m bor a n o pon t o m a is pr óxim o e m a is dist a n t e


da lu a h a ja in dica çã o de u m a for ça r esu lt a n t e (F r ) pa r a for a , est a é m u it o fr a ca , n ã o t en do
in t en sida de su ficien t e pa r a ca u sa r u m a m a r é a pr eciá vel. A m a r é r esu lt a , r ea lm en t e, da s
for ça s qu a se h or izon t a is qu e ca u sa m o flu xo a cim a descr it o, n a dir eçã o dos pon t os da su -
per fície da Ter r a m a is pr óxim o e m a is a fa st a do da Lu a . E st a explica çã o, a br evia da e sim -
plifica da , a ju da m u it o a en t en der o fen ôm en o da s m a r és.
Com o a Ter r a gir a ca da dia em t or n o de seu eixo, de Oest e pa r a Lest e, com plet a n do
u m a r ot a çã o a ca da 24 h or a s, o pon t o da su per fície da Ter r a qu e fica n a dir eçã o da Lu a
m u da e, t eor ica m en t e, ca da pon t o n a Ter r a a pr esen t a r ia du a s pr ea m a r es (P M) e du a s ba ixa –
m a r es (BM) n o per íodo de 24 h or a s. E n t r et a n t o, com o a Lu a gir a em t or n o da Ter r a n o
m esm o sen t ido em qu e a Ter r a gir a em t or n o de seu eixo, o t em po qu e a Ter r a leva pa r a
efet u a r u m r ot a çã o com plet a com r ela çã o à Lu a é de a pr oxim a da m en t e 24h 50m , per íodo
con h ecido com o u m dia lu n a r . Adem a is, com o r esu lt a do da in clin a çã o do eixo da Ter r a , a s
P RE AMARE S e a s BAIXA-MARE S su cessiva s n ã o sã o n or m a lm en t e de n íveis igu a is.

10.3 MARÉS D E S IZÍGIA E MARÉS D E


QU AD RATU RA
As m a r és de sizígia (ou de á gu a s viva s) e a s m a r és de qu a dr a t u r a (ou de á gu a s m or t a s)
podem ser visu a liza da s n a F igu r a 10.2.

F ig u ra 10.2 - Ma ré s d e S izíg ia e Ma ré s d e Qu a d ra tu ra

As for ça s de a t r a çã o da Lu a e do Sol se som a m du a s vezes em ca da lu n a çã o (in -


t er va lo de t em po en t r e du a s con ju n ções ou oposições da Lu a , cu jo va lor , em dia s m édios, é
29,530588 dia s), por oca siã o da Lu a Nova e da Lu a Ch eia , pr odu zin do m a r és de sizígia , com
pr ea m a r es (P M) m u it o a lt a s e ba ixa –m a r es (BM) m u it o ba ixa s.
As for ça s de a t r a çã o do Sol e da Lu a se opõem du a s vezes em ca da lu n a çã o, por
oca siã o do qu a r t o cr escen t e e qu a r t o m in gu a n t e da Lu a , pr odu zin do m a r és de qu a dr a t u r a ,
com pr ea m a r es m a is ba ixa s e ba ixa –m a r es m a is a lt a s.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 229


Marés e correntes de marés; correntes oceânicas

10.4 TIP OS D E MARÉS


Devido a o fa t o de 1 dia lu n a r t er a pr oxim a da m en t e 24h 50m , em oposiçã o a o dia
sola r de 24 h or a s, a s m a r és n ã o ocor r em t odos os dia s à m esm a h or a n u m m esm o loca l.
Con for m e a n t er ior m en t e cit a do, o pa dr ã o n or m a l de m a r és é a ocor r ên cia de 2 P M e
2 BM n o per íodo de 1 dia lu n a r (24h 50m ). E st e t ipo de m a r é é ch a m a do de s e m id iu rn a . A
m a r é sem idiu r n a , en t ã o, a pr esen t a du a s P M e du a s BM n o per íodo de 1 dia lu n a r , sen do o
in t er va lo de t em po en t r e u m a PM e a B M con secu t iva de pou co m a is de 6 h or a s. Nor m a l-
m en t e, h á a pen a s va r ia ções r ela t iva m en t e pequ en a s n a s a lt u r a s de du a s P M ou de du a s
BM su cessiva s. No Br a sil, a s m a ré s s e m id iu rn a s sã o obser va da s de VITÓRIA, E .S., pa r a
o Nor t e.
F ig u ra 10.3 - Tip o s d e Ma ré s
O pa dr ã o sem idiu r n o, en t r et a n t o,
va i va r ia r em diver sos loca is da Ter r a , em
vir t u de dos efeit os de m a ssa s t er r est r es,
la t it u de do lu ga r , á gu a s r est r it a s, fr icçã o
(a t r it o), viscosida de do m eio líqu ido e do
efeit o de Cor iolis (u m a for ça a pa r en t e qu e
a t u a sobr e qu a lqu er cor po em m ovim en t o
n a su per fície t er r est r e, ca u sa da pela r o-
t a çã o da Ter r a ), pr odu zin do m a ré s d iu r-
n a s e m a ré s m is ta s .
As m a ré s d iu rn a s con st it u em u m
pa dr ã o n o qu a l ocor r em a pen a s u m a P M
e u m a BM a ca da dia lu n a r . Ger a lm en t e
os n íveis de du a s P M ou B M su cessiva s
n ã o va r ia m m u it o. Ár ea s de ocor r ên cia :
cost a n or t e do Golfo do México, Ma r de
J a va , Golfo de Ton kin .
As m a ré s m i s t a s con st it u em u m
t ipo de m a r é n o qu a l a s oscila ções diu r n a s
e sem idiu r n a s sã o a m ba s fa t or es im por -
t a n t es, sen do a m a r é ca r a ct er iza da por
gr a n des difer en ça s de a lt u r a en t r e du a s
P M ou d u a s B M con s e cu t iva s . H á , n or m a lm e n t e , 2 P M e 2 B M a ca d a d ia , m a s
oca sion a lm en t e a m a r é pode t or n a r -se diu r n a .
F ig u ra 10.3 (a ) - Ma ré d e D e s ig u a ld a d e s D iu rn a s
Adem a is, em ou t r os loca is a m a r é
a pr esen t a sem pr e du a s P M e du a s BM dia -
r ia m en t e, m a s com desigu a lda des a n á loga s
à s da F igu r a 10.3 (a ). E st e t ipo de m a r é é
cla ssifica do com o m a ré s e m id iu rn a c o m
d e s ig u a ld a d e s d iu rn a s , ou m a ré d e d e -
s ig u a ld a d e s d iu rn a s , ocor r en do n a Co s -
ta S u l do Br a sil.
O s t i p os d e m a r é s p od e m s e r
visu a liza dos n a s F igu r a s 10.3 e 10.3 (a )

230 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Marés e correntes de marés; correntes oceânicas

10.5 ELEMEN TOS D AS MARÉS


Se, em u m da do loca l, for obser va da a oscila çã o r ít m ica do n ível da s á gu a s, du r a n t e
u m cer t o t em po, ver ifica -se qu e:

a . O n ível sobe du r a n t e a lgu m t em po, per íodo den om in a do de “en ch en t e”;


b. At in ge u m n ível m á xim o den om in a do “pr ea m a r ”;
c. F ica u m cer t o t em po est a cion a do, per íodo den om in a do de “est ofo de en ch en t e”;
d. Ba ixa du r a n t e u m cer t o t em po, per íodo da “va za n t e”;
e. Alca n ça o n ível m ín im o, ch a m a do “ba ixa –m a r ”;
f. F ica est a cion a do a lgu m t em po, n ova m en t e ch a m a do de est ofo, só qu e a gor a den om in a do
“est ofo de va za n t e”; e
g) Recom eça a su bir , in icia n do a r epet içã o do m ovim en t o de “en ch en t e”.
E st e m ovim en t o r ít m ico é u m a fu n çã o per iódica do t em po e pode ser r epr esen t a do
segu n do dois eixos or t ogon a is, on de o eixo ver t ica l in dica r á a a lt u r a da m a r é (h ) e o eixo
h or izon t a l o in st a n t e em qu e ocor r e a qu ela a lt u r a (t ), com o m ost r a do n a F igu r a 10.4.

F ig u ra 10.4 -Ele m e n to s d a s Ma ré s

Obser va n do a F igu r a e a descr içã o do m ovim en t o r ít m ico a cim a a pr esen t a da , pode-


se defin ir :

P REAMAR (P M): Ma ior a lt u r a qu e a lca n ça m a s á gu a s em u m a oscila çã o; igu a l a h PM


e
a con t ece n os in st a n t es t c e t i .

B AIXA-MAR (BM): Men or a lt u r a qu e a lca n ça m a s á gu a s em u m a oscila çã o; igu a l a h BM


e
ocor r e n o in st a n t e t e .

AMP LITU D E D A MARÉ : Dist â n cia ver t ica l en t r e u m a P M e u m a BM con secu t iva s, igu a l
a h P M – h BM .

N ÍVEL MÉD IO (NM): Va lor m édio em t or n o do qu a l a m a r é oscila . P a r a u m a det er m in a da


oscila çã o é h NM = (h P M + h BM )/2; pa r a u m per íodo lon go, equ iva le a o n ível em qu e per m a n ecer ia
o m a r se n ã o exist issem a s m a r és.

ENCHENTE: In t er va lo de t em po du r a n t e o qu a l o n ível do m a r se eleva ; du r a çã o da en ch en t e


= t i – t e.

VAZAN TE : In t er va lo de t em po du r a n t e o qu a l o n ível do m a r ba ixa ; du r a çã o da va za n t e =


t e – t c.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 231


Marés e correntes de marés; correntes oceânicas

ES TOF O D A MARÉ: P er íodo du r a n t e o qu a l o n ível do m a r fica pr a t ica m en t e est a cion a do;


pode ser est ofo de en ch en t e (t d – t c) ou de va za n t e (t g – t f).

N ÍVEL D E RED U ÇÃO (NR): Nível a qu e sã o r efer ida s a s a lt u r a s da s á gu a s e a s son da gen s


r epr esen t a da s n a s Ca r t a s Ná u t ica s; é o zer o do eixo ver t ica l da F igu r a 10.4. Com o o NR
(n ível de r edu çã o) a dot a do pela DH N é n or m a lm en t e o n ível m édio da s ba ixa -m a r es de
sizígia (MLWS), ger a lm en t e se en con t r a m m a ior es pr ofu n dida des qu e a s son da gen s la n ça da s
n a ca r t a ; en t r et a n t o, por oca siã o da s BM de sizígia , podem ser en con t r a da s pr ofu n dida des
m en or es qu e a s con st a n t es da ca r t a .

CICLO D A MARÉ:P er íodo de t em po en t r e u m a P M e a BM qu e se lh e segu e.

ALTU RA D A MARÉ: D is tâ n c ia v e rtic a l en t r e o n ív e l d o m a r em u m det er m in a do in s-


t a n t e e o n ív e l d e re d u ç ã o (pla n o de r efer ên cia qu e con st it u i a or igem de con t a gem da s
pr ofu n dida des e da s a lt u r a s da m a r é).

10.6 OU TROS CON CEITOS


RELACION AD OS COM MARÉS
ID AD E D A LU A: In t er va lo de t em po decor r ido en t r e a ú lt im a Lu a Nova e a lu a n a da t a
con sider a da ; é, n or m a lm en t e, expr essa em d ia s , in do de ze ro a 29 (du r a çã o de u m a lu n a ç ã o )
e, qu a n do n ecessá r io, a pr oxim a da a décim os. Assim , m a ré s d e á g u a s v iv a s (sizígia s) ocor -
r em qu a n do a Id a d e d a Lu a for ze ro (Lu a N o v a ), 14 (Lu a Ch e ia ) e 28 ou 29 (Lu a N o v a ).
Da m esm a for m a , m a ré s d e á g u a s m o rta s (qu a dr a t u r a s) ocor r em qu a n do a Id a d e d a
Lu a for 7 e 21, com a Lu a em qu a rto c re s c e n te (ida de: 7) ou em qu a rto m in g u a n te
(ida de: 21).

E s t a b e le c i m e n t o Vu lg a r d o P o rt o o u E s t a b e le c i m e n t o d o P o rt o (H WF &C:”H IGH
WATE R F ULL AND CH ANGE ”) – m édia dos in t er va los de t em po decor r idos en t r e a pa ssa -
gem da Lu a Ch eia (ou Nova ) pelo m er idia n o su per ior do lu ga r e a ocor r ên cia da pr ea m a r em
dia s de sizígio. De fa t o, a r ot a çã o diá r ia da Ter r a em t or n o de seu eixo t em u m efeit o de
fr icçã o (a t r it o) sobr e a s m a r és. E st e efeit o, a lia do à in ér cia da m a ssa líqu ida , fa z com qu e a s
pr ea m a r es n or m a lm en t e ocor r a m u m det er m in a do per íodo de t em po a pós a pa ssa gem da
Lu a pelo m er idia n o su per ior do loca l. O Es ta be le c im e n to Vu lg a r d o P o rto (H .W.F & C) é
u m a ca r a ct er íst ica do loca l a qu e se r efer e, sen do fu n çã o de u m a sér ie de fa t or es, t a is com o
t opogr a fia , la t it u de e pr esen ça de cor r en t es flu via is ou m a r ít im a s in t er fer in do com a m a r é.

10.7 P LAN OS D E REF ERÊN CIAS D E MARÉS


N ív e l d e Re d u ç ã o (NR): n ível a qu e sã o r efer ida s a s a lt u r a s da s m a r és e a s son da gen s
(pr ofu n dida des r epr esen t a da s n a s ca r t a s n á u t ica s). O N ível de Redu çã o n or m a lm en t e
cor r espon de a o n ível m édio da s ba ixa –m a r es de sizígia (MLWS) n a s ca r t a s n á u t ica s
br a sileir a s. É u m n ível a ba ixo do qu a l o m a r n ã o desce sen ã o r a r a m en t e.

N ív e l Mé d io d o Ma r (NM): a lt u r a m édia da su per fície do m a r em t odos os est á gios de


oscila çã o da m a r é, obser va dos em u m lon go per íodo de t em po (m a ior qu e 18.6 a n os) e
con sider a do com o equ iva len t e a o n ível qu e exist ir ia n a a u sên cia da s for ça s ger a dor a s da s
m a r és. O Nível Médio é n or m a lm en t e a dot a do com o pla n o de r efer ên cia pa r a a m edida da s
a lt it u des.

232 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Marés e correntes de marés; correntes oceânicas

F ig u ra 10.5 - P la n o s d e Re fe rê n c ia s d e Ma ré s

N ív e l Mé d io d a s Ma ré s (MTL ou “ME AN TIDE LE VE L”): va lor m édio de u m cer t o n ú m er o


de P M e BM. Nor m a lm en t e, n ã o t em qu a lqu er sign ifica do pa r a a n a vega çã o.

MHWS (“ME AN H IGH WATE R SP RINGS”): m édia da s P M de sizígia ou a lt u r a da P M


m édia de sizígia . Alt u r a m édia , dedu zida de u m a lon ga sér ie de obser va ções, da s a lt u r a s
da s P M de sizígia .

MHWN (“ME AN H IGH WATE R NE AP S”) – m édia da s P M de qu a dr a t u r a ou a lt u r a da P M


m édia de qu a dr a t u r a . Alt u r a m édia , dedu zida de u m a lon ga sér ie de obser va ções, da s a lt u r a s
da s P M de qu a dr a t u r a .

MHW (“ME AN H IGH WATE R”) – Média da s P M ou a lt u r a da P M m édia , ist o é, a lt u r a


m édia , dedu zida de u m a lon ga sér ie de obser va ções, da s a lt u r a s de t oda s a s P M.

Altu ra d a m a ré – Cot a ver t ica l NR – n ível do m a r , em u m det er m in a do in st a n t e.

MLWN (“ME AN LOW WATE R NE AP S”) – m édia da s BM de qu a dr a t u r a ou a lt u r a da BM


m édia de qu a dr a t u r a , ist o é, a lt u r a m édia , dedu zida de u m a lon ga sér ie de obser va ções,
da s a lt u r a s da s BM de qu a dr a t u r a .

MLW (“ME AN LOW WATE R”) – m édia da s ba ixa –m a r es ou a lt u r a da BM m édia , ist o é,


a lt u r a m édia , dedu zida de u m a lon ga sér ie de obser va ções, da s a lt u r a s de t oda s a s BM.

MLWS (“ME AN LOW WATE R SP RINGS”) – m édia da s BM de sizígia ou a lt u r a da BM


m édia de sizígia , ist o é, a lt u r a m édia , dedu zida de u m a lon ga sér ie de obser va ções, da s
a lt u r a s da s BM de sizígia . É o n ível a dot a do pela DH N com o Nível de Redu çã o (NR) n a s
Ca r t a s Ná u t ica s br a sileir a s.

S o n d a g e m o u p ro fu n d id a d e c a rto g ra fa d a – dist â n cia ver t ica l do NR a o fu n do do m a r ,


em u m det er m in a do loca l.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 233


Marés e correntes de marés; correntes oceânicas

P ro fu n d id a d e re a l em u m det er m in a do in st a n t e (ou pr ofu n dida de do loca l n o in st a n t e


con sider a do): som a da son da gem com a a lt u r a da m a r é n o in st a n t e con sider a do.

Altitu d e – Dist â n cia ver t ica l en t r e o pon t o con sider a do e o Nível Médio do m a r .

Altu ra de u m objet o: dist â n cia ver t ica l en t r e o seu t ope e a su a ba se (ou o t er r en o qu e a


cir cu n da ).
Nor m a lm en t e, a a lt u r a de qu a lqu er P M est a r á en t r e a MHWS e a MHWN , sen do
a pr oxim a da m en t e igu a l à MHWS qu a n do a Ida de da Lu a for ze ro ou 14 e igu a l à MHWN
qu a n do a Ida de da Lu a for 7 ou 21.
Com o o N R a dot a do pela DH N pa r a a s Ca r t a s Ná u t ica s br a sileir a s é n or m a lm en t e o
MLWS , em ger a l se en con t r a m m a ior es pr ofu n dida des qu e a s r epr esen t a da s n a ca r t a . E n -
t r et a n t o, even t u a lm en t e, por oca siã o da s BM de sizígia , poder -se-ã o en con t r a r pr ofu n dida des
m en or es qu e a s con st a n t es da ca r t a .

10.8 P REVIS ÃO D AS MARÉS


Con for m e já com en t a do, pa r a o n a vega n t e o con h ecim en t o da m a r é e da s cor r en t es
de m a r é é im por t a n t e por qu e lh e per m it ir á decidir sobr e:

a . possibilida de de pa ssa r em loca is de pou co fu n do;


b. da t a s, h or á r ios e velocida des con ven ien t es pa r a n a vega r n est es loca is;
c. r u m os n a su per fície pa r a obt er os r u m os n o fu n do deseja dos;
d. escolh a do bor do de a t r a ca çã o, t ipo de a m a r r a çã o e folga s a dequ a da s da s espia s; e
e. n ecessida de de pa r a r m ot or es e m á qu in a s r efr iger a da s à á gu a sa lga da , em det er m in a dos
per íodos, pa r a evit a r qu e a s t om a da s d’á gu a , por fica r em n o fu n do do ca sco, a spir em
la m a ou a r eia .
P a r a decidir qu a n t o a os a spect os da possibilida de de pa ssa r em cer t o loca l, da t a s e
h or á r ios m a is con ven ien t es, é pr eciso qu e se obser ve qu e (F igu r a 10.6):

F ig u ra 10.6 -

A - CALADO DO NAVIO
B - PROFUNDIDADE INDICADA PELO
ECOBATÍMETRO
C - PROFUNDIDADE DO LOCAL NO INSTANTE
D - SONDAGEM (PROFUNDIDADE
CARTOGRAFADA) DO LOCAL
E - ALTURA DA MARÉ NO INSTANTE
F - COTA NM-NR

234 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Marés e correntes de marés; correntes oceânicas

E m qu a lqu er in st a n t e, a pr ofu n dida de (C) é igu a l a son da gem (D) m a is a a lt u r a da


m a r é (E ):
C=D+E
Nos ecoba t ím et r os, é n or m a lm en t e m edida a dist â n cia ver t ica l (B) en t r e a qu ilh a do
n a vio e o fu n do do m a r qu e, som a da a o ca la do (A) da r á a pr ofu n dida de (C):
C=B+A
P a r a decidir qu a n t o à velocida de, é pr eciso t er em m en t e qu e, n a m a ior ia dos n a vios
e den t r o dos seu s a t u a is lim it es de velocida de, qu a n do a velocida de a u m en t a a su a popa
a fu n d a e, con s eqü en t em en t e, p a r a n ã o t oca r n o fu n d o h a ver á n eces s id a d e d e m a ior
pr ofu n dida de (m a ior la zeir a de á gu a a ba ixo da qu ilh a ).
Nã o se pode, t a m bém , esqu ecer qu e o n a vio ca t u r r a e qu e a su a a r fa gem pode exigir
a u m en t os n a pr ofu n dida de m ín im a qu e o n a vio n ecessit a r ia pa r a pa ssa r , sem ba t er n o
fu n do, em det er m in a do loca l. E specia l a t en çã o deve ser da da a est e fa t or de segu r a n ça
qu a n do se t r a t a r de n a vios de boca est r eit a e com pr idos, qu e “en t er r a m ” ba st a n t e su a s
pr oa s se su jeit os a on da s, pr in cipa lm en t e com m a r de t r a vés pa r a va n t e.
A escolh a de r u m os n a su per fície, bem com o o bor do de a t r a ca çã o e t ipo de a m a r r a çã o,
est á liga da à s cor r en t es de m a r é.
A folga da s espia s é fu n çã o pr in cipa lm en t e da a m plit u de da m a r é, m a s a lgu n s ou t r os
a spect os est ã o t a m bém en volvidos, com o: in t en sida de da cor r en t e; dir eçã o e for ça dos ven t os;
sit u a çã o de ca r ga (n a vio leve ou ca r r ega do), on de se in clu em os r ecebim en t os ou t r a n sfe-
r ên cia s de á gu a e óleo; exist ên cia e u t iliza çã o de a m a r r et a e t ipo do ca is (se flu t u a n t e ou
fixo).
Os elem en t os n ecessá r ios à t om a da dest a s decisões sã o con segu idos em vá r ia s fon t es.
As pr in cipa is sã o:

a . Tá bu a s da s Ma r és;
b. Qu a dr os de In for m a ções sobr e a Ma r é r epr esen t a dos n a s Ca r t a s Ná u t ica s;
c. Ca r t a s de cor r en t es de m a r é;
d. In for m a ções sobr e cor r en t es de m a r é con st a n t es de det er m in a da s Ca r t a s Ná u t ica s;
e. Rot eir o; e
f. Alm a n a qu e Ná u t ico.
A segu ir ser ã o m ost r a da s a s m a n eir a s de obt er , a pa r t ir de t a is fon t es, os elem en t os
de m a r és e cor r en t es de m a r é n ecessá r ios a o n a vega n t e.

10.9 U TILIZAÇÃO D AS TÁB U AS D AS


MARÉS

10.9.1 CON TEÚ D O D AS TÁB U AS


As “Tá bu a s d a s Ma ré s ” con st it u em u m a pu blica çã o edit a da a n u a lm en t e pela DH N,
con t en do (E diçã o de 1993) a pr evisã o pa r a os 47 pr in cipa is p o rto s , te rm in a is , ba rra s ,
ilh a s o c e â n ic a s e fu n d e a d o u ro s bra s ile iro s , r ela cion a dos do N o rte pa r a o S u l, e o ito
p o rto s e s tra n g e iro s d a Am é ric a La tin a .

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 235


Marés e correntes de marés; correntes oceânicas

H á a in da , n a s “Tá b u a s d a s Ma ré s ”, u m a Ta b e la d e Co rre ç õ e s qu e per m it e


con h ecer a m a r é em 2 por t os secu n dá r ios, du a s ou t r a s Ta bela s pa r a obt en çã o da m a r é em
u m in st a n t e qu a lqu er , explica ções pa r a u t iliza çã o dos m ét odos expedit os de pr evisã o e
u m a Ta bela de F a ses da Lu a .
A F igu r a 10.7 r epr odu z u m a pá gin a da t á bu a , on de se obser va :

F ig u ra 10.7 -Tá bu a d a s Ma ré s

236 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Marés e correntes de marés; correntes oceânicas

N a p rim e ira lin h a : O n om e do por t o, t er m in a l, ba r r a , ilh a oceâ n ica ou fu n dea dou r o,


o r espect ivo Es ta d o d a F e d e ra ç ã o e o a n o a qu e se r efer em a s pr evisões.
N a s e g u n d a lin h a : As c o o rd e n a d a s g e o g rá fic a s do loca l da e s ta ç ã o m a re g rá fic a
e o fu s o h o rá rio a d o ta d o .
N a te rc e ira lin h a : A sigla da in st it u içã o r espon sá vel pela s obser va ções, o n ú m er o
de com pon en t es u t iliza dos n a pr evisã o, a cot a do Nível Médio sobr e o Nível de Redu çã o e o
n ú m er o da Ca r t a Ná u t ica do por t o, t er m in a l, ba r r a ou fu n dea dou r o.
A segu ir en con t r a m –se 4 colu n a s, ca da u m a r efer en t e a u m m ês, e, n o seu in t er ior ,
os elem en t os da m a r é dia -a -dia .
P a r a c a d a d ia sã o in for m a da s a s h o ra s e a s a ltu ra s da s p re a m a re s (P M) e ba ix a –
m a re s (BM) pr evist a s.
As h or a s, do fu s o h o rá rio P (+3 h or a s), sã o r epr esen t a da s com 4 a lga r ism os, sen do
qu e os dois pr im eir os in dica m a s h o ra s e os dois segu in t es os m in u to s .
As a lt u ra s da s P M e B M sã o da da s em 2 a lga r ism os, r epr esen t a n do m e t ro s e
d e c í m e t ro s . As a lt u r a s in dica da s sã o cot a s ver t ica is a cim a do N í v e l d e R e d u ç ã o .
E ven t u a lm en t e, qu a n do o n ú m er o for n e g a tiv o , a m a r é est a r á a ba ixo do N ív e l d e Re d u ç ã o .

10.9.2 EXEMP LO D E P REVIS ÃO D E MARÉS


a . Obt er a pr evisã o de m a r é pa r a S a lin ó p o lis , n o dia 08/m a r ço/1993.
Re s p o s ta (ver F igu r a 10.7):
08/m a r /93 BM 0143 0.1m
2ª feir a PM 0732 5.6m
(Lu a Ch eia ) BM 1358 0.0m
PM 1949 5.6m
b. Obt er a pr evisã o de m a r é pa r a S a lin ó p o lis n o dia 15/m a r ço/93.
Re s p o s ta :
15/m a r /93 PM 0004 4.0m
2ª feir a BM 0623 1.6m
(qu a r t o m in gu a n t e) PM 1230 4.1m
BM 1902 1.5m
A a n á lise dos dois exem plos a cim a per m it e:

a . iden t ifica r a m a r é de Sa lin ópolis com o s e m id iu rn a , ca r a ct er iza da por u m a cu r va a pr o-


xim a da m en t e sen oida l, com du a s P REAMARES (P M) e du a s B AIXA-MARES (BM)
por dia (ca da even t o de m a r é sepa r a do por cer ca de 6 h or a s u m do ou t r o) e a pr esen t a n do
va r ia ções pequ en a s n a s a lt u r a s da s du a s P M e da s du a s BM su cessiva s.
b. ver ifica r a difer en ça en t r e MARÉ DE SIZÍGIA e MARÉ DE QUADRATURA. De fa t o, n o
dia 08/m a r /93 (LUA CH E IA) obser va -se u m a MARÉ DE SIZÍGIA, com P RE AMARE S
(P M) ba st a n t e a lt a s e BAIXA-MARE S (BM) m u it o ba ixa s. A AMP LITUDE DA MARÉ n o
pr im eir o ciclo é de 5,5 m et r os e, n o segu n do, 5,6 m et r os. P or ou t r o la do, n o dia 15/m a r /93
(QUARTO MINGUANTE ) t em -se MARÉ DE QUADRATURA, com P M m a is ba ixa s e
BM m a is a lt a s. Nessa da t a , a AMP LITUDE DA MARÉ é bem m en or , sen do, n o pr im eir o
ciclo, de 2,4 m et r os e, n o segu n do, de 2,6 m et r os.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 237


Marés e correntes de marés; correntes oceânicas

10.9.3 D ETERMIN AÇÃO D A ALTU RA D A MARÉ EM U M


IN S TAN TE QU ALQU ER
O cá lcu lo da a lt u r a da m a r é, pa r a qu a lqu er dos por t os list a dos, em h or á r io difer en t e
do pr evist o pa r a a pr ea m a r ou ba ixa –m a r , ir á exigir a u t iliza çã o da s Ta be la s I e II “a lt u r a
da m a r é em u m in st a n t e qu a lqu er ”, r epr odu zida s n a F igu r a 10.8.
A Ta be la I t em com o elem en t os de en t r a da a du r a çã o da m a r é (en ch en t e ou va za n t e)
e o in t er va lo de t em po en t r e o in st a n t e con sider a do e a pr ea m a r ou ba ixa –m a r m a is pr óxim a .
A su a sa ída , den om in a da c e n té s im o , é u m dos elem en t os de en t r a da pa r a a Ta be la II,
on de o segu n do elem en t o de en t r a da ser á a a m p litu d e da m a r é em qu est ã o. A sa ída da
Ta be la II é a c o rre ç ã o a ser a plica da à a lt u r a da ba ixa –m a r ou pr ea m a r con sider a da , qu e
per m it ir á con h ecer a a lt u r a da m a r é n o in st a n t e deseja do.
E m bor a a s Tá bu a s d a s Ma ré s seja m a n u a is, a s Ta be la s I e II sã o per m a n en t es e
podem ser u t iliza da s em qu a lqu er dia de qu a lqu er a n o.
As Ta be la s I e II for a m con feccion a da s pa r a per m it ir a in t er pola çã o em cu r va s da
m a r é qu e seja m s in u s o id a is . Assim , su a u t iliza çã o exige cu ida dos:

• Nos por t os on de a cu r va da m a r é n ã o é sin u soida l obt ém -se r esu lt a do a pen a s a pr oxim a do.
Os n a vega n t es, por t a n t o, dever ã o t om a r cer t a pr eca u çã o, da n do m a r gem de segu r a n ça
igu a l a 10% da a m plit u de.
• Na cost a do Br a sil, a s Ta bela s dó devem ser u sa da s n os por t os de Vit ór ia (E S) pa r a o
Nor t e, on de a m a r é é pr edom in a n t em en t e sem idiu r n a .
EXEMP LOS :
a . Qu a l a lt u r a da m a r é pr evist a n o fu n dea dou r o de Sa lin ópolis, n o dia 08/3/93, à s 1000P ?
S OLU ÇÃO:
Ma r é pr evist a em Sa lin ópolis, dia 08/3/93 (F igu r a 10.7):
BM 0143 0.1m
PM 0732 5.6m
BM 1358 0.0m
PM 1949 5.6m

F ig u ra 10-9 - Ma ré p re v is ta p a ra S a lin ó p o lis

A c u rv a d a m a ré em Sa lin ópolis
n o dia 08/3/93 pode ser visu a liza da n a
F igu r a 10.9, on de se com pr ova qu e a cu r va
é s in u s o id a l.
Às 10:00 h or a s, a m a ré em S a li-
n ó p o lis est a r á v a za n d o .

238 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Marés e correntes de marés; correntes oceânicas

F ig u ra 10-8 - Altu ra d a m a ré e m u m in s ta n te qu a lqu e r (Ta be la s d e Co rre ç ã o )

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 239


Marés e correntes de marés; correntes oceânicas

P a r a en t r a r n a Ta be la I:

D u ra ç ã o d a v a za n te : 06 h 26 m @ 06 h 20 m

In te rv a lo d e te m p o (en t r e a P M de 0732 e 1000): 02 h 28 m @ 02 h 30 m


Da do de sa ída da Ta bela I: 34 (fr a çã o da a m plit u de)
P a r a en t r a r n a ta be la II:

Am p litu d e d a m a ré n o ciclo con sider a do: 5.6m @ 6m

F ra ç ã o d a a m p litu d e (da da pela Ta bela I): 34


Da do de sa ída da Ta bela II: 2,0m (cor r eçã o da a lt u r a )
Alt u r a da m a r é em Sa lin ópolis, dia 08/3/93, à s 10:00 h or a s: 5,6 – 2,0 = 3,6 m et r os.

b. Det er m in a r qu a l a m a io r e a m e n o r pr ofu n dida de pr evist a , n o fu n dea dou r o de Sa li-


n ópolis, n o dia 08/3/93, em u m pon t o on de a p ro fu n d id a d e c a rto g ra fa d a (son da gem ) é
8,5 m et r os.
Com a m a ré p re v is ta pa r a Sa lin ópolis, n o dia 08/3/93 (m ost r a da n o pr oblem a a n t e-
r ior ), pode-se a fir m a r qu e a m a io r p ro fu n d id a d e ocor r er á n a s pr ea m a r es de 0732 e 1949
e qu e a m e n o r p ro fu n d id a d e ocor r er á n a B AIXA-MAR de 1358.
Lem br a n do qu e a s p ro fu n d id a d e s la n ç a d a s n a s Ca rta s N á u tic a s (son da gen s)
r epr esen t a m a dist â n cia ver t ica l en t r e o N ív e l d e Re d u ç ã o e o fu n do do m a r n o loca l e qu e
a s a ltu ra s d a s m a ré s r epr esen t a m cot a s ver t ica is cu ja or igem é, t a m bém , o n ív e l d e
re d u ç ã o , pode-se a fir m a r :

• Ma ior pr ofu n dida de (0732 e 1949): 8,5 + 5,6 = 14,1 m et r os.


• Men or pr ofu n dida de (1358): 8,5 + 0,0 = 8,5 m et r os (o n ível do m a r n est e in st a n t e coin -
cide com o Nível de Redu çã o).

10.9.4 P REVIS ÃO D A MARÉ P ARA P ORTOS


SECUNDÁRIOS
A pu blica çã o DG6 “Tá bu a s da s Ma r és” a pr esen t a , a in da , u m a Ta bela r epr odu zida
n a F igu r a 10.10, qu e per m it e obt er a p re v is ã o d a s m a ré s em dois p o rto s s e c u n d á rio s ,
Ca m ocim (Cea r á ) e Ba r r a do Rio Sã o F r a n cisco (Ala goa s), em fu n çã o da m a r é pr evist a pa r a
o por t o de r efer ên cia (Recife).

F ig u ra 10.10 - P o rto s S e c u n d á rio s


Porto de Referência: Recife
Portos Secundários Latitude Longitude N.M. Carta Correções
(m) n° Preamar Baixa-Mar
Instante Altura Instante Altura
h min m h min m
Camocim (Ceará) 02° 53’ S 040° 50’ W 1,82 601 +02 12 + 0,8 +02 17 +0,2
Barra rio São 10° 30’,8 S 036° 24,2 W 0,80 1 000 -00 43 -0,3 -00 50 0,0
Francisco (Alagoas)

240 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Marés e correntes de marés; correntes oceânicas

A t a bela for n ece a s cor r eções a dit iva s ou su bt r a t iva s qu e devem ser a plica da s à s
h or a s e à s a lt u r a s da pr ea m a r e da ba ixa -m a r n o por t o de r efer ên cia (Recife), pa r a obt en çã o
dos elem en t os a n á logos dos por t os secu n dá r ios de Ca m ocim e Ba r r a do Rio Sã o F r a n cisco..

EXEMP LOS :
a . Obt er a p re v is ã o d a s m a ré s pa r a o por t o de Ca m ocim (CE ), n o dia 06/04/93, sa ben do-
se qu e, pa r a est a da t a , é a segu in t e a m a ré p re v is ta pa r a Recife (p o rto d e re fe rê n c ia ):
06/04/93 0315 2.4m PM
3ª feir a 0924 –0.1m BM
Lu a Ch eia 1541 2.5m PM
2153 –0.1m BM
S OLU ÇÃO:
A Ta bela da F igu r a 10.10 for n ece a s segu in t es cor r eções pa r a o por t o de Ca m ocim :
Cor r eçã o P M (in st a n t e): + 02 h 12 m
Cor r eçã o P M (a lt u r a ): + 0,8m
Cor r eçã o BM (in st a n t e): + 02 h 17 m
Cor r eçã o BM (a lt u r a ): + 0,2m
Com bin a n do est a s cor r eções com a m a ré p re v is ta pa r a o p o rto d e re fe rê n c ia
(Recife) obt ém -se a p re v is ã o d e m a ré pa r a o p o rto s e c u n d á rio (Ca m ocim ):

Recife – 1ª P M: 0315 2,4m


Cor r eções P M: + 0212 + 0,8m
Ca m ocim – 1ª P M: 0527 3,2m

Recife – 1ª BM: 0924 – 0,1m


Cor r eções BM: + 0217 + 0,2m
Ca m ocim – 1ª BM: 1141 0,1m

Recife – 2ª P M: 1541 2,5m


Cor r eções P M: + 0212 + 0,8m
Ca m ocim – 2ª P M: 1753 3,3m

Recife – 2ª BM: 2153 – 0,1m


Cor r eções BM: + 0217 + 0,2m
Ca m ocim – 1ª BM: 0010 0,1m (07/04/93)
Dest a for m a , a p re v is ã o d e m a ré s pa r a Ca m ocim n o dia 06/04/93 é:
0527 3,2m PM
1141 0,1m BM
1753 3,3m PM
0010 0,1m BM (07/04/93)

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 241


Marés e correntes de marés; correntes oceânicas

b. Obt er a p re v is ã o d e m a ré pa r a a Ba r r a do Rio Sã o F r a n cisco, n o dia 13/12/93, sa ben do-


se qu e, pa r a est a da t a , é a segu in t e a m a ré p re v is ta pa r a Recife (p o rto d e re fe rê n c ia ):
13/12/93 0332 2,1m PM
2ª feir a 0938 0,1m BM
Lu a Nova 1545 2,2m PM
2204 0,0m BM
S OLU ÇÃO:
A Ta bela da F igu r a 10.10 for n ece a s segu in t es cor r eções pa r a a Ba r r a do Rio Sã o
F r a n cisco:
Cor r eçã o P M (in st a n t e): – 00 h 43 m
Cor r eçã o P M (a lt u r a ): – 0,3m
Cor r eçã o BM (in st a n t e): – 00 h 50 m
Cor r eçã o BM (a lt u r a ): 0,0m
Com bin a n do est a s cor r eções com a m a ré p re v is ta pa r a Recife (p o rto d e re fe rê n c ia ) obt ém -
se a p re v is ã o d e m a ré pa r a a Ba r r a do Rio Sã o F r a n cisco (por t o secu n dá r io):
Recife – 1ª P M: 0332 2,1m
Cor r eções P M: – 0043 – 0,3m
Ba r r a S. F co. 1ª P M: 0249 1,8m

Recife – 1ª BM: 0938 0,1m


Cor r eções BM: – 0050 0,0m
Ba r r a S. F co. 1ª BM: 0848 0,1m

Recife – 2ª P M: 1545 2,2m


Cor r eções P M: – 0043 – 0,3m
Ba r r a S. F co. 2ª P M: 1502 1,9m

Recife – 2ª BM: 2204 0,0m


Cor r eções BM: – 0050 0,0m
Ba r r a S. F co. 1ª BM: 2114 0,0m
Dest a for m a , a p re v is ã o d a m a ré pa r a a Ba r r a do Rio Sã o F r a n cisco, n o dia 13/12/93 é:
0249 1,8m PM
0848 0,1m BM
1502 1,9m PM
2114 0,0m BM
Os pr oblem a s de d e te rm in a ç ã o d a a ltu ra d a m a ré n u m in s ta n te qu a lqu e r e de
p re v is ã o d a m a ré e m p o rto s s e c u n d á rio s podem ser r esolvidos com fa cilida de pela
u t iliza çã o do m odelo m ost r a do n a F igu r a 10.11.

242 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Marés e correntes de marés; correntes oceânicas

F ig u ra 10.11 -

10.9.5 MÉTOD O EXP ED ITO D E P REVIS ÃO OU


MÉTOD O D O ES TAB ELECIMEN TO D O P ORTO
A pu blica çã o DG6 “Tá bu a s da s Ma r és” t a m bém a bor da o MÉ TODO E XP E DITO DE
P RE VISÃO (ou MÉ TODO DO E STABE LE CIME NTO DO P ORTO), a ser u sa do pa r a os
loca is on de n ã o se t en h a m in for m a ções t a bu la da s de h or á r ios e a lt u r a s de P M e BM. O
MÉ TODO E XP E DITO DE P RE VISÃO deve ser u t iliza do em con ju n t o com o qu a dr o de
INF ORMAÇÕE S SOBRE A MARÉ r epr esen t a do n a Ca r t a Ná u t ica do loca l de in t er esse.

F ig u ra 10.12 - In fo rm a ç õ e s s o bre a Ma ré

LUGAR LATITUDE LONGITUDE HWF&C ALTURA SOBRE O NR (cm)


MHWS MHWN MLWN MLWS MSL
Porto de SUAPE 08° 21’,5S 034° 57’,1W 4h 08min 226 170 79 23 124

E s t e q u a d r o (F igu r a 1 0 .1 2 ) for n e ce os s e gu in t e s e le m e n t os , p a r a os loca is


cor r espon den t es:

H.W.F . & C. – Es ta be le c im e n to d o P o rto o u Es ta be le c im e n to Vu lg a r d o P o rto (“H IGH


WATE R F ULL AND CH ANGE ”): m édia dos in t er va los de t em po decor r idos en t r e a pa ssa gem
da Lu a pelo m er idia n o loca l e a ocor r ên cia da pr ea m a r (P M), em dia s de sizígia .

M.H.W.S . – P r ea m a r m édia de sizígia (“ME AN H IGH WATE R SP RINGS”): r epr esen t a a


a lt u r a , a cim a do Nível de Redu çã o da Ca r t a Ná u t ica em qu est ã o, da m édia da s pr ea m a r es
de sizígia , ou seja , a m édia da s m a is a lt a s pr ea m a r es.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 243


Marés e correntes de marés; correntes oceânicas

M.H.W.N . – P r ea m a r m édia qu a dr a t u r a (“ME AN H IGH WATE R NE AP S”): r epr esen t a a


a lt u r a , a cim a do Nível de Redu çã o da Ca r t a Ná u t ica em qu est ã o, da m édia da s pr ea m a r es
de qu a dr a t u r a , ou seja , a m édia da s m a is ba ixa s pr ea m a r es.

M.L.W.N . – Ba ixa –m a r m édia de qu a dr a t u r a (“ME AN LOW WATE R NE AP S”): r epr esen t a


a a lt u r a , a cim a do Nível de Redu çã o da Ca r t a Ná u t ica em qu est ã o, da m édia da s ba ixa –
m a r es de qu a dr a t u r a , ou seja , a m édia da s m a is a lt a s ba ixa –m a r es.

M.L.W.S . – Ba ixa –m a r m édia de sizígia (“ME AN LOW WATE R SP RINGS”): r epr esen t a a
a lt u r a , a cim a do Nível de Redu çã o da Ca r t a Ná u t ica em qu est ã o, da m édia da s ba ixa –
m a r es de sizígia , ou seja , a m édia da s m a is ba ixa s ba ixa –m a r es.

N M o u MS L – Alt u r a do n ível m édio (“ME AN SE A LE VE L) a cim a do Nível de Redu çã o da


ca r t a em qu est ã o.
Na pr evisã o da m a r é pelo MÉ TODO DO E STABE LE CIME NTO DO P ORTO é n eces-
sá r io det er m in a r a h or a da pa ssa gem m er idia n a da Lu a , com da dos obt idos n o Alm a n a qu e
Ná u t ico (DN–5), pu blica çã o qu e ser á est u da da n o Volu m e II dest e Ma n u a l (n a pa r t e r efer en t e
à Na vega çã o Ast r on ôm ica ).
O MÉ TODO E XP E DITO DE P RE VISÃO a dot a os segu in t es con ceit os e su posições
bá sica s:

a . a h or a da pr ea m a r de sizígia é o r esu lt a do da s o m a e n tre a h o ra d a p a s s a g e m d a Lu a


p e lo m e rid ia n o s u p e rio r d o lo c a l e o Es ta be le c im e n to d o P o rto n a qu ele loca l.
b. o d ia lu n a r d u ra 24 h o ra s e 50 m in u to s ; sen do a ssim , o in t er va lo en t r e du a s pr ea m a r es
ser á 12 h or a s e 25 m in u t os e en t r e u m a P M e a BM con secu t iva o in t er va lo ser á de 6
h or a s e 13 m in u t os (a ssim t a m bém com o en t r e u m a BM e a P M segu in t e), con for m e
m ost r a do n a F igu r a 10.13.

F ig u ra 10.13 -

c. con sider a n do-se a du r a çã o de u m a lu n a ç ã o (in t er va lo de t em po en t r e du a s con ju n ções


ou oposições da Lu a ), pode-se a dm it ir qu e o in t er va lo de t em po en t r e du a s m a ré s d e
s izíg ia su cessiva s é de 14 dia s e o in t er va lo en t r e u m a m a ré d e s izíg ia e a m a ré d e
qu a d ra tu ra segu in t e é de 7 dia s.

244 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Marés e correntes de marés; correntes oceânicas

d. a s p re a m a re s (P M) e ba ix a –m a re s (BM) sã o sim ét r ica s em r ela çã o a o Nível m édio,


con for m e m ost r a do n a F igu r a 10.14.

F ig u ra 10.14 -

De fa t o, n o MÉ TODO E XP E DITO DE P RE VISÃO su põe-se qu e (ver F igu r a 10.14):

• E m SIZÍGIAS:
MH WS – NM = a (cot a da P M de sizígia a cim a do NM)
NM a = h 1 (a lt u r a da BM de sizígia )
• E m QUADRATURAS:
MH WN – NM = b (cot a da P M de qu a dr a t u r a a cim a do NM)
NM – b = h 2 (a lt u r a da BM de qu a dr a t u r a )
O exem plo a ba ixo ilu st r a o em pr ego do MÉ TODO E XP E DITO DE P RE VISÃO:
Obt er , pelo MÉ TODO E XP E DITO DE P RE VISÃO (ou MÉ TODO DE E STABE LE CI-
ME NTO DO P ORTO), a m a ré p re v is ta n o por t o de Su a pe (P E ), n o dia 30 de ju lh o de 1993.

S o lu ç ã o :
1. Cá lcu lo da h or a da pa ssa gem da Lu a pelo m er idia n o do loca l e dos h or á r ios da s P M:
• O Alm a n a qu e Ná u t ico pa r a 1993 for n ece, n a pá gin a 155, a s in for m a ções sobr e a pa ssa gem
m er idia n a da Lu a em Gr een wich n os dia s 30 e 31 de ju lh o.

HORA MÉD IA LOCAL D A P AS S AGEM MERID IAN A D A LU A EM GREEN WICH


DIA SU P E RIOR IN F E RIOR
30/07/93 21h 57m in 09h 30m in
31/07/93 22h 49m in 10h 23m in
DIF E RE N ÇA 52m in 53m in

• Da s pá gin a s a m a r ela s do r efer ido Alm a n a qu e obt ém -se:


Da Tá bu a II – “In t er pola çã o da s H or a s da P a ssa gem Mer idia n a da Lu a pa r a a Lon gi-
t u de” (pá gin a xxxii) – a cor r eçã o a ser a plica da . E n t r a -se com a Lon git u de de Su a pe
a r r edon da da a o gr a u (l = 035° W) e com o va lor m édio da s difer en ça s en t r e a s pa ssa gen s
m er idia n a s su per ior e in fer ior con secu t iva s (D =52 m in ). O va lor en con t r a do pa r a a
cor r eçã o é de 5 m in u t os.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 245


Marés e correntes de marés; correntes oceânicas

Da pá gin a i – “Con ver sã o de Ar co em Tem po” – r et ir a -se o va lor da Lon git u de em t em po


pa r a o por t o de Su a pe:
Lon git u de =034° 57', 1W = 02h 19m in 48s, va lor qu e é a r r edon da do pa r a 02 h 20 m in .
• F u so h or á r io (F ) de Su a pe = + 3h
• No qu a dr o de in for m a ções sobr e a m a r é de Su a pe (F igu r a 10.12) en con t r a -se o va lor do
E STABE LE CIME NTO DO P ORTO (H WF & C) = 04h 08m in
• Com es t es va lor es p od em s er ca lcu la d os os in s t a n t es d a s p r ea m a r es p a r a o d ia
con sider a do:
P a ssa gem su per ior P a ssa gem in fer ior
H ML (Lu a ) em Gr een wich 21h 57m in 09h 30m in
Cor r eçã o + 5m in + 5m in
H ML P m d (Lu a ) n o Loca l 22h 02m in 09h 35m in
Lon git u de do Loca l + 02h 20m in + 02h 20m in
H MG P m d (Lu a ) n o Loca l 00h 22m in 11h 55m in
-F -3 -3
H leg P m d (Lu a ) n o Loca l 21h 22m in 08h 55m in
H WF & C + 04h 08m in + 04h 08m in
H or á r io da P r ea m a r 01h 30m in 13h 03m in
Da t a 31/07/93 30/07/93

2. Cá lcu lo da s a lt u r a s da s P M
• A Ta bela de F a ses da Lu a exist en t e n o fin a l da pu blica çã o DG6 “Tá bu a s da s Ma r és”
for n ece os segu in t es da dos (ver F igu r a 10.15):

F ig u ra 10.15 - F a s e s d a Lu a

246 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Marés e correntes de marés; correntes oceânicas

LUA E M QUARTO CRE SCE NTE : 26/J UL/93

LUA CH E IA: 02/AGO/93


Assim , a da t a de in t er esse (30/ju l/93) est á en t r e u m a QUADRATURA (26/ju l) e u m a
SIZÍGIA (02/a go).
• O qu a dr o de INF ORMAÇÕE S SOBRE A MARÉ pa r a Su a pe a pr esen t a os segu in t es da dos:
E m sizígia :
MH WS = 2,26m (a r r edon da -se pa r a 2,3m )
E m qu a dr a t u r a :
MH WN = 1,70m
F a z-se, en t ã o:
MH WS – MH WN = 2,3 – 1,7 = 0,6m
• P ode-se, en t ã o, por sim ples in te rp o la ç ã o lin e a r, obt er a a lt u r a a pr oxim a da da s P M n o
dia 30/ju l:
7 dia s (QUADRATURA – SIZÍGIA) + 0,6m
4 dia s x
x = 0,6 x 4 / 7 = 0,34m (a r r edon da do pa r a 0,3m )
Assim : h P M (30/ju l) = 1,7 + 0,3 = 2,0m
3. Cá lcu lo da s h or a s da s BM:
• Con for m e vist o, o MÉ TODO E XP E DITO DE P RE VISÃO con sider a qu e o in te rv a lo d e
te m p o en t r e u m a P M e a BM con secu t iva (ou a n t er ior ) é de 06h 13m in (1/4 de 1 dia
lu n a r ) e o in t er va lo en t r e du a s BM é de 12 h 25m in .
• Assim : P M: 13h 03m in
in t er va lo: – 06h 13m in
1ª BM: 06h 50m in
2ª BM: 19h 15m in
4. Cá lcu lo da s a lt u r a s da s BM
• O MÉ TODO E XP E DITO DE P RE VISÃO su põe qu e a s P M e a s BM sã o sim ét r ica s em
r ela çã o a o Nível Médio (NM). O qu a dr o de INF ORMAÇÕE S SOBRE A MARÉ pa r a Su a pe
per m it e obt er a cot a do NM (MSL) sobr e o Nível de Redu çã o: 1,24m (qu e é a r r edon da da
pa r a 1,2m ).
• Assim , t em -se:
h P M = 2,0m
NM = 1,2m
cot a P M – NM = 0,8m

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 247


Marés e correntes de marés; correntes oceânicas

• E n t ã o, pode-se ca lcu la r :
NM = 1,2m
cot a P M – NM = 0,8m
h BM = 0,4m (ALTURAS DAS BAIXA-MARE S)
4. Dest a for m a , a m a ré p re v is ta pa r a Su a pe, obt ida pelo MÉ TODO E XP E DITO DE P RE -
VISÃO (ou MÉ TODO DO E STABE LE CIME NTO DO P ORTO), pa r a o dia 30/07/93, ser á :
PM 0037 2,0m
BM 0650 0,4m
PM 1303 2,0m
BM 1915 0,4m
PM 0130 2,0m (31/07/93)
Com o for m a de a va lia r a pr ecisã o, a con fia n ça e a s lim it a ções do MÉ TODO E XP E DITO
DE P RE VISÃO, a pr esen t a -se a p re v is ã o d e m a ré s pa r a Su a pe, pa r a 30/07/93, obt ida da
a n á lise h a r m ôn ica da m a r é:
PM 0132 2,0m
BM 0800 0,5m
PM 1413 1,9m
BM 2015 0,5m
PM 0223 2,1m (31/7/93)
P ode-se con st a t a r qu e os r esu lt a dos en con t r a dos pelo MÉ TODO E XP E DITO (ou MÉ -
TODO DO E STABE LE CIME NTO DO P ORTO) sã o r a zoa velm en t e pr ecisos, pa r a fin s de
n a vega çã o, qu a n do n ã o se dispõem dos da dos de pr evisã o for n ecidos n a s “Tá bu a s da s Ma r és”.
Sã o per t in en t es a s segu in t es obser va ções fin a is sobr e est e a ssu n t o:

a . em vir t u de dos con ceit os e su posições bá sica s a dot a da s, o MÉ TODO DO E STABE LE CI-
ME NTO DO P ORTO só deve ser em pr ega do n os loca is on de a m a r é for s e m id iu rn a , n ã o
se a plica n do à s m a r és de desigu a lda des diu r n a s, m ist a s e diu r n a s. Na cost a do Br a sil
bon s r esu lt a dos sã o en con t r a dos n os por t os de Vit ór ia (E S) pa r a o Nor t e.
b. a lém de ser vir em pa r a em pr ego com o MÉ TODO E XP E DITO DE P RE VISÃO, os da dos
dos qu a dr os de INF ORMAÇÕE S SOBRE A MARÉ r epr esen t a dos n a s Ca r t a s Ná u t ica s
pr opor cion a m u m a boa idéia da s ca r a ct er íst ica s da m a r é n os loca is a qu e se r efer em ,
da n do n oçã o da a m plit u de da m a r é em sizígia e em qu a dr a t u r a e for n ecen do a cot a do
Nível Médio a cim a do Nível de Redu çã o.

10.9.6 N OTAS F IN AIS S OB RE P REVIS ÃO D E MARÉS E


U TILIZAÇÃO D AS TÁB U AS D AS MARÉS
a . F a t or es m et eor ológicos, pr in cipa lm en t e o ven t o, podem ca u sa r a eleva çã o ou o a ba ixa -
m en t o do n ível do m a r e o a t r a so ou o a dia n t a m en t o dos in st a n t es de ocor r ên cia da s
pr ea m a r es ou ba ixa – m a r es. Nest a s con dições, a s pr ea m a r es e a s ba ixa –m a r es poder ã o
ser m a is a lt a s ou m a is ba ixa s do qu e a s a lt u r a s pr evist a s n a s t á bu a s. Ta is fen ôm en os

248 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Marés e correntes de marés; correntes oceânicas

sã o fr eqü en t es n os por t os a o su l de Ca bo F r io (RJ ), sen do a con se-lh á vel a con su lt a , por


pa r t e dos n a vega n t es, à s in for m a ções con t ida s n o Rot eir o Cost a Lest e e Cost a Su l.
b. E m ca so de ocor r ên cia de discr epâ n cia s sign ifica t iva s en t r e a pr evisã o e a obser va çã o, o
n a vega n t e deve com u n ica r à Dir et or ia de H idr ogr a fia e Na vega çã o, in for m a n do, se pos-
sível, os va lor es da s difer en ça s, em h or a e a lt u r a da m a r é (ou a m plit u de), a com pa n h a dos
de u m r ela t o sobr e a s con dições m et eor ológica s r ein a n t es, em especia l o v e n to (d ire ç ã o
e v e lo c id a d e ). Ta is in for m a ções sã o im por t a n t es pa r a cor r eçã o e a pr im or a m en t o da s
Tá bu a s da s Ma r és.
c. É im por t a n t e r essa lt a r qu e a s h or a s da s pr ea m a r es (P M) e ba ixa -m a r es (BM) in for m a da s
n a s Tá bu a s da s Ma r és sã o h o ra s le g a is do fu s o h o rá rio p a d rã o dos por t os ou loca is a
qu e se r efer em a s pr evisões. Se est iver em vigor h o rá rio d e v e rã o , deve ser som a da
u m a h or a a os va lor es de t em po con st a n t es da s Tá bu a s, pa r a t r a n sfor m á -la s de h o ra
le g a l p a d rã o em h o ra d e v e rã o .

10.10CORREN TES D E MARÉ

10.10.1 GÊN ES E D AS CORREN TES D E MARÉ


Ao est u da r -se a a çã o dos com pon en t es da s for ça s ger a dor a s da m a r é, ver ifica -se qu e
a qu ela s for ça s a ca r r et a m pr elim in a r m en t e o m o v im e n to h o rizo n ta l da m a ssa líqu ida
(c o rre n te d e m a ré ), do qu a l r esu lt a o m o v im e n to v e rtic a l do n ível do m a r , ou seja , a
m a ré . Assim , é n ecessá r io com pr een der a coexist ên cia da s m a ré s e da s c o rre n te s d e
m a ré , com o efeit os de u m a m esm a ca u sa .
É im por t a n t e pa r a o n a vega n t e ser ca pa z de pr ever a d ire ç ã o e a v e lo c id a d e da
c o rre n te d e m a ré em qu a lqu er in st a n t e e leva r em con t a o seu efeit o sobr e o m ovim en t o
do n a vio.
Nor m a lm en t e, n a s en t r a da s dos por t os n os qu a is a a çã o dir et a da s for ça s a st r on ôm ica s
é despr ezível, a c o rre n te d e m a ré é o r esu lt a do da difer en ça de n ível en t r e o ocea n o e o
in t er ior do por t o. Assim , o flu xo e o r eflu xo sã o ca r a ct er iza dos por u m a c o rre n te a x ia l
a lte rn a tiv a , segu n do o eixo do ca n a l. Se o por t o fica sit u a do n o in t er ior de u m lon go ca n a l,
com o n o ca so de Sa n t a n a (AP ), n o br a ço Nor t e do Rio Am a zon a s, a c o rre n te d e m a ré ser á
t a m bém a x ia l a lte rn a tiv a , com v e lo c id a d e m á x im a p a ra d e n tro n a P RE AMAR, m á x i-
m a p a ra fo ra n a BAIXA-MAR e n u la qu a n do a m a r é a t in ge o n ível m édio. No exem plo,
h a ver á u m a for t e cor r en t e per m a n en t e pa r a for a , devido à for m idá vel desca r ga do Rio Am a -
zon a s.
No ocea n o a ber t o, a s c o rre n te s d e m a ré t êm u m ca r á t er r ot a t ór io, em vir t u de da
in t er a çã o en t r e a s for ça s a st r on ôm ica s e a in flu ên cia da r ot a çã o t er r est r e. De fa t o, o e fe ito
d e Co rio lis , devido à r ot a çã o da Ter r a , t en de a desvia r a s c o rre n te s d e m a ré pa r a a
d ire ita n o He m is fé rio N o rte e pa r a a e s qu e rd a n o He m is fé rio S u l, con cor r en do, ju n t a -
m en t e com a s pr ópr ia s for ça s a st r on ôm ica s, pa r a a gên ese de c o rre n te s ro ta tó ria s . O
e fe ito d e Co rio lis (ou e fe ito g iro s c ó p ic o ) poder á r efor ça r ou r edu zir o efeit o da s fo rç a s
a s tro n ô m ic a s .
Da da a a fin ida de en t r e a m a ré e a c o rre n te d e m a ré , pa r a u m det er m in a do por t o
é possível r ela cion a r a v e lo c id a d e e a d ire ç ã o da c o rre n te d e m a ré à s h or a s da P RE AMAR
e BAIXA-MAR n o por t o.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 249


Marés e correntes de marés; correntes oceânicas

Con for m e já m en cion a do, o con h ecim en t o a n t ecipa do da s c o rre n te s d e m a ré é de


gr a n de va lia , n ã o só pa r a o pla n eja m en t o da der r ot a em á gu a s r est r it a s, m a s t a m bém pa r a
seleçã o dos h or á r ios m a is fa vor á veis à s m a n obr a s, escolh a do bor do de a t r a ca çã o e veloci-
da des com qu e o n a vio deve evolu ir .
In for m a ções sobr e a s c o rre n te s d e m a ré podem ser obt ida s em Ca r t a s de Cor r en t es
de Ma r é, pr epa r a da s pa r a ca da u m dos pr in cipa is por t os, e t a m bém em t a bela s ou n ot a s
in ser ida s em a lgu m a s Ca r t a s Ná u t ica s.

10.10.2 CARTAS D E CORREN TES D E MARÉ


Apesa r da den om in a çã o, a s Ca r t a s de Cor r en t es de Ma r é sã o, n a r ea lida de, pu blica -
ções, pr epa r a da s especifica m en t e pa r a det er m in a dos por t os. Su a s ca r a ct er íst ica s sã o se-
m elh a n t es. Nor m a lm en t e, sã o in icia da s por u m a pá gin a com a s in st r u ções pa r a u so, segu ida
de u m exem plo e de u m a colet â n ea de pequ en a s ca r t a s do por t o, on de a pa r ecem set a s
in dica dor a s da s dir eções e n ú m er os qu e r epr esen t a m a s velocida des da s c o rre n te s d e
m a ré , r efer ida s à h or a da pr ea m a r (P M).
At u a lm en t e, exist em Ca rta s d e Co rre n te s d e Ma ré pu blica da s pa r a os segu in t es
loca is:

Rio Am a zon a s – da Ba r r a Nor t e a o P or t o de Sa n t a n a ;

Rio P a r á – de Sa lin ópolis a Belém ;

P r oxim ida des da Ba ía de Sã o Ma r cos e P or t os de Sã o Lu ís e It a qu i;

P or t o de Lu ís Cor r eia ;

P or t o de Na t a l;

P or t o de Sa lva dor ;

It a pessoca ;

P or t o de Ma dr e de Deu s

P or t o de Vit ór ia ;

Ba ía de Gu a n a ba r a e P or t o do Rio de J a n eir o;

P or t o de Sa n t os; e

P or t o de P a r a n a gu á .

10.10.3 U TILIZAÇÃO D AS CARTAS D E CORREN TES D E


MARÉ
A u t iliza çã o da s Ca r t a s de Cor r en t es de Ma r é ser á explica da a t r a vés do exem plo
a ba ixo:
Det er m in a r o RUMO e a VE LOCIDADE da Cor r en t e de Ma r é n a ba r r a da Ba ía de
Gu a n a ba r a (n a a lt u r a da Ilh a de Cot u n du ba ), n o dia 03/ju l/93, à s 1200P , sa ben do-se qu e a
m a ré p re v is ta pa r a a da t a em qu est ã o é a segu in t e:

250 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Marés e correntes de marés; correntes oceânicas

P or t o do Rio de J a n eir o

03/ju l/93 0208 1,2m PM

sá ba do 0849 0,1m BM

(Lu a Ch eia ) 1458 1,2m PM

2111 0,3 BM

S o lu ç ã o :
• Con for m e m en cion a do, a seleçã o da ca r t a a ser u t iliza da é feit a t en do-se em con t a a
difer en ça em h or a s en t r e o in st a n t e con sider a do e o da pr ea m a r pr evist a m a is pr óxim a .
Nest e ca so:
INSTANTE CONSIDE RADO: 1200
P RE AMAR P RE VISTA: 1458
DIF E RE NÇA: 0258 (va lor qu e é a r r en don da do pa r a 3 h or a s)
• P or t a n t o, ser á selecion a da a ca r t a cor r espon den t e a 3 H ORAS ANTE S DA P RE AMAR,
qu e est á r epr odu zida n a F igu r a 10.16.

F ig u ra 10.16 -

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 251


Marés e correntes de marés; correntes oceânicas

• Nessa ca r t a obt ém -se, pa r a a ba r r a da Ba ía de Gu a n a ba r a :


RUMO DA CORRE NTE DE MARÉ : 345° (NNW) – en ch en do
VE LOCIDADE DA CORRE NTE DE MARÉ : 1,0 n ó
• Con for m e explica do em n ot a n a Ca rta d e Co rre n te s d e Ma ré (ver F igu r a 10.16), a s
velocida des r epr esen t a da s cor r espon dem à época de sizígia , com o é o ca so do pr esen t e
exem plo (03/ju l/93 – LUA CH E IA). E m ou t r a s sit u a ções (por qu a n t o a s ca r t a s espelh a m
a pen a s a s con dições m édia s de sizígia ), se for desejá vel m a ior pr ecisã o a s velocida des
r epr esen t a da s n a s ca r t a s devem ser m u lt iplica da s por u m fa t or de cor r eçã o r et ir a do de
u m á ba co exist en t e n o in ício da s Ca r t a s de Cor r en t es de Ma r é, t en do-se com o elem en t os
de en t r a da o in te rv a lo d e te m p o e n tre a p re a m a r e a ba ix a –m a r (ou vice–ver sa ) e a
a m p litu d e d a m a ré p re v is ta . Nã o h á qu a lqu er cor r eçã o a ser a plica da à s d ire ç õ e s
r epr esen t a da s n a s Ca rta s d e Co rre n te s d e Ma ré .

10.10.4 IN F ORMAÇÕES S OB RE CORREN TES D E MARÉ


AP RES EN TAD AS N AS CARTAS N ÁU TICAS
F ig u ra 10.17 -

Além da s Ca r t a s de Cor r en t es de
Ma r é, a lgu m a s Ca r t a s Ná u t ica s a pr esen -
t a m , t a m b é m , i n for m a çõe s s ob r e
c o rre n te s d e m a ré (F igu r a 10.17).
E st a s in for m a ções, u sa da s pa r a o
pla n eja m en t o, devem ser sem pr e ver ifica -
da s e, se n ecessá r io, cor r igida s du r a n t e a
n a vega çã o, pela com pa r a çã o da s posições
obser va da s e est im a da s, pelo desloca m en t o
de objet os qu e bóia m , pela posiçã o de em -
ba r ca ções fu n dea da s, pela obser va çã o de
bóia s, et c.

252 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Marés e correntes de marés; correntes oceânicas

10.10.5 N OTAS F IN AIS S OB RE CORREN TES D E MARÉ


a . Ta l com o n o ca so da p re v is ã o d e m a ré s , é con ven ien t e fr isa r qu e c o n d iç õ e s m e te o ro -
ló g ic a s a n o rm a is , especia lm en t e v e n to s fo rte s e p e rs is te n te s , podem m odifica r su bs-
t a n cia lm en t e a s in for m a ções in dica da s n a s Ca rta s d e Co rre n te s d e Ma ré ;
b. Adem a is, con for m e ch a m a a a t en çã o n ot a in ser ida n a pu blica çã o DG6 – Tá bu a s da s
Ma r és, a s h or a s da s pr ea m a r es (P M) e ba ixa – m a r es (BM) t a bu la da s n em sem pr e coin -
cidem com os in st a n t es em qu e a c o rre n te d e m a ré in ver t e su a dir eçã o.
c. Algu n s pa íses, com o os E st a dos Un idos, pu blica m Tá bu a s d e Co rre n te s d e Ma ré , de
a pa r ên cia sem elh a n t e à s Tá bu a s da s Ma r és. As Tá bu a s de Cor r en t es de Ma r é con t êm
pr evisões diá r ia s da s h or a s de cor r en t e n u la (“sla ck wa t er ”) e da s h or a s e va lor es de
velocida des cor r espon den t es à s cor r en t es m á xim a s de en ch en t e e de va za n t e, pa r a vá r ia s
e s ta ç õ e s d e re fe rê n c ia . Além disso, possu em t a bela s de cor r eções qu e per m it em obt er
a pr evisã o da c o rre n te d e m a ré em m u it os ou t r os p o rto s o u lo c a is s e c u n d á rio s . As
Tá bu a s d e Co rre n te s d e Ma ré a pr esen t a m , a in da , u m a t a bela qu e per m it e ca lcu la r a
velocida de da c o rre n te d e m a ré em u m in st a n t e qu a lqu er , t a n t o n a s e s ta ç õ e s d e re -
fe rê n c ia , com o n os p o rto s s e c u n d á rio s .

10.11EXERCÍCIOS S OB RE MARÉS E
CORREN TES D E MARÉ
1. A p re v is ã o d e m a ré s pa r a o por t o de Recife, n o dia 08/03/93 é:

08/03/93 0343 2,4m PM


2ª feir a 0949 – 0,1m BM
(Lu a Ch eia ) 1602 2,6m PM
2217 – 0,2m BM
Det er m in a r a a ltu ra d a m a ré pr evist a , pa r a o loca l e da t a a cim a , à s 1800P .

S o lu ç ã o :
Loca l: Recife (P E ) – H or a : 1800P – Da t a : 08/3/93
Du r a çã o da va za n t e: 06h 15 m in
In t er va lo de t em po desde a m a r é m a is pr óxim a : 01h 58 m in
Ta bela I (cen t ésim os de a m plit u de): 23
Am plit u de da m a r é: 2,8m
Ta bela II (cor r eçã o da a lt u r a ): 0,7m
Alt u r a da m a r é m a is pr óxim a : 2,6m (P M)
Alt u r a da m a r é à s 1800P : 1,9m

Re s p o s ta :
Alt u r a pr evist a pa r a a m a r é em Recife, n o dia 08/03/93, à s 1800P : 1,9 m et r os.
2. Con h ecen do-se a F ASE DA LUA n a da t a con sider a da n o exer cício a n t er ior (08/3/93 –
LUA CH E IA), in for m a r qu a l a m a r é pr odu zida qu a n do a Lu a est á n est a fa se e qu a is sã o
su a s pr in cipa is ca r a ct er íst ica s.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 253


Marés e correntes de marés; correntes oceânicas

Re s p o s ta :

Ma r é de sizígia ou de á gu a s viva s, ca r a ct er iza da por pr ea m a r es (P M) m u it o a lt a s e ba ixa –


m a r es (BM) m u it o ba ixa s (n o ca so em qu est ã o, com a ltu ra s n e g a tiv a s da m a r é n a s BM
pr evist a s, ist o é, com o n ível do m a r a ba ixo do Nível de Redu çã o).
3. Qu a l o tip o d e m a ré qu e ocor r e em Recife e qu a is sã o su a s pr in cipa is ca r a ct er íst ica s?

Re s p o s ta :

Ma ré s e m id iu rn a , ca r a ct er iza da por a pr esen t a r u m a cu r va a pr oxim a da m en t e sin u soi-


da l, com du a s P M e du a s BM por dia , sepa r a da s por u m per íodo de pou co m a is de 6 h or a s e
com u m a va r ia çã o pequ en a de a lt u r a en t r e du a s P M (ou BM) su cessiva s.
4. Su pon do qu e, pa r a a lca n ça r a ba r r a do por t o de Recife, o seu n a vio, cu jo ca la do é de 6
m et r os, deve pa ssa r sobr e u m ba ixo cu ja m en or p ro fu n d id a d e c a rto g ra fa d a (son da gem )
é de 6,4 m et r os, ca lcu la r en t r e qu e h or á r ios o n a vio pode pa ssa r sobr e o ba ixo, n o dia 08/
03/93, a pós a BM de 0949, com u m a la zeir a m ín im a de 2m de á gu a a ba ixo da qu ilh a .
S o lu ç ã o :
• O c a la d o do seu n a vio é de 6 m et r os e a la ze ira m ín im a a dm it ida de á gu a a ba ixo da
qu ilh a é de 2 m et r os. P or t a n t o, a m e n o r p ro fu n d id a d e on de o n a vio poder á pa ssa r
ser á de:
CALADO = 6,0m
LAZE IRA = 2,0m
P ROF UNDIDADE MÍNIMA = 8,0m
• A m e n o r p ro fu n d id a d e c a rto g ra fa d a (son da gem ) n o ba n co sobr e o qu a l o n a vio dever á
pa ssa r é de 6,4 m et r os. P or t a n t o, a a ltu ra d a m a ré n a h or a da pa ssa gem sobr e o ba ixo
dever á ser de :
P ROF UNDIDADE MÍNIMA DE NAVE GAÇÃO = 8,0m
SONDAGE M = 6,4m
ALTURA DA MARÉ NA H ORA DA P ASSAGE M = 1,6m
• A m a ré p re v is ta pa r a Recife n o dia 08/03/93, a pr esen t a da n o E XE RCÍCIO (1), m ost r a ,
a pós a BM de 0949P , u m a P M à s 1602P , com 2,6 m et r os de a lt u r a de m a r é. P or t a n t o,
deve-se det er m in a r a s h or a s a n t es e depois da P M de 1602P em qu e a a ltu ra d a m a ré
pr evist a ser á de 1,6 m et r os. O in te rv a lo d e te m p o en t r e ela s ser á o per íodo fa vor á vel à
pa ssa gem do n a vio sobr e o ba ixo.
• P a r a det er m in a çã o da s h o ra s em qu e a a ltu ra d a m a ré , a n t es e depois da P M de 1602P ,
ser á 1,6 m et r os, fa z-se:
AN TES D A P M:
a . ALTURA DA MARÉ = 1,6m
ALTURA DA MARÉ MAIS P RÓXIMA = 2,6m
CORRE ÇÃO DA ALTURA = 1,0m
AMP LITUDE DA MARÉ = 2,7m
b. E n t r a n do n a Ta bela II com o va lor da cor r eçã o da a lt u r a (1,0m ) e o va lor da a m plit u de da
m a r é (2,7m ), obt ém -se o va lor de c (cen t ésim o de a m plit u de) = 34

254 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Marés e correntes de marés; correntes oceânicas

c. E n t r a n do n a Ta bela I com c = 34 e du r a çã o da en ch en t e = 06h 13 m in , obt ém -se o va lor


do in t er va lo de t em po desde a m a r é m a is pr óxim a = 02h 30 m in
d. H ORA DA MARÉ MAIS P RÓXIMA = 1602 (P M)
INTE RVALO DE TE MP O = 0230
H ORA E M QUE A ALTURA DA MARÉ SE RÁ 1,6m = 1332
D e p o is d a P M:
a . ALTURA DA MARÉ = 1,6m
ALTURA DA MARÉ MAIS P RÓXIMA = 2,6m
CORRE ÇÃO DA ALTURA = 1,0m
AMP LITUDE DA MARÉ = 2,8m
b. TABE LA II: c = 34
c. DURAÇÃO DA VAZANTE = 06h 15 m in
c = 34
TABE LA I = 02h 30 m in
d. H ORA DA MARÉ MAIS P RÓXIMA = 1602 (P M)
INTE RVALO DE TE MP O = 0230
H ORA E M QUE A ALTURA DA MARÉ SE RÁ 1,6m = 1832
Re s p o s ta :
O n a vio dever á pa ssa r sobr e o ba ixo en t r e 1332P e 1832P , pa r a ga r a n t ir u m a la ze ira
m ín im a de 2 m et r os de á gu a a ba ixo da qu ilh a .
5. Usa n do Recife com o p o rto d e re fe rê n c ia , pr epa r a r u m a Tá bu a de Ma r és com plet a
pa r a o p o rto s e c u n d á rio de Ca m ocim , pa r a o dia 08/03/93, u t iliza n do a s c o rre ç õ e s da
Ta bela r epr odu zida n a F igu r a 10.10.
S o lu ç ã o :
P REAMARES :

H or a Alt u r a H or a Alt u r a

Recife, 03 43 2,4m 16 02 2,6m

Cor r eções P M +02 12 +0,8m +02 12 +0,8m

Ca m ocim 05 55 3,2m 18 14 3,4m

B AIXA-MARES :

H or a Alt u r a H or a Alt u r a

Recife 09 49 - 0,1m 22 17 -0,2m

Cor r eções BM +02 17 +0,2m +02 17 +0,2m

Ca m ocim 12 06 +0,1m 00 34 0,0m

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 255


Marés e correntes de marés; correntes oceânicas

Re s p o s ta :

MARÉ P RE VISTA P ARA CAMOCIM E M 08/03/93:


0555 3,2m PM
1206 0,1m BM
1814 3,4m PM
0034 0,0m BM (09/03/93)
6. Det er m in a r a d ire ç ã o e a v e lo c id a d e da c o rre n te d e m a ré n a ba r r a do Rio P ot en gi
(Na t a l), n o dia 15/10/93, à s 0700P , sa ben do- se qu e a m a ré p re v is ta pa r a est a da t a n o
por t o de Na t a l é:
15/10/93 0456 2,1m PM
6ª feir a 1051 – 0,2m BM
(Lu a Nova ) 1715 2,1m PM
2309 – 0,2m BM
S o lu ç ã o :
• A Ca rta d e Co rre n te d e Ma ré a ser selecion a da é a cor r espon den t e a 2 h or a s depois da
P M em Na t a l, pois a P M est á pr evist a pa r a 0456P e a h or a de in t er esse é 0700P .
• E n t r a n do n a r efer ida ca r t a (r epr odu zida n a F igu r a 10.18), obt ém –se, pa r a a ba r r a do
Rio P ot en gi:
CORRE NTE DE MARÉ
R cor = 045° (NE ) – va za n t e
vel cor = 1,9 n ós
• Com o a da t a con sider a da é u m a s izíg ia (Lu a Nova ), n ã o h á qu a lqu er cor r eçã o a a plica r
à v e lo c id a d e d a c o rre n te d e m a ré .

10.12 CORREN TES OCEÂN ICAS

10.12.1 A CIRCU LAÇÃO GERAL D OS OCEAN OS


Con for m e est u da do em Ca pít u los a n t er ior es, o con h ecim en t o dos e le m e n to s d a c o r-
re n te (R cor e vel cor ) é im por t a n t e pa r a o n a vega n t e, t a n t o n a fa se de p la n e ja m e n to , com o
n a fa se de e x e c u ç ã o d a d e rro ta .
As c o rre n te s o c e â n ic a s sã o ca u sa da s pelo a qu ecim en t o desigu a l de difer en t es pon t os
da Ter r a pela ra d ia ç ã o s o la r e pelos g ra n d e s s is te m a s d e v e n to da í r esu lt a n t es. Dit o de
ou t r a m a n eir a , a cir cu la çã o ger a l da s á gu a s dos ocea n os r espon de a os efeit os dos pr ocessos qu e
a lt er a m a d is tribu iç ã o d e m a s s a n o m a r e à a ç ã o d o s v e n to s sobr e a su per fície da s á gu a s.
Os pr ocessos qu e a lt er a m a dist r ibu içã o de m a ssa n o m a r e qu e, em con ju n t o, se de-
n om in a m p ro c e s s o s te rm o a lin o s , pois a fet a m a d e n s id a d e a t u a n do sobr e a te m p e ra tu -
ra e a s a lin id a d e , sã o o a qu ecim en t o, o r esfr ia m en t o, a con cen t r a çã o e a dilu içã o da s á gu a s.
Assim sen do, pa r a efeit os de est u do, a c irc u la ç ã o g e ra l d o s o c e a n o s pode ser
dividida em c irc u la ç ã o te rm o a lin a e c irc u la ç ã o g e ra d a p e lo v e n to .

256 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Marés e correntes de marés; correntes oceânicas

F ig u ra 10.18 -

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 257


Marés e correntes de marés; correntes oceânicas

10.12.2 CIRCU LAÇÃO TERMOALIN A


Circ u la ç ã o te rm o a lin a é o desloca m en t o da s m a ssa s oceâ n ica s ca u sa do pela s va r ia ções
da den sida de da á gu a do m a r .
E st a cir cu la çã o, com o seu pr ópr io n om e in dica , é ger a da pela s va r ia ções de te m p e -
ra tu ra e s a lin id a d e , de u m pon t o pa r a ou t r o dos ocea n os. Sen do a d e n s id a d e fu n çã o da
te m p e ra tu ra e da s a lin id a d e da á gu a do m a r , é ela , n a ver da de, qu e det er m in a o su r gi-
m en t o e per m a n ên cia dest e t ipo de cir cu la çã o.
P a r a m elh or com pr een der a c irc u la ç ã o te rm o a lin a , pode-se fa zer u m a a n a logia
com u m t a n qu e qu e est ivesse ch eio de á gu a r ela t iva m en t e fr ia . Ao se a qu ecer a su per fície
de u m dos ext r em os desse t a n qu e, a á gu a se expa n dir ia e seu n ível n a ext r em ida de a qu ecida
fica r ia ligeir a m en t e m a is eleva do qu e o ext r em o opost o. A á gu a su per ficia l a qu ecida escor -
r er ia pa r a a ou t r a ext r em ida de do t a n qu e, por cim a da á gu a qu e n ã o h a via sido a qu ecida e
qu e, por t a n t o, est a r ia m a is fr ia e com n ível m a is ba ixo.
No en t a n t o, a exper iên cia a cim a in dica da a in da n ã o con st it u i, exa t a m en t e, o exem plo
de u m a c irc u la ç ã o te rm o a lin a . E r a est a , n a ver da de, a con cepçã o a dot a da pelos pr im eir os
t eór icos qu e deseja r a m explica r a c irc u la ç ã o te rm o a lin a : os ocea n os ser ia m a qu ecidos
n a s pr oxim ida des do E qu a dor e a á gu a escor r er ia pa r a o Nor t e e pa r a o Su l n a dir eçã o do
P ólos. H oje, sa be-se qu e, em bor a a difer en ça de a qu ecim en t o en t r e o E qu a dor e os P ólos
possa t er u m efeit o sem elh a n t e, ele n ã o t em gr a n de sign ifica çã o, sen do de m en or im por t â n cia
n a cir cu la çã o oceâ n ica .
A cir cu la çã o a cim a descr it a ser ia pu r a m en t e u m a c irc u la ç ã o té rm ic a e oper a r ia
n a Ter r a da segu in t e m a n eir a : se a su per fície do m a r fosse a qu ecida em u m a pa r t e e r esfr ia da
em ou t r a , ser ia est a belecida u m a cir cu la çã o de or igem t ér m ica desde a r egiã o qu e h a via
sido a qu ecida pa r a a de á gu a s de m en or t em per a t u r a , em u m m ovim en t o h o rizo n ta l. Ade-
m a is, a á gu a qu e sa ir ia da zon a de m a ior t em per a t u r a ser ia su bst it u ída por á gu a qu e
a scen der ia desde u m a cer t a pr ofu n dida de, com o qu e ser ia est a belecida u m a cir cu la çã o
v e rtic a l, qu e se fech a r ia , n o fu n do, com u m flu xo da á gu a qu e h a via sido r esfr ia da , n a
dir eçã o da qu e foi a qu ecida .
Assim sen do, n a Ter r a , o su per a qu ecim en t o n a r egiã o equ a t or ia l é a pen a s u m dos
a spect os do ba la n ço t ér m ico, sen do t a m bém ca r a ct er íst ica do ba la n ço t ér m ico a per da de
en er gia dos ocea n os, n a s a lt a s la t it u des, on de, com a s per da s de ca lor qu e a li se pr ocessa m ,
h á u m r esfr ia m en t o da ca m a da su per ficia l e, con seqü en t em en t e, a dim in u içã o de su a t em -
per a t u r a . A dim in u içã o de t em per a t u r a , por su a vez, pr ovoca u m efet ivo a u m en t o da den -
sida de da á gu a , o qu e r esu lt a em u m a fu n da m en t o da m a ssa de den sida de eleva da , pa r a
m a ior es pr ofu n dida des.
A c irc u la ç ã o te rm o a lin a t em com o or igem , por t a n t o, o a u m en t o da den sida de da
á gu a su per ficia l, a u m en t o esse qu e pode ver ifica r -se de du a s m a n eir a s: te rm ic a m e n te ,
por r esfr ia m en t o da ca m a da su per ficia l, ou in d ire ta m e n te , qu a n do se dá a c o n g e la ç ã o : a
s a lin id a d e da á gu a r esidu a l cr esce, a u m en t a n do t a m bém su a d e n s id a d e .
O pr im eir o pr ecesso (re s fria m e n to n o in v e rn o ) é o pr in cipa l r espon sá vel pela im er -
sã o da á g u a s u p e rfic ia l n o At lâ n t ico Nor t e. J á n o Ocea n o Au st r a l, o segu n do pr ocesso
(c o n g e la ç ã o ) é o m a is im por t a n t e (obser va -se qu e o gelo do m a r n ã o é t ot a lm en t e pu r o,
pois con segu e r et er a lgu n s sa is; n o en t a n t o, é bem m en os sa lga do qu e a á gu a r esidu a l).
P oder -se-ia esper a r qu e o efeit o da e v a p o ra ç ã o , a o pr ovoca r u m a u m en t o de s a lin i-
d a d e , pr ovoca sse t a m bém , n a s re g iõ e s tro p ic a is , u m a u m en t o de d e n s id a d e . Ta l n ã o
a con t ece, pois a m esm a ra d ia ç ã o s o la r qu e or igin ou a e v a p o ra ç ã o , or igin a t a m bém for t e

258 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Marés e correntes de marés; correntes oceânicas

a qu e c im e n to s u p e rfic ia l, fa zen do a d e n s id a d e dim in u ir , sobr epu ja n do o efeit o de cr es-


cim en t o pelo a u m en t o da s a lin id a d e .
Um a da s ca r a ct er íst ica s m a is im por t a n t es da cir cu la çã o te rm o a lin a é a qu e se r efer e
a o pa dr ã o t ípico de seu s desloca m en t os. A cir cu la çã o t er m oa lin a su r ge com o u m flu x o
v e rtic a l, qu a n do a á g u a m a is d e n s a a fu n da a t é pr ofu n dida des m édia s, ou m esm o a t é o
fu n do. E m segu ida , ela pr ossegu e com o u m flu x o h o rizo n ta l, per cor r en do gr a n des dist â n -
cia s. E st e a spect o a difer en cia da c irc u la ç ã o p e lo e fe ito d o v e n to , qu e, com o ver em os n o
it em segu in t e, é u m a cir cu la çã o em in en t em en t e h or izon t a l.

10.12.3 CIRCU LAÇÃO P ELO EF EITO D O VEN TO


E m ú lt im a in st â n cia , a c irc u la ç ã o te rm o a lin a é pr ovoca da pela ra d ia ç ã o s o la r,
qu e, ger a n do u m a qu ecim en t o desigu a l dos ocea n os, segu n do a r egiã o geogr á fica , est a belece
va r ia ções n a d e n s id a d e , oca sion a n do o m er gu lh o da s á gu a s m a is den sa s.
Da m esm a for m a , a c irc u la ç ã o p e lo e fe ito d o v e n to é, em ú lt im a a n á lise, or i-
gin a da pela ra d ia ç ã o s o la r. Nest e t ipo de cir cu la çã o, en t r et a n t o, a ra d ia ç ã o s o la r a t u a
in dir et a m en t e, a o pr ovoca r o a qu e c im e n to d e s ig u a l d a a tm o s fe ra .
O a qu ecim en t o desigu a l da a t m osfer a or igin a os g ra n d e s s is te m a s d e v e n to s , qu e
flu em de á r ea s m a is den sa s pa r a ou t r a s m en os den sa s.
Os v e n to s efet u a m o “a copla m en t o” da a tm o s fe ra com os o c e a n o s . Sopr a n do sobr e
os m a r es, vã o pr ovoca r , por m eio do a trito , o a rra s ta m e n to d a s á g u a s s u p e rfic ia is ,
da n do or igem a o su r gim en t o de u m a cir cu la çã o t ípica .
Ao con t r á r io da c irc u la ç ã o te rm o a lin a , a cir cu la çã o p ro d u zid a p e lo s v e n to s é
em in en t em en t e h o rizo n ta l e est á lim it a da a pen a s à s pr im eir a s cen t en a s de m et r os de
pr ofu n dida de. Os m o v im e n to s te rm o a lin o s sã o dom in a n t es n a s á g u a s p ro fu n d a s e os
m o v im e n to s g e ra d o s p e lo s v e n to s dom in a m a c irc u la ç ã o n a c a m a d a s u p e rfic ia l,
qu e é a de m a ior in t er esse pa r a a n a vega çã o.

F ig u ra 10.19 - Circ u la ç ã o bá s ic a d a a tm o s fe ra e o s g ra n d e s s is te m a s d e v e n to

A en er gia d o S ol, a bs or vid a p ela


Ter r a , a qu ece o a r con t ígu o, est a belecen do
a gr a n d e c i r c u l a ç ã o a t m o s fé r i c a ,
a s ce n d e n t e p e l a p a r t e a q u e ci d a e
d es cen d en t e p elos la d os m a is fr ios . Os
gran de s siste m as de ve n tos daí
r esu lt a n t es sã o m ost r a dos n a F igu r a 10.19.
O a r for t e m e n t e a q u e ci d o n a s
re g iõ e s e qu a to ria is t or n a -se m a is leve e
a s ce n d e , cr ia n d o n a zon a t ór r id a u m
cin t u r ã o de ba ixa s pr essões a t m osfér ica s,
den om in a do Zon a de Con ver gên cia In t er -
t r op ica l, ou I TCZ (“I N TE R TROP I CAL
CONVE RGE NCE ZONE ”), pa r a on de flu i
n a s u p er fície o a r , t a n t o d o H em is fér io
Nor t e, com o do H em isfér io Su l.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 259


Marés e correntes de marés; correntes oceânicas

E st e flu xos, a fet a dos pelo E feit o de Cor iolis, qu e ca u sa u m d e s v io p a ra a d ire ita ,
n o H em isfér io Nor t e, e pa r a a e s qu e rd a n o H em isfér io Su l, con st it u em os gr a n des v e n to s
a lís io s (ALÍSIOS DE NE , n o H em isfér io Nor t e e ALÍSIOS DE SUDE STE , n o H em isfér io
Su l), m ost r a dos n a F igu r a 10.19.
O a r a qu ecido n a zon a t ór r ida desloca -se em a lt it u de pa r a r egiões m a is a fa st a da s do E qu a -
dor e pa ssa a r esfr ia r -se, com a u m en t o da den sida de. Na a lt u r a da s la t it u des de 30° N e 30° S, o
a u m en t o da den sida de é t a l qu e o a r m er gu lh a , or igin a n do, n essa s r egiões, zon a s per m a n en t es de
a lt a s pr essões a t m osfér ica s, den om in a da s CINTURÕE S DE ALTA SUBTROP ICAL.
Dessa s zon a s de a lt a pr essã o, o a r flu i t a n t o pa r a a zon a equ a t or ia l (VE NTOS ALÍ-
SIOS), com o pa r a zon a s de ba ixa pr essã o sit u a da s em la t it u des m a is a lt a s. Nova m en t e em
vir t u de do E feit o de Cor iolis, qu e ca u sa u m desvio pa r a a dir eit a n o H em isfér io Nor t e e
pa r a a esqu er da n o H em isfér io Su l, os ven t os r esu lt a n t es em a m bos os h em isfér ios sopr a m
da dir eçã o ger a l Oest e (W), sen do a s á r ea s em qu e a t u a m , en t ã o, den om in a da s de Cin t u r ã o
de Ven t o Oest e, ou Oest es P r eva lecen t es (ver F igu r a 10.19).
Os P ólos con st it u em re g iõ e s d e a lta s p re s s õ e s a tm o s fé ric a s (ALTAS P OLARE S),
de on de flu i o a r pa r a r egiões m en os fr ia s. Ain da por ca u sa do E feit o de Cor iolis (desvio
pa r a a dir eit a n o H em isfér io Nor t e e pa r a a E squ er da n o H em isfér io Su l), os ven t os qu e
sopr a m dos P ólos pa r a u m a r egiã o de ba ixa s pr essões n a a lt u r a da la t it u de de 60° N e 60°
S flu em da dir eçã o ger a l Lest e, sen do, en t ã o, den om in a dos E st es P ola r es (ver F igu r a 10.19).
A zon a de ba ixa pr essã o a cim a cit a da é con h ecida com o F r en t e P ola r .
A a çã o desses g ra n d e s s is te m a s d e v e n to sobr e os o c e a n o s ca u sa u m a cir cu la çã o
pr edom in a n t em en t e su per ficia l e em in en t em en t e h or izon t a l. O ven t o, sopr a n do sobr e a
su per fície do m a r , põe a á gu a em m ovim en t o, em con seqü ên cia do efeit o de fr icçã o n o m eio
flu ido (a r r a st a m en t o sobr e a s ca m a da s su per ficia is do m a r ). A dir eçã o do m ovim en t o da
á gu a n o ocea n o n ã o é a qu ela do ven t o. A ro ta ç ã o da Ter r a or igin a a fo rç a d e Co rio lis , em
con seqü ên cia da qu a l a s cor r en t es ger a da s pelo ven t o n a ca m a da su per ficia l, por ele a fet a da ,
m ovem -se pa r a a e s qu e rd a d o v e n to , n o H em isfér io Su l, e pa r a a d ire ita , n o H em isfér io
Nor t e (F igu r a 10.20). E st e desvio de á gu a s su per ficia is e de blocos de gelo, qu e per cor r em
va st a s dist â n cia s, r epr esen t a m u m pa pel im por t a n t e n a for m a çã o da s cor r en t es oceâ n ica s.
A in te n s id a d e d o d e s v io d e p e n d e d a v e lo c id a d e d a p a rtíc u la e d e s u a la titu d e ,
s e n d o n u la n o Equ a d o r e m á x im a n o s P ó lo s . Um a pa r t ícu la em r epou so n ã o é a fet a da
e t a m pou co u m a pa r t ícu la qu e se m ove exa t a m en t e n a dir eçã o Lest e- Oest e n o E qu a dor .

F ig u ra 10.20 - Efe ito d e Co rio lis


O caminho seguido pelos objetos em movimento na superfície da
Terra é desviado pelo efeito de CORIOLIS. No equador não há
desvio e este aumenta à medida que as Latitudes crescem.

A a çã o do ven t o sign ifica , t a m bém , u m t r a n spor t e da á g u a d a s u p e rfíc ie , 90° pa r a


a d ire ita , n o H em isfér io Nor t e, e 90° pa r a a e s qu e rd a , n o H em isfér io Su l, em r ela çã o à
dir eçã o pa r a a qu a l sopr a o ven t o (F igu r a 10.21).

260 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Marés e correntes de marés; correntes oceânicas

F ig u ra 10.21 -
Movimento real da água produzido por um
sistema de ventos quase fechado, no
Hemisfério Norte (desvio 90° para a direita)

10.12.4 EF EITO COMB IN AD O D A CIRCU LAÇÃO


TERMOALIN A E D A CIRCU LAÇÃO GERAD A
P ELO VEN TO: CORREN TES OCEÂN ICAS
As c o rre n te s o c e â n ic a s con st it u em , por t a n t o, o r esu lt a do do efeit o com bin a do dos
v e n to s e da s v a ria ç õ e s d e d e n s id a d e . Nos dois ca sos, os desloca m en t os pr ossegu em
m u it o a lém da r egiã o de or igem . Ist o obr iga , m esm o qu a n do se deseja est u da r a pen a s u m a
á r ea lim it a da , a est en der o est u do por r egiões m a is dist a n t es e a m plia r o ca m po da s obser -
va ções.
Os flu xos ger a dos por est es fen ôm en os (v e n to s e v a ria ç õ e s d e d e n s id a d e da á gu a
do m a r ) sã o, a in da , m odifica dos pela ro ta ç ã o d a Te rra (qu e os desvia ), pela fric ç ã o in te rn a
d o líqu id o (qu e os a m or t ece) e pelos a c id e n te s g e o g rá fic o s e to p o g ra fia d o fu n d o (qu e
r est r in gem seu desen volvim en t o).
As cir cu la ções da s gr a n des á r ea s oceâ n ica s m ost r a m sem elh a n ça s n ot á veis. Na ca -
m a da su per ior , exist e cir cu la çã o n o sen t ido dos pon t eir os do r elógio, t a n t o n o At lâ n t ico
Nor t e, com o n o P a cífico Nor t e; e n o sen t ido opost o (sin ist r ógir o) n o At lâ n t ico Su l, P a cífico
Su l e Ín dico Su l (F igu r a 10.22).

F ig u ra 10.22 - P rin c ip a is Co rre n te s Oc e â n ic a s

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 261


Marés e correntes de marés; correntes oceânicas

O pa dr ã o bá sico da s c o rre n te s o c e â n ic a s é u m sist em a qu a se fech a do ch a m a do “Gi-


r o”. Ca da ocea n o a pr esen t a u m gr a n de “Giro d e Co rre n te s” cen t r a do a pr oxim a da m en t e
n a s r egiões su bt r opica is (cer ca de 30° N e 30° S) de a m bos os H em isfér ios. No At lâ n t ico Nor t e
e n o P a cífico Nor t e h á , t a m bém , u m “Giro d e Co rre n te ” de sen t ido opost o n o ocea n o Su b-
pola r Ár t ico (cen t r a do a pr oxim a da m en t e n os 50° N / 60° N) con for m e m ost r a do n a F igu r a
10.22(a ). No H em isfér io Su l, a gr a n de Co rre n te d e D e riv a Oc id e n ta l (ou D e riv a d o Ve n -
to Oe s te ), qu e cir cu n da a An t á r t ida , põe em com u n ica çã o os sist em a s de cor r en t es de ca da
u m dos t r ês ocea n os. Nã o h á dú vida s qu e a con t in u ida de e a sim plicida de a pa r en t es da Der iva
do Ven t o Oest e se devem à qu a se a u sên cia de ba r r eir a s t er r est r es n essa s La t it u des.

F ig u ra 10.22 (a ) - Circ u la ç ã o d a s c o rre n te s o c e â n ic a s

NE - CORRENTE NORTE EQUATORIAL


EC - CONTRA-CORRENTE EQUATORIAL
SE - CORRENTE SUL EQUATORIAL

No At lâ n t ico Nor t e e P a cífico Nor t e, u m t r a ço m u it o n ot á vel é a pr esen ça de cor r en t es


m a is es t r eit a s e r á p id a s n o la d o Oes t e d o qu e n o la d o Les t e, o qu e é d en om in a d o
“in te n s ific a ç ã o d a s c o rre n te s a o e s te ”. É o ca so da s Cor r en t es de Ku r osh io e do Golfo
(Gu lf S tream ), on de a s á gu a s a va n ça m de 25 a 60 m ilh a s por dia .
O m esm o fen ôm en o ocor r e n o At lâ n t ico Su l, n o P a cífico Su l e n o Ín dico Su l. E n t r et a n t o,
a Cor r en t e do Br a sil e a Cor r en t e do Lest e da Au st r á lia n ã o sã o t ã o n ot á veis com o a s do
H em isfér io Nor t e. Adem a is, n o P a cífico Su l, a Oest e a cir cu la çã o se a pr esen t a com plexa e a
in t en sida de pou co defin ida .
As cor r en t es lim ít r ofes or ien t a is, com o a da Ca lifór n ia n o P a cífico Nor t e e a da s
Ca n á r ia s n o At lâ n t ico Nor t e, sã o sen sivelm en t e m a is fr a ca s qu e a s ociden t a is, com cer ca
de 2 a 4 m ilh a s por dia .
Na r egiã o equ a t or ia l dos t r ês ocea n os exist e u m sist em a de cor r en t es sem elh a n t e:
u m a Cor r en t e Su l–E qu a t or ia l flu in do pa r a Oest e sobr e o E qu a dor , ou u m pou co a o su l, e
u m a Cor r en t e Nor t e–E qu a t or ia l, n a m esm a dir eçã o, m a is a o n or t e. No P a cífico, a s du a s
cor r en t es (Nor t e–E qu a t or ia l e Su l–E qu a t or ia l) sã o sepa r a da s por u m a Con t r a cor r en t e E qu a -
t or ia l, flu in do pa r a Lest e, de u m la do a ou t r o do ocea n o. No At lâ n t ico, essa Con t r a cor r en t e
só é im por t a n t e n a pa r t e Lest e (Cor r en t e da Gu in é). No Ín dico a s t r ês cor r en t es clá ssica s só
a pa r ecem du r a n t e cer t a época do a n o, con for m e ser á a dia n t e explica do.
Os Sist em a s de Cor r en t es E qu a t or ia is, t a m bém ch a m a dos “e s p i n h a d o rs a l d a
c irc u la ç ã o ”, leva m os est u diosos a a cr edit a r qu e os gr a n des “Gir os” a o n or t e e a o su l sã o
pr opu lsa dos pr in cipa lm en t e pelos Ven t os Alísios.

262 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Marés e correntes de marés; correntes oceânicas

10.12.5 P RIN CIP AIS CORREN TES OCEÂN ICAS

a. CIRCU LAÇÃO S U P ERF ICIAL N O OCEAN O ATLÂN TICO


Na r epr esen t a çã o esqu em á t ica da s cor r en t es su per ficia is n o Ocea n o At lâ n t ico (F igu r a
10.23) pode-se obser va r a exist ên cia de du a s gr a n des cir cu la ções: u m a n o At lâ n t ico Nor t e e
ou t r a n o At lâ n t ico Su l.

F ig u ra 10.23 - P rin c ip a is Co rre n te s d o Atlâ n tic o


A cir cu la çã o n o H em isfér io N or t e
a pr esen t a sen t ido dos pon t eir os de u m r e-
lógio e n o H em isfér io Su l a con t ece exa t a -
m en t e o opost o.
A cir cu la çã o n o At lâ n t ico Nor t e es-
t á dom in a da pela Cor r en t e Nor t e E qu a t o-
r ia l e o sist em a da Cor r en t e do Golfo.
A Cor r en t e N or t e E qu a t or ia l flu i
pa r a Oest e, n a r egiã o dos Ven t os Alísios
de NE , a lim en t a da pela cor r en t e qu e, a o
la r go da cost a Áfr ica , flu i com dir eçã o
SSW (Cor r en t e da s Ca n á r ia s). Un in do-se
do la do ociden t a l a u m r a m o da Cor r en t e
Su l E qu a t or ia l qu e cr u za o E qu a dor e di-
r ige-se a o Ca r ibe, com o n om e de Cor r en t e
da s Gu ia n a s, t or n a -se a Cor r en t e da s An -
t ilh a s.
O sist em a da Cor r en t e do Golfo co-
m eça com a ju n çã o da cor r en t e qu e a t r a -
vessa o E st r eit o de Yu ca t a n e da Cor r en t e
da s An t ilh a s e com pr een de o t r a n spor t e de á gu a pa r a o Nor t e e Lest e, desde o E st r eit o da
F lór ida , com os diver sos r a m os e gir os do At lâ n t ico Nor t e–Or ien t a l, est a n do for m a do pela
Cor r en t e da F lór ida , a Cor r en t e do Golfo (“Gu lf St r ea m ”) e a Cor r en t e do At lâ n t ico Nor t e.
A Cor r en t e da F lór ida se est en de pa r a o Nor t e desde o E st r eit o da F lór ida a t é o Ca bo
H a t t er a s, r efor ça da pela Cor r en t e da s An t ilh a s, sen do su a velocida de n o E st r eit o da F lór ida
m a ior qu e 1,6 m /s (3 n ós) n a su per fície, com o r esu lt a do da difer en ça de n ível qu e exist e
en t r e a s á gu a s do Golfo do México e a s da cost a a t lâ n t ica dos E st a do U n idos, devido
pr ova velm en t e a os efeit os dos ven t os a lísios.
A Cor r en t e do Golfo pr opr ia m en t e dit a (“Gu lf St r ea m ”) con st it u i a pa r t e cen t r a l do
Sist em a e va i desde o Ca bo H a t t er a s, de on de se a fa st a da cost a n o r u m o a pr oxim a do NE ,
a t é cer ca de La t it u de 45° N, Lon git u de 045° W, on de com eça a r a m ifica r -se. A “Gu lf St r ea m ”
é m u it o bem defin ida e r ela t iva m en t e est r eit a (por isso, já foi ch a m a da de “u m r io den t r o do
m a r ”), a pr esen t a n do u m a velocida de n a su per fície de 1,2 a 1,4 m /s (2,3 a 2,7 n ós).
A Cor r en t e do At lâ n t ico Nor t e in flet e pa r a Lest e com o con t in u a çã o da Cor r en t e do
Golfo , n a a lt u r a da La t it u de 45° N, fech a n do o “gir o da cor r en t e” do At lâ n t ico Nor t e. Um
r a m o d a Cor r en t e d o At lâ n t ico N or t e flu i n a d ir eçã o ger a l N or d es t e, d ivid in d o-s e
post er ior m en t e em Cor r en t e da N or u ega (ou Der iva do At lâ n t ico N or t e) e Cor r en t e de
Ir m in ger .

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 263


Marés e correntes de marés; correntes oceânicas

A Cor r en t e da Nor u ega dir ige-se pa r a o Ma r da Nor u ega e depois pa r a o Ár t ico,


bifu r ca n do-se, por su a vez, em dois r a m os, u m qu e ba n h a a s cost a s N e W do Spit zber gen e
ou t r o qu e en t r a n o Ma r de Ba r en t s. A Cor r en t e da Nor u ega t em u m a im por t â n cia fu n da -
m en t a l, t or n a n do o clim a n o Nor t e da E u r opa e n a E sca n din á via m u it o m en os fr io qu e o
clim a da s r egiões de m esm a La t it u de do ou t r o la do do Ocea n o (Gr oen lâ n dia e Nor t e do
Ca n a dá ),ba n h a da s por cor r en t es fr ia s.
A Cor r en t e de Ir m in ger flu i pa r a Oest e, pelo Su l da Islâ n dia .
P r oven ien t e do Ár t ico, flu i n a dir eçã o Su l, do la r go da cost a E gr oen la n desa , a Cor r en t e
Or ien t a l da Gr oen lâ n dia , de á gu a s fr ia s. A W da Gr oen lâ n dia , a Cor r en t e Ociden t a l da
Gr oen lâ n dia , de á gu a s r ela t iva m en t e m a is qu en t es, cor r e pa r a o N , en t r a n do n a Ba ía de
Ba ffin , qu a n do su a s á gu a s se r esfr ia m e r et or n a m pa r a o S , em con ju n t o com ou t r a s á gu a s
á r t ica s, com o a Cor r en t e do La br a dor , de á gu a s fr ia s, qu e cir cu la pa r a o Su l, a o la r go da
cost a a m er ica n a .
Os “gir os de cor r en t e” do At lâ n t ico Nor t e e do At lâ n t ico Su l sã o sepa r a dos por u m a
Con t r a cor r en t e E qu a t or ia l, qu e cor r e pa r a Lest e e se u n e a u m a cor r en t e qu e ba n h a a cost a
da Áfr ica , desde o Ca bo Ver de pa r a o Su l e Lest e, pen et r a n do n o Golfo da Gu in é (sen do, por
isso, den om in a da Cor r en t e da Gu in é).
E st a Con t r a cor r en t e E qu a t or ia l é m a n t ida em cir cu la çã o n a r egiã o da s ca lm a s
equ a t or ia is devido a o m a ior n ível da su per fície do At lâ n t ico E qu a t or ia l n a pa r t e ociden t a l
do Ocea n o, em vir t u de do em pilh a m en t o de á gu a or igin a do pelos ven t os a lísios.
A cir cu la çã o su per ficia l n o At lâ n t ico Su l est á com pr een dida en t r e a Zon a E qu a t or ia l
e a Con ver gên cia Su bt r opica l. Recebe va r ia da s den om in a ções, segu n do a r egiã o geogr á fica
por ela per cor r ida (F igu r a s 10.24 e 10.25).

F ig u ra 10.24 - As c o rre n te s s u p e rfic ia is d o Atlâ n tic o S u l

264 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Marés e correntes de marés; correntes oceânicas

F ig u ra 10.25 - Es qu e m a d a s p rin c ip a is c o rre n te s d o Atlâ n tic o S u l


A a çã o dos ven t os Alísios de Su est e
é a pr in cipa l r espon sá vel pelo gir o Su l–
At lâ n t ico. P or a t r it o, os ven t os im pu lsio-
n a m a s á gu a s pa r a Oest e, for m a n do a Cor -
r en t e Su l-E qu a t or ia l. E m bor a u m a pequ e-
n a pa r cela dest a cor r en t e pa sse pa r a o H e-
m isfér io Nor t e, com o n om e de Cor r en t e da s
Gu ia n a s, o gr osso in flet e pa r a o su l e segu e
em u m a dir eçã o a pr oxim a da m en t e lon gi-
t u din a l (N–S), a t é u m a la t it u de de cer ca
de 40° S. Qu a n do ela com eça a segu ir em
seu r u m o lon git u din a l, t om a o n om e de
Cor r en t e do Br a sil.
Ao Su l do con t in en t e su l-a m er ica n o,
a Cor r en t e do Br a sil in flet e pa r a Lest e,
com o pa r t e da Cor r en t e Su l-At lâ n t ica e da
D e r iva d o Ve n t o O e s t e , e s u a s á gu a s
a t r a vessa m o At lâ n t ico a t é à Áfr ica . J u n t o
à cost a a fr ica n a , volt a –se pa r a o Nor t e, in do
con st it u ir a Cor r en t e de Ben gu ela .

Um a da s ca r a ct er íst ica s da Cor r en t e do Br a sil é ser u m a cor r en t e qu en t e e sa lin a ,


pois pr ovém da s r egiões equ a t or ia l e t r opica l. J á a Cor r en t e de Ben gu ela é fr ia e m en os
sa lin a , devido à con t r ibu içã o da s á gu a s da r egiã o su ba n t á r t ica .
A Cor r en t e da s Ma lvin a s (F a lkla n d) t a m bém t em gr a n de im por t â n cia n o Su doest e
do At lâ n t ico Su l. A Cor r en t e da s Ma lvin a s segu e pr óxim o a o con t in en t e, pr oceden t e da
r egiã o su ba n t á r t ica , a fa st a n do pa r a o la r go a Cor r en t e do Br a sil, a t é u m a la t it u de de 30° S
ou 25° S.
P or vezes, em bor a n ã o con st it u a m pr opr ia m en t e cor r en t es, podem os en con t r a r a lgu n s
set or es m a is fr ios e m en os sa lin os, em la t it u des r ela t iva m en t e m a is ba ixa s, n a s pr oxim ida des
do lit or a l br a sileir o. Ta is set or es cor r espon dem a a flor a m en t os de á gu a su bsu per ficia l pr o-
ven ien t e da An t á r t ica , e sã o bem ca r a ct er iza dos n o ver ã o, n a r egiã o pr óxim a a o Ca bo F r io.
Na F igu r a 10.25 est ã o r epr esen t a dos os dom ín ios da s pr in cipa is cor r en t es n o At lâ n t ico
Su l, do E qu a dor a 60° de la t it u de Su l. As á r ea s t r a ceja da s sã o a qu ela s on de os flu xos sã o
m en os defin idos, m a is va r iá veis ou ca r a ct er iza dos pela in su ficiên cia de da dos.

b. CIRCU LAÇÃO GERAL N A AN TÁRTICA


Ao r edor de t odo o con t in en t e a n t á r t ico cir cu la a D e riv a d o Ve n to Oe s te (ou Co r-
re n te Circ u m p o la r An tá rtic a ), n a dir eçã o ger a l Lest e (F igu r a 10.26), a pr esen t a n do desvios
a ssocia dos à s ca r a ct er íst ica s geogr á fica s e à t opogr a fia do fu n do.
J u n t o à cost a da An t á r t ica a cor r en t e flu i n a dir eçã o opost a , ist o é, pa r a Oest e,
con for m e m ost r a do n a F igu r a 10.26, em con son â n cia com os ven t os pr edom in a n t es de Lest e
(E st es P ola r es). Nos m a r es de Weddell e de Ross, du a s gr a n des r een t r â n cia s do con t in en t e
a n t á r t ico, a cir cu la çã o da s á gu a s é n o sen t ido pon t eir os do r elógio.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 265


Marés e correntes de marés; correntes oceânicas

F ig u ra 10.26 - Oc e a n o Au s tra l: c irc u la ç ã o g e ra l e p o s iç ã o m é d ia d a Co n v e rg ê n c ia An tá rtic a


e d a Co n v e rg ê n c ia S u btro p ic a l

Um dos fen ôm en os m a is ca r a ct er íst icos exist en t es n os m a r es a u st r a is é o da s c o n -


v e rg ê n c ia s – zon a s pa r a on de cor r em a s á gu a s qu e cir cu n da m a m a ssa con t in en t a l da
An t á r t ica , m er gu lh a n do a gr a n des pr ofu n dida des, a o n ível da s qu a is pr ossegu ir ã o em seu
len t o ca m in h a r pa r a o Nor t e. É de gr a n de im por t â n cia con h ecer a s ca r a ct er íst ica s bá sica s
da cir cu la çã o a n t á r t ica , pois a s m esm a s m a ssa s de á gu a exist en t es n essa r egiã o pr olon ga m -
se, em pr ofu n dida de, pen et r a n do n o Ocea n o At lâ n t ico, con du zin do os m esm os va lor es (ou
qu a se os m esm os, con for m e a dist â n cia ) de pr opr ieda des a dqu ir ida s à su per fície, n a r egiã o
a n t á r t ica .
A t em per a t u r a da s á gu a s sit u a da s em t or n o do con t in en t e a n t á r t ico é m u it o ba ixa :
cer ca de 0° C, e m esm o in fer ior a est e va lor (em cer t a s r egiões a t em per a t u r a a t in ge o va lor
de con gela çã o da á gu a à sa lin ida de de 34,5<194>: – 1,9° C). À m edida qu e n os a fa st a m os da
An t á r t ica , a t em per a t u r a dessa s á gu a s, con st a n t em en t e su jeit a s a os ven t os qu e oca sion a m
a Der iva do Ven t o Oest e, va i a u m en t a n do pa u la t in a m en t e, a t é a t in gir u m va lor pr óxim o de
2° C. De r epen t e, a t em per a t u r a a u m en t a br u sca m en t e pa r a 3° C.
Na r egiã o, ou fa ixa , a o r edor de t odo o con t in en t e a n t á r t ico, em qu e a á gu a sofr e esse
br u sco a u m en t o de t em per a t u r a , est á loca liza da a Co n v e rg ê n c ia An tá rtic a . Aí, a s á gu a s,
qu e a o Su l da Con ver gên cia m ovia m -se pa r a o Nor t e, m er gu lh a m e pr ossegu em em seu
ca m in h o n a m esm a dir eçã o. A Co n v e rg ê n c ia An tá rtic a loca liza - se, pr in cipa lm en t e, en -
t r e 60° e 50° de La t it u de Su l, n o Ocea n o At lâ n t ico.
A pa r t ir dessa r egiã o, pa r a o Nor t e, a t em per a t u r a da á gu a volt a a su bir len t a m en t e.
Da m esm a for m a , a s á gu a s da D e riv a d o Ve n to Oe s te con t in u a m a cir cu la r e, a cer ca de
40° de La t it u de Su l, obser va -se u m n ovo a u m en t o br u sco de t em per a t u r a , m a is n ít ido qu e
o cor r espon den t e à Co n v e rg ê n c ia An tá rtic a , com va r ia çã o da or dem de 4° C. E st a é a
r egiã o cor r espon den t e à Co n v e rg ê n c ia S u btro p ic a l. Com o n a Co n v e rg ê n c ia An tá rtic a ,
a s á gu a s con ver gem , a fu n da m e con t in u a m em dir eçã o a o Nor t e. É n os m a r es a u st r a is qu e

266 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Marés e correntes de marés; correntes oceânicas

se for m a gr a n de pa r t e da s m a ssa s de á gu a qu e vã o com por a est r a t ifica çã o do Ocea n o


At lâ n t ico (n o Ár t ico t a m bém sã o “pr odu zida s” m a ssa s de á gu a qu e con t r ibu em pa r a essa
e s t r a t ifica çã o). É a t r a vé s d os “m e ca n is m os ” coloca d os e m fu n cion a m e n t o p e la s
Co n v e rg ê n c ia s An tá rtic a e S u btro p ic a l qu e a qu ela con t r ibu içã o se ver ifica . As du a s
Con ver gên cia s sepa r a m a s á gu a s su per ficia is em du a s zon a s qu e gu a r da m va lor es dist in t os
de pr opr ieda des da á gu a do m a r . A zon a qu e va i do con t in en t e a n t á r t ico à Co n v e rg ê n c ia
An tá rtic a é den om in a da Zo n a An tá rtic a . A Zo n a S u ba n tá rtic a est en de-se en t r e a s
du a s Co n v e rg ê n c ia s .
Na Zon a An t á r t ica a t em per a t u r a do m a r à su per fície va r ia en t r e –1,9° C e 1° C n o
in ver n o, e de –1° C a 4° C n o ver ã o. Na Zon a Su ba n t á r t ica va r ia en t r e 4° C e 10° C n o
in ver n o, poden do a lca n ça r 14° C n o ver ã o.

c. CORREN TES D O MED ITERRÂN EO E D O MAR N EGRO


P elo E st r eit o de Gibr a lt a r pen et r a n o Medit er r â n eo u m a cor r en t e de su per fície, qu e
cost eia o n or t e da Áfr ica e qu e , a o ch ega r n a a lt u r a da Sicília , bifu r ca -se. Um r a m o desloca -
se pa r a a esqu er da , ba n h a a cost a n or t e dessa ilh a , a cost a oest e da It á lia e a s cost a s da
F r a n ça e E spa n h a , t er m in a n do em u m gr a n de gir o a Oest e da Sa r den h a e de Cór sega ,
r odea n do a s Ilh a s Ba lea r es.
O ou t r o r a m o dest a cor r en t e segu e pela s cost a s do E git o e da Ásia Men or , pela cost a
or ien t a l da Gr écia , pa ssa ju n t o a o P elopon eso e n ova m en t e se bifu r ca , com u m r a m o n a
dir eçã o do Adr iá t ico e ou t r o qu e gir a pa r a o Su l e Su dest e, pa r a u n ir -se à cor r en t e ger a l
a cim a descr it a .
Do Ma r Negr o sa i u m a cor r en t e de su per fície pa r a o Medit er r â n eo, pelos est r eit os de
Bósfor o e Da r da n elos.

d. CORREN TES D O OCEAN O ÍN D ICO


A cir cu la çã o n o Ocea n o Ín dico t em com o ca r a ct er íst ica a v a ria ç ã o s a zo n a l ca u sa da
pela s m o n ç õ e s .

F ig u ra 10.27 - Ca rta d a s m o n ç õ e s d e in v e rn o (n o v e m bro a m a rç o )


De n ovem br o a m a r ço, in ver n o n o
H em isfér io Nor t e, a s m on ções sopr a m de
t er r a (F igu r a 10.27), pr oven ien t es da m a s-
sa con t in en t a l a siá t ica , com ven t os N E
fr ios e secos, em vir t u de dos r igor osos in -
ver n os da Ásia Cen t r a l. Nesse per íodo, a
cir cu la çã o n o Ocea n o Ín dico é a m ost r a da
n a F igu r a 10.28, com a pr esen ça da s t r ês
cor r en t es equ a t or ia is clá ssica s (Co rre n te
N o rte Equ a to ria l, Co rre n te S u l Equ a -
to ria l e Co n tra c o rre n te Equ a to ria l en -
t r e a s du a s, flu in do pa r a Lest e, a pr oxi-
m a da m en t e n a La t it u de de 7° S). O gir o
de cor r en t e n o sen t ido a n t i-h or á r io fica
bem defin ido n o Ín dico Su l. Ao N or t e da
La t it u de de 20° S, a Co rre n te S u l Equ a -
t o ri a l flu i pa r a Oest e, in flet in do depois

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 267


Marés e correntes de marés; correntes oceânicas

pa r a o Su l, a lim en t a n do a Co rre n te d a s Ag u lh a s , qu e cor r e en t r e o con t in en t e a fr ica n o


e a gr a n de Ilh a de Ma da ga sca r . E st a cor r en t e cu r va -se pa r a Lest e depois de per cor r er a
cost a or ien t a l da Áfr ica , flu in do en t r e a Áfr ica do Su l e a Au st r á lia , con for m e m ost r a do n a
F igu r a 10.28.

F ig u ra 10.28 - Circ u la ç ã o n o Oc e a n o Ín d ic o (n o v e m bro a m a rç o )

Após cr u za r o Ín dico Su l, a cor r en t e in flet e n ova m en t e pa r a esqu er da , flu in do pa r a o


Nor t e com o Co rre n te Oe s te d a Au s trá lia (m a is fr a ca qu e a Co rre n te d a s Ag u lh a s , do
ou t r o la do do Ocea n o).
Na cost a a fr ica n a , en t r e Aden e a La t it u de de 5° S, a s á gu a s flu em pa r a o Su l.
Qu a n do sopr a m a s m o n ç õ e s d e v e rã o , de m a io a set em br o, com ven t os de Su doest e,
qu en t es e ú m idos (ver F igu r a 10.29), a Co rre n te N o rte Equ a to ria l desa pa r ece, sen do
su bst it u ída pela Co rre n te Mo n ç ô n ic a , de dir eçã o Lest e, t a m pou co est a n do pr esen t e a
Co n tra c o rre n te Equ a to ria l. A cir cu la çã o n o Ocea n o Ín dico n o per íodo da s m o n ç õ e s d e
v e rã o (m a io a set em br o) est á m ost r a da n a F igu r a 10.30.
F ig u ra 10.29 - Ca rta d a s m o n ç õ e s d e v e rã o F ig u ra 10.30 - Circ u la ç ã o n o Oc e a n o Ín d ic o
(m a io a s e te m bro ) (m a io a s e te m bro )

268 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Marés e correntes de marés; correntes oceânicas

e. CORREN TES D O OCEAN O P ACÍF ICO


N o P a cífico N or t e, a Co rre n t e N o rt e E q u a t o ri a l flu i pa r a Oest e e, n a r egiã o
ociden t a l do ocea n o, se bifu r ca , com u m r a m o dir igin do- se pa r a o Ocea n o Ín dico, pelos
est r eit os da Ma lá sia e In don ésia , e ou t r o in flet in do pa r a o Nor t e, pa r a for m a r pa r t e do
S is te m a Ku ro s h iv o , a Co rre n te d o P a c ífic o N o rte e a Co rre n te d e Ts u s h im a .
A Co rre n te d e Ku ro s h iv o cor r e n a dir eçã o ger a l Nor t e, pr óxim a a o J a pã o (F igu r a
10.31), desde a ilh a de F or m osa a t é os 35° de La t it u de Nor t e e m ost r a cer t a a n a logia com a
Cor r en t e da F lór ida , exist en t e n a pa r t e ociden t a l do At lâ n t ico N or t e. Apr esen t a u m a
velocida de de cer ca de 0,85m /s (1,6 n ós). Na La t it u de de 35° N, a cor r en t e a fa st a -se da cost a
do J a pã o, in flet e pa r a Lest e (r eceben do a den om in a çã o de e x te n s ã o d a Co rre n te d e
Ku ro s h iv o ) e cir cu la n essa dir eçã o a t é a pr oxim a da m en t e a Lon git u de de 160° E , on de se
a la r ga pa r a logo r a m ifica r -se em du a s, m escla n do-se o r a m o do Nor t e com a Co rre n te d e
Oy a s h io , en qu a n t o qu e o r a m o Su l a lim en t a a Co n tra c o rre n te d e Ku ro s h iv o .

F ig u ra 10.31 - Oc e a n o P a c ífic o : c irc u la ç ã o s u p e rfic ia l

A Co rre n te d o P a c ífic o N o rte cir cu la desde os 160° de Lon git u de Lest e a t é os 150°
de Lon git u de Oest e, t r a n spor t a n do á gu a s da Cor r en t e de Ku r osh ivo n a dir eçã o E SE .
O ú lt im o com pon en t e do S is te m a Ku ro s h iv o , a Co rre n te d e Ts u s h im a, t em dir eçã o
Nor t e e cir cu la n o Ma r do J a pã o.
Na pa r t e or ien t a l do P a cífico Nor t e, a Co rre n te d o Ala s k a flu i pa r a o Nor t e, a o
la r go da cost a do Ala ska , per cor r e a s Ilh a s Aleu t a s e en t r a n o Ma r de Ber in g, on de su a s
á gu a s se r esfr ia m e in flet em pa r a Su doest e, pa r a for m a r a Co rre n te d e Ka m c h a tk a , qu e,
a pa r t ir dos 50° de La t it u de Nor t e, a pr oxim a da m en t e, t om a o n om e de Co rre n te d e Oy a -
s h io , pa r a ch ega r a t é a s ilh a s set en t r ion a is do J a pã o.
A Co rre n te d a Ca lifó rn ia , a lim en t a da pela s á gu a s da Co rre n te d o P a c ífic o N o rte ,
ba n h a a s cost a s ociden t a is da Am ér ica do Nor t e desde os 48° de La t it u de Nor t e e u n e-se à
Co rre n te N o rte Equ a to ria l n a La t it u de de 23° N. A Co rre n te d a Ca lifó rn ia est á a sso-
cia da a o fen ôm en o de re s s u rg ê n c ia qu e se m a n ifest a de m a n eir a n ot á vel n os 41° e 35° de
La t it u de Nor t e.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 269


Marés e correntes de marés; correntes oceânicas

A Co rre n te N o rte Equ a to ria l e a Co rre n te S u l Equ a to ria l do Ocea n o P a cífico


cir cu la m pa r a Oest e, t en do en t r e ela s a Co n tra c o rre n te Equ a to ria l, qu e flu i pa r a Lest e,
n a r egiã o da s ca lm a s equ a t or ia is.
A Co n tra c o rre n te Equ a to ria l do Ocea n o P a cífico est á bem desen volvida e se a ch a
pr esen t e du r a n t e t odo o a n o, cor r en do sem pr e a o Nor t e do E qu a dor , por ém em La t it u de
m a ior du r a n t e o ver ã o n o H em isfér io Nor t e. Tem u m a velocida de m édia de 0,5m /s (0,97
n ó), m a s qu e pode ch ega r a 1,0m /s (1,94 n ó) e é pr odu zida pela difer en ça de n ível da su per fície
do ocea n o, en t r e a pa r t e ociden t a l e a or ien t a l, ca u sa da pelos v e n to s a lís io s (qu e r esu lt a m
n o em pilh a m en t o da á gu a a Oest e).
No P a cífico Su l, a Co rre n te d o P e ru (ou Co rre n te d e Hu m bo ld t ), de á gu a s fr ia s,
ba n h a a cost a ociden t a l da Am ér ica do Su l, t em pou ca velocida de e, a os 35° de La t it u de Su l,
a pr esen t a u m a la r gu r a de 900 Km (485 m ilh a s). E st a cor r en t e est á a ssocia da a u m a re s -
s u rg ê n c ia n ot á vel em fr en t e à s cost a s do P er u e n or t e do Ch ile.
As á gu a s da Co rre n te d o P e ru con ver gem com a s da Co n tra c o rre n te Equ a to ria l
qu e, n o in ver n o n o H em isfér io Nor t e, dir igem -se m a is pa r a o Su l, a o la r go da s cost a s do
E qu a dor , com o n om e de El N iñ o . Algu m a s vezes, El N iñ o a va n ça em dir eçã o a o Su l m a is
do qu e é com u m , fa zen do com qu e su a s á gu a s qu en t es ch egu em a t é 12° de La t it u de Su l,
in flu in do pr eju dicia lm en t e n a m et eor ologia dessa r egiã o, a o pr odu zir pr ecipit a ções qu e sã o
a t é 100 vezes m a ior es qu e o n or m a l e a o ca u sa r u m gr a n de m or t a n da de en t r e os peixes qu e
povoa m a cost a ociden t a l da Am ér ica do Su l.
Na pa r t e ociden t a l do P a cífico Su l flu i a Co rre n te Le s te d a Au s trá lia , m en os n ot á -
vel, e n a pa r t e m er idion a l, cor r espon den t e à r egiã o dos ven t os de Oest e, cor r e pa r a lest e a
Co rre n te d o P a c ífic o S u l, m escla n do su a s á gu a s com a já m en cion a da D e riv a d o Ve n to
Oe s te .
A F igu r a 10.32 m ost r a , de for m a sim plifica da , a c irc u la ç ã o s u p e rfic ia l con ju n t a
de t odos os ocea n os.

F ig u ra 10.32 - As c o rre n te s o c e â n ic a s p rin c ip a is

270 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Marés e correntes de marés; correntes oceânicas

10.12.6 OU TROS F EN ÔMEN OS AS S OCIAD OS ÀS


CORREN TES OCEÂN ICAS
O t r a n spor t e de á gu a in du zido pelo ven t o desem pen h a u m im por t a n t e pa pel n a cir -
cu la çã o oceâ n ica su per ficia l. Além da s cor r en t es, a m plos m ovim en t os h or izon t a is da s á gu a s,
os ven t os ca u sa m , em det er m in a da s r egiões, m ovim en t os ver t ica is de á gu a , qu e podem ser
a scen den t es ou descen den t es. A em er sã o ou su bm er sã o de á gu a s cost eir a s é fr eqü en t e n a s
zon a s on de os ven t os dom in a n t es sopr a m pa r a lela m en t e à cost a . O ven t o põe em m ovim en t o
a s á gu a s su per ficia is. A dir eçã o do m ovim en t o depen de do H em isfér io e da dir eçã o do ven t o
(F igu r a s 10.33 e 10.34).

F ig u ra 10.33 (a ) - Re s s u rg ê n c ia n o He m is fé rio S u l

Na F igu r a 10.33 (a ), o ven t o sopr a n -


do pa r a lelo à cost a , n a dir eçã o do obser -
va dor , ca u sa r á , n o H e m i s fé ri o S u l, u m
t r a n spor t e da s á g u a s s u p e rfi c i a i s 90°
pa r a a e s qu e rd a da dir eçã o pa r a on de so-
pr a o ven t o. Assim , o m ovim en t o su per fi-
cia l r esu lt a n t e in du zido pelo ven t o dir ige-
se pa r a o m a r , fa zen do com qu e a scen da
á gu a su b-su per ficia l per t o da cost a .
E st a len t a cor r en t e a scen den t e, or i-
gin á r ia de 100 a 200m de pr ofu n dida de,
ch a m a -se “RE SSURGÊ NCIA”. As cor r en -
t es a scen den t es cost eir a s sã o com u n s n a s
cost a s ociden t a is de t odos os con t in en t es. Os m ovim en t os ver t ica is da á gu a leva m à su per fície
do m a r su bst â n cia s qu e fa vor ecem o desen volvim en t o a bu n da n t e de fit opla n ct on , por isso
a s zon a s de a scen sã o de á gu a s podem a lim en t a r gr a n des popu la ções de peixes.
O ven t o NE , qu e sopr a a o lon go do lit or a l br a sileir o, fa z com qu e, n a r egiã o de Ca bo
F rio , por su a con for m a çã o, a s á gu a s su per ficia is seja m im pu lsion a da s pa r a a lt o-m a r . Com o
r esu lt a do, a s á gu a s m a is fr ia s do fu n do, r ica s em sa is n u t r ien t es, a scen dem à su per fície,
fer t iliza n do a r egiã o, n u m fen ôm en o t ípico de re s s u rg ê n c ia .

F ig u ra 10.33 (b) - Re s s u rg ê n c ia n o He m is fé rio S u l

N a s it u a çã o m os t r a d a n a F igu r a
10.33 (b), o ven t o sopr a n do pa r a lelo à cost a ,
a fa s t a n d o-s e d o ob s e r v a d or , t a m b é m
pr odu zir ia , n o H em isfér io Su l, a fa st a m en t o
da s á gu a s su per ficia is e re s s u rg ê n c ia da s
á gu a s su b-su per ficia is r ica s.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 271


Marés e correntes de marés; correntes oceânicas

Qu a n d o os m ovim en t os d a á gu a in d u zid os p elo ven t o s ã o em d ir eçã o à cos t a ,


pr odu zem -se m ovim en t os de su bm er sã o da s á gu a s su per ficia is e o fen ôm en o den om in a -se
su bsidên cia , con for m e m ost r a do n a s F igu r a s 10.34 (a ) e (b), pa r a o H em isfér io Su l.

F ig u ra 10.34 - S u bs id ê n c ia n o He m is fé rio S u l

10.12.7 IN F ORMAÇÕES S OB RE CORREN TES


OCEÂNICAS
Um n a vio qu e m a n t ém u m r u m o, segu in do a a gu lh a de gover n o, e u m a velocida de
fixa , es t a belecid a p or u m r egim e con s t a n t e d e r ot a ções d o h élice, n ã o s e d es loca r á
n ecessa r ia m en t e sobr e o r u m o e a velocida de or den a dos. Um dos m ot ivos qu e a fet a m o
m ovim en t o d o n a vio é a exis t ên cia d e Co r r e n t e s Oc e â n i c a s S u p e r fi c i a i s , qu e s e
a d icion a r ã o n a t u r a lm e n t e a o d e s loca m e n t o e s p e r a d o p e lo n a vio, r e s u lt a n d o u m a
discr epâ n cia en t r e o ru m o e v e lo c id a d e e m re la ç ã o à s u p e rfic ie e o ru m o e v e lo c id a d e
e m re la ç ã o a o fu n d o (F igu r a 10.35). H a ver á , a ssim , u m “a ba tim e n to ” e u m “c a im e n to ”
e o n a vio poder á est a r em “a v a n ç o ” ou “a tra s o”, con for m e est u da do n o Ca pít u lo qu e a bor dou
a Na vega çã o E st im a da .

F ig u ra 10.35 -
Dest a for m a , t or n a –se im por t a n t e
pa r a o n a vega n t e o con h ecim en t o a n t eci-
pa do dos e le m e n to s d a c o rre n te (R cor e
vel cor ), a fim de levá -los em con sider a çã o
n o p la n e ja m e n to e n a e x e c u ç ã o d a d e r-
ro ta .

P a r a a ca m a da su per ficia l, de u m a s pou ca s dezen a s de m et r os, exist e u m bom a cer vo


de in for m a ções sobr e cor r en t es em gr a n de pa r t e dos ocea n os. As in for m a ções pr ovêm n ã o
só do t r á fego m a r ít im o r egu la r , com o t a m bém de pesqu isa s ocea n ogr á fica s. Na s ca m pa n h a s
ocea n ogr á fica s u t iliza m -se cor r en t ôm et r os e cor r en t ógr a fos de vá r ios t ipos, pa r a det er m i-
n a çã o pr ecisa dos elem en t os da s cor r en t es. Além disso, m oder n a m en t e, det er m in a m -se os
elem en t os da s cor r en t es oceâ n ica s por sen sor ia m en t o r em ot o, a t r a vés do a com pa n h a m en t o,
por sa t élit es, de bóia s de der iva e ou t r os t ipos de der iva dor es.
Os Ser viços Ocea n ogr á ficos de vá r ios pa íses pa ssa r a m a colet a r sist em a t ica m en t e t oda s
essa s in for m a ções e pu blica r docu m en t os de fá cil con su lt a pelo n a vega n t e: As Ca rta s –P ilo to
r efer en t es a os vá r ios ocea n os. H oje dispõe-se de u m con h ecim en t o r a zoá vel da cir cu la çã o su per -
ficia l de gr a n de pa r t e dos ocea n os. E st e con h ecim en t o é su bst a n cia l e m in u cioso n a s r egiões
m u it o fr eqü en t a da s por n a vios, com o a s pr in cipa is r ot a s com er cia is do At lâ n t ico e do P a cífico
Nor t e, m a s esca ssa em ou t r a s r egiões, com o o P a cífico Su l Or ien t a l e o Ín dico Su l.

272 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Marés e correntes de marés; correntes oceânicas

Adem a is, a s c o rre n te s v a riá v e is , com o a s cor r en t es da s m on ções, do Ocea n o Ín dico,


n ã o est ã o bem defin ida s, m esm o com t oda s a s obser va ções já r ea liza da s. H á n ecessida de
qu e se est u de m elh or a s con dições do Ocea n o Ín dico, em det er m in a da s r egiões, pa r a se
ver ifica r a ext en sã o da s m u da n ça s pr odu zida s pela s va r ia ções loca is do ven t o, do r egim e
da s m o n ç õ e s .
A Dir et or ia de H idr ogr a fia e Na vega çã o da MB edit a o Atla s d e Ca rta s –P ilo to
r efer en t e a o Atlâ n tic o S u l Oc id e n ta l. O Ocean ograph ic Office dos E st a dos Un idos da
Am ér ica pu blica a s Pilot Ch arts r ela t iva s a os diver sos ocea n os.
As Ca rta s –P ilo to , pr epa r a da s u m a pa r a ca da m ês, a pr esen t a m , a lém de diver sa s
ou t r a s in for m a ções m et eor ológica s, ocea n ogr á fica s e geofísica s de in t er esse pa r a a n a vega çã o,
os elem en t os da s c o rre n te s o c e â n ic a s s u p e rfic ia is pa r a diver sos loca is da s á r ea s n ela s
r epr esen t a da s. A d ire ç ã o (ou ru m o ) d a c o rre n te é in dica da por u m a set a e a v e lo c id a d e
m é d ia , em n ós, é im pr essa a o la do da set a qu e r epr esen t a a dir eçã o.
Além da s Ca rta s –P ilo to , a lgu m a s Ca rta s N á u tic a s t a m bém in dica m , ou in for m a m
(em Not a s de P r eca u çã o), os elem en t os da s c o rre n te s o c e â n ic a s d e s u p e rfíc ie . Adem a is,
os Ro te iro s t a m bém con st it u em fon t es de in for m a ções va liosa s sobr e a s c o rre n te s o c e â -
n ic a s , deven do ser sem pr e con su lt a dos pelos n a vega n t es.
Os Ro te iro s pu blica dos pela DH N in clu em , pa r a ca da t r ech o de cost a descr it o, u m a
seçã o in t it u la da MARÉ S E CORRE NTE S, on de sã o a pr esen t a da s a s pr in cipa is in for m a ções
sobr e os r efer idos a ssu n t os.
Repr odu z-se a ba ixo, com o exem plo, a s in for m a ções sobr e cor r en t es for n ecida s pelo
ROTE IRO–COSTA LE STE pa r a o t r ech o “DO P ORTO DE VITÓRIA AO CABO F RIO:

CORREN TES
A cor r en t e a o la r go t em a dir eçã o ger a l SW, com o velocida de m á xim a de 1 n ó.

Na s pr oxim ida des do Ca bo de Sã o Tom é:


• a velocida de da cor r en t e a u m en t a com a a pr oxim a çã o da cost a ;
• com ven t o de NE a cor r en t e t em a dir eçã o S, ju n t o à cost a , e SW ou WSW, m a is a o
la r go, com 0,8 n ó ou m a is, depen den do da for ça do ven t o;
• ven t os fr escos de SE e S podem a n u la r a cor r en t e; e
• t em -se obser va do, em a lgu m a s oca siões, u m a con t r a cor r en t e pa r a SW qu e va i a o
en con t r o do ca bo de Sã o Tom é com ven t o fr esco de NE .

Ao la r go do Ca bo F r io, ven t os de NE ger a m cor r en t e pa r a SW e ven t os de SW ger a m


cor r en t e pa r a NE , em a m bos os ca sos com velocida de de 0,5 n ó a 1,5 n ó, sen do com u m
est a s cor r en t es pr eceder em os ven t os.

P r óxim o a o Ca bo F r io, ven t os do S ger a m cor r en t e pa r a o N e ven t os de NE ger a m


cor r en t e pa r a W. Um a con t r a cor r en t e em dir eçã o à ilh a do Ca bo F r io é sen t ida a t é 10
m ilh a s a W da ilh a , sen do de m a ior in t en sida de de set em br o a dezem br o.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 273


Marés e correntes de marés; correntes oceânicas

10.12.8 EXERCÍCIOS S OB RE CORREN TES OCEÂN ICAS


Da r o n o m e da s c o rre n te s o c e â n ic a s in dica da s por n ú m e ro s n a F igu r a 10.36.
1________________________________________________________________
2________________________________________________________________
3________________________________________________________________
4________________________________________________________________
5________________________________________________________________
6________________________________________________________________
7________________________________________________________________
8________________________________________________________________
9________________________________________________________________
10_______________________________________________________________
11_______________________________________________________________
12_______________________________________________________________
13_______________________________________________________________
14_______________________________________________________________
15_______________________________________________________________
16_______________________________________________________________
17_______________________________________________________________
18_______________________________________________________________
19_______________________________________________________________
20______________________________________________________________

F ig u ra 10.36 -

274 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


In s tru m e n to s n á u tic o s

IN S TRU MEN TOS


11 N ÁU TICOS

11.1 AS “F ERRAMEN TAS ” D O


N AVEGAN TE
Qu a se t oda s a s a t ivida des pr ofission a is n ecessit a m de u m con ju n t o de “fer r a m en t a s”
específica s. A pr á t ica da n a vega çã o n ã o é difer en t e n esse a spect o. E st e Ca pít u lo descr eve,
sem en t r a r dem a sia da m en t e em det a lh es t écn icos, a m a ior ia dos in st r u m en t os u t iliza dos
n os n a vios de gu er r a , n a m a r in h a m er ca n t e e n a n a vega çã o de pesca , espor t e e r ecr eio,
pa r a a pr á t ica da n a vega çã o cost eir a , est im a da e em á gu a s r est r it a s.
A escolh a dos in st r u m en t os depen de de vá r ios fa t or es, den t r e os qu a is se dest a ca m o
por t e do n a vio, seu u so e os r ecu r sos dispon íveis. Assim , pode-se a fir m a r qu e, de u m m odo
ger a l, os n a vios de gu er r a m a is m oder n os, os n a vios m er ca n t es de gr a n de por t e (u t iliza dos
n a n a vega çã o de lon go cu r so), os n a vios de pesqu isa e, a t é m esm o, a lgu m a s em ba r ca ções de
espor t e e r ecr eio sã o dot a dos de in st r u m en t os e equ ipa m en t os de n a vega çã o va r ia dos e
sofist ica dos. P or ou t r o la do, n a vios de gu er r a m en or es (t a is com o n a vios-pa t r u lh a ), n a vios-
a u xilia r es, n a vios m er ca n t es de ca bot a gem , em ba r ca ções de pesca e a m a ior ia dos ba r cos
de espor t e e r ecr eio possu em , n or m a lm en t e, a pen a s in s tru m e n to s n á u tic o s bá sicos.
E m bor a os in s tru m e n to s n á u tic o s possa m ser cla ssifica dos de diver sa s m a n eir a s,
eles ser ã o a qu i est u da dos em gr u pos, de a cor do com a s segu in t es fin a lida des:

• in st r u m en t os pa r a m edida de dir eções;


• in st r u m en t os de m edida de velocida de e dist â n cia per cor r ida ;
• in st r u m en t os pa r a m ediçã o de dist â n cia s n o m a r ;
• in st r u m en t os pa r a m ediçã o de pr ofu n dida des;
• in st r u m en t os de desen h o e plot a gem ;
• in st r u m en t os pa r a a m plia çã o do poder de visã o; e
• ou t r os in st r u m en t os.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 275


In s tru m e n to s n á u tic o s

11.2 IN S TRU MEN TOS P ARA MED ID A D E


D IREÇÕES N O MAR

11.2.1 OB TEN ÇÃO D E RU MOS E MARCAÇÕES N O MAR


As dir eções n o m a r (r u m os e m a r ca ções) sã o obt ida s pelo u so da s Ag u lh a s N á u tic a s
e seu s a cessór ios, já est u da dos det a lh a da m en t e n o Ca pít u lo 3.
E n t r et a n t o, va le a cr escen t a r , a in da , a lgu n s com en t á r ios sobr e os r efer idos in st r u -
m en t os.

11.2.2 AGU LHAS N ÁU TICAS


Sã o a s Ag u lh a s N á u tic a s , qu er m a g n é tic a s , qu er g iro s c ó p ic a s , qu e in dica m os
ru m o s a bor do. Adem a is, com ela s sã o t om a da s a s m a rc a ç õ e s e a zim u te s , a t r a vés do u so
de a cessór ios especia is.

a. Ag u lh a s Ma g n é tic a s
Con for m e vist o, n or m a lm en t e os n a vios possu em du a s Agu lh a s Ma gn ét ica s: a a g u lh a
p a d rã o , in st a la da n o t iju pá , em u m loca l o m a is livr e possível da s in flu ên cia s dos fer r os de
bor do e de visa da desobst r u ída , e a a g u lh a d e g o v e rn o , coloca da n o pa ssa diço, por a n t e-
a va n t e da r oda do lem e.
P ela a g u lh a p a d rã o é qu e se det er m in a m os ru m o s e m a rc a ç õ e s . A a g u lh a d e
g o v e rn o ser ve, ba sica m en t e, pa r a o gover n o do n a vio. O r u m o da a g u lh a d e g o v e rn o é
obt ido por com pa r a çã o com a a g u lh a p a d rã o . O pr ocedim en t o con sist e em coloca r o n a vio
n o r u m o da a gu lh a pela a g u lh a p a d rã o e, n essa sit u a çã o, ler -se o r u m o in dica do n a a gu -
lh a de gover n o, pela qu a l pa ssa -se a gover n a r o n a vio.
E m a lgu n s n a vios, su pr im iu -se a a g u lh a d e g o v e rn o , sen do in st a la do n a a g u lh a
p a d rã o , n o t iju pá , u m per iscópio pa r a leit u r a s de r u m o pelo t im on eir o, n o pa ssa diço.
No qu e se r efer e à gr a du a çã o da ro s a d e ru m o s da Ag u lh a Ma g n é tic a , in icia lm en t e
a bú ssola er a u sa da a pen a s pa r a in dica r o N o rte . Logo, en t r et a n t o, foi in t r odu zido o con ceit o
de m a r ca r ou t r a s dir eções a o r edor da bor da da a gu lh a . As dir eções m a r ca da s r ecebem os
n om es dos vá r ios ven t os, con h ecidos com o Nor t e, Lest e, Su l e Oest e. P or isso, à r osa da a gu -
lh a foi da do o n om e de ro s a d o s v e n to s . Depois da s d ire ç õ e s c a rd e a is (N,E ,S e W), vier a m
a s d ire ç õ e s in te rc a rd e a is (ou cola t er a is), NE , SE , SW e NW e, em segu ida , su bdivisões
m en or es, t a is com o NNE , E NE , E SE , SSE , SSW, WSW, WNW e NNW. E st e sist em a r esu lt a
n a divisã o de u m cír cu lo com plet o (360°) em 32 “pon t os” (1 pon t o = 11° 15'). Ca da pon t o, por
su a vez, é dividido em m eio pon t o e 1/4 de pon t o. Um a r osa com plet a dest e t ipo, com os 32
“pon t os”, su a s su bdivisões e a s design a ções da s qu a rta s est á m ost r a da n a F igu r a 11.1. A
gr a du a çã o da r osa em “pon t os” e qu a r t a s est á , h oje, obsolet a , m a s pode ser , a in da , en con t r a da
em a lgu m a s em ba r ca ções, especia lm en t e veleir os. A t a bela da F igu r a 11.2 per m it e con ver t er
a ro s a e m p o n to s e a ro s a e m qu a rta s em ro s a c irc u la r (000° a 360°).
Um desen volvim en t o r ecen t e da Ag u lh a Ma g n é tic a é a a g u lh a e le trô n ic a , qu e
ba seia seu fu n cion a m en t o n a m edida do ca m po m a gn ét ico t er r est r e. E la n ã o u sa , com o a
bú ssola t r a dicion a l, a lei de a t r a çã o e r epu lsã o dos pólos m a gn ét icos.

276 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


In s tru m e n to s n á u tic o s

F ig u ra 11.1 - Ro s a g ra d u a d a e m g ra u s e p o n to s e qu a rta s

Esta rosa apresenta as duas


graduações convencionais: di-
visão em graus (de 000° a
360°), que é o sistema de uso
universal, e divisão quadrantal,
que usa os pontos cardeais,
colaterais e sub-colaterais.

F ig u ra 11.2 - Co n v e rs ã o d a Ro s a e m P o n to s e d a Ro s a e m Qu a rta s e m Ro s a Circ u la r

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 277


In s tru m e n to s n á u tic o s

A in st a la çã o da a g u lh a e le trô n ic a (“F LUX GATE COMP ASS”) a bor do é sim ples, a


a pr esen t a çã o do r u m o é ger a lm en t e digit a l e n ã o exist em pa r t es m óveis n a a gu lh a . Além
disso, u m a a g u lh a e le trô n ic a pode ser u sa da em la t it u des m a is eleva da s qu e u m a bú ssola
con ven cion a l.

b. Ag u lh a s Giro -Ma g n é tic a s


E m bor a pou co u t iliza da , é n ecessá r io m en cion a r a a g u lh a g iro -m a g n é tic a , qu e
com bin a os efeit os do m a gn et ism o e do gir oscópio. Seu pr in cípio é sim ples: a a g u lh a m a g -
n é tic a possu i u m disposit ivo qu e fixa n o m er idia n o m a gn ét ico u m pequ en o gir oscópio, qu e,
por su a vez, con t r ola u m t r a n sm issor qu e oper a a s r epet idor a s. E sse sist em a foi desen volvido
pela S p e rry Gy ro s c o p e Co m p a n y , In c .
Um a a g u lh a m a g n é tic a é a loja da n u m a câ m a r a est a n qu e, qu e é posicion a da lon ge
de t odos os fer r os de bor do (devido a o seu pequ en o t a m a n h o e por ser m u it o leve, pode ser
posicion a da n o m a st r o). As in dica ções dessa a gu lh a n ã o sã o a fet a da s pelos ba la n ços e a r fa -
gen s. Su a s in dica ções sã o en via da s a u m a u n id a d e g iro s c ó p ic a qu e possu i u m a r osa dos
ven t os, qu e in dica o ru m o m a g n é tic o . E sse r u m o é pa ssa do à r epet idor a por m eio de u m
t r a n sm issor liga do a o gir oscópio. O sist em a possu i ca pa cida de pa r a oper a r du a s r epet idor a s.
Um m ot or ger a dor ser ve pa r a t r a n sfor m a r a cor r en t e elét r ica do n a vio n a cor r en t e com a s
ca r a ct er íst ica s n ecessá r ia s pa r a fu n cion a m en t o do sist em a .
E sse sist em a pode ser u sa do com su cesso em pequ en a s em ba r ca ções, com o ia t es,
pequ en os n a vios de pesca , r eboca dor es, et c, pois su a s in dica ções sã o est á veis e ocu pa pou co
espa ço. Um dia gr a m a esqu em á t ico do sist em a é a pr esen t a do n a F igu r a 11.3.

F ig u ra 11.3 - Es qu e m a d a in s ta la ç ã o d a Ag u lh a Giro -Ma g n é tic a

c. Ag u lh a s Giro s c ó p ic a s e s e u s a c e s s ó rio s
No qu e se r efer e à s Ag u lh a s Giro s c ó p ic a s , é im por t a n t e r egist r a r qu e, ca da vez
m a is com pa ct a s, pr ecisa s e sofist ica da s (u t iliza n do gir oscópios elet r ôn icos, m a n ca is m a g-
n ét icos, et c.), h oje em dia sã o in st a la da s n o pa ssa diço e n ã o m a is em com pa r t im en t o pr ópr io
(P CI). Além disso, den t r o da t en dên cia de dispor de r edu n dâ n cia n os sist em a s vit a is de
bor do, os n a vios m oder n os, em bor a sem dispen sa r a s Ag u lh a s Ma g n é tic a s , t êm , n or m a l-
m en t e, du a s Ag u lh a s Giro s c ó p ic a s , u m a com o “ba ck-u p” da ou t r a .

278 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


In s tru m e n to s n á u tic o s

Com r ela çã o a os a cessór ios da s Agu lh a s Gir oscópica s, h á qu e r ecor da r o p ilo to a u -


to m á tic o e o re g is tra d o r d e ru m o s . O p ilo to a u to m á tic o é u m a pa r elh o pa r a con t r ole
a u t om á t ico do r u m o, per m it in do m a n t er o n a vio em u m det er m in a do r u m o, sem in t er fer ên cia
do t im on eir o.
E sse equ ipa m en t o n ã o é de u so exclu sivo com a Ag u lh a Giro s c ó p ic a , poden do ser
in st a la do, t a m bém , em qu a lqu er n a vio qu e possu a u m sist em a de r epet idor a da a gu lh a ,
seja ela g iro s c ó p ic a , m a g n é tic a ou m esm o g iro -m a g n é tic a . Na s em ba r ca ções m en or es,
o p ilo to a u to m á tic o possu i su a pr ópr ia bú s s o la (Ag u lh a Ma g n é tic a ), n a qu a l se a ju st a
o r u m o a ser segu ido. E n t r et a n t o, o p ilo to a u to m á tic o é m a is u t iliza do a ssocia do a u m a
Ag u lh a Giro s c ó p ic a . O p ilo to a u to m á tic o qu e u sa u m sist em a r epet idor da Ag u lh a
Giro s c ó p ic a é, en t ã o, den om in a do g iro -p ilo to .
O gover n o do n a vio por m eio do p ilo to a u to m á tic o é m u it o m a is eficien t e do qu e
com o t im on eir o. Com o exem plo, ba st a cit a r qu e o equ ipa m en t o SP E RRY AUTOP ILOT
in dica u m a va r ia çã o de r u m o de 1/6 de gr a u e qu e o g iro -p ilo to a t u a qu a n do o n a vio sa i do
r u m o a ju st a do a pen a s 1/3 de gr a u . Assim , o p ilo to a u to m á tic o , a lém de gover n a r m elh or
o n a vio, a pr esen t a a s va n t a gen s de possibilit a r m a ior dist â n cia r ea lm en t e n a vega da , pa r a
u m m esm o con su m o de com bu st ível, e pr opor cion a r m en or desga st e da m á qu in a do lem e,
em com pa r a çã o com o gover n o m a n u a l. E n t r et a n t o, é pr eciso a ler t a r qu e o p ilo to a u to m á -
tic o é “cego” e, com o qu a lqu er ou t r o equ ipa m en t o, su jeit o a a va r ia s, fa lh a s e ir r egu la r ida des
de fu n cion a m en t o. P or t a n t o, deve ser m a n t ida per m a n en t em en t e u m a vigilâ n cia cu ida dosa
sobr e os m ovim en t os do n a vio e a oper a çã o do a pa r elh o.
O re g is tra d o r d e ru m o s , con for m e vist o, é u m in st r u m en t o qu e r egist r a em u m
pa pel (qu e se desen r ola com a n da do por u m equ ipa m en t o de r elojoa r ia ) os r u m os n a vega dos,
em fu n çã o do t em po, oper a n do a cion a do por u m a re p e tid o ra da Ag u lh a Giro s c ó p ic a . O
re g is tra d o r d e ru m o s é m u it o ú t il n a r ecom posiçã o de der r ot a s, pa r a ver ifica r o a dest r a -
m en t o dos t im on eir os e ser ve de pr ova de m a n obr a s efet u a da s em ca sos de a ciden t es, t a is
com o colisã o.

11.2.3 D IS P OS ITIVOS P ARA MED ID A D E MARCAÇÕES


E AZIMU TES
Os a cessór ios e disposit ivos especia is pa r a a t om a da de m a rc a ç õ e s e a zim u te s
for a m a bor da dos n o Ca pít u lo 3, t en do sido est u da dos com det a lh es o ta x ím e tro , a a g u lh a
m a g n é tic a d e m ã o (“h a n d bea r in g com pa ss”), a a lid a d e d e p ín u la s , o c írc u lo a zim u ta l
e a a lid a d e te le s c ó p ic a . Rest a m ser m en cion a dos os segu in t es in st r u m en t os:

F ig u ra 11.4 - Es p e lh o Azim u ta l
a . E s p e l h o a z i m u t a l (F igu r a 11.4): é
con st it u ído por u m a a lida de com espe-
lh o e pr ism a de r eflexã o, u t iliza do pa r a
obt en çã o de a zim u te s e m a rc a ç õ e s ,
de m a n eir a sem elh a n t e a o c írc u lo a zi-
m u ta l.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 279


In s tru m e n to s n á u tic o s

F ig u ra 11.5 - U s o d o e s p e lh o a zim u ta l

A F igu r a 11.5 m ost r a o em pr ego de u m


e s p e l h o a z i m u t a l p a r a obt en çã o d a
m a rc a ç ã o de u m pon t o de t er r a e do
a zim u te de u m a st r o. P a r a obser va çã o
d a m a r c a ç ã o , vis a -s e d ir et a m en t e o
p on t o e s colh id o, le n d o-s e o va lor d a
m a r ca çã o com o a u xílio do pr ism a . P a r a
obt en çã o do a zim u te de a st r os, u t iliza -
se o espelh o m on t a do n a a lida de (livr e
de gir a r em t or n o de u m eixo h or izon -
t a l).

F ig u ra 11.6 - Alid a d e Te le s c ó p ic a

b. Alid a d e a u to -s ín c ro n a : con for m e vist o


n o Ca pít u lo 3, a a li d a d e t e le s c ó p i c a
(F igu r a 11.6) é sem elh a n t e a u m c írc u lo
a zim u ta l, por ém , em vez da s fen da s de
visa da , possu i u m a lu n et a t elescópica
m on t a da sobr e o cír cu lo de m et a l. O po-
der de a m plia çã o da len t e do t elescópio
t or n a m a is fá cil obser va r objet os dist a n -
t es. No in t er ior da lu n et a , u m r et ícu lo,
em con ju n t o com u m pr ism a , per m it e qu e
se vise o pon t o escolh ido e, a o m esm o
t e m p o, le ia -s e o va lor d a m a r ca çã o.
E n t r et a n t o, qu a n do o n a vio est á joga n do
m u it o, é com u m per der -se a visa da de u m
objet o, pois o ca m po de visã o da a lid a d e
te le s c ó p ic a é lim it a do. P a r a con t or n a r
e s t a d e s va n t a ge m , e xis t e a a l i d a d e
a u t o -s í n c ro n a (“self-syn ch r on ou s a l-
ida de”), m ost r a da n a F igu r a 11.7, qu e
possu i u m m ot or sín cr on o a dicion a l, co-
m a n da do pela Ag u lh a Giro s c ó p ic a m e s tra. Com est e desen volvim en t o, é possível a ju s-
t a r a a lida de em u m a det er m in a da dir eçã o e obser va r u m objet o, sem qu e o in st r u m en t o
se desvie da m a r ca çã o deseja da , em vir t u de do m ovim en t o do n a vio. A a lid a d e a u to -
s ín c ro n a , a ssim com o a a lid a d e te le s c ó p ic a , é u sa da em lu ga r do c írc u lo a zim u ta l,
ou do e s p e lh o a zim u ta l, pa r a det er m in a r a m a r ca çã o de objet os dist a n t es.

280 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


In s tru m e n to s n á u tic o s

F ig u ra 11.7 - Alid a d e Au to -S ín c ro n a F ig u ra 11.8 - Ag u lh a Ma g n é tic a D ig ita l d e m ã o

c. Ag u lh a Ma g n é tic a d ig ita l, d e m ã o : u m in st r u m en t o de desen volvim en t o r ecen t e pa r a


leit u r a de m a rc a ç õ e s é a a g u lh a m a g n é tic a d ig ita l d e m ã o (“h a n d h eld digit a l flu xga t e
com pa ss”), qu e possibilit a a leit u r a de m a rc a ç õ e s m a g n é tic a s com pr ecisã o. O “DATA-
SCOP E ”, m ost r a do n a F igu r a 11.8, possu i u m a lu n et a de 5x30, de foco per m a n en t e, e
u m a m em ór ia ca pa z de a r m a zen a r 9 va lor es de m a r ca ções. Além disso, pode-se en t r a r
n o a pa r elh o com o va lor da d e c lin a ç ã o m a g n é tic a e obt er -se dir et a m en t e m a r ca ções
ver da deir a s, fa cilit a n do a plot a gem da s LDP obser va da s. O equ ipa m en t o fu n cion a , a in da ,
com o det er m in a dor de dist â n cia s a objet os de a lt it u de con h ecida .

F ig u ra 11.9 - B ú s s o la D ig ita l c o m d is p o s itiv o d e v is ã o n o tu rn a

O “S T AR S C O P E ”, m os t r a d o n a
F igu r a 11.9, é s em elh a n t e a o
“D AT AS C O P E ”, p e r m i t i n d o l e i t u r a s
digit a is pr ecisa s de m a r ca ções. Adem a is,
i n cor p or a u m a ca p a ci d a d e d e v i s ã o
n ot u r n a , a m plifica n do m a is de 1.000 vezes
a lu m in osida de exist en t e.

11.3 IN S TRU MEN TOS D E MED ID A D E


VELOCID AD E E D IS TÂN CIA
P ERCORRID A

11.3.1 IMP ORTÂN CIA D A MED ID A D A VELOCID AD E E


D A D IS TÂN CIA P ERCORRID A
Con for m e vist o n o Ca pít u lo 5, a n a v e g a ç ã o e s tim a d a ba seia -se n a s ca r a ct er íst ica s
do m ovim en t o do n a vio (ru m o e v e lo c id a d e / d is tâ n c ia p e rc o rrid a ). Assim , pa r a efet u a r
a n a v e g a ç ã o e s tim a d a , a lém do ru m o (obt ido da a g u lh a n á u tic a ), é fu n da m en t a l con h ecer
a v e lo c id a d e com qu e se desloca o n a vio e, a pa r t ir dest e va lor , a d is tâ n c ia p e rc o rrid a
em u m det er m in a do per íodo de t em po. Adem a is, o con h ecim en t o da v e lo c id a d e é essen cia l
pa r a o est a belecim en t o de E TA (“est im a t ed t im e of a r r iva l”) em por t os ou pon t os da der r ot a
e de “r en dez-vou s” com ou t r os n a vios ou for ça s n o m a r .

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 281


In s tru m e n to s n á u tic o s

11.3.2 OD ÔMETROS E VELOCÍMETROS


P a r a det er m in a çã o da d is tâ n c ia p e rc o rrid a e da v e lo c id a d e do n a vio r ecor r em -
se, a bor do, a os o d ô m e tro s ou a os v e lo c ím e tro s (“speedm et er s”).
Os o d ô m e tro s * podem ser cla ssifica dos em :

• odôm et r o de su per fície;


• odôm et r o de fu n do; e
• odôm et r o Doppler .
Os dois pr im eir os t ipos m edem a v e lo c id a d e do n a vio n a su per fície, ist o é, em r ela çã o
à m a ssa d’á gu a cir cu n da n t e (depois a v e lo c i d a d e é in t egr a da em r ela çã o a o t em po e
t r a n sfor m a da em d i s t â n c i a p e rc o rri d a ). O o d ô m e t ro D o p p le r é ca pa z de m edir a
v e lo c id a d e em r ela çã o a o fu n do.

a. Od ô m e tro d e s u p e rfíc ie
O o d ô m e tro d e s u p e rfíc ie (F igu r a 11.10) é for m a do por u m h é lic e , u m v o la n te ,
u m a lin h a d e re bo qu e e u m re g is tra d o r, m on t a dos com o ilu st r a do n a F igu r a 11.11.

F ig u ra 11.10 - Od ô m e tro d e S u p e rfíc ie Figu ra 11.11 - Odôm e tro de Su pe rfície - m e cân ico
REGISTRADOR (CONTADOR)
LINHA
VOLANTE
HÉLICE

É u m in st r u m en t o a n t igo, pou co u sa do h oje em dia , por ém é fá cil de m on t a r e for n ece


r esu lt a dos ba st a n t e pr ecisos. At u a lm en t e, os n a vios m a n t êm o o d ô m e tro d e s u p e rfíc ie
com o equ ipa m en t o de em er gên cia .
Du r a n t e o fu n cion a m en t o do o d ô m e tro d e s u p e rfíc ie , qu a n do o n a vio se desloca o
h é lic e a dqu ir e u m m ovim en t o de r ot a çã o qu e, a t r a vés da lin h a e do v o la n te , é t r a n sm it ido
a o c o n ta d o r, em cu jo m ost r a dor se pode ler , a ca da in st a n t e, o t ot a l da d is tâ n c ia n a v e g a d a ,
desde qu e o in st r u m en t o foi la n ça do a o m a r .
O c o m p r i m e n t o d a l i n h a qu e s e la n ça a o m a r d ep en d e es s en cia lm en t e d a
v e l o c i d a d e d o n a v i o e s ó exp er im en t a lm en t e p od e-s e con clu ir o va lor cor r et o d o
com pr im en t o do r eboqu e. E m pr in cípio, a t a bela a segu ir , r ecom en da da pela Ma r in h a
Br it â n ica , pode ser vir de ba se:

* Os dicion á r ios list a m H ODÔME TRO com o gr a fia pr in cipa l da pa la vr a . Con t u do, a ceit a m , t a m bém , a for m a
ODÔME TRO, qu e ser á u t iliza da n est e t r a ba lh o, por ser de u so m a is com u m n a n a vega çã o

282 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


In s tru m e n to s n á u tic o s

VEL. MAX.EM NÓS BRAÇAS METROS


10 40 73
15 50-55 91-101
18 e acima 65-70 119-128

O re g is tra d o r (F igu r a 11.12) com põe-se de u m a ca ixa de en gr en a gen s qu e m ovim en t a


os pon t eir os dos m ost r a dor es, qu e in dica m a dist â n cia n a vega da a t é 1.000 m ilh a s, em
d é c im o s d e m ilh a (pon t eir o pequ en o, à dir eit a ), em m ilh a s (pon t eir o gr a n de, cen t r a l) e
em c e n te n a s d e m ilh a s (pon t eir o pequ en o, à esqu er da ), com o m ost r a a F igu r a 11.13.
F ig u ra 11.12 - Re g is tra d o r d o Od ô m e tro d e
S u p e rfíc ie F ig u ra 11.13 - Le itu ra d o re g is tra d o r

LEITURA

0220.2

A leit u r a do m ost r a dor deve obedecer à or dem cit a da a n t er ior m en t e e a dist â n cia
deve ser in dica da por cin co a lga r ism os, os décim os in clu sive, com o det er m in a m a s in st r u ções
sobr e o u so de in st r u m en t os de n a vega çã o.

VAN TAGEN S D O OD ÔMETRO D E S U P ERF ÍCIE


• Sim plicida de de in st a la çã o;
• P ossibilida de de su bst it u içã o r á pida de com pon en t es a va r ia dos.

IN CON VEN IEN TES D O OD ÔMETRO D E S U P ERF ÍCIE


• P r ecisa ser r et ir a do qu a n do o n a vio oper a m á qu in a s a t r á s (pois, com segu im en t o a r é,
pode en r osca r -se n o h élice);
• Sofr e a in flu ên cia do m a r gr osso;
• E n r osca -se em a lga s e sa r ga ços e r eboca lixo;
• Nã o est á sem pr e pr on t o pa r a fu n cion a r ; pr ecisa ser pr epa r a do e la n ça do;
• In dica a dist â n cia n a vega da n a su per fície e n ã o for n ece dir et a m en t e a velocida de;
• P r ecisa ser r et ir a do e n ã o pode ser la n ça do em por t os m u it o m ovim en t a dos, por qu e su a
lin h a pode ser cor t a da por ou t r os n a vios.
Além dos in con ven ien t es a cim a , os o d ô m e tro s d e s u p e rfíc ie podem a pr esen t a r
in dica ções er r a da s devido à s segu in t es ca u sa s:

• m a r m u it o a git a do;
• m á con ser va çã o;
• h élice r eboca n do lixo ou a lga s;
• com pr im en t os de lin h a s in a dequ a dos.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 283


In s tru m e n to s n á u tic o s

Um a cessór io dos o d ô m e tro s d e s u p e rfíc ie m u it o u sa do a bor do é o re p e tid o r,


in st a la do n o Ca m a r im de Na vega çã o, cu jo pr opósit o é per m it ir qu e a leit u r a do in d ic a d o r
seja feit a n o r efer ido com pa r t im en t o, dispen sa n do a ida a t é a popa pa r a ca da leit u r a . P a r a
isso, o in d ic a d o r é liga do a u m cir cu it o elét r ico, qu e t r a n sm it e su a s in for m a ções a o re p e -
tid o r.

b. Od ô m e tro d e fu n d o , tip o d e p re s s ã o (tu bo d e P ito t)


F ig u ra 11.14 - Od ô m e tro d e fu n d o (tip o d e p re s s ã o )

Nest e t ipo de odôm et r o, a in for m a -


çã o obt ida depen de da difer en ça en t r e a
p re s s ã o n o rm a l (p re s s ã o e s tá tic a ) da
á gu a , r esu lt a n t e da pr ofu n dida de à qu a l
PRESSÃO TOTAL
est á m er gu lh a do o elem en t o sen sível do
equ ipa m en t o a ba ixo da qu ilh a , e a p re s s ã o

re s u lt a n t e d o m o v i m e n t o d o n a v i o a t ra v é s d a á g u a (p re s s ã o d i n â m i c a ), com o
m ost r a do n a F igu r a 11.14. Assim , qu a n t o m a ior for a velocida de do n a vio sobr e a á gu a ,
m a ior ser á a difer en ça en t r e est a s du a s pr essões.
F ig u ra 11.15 - Od ô m e tro d e fu n d o (tip o
d e p re s s ã o ) F ig u ra 11.15 (b) - Od ô m e tro d e fu n d o

A
B

O equ ipa m en t o (F igu r a 11.15) con sist e de u m a h a s te (A), qu e é pr ojet a da a t r a vés do


ca sco por u m a v á lv u la d e m a r (B). Den t r o da h a s te s e n s o ra exist e u m tu bo d e P ito t ,
qu e, n a r ea lida de, é con st it u ído por dois t u bos: u m t u bo qu e a br e pa r a va n t e e ou t r o qu e
a br e pa r a r é. Qu a n do o n a vio se m ovim en t a , a pa r t e de va n t e da h a st e (t u bo de va n t e) é
expost a à p re s s ã o to ta l. O t u bo qu e a br e pa r a r é fica expost o a pen a s à p re s s ã o e s tá tic a .
Con h ecida s a s du a s pr essões, det er m in a -se a p re s s ã o d in â m ic a e, en t ã o, a v e lo c id a d e
d o n a v i o (pr opor cion a l à p re s s ã o d i n â m i c a ). A h a st e sen sor a in du z u m sin a l qu e é
t r a n sm it ido a o in d ic a d o r (C), con ver t ido em v e lo c id a d e . A v e lo c id a d e , in t egr a da em
fu n çã o do t em po por m eios elét r icos e m ecâ n icos, é, por su a vez, con ver t ida em dist â n cia
n a vega da .

284 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


In s tru m e n to s n á u tic o s

F ig u ra 11.16 - Re p e tid o ra d o Od ô m e tro d e F u n d o


Ta n t o a v e lo c id a d e , com o a d is tâ n -
c i a p e rc o rri d a , podem ser t r a n sm it ida s
p a r a d ive r s a s r e p e t i d o r a s , e m vá r ios
com pa r t im en t os do n a vio (F igu r a 11.16).
A h a s te com o tu bo d e P ito t é pr oje-
t a da a t r a vés do ca sco cer ca de 0,60 m a 0,75 m
e, a ssim , os or ifícios de m ediçã o fica m for a da
á gu a per t u r ba da pelo desloca m en t o do n a vio.
Um a obser va çã o im por t a n t e é qu e a
h a s te do o d ô m e tro deve ser iça da n a s en -
t r a da s e sa ída s de por t os e qu a n do se n a -
vega r em á gu a s r a sa s.
As ca r a ct er íst ica s ger a is dest e t ipo de
odôm et r o sã o a s segu in t es:

VAN TAGEN S

• Nã o exist em elem en t os ext er ior es m óveis. É , con t u do, su scept ível a en t u pim en t os do
t u bo m er gu lh a do.
• Obt êm -se in dica ções dir et a s de velocida de. O r egist r a dor de dist â n cia depen de do fu n -
cion a m en t o sa t isfa t ór io do m eca n ism o in t egr a dor .

IN CON VEN IEN TES


• O odôm et r o de fu n do dá in dica ções pou co cor r et a s à ba ixa velocida de, excet o em m odelos
especia is.
• Um a vez ca libr a do, só é possível a lt er a r a cor r eçã o de qu a lqu er er r o a plica n do n ova s
“ca m es” n os m eca n ism os r egist r a dor es.

RIGOR
Ofer ece u m r igor da or dem de m eio n ó, a pr oxim a da m en t e.

c. Od ô m e tro d e fu n d o , tip o e le tro m a g n é tic o


Os o d ô m e tro s e le tro m a g n é tic o s ba seia m -se n o pr in cípio de qu e qu a lqu er con -
du t or pr odu z u m for ça elet r om ot r iz (F E M) qu a n do se m ove a t r a vés de u m ca m po m a gn ét ico
ou , in ver sa m en t e, qu a n do u m ca m po m a gn ét ico se m ove r ela t iva m en t e a esse con du t or
(F igu r a 11.17).
É de n ot a r qu e a dir eçã o do ca m po m a gn ét ico, a dir eçã o do m ovim en t o e a dir eçã o da
F E M in du zida , est ã o t oda s a 90° u m a s com a s ou t r a s
Se o ca m po m a gn ét ico for con st a n t e, o va lor da F E M in du zida ser á pr opor cion a l à
velocida de com qu e o con du t or se m ove n a dir eçã o in dica da .

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 285


In s tru m e n to s n á u tic o s

F ig u ra 11.17 - P rin c íp io d e fu n c io n a m e n to d o Od ô m e tro d e F u n d o tip o Ele tro m a g n é tic o

O o d ô m e tro e le tro m a g n é tic o u t iliza est e pr in cípio. A F igu r a 11.18 m ost r a o ele-
m en t o sen sível do odôm et r o, in st a la do em u m dom o m er gu lh a do a ba ixo da qu ilh a , n o qu a l
o ca m po m a gn ét ico é pr odu zido por u m a bobin a . A su per fície ext er ior do elem en t o sen sível
é isola n t e, excet o em dois pon t os (bot ões) sit u a dos u m de ca da la do do dom o. O pla n o qu e
con t ém os bot ões é sen sivelm en t e h or izon t a l e o eixo da bobin a é per pen dicu la r a est e
pla n o, bem com o à s lin h a s do ca m po m a gn ét ico por ela pr odu zido.

F ig u ra 11.18 -

Se o n a vio se m over n a dir eçã o in -


dica da n a F igu r a , a s lin h a s de flu xo cor -
t a m a á gu a n est e pla n o e, t a l com o a n t es
se in dicou , ger a -se u m a F E M n essa á gu a ,
qu e a pa r ece a plica da a os bot ões do dom o.
A F E M in du zida pelo m ovim en t o
do n a vio é pr opor cion a l à velocida de do
elem en t o sen sível em r ela çã o à á gu a . A
in for m a çã o de velocida de é pa ssa da , a t r a -
vés de cir cu it os a pr opr ia dos, a o re g is tra -
d o r d e v e lo c id a d e . A in for m a çã o da dis-
t â n cia per cor r ida sobr e a á gu a obt ém -se
n o re g is tra d o r d e d is tâ n c ia, a t r a vés de
u m cir cu it o in t e gr a d or , a p a r t ir d a s
in for m a ções en via d a s p elo cir cu it o d e
velocida de. As in for m a ções de velocida de
e dist â n cia per cor r ida podem , com o n os
ou t r os t ipos de odôm et r os, ser leva da s a
re p e tid o ra s em qu a lqu er lu ga r do n a vio.

As ca r a ct er íst ica s ger a is do o d ô m e tro e le tro m a g n é tic o sã o sem elh a n t es à s dos


odôm et r os de pr essã o. Nest e t ipo, con t u do, con segu em -se in dica ções m a is r igor osa s (er r o =
0.1 n ó) e lim it es de u t iliza çã o m a is a m plos (0 a 40 n ós).

286 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


In s tru m e n to s n á u tic o s

d. Ve lo c ím e tro s
Sã o n or m a lm en t e a t u a dos por u m a h a st e qu e se pr ojet a do ca sco da em ba r ca çã o.
E st a h a st e pode ser pu xa da pa r a t r á s pela á gu a , em fu n çã o da velocida de da em ba r ca çã o,
ou ser a copla da a u m pequ en o h élice, cu ja s r ot a ções sã o con t a da s elét r ica ou elet r on ica m en t e.
No t ipo h idr á u lico, à m edida qu e a h a st e se in clin a , est e m ovim en t o é t r a n sm it ido a o êm bolo
de u m cilin dr o, qu e com pr im e u m líqu ido, o qu a l, por su a vez, a ge sobr e o in dica dor do
v e lo c ím e tro .
N o v e lo c ím e tro d e h é lic e , n a h a st e sen sor a fica u m h élice, com seu eixo n o pla n o
lon git u din a l. Com o m ovim en t o do n a vio, o h élice gir a e esse m ovim en t o de r ot a çã o a lim en t a
u m ger a dor de cor r en t e a lt er n a da coloca do n o pr ópr io bosso do h élice. A fr eqü ên cia da
cor r en t e ger a da é pr opor cion a l à v e lo c id a d e do n a vio.
Os sin a is ger a dos sã o a m plifica dos e a s a lt er n â n cia s sã o t r a n sfor m a da s em m ilh a s
n a u n ida de m est r a , por m eio de en gr en a gen s. A fr eqü ên cia da cor r en t e, com o dissem os,
sen do pr opor cion a l à velocida de, é t r a n sfor m a da em n ós n u m in dica dor visu a l.
E ssa s in for m a ções, m ilh a s n a v e g a d a s e v e lo c id a d e , sã o t r a n sm it ida s a diver sa s
re p e tid o ra s , por m eio de m ot or es sín cr on os.

F ig u ra 11.19 - Ve lo c ím e tro

Os v e lo c ím e tro s (F igu r a 11.19),


n or m a lm en t e, n ã o r equ er em m a ior es cu i-
da dos, bem com o per m it em a ju st es em
su a s leit u r a s, deven do ser ver ifica dos de
t em pos em t em pos, a t r a vés da c o rrid a
d a m ilh a , qu e deve ser feit a em con dições
de pou co ven t o e cor r en t e. O cá lcu lo da
v e lo c id a d e em fu n çã o da c o rrid a d a m i-
lh a per m it e qu e se fa ça m os a ju st es n e-
cessá r ios pa r a m a ior pr ecisã o do v e lo c í-
m e tro . É opor t u n o a ler t a r qu e a c o rrid a
d a m ilh a deve ser feit a n a vega n do-se e m u m s e n tid o e n o o p o s to , t om a n do-se a m édia
dos r esu lt a dos de v e n to e c o rre n te exist en t es. Con for m e a cim a cit a do, a lgu n s velocím et r os
sã o equ ipa dos, a in da , com disposit ivos qu e in dica m a d is tâ n c ia p e rc o rrid a . At u a lm en t e,
a m a ior ia dos velocím et r os, em ca so de a va r ia da h a st e, per m it e qu e se fa ça a su a su bst it u içã o
sem qu e h a ja n ecessida de de se coloca r a em ba r ca çã o em seco. Os v e lo c ím e tro s sã o m u it o
u sa dos em em ba r ca ções m en or es, pr in cipa lm en t e n a s de espor t e e r ecr eio.

e. Od ô m e tro D o p p le r
O efeit o Doppler é a m u da n ça da fr eqü ên cia de u m a on da qu a n do a fon t e de vibr a çã o
e o obser va dor est ã o em m ovim en t o, u m r ela t iva m en t e a o ou t r o.
O fen ôm en o leva o n om e do físico a u st r ía co Ch r ist ia n J oh a n n DOP P LE R (1803 –
1853) qu e, em 1842, pu blicou u m t r a ba lh o in t it u la do “Sobr e a Lu z Color ida da s E st r ela s
Du pla s”, em qu e descr evia o efeit o em qu est ã o.
Su pon h a m os u m n a vio r eceben do a s on du la ções do m a r dir et a m en t e pela pr oa : a
lin h a da s cr ist a s for m a u m â n gu lo r et o com o pla n o lon git u din a l. In icia lm en t e, o n a vio est á
pa r a do: pa ssa m por u m m esm o pon t o do n a vio, n a u n ida de de t em po, u m n ú m er o de on da s
qu e ch a m a r em os de n . Se o n a vio se desloca r pa r a va n t e, n o sen t ido con t r á r io a o m ovim en t o

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 287


In s tru m e n to s n á u tic o s

da s on du la ções, pa ssa r ã o por esse m esm o pon t o u m n ú m er o m a ior de on da s da u n ida de de


t em po. Se, por ém , o n a vio in ver t er o r u m o e m ovim en t a r -se n o m esm o sen t ido da s on du la ções,
pa ssa r ã o pelo pon t o r efer ido do n a vio u m m en or n ú m er o de on da s da u n ida de de t em po.
Resu m in do: com o n a vio pa r a do pa ssa m n on da s n a u n ida de de t em po; com o n a vio
se desloca n do n a dir eçã o de on de vêm a s on da s, pa ssa m m a is on da s qu e n n a u n ida de de
t em po; com o n a vio se a fa st a n do de on de vêm a s on da s, pa ssa m m en os on da s qu e n n a
u n ida de de t em po.
O efeit o Doppler pode ser explica do em t er m os da t eor ia da s on da s e pela t eor ia
qu â n t ica (pa r a efeit o n a lu z). Veja m os a pr im eir a explica çã o:
Su pon h a m os, a gor a , u m obser va dor e u m cor po son or o pa r a dos: o n ú m er o de com -
pr essões e r a r efa ções do a r qu e ch ega m a o ou vido do obser va dor n u m segu n do é o m esm o
qu e o n ú m er o de vibr a ções por segu n do do cor po son or o. Assim , a fr eqü ên cia n o t ím pa n o é
a m esm a qu e a fr eqü ên cia do cor po son or o.
Ma s, se o cor po son or o est á se a pr oxim a n do do obser va dor com u m a velocida de v , a s
on da s n o a r (ou em ou t r o m eio) en t r e o cor po son or o e o ou vido sã o com pr im ida s com o
m ost r a do n a F igu r a 11.20.

F ig u ra 11.20 - On d a s s o n o ra s

Nu m t em po t o som t er á via ja do u m a
dist â n cia Vt, on de V é a velocida de do som
n o m eio con sider a do. Se o cor po son or o est á
em repouso, como mostra do na Figura 11.20
(a ), o n ú m er o de on da s (u m a com pr essã o
m a is u m a r a r efa çã o con st it u em u m on da )
n a dist â n cia Vt é:

on de l é o com pr im en t o da on da .

Se, en t r et a n t o, o cor po son or o est á se m oven do, com o m ost r a do n a F igu r a 11.20 (b),
o m esm o n ú m er o de on da s é com pr im ido n u m a ext en sã o:
Vt - vt = (V - v)t
e o n ovo com pr im en t o da on da l' ser á da do por :

Desde qu e a r ela çã o en t r e a fr eqü ên cia f ' do cor po son or o em m ovim en t o com o ou vida
pelo obser va dor qu e est á em r epou so e o com pr im en t o da on da l’ é da da por :
V = l'.f '
V V V2 l2 x f2 l x f2 fxV
t em -se: f ' = = = ou : f ' = = =
l' l (V - v) l (V - v) l(V - v) V-v V-v
V

288 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


In s tru m e n to s n á u tic o s

fxV
ist o é: f'=
V-v
on de: f ' = fr eqü ên cia do som com o ou vida pelo obser va dor
f = fr eqü ên cia do som n a fon t e son or a
V = velocida de do som n o m eio
v = velocida de da fon t e son or a .
É devido a o efeit o Doppler qu e o som em it ido por u m a fon t e qu e se a pr oxim a é m a is
a gu do; já qu a n do a fon t e son or a se a fa st a , o som é m a is gr a ve. É por isso qu e o som da
bu zin a de u m a u t om óvel pa r ece m a is a gu do qu a n do ele se a pr oxim a , e m a is gr a ve qu a n do
ele se a fa st a . Com a lu z, os r a ios do espect r o se desloca m pa r a o violet a qu a n do a fon t e se
a pr oxim a , e pa r a o ver m elh o qu a n do a fon t e se a fa st a . Isso foi ver ifica do com a lu m in osida de
da s est r ela s e n ot ou -se qu e a s em issões lu m in osa s de t oda s ela s se desloca va m pa r a o
ver m elh o (o ch a m a do “r ed sh ift ”), dem on st r a n do qu e t oda s a s est r ela s est ã o se a fa st a n do
do cen t r o da ga lá xia , de on de H u bble se ba seou pa r a cr ia r a t eor ia do u n iver so em expa n sã o.
O efeit o Doppler é u t iliza do n os r a da r es doppler , son a r doppler e odôm et r os.
O o d ô m e tro d o p p le r possu i, n o ca sco do n a vio, u m t r a n sdu t or de em issã o e u m de
r ecepçã o. Um sin a l de fr eqü ên cia u lt r a -son or a é em it ido (com o se fosse u m ecoba t ím et r o) e
o r ecept or ca pt a o sin a l r eflet ido pelo fu n do do m a r ou por pequ en a s pa r t ícu la s n a á gu a . Se
o n a vio est iver em m ovim en t o, a fr eqü ên cia r ecebida ser á levem en t e difer en t e da fr eqü ên cia
em it ida e o a pa r elh o m ede essa difer en ça elet r on ica m en t e. A difer en ça de fr eqü ên cia s é
dir et a m en t e pr opor cion a l à velocida de do n a vio (ver fór m u la a cim a ). A velocida de é in t egr a da ,
t a m bém elet r on ica m en t e, e a ssim é obt ida a d is tâ n c ia n a v e g a d a .
O o d ô m e tro d o p p le r é o ú n ico qu e m ede a velocida de n o fu n do. As in dica ções dos
ou t r os t ipos est ã o in flu en cia da s pelos m ovim en t os devidos à s cor r en t es oceâ n ica s, cor r en t es
de m a r és, ven t os, et c. Ta m bém o o d ô m e tro d o p p le r t em a va n t a gem de poder in dica r
velocida des m u it o pequ en a s.
Os o d ô m e tro s d o p p le r u sa m dois t ipos de t r a n sm issã o: em pu lsos ou em sin a l
con t ín u o. O qu e em it e pu lsos de u lt r a -son s per m it e u m a t r a n sm issã o m a is pot en t e sem
a va r ia r o r ecept or e por isso pen et r a em gr a n des pr ofu n dida des. O qu e em it e sin a l con t ín u o
n or m a lm en t e só dá leit u r a s, u sa n do o fu n do com o r efer ên cia , a t é 50 m et r os de pr ofu n dida de.
Qu a lqu er qu e seja a em issã o, ger a lm en t e sã o u sa dos com o r efer ên cia : o fu n do a t é cer ca de
90 m et r os de pr ofu n dida de, e a m a ssa d’á gu a a pa r t ir de 90 m et r os. A pr ecisã o n a s in dica ções
é de cer ca de 0,5% da d is tâ n c ia n a v e g a d a , o qu e, n u m a sin gr a du r a de 360 m ilh a s, dá u m a
a pr oxim a çã o de 1,8 m ilh a s.
O sin a l em it ido pelo o d ô m e tro d o p p le r t a m bém se m ove em r ela çã o a o fu n do do
m a r . O efeit o do ba la n ço pode ser elim in a do, da n do a o feixe em it ido u m for m a t o de feixe de
son a r . Ma s o m ovim en t o de ca t u r r o pode in t r odu zir er r os com o m ovim en t o do feixe pa r a
va n t e ou pa r a r é, a t r a vés do fu n do do m a r . Tr a n sdu t or es especia lm en t e pr ojet a dos r edu zem
e a t é elim in a m esses er r os n os gr a n des n a vios, m a s, n a s em ba r ca ções m en or es (ia t es, pes-
qu eir os, et c), eles só poder ã o ser m in im iza dos. Na s in dica ções de dist â n cia s os er r os devido
a o ca t u r r o ger a lm en t e se a n u la m , m a s n a in dica çã o da velocida de sem pr e h a ver á dú vida .
Os gr a n des n a vios, V.L.C.C. (“Ver y La r ge Cr u de Ca r r ier ”) e U.L.C.C. (“Ult r a La r ge
Cr u de Ca r r ier ”), h oje con st r u ídos, ger a lm en t e possu em u m a pa r elh o s o n a r s e n s o r d e
v e lo c id a d e d o p p le r, qu e oper a em dois eixos, u m lon git u din a l e ou t r o t r a n sver sa l. E le
pode in dica r a s velocida des de desloca m en t o do n a vio n o sen t ido pr oa -popa (pa r a va n t e e
pa r a r é), com o pa r a bom bor do e pa r a bor est e. É m u it o ú t il n a s m a n obr a s de a t r a ca çã o,
qu a n do se n ecessit a con h ecer a velocida de de a pr oxim a çã o do ca is com o m á xim o de pr ecisã o.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 289


In s tru m e n to s n á u tic o s

f. Ta be la RP M x VELOCID AD E
Mu it a s vezes n ã o se dispõe de odôm et r o, n em de velocím et r o, por ém possu ím os in di-
ca dor es de RP M do m ot or . P odem os con h ecer a velocida de desen volvida , desde qu e, pr evia -
m en t e, t en h a m os con st r u ído u m a t a bela de cor r espon dên cia en t r e a s RP M do m ot or e a s
velocida des r esu lt a n t es, o qu e pode ser feit o fa cilm en t e, a t r a vés da c o rrid a d a m ilh a ,
a dia n t e est u da da .
E st a t a bela , in dispen sá vel a bor do, deve, con t u do, ser u t iliza da com cu ida do, u m a
vez qu e, pa r a o m esm o n ú m er o de r ot a ções por m in u t o (RP M), a velocida de cor r espon den t e
depen de, a in da , de ou t r os fa t or es, t a is com o:
• gr a u de lim peza do ca sco;
• est a do do m a r ;
• ca la do;
• ven t o.
Adem a is, con vém t er pr esen t e qu e a velocida de n ã o é u m a fu n çã o lin ea r da s RP M,
sen do a su a cu r va r epr esen t a t iva ba st a n t e a fa st a da da lin h a r et a .

EXEMP LO D E TAB ELA D E ROTAÇÕES

290 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


In s tru m e n to s n á u tic o s

11.3.3 EF EITO D A CORREN TE S OB RE AS IN D ICAÇÕES


D O OD ÔMETRO: CORRID A D A MILHA

a. Efe ito d a c o rre n te s o bre a s in d ic a ç õ e s d o o d ô m e tro


As d is tâ n c ia s e v e lo c id a d e s in dica da s pelos odôm et r os, com exceçã o do o d ô m e tro
d o p p le r, sã o em r ela çã o à m a ssa líqu ida n a qu a l est á m er gu lh a do e, pa r a qu e r eflit a m
exa t a m en t e a d is tâ n c ia ou v e lo c id a d e e m re la ç ã o a o fu n d o , ser ia in dispen sá vel qu e a
m a ssa líqu ida est ivesse a bsolu t a m en t e pa r a da ou , em ou t r a s pa la vr a s, qu e n ã o exist isse
n en h u m a cor r en t e.
Com o est a h ipót ese é r a r íssim a em á gu a s oceâ n ica s ou flu via is, o n a vega n t e deve ser
ca pa z de a ssocia r a s in dica ções do odôm et r o com dist â n cia s (ou velocida des) per cor r ida s
sobr e o fu n do, obt ida s por posições bem det er m in a da s, pa r a con clu ir qu a l a cor r en t e qu e
flu i n a á r ea . P oder á , t a m bém , con h ecen do a cor r en t e, com bin a r seu va lor com a in dica çã o
do odôm et r o, pa r a obt er a dist â n cia (ou velocida de) per cor r ida em r ela çã o a o fu n do, com o
vim os qu a n do est u da m os n a v e g a ç ã o e s tim a d a .
A seqü ên cia a dia n t e expost a ilu st r a r á o qu e foi dit o a cim a , qu a n t o à s velocida des:

• u m n a vio est á fu n dea do em loca l on de exist e u m a cor r en t e de 2 n ós. Ar r ia do o seu odô-


m et r o, ele in dica r á 2 n ós de velocida de, em bor a o n a vio per m a n eça pa r a do em r ela çã o a o
fu n do, pois o n a vio a fila r á à cor r en t e.
• su spen den do o fer r o, e a in da sem a cion a r su a s m á qu in a s, o n a vio fica a der iva . O odôm et r o
in dica r á zer o, em bor a o n a vio est eja sen do leva do pela cor r en t e a u m a velocida de de 2
n ós em r ela çã o a o fu n do.
• a cion a n do su a s m á qu in a s em r egim e qu e lh e a ssegu r e u m a velocida de de 10 n ós n a
á gu a , o n a vio t om a u m r u m o igu a l a o da cor r en t e. O odôm et r o in dica r á 10 n ós, en qu a n t o
qu e a velocida de em r ela çã o a o fu n do ser á de 12 n ós.
• in ver t en do o r u m o, o n a vio a pr oa con t r a a cor r en t e e du r a n t e t odo o t em po o seu odôm et r o
in dica r á 10 n ós, m a s a gor a su a velocida de em r ela çã o a o fu n do já ser á 8 n ós.
Ra ciocín io sem elh a n t e ser á a dot a do qu a n do a s in for m a ções do odôm et r o for em
dist â n cia s:

• pa r a qu e o n a vio n a vegu e en t r e dois pon t os cu ja d is tâ n c ia v e rd a d e ira é 100 m ilh a s,


em r u m o con t r á r io a o da cor r en t e, cu ja velocida de é de 2 n ós, seu odôm et r o in dica r á
va lor m a ior qu e 100', de u m t a n t o igu a l a 2 m ilh a s m u lt iplica da s pelo n ú m er o de h or a s
da t r a vessia . P or exem plo, se u m n a vio r ea liza r a sin gr a du r a de 100 m ilh a s com u m a
v e lo c id a d e n a s u p e rfíc ie de 10 n ós, em r u m o con t r á r io a u m a cor r en t e de 2 n ós, su a
v e lo c id a d e d e fu n d o ser á , n a r ea lida de, 8 n ós. Assim , a du r a çã o do t r a jet o t ot a liza r á
12,5 h or a s. O o d ô m e tro in dica r á pa r a est a t r a vessia u m a d is tâ n c ia p e rc o rrid a (em
r ela çã o à su per fície), de 125 m ilh a s.
• ca so a cor r en t e seja fa vor á vel, n o m esm o r u m o do n a vio, qu a n do per cor r er a s 100' n o
fu n do o odôm et r o do n a vio in dica r á m en os, t a m bém u m t a n t o igu a l a 2 vezes o n ú m er o
de h or a s da t r a vessia . No exem plo a n t er ior , ca so o n a vio vá r ea liza r u m a sin gr a du r a
en t r e dois pon t os cu ja d is tâ n c ia v e rd a d e ira é de 100 m ilh a s, m a n t en do u m a v e lo c id a d e
n a s u p e rfíc ie de 10 n ós e t en do a seu fa vor u m a cor r en t e de 2 n ós, desen volver á , de
fa t o, u m a v e lo c id a d e n o fu n d o de 12 n ós. Assim , a du r a çã o do t r a jet o ser á de 8,33
h or a s e o o d ô m e tro in dica r á , pa r a est a t r a vessia , u m a d is tâ n c ia p e rc o rrid a de 83,3
m ilh a s.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 291


In s tru m e n to s n á u tic o s

b. Co rrid a d a m ilh a
Os o d ô m e tro s e v e lo c ím e tro s n ecessit a m de a fer içã o ou ca libr a gem per iódica , a
fim de ver ifica r -se a exa t idã o de su a s in dica ções. P a r a ist o, pode-se r ecor r er a vá r ios pr o-
cessos, os qu a is, n a su a essên cia , con sist em t odos em a fer ir r igor osa m en t e a d is tâ n c ia
p e rc o rrid a du r a n t e u m cer t o in te rv a lo d e te m p o .
Den t r e esses pr ocessos, a bor da r em os som en t e a qu ele qu e r ecebe o n om e de c o rrid a
d a m ilh a , por ser o m a is com u m en t e u t iliza do.
N a “c o rri d a d a m i lh a ”, o n a vio efet u a u m a sér ie de per cu r sos (cor r ida s) cu ja
dist â n cia , r igor osa m en t e con h ecida , é defin ida a pa r t ir de m a r ca s con spícu a s em t er r a ,
com o a F igu r a 11.21 ilu st r a .

F ig u ra 11.21 - Co rrid a d a Milh a

A dist â n cia D en t r e m a r ca s pode


ser de u m a m ilh a (e da í o n om e t r a dicion a l
de “cor r ida da m ilh a ”), m a s, de pr efer ên -
cia , dever ia ser su per ior a esse va lor (3
ou m a is m ilh a s).
O te m p o qu e o n a vio leva pa r a per -
cor r er ca da u m dos per cu r sos, sob difer en -
t es r egim es de m á qu in a s (RP M), é m edido
r igor osa m en t e, obt en do-se a ssim a s cor -
r espon den t es v e lo c id a d e s .
Com o a s á gu a s n ã o sã o pa r a da s e,
por t a n t o, sem pr e exist e u m a cor r en t e,
u sa -se u m a r t ifício pa r a obt er os r esu lt a -
dos deseja dos, sem sofr er os efeit os da cor -
r en t e.

Adot a -se a m édia dos va lor es de du a s cor r ida s con secu t iva s em r u m os opost os, a n u -
la n do, a ssim , a in flu ên cia da cor r en t e, vist o qu e os seu s efeit os for a m opost os n a s du a s
cor r ida s m en cion a da s.
P a r a m elh or es r esu lt a dos, a c o rrid a d a m ilh a deve ser r ea liza da com bom t em po,
n a a u sên cia de ven t o e em u m loca l on de a pr ofu n dida de seja , pelo m en os, 5 vezes o ca la do
do n a vio (pa r a qu e n ã o h a ja efeit o de pou co fu n do sobr e a s velocida des desen volvida s).
Além disso, a o in icia r ca da cor r ida , o n a vio já deve est a r n o r u m o a dequ a do cer ca de 1
m ilh a a n t es de cr u za r o pr im eir o a lin h a m en t o da m ilh a m e d id a , a fim de ga r a n t ir qu e já
n a vega , r ea lm en t e, n a velocida de cor r espon den t e a o r egim e de m á qu in a s a dot a do, qu a n do
com eça r efet iva m en t e a cor r ida .

c. Ca libra g e m d o s o d ô m e tro s
E n qu a n t o o n a vio fa z a “c o rrid a d a m ilh a ” a pr oveit a -se a opor t u n ida de pa r a , a lém
de det er m in a r a ta be la d e ro ta ç õ e s , efet u a r a c a libra g e m d o s o d ô m e tro s .
Os odôm et r os, t a l com o a con t ece com t odos os in st r u m en t os, t êm os seu s er r os. É
n ecessá r io, por t a n t o, ver ifica r r egu la r m en t e a s su a s in dica ções, com pa r a n do-a s com m edi-

292 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


In s tru m e n to s n á u tic o s

ções efet u a da s dir et a m en t e. Ch a m a -se CALIBRAGE M DO ODÔME TRO à det er m in a çã o


do seu er r o in st r u m en t a l, a fim de poder efet u a r a su a cor r eçã o.
O er r o det er m in a do du r a n t e a ca libr a gem pode ser cor r igido dir et a m en t e, n o ca so de
a lgu n s t ipos de equ ipa m en t os. Na m a ior ia dos in st r u m en t os, por ém , esse er r o n ã o pode ser
com plet a m en t e a n u la do, r est a n do u m er r o r esidu a l qu e im por t a con h ecer .
Um a ca libr a gem con sist e, essen cia lm en t e, em du a s oper a ções leva da s a ca bo sim u l-
t a n ea m en t e:

• Det er m in a çã o da velocida de do n a vio, con for m e in dica da pelo odôm et r o.


• Cá lcu lo da velocida de do n a vio, por m ediçã o dir et a .
A com pa r a çã o dest a s du a s velocida des n os for n ecer á a cor r eçã o, n or m a lm en t e ex-
pr essa em por cen t a gem .
Um a vez qu e est a cor r eçã o n ã o va r ia pr opor cion a lm en t e com a velocida de, deve-se
efet u a r u m a sér ie de cor r ida s, n u m a ga m a va r ia da de velocida des, obt en do-se, a ssim , u m a
sér ie de cor r eções qu e per m it em , n a pr á t ica , in t er pola r lin ea r m en t e, sem er r o a pr eciá vel,
en t r e os va lor es obt idos n a cor r ida .
Con for m e vist o, o pr ocesso m a is r igor oso pa r a pr oceder à c a libra g e m d o s o d ô m e tro s
é a c o rrid a d a m ilh a .
Ex e m p lo :
Um n a vio, a o cor r er a m ilh a m edida n a s pr oxim ida des de Ca bo F r io (Ca r t a Nº 1508)
a n ot ou os elem en t os a ba ixo. Det er m in a r o er r o per cen t u a l do odôm et r o.

CORRIDA RUMO 1º ALINHAMENTO 2ºALINHAMENTO RESULTADOS


CRONÓGR. ODÔMETRO CRONÓGR. ODÔMETRO TEMPO DISTÂNCIA ODÔMETRO
1ª 090º 00m 00s 0075.5' 06m 30s 0076.7' 390s 1.2'
2ª 270º 00m 00s 0078.5' 05m 40s 0079.4' 340s 0,9'

Cá lc u lo s c o rre s p o n d e n te s :

CORRIDA VELOCIDADE NO FUNDO VELOCIDADE ODÔMETRO CÁLCULO DO ERRO


FÓRMULA:
vel od - vel fd
ei (%) = X 100
1ª vel fd (1) = 9.23 nós vel od(1) = 11.08 nós vel od

SINAL:
2ª vel fd (2) = 10.59 nós vel od (2) = 9.53 nós vel od > vel fd = ei (+)
vel od < vel fd : ei (-)

MÉDIAS vel fd = 9.91 nós vel od = 10.30 nós ei = + 3.8 %

Det er m in a do o e rro in s tru m e n ta l do odôm et r o (ei), deve-se pr ocu r a r elim in á -lo.


Ca so n ã o seja possível, deve-se levá -lo em con t a , cor r igin do t oda s a s leit u r a s su bseqü en t es,
sen do a cor r eçã o de va lor igu a l a o do er r o in st r u m en t a l, m a s de s in a l c o n trá rio . No ca so
a cim a , t oda s a s leit u r a s do odôm et r o dever ia m sofr er u m a c o rre ç ã o de – 3.8%.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 293


In s tru m e n to s n á u tic o s

É im por t a n t e n ot a r qu e, m esm o a pós a a plica çã o da c o rre ç ã o , os va lor es n o odôm et r o


pa r a v e lo c id a d e e d is tâ n c ia p e rc o rrid a a in da sã o em r ela çã o à m a ssa líqu ida , e n ã o a o
fu n do. A c o rre ç ã o a n u la a pen a s os er r os da s leit u r a s pr ovoca dos por im pr ecisões n o in s-
t r u m en t o.

11.3.4 P ROCES S O P RÁTICO D E D ETERMIN AÇÃO D E


VELOCIDADE
Na a u sên cia de odôm et r os e velocím et r os, u m pr ocesso pr á t ico, m u it o a dot a do, e qu e
dá r a zoá vel pr ecisã o, pr in cipa lm en t e n o ca so de pequ en a s velocida des, con sist e em la n ça r m os
pela pr oa da em ba r ca çã o e pa r a va n t e, u m objet o flu t u a n t e e visível, t om a n do-se o t em po
qu e ele leva desde qu e pa ssa pela pr oa a t é ch ega r à popa . Devem os u sa r u m cr on ôm et r o
pa r a det er m in a çã o do t em po e obser va r exa t a m en t e o pa ssa r do objet o pela pr oa e pela
popa , u m a vez qu e u m dos elem en t os pa r a o cá lcu lo da velocida de é o com pr im en t o da
em ba r ca çã o.
A fór m u la a em pr ega r é:
com pr im en t o da em ba r ca çã o (em m et r os)
velocida de (em n ós) =
0,514 x t (s)
ou , a pr oxim a da m en t e:
2 x com pr im en t o da em ba r ca çã o (em m et r os)
velocida de (em n ós) =
t (s)

11.4 IN S TRU MEN TOS P ARA MED IÇÃO D E


D IS TÂN CIAS N O MAR
11.4.1 IMP ORTÂN CIA D A MED IÇÃO D E D IS TÂN CIAS
A B ORD O
Con for m e vist o em Ca pít u los a n t er ior es, a d is tâ n c ia (ou a rc o d e d is tâ n c ia ) é u m a
lin h a d e p o s iç ã o (LDP ) u t iliza da com fr eqü ên cia n a n a v e g a ç ã o c o s te ira e n a n a v e g a ç ã o
e m á g u a s re s trita s .
Qu a n do a d is tâ n c ia de u m obser va dor a u m det er m in a do pon t o é con h ecida , pode-
se a fir m a r qu e su a posiçã o est a r á sobr e a cir cu n fer ên cia qu e t em o r efer ido pon t o com o
cen t r o e u m r a io igu a l à d is tâ n c ia m e d id a . Ta l com o m en cion a do n o Ca pít u lo 4, n or m a l-
m en t e n ã o é n ecessá r io t r a ça r t oda a cir cu n fer ên cia de dist â n cia , pois, n a pr á t ica , o n a vega n t e
ger a lm en t e con h ece a su a posiçã o est im a da e, a ssim , é su ficien t e t r a ça r a pen a s u m a rc o
d e d is tâ n c ia , n a s im edia ções da r efer ida posiçã o. A LDP cor r espon den t e à dist â n cia m edida
deve ser r ot u la da com a h or a da obser va çã o, expr essa com 4 dígit os.
Adem a is, n a vios de gu er r a m a n obr a n do em for m a t u r a n ecessit a m fr eqü en t em en t e
det er m in a r a d is tâ n c ia a os n a vios m a is pr óxim os e a o gu ia , a lgu m a s vezes sob con dições
de silên cio r a da r . A det er m in a çã o de dist â n cia s é, a in da , im por t a n t e n a s m a n obr a s pa r a
evit a r colisões e sit u a ções per igosa s n o m a r .
As dist â n cia s a bor do sã o m edida s por s is te m a s e le trô n ic o s (especia lm en t e pelo
RAD AR , qu e ser á est u da do n o Ca pít u lo 14) ou por m é to d o s v is u a is .
Os m é to d o s v is u a is u t iliza m e s ta d ím e tro s , s e x ta n te s , te lê m e tro s e g u a rd a -
p o s to .

294 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


In s tru m e n to s n á u tic o s

11.4.2 ES TAD ÍMETROS


Os e s ta d ím e tro s ba seia m -se n o pr in cípio de det er m in a çã o da d is tâ n c ia pela m ediçã o
do â n g u lo v e rtic a l qu e su bt en de u m objet o de a ltitu d e c o n h e c id a , u t iliza n do a fór m u la :
d = h . c o tg a
on de: d : dist â n cia a o objet o visa do (for n ecida pelo est a dím et r o);
h : a lt it u de con h ecida do objet o visa do (in t r odu zida n o in st r u m en t o); e
a : â n gu lo ver t ica l qu e su bt en de o objet o (m edido com o est a dím et r o)
A a ltitu d e do objet o visa do, pa r a o qu a l se det er m in a a dist â n cia , deve est a r en t r e
50 pés e 200 pés (15m e 60m ).
E m bor a t a m bém u sa do em n a v e g a ç ã o c o s te ira e e m á g u a s re s trita s , pa r a det er -
m in a r a dist â n cia a a u xílios à n a vega çã o ou pon t os con spícu os de a ltitu d e c o n h e c id a , o
e s ta d ím e tro é m a is em pr ega do pa r a m edir dist â n cia s pa r a ou t r os n a vios em u m a for m a -
t u r a . Qu a n do m edin do dist â n cia s pa r a ou t r os n a vios, in t r odu z-se n o e s ta d ím e tro a a lt u r a
(em pés) en t r e a lin h a d’á gu a e o t ope do m a st r o (ou a a n t en a de r a da r m a is a lt a ) do n a vio
pa r a o qu a l se deseja det er m in a r a dist â n cia . Na m ediçã o de dist â n cia s pa r a a u xílios à
n a vega çã o ou pon t os con spícu os, in t r odu z-se n o est a dím et r o a a ltitu d e (em pés) do objet o
pa r a o qu a l se deseja det er m in a r a dist â n cia .
Os e s ta d ím e tro s n or m a lm en t e per m it em a det er m in a çã o de d is tâ n c ia s en t r e 250
ja r da s e 10.000 ja r da s (0.1 a 5 m ilh a s). E n t r et a n t o, a s d is tâ n c ia s sã o m edida s com pr ecisã o
r a zoá vel a pen a s a t é 2.000 ja r da s. Além dest a dist â n cia , a pr ecisã o dos e s ta d ím e tro s dim in u i
pr ogr essiva m en t e.
Os t ipos m a is com u n s de e s ta d ím e tro sã o o t ipo F ISK, ou STANDARD (F igu r a
11.22), e o BRANDON, ou t ipo sext a n t e (F igu r a 11.23).

F ig u ra 11.22 - Es ta d ím e tro tip o F is k (o u s ta n - F ig u ra 11.23 - Es ta d ím e tro tip o S e x ta n te


d a rd ) ("B ra n d o n ")

A oper a çã o do e s ta d ím e tro F ISK, a qu i descr it a (ver F igu r a 11.24), é t ípica de a m bos


os m od elos , s en d o o u s o d o t ip o BRAN DON d ifer en t e a p en a s em p ou cos d et a lh es .
Su pon h a m os qu e se deseja m edir a d is tâ n c ia pa r a u m n a vio cu ja a lt u r a en t r e a lin h a
d’á gu a e o t ope do m a st r o é de 18,3 m et r os:

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 295


In s tru m e n to s n á u tic o s

F ig u ra 11.24 - Op e ra ç ã o d o Es ta d ím e tro tip o


F is k F ig u ra 11.25 - U s o d o Es ta d ím e tro

• in icia lm en t e, obt en h a a a lt u r a (ou a lt it u de) em pés. Nest e ca so, 18,3 m et r os cor r espon dem
a 60 pés;
• in t r odu za o va lor da a lt u r a (ou a lt it u de) con h ecida (60 pés) n o bra ç o ín d ic e ;
• vise o n a vio pa r a o qu a l se deseja det er m in a r a dist â n cia , a t r a vés da lu n e ta . Assim
com o n o sext a n t e, ser á vist a u m a im a g e m d ire ta e u m a im a g e m re fle tid a . Gir e o
ta m bo r g ra d u a d o de m odo qu e o t ope da im a g e m re fle tid a t a n gen cie a pa r t e de ba ixo
(lin h a d’á gu a ) da im a g e m d ire ta (F igu r a 11.25); e
• leia a d is tâ n c ia dir et a m en t e, em ja rd a s , n o ta m bo r g ra d u a d o .
Ta l com o os dem a is in st r u m en t os ót icos, os e s ta d ím e tro s sã o delica dos e devem ser
m a n u sea da s e gu a r da dos cu ida dosa m en t e. An t es de ser u t iliza do, o e s ta d ím e tro deve ser
a fer ido, pa r a qu e seja m elim in a dos, a t r a vés de r et ifica çã o, er r os in st r u m en t a is a pr eciá veis.
Qu a n do a a lt u r a do m a st r o do n a vio pa r a o qu a l se deseja obt er a dist â n cia é m en or
qu e 50 pés (15 m et r os) pode-se u sa r o a r t ifício de in t r odu zir n o e s ta d ím e tro o dobr o da
a lt u r a e, pa r a obt er a d is tâ n c ia , dividir por 2 a leit u r a do ta m bo r g ra d u a d o .

11.4.3 D ETERMIN AÇÃO D E D IS TÂN CIAS COM O


SEXTANTE
F ig u ra 11.26 - S e x ta n te
O u so do s e x ta n te (F igu r a 11.26)
n a n a v e g a ç ã o c o s te ira e e m á g u a s
re s trita s já foi m en cion a do em Ca pít u los
a n t e r i or e s . O i n s t r u m e n t o s e r á
det a lh a da m en t e est u da do n o Vo lu m e II
d e s t e Ma n u a l , n a p a r t e r e fe r e n t e à
N a v e g a ç ã o As tro n ô m ic a .
F u n d a m e n t a l m e n t e con ce b i d o
pa r a det er m in a r a a lt u r a a n gu la r dos
a s t r os , o s e x t a n t e p er m it e, t a m bém ,
ca lcu la r a d is tâ n c ia a u m objet o de a lti-
t u d e con h e ci d a , s i t u a d o a q u é m d o

296 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


In s tru m e n to s n á u tic o s

F ig u ra 11.27 -
DISTÂNCIA PELO SEXTANTE
h or izon t e, se for obser va do o â n g u lo v e r-
(ÂNGULO VERTICAL)
tic a l qu e o su bt en de. Com efeit o, su po-
OBJETO AQUÉM DO HORIZONTE n h a m os qu e u m n a vega dor , com u m a e le -
(TODO VISÍVEL DE BORDO) v a ç ã o “e” (F igu r a 11.27), m ede o â n g u lo
v e rtic a l a segu n do o qu a l obser va u m ob-
jet o, cu ja a ltitu d e “H ” se con h ece e qu e
se en con t r a sit u a do a qu ém do a lca n ce vi-
su a l a o h or izon t e (ist o é, o objet o é t odo
visível de bor do).
Na F igu r a (A) vem os qu e, t eor ica -
m en t e, a dist â n cia D , n a su per fície da Ter -
r a , n ã o é su ben t en dida dir et a m en t e pelo
â n gu lo , m a s, n a pr á t ica , sim plifica -se a
sit u a çã o, a dot a n do a r esolu çã o de u m só
t r iâ n gu lo r et â n gu lo (ver F igu r a B), u m a
vez qu e sã o a ceit á veis a s segu in t es a pr o-
xim a ções:

• A cu r va t u r a da Ter r a é despr ezível pa r a a s dist â n cia s n or m a lm en t e m edida s, bem com o


o efeit o da r efr a çã o t er r est r e.
• A eleva çã o do obser va dor (e) é pequ en a , qu a n do com pa r a da com D e com H; e
• A dist â n cia en t r e a lin h a de cost a e a ver t ica l do objet o obser va do é, n or m a lm en t e, m u it o
pequ en a , qu a n do com pa r a da com a dist â n cia D .
F eit a s est a s sim plifica ções, a d is tâ n c ia poder á ser obt ida pela fór m u la :
D = H cot g a (F igu r a 11.28), on de:
F ig u ra 11.28 -

D = Hcotga

D – d is tâ n c ia a o objet o visa do;


H – a ltitu d e c o n h e c id a do objet o;
a – â n g u lo v e rtic a l qu e su bt en de o objet o, m edido com o s e x ta n te .
Not e–se, con t u do, qu e o er r o ca u sa do por est a s sim plifica ções só é de despr eza r qu a n do
a dist â n cia en t r e o n a vio e a lin h a de cost a é sign ifica t iva m en t e m a ior qu e a dist â n cia dest a
à ver t ica l do objet o.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 297


In s tru m e n to s n á u tic o s

É pr eciso sem pr e con sider a r qu e, com o em pr ego dest e m ét odo, a d is tâ n c ia o btid a


(D ) é a dist â n cia a o objet o e n ã o à lin h a de cost a (F igu r a 11.29).

F ig u ra 11.29 - Cu id a d o – D is tâ n c ia c a lc u la d a : OM; d is tâ n c ia à c o s ta : OM'

Visa n do fa cilit a r a obt en çã o da s dist â n cia s pelos n a vega n t es, for a m con st r u ída s
Ta bela s, n a s qu a is, en t r a n do-se com os a r gu m en t os de a ltitu d e do objet o, em m et r os, e
â n g u lo v e rtic a l obser va do, obt ém -se a d is tâ n c ia , em m ilh a s, objet o – obser va dor . As
Ta bela s em qu est ã o sã o a pr esen t a da s n a F igu r a 11.30 (A e B ).
F ig u ra 11.30 (a ) - D is tâ n c ia e m m ilh a s p e lo â n g u lo v e rtic a l

298 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


In s tru m e n to s n á u tic o s

F ig u ra 11.30 (b) - D is tâ n c ia e m m ilh a s p e lo â n g u lo v e rtic a l (c o n tin u a ç ã o )

As Ta be la s p a ra D e te rm in a ç ã o d e D is tâ n c ia s p e lo Ân g u lo Ve rtic a l con sider a m


a s sim plifica ções a n t er ior es descr it a s, a lém de a r r edon da r em a s dist â n cia s pa r a o décim o
de m ilh a m a is pr óxim o.

F ig u ra 11.31 - D is tâ n c ia a o bje to a lé m d o h o rizo n te

Q u a n d o o ob je t o d e a l t u r a
con h ecida est á a lém do h or izon t e (ou seja ,
qu a n do su a pa r t e in fer ior n ã o é visível), o
m ét odo n ã o é in dica do, pelos r esu lt a dos
pou co r igor osos a qu e con du z. Nest e ca so,
é m elh or bu sca r -se a det er m in a çã o da
D = (H - h) cotg (a - dp)
posiçã o por ou t r os m ét odos (ver F igu r a
11.31).
POUCO PRECISA
DESACONSELHÁVEL
AINDA TERIA QUE CORRIGIR DA REFRAÇÃO

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 299


In s tru m e n to s n á u tic o s

11.4.4 TELÊMETRO
É u m a pa r elh o ót ico pa r a det er m in a r dist â n cia s, u su a lm en t e de su a posiçã o a u m
pon t o-a lvo. E le m ede o â n gu lo for m a do pelos r a ios lu m in osos qu e vêm do a lvo e pen et r a m
n o in st r u m en t o por du a s ja n ela s (objet iva s) qu e fica m n a s ext r em ida des. Com esse â n gu lo
e o la do opost o (dist â n cia en t r e a s du a s objet iva s, den om in a da lin h a -ba s e ), o te lê m e tro
r esolve dir et a m en t e o t r iâ n gu lo, for n ecen do a dist â n cia . E xist em dois t ipos de t elêm et r os:
de c o in c id ê n c ia e e s te re o s c ó p ic o .
F ig u ra 11.32 - Te lê m e tro d e Co in c id ê n c ia
TELÊMETRO DE COINCIDÊNCIA O m é t o d o d e c o i n c i d ê n c i a é o m a is
em pr ega do. N est e, o a lvo a pa r ece n a objet iva
NO INÍCIO dividido h or izon t a lm en t e em du a s pa r t es igu a is,
sepa r a da s por u m a lin h a . As du a s m et a des da
im a gem s ã o p r od u zid a s p or ca d a ext r em o d o
in st r u m en t o e podem ser leva da s à coin cidên cia
por in t er m édio de u m bot ã o de com a n do (F igu r a
11.32 A e B ).
Qu a n do a s du a s m et a des da im a gem do
AJUSTANDO objet o visa do sã o leva da s à coin cidên cia , lê-se a
O BOTÃO DE
dist â n cia a o objet o em u m a esca la de dist â n cia s,
MEDIÇÃO
vist a n or m a lm en t e a t r a vés da objet iva .
Os te lê m e tro s ger a lm en t e n ecessit a m ser
a fer idos ou ca libr a dos, com pa r a n do-se a dist â n cia
in dica da pelo in st r u m en t o com u m a dist â n cia de
va lor con h ecido.

11.4.5 GU ARD A-P OS TO


O g u a rd a -p o s t o é u m pequ en o in st r u m en t o de r efr a çã o lu m in osa , dest in a do a
ofer ecer a o n a vega n t e, com o a u xílio de d ia g ra m a s e s p e c ia is , a d is tâ n c ia en t r e dois
n a vios. Seu em pr ego pr in cipa l é n a n a vega çã o em for m a t u r a , pa r a a m a n u t en çã o do post o.

F ig u ra 11.33 - Gu a rd a -P o s to
Tem a for m a da F igu r a 11.33 on de S é u m
su por t e de m a deir a , m et a l ou plá st ico, on de dois
pr ism a s A e B sã o a loja dos, com os vér t ices vol-
t a dos pa r a o cen t r o. Sob u m pr ism a lê-se o n ú m er o
16; sob o ou t r o, o n ú m er o 32.
E sses n ú m er os sã o os pa r â m et r os de ca da
pr ism a e in dica m qu e, n a dist â n cia de u m a a m a r -
r a (0,1 m ilh a ), a im a gem de u m objet o vist a a t r a -
vés do pr ism a ser á desvia da ver t ica lm en t e de 16
ou 32 pés, con for m e o pr ism a u sa do. P a r a det er -
m in a r a d is tâ n c ia a u m n a vio, segu r a -se o gu a r -
da -post o pelo su por t e, leva n do-se o pr ism a esco-

300 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


In s tru m e n to s n á u tic o s

lh ido à a lt u r a de u m dos olh os, m a n t en do-se o a pa r elh o per pen dicu la r a o r a io lu m in oso
vin do do n a vio. F a z-se, en t ã o, a visa da t a n gen cia n do a a r est a a do pr ism a , m ost r a da n a
F igu r a 11.33, a o m a st r o do n a vio pa r a o qu a l se deseja m edir a dist â n cia . Nessa oca siã o,
pr ocu r a -se ver sim u lt a n ea m en t e a s im a gen s dir et a do n a vio e r efr a t a da do seu m a st r o,
obser va n do-se em qu e pon t o da im a gem dir et a ca i a im a gem r efr a t a da do t ope do m a st r o.
Com o desvio a ssim obser va do, ser á lida a d is tâ n c ia n o d ia g ra m a r ela t ivo a o n a vio visa do,
n a colu n a cor r espon den t e a o pr ism a u t iliza do (16' ou 32'), in t er pola n do-se essa dist â n cia a
olh o, se n ecessá r io.
Os d ia g ra m a s e s p e c ia is sã o in dispen sá veis pa r a a m edida de d is tâ n c ia s com o
g u a rd a -p o s to . Na F igu r a 11.34 est á r epr odu zido o DIAGRAMA P ARA USO DO GUARDA-
P OSTO r efer en t e a os CT Cla sse “VILLE GAGNON”. Nor m a lm en t e, t a is dia gr a m a s in dica m
a s d is tâ n c ia s de 50 em 50 m et r os pa r a o pr ism a de 32' e de 100 em 100 m et r os pa r a o
pr ism a de 16'.
F ig u ra 11.34 - D ia g ra m a p a ra u s o d o Gu a rd a -P o s to

As s im , s e, em for m a t u r a , u m obs er va d or n o n os s o n a vio vis a r u m CT Cla s s e


“VILLE GAGNON” com o g u a rd a -p o s to , u sa n do o pr ism a de 32', e ver ifica r qu e a im a g e m
re fra ta d a do t ope do m a st r o coin cide com a lu z d e a lc a n ç a d o da im a gem dir et a do n a vio,
com o m ost r a a F igu r a 11.35, n o d ia g ra m a cor r espon den t e obt ém -se a dist â n cia en t r e o
n osso n a vio e o n a vio visa do: 350 m et r os.
F ig u ra 11.35 -

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 301


In s tru m e n to s n á u tic o s

11.4.6 D ETERMIN AÇÃO D A D IS TÂN CIA A OB J ETO N O


HORIZONTE
A d i s t â n c i a a o h o r i z o n t e (t a m b é m ch a m a d a , e m n a ve ga çã o, d e a l c a n c e
g e o g rá fic o ) pode ser det er m in a da , em fu n çã o da eleva çã o do olh o do obser va dor , pela
fór m u la : D (em m ilh a s) = 2 Ö h (em m et r os)

F ig u ra 11.36 - D is tâ n c ia a o h o rizo n te
D (milhas) = 2 Ö h (metros) Sen do D a d is tâ n c ia a o h o rizo n te
e h a a ltitu d e (ou e le v a ç ã o ) d o o lh o d o
o bs e rv a d o r (F igu r a 11.36).
Assim , se est a m os a 4 m et r os a cim a
d o n ível d o m a r , n os s a d i s t â n c i a a o
h o rizo n te ser á de:
D = 2 Ö4 = 4 m ilh a s

Dest a for m a , se h ou ver u m pequ en o objet o n o h or izon t e, pode-se est im a r qu e n ossa


dist â n cia a t é ele ser á de, a pr oxim a da m en t e, 4 m ilh a s.

F ig u ra 11.37 - D is tâ n c ia a o o bje to d e a ltitu d e c o n h e c id a n o h o rizo n te ("bo ia n d o ")

Se sa bem os qu e n ossa a lt u r a a cim a


do n ível do m a r é de 9 m et r os e qu e o objet o
a ser visa do t em u m a a lt it u de de 100 m e-
t r os, podem os dizer qu e, em boa s con di-
D = 2 Öh + 2 ÖH ções de visibilida de, qu a n do do seu a vis-
t a m en t o, a n ossa dist â n cia a pr oxim a da
pa r a ele ser á de (F igu r a 11.37):
D=2 Öh +2 ÖH =2 Ö9 + 2 Ö100 = 26 m ilh a s.

11.4.7 CÁLCU LO D A D IS TÂN CIA P OR D OIS ÂN GU LOS


E D IS TÂN CIA N AVEGAD A
A dist â n cia a u m objet o pode ser ca lcu la da a pr oxim a da m en t e, desde qu e se con h eça
du a s a lt u r a s a n gu la r es su cessiva s do objet o e a dist â n cia n a vega da en t r e ela s, com o n a vio
a pr oa do a o objet o, ou da n do a popa a ele. Na F igu r a 11.38, qu a n do o n a vio est a va n a posiçã o
A, u m obser va dor m ediu a a lt u r a a n gu la r a, em m in u t os, do fa r ol M, com u m sext a n t e, e
a n ot ou a leit u r a do odôm et r o n est e m om en t o.
F ig u ra 11.38 - D is tâ n c ia p o r d o is â n g u lo s v e rtic a is e d is tâ n c ia n a v e g a d a
A pa r t ir do pon t o A, t en do n a vega -
do em dir eçã o a o fa r ol M, depois de u m
cer t o t em po, a o a t in gir a posiçã o B , o ob-
ser va dor t or n ou a m edir a a lt u r a a n gu la r
do fa r ol, de va lor ß a gor a , em m in u t os, e
r egist r ou a n ova leit u r a do odôm et r o. A
dist â n cia D , em m ilh a s, do obser va dor
qu a n do a t in giu o pon t o B a o fa r ol, é da da
pela fór m u la :

302 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


In s tru m e n to s n á u tic o s

EXEMP LO:
U m obser va dor , em u m n a vio com o r u m o n a dir eçã o do P ã o de Açú ca r , n u m
det er m in a do m om en t o, m ediu a a lt u r a a n gu la r a = 2° 15', o odôm et r o a cu sa n do 786,5';
a lgu m t em po depois, a a lt u r a a n gu la r ß foi de 3° 28' e a leit u r a do odôm et r o foi de 790,0.
Qu a l a dist â n cia da segu n da posiçã o a o P ã o de Açú ca r ?
a = 2° 15' = 135'; ß = 3° 28' = 208'; dist od = 790,0 – 786,5 = 3,5'
a 135
D = dist od x = 3,5 x = 6,5'
b-a 208 - 135

11.4.8 P ROCES S OS P RÁTICOS D E MED ID A D E


DISTÂNCIAS
Um a boa m a n eir a de se e s tim a r a dist â n cia a u m objet o de a lt it u de con h ecida é
u t iliza n do u m a r égu a gr a du a da . Ba st a est en der o br a ço n a h or izon t a l, segu r a r a r égu a
ver t ica lm en t e n a dir eçã o do objet o visa do e ver ifica r qu a l o com pr im en t o n a r égu a qu e
cobr e o objet o visa do (ou seja , devem os m edir , sobr e a esca la da r égu a , a dim en sã o do
objet o), t a l com o ilu st r a do n a F igu r a 11.39.

F ig u ra 11.39 - P ro c e s s o p rá tic o p a ra e s tim a d e d is tâ n c ia


A dist â n cia do olh o do obser va dor
à r égu a pode ser fa cilm en t e det er m in a da
(e t en de a ser u m a con st a n t e pa r a ca da
obser va dor ). Com a a lt it u de con h ecida do
objet o visa do, ca lcu la - se a dist â n cia a o
objet o, con for m e a ba ixo m ost r a do.

EXEMP LO:
Um fa r ol com 70 m et r os de a lt it u de cobr e 4 cen t ím et r os de u m a r égu a a fa st a da 60
cen t ím et r os do olh o do obser va dor . E n t ã o, a dist â n cia a o fa r ol ser á de:
H 70
D=d = 0,6 X = 1.050 m = 0,57 m ilh a s
L 0,04
E st e m ét odo t a m bém pode ser u sa do h or izon t a lm en t e, qu a n do se t em u m objet o de
com pr im en t o con h ecido (com o a ilh a da F igu r a 11.40). Nest e ca so, a r égu a deve ser segu r a da
h or izon t a lm en t e, com o br a ço est ica do, deven do ser m edida , sobr e a esca la da r égu a , a
dim en sã o do objet o visa do.
Assim , n a F igu r a cit a da , u m obser va dor segu r a a r égu a a u m a dist â n cia d = 60
cen t ím et r os da vist a ; a ilh a , cu jo com pr im en t o é C = 1,2', su bt en de a pa r t e h = 10 cm da
r égu a .

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 303


In s tru m e n to s n á u tic o s

d h Cxd 1,2 x 60
Na F igu r a 11.40 t em -se qu e: = ; ou : D = = = 7,2'
D C h 10

A d is t â n c ia ser á expr essa n a u n ida de em qu e se m edir a a lt it u de ou o com pr im en t o


do objet o. Sen do est a s expr essa s em m et r os ou pés, pa r a t er m os a dist â n cia em m ilh a s,
ba st a dividir o r esu lt a do por 1852 ou 6076,12, r espect iva m en t e.
A dist â n cia a u m objet o de com pr im en t o con h ecido t a m bém pode ser e s tim a d a pelo
“m é to d o d o d e d o ”. P a r a t a n t o, ba st a fech a r u m olh o, est en der u m br a ço n a h or izon t a l,
dist en der o polega r n a ver t ica l e, n essa posiçã o, fa zer o polega r t a n gen cia r u m a da s ext r e-
m ida des do objet o. Abr in do o olh o e fech a n do o ou t r o, o polega r “pa r ece” desloca r -se sobr e o
objet o con h ecido. E n t ã o, com o com pr im en t o do objet o e est im a n do a por cen t a gem desse
com pr im en t o qu e o polega r “per cor r eu ” a o se desloca r a pa r en t em en t e, t em -se a dist â n cia
a o objet o, n a m esm a u n ida de a dot a da pa r a m edir o seu com pr im en t o, desde qu e se m u lt i-
pliqu e a por cen t a gem a n t er ior por 10.
F ig u ra 11.40 - Mé to d o d a Ré g u a F ig u ra 11.41 - Mé to d o d o D e d o

C.d
D= D = P% . C . 10
h

Assim , n a F igu r a 11.41, sobr e a ilh a de com pr im en t o C = 2' o obser va dor est im ou qu e
o polega r , a o se desloca r , a pa r en t em en t e, da posiçã o 1 pa r a a posiçã o 2, per cor r eu a
por cen t a gem P = 30% de C.
A dist â n cia à ilh a ser ia :
D = P % x C x 10 = 0,3 x 2 x 10 = 6'.
E m bor a elem en t a r , esse m ét odo ofer ece r esu lt a dos ca da vez m elh or es com o a u m en t o
da pr á t ica , n a est im a t iva per cen t u a l do desloca m en t o a pa r en t e do polega r .

11.5 IN S TRU MEN TOS P ARA MED IÇÃO D E


P ROF U N D ID AD ES

11.5.1 IMP ORTÂN CIA D O CON HECIMEN TO D A


P ROFUNDIDADE
A p ro fu n d id a d e é u m da do de fu n da m en t a l im por t â n cia pa r a a segu r a n ça do n a vio,
ou em ba r ca çã o, n a n a v e g a ç ã o c o s te ira e, especia lm en t e, qu a n do se t r a fega em á g u a s
re s trita s .
A Ca r t a Ná u t ica r egist r a a s pr ofu n dida des n a á r ea r epr esen t a da e a pr esen t a diver sa s
lin h a s i s o b á t i c a s (i s ó b a t a s ou i s o b a t i m é t ri c a s ), qu e in t er liga m pon t os de m esm a

304 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


In s tru m e n to s n á u tic o s

pr ofu n dida de e per m it em visu a liza r a t opogr a fia su bm a r in a . Ta n t o a s p ro fu n d id a d e s ,


com o a s c u rv a s is o ba tim é tric a s , con st it u em in for m a ções m u it o va liosa s pa r a o n a vega n t e.
Ba sica m en t e, o n a vega n t e det er m in a a p ro fu n d id a d e da posiçã o em qu e se en con t r a
com u m ou m a is dos segu in t es pr opósit os:

• a va lia r se a p ro fu n d id a d e m edida ofer ece per igo, t en do em vist a o ca la do do seu n a vio,


ou em ba r ca çã o;
• com pa r a r a p ro fu n d id a d e m edida com a r egist r a da n a Ca r t a Ná u t ica pa r a a posiçã o
por ele det er m in a da , com o u m m eio de ver ifica r essa posiçã o; e
• ob t e r u m a l i n h a d e p o s i ç ã o , p ois , con for m e vis t o e m C a p ít u los a n t e r ior e s , a
p ro fu n d id a d e é u m a LDP de qu e se la n ça m ã o n a n a v e g a ç ã o c o s te ira , em con dições
especia is.
P a r a det er m in a r pr ofu n dida des, o n a vega n t e, n or m a lm en t e, dispõe dos segu in t es
m eios:

• pr u m o de m ã o;
• m á qu in a de son da r ; e
• ecoba t ím et r o.

11.5.2 P RU MO D E MÃO
O p ru m o d e m ã o (F igu r a 11.42) con sist e em u m peso de ch u m bo de for m a t r on -
côn ica , den om in a do CH UMBADA, t en do n a pa r t e su per ior u m a ALÇA, ou u m or ifício, e n a
ba se u m CAVADO, on de se coloca sa bã o ou sebo, com a fin a lida de de t r a zer u m a a m ost r a
da qu a lida de do fu n do, in dica n do a te n s a .
F ig u ra 11.42 - P ru m o d e m ã o
Na a lça ou n o or ifício da ch u m ba da
dá volt a u m a LINH A DE BARCA, on de
s e fa z u m a g r a d u a çã o e m m e t r os .
Ger a lm en t e, gr a du a -se a lin h a com o zer o
d is t a n t e d a a lça d a ch u m ba d a d e u m
com pr im en t o igu a l à a lt u r a da m ã o do
oper a dor a cim a do pla n o de flu t u a çã o.
As s im , o op e r a d or lê a gr a d u a çã o d e
son da gem n a su a m ã o. A leit u r a se t or n a
m u it o m a is fá cil e pr ecisa do qu e se fosse
feit a a o lu m e d’á gu a , ca so n ã o se a dot a sse
esse “descon t o”, m or m en t e à n oit e ou em son da gen s feit a s de pla t a for m a s eleva da s.
A pa r t ir do zer o, n a s dist â n cia s de dois, qu a t r o, seis e oit o m et r os, m a r ca -se a lin h a
com u m , dois, t r ês e qu a t r o n ós em m er lim , r espect iva m en t e. As son da gen s ím pa r es, u m ,
t r ês, cin co, set e e n ove sã o m a r ca da s, in dist in t a m en t e, com u m a t ir a de cou r o en fia da n a
lin h a . Toda s a s dem a is su bdivisões t er m in a da s n os m esm os a lga r ism os da s u n ida des
r ecebem a s m esm a s m a r ca s. Assim , por exem plo, em dezesseis m et r os en con t r a m -se a pen a s
t r ês n ós em m er lim e em vin t e e t r ês m et r os som en t e u m a t ir a de cou r o. Aos dez m et r os,
fa z-se u m a pin h a e pr en de-se u m peda ço de filele br a n co; a os vin t e m et r os, du a s pin h a s e
filele a zu l; a os t r in t a m et r os, t r ês pin h a s e filele en ca r n a do.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 305


In s tru m e n to s n á u tic o s

O com pr im en t o da lin h a va r ia de 25 a 45 m et r os e o peso da ch u m ba da de 2,5 a 7


qu ilos. Nor m a lm en t e, u sa m -se dois t ipos de pr u m o, u m pa r a pr ofu n dida des a t é 25 m et r os,
com ch u m ba da de cer ca de 3 qu ilos, e ou t r o pa r a m a ior es pr ofu n dida des, com ch u m ba da
m a is pesa da e lin h a m a ior .
Deve-se fa zer a gr a du a çã o com a lin h a m olh a da , sen do pr efer ível escolh er u m a lin h a
já u sa da e est ica da pr evia m en t e, o qu e pode ser feit o r eboca n do-a com u m peso a m a r r a do
a o seu ch icot e.
An t es de se u sa r o pr u m o, é n ecessá r io ver ifica r pa r a qu e a lt u r a foi feit o o descon t o
do zer o da gr a du a çã o.
P a r a det er m in a çã o da pr ofu n dida de com o p ru m o d e m ã o , a velocida de do n a vio
pr ecisa ser r edu zida a t é 3 n ós, n o m á xim o, e o oper a dor deve la n ça r a ch u m ba da com u m
for t e im pu lso pa r a va n t e e fa zer a leit u r a qu a n do o pr u m o est iver a piqu e.
O fu n do é, ger a lm en t e, m en or qu e o in dica do, por ca u sa da ca t en á r ia for m a da pela
lin h a e por n ã o ser feit a a leit u r a exa t a m en t e com o pr u m o a piqu e. A pr ecisã o da m edida
depen de ba st a n t e da t écn ica e da pr á t ica do son da dor . Con for m e m en cion a do, é com u m a s
ch u m ba da s possu ír em n a su a ba se u m a pa r t e côn ca va ch eia com sa bã o, ou sebo, com a
fin a lida de de, a o t oca r em o fu n do, t r a zer em u m a in for m a çã o sobr e a su a qu a lida de, o qu e,
em det er m in a da s cir cu n st â n cia s, é de gr a n de u t ilida de, especia lm en t e pa r a o fu n deio.
Com o n a vio fu n dea do, o pr u m o t a m bém ser ve pa r a in dica r se ele ga r r a ; pa r a isso,
la r ga -se a ch u m ba da n o fu n do, com u m pou co de seio n a lin h a , e a m a r r a -se est a à bor da . A
in clin a çã o da lin h a den u n cia se o n a vio est á ga r r a n do.

11.5.3 MÁQU IN A D E S ON D AR
A m á qu in a d e s o n d a r (F igu r a 11.43) é, em sín t ese, u m pr u m o m ecâ n ico, pa r a
gr a n des pr ofu n dida des, on de o la n ça m en t o e o r ecolh im en t o sã o feit os por in t er m édio de
t a m bor es ou gu in ch os, a copla dos ou n ã o a u m m ot or elét r ico. A lin h a de ba r ca foi su bst it u ída
por u m ca bo de a ço e a ch u m ba da por ou t r a de peso m a ior . Den t r o da ch u m ba da podem ser
coloca dos t u bos qu ím icos qu e in dica r ã o a m á xim a pr ofu n dida de a qu e for a m a r r ia dos; podem
ser , t a m bém , a copla dos a cessór ios den om in a dos “bu sca -fu n do”, qu e colh em a m ost r a s do
fu n do, pa r a det er m in a çã o da t en sa .
F ig u ra 11.43 - Má qu in a d e s o n d a r m a n u a l
O in dica dor de pr ofu n dida de pode
ser m ecâ n ico ou qu ím ico, h a ven do m á qu i-
n a s de son da r qu e possu em os dois dispo-
sit ivos. O in dica dor m ecâ n ico con sist e em
u m con t a dor do com pr im en t o do ca bo da
son da qu e sa iu do sa r ilh o do a pa r elh o, qu e
é in dica do em u m m ost r a dor com pon t ei-
r os. O in dica dor qu ím ico con sist e n u m t u -
bo de vidr o, a ber t o n u m a da s ext r em ida -
des, e pin t a do pelo la do de den t r o de cr o-
m a t o de pr a t a (ver m elh o), qu e descor a em
con t a t o com a á gu a . O t u bo é coloca do n u m
est ojo e pr eso à ch u m ba da . O a r den t r o
do t u bo é com pr im ido pela á gu a , qu a n do

306 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


In s tru m e n to s n á u tic o s

est á sen do feit a a son da gem . At en den do à lei de Boyle-Ma r iot t e, a á gu a pen et r a a t é u m a
a lt u r a , com pr im in do o a r , e en t ã o descor a n do o t u bo. O com pr im en t o da pa r t e descor a da é
m edido n u m a r égu a especia lm en t e ca libr a da e n os dá a pr ofu n dida de. O m ét odo qu ím ico só
a pr esen t a r esu lt a dos sa t isfa t ór ios a t é pr ofu n dida des de 100 br a ça s (cer ca de 183 m et r os).
A oper a çã o de m á qu in a d e s o n d a r é ilu st r a da n a F igu r a 11.44.
F ig u ra 11.44 - Op e ra ç ã o d a m á qu in a d e s o n d a r

As m á qu in a s de son da r n ã o con s-
t a m m a is da dot a çã o n or m a l dos n a vios
em ger a l, sen do seu u so a t u a l r est r it o a os
n a vios de pesqu isa h idr ogr á fica ou ocea -
n ogr á fica .

11.5.4 ECOB ATÍMETROS

a. P rin c íp io fu n d a m e n ta l
Um feixe de on da s son or a s ou u lt r a -son or a s é t r a n sm it ido ver t ica lm en t e por u m
em issor in st a la do n o ca sco do n a vio; t a l feixe a t r a vessa o m eio líqu ido a t é o fu n do e a í se
r eflet e, volt a n do à su per fície, on de é det ect a do por u m r ecept or .
O t em po decor r ido en t r e a em issã o do sin a l e a r ecepçã o do eco r eflet ido do fu n do é
con ver t ido em pr ofu n dida de, pois a velocida de do som n a á gu a é con h ecida (@ 1500 m et r os
por segu n do).
Os ecoba t ím et r os, ou son da s son or a s, a pr esen t a m va n t a gen s sobr e os pr u m os de
m ã o ou m ecâ n icos, pois per m it em son da gen s con t ín u a s com qu a lqu er velocida de do n a vio,
em pr ofu n dida des n ã o a lca n ça da s por eles, e qu a se in depen den t em en t e da s con dições de
t em po.

b. D e s c riç ã o d o e qu ip a m e n to
Os Ec o ba tím e tro s podem ser s o n o ro s (fr eqü ên cia m en or qu e 18 KH z) ou u ltra -
s o n o ro s (fr eqü ên cia m a ior qu e 18 KH z).
O equ ipa m en t o é con st it u ído, ba sica m en t e, pelos segu in t es com pon en t es (F igu r a
11.45):

• TRANSMISSOR / E XCITADOR
• RE CE P TOR
• AMP LIF ICADOR
• RE GISTRADOR E /OU INDICADOR
• TRAN SDU TOR
• COMANDO DE TRANSMISSÃO

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 307


In s tru m e n to s n á u tic o s

F ig u ra 11.45 - Ec o ba tím e tro

Registrador/Indicador O c o m a n d o d e tra n s m is s ã o en -
via , a in t er va los de t em po con st a n t es, u m
pu lso a o e x c ita d o r / tra n s m is s o r, qu e,
r eceben do esse sin a l, en via u m pu lso de
en er gia elét r ica de pot ên cia m u it o m a ior
qu e a r ecebida , a o tra n s d u to r. O tra n s -
d u to r d e e m is s ã o é u m disposit ivo qu e
t r a n sfor m a en er gia elét r ica em son or a . O
eco r eflet ido pelo fu n do do m a r im pr es-
sion a o t ra n s d u t o r d e re c e p ç ã o , qu e
t r a n sfor m a a en er gia son or a em en er gia
elét r ica , qu e é, por su a vez, en via da a o m e-
didor de in t er va lo de t em po. No m edidor ,
é m edido o in t er va lo en t r e a em issã o do
pu lso e a r ecepçã o do eco, qu e é t r a n sfor -
m a d o d ir et a m en t e em p r ofu n d id a d e e
a pr esen t a do, visu a l ou gr a fica m en t e, n o
re g is tra d o r / in d ic a d o r.
Qu a n do o pu lso son or o é t r a n sm i-
t ido, in icia -se a con t a gem do t em po, a pa r -
t ir do in st a n t e da t r a n sm issã o. Ao ser r e-
cebido o eco r eflet ido n o fu n do, é feit a a
m edida do in t er va lo de t em po decor r ido

en t r e o in st a n t e da t r a n sm issã o e o in st a n t e da r ecepçã o do eco.


Assim , a pr ofu n dida de do loca l ser á igu a l à velocida de do som m u lt iplica da pela
m et a de do in t er va lo de t em po a cim a descr it o.
A in dica çã o de pr ofu n dida de pode ser :

• DIGITAL
• AN ALÓGICA
• a t r a vés de r egist r o em u m a E SCALA GRÁF ICA.
As F igu r a s 11.46, 11.47 e 11.48 ilu st r a m ecoba t ím et r os com a s in dica ções de pr ofu n -
dida de a cim a cit a da s. O r egist r o gr á fico da s pr ofu n dida des t em a va n t a gem de pr opor cion a r
u m a boa visu a liza çã o do r elevo su bm a r in o da á r ea on de se n a vega . Moder n a m en t e, em vez
do t r a dicion a l r egist r o em pa pel, m u it os ecoba t ím et r os a pr esen t a m o r elevo su bm a r in o em
t ela s de LCD de a lt a r esolu çã o.
Os tra n s d u to re s sã o in st a la dos n o fu n do do ca sco do n a vio, pr óxim o da qu ilh a e
em it em u m feixe son or o (ou u lt r a -son or o) em for m a de con e, com u m â n gu lo de a ber t u r a
qu e va r ia de equ ipa m en t o pa r a equ ipa m en t o.
P a r a t r a n sfor m a r en er gia elét r ica em pu lso son or o e vice-ver sa , os tra n s d u to re s
u t iliza m o pr in cípio da m a gn et ost r içã o ou da piezo-elet r icida de.
Os fu n dos du r os sã o m elh or es r eflet or es qu e os fu n dos m a cios, pr odu zin do, a ssim ,
u m eco m a is for t e. Qu a n do n o lim it e da esca la de u m ecoba t ím et r o, pode-se t er dificu lda des
de leit u r a se o fu n do for de la m a m a cia , devido à pou ca in t en sida de do eco pr odu zido.

308 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


In s tru m e n to s n á u tic o s

F i g u r a 1 1 .4 6 - E c o b a t í m e t r o F ig u ra 11.47 - In d ic a d o r a n a ló g ic o
c o m a p re s e n ta ç ã o g rá fic a d e p ro fu n d id a d e (lu z n e o n )

F ig u ra 11.48 - In d ic a d o r d ig ita l e re g is tro g rá fic o d e p ro fu n d id a d e s

At u a lm en t e, os e c o b a t í m e t r o s
possu em diver sos r ecu r sos, en t r e os qu a is
s ob r e s s a e m o a l a r m e d e b a i x a
p r ofu n d i d a d e e o a l a r m e d e a l t a
pr ofu n dida de. O a la r m e de ba ixa pr ofu n -
dida de pode ser a ju st a do pa r a a ler t a r o
n a vega n t e qu a n do o n a vio a t in ge u m a
pr ofu n dida de con sider a da com o lim it e de
segu r a n ça pa r a a n a vega çã o.
Am bos os a la r m es, desde qu e con ven ien t em en t e a ju st a dos, podem da r a o n a vega n t e
u m a boa in dica çã o de qu e o n a vio est á ga r r a n do, qu a n do fu n dea do ou a m a r r a do à bóia .

c. Me d iç ã o d e p ro fu n d id a d e s c o m o e c o ba tím e tro
A pr ofu n dida de m edida com o e c o ba tím e tro , con for m e vist o, t em com o r efer ên cia o
fu n do do n a vio on de est ã o loca liza dos os tra n s d u to re s . P or t a n t o, pa r a obt er a pr ofu n dida de
do loca l n o in st a n t e da son da gem é n ecessá r io som a r à leit u r a do e c o ba tím e tro o va lor do
c a la d o do n a vio, ou em ba r ca çã o, pois:
P ROF UNDIDADE RE AL = P ROF UNDIDADE ABAIXO DA QUILH A + CALADO
A qu a se t ot a lida de dos a pa r elh os per m it e a in t r odu çã o do va lor do c a la d o , de m odo
qu e a s in dica ções do e c o ba tím e tro t en h a m com o r efer ên cia o n ível do m a r n o in st a n t e da
m ediçã o.
E n t r et a n t o, o n ível do m a r , con for m e sa bem os, n ã o é im óvel, va r ia n do pr in cipa lm en t e
em fu n çã o da s m a r és. As p ro fu n d id a d e s r epr esen t a da s n a s Ca r t a s Ná u t ica s t êm com o
or igem o Nível de Redu çã o, qu e, pa r a a s n ossa s ca r t a s, é defin ido com o a m é d ia d a s ba ix a -
m a re s d e s izíg ia . Dest a for m a , pa r a com pa r a r com pr ecisã o a p ro fu n d id a d e m e d id a
com a s o n d a g e m r epr esen t a da n a ca r t a , é pr eciso con sider a r a a ltu ra d a m a ré n o in st a n t e
da m ediçã o, su bt r a in do-a (n o ca so de a lt u r a da m a r é posit iva ) ou , even t u a lm en t e, som a n do-
a (n o ca so r ela t iva m en t e r a r o de a lt u r a n ega t iva da m a r é, ou seja , de n ível a t u a l do m a r
a ba ixo do Nível de Redu çã o).

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 309


In s tru m e n to s n á u tic o s

Os e c o ba tím e tro s dest in a dos a em pr egos m a is pr ecisos, com o leva n t a m en t os h i-


dr ogr á ficos ou pesqu isa s geofísica s, devem ser a fer idos/ca libr a dos, por com pa r a çã o com a
leit u r a de u m pr u m o de m ã o ou ba r r a de ca libr a gem , em con dições especia is (n a vio pa r a do,
m a r ca lm o, et c.). A velocida de de pr opa ga çã o do som n a á gu a do m a r n ã o é con st a n t e e ist o
con st it u i u m a da s fon t es de er r o n a s m edida s dos e c o ba tím e tro s . Algu n s m odelos, pa r a
u so cien t ífico, per m it em r egu la r a velocida de do equ ipa m en t o de m odo qu e cor r espon da
exa t a m en t e a o va lor da velocida de de pr opa ga çã o do som n a á gu a em qu e se oper a .

11.6 IN S TRU MEN TOS D E D ES EN HO E


P LOTAGEM

11.6.1 RÉGU AS P ARALELAS E P LOTAD ORES


A ré g u a p a ra le la (F igu r a 11.49) con st it u i a fer r a m en t a t r a dicion a l do n a vega n t e
pa r a det er m in a r a dir eçã o de qu a lqu er lin h a t r a ça da n a Ca r t a Ná u t ica e pa r a t r a ça r u m a
lin h a em u m a dir eçã o especifica da .
F ig u ra 11.49 - In s tru m e n to s p a ra d e s e n h o e p lo ta g e m

Réguas paralelas Lupa Compassos Estaciógrafo

P a r a det er m in a r a d ire ç ã o de u m a lin h a t r a ça da n a ca r t a , a ré g u a p a ra le la deve


ser desloca da pa r a u m a da s ro s a s d e ru m o s r epr esen t a da s n a Ca r t a Ná u t ica , com o cu ida do
de m a n t ê-la sem pr e pa r a lela à lin h a de r efer ên cia , du r a n t e t odo o m ovim en t o da r égu a .
Alca n ça da a ro s a d e ru m o s , fa z-se a leit u r a da d ire ç ã o v e rd a d e ira deseja da , t en do-se o
cu ida do pa r a n ã o t om a r a r ecípr oca .
P a r a t r a ça r u m a lin h a de r u m o ou m a r ca çã o em u m a det er m in a da d ire ç ã o , pa r t e-
se da ro s a d e ru m o s e desloca -se a ré g u a p a ra le la pa r a a posiçã o deseja da , com o cu ida do
de m a n t ê-la sem pr e pa r a lela à dir eçã o de r efer ên cia .
E xist em ré g u a s p a ra le la s (t ipo “Ca pt a in F ields”) qu e possu em u m a gr a du a çã o qu e
fa cilit a o seu u so, pois dispen sa m o desloca m en t o da r égu a a t é a ro s a d e ru m o s , u t iliza n do
com o r efer ên cia pa r a leit u r a da s dir eções qu a lqu er m e rid ia n o (ou p a ra le lo ) r epr esen t a do
n a ca r t a , em con ju n t o com a gr a du a çã o da r égu a .
De qu a lqu er for m a , se, du r a n t e o seu m ovim en t o, a ré g u a p a ra le la escor r ega r , ou
desliza r , deve-se com eça r de n ovo t odo o pr ocedim en t o.
P a r a evit a r est es in con ven ien t es, exist em os p lo ta d o re s - p a ra le lo s (“p a ra lle l p lo t-
te rs ”), qu e possu em r olet es qu e se desloca m pa r a lela m en t e sobr e a ca r t a , m a n t en do seu
a lin h a m en t o or igin a l (F igu r a 11.50). Os p lo ta d o re s -p a ra le lo s sã o de fá cil m a n ejo e m a is

310 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


In s tru m e n to s n á u tic o s

pr á t icos pa r a u so em em ba r ca ções m en or es, on de o em pr ego da ré g u a p a ra le la t or n a -se


difícil, pela fa lt a de espa ço e ba la n ço/ca t u r r o da em ba r ca çã o.

F ig u ra 11.50 - P lo ta d o r p a ra le lo ("P a ra lle l P lo tte r")

O “p a r a l l e l p l o t t e r ” p os s u i u m a gr a d u a çã o qu e, em con ju n t o com qu a lqu er


m e ri d i a n o ou p a ra le lo t r a ça do n a Ca r t a , per m it e obt er d i re ç õ e s v e rd a d e i ra s com
fa cilida de, o qu e evit a t er qu e desloca r m u it o o plot a dor sobr e a ca r t a , dim in u in do a s ch a n ces
de er r os n o t r a n spor t e de r u m os e m a r ca ções.
Ou t r o p lo ta d o r u t iliza do em n a vega çã o est á m ost r a do n a F igu r a 11.51. E m bor a
or igin a lm en t e dest in a do à n a vega çã o a ér ea , su a sim plicida de e con ven iên cia t or n a r a m -n o
m u it o u sa do n o m a r . O “N a v y P lo tte r” n ã o possu i pa r t es m óveis e a s dir eções sã o lida s n os
m e rid ia n o s r epr esen t a dos n a Ca r t a Ná u t ica , con for m e ilu st r a do n a F igu r a 11.52.
F ig u ra 11.51 - P lo ta d o r tip o N a v y F ig u ra 11.52 - U s o d o "N a v y P lo tte r"

11.6.2 COMP AS S O D E N AVEGAÇÃO


Os c o m p a s s o s sã o in st r u m en t os essen cia is n a n a vega çã o, pa r a m edida de dist â n cia s
sobr e a Ca r t a Ná u t ica , pa r a ca r t ea r posições, pa r a plot a gem da posiçã o est im a da , pa r a o
t r a ça do da LDP dist â n cia e do a lca n ce de fa r óis e ou t r os a u xílios à n a vega çã o.
P odem ser do t ipo m ost r a do n a s F igu r a s 11.49 e 11.53(a ), de pon t a seca e feit os pa r a
ser em u t iliza dos com u m a só m ã o, ou do t ipo u sa do em desen h o t écn ico, com pon t a de
gr a fit e, ilu st r a do n a F igu r a 11.53(b).
De qu a lqu er m odo, é im por t a n t e qu e os c o m p a s s o s em pr ega dos em n a vega çã o seja m
ca pa zes de m a n t er exa t a m en t e u m a a ber t u r a n eles in t r odu zida , a fim de pr eser va r a pr ecisã o
da s dist â n cia s com eles t r a ça da s ou por eles m edida s. Se h ou ver dú vida s se a a ber t u r a
in t r odu zida n o com pa sso m odificou -se du r a n t e o m a n u seio, o n a vega n t e deve ver ificá -la e,
se n ecessá r io, r epet ir a oper a çã o.
E specia lm en t e qu a n do se pr a t ica n a v e g a ç ã o ra d a r e se det er m in a a posiçã o por
c ru za m e n to d e d is tâ n c ia s , é m u it o ú t il dispor a bor do de u m c in te l (F igu r a 11.54), qu e

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 311


In s tru m e n to s n á u tic o s

per m it e o t r a ça do de a r cos de dist â n cia m a ior es qu e a a ber t u r a m á xim a de u m com pa sso


com u m . Se o n a vega n t e n ã o dispu ser do c in te l, poder á ver -se n a sit u a çã o de t er a pen a s
d is tâ n c ia s ra d a r pa r a det er m in a r su a posiçã o, m a s n ã o poder plot a r a s LDP n a Ca r t a ,
por ca u sa da lim it a da a ber t u r a de seu s com pa ssos.
Figu ra 11-53 - Com passos u sados e m n ave gaç ão F ig u ra 11.54 - Cin te l

B
A

11.6.3 ES TACIÓGRAF O
O e s ta c ió g ra fo (F igu r a 11.49) é u m in st r u m en t o m u it o ú t il a bor do, especia lm en t e
pa r a a plot a gem da p o s iç ã o p o r s e g m e n t o s c a p a z e s (F igu r a 11.55), já a bor da da n o
Ca pít u lo 4.

F ig u ra 11.55 - P o s iç ã o p o r s e g m e n to s c a p a ze s

O br a ço cen t r a l do in st r u m en t o é
fixo e con st it u i a r efer ên cia cor r espon den -
t e à gr a du a çã o ze ro . O â n gu lo da esqu er -
da (m edido com o sext a n t e en t r e o objet o
da esqu er da e o pon t o cen t r a l) é in t r odu -
zido n o est a ciógr a fo, m oven do-se o br a ço
da esqu er da a t é a gr a du a çã o cor r espon -
den t e a o â n gu lo m edido. O â n gu lo da di-
r eit a (en t r e o pon t o cen t r a l e o objet o da
dir eit a ) é a ju st a do n o in st r u m en t o deslo-
ca n do-se o br a ço da dir eit a a t é a gr a du a -
çã o cor r espon den t e a o va lor m edido.
O e s ta c ió g ra fo é, en t ã o, coloca do
sobr e a Ca r t a e or ien t a do de m odo qu e a s
bor da s-ín dices dos t r ês br a ços t a n gen ciem
a s r epr esen t a ções ca r t ogr á fica s dos t r ês
objet os obser va dos. A posiçã o do n a vio, ou
em ba r ca çã o, es t a r á n o cen t r o d o in s -
t r u m en t o, poden do ser m a r ca da a lá pis,
a t r a vés de u m pequ en o or ifício exist en t e
(F igu r a 11.56).

312 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


In s tru m e n to s n á u tic o s

Um in st r u m en t o in t er essa n t e, sim ila r a o e s ta c ió g ra fo , é o P o s ic io n a d o r We e m s ,


m ost r a do n a F igu r a 11.57. O in st r u m en t o ser ve t a n t o pa r a m edir â n gu los h or izon t a is en t r e
t r ês objet os ca r t ogr a fa dos, com o pa r a plot a r a posiçã o r esu lt a n t e (com o se fosse u m est a ció-
gr a fo).
F ig u ra 11.56 - U s o d o Es ta c ió g ra fo F ig u ra 11.57 - P o s ic io n a d o r We e m s

Os â n gu los podem ser m edidos com pr ecisã o e a va n t a gem do in st r u m en t o é qu e n ã o


r equ er a leit u r a dos â n gu los com s e x t a n t e , su a a n ot a çã o e a post er ior in t r odu çã o n o
e s ta c ió g ra fo pa r a plot a gem da posiçã o.
O sist em a ót ico do posicion a dor é sem elh a n t e a o do s e x ta n te , ba sea n do-se n a d u p la
re fle x ã o d o ra io lu m in o s o . O br a ço cen t r a l (ou de r efer ên cia ) dispõe de u m espelh o fixo;
u m segu n do espelh o pode ser gir a do n o pla n o h or izon t a l, m oven do-se o br a ço dir eit o ou o
br a ço esqu er do do in st r u m en t o. E st e segu n do espelh o t em u m r a sgo ver t ica l t r a n spa r en t e
n o seu cen t r o.
P a r a obt er o â n gu lo en t r e o pon t o cen t r a l e o pon t o da dir eit a , o in st r u m en t o é m a n t ido
n a h or izon t a l, com o br a ço de r efer ên cia dir ecion a do pa r a o pon t o cen t r a l, qu e é vist o a t r a vés
do r a sgo n o espelh o gir a t ór io, dir et a m en t e por cim a do cen t r o do espelh o fixo. O br a ço da
dir eit a e o espelh o gir a t ór io sã o, en t ã o, desloca dos a t é qu e o objet o da dir eit a seja vist o
r eflet ido n o espelh o fixo, dir et a m en t e sob o pon t o cen t r a l. Nest a posiçã o, fixa -se o br a ço
dir eit o.
P a r a m edir o â n gu lo da esqu er da , pocede-se de m a n eir a sem elh a n t e, fixa n do-se, de-
pois, o br a ço esqu er do em posiçã o. Coloca -se, en t ã o, o in st r u m en t o sobr e a Ca r t a Ná u t ica ,
u sa n do-o com o se fosse u m e s ta c ió g ra fo , pa r a det er m in a r a posiçã o. O posicion a dor é
especia lm en t e in dica do pa r a obt er u m a posiçã o pr ecisa qu a n do fu n dea do, in depen den t e-
m en t e de qu a lqu er in for m a çã o da a gu lh a .

11.6.4 TRAN S F ERID OR U N IVERS AL (TU )


O Tra n s fe rid o r U n iv e rs a l (TU), m ost r a do n a F igu r a 11.58, já foi devida m en t e
explica do n o Ca pít u lo 5, qu a n do se est u dou a n a v e g a ç ã o e s tim a d a . Seu u so é ba st a n t e
con ven ien t e, t a n t o n o CIC, com o n o pa ssa diço ou ca m a r im de n a vega çã o dos n a vios m a ior es.
O TU é fixa do n o ca n t o su per ior esqu er do da m esa de n a vega çã o. P a r a u t ilizá -lo, a
Ca r t a Ná u t ica t a m bém deve ser fixa da à m esa de n a vega çã o, n or m a lm en t e com fit a gom a da .

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 313


In s tru m e n to s n á u tic o s

A r égu a do TU é or ien t a da segu n do os m er idia n os da ca r t a , sen do, en t ã o, fixa da em posiçã o,


len do 000° / 180°. A pa r t ir da í, a r égu a pode ser m ovida pa r a qu a lqu er posiçã o da ca r t a e a
dir eçã o n a qu a l est á a lin h a da lida n a r osa gr a du a da exist en t e n o cen t r o do in st r u m en t o.

F ig u ra 11.58 - Tra n s fe rid o r U n iv e rs a l

11.6.5 OU TROS IN S TRU MEN TOS D E D ES EN HO E


P LOTAGEM

a. Lá p is e bo rra c h a s
O lá p is u t iliza do em n a vega çã o deve ser su ficien t em en t e m a cio pa r a qu e, em ca so
de n ecessida de de u so de bo rra c h a , n ã o pr ovoqu e r a su r a s n a s Ca r t a s Ná u t ica s. E n t r et a n t o,
n ã o pode ser m u it o m a cio, pa r a n ã o bor r a r e su ja r a ca r t a . Um lá pis m édio, com o o H B ou o
Nº2, pr odu z boa s plot a gen s. O u so de la piseir a 0.5 m m com gr a fit e H B t a m bém é r ecom en -
da do.
As lin h a s devem ser t r a ça da s de leve n a Ca r t a s Ná u t ica s. Adem a is, evit e t r a çá -la s
m a is lon ga s qu e o n ecessá r io. Na plot a gem de m a r ca ções, con for m e a n t er ior m en t e m en cio-
n a do, evit e pr olon ga r a lin h a a t é o pon t o m a r ca do, t r a ça n do-a a pen a s n a s im edia ções da
posiçã o est im a da , a fim de pr eser va r a ca r t a e n ã o r a su r a r a r epr esen t a çã o dos pon t os
n ot á veis u t iliza dos com o r efer ên cia pa r a a s m a r ca ções.
As bor r a ch a s devem ser m a cia s e a pa ga r sem r a su r a r ou su ja r o pa pel.

b. Lu p a
Um a lu p a (F igu r a 11.49) t a m bém é u m a cessór io ú t il, pa r a fa cilit a r a leit u r a de
sím bolos ca r t ogr á ficos, n ot a s de pr eca u çã o e ou t r a s in for m a ções a pr esen t a da s n a Ca r t a
Ná u t ica com t ipos m u it o pequ en os.

c. Es qu a d ro s e tra n s fe rid o re s
E s q u a d ro s , t ra n s fe ri d o re s , ré g u a s m i li m é t ri c a s e ou t r os in st r u m en t os de
desen h o t a m bém podem ser u t iliza dos n a n a vega çã o. Um p a r d e e s qu a d ro s pode ser
em pr ega do pa r a m edir a dir eçã o de u m a lin h a n a ro s a d e ru m o s ou t r a n spor t a r u m a
det er m in a da dir eçã o da ro s a d e ru m o s pa r a u m ou t r o pon t o da Ca r t a Ná u t ica . E n t r et a n t o,
os esqu a dr os podem escor r ega r ou desliza r sobr e a ca r t a , a fa st a n do-se da dir eçã o or igin a l,

314 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


In s tru m e n to s n á u tic o s

o qu e r ecom en da da r pr efer ên cia a o u so de ré g u a s p a ra le la s ou dos plot a dor es a cim a


cit a dos.

11.7 OU TROS IN S TRU MEN TOS D E


N AVEGAÇÃO

11.7.1 B IN ÓCU LOS E LU N ETAS


Os in st r u m en t os u t iliza dos em n a vega çã o pa r a a u m en t a r o poder da visã o sã o os
bin ó c u lo s (F igu r a 11.59) e a s lu n e ta s ou ó c u lo s d e a lc a n c e (F igu r a 11.60).
F ig u ra 11.59 - B in ó c u lo 7 x 50 F ig u ra 11.60 - Óc u lo d e a lc a n c e

Os b i n ó c u lo s sã o design a dos por dois n ú m er os (exem plo: 7x 50) qu e in dica m a


p o tê n c ia e o ta m a n h o d a o bje tiv a , r espect iva m en t e.
A p o tê n c ia (ou p o d e r d e a m p lia ç ã o ) de u m bin ó c u lo é o n ú m er o de vezes qu e o
objet o visa do é a u m en t a do. P or exem plo, os bin ócu los de bor do sã o qu a se sem pr e 7x 50, o
qu e sign ifica qu e a u m en t a m s e te v e ze s os objet os visa dos. Um bin ócu lo 10x a u m en t a r á
d e z v e ze s o objet o visa do.
O pr im eir o n ú m er o t a m bém sign ifica o qu a n t o qu e o bin ó c u lo a pr oxim a o objet o
colim a do. Se visa r m os u m fa r ol com u m bin ó c u lo cu ja p o tê n c ia é 7x , n a dist â n cia r ea l de
3,5 m ilh a s, com o bin ó c u lo ver em os com o se o fa r ol est ivesse a 0,5 m ilh a s, ist o é, s e te
v e ze s m a is per t o.
A p o tê n c ia de u m bin ó c u lo é det er m in a da pelo t a m a n h o, cu r va t u r a e coloca çã o
da s len t es.
O segu n do n ú m er o da design a çã o de u m bin ó c u lo é o d iâ m e tro d a o bje tiv a , em
m ilím e tro s . Um bin ó c u lo 7x 50 t em objet iva de 50 m m de d iâ m e tro . Objet iva s m a ior es
pr opor cion a m m a is lu z, por ém sã o n or m a lm en t e m a is pesa da s.
Ch a m a -se de c a m p o d e v is ã o de u m bin ó c u lo o ca m po vist o a t r a vés da s len t es.
Ger a lm en t e, é expr esso em m edida a n gu la r , m a s t a m bém pode ser da do em m et r os, pa r a
u m a dist â n cia de 1.000 m et r os (ou pés, pa r a u m a dist â n cia de 1.000 pés). Se disser m os qu e
u m bin ó c u lo t em u m c a m p o de 150 m e tro s , sign ifica qu e m ost r a r á u m a a ber t u r a de 150
m et r os n u m a dist â n cia de 1.000 m et r os.
Qu a n t o m a ior o a u m e n to m en or é o c a m p o d e v is ã o . É u m a n ecessida de ót ica .
Assim , se escolh er m os u m a len t e de a u m en t o m u it o gr a n de (20x, por exem plo), o ca m po de

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 315


In s tru m e n to s n á u tic o s

visã o ser á r edu zido. A solu çã o é a u m en t a r o diâ m et r o da len t e, m a s o bin ócu lo se t or n a


m u it o gr a n de e pesa do. P or isso, os bin ócu los n or m a lm en t e u sa dos em n a vega çã o n ã o t êm
m u it o poder de a m plia çã o (m a gn ifica çã o) e os qu e t êm sã o m on t a dos em t r ipé n a s a sa s do
pa ssa diço ou n o t iju pá , por ser em gr a n des e pesa dos. Ta m bém ocor r e qu e, em con dições
n or m a is, h á u m a per da de cer ca de 5% da lu z qu a n do u m r a io lu m in oso pa ssa a t r a vés de
u m a su per fície a r -vidr o. Os bin ócu los possu em in ú m er a s len t es e, a ssim , h á u m a gr a n de
per da de lu z. P a r a evit a r isso, a s len t es sofr em u m r evest im en t o (COATING), qu e elim in a
essa per da e r est a u r a a lu z do feixe lu m in oso. E sse r evest im en t o a pa r ece com o u m a pelícu la
a zu l escu r a qu a n do a len t e é vist a sob lu z r eflet ida .
A dist â n cia in t er pu pila r dos olh os va r ia de 55 a 70 m ilím et r os. A a ju st a gem pa r a a
dist â n cia cor r et a é feit a dobr a n do o bin ó c u lo em t or n o da a r t icu la çã o cen t r a l e, a ssim ,
a pr oxim a n do ou a fa st a n do a s len t es. Qu a n do n a posiçã o cor r et a , deve ser lida e a n ot a da a
m a r ca n a esca la da a r t icu la çã o, pa r a u so fu t u r o pelo m esm o obser va dor . O bin ócu lo est a r á
cor r et a m en t e a ju st a do qu a n do os dois ca m pos de visã o cir cu la r es se ju n t a r em em u m ú n ico.
E xist em dois t ipos de bin ócu los qu a n t o a o sist em a de foca gem . Um t em sist em a de
foca gem cen t r a l, a t r a vés u m r odet e m on t a do en t r e os dois t u bos ocu la r es, pa r a fin a lida de
de foco. Um a da s ocu la r es, a da dir eit a , é a ju st á vel pa r a com pen sa r a s va r ia ções n a pot ên cia
da visã o. O ou t r o sist em a é de m eca n ism o de foca gem in dividu a l, qu e n ã o possu i r odet e
cen t r a l. Ca da ocu la r é foca da sepa r a da e in depen den t em en t e. P a r a esse fim , a m ba s a s
ocu la r es possu em esca la pa r a o con ven ien t e posicion a m en t o diópt r ico.
At u a lm en t e, sã o u sa dos n a n a vega çã o t ipos sofist ica dos de bin ó c u lo s . Mu it os in -
cor por a m a g u lh a s m a g n é tic a s (bú s s o la s ), pa r a obt en çã o de m a r ca ções m a gn ét ica s, e
sã o à pr ova d’á gu a , com o os m odelos m ost r a dos n a F igu r a 11.61 (a ) e (b). Ou t r os, a lém de
bú s s o la , possu em disposit ivo pa r a visã o n ot u r n a ou sob con dições de pou ca lu z.
F i g u r a 1 1 .6 1 (a ) - B i n ó c u l o 7 x 5 0 c o m F i g u r a 1 1 .6 1 (b ) - B i n ó c u l o 7 x 5 0 c o m
bú s s o la e te lê m e tro -brilh o re la tiv o : 95%; bú s s o la e te lê m e tro -brilh o re la tiv o : 78%;
c a m p o d e v is ã o : 366' c a m p o d e v is ã o : 366'

Sem pr e qu e u sa r bin ó c u lo s , o n a vega n t e deve t er o cu ida do de pa ssa r a s a lça s em


t or n o do pescoço e pr ot eger o in st r u m en t o, pa r a qu e n ã o sofr a ch oqu es, qu e, m esm o pequ en os,
podem ca u sa r o desa lin h a m en t o da s len t es. Um a boa m a n eir a de gu a r da r os bin ócu los a
bor do, com segu r a n ça e de m odo a t ê-los sem pr e à m ã o pa r a u so, é con feccion a r ca ixa s
especia is pa r a os in st r u m en t os, fixa da s à s a n t epa r a s in t er n a s do pa ssa diço.

316 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


In s tru m e n to s n á u tic o s

11.7.2 IN S TRU MEN TOS D IVERS OS

a. Cro n ó g ra fo
É u m in st r u m en t o m u it o ú t il pa r a n a vega çã o, pr in cipa lm en t e à n oit e, pa r a det er m i-
n a çã o de ca r a ct er íst ica s de fa r óis, fa r olet es e ou t r os a u xílios lu m in osos à n a vega çã o, a fim
de per m it ir su a cor r et a iden t ifica çã o. Na fa lt a de u m c ro n ó g ra fo , o n a vega n t e deve dispor ,
n o m ín im o, de u m bom r elógio com con t a gem de segu n dos. Os c ro n ô m e tro s , essen cia is n a
N a v e g a ç ã o As tro n ô m ic a , ser ã o est u da dos n o Volu m e II dest e Ma n u a l.

b. Ca lc u la d o ra Ele trô n ic a
É , t a m bém , m u it o ú t il a o n a vega n t e, desde a s m a is sim ples, pa r a os cá lcu los r ot in eir os
(especia lm en t e os a ssocia dos à n a v e g a ç ã o e s tim a d a) a t é a s c a lc u la d o ra s p ro g ra m á v e is ,
com p ro g ra m a s d e n a v e g a ç ã o pa r a oper a ções com plexa s, t a is com o o cá lcu lo de d e rro ta s
o rto d rô m ic a s e de re ta s d e p o s iç ã o n a N a v e g a ç ã o As tro n ô m ic a . Nã o se deve esqu ecer
de pr oviden cia r ba t er ia s de r eser va .

c. La n te rn a
E m bor a sim ples, est e in st r u m en t o n ã o pode deixa r de ser m en cion a do, pela su a u t ili-
da de n a n a vega çã o n ot u r n a , pa r a leit u r a do sext a n t e ou do pelor o, a n ot a çã o dos va lor es ob-
t idos, et c. La n t er n a s (e pilh a s sobr essa len t es) devem est a r sem pr e dispon íveis à n oit e. O idea l
é qu e seja equ ipa da com vidr o ver m elh o, ou , pelo m en os, est a r a da pt a da com u m peda ço de
pa pel celofa n e en ca r n a do, pa r a n ã o pr eju dica r a “visã o n ot u r n a ” do n a vega n t e.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 317


In s tru m e n to s n á u tic o s

318 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


P u blic a ç õ e s d e a u x ílio à n a v e g a ç ã o

P U B LICAÇÕES
12 D E AU XÍLIO À
N AVEGAÇÃO

12.1 IMP ORTÂN CIA D AS P U B LICAÇÕES


N ÁU TICAS
Além da s Ca rta s N á u tic a s, já est u da da s n est e Ma n u a l e qu e con st it u em , sem dú vida ,
o m a is im por t a n t e docu m en t o de a u xílio à n a vega çã o, os n a vega n t es u t iliza m , t a m bém ,
diver sa s ou t r a s P u blic a ç õ e s N á u tic a s ou P u blic a ç õ e s d e Au x ílio à N a v e g a ç ã o , cu ja s
in for m a ções com plem en t a m ou a m plia m os elem en t os for n ecidos pela s Ca rta s N á u tic a s .
A con su lt a à s P u blic a ç õ e s d e Au x ílio à N a v e g a ç ã o é in dispen sá vel, t a n t o n a fa se
de p la n e ja m e n to d a d e rro ta (e s tu d o d a v ia g e m ), com o n a fa se de e x e c u ç ã o d a d e rro ta .
Algu m a s P u blic a ç õ e s d e Au x ílio à N a v e g a ç ã o já for a m m en cion a da s em n osso
cu r so; ou t r a s, com o a Ca rta 12.000 – S ím bo lo s e Abre v ia tu ra s (IN T 1), a s Tá bu a s d a s
Ma ré s e a s Ca rta s d e Co rre n te s d e Ma ré for a m est u da da s em det a lh e. Nest a pa r t e,
ser ã o r ela cion a da s t oda s a s pr in cipa is P u blica ções Ná u t ica s, in for m a n do o con t eú do e fin a -
lida de da s qu e a in da n ã o for a m a bor da da s.
Ta l com o r essa lt a do n o ca so da s Ca r t a s Ná u t ica s, a s P u blica ções de Au xílio à Na ve-
ga çã o t a m bém devem ser sem pr e m a n t ida s a t u a liza da s.
Sã o a s segu in t es a s pr in cipa is P u blica ções de Au xílio à Na vega çã o:

a . Ca t á logo de Ca r t a s e P u blica ções;


b. Ca r t a 12.000 – Sím bolos e Abr evia t u r a s (INT 1);
c. Avisos a os Na vega n t es (folh et o);
d. Rot eir o;
e. List a de F a r óis;
f. List a de Au xílios–Rá dio;
g. Tá bu a s da s Ma r és;

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 319


P u blic a ç õ e s d e a u x ílio à n a v e g a ç ã o

h . Ca r t a s de Cor r en t es de Ma r é;
I. Ca r t a s P ilot o;
j. Alm a n a qu e Ná u t ico;
l. RIP E AM;
m . Tá bu a s, t a bela s e gr á ficos de n a vega çã o.

12.2 CATÁLOGO D E CARTAS E


P U B LICAÇÕES
O Ca t á logo de Ca r t a s e P u blica ções (pu blica çã o DH 7) r ela cion a t oda s a s ca r t a s e
pu blica ções n á u t ica s edit a da s pela Dir et or ia de H idr ogr a fia e Na vega çã o (DH N), do Min is-
t ér io da Ma r in h a .
A pu blica çã o é dividida em du a s pa r t es. A pr im eir a a pr esen t a t oda s a s Ca r t a s Ná u -
t ica s (m a r ít im a s e flu via is), Ca r t a s de P r a t ica gem , Cr oqu is de Na vega çã o, Ca r t a s In t er n a -
cion a is e Ca r t a s E specia is pu blica da s pela DH N.
P a r a ca da c a rta é in for m a do:
• N Ú ME RO
• TÍTU LO
• E SCALA
• UNIDADE (U): Com pr im en t o, n a esca la n a t u r a l da ca r t a , do a r co de 1' de pa r a lelo, n a
la titu d e m é d ia do t r ech o r epr esen t a do.
• ANO DE P UBLICAÇÃO DA 1ª E DIÇÃO DA CARTA
• ANO DA ÚLTIMA E DIÇÃO DA CARTA
Adem a is, a pu blica çã o a pr esen t a diver sos esqu em a s de in t er liga çã o e seqü ên cia de
ca r t a s (ver F igu r a 12.1).
A segu n da pa r t e do Ca t á logo list a t oda s a s P u blic a ç õ e s N á u tic a s (ou P u blic a ç õ e s
d e Au x ílio à N a v e g a ç ã o ) edit a da s pela DH N, a lém de im pr essos pa r a u sos diver sos.
O Ca tá lo g o d e Ca rta s e P u blic a ç õ e s é essen cia l pa r a a seleçã o de t oda s a s Ca rta s
N á u tic a s e P u blic a ç õ e s d e Au x ílio à N a v e g a ç ã o qu e se deve t er a bor do pa r a execu t a r
u m a det er m in a da t r a vessia . É opor t u n o r elem br a r qu e, a lém da s Ca r t a s dos P or t os de
pa r t ida , esca la e dest in o, e da s dem a is Ca r t a s a ser em u t iliza da s n a sin gr a du r a , deve-se
dispor a bor do da s Ca r t a s Ná u t ica s de a pr oxim a çã o e do in t er ior de t odos os por t os qu e
possa m ser vir com o loca is de a r r iba da du r a n t e a execu çã o da n ossa der r ot a , pa r a a t en der a
sit u a ções in opin a da s ou de em er gên cia .

12.3 Ca rta 12.000 – S ím bo lo s e


Abre v ia tu ra s (IN T 1)
Con for m e vist o, a Ca rta N º 12.000 – S ím bo lo s , Abre v ia tu ra s e Te rm o s U s a d o s
n a s Ca rta s N á u tic a s B ra s ile ira s – é, n a r ea lida de, u m a pu blica çã o, cu ja u t iliza çã o é
essen cia l pa r a in t er pr et a r cor r et a m en t e t oda s a s in for m a ções con t ida s n a s Ca rta s N á u tic a s
edit a da s pela DH N.

320 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


P u blic a ç õ e s d e a u x ílio à n a v e g a ç ã o

F ig u ra 12.1 - Ca tá lo g o d e Ca rta s e P u blic a ç õ e s

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 321


P u blic a ç õ e s d e a u x ílio à n a v e g a ç ã o

Os S í m b o l o s , Ab r e v i a t u r a s e Te r m o s u s a d o s n a s Ca r t a s N á u t i c a s s ã o
a pr esen t a dos n a Ca rta N º 12.000, em por t u gu ês e in glês, em seções específica s, n om ea da s
de IA a t é IX, a segu ir m en cion a da s:
GEN ERALID AD ES GEN ERAL
IA Nú m er o da Ca r t a , Tít u lo e In for m a ções IA Ch a r t Nu m ber , Tit le, Ma r gin a l Not es
Ma r gin a is
IB P osições, Dist â n cia s, Ma r ca ções e Rosa IB P osit ion s, Dist a n ces, Dir ect ion s,
do Ven t os Com pa ss
TOP OGRAF IA TOP OGRAP HY
IC Aciden t es Na t u r a is IC Na t u r a l F ea t u r es
ID E difica ções ID Cu lt u r a l F ea t u r es
IE P on t os de Refer ên cia IE La n dm a r ks
IF P or t os IF P or t s
IG Ter m os Topogr á ficos IG Topogr a ph ic Ter m s
HID ROGRAF IA HYD ROGRAP HY
IH Ma r és e Cor r en t es IH Tides, Cu r r en t s
II P r ofu n dida des II Dept h s
IJ Na t u r eza do F u n do IJ Na t u r e of t h e Sea bed
IK Roch a s, Ca scos Soçobr a dos e Obst r u ções IK Rocks, Wr ecks, Obst r u ct ion s
IL In st a la ções “Offsh or e” IL Offsh or e In st a lla t ion s
IM Rot a s e Der r ot a s IM Tr a cks, Rou t es
IN Ár ea s e Lim it es IN Ar ea s, Lim it s
IO Ter m os H idr ogr á ficos IO H ydr ogr a ph ic Ter m s
AU XÍLIOS À N AVEGAÇÃO E S ERVIÇOS N AVIGATION AL AID S AN D S ERVICES
IP Lu zes IP Ligh t s
IQ Bóia s e Ba liza s IQ Bu oys, Bea con s
IR Sin a is de Cer r a çã o IR F og Sign a ls
IS Sist em a s de P osicion a m en t o E let r ôn ico IS Ra da r , Ra dio, E lect r on ic P osit ion –
F ixin g Syst em s
IT Ser viços de Apoio IT Ser vices
IU Recu r sos por t u á r ios pa r a pequ en a s IU Sm a ll Cr a ft F a cilit ies
em ba r ca ções
ÍN D ICES ALF AB ÉTICOS ALP HAB ETICAL IN D EXES
IV Ín dice de Abr evia t u r a s IV In dex of Abbr evia t ion s
IW Abr evia t u r a s in t er n a cion a is IW In t er n a t ion a l Abbr evia t ion s
IX Ín dice IX Gen er a l In dex
E xist e, a in da , n a Ca r t a 12.000 u m a In t r odu çã o, qu e con t ém vá r ia s in for m a ções ú t eis
a o n a vega n t e, r ela cion a da s com a s Ca r t a s Ná u t ica s.
A Ca r t a 12.000 n ã o n ecessit a ser decor a da . E la é u m docu m en t o de con su lt a . Sem pr e
qu e n ecessá r io, deve–se r ecor r er a ela pa r a con h ecer o sign ifica do de u m sím bolo ou a br e-
via t u r a r epr esen t a do em u m a ca r t a n á u t ica br a sileir a . H a bit u e–se a con su lt á –la .

322 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


P u blic a ç õ e s d e a u x ílio à n a v e g a ç ã o

12.4 AVIS OS AOS N AVEGAN TES

12.4.1 IN TROD U ÇÃO


Con for m e já m en cion a do, a s Ca rta s N á u tic a s e a s P u blic a ç õ e s d e Au x ílio à N a -
v e g a ç ã o , qu e t êm com o pr opósit o con t r ibu ir pa r a a segu r a n ça da n a vega çã o, só podem , de
fa t o, in spir a r con fia n ça e pr est a r u m r ea l a u xílio a o n a vega n t e qu a n do sã o m a n t ida s per -
m a n en t em en t e a tu a liza d a s . Os Av is o s a o s N a v e g a n te s sã o os m eios u t iliza dos pa r a
a t u a liza çã o da s Ca rta s e P u blic a ç õ e s N á u tic a s .
Av is o s a o s N a v e g a n te s sã o in for m a ções sobr e a lt er a ções ver ifica da s qu e in t er essa m
à n a vega çã o n a cost a , r ios, la gos e la goa s n a vegá veis, divu lga da s pa r a a ler t a r os n a vega n t es
e per m it ir a t u a liza çã o da s Ca r t a s e P u blica ções Ná u t ica s.
Con for m e o m odo de difu sã o e a s ca r a ct er íst ica s da s a lt er a ções qu e ir ã o in t r odu zir ,
sã o cla ssifica dos em Av is o s Rá d io , Av is o s P re lim in a re s e Av is o s P e rm a n e n te s .
As in for m a ções sobr e a lt er a ções qu e a fet a m a segu r a n ça da n a vega çã o ch ega m a os
n a vega n t es pela t r a n sm issã o via r á dio de Av is o s –Rá d io (con for m e especifica do n a Lis ta
d e Au x ílio s –Rá d io ), pela ediçã o do Re s u m o S e m a n a l d e Av is o s a o s N a v e g a n te s e pela
pu blica çã o n o F o lh e to Qu in ze n a l d e Av is o s a o s N a v e g a n te s, qu e é u m a da s P u blic a ç õ e s
d e Au x ílio à N a v e g a ç ã o edit a da s pela DH N.
Os Avisos de n a t u r eza u rg e n te , t a is com o o a pa ga m en t o t em por á r io e o r est a beleci-
m en t o de fa r óis ou fa r olet es, ca r a ct er íst ica s ir r egu la r es de lu zes, bóia s r et ir a da s, r ecoloca da s
ou for a de posiçã o, der r elit os en con t r a dos e á r ea s in t er dit a da s à n a vega çã o, sã o pr epa r a dos
n a DH N, im edia t a m en t e a pós o r ecebim en t o da com u n ica çã o, e ir r a dia dos pela E st a çã o
Rá dio da Ma r in h a n o Rio de J a n eir o e pela s dem a is E st a ções Ra diot elegr á fica s Cost eir a s.
Dest a for m a , Av is o s –Rá d io sã o a qu eles qu e con t êm in for m a ções qu e, devido à u r -
gên cia com qu e se deseja qu e ch egu em a o con h ecim en t o dos n a vega n t es, sã o t r a n sm it idos
via r á dio. E m fu n çã o da r egiã o em qu e a a lt er a çã o ocor r e e do t ipo da n a vega çã o a qu e ir á
pr im or dia lm en t e in t er essa r , os Av is o s –Rá d io sã o cla ssifica dos em Av is o s d e Áre a , Av is o s
Co s te iro s e Av is o s Lo c a is .
Av is o s d e Áre a – r efer em –se à á r ea oceâ n ica sob a r espon sa bilida de do Br a sil n o
Ser viço Globa l de Avisos–Rá dio a os Na vega n t es e con t êm in for m a ções cu ja divu lga çã o é
fu n da m en t a l pa r a a n a v e g a ç ã o d e lo n g o c u rs o . Nest e t ipo est ã o in clu ídos t odos os a visos
cu ja s a lt er a ções se ver ifica m n a ÁREA V do m a pa da F igu r a 12.2, a cr escida de u m a fa ixa
de su per posiçã o de 700 m ilh a s pa r a a s á r ea s vizin h a s (II, IV, VI e VII) a t é o loca l de r e-
cebim en t o do pr á t ico pa r a en t r a da n os por t os. E st es Avisos, a o ser em ir r a dia dos, ser ã o
pr ecedidos da expr essã o N AVAREA segu ida do a lga r ism o iden t ifica dor do pa ís de or igem
e, em segu ida , do n ú m er o de or dem do Aviso–Rá dio br a sileir o.
O Ser viço Globa l de Avisos–Rá dio a os Na vega n t es (SGARN) é u m ser viço m u n dia l
coor den a do pa r a a difu sã o por r á dio de in for m a ções r efer en t es a per igos à n a vega çã o su s-
cept íveis de r epr esen t a r em u m r isco pa r a a n a vega çã o in t er n a cion a l.
O pr in cipa l pr opósit o do ser viço é a difu sã o, por r á dio, da s in for m a ções de in t er esse
a os n a vega n t es em r ot a s oceâ n ica s, t a is com o: a va r ia s ou a lt er a ções n os a u xílios à n a vega çã o,
n a vios a fu n da dos ou per igos n a t u r a is r ecen t em en t e descober t os n a s pr in cipa is r ot a s de
n a vega çã o ou n a s su a s pr oxim ida des, ou n a s r ot a s de a t er r a gem e a pr oxim a çã o a os pr in cipa is

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 323


P u blic a ç õ e s d e a u x ílio à n a v e g a ç ã o

por t os, á r ea s on de est ã o em cu r so a ções de bu sca e sa lva m en t o, de com ba t e a n t i–polu içã o,


la n ça m en t o de ca bos su bm a r in os ou ou t r a s a t ivida des su b–a qu á t ica s t a is com o: explor a çã o
e explot a çã o de pet r óleo n o m a r , objet os à der iva e in t er diçã o de á r ea s.

F ig u ra 12.2 - S e rv iç o Glo ba l d e Av is o s -Rá d io a o s N a v e g a n te s

P a r a oper a cion a liza r o sist em a , o m u n do foi dividido em 16 á r ea s ch a m a da s NA-


VARE A (ver F igu r a 12.2). No in t er ior de ca da u m a dest a s NAVARE AS, u m a a u t or ida de
n a cion a l, design a da com o coor den a dor de á r ea , est á en ca r r ega da da coor den a çã o e difu sã o
dos a visos. Os coor den a dor es n a cion a is dos est a dos cost eir os de u m a N AVARE A est ã o
en ca r r ega dos de r ecolh er e t r a n sm it ir a in for m a çã o a o coor den a dor de á r ea .
Os coor den a dor es t êm , t a m bém , a seu ca r go a t r oca de in for m a ções com ou t r os coor -
den a dor es, in clu in do a s qu e ser ã o post er ior m en t e pr om u lga da s pela s a u t or ida des ca r t o-
gr á fica s n os Avisos a os Na vega n t es.
A lín gu a u t iliza da n os a visos é o in g lê s , poden do t a m bém ser t r a n sm it idos em u m a
ou m a is lín gu a s oficia is da ONU.
Os h or á r ios da s r a diodifu sões sã o da dos em a n exo à pu blica çã o “Nom en cla t u r a da s
E st a ções de Ra diodet er m in a çã o e da s E st a ções E fet u a n do Ser viços E specia is” – Volu m e II
– pu blica da pela Un iã o In t er n a cion a l de Telecom u n ica ções, e n a s pu blica ções Lis ta s d e
Au x ílio s –Rá d io edit a da s pelos diver sos ser viços h idr ogr á ficos n a cion a is. E m r egr a , a s
em issões ocor r em fr eqü en t em en t e du r a n t e u m dia , pa r a qu e, pelo m en os u m a vez, coin cida m
com u m per íodo de escu t a –r á dio n or m a l; a s in for m a ções sã o r epet ida s em difer en t es fr e-
qü ên cia s a t é qu e o per igo t en h a sido elim in a do ou seja pu blica do n os “Avisos a os Na vega n t es”,
sob a for m a de Aviso Tem por á r io, P r elim in a r ou P er m a n en t e.
O Br a sil, con for m e cit a do, é o coor den a dor da ÁREA V do Ser viço Globa l de Avisos–
Rá dio a os Na vega n t es.
Av is o s Co s te iro s – cobr em a s in for m a ções qu e in t er essa m à n a vega çã o de ca bot a gem .

324 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


P u blic a ç õ e s d e a u x ílio à n a v e g a ç ã o

Av is o s Lo c a is – sã o r efer en t es à s a lt er a ções h a vida s n o in t er ior de por t os, seu s ca n a is de


a cesso e em via s n a vegá veis on de, n or m a lm en t e, os n a vios som en t e n a vega m com a u xílio
de pr á t icos loca is.
Av is o Te m p o rá rio – é a qu ele qu e se r efer e a a lt er a ções, n a s Ca r t a s Ná u t ica s, de n a t u r eza
t r a n sit ór ia .
Av is o P re lim in a r – é a qu ele qu e se dest in a a a n u n cia r a n t ecipa da m en t e a lt er a ções de
qu a lqu er n a t u r eza n a s Ca r t a s Ná u t ica s, qu e ser ã o objet o de Avisos P er m a n en t es.
Av is o P e rm a n e n te – é a qu ele qu e in t r odu z a lt er a ções defin it iva s n a s Ca r t a s Ná u t ica s e
P u blica ções de Au xílio à Na vega çã o.
Av is o P e rm a n e n te Es p e c ia l – é a qu ele qu e, em bor a n ã o a lt er e a s Ca r t a s Ná u t ica s, se
dest in a a divu lga r in for m a ções ger a is im por t a n t es pa r a os n a vega n t es. Sã o divu lga dos em
su a t ot a lida de som en t e n o F olh et o Nº1 de Avisos a os Na vega n t es, sen do vá lidos pa r a o a n o
in t eir o.
Um Av is o P e rm a n e n te Es p e c ia l (AP E) pode ser divu lga do n or m a lm en t e em qu a l-
qu er folh et o, n a pa r t e VIII, sem pr e qu e su r gir a n ecessida de, vin do o m esm o a ser in clu ído
n a r ela çã o t ot a l do pr óxim o F olh et o Nº1 a ser edit a do.
O F o lh e to Qu in ze n a l d e Av is o s a o s N a v e g a n te s é edit a do pela DH N em por t u gu ês,
com u m a n exo em in glês, e con t ém os Av is o s – Rá d io e m v ig o r, os Av is o s Te m p o rá rio s ,
P re lim in a re s e P e rm a n e n te s d a qu in ze n a e os Av is o s Te m p o rá rio s e P re lim in a re s
a n te rio rm e n te p u blic a d o s e qu e c o n tin u a m e m v ig o r.
O a n exo em in glês pu blica a pen a s os Av is o s –Rá d io d e Áre a e m v ig o r e os Av is o s
Te m p o rá rio s , P re lim in a re s e P e rm a n e n te s d a qu in ze n a .

12.4.2 ORGAN IZAÇÃO D O F OLHETO QU IN ZEN AL D E


AVIS OS AOS N AVEGAN TES
O folh et o é dividido em 9 pa r t es. A P ARTE I for n ece in fo rm a ç õ e s g e ra is de in t er esse
do n a vega n t e, a bor da n do os segu in t es a ssu n t os:

N U MERAÇÃO D OS AVIS OS AOS N AVEGAN TES


Os Avisos–Rá dio sã o n u m er a dos em or dem seqü en cia l a n u a l, por cla ssifica çã o, com o
se segu e:
Av is o s d e Áre a (N AVAREA) de 0001 a 3999;
Av is o s Co s te iro s de 4001 a 6999 e
Av is o s Lo c a is de 7001 em dia n t e
Sã o, a in da , pr ecedidos de let r a sign ifica t iva da r egiã o ou á r ea de in t er esse a br a n gida
pela in for m a çã o, com o se segu e: N – Cost a Nor t e (da Ba ía do Oia poqu e a o Ca bo Ca lca n h a r ),
E – Cost a Lest e (do Ca bo Ca lca n h a r a o Ca bo F r io), S – Cost a Su l (do Ca bo F r io a o Ar r oio
Ch u í), P – La goa dos P a t os, A – Ba cia Am a zôn ica , I – Rio P a r a gu a i, T – á r ea est r a n geir a e
G – in for m a ções de r egiões qu e a br a n ja m m a is de u m a á r ea ou qu e seja m de in t er esse
ger a l, n ã o específico de u m a det er m in a da r egiã o.
Os Av is o s Te m p o rá rio s (T), P re lim in a re s (P ) e P e rm a n e n te s sã o n u m er a dos em
or dem seqü en cia l ú n ica e a n u a l, sen do t a m bém pr ecedidos de let r a sign ifica t iva da r egiã o
ou á r ea de in t er esse a br a n gida pela in for m a çã o, com o descr it a s n o pa r á gr a fo a n t er ior .

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 325


P u blic a ç õ e s d e a u x ílio à n a v e g a ç ã o

Os Av is o s P e rm a n e n te s Es p e c ia is (AP E), em bor a t a m bém seja m n u m er a dos em


or dem seqü en cia l ú n ica e a n u a l, r ecebem essa n u m er a çã o à pa r t e da cit a da n o pa r á gr a fo
a n t er ior , ou seja , possu em u m a n u m er a çã o pr ópr ia , pr ecedida da a br evia t u r a “AP E”.

D IVU LGAÇÃO D E AVIS OS -RÁD IO


Os Av is o s d e In te rd iç ã o d e Áre a sã o sem pr e cla ssifica dos com o N AVAREA e
divu lga dos com cin co dia s de a n t ecedên cia em r ela çã o à da t a de in ício da in t er diçã o, sen do
r epet idos dia r ia m en t e a t é o t ér m in o da in t er diçã o. Os dem a is Av is o s d e Áre a , Co s te iro s
e Lo c a is sã o t r a n sm it idos du r a n t e u m dia (t r ês t r a n sm issões con secu t iva s), com exceçã o
da qu eles m a is im por t a n t es, qu e a fet a m dir et a m en t e a segu r a n ça da n a vega çã o, qu e sã o
ir r a dia dos dia r ia m en t e a t é os seu s ca n cela m en t os.
Os Av is o s d e Áre a , a pós ser em t r a n sm it idos du r a n t e u m dia , pa ssa m a ser divu lga -
dos de qu a t r o em qu a t r o dia s, por u m per íodo de seis sem a n a s, en qu a n t o per m a n ecer em
em vigor . Ca so a in da con t in u em em vigor , a pós decor r ida s a s seis sem a n a s, per m a n ecem
a pen a s con st a n do do F olh et o de Avisos a os Na vega n t es, S e ç ã o II, Av is o s –Rá d io , deixa n do,
defin it iva m en t e, de ser divu lga dos via r á dio.
Além da s t r a n sm issões pr evist a s n a pu blica çã o “Lis ta d e Au x ílio s –Rá d io ”, deve
est a r dispon ível pa r a os n a vega n t es n a s Ca pit a n ia s dos P or t os a “Rela çã o Diá r ia P r in cipa l
de Avisos– Rá dio”, con t en do t odos os Avisos t r a n sm it idos n o per íodo de 24 h or a s qu e a n t ecede
a su a ela bor a çã o.
Adem a is, os n a vios qu e n ecessit a m r eceber qu a isqu er Av is o s – Rá d io for a do h or á r io
n or m a l de t r a n sm issã o podem solicit a r su a s ir r a dia ções à s E st a ções Cost eir a s da E MBRA-
TE L con st a n t es do Apên dice V–2 da pu blica çã o “List a de Au xílios–Rá dio”, qu e os r et r a n s-
m it em gr a t u it a m en t e.

RECOMEN D AÇÕES S OB RE S EGU RAN ÇA D A N AVEGAÇÃO


O F olh et o de Avisos a os Na vega n t es a pr esen t a a s segu in t es r ecom en da ções sobr e
segu r a n ça da n a vega çã o:

a . Recom en da –se a os n a vega n t es qu e fa ça m u so sist em á t ico da s P u blica ções de Au xílio à


Na vega çã o, em su a s ú lt im a s edições cor r igida s e a t u a liza da s.
b. Tu do o qu e se r efer e a fa r óis, ba liza m en t os lu m in osos e sin a is de cer r a çã o deve ser con -
su lt a do n a List a de F a r óis.
c. Tu do o qu e se r efer e a a u xílios–r á dio à n a vega çã o m a r ít im a deve ser con su lt a do n a
“List a de Au xílios–Rá dio".
d. Tu do o qu e se r efer e a in for m a ções ger a is, t a is com o descr içã o da cost a , in for m a ções
sobr e dem a n da dos por t os e fu n dea dou r os, per igos, pr ofu n dida des em ba r r a s e ca n a is,
in for m a ções m et eor ológica s, r ecu r sos de por t os, et c., deve ser con su lt a do n o Rot eir o.
e. Tu do o qu e se r efer e a r egr a s de n a vega çã o a ser em segu ida s, lu zes e m a r ca s diu r n a s
exibida s por n a vios e em ba r ca ções e sin a is son or os sob visibilida de r est r it a a dot a dos
pelos n a vega n t es, deve ser con su lt a do n a pu blica çã o Regu la m en t o In t er n a cion a l pa r a
E vit a r Aba lr oa m en t os n o Ma r (RIP E AM), edit a do pela Dir et or ia de P or t os e Cost a s (DP C),
do Min ist ér io da Ma r in h a .
f. Os Avisos a os Na vega n t es post er ior es a ca da ú lt im o folh et o devem , t a m bém , ser con su l-
t a dos.

326 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


P u blic a ç õ e s d e a u x ílio à n a v e g a ç ã o

g. É in sist en t em en t e r ecom en da do a os n a vega n t es ler em com a t en çã o a s a dver t ên cia s sobr e


o u so da s Ca r t a s Ná u t ica s e P u blica ções de Au xílio à Na vega çã o, con t ida s n a In t r odu çã o
e n o Ca pít u lo I do Rot eir o.

CORREÇÕES EM CARTAS N ÁU TICAS


Os n a vega n t es, a o a t u a liza r em su a s Ca r t a s Ná u t ica s, dever ã o sem pr e ver ifica r t odos
os Avisos Tem por á r ios, P r elim in a r es e P er m a n en t es, in depen den t em en t e da divisã o por
r egiões. Con st a do in ício da P ARTE III de t odos os F olh et os de Avisos a os Na vega n t es u m a
“Rela çã o Nu m ér ica da s Ca r t a s Afet a da s pelos Avisos n ovos”.
A pa r t ir do in ício de 1989, a Dir et or ia de H idr ogr a fia e Na vega çã o en cer r ou a s a t ivi-
da des de cor r eçã o de docu m en t os n á u t icos, pa ssa n do a for n ecê–los a com pa n h a dos dos r es-
pect ivos t ext os de Avisos a os Na vega n t es P er m a n en t es, qu e os a lt er a m , fica n do a ca r go dos
u su á r ios a in t r odu çã o da s cor r eções cor r espon den t es.
A Con ven çã o In t er n a cion a l pa r a Sa lva gu a r da da Vida H u m a n a n o Ma r , 1974 (SOLAS
– 1974) det er m in a qu e “t odos os n a vios dever ã o dispor de ca r t a s, r ot eir os, list a de fa r óis,
a visos a os n a vega n t es, t á bu a s da s m a r és e t oda s a s ou t r a s pu blica ções n á u t ica s n ecessá r ia s,
a dequ a da s e a tu a liza d a s , pa r a a via gem pr et en dida ”.

REF ERÊN CIAS D AS IN F ORMAÇÕES D AD AS N OS AVIS OS AOS


N AVEGAN TES
As m a r ca ções sã o ver da deir a s, de 000º a 360º, t om a da s do la r go, n o sen t ido do m ovi-
m en t o dos pon t eir os do r elógio, qu a n do r efer en t es a set or es de visibilida de de fa r óis, dir eções
de lu zes de a lin h a m en t o, de objet os con spícu os e de dir eções in dica dor a s de per igos. Qu a n do,
n a s descr ições de per igos, su a s posições for em in for m a da s por u m a dist â n cia e u m a m a r ca çã o,
est a s ser ã o da da s a pa r t ir do pon t o est a belecido com o r efer ên cia .

COLAB ORAÇÃO D OS N AVEGAN TES


A Dir et or ia de H idr ogr a fia e Na vega çã o solicit a a os n a vega n t es:
a . qu e in for m em a descober t a ou su speit a de n ovos per igos ou qu a lqu er ir r egu la r ida de
obser va da n a sin a liza çã o n á u t ica , por m eio da est a çã o r a dio–t elegr á fica cost eir a m a is
pr óxim a , com o en der eço N AVEMAR, TLX n º 02134043;
b. qu e fa ça m obser va ções m et eor ológica s n o m a r a qu a lqu er dist â n cia da cost a , efet u a n do
o r egist r o n o m odelo D HN –5934 – Regist r o Met eor ológico F M 12–VII S YN OP –F M 13–
VII S HIP e o en vio de m en sa gem m et eor ológica S HIP m odelo D HN –5938 – Men sa gem
F M 13– VII S HIP pa r a a est a çã o cost eir a m a is pr óxim a , com o en der eço OB S METEO–
RIO; e
c. qu e for n eça m in for m a ções pa r a o cá lcu lo do coeficien t e de t r a n spa r ên cia a t m osfér ica ,
pr een ch en do o m odelo D HN –5822 e en via n do–o de a cor do com a in st r u çã o con t ida n o
m esm o.
d. a s m en sa gen s com os en der eços N AVEMAR E OB S METEO–RIO sã o gr a t u it a s.
e. os m odelos D HN –5934, D HN –5938 e D HN –5822 sã o obt idos gr a t u it a m en t e n a s Un ida des
de Assessor a m en t o Met eor ológico (U AM), sit u a da s n os ca is dos por t os dos Rio de J a n eir o
e de Sa n t os, e n os P ost os de Ven da s de Ca r t a s e P u blica ções Ná u t ica s da Ca pit a n ia dos
P or t os do E st a do de Sã o P a u lo, em Sa n t os, e n o Ser viço de Sin a liza çã o Ná u t ica do Nor -
dest e, em Recife, P E .

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 327


P u blic a ç õ e s d e a u x ílio à n a v e g a ç ã o

D IS TRIB U IÇÃO D O F OLHETO


O F o lh e to d e Av is o s a o s N a v e g a n te s é dist r ibu ído gr a t u it a m en t e, poden do ser
en con t r a do n a s Ca pit a n ia s e Delega cia s dos P or t os do Br a sil, n os Ser viços de Sin a liza çã o
Ná u t ica sedia dos em Sa n t a n a , Belém , Sã o Lu iz, Recife, Sa lva dor , La dá r io e Rio Gr a n de; n o
Depa r t a m en t o de Ser viços a os Usu á r ios da DH N, r u a Ba r ã o de J a cegu a y s/n , P on t a da
Ar m a çã o, N it er ói; n a s U n ida des de Assessor a m en t o Met eor ológico, sit u a da s n o ca is do
por t o do Rio de J a n eir o e de Sa n t os e n os Agen t es e P ost os de Ven da de Ca r t a s e P u blica ções
Ná u t ica s de a lgu m a s cida des br a sileir a s, cu jos en der eços en con t r a m –se list a dos n o fin a l
de ca da folh et o.

CAN CELAMEN TO AU TOMÁTICO D E AVIS O TEMP ORÁRIO


Algu n s Avisos Tem por á r ios sã o a u t om a t ica m en t e ca n cela dos a pa r t ir da da t a –h or a
especifica da n os t ext os dos pr ópr ios Avisos.

CARTAS N ÁU TICAS COM “D ATU M” D IF EREN TES


O n a vega n t e deve t er a t en çã o pa r a a exist ên cia de ca r t a s con t ígu a s e/ou do m esm o
t r ech o com esca la s difer en t es e r efer ida s a “da t u m ” difer en t es. Nesses ca sos, r ecom en da –
se, pa r a plot a gem da posiçã o, qu a n do da m u da n ça de ca r t a , a u t iliza çã o de pon t os de t er r a
com o r efer ên cia .
A in for m a çã o sobr e o “da t u m ” u t iliza do con st a do t ít u lo da s Ca r t a s Ná u t ica s.
A P ARTE II do folh et o a pr esen t a os Av is o s –Rá d io em vigor , divididos em Av is o s
d e Áre a (NAVARE A V), Av is o s Co s te iro s e Av is o s Lo c a is , pa r a a Co s ta N o rte , Co s ta
Le s te e Co s ta S u l do Br a sil. In clu i, t a m bém , os Av is o s Lo c a is da La g o a d o s P a to s e
B a c ia Am a zô n ic a e in for m a ções pa r a con h ecim en t o ger a l, com o, por exem plo, n ovos h or á -
r ios e fr eqü ên cia s pa r a t r a n sm issã o de Av is o s a o s N a v e g a n te s ou In fo rm a ç õ e s Me te o -
ro ló g ic a s pela s E st a ções Cost eir a s e posições a t u a liza da s da s pla t a for m a s de per fu r a çã o
su bm a r in a .
A P ARTE III do folh et o in icia –se com u m a r ela çã o n u m ér ica da s ca r t a s a fet a da s
pelos Avisos a os Na vega n t es. E m segu ida , a pr esen t a os Av is o s Te m p o rá rio s (T) e Av is o s
P re lim in a re s (P ) em vigor e os Av is o s P e rm a n e n te s da qu in zen a , n a seqü ên cia : Cost a
Nor t e, Cost a Lest e, Cost a Su l, La goa dos P a t os, Ba cia Am a zôn ica e Rio P a r a gu a i.
F a zem pa r t e, a in da , do F olh et o a s a lt er a ções r efer en t es à Lis ta d e F a ró is , Lis ta d e
Au x ílio s –Rá d io , Ro te iro s e ou t r a s pu blica ções, a ssim com o a m a n eir a de efet u a r essa s
cor r eções (P ARTES IV, V, VI e VII, r espect iva m en t e). As a lt er a ções à s pu blica ções podem
ser cor r eções pa r a ser em feit a s m a n u scr it a s ou folh a s de a lt er a ções, pa r a su bst it u içã o n a
pu blica çã o.
A P ARTE VIII do F olh et o a pr esen t a os Av is o s P e rm a n e n te s Es p e c ia is (AP E).
Con for m e vist o, n o F o lh e to N º1 d e Av is o s a o s N a v e g a n te s de ca da a n o sã o pu bli-
ca dos os t ext os com plet os dos Avisos P er m a n en t es E specia is (AP E ), vá lidos pa r a o a n o
in t eir o.
Os AP E cobr em diver sos a ssu n t os, t a is com o:
• Defin içã o do Ma r Ter r it or ia l Br a sileir o;
• Zon a s de Segu r a n ça em t or n o da s in st a la ções “offsh or e”;

328 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


P u blic a ç õ e s d e a u x ílio à n a v e g a ç ã o

• Sin a liza çã o de pla t a for m a s de explor a çã o e explot a çã o de pet r óleo n o m a r ;


• Ár ea s m a r ít im a s de exer cício da MB e F AB;
• Sit u a çã o de Sist em a s de Ra dion a vega çã o (OME GA, LORAN) e de Na vega çã o por Sa t élit es
(TRANSIT, GP S);
• Tr a n sm issã o de Avisos a os Na vega n t es pelo Sist em a “NAVTE X”;
• P en a lida des pa r a o la n ça m en t o de óleo e det r it os n a s á gu a s ju r isdicion a is br a sileir a s;
• In for m a ções sobr e o Ser viço Globa l de Avisos–Rá dio a os Na vega n t es (Avisos–Rá dio de
Ár ea – NAVARE A); e
• Zon a s de P r a t ica gem obr iga t ór ia e fa cu lt a t iva .
As in for m a ções sobr e n ova s Ca r t a s ou P u blica ções Ná u t ica s, n ova s edições de ca r t a s
e pu blica ções já exist en t es e r eim pr essões sã o divu lga da s n a P ARTE IX – N OTÍCIAS
D IVERS AS do F olh et o de Avisos a os Na vega n t es.

12.5 ROTEIRO
O Ro te iro (pu blica çã o DH 1) é u m a pu blica çã o qu e con t ém a s in for m a ções ú t eis a o
n a vega n t e com r ela çã o à descr içã o da cost a , dem a n da de por t os e fu n dea dou r os, per igos,
pr ofu n dida des em ba r r a s e ca n a is, r ecu r sos em por t os, ba liza m en t o, con dições m et eor ológica s
pr edom in a n t es, cor r en t es e m a r és obser va da s, et c. A pu blica çã o é dividida em t r ês volu -
m es ca da u m foca liza n do det er m in a do t r ech o da cost a , com o m ost r a do a segu ir :
Co s ta N o rte – Da Ba ía do Oia poqu e a o Ca bo Ca lca n h a r , in clu sive o Rio Am a zon a s e seu s
a flu en t es n a vegá veis e o Rio P a r á .
Co s ta Le s te – Do Ca bo Ca lca n h a r a o Ca bo F r io, in clu in do o At ol da s Roca s, o Ar qu ipéla go
de F er n a n do de Nor on h a , os P en edos de Sã o P edr o e Sã o P a u lo e a s ilh a s da Tr in da de e
Ma r t in Va z.
Co s ta S u l – Do Ca bo F r io a o Ar r oio Ch u í, in clu sive a s la goa s dos P a t os e Mir im .
Além de a dot a da n o Ro te iro , est a d iv is ã o d a c o s ta bra s ile ira t a m bém é u t iliza da
n a s Ca r t a s Ná u t ica s e n a s ou t r a s P u blic a ç õ e s d e Au x ílio à N a v e g a ç ã o .
N a In tro d u ç ã o e n o Ca pít u lo I – In fo rm a ç õ e s Ge ra is , o Rot eir o for n ece a os n a ve-
ga n t es in for m a ções m u it o im por t a n t es pa r a a segu r a n ça da n a vega çã o e r ecom en da ções
pr á t ica s de gr a n de in t er esse, sobr e Ca r t a s Ná u t ica s e su a u t iliza çã o, sin a liza çã o n á u t ica ,
n a vega çã o cost eir a e de a t er r a gem , Avisos a os Na vega n t es, a u xílios–r á dio à n a vega çã o,
pr a t ica gem , bu sca e sa lva m en t o, ser viços de a lfâ n dega e sa ú de e r egu la m en t os (Ma r Ter r it o-
r ia l, pesca , pesqu isa , polu içã o, et c.).
O Ca pít u lo II con t ém in for m a ções ger a is sobr e o Br a sil, in clu in do r esu m o h ist ór ico,
or ga n iza çã o a dm in ist r a t iva , pesos e m edida s, h or a lega l, h or a de ver ã o e fu sos h or á r ios,
a spect os físicos, m et eor ologia (clim a , ven t os, m a ssa s de a r e fr en t es), ocea n ogr a fia e pr in ci-
pa is por t os, t er m in a is e ser viços por t u á r ios.
Os Ca pít u los I e II sã o com u n s a t odos os volu m es do Rot eir o.
Os Ca pít u los segu in t es a br a n gem t r ech os sign ifica t ivos da cost a , sen do su bdivididos
em seções, qu e con t êm :

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 329


P u blic a ç õ e s d e a u x ílio à n a v e g a ç ã o

• con for m a çã o e descr içã o da cost a ;


• pon t os ca r a ct er íst icos do t r ech o (ca bos, pon t a s, por t os e t er m in a is, ca n a is, ba ía s e en sea -
da s, pon t os n ot á veis à n a vega çã o, et c.);
• per igos a s la r go;
• fu n dea dou r os;
• ven t os e cor r en t es oceâ n ica s pr edom in a n t es;
• descr içã o do a cesso a os por t os (r econ h ecim en t o e dem a n da , der r ot a a con selh a da , pon t os
n ot á veis e a u xílios à n a vega çã o n o a cesso e n o in t er ior do por t o, per igos à n a vega çã o,
fu n dea dou r os e á r ea s de m a n obr a , m a r és e cor r en t es de m a r é, pr a t ica gem , n or m a s de
t r á fego e per m a n ên cia específica s pa r a o por t o); e
• r ecu r sos por t u á r ios.
O Ro te iro a pr esen t a , n o fin a l de ca da volu m e, u m Ín dice Alfa bét ico de n om es geo-
gr á ficos cit a dos n o t ext o, qu e pode ser con sider a do com o pr im eir a a pr oxim a çã o pa r a a or ga -
n iza çã o de u m ín dice geogr á fico com plet o da cost a do Br a sil.
Além disso, o Ro te iro in clu i com o Apên dices v is ta s d a c o s ta , fo to g ra fia s p a n o râ -
m ic a s e p la n ta s dos por t os e t er m in a is descr it os (ver F igu r a s 12.3 e 12.4) e ta be la s d e
d is tâ n c ia s do t r ech o a br a n gido.
F ig u ra 12.3 - Ro te iro - Co s ta S u l: Vis ta d o F ig u ra 12.4 - Ro te iro - Co s ta S u l: P la n ta d o
p o rto d e S ã o F ra n c is c o d o S u l p o rto d e S ã o F ra n c is c o d o S u l

Na pr á t ica , o Ro te iro deve ser con su lt a do sem pr e qu e se t em n ecessida de de con h ecer ,


com det a lh es, a s in for m a ções con t ida s n a s ca r t a s. Adem a is, a n t es da s a t er r a gen s e dem a n da s
de por t os, é boa n or m a fa zer a leit u r a do Ro te iro , a com pa n h a n do–a n a ca r t a , com o objet ivo
de det er m in a r a m elh or der r ot a a segu ir , com o r econ h ecer o por t o e evit a r per igos, escolh er
os m elh or es pon t os pa r a m a r ca ções, con h ecer a s m a r és, cor r en t es e ven t os pr edom in a n t es,
a lém do clim a e con dições de t em po n or m a lm en t e r ein a n t es.

330 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


P u blic a ç õ e s d e a u x ílio à n a v e g a ç ã o

P er iodica m en t e, o Ro te iro é r evist o, do qu e r esu lt a u m a n ova ediçã o. Nos in t er va los


en t r e a s edições, o Ro te iro é m a n t ido a t u a liza do por Av is o s a o s N a v e g a n te s (pu blica dos
n o F olh et o Qu in zen a l de Avisos a os Na vega n t es – P ARTE VI) e S u p le m e n to s . E sses ú lt im os,
qu a n do pu blica dos, con t êm t oda s a s cor r eções de ca r á t er per m a n en t e qu e a fet a m o Ro te iro ,
divu lga da s n os Av is o s , post er ior m en t e à da t a da ú lt im a ediçã o ou ú lt im o S u p le m e n to ,
a lém da qu ela s qu e, por su a pou ca im por t â n cia ou u r gên cia , n ã o for a m pu blica da s n esses
Av is o s .
A DH N t a m bém pu blica u m Ro te iro d o Rio P a ra g u a i (pu blica çã o DH 1–IV), des-
cr even do a n a vega çã o n a r efer ida h idr ovia , desde a con flu ên cia com o Rio P a r a n á a t é o
por t o de Cá cer es.

12.6 LIS TA D E F ARÓIS


O n om e dest a pu blica çã o, con sa gr a do pela t r a diçã o, pode in du zir a o er r o, pois, em bor a
or igin a r ia m en t e fosse r ea lm en t e a pen a s u m a “Lis ta d e F a ró is ” da cost a , h oje a pr esen t a
t odos os sin a is lu m in osos da s á r ea s cober t a s pela s ca r t a s da DH N, n o t er r it ór io n a cion a l e
est r a n geir o.
Rela cion a , en t ã o, os fa ró is , a e ro fa ró is , fa ro le te s , ba rc a s –fa ró is , bó ia s lu m in o s a s
e lu ze s p a rtic u la re s , com t oda s a s ca r a ct er íst ica s qu e possa m , dir et a ou in dir et a m en t e,
ser ú t eis a o n a vega n t e. Nã o in clu i bóia s cega s e ba liza s, qu e sã o r egist r a da s n a pu blica çã o
D H18 – Lis ta d e S in a is Ce g o s .
A Lis ta d e F a ró is (pu blica çã o D H2) divide a cost a , com o o Rot eir o, em Cost a Nor t e,
Cost a Lest e e Cost a Su l. Os det a lh es sobr e os sin a is lu m in osos sã o da dos em oit o colu n a s,
sen do ca da u m a en cim a da por u m t ít u lo, qu e discr im in a a in for m a çã o n ela con t ida . A pu -
blica çã o possu i, a in da , u m a In t r odu çã o, on de en con t r a m –se a s explica ções det a lh a da s de
ca da colu n a do t ext o, a lém de ou t r a s in for m a ções ú t eis a o n a vega n t e, t a l com o a Ta be la d e
Alc a n c e Ge o g rá fic o (em fu n çã o da eleva çã o da lu z e da eleva çã o do obser va dor , a m ba s em
m et r os, sobr e o n ível do m a r ), o D ia g ra m a p a ra Cá lc u lo d e Alc a n c e Lu m in o s o (em
fu n çã o da in t en sida de da lu z e da visibilida de m et eor ológica , ou t r a n spa r ên cia a t m osfér ica )
e a descr içã o do Sist em a de Ba liza m en t o Ma r ít im o a dot a do n o Br a sil.
Recen t em en t e, a Lis ta d e F a ró is pa ssou a ser u m a p u blic a ç ã o a n u a l da DH N,
sen do a ca da a n o pu blica da u m a n ova ediçã o, in cor por a n do t oda s a s a lt er a ções n os sin a is
lu m in osos ocor r ida s n o a n o a n t er ior .
A Lis ta d e F a ró is ser á a bor da da n ova m en t e n o Ca pít u lo 13 – AUXÍLIOS VISUAIS
À NAVE GAÇÃO.

12.7 LIS TA D E AU XÍLIOS –RÁD IO


A pu blica çã o DH 8 – Lis ta d e Au x ílio s –Rá d io t em por fin a lida de r eu n ir , em u m
ú n ico volu m e, t oda s a s in for m a ções im por t a n t es sobr e os ser viços–r á dio de a u xílio à n a ve-
ga çã o m a r ít im a exist en t es n a cost a do Br a sil e sobr e ou t r os ser viços– r á dio ú t eis a o n a ve-
ga n t e n o At lâ n t ico Su l.
Ca da ca pít u lo t r a t a de u m t ipo de ser viço. In icia lm en t e, sã o da da s in for m a ções ger a is
sobr e o a ssu n t o, em a lgu n s ca sos com defin ições e pr in cípios de fu n cion a m en t o ju lga dos

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 331


P u blic a ç õ e s d e a u x ílio à n a v e g a ç ã o

ú t eis pa r a seu m elh or en t en dim en t o; em segu ida , sã o r ela cion a da s, com su a s ca r a ct er íst ica s,
a s est a ções–r á dio loca liza da s n o Br a sil, e a lgu m a s de ou t r os pa íses, qu e pr est a m a qu ele
t ipo de a u xílio.
Um ca pít u lo específico t r a t a da s r a diocom u n ica ções de per igo e segu r a n ça , r epr odu -
zin do os a r t igos per t in en t es do Ma n u a l do Ser viço Móvel Ma r ít im o, pu blica do pela Un iã o
In t er n a cion a l de Telecom u n ica ções (UIT), a ssim com o códigos e a br evia t u r a s u sa da s n a -
qu ela s com u n ica ções; r ela cion a , t a m bém , a s est a ções cost eir a s qu e r ecebem ch a m a da s de
per igo e segu r a n ça .
O ca pít u lo fin a l a bor da os sist em a s de n a vega çã o elet r ôn ica de lon go a lca n ce qu e
podem ser u t iliza dos n a á r ea m a r ít im a con t ígu a à cost a do Br a sil.
A Lis ta d e Au x ílio s –Rá d io visa à com plem en t a çã o da s pu blica ções pr ópr ia s dos
ser viços r a diot elegr á fico e r a diot elefôn ico, n u n ca a su a su bst it u içã o.
As cor r eções e a t u a liza ções da List a de Au xílios–Rá dio sã o efet u a da s do segu in t e
m odo:

• O Av is o –Rá d io divu lga a lt er a ções t em por á r ia s dos a u xílios– r á dio r ela cion a dos n a List a
qu e, por su a gr a n de im por t â n cia , devem ser con h ecida s com u r gên cia pelo n a vega n t e.
E st a s a lt er a ções, n or m a lm en t e, sã o ca n cela da s por ou t r o Av is o –Rá d io .
• O F o lh e to Qu in ze n a l d e Av is o s a o s N a v e g a n te s pu blica os Avisos–Rá dio qu e con t i-
n u a m em vigor n a da t a de su a pu blica çã o e, em su a P a rte V, a s cor r eções per m a n en t es
ou a t u a liza ções qu e devem con st a r , de im edia t o, n a pu blica çã o, por su a im por t â n cia .
E st a s cor r eções devem ser la n ça da s n o t ext o, a t in t a , ou cola da s, e r egist r a da s n a folh a
Re g is tro s d e Alte ra ç õ e s , de a cor do com a s in st r u ções n ela con t ida s.
O F olh et o Qu in zen a l de Avisos a os N a vega n t es t a m bém pode dist r ibu ir folh a s com
gr a n des cor r eções, pa r a su bst it u içã o ou in ser çã o. E st a s folh a s r egist r a m o n ú m er o e o
a n o do folh et o qu e a s divu lgou , pa r a con t r ole dos u t iliza dor es.
• O S u p le m e n to An u a l dist r ibu i folh a s n ova s, com a s a lt er a ções ocor r ida s a pós o ú lt im o
Su plem en t o, in clu sive a s folh a s expedida s pelos F olh et os Qu in zen a is. E la s podem ser de
dois t ipos: folh a su bst it u t a ou folh a a ser in ser ida .
A folh a su bst it u t a con t ém t oda a m a t ér ia da folh a a ser su bst it u ída , m a is a s cor r eções
pu blica da s n os F olh et os Qu in zen a is de Avisos a os Na vega n t es do per íodo m en cion a do
n o Su plem en t o e ou t r a s a in da n ã o divu lga da s.
A folh a a ser in ser ida con t ém m a t ér ia n ova ou é u t iliza da qu a n do h á n ecessida de de
a m plia r o t ext o da pá gin a a n t er ior .
Ca da S u p le m e n to An u a l n ã o r epet e a m a t ér ia con t ida n os Su plem en t os a n t er ior es.
Os ser viços–r á dio de a u xílio à n a vega çã o especifica m en t e descr it os n a Li s t a d e
Au x ílio s Rá d io , a pós o Ca pít u lo 1 – In tro d u ç ã o , sã o os segu in t es:

a. Ra d io g o n io m e tria (Ca p ítu lo 2)


E st e Ca pít u lo descr eve o Ra d io g o n iô m e tro e seu u so (a ssu n t o det a lh a da m en t e est u da do
n o Volu m e II dest e Ma n u a l), cor r eçã o da m a rc a ç ã o ra d io g o n io m é tric a , det er m in a çã o
e pr ecisã o da posiçã o do n a vio pelo Ra diogon iôm et r o. E m segu ida , a pr esen t a 4 r ela ções:
Ra diofa r óis Ma r ít im os loca liza dos n a cost a do Br a sil.

332 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


P u blic a ç õ e s d e a u x ílio à n a v e g a ç ã o

P a r a ca da Ra diofa r ol é in for m a do (F igu r a 12.5):


• posiçã o;
• fr eqü ên cia ;
• t ipo de em issã o;
• pot ên cia ;
• a lca n ce, ca r a ct er íst ica do sin a l.
F ig u ra 12.5 - Ra d io fa ró is p a ra n a v e g a ç ã o m a rítim a d a c o s ta d o B ra s il (Ex tra to d a Lis ta d e
Au x ílio s -Rá d io )

Além disso, a Lis ta d e Au x ílio s -Rá d io in for m a qu e t odos os Ra diofa r óis Ma r ít im os


possu em a s segu in t es ca r a ct er íst ica s com u n s:
• h or á r io de fu n cion a m en t o: con t ín u o;
• set or de u t iliza çã o: Ra diofa r ol Cir cu la r (RC)

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 333


P u blic a ç õ e s d e a u x ílio à n a v e g a ç ã o

Ra diofa r óis pa r a a Na vega çã o Aér ea loca liza dos n o lit or a l do Br a sil;


Ra diofa r óis loca liza dos em pa íses est r a n geir os, em á r ea s a br a n gida s pela s Ca r t a s
Ná u t ica s Br a sileir a s; e
E st a ções de Ra diodifu sã o Com er cia l em On da s Média s loca liza da s n o lit or a l do Br a sil,
qu e podem ser u t iliza da s pa r a obt en çã o de m a rc a ç õ e s ra d io g o n io m é tric a s (com posiçã o
da a n t en a , pr efixo, h or á r io de fu n cion a m en t o e pot ên cia de t r a n sm issã o).

b. S in a is Ho rá rio s (Ca p ítu lo 3)


Apr esen t a in for m a ções sobr e o Ser viço da H or a e sobr e a s pr in cipa is est a ções qu e
t r a n sm it em sin a is h or á r ios, n o Br a sil e em ou t r os pa íses. P a r a ca da est a çã o sã o da da s
a s ca r a ct er íst ica s com plet a s dos sin a is h or á r ios t r a n sm it idos (F igu r a 12.6).
F ig u ra 12.6 - Es ta ç õ e s qu e tra n s m ite m S in a is Ho rá rio s (Ex tra to d a Lis ta d e Au x ílio s -Rá d io )

334 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


P u blic a ç õ e s d e a u x ílio à n a v e g a ç ã o

Os s i n a i s h o rá ri o s sã o essen cia is pa r a con h ecim en t o e con t r ole dos er r os dos


cr on ôm et r os de bor do, per m it in do obt er a h or a pr ecisa da s obser va ções dos a st r os, elem en t o
fu n da m en t a l pa r a a n a v e g a ç ã o a s tro n ô m ic a , qu e ser á est u da da n o VOLUME II dest e
Ma n u a l.

c. S e rv iç o s Ra d io m e te o ro ló g ic o s (Ca p ítu lo 4)
Apr esen t a in for m a ções sobr e os ser viços r a diom et eor ológicos de a poio a o n a vega n t e, os
lim it es da s á r ea s m a r ít im a s de pr evisã o do t em po sob a r espon sa bilida de do Br a sil e os
da dos da s est a ções qu e t r a n sm it em ME TE OROMARINH A, pr evisã o do t em po pa r a á r ea s
por t u á r ia s e ca r t a s m et eor ológica s por fa c–sím ile.

d. Av is o s a o s N a v e g a n te s (Ca p ítu lo 5)
E st e Ca pít u lo descr eve os t ipos de Avisos a os Na vega n t es e o Ser viço Globa l de Avisos–
Rá dio a os Na vega n t es, for n ece da dos sobr e divu lga çã o de Avisos–Rá dio n o Br a sil (in clu -
sive n a Ba cia Am a zôn ica e n o Rio P a r a gu a i) e in for m a ções det a lh a da s sobr e a s est a ções
qu e t r a n sm it em Av is o s a o s N a v e g a n te s em n osso pa ís e sobr e a s est a ções est r a n geir a s
qu e t r a n sm it em Av is o s a o s N a v e g a n te s pa r a á r ea s m a r ít im a s in clu ída s n a s Ca r t a s
Ná u t ica s br a sileir a s.

e. Re s p o n d e d o r Ra d a r – RACON (Ca p ítu lo 6)


Apr esen t a in for m a ções sobr e o pr in cípio de fu n cion a m en t o do RACON e u m a r ela çã o
com t oda s a s e s ta ç õ e s RACON exist en t es n a cost a do Br a sil.
P a r a ca da e s ta ç ã o RACON é in for m a do:
• a u xílio à n a vega çã o on de est á in st a la do o RACON;
• ca r a ct er íst ica do sin a l;
• ba n da s de fr eqü ên cia ; e
• a lca n ce.
O RACON é est u da do com det a lh es n o Ca pít u lo 14 dest e Ma n u a l (Na vega çã o Ra da r ).

f. Co m u n ic a ç ã o d e p e rig o e s e g u ra n ç a (Ca p ítu lo 7)


E st e Ca pít u lo, con for m e já m en cion a do, r epr odu z t r ech os de pu blica ções da UIT sobr e
com u n ica ções de per igo e segu r a n ça .

g. Ap o io Co s te iro (Ca p ítu lo 8)


Apr esen t a in for m a ções sobr e a s segu in t es r edes de est a ções– r á dio qu e pr est a m ser viços
de r a diocom u n ica ções em a poio a o n a vega n t e:
• Rede Na cion a l de E st a ções Cost eir a s (RE NE C), oper a da pela E MBRATE L;
• Rede Cost eir a de Apoio a o Ia t ism o, con st it u ída pela s est a ções per t en cen t es a os Ia t es
Clu bes.

h. S is te m a s d e N a v e g a ç ã o Ele trô n ic a (Ca p ítu lo 9):


E st e Ca pít u lo for n ece in for m a ções sobr e os sist em a s de n a vega çã o elet r ôn ica de lon go
a lca n ce qu e podem ser u t iliza dos n a cost a do Br a sil, a bor da n do os sist em a s OMEGA,
TRAN S IT (“Na vy Na viga t ion Sa t ellit e Syst em ”) e GP S (“Globa l P osit ion in g Syst em ”).

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 335


P u blic a ç õ e s d e a u x ílio à n a v e g a ç ã o

12.8 TÁB U AS D AS MARÉS E CARTAS D E


CORREN TES D E MARÉ
A pu blica çã o a n u a l DG6 Tá bu a d a s Ma ré s for n ece a p re v is ã o d e m a ré s pa r a os
por t os n a cion a is e est r a n geir os m ost r a dos n a F igu r a 12.7.
Os folh et os den om in a dos Ca rta s d e Co rre n te s d e Ma ré a pr esen t a m os elem en t os
da cor r en t e de m a r é pa r a diver sos loca is da cost a br a sileir a .
Am ba s a s pu blica ções já for a m devida m en t e est u da da s, n o Ca pít u lo 10.
F ig u ra 12.7 - P o rto s n a c io n a is e e s tra n g e iro s c u ja p re v is ã o d e m a ré s c o n s ta d a p u blic a ç ã o
D G 6 - Tá bu a s d a s Ma ré s

336 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


P u blic a ç õ e s d e a u x ílio à n a v e g a ç ã o

12.9 CARTAS P ILOTO


As Ca rta s P ilo to , já m en cion a da s n o Ca pít u lo 10, a pr esen t a m in for m a ções m et eo-
r ológica s e ocea n ogr á fica s de fu n da m en t a l im por t â n cia pa r a o n a vega n t e, t a n t o n a fa se de
p la n e ja m e n to , com o n a de e x e c u ç ã o d a d e rro ta .
A DH N pu blica u m Atla s d e Ca rta s P ilo to p a ra o Oc e a n o Atlâ n tic o (2ª E diçã o –
Dezem br o/1993), a br a n gen do, n o sen t ido N–S, o t r ech o de Trin id a d a o Rio d a P ra ta e, n o
sen t ido E –W, o t r ech o desde o lito ra l d a Am é ric a d o S u l a té o m e rid ia n o d e 020ºW.
O Atla s d e Ca rta s P ilo to é con st it u ído por 12 ca r t a s, n a P r ojeçã o de Mer ca t or ,
esca la 1:10.000.000, sen do u m a pa r a ca da m ês do a n o. P a r a a n a vega çã o, a s pr in cipa is
in for m a ções da s Ca rta s P ilo to r efer em –se a v e n to s e c o rre n te s m a rítim a s . E n t r et a n t o,
a s ca r t a s a pr esen t a m , a in da , in for m a ções sobr e d e c lin a ç ã o m a g n é tic a (m ost r a n do lin h a s
is o g ô n ic a s e lin h a s de m esm a v a ria ç ã o a n u a l da declin a çã o), te m p e ra tu ra d o a r e
te m p e ra tu ra d a á g u a d o m a r. Adem a is, n o ver so da s Ca rta s P ilo to con st a m , t a m bém ,
in for m a ções sobr e n e v o e iro , v is ibilid a d e , te m p e ra tu ra , v e n to m é d io e ocor r ên cia de
v e n to s fo rte s n os pr in cipa is por t os e ilh a s do Br a sil.
A F igu r a 12.8 m ost r a u m t r ech o da Ca rta P ilo to pa r a o m ês de MARÇO, expr essa n do a s
con dições m édia s pa r a est e m ês.
F ig u ra 12.8 - Ex tra to d o Atla s d e Ca rta s P ilo to

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 337


P u blic a ç õ e s d e a u x ílio à n a v e g a ç ã o

E m a zu l sã o a pr esen t a da s a s in for m a ções sobr e VEN TOS . P a r a os diver sos loca is


on de a pa r ecem r epr esen t a da s, a s ro s a s d o s v e n to s in dica m , em per cen t a gen s, a s dir eções
de on de sopr a m os ven t os e, n a e s c a la B EAU F ORT (F igu r a 12.9), a velocida de m édia n o
m ês, por oct a n t e.
F ig u ra 12.9 - Es c a la B e a u fo rt

338 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


P u blic a ç õ e s d e a u x ílio à n a v e g a ç ã o

A per cen t a gem de ocor r ên cia de ven t os em det er m in a da dir eçã o, qu a n do n ã o in dica da
dir et a m en t e, pode ser det er m in a da com pa r a n do–se o com pr im en t o da set a , m edida a pa r t ir
da cir cu n fer ên cia , com a E SCALA P E RCE NTUAL DE VE NTOS, r epr esen t a da n a F igu r a
12.8.
O n ú m er o de “pen a s”, n a ext r em ida de da s set a s, in dica a for ça m édia dos ven t os, n a
e s c a la B EAU F ORT.
No cen t r o da s ro s a s d o s v e n to s , in scr it a s em u m a cir cu n fer ên cia , est ã o in dica da s
a s per cen t a gen s de ocor r ên cia de c a lm a ria s .
E xem plo: n o m ês de m a rç o , n a cost a do E st a do de Sa n t a Ca t a r in a , os v e n to s sã o os
segu in t es (ver F igu r a 12.8):
NORDE STE 30% DE F RE QÜÊ NCIA F ORÇA 3 (BE AUF ORT) 7 A 10 NÓS
N ORTE 19% DE F RE QÜÊ NCIA F ORÇA 3
SU L 16% DE F RE QÜÊ NCIA F ORÇA 4 – 11 A 16 NÓS
LE STE 12% DE F RE QÜÊ NCIA F ORÇA 3
SUDE STE 10% DE F RE QÜÊ NCIA F ORÇA 3
SUDOE STE 6% DE F RE QÜÊ NCIA F ORÇA 3
NOROE STE 3% DE F RE QÜÊ NCIA F ORÇA 3
OE STE 2% DE F RE QÜÊ NCIA F ORÇA 3
CALMARIA 2% DE F RE QÜÊ NCIA
As per cen t a gen s de ven t os n ã o in dica da s dir et a m en t e n a Ca r t a P ilot o for a m obt ida s n a
ES CALA P ERCEN TU AL D E VEN TOS .
As CORREN TES sã o r epr esen t a da s em v e rd e . As s e ta s in dica m a d ire ç ã o p re -
d o m in a n te e os n ú m e ro s a v e lo c id a d e m é d ia , em n ós, da s cor r en t es m a r ít im a s à su per -
fície. Na F igu r a 12.8, por exem plo, pode–se a fir m a r qu e, n o m ês de m a rç o , a c o rre n te a o
la r go de Sa n t os flu i p a ra S W (n o Ru m o 240º), com v e lo c id a d e m é d ia de 0.9 n ós.
E m lin h a s c h e ia s e n c a rn a d a s sã o a pr esen t a da s a s is o te rm a s , qu e in dica m , em
gr a u s Celsiu s, a te m p e ra tu ra d a á g u a d o m a r n a s u p e rfíc ie . P ode–se dizer , por exem plo,
qu e, n o m ês de m a rç o , a te m p e ra tu ra m é d ia d a á g u a d o m a r n a s u p e rfíc ie n a a lt u r a
da Ilh a de Sã o Seba st iã o é de 26ºC (ver F igu r a 12.8).
E m lin h a s tra c e ja d a s e n c a rn a d a s sã o r epr esen t a da s a s is o te rm a s qu e in dica m ,
em gr a u s Celsiu s, a te m p e ra tu ra d o a r à s u p e rfíc ie . A F igu r a 12.8 n os in dica qu e, n o
m ês de m a rç o , a te m p e ra tu ra m é d ia d o a r à s u p e rfíc ie em F lor ia n ópolis é de 25ºC.
E m lin h a s c h e ia s r epr esen t a da s em ro x o sã o plot a da s n a s Ca r t a s P ilot o a s lin h a s
is o g ô n ic a s (de m esm o va lor de d e c lin a ç ã o m a g n é tic a ) pa r a o a n o de 1990 (n a 2ª E diçã o
do At la s da s Ca r t a s P ilot o). As lin h a s u n in do pon t os de m esm a v a ria ç ã o a n u a l d e d e c li-
n a ç ã o sã o r epr esen t a da s por lin h a s tra c e ja d a s , t a m bém em ro x o . A F igu r a 12.8, por
exem plo, n os in dica qu e a d e c lin a ç ã o m a g n é tic a pa r a 1990 n o Rio de J a n eir o é de 20ºW e
su a v a ria ç ã o a n u a l cer ca de + 6'.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 339


P u blic a ç õ e s d e a u x ílio à n a v e g a ç ã o

F ig u ra 12.10 -

Con for m e cit a do, n o ver so de ca da


Ca rta P ilo to sã o a pr esen t a da s, pa r a o
m ê s a qu e se r efer e a ca r t a , in for m a ções
sobr e t e m p e ra t u ra m é d i a , n e v o e i ro ,
v is ibilid a d e , v e n to s p re d o m in a n te s e
ocor r ê n ci a d e v e n t o s f o r t e s n os
p r in cip a is p or t os e ilh a s e em a lgu n s
ou t r os pon t os selecion a dos da n ossa cost a .
A F igu r a 12.10 m ost r a a s con dições
m édia s pa r a Ch u í, n o ext r em o su l do Br a -
sil, n o m ês de m a rç o . Da F igu r a , podem
ser obt ida s a s segu in t es in for m a ções:
TE MP E RATURA MÉ DIA: 21,0ºC
P E RCE NTUAL DE N EVOEIRO: 2,1%
P E RCE NTUAL DE VIS IB ILID AD E IN-
F E RIOR A 2,5 MILH AS: 9,0%
P E RCE NTUAL DE VEN TO F ORTE: 1,0%

VE NTOS P RE DOMINANTE S:
• SU L 23% DE F RE QÜÊ NCIA F ORÇA 4 (BE AUF ORT)
• LE STE 22% DE F RE QÜÊ NCIA F ORÇA 3
• NORDE STE 15% DE F RE QÜÊ NCIA F ORÇA 3
• N ORTE 14% DE F RE QÜÊ NCIA F ORÇA 2
• SUDOE STE 6% DE F RE QÜÊ NCIA F ORÇA 3
• SUDE STE 6% DE F RE QÜÊ NCIA F ORÇA 4
• OE STE 6% DE F RE QÜÊ NCIA F ORÇA 2
• NOROE STE 2% DE F RE QÜÊ NCIA F ORÇA 2
• CALMARIA 6% DE F RE QÜÊ NCIA
Além dest a s in for m a ções, a s Ca rta s P ilo to a pr esen t a m os lim it es da s ÁRE AS DE
P RE VISÃO (á r ea s ALF A, BRAVO, CH ARLIE , DE LTA, E CH O, F OXTROT, GOLF , H O-
TE L, ÁRE A NORTE OCE ÂNICA E ÁRE A SUL OCE ÂNICA), pa r a a s qu a is sã o divu lga da s
dia r ia m en t e pr evisões m et eor ológica s.

340 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


P u blic a ç õ e s d e a u x ílio à n a v e g a ç ã o

12.10 ALMAN AQU E N ÁU TICO


P u blica çã o a n u a l da DH N, o Alm a n a qu e N á u tic o (DN5) é in dispen sá vel n a N a v e -
g a ç ã o As tro n ô m ic a . F or n ece elem en t os essen cia is pa r a obt en çã o da posiçã o u t iliza n do o
S o l, a Lu a , os 4 P la n e ta s (Vên u s, Ma r t e, J ú pit er e Sa t u r n o) e a s 57 Es tre la s u sa da s em
N a v e g a ç ã o As tro n ô m ic a .
Além disso, a pr esen t a in for m a ções sobr e n a s c e r e p o r do S o l e da Lu a , p a s s a g e m
m e rid ia n a do S o l, da Lu a e dos 4 P la n et a s a cim a cit a dos, h or a e du r a çã o dos c re p ú s c u lo s,
t á bu a s da Es tre la P o la r, elem en t os pa r a cor r eçã o de a ltu ra s o bs e rv a d a s com o s e x ta n te ,
da dos sobr e h o ra le g a l e fu s o s h o rá rio s , c a rta s c e le s te s , et c.
O Alm a n a qu e N á u tic o ser á est u da do det a lh a da m en t e n o Volu m e II dest e Ma n u a l,
n a pa r t e r efer en t e à N a v e g a ç ã o As tro n ô m ic a .

12.11 REGU LAMEN TO IN TERN ACION AL


P ARA EVITAR AB ALROAMEN TOS
N O MAR
O Re g u la m e n to In te rn a c io n a l p a ra Ev ita r Aba lro a m e n to s n o Ma r (RIP E AM–
72), in cor por a n do a s em en da s de 1981, é pu blica do pela Dir et or ia de P or t os e Cost a s do
Min ist ér io da Ma r in h a (DP C). A pu blica çã o ser á est u da da em det a lh es n o Ca pít u lo 15.

12.12 OU TRAS P U B LICAÇÕES N ÁU TICAS


N ACION AIS
A DH N pu blica , a in da , diver sa s ou t r a s P u blic a ç õ e s N á u tic a s , a lém de Tá bu a s,
Ta bela s e Gr á ficos u sa dos n a n a v e g a ç ã o . Toda s essa s pu blica ções possu em a s or ien t a ções
n ecessá r ia s pa r a su a cor r et a u t iliza çã o, dispen sa n do m a ior es com en t á r ios.
Mer ecem m en çã o n est e Ca pít u lo:
a . P u blica çã o D N 6–1 Tá bu a s p a ra N a v e g a ç ã o Es tim a d a , con t en do vá r ia s t á bu a s de
r ea l u t ilida de pa r a o n a vega n t e, n a n a vega çã o cost eir a , est im a da e em á gu a s r est r it a s.
b. P u blica çã o D G2 Ma n u a l d e Me te o ro lo g ia d e P a s s a d iç o .
c. P u blica çã o D G3 Ma n u a l d o Obs e rv a d o r Me te o ro ló g ic o .
d. P u blica çã o D H14 N o ç õ e s d e Ca rto g ra fia .
e. P u blica çã o D H1–I Tá bu a d e D is tâ n c ia s .
f. P u blica çã o D N 4 Tá bu a s p a ra N a v e g a ç ã o As tro n ô m ic a .
g. P u blica çã o D N 7 Grá fic o s u s a d o s n a N a v e g a ç ã o .
h . P u blica çã o D N 9 N o ta s p a ra u m En c a rre g a d o d e N a v e g a ç ã o .
I. P u blica çã o D N 11 N o rm a s p a ra N a v e g a ç ã o n o s N a v io s d a MB .
j. Mo d e lo s e Tip o s d e Cá lc u lo s diver sos p a ra u s o e m N a v e g a ç ã o .

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 341


P u blic a ç õ e s d e a u x ílio à n a v e g a ç ã o

12.13 P U B LICAÇÕES N ÁU TICAS


ES TRAN GEIRAS
E m bor a exist a m ou t r os pa íses qu e t a m bém edit a m Ca rta s N á u tic a s e P u blic a ç õ e s
d e Au x ílio à N a v e g a ç ã o com cober t u r a m u n dia l, ser á a pr esen t a da a pen a s u m a r esen h a
da s pu blica da s pelos E st a dos Un idos e Gr ã Br et a n h a , fon t es pr in cipa is dos docu m en t os
n á u t icos est r a n geir os u t iliza dos pelos n a vios da MB qu e via ja m pa r a o ext er ior .

12.13.1 CARTAS E P U B LICAÇÕES N ÁU TICAS N ORTE-


AMERICANAS

a. Ca rta s N á u tic a s
As Ca rta s N á u tic a s da s á gu a s in t er ior es e á gu a s cost eir a s dos E st a dos Un idos e su a s
possessões in su la r es sã o pu blica da s pelo “N a tio n a l Oc e a n S e rv ic e ” (NOS), ór gã o da
“N a tio n a l Oc e a n ic a n d Atm o s p h e ric Ad m in is tra tio n ” (NOAA).
O NOS pu blica 5 Ca tá lo g o s d e Ca rta s N á u tic a s :
• Ca t á logo de Ca r t a s Ná u t ica s Nº1 Cost a At lâ n t ica e do Golfo do México, in clu in do
P or t o Rico e Ilh a s Vir gen s;
• Ca t á logo de Ca r t a s Ná u t ica s Nº2 Cost a do P a cífico, in clu in do H a va í, Gu a m e Sa m oa ;
• Ca t á logo de Ca r t a s Ná u t ica s Nº3 Ala sca , in clu in do a s Ilh a s Aleu t a s;
• Ca t á logo de Ca r t a s Ná u t ica s Nº4 Gr a n des La gos e H idr ovia s Adja cen t es;
• Ca t á logo de Ca r t a s Ná u t ica s Nº5 Ca r t a s especia is e ca r t a s ba t im ét r ica s.
Ca r t a s de a lgu m a s h idr ovia s in t er ior es dos E st a dos Un idos, n ot a da m en t e dos Rio s Mis -
s is s ip i, Mis s o u ri, Oh io , Te n n e s s e e e seu s a flu en t es, sã o pu blica da s pelo Cor po de
E n gen h eir os do E xér cit o dos E UA (“U.S. Ar m y Cor ps of E n gin eer s”), sen do r efer ida s
com o “m a pa s de n a vega çã o” (“n a viga t ion a l m a ps”).
As Ca rta s N á u tic a s do r est a n t e do m u n do sã o pu blica da s pela Agên cia Ca r t ogr á fica
de Defesa – Cen t r o H idr ogr á fico e Topogr á fico (DMAH TC – Defen se Ma ppin g Agen cy H ydr o-
gr a ph ic / Topogr a ph ic Cen t er ). As Ca r t a s e P u blica ções Ná u t ica s pr epa r a da s pelo DMAH TC
sã o list a da s n o Ca t á logo de Ma pa s, Ca r t a s e P r odu t os Cor r ela t os do DMA, P a r t e 2 – P r odu t os
H idr ogr á ficos, dividido em 9 seções r egion a is, n u m er a da s de 1 a 9, cobr in do a s segu in t es
á r ea s:
RE GIÃO 1 E st a dos Un idos e Ca n a dá .
RE GIÃO 2 Am ér ica do Su l, Cen t r a l e An t á r t ica .
RE GIÃO 3 E u r opa Ociden t a l, Islâ n dia , Gr oen lâ n dia e Ár t ico.
RE GIÃO 4 E sca n din á via , Bá lt ico, Rú ssia e á r ea s da ex–URSS.
RE GIÃO 5 Medit er r â n eo e Áfr ica Ociden t a l.
RE GIÃO 6 Ocea n o Ín dico.
RE GIÃO 7 Au st r á lia , In don ésia e Nova Zelâ n dia .
RE GIÃO 8 Ocea n ia .
RE GIÃO 9 Ásia Or ien t a l

342 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


P u blic a ç õ e s d e a u x ílio à n a v e g a ç ã o

E xist e, a in da , n o Ca t á logo u m a seçã o a dicion a l list a n do Ca r t a s E specia is, Ca r t a s In -


t er n a cion a is, Tá bu a s e P u blica ções do DMAH TC.

b. P u blic a ç õ e s N o rte –Am e ric a n a s d e Au x ílio à N a v e g a ç ã o


Lis ta d e F a ró is
A Gu a rd a Co s te ira (“U.S. Coa st Gu a r d”) pu blica a “Lig h t Lis t”, em 5 volu m es, co-
br in do a s á gu a s cost eir a s e in t er ior es dos E st a dos Un idos e su a s possessões in su la r es,
os Gr a n des La gos e o sist em a do Rio Mississipi.
A Agên cia Ca r t ogr á fica de Defesa /Cen t r o H idr ogr á fico e Topogr á fico (DMAH TC) pu bli-
ca a “Lis t o f Lig h ts ”, em 7 volu m es (P u b. Nº110 a 116), cobr in do o r est a n t e do m u n do,
a lém de por ções lim it a da s da s cost a s dos E st a dos Un idos.
Ro te iro s
Os Ro te iro s qu e cobr em a s á gu a s n or t e–a m er ica n a s e su a s possessões sã o den om in a -
dos “U .S . Co a s t P ilo ts ”, sen do pu blica dos pelo NOS (“Na t ion a l Ocea n Ser vice”), em 9
volu m es.
O DMAH TC pu blica Ro te iro s pa r a a s á r ea s oceâ n ica s e cost eir a s do r est a n t e do m u n do,
com o t ít u lo de “S a ilin g D ire c tio n s ”.
Os “S a ilin g D ire c tio n s ” edit a dos pelo DMAH TC sã o divididos em 43 pu blica ções: 8
den om in a da s “P la n n in g Gu id e s ” e 35 den om in a da s “En ro u te ”. Os “P la n n in g Gu id e s ”
cobr em a s t r a vessia s da s gr a n des ba cia s oceâ n ica s. Os volu m es “En ro u te ” con t êm a s
in for m a ções r ela t iva s a por t os e á r ea s cost eir a s.
As in for m a ções sobr e r ecu r sos e fa cilida des de t odos os por t os do m u n do, a n t er ior m en t e
disper sa s n os volu m es dos Ro te iro s , for a m ju n t a da s pelo D MAHTC n a P u blic a ç ã o
N º150 – Ín d ic e d e P o rto s d o Mu n d o (“Wo rld P o rt In d e x ”), de gr a n de u t ilida de a
bor do.
Tá bu a s d a s Ma ré s e d e Co rre n te s d e Ma ré
As Tá bu a s d a s Ma ré s sã o pu blica da s a n u a lm en t e pelo N a tio n a l Oc e a n S e rv ic e (N OS )
em qu a t r o volu m es:
• Cos t a Les t e d a Am ér ica d o N or t e e d a Am ér ica d o S u l (in clu in d o, t a m bém , a
Gr oen lâ n dia );
• Cost a Oest e da Am ér ica do Nor t e e da Am ér ica do Su l (in clu in do, t a m bém , o H a va í);
• E u r opa e Cost a Oest e da Áfr ica (in clu in do, a in da , o Medit er r â n eo); e
• Ocea n o P a cífico Cen t r a l e Ociden t a l e Ocea n o Ín dico.
As Tá bu a s d e Co rre n te s d e Ma ré t a m bém sã o pu blica da s a n u a lm en t e pelo NOS, em
dois volu m es:
• Cost a At lâ n t ica da Am ér ica do Nor t e; e
• Cost a do P a cífico da Am ér ica do Nor t e e Ásia .
Lis ta d e Au x ílio s –Rá d io
O D MAHTC (“D e fe n s e Ma p p in g Ag e n c y Hy d ro g ra p h ic / To p o g ra p h ic Ce n te r ”)
edit a a P u blica çã o Ra d io N a v ig a tio n a l Aid s – P UB Nº117. A N OAA (“N a tio n a l Oc e -
a n ic a n d Atm o s p h e ric Ad m in is tra tio n ”) pu blica a “Wo rld w id e Ma rin e We a th e r
B ro a d c a s ts ”.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 343


P u blic a ç õ e s d e a u x ílio à n a v e g a ç ã o

Ou tra s P u blic a ç õ e s N á u tic a s N o rte –Am e ric a n a s


Alm a n a qu e N á u tic o : pu blica do a n u a lm en t e, em con ju n t o pelo U .S . N a v a l Obs e rv a -
to ry e pelo Ro y a l Gre e n w ic h Obs e rv a to ry , da In gla t er r a .
Ca rta s P ilo to : sã o pu blica da s pelo D MAHTC pa r a t odos os Ocea n os do m u n do.
Tá bu a d e D is tâ n c ia s e n tre P o rto s : a P u blic a ç ã o N º151 – “Ta ble o f D is ta n c e s B e -
tw e e n P o rts ”, pu blica da pelo D MAHTC, a pr esen t a m a is de 40.000 dist â n cia s en t r e os
por t os do m u n do, sen do de gr a n de u t ilida de a bor do.
Tá bu a s p a ra N a v e g a ç ã o As tro n ô m ic a : o D MAHTC edit a a P U B . N º229 – “S ig h t
Re d u c tio n Ta ble s fo r Ma rin e N a v ig a tio n ”, em 6 volu m es (ca da u m cobr in do 16º de
la t it u de, com 1º de su per posiçã o en t r e volu m es) e a P U B . N º249 – “S ig h t Re d u c tio n
Ta ble s fo r Air N a v ig a tio n ” (em t r ês volu m es), qu e, em bor a dest in a da especifica m en t e
à n a v e g a ç ã o a é re a , é t a m bém em pr ega da n a n a v e g a ç ã o m a rítim a . As Tá bu a s Nº229
e 249 ser ã o est u da da s n o Volu m e 2 dest e Ma n u a l, n a pa r t e r efer en t e à N a v e g a ç ã o
As tro n ô m ic a .
Liv ro s e Ma n u a is: o D MATHC pu blica o qu e t a lvez seja o m a is con h ecido e, com cer t eza ,
o m a is com plet o de t odos os livr os de n a vega çã o, a P U B . N º9, “Am e ric a n P ra c tic a l
N a v ig a to r – B o w d itc h ”, cu ja pr im eir a ediçã o é de 1802. O “B o w d itc h ” é pu blica do em
dois volu m es, sen do o Volu m e II ba sica m en t e con st it u ído por Tá bu a s e Ta bela s m u it o
ú t eis pa r a a n a vega çã o. Adem a is, o D MAHTC edit a a P U B . N º226 – “Ha n d bo o k o f
Ma g n e tic Co m p a s s Ad ju s tm e n t & Co m p e n s a tio n ”, a lém de ou t r os livr os e m a n u a is.

12.13.2 CARTAS E P U B LICAÇÕES N ÁU TICAS


IN GLES AS

a. Ca rta s N á u tic a s
As Ca rta s N á u tic a s in glesa s est ã o r ela cion a da s n a pu blica çã o H.D . 374 – Ca ta lo g u e
o f Ad m i r a l t y Ch a r t s a n d Ot h e r H y d r o g r a p h i c P u b l i c a t i o n s . E s t e ca t á logo,
p u blic a d o a n u a lm e n te , con t ém u m a list a da s Ca rta s N á u tic a s (r ela cion a da s em
seqü ên cia geogr á fica ), da s c a rta s e s p e c ia is e dia gr a m a s u sa dos em n a vega çã o, dos
Ro te iro s e ou t r a s P u blic a ç õ e s N á u tic a s . Adem a is, o ca t á logo in clu i Ma pa s–Ín dice,
m ost r a n do os lim it es de t oda s a s ca r t a s e a s á r ea s cober t a s pelos Ro te iro s in gleses. Os
lim it es da s Ca rta s N á u tic a s t a m bém sã o m ost r a dos n o in ício de ca da volu m e do Ro te iro .

b. P u blic a ç õ e s d e Au x ílio à N a v e g a ç ã o
Ro te iro
Os “Ad m ira lty S a ilin g D ire c tio n s ”, t a m bém con h ecidos com o “P ilo ts ”, sã o pu blica dos
em cer ca de 75 volu m es, cobr in do t odo o m u n do. Um a n o v a e d iç ã o de ca da volu m e do
Ro te iro in glês é pu blica da a in t er va los de a pr oxim a da m en t e 12 a n os.
Lis ta d e F a ró is
A “Ad m ira lty Lis t o f Lig h ts , F o g S ig n a ls a n d Vis u a l Tim e S ig n a ls ”, a br evia da m en t e
r efer ida com o “Lig h ts Lis t”, é pu blica da em 12 volu m es, cobr in do t odo o m u n do. Ca da
volu m e é pu blica do a in t er va los de cer ca de 18 m eses.

344 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


P u blic a ç õ e s d e a u x ílio à n a v e g a ç ã o

Lis ta d e Au x ílio s –Rá d io


A “Ad m i r a lt y Li s t o f R a d i o S i g n a ls ” con s is t e d e 5 p a r t es , cu jos con t eú d os s ã o
en u m er a dos a ba ixo:
Volu m e I – Com u n ica çã o;
Volu m e II – Ra diofa r óis e E st a ções Ra diogon iom ét r ica s;
Volu m e III – Ser viços Met eor ológicos;
Volu m e IV – E st a ções Met eor ológica s; e
Volu m e V – Sin a is H or á r ios, Ser viços–Rá dio de Ala r m e e
Sist em a s E let r ôn icos de Na vega çã o e
P osicion a m en t o.
Ca da volu m e da Lis ta d e Au x ílio s –Rá d io in glesa é pu blica do a n u a lm en t e.
Tá bu a s d a s Ma ré s
As “Ad m ira lty Tid e Ta ble s ” sã o pu blica da s a n u a lm en t e em 3 volu m es, com cober t u r a
m u n dia l. As t á bu a s in clu em , t a m bém , in for m a ções sobr e c o rre n te s d e m a ré .
Ou tra s P u blic a ç õ e s N á u tic a s In g le s a s
“Oc e a n P a s s a g e s fo r th e Wo rld ”: est a é u m a clá ssica P u blica çã o de Au xílio à Na vega çã o,
con t en do in for m a ções e pr eca u ções per t in en t es a d e rro ta s o c e â n ic a s , em con ju n t o com
da dos r eleva n t es de v e n to s e c o rre n te s o c e â n ic a s . A pu blica çã o in clu i ca r t a s qu e m os-
t r a m der r ot a s, ven t os e cor r en t es pa r a difer en t es pa r t es do m u n do. Mu it a s in for m a ções
ú t eis a os n a vega n t es con t ida s n o “Oc e a n P a s s a g e s fo r th e Wo rld ” n ã o sã o en con t r a da s
n os Ro te iro s , qu e a bor da m com m a is det a lh es pr in cipa lm en t e a s á gu a s cost eir a s.
Tá bu a s d e D is tâ n c ia s : a s “Ad m ira lty D is ta n c e Ta ble s ” sã o pu blica da s em 5 vol-
u m es, cobr in do t odo o m u n do.
Alm a n a qu e N á u tic o : con for m e vist o, pu blica do em con ju n t o pelo Ro y a l Gre e n w ic h
Obs e rv a to ry e o U .S . N a v a l Obs e rv a to ry .
“Ad m ira lty Ma n u a l o f N a v ig a tio n ”: Volu m es I, II e III (ost en sivos) e Volu m e IV
(r est r it o).

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 345


P u blic a ç õ e s d e a u x ílio à n a v e g a ç ã o

346 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Au x ílio s v is u a is à n a v e g a ç ã o :

AU XÍLIOS VIS U AIS À


13 N AVEGAÇÃO: F ARÓIS ,
F AROLETES , B ARCAS -
F ARÓIS , B ÓIAS , B ALI-
ZAS E S IS TEMAS D E
B ALIZAMEN TO

13.1 IMP ORTÂN CIA D A S IN ALIZAÇÃO


N ÁU TICA; CLAS S IF ICAÇÃO D OS
S IN AIS D E AU XÍLIO À N AVEGAÇÃO
Além da s Ca r t a s e P u blica ções Ná u t ica s, dos in st r u m en t os e equ ipa m en t os de n a ve-
ga çã o e dos dem a is m eios de a poio post os à disposiçã o do n a vega n t e (t a is com o a difu sã o,
via r á dio, de Avisos a os Na vega n t es e de in for m a ções m et eor ológica s), a s in a liza ç ã o n á u tic a
t a m bém con st it u i fa t or essen cia l pa r a a s e g u ra n ç a d a n a v e g a ç ã o .
E n t en de–se por s in a liza ç ã o n á u tic a o con ju n t o de sist em a s e r ecu r sos visu a is, son o-
r os, r a dioelét r icos, elet r ôn icos ou com bin a dos, dest in a dos a pr opor cion a r a o n a vega n t e in for -
m a ções pa r a dir igir o m ovim en t o do seu n a vio, ou em ba r ca çã o, com segu r a n ça e econ om ia .
Qu a n t o à expr essã o a u x ílio s à n a v e g a ç ã o , a m esm a en globa va , or igin a lm en t e, a pe-
n a s os sin a is visu a is. De fa t o, n o pa ssa do, o fu n cion a m en t o dos a u x ílio s à n a v e g a ç ã o er a
ba sea do exclu siva m en t e em obser va ções visu a is, à vist a desa r m a da ou u t iliza n do lu n et a s e
bin ócu los. Ma is t a r de, esses sin a is for a m dot a dos de equ ipa m en t os son or os, dest in a dos a
or ien t a r o n a vega n t e em con dições de m á visibilida de. Assim , excet o pela s lu n et a s e bin ócu los
já m en cion a dos, t odos esses a u xílios podia m ser per cebidos pelos n a vega n t es u sa n do som en t e
seu s pr ópr ios olh os e ou vidos. Nen h u m ou t r o t ipo de sen sor er a n ecessá r io.
A pa r t ir dest e sécu lo, en t r et a n t o, su r gir a m a u x ílio s à n a v e g a ç ã o u t iliza n do a s
pr opr ieda des da s o n d a s e le tro m a g n é tic a s n a s fa ixa s de r á dio–fr eqü ên cia s. P a r a r eceber ,
m edir e in t er pr et a r essa s em issões, for a m pr ojet a dos r ecept or es especia is pa r a ser em u sa dos
a bor do dos n a vios. E sses r ecept or es sã o, n a r ea lida de, u m a ext en sã o dos equ ipa m en t os
r a dioelét r icos ext er n os a o n a vio, con st it u in do com eles u m s is te m a d e a u x ílio à n a v e g a ç ã o.
Dest a for m a , o t er m o a u x ílio à n a v e g a ç ã o evolu iu de seu con ceit o or igin a l (qu a n do
sign ifica va u m sin a l ext er n o a o n a vio, cu ja per cepçã o e iden t ifica çã o depen dia m a pen a s de
obser va ções visu a is e a cú st ica s) e h oje com pr een de t a m bém os s is te m a s e le trô n ic o s , cu ja
con figu r a çã o com plet a a br a n ge os segm en t os de bor do e os ext er n os a o n a vio (in st a la dos

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 347


Au x ílio s v is u a is à n a v e g a ç ã o :

em t er r a ou , a t é m esm o, em sa t élit es). E st es sist em a s elet r ôn icos sã o den om in a dos de


a u x ílio s –rá d io à n a v e g a ç ã o .
Mesm o com os sofist ica dos equ ipa m en t os de n a vega çã o h oje dispon íveis (ofer ecen do
a lt a pr ecisã o de posicion a m en t o e in for m a ções pr a t ica m en t e con t ín u a s) e com P u blica ções
e Ca r t a s Ná u t ica s ca da vez m a is con fiá veis e det a lh a da s, o n a vega n t e a in da n ã o pode pr es-
cin dir dos t r a dicion a is s in a is d e a u x ílio à n a v e g a ç ã o , especia lm en t e qu a n do se desloca
em á gu a s r est r it a s, on de é r edu zido o t em po pa r a decidir e or den a r u m a gu in a da ou m a n obr a
de m á qu in a s.
E n t r e a s fu n ções pr in cipa is dos a u x ílio s à n a v e g a ç ã o podem ser cit a da s:
• possibilit a r a det er m in a çã o da posiçã o do n a vio;
• in dica r u m a a t er r a gem ;
• a ler t a r sobr e a exist ên cia e a posiçã o de per igos à n a vega çã o;
• or ien t a r os m ovim en t os do n a vio; e
• dem a r ca r os lim it es dos ca n a is de n a vega çã o.
Adem a is, u m a boa r ede de s in a liza ç ã o n á u tic a t a m bém con t r ibu i decisiva m en t e
pa r a :
• evit a r a per da de n a vios, vida s h u m a n a s e m er ca dor ia s;
• pr ot eçã o a o m eio a m bien t e (a u xilia n do a evit a r desa st r es ecológicos); e
• econ om ia de t em po e com bu st ível (u m a cr it er iosa r ede de sin a liza çã o n á u t ica per m it ir á
a o n a vega n t e o t r a ça do segu r o de der r ot a s m a is cu r t a s en t r e o pon t o de pa r t ida e o seu
dest in o).
Os s is te m a s e s in a is d e a u x ílio à n a v e g a ç ã o cla ssifica m –se, qu a n t o a o t ipo de
in for m a ções for n ecida s, em :
• VISU AIS
• SON OROS
• RADIOE LÉ TRICOS OU E LE TRÔNICOS
• COMBIN ADOS
• E SP E CIAIS
Os a u x ílio s v is u a is sã o a qu eles dest in a dos a possibilit a r a or ien t a çã o ou o posicio-
n a m en t o do n a vega n t e, ou a t r a n sm it ir –lh e det er m in a da in for m a çã o, por su a for m a , cor e/
ou lu z em it ida . Os s in a is v is u a is podem ser lu m in o s o s ou c e g o s , con for m e se dest in a m a
or ien t a r o n a vega n t e d e d ia e d e n o ite (lu m in o s o s ), ou a p e n a s d u ra n te o d ia (c e g o s ).
Os sin a is son or os sã o dot a dos de equ ipa m en t o a cú st ico (a pit o, sin o, gon go, sir en e ou
bu zin a de cer r a çã o) e dest in a m –se a or ien t a r o n a vega n t e m edia n t e a em issã o de son s
especia is, em sit u a ções de visibilida de r est r it a , qu a n do os sin a is cegos e lu m in osos, devido
à cer r a çã o, n evoeir o ou br u m a , só dificilm en t e sã o vist os, m esm o em dist â n cia s m u it o cu r t a s.
No Br a sil, est ã o em fr a n co desu so, em vir t u de do u so do r a da r por qu a se t odos os n a vios e,
t a m bém , devido à m et eor ologia n or m a lm en t e ben ign a qu e pr edom in a em n ossa s cost a s,
on de con dições de m á visibilida de n ã o sã o com u m en t e obser va da s. No ext er ior , en t r et a n t o,
a in da sã o ba st a n t e em pr ega dos.

348 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Au x ílio s v is u a is à n a v e g a ç ã o :

Os sist em a s r a dioelét r icos ou elet r ôn icos, den om in a dos a u xílios–r á dio à n a vega çã o,
dest in a m –se a possibilit a r a or ien t a çã o ou o posicion a m en t o do n a vio m edia n t e o em pr ego
de on da s–r á dio.
Os sin a is com bin a dos sã o os qu e r eú n em du a s ou m a is da s m oda lida des a cim a cit a da s,
com o os lu m in osos–son or os, cegos– son or os e lu m in osos–r a dioelét r icos.
E m bor a est r it a m en t e n ã o fa ça m pa r t e da sin a liza çã o n á u t ica , cu m pr e a in da m en -
cion a r , por su a fu n çã o com o a u xílio à n a vega çã o, os sin a is especia is, dest in a dos a pr est a r
ou t r a s in for m a ções de in t er esse pa r a o n a vega n t e, t a is com o pr evisã o de t em po, pr á t ico,
socor r o e ven t os for t es.
E st e Ca pít u lo est u da r á som en t e os sin a is visu a is, m en cion a n do, a in da , os disposit ivos
son or os a eles a ssocia dos e os equ ipa m en t os elet r ôn icos in st a la dos n os a u xílios visu a is à
n a vega çã o pa r a iden t ificá –los e/ou r efor ça r seu s ecos, qu a n do obser va dos pelo r a da r .

13.2 A VIS IB ILID AD E N O MAR

13.2.1 F ATORES QU E AF ETAM A VIS IB ILID AD E


O con h ecim en t o da s pecu lia r ida des da visibilida de n o m a r t em a plica çã o n ã o a pen a s
n o m elh or a pr oveit a m en t o e en t en dim en t o dos sin a is visu a is, m a s t a m bém em t oda e qu a l-
qu er obser va çã o visu a l, com o, por exem plo, a t om a da de m a r ca ções, a m edida de â n gu los
h or izon t a is, a obser va çã o de ou t r os n a vios, de pon t os con spícu os, da lin h a da cost a e da
t opogr a fia .
A visibilida de n o m a r é fu n çã o dos segu in t es fa t or es pr in cipa is:
1. Alt it u des do obser va dor e do objet o;
2. Refr a çã o a t m osfér ica ;
3. Tr a n spa r ên cia da a t m osfer a ;
4. Con dições in er en t es a o objet o; e
5. Ca pa cida de visu a l do obser va dor .
No ca so de cor pos qu e em it em lu z, com o os fa r óis, a visibilida de, eviden t em en t e, é
fu n çã o, t a m bém , da in t en sida de da lu z em it ida .

1. ALTITU D ES D O OB S ERVAD OR E D O OB J ETO VIS AD O


E m con dições a t m osfér ica s idên t ica s, u m obser va dor a vist a r á objet os a dist â n cia s
t a n t o m a ior es qu a n t o m a ior es for em a s a lt it u des do obser va dor e do objet o visa do.
O obser va dor A (F igu r a 13.1), sit u a do a u m a a lt it u de H , est a r á a u m a dist â n cia do
h or izon t e E B, pr a t ica m en t e igu a l à AB, em vir t u de da r ela çã o en t r e a a lt it u de (H ) e o r a io
da Ter r a (R = OB = OE ).
Da F igu r a 13.1 obt ém –se:
AB 2 = AC x AE ; ou
D 2 = (2R + H )H = 2RH + H 2
H
D= Ö 2H R (1 +
2R
)

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 349


Au x ílio s v is u a is à n a v e g a ç ã o :

F ig u ra 13.1 - D is tâ n c ia a o h o rizo n te

e , com o o fa t or e n t r e p a r ê n t e s e s é
pr a t ica m en t e igu a l à u n ida de, podem os
escr ever :
D= Ö 2H R
Tom a n d o R = 6.368.000 m et r os
(La t = 42º) e expr im in do D em m ilh a s,
vem :
3568,75
D = 1852 Ö H ou
D = 1,927 ÖH ; a p r ox i m a n d o,
obt ém –se:
D = 1,93 ÖH

Um a ou t r a m a n eir a de dedu zir a fór m u la a cim a é a segu in t e: n a F igu r a 13.1(a ), n o


t r iâ n gu lo AOB t em –se:

F ig u ra 13.1 (a ) - Ho rizo n te Ge o m é tric o


R
cos b= R + H
on de R e H sã o expr essos n a m esm a u n i-
da de.
A sim plifica çã o dest a fór m u la con -
du z a :
ß= Ö 2H
R
r a dia n os
Assim , pode–se a gor a ca lcu la r a
dist â n cia D . O com pr im en t o do a r co EB
em m ilh a s n á u t ica s é igu a l a o n ú m er o de
m in u t os de a r co do â n gu lo ß. A fim de ob-
t er D em m ilh a s n á u t ica s, t em –se qu e con -
ver t er ß de r a dia n os pa r a m in u t os de a r co.
P a r a isso:

D = 3438 Ö 2H (m ilh a s n á u t ica s)


R
F a zen do–se R = 6.368.000 m , obt ém –se:
D = 1,927 ÖH ou , a pr oxim a n do:
D = 1,93 ÖH
P oder -se-ia , t a m bém , obt er D dir et a m en t e da equ a çã o ß = Ö 2H fa zen do-se:
R
D = Rb = R Ö2H = Ö 2 RH = 1,93 ÖH
R
sen do D em m ilh a s n á u t ica s e H em m et r os.

350 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Au x ílio s v is u a is à n a v e g a ç ã o :

E n t ã o, est a fór m u la for n ece a d is tâ n c ia a bs o lu ta a o h o rizo n te , e m m ilh a s , em


fu n çã o da a ltitu d e d o o bs e rv a d o r, e m m e tro s . Na pr á t ica , podem os a dot a r o va lor
D = 2 ÖH .

F ig u ra 13.2 - D AB = Alc a n c e Ge o g rá fic o Abs o lu to

A dist â n cia a qu e u m obser va dor ,


sit u a do a u m a a lt it u de H (F igu r a 13.2),
poder á a vist a r u m objet o de a lt it u de h se-
r á , eviden t em en t e, a s o m a d a s d u a s d is -
tâ n c ia s a o h o rizo n te :
D = 1,93 (ÖH + Öh )
A essa dist â n cia dá –se o n om e de
“ALCANCE GE OGRÁF ICO ABSOLUTO”.

Da m esm a for m a , n a pr á t ica ser á su ficien t e a dot a r o va lor D = 2 ÖH +2 Öh ,


ou D = 2 (ÖH + Öh ).

2. REF RAÇÃO ATMOS F ÉRICA


Con sider ou –se, a t é a gor a , o r a io lu m in oso pr opa ga n do–se em lin h a r et a , o qu e, n a
r ea lida de, n ã o a con t ece, em vir t u de do fen ôm en o da re fra ç ã o .
Den om in a –se re fra ç ã o à in clin a çã o dos r a ios lu m in osos r esu lt a n t es de su a pa ssa gem
por su cessiva s ca m a da s a t m osfér ica s de den sida des difer en t es.
Na s ca m a da s in fer ior es da a t m osfer a os r a ios lu m in osos e a s on da s elet r om a gn ét ica s
cen t im ét r ica s (on da s r a da r ) sã o r efr a t a dos, de m odo qu e segu em u m a t r a jet ór ia cu r va . A
cu r va t u r a depen de dos gr a dien t es ver t ica is de t em per a t u r a e u m ida de, sen do, por t a n t o,
va r iá vel. Va lor es m édios for a m det er m in a dos, a pós u m gr a n de n ú m er o de obser va ções,
pa r a vá r ios lu ga r es da Ter r a , t en do–se ver ifica do qu e, pa r a con ven iên cia de cá lcu lo, a t r a -
jet ór ia dos r a ios lu m in osos (e da s on da s r a da r ) pode ser con sider a da u m a r co de cír cu lo.
O efeit o n or m a l da r efr a çã o qu e r esu lt a da pr opa ga çã o dos r a ios lu m in osos pela s
ca m a da s a t m osfér ica s pr óxim a s à su per fície da Ter r a (à s vezes den om in a da , por isso, re -
fra ç ã o te rre s tre ) é e le v a r o s o bje to s , t en den do a a u m en t a r o a lc a n c e g e o g rá fic o .
P a r a a plica çã o im edia t a do n a vega n t e, a DH N in clu i n a Lis ta d e F a ró is a t a bela da
F igu r a 13.3, em cu jo cá lcu lo já foi a plica do o va lor da r efr a çã o con sider a da n or m a l em
n ossa s á gu a s. No cá lcu lo da Ta bela foi em pr ega da a fór m u la D = 2,03 ( Ö H + Ö h ).
A Ta bela for n ece o a lc a n c e g e o g rá fic o em m ilh a s n á u t ica s, en t r a n do–se com a
a lt u r a sobr e o n ível do m a r em qu e se en con t r a o olh o do obser va dor (ist o é, a a ltitu d e do
obser va dor ), em m et r os, e a eleva çã o do objet o visa do sobr e o n ível m édio do m a r (ou seja ,
su a a ltitu d e ), t a m bém em m et r os.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 351


Au x ílio s v is u a is à n a v e g a ç ã o :

F ig u ra 13.3 - Ta be la d e Alc a n c e Ge o g rá fic o

352 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Au x ílio s v is u a is à n a v e g a ç ã o :

Ex e m p lo :
Alt it u de do obser va dor : H = 9m ; a lt it u de do objet o visa do: h = 16m . P ela t a bela , a lca n ce
geogr á fico: D = 14,2 m ilh a s. P ela fór m u la sim plifica da , D = 2 Ö9 + 2 Ö16 = 14 m ilh a s.
Ver ifica –se, por t a n t o, qu e a om issã o da r efr a çã o e a u t iliza çã o da fó rm u la s im p lifi-
c a d a con du zir a m a u m er r o de pou ca sign ifica çã o pa r a u m con h ecim en t o r á pido do a lc a n c e
g e o g rá fic o .
No u so da Ta bela da F igu r a 13.3, ser á su ficien t e fa zer u m a in t er pola çã o a r it m ét ica
qu a n do os elem en t os de en t r a da n ã o est ã o t a bu la dos.
Ex e m p lo :
H = 10m ; h = 83m ; in t er pola n do, obt ém –se: D = 24,9 m ilh a s.
P a r a con dições m édia s, em r egiões de c lim a te m p e ra d o , o a lc a n c e g e o g rá fic o é
ger a lm en t e expr esso por : D = 2,08 (ÖH + Öh ). Sen do, con for m e vist o, D em m ilh a s n á u tic a s
e a s a lt it u des do obser va dor (H ) e do objet o visa do (h ) em m e tro s .
Qu a n do se dispõem da s a lt it u d e s em pés, a fór m u la u t iliza da pa r a com pu t a r o
a lc a n c e g e o g rá fic o é:
D = 1,144 (ÖH + Öh ).
On de D é o a lc a n c e g e o g rá fic o e m m ilh a s n á u tic a s , H é a a ltitu d e d o o bs e rv a -
d o r, em p é s , e h a a ltitu d e d o o bje to v is a d o , t a m bém em p é s .

3. TRAN S P ARÊN CIA D A ATMOS F ERA


A visibilida de n o m a r t a m bém é fu n çã o da t r a n spa r ên cia da a t m osfer a .
Os m eios ót icos sã o m a is ou m en os t r a n spa r en t es, a bsor ven do/ disper sa n do difer en -
t em en t e a en er gia lu m in osa qu e os a t r a vessa .
Du r a n t e su a t r a n sm issã o n a a t m osfer a , a en er gia lu m in osa é a t en u a da por a bsor çã o
e disper sã o pela s m olécu la s de a r , em especia l pela a çã o da s pa r t ícu la s d’á gu a e de poeir a
em su spen sã o n o a r .
À pr opor çã o qu e a a lt it u de a u m en t a , m a is seco é o a r , m a is lím pida é a a t m osfer a ,
m elh or se pr opa ga a lu z e m a ior es dist â n cia s sã o a lca n ça da s. E n t r et a n t o, n os in t er essa a
tra n s p a rê n c ia a tm o s fé ric a n a s ca m a da s m a is ba ixa s, on de sã o fr eqü en t es a s ga r oa s,
ch u va s, n évoa s seca s e cer r a çã o, br u m a s ou n evoeir os.
As va r ia ções da t r a n spa r ên cia sã o devida s pr in cipa lm en t e à a çã o m a is ou m en os
difu sor a da s pa r t ícu la s d’á gu a e de poeir a s em su spen sã o n a a t m osfer a , segu n do su a s di-
m en sões, su a n a t u r eza , su a s cor es e a s dos feixes lu m in osos qu e a s a t r a vessa m . Obser va –
se, por exem plo, qu e a difu sã o devida a o n evoeir o é m a ior qu e a da ch u va e est a é t a n t o m a is
pr eju dicia l qu a n t o m a is fin a . Ver ifica –se, a ssim , qu e a tra n s p a rê n c ia a tm o s fé ric a va r ia
pr in cipa lm en t e com o est a do h igr om ét r ico do a r e com o n ú m er o e dim en sões da s poeir a s
qu e n ele flu t u a m . E st a s sã o, pois, a s ca u sa s qu e a fet a m a t r a n spa r ên cia .
Con for m e vist o, a a t m osfer a a bsor ve pa r t e da en er gia lu m in osa qu e n ela se pr opa ga .
A m a gn it u de dessa a bsor çã o depen de da s con dições a t m osfér ica s r ein a n t es. O fa to r d e
tra n s p a rê n c ia a tm o s fé ric a , ou c o e fic ie n te d e tra n s p a rê n c ia a tm o s fé ric a (T), in dica
a qu a n t ida de de t r a n sm issã o de lu z, por m ilh a n á u t ica , a t r a vés da a t m osfer a .

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 353


Au x ílio s v is u a is à n a v e g a ç ã o :

Assim , o c o e fic ie n te d e tra n s p a rê n c ia a tm o s fé ric a (T) r epr esen t a a r ela çã o en t r e


a qu a n t ida de de lu z r ecebida (Q’) e a qu a n t ida de em it ida (Q), a pós t er –se pr opa ga do por 1
m ilh a n á u t ica . E st e fa t or é sem pr e in fer ior à u n ida de.
Q'
T=
Q
Um fa t or (T) = 0,85 sign ifica qu e o r a io lu m in oso, a o per cor r er 1 m ilh a n á u t ica , t em
su a in t en sida de lu m in osa r edu zida pa r a oit en t a e cin co por cen t o (85%), h a ven do u m a
a bsor çã o a t r a vés da a t m osfer a de qu in ze por cen t o (15%).
P a r a o At lâ n t ico Nor t e e con dições sim ila r es, é cost u m e a dot a r pa r a c o e fic ie n te d e
tra n s p a rê n c ia a tm o s fé ric a (T) o va lor 0,74. P a r a á r ea s t r opica is, n a s qu a is se in clu em a s
n ossa s cost a s, u sa –se T = 0,85.
Ain da r ela cion a do com a tra n s p a rê n c ia a tm o s fé ric a , est á o con ceit o de v is ibili-
d a d e , qu e é a pr opr ieda de da a t m osfer a qu e det er m in a a a pt idã o de u m obser va dor ver e
iden t ifica r , du r a n t e o dia , objet os n ot á veis e, du r a n t e a n oit e, lu zes ou cor pos ilu m in a dos. A
m edida dest a pr opr ieda de é expr essa em u n ida des de dist â n cia .
A v is ibilid a d e m e te o ro ló g ic a é det er m in a da com o a m a ior dist â n cia da qu a l u m
objet o n egr o, de dim en sões a pr opr ia da s, pode ser vist o e r econ h ecido, du r a n t e o dia , con t r a
o céu n o h or izon t e, ou , du r a n t e a n oit e, se a ilu m in a çã o ger a l est iver a o n ível da lu z do dia .
Tem com o sím bolo “V” e, em m et eor ologia m a r in h a , seu va lor é da do em m ilh a s n á u t ica s.
E xist e u m a r ela çã o en t r e a v is ibilid a d e m e te o ro ló g ic a (V) e o c o e fic ie n te d e
tra n s p a rê n c ia a tm o s fé ric a (T), ou seja : T = (0,05)1/V
On de T e V devem ser expr essos n a s m esm a s u n ida des.
E st a fór m u la per m it e con st r u ir u m a t a bela qu e r ela cion e T e V, m ost r a da a ba ixo:

Fator T Visibilidade meteorológica (milhas náuticas)

0,10 1,3
0,20 1.8
0,30 2,5
0,40 3,2
0,50 4,3
0,60 6,0
0,70 8,5
0,74 10,0
0,80 14,0
0,85 18,4
0,90 29,0
1,00 ILIMITADA (TEÓRICA)

4. CON D IÇÕES IN EREN TES AO OB J ETO


D im e n s õ e s – a dist â n cia a qu e u m objet o é visível va r ia pr opor cion a lm en t e à su per fície de
su a seçã o m á xim a em u m pla n o per pen dicu la r à dir eçã o em qu e o objet o é visa do. Ilu st r em os
com u m exem plo: su pon h a m os qu e a t or r e cilín dr ica de u m fa r ol, em vez de pla n t a da n o
solo, est ivesse n o espa ço, com su a ba se con st a n t em en t e volt a da pa r a o obser va dor . A á r ea
m á xim a a cim a r efer ida ser ia , n esse ca so, a pr ópr ia á r ea da ba se, m u it o m en or do qu e a

354 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Au x ílio s v is u a is à n a v e g a ç ã o :

dim en sã o pr in cipa l do ca so r ea l. É cla r o qu e o fa r ol, n a qu ela s con dições, só ser ia visível a


u m a pequ en a dist â n cia , t a n t o m en or qu a n t o m a ior fosse a difer en ça en t r e a s du a s á r ea s.
No ca so da visibilida de n o m a r , h á a in da a a ssin a la r a pr epon der â n cia da s dim en sões ver -
t ica is, o qu e explica a fa cilida de com qu e sã o a vist a da s colu n a s de fa r óis, ch a m in és, m a st r os,
t or r es e ou t r a s est r u t u r a s ver t ica is, r ela t iva m en t e a lon gos, por ém ba ixos, t r ech os da cost a .
N a tu re za – qu a n t o à fa cilida de com qu e sã o a vist a dos a o lon ge, os objet os podem ser r efle-
t ivos ou difu sor es, de a cor do com a su a ca pa cida de de en via r , em det er m in a da dir eçã o, u m a
m a ior ou m en or qu a n t ida de da lu z r ecebida .
Co r – a visibilida de é, a in da , fu n çã o da cor do objet o. A ca pa cida de de r eflet ir a lu z va r ia
com a t on a lida de da cor , sen do m a ior n a s cor es cla r a s e m en or es n a s escu r a s.
Os n ú m er os a segu ir in dica m , a pr oxim a da m en t e, pa r a a s diver sa s cor es, a ca pa cida de
de r eflet ir a lu z:
Br a n co 70 a 80%
Am a r elo 50 a 75%
Cin za cla r o 50 a 70%
Azu l 30 a 50%
Ver de 15 a 40%
E n ca r n a do 20 a 30%
Cor es escu r a s 5 a 10%
P r et o 0%
Sobr e a cor , é pr eciso con sider a r , t a m bém , o con t r a st e do objet o com o fu n do em qu e
é pr ojet a do. Sen do esse u m fa t or de eleva da im por t â n cia n a visibilida de, é leva do em gr a n de
con t a a o ser est u da da a cor qu e dever á t er a est r u t u r a de u m fa r ol.

5. CAP ACID AD E VIS U AL D O OB S ERVAD OR


Acu ida de visu a l, ta m bé m d e n o m in a d a “poder sepa r a dor do olh o”, é a m e n o r d is -
tâ n c ia a n g u la r qu e d e v e m te r d o is p o n to s p a ra qu e o o lh o p o s s a d is tin g u í–lo s u m
d o o u tro .
Qu a n t o m en or for o â n gu lo, m a ior ser á a a c u id a d e v is u a l. Um obser va dor O (F igu r a
13.4) dist in gu ir á a im a gem AB qu a n do o â n gu lo AÔB , for m a do pelos r a ios visu a is qu e
su bt en dem os ext r em os dessa im a gem , for igu a l ou su per ior à su a a c u id a d e v is u a l.

F ig u ra 13.4 -

Vist a s sob â n gu los m en or es, a s im a -


gen s a pr esen t a m u m ca r á t er pon t u a l, pois
deixa de ser per cebida a r ela çã o en t r e a s
dim en sões.
A a c u id a d e v is u a l de u m olh o n or -
m a l, ch a m a da “a c u id a d e v is u a l p a d rã o ”,
foi exper im en t a lm en t e det er m in a da , obt en -
do–se os segu in t es va lor es:

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 355


Au x ílio s v is u a is à n a v e g a ç ã o :

Afa st a m en t o a n gu la r ver t ica l 1'


Afa st a m en t o a n gu la r h or izon t a l 5'
P ode–se da í, t a m bém , in fer ir a r a zã o da m a ior fa cilida de do n a vega n t e a vist a r os
cor pos dos fa r óis, ch a m in és, m a st r os, t or r es e ou t r a s est r u t u r a s pr edom in a n t em en t e ver t i-
ca is, em r ela çã o a lon gos, por ém ba ixos, t r ech os da cost a .
Da F igu r a 13.4, pode–se con clu ir qu e:
AB = AO t g AÔB
AO = AB cot g AÔB
No ca so da D IS TÂN CIA AN GU LAR VERTICAL, t er –se–á :
AB = AO t g 1' = 0,00029 AO
AO = AB cot g 1' = 3438 AB
Assim , poder ã o ser dist in gu idos dois pon t os v e rtic a lm e n te a fa s ta d o s :
De u m m et r o, à dist â n cia de 3438 m et r os
De u m decím et r o, à dist â n cia de 344 m et r os
De u m cen t ím et r o, à dist â n cia de 34 m et r os
De u m m ilím et r o, à dist â n cia de 3 m et r os.
No ca so da D IS TÂN CIA AN GU LAR HORIZON TAL, t er em os:
AB = AO t g 5' = 0,00145 AO
AO = AB cot g 5' = 688 AB
E n t ã o, poder ã o ser dist in gu idos dois pon t os h o rizo n ta lm e n te a fa s ta d o s :
De u m m et r o, à dist â n cia de 688 m et r os
De u m decím et r o, à dist â n cia de 69 m et r os
De u m cen t ím et r o, à dist â n cia de 7 m et r os
De u m m ilím et r o, à dist â n cia de 7 decím et r os.
O â n gu lo m ín im o de visã o dist in t a a u m en t a com a m iopia do obser va dor e com a
obscu r ida de do fu n do em qu e a im a gem se pr ojet a .
No ca so do obser va dor u t iliza r u m bin ócu lo pa r a visa r o objet o, a s dist â n cia s a cim a
devem ser m u lt iplica da s pelo fa t or de a u m en t o do bin ócu los.
Um bin ócu lo 7x50, do t ipo n or m a lm en t e en con t r a do n os pa ssa diços dos n a vios, t em
u m fa t or de a u m en t o igu a l a 7. Dest a for m a , dois pon t os ver t ica lm en t e a fa st a dos de 1
m et r o poder ã o ser dist in gu idos a u m a dist â n cia m á xim a de: 3.438 x 7 = 24.066m = 13
m ilh a s (depen den do da s con dições de visibilida de e de est a r den t r o do a lca n ce geogr á fico
cor r espon den t e à s a lt it u des do obser va dor e do objet o visa do).

356 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Au x ílio s v is u a is à n a v e g a ç ã o :

13.3 S IN AIS VIS U AIS

13.3.1 TIP OS
Os pr in cipa is t ipos de sin a is visu a is sã o:
Lu m in o s o s : fa r óis, fa r olet es, lu zes de a lin h a m en t o, bóia s lu m in osa s e ba r ca s–fa r óis.
Ce g o s : bóia s cega s e ba liza s.

13.3.2 D ES CRIÇÃO D OS S IN AIS VIS U AIS


F ARÓIS : sã o a u xílios à n a vega çã o con st it u ídos por u m a est r u t u r a fixa , de for m a e cor es
dist in t a s, m on t a dos em pon t os de coor den a da s geogr á fica s con h ecida s n a cost a ou em ilh a s
oceâ n ica s, ba n cos, r och edos, r ecifes ou m a r gen s de r ios, dot a dos de equ ipa m en t o lu m in oso
exibin do lu z com ca r a ct er íst ica pr edet er m in a da , c o m a lc a n c e lu m in o s o n o tu rn o m a io r
qu e 10 m ilh a s n á u tic a s .
Os com pon en t es essen cia is de u m fa ro l sã o a e s tru tu ra e o a p a re lh o d e lu z . A
e s tru tu ra deve ser r esist en t e à s in t em pér ies, fá cil de ser vist a e r econ h ecida pelo n a vega n t e.
O e qu ip a m e n to lu m in o s o (F igu r a 13.5) é con st it u ído pela fo n te d e lu z, por u m a p a re lh o
ó tic o qu e con cen t r e os r a ios lu m in osos n a dir eçã o do h or izon t e e por u m a cessór io qu e dê
ritm o à lu z e x ibid a .

F ig u ra 13.5 - S is te m a Ótic o d e Le n te Ro ta tiv a

Ut iliza m –se vá r ios cr it ér ios pa r a cla s-


sifica r os fa ró is . Men cion a r em os a pen a s 3
deles:
Cla ssifica çã o dos fa r óis qu a n t o à su a
fin a lida de:
• fa ró is d e a te rra g e m : dest in a dos a o r e-
con h ecim en t o e dem a n da de u m det er m i-
n a do por t o e à cor r eçã o da posiçã o dos n a -
vios qu e vêm de a lt o–m a r . Sit u a dos em
pon t os sa lien t es da cost a ou em ilh a s con s-
pícu a s, possu em ger a lm en t e u m a lca n ce
geogr á fico e lu m in oso su ficien t e pa r a se-
r em vist os e r econ h ecidos a u m a dist â n cia
su per ior a 20 m ilh a s. Adem a is, é com u m
dot á –los de equ ipa m en t os elet r ôn icos qu e
a u xilia m a su a iden t ifica çã o e r efor ça m
seu s ecos–r a da r . E xem plos: F AROL NA-
TAL, RN (a lca n ce: 24 m ilh a s), F AROL
OLIN DA, P E (a lca n ce: 24 m ilh a s), F A-
ROL RASA, RJ (a lca n ce: 25 m ilh a s) e F A-
ROL MOE LA, SP (a lca n ce: 26 m ilh a s).

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 357


Au x ílio s v is u a is à n a v e g a ç ã o :

• fa ró is d e c a bo ta g e m : dest in a dos à n a vega çã o cost eir a , sã o sit u a dos em pon t os qu e o


n a vega n t e t em in t er esse em r econ h ecer , com o ca bos, pon t a s e ilh a s. Su a dist r ibu içã o
pela cost a dever á ser t a l qu e per m it a a os n a vega n t es de ca bot a gem (qu e, em ger a l, dispõem
de r ecu r sos m en os sofist ica dos qu e os de lon go cu r so e se ser vem pr ior it a r ia m en t e de
sin a is visu a is) ver ifica r em sem pr e su a posiçã o, de m odo a ga r a n t ir –lh es u m a n a vega çã o
segu r a em sin gr a du r a s en t r e por t os. E xem plo: F AROL ITAP AJ É , CE (a lca n ce: 18 m ilh a s),
F AROL SANTO ALBE RTO, RN (a lca n ce: 18 m ilh a s), F AROL P ONTA DE P E DRAS, P E
(a lca n ce: 18 m ilh a s), F AROL ITAP UÃ, BA (a lca n ce: 14 m ilh a s), F AROL MARICÁS, RJ
(a lca n ce: 16 m ilh a s).
• fa ro l p rin c ip a l d e p o rto: con st it u i o pr in cipa l a u xílio visu a l à dem a n da do por t o, depois
do fa r ol de a t er r a gem . E xem plo: o F AROL SANTA CRUZ (a lca n ce: 15 m ilh a s), dem a r -
ca n do a ba r r a da Ba ía de Gu a n a ba r a , é o fa ro l p rin c ip a l d o p o rto do Rio de J a n eir o,
cu jo fa ro l d e a te rra g e m é, con for m e vist o, o F AROL RASA (a lca n ce: 25 m ilh a s).
Ou t r a s cla ssifica ções, com o fa ro l d e a lin h a m e n to e fa ro l d e ba liza m e n to ser ã o
a dia n t e est u da da s, n est e m esm o Ca pít u lo.
Cla ssifica çã o dos fa ró is qu a n t o a o re g im e d e fu n c io n a m e n to :
• fa ró is g u a rn e c id o s : os fa r óis de m a ior im por t â n cia pa r a a n a vega çã o sã o dot a dos de
pessoa l especia liza do (fa r oleir os), dest in a do a a com pa n h a r e ga r a n t ir con t in u a m en t e o
seu fu n cion a m en t o.
• fa ró is a u to m á tic o s : oper a m a u t om a t ica m en t e, sen do est a con diçã o in dica da n a s Ca r t a s
Ná u t ica s pela a br evia t u r a (SG) – SE M GUARNIÇÃO, pa r a qu e os n a vega n t es fiqu em
cien t es de qu e u m a even t u a l ir r egu la r ida de n o sin a l poder á n ã o ser cor r igida t ã o pr on t a -
m en t e qu a n t o ocor r er ia em u m fa ro l g u a rn e c id o .
Cla ssifica çã o dos fa r óis qu a n t o à fon t e de en er gia :
• fa r óis a qu er osen e.
• fa r óis a gá s (a cet ilen o ou bu t a n o).
• fa r óis elét r icos, cu ja en er gia pode ser pr oven ien t e de r ede elét r ica com er cia l, diesel–
ger a dor , ba t er ia s ou fon t es a lt er n a t iva s (especia lm en t e sola r ou eólica ).
F AROLETES : sã o a u xílios visu a is à n a vega çã o pr ovidos de est r u t u r a fixa , m on t a da em
u m pon t o de coor den a da s geogr á fica s con h ecida s, en cim a da por u m equ ipa m en t o lu m in oso
exibin do lu z dot a da de ca r a ct er íst ica pr edet er m in a da , com a lc a n c e lu m in o s o n o tu rn o
m e n o r o u ig u a l a 10 m ilh a s n á u tic a s .
Dest a for m a , a dist in çã o en t r e fa ró is e fa ro le te s é a pen a s con ven cion a l, t en do sido
a r bit r a do qu e u m sin a l fixo com a lc a n c e lu m in o s o n o tu rn o su per ior a 10 m ilh a s ser ia
den om in a do fa ro l e u m com a lc a n c e lu m in o s o n o tu rn o igu a l ou m en or qu e 10 m ilh a s
ser ia ch a m a do de fa ro le te .
LU ZES D E ALIN HAMEN TO: sã o sin a is fixos u sa dos a os pa r es, pa r a a ssin a la r a dir eçã o
de u m ca n a l ou da en t r a da de u m por t o. De fa t o, o a lin h a m e n to con st it u i u m dos bon s
r ecu r sos de qu e se dispõe pa r a in dica r u m r u m o n o fu n do a ser segu ido pelo n a vega n t e. Um
a lin h a m e n to é con st it u ído por dois sin a is est a belecidos n o pr olon ga m en t o r et ilín eo do
e ix o de u m c a n a l. O sin a l m a is pr óxim o é ch a m a do de a n te rio r e o m a is a fa st a do de
p o s te rio r. O fa ro le te p o s te rio r é de m a ior a lt it u de qu e o a n te rio r e est á loca liza do por
t r á s dest e, a u m a dist â n cia con sider á vel (F igu r a 13.6).

358 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Au x ílio s v is u a is à n a v e g a ç ã o :

F ig u ra 13.6 - Ele m e n to s d e u m Alin h a m e n to

O n a vega n t e u t iliza u m a lin h a m e n to


con ser va n do os dois sin a is qu e o con st it u em
em u m m esm o pla n o ver t ica l (pla n o est e qu e
con t ém os dois fa r olet es e a lin h a cen t r a l, ou
eixo, do ca n a l). O n a vega n t e est im a o qu a n t o
est á a fa st a do do a lin h a m e n to (eixo do ca -
n a l) pela obser va çã o do desloca m en t o ver t i-
ca l a pa r en t e en t r e os dois sin a is, u m em r e-
la çã o a o ou t r o.
A a plica çã o m a is com u m de a lin h a -
m e n to em sin a liza çã o n á u t ica é m a r ca r a
lin h a cen t r a l, ou eixo, de u m ca n a l, com o
pr opósit o de in dica r a o n a vega n t e qu a n do ele
est iver for a dessa lin h a cen t r a l.
O a l i n h a m e n t o é u m a u xílio à
n a vega çã o t a n t o d iu rn o com o n o tu rn o . Du -

r a n t e o dia , os n a vega n t es or ien t a m –se pela s est r u t u r a s dos sin a is; à n oit e, pela s lu zes
exibida s. Os dois sin a is qu e con st it u em o a lin h a m e n to devem , t a n t o qu a n t o possível, obe-
decer a os segu in t es r equ isit os:
• a s for m a s da s est r u t u r a s dos sin a is e su a s pin t u r a s devem ou ser igu a is ou se com plet a -
r em ;
• a s lu zes devem t er a m esm a cor .
O est a belecim en t o de u m a lin h a m e n to r equ er est u do det a lh a do. Um a lin h a m e n to
a ser u sa do com o sin a liza çã o n á u t ica dever á t er u m a boa s e n s ibilid a d e la te ra l, defin ida
com o a pr opr ieda de pela qu a l o n a vega n t e per cebe u m a a lt er a çã o t r a n sver sa l da posiçã o do
seu n a vio, em r ela çã o a o a lin h a m e n to . A s e n s ibilid a d e la te ra l é m edida pela r a pidez
com qu e os sin a is do a lin h a m en t o se a fa st a m la t er a lm en t e, u m em r ela çã o a o ou t r o, qu a n do
o n a vio se m ovim en t a t r a n sver sa lm en t e n o ca n a l.
P a r a o cá lcu lo da s e n s ibilid a d e la te ra l, sã o leva dos em con t a fa t or es com o a la r gu r a
do ca n a l (W), o c o m p rim e n to d o c a n a l (C) e a d is tâ n c ia do in ício do a lin h a m en t o a o
fa r olet e a n t er ior (D). Um a s e n s ibilid a d e la te ra l con ven ien t e va i defin ir a d is tâ n c ia e n tre
o s s in a is (R) e a d ife re n ç a d e a ltu ra en t r e eles (ver F igu r a 13.6).

d. B ÓIAS
Sã o cor pos flu t u a n t es, de dim en sões, for m a s e cor es defin ida s, fu n dea dos por a m a r r a s
e fer r os (â n cor a s) ou poit a s, em loca is pr evia m en t e det er m in a dos, a fim de:
• in dica r a o n a vega n t e o ca m in h o a ser segu ido;
• in dica r os lim it es de u m ca n a l n a vegá vel, seu in ício e fim , ou a bifu r ca çã o de ca n a is;
• a ler t a r o n a vega n t e qu a n t o à exist ên cia de u m per igo à n a vega çã o;
• in dica r a exist ên cia de á gu a s segu r a s; e
• in dica r a exist ên cia e a r ot a de ca bos ou t u bu la ções su bm a r in a s, delim it a r á r ea s especia is
(t a is com o á r ea s de despejo de dr a ga gem ou á r ea s de exer cícios m ilit a r es), in dica r zon a s

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 359


Au x ílio s v is u a is à n a v e g a ç ã o :

de sepa r a çã o de t r á fego ou ou t r a ca r a ct er íst ica especia l de u m a det er m in a da á r ea ,


m en cion a da em docu m en t os n á u t icos a pr opr ia dos.
As bóia s podem ser lu m in o s a s , qu a n do pr ovida s de a pa r elh o de lu z, ou c e g a s , des-
t in a n do–se, r espect iva m en t e, a or ien t a r a n a vega çã o de dia e de n oit e, ou a pen a s n o per íodo
diu r n o. Adem a is, a s bóia s podem por t a r disposit ivos son or os, r eflet or – r a da r e ou t r os a ces-
sór ios.
E m fa ce do seu eleva do cu st o de m a n u t en çã o, a s bóia s som en t e devem ser em pr ega da s
on de for im possível, ou econ om ica m en t e desa con selh á vel, o est a belecim en t o de u m sin a l
fixo (fa r olet e ou ba liza ).
Um a bó ia lu m in o s a (F igu r a 13.7) con sist e de u m c o rp o flu tu a n te livr e, dot a do de
u m c o n tra p e s o pa r a equ ilíbr io, e de u m a est r u t u r a ver t ica l em for m a de t r eliça , den om in a da
m a n g ru lh o , cu ja fin a lida de é su st en t a r o a p a re lh o d e lu z, re fle to r–ra d a r e m a rc a d e
to p e .

F ig u ra 13.7 - B ó ia Lu m in o s a Co n v e n c io n a l

O e qu ip a m e n to d e fu n d e io , cu ja s pr in cipa is pa r t es com pon en t es sã o m ost r a da s


n a F igu r a 13.8, con sist e ba sica m en t e de u m a cor r en t e, den om in a da a m a rra , liga da a u m
cor po m or t o qu e r epou sa n o fu n do (p o ita ), ou a u m fer r o (â n c o ra ), n a posiçã o pr evia m en t e
det er m in a da pa r a a bóia .

360 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Au x ílio s v is u a is à n a v e g a ç ã o :

F ig u ra 13.8 - B ó ia e e qu ip a m e n to d e fu n d e io

A for m a e a cor do cor po da bóia , a


m a r ca de t ope exibida e o r it m o e a cor da
lu z devem per m it ir a iden t ifica çã o e a de-
t er m in a çã o do pr opósit o de u m a bóia lu m i-
n osa .
As bó ia s c e g a s n ã o sã o dot a da s de
a pa r elh o de lu z, sen do iden t ifica da s e r eco-
n h ecida s pelo seu for m a t o, cor e pela m a r ca
de t ope exibida .
N o qu e se r efer e a os a cessór ios da s
bóia s, cit a m –se os d is p o s itiv o s s o n o ro s , a s
m a rc a s d e to p e e os re fle to re s –ra d a r.
Os d is p o s itiv o s s o n o ro s (a pit o, sin o
ou gon go) sã o en con t r a dos em bóia s u sa da s
em loca is on de sã o fr eqü en t es n evoeir o, br u -
m a ou cer r a çã o. Os m ovim en t os de ba la n ço
e a r fa gem da s bóia s a cion a r ã o esses a r t efa -
t os, qu e em it ir ã o son s ca r a ct er íst icos, de a d-
ver t ên cia a os n a vega n t es.
As m a rc a s d e to p e , já m en cion a da s,
sã o figu r a s geom ét r ica s coloca da s n o t ope
da s bóia s, qu e, por su a for m a , cor e com bi-
n a çã o, per m it em iden t ifica r , du r a n t e o dia ,
o pr opósit o do sin a l. J á er a m em pr ega da s a n t er ior m en t e, m a s su a a doçã o foi r ecom en da da
pela Associa çã o In t er n a cion a l de Sin a liza çã o Ná u t ica (IALA) n o Sist em a Un ifor m e de Ba -
liza m en t o, t a n t o n a Regiã o “A”, com o n a Regiã o “B”, on de se sit u a o Br a sil, com o ver em os
a dia n t e.
Os re fle to re s –ra d a r dest in a m –se a r efor ça r os ecos da s bóia s, m elh or a n do su a con s-
picu ida de r a da r .
Ou t r os a cessór ios dest in a dos a r efor ça r o eco r a da r e fa cilit a r a iden t ifica çã o r a da r
de u m a bóia (ou qu a lqu er ou t r o sin a l de a u xílio à n a vega çã o), com o o RACON e RAMARK,
ser ã o explica dos n o Ca pít u lo segu in t e, qu e a bor da a Na vega çã o Ra da r .
Qu a n t o à s fon t es de en er gia , a s bó ia s lu m in o s a s , a n t es qu a se t oda s a g á s a c e tile n o ,
sã o h oje e lé tric a s , u t iliza n do ba te ria s , ger a lm en t e em con ju n t o com u m a fon t e a lt er n a t iva
de en er gia , com o p a in é is s o la re s , g e ra d o re s d e o n d a (WAG – “wa ve a ct iva t ed gen er a -
t or ”), g e ra d o re s e ó lic o s , ou os den om in a dos s is te m a s h íbrid o s , qu e com bin a m du a s ou
m a is fon t es a lt er n a t iva s de en er gia , den t r e a s a cim a cit a da s (exem plo: sist em a de en er gia
u t iliza n do ba t er ia s, pa in el sola r e ger a dor de on da ).
Um a obser va çã o essen cia l sobr e a s bóia s, a plicá vel t a m bém a qu a lqu er ou t r o a u xílio
à n a vega çã o flu t u a n t e, é qu e n ã o se deve con fia r cega m en t e n a su a posiçã o. As bóia s podem
ga r r a r , a fa st a n do–se de su a s posições pr edet er m in a da s, por a çã o da cor r en t e, de ven t os,
colisã o de n a vios ou em ba r ca ções, em vir t u de de r edes de pesca qu e se en r osca m n o seu
a pa r elh o de fu n deio ou por ou t r os pr oblem a s.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 361


Au x ílio s v is u a is à n a v e g a ç ã o :

Assim , em bor a a s in for m a ções qu e pr est a m seja m im por t a n t íssim a s, n ã o se deve


n a vega r pela s bóia s. É n ecessá r io qu e o n a vega n t e t en h a sem pr e su a posiçã o det er m in a da
por ou t r os m eios e u se a s in for m a ções pr opor cion a da s pela s bóia s a pen a s pa r a con fir m a r
su a n a vega çã o. Adem a is, a s bóia s n ã o devem ser u t iliza da s com o r efer ên cia pa r a obt en çã o
de LDP (lin h a s de posiçã o) pa r a defin ir a posiçã o do n a vio ou em ba r ca çã o.

e. B ARCAS –F ARÓIS
Sã o sin a is flu t u a n t es de gr a n de por t e cu jo cor po é sem elh a n t e a o ca sco de u m n a vio
ou em ba r ca çã o (“sh ip h u ll sh a pe n a viga t ion a ids”), m u n ido de u m m a st r o especia l, em cu jo
t ope exibe u m a pa r elh o de lu z idên t ico a o dos fa r óis.

F ig u ra 13.9 - B a rc a -fa ro l a n tig a

An t er ior m en t e g u a rn e c id a s e se-
m elh a n t es a p equ en os n a vios (F igu r a
13.9), a s ba rc a s –fa ró is h oje sã o qu a se t o-
da s a u to m á tic a s e sim ila r es à m ost r a da
n a F igu r a 13.10.

F ig u ra 13.10 - B a rc a -fa ro l a tu a l

Além do fa ro l, a s ba rc a s –fa ró is
podem ser dot a da s de ra d i o fa ro l e de
e q u ip a m e n t o r e s p on d e d or – r a d a r R A-
CON . Adem a is, podem dispor de equ ipa -
m en t o son or o e de r eflet or –r a da r .
Qu a n t o à fon t e de en er gia , a s ba r-
c a s –fa ró is m oder n a s sã o ger a lm en t e e lé -
tric a s , dispon do de ba te ria s e p a in é is
s o l a r e s (com o a m os t r a d a n a F igu r a
13.10) ou a cion a da s por d ie s e l–g e ra d o -
re s a u to m á tic o s .
As ba rc a s –fa ró is sã o em pr ega da s
pa r a a ssin a la r u m per igo isola do em m a r
a ber t o (exem plos: Ba r ca –F a r ol MANOE L
LUÍS, a o la r go da cost a do Ma r a n h ã o e
Ba r ca –F a r ol RISCA DO ZUMBI, a o la r go
da cost a do Rio Gr a n de do Nor t e) ou com o
sin a l de a t er r a gem , pa r a in dica r o in ício
do a cesso a u m por t o ou ba r r a (exem plos: BF AMAZONAS Nº1, pa r a a t er r a gem n a Ba r r a
Nor t e do Rio Am a zon a s e BF SÃO MARCOS DE F ORA, pa r a a t er r a gem n a Ba ía de Sã o
Ma r cos).

362 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Au x ílio s v is u a is à n a v e g a ç ã o :

O u so de ba rc a s –fa ró is r edu ziu –se con sider a velm en t e h á a lgu m t em po a t r á s. Seu s


eleva dos cu st os de con st r u çã o, oper a çã o e m a n u t en çã o fizer a m com qu e os pa íses qu e a s
possu ía m em m a ior n ú m er o (E st a dos Un idos, Su écia , In gla t er r a , F r a n ça e Alem a n h a ) pr o-
m ovessem su a su bst it u içã o, por fa r óis sobr e pla t a for m a s fin ca da s n o fu n do do m a r ou por
gr a n des bóia s a u t om á t ica s. Recen t em en t e, en t r et a n t o, com a cr ia çã o de Zon a s de Sepa r a çã o
de Tr á fego e a n ecessida de de disciplin a r o t r á fego m a r ít im o em á r ea s ca da vez m a is dis-
t a n t es, r en a sceu o em pr ego da s ba rc a s –fa ró is .
Ou t r o t ipo de sin a l n á u t ico flu t u a n t e de gr a n de por t e qu e, por su a s ca r a ct er íst ica s
sem elh a n t es e a fin ida des, deve ser est u da do em con ju n t o com a s ba r ca s–fa r óis, é con st it u ído
pela s bó ia s g ig a n te s ou s u p e rbó ia s , con h ecida s pela sigla LANBY (“LARGE AUTOMATIC
NAVIGATIONAL BUOY”), giga n t esca s bóia s de 10 m et r os, ou m a is, de diâ m et r o, dot a da s
de sofist ica dos equ ipa m en t os de a u xílio à n a vega çã o. A F igu r a 13.11 m ost r a u m a bóia LAN-
BY de 12 m et r os (40 pés) de diâ m et r o, com su a s pr in cipa is pa r t es com pon en t es.

F ig u ra 13.11 - B ó ia “LAN B Y” (La rg e Au to m a tic N a v ig a tio n a l B u o y )

As bóia s LAN B Y sã o o r esu lt a do


de pesqu isa s desen volvida s n o sen t ido de
se en con t r a r u m a bóia su ficien t em en t e r e-
sist en t e e ca pa z de su bst it u ir a s t r a dicio-
n a is ba r ca s–fa r óis, a s pla t a for m a s fixa s
de fa r óis em m a r a ber t o e a s bóia s de gr a n -
des dim en sões a t é en t ã o exist en t es. Têm
u m cu st o t ot a l (con st r u çã o + oper a çã o +
m a n u t en çã o) de 15% a 25% m en or qu e o
de u m a ba r ca –fa r ol e 60% a 75% m en or
qu e o cu st o t ot a l de u m fa r ol fin ca do em
m a r a ber t o.
O equ ipa m en t o de fu n deio de u m a
LANBY é ba st a n t e sem elh a n t e a o de u m a
bóia n or m a l. O com pr im en t o da a m a r r a
va r ia de 4 a 5 vezes a pr ofu n dida de loca l.
Nos E st a dos Un idos ela s sã o fu n dea da s
com a pen a s u m a poit a de con cr et o a u xi-
lia da por u m a â n cor a t ipo cogu m elo. Na
In gla t er r a , seu fu n deio é t r íplice; em bor a m a is t r a ba lh oso, r edu z seu r a io de gir o.
As bóia s LANBY n or m a lm en t e dispõem de diesel–ger a dor a u t om á t ico. Seu per íodo
n or m a l de fu n deio é de 3 a n os, a pós o qu a l sofr e m a n u t en çã o e r epa r o, em seco.
A t en dên cia in icia l, em t er m os de sin a is flu t u a n t es de gr a n de por t e, foi su bst it u ir a s
ba rc a s –fa ró is exist en t es por LAN B Y. Con t u do, est u dos com pa r a t ivos r ecen t es en t r e bó ia s
g ig a n te s e ba rc a s –fa ró is a u to m á tic a s m ost r a r a m qu e:
• a s LAN B Y sã o m a is con ven ien t es pa r a á r ea s m en os expost a s e m a r es m oder a dos, en -
qu a n t o a s ba rc a s –fa ró is sã o m a is a pr opr ia da s pa r a m a r a ber t o;
• o cu st o de doca gem de u m a LAN B Y é m a ior qu e o de u m a ba rc a –fa ro l, já qu e su a for m a
cir cu la r ocu pa m a ior espa ço;
• du r a n t e o dia a ba rc a –fa ro l é m elh or vist a e a ssegu r a m elh or es con dições de ser viço a o
pessoa l de m a n u t en çã o;

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 363


Au x ílio s v is u a is à n a v e g a ç ã o :

• qu a n do r eboca da , a ba rc a –fa ro l, por su a for m a de ca sco de n a vio, ofer ece m en or r esis-


t ên cia h idr odin â m ica qu e a LAN B Y;
• qu a n do fu n dea da , a or ien t a çã o do ca sco de u m a ba rc a –fa ro l é u m excelen t e in dica dor
da cor r en t e de m a r é; e
• u m a ba rc a –fa ro l é m a is fá cil de ser a t r a ca da e de se a t r a ca r a o seu con t r a bor do.
Dest a for m a , o u so de b a rc a s –fa ró i s volt ou a cr escer , coexist in do com a s bóia s
LAN B Y.

f. B ALIZAS
Sã o sin a is visu a is cegos, con st it u ídos por h a st es de fer r o, con cr et o ou m esm o de
m a deir a , de a lt u r a a dequ a da à s con dições loca is, fixa da s, n or m a lm en t e, sobr e pedr a s isola -
da s, ba n cos, ou r ecifes. As h a st es t êm u m a pin t u r a dist in t iva e sã o en cim a da s por m a r ca de
t ope ca r a ct er íst ica , em fu n çã o da in dica çã o qu e devem t r a n sm it ir a o n a vega n t e.
As ba liza s sã o o m a is sim ples e ba r a t o dos sin a is de a u xílio à n a vega çã o, m a s n em
por isso de fá cil in st a la çã o. Com o sin a is cegos, dest in a m –se a for n ecer in dica ções a o n a ve-
ga n t e du r a n t e o per íodo diu r n o. Seu a cessór io m a is com u m é o re fle to r–ra d a r.
Na sin a liza çã o n á u t ica flu via l a dot a da n o Br a sil, a s ba liza s desem pen h a m u m im -
por t a n t e pa pel, r eceben do pla ca s com sím bolos especia is, qu e in dica m a o n a vega n t e a a ç ã o
a e m p re e n d e r pa r a m a n t er –se n o ca n a l, a bifu rc a ç ã o d e c a n a is e a exist ên cia de p e rig o
is o la d o .
Ta is sím bolos, qu e ser ã o a dia n t e est u da dos, sã o pin t a dos n a s pla ca s da s ba liza s
com m a t er ia l r et r or eflet ivo (t in t a ou fit a a desiva ), do t ipo u sa do em sin a liza çã o r odoviá r ia ,
pa r a per m it ir t a m bém a iden t ifica çã o n ot u r n a , a t r a vés do u so de h olofot e.
Adem a is, a s ba liza s u t iliza da s n a sin a liza çã o n á u t ica flu via l exibem a in da p la c a s
d e qu ilo m e tra g e m /m ilh a g e m , com o qu ilôm et r o/m ilh a do r io em qu e est ã o in st a la da s.
As pla ca s de qu ilom et r a gem da s ba liza s con st it u em u m im por t a n t e a u xílio a o posicion a -
m en t o e à n a vega çã o flu via l. Os n ú m er os in dica t ivos dos qu ilôm et r os sã o pin t a dos com
m a t er ia l r et r or eflet ivo.

F ig u ra 13.12 - B a liza a rtic u la d a


H á pou co t em po foi la n ça da u m a n o-
LANTERNAS
va concepção de baliza, na realidade um mis-
t o de bóia e fa r olet e, con st it u ído por u m a
h a st e fixa , t a l com o a de u m a ba liza , m a s
a r t icu la da e fu n dea da com u m a poit a , t a l
com o u m a bóia , t en do r ecebido o n om e de
ba liza a rtic u la d a . A F igu r a 13.12 m ost r a
u m a ba liza a rtic u la d a lu m in o s a .
As ba liza s a rtic u la d a s sã o m u it o
ú t eis pa r a lim it a r ou defin ir a s m a r gen s de
u m ca n a l est r eit o ou de u m a á r ea de m a -
n obr a delica da , on de a m u da n ça de posiçã o
de u m a bó ia lu m in o s a (qu e gir a pela a çã o
do ven t o ou , pr in cipa lm en t e, da cor r en t e)
poder ia leva r a sit u a ções per igosa s, em es-
pecia l pa r a os n a vios de gr a n de por t e.

364 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Au x ílio s v is u a is à n a v e g a ç ã o :

13.3.3 B ALIZAMEN TO
É o con ju n t o de sin a is fixos e flu t u a n t es, cegos e lu m in osos, qu e dem a r ca m os ca n a is
de a cesso, á r ea s de m a n obr a , ba cia s de evolu çã o e á gu a segu r a s e in dica m os per igos à
n a vega çã o, n os por t os e seu s a cessos, ba ía s, r ios, la gos e la goa s.
O ba liza m e n to , por t a n t o, é con st it u ído por fa r olet es, sin a is de a lin h a m en t o, ba liza s,
bóia s lu m in osa s e bóia s cega s. E ven t u a lm en t e, pode in clu ir fa r óis (den om in a dos, en t ã o, de
fa r óis de ba liza m en t o), ba r ca s–fa r óis e su per bóia s, m a s, em ger a l, o ba liza m e n to r efer e–
se à sin a liza çã o n á u t ica de m en or por t e, in st a la da pa r a ga r a n t ir segu r a n ça da n a vega çã o
n o ca n a l de a cesso e ba cia de evolu çã o de por t os e t er m in a is, ou a o lon go de r ios, la gos e
la goa s.
Os sin a is do ba liza m e n to , cegos e lu m in osos, fixos ou flu t u a n t es, podem dispor de
equ ipa m en t os son or os. Além disso, podem fa zer pa r t e do ba liza m e n to a u xílios r a dioelét r icos
à n a vega çã o, com o r a diofa r óis e r espon dedor es–r a da r (RACON).
Os ba liza m e n to s podem ser cla ssifica dos segu n do vá r ios cr it ér ios. Um dos m a is
u su a is é dividí–lo en t r e ba liza m e n to fix o (fa r olet es e ba liza s) e ba liza m e n to flu tu a n te
(bóia s lu m in osa s e bóia s cega s).
Ou t r o cr it ér io divide o ba liza m e n to em ba liza m e n to c e g o (ba liza s e bóia s cega s) e
ba liza m e n to lu m in o s o (fa r olet es e bóia s lu m in osa s).
Um a cla ssifica çã o im por t a n t e é a qu e sepa r a os ba liza m e n to s em :
ba liza m e n to m a rítim o : a qu ele in st a la do em ba ía s, en sea da s e n o ca n a l de a cesso e ba cia
de evolu çã o de por t os e t er m in a is m a r ít im os; e
ba liza m e n to flu v ia l: in st a la do a o lon go de r ios (la gos e la goa s), com o a u xílio à n a vega çã o
in t er ior . Nor m a lm en t e, o ba liza m e n to flu v ia l t em r egr a s pr ópr ia s, em com plem en t o à s
r egr a s pa r a o ba liza m en t o m a r ít im o.

13.3.4 ID EN TIF ICAÇÃO D OS S IN AIS D E AU XÍLIO À


NAVEGAÇÃO
O n a vega n t e qu e a vist a u m fa r ol, fa r olet e, bóia , ba liza ou qu a lqu er ou t r o a u xílio
visu a l à n a vega çã o, m esm o est a n do dist a n t e do sin a l, deve ser ca pa z de iden t ificá –lo r a pi-
da m en t e. P a r a isso, sin a is de u m a m esm a r egiã o devem a pr esen t a r for m a t os e pa dr ões de
pin t u r a dist in t os e exibir em lu zes difer en t es, ca da u m a com su a ca r a ct er íst ica pr ópr ia , de
m odo qu e n ã o h a ja r isco de con fu sã o com sin a is vizin h os.

F ig u ra 13.13 - Es tru tu ra s d e fa ró is

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 365


Au x ílio s v is u a is à n a v e g a ç ã o :

A F igu r a 13.13 a pr esen t a a lgu n s exem plos de est r u t u r a s e pa dr ões de pin t u r a


u t iliza dos em fa r óis n o Br a sil.
Assim , a iden t ifica çã o dos sin a is de a u xílio n a vega çã o é feit a :

a. D U RAN TE O D IA:
• pela for m a e pela cor (pa dr ã o de pin t u r a ) de su a est r u t u r a ;
• pela for m a e cor da m a r ca de t ope exibida (bóia s e ba liza s);
• pelo som em it ido ou pelo sin a l r a dioelét r ico t r a n sm it ido;
• m oder n a m en t e, a lgu n s sin a is de a u xílio à n a vega çã o exibem , m esm o n o per íodo diu r n o,
lu zes de a lt a in t en sida de qu e per m it em su a iden t ifica çã o.

b. D U RAN TE A N OITE:
• pela s lu zes exibida s (cor e r it m o de a pr esen t a çã o);
• pelo som em it ido ou sin a l r a dioelét r ico t r a n sm it ido.

13.3.5 LU ZES D E AU XÍLIO À N AVEGAÇÃO


E st e it em est u da r á a pen a s os t er m os, r efer en t es à s lu zes de a u xílio à n a vega çã o,
m a is u t iliza dos, n a pr á t ica , pelos n a vega n t es.

1. TERMOS GERAIS
CARACTERÍS TICA: é a a pa r ên cia pela qu a l a s lu zes sã o iden t ifica da s, obt ida pela com bi-
n a çã o de seu s pr in cipa is a spect os, ritm o e c o r. O ritm o é for m a do por u m a det er m in a da
seqü ên cia de e m is s õ e s lu m in o s a s e e c lip s e s , de du r a ções específica s e r egu la r m en t e
r epet idos. No qu e se r efer e à c o r, a s lu zes podem ser bra n c a s ou d e c o r (en ca r n a da , ver de
ou â m ba r ). Assim sen do, a c a ra c te rís tic a de u m a lu z de a u xílio à n a vega çã o é com post a
pelo seu ritm o e su a c o r.
LU Z F IXA – lu z exibin do–se con t ín u a e u n ifor m em en t e.
LU Z RÍTMICA – lu z exibin do–se in t er m it en t em en t e, com u m a per iodicida de r egu la r (lu z
de la m pejo, de gr u po de la m pejos, lu z r á pida , et c.)
LU Z ALTERN AD A – lu z exibin do–se em difer en t es cor es, a lt er n a da m en t e.
P ERÍOD O – é o in t er va lo de t em po com pr een dido en t r e os in ícios de dois ciclos su cessivos
idên t icos n a ca r a ct er íst ica de u m a lu z r ít m ica .
F AS E – é ca da u m dos a spect os su cessivos qu e com põem o per íodo (e m is s ã o lu m in o s a e
e c lip s e ).
F AS E D ETALHAD A – é a seqü ên cia com plet a de t oda s a s fa s e s qu e com põem o p e río d o .
EMIS S ÃO LU MIN OS A – fa s e do ritm o do sin a l du r a n t e a qu a l a lu z é exibida .
ECLIP S E – fa s e do ritm o do sin a l du r a n t e a qu a l a lu z per m a n ece a pa ga da .
Os qu a dr os da s pá gin a s segu in t es a pr esen t a m descr ições e ilu st r a ções da s c a ra c te -
rís tic a s da s lu zes exibida s pelos sin a is de a u xílio à n a vega çã o.

366 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Au x ílio s v is u a is à n a v e g a ç ã o :

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 367


Au x ílio s v is u a is à n a v e g a ç ã o :

368 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Au x ílio s v is u a is à n a v e g a ç ã o :

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 369


Au x ílio s v is u a is à n a v e g a ç ã o :

370 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Au x ílio s v is u a is à n a v e g a ç ã o :

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 371


Au x ílio s v is u a is à n a v e g a ç ã o :

2. TERMOS D ES CRITIVOS
AEROF ARÓIS E F ARÓIS AEROMARÍTIMOS – os a e ro fa ró is sã o dest in a dos à n a ve-
ga çã o a ér ea , poden do, oca sion a lm en t e, ser u t iliza dos pa r a a n a vega çã o m a r ít im a . Têm ,
ger a lm en t e, u m a lca n ce m a ior do qu e os fa r óis com u n s, pois sã o qu a se sem pr e de gr a n de
a lt it u de e in t en sida de lu m in osa . P or essa r a zã o, a lgu m a s vezes podem ser a vist a dos a t é
m esm o a n t es dos fa r óis de a t er r a gem . Os a e ro fa ró is do Br a sil sã o in st a la dos e m a n t idos
pelo Min ist ér io da Aer on á u t ica . Aqu eles in st a la dos n o n osso lit or a l, qu e podem ser a vist a dos
do m a r , sã o in ser idos n a List a de F a r óis em su a seqü ên cia geogr á fica com a s ou t r a s lu zes.
Su a ca r a ct er íst ica é sem pr e pr ecedida da pa la vr a “a er o”. É pr eciso n ã o esqu ecer qu e t a is
fa r óis n ã o se dest in a m à n a vega çã o m a r ít im a e qu e, por con segu in t e, su a s a lt er a ções n em
sem pr e ch ega r ã o pr on t a m en t e a o con h ecim en t o dos n a vega n t es. Ta is a lt er a ções n ã o sã o
ger a lm en t e com u n ica da s em Avisos–Rá dio.
Reser va –se a den om in a çã o de F a ró is Ae ro m a rítim o s à qu eles dest in a dos à n a vega çã o
m a r ít im a , m a s dot a dos de a pa r elh a gem qu e per m it a o seu em pr ego n a n a vega çã o a ér ea .
Ta l é o ca so, por exem plo, do F a r ol Ca lca n h a r . E sses fa r óis sã o in st a la dos e m a n t idos pela
Dir et or ia de H idr ogr a fia e Na vega çã o do Min ist ér io da Ma r in h a e t r a t a dos com o os dem a is
fa r óis da cost a . O fa t o de ser em a er om a r ít im os vem con sign a do n a colu n a “obser va ções” da
List a de F a r óis. P a r a possibilit a r o u so por a er on a ves, o feixe lu m in oso dos fa ró is a e ro m a -
rítim o s é deflexion a do a u m â n gu lo de 10° a 15° sobr e o h or izon t e.
LU Z D IRECION AL – u m a lu z exibida em u m set or de â n gu lo m u it o est r eit o, visa n do
m a r ca r u m a dir eçã o a ser segu ida . O set or est r eit o pode ser fla n qu ea do por set or es de
in t en sida de a lt a m en t e r edu zida , ou por set or es de cor ou ca r a ct er íst ica difer en t e.

372 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Au x ílio s v is u a is à n a v e g a ç ã o :

LU Z D E ALIN HAMEN TO – du a s ou m a is lu zes a ssocia da s, de m odo a for m a r em u m


a lin h a m en t o ou dir eçã o h or izon t a l a ser segu ida . Con for m e vist o, em a lgu n s loca is, on de é
pequ en a a la r gu r a do ca n a l n a vegá vel ou on de n ã o é su ficien t e a coloca çã o de bóia s, sã o
in st a la dos pa r es de sin a is (ba liza s ou fa r olet es), qu e det er m in a m com r igor u m a dir eçã o
qu e ser vir á com o or ien t a çã o pa r a o n a vega n t e. E st es pa r es sã o ch a m a dos “a lin h a m e n to s ”
pois, qu a n do o n a vega n t e est iver sobr e a dir eçã o qu e a ssin a la m , ver á os dois elem en t os
sobr e u m a só m a r ca çã o, “en fia dos” ou “a lin h a dos”. Os a lin h a m e n to s poder ã o ser lu m in osos
ou cegos, ca so os dois sin a is dispon h a m , ou n ã o, de a pa r elh o de lu z.
LU ZE S D E OB S TR U ÇÃO – lu zes, ger a lm en t e en ca r n a da s, sin a liza n do obst r u ções a
a er on a ves, exibida s n os t opes de pr édios a lt os, silos, t or r es, ch a m in és, m a st r os ou qu a lqu er
ou t r a est r u t u r a eleva da .
LU ZE S OCAS ION AIS – lu zes exibida s a pen a s qu a n do especia lm en t e n ecessá r ia s ou
solicit a da s.
LU Z D E S ETOR – lu z qu e a pr esen t a u m a a pa r ên cia difer en t e (ger a lm en t e cor es difer en t es)
sobr e vá r ia s pa r t es do h or izon t e, de in t er esse à n a vega çã o m a r ít im a .
LU Z D IU RN A – lu z exibida du r a n t e a s 24 h or a s do dia , sem m u da n ça de ca r a ct er íst ica .
Du r a n t e o per íodo diu r n o, a in t en sida de pode ser a u m en t a da , pa r a fa cilit a r o r econ h ecim en t o
e a iden t ifica çã o de u m det er m in a do a u xílio à n a vega çã o.
LU Z D E CERRAÇÃO – lu z exibida som en t e em per íodos de visibilida de r edu zida .
IN TEN S ID AD E LU MIN OS A – o flu xo lu m in oso qu e pa r t e de u m a fon t e de lu z, em u m a
da da dir eçã o, expr esso em c a n d e la s .
RES P LEN D OR – o br ilh o difu so, devido à disper sã o a t m osfér ica , a pr esen t a do por u m
fa r ol qu a n do obser va do de u m a posiçã o a lém do h or izon t e, ou escon dida por u m obst á cu lo.

3. LIMITES D E S ETORES E D E ARCOS D E VIS IB ILID AD E D E LU ZES


D E AU XÍLIOS À N AVEGAÇÃO
Os lim it es de set or es e de a r cos de visibilida de da s lu zes de a u xílio à n a vega çã o sã o
defin idos por m a r ca ções ver da deir a s to m a d a s d o la rg o (ist o é, do m a r pa r a o sin a l), de
000° a 360°, n o sen t ido do m ovim en t o dos pon t eir os do r elógio.

F ig u ra 13.14 - Lim ite s d e s e to r


As s i m , p or e x e m p l o, o fa r ol
m ost r a do n a F igu r a 13.14 t er ia set or es
descr it os da segu in t e m a n eir a :

SE TOR DE VISIBILIDADE 210º – 120º (270º)

SE TOR DE OBSCU RIDADE 120º – 210º (90º)

SE TOR BRAN CO 210º – 270º (60º)

SE TOR E N CARN ADO 270º – 315º (45º)

SE TOR VE RDE 315º – 050º (95º)

SE TOR BRAN CO 050º – 120º (70º)

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 373


Au x ílio s v is u a is à n a v e g a ç ã o :

Os s e to re s c o lo rid o s , de cor difer en t e da ca r a ct er íst ica do fa r ol, podem ser u sa dos


pa r a in dica r a dir eçã o de u m per igo ou a pa ssa gem livr e en t r e per igos.

F ig u ra 13.15 - S e to r d e v is ibilid a d e d e u m fa ro l

No qu e se r efer e a o a rc o d e v is i-
bilid a d e ou s e to r d e v is ibilid a d e de u m
fa r ol, é im por t a n t e m en cion a r qu e, m u it a s
vezes, a lu z de u m sin a l n ã o pode ser ob-
ser va da de t odos os a zim u t es, ou seja , t a l
lu z n ã o é visível pa r a t oda s a s posições
em volt a do fa r ol, por qu e a t opogr a fia do
loca l obscu r ece a lgu n s set or es (ver F igu r a
13.14). Os s e to re s d e v is ibilid a d e dos
fa r óis sã o in dica dos n a List a de F a r óis.
Con for m e cit a do, os s e to re s d e v is ibili-
d a d e sã o descr it os por m a r ca ções ver da -
deir a s to m a d a s d o la rg o (do m a r pa r a o
sin a l), n o sen t ido h or á r io. Ou seja , a s m a r -
ca ções qu e lim it a m o set or de visibilida de
sã o a s m a r ca ções com qu e o n a vega n t e a vist a o fa r ol (e n ã o a s m a r ca ções com qu e o fa r oleir o
a vist a r ia o n a vio). Na F igu r a 13.15, por exem plo, o s e to r d e v is ibilid a d e do fa r ol r epr e-
sen t a do ser ia descr it o com o: 350° – 130° (140°).
Adem a is, a s Ca r t a s Ná u t ica s a pr esen t a m dia gr a m a s dos s e to re s d e v is ibilid a d e
dos fa r óis n ela s r epr esen t a dos. É opor t u n o a ler t a r qu e o s e to r d e v is ibilid a d e de u m
fa r ol, r epr esen t a do n a Ca r t a Ná u t ica , n a da t em a ver com o seu a lc a n c e , qu e é t a m bém
in dica do n a ca r t a , a o la do do sím bolo de fa r ol.

13.3.6 ALCAN CES D OS AU XÍLIOS VIS U AIS À


NAVEGAÇÃO

1. ALCAN CE LU MIN OS O
É a m a ior dist â n cia em qu e u m a lu z pode ser vist a , m er a m en t e em fu n çã o de su a
in te n s id a d e lu m in o s a e v is ibilid a d e m e te o ro ló g ic a m é d ia da r egiã o.
O D IAGRAMA D E ALCAN CE LU MIN OS O da F igu r a 13.16 per m it e ca lcu la r o
a lc a n c e lu m in o s o de u m a det er m in a da lu z, em fu n çã o de su a in te n s id a d e lu m in o s a e
da v is ibilid a d e m e te o ro ló g ic a vigen t e.
U T I L I ZAÇ ÃO D O D I AG R AMA D E AL C AN C E L U MI N O S O: o d ia gr a m a
possibilit a a o n a vega n t e det er m in a r a dist â n cia a pr oxim a da em qu e u m a lu z pode ser
a vist a da à n oit e, con sider a n do–se a v is ibilid a d e m e te o ro ló g ic a (V) pr edom in a n t e n o
m om en t o da obser va çã o.
E st e a lca n ce é obt ido en t r a n do–se n o dia gr a m a , n a su a bor da in fer ior (lin h a h or izon -
t a l) com o va lor da in te n s id a d e lu m in o s a e m c a n d e la s (cd), en con t r a da n a colu n a 4 da
Lis ta d e F a ró is , e com o va lor da v is ibilid a d e m e te o ro ló g ic a (V), discr im in a da sobr e
su a s cu r va s.

374 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Au x ílio s v is u a is à n a v e g a ç ã o :

F ig u ra 13.16 - D ia g ra m a d e Alc a n c e Lu m in o s o

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 375


Au x ílio s v is u a is à n a v e g a ç ã o :

P r ojet a n do–se h or izon t a lm en t e o pon t o de in t er seçã o pa r a u m a da s colu n a s la t er a is


(ver t ica is), obt em os o a lc a n c e lu m in o s o , em m ilh a s n á u tic a s , n o m om en t o da obser va çã o.
O gr á fico a pr esen t a t a m bém os va lor es do coeficien t e de t r a n spa r ên cia a t m osfér ica (T),
n u m er a dos de zer o a n ove (equ iva len t e a décim os da u n ida de), ist o é, pa r a u m va lor de
v is ibilid a d e m e te o ro ló g ic a (V) de 5,4 m ilh a s n á u t ica s, t em os u m va lor de c o e fic ie n te
d e tra n s p a rê n c ia a tm o s fé ric a (T) equ iva len t e a 7 (ou seja 0,7), va lor est e qu e t a m bém
pode ser u t iliza do com a in te n s id a d e lu m in o s a em ca n dela s pa r a a obt en çã o do seu alc an c e
lu m in o s o .

EXEMP LOS
a . O F a r ol Ilh a do Boi Nº1 possu i in te n s id a d e lu m in o s a de 10.050 ca n dela s. No m om en t o
da obser va çã o, a v is ibilid a d e m e te o ro ló g ic a r ein a n t e er a de 10 m ilh a s n á u t ica s. E n -
t r a n do n o Dia gr a m a com esses va lor es, obt ém –se u m a lc a n c e lu m in o s o pa r a o fa r ol de
14 m ilh a s n á u t ica s.
b. O F a r ol Ca bo F r io possu i u m a in te n s id a d e lu m in o s a de 5.696.000 ca n dela s. Det er m in a r
o a lc a n c e lu m in o s o do fa r ol pa r a u m c o e fic ie n te d e tra n s p a rê n c ia a tm o s fé ric a (T)
igu a l a 0,85. E n t r a n do n o Dia gr a m a com a in te n s id a d e lu m in o s a e o c o e fic ie n te d e
tra n s p a rê n c ia a tm o s fé ric a , obt ém –se u m a lc a n c e lu m in o s o de 49 m ilh a s n á u t ica s.
c. O F a r ol Sa n t a Cr u z possu i in te n s id a d e lu m in o s a de 3.066 ca n dela s. No m om en t o da
obser va çã o, a v is ibilid a d e m e te o ro ló g ic a r ein a n t e er a de 10 m ilh a s n á u t ica s (cor r es-
pon den t e a u m c o e fic ie n te d e tra n s p a rê n c ia a tm o s fé ric a T = 0,74). Det er m in a r o
a lc a n c e lu m in o s o do sin a l. E n t r a n do n o Dia gr a m a com esses va lor es, obt ém –se u m
a lc a n c e lu m in o s o de 9,5 m ilh a s n á u t ica s (pa r a u m a v is ibilid a d e m e te o ro ló g ic a de
10 m ilh a s).

2. ALCAN CE N OMIN AL
É o a lca n ce de u m a lu z a u m a a t m osfer a h om ogên ea n a qu a l a v is ibilid a d e m e te o -
ro ló g ic a é de 10 m ilh a s n á u t ica s, pa r a u m obser va dor de vist a n or m a l, sob con dições n or m a is
de con t r a st e.

3. ALCAN CE GEOGRÁF ICO


É a m a ior dist â n cia n a qu a l u m a lu z pode ser vist a , leva n do–se em con t a u n ica m en t e
a cu r va t u r a da Ter r a , com a eleva çã o da fon t e lu m in osa e a a lt u r a do olh o n o obser va dor
sobr e o n ível do m a r .
Com o vim os, a lin h a de visa da do obser va dor a u m objet o dist a n t e é, n o m á xim o, o
com pr im en t o t a n gen t e à su per fície cu r va do m a r . É desse pon t o de t a n gên cia qu e a s dist â n -
cia s t a bu la r es sã o ca lcu la da s. P a r a se obt er a visibilida de r ea l geogr á fica do objet o, en t r a –
se n a Ta bela de Alca n ce Geogr á fico (F igu r a 13.3) pr im eir a m en t e com a a ltu ra d o o lh o d o
o bs e rv a d o r s o bre o n ív e l d o m a r, em m et r os, e, em segu ida , com a eleva çã o sobr e o n ível
m édio do m a r (ou seja , a a ltitu d e ) do objet o, t a m bém em m et r os. Na t a bela da F igu r a 13.3,
o cr u za m en t o da s du a s en t r a da s a pr esen t a a dist â n cia m á xim a em qu e u m objet o ou u m a
lu z possa n t e bóia n o h or izon t e, em m ilh a s n á u t ica s.

U TILIZAÇÃO D A TAB ELA D E ALCAN CE GEOGRÁF ICO


A Ta bela da F igu r a 13.3 for n ece o a lca n ce geogr á fico em m ilh a s n á u t ica s, leva n do–
se em con t a a a lt u r a sobr e o n ível do m a r em qu e se en con t r a o olh o do obser va dor e a
eleva çã o da lu z sobr e o n ível m édio do m a r , ou seja , su a a lt it u de, a m ba s em m et r os. Con for m e
m en cion a do, a Ta bela u t iliza , pa r a cá lcu lo do a lc a n c e g e o g rá fic o , a fór m u la :
D = 2,03 (ÖH + Öh ).

376 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Au x ílio s v is u a is à n a v e g a ç ã o :

No ca so de va lor es n ã o t a bu la dos de a lt it u de do olh o do obser va dor e/ou do objet o


visa do, obt ém –se o a lc a n c e g e o g rá fic o por in t er pola çã o lin ea r .

EXEMP LOS
a . Um obser va dor n o pa ssa diço de u m n a vio, n a a lt u r a de set e (7) m et r os sobr e o n ível do
m a r , t en t a a vist a r u m fa r ol cu jo foco lu m in oso possu i u m a eleva çã o (a lt it u de) de sessen t a
(60) m et r os. E n t r a n do n a t a bela com os dois va lor es, obt ém –se 21,1 m ilh a s n á u t ica s, qu e
ser á a dist â n cia visu a l m á xim a n a qu a l o obser va dor poder á a vist a r o fa r ol, ou seja , o
a lc a n c e g e o g rá fic o do fa r ol.
b. A a lt u r a do olh o do obser va dor sobr e o n ível do m a r é de 15 m et r os e a a lt it u de do objet o
visa do é 42 m et r os. O a lc a n c e g e o g rá fic o , obt ido por in t er pola çã o n a Ta bela da F igu r a
13.3, ser á de 21,0 m ilh a s.
Ao ser est a belecido u m fa r ol, os va lor es dos dois a lca n ces, g e o g rá fic o e lu m in o s o ,
devem t er sido fixa dos com a n t ecedên cia ; a a lt it u de e o a pa r elh o de lu z sã o, en t ã o, defin idos
de m odo a qu e sa t isfa ça m à s con dições exigida s.
Nos fa r óis de a t er r a gem , deseja –se qu e o n a vega n t e possa a vist á –los da m a ior dis-
t â n cia possível, de dia ou de n oit e. Nest e ca so, a in te n s id a d e lu m in o s a e, con seqü en t e-
m en t e, o a lc a n c e lu m in o s o , dever á ser , n o m ín im o, igu a l a o a lc a n c e g e o g rá fic o , pois de
n a da a dia n t a r ia con st r u ir –se u m fa r ol qu e possu a u m a lc a n c e g e o g rá fic o d e 40 m ilh a s
e u m a lc a n c e lu m in o s o de a pen a s 10 m ilh a s n a s con dições idea is, se o seu objet ivo é ser
a vist a do o m a is lon ge possível.
P or ou t r o la do, ocor r em sit u a ções on de n ã o in t er essa a o n a vega n t e a vist a r u m fa r ol
desde m u it o lon ge, se só ir á m a r cá –lo efet iva m en t e qu a n do est iver m a is pr óxim o. Ist o po-
der ia , in clu sive, ger a r er r os ou dificu lda des n a iden t ifica çã o dos sin a is. P a r a est es ca sos, o
a lca n ce lu m in oso poder á ser in fer ior a o geogr á fico.
Com o a o n a vega n t e in t er essa sa ber a qu e dist â n cia poder á a vist a r pela pr im eir a vez
u m det er m in a do sin a l, a DH N r egist r a n a s ca r t a s a pen a s o m e n o r e n tre o s d o is a lc a n c e s .

13.4 S IS TEMAS D E B ALIZAMEN TO

13.4.1 IN TROD U ÇÃO


Con for m e a n t er ior m en t e defin ido, ba liza m e n to é o con ju n t o de sin a is de a u xílio à
n a vega çã o, ger a lm en t e de m en or por t e (fa r olet es, sin a is de a lin h a m en t o, ba liza s, bóia s
lu m in osa s e bóia s cega s), in st a la dos pa r a pr opor cion a r segu r a n ça à n a vega çã o n o ca n a l de
a cesso e ba cia de evolu çã o de por t os e t er m in a is, a o lon go de r ios, la gos e la goa s, dest in a n do–
se a :
• dem a r ca r os lim it es de ca n a is n a vegá veis e á r ea s de m a n obr a ;
• in dica r á gu a s segu r a s;
• a ler t a r sobr e a pr esen ça de per igos à n a vega çã o; e
• in dica r a pr esen ça de ca bos ou ca n a liza ções su bm a r in a s e ou t r a s á r ea s especia is.
E xist em dois sist em a s bá sicos de ba liza m en t o, o s is te m a la te ra l e o s is te m a c a rd in a l.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 377


Au x ílio s v is u a is à n a v e g a ç ã o :

• N o ba liza m e n to la te ra l os sin a is in dica m os la dos de bom bor do e bor est e de u m a r ot a


a ser segu ida , de a cor do com u m a dir eçã o est ipu la da .
• No ba liza m e n to c a rd in a l os per igos est ã o in dica dos por bóia s ou ba liza s posicion a da s
em r ela çã o a os 4 qu a dr a n t es, sen do est e sist em a pa r t icu la r m en t e ú t il em m a r a ber t o, a o
lon go de cost a s em qu e exist em obst á cu los, on de a or ien t a çã o do ba liza m en t o la t er a l
poder ia n ã o ser fa cilm en t e discer n ível.

13.4.2 AN TECED EN TES HIS TÓRICOS


At é bem pou co t em po (1976), h a via em u so n o m u n do m a is de t r in t a sist em a s dife-
r en t es de ba liza m en t o, m u it os dos qu a is con t r a dit ór ios en t r e si. E st e fa t o r esu lt a va em
sit u a ções con fu sa s, pa r t icu la r m en t e à n oit e, qu a n do u m n a vega n t e poder ia depa r a r –se,
in esper a da m en t e, com u m a lu z cu jo sign ifica do n ã o lh e pa r ecia cla r o. Ta l con fu sã o er a
especia lm en t e per igosa qu a n do a lu z n ã o iden t ifica da sin a liza va u m per igo n ovo, a in da n ã o
ca r t ogr a fa do, t a l com o u m ca sco soçobr a do r ecen t e. A dú vida do n a vega n t e a cer ca da m elh or
a çã o a segu ir er a in evit á vel, leva n do– o a t om a r u m a decisã o er r a da e m u it a s vezes desa s-
t r osa .
Desde o a pa r ecim en t o da s bóia s lu m in osa s, em fin s do sécu lo XIX, ocor r er a m m u it a s
con t r ovér sia s sobr e a m elh or m a n eir a de u sá –la s. Assim , a lgu n s pa íses er a m fa vor á veis à
u t iliza çã o de lu zes en ca r n a da s pa r a sin a liza r o la do de bom bor do n os ca n a is, en qu a n t o
ou t r os er a m pa r t idá r ios de colocá –la s a bor est e.
Ou t r a difer en ça de opin iã o fu n da m en t a l gir a va em t or n o dos pr in cípios a ser em a pli-
ca dos a os sin a is de a u xílio a o n a vega n t e. A m a ior ia dos pa íses a dot ou o pr in cípio do Sist em a
La t er a l, em qu e os sin a is in dica m os la dos de bom bor do e bor est e de u m a r ot a a ser segu ida ,
de a cor do com u m a dir eçã o est ipu la da . Ou t r os pa íses, n o en t a n t o, for a m pa r t idá r ios do
pr in cípio de sin a is Ca r din a is, n o qu a l os per igos est ã o in dica dos m edia n t e u m a ou m a is
bóia s ou ba liza s posicion a da s em r ela çã o a os qu a t r o qu a dr a n t es, sen do est e sist em a pa r t i-
cu la r m en t e ú t il em m a r a ber t o, on de a or ien t a çã o do ba liza m en t o La t er a l poder ia n ã o ser
fa cilm en t e discer n ível.
Ao lon go dos a n os, n u m er osa s t en t a t iva s for a m feit a s pa r a con cilia r a s difer en t es
opin iões, por ém sem su cesso. A m a ior a pr oxim a çã o a u m a cor do in t er n a cion a l sobr e u m
sist em a de ba liza m en t o u n ifica do foi a lca n ça da em Gen ebr a , em 1936. In felizm en t e, r edigido
sob os a u spícios da Liga da s Na ções, n u n ca foi r a t ifica do, devido a o defla gr a r da Segu n da
Gu er r a Mu n dia l. O a cor do pr opu n h a o u so in dist in t o dos sin a is La t er a is ou Ca r din a is,
por ém sepa r a n do–os em dois sist em a s difer en t es. Ta m bém dispu n h a o u so da cor en ca r n a da
pa r a sin a is de bom bor do e r eser va va , gen er ica m en t e, a cor ver de pa r a m a r ca r ca scos soço-
br a dos.
Ao t er m in a r a Segu n da Gu er r a Mu n dia l, m u it os pa íses t iver a m seu s a u xílios à n a ve-
ga çã o dest r u ídos e o pr ocesso de r econ st r u çã o t or n ou –se pr em en t e. Na a u sên cia de a lgo m e-
lh or , a dot a r a m a s r egr a s de Gen ebr a , com ou sem m odifica ções pa r a a da pt á –la s à s con dições
loca is e a os equ ipa m en t os dispon íveis. E st e pr ocedim en t o con du ziu a a m pla s e a lgu m a s vezes
con flit iva s difer en ça s, especia lm en t e n a s á gu a s den sa m en t e n a vega da s do n or oest e da E u r opa .
Gr a n de pa r t e do con t in en t e a m er ica n o e a lgu n s pa íses do P a cífico con t in u a r a m a do-
t a n do “en ca r n a do a bor est e” e u t iliza n do, u n ica m en t e, o sist em a de ba liza m en t o la t er a l.
E ssa sit u a çã o in sa t isfa t ór ia er a do per feit o con h ecim en t o da “Associa çã o In t er n a cion a l
de Sin a liza çã o Ná u t ica ” (IALA) qu e, em 1969, con st it u iu u m a Com issã o Técn ica pa r a exa -
m in a r a qu est ã o e su ger ir solu ções.

378 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Au x ílio s v is u a is à n a v e g a ç ã o :

F or a m t r ês os pr oblem a s bá sicos com qu e se defr on t ou a Com issã o:


1. a n ecessida de de a pr oveit a r a o m á xim o os equ ipa m en t os exist en t es pa r a evit a r ga st os
desn ecessá r ios;
2. a for m a de u t iliza r a s cor es ver de e en ca r n a do pa r a sin a liza çã o de ca n a is;
3. a n ecessida de de com bin a r a s r egr a s dos sist em a s La t er a l e Ca r din a l.
As t en t a t iva s pa r a a lca n ça r u m a u n ida de com plet a t iver a m esca sso êxit o. Um a sér ie
de a ciden t es desa st r osos ocor r idos n a á r ea do E st r eit o de Dover , em 1971, im pr im iu u m
n ovo ím pet o a os esfor ços da Com issã o. Os ca scos soçobr a dos sit u a dos n o cor r edor de u m
E squ em a de Sepa r a çã o de Tr á fego desa fia r a m t oda s a s t en t a t iva s efet u a da s pa r a sin a lizá –
los de m a n eir a fa cilm en t e com pr een sível.
P a r a en ca r a r a s exigên cia s con flit iva s con sider ou –se n ecessá r io, com o pr im eir o pa sso,
for m u la r dois sist em a s: u m , u sa n do a cor en ca r n a da pa r a sin a liza r o la do de bom bor do dos
ca n a is e ou t r o, em pr ega n do a m esm a cor pa r a m a r ca r o la do de bor est e. E sses sist em a s
for a m den om in a dos A e B, r espect iva m en t e.
F ig u ra 13.17 - S is te m a d e ba liza m e n to m a rítim o d a AIS M (IALA) – Re g iõ e s d e B a liza m e n to
Ae B

As r egr a s pa r a o Sist em a A, qu e in clu ía m t a n t o os sin a is Ca r din a is com o os La t er a is,


for a m com plet a dos em 1976 e a pr ova da s pela Or ga n iza çã o Ma r ít im a In t er n a cion a l (IMO).
O sist em a com eçou a ser in t r odu zido em 1977 e seu u so foi gr a du a lm en t e est en dido a t r a vés
da E u r opa , Au st r á lia , Nova Zelâ n dia , Áfr ica , Golfo P ér sico e a lgu n s pa íses da Ásia .
As r egr a s pa r a o Sist em a B for a m con clu ída s n o in ício de 1980 e pr ocu r ou –se a dequ á –
la s pa r a a plica çã o n os pa íses da Am ér ica do Nor t e, Cen t r a l e Su l, J a pã o, Cor éia e F ilipin a s.
E n t r et a n t o, devido à sim ilit u de en t r e os dois sist em a s, o Com it ê E xecu t ivo da IALA
com bin ou –os em u m ú n ico con ju n t o de r egr a s, con h ecido com o “Sist em a de Ba liza m en t o
Ma r ít im o da IALA”. E sse Sist em a ú n ico a dot a do per m it ir ia qu e a s a u t or ida des de sin a liza çã o
n á u t ica escolh essem , sobr e u m a ba se r egion a l, en t r e u sa r o en ca r n a do a bom bor do ou a
bor est e, opt a n do, r espect iva m en t e, pela Regiã o A ou Regiã o B.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 379


Au x ílio s v is u a is à n a v e g a ç ã o :

P a r a via biliza r esse con ju n t o ú n ico de r egr a s e sa t isfa zer à s n ecessida des dos pa íses
com pon en t es da Regiã o B, pr opôs–se in t r odu zir n a s r egr a s a cor da da s do sist em a A a lgu n s
pequ en os a cr éscim os. E ssa s a dições er a m de n a t u r eza m en or e n ã o exigia m u m a m u da n ça
sign ifica t iva n o Sist em a A de ba liza m en t o, já em pr ocesso de in t r odu çã o, n a época .
Du r a n t e a Con fer ên cia con voca da pela IALA, em n ovem br o de 1980, com a a ssist ên cia
da IMO e da Or ga n iza çã o H idr ogr á fica In t er n a cion a l (OH I), r eu n ir a m –se os r espon sá veis
pelo ba liza m en t o de 50 pa íses e r epr esen t a n t es de 9 or ga n ism os in t er n a cion a is r ela cion a dos
com a u xílios à n a vega çã o e a cor da r a m a dot a r a s r egr a s do n ovo Sist em a Com bin a do.
Ta m bém foi decidido qu e os lim it es da s r egiões ser ia m r epr esen t a dos em u m m a pa a n exo
à s r egr a s (F igu r a 13.17), per iodica m en t e a t u a liza do.
O Br a sil, a t r a vés da Dir et or ia de H idr ogr a fia e Na vega çã o do Min ist ér io da Ma r in h a ,
a ssin ou o Acor do e opt ou pela Regiã o “B”, decisã o a pr ova da pelo Decr et o P r esiden cia l n º
92.267 de 3 de ja n eir o de 1986.
Assim , o sist em a de ba liza m en t o m a r ít im o da IALA pa ssou a a u xilia r , pela pr im eir a
vez, o n a vega n t e de qu a lqu er n a cion a lida de a det er m in a r su a posiçã o, n a vega r com segu r a n -
ça e evit a r os per igos, sem t em er a a m bigü ida de. E st a foi, sem dú vida , u m a im por t a n t e e
posit iva con t r ibu içã o pa r a a segu r a n ça da vida , do m eio a m bien t e e da pr opr ieda de n o m a r .

13.4.3 P RIN CÍP IOS GERAIS D O S IS TEMA D E


B ALIZAMEN TO MARÍTIMO D A IALA
O Sist em a de Ba liza m en t o IALA possu i 5 t ipos de sin a is, qu e podem ser u sa dos de
for m a com bin a da . O n a vega n t e pode dist in gu í– los fa cilm en t e, gr a ça s à s su a s ca r a ct er íst ica s
específica s de iden t ifica çã o.
Os s in a is la te ra is a pr esen t a m difer en ça s r esu lt a n t es da Re g iã o d e B a liza m e n to
(A ou B ) – com o se descr eve a dia n t e – sen do os ou t r os 4 t ipos com u n s a a m ba s a s r egiões.

S IN AIS LATERAIS
Segu in do o sen t ido da “dir eçã o con ven cion a l do ba liza m en t o”, os sin a is La t er a is da
Regiã o A u t iliza m , de dia e de n oit e, a s cor es en ca r n a da e ver de pa r a in dica r , r espect iva -
m en t e, os la dos de bom bor do e bor est e dos ca n a is. E n t r et a n t o, n a Regiã o B est a s cor es se
in ver t em , com en ca r n a da a bor est e e ver de a bom bor do.
Um sin a l La t er a l m odifica do deve ser u sa do em u m pon t o on de h a ja bifu r ca çã o de
ca n a l, pa r a dist in gu ir o ca n a l pr efer en cia l design a do por u m a Au t or ida de com pet en t e.

S IN AIS CARD IN AIS


Os sin a is Ca r din a is in dica m qu e a s á gu a s m a is pr ofu n da s n a á r ea con sider a da en -
con t r a m –se n o la do (qu a dr a n t e) design a do pelo sin a l. E st a con ven çã o é vá lida m esm o qu e,
por exem plo, u m sin a l Nor t e t en h a á gu a s n a vegá veis n ã o som en t e n o n or t e, m a s t a m bém
n o lest e e oest e. O n a vega n t e sa ber á qu e est á segu r o a o n or t e, por ém dever á con su lt a r su a
ca r t a n á u t ica pa r a m a ior es in for m a ções (ou or ien t a ções).
Os sin a is Ca r din a is n ã o possu em u m for m a t o específico qu e os ca r a ct er izem , por ém
a dot a m n or m a lm en t e a for m a pila r ou ch a r u t o. Sã o sem pr e pin t a dos com fa ixa s h or izon t a is
a m a r ela s e pr et a s e su a s m a r ca s de t ope, for m a da s por con es du plos, sã o sem pr e pr et a s.

380 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Au x ílio s v is u a is à n a v e g a ç ã o :

P a r a fa cilit a r a m em or iza çã o da s cor es dos sin a is Ca r din a is, os con es da s m a r ca s de


t ope podem ser con sider a dos com o a pon t a n do pa r a a s posições da s fa ixa s h or izon t a is pr et a s:
• Con es pr et os do t ope com os vér t ices pa r a cim a : fa ixa pr et a sobr e a a m a r ela .
• Con es pr et os do t ope com os vér t ices pa r a ba ixo: fa ixa pr et a sob a a m a r ela .
• Con es pr et os u m sobr e o ou t r o, ba se a ba se, com os vér t ices em posições opost a s: fa ixa s
pr et a s a cim a e a ba ixo de u m a fa ixa a m a r ela .
• Con es pr et os com vér t ices a pon t a n do–se m u t u a m en t e: fa ixa pr et a com fa ixa s a m a r ela s
a cim a e a ba ixo.
Os sin a is Ca r din a is possu em t a m bém u m sist em a especia l de lu zes de la m pejos
br a n cos ba st a n t e ca r a ct er íst ico. Ba sica m en t e, os r it m os sã o t odos de “la m pejos m u it o r á pi-
dos” (LpMR) ou r á pidos (LpR), in t er r om pidos por obscu r ida des de diver sa s du r a ções. Defi-
n em –se “la m pejos m u it o r á pidos” os qu e possu em u m r it m o lu m in oso en t r e 80 e 160 la m pejos
por m in u t o e “la m pejos r á pidos” os qu e possu em u m r it m o lu m in oso en t r e 50 e 80 la m pejos
por m in u t o.
As ca r a ct er íst ica s u t iliza da s pa r a os sin a is Ca r din a is sã o:
Nor t e La m pejos “m u it o r á pidos” ou “r á pidos” con t ín u os.
Lest e Tr ês la m pejos “m u it o r á pidos” ou “r á pidos” segu idos por u m a obscu r ida de.
Su l Seis la m pejos “m u it o r á pidos” ou “r á pidos” segu idos im edia t a m en t e por u m
la m pejo lon go e u m a obscu r ida de.
Oest e Nove la m pejos “m u it o r á pidos” ou “r á pidos” segu idos por u m a obscu r ida de.
O posicion a m en t o dos la m pejos (3), (6) e (9) n os qu a dr a n t es pode ser fa cilm en t e m e-
m or iza do qu a n do a ssocia do a u m m ost r a dor de r elógio. O la m pejo lon go, con t u do, defin ido
com o u m a lu z de du r a çã o n ã o m en or qu e 2 segu n dos, con st it u i u m a r t ifício pa r a ga r a n t ir
qu e os t r ês (3) ou os n ove (9) la m pejos dos sin a is lest e e oest e, n ã o ser ã o con fu n didos com os
seis (6) la m pejos do sin a l su l.
Ma is a dia n t e ser á obser va do qu e ou t r os dois t ipos de sin a is u t iliza m –se da lu z br a n ca .
E sses sin a is, en t r et a n t o, possu em u m r it m o lu m in oso bem difer en cia do, qu e n ã o deixa
m a r gem pa r a con fu sã o com os la m pejos “m u it o r á pidos” ou “r á pidos” dos sin a is Ca r din a is.

S IN AL D E P ERIGO IS OLAD O
O sin a l de P er igo Isola do é coloca do sobr e u m per igo de pequ en a á r ea , qu e t en h a
á gu a s n a vegá veis em t oda a su a volt a . As m a r ca s de t ope de du a s esfer a s pr et a s, u m a sobr e
a ou t r a , e a s lu zes br a n ca s dos gr u pos de la m pejos (2), ser vem pa r a difer en cia r os sin a is de
P er igo Isola do dos sin a is Ca r din a is.

S IN AIS D E ÁGU AS S EGU RAS


O sin a l de Águ a s Segu r a s in dica á gu a s n a vegá veis em t or n o dele, por ém n ã o sin a liza
u m per igo. P ode ser u sa do, por exem plo, com o sin a l de m eio de ca n a l ou sin a l de a t er r a gem
(“la n dfa ll m a r k”).
Su a con figu r a çã o difer e t ot a lm en t e da s bóia s qu e sin a liza m per igos. Sã o de for m a t o
esfér ico ou , a lt er n a t iva m en t e, pila r ou ch a r u t o com t ope esfér ico en ca r n a do. É o ú n ico t ipo
de sin a l com fa ixa s ver t ica is (en ca r n a da s e br a n ca s). Su a s lu zes, qu a n do exist en t es, sã o
br a n ca s isofá sica s, ou de ocu lt a çã o, ou de la m pejo lon go, ou em código Mor se exibin do a
let r a “A” (.–).

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 381


Au x ílio s v is u a is à n a v e g a ç ã o :

S IN AIS ES P ECIAIS
Os sin a is E specia is n ã o se dest in a m pr im or dia lm en t e a or ien t a r a n a vega çã o, m a s
in dica m u m a á r ea ou u m a ca r a ct er íst ica especia l, cu ja n a t u r eza pode ser ver ifica da con su l-
t a n do u m a ca r t a ou ou t r o docu m en t o n á u t ico.
Os sin a is E specia is sã o a m a r elos. P odem leva r u m a m a r ca de t ope a m a r ela em for m a
de “X” e, se possu ír em lu z, est a deve t a m bém ser a m a r ela . Com o in t u it o de evit a r a possi-
bilida de de con fu sã o en t r e o a m a r elo e o br a n co em ba ixa visibilida de, a s lu zes a m a r ela s
dos sin a is E specia is n ã o t êm qu a lqu er dos r it m os u sa dos n a s lu zes br a n ca s.
Su a for m a n ã o ser á con flit a n t e com a s u t iliza da s n os sin a is de n a vega çã o, ist o sign i-
fica n do, por exem plo, qu e u m a bóia especia l loca liza da n o la do de bom bor do de u m ca n a l
pode t er a for m a cilín dr ica , m a s n ã o côn ica . Os sin a is E specia is podem t a m bém ser ca r a c-
t er iza dos por m eio de let r a s ou n ú m er os qu e in dica m su a fin a lida de.

N OVOS P ERIGOS
Con vém sa lien t a r , especia lm en t e, qu e u m “n ovo per igo” – t er m o u sa do pa r a descr ever
u m per igo a in da n ã o m ost r a do em docu m en t os n á u t icos – pode ser in dica do m edia n t e u m a
du plica çã o do sin a l n or m a l, a t é qu e a in for m a çã o t en h a sido su ficien t em en t e pr om u lga da .
Um sin a l de “n ovo per igo” pode leva r u m RACON codifica do Mor se “D” (–..).

13.4.4 REGRAS D O S IS TEMA D E B ALIZAMEN TO


MARÍTIMO D A IALA

1. GEN ERALID AD ES

OB J ETIVO
E st e sist em a a pr esen t a n or m a s qu e se a plica m a t odos os sin a is do ba liza m en t o,
fixos e flu t u a n t es, ser vin do pa r a in dica r :
• Os lim it es la t er a is de ca n a is n a vegá veis;
• P er igos n a t u r a is e ou t r a s obst r u ções, t a is com o ca scos soçobr a dos;
• Ou t r a s á r ea s ou pecu lia r ida des im por t a n t es pa r a o n a vega n t e; e
• Novos per igos (per igos a in da n ã o ca r t ogr a fa dos).

TIP OS D E S IN AIS
O sist em a de ba liza m en t o possu i cin co t ipos de sin a is, qu e podem ser u sa dos de
for m a com bin a da :
S in a is La te ra is , cu jo em pr ego est á a ssocia do a u m a “dir eçã o con ven cion a l do ba liza m en t o”,
ger a lm en t e u sa dos em ca n a is bem defin idos. E st es sin a is in dica m bom bor do e bor est e da
r ot a a ser segu ida . On de u m ca n a l se bifu r ca , u m sin a l la t er a l m odifica do pode ser u sa do
pa r a in dica r a via pr efer en cia l. Os sin a is la t er a is difer em en t r e a s Regiões de ba liza m en t o
A e B, con for m e descr it o n a s Seções (2) e (8).
S in a is Ca rd in a is , cu jo em pr ego est á a ssocia do a o da a gu lh a de n a vega çã o, sã o u sa dos
pa r a in dica r o set or on de se poder á en con t r a r á gu a s n a vegá veis.

382 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Au x ílio s v is u a is à n a v e g a ç ã o :

S in a is d e P e rig o Is o la d o , pa r a in dica r per igos isola dos de t a m a n h o lim it a do, cer ca dos
por á gu a s n a vegá veis.
S in a is d e Ág u a s S e g u ra s , pa r a in dica r qu e em t or n o de su a posiçã o a s á gu a s sã o n a vegá -
veis; por exem plo, sin a is de m eio de ca n a l ou sin a is de a t er r a gem .
S in a is Es p e c ia is , cu jo objet ivo pr in cipa l n ã o é or ien t a r a n a vega çã o, m a s in dica r u m a
á r ea ou pecu lia r ida de m en cion a da em docu m en t os n á u t icos.

MÉTOD O D E CARACTERIZAÇÃO D E S IN AIS


O sign ifica do de u m sin a l depen de de u m a ou m a is da s segu in t es pa r t icu la r ida des:
• À n oit e, cor e r it m o da lu z.
• De dia , cor , for m a t o e m a r ca de t ope.

2. S IN AIS LATERAIS

D EF IN IÇÃO D E “D IREÇÃO CON VEN CION AL D O B ALIZAMEN TO”


A “dir eçã o con ven cion a l do ba liza m en t o”, qu e deve ser in dica da n os docu m en t os
n á u t icos a pr opr ia dos, pode ser :
• A dir eçã o ger a l t om a da pelo n a vega n t e, vin do do a lt o–m a r , a o a pr oxim a r –se de u m por t o,
r io, est u á r io ou ou t r a via n a vegá vel, ou
• A dir eçã o det er m in a da pela a u t or ida de a pr opr ia da , em con su lt a a pa íses vizin h os, se
n ecessá r io. E m pr in cípio deve segu ir o sen t ido h or á r io a o r edor da s m a ssa s t er r est r es.
No Br a sil a “dir eçã o con ven cion a l do ba liza m en t o” é sem pr e v in d o d o m a r e, n o
ca so da n a vega çã o flu via l, s u bin d o o rio .

REGIÕES D E B ALIZAMEN TO
E xist em du a s Regiões In t er n a cion a is de Ba liza m en t o, A e B , on de os sin a is la t er a is
difer em .
E ssa s Regiões de Ba liza m en t o en globa m os segu in t es pa íses (ou á r ea s):

REGIÃO “A” REGIÃO “B ”


ÁFRICA DO SUL INGLATERRA ARGENTINA MÉXICO
ALEMANHA IRÃ BOLÍVIA PANAMÁ
ARGÉLIA IRLANDA BRASIL PERU
AUSTRÁLIA IUGOSLÁVIA CANADÁ URUGUAI
BÉLGICA JERSEI CARIBE VENEZUELA
CONGO NORUEGA CHILE
DINAMARCA QUÊNIA CORÉIA
DJIBOUTI OMÃ COSTA RICA
ESCÓCIA POLÔNIA CUBA
FINLÂNDIA PORTUGAL EQUADOR
FRANÇA ROMÊNIA EUA
GABÃO RUSSIA FILIPINAS
GRÉCIA SINGAPURA FRANÇA (GUIANA e Possessões no CARIBE)
HOLANDA SUÉCIA HONDURAS
HONG KONG TUNÍSIA JAPÃO

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 383


Au x ílio s v is u a is à n a v e g a ç ã o :

DESCRIÇÃO DOS SINAIS LATERAIS USADOS NA REGIÃO A

S in a is d e B o m bo rd o
Cor : E n ca r n a da
F or m a t o (Bóia s): Cilín dr ico, pila r ou ch a r u t o
Ma r ca de Tope (se h ou ver ): Cilin dr o en ca r n a do
Lu z (qu a n do h ou ver ):
Cor : E n ca r n a da
Rit m o: Qu a lqu er , com exceçã o de Gr u pos de La m pejos Com post os
(2+1)
S in a is d e B o re s te
Cor : Ver de
F or m a t o (Bóia s): Côn ico, pila r ou ch a r u t o
Ma r ca de Tope (se h ou ver ): Con e ver de com o vér t ice pa r a cim a
Lu z (qu a n do h ou ver ):
Cor : ver de
Rit m o: Qu a lqu er , com exceçã o de Gr u pos de La m pejos Com post os
(2+1)
No pon t o em qu e u m ca n a l se bifu r ca , segu in do a “dir eçã o con ven cion a l do ba liza -
m en t o”, o ca n a l pr efer en cia l pode ser in dica do pelos sin a is la t er a is de bom bor do ou bor est e
m odifica dos, com o se segu e:
Ca n a l p re fe re n c ia l a B o re s te (Bom bor do m odifica do)
Cor : E n ca r n a da com u m a fa ixa la r ga h or izon t a l ver de
F or m a t o (Bóia s): Cilín dr ico, pila r ou ch a r u t o
Ma r ca de Tope (se h ou ver ): Cilin dr o en ca r n a do
Lu z (qu a n do h ou ver ):
Cor : E n ca r n a da
Rit m o: Gr u pos de La m pejos Com post os (2+1)
Ca n a l p re fe re n c ia l a B o m bo rd o (Bor est e m odifica do)
Cor : Ve r d e com u m a fa i x a l a r g a h or i z on t a l e n ca r n a d a
F or m a t o (Bóia s): Côn ico, pila r ou ch a r u t o
Ma r ca de Tope (se h ou ver ): Con e ver de com o vér t ice pa r a cim a
Lu z (qu a n do h ou ver ):
Cor : Ver de
Rit m o: Gr u pos de La m pejos Com post os (2+1)

384 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Au x ílio s v is u a is à n a v e g a ç ã o :

D ES CRIÇÃO D OS S IN AIS LATERAIS U S AD OS N A REGIÃO B (o n d e s e


in c lu i o B ra s il)
S in a is d e B o m bo rd o
Cor : Ver de
F or m a t o (Bóia s): Cilín dr ico, pila r ou ch a r u t o
Ma r ca de Tope (se h ou ver ): Cilin dr o ver de
Lu z (qu a n do h ou ver ):
Cor : Ver de
Rit m o: Qu a lqu er , com exceçã o de Gr u pos de La m pejos Com post os
(2+1)
S in a is d e B o re s te
Cor : E n ca r n a da
F or m a t o (Bóia s): Côn ico, pila r ou ch a r u t o
Ma r ca de Tope (se h ou ver ): Con e en ca r n a do com o vér t ice pa r a cim a .
Lu z (qu a n do h ou ver ):
Cor : E n ca r n a da ,
Rit m o: Qu a lqu er , com exceçã o de Gr u pos de La m pejos Com post os
(2+1)
No pon t o em qu e u m ca n a l se bifu r ca , segu in do a “dir eçã o con ven cion a l do ba liza -
m en t o”, o ca n a l pr efer en cia l pode ser in dica do pelos sin a is la t er a is de bom bor do ou bor est e
m odifica dos, com o se segu e:
Ca n a l p re fe re n c ia l a B o re s te (Bom bor do m odifica do)
Cor : Ver de com u m a fa ixa la r ga h or izon t a l en ca r n a da
F or m a t o (Bóia s): Cilín dr ico, pila r ou ch a r u t o
Ma r ca de Tope (se h ou ver ): Cilin dr o ver de
Lu z (qu a n do h ou ver ):
Cor : Ver de
Rit m o: Gr u pos de La m pejos Com post os (2+1)
Ca n a l p re fe re n c ia l a B o m bo rd o (Bor est e m odifica do)
Cor : E n ca r n a da com u m a fa ixa la r ga h or izon t a l ver de
F or m a t o (Bóia s): Côn ico, pila r ou ch a r u t o
Ma r ca de Tope (se h ou ver ): C on e e n ca r n a d o com o v é r t i ce para ci m a .
Lu z (qu a n do h ou ver ):
Cor : E n ca r n a da
Rit m o: Gr u pos de La m pejos Com post os (2+1)

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 385


Au x ílio s v is u a is à n a v e g a ç ã o :

REGRAS GERAIS P ARA O B ALIZAMEN TO LATERAL


F o rm a to s :
Qu a n do os sin a is la t er a is n ã o u t iliza r em bóia s de for m a t o cilín dr ico ou côn ico pa r a
iden t ifica çã o, dever ã o, on de for possível, leva r a m a r ca de t ope a pr opr ia da .
Id e n tific a ç ã o c o m le tra s o u n ú m e ro s :
Se os sin a is qu e dem a r ca m a s m a r gen s de u m ca n a l for em m a r ca dos com n ú m er os
ou let r a s, a seqü ên cia dessa s in dica ções deve a com pa n h a r a “dir eçã o con ven cion a l do ba li-
za m en t o”.

3. S IN AIS CARD IN AIS

D EF IN IÇÃO D E QU AD RAN TES E S IN AIS CARD IN AIS


Os qu a t r o qu a dr a n t es (N or t e, Lest e, Su l e Oest e) sã o lim it a dos pela s m a r ca ções
ver da deir a s NW – NE , NE – SE , SE – SW, SW – NW, t om a da s a pa r t ir do pon t o de r efer ên cia
(pon t o a ser in dica do pelo sin a l e sobr e o qu a l se deseja ch a m a r a a t en çã o do n a vega n t e).
Um sin a l Ca r din a l r ecebe o n om e do qu a dr a n t e n o qu a l ele se en con t r a .
O n om e de u m sin a l Ca r din a l in dica o qu a dr a n t e em qu e o n a vega n t e deve pa ssa r ,
em r ela çã o à posiçã o do sin a l.

U S O D OS S IN AIS CARD IN AIS


Um sin a l Ca r din a l pode ser u sa do, por exem plo:
• P a r a in dica r qu e a s á gu a s m a is pr ofu n da s n u m a á r ea en con t r a m –se n o la do (qu a dr a n t e)
qu e t em o n om e do sin a l.
• P a r a in dica r o la do segu r o pa r a pa ssa r u m per igo, especia lm en t e em m a r a ber t o.

D ES CRIÇÃO D E S IN AIS CARD IN AIS


S in a l Ca rd in a l N o rte
Ma r ca de Tope: 2 con es pr et os, u m sobr e o ou t r o, com os vér t ices pa r a cim a
Cor : P r et a sobr e a m a r ela
F or m a t o (Bóia s): P ila r ou ch a r u t o
Lu z (qu a n do h ou ver ):
Cor : Br a n ca
Rit m o: La m pejos r á pidos ou m u it o r á pidos
S in a l Ca rd in a l Le s te
Ma r ca de Tope: 2 con es pr et os, u m sobr e o ou t r o, ba se a ba se
Cor : P r et a com u m a fa ixa la r ga h or izon t a l a m a r ela
F or m a t o (Bóia s): P ila r ou ch a r u t o
Lu z (qu a n do h ou ver ):
Cor : Br a n ca
Rit m o: Gr u pos de la m pejos t r iplos m u it o r á pidos a ca da 5
segu n dos, ou r á pidos a ca da 10 segu n dos

386 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Au x ílio s v is u a is à n a v e g a ç ã o :

S in a l Ca rd in a l S u l
Ma r ca de Tope: 2 con es pr et os, u m sobr e o ou t r o, com os vér t ices pa r a ba ixo
Cor : Am a r ela sobr e pr et a
F or m a t o (Bóia s): P ila r ou ch a r u t o
Lu z (qu a n do h ou ver ):
Cor : Br a n ca
Rit m o: Gr u pos de la m pejos m u it o r á pidos (6) + la m pejo lon go a
ca da 10 segu n dos; ou gr u po de la m pejos r á pidos (6) +
la m pejo lon go, a ca da 15 segu n dos
S in a l Ca rd in a l Oe s te
Ma r ca de Tope: 2 con es pr et os, u m sobr e o ou t r o, pon t a a pon t a
Cor : Am a r ela com u m a fa ixa la r ga h or izon t a l pr et a
F or m a t o (Bóia s): P ila r ou ch a r u t o
Lu z (qu a n do h ou ver ):
Cor : Br a n ca
Rit m o: Gr u pos de la m pejos m u it o r á pidos (9), a ca da 10 segu n dos;
ou gr u po de la m pejos r á pidos (9), a ca da 15 segu n dos
A m a r ca de t ope con st it u ída por 2 con es é o in dica dor diu r n o m a is im por t a n t e de u m
sin a l Ca r din a l e deve ser u sa da sem pr e qu e pr a t icá vel; seu t a m a n h o deve ser o m a ior
possível, com u m a visível sepa r a çã o en t r e os con es.

4. S IN AIS D E P ERIGO IS OLAD O

D EF IN IÇÃO D E S IN AIS D E P ERIGO IS OLAD O


Um sin a l de P er igo Isola do é a qu ele con st r u ído sobr e, fu n dea do sobr e ou ju n t o de u m
per igo isola do de dim en sões r ela t iva m en t e pequ en a s, qu e t en h a á gu a s n a vegá veis em t oda
a su a volt a .

D ES CRIÇÃO D OS S IN AIS D E P ERIGO IS OLAD O


Ma r ca de Tope: 2 esfer a s pr et a s, u m a sobr e a ou t r a
Cor : P r et a , com u m a ou m a is fa ixa s la r ga s h or izon t a is
en ca r n a da s
F or m a t o (Bóia s): Opcion a l, por ém sem con flit a r com os sin a is la t er a is
pr efer in do-se os for m a t os ch a r u t o e pila r
Lu z (qu a n do h ou ver ):
Cor : Br a n ca
Rit m o: Gr u po de la m pejos (2)
A m a r ca de t ope con st it u ída por 2 esfer a s pr et a s é u m in dica dor diu r n o m u it o im por -
t a n t e de t odo sin a l de P er igo Isola do, e deve ser u sa da sem pr e qu e pr a t icá vel; seu t a m a n h o
deve ser o m a ior possível, com u m a visível sepa r a çã o en t r e a s esfer a s.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 387


Au x ílio s v is u a is à n a v e g a ç ã o :

5. S IN AIS D E ÁGU AS S EGU RAS

D EF IN IÇÃO D E S IN AIS D E ÁGU AS S EGU RAS


E st es sin a is ser vem pa r a in dica r qu e h á á gu a s n a vegá veis em t or n o de t odo o sin a l;
in clu em –se n est a defin içã o os sin a is de lin h a de cen t r o e os de m eio de ca n a l. Ta is sin a is
podem t a m bém ser u sa dos pa r a in dica r u m a a pr oxim a çã o de t er r a (sin a l de a t er r a gem ).

D ES CRIÇÃO D OS S IN AIS D E ÁGU AS S EGU RAS


Cor : List r a s ver t ica is en ca r n a da s e br a n ca s
F or m a t o (Bóia s): E sfér ico, pila r ou ch a r u t o
Ma r ca de Tope (se h ou ver ): Um a esfer a en ca r n a da
Lu z (qu a n do h ou ver ):
Cor : Br a n ca
Rit m o: Isofá sico, ou de ocu lt a çã o, ou la m pejo lon go a ca da 10
segu n dos, ou Mor se “A” (.–)

6. S IN AIS ES P ECIAIS

D EF IN IÇÃO D E S IN AIS ES P ECIAIS


Sã o sin a is cu jo objet ivo n ã o é or ien t a r a n a vega çã o, m a s in dica r u m a á r ea ou ca r a c-
t er íst ica especia l, m en cion a da n os docu m en t os n á u t icos a pr opr ia dos, com o, por exem plo:
• Bóia s dos Sist em a s de Aqu isiçã o de Da dos Oceâ n icos (ODAS).
• Sin a is de sepa r a çã o de t r á fego, on de o u so de sin a liza çã o con ven cion a l de ca n a l pode
ca u sa r con fu sã o.
• Sin a is de á r ea de despejos.
• Sin a is de á r ea de exer cícios m ilit a r es.
• Sin a is de ca bo ou t u bu la çã o su bm a r in a .
• Sin a is de á r ea de r ecr ea çã o.

D ES CRIÇÃO D OS S IN AIS ES P ECIAIS


Cor : Am a r ela
F or m a t o (Bóia s): Opcion a l, m a s sem con flit a r com sin a is de a u xílio à
n a vega çã o
Ma r ca de Tope (se h ou ver ): F or m a t o de “X” a m a r elo
Lu z (qu a n do h ou ver ):
Cor : Am a r ela
Rit m o: Qu a lqu er , difer in do dos sin a is ca r din a is, per igo isola do
ou á gu a s segu r a s

388 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Au x ílio s v is u a is à n a v e g a ç ã o :

S IN AIS ES P ECIAIS AD ICION AIS


Ou t r os sin a is especia is podem ser est a belecidos pela Au t or ida de r espon sá vel, a fim
de fa zer fr en t e a cir cu n st â n cia s excepcion a is. E st es sin a is a dicion a is n ã o devem con flit a r
com sin a is de a u xílio à n a vega çã o, deven do ser divu lga dos em docu m en t os n á u t icos a pr o-
pr ia dos e a IALA n ot ifica da o m a is r á pido possível.
As F igu r a s 13.18, 13.19 e 13.20 ilu st r a m os s in a is la te ra is da Regiã o B , os sin a is de
p e rig o is o la d o , á g u a s s e g u ra s , ba liza m e n to e s p e c ia l e n o v o s p e rig o s e os s in a is
c a rd in a is do Sist em a de Ba liza m en t o Ma r ít im o da IALA.
F ig u ra 13.18

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 389


Au x ílio s v is u a is à n a v e g a ç ã o :

F ig u ra 13.19 - S is te m a d e B a liza m e n to d a IALA (c o n tin u a ç ã o )

390 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Au x ílio s v is u a is à n a v e g a ç ã o :

F ig u ra 13.20 - S is te m a d e B a liza m e n to d a IALA (S in a is Ca rd in a is )

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 391


Au x ílio s v is u a is à n a v e g a ç ã o :

As F igu r a s 13.21 e 13. 22 a pr esen t a m exem plos de u t iliza çã o do Sist em a de Ba liza -


m en t o Ma r ít im o da IALA n a s Regiões A e B , r espect iva m en t e.

F ig u ra 13.21 - U s o d o S is te m a d e B a liza m e n to IALA (REGIÃO A), d iu rn o e n o tu rn o

392 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Au x ílio s v is u a is à n a v e g a ç ã o :

F ig u ra 13.22 - U s o d o S is te m a d e B a liza m e n to IALA (REGIÃO B ), d iu rn o e n o tu rn o

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 393


Au x ílio s v is u a is à n a v e g a ç ã o :

13.4.5 N U MERAÇÃO D E B ALIZAMEN TOS


E m a lgu n s ca n a is, o n ú m er o eleva do de sin a is de ba liza m en t o t or n a r ecom en dá vel
n u m er á –los, pa r a evit a r er r os de iden t ifica çã o.
O cr it ér io a dot a do pa r a a n u m er a çã o do ba liza m en t o é o segu in t e:
a . A n u m er a çã o dos vá r ios ca n a is e a lin h a m en t os é in depen den t e en t r e si;
b. A n u m er a çã o de ca n a is é u m a só pa r a t odo o ba liza m en t o, qu er se t r a t e de bóia s cega s,
bóia s de lu z ou fa r olet es. O ba liza m en t o en ca r n a do r ecebe n ú m e ro s ím p a re s e o ver de,
n ú m e ro s p a re s ; os a lin h a m en t os sã o iden t ifica dos por let r a s, em or dem a lfa bét ica ;
c. A n u m er a çã o ser á su cessiva e em or dem cr escen t e; pa r a os ca n a is, a pa r t ir da en t r a da
n os por t os, e pa r a os a lin h a m en t os, a pa r t ir da bóia m a is pr óxim a à en t r a da ;
d. Além da s bóia s, fa r olet es e ba liza s de ca n a is de a cesso e de a lin h a m en t o, só dever ã o ser
n u m er a da s a s qu e, de ou t r o m odo, n ã o possa m ser fa cilm en t e iden t ifica da s pelo n a vega n t e,
ou r efer ida s n a s ca r t a s e pu blica ções.
A F igu r a 13.23 a pr esen t a u m exem plo de ba liza m en t o on de a s bóia s for a m n u m er a dos
(ca n a l de a cesso à Ba r r a Nor t e do Rio Am a zon a s).

F ig u ra 13.23 - N u m e ra ç ã o d o B a liza m e n to

394 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Au x ílio s v is u a is à n a v e g a ç ã o :

13.4.6 REGRAS ES P ECIAIS P ARA O B ALIZAMEN TO


F LU VIAL E LACU S TRE
No ba liza m en t o da s h idr ovia s in t er ior es, sem pr e qu e a s ca r a ct er íst ica s se a ssem e-
lh a r em à s do a m bien t e m a r ít im o, seja pela r et it u de do cu r so, ou pela dist â n cia en t r e a s
m a r gen s, devem ser u t iliza dos os sin a is pr evist os pa r a o ba liza m en t o m a r ít im o, con side-
r a n do–se com o “dir eçã o con ven cion a l do ba liza m en t o” o sen t ido de ju sa n t e pa r a m on t a n t e
(ist o é, su bin do o r io).
Qu a n do a s ca r a ct er íst ica s da h idr ovia im pedir em a u t iliza çã o dos sin a is pr evist os
pa r a o ba liza m en t o m a r ít im o (pelo est r eit a m en t o do cu r so, pela su a sin u osida de ou por
qu a lqu er ou t r a r a zã o), devem ser u sa dos os sin a is fixos a ba ixo descr it os, dest in a dos a in dica r
a os n a vega n t es os per igos à n a vega çã o e a s a ções a em pr een der pa r a m a n t er –se n o ca n a l.
Na sin a liza çã o flu via l qu e se segu e, en t en de–se por m a rg e m e s qu e rd a a m a r gem
sit u a da do la do esqu er do de qu em desce o r io, n a vega n do de m on t a n t e pa r a ju sa n t e. A
m a rg e m d ire ita , por t a n t o, é a m a r gem sit u a da do la do dir eit o de qu em desce o r io.
Sã o os segu in t es os sím bolos qu e in dica m a o n a vega n t e a a çã o a em pr een der pa r a
m a n t er –se n o ca n a l:
RE TÂNGULO CONF E CCIONADO COM MATE RIAL RE TRORE F LE TIVO, SOBRE
UM P AINE L QUADRANGULAR BRANCO: ca n a l ju n t o à m a r gem , a t é o pr óxim o sin a l.
SÍMBOLO “X” CONF E CCIONADO COM MATE RIAL RE TRORE F LE TIVO SOBRE
UM P AINE L QUADRANGULAR BRANCO: m u da n ça de m a r gem (ca n a l cr u za n do pa r a a
ou t r a m a r gem , n a dir eçã o do pr óxim o sin a l).
SÍMBOLO “H” CONF E CCIONADO COM MATE RIAL RE TRORE F LE TIVO SOBRE
UM P AINE L QUADRANGULAR BRANCO: ca n a l a m eio do r io, a t é o pr óxim o sin a l.
Os sin a is visu a is cegos fixos qu a n do sit u a dos n a m a rg e m e s qu e rd a (sen do, por t a n t o,
deixa dos por bo re s te de qu em sobe o r io) devem t er os seu s sím bolos con feccion a dos com
m a t er ia l r et r or eflet ivo de cor e n c a rn a d a . Qu a n do sit u a dos n a m a rg e m d ire ita (sen do,
por t a n t o, deixa dos por bo m bo rd o de qu em sobe o r io), devem t er os seu s sím bolos con fec-
cion a dos com m a t er ia l r et r or eflet ivo de cor ver de. O m a te ria l re tro re fle tiv o , do t ipo em -
pr ega do em sin a liza çã o r odoviá r ia , per m it e qu e o ba liza m e n to c e g o seja t a m bém u t iliza do
à n oit e, a t r a vés do u so de h olofor t e pelos n a vios qu e t r a fega m n a h idr ovia .
Ca so u m a t r a vessia m a is difícil ou u m t r ech o do r io r ea lm en t e cr ít ico à n a vega çã o
exija m sin a is lu m in osos, os sin a is da m a rg e m e s qu e rd a exibir ã o lu z e n c a rn a d a , en qu a n t o
qu e os da m a rg e m d ire ita exibir ã o lu z v e rd e .
Além dos sin a is qu e in dica m a o n a vega n t e a s a ç õ e s a e m p re e n d e r pa r a m a n t er –se
n o ca n a l, a s r egr a s pa r a o ba liza m en t o flu via l pr evêem , a in da , sím bolos pa r a in dica çã o de
p e rig o is o la d o e de bifu rc a ç ã o d e c a n a l:
SÍMBOLO “+” CONF E CCIONADO COM MATE RIAL RE TRORE F LE TIVO DE COR
BRANCA, INSCRITO E M DOIS P AINÉ IS CIRCULARE S P INTADOS DE P RE TO, UM
ACIMA DO OUTRO: in dica çã o de per igo isola do.
SÍMBOLO “Y” CONF E CCIONADO COM MATE RIAL RE TRORE F LE TIVO DE COR
AMARE LA, SOBRE UM P AINE L QUADRANGULAR P INTADO DE P RE TO: in dica çã o de
bifu r ca çã o de ca n a l.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 395


Au x ílio s v is u a is à n a v e g a ç ã o :

F ig u ra 13.24 -

396 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Au x ílio s v is u a is à n a v e g a ç ã o :

F ig u ra 13.25 -

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 397


Au x ílio s v is u a is à n a v e g a ç ã o :

Sã o a s segu in t es a s r egr a s pa r a sin a liza çã o de pon t es fixa s sobr e via s n a vegá veis:
• o v ã o p rin c ip a l, sob o qu a l deve ser con du zida a n a vega çã o, deve exibir :
• n o cen t r o, sob a pon t e, u m a lu z r á pida br a n ca e n os pila r es la t er a is de su st en t a çã o lu zes
fixa s ou r ít m ica s, de a cor do com a s con ven ções pa r a o ba liza m en t o m a r ít im o (ist o é, o
pila r a ser deixa do por bo re s te , de a cor do com a “dir eçã o con ven cion a l do ba liza m en t o”,
deve exibir lu z e n c a rn a d a ; o pila r a ser deixa do por bo m bo rd o deve m ost r a r lu z v e rd e );
• o pila r a ser deixa do por bo re s te , pelo n a vega n t e qu e en t r a n o por t o ou sobe o r io, deve
exibir com o m a rc a d iu rn a u m pa in el r et a n gu la r br a n co con t en do u m triâ n g u lo e qu i-
lá te ro e n c a rn a d o , com vér t ice pa r a cim a ;
• o pila r a ser deixa do por bo m bo rd o , pelo n a vega n t e qu e en t r a n o por t o ou sobe o r io,
deve exibir com o m a rc a d iu rn a u m pa in el r et a n gu la r br a n co con t en do u m re tâ n g u lo
v e rd e , com a m a ior dim en sã o n a ver t ica l;
• os vã os secu n dá r ios devem t er os seu s pila r es de su st en t a çã o sin a liza dos por lu z fixa
br a n ca , ou ilu m in a dos por r eflet or es, com lu z br a n ca n ã o ofu sca n t e.
As F igu r a s 13.24 e 13.25 ilu st r a m os sin a is u t iliza dos n o ba liza m e n to flu v ia l e n a
sin a liza çã o de p o n te s fix a s sobr e via s n a vegá veis.

13.5 LIS TA D E F ARÓIS


A P u blica çã o D H2 – LIS TA D E F ARÓIS , edit a da e a t u a liza da pela Dir et or ia de
H idr ogr a fia e Na vega çã o, é u m a pu blica çã o de a u xílio à n a vega çã o qu e con t ém in for m a ções
r efer en t es a t odos os s in a is lu m in o s o s (fa r óis, a er ofa r óis, ba r ca s–fa r óis, fa r olet es, bóia s
lu m in osa s e lu zes pa r t icu la r es ou de obst r u çã o a ér ea qu e in t er essa m a os n a vega n t es) exis-
t en t es n a cost a , ilh a s, la gos, la goa s e r ios n a vegá veis do n osso pa ís e n os pa íses est r a n geir os
qu e t êm pa r t e de seu s t er r it ór ios r epr esen t a dos em ca r t a s n á u t ica s br a sileir a s.
Recen t em en t e, a LIS TA D E F ARÓIS pa ssou a ser u m a pu blica çã o a n u a l, in cor po-
r a n do, a ca da a n o, t oda s a s a lt er a ções e a cr éscim os n os sin a is lu m in osos ocor r idos du r a n t e
o per íodo.
A List a de F a r óis é a pr esen t a da com o se segu e (ver F igu r a 13.26):
1ª COLU N A – N Ú MERO D E ORD EM N ACION AL E N Ú MERO IN TERN ACION AL

a. N Ú MERO D E ORD EM N ACION AL


E st e n ú m er o é design a do pela Dir et or ia de H idr ogr a fia e Na vega çã o, obedecen do
u m a seqü ên cia , de a cor do com a posiçã o geogr á fica do sin a l. E st a n u m er a çã o é con st it u ída
de u m a qu a t r o a lga r ism os, poden do, excepcion a lm en t e, a pa r ecer u m a ou du a s ca sa s
decim a is.

b. N Ú MERO IN TERN ACION AL


E st es n ú m er os sã o ext r a ídos da List a de F a r óis br it â n ica e r epr esen t a m n ú m er os
in t er n a cion a is dos sin a is. Sã o a t r ibu ídos objet iva n do evit a r qu a lqu er con fu sã o qu a n do se
pr et en de fa zer – lh es r efer ên cia . Sã o con st it u ídos por gr u pos a lfa n u m ér icos com post os por
u m a let r a m a iú scu la segu ida de qu a t r o a lga r ism os, poden do, excepcion a lm en t e, a pa r ecer
u m a ou du a s ca sa s decim a is.

398 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Au x ílio s v is u a is à n a v e g a ç ã o :

F ig u ra 13.26 - Lis ta d e F a ró is

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 399


Au x ílio s v is u a is à n a v e g a ç ã o :

2ª COLU N A – LOCAL, N OME E CARTA N ÁU TICA


Nest a colu n a con st a m a s in for m a ções qu e per m it em iden t ifica r o sin a l, qu e é dist in -
gu ido por t ipos de let r a s, com o se segu e:
N EGRITO – fa r óis e ba r ca s–fa r óis, com a lca n ce igu a l ou su per ior a 15 m ilh a s n á u t ica s.
RED ON D O – fa r óis e ba r ca s–fa r óis, com a lca n ce in fer ior a 15 m ilh a s n á u t ica s, fa r olet es,
lu zes de obst á cu los a ér eos e lu zes pa r t icu la r es.
ITÁLICO – bóia s e m on obóia s.
Obser va çã o: qu a n do m en cion a do o loca l, os sin a is qu e o com põem vêm pr ecedidos
por u m t r a ço.
E xem plo: CAN AL GRAN D E D O CU RU Á – bóia n º 2

3ª COLU N A – P OS IÇÃO
Nest a colu n a sã o in dica da s a s coor den a da s geogr á fica s do sin a l, n or m a lm en t e a pr o-
xim a da s a o cen t ésim o do m in u t o, com o pr opósit o de fa cilit a r a o u t iliza dor su a iden t ifica çã o
n a s ca r t a s n á u t ica s br a sileir a s.

4ª COLU N A – CARACTERÍS TICA, COR, P ERÍOD O, F AS E D ETALHAD A E


IN TEN S ID AD E
Nest a colu n a é in dica da a ca r a ct er íst ica da lu z do sin a l, su a cor , o per íodo e a fa se
det a lh a da , e, a in da , a in t en sida de da lu z em ca n dela s.

5ª COLU N A – ALTITU D E
Nest a colu n a é in for m a da a a lt it u de do foco de lu z, em m et r os, ist o é, a dist â n cia
ver t ica l en t r e o foco da lu z e o N ív e l Mé d io do m a r .

6ª COLU N A – ALCAN CE
Nest a colu n a sã o in for m a dos o Alc a n c e Lu m in o s o , em m ilh a s n á u t ica s, ca lcu la do
pela F ór m u la de Alla r d, con sider a n do–se u m per íodo n ot u r n o com Co e fic ie n te d e Tra n s -
p a rê n c ia Atm o s fé ric a (T) igu a l a 0,85, cor r espon den t e a u m va lor de Vis ibilid a d e Me te o -
ro ló g ic a de 18,4 m ilh a s n á u t ica s, e o Alc a n c e Ge o g rá fic o, t a m bém em m ilh a s n á u t ica s,
con sider a n do–se qu e os olh os do obser va dor est eja m eleva dos 5 m et r os sobr e o n ível do m a r .

7ª COLU N A – D ES CRIÇÃO E ALTU RA


Nest a colu n a con st a m a s in for m a ções qu e per m it em iden t ifica r o sin a l pela descr içã o
de su a est r u t u r a em det a lh es, t a is com o t ipo, for m a t o, cor e pa dr ã o de pin t u r a , segu ida s da
su a a lt u r a , em m et r os.

8ª COLU N A – OB S ERVAÇÕES
Nest a colu n a sã o in for m a da s obser va ções ju lga da s opor t u n a s pa r a m elh or escla r e-
cim en t o dos u t iliza dor es e n a vega n t es, a ssim com o a exist ên cia de r eflet or r a da r , equ ipa -
m en t o r espon dedor – r a da r (RACON), r a diofa r ol, est a çã o r a diot elegr á fica ou de sin a is, set or
de visibilida de e ou t r os da dos.
Com o exem plo, veja m os a s in for m a ções pr est a da s pela LIS TA D E F ARÓIS pa r a o
F a r ol Ca bo F rio :

400 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Au x ílio s v is u a is à n a v e g a ç ã o :

1ª COLU N A:
N º D E ORD EM: 2400
N º IN TERN ACION AL: G 0352
2ª COLU N A:
LOCAL E N OME : Ca b o F ri o (im pr esso em n egr it o, pa r a in dica r qu e é u m sin a l
im por t a n t e, com a lca n ce igu a l ou su per ior a 15 m ilh a s).
CAR TA N ÁU TICA: 1503 (n ú m er o d a Ca r t a N á u t ica d e m a ior es ca la on d e es t á
r epr esen t a do o F a r ol Ca bo F rio ).
3ª COLU N A:
P OS IÇÃO: La t . 23° 00.81' S Lon g. 042° 00.05' W
4º COLU N A:
CARACTERÍS TICA: La m pejo Br a n co (Lp. B.).
P ERÍOD O: 10 segu n dos.
FASE DETALHADA: La m pejo de 1,2 segu n dos e E clipse de 8,8 segu n dos (B.1,2 – E cl.8,8).
IN TEN S ID AD E LU MIN OS A: 5.696.000 ca n dela s.
5º COLU N A:
ALTITU D E D O F OCO: 144 m et r os (a cim a do Nível do Médio do m a r ).
6ª COLU N A:
ALCAN CE LU MIN OS O: 49 m ilh a s.
ALCAN CE GEOGRÁF ICO: 29 m ilh a s.
7ª COLU N A:
D ES CRIÇÃO D A ES TRU TU RA: Tor r e t r on côn ica ,m et á lica , br a n ca .
ALTU RA D A TORRE: 16 m et r os.
8ª COLU N A:
OB S ERVAÇÕES : Set or de Visibilida de: 231° – 118° (247°). E st a çã o r a diot elegr á fica .
A LIS TA D E F ARÓIS , t a l com o qu a lqu er ou t r a pu blica çã o de a u xílio à n a vega çã o,
est á su jeit a a con st a n t es cor r eções e deve ser m a n t ida a t u a liza da . As cor r eções à LIS TA
D E F ARÓIS sã o pu blica da s qu in zen a lm en t e, n a pa r t e IV do F olh et o de Avisos a os Na ve-
ga n t es.
A LIS TA D E F ARÓIS é com plem en t a da pela P u blica çã o DH 18 – LIS TA D E S IN AIS
CEGOS , t a m bém edit a da e m a n t ida a t u a liza da pela Dir et or ia de H idr ogr a fia e Na vega çã o,
con t en do in for m a ções r efer en t es a t odos os s in a is c e g o s (bóia s cega s, ba liza s e pla ca s de
pon t e) exist en t es n a cost a , ilh a s, la goa s, la gos e r ios n a vegá veis br a sileir os.

13.6 OB S ERVAÇÕES F IN AIS S OB RE


B ALIZAMEN TO
a . a s bóia s de ba liza m en t o n ã o devem ser u sa da s com o bóia s de a m a r r a çã o ou pa r a n en h u m a
ou t r a fin a lida de, sob qu a lqu er pr et ext o.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 401


Au x ílio s v is u a is à n a v e g a ç ã o :

b. Os Coeficien t es de Tr a n spa r ên cia (ou con dições de visibilida de) va r ia m de a cor do com a
r egiã o, e, em ca da lu ga r , de a cor do com a u m ida de e poeir a a t m osfér ica (polu içã o). A
DH N colet a in for m a ções dos n a vios sobr e Alc a n c e s Lu m in o s o s efet iva m en t e obser va dos,
pa r a det er m in a r o fa t or de ca da r egiã o, sob det er m in a da s con dições a t m osfér ica s. E n -
qu a n t o est es fa t or es n ã o for em det er m in a dos com exa t idã o, a dot a –se, pa r a a cost a do
Br a sil, o va lor a pr oxim a do de T = 0,85, pa r a con dições n or m a is de visibilida de.
c. As in for m a ções sobr e ir r egu la r ida des n os sin a is, de ca r á t er n ã o u r gen t e, podem ser en via -
da s por m eio de u m m odelo especia l (F olh a de In for m a çã o), en con t r a do n o fin a l do F olh et o
de Avisos a os Na vega n t es, ou dist r ibu ído gr a t u it a m en t e pela s Ca pit a n ia s dos P or t os,
Delega cia s, Agên cia s ou P ost os de Ven da s de pu blica ções do Min ist ér io da Ma r in h a .
d. As in for m a ções de ca r á t er u r gen t e poder ã o ser en ca m in h a da s à Dir et or ia de H idr ogr a fia
e Na vega çã o (en der eço t elegr á fico NAVE MAR), TE LE X Nº 02134043.
e. Ao u t iliza r o D ia g ra m a d e Alc a n c e s Lu m in o s o s , o n a vega n t e deve a t en t a r pa r a os
segu in t es fa t os:
• os Alc a n c e s obt idos a t r a vés do D ia g ra m a d e Alc a n c e s Lu m in o s o s sã o a pr oxim a dos;
• u m a lu z n ã o pode ser a vist a da a u m a dist â n cia m a ior do qu e a do seu Alc a n c e Ge o -
g rá fic o . E xem plifica n do: o fa r ol Ilh a da P a z possu i u m a a lt it u de (ou eleva çã o sobr e o
Nível Médio do m a r ) de 84 m et r os. E st a n do o obser va dor a bor do de u m a em ba r ca çã o
a u m a a lt u r a de 5 m et r os sobr e o n ível do m a r , ver ifica –se qu e, a pesa r do Alc a n c e
Lu m in o s o do sin a l ser de 26 m ilh a s n á u t ica s, a lu z som en t e poder á ser a vist a da a
cer ca de 23.5 m ilh a s n á u t ica s, qu e cor r espon de a o seu Alc a n c e Ge o g rá fic o .
f. E m t em po fr io e, m a is pa r t icu la r m en t e, qu a n do ocor r em va r ia ções br u sca s de t em per a -
t u r a , os vidr os da s la n t er n a s dos sin a is fica m , m u it a s vezes, cober t os com u m ida de ou
gelo, o qu e r edu z con sider a velm en t e o seu Alc a n c e Lu m in o s o . Adem a is, est e efeit o
pode, t a m bém , fa zer com qu e lu zes color ida s pa r eça m br a n ca s.
g. O n evoeir o, n eblin a , poeir a , fu m a ça e pr ecipit a ções dim in u em sign ifica t iva m en t e a s dis-
t â n cia s n a s qu a is a s lu zes sã o a vist a da s, sen do est e efeit o m a ior n o ca so de lu zes color ida s
e de pot ên cia r edu zida .
h . As Lu ze s Alte rn a d a s com fa ses lu m in osa s difer en t es podem a lt er a r su a s ca r a ct er íst ica s
a pa r en t es, con for m e a dist â n cia de qu e sã o obser va da s, qu a n do a lgu m a s fa ses deixa r em
de ser visíveis.
I. Nã o se deve con fia r n os lim it es exa t os dos set or es da s lu zes. E les, h a bit u a lm en t e, n ã o
sã o bem defin idos, ocor r en do m u da n ça de lu z pa r a obscu r ida de, ou de u m a cor pa r a
ou t r a , gr a du a lm en t e.
j. As B ó ia s Lu m in o s a s , devido a os seu s r a ios de a t u a çã o n o m a r e à possibilida de de
ga r r a r em , n ã o devem ser u t iliza da s com a fin a lida de de posicion a m en t o, ser vin do a pen a s
pa r a con fir m a r posições obt ida s, por ou t r os m eios. Além disso, t a m bém o seu fu n cion a -
m en t o é pa ssível de a pr esen t a r ir r egu la r ida des.
l. F a z–se im por t a n t e dest a ca r qu e, por con ven çã o, os Alc a n c e s Ge o g rá fic o s qu e con st a m
da List a de F a r óis for a m ca lcu la dos pa r a u m obser va dor sit u a do a 5 m et r os de a lt it u de.
Qu a lqu er n a vega n t e qu e se sit u e a u m a eleva çã o difer en t e de 5 m et r os, dever á fa zer os
cá lcu los dos Alc a n c e s Ge o g rá fic o s pa r a o seu ca so, ou en t r a r n a t a bela da F igu r a 13.3.
m . As lu zes exibida s em gr a n de eleva çã o t êm m a ior pr oba bilida de de ser em obscu r ecida s
por n u vem do qu e a qu ela s pr óxim a s a o n ível do m a r .

402 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Au x ílio s v is u a is à n a v e g a ç ã o :

n . A dist â n cia de u m obser va dor a u m a lu z n ã o pode ser est im a da por seu br ilh o a pa r en t e.
o. A dist in çã o en t r e a s cor es n ã o é sem pr e con fiá vel. As con dições de pr opa ga çã o da lu z
a t r a vés da a t m osfer a e o desem pen h o do olh o h u m a n o podem r edu zir dr a st ica m en t e a
possibilida de de discr im in a çã o da s cor es. À n oit e, é pa r t icu la r m en t e difícil dist in gu ir
en t r e u m a lu z br a n ca e u m a a m a r ela , ou u m a lu z a zu l vist a sozin h a , excet o à pequ en a
dist â n cia . Cer t a s con dições a t m osfér ica s podem fa zer com qu e u m a lu z br a n ca a dqu ir a
u m a cor a ver m elh a da . De dia , a s cor es vist a s con t r a o sol per dem su a dist in çã o; t in t a s
en ca r n a da s lu m in osa s t en dem a u m a cor a la r a n ja da .
p. A visã o de u m a lu z pode ser a fet a da por u m fu n do for t em en t e ilu m in a do.
q. Os a er ofa r óis sã o fr eqü en t em en t e de a lt a pot ên cia e, devido a os seu s feixes ser em eleva dos,
sã o visíveis m u it a s vezes em dist â n cia s m u it o m a ior es do qu e a s lu zes pa r a n a vega çã o.
E les, en t r et a n t o, m u it a s vezes som en t e sã o ca r t ogr a fa dos a pr oxim a da m en t e, à s vezes
exibidos som en t e por per íodos cu r t os, e sã o su jeit os a a pa ga r em r epen t in a m en t e. Além
disso, est a n do sob o con t r ole de or ga n iza ções difer en t es, podem ser a lt er a dos n a cor ou
n a ca r a ct er íst ica a n t es qu e seja possível divu lga r por m eio de “Avisos a os Na vega n t es”.
r . A F igu r a 13.27 ilu st r a o em pr ego do Sist em a de Ba liza m en t o Ma r ít im o da IALA – Regiã o
“B ”.

F ig u ra 13.27 - Em p re g o d o S is te m a d e B a liza m e n to Ma rítim o d a IALA - Re g iã o B

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 403


Au x ílio s v is u a is à n a v e g a ç ã o :

404 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


N a v e g a ç ã o ra d a r

N AVEGAÇÃO RAD AR
14

14.1 EQU IP AMEN TO RAD AR

14.1.1 D ES EN VOLVIMEN TO E CLAS S IF ICAÇÃO


O RAD AR , a br evia t u r a der iva da da expr essã o, em in glês, “RADIO D E TE CTION
AND RANGING”, t em or igem a n t iga . A for m u la çã o m a t em á t ica bá sica é en con t r a da n a s
E qu a ções de Ma xwell, a pr esen t a da s em 1871, qu e per m it ir a m u m est u do a m plo e pr ofu n do
dos fen ôm en os de pr opa ga çã o da s on da s elet r om a gn ét ica s. Os t r a ba lh os de Ma xwell for a m
con fir m a dos por H er t z, em 1888. E m 1904, o a lem ã o H u lsm eyer pa t en t ea va u m a in ven çã o
den om in a da “Mét odo pa r a in for m a r a o obser va dor a pr esen ça de objet os m et á licos com
on da s elet r om a gn ét ica s”. E m 1922, Gu glielm o Ma r con i a pr esen t ou u m t r a ba lh o em qu e
descr evia a s possibilida des da r á dio–det ecçã o u sa n do a r eflexã o da s on da s elet r om a gn ét ica s.
Na déca da de 1930, com a s a m ea ça s de gu er r a , h ou ve u m a cen t u a do im pu lso n a s
pesqu isa s em t or n o do RADAR. A In gla t er r a t om ou a dia n t eir a , u lt r a pa ssa n do os E st a dos
Un idos e, em 1936, pr odu zia u m RADAR com a lca n ce de 35 m ilh a s n á u t ica s. E m 1938, foi
in st a la da n a cost a lest e da In gla t er r a u m a ca deia de est a ções–r a da r , dest in a da s a det ect a r
a viões in im igos e or ien t a r a s a er on a ves de defesa a ér ea . E sse r ecu r so possibilit ou a vit ór ia
n a “Ba t a lh a da In gla t er r a ”. E m 1940, foi desen volvida pela Un iver sida de de Bir m in gh a m
u m a vá lvu la ca pa z de pr odu zir pu lsos de eleva da pot ên cia , t r a ba lh a n do com com pr im en t o
de on da de 9 cm . E st a va cr ia da a Ma g n e tro n , qu e t or n ou possível a con st r u çã o de equ ipa -
m en t os RADAR de pequ en o t a m a n h o, pa r a in st a la çã o a bor do de n a vios e a er on a ves.
Após a 2ª Gu er r a Mu n dia l, o RADAR, a t é en t ã o de u so exclu siva m en t e m ilit a r , pa ssou
a ser em pr ega do em ou t r a s a t ivida des e a ser fa br ica do com er cia lm en t e.
Os n a vios de gu er r a , depen den do de seu t ipo e por t e, m u it a s vezes possu em diver sos
equ ipa m en t os RADAR, com difer en t es fin a lida des. Os pr in cipa is t ipos sã o:
RAD AR D E B U S CA D E S U P ERF ÍCIE , dest in a do a det ect a r a lvos de su per fície e de-
t er m in a r com pr ecisã o su a s dist â n cia s e m a r ca ções. As on da s elet r om a gn ét ica s sã o em it i-
da s n a dir eçã o da su per fície do m a r e, por isso, o Ra da r de Bu sca de Su per fície é ca pa z de

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 405


N a v e g a ç ã o ra d a r

det ect a r n ã o só em ba r ca ções, m a s t a m bém a er on a ves voa n do em ba ixa a lt it u de. Adem a is,
o Ra da r de Bu sca de Su per fície pode, t a m bém , pr over in for m a ções pa r a n a vega çã o.
RAD AR D E B U S CA AÉREA, cu ja s fu n ções pr in cipa is sã o det ect a r a lvos a ér eos e det er -
m in a r su a s dist â n cia s e m a r ca ções, a lon ga dist â n cia , pela m a n u t en çã o de u m a bu sca de
360° em t or n o do n a vio, a t é a lt it u des eleva da s. Su a s on da s elet r om a gn ét ica s sã o em it ida s
de m odo a det ect a r a lvos a ér eos voa n do em a lt it u des m édia s e eleva da s. Os Ra da r es de
Bu sca Aér ea sã o de a lt a pot ên cia , m a ior do qu e a dos Ra da r es de Bu sca de Su per fície, pa r a
per m it ir a det ecçã o de a lvos pequ en os a gr a n des dist â n cia s, a fim de possibilit a r a la r m e
a n t ecipa do e ga r a n t ir a o n a vio u m t em po de r ea çã o a dequ a do.
RAD AR D E B U S CA COMB IN AD A, qu e pode com por t a r -se or a com o sen do de bu sca de
su per fície e or a com o sen do de bu sca a ér ea .
R AD AR D E TE R MIN AD OR D E ALTITU D E (“TH RE E –COORDIN ATE RADAR” ou
“H E IGH T–F INDING RADAR”), cu ja fu n çã o pr in cipa l é det er m in a r com pr ecisã o a d is tâ n -
c ia , a m a rc a ç ã o e a a ltitu d e de a lvos a ér eos det ect a dos pelo Ra da r de Bu sca Aér ea . P or
isso, os Ra da r es Det er m in a dor es de Alt it u de t a m bém sã o con h ecidos com o RADARE S 3–D.
E st es r a da r es t a m bém podem ser u sa dos pelos con t r ola dor es a ér eos do n a vio pa r a vet or a r
a er on a ves da defesa a ér ea du r a n t e in t er cept a çã o de a lvos a ér eos in im igos.
RAD AR D E D IREÇÃO D E TIRO, cu ja s pr in cipa is fu n ções sã o a a qu isiçã o de a lvos or igi-
n a lm en t e det ect a dos e design a dos pelos r a da r es de bu sca , e a det er m in a çã o de m a r ca ções
e dist â n cia s dos r efer idos a lvos, com eleva do gr a u de pr ecisã o. Algu n s Ra da r es de Dir eçã o
de Tir o sã o u sa dos pa r a dir igir ca n h ões, en qu a n t o ou t r os sã o em pr ega dos pa r a dir igir m ísseis.
Um a vez a dqu ir ido pelo Ra da r de Dir eçã o de Tir o, os m ovim en t os do a lvo pa ssa m a ser
a u t om a t ica m en t e a com pa n h a dos, sen do est e a com pa n h a m en t o a u t om á t ico t r a n sm it ido a o
sist em a de a r m a s do n a vio, pa r a su a or ien t a çã o.
RAD AR D E AP ROXIMAÇÃO D E AERON AVES , in st a la do em n a vios-a er ódr om os pa r a
or ien t a r o pou so de a er on a ves, especia lm en t e em con dições de m á visibilida de. Os Ra da r es
de Apr oxim a çã o t êm cu r t o a lca n ce e bu sca m a pen a s em u m set or (ger a lm en t e volt a do pa r a
a popa do n a vio-a er ódr om o).
RAD AR D E N AVEGAÇÃO, cu ja s pr in cipa is fin a lida des sã o a obt en çã o de lin h a s de posiçã o
(LDP ) pa r a det er m in a çã o da posiçã o do n a vio, n a execu çã o da n a vega çã o e a det ecçã o e m e-
diçã o de dist â n cia s e m a r ca ções pa r a ou t r a s em ba r ca ções, a fim de evit a r colisões n o m a r .
Além dest es, os n a vios e a er on a ves m ilit a r es, or gâ n ica s ou n ã o, podem dot a r ou t r os
t ipos de RADAR, t a l com o o Ra da r de Ala r m e Aér eo An t ecipa do, con du zido pela s a er on a ves
AE W (“Air bor n e E a r ly Wa r n in g”). As a er on a ves AE W m a is n ova s u t iliza m u m ú n ico RA-
DAR 3–D pa r a execu t a r t a n t o a bu sca , com o a det er m in a çã o de a lt it u de de a lvos. Os in t er -
cept a dor es n or m a lm en t e u t iliza m u m ú n ico equ ipa m en t o RADAR, com bin a n do bu sca e
dir eçã o de t ir o. As fu n ções desse RADAR sã o det ect a r a er on a ves in im iga s e possibilit a r su a
in t er cept a çã o e dest r u içã o.
Os n a vios m er ca n t es e dem a is em ba r ca ções n or m a lm en t e dispõem a pen a s de equ i-
pa m en t os RADAR dest in a dos à n a vega çã o e a o a com pa n h a m en t o de ou t r os n a vios, de m odo
a evit a r r iscos de colisã o. Nos n a vios de gu er r a m en or es, especia lm en t e do por t e de Con t r a -
t or pedeir o pa r a ba ixo, m u it a s vezes u m ú n ico RADAR DE BUSCA DE SUP E RF ÍCIE de-
sem pen h a t a m bém a s fu n ções de RADAR DE NAVE GAÇÃO.
E st e ca pít u lo a pr esen t a r á u m br eve exa m e da s ca r a ct er íst ica s m a is im por t a n t es de
u m sist em a de RADAR DE NAVE GAÇÃO e da s t écn ica s fu n da m en t a is pa r a su a oper a çã o,
com a s qu a is o n a vega n t e deve est a r fa m ilia r iza do, a fim de u sa r o RADAR com eficá cia ,
t a n t o n a n a vega çã o, com o pa r a evit a r colisã o n o m a r .

406 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


N a v e g a ç ã o ra d a r

14.1.2 P RIN CÍP IO D E F U N CION AMEN TO E


COMP ON EN TES B ÁS ICOS

a. P rin c íp io d e fu n c io n a m e n to
E m bor a os equ ipa m en t os RADAR possa m ser cla ssifica dos, qu a n t o a o tip o d e m o -
d u la ç ã o , em RADAR DE P ULSOS, RADAR DE ONDA CONTÍNUA e RADAR DOP LLE R,
va m os est u da r a pen a s o pr in cípio de fu n cion a m en t o do RADAR DE P ULSOS, pois est e é,
n or m a lm en t e, o t ipo de RADAR em pr ega do n a n a vega çã o m a r ít im a .
O pr in cípio bá sico do RADAR DE NAVE GAÇÃO é a det er m in a çã o de dist â n cia pa r a
u m objet o, ou “a lvo”, pela m edida do t em po r equ er ido pa r a u m pu lso de en er gia de r a diofr e-
qü en cia (RF ), t r a n sm it ido sob a for m a de on da , desloca r -se da fon t e de r efer ên cia a t é o a lvo
e r et or n a r com o u m eco r eflet ido. O RADAR DE NAVE GAÇÃO, com o vim os, é u m r a da r de
pu lsos, qu e em it e on da s de fr eqü ên cia m u it o eleva da , em pu lsos de du r a çã o ext r em a m en t e
cu r t a e m ede o in t er va lo de t em po en t r e a t r a n sm issã o do pu lso e a r ecepçã o do eco, r eflet ido
n o a lvo. A m et a de do in t er va lo de t em po, m u lt iplica da pela velocida de de pr opa ga çã o da s
on da s elet r om a gn ét ica s, det er m in a a d is tâ n c ia do a lvo. Os pu lsos t r a n sm it idos pela a n te n a
for m a m u m feixe qu e, n o Ra da r de Na vega çã o, é ba st a n t e est r eit o n o pla n o h or izon t a l, m a s
qu e pode ser bem m a is la r go n o pla n o ver t ica l. A a n t en a é n or m a lm en t e de for m a pa r a bólica
e gir a n o sen t ido dos pon t eir os do r elógio, de for m a a va r r er 360° em t or n o de su a posiçã o.
A m a r ca çã o do a lvo é det er m in a da pela or ien t a çã o da a n t en a n o in st a n t e de r ecepçã o do eco
por ele r eflet ido.
Sen do a dist â n cia a o a lvo det er m in a da pela m ediçã o do t em po r equ er ido pa r a u m
pu lso de en er gia desloca r -se a t é o a lvo e r et or n a r com o u m eco r eflet ido, é n ecessá r io qu e
est e ciclo seja com plet a do a n t es qu e seja t r a n sm it ido o pu lso segu in t e. E ssa é a r a zã o por qu e
os pu lsos t r a n sm it idos (de du r a çã o ext r em a m en t e cu r t a , m u it a s vezes de cer ca de 1 m icr os-
segu n do, ou m en os) devem ser sepa r a dos por u m in t er va lo de t em po r ela t iva m en t e lon go,
du r a n t e o qu a l n ã o h á t r a n sm issã o. De ou t r a for m a , se o eco r eflet ido fosse r ecebido
du r a n t e a t r a n sm issã o do pu lso segu in t e, u sa n do a m esm a a n t en a pa r a t r a n sm issã o/r ecep-
çã o, est e eco, r ela t iva m en t e fr a co, ser ia bloqu ea do pelo for t e pu lso t r a n sm it ido.
Os equ ipa m en t os RADAR u t iliza m a s t r ês ú lt im a s fa ixa s do espect r o de RF : fr e-
qü ên cia s u lt r a a lt a s (U H F ), su per a lt a s (SH F ) e ext r em a m en t e a lt a s (E H F ).
Qu a n t o à s fr eqü ên cia s de oper a çã o, sã o cla ssifica dos por let r a s, con for m e m ost r a do
n o qu a dr o a segu ir :

FAIXA FREQÜÊNCIA (MHz) COMPRIMENTO DE ONDA (cm)


P (100 cm) 225 a 390 133 a 77
L ( 25 cm) 390 a 1650 77 a 18,2
S (10 cm) 1650 a 5200 18,2 a 5,8
C ( 6 cm) 3900 a 6200 7,7 a 4,8
X ( 3 cm) 5200 a 11900 5,8 a 2,5
J (2,25 cm) 11900 a 14250 2,5 a 2,1
K (1,25 cm) 20500 a 26500 1,5 a 1,1
Q (0,75 cm) 33300 a 37500 0,9 a 0,8
V (0,50 cm) 50000 a 75000 0,6 a 0,4
O (0,30 cm) 99900 a 112500 0,33 a 0,26

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 407


N a v e g a ç ã o ra d a r

Ca da fa ixa de fr eqü ên cia s é dest in a da a u m a a plica çã o específica . Os RADARE S


DE NAVE GAÇÃO u sa m a s ba n da s S (10 cen t ím et r os), pa r a n a vega çã o cost eir a e de a lt o-
m a r e X (3 cen t ím et r os), pa r a a t er r a gem /a pr oxim a çã o e n a vega çã o em á gu a s r est r it a s
(ca n a is, por t os, ba ía s e en sea da s).

b. Co m p o n e n te s d e u m S is te m a Ra d a r B á s ic o

F ig u ra 14.1 - D ia g ra m a e m B lo c o d e u m S is te m a Ra d a r B á s ic o

Um sist em a RADAR bá sico (F igu r a


14.1) é con s t it u íd o p or 6 com p on en t es
pr in cipa is, cu ja s fu n ções podem ser r esu -
m ida m en t e defin ida s com o se segu e:
F ON TE (u n ida de de for ça ): for n ece t oda s
a s volt a gen s AC e DC n ecessá r ia s pa r a a
oper a çã o dos com pon en t es do sist em a .
MOD U LAD OR: dispa r a o TRASMISSOR
e, sim u lt a n ea m en t e, en via pu lsos de sin -
cr on iza çã o pa r a o INDICADOR e ou t r os
com pon en t es. Cir cu it os de t em po (qu e po-
dem est a r , ou n ã o, loca liza dos n o MODU-
LADOR) est a belecem a fr eqü ên cia de r e-
pet içã o de im pu lsos (F RI) n a qu a l o MO-
DULADOR ger a seu s pu lsos de dispa r o e
de sin cr on iza çã o, ou seja , o n ú m er o de pu l-
sos t r a n sm it idos por segu n do.
TRAN S MIS S OR: ger a en er gia em r a dio-
fr eqü ên cia (RF ), sob a for m a de pu lsos cu r -
t os de a lt a pot ên cia . A ch a ve T/R (DUP LE -
XE R) con t r ola os ciclos de t r a n sm issã o de
pu lsos e de r ecepçã o de ecos (qu a n do a
t r a n sm issã o é bloqu ea da ).
S IS TEMA D E AN TEN A: r ecebe os pu l-
sos de en er gia RF do TRANSMISSOR e
os ir r a dia em u m feixe a lt a m en t e dir ecio-
n a l. Adem a is, r ecebe os ecos r eflet idos, t r a n sm it in do-os pa r a o RE CE P TOR.
RECEP TOR: a m plifica os ecos r eflet idos pelos a lvos, r epr odu zin do-os com o pu lsos de vídeo,
e os t r a n sm it e pa r a o INDICADOR.
IN D ICAD OR: pr odu z u m a in dica çã o visu a l dos pu lsos dos ecos, em u m a m a n eir a qu e for n eça
a s in for m a ções deseja da s dos a lvos det ect a dos.

c. Ca ra c te rís tic a s d e u m s is te m a RAD AR


E xist em cer t a s ca r a ct er íst ica s (ou con st a n t es) a ssocia da s a qu a lqu er sist em a RA-
DAR, qu e sã o com u m en t e u t iliza da s pa r a su a descr içã o. Sã o ela s:
F RE QÜÊ NCIA (F RE QÜÊ NCIA DA P ORTADORA)
F RE QÜÊ NCIA DE RE P E TIÇÃO DE IMP ULSOS (F RI)

408 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


N a v e g a ç ã o ra d a r

LARGURA DO P ULSO
VE LOCIDADE DE ROTAÇÃO DA ANTE NA
LARGURA DO F E IXE
F REQÜ ÊN CIA D A EMIS S ÃO RAD AR (F REQÜ ÊN CIA D A P ORTAD ORA)
A fr eqü ên cia da por t a dor a é a fr eqü ên cia n a qu a l a en er gia de RF é ger a da . Os pr in -
cipa is fa t or es qu e in flu en cia m a seleçã o da fr eqü ên cia da por t a dor a sã o a dir ecion a lida de
deseja da pa r a o feixe r a da r , o a lca n ce a ser obt ido e os a spect os en volvidos n a ger a çã o e
r ecepçã o de en er gia de RF em m icr oon da s. P or ou t r o la do, a fr eqü ên cia da por t a dor a det er -
m in a a s dim en sões física s da a n t en a do r a da r .
P a r a det er m in a çã o da m a r ca çã o e pa r a con cen t r a çã o da en er gia t r a n sm it ida de m odo
qu e su a m a ior pa r t e seja ú t il, a a n t en a deve ser a lt a m en t e dir ecion a l. Qu a n t o m a is a lt a a
fr eqü ên cia da por t a dor a , m en or o com pr im en t o de on da (pois λ = c/f, sen do λ o com pr im en t o
de on da , c a velocida de de pr opa ga çã o da s on da s elet r om a gn ét ica s e f a su a fr eqü ên cia de
em issã o) e, a ssim , m en or a a n t en a r equ er ida pa r a u m det er m in a do pa dr ã o de en er gia ir r a -
dia da . P a r a u m a m esm a pot ên cia , u m r a da r oper a n do em u m a fr eqü ên cia m a is ba ixa a lca n ça
dist â n cia s m a ior es qu e u m equ ipa m en t o qu e u t iliza fr eqü ên cia m a is a lt a . Assim , qu a n t o
m a ior o a lca n ce deseja do, m en or a fr eqü ên cia e, con seqü en t em en t e, m a ior o com pr im en t o
de on da e m a ior a a n t en a r equ er ida .
Além disso, o pr oblem a de ger a r e a m plifica r en er gia de RF em fr eqü ên cia s ext r em a -
m en t e a lt a s é com plexo, exigin do com pon en t es especia is, en t r e os qu a is a “Klyst r on ” e a
“m a gn et r on ”. É m u it o difícil a m plifica r os ecos de RF da por t a dor a , em vir t u de da s a lt a s
fr eqü ên cia s em pr ega da s. Assim , n ã o sã o u sa dos a m plifica dor es de r á dio-fr eqü ên cia n os
equ ipa m en t os RADAR. E m vez disso, a fr eqü ên cia do eco r ecebido é ba t ida (“h et er odin a da ”)
com a de u m oscila dor loca l, em u m m ist u r a dor de cr ist a l, pa r a pr odu zir u m a fr eqü ên cia
difer en t e, den om in a da fr eqü ên cia in t er m ediá r ia , qu e é su ficien t em en t e ba ixa pa r a ser a m -
plifica da em vá r ios est á gios de a m plifica çã o, n o r ecept or .
Con for m e vim os, os r a da r es de n a vega çã o oper a m n a s fa ixa s de fr eqü ên cia S (com -
pr im en t o de on da de 10 cm ), pa r a n a vega çã o oceâ n ica e n a vega çã o cost eir a , e X (com pr im en t o
de on da de 3 cm ), pa r a n a vega çã o em á gu a s r est r it a s (a pr oxim a çã o/a t er r a gen s e n a vega çã o
em por t os e ca n a is). P a r a in st a la ções em qu e se exige u m a im a gem ext r em a m en t e det a lh a da ,
com o n o r a da r pa r a n a v e g a ç ã o flu v ia l, ou n a s in st a la ções em qu e a s dim en sões da a n te n a
deva m ser r edu zida s a o m ín im o (com o n os r a da r es de a via çã o), u t iliza m –se com pr im en t os
de on da a in da m en or es (1,25 cm e 0,9 cm ).
Nos r a da r es da ba n da X (3 cm ), a im a gem é m a is det a lh a da e os con t or n os sã o m a is
bem delin ea dos qu e n os r a da r es da ba n da S (10 cm ). E m con t r a pa r t ida , o a lca n ce é m en or
(pa r a a m esm a pot ên cia ) e, a lém disso, os r a da r es da ba n da X sã o m a is a fet a dos por fen ô-
m en os a t m osfér icos e m et eor ológicos (ch u va , gr a n izo, n eve, et c.), qu e degr a da m a qu a lida de
da a pr esen t a çã o, poden do a t é m a sca r a r com plet a m en t e a im a gem .
E m vir t u de da s pa r t icu la r ida des de ca da fa ixa de fr eqü ên cia s, os n a vios a t u a is ge-
r a lm en t e possu em 2 r a da r es de n a vega çã o, sen do u m n a ba n da S e u m n a ba n da X.

F REQÜ ÊN CIA D E REP ETIÇÃO D E IMP U LS OS (F RI)


A F RI (em in glês: “p u ls e re p e titio n ra te ” – P RR) é o n ú m er o de pu lsos t r a n sm it idos
por segu n do.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 409


N a v e g a ç ã o ra d a r

Con for m e vim os, deve ser deixa do u m in t er va lo de t em po su ficien t e en t r e dois pu lsos
su cessivos t r a n sm it idos, de m odo qu e o eco de qu a lqu er a lvo loca liza do den t r o do a lca n ce
m á xim o do sist em a possa r et or n a r e ser r ecebido, pois, do con t r á r io, a r ecepçã o dos ecos dos
a lvos m a is dist a n t es ser ia bloqu ea da pelo pu lso t r a n sm it ido segu in t e. Assim sen do, o a l-
c a n c e m á x im o de u m r a da r depen de da su a F RI.
Su pon h a m os qu e a F RI de u m r a da r é de 1.000 P P S (pu lsos por segu n do) e qu e a su a
la rg u ra d e p u ls o , ou c o m p rim e n to d e p u ls o (“p u ls e le n g th ”), é de 1 m icr ossegu n do.
E n t ã o, o r a da r t r a n sm it e 1.000 pu lsos de 1 m icr ossegu n do de du r a çã o em ca da segu n do
(1.000.000 de m icr ossegu n dos). Dest a for m a , em ca da 1.000 m icr ossegu n dos, o r a da r t r a n s-
m it e du r a n t e 1 m icr ossegu n do (la rg u ra d o p u ls o ) e per m a n ece em silên cio du r a n t e 999
m icr ossegu n dos. É n est e in t er va lo de t em po en t r e dois pu lsos su cesivos, em qu e o r a da r
n ã o t r a n sm it e, qu e os ecos dos a lvos podem ser r ecebidos. Ta l in t er va lo (n o ca so igu a l a 999
m icr ossegu n dos) ir á , t eor ica m en t e, defin ir o a lca n ce m á xim o do r a da r , con for m e a ba ixo
explica do.
A v e lo c id a d e d e p ro p a g a ç ã o d a s o n d a s e le tro m a g n é tic a s n a a t m osfer a é de
299.708.000 m /s ou 161.829 m ilh a s n á u t ica s por segu n do, ou , a in da , 0,161829 m ilh a s n á u -
t ica s por m icr ossegu n do. P or t a n t o, n o n osso exem plo, o a lc a n c e m á x im o te ó ric o do r a da r
cu jo in t er va lo de t em po en t r e os pu lsos t r a n sm it idos é de 999 m icr ossegu n dos ser ia :
999 x 0,161829
A= = 80,83 m ilh a s n á u t ica s
2
Na r ea lida de, en t r et a n t o, o a lc a n c e m á x im o de u m r a da r depen de da su a p o tê n c ia ,
em r ela çã o com a su a F RI. Assu m in do qu e u m a p o tê n c ia su ficien t e é ir r a dia da , é possivel
a u m en t a r a dist â n cia m á xim a n a qu a l os ecos podem ser r ecebidos, a t r a vés da r edu çã o da
fre qü ê n c ia d e re p e tiç ã o d e im p u ls o s , pa r a pr over m a ior in t er va lo de t em po en t r e os
pu lsos t r a n sm it idos. Con t u do, a F RI deve ser a lt a ba st a n t e pa r a per m it ir qu e u m n ú m er o
su ficien t e de pu lsos a t in ja m o a lvo e r et or n em a o r a da r , possibilia t n do su a det ecçã o.
Com a a n te n a gir a n do, o feixe de en er gia a t in ge o a lvo por u m per íodo r ela t iva m en t e
cu r t o. Du r a n t e est e t em po, u m n ú m er o su ficien t e de pu lsos deve ser t r a n sm it ido, de m odo
qu e r et or n em a o r a da r os ecos n ecessá r ios à pr odu çã o de u m a boa im a gem n o in d ic a d o r.
Com a a n te n a gir a n do a 15 RP M, u m ra d a r com F RI de 1.000 P P S em it ir á cer ca de 11
pu lsos por ca da gr a u de r ot a çã o da a n te n a . P or t a n t o, a p e rs is tê n c ia r equ er ida pa r a a
im a gem r a da r , ou seja , a m edida do t em po em qu e a t ela r et ém a im a gem dos ecos, e a
v e lo c id a d e d e ro ta ç ã o d a a n te n a é qu e det er m in a m a m a is ba ixa F RI qu e pode ser
u sa da .

LARGU RA D E P U LS O
A la rg u ra d e p u ls o é a du r a çã o de ca da pu lso de en er gia de RF t r a n sm it ido, m edida
em m icr ossegu n dos. E st a ca r a ct er íst ica t a m bém pode ser expr essa em t er m os de dist â n cia
(igu a l à velocida de da lu z vezes a du r a çã o do pu lso), sen do, en t ã o, den om in a da c o m p rim e n to
d e p u ls o (“p u ls e le n g th ”).
A d is tâ n c ia m ín im a n a qu a l u m a lvo pode ser det ect a do por u m det er m in a do ra -
d a r é det er m in a da ba sica m en t e pela su a la rg u ra d e p u ls o . Se u m a lvo est á t ã o pr óxim o
do tra n s m is s o r qu e o seu eco r et or n a pa r a o re c e p to r a n t es qu e a t r a n sm issã o do pu lso
t er m in e, a r ecepçã o do eco, obvia m en t e, ser á m a sca r a da pelo pu lso t r a n sm it ido. P or exem plo,
u m r a da r com u m a la rg u ra d e p u ls o de 1 m icr ossegu n do t er á u m a lca n ce m ín im o de 162
ja r da s, pois, com o a velocida de de pr opa ga çã o da s on da s elet r om a gn ét ica s é de 0.161829

410 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


N a v e g a ç ã o ra d a r

m ilh a s por m icr ossegu n do, ou 324 ja r da s por m icr ossegu n do, o eco de u m a lvo sit u a do a
m en os da m et a de dest e va lor (162 ja r da s) r et or n a r á pa r a o ra d a r a in da du r a n t e o t em po
de t r a n sm issã o do p u ls o d e RF . Ist o sign ifica qu e o eco de u m a lvo den t r o dest a dist â n cia
m ín im a (m et a de do c o m p rim e n to d e p u ls o ) n ã o ser á vist o n a t ela do r a da r , em vir t u de
de ser m a sca r a do pelo pu lso t r a n sm it ido. Con seqü en t em en t e, se n ecessit a r m os de a lc a n c e s
m ín im o s de va lor es m u it o r edu zidos, dever em os u t iliza r u m a la rg u ra d e p u ls o r edu zida
(cer ca de 0.1 m icr ossegu n do).
A la rg u ra d e p u ls o , en t r et a n t o, n ã o pode ser m u it o r edu zida . Os r a da r es qu e oper a m
com la r gu r a s de pu lso m a ior es t êm m a ior a lca n ce, pois u m a qu a n t ida de m a ior de en er gia é
t r a n sm it ida em ca da pu lso. Mu it os r a da r es sã o pr ojet a dos pa r a oper a çã o com p u ls o s c u rto s
e p u ls o s lo n g o s . Vá r ios deles m u da m a u t om a t ica m en t e pa r a p u ls o c u rto qu a n do se sele-
cion a m e s c a la s d e d is tâ n c ia s c u rta s . E m ou t r os r a da r es, en t r et a n t o, ca be a o oper a dor
selecion a r a la rg u ra d e p u ls o a dequ a da à e s c a la d e d is tâ n c ia s u t iliza da .
E n qu a n t o o a lc a n c e m á x im o de det ecçã o é sa cr ifica do, qu a n do se u sa la rg u ra d e
p u ls o cu r t a sã o obt idos m a ior pr ecisã o em dist â n cia e m elh or p o d e r d e d is c rim in a ç ã o
e m d is tâ n c ia .
Com p u ls o c u rto , é obt ida u m a m elh or defin içã o da im a gem do a lvo n a te la d o
ra d a r e, a ssim , a pr ecisã o da dist â n cia m edida é m a ior .
O p o d e r d e d is c rim in a ç ã o e m d is tâ n c ia de u m r a da r é defin ido com o a m en or
dist â n cia en t r e dois a lvos sit u a dos n a m esm a m a r ca çã o, pa r a qu e a pa r eça m com o im a gen s
dist in t a s n a te la d o ra d a r. Ta l com o n o ca so do a lca n ce m ín im o, o p o d e r d e d is c rim in a ç ã o
e m d is tâ n c ia de u m r a da r é igu a l à m et a de do c o m p rim e n to d e p u ls o (la rg u ra d e
p u ls o expr essa em t er m os de dist â n cia ). Ca so dois a lvos n a m esm a m a r ca çã o est eja m si-
t u a dos a u m a dist â n cia m en or qu e o seu p o d e r d e d is c rim in a ç ã o e m d is tâ n c ia , seu s
ecos a pa r ecer ã o n o in d ic a d o r com o u m a ú n ica im a gem a lon ga da .

VELOCID AD E D E ROTAÇÃO D A AN TEN A


Con for m e vim os, é n ecessá r io qu e o a lvo seja a t in gido por u m n ú m er o su ficien t e de
p u ls o s tra n s m itid o s pa r a possibilit a r su a det ecçã o e a for m a çã o de u m a im a gem n ít ida
n a t ela do in dica dor . Dest a for m a , a det ecçã o a u m en t a com a r edu çã o da v e lo c id a d e d e
ro ta ç ã o d a a n te n a , pois, a ssim , u m n ú m er o m a ior de pu lsos de RF ir á ba t er o a lvo, t a l
com o m ost r a do n o exem plo a ba ixo:
E m u m a in st a la çã o r a da r cu ja F RI é de 1.000 P P S e a a be rtu ra d o fe ix e tra n s m i-
tid o , n o p la n o h o rizo n ta l, é de 2°, a v e lo c id a d e d e ro ta ç ã o d a a n te n a é de 6 RP M.
Nest e ca so, a a n t en a va r r er á :
em 1 m in u t o 6 x 360° = 2.160°
em 1 segu n do 2.160° / 60 = 36°
P a r a cobr ir a a be rtu ra d o fe ix e n o p la n o h o rizo n ta l (2°) a a n t en a ga st a r á : 2/36 =
0.05555 segu n dos.
Com o a F RI é de 1.000 P P S, n est e per íodo ser ã o em it idos cer ca de 55 pu lsos.
Se a v e lo c id a d e d e ro ta ç ã o d a a n te n a for a u m en t a da pa r a 12 RP M, o n ú m er o de
pu lsos em it idos qu a n do a a n t en a gir a a a ber t u r a do seu feixe n o pla n o h or izon t a l (2°) ca ir á
pa r a a m et a de. Assim , u m det er m in a do a lvo ser á ba t ido por u m m en or n ú m er o de pu lsos
em ca da va r r edu r a .

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 411


N a v e g a ç ã o ra d a r

Com u m a F RI a lt a , a a n t en a pode gir a r r a pida m en t e, sem qu e isso dim in u a o n ú m er o


de pu lsos de RF qu e a t in gem o a lvo. Além disso, o eco pr odu zido n a t ela do r a da r se r en ova
r a pida m en t e (pa r a 20 RP M, u m a vez em ca da 3 segu n dos), de m odo qu e n ã o ser á n ecessá r io
qu e a t ela seja de a lt a per sist ên cia . Nos r a da r es de n a vega çã o, a velocida de de r ot a çã o da
a n t en a é, n or m a lm en t e, in fer ior a 60 RP M.
As a n t en a s con ven cion a is de r a da r gir a m m eca n ica m en t e. Recen t em en t e, ou t r o t ipo
m a is m oder n o pa ssou a ser em pr ega do n os sist em a s n a va is: a s a n te n a s e s ta c io n á ria s
(“p h a s e d a rra y s ”), n a s qu a is o feixe gir a elet r on ica m en t e.

LARGU RA D O F EIXE
Con for m e m en cion a do, o feixe de on da s elet r om a gn ét ica s em it ido por u m ra d a r d e
n a v e g a ç ã o t em u m a la rg u ra (ou a be rtu ra ) ba st a n t e est r eit a n o p la n o h o rizo n ta l, m a s
pode ser bem la r go n o p la n o v e rtic a l.
Com o o feixe é t r idim en sion a l, cost u m a -se defin í-lo por su a s la r gu r a s n o pla n o h or izon -
t a l e n o pla n o ver t ica l.
O d ia g ra m a p o la r h o rizo n ta l de ir r a dia çã o de u m feixe r a da r t em o a spect o m os-
t r a do n a F igu r a 14.2, com o ló bu lo p rin c ip a l e ló bu lo s s e c u n d á rio s , qu e sã o feixes a di-
cion a is de ba ixa in t en sida de de en er gia , in evit a velm en t e ir r a dia dos n a m a ior ia dos r a da r es,
devido, pr in cipa lm en t e, à s lim it a ções n o t a m a n h o e for m a da a n t en a .

F ig u ra 14.2 - D ia g ra m a P o la r Ho rizo n ta l d e Irra d ia ç ã o


A la rg u ra d o fe ix e n o pla n o h or i-
zon t a l é ger a lm en t e pequ en a , da or dem
LÓBULOS de 1° a 2° n os r a da r es m a r ít im os. E st a
SECUNDÁRIOS
a ber t u r a é qu e va i defin ir o p o d e r d e d is -
c rim in a ç ã o e m m a rc a ç ã o do r a da r , de-
fin ido com o a difer en ça m ín im a em m a r -
ca çã o pa r a qu e dois a lvos sit u a dos à m esm a dist â n cia do r a da r a pa r eça m com o im a gen s
dist in t a s n a t ela do in d ic a d o r. O v a lo r a n g u la r do p o d e r d e d is c rim in a ç ã o e m m a r-
c a ç ã o é igu a l à la r gu r a do feixe n o pla n o h or izon t a l.
Se deseja r m os expr essa r o p o d e r d e d is c rim in a ç ã o e m m a rc a ç ã o em m e d id a s
lin e a re s , é n ecessá r io con sider a r a d is tâ n c ia dos a lvos à in st a la çã o r a da r e u sa r a fór m u la :
d t = 35,3427 a L , sen do:
d t = poder de discr im in a çã o em m a r ca çã o (discr im in a çã o t a n gen cia l), em ja r da s;
a = la r gu r a h or izon t a l do feixe, em gr a u s;
L = dist â n cia do r a da r a os a lvos, em m ilh a s n á u t ica s.
Assim , pa r a u m r a da r cu ja a ber t u r a do feixe n o pla n o h or izon t a l é 1,5°, a m en or
sepa r a çã o en t r e dois a lvos sit u a dos à m esm a dist â n cia de 10 m ilh a s do r a da r , pa r a qu e
a pa r eça m com o ecos dist in t os n a t ela do in dica dor , ser á da da por :
d t = 35,3427 x 1,5 x 10 = 530 jds
E st e, por t a n t o, é o va lor do p o d e r d e d is c rim in a ç ã o e m m a rc a ç ã o do r a da r pa r a
a dist â n cia de 10 m ilh a s. P a r a a lvos sit u a dos a 5 m ilh a s, o m esm o r a da r t er ia u m p o d e r d e
d is c rim in a ç ã o e m m a rc a ç ã o (ou d is c rim in a ç ã o ta n g e n c ia l) de 265 ja r da s.

412 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


N a v e g a ç ã o ra d a r

A in t en sida de de ca m po em u m feixe r a da r n ã o é a m esm a em t oda a su per fície do


lóbu lo. E la é m a is for t e n o eixo, dim in u in do pa r a os bor dos e, a o m esm o t em po, r edu zin do-
se com o a u m en t o da dist â n cia à a n t en a . Nor m a lm en t e, por con ven çã o, a la rg u ra d o fe ix e
é m edida en t r e pon t os n os qu a is a in t en sida de de ca m po é 71% do seu va lor m á xim o. E xpr essa
em t er m os de r a zã o de pot ên cia , defin e-se la rg u ra d o fe ix e com o a a ber t u r a a n gu la r en t r e
pon t os de m eia pot ên cia (F igu r a 14.3).

F ig u ra 14.3 - La rg u ra d o fe ix e

A la rg u ra d o fe ix e n o pla n o ver t ica l


D
é r ela t iva m en t e gr a n de, sen do va lor es t ípicos
en t r e 15° e 30°.
A la rg u ra d o fe ix e depen de da fr e-
qü ên cia (ou com pr im en t o de on da ) da en er -
gia t r a n sm it ida , da for m a e dim en sões da
a n t en a .

P a r a u m a a n t en a de det er m in a do t a m a n h o (a ber t u r a ), la r gu r a s de feixes m en or es


sã o obt ida s com o u so de com pr im en t os de on da s m a is cu r t os (fr eqü ên cia s m a is a lt a s). P a r a
u m da do com pr im en t o de on da , la r gu r a s de feixes m a is est r eit a s sã o obt ida s com o u so de
a n t en a s m a ior es.

14.1.3 CARACTERÍS TICAS D A P ROP AGAÇÃO RAD AR

a. Re fra ç ã o : o Ho rizo n te -Ra d a r


Se a s on da s-r a da r se pr opa ga ssem em lin h a r et a , a dist â n cia a o h or izon t e depen der ia
a pen a s da a lt u r a da a n t en a (a ssu m in do a exist ên cia de pot ên cia su ficien t e pa r a qu e os
pu lsos t r a n sm it idos a lca n cem o h or izon t e). Assim , sem os efeit os da re fra ç ã o , a dist â n cia
a o HORIZON TE-RAD AR ser ia igu a l à do h or izon t e geogr á fico, pa r a u m a m esm a eleva çã o
da a n t en a , ou seja , a pr oxim a da m en t e:
D=2 √H
(sen do D a dist â n cia , em m ilh a s e H a a lt it u de da a n t en a , em m et r os).
Ta l com o os r a ios lu m in osos, a s on da s-r a da r sã o su jeit a s à r efr a çã o n a a t m osfer a ,
com o r esu lt a do da pr opa ga çã o a t r a vés de r egiões de den sida des difer en t es. As on da s-r a -
da r , en t r et a n t o, sã o m a is a fet a da s qu e os r a ios lu m in osos, em vir t u de da s fr eqü ên cia s em -
pr ega da s n os r a da r es.

F ig u ra 14.4 - Ho rizo n te -Ra d a r


O efeit o da re fra ç ã o n o rm a l, a ssu -
m in do con dições a t m osfér ica s pa dr ões, é en -
cu r va r pa r a ba ixo a t r a jet ór ia da s on da s-r a -
da r , a com pa n h a n do a cu r va t u r a da Ter r a e
H
a u m en t a n do o HORIZON TE-RAD AR, em
r ela çã o a o h or izon t e geogr á fico (F igu r a 14.4).
Assim , a dist â n cia a o H ORIZONTE -RADAR
pode ser en con t r a da pela fór m u la :

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 413


N a v e g a ç ã o ra d a r

D r = 2.21 √H
sen do:
D r = dist â n cia a o h or izon t e-r a da r , em m ilh a s n á u t ica s; e
H = a lt it u de da a n t en a do r a da r , em m et r os.
Ca so a eleva çã o da a n t en a seja da da em p é s , a dist â n cia a o h o rizo n te -ra d a r, em
m ilh a s n á u t ica s, ser á da da por :
D r = 1.22 √H
Dest a for m a , o h o rizo n te -ra d a r excede o h o rizo n te g e o g rá fic o em cer ca de 10%.
O h o rizo n te -ra d a r n ã o lim it a , por si m esm o, a dist â n cia de det ecçã o de a lvos. As-
su m in do qu e h a ja u m a pot ên cia a dequ a da , podem ser det ect a dos a lvos a lém do h o rizo n te -
ra d a r, desde qu e su a s su per fícies de r eflexã o se elevem a cim a do r efer ido h or izon t e, de
for m a a n á loga à det ecçã o visu a l de objet os sit u a dos a lém do h o rizo n te g e o g rá fic o .
Assim , se qu izer m os est im a r a dist â n cia de det ecçã o r a da r de u m o bje to d e a ltitu -
d e c o n h e c id a , ba st a com pu t a r o a lca n ce geogr á fico pa r a o r efer ido objet o, con sider a n do a
eleva çã o da a n t en a do n osso r a da r , e a cr escen t a r 10% a o va lor obt ido, t a l com o n o exem plo
a ba ixo:
a lt it u de da a n t en a do r a da r 50 m et r os;
a lt it u de do a lvo 100 m et r os;
a lca n ce geogr á fico D = 2 (√H + √h ) = 34,14 MN;
dist â n cia de det ecçã o r a da r D r = D + 10% D = 37,6 MN;
E m bor a a fór m u la pa r a obt en çã o da dist â n cia em m ilh a s n á u t ica s a o h o rizo n te -
ra d a r (D r = 2.21 √H , ou D r = 1.22 √H r espect iva m en t e, pa r a eleva çã o da a n t en a em
m e tro s , ou em p é s ) t en h a sido ca lcu la da pa r a u m com pr im en t o de on da de 3 cen t ím et r os,
ela pode ser em pr ega da pa r a ou t r os com pr im en t os de on da s u t iliza dos em r a da r es de
n a vega çã o.
Con dições a t m osfér ica s m u it o difer en t es da s con dições pa dr ões pr odu zem r efr a ções
a n or m a is, t a is com o:

S U P ER-REF RAÇÃO

F ig u ra 14.5 - S u p e r-Re fra ç ã o

E m t em po ca lm o, sem t u r bu lên cia ,


qu a n do ocor r e u m a ca m a da su per ior de a r
qu en t e e seco, sobr e u m a ca m a da de su -
per fície de a r fr io e ú m ido, pode su r gir u m a
con diçã o den om in a da s u p e r-re fra ç ã o , cu -
jo efeit o é a u m en t a r a cu r va t u r a pa r a ba ixo da t r a jet ór ia da on da r a da r , a u m en t a n do,
a ssim , o a lca n ce de det ecçã o (F igu r a 14.5). S u p e r-re fra ç ã o ocor r e m u it a s vezes n os tró -
p ic o s , qu a n do u m a br isa t er r est r e (te rra l) qu en t e e seca sopr a sobr e cor r en t es oceâ n ica s
m a is fr ia s.

414 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


N a v e g a ç ã o ra d a r

S U B -REF RAÇÃO

F ig u ra 14.6 - S u b-Re fra ç ã o

Se u m a ca m a da de a r fr io e ú m ido se
su per põe a u m a ca m a da est r eit a de a r m a is
qu en t e e seco, pode ocor r er u m a con diçã o de-
n om in a da s u b-re fra ç ã o (F igu r a 14.6), cu jo
efeit o é en cu r va r pa r a cim a a t r a jet ór ia da s
on da s-r a da r e, a ssim , dim in u ir o a lca n ce m á -
xim o de det ecçã o. A s u b-re fra ç ã o t a m bém a fet a o a lc a n c e m ín im o do r a da r e pode r esu lt a r
n a im possibilida de de det ect a r a lvos ba ixos à cu r t a dist â n cia . A s u b-re fra ç ã o pode ocor r er
em r egiões pola r es, qu a n do m a ssa s de a r fr io m ovem -se sobr e cor r en t es oceâ n ica s m a is
qu en t es.

P ROP AGAÇÃO EM D U TOS


Mu it os oper a dor es de r a da r sa bem qu e, em cer t a s sit u a ções, seu s equ ipa m en t os sã o
ca pa zes de det ect a r a lvos em dist â n cia s ext r em a m en t e lon ga s, en qu a n t o qu e em ou t r a s
n ã o det ect a m a lvos sit u a dos den t r o do a lca n ce visu a l, m esm o com o r a da r n a s m elh or es
con dições de oper a çã o.

F ig u ra 14.7 - D u to d e s u p e rfíc ie

E sses fen ôm en os ocor r em du r a n t e ca sos ext r em os de s u p e r-re fra ç ã o . A en er gia


ir r a dia da em â n gu lo pr óxim o da h or izon t a l (1° ou m en os) pr opa ga -se em u m a ca m a da da
a t m osfer a den om in a da d u to d e s u p e rfíc ie (F igu r a 14.7).
E m bor a exist a m du t os eleva dos (du t os de a lt it u de), pa r a n a vega çã o r a da r in t er essa m
especia lm en t e os d u to s d e s u p e rfíc ie , for m a dos en t r e a su per fície do m a r e u m a ca m a da
r ela t iva m en t e ba ixa , n o qu a l a s on da s-r a da r sã o r efr a t a da s pa r a ba ixo, n a dir eçã o da su -
per fície do m a r , on de se r eflet em pa r a cim a , r efr a t a m -se pa r a ba ixo de n ovo, den t r o do du t o
e a ssim por dia n t e, com o se a pr opa ga çã o ocor r esse n o in t er ior de u m con du t o, t a l com o, por
exem plo, u m gu ia de on da s (F igu r a 14.8).

F ig u ra 14.8 - P ro p a g a ç ã o e m d u to d e s u p e rfíc ie

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 415


N a v e g a ç ã o ra d a r

A en er gia qu e se pr opa ga n o du t o sofr e per da s m u it o pequ en a s. Assim , podem ser


det ect a dos a lvos em dist â n cia s ext r em a m en t e gr a n des, m u it o a lém do h o rizo n te -ra d a r.
At r a vés da pr opa ga çã o em du t os, a lvos de su per fície for a m det ect a dos a dist â n cia s da or dem
de 1.400 m ilh a s, com r a da r es de pot ên cia r ela t iva m en t e ba ixa .
H á u m a gr a n de per da de en er gia n a s on da s qu e esca pa m do du t o, r edu zin do-se, dest a
for m a , a s ch a n ces de det ecçã o de a lvos sit u a dos a cim a do du t o. Além disso, o efeit o de du t o à s
vezes r edu z o a lca n ce efet ivo do r a da r . Se a a n t en a est á a ba ixo de u m du t o, é pr ová vel qu e
a lvos a cim a do du t o n ã o seja m det ect a dos (F igu r a 14.9). E m sit u a ções de du t os ext r em a m en t e
ba ixos, qu a n do a a n t en a est á a cim a do du t o, pequ en os a lvos de su per fície a ba ixo do du t o
podem n ã o ser det ect a dos (est a sit u a çã o n ã o ocor r e com m u it a fr eqü ên cia ).

F ig u r 14.9 -

E m bor a a for m a çã o de du t os possa a con t ecer em qu a lqu er lu ga r , o clim a e a s con dições


de t em po em a lgu m a s á r ea s t or n a m su a ocor r ên cia m a is pr ová vel. O efeit o de du t o ocor r e
com m a ior fr eqü ên cia n os segu in t es loca is:
COS TA ATLÂN TICA D OS ES TAD OS U N ID OS - o efeit o de du t o é com u m n o ver ã o a o
lon go da pa r t e n or dest e da cost a , m a s n a r egiã o da F lór ida a t en dên cia sa zon a l é in ver sa ,
com u m m á xim o n a est a çã o fr ia (in ver n o).
EU ROP A OCID EN TAL - exist e u m m á xim o pr on u n cia do n a s con dições de du t os n os m eses
de ver ã o, n a pa r t e lest e do At lâ n t ico em t or n o da s Ilh a s Br it â n ica s e n o Ma r do Nor t e.
REGIÃO D O MED ITERRÂN EO – in for m a ções dispon íveis in dica m qu e a va r ia çã o sa zon a l
n a r egiã o é m u it o m a r ca n t e, com efeit os de du t os m a is ou m en os com o r egr a n o ver ã o. As
con dições sã o a pr oxim a da m en t e a s pa dr ões du r a n t e o in ver n o. Na á r ea cen t r a l do m edit er -
r â n eo, o efeit o de du t o é pr ovoca do pelo flu xo de a r qu en t e e seco do su l, qu e se m ove sobr e
o m a r e, a ssim , ca u sa u m a opor t u n ida de excelen t e pa r a for m a çã o de du t os. No in ver n o,
en t r et a n t o, o clim a n o Medit er r â n eo é m a is ou m en os igu a l a o do At lâ n t ico e, dest e m odo,
n ã o é fa vor á vel à cr ia çã o de du t os.
MAR ARÁB ICO – o fa t or m et eor ológico dom in a n t e n a r egiã o do Ma r Ar á bico é a m on çã o
de su doest e, qu e sopr a do in ício de ju n h o a m ea dos de set em br o e cobr e t oda a á r ea com a r
equ a t or ia l ú m ido, a t é a lt u r a s con sider á veis. Qu a n do est a sit u a çã o m et eor ológica est á t o-
t a lm en t e desen volvida , n en h u m a ocor r ên cia de du t os deve ser esper a da . Du r a n t e a est a çã o
seca , por ou t r o la do, a s con dições sã o difer en t es. Os du t os, en t ã o, sã o a r egr a , n ã o u m a
exceçã o, e, em a lgu m a s oca siões, a lca n ces ext r em a m en t e lon gos (a t é 1500 m ilh a s) for a m
obser va dos em a lvos fixos. Qu a n do a m on çã o de su doest e com eça , em pr in cípios de ju n h o,
os du t os desa pa r ecem n a cost a in dia n a do Ma r Ar á bico. Ao lon go da s cost a s ociden t a is,
en t r et a n t o, podem a in da per m a n ecer con dições qu e fa vor eça m a for m a çã o de du t os. O E s-
t r eit o de Or m u z (Golfo P ér sico) é pa r t icu la r m en t e in t er essa n t e n o qu e diz r espeit o a o em ba t e
da m on çã o com o “sh a m a l” (u m ven t o de n or oest e) qu e vem do n or t e sobr e o Ir a qu e e o Golfo

416 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


N a v e g a ç ã o ra d a r

P ér sico. O est r eit o est á n o lim it e en t r e os dois sist em a s de ven t os e, a ssim , u m a fr en t e é


for m a da , com o sh a m a l qu en t e e seco por cim a e a m on çã o ú m ida e fr ia por ba ixo. Con se-
qü en t em en t e, a s con dições sã o fa vor á veis pa r a for m a çã o de u m du t o ext en so, qu e é de
gr a n de im por t â n cia pa r a a oper a çã o do r a da r n o E st r eit o de Or m u z.
B AÍA D E B EN GALA – a s t en dên cia s sa zon a is da s con dições pa r a for m a çã o de du t os n a
Ba ía de Ben ga la sã o a s m esm a s do Ma r Ar á bico, com con dições pa dr ões du r a n t e a m on çã o
su doest e de ver ã o. Du t os sã o en con t r a dos du r a n t e a est a çã o seca .
OCEAN O P ACÍF ICO – F or a m obser va da s ocor r ên cia s fr eqü en t es de for m a çã o de du t os
em t or n o de Gu a da lca n a l, n a cost a lest e da Au st r á lia e n a s pr oxim ida des da Nova Gu in é e
Cor éia . Ao lon go da cost a oest e dos E st a dos Un idos a s obser va ções in dica m fr eqü en t es
efeit os de du t o, m a s n ã o sã o dispon íveis in dica ções cla r a s qu a n t o à s su a s t en dên cia s sa zon a is.
As con dições m et eor ológica s n o Ma r Am a r elo e n o Ma r do J a pã o sã o a pr oxim a da m en t e
igu a is à qu ela s da cost a n or dest e dos E st a dos Un idos. Assim sen do, a for m a çã o de du t os
n essa á r ea deve ser com u m n o ver ã o. As con dições a o su l do Ma r da Ch in a a pr oxim a m -se
da cost a su dest e dos E st a dos Un idos, m a s som en t e du r a n t e os m eses do in ver n o, qu a n do
efeit os de du t os podem ser esper a dos. Du r a n t e o r est a n t e do a n o, a Mon çã o Asiá t ica m odifica
o clim a n essa á r ea , m a s n en h u m a in for m a çã o é dispon ível sobr e a pr eva lên cia de for m a çã o
de du t os du r a n t e essa época . Os ven t os a lísios n o P a cífico ger a lm en t e con du zem à for m a çã o
de du t os m u it o ba ixos sobr e o m a r a ber t o.
O a u m en t o do a lca n ce r a da r devido a o efeit o do du t o n em sem pr e é desejá vel. O
oper a dor dever á t er m u it o cu ida do n a iden t ifica çã o de ecos, pois pode h a ver a m bigü ida de e
con fu sã o en t r e os ecos n or m a is e os ecos de pu lsos qu e se pr opa ga r a m pelo du t o. Adem a is,
o oper a dor n ã o devida m en t e in st r u ído pode ju lga r qu e a n ã o det ecçã o de a lvos a gr a n des
dist â n cia s se deve a con dições in sa t isfa t ór ia s de seu a pa r elh o r a da r e n ã o à a u sên cia de
con dições a n ôm a la s de pr opa ga çã o.

b. Efe ito d a s u p e rfíc ie d o m a r n a p ro p a g a ç ã o ra d a r


Na pr opa ga çã o da s on da s-r a da r , ocor r em r eflexões m ú lt ipla s n a su per fície do m a r
(ou qu a lqu er ou t r a su per ficie ext en sa ). Assim , a s fr en t es de on da s qu e a t in gem u m pon t o X
(F igu r a 14.10) sã o, n a ver da de, com post a s de o n d a s d i re t a s e o n d a s re fle t i d a s n a
su per fície do m a r .

F ig u ra 14.10 - Re fle x ã o n a s u p e rfíc ie d o m a r

Se essa s on da s a lca n ça m u m det er m in a do a lvo em fa se, o efeit o r esu lt a n t e é o de


r efor ço do sin a l n o a lvo e, con seqü en t em en t e, do eco-r a da r . Qu a n do defa sa da s, h á u m a
r edu çã o de en er gia n o a lvo e, a ssim , u m en fr a qu ecim en t o ou , a t é m esm o, u m desva n ecim en t o
do eco.
Dest a for m a , n o dia gr a m a de ir r a dia çã o ver t ica l h a ver á a lt er n â n cia en t r e va lor es
m á xim os e va lor es de m ín im a ir r a dia çã o (F igu r a 14.11). As lin h a s qu e lim it a m os lóbu los

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 417


N a v e g a ç ã o ra d a r

F ig u ra 14.11 - D ia g ra m a d e Co be rtu ra Ve rtic a l

sã o, de fa t o, lin h a s qu e u n em os pon t os de igu a l in t en sida de de ir r a dia çã o. As á r ea s em qu e


os ca m pos se a n u la m , sit u a da s en t r e os diver sos lóbu los, sã o ch a m a da s zo n a s d e d e s v a -
n e c im e n to .
E n t r e os fa t or es qu e con t r ibu em pa r a o a pa r ecim en t o de zo n a s d e d e s v a n e c im e n to
a cen t u a da s est ã o a a ltu ra d a a n te n a e a fre qü ê n c ia u tiliza d a . No pr im eir o ca so, qu a n t o
m a is ba ixa est iver a a n t en a , m a is la r ga s ser ã o a s zon a s de desva n ecim en t o. P a r a u m a
det er m in a da a lt u r a de a n t en a , qu a n t o m a is a lt a a fr eqü ên cia , m a is t a n gen t e à su per fície
do m a r fica r á o lóbu lo in fer ior .
As zo n a s d e d e s v a n e c im e n to m a is pr on u n cia da s n os r a da r es de ba ixa fr eqü ên cia
se devem a o fa t o de qu e sã o m en os dir et ivos, fa zen do com qu e a pa r t e in fer ior de seu s feixes
in cida m a is for t em en t e sobr e a su per fície do m a r .
Nos r a da r es m ilit a r es, o con h ecim en t o do d ia g ra m a d e c o be rtu ra v e rtic a l t em
gr a n de im por t â n cia oper a t iva . P or exem plo, u m a a er on a ve, a o se a pr oxim a r de u m r a da r ,
em a lt it u de con st a n t e, pa ssa r á por u m a sér ie de ló bu lo s e n u lo s . Com isso, o oper a dor n ã o
obt er á u m con t a ct o fir m e, m a s sim u m qu e ir á a pa r ecen do e desa pa r ecen do, à m edida qu e
o a lvo se a pr oxim a .

c. D ifra ç ã o
Difr a çã o é o en cu r va m en t o da t r a jet ór ia de u m a on da , a o in cidir sobr e u m obst á cu lo.
P or ca u sa da d ifra ç ã o , h á a lgu m a ilu m in a çã o pelo feixe r a da r da r egiã o a t r á s de u m a
obst r u çã o ou a lvo. E n t r et a n t o, os efeit os da d ifra ç ã o sã o m a ior es n a s fr eqü ên cia s ba ixa s.
No ca so do r a da r , com o est ã o en volvida s a lt a s fr eqü ên cia s (e, con seqü en t em en t e, com pr i-
m en t os de on da s m u it o pequ en os), som en t e u m a pequ en a pa r t e da en er gia é difr a t a da , n ã o
a lt er a n do de m odo sign ifica t ivo os a lca n ces.

418 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


N a v e g a ç ã o ra d a r

E m vir t u de da d ifra ç ã o , os r a da r es de fr eqü ên cia s m a is ba ixa s t en dem a ilu m in a r


m a is a r egiã o de som br a a t r á s de u m a obst r u çã o, qu e os r a da r es de fr eqü ên cia s m a is a lt a s,
ou com pr im en t os de on da s m a is cu r t os.

d. Ate n u a ç ã o
At en u a çã o é o efeit o com bin a do da d is p e rs ã o e da a bs o rç ã o da en er gia do feixe
r a da r , con for m e se pr opa ga a t r a vés da a t m osfer a . A a te n u a ç ã o ca u sa u m a r edu çã o n a
in t en sida de do sin a l e do eco, sen do m a ior n a s fr eqü ên cia s m a is a lt a s (ou m en or es com pr i-
m en t os de on da ).

e. Ca ra c te rís tic a s d o e c o
E m bor a os ecos r eflet idos seja m m u it o m a is fr a cos qu e os pu lsos t r a n sm it idos, a s
ca r a ct er íst ica s do seu r et or n o sã o sem elh a n t es à s ca r a ct er íst ica s de pr opa ga çã o do sin a l. A
in t en sida de do eco depen de do t ot a l de en er gia t r a n sm it ida qu e a t in ge o a lvo e da s dim en sões
e pr opr ieda des r eflet iva s do a lvo.

14.1.4 AP RES EN TAÇÃO D A IMAGEM RAD AR


E m bor a exist a m diver sos t ipos de in d ic a d o r, qu a se t odos os r a da r es de n a vega çã o
u t iliza m u m a v á lv u la d e ra io s c a tó d ic o s (VRC), in st a la da em u m con sole, den om in a do
re p e tid o ra d o ra d a r, em pr ega n do u m t ipo de a pr esen t a çã o em t ela con h ecido com o P P I
(“P LAN P OSITION IN DICATOR”), ou In dica dor P la n o de P osiçã o. N est a a pr esen t a çã o
(qu e, n os r a da r es m a is m oder n os, já é t oda digit a l), o n a vio do obser va dor est á loca liza do n o
cen t r o de u m a t ela cir cu la r e os a lvos sit u a dos den t r o do a lca n ce do r a da r sã o r epr esen t a dos
em u m a esca la cor r et a de dist â n cia , qu e t êm or igem n o cen t r o (posiçã o do pr ópr io n a vio) e
a u m en t a pa r a for a , n a dir eçã o da s bor da s da t ela . As m a r ca ções sã o in dica da s a o lon go da
per ifer ia da t ela , de 000° a 360°, n o sen t ido h or á r io. Assim , n o P P I o cen t r o da t ela r epr esen t a
o pr ópr io n a vio e os a lvos a pa r ecem n a s su a s posições r ela t iva s (em dir eçã o e dist â n cia ).
Na a pr esen t a çã o da im a gem r a da r , en t ã o, o n a vio em qu e o equ ipa m en t o r a da r est á
in st a la do fica fixo n a t ela , n o cen t r o da va r r edu r a (qu e, n os r a da r es de n a vega çã o, n or m a l-
m en t e coin cide com o cen t r o da t ela ). As ou t r a s em ba r ca ções qu e se m ovim en t a m den t r o do
a lca n ce r a da r a pa r ecem descr even do seu s m o v im e n to s re la tiv o s (com r ela çã o a o n a vio).
Da m esm a for m a , a im a gem de t er r a e ou t r os a lvos fixos t a m bém se m ovim en t a m n a t ela
com seu m o v im e n to re la tiv o .

F ig u ra 14.12 - Ap re s e n ta ç ã o e s ta biliza d a

A a pr esen t a çã o n o P P I pode ser e s ta -


biliza d a ou n ã o e s ta biliza d a . Qu a n do o ra-
d a r r ecebe in for m a çã o da a g u lh a g iro s c ó -
pic a , a a pr esen t a çã o é e stabilizada , ou seja ,
é or ien t a da de m odo qu e o n o rte v e rd a d e i-
ro seja r epr esen t a da o pa r a cim a , n a dir eçã o
000° da gr a du a çã o do per ím et r o da t ela (F i-
gu r a 14.12). Qu a n do o n a vio a lt er a o r u m o,
a im a gem fica fixa n a t ela do r a da r e é a lin h a
de fé, ou m a r ca de pr oa (qu e in dica a pr oa do
n a vio), qu e se m ovim en t a .

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 419


N a v e g a ç ã o ra d a r

F ig u ra 14.13 - Ap re s e n ta ç ã o n ã o -e s ta biliza d a

Se o r a da r n ã o r ecebe in for m a çã o da
a gu lh a gir oscópica ou se ocor r e a va r ia da
gir o, a r epr esen t a çã o é n ã o e s ta biliza d a ,
com a t ela do r a da r a pr esen t a n do u m a
im a gem r ela t iva , com a pr oa do n a vio pa -
r a cim a , n a dir eçã o da gr a du a çã o 000° do
P P I (F igu r a 14.13). Nest e ca so, qu a n do h á
a lt er a çã o de r u m o, a lin h a de fé, ou m a r ca
de pr oa , fica fixa e a im a gem r a da r é qu e
se m ovim en t a n a t ela do in d ic a d o r.
Con for m e a a n t en a gir a , seu feixe
é r epr esen t a do n o in dica dor do r a da r por
u m a lin h a lu m in osa fin a , qu e va r r e a t ela
n o sen t ido h or á r io, de for m a sem elh a n t e
a o r a io de u m a r oda de biciclet a em m ovi-
m en t o. E ssa lin h a , ch a m a da de v a rre d u ra , ilu m in a a s im a gen s dos a lvos n o P P I. As im a gen s
dos a lvos n a t ela do r a da r sã o com u m en t e den om in a da s de “pip”.
P a r a per m it ir a det er m in a çã o de m a rc a ç õ e s e d is tâ n c ia s , os r a da r es dispõem de
com pon en t es den om in a dos, r espect iva m en t e, c u rs o r d e m a rc a ç ã o e e s tro bo d e d is tâ n c ia .
O c u rs o r d e m a rc a ç ã o é u m disposit ivo m ecâ n ico (n os r a da r es m a is a n t igos), ou u m a fin a
lin h a r a dia l de lu z (n os equ ipa m en t os m oder n os), qu e se est en de do cen t r o da t ela (posiçã o
do n a vio) pa r a a per ifer ia e qu e pode ser gir a do pelo oper a dor a t r a vés dos 360° do P P I. O
e s tro bo d e d is tâ n c ia é u m pon t o lu m in oso qu e pode ser m ovim en t a do pelo oper a dor a o
lon go da lin h a r a dia l de lu z qu e r epr esen t a o c u rs o r d e m a rc a ç ã o , n os equ ipa m en t os
m oder n os. Nos r a da r es m a is a n t igos, o e s tro bo d e d is tâ n c ia m ove-se sobr e a v a rre d u ra ,
cr ia n do u m cír cu lo va r iá vel de dist â n cia con for m e a v a rre d u ra gir a n a t ela do in dica dor . O
c u r s o r d e m a r c a ç ã o (“BE ARI N G CU RS OR”) e o e s t r o b o d e d i s t â n c i a (“RAN GE
STROBE ”, ou VRM - “VARIABLE RANGE MARKE R”) sã o m a n obr a dos pelo oper a dor a t r a -
vés de con t r oles in depen den t es.

F ig u ra 14.14 - Va rre d u ra e a n é is d e d is tâ n c ia

P a r a obt er a m a rc a ç ã o e d is tâ n -
c ia de u m det er m in a do a lvo, o oper a dor
in icia lm en t e gir a o c u rs o r d e m a rc a ç ã o ,
de m odo qu e o m esm o se posicion e sobr e
o “pip” qu e r epr esen t a o objet o n a t ela e,
em segu ida , desloca o e s tro bo d e d is tâ n -
c ia a t é qu e t a n gen cie a bor da in t er n a do
“pip”. E n t ã o, a m a rc a ç ã o é lida dir et a -
m en t e n o a r o gr a du a do qu e cir cu n da o in -
dica dor e a d i s t â n c i a -ra d a r do a lvo é
a pr esen t a da em u m m ost r a dor exist en t e
n o con sole. Nos r a da r es m a is m oder n os,
a m a rc a ç ã o e a d is tâ n c ia sã o for n ecida s
a t r a vés de in dica çã o digit a l a pr esen t a da
n a pr ópr ia t ela , a o la do da im a gem .

420 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


N a v e g a ç ã o ra d a r

P a r a a va lia çã o r á pida da s dist â n cia s a os a lvos m ost r a dos n a t ela do r a da r , podem


ser ilu m in a dos os c írc u lo s d e d is tâ n c ia s , r epr esen t a dos em in t er va los selecion a dos, a
pa r t ir do cen t r o do P P I. A F igu r a 14.14 ilu st r a u m a te la de r a da r , com a v a rre d u ra e os
c írc u lo s d e d is tâ n c ia (ou a n é is d e d is tâ n c ia ) m en cion a dos.
O t a m a n h o da á r ea física r epr esen t a da n a t ela do r a da r depen de da e s c a la d e
d is tâ n c ia selecion a da pelo oper a dor . N or m a lm en t e, os r a da r es de n a vega çã o possu em
esca la s fixa s de dist â n cia pa r a det er m in a dos va lor es (por exem plo: 0.25; 0.5; 0.75; 1.5; 3.0;
6.0; 12; 24; e 48 m ilh a s n á u t ica s), a t é o a lca n ce m á xim o do r a da r . Ou t r os r a da r es, en t r et a n t o,
per m it em seleçã o de qu a lqu er esca la en t r e va lor es lim it es in fer ior e su per ior , t a l com o, por
exem plo, 1 e 50 m ilh a s n á u t ica s.
O n ú m e ro d a e s c a la r efer e-se a o r a io da á r ea r epr esen t a da n a t ela do r a da r . Assim ,
se for selecion a da u m a esca la de 12 m ilh a s, o a lvo m a is dist a n t e qu e pode ser m ost r a do n o
r a da r est a r á 12 m ilh a s a fa st a do e seu “pip” a pa r ecer á n a per ifer ia da a pr esen t a çã o. P a r a
m a ior r esolu çã o da im a gem , m elh or defin içã o do con t or n o dos a lvos e m a ior pr ecisã o de
m edida , deve ser sem pr e selecion a da a esca la m a is cu r t a possível.
F ig u ra 14.15 - Co n tro le d e g a n h o

POUCO GANHO
14.1.5 CON TROLES
OP ERACIONAIS
D O RAD AR
A oper a çã o do r a da r e dos seu s con -
t r oles é det a lh a da m en t e descr it a n o m a -
n u a l do equ ipa m en t o. Nest a seçã o ser ã o
com en t a dos a pen a s os con t r oles pr in cipa is
com u m en t e en con t r a dos n os r a da r es de
n a vega çã o e su a s fin a lida des, devido à su a
im por t â n cia pa r a o cor r et o desem pen h o
da in st a la çã o.
GANHO NORMAL
B r i l h o (“B R I L L I AN C E ” ou “VI D E O
CONTROL”): su a r egu la gem det er m in a o
br ilh o ger a l da im a gem n a t ela do r a da r .
Um br ilh o excessivo pode coloca r a im a -
gem for a de foco, a lém de bor r a r a t ela do
r a da r , pois os ecos de u m a va r r edu r a a n -
t er ior sã o m a n t idos, pr eju dica n do os da
va r r edu r a segu in t e. O con t r ole de br ilh o,
n or m a lm en t e, deve ser coloca do em u m a
posiçã o em qu e o t r a ço da va r r edu r a fiqu e
visível, m a s n ã o m u it o br ilh a n t e.

EXCESSO DE Ga n h o (“GAIN CONTROL”, F igu r a 14-


GANHO 15): o c o n tro le d e g a n h o deve ser a ju s-
t a do de m a n eir a qu e a t ela a pa r eça u m
pou co sa lpica da , ist o é, de for m a qu e u m a
leve n ódoa , ou sin a l de fu n do, seja visível.
Assim , o equ ipa m en t o est a r á n a su a con -
diçã o m a is sen sível e os objet os t en der ã o
a ser det ect a dos n a s m a ior es dist â n cia s
possíveis. Se o g a n h o for r edu zido pa r a
cla r ea r com plet a m en t e est a n ódoa de fu n -

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 421


N a v e g a ç ã o ra d a r

do, o r esu lt a do ser á u m decr éscim o n os a lca n ces de det ecçã o. Com pou co g a n h o , os ecos
fr a cos n ã o ser ã o a pr esen t a dos. Com g a n h o excessivo, o con t r a st e en t r e os ecos e o fu n do da
t ela é r edu zido, dificu lt a n do a obser va çã o do r a da r .
Às vezes, é ú t il r edu zir t em por a r ia m en t e o ga n h o pa r a obt er a lvos bem defin idos
en t r e ou t r os m a is fr a cos. O con t r ole deve ser r et or n a do pa r a su a posiçã o n or m a l, t ã o logo a
a lt er a çã o t em por á r ia t en h a ser vido a o seu pr opósit o e n ã o m a is se fa ça n ecessá r ia . E m
r egiões con gest ion a da s, o ga n h o pode ser t em por a r ia m en t e r edu zido pa r a cla r ea r a a pr e-
sen t a çã o. Ist o deve ser feit o com cu ida do, de for m a qu e n ã o se per ca m m a r ca s im por t a n t es.
A cu r t a s dist â n cia s, o disposit ivo ANTI-MANCH A DO MAR (“ANTI-CLUTTE R SE A”) pode
ser u sa do com o m esm o pr opósit o.
É im por t a n t e o u so a dequ a do do c o n tro le d e g a n h o qu a n do n a pr esen ça de m a n ch a s
de ch u va ou n eve. Com o g a n h o n a su a posiçã o n or m a l, a m a n ch a pode ser for t e o ba st a n t e
pa r a obscu r ecer o eco de u m n a vio den t r o da bor r a sca ou t em por a l, m a s, com u m a r edu çã o
t em por á r ia do g a n h o , ser á possível est a belecer a dist in çã o do for t e e sólido eco de u m
n a vio. A det ecçã o de a lvos a lém do t em por a l pode, é cla r o, n ecessit a r de u m g a n h o levem en t e
m a ior qu e o n or m a l, n a m edida em qu e os ecos sã o a t en u a dos, por ém n ã o com plet a m en t e
obscu r ecidos.

F ig u ra 14.16 - Co n tro le d o g a n h o e d is c rim in a ç ã o e m d is tâ n c ia

Além disso, o con t r ole do g a n h o po-


de m elh or a r a d is c rim in a ç ã o e m d is -
tâ n c ia do r a da r . Con for m e m ost r a do n a
F igu r a 14.16, os ecos de dois a lvos n a m es-
m a m a r ca çã o podem a pa r ecer com o u m
ú n ico “pip” n a t ela se o g a n h o do r ecep-
t or é excessivo. Com a r edu çã o do g a n h o ,
os ecos a pa r ecer ã o com o “pips” sepa r a dos
n o P P I.

Co n tro le S TC (“SE NSITIVITY TIME CONTROL” ou “ANTI-CLUTTE R SE A”): é u m con -


t r ole a n ti-m a n c h a d o m a r qu e se dest in a a m elh or a r a im a gem do r a da r , pela su pr essã o
dos ecos pr odu zidos pelo r et or n o do m a r n a s pr oxim ida des do n a vio. E m vir t u de desses
ecos, for m a -se, em t or n o do cen t r o do P P I, u m a im a gem con fu sa , qu e pode vir a m a sca r a r os
a lvos pr óxim os a o n a vio.
O S TC é u m con t r ole de ga n h o a u xilia r , qu e per m it e dim in u ir o ga n h o dos ecos m a is
pr óxim os, sem a lt er a r os ecos m a is dist a n t es. O a lca n ce m á xim o em qu e o c o n tro le S TC se
fa z efet ivo é de 4 a 5 m ilh a s, fica n do pr ogr essiva m en t e m en or con for m e a dist â n cia a u m en t a ,
sen do pr a t ica m en t e n egligível a lém de 8 m ilh a s. A posiçã o do con t r ole deve ser su ficien t e
pa r a r edu zir o r et or n o do m a r , a t é qu e est e a pa r eça a pen a s com o pequ en os pon t os e seja
possível dist in gu ir pequ en os a lvos pr óxim os. A r egu la gem n u n ca deve ser t a l qu e a pa gu e
t oda a r ever ber a çã o, pois, a ssim , ecos de a lvos pr óxim os podem ser elim in a dos.
O c o n tro le S TC n u n ca deve ser deixa do em posiçã o fixa . E m m a r ca lm o, dever á
fica r com u m a a ju st a gem m ín im a , a u m en t a n do-se à m edida qu e o m a r se a git a e o r et or n o
a u m en t a , m a s deixa n do sem pr e a lgu m “clu t t er ” per m a n ecer n a t ela .
E st e t a m bém é u m con t r ole efet ivo qu a n do m a n ch a s de ch u va ou n eve est ã o pr esen t es
n a pr oxim ida de do n a vio e sã o su ficien t em en t e for t es pa r a obscu r ecer o eco de u m a lvo ou
sin a l de n a vega çã o den t r o da bor r a sca ou t em por a l. Um a eleva çã o t em por á r ia n a qu a n t ida de

422 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


N a v e g a ç ã o ra d a r

de ga n h o STC a plica da , ger a lm en t e per m it ir á a dist in çã o do for t e eco de u m n a vio ou sin a l


de n a vega çã o.
Co n t ro le F TC (“F AST TIME CON TROL” ou “AN TI-CLU TTE R RAIN ”): est e con t r ole
dest in a -se a dim in u ir , t a n t o qu a n t o possível, os ecos de ch u va , gr a n izo e n eve, qu e podem
obscu r ecer os a lvos. At u a n do n o con t r ole F TC obt ém -se u m en cu r t a m en t o dos ecos n a t ela
do r a da r , o qu e r edu z n o P P I a s m a n ch a s ca u sa da s por ch u va , n eve ou gr a n izo (F igu r a
14.17). Qu a n do em u so, est e con t r ole t em u m efeit o sobr e t oda P P I e ger a lm en t e t en de a
r edu zir a sen sibilida de do r ecept or e, a ssim , a in t en sida de dos ecos a pr esen t a dos n a im a gem
r a da r .
F ig u ra 14.17 (a ) - Ma n c h a c a u s a d a p o r c h u v a F ig u ra 14.17 (b) - Re d u ç ã o d o "c lu tte r" p e lo
fo rte Co n tro le F TC

Qu a n do n a vega n do em á gu a s con fin a da s, o c o n tro le F TC pr opor cion a m elh or defi-


n içã o da im a gem r a da r n o P P I, a t r a vés de u m a m elh or discr im in a çã o em dist â n cia . Além
disso, o u so do F TC pr ovê u m a m elh or ca pa cida de de a lca n ce m ín im o. O con t r ole t a m bém
pode ser u sa do pa r a elim in a r in t er fer ên cia s ca u sa da s por u m RACON a cu r t a dist â n cia .
Ch a v e d e la rg u ra d e p u ls o (“P ULSE LE NGTH ”): a lgu n s r a da r es t êm u m a ch a ve qu e
per m it e escolh er a la rg u ra d o p u ls o , ou c o m p rim e n to d o p u ls o . P a r a det ecçã o em lon ga s
dist â n cia s, deve ser selecion a do p u ls o lo n g o . E n t r et a n t o, em cu r t os e m édios a lca n ces,
qu a n do se deseja u m a im a gem m elh or defin ida , com m a ior es det a lh es e m elh or discr im in a çã o
em dist â n cia , deve ser escolh ido u m pu lso de m en or com pr im en t o (pu lso cu r t o).
Co n tro le d e s in to n ia : a t u a lm en t e, qu a se t odos os a pa r elh os r a da r possu em Con t r ole Au -
t om á t ico de F r eqü ên cia (“Au t om a t ic F r equ en cy Con t r ol” – AF C), qu e m a n t ém o r ecept or
sin t on iza do com o t r a n sm issor . Se ele n ã o possu ir AF C, n a u n ida de in dica dor a deve h a ver
u m bot ã o de con t r ole de sin t on ia , qu e r egu la a sin t on ia da vá lvu la Kly s tro n . A sin t on ia
deve ser a ju st a da fr eqü en t em en t e logo a pós o r a da r ser liga do, a t é cer ca de 30 m in u t os
depois, qu a n do o a pa r elh o pode ser con sider a do em con dições de sin t on ia . Ma s, a sin t on ia
deve ser ver ifica da com fr eqü ên cia , pr in cipa lm en t e se n ã o a pa r ecer em ecos n a t ela do
in dica dor ; pode ocor r er o a pa r elh o est a r for a de sin t on ia e exist ir em a lvos qu e n ã o sã o
a pr esen t a dos, por esse m ot ivo. Qu a n do n ã o h ou ver ecos da cost a ou de n a vios, a sin t on ia
pode ser a ju st a da pelo “clu t t er ” do m a r . Coloca -se o con t r ole de “a n t i-clu t t er ” (STC) desliga do,
ou em su a posiçã o m ín im a , escolh e-se u m a esca la pequ en a , de m a n eir a qu e o “clu t t er ”

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 423


N a v e g a ç ã o ra d a r

ch egu e a o lim it e da t ela e fa z-se a sin t on ia gir a n do o bot ã o de con t r ole de m a n eir a qu e
a pa r eça u m m á xim o de “clu t t er ”.
Lin h a d e fé lu m in o s a (“H E ADING MARKE R” ou “H E ADING F LASH ”): per m it e qu e seja
est a belecida u m a lin h a in dica dor a da pr oa n a t ela do r a da r , possibilit a n do a det er m in a çã o
r á pida do bor do em qu e est ã o, de fa t o, a lvos qu e, a pa r en t em en t e, est ã o pela pr oa . Além
disso, a m a r ca de pr oa fa cilit a m u it o a n a vega çã o de pr a t ica gem com o r a da r . O t r a ço
lu m in oso da lin h a de fé deve t er su a in t en sida de a ju st a da pa r a qu e fiqu e a pen a s visível.
Deve ser t om a do especia l cu ida do pa r a qu e ele n ã o m a sca r e ecos fr a cos dir et a m en t e pela
pr oa , sen do r ecom en dá vel desligá -lo, ou r edu zí-lo a o m ín im o, per iodica m en t e, pa r a u m a
ver ifica çã o m a is segu r a de a lvos n a pr oa .

14.2 IN TERP RETAÇÃO D A IMAGEM


RAD AR

14.2.1 F ATORES QU E AF ETAM A IN TERP RETAÇÃO


D A IMAGEM RAD AR
A in t er pr et a çã o da in for m a çã o a pr esen t a da n a t ela do r a da r n ã o é sem pr e fá cil. A
obt en çã o de leit u r a s cor r et a s m u it a s vezes r equ er boa exper iên cia por pa r t e do oper a dor ,
especia lm en t e du r a n t e con dições m et eor ológica s desfa vor á veis, ou qu a n do o r a da r est á
oper a n do com desem pen h o degr a da do, em vir t u de de pr oblem a s n os seu s com pon en t es.
Mesm o n a s m elh or es con dições m et eor ológica s, com o equ ipa m en t o oper a n do sem r est r ições
e per feit a m en t e sin t on iza do, m u it os fa t or es t en dem a pr odu zir er r os n a in t er pr et a çã o da
im a gem r a da r . E n t r e est es fa t or es est ã o o p o d e r d e d is c rim in a ç ã o e m m a rc a ç ã o, p o d e r
d e d is c rim in a ç ã o e m d is tâ n c ia , s e to re s d e s o m bra , e c o s m ú ltip lo s , e c o s fa ls o s e
e c o s la te ra is .
F ig u ra 14.18 - F a ls a lin h a d e c o s ta p o r fa lta d e d is c rim in a ç ã o e m m a rc a ç ã o
P o d e r d e d is c rim in a ç ã o e m m a rc a ç ã o,
com o vim os , é a d ifer en ça m ín im a em
m a r ca çã o pa r a qu e dois a lvos sit u a dos à
m esm a dist â n cia do n a vio a pa r eça m com o
ecos dist in t os n a t ela do r a da r , sen do seu
va lor a n gu la r igu a l à la rg u ra d o fe ix e
t r a n sm it ido. O feixe r a da r n ã o é lin ea r ,
a p r es en t a n d o u m a a ber t u r a a n gu la r
(la rg u ra d o fe ix e ), qu e fa z com qu e os a l-
vos a pa r eça m n a t ela dist or cidos, m a is la r -
gos do qu e sã o n a r ea lida de. Além disso,
se d o is ou m a is a lvos est ã o m u it o pr óxim os
u n s dos ou t r os, a pr oxim a da m en t e à m esm a
d is t â n cia d o n a vio, s eu s “p i p s ” p od em
ju n t a r -se n a t ela , da n do a o oper a dor a im pr essã o de qu e se t r a t a de a pen a s u m a lvo. E st a s
a pr esen t a ções er r ôn ea s m u it a s vezes ocor r em em á r ea s cost eir a s, on de a exist ên cia de pedr a s,
r ecifes, pila r es e a t é m esm o em ba r ca ções pr óxim a s da cost a pode r esu lt a r em u m a im a gem
fa lsa da lin h a da cost a n a t ela do r a da r (F igu r a 14.18).

424 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


N a v e g a ç ã o ra d a r

F ig u ra 14.19 - Re bo c a d o r e n a v io re bo c a d o fo rm a m u m a s ó im a g e m n o ra d a r p o r fa lta d e
d is c rim in a ç ã o e m d is tâ n c ia .
P o d e r d e d is c rim in a ç ã o e m d is tâ n c ia ,
com o vim os , é a d ifer en ça m ín im a em
d i s t â n ci a e n t r e d o i s a l v os s i t u a d os
a pr oxim a da m en t e n a m esm a m a r ca çã o,
pa r a qu e possa m ser discer n idos pelo r a -
da r . A la rg u ra d o p u ls o e a fre qü ê n c ia
d a e m i s s ã o a fe t a m o p o d e r d e
d is c rim in a ç ã o e m d is tâ n c ia de u m
d et er m in a d o r a d a r . E m a lgu n s
equ ipa m en t os, a la rg u ra d o p u ls o e a
fre qü ê n c ia podem ser a ju st a dos, de m odo
a m elh or a r a r es olu çã o em d is t â n cia s
lon ga s e cu r t a s. Se dois ou m a is objet os
n a m esm a m a r ca çã o est ã o sepa r a dos por
dist â n cia s in fer ior es a o p o d e r d e d is c rim in a ç ã o e m d is tâ n c ia (cu jo va lor é a m et a de do
c o m p rim e n to d o p u ls o ), pode ocor r er u m a fa lsa in t er pr et a çã o da im a gem , com o m ost r a -
do n a F igu r a 14.19.
Áre a s e s e t o re s d e s o m b ra -ra d a r ocor r em qu a n do u m a lvo r ela t iva m en t e gr a n de
obscu r ece u m a lvo m en or posicion a do por det r á s, ou qu a n do u m a lvo a lém do h or izon t e
r a da r é obscu r ecido pela cu r va t u r a da Ter r a . Na F igu r a 14.20, a m a ior pa r t e da á r ea a t r á s
da a lt a m a ssa de t er r a est a r ia n u m set or de s o m bra -ra d a r, n ã o a pa r ecen do n a im a gem do
P P I. A exist ên cia de obst á cu los n o pr ópr io n a vio (m a st r os, ch a m in és, gu in da st es ou ou t r a s
est r u t u r a s eleva da s), qu e ca u sem obst r u ções a o feixe r a da r em su a va r r edu r a pelo h or izon t e,
r esu lt a em a rc o s c e g o s , ou s e to re s c e g o s , qu e devem ser bem con h ecidos pelos oper a dor es
do r a da r .

F ig u ra 14.20 - S e to r d e S o m bra -Ra d a r

Qu a lqu er su per fície m et á lica qu e se in t er pon h a n a t r a jet ór ia da en er gia ir r a dia da


r edu z a in t en sida de do ca m po e, con seqü en t em en t e, a dist â n cia de det ecçã o n a m a r ca çã o
cor r espon den t e. Na F igu r a 14.21 sã o m ost r a dos d ia g ra m a s d e c o be rtu ra h o rizo n ta l de
dois r a da r es de n a vega çã o. As cu r va s m ost r a m a s dist â n cia s de det ecçã o n a s vá r ia s m a r ca -
ções r ela t iva s do n a vio on de se en con t r a in st a la do o r a da r . Na ilu st r a çã o A, a cober t u r a é
pr a t ica m en t e u n ifor m e, in dica n do qu e a a n t en a t em u m ca m po de visa da desim pedido. A
F igu r a B m ost r a com o o sin a l de r et or n o va r ia em fu n çã o da m a r ca çã o r ela t iva do a lvo, com
u m s e to r c e g o n a popa do n a vio, in dica n do qu e exist em obst r u ções n essa dir eçã o.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 425


N a v e g a ç ã o ra d a r

F ig u ra 14.21 - D ia g ra m a d e irra d ia ç ã o h o rizo n ta l d a a n te n a

A B

Ec o s m ú ltip lo s sã o ca u sa dos por r eflexões m ú lt ipla s de pu lsos de u m feixe t r a n sm it ido,


en t r e o n osso n a vio e u m a lvo r ela t iva m en t e pr óxim o (em ger a l u m ou t r o n a vio), n or m a lm en t e
sit u a do pelo t r a vés. O eco m ú lt iplo, qu e se for m a con for m e m ost r a do n a F igu r a 14.22, é u m
“p ip ” fa lso qu e a pa r ece n a t ela do r a da r , n a m esm a m a r ca çã o qu e o a lvo r ea l, m a s em u m a
dist â n cia m ú lt ipla da dist â n cia cor r et a do a lvo (F igu r a 14.23). Se a pa r ece a pen a s u m eco
fa lso, n o dobr o da dist â n cia r ea l do a lvo, ele é den om in a do e c o d u p lo . Se u m segu n do “p ip ”
é a pr esen t a do n a t ela , n o t r iplo da dist â n cia cor r et a , ch a m a m os de e c o trip lo . E m ger a l,
som en t e u m ou dois e c o s m ú ltip lo s sã o for m a dos dessa m a n eir a . Os e c o s m ú ltip lo s ,
em bor a in desejá veis, ser vem pa r a ver ifica r a ca libr a gem do r a da r . Se o r a da r est á cor r et a -
m en t e ca libr a do, a dist â n cia a o segu n do eco (e c o d u p lo ) ser á exa t a m en t e o dobr o da
dist â n cia a o a lvo r ea l. Qu a lqu er er r o de ca libr a gem pode ser det ect a do pela m edida da
dist â n cia do pr im eir o eco a o segu n do (qu e r epr esen t a a d is tâ n c ia c o rre ta ) e, en t ã o, com -
pa r a n do-a com a dist â n cia do n osso n a vio a o a lvo (pr im eir o eco).

F ig u ra 14.22 - F o rm a ç ã o d e Ec o Mú ltip lo F ig u ra 14.23 - Ec o Mú ltip lo

426 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


N a v e g a ç ã o ra d a r

F ig u ra 14.24 - Ec o F a ls o (Ec o In d ire to )

Ec o fa ls o : t a l com o o eco m ú lt iplo, é u m


“p ip ” fa lso qu e a pa r ece n o P P I. Um t ipo
de e c o fa ls o ocor r e qu a n do a en er gia r e-
flet ida pelo a lvo r eflet e-se n ova m en t e em
u m a pa r t e da est r u t u r a do n a vio, a n t es
de r et or n a r pa r a a a n t en a , com o ilu st r a do
n a F igu r a 14.24. O e c o fa ls o r esu lt a n t e,
à s vezes den om in a do e c o in d ire to , n est e
ca so a pa r ecer á sem pr e n a m e s m a d is tâ n -
c ia qu e o eco ver da deir o, m a s n a m a rc a -
ç ã o da su per fície r eflet or a in t er m ediá r ia .

F ig u ra 14.25 - Ec o fa ls o p e la re fle x ã o d e e n e rg ia d e u m a lv o p a ra o u tro

Ou t r o t ipo de e c o fa ls o pode ser


ca u sa do pela r eflexã o da en er gia ir r a dia da
de u m n a vio pa r a ou t r o, a n t es de r et or n a r
à a n t en a do r a da r , con for m e ilu st r a do n a
F igu r a 14.25. Na sit u a çã o m ost r a da , o r a -
da r do Con t r a t or pedeir o A ir r a dia en er gia
de RF n a dir eçã o do Na vio-Aer ódr om o B .
A en er gia é r eflet ida pelo gr a n de bor do do
NAe em t oda s a s dir eções. Um a pa r t e des-
t a en er gia r eflet ida r et or n a a o r a da r do CT
com o u m eco n or m a l, en qu a n t o ou t r a pa r t e
se pr opa ga n a dir eçã o do Cr u za dor C. O
eco qu e a t in ge o Cr u za dor é n ova m en t e
r eflet id o, d e m od o qu e a lgu m a en er gia
r e t or n a a o r a d a r d o C T a o l on g o d a
t r a jet ór ia CB A. Asim , n a m a r ca çã o do a l-
vo ver da deir o (Na vio-Aer ódr om o B ), o r a da r do Con t r a t or pedeir o A m ost r a r á , a lém do eco
r ea l (n a dist â n cia de 1.000 ja r da s), u m e c o fa ls o , m a is fr a co, n a dist â n cia de 2.000 ja r da s.
A m on t a gem da a n t en a do r a da r em u m a pla t a for m a im edia t a m en t e por a n t e-a va n t e
do m a st r o pode, t a m bém , ca u sa r ecos fa lsos. Com os n a vios n a vega n do em colu n a , qu a n do
a a n t en a est á con t eir a da pa r a r é, a r eflexã o n o m a st r o pode r esu lt a r n o r et or n o de ecos
fa lsos pelo n a vio de va n t e n a colu n a .
Ec o s la te ra is : sã o, t a m bém , ecos fa lsos, ca u sa dos pelos ló bu lo s la te ra is , ou s e c u n d á rio s ,
do feixe r a da r . Com o vim os, n or m a lm en t e a a n t en a do r a da r ir r a dia , a lém do ló bu lo p rin c i-
p a l, diver sos ló bu lo s la te ra is , in desejá veis, m a s in evit á veis. Se a en er gia desses lóbu los
la t er a is é r eflet ida por u m a lvo, a pa r ecer ã o n a t ela do r a da r ecos la t er a is, em t or n o do eco
do lóbu lo pr in cipa l. Com o o ca m po en er gét ico dos lóbu los secu n dá r ios é m u it o fr a co, eles só
a fet a m os a lvos pr óxim os. A a pa r ên cia do eco la t er a l é a de u m a r co de cír cu lo, con for m e
m ost r a do n a F igu r a 14.26. Se o a lvo est á m u it o pr óxim o, pode for m a r -se u m sem i-cír cu lo
ou , a t é m esm o, u m cír cu lo com plet o, com u m r a io igu a l à dist â n cia do a lvo. Na F igu r a
for m a da , ca da t r a ço fin o r epr esen t a u m e c o la t e ra l, sen do o t r a ço m a is for t e o e c o
v e rd a d e iro , qu e r epr esen t a a posiçã o r ea l do a lvo

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 427


N a v e g a ç ã o ra d a r

F ig u ra 14.26 - Ec o s La te ra is .
P a r a m in im iza r o efeit o de e c o s la -
te ra is , dim in u i-se o g a n h o . Ma s, se os
ecos fa lsos n ã o est ã o in t er fer in do n a n a -
vega çã o, é m elh or deixá -los, pois u m a r e-
du çã o do ga n h o poder á fa zer desa pa r a cer ,
a lém desses ecos in desejá veis, ecos de a l-
vos pequ en os, pot en cia lm en t e per igosos.
P a r a dim in u ir o efeit o de e c o s la te ra is ,
t a m bém pode ser u t iliza do o con t r ole “a n -
t i-clu t t er sea ”, qu e, n est e ca so, ser á a u -
m en t a do; m a s devem ser obser va da s a s
m esm a s r est r ições m en cion a da s pa r a a di-
m in u içã o do ga n h o.

U m oper a dor exper im en t a do n or m a lm en t e sa ber á em qu e m a r ca ções podem ser


esper a dos e c o s fa ls o s devidos a os fa t or es a cim a m en cion a dos.

14.2.2 ALVOS TERRES TRES


E m bor a o P P I pr opor cion e u m a a pr esen t a çã o pla n a da cost a , qu a n do u m a m a ssa
t er r est r e est á sen do va r r ida pelo r a da r , a im a gem m ost r a da n a t ela do in dica dor n ã o é u m a
r epr esen t a çã o ver da deir a da lin h a do lit or a l. Com o vim os, a la rg u ra d o fe ix e ra d a r e o
c o m p rim e n to d o s p u ls o s tra n s m itid o s (con dicion a n do, r espect iva m en t e, o p o d e r d e
d is c rim in a ç ã o e m m a rc a ç ã o e o p o d e r d e d is c rim in a ç ã o e m d is tâ n c ia ) ca u sa m dis-
t or ções n a im a gem r a da r dos a ciden t es t er r est r es, poden do r esu lt a r em fa lsa s lin h a s de
cost a e ou t r a s defor m a ções.

F ig u ra 14.27 - D is to rç õ e s n a lin h a d e c o s ta ra d a r d e v id a s à la rg u ra d o fe ix e e c o m p rim e n to


d o p u ls o

428 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


N a v e g a ç ã o ra d a r

A F igu r a 14.27 ilu st r a diver sa s sit u a ções em qu e a s dist or ções devida s à la rg u ra d o


fe ix e e à la rg u ra d o p u ls o (ou c o m p rim e n to d e p u ls o ) ca u sa m a a pr esen t a çã o de fa lsa s
lin h a s de cost a n o r a da r .
Devido a isso, a a pr esen t a çã o da cost a n a t ela do r a da r n ã o ser á exa t a m en t e igu a l a o
obser va do em u m a Ca r t a Ná u t ica da m esm a á r ea . Ou t r os fa t or es, com o, por exem plo, a
t opogr a fia e a s con dições de r eflexã o da en er gia ir r a dia da , t a m bém con t r ibu em pa r a dificu lt a r
essa sem elh a n ça .
De u m a m a n eir a ger a l, qu a n t o m a is ver t ica l for a su per fície r eflet or a , m a ior es ser ã o
su a s pr opr ieda des de r eflexã o. Um a su per fície dispost a em â n gu lo r et o em r ela çã o a o feixe
do r a da r , com o u m pen h a sco a o lon go da cost a , m on t a n h a s ou a lt a s colin a s, pr odu zir á u m
for t e eco. As su per fícies qu e n ã o est eja m em â n gu lo r et o com o feixe do r a da r n or m a lm en t e
pr odu zir ã o ecos m a is fr a cos. Assim , a su per fície do m a r , qu e é boa r eflet or a do feixe r a da r ,
som en t e r et or n a r á ecos qu a n do h ou ver va ga s.
Um a su per fície côn ca va t en der á a foca liza r o feixe do r a da r de volt a à a n t en a , a o
pa sso qu e u m a su per fície con vexa pr ova velm en t e en via r á gr a n de pa r t e da en er gia em u m a
dir eçã o difer en t e da qu ela em qu e est á a a n t en a .
E n qu a n t o a s m a ssa s t er r est r es sã o fa cilm en t e r econ h ecíveis n o r a da r , o m a ior pr o-
blem a do oper a dor é a iden t ifica çã o de a ciden t es específicos (ca bos, pon t a s, dem a is sa liên cia s
e r een t r â n cia s da cost a , et c.), de m odo qu e possa m ser em pr ega dos pa r a det er m in a çã o da
posiçã o do n a vio. A iden t ifica çã o dos r efer idos a ciden t es pode ser ba st a n t e difícil, por ca u sa
de vá r ios fa t or es, en t r e os qu a is a s já m en cion a da s dist or ções e con dições de r eflexã o. As
segu in t es obser va ções podem ser u sa da s com o a u xílio n a iden t ifica çã o:

Re s tin g a s e p ra ia s ba ix a s
Um a r est in ga ba ixa , lisa e sem r och edos, ou ou t r a s eleva ções, pr odu zir á eco fr a co,
pois a m a ior pa r t e do feixe ir r a dia do r esva la sobr e essa su per fície, sem r egr essa r à a n t en a .
É possível, m u it a s vezes, qu e a a r r eben t a çã o seja a r espon sá vel pelo eco a pr esen t a do.
Um a pr a ia ba ixa e lisa é sem elh a n t e a u m a r est in ga e pr odu zir á u m eco fr a co m esm o
qu a n do o ga n h o est iver a lt o. A a r r eben t a çã o poder á in dica r a loca liza çã o da lin h a da cost a
ou da pr a ia . Com o, por ém , a a r r eben t a çã o ver ifica -se a a lgu m a dist â n cia da cost a , o em pr ego
de seu s ecos com o r efer ên cia poder á pr ovoca r er r os n a det er m in a çã o da posiçã o do n a vio. O
eco da a r r eben t a çã o pode ser r econ h ecido pela su a pequ en a per sist ên cia .

D u n a s d e a re ia
As du n a s cober t a s com veget a çã o, loca liza da s a o fu n do de u m a pr a ia ba ixa , pr odu zem
u m sin a l for t e, fa zen do com qu e o oper a dor de r a da r t en da a con sider á -la s com o a lin h a da
cost a . Som en t e u m exa m e cu ida doso da ca r t a per m it ir á evit a r est e en ga n o. Sob cer t a s
con dições, du n a s de a r eia podem pr odu zir ecos for t es, pois a com bin a çã o da su per fície ver t ica l
da du n a com a su per fície h or izon t a l da pr a ia for m a u m a espécie de diedr o r eflet or r a da r .

P â n ta n o s e m a n g u e s
Um pâ n t a n o ou m a n gu e pr óxim o à cost a , qu e sofr a in flu ên cia da m a r é, pr odu z sin a is
fr a cos, qu e podem desa pa r ecer com plet a m en t e n a pr ea m a r . Os pâ n t a n os ou m a n gu es qu e
t en h a m á r vor es da r ã o ecos m a is for t es.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 429


N a v e g a ç ã o ra d a r

La g o a s e la g o s
As la goa s cost eir a s sã o m u it o im por t a n t es n a iden t ifica çã o de pon t os a o lon go da
cost a , qu a n do ela s se loca liza m por t r á s de r est in ga s ou pr a ia s ba ixa s. A dist â n cia s m a ior es,
a r est in ga n ã o a pa r ecer á e a pr im eir a in dica çã o n o r a da r ser á da s eleva ções m a is pa r a
den t r o da cost a .
Os la gos sit u a dos a pou ca s m ilh a s da cost a , por su a vez, poder ã o ser iden t ifica dos
com o r egiões qu e n ã o a pr esen t a m eco r a da r , em m eio à á r ea t er r est r e a pr esen t a da .

Ele v a ç õ e s
Qu a n do o t er r en o, a pa r t ir da cost a , eleva -se su a vem en t e, o in dica dor do r a da r a pr e-
sen t a r á u m eco fr a co. Qu a n do a eleva çã o t or n a -se m a is a cen t u a da , a ssem elh a n do-se a u m a
colin a , o eco ser á m a is for t e.

P e n h a s c o s e fo rm a ç õ e s e s c a rp a d a s
As esca r pa s e pen h a scos a o lon go da lin h a da cost a pr odu zem u m eco for t e fa cilm en t e
iden t ificá vel. E n t r et a n t o, qu a n do t oda a cost a é com post a de esca r pa s e pen h a scos, de m odo
a a pr esen t a r u m eco de m esm a in t en sida de, t or n a -se dificil det er m in a r u m a posiçã o. E m -
pr ega n do-se o ga n h o ba ixo e a pr oveit a n do-se a s in t er r u pções da lin h a da cost a , com o em bo-
ca du r a de r ios e en sea da s, é possível iden t ifica r pon t os n ot á veis e, a ssim , obt er a posiçã o.
Qu a n do exist ir em pen h a scos n o in t er ior , dever -se-á t om a r cu ida do n a det er m in a çã o
da s dist â n cia s, a fim de n ã o con fu n dir os ecos or iu n dos dest es pen h a scos com à qu eles devidos
à lin h a da cost a .

Mo n ta n h a s
O cu m e esca r pa do de u m a m on t a n h a pr odu zir á u m eco for t e. Devido à som br a r a da r ,
n ã o h a ver á eco r efer en t e à s r egiões ba ixa s post er ior es à m on t a n h a .

Lin h a d e c o s ta
Um a lin h a de cost a r et a é difícil de ser u t iliza da pa r a a det er m in a çã o pr ecisa da
posiçã o. Os ecos-r a da r a pr esen t a r ã o pequ en a dist or çã o som en t e n o pon t o em qu e o feixe
r a da r in cide per pen dicu la r m en t e à cost a . A pa r t ir dest e pon t o, pa r a qu a lqu er dos la dos, os
ecos sofr em u m a dist or çã o ca da vez m a is a cen t u a da , dist en den do-se devido à la r gu r a do
feixe r a da r .
As lin h a s de cost a in t er r om pida s por ba ía s e pequ en a s r een t r â n cia s sã o fa cilm en t e
iden t ifica da s n o r a da r . Na det er m in a çã o da posiçã o, é n ecessá r io iden t ifica r cu ida dosa m en t e
est es a ciden t es geogr á ficos, a n t es de m edir dist â n cia s ou m a r ca ções.

P ra ia s e n c u rv a d a s
As pr a ia s en cu r va da s r epr esen t a m u m pr oblem a m a is sim ples n a det er m in a çã o da
posiçã o, m a s deve-se sem pr e con sider a r qu e o efeit o da dist or çã o ser á m ín im o som en t e n os
pon t os em qu e o feixe in cidir per pen dicu la r m en t e à cost a .

Ilh a s e ro c h e d o s
Um a ilh a pequ en a e isola da , ou u m r och edo, pr odu zir á u m eco n ít ido e de pequ en a s
dim en sões. A m ediçã o da dist â n cia pode ser feit a com o e s tro bo d e d is tâ n c ia t a n gen cia n do

430 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


N a v e g a ç ã o ra d a r

a bor da in t er n a do eco a pr esen t a do. Ilh a s ba ixa s n or m a lm en t e pr odu zem ecos fr a cos. Qu a n do
pr ovida s de pa lm eir a s ou ou t r a veget a çã o eleva da , en t r et a n t o, o eco pode vir m a is for t e,
pois a su per ficie ver t ica l da s á r vor es for m a com a su per fície h or izon t a l da s á gu a s em t or n o
da ilh a u m diedr o r eflet or .
Recifes de cor a l e lon ga s ca deia s de ilh a s podem pr odu zir u m a lin h a lon ga de ecos,
qu a n do o feixe r a da r é dir igido per pen dicu la r m en t e à lin h a de ilh a s/r ecifes. E st a in dica çã o
ocor r e especia lm en t e qu a n do a s ilh a s est ã o pr óxim a s en t r e si. A r a zã o é qu e a dist or çã o
(a la r ga m en t o) r esu lt a n t e da la r gu r a do feixe fa z com qu e os ecos ju n t em -se em u m a lin h a
con t ín u a . Con t u do, qu a n do a ca deia é vist a n a lon git u din a l, ou obliqu a m en t e, ca da ilh a
pode pr odu zir u m “p ip ” sepa r a do. Ar r eben t a çã o qu ebr a n do sobr e u m r ecife pr odu z u m a
lin h a de ecos va r iá veis e in t er r om pidos.

Re c ife s e a bro lh o s
Nen h u m objet o su bm er so pr odu zir á eco r a da r ; oca sion a lm en t e, por ém , r ecifes e a br o-
lh os poder ã o ser det ect a dos, ca so h a ja a r r eben t a çã o e est a seja su ficien t em en t e a lt a . Qu a n do
u m objet o est á in t eir a m en t e su bm er so e o m a r n ã o qu ebr a sobr e ele, n ã o a pa r ecer á qu a lqu er
a pr esen t a çã o n o P P I.

Lin h a s d e c o s ta fa ls a s
Um a a pr esen t a çã o sem elh a n t e à lin h a de cost a ser á possível qu a n do exist ir qu a lqu er
da s con dições segu in t es:

a . n u m er osos r och edos pr óxim os à cost a , ou vá r ia s ilh a s pequ en a s, qu e poder ã o pr odu zir
ecos in t er liga dos, qu e podem ser con fu n didos com a a pr esen t a çã o da pr ópr ia cost a . O
m esm o pode ocor r er com em ba r ca ções pr óxim a s da cost a ;
b. a r r eben t a ções for t es em r ecifes poder ã o sim u la r a lin h a da cost a ;
c. pen h a scos ou du n a s de a r eia a o fu n do de u m a pr a ia ba ixa , com pequ en o declive, pr odu zir ã o
u m a fa lsa lin h a de cost a .

F a ró is , to rre s , c h a m in é s e o u tra s e s tru tu ra s v e rtic a is


Ger a lm en t e ofer ecem r espost a fr a ca , pois sã o con st r u ídos de pedr a e cim en t o. Um a
est r u t u r a de for m a t r on côn ica , ou cilín dr ica , t a m bém n ã o a ju da em n a da a u m a boa r eflexã o
e m u it os fa r óis t êm esses for m a t os. E m a lgu n s ca sos, qu a n do a cost a é ba ixa e a r en osa e o
fa r ol é a lt o, seu eco pode r essa lt a r n a im a gem a pr esen t a da n a t ela do r a da r .
P a r a fa cilit a r a iden t ifica çã o r a da r , dim in u in do os pr oblem a s a cim a cit a dos, os a u xílios
à n a vega çã o sã o, m u it a s vezes, dot a dos de r eflet or es-r a da r , RACON ou r efor ça dor de eco,
a dia n t e m en cion a dos.

P o n te s
As pon t es sã o excelen t es pa r a obt en çã o de u m eco for t e, u m a vez qu e sã o con st r u ída s,
n or m a lm en t e, sobr e depr essões qu e n ã o pr odu zem ecos.

P ie rs e m o lh e s
Os pier s e m olh es pr odu zem sin a is n ít idos e pr ecisos, a pequ en a s dist â n cia s.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 431


N a v e g a ç ã o ra d a r

Ed ifíc io s
As a glom er a ções de edifícios, ca sa s, ga lpões e ou t r a s edifica ções, con st r u ída s de ci-
m en t o a r m a do e/ou est r u t u r a s m et á lica s, for n ecem boa s r espost a s a o pu lso r a da r . E m bor a
su a s fa ch a da s t en da m a com por t a r -se com o su per fícies especu la r es (qu e r eflet em o eco
r a da r em dir eçã o dist in t a à do em issor ), a s pa r edes qu e for m a m en t r e si â n gu lo r et o con s-
t r oem com o solo u m t r iedr o t r i-r et â n gu lo r eflet or , qu e fa z com qu e o eco r et or n e n a m esm a
dir eçã o de on de veio o pu lso, ist o é, pa r a a a n t en a do r a da r .
P odem se esper a r , dest e m odo, ecos de cida des a 25 m ilh a s ou m a is, em u m r a da r
com u m de n a vega çã o. P or ser em ecos for t es, m u it a s vezes a pa r ecem n a t ela a n t es m esm o
qu e a lin h a de cost a seja det ect a da .
E difícios isola dos em cost a ba ixa da r ã o, m u it a s vezes, ecos dist in t os, m a s só devem
ser u t iliza dos pa r a efeit os de n a vega çã o se su a s posições n a Ca r t a Ná u t ica est iver em a ssi-
n a la da s com pr ecisã o.

14.2.3 ALVOS N O MAR

N a v io s
Os n a vios ger a lm en t e for n ecem bon s ecos, cu jo t a m a n h o e in t en sida de depen dem
da dist â n cia , da su per fície qu e a pr esen t a m e do est a do do m a r . Com o, n or m a lm en t e, sã o
con st r u ídos de a ço (m a t er ia l qu e é u m ót im o r eflet or ) e su a s su per est r u t u r a s possu em
a n t epa r a s qu e for m a m en t r e si e com os con veses â n gu los r et os, pr opor cion a m , em ger a l,
boa r espost a r a da r . E cos m a is for t es sã o obt idos qu a n do o a lvo se a pr esen t a de t r a vés
(â n g u lo d o a lv o 090° ou 270°).
J á a s em ba r ca ções de m a deir a for n ecem u m a r espost a m u it o pobr e. O m esm o ocor r e
com em ba r ca ções de fibr a de vidr o. P or isso, a m bos os t ipos de em ba r ca ções devem por t a r
sem pr e u m re fle to r-ra d a r, pa r a a u m en t a r a in t en sida de dos seu s ecos.
Sã o a s segu in t es a s dist â n cia s n or m a is de det ecçã o dos diver sos t ipos de em ba r ca ções
pelos ra d a re s d e n a v e g a ç ã o :
P equ en os ba r cos de m a deir a 0.5 a 4 m ilh a s
Ba leeir a s a t é 2 m ilh a s
Tr a in eir a s 6 a 9 m ilh a s
Na vios pequ en os (a t é 1.000 t on .) 6 a 10 m ilh a s
Na vios de 10.000 t on 10 a 16 m ilh a s
Na vios de 50.000 t on 16 a 20 m ilh a s
A det er m in a çã o do m ovim en t o do a lvo pode, n a m a ior ia da s vezes, a n u la r a dú vida
se t r a t a -se, ou n ã o, de u m n a vio.

B ó ia s
As bóia s ger a lm en t e pr odu zem ecos fr a cos, sobr et u do se t êm a for m a a ba u la da .
Qu a n do pequ en a s, os ecos da s bóia s podem ser en cober t os a t é m esm o pelo m en or r et or n o
do m a r . A bóia qu e ofer ece a pior r espost a é a de for m a t o côn ico, sem r eflet or . A n ã o ser qu e
o m a r est eja com plet a m en t e ca lm o, os ecos da s bóia s sã o pou co fir m es, devido a o m ovim en t o

432 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


N a v e g a ç ã o ra d a r

desor den a do a qu e est ã o su jeit a s. A on du la çã o do m a r fa z com qu e a pot ên cia do eco r ecebido


va r ie e, a ssim , a im a gem r a da r de u m a bóia pode qu a se desa pa r ecer da t ela , volt a n do a
su r gir n a va r r edu r a segu in t e, com u m a in t en sida de m a is for t e. Com m a u t em po, est a cir -
cu n st â n cia é a gr a va da , n ã o sen do de est r a n h a r qu e o r a da r fa lh e n a det ecçã o de bóia s
m en or es.
As dist â n cia s pr ová veis de det ecçã o va r ia m de 0,5 a 1 m ilh a , pa r a bóia s pequ en a s,
a t é 2 a 4 m ilh a s, pa r a bóia s de m a ior es dim en sões. As bóia s equ ipa da s com re fle to r ra d a r
ofer ecem boa r espost a , poden do ser det ect a da s em dist â n cia s de a t é 6 a 8 m ilh a s.
P a r a m elh or a r a r espost a r a da r da s bóia s, u t iliza m -se, a lém do re fle to r ra d a r, ou t r os
a u xílios, com o o RACON e o re fo rç a d o r d e a lv o ra d a r (“RADAR TARGE T E NH ANCE R”),
qu e ser ã o post er ior m en t e a bor da dos.
É opor t u n o lem br a r qu e, t a l com o n a n a v e g a ç ã o v is u a l, t a m bém n a n a v e g a ç ã o
ra d a r a s bóia s devem ser u t iliza da s com m u it a pr eca u çã o, n ã o deven do ser em pr ega da s
pa r a det er m in a çã o da posiçã o do n a vio, em vir t u de da possibilida de de se desloca r em de
su a posiçã o, pela a çã o de cor r en t es, r essa ca , r u pt u r a do equ ipa m en t o de fu n deio, a ba lr oa -
m en t o por n a vios ou diver sa s ou t r a s cir cu n st â n cia s.

Arre be n ta ç õ e s
Um a lin h a de a r r eben t a ções pr odu z u m sin a l pa r ecido com o da lin h a de cost a . Su a s
ca r a ct er íst ica s de desva n ecim en t o per m it ir ã o a o oper a dor do r a da r iden t ificá -la .

14.2.4 F EN ÔMEN OS METEOROLÓGICOS

Nuvens
Algu m a s n u ven s podem pr odu zir ecos, qu e sã o ca r a ct er iza dos por :

• ser em de gr a n des dim en sões, ger a lm en t e com for m a ir r egu la r , va r iá vel e de lim it es m a l
defin idos; e
• desloca r em -se, n or m a lm en t e, n a dir eçã o do ven t o.
A a pr esen t a çã o n o r a da r depen der á do t ipo da n u vem . Os cu m u lon im bu s e a s gr a n des
for m a ções de n u ven s ca r r ega da s de ch u va dã o ecos m u it o for t es e à s vezes a pa r ecem n o
in dica dor com con t or n os bem defin idos, com o se fossem u m a ilh a . É com u m det ect a r -se
n u ven s de ch u va n os r a da r es de n a vega çã o, t a n t o n o r a da r de 10 cm , com o n o r a da r de 3
cm , qu a n do n a vega n do em r egiões t r opica is. Se a n u vem n ã o con t ém ch u va , dificilm en t e
ser á det ect a da .
Se h ou ver a lvo a a com pa n h a r e se o eco est iver sen do pr eju dica do por u m a n u vem ,
dim in u i-se o ga n h o, pois os ecos da n u vem , m a is fr a cos, t en der ã o a desa pa r ecer , en qu a n t o
qu e o eco do a lvo, m a is for t e, deve per sist ir n a t ela .

Ch u v a
A a pa r ên cia da ch u va n a t ela do r a da r é a de u m a m a n ch a , sem con t or n os defin idos,
a ca r r et a n do, sobr et u do, u m a u m en t o da lu m in osida de do in dica dor . Depen den do da in t en -
sida de da ch u va , a im a gem ser á pin t a da m a is, ou m en os, for t em en t e, ist o é, os ecos ser ã o
m a is for t es ou m a is fr a cos.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 433


N a v e g a ç ã o ra d a r

A ch u va obscu r ece os a lvos qu e se en con t r a m den t r o dela . Um a gu a ceir o t r opica l


pode im pedir com plet a m en t e a det ecçã o de a lvos sit u a dos den t r o, ou pa r a a lém dele. A
t écn ica pa r a t en t a r a det ecçã o de a lvos den t r o da ch u va é r edu zir levem en t e o ga n h o, pois
os ecos da ch u va t en dem a ser m a is fr a cos qu e os ecos de ou t r os a lvos, com o n a vios. Os
efeit os da ch u va t a m bém podem ser a t en u a dos por m eio de con t r ole F TC, a n t er ior m en t e
est u da do. Nest e ca so, en t r et a n t o, o ga n h o deve ser levem en t e a u m en t a do. Os ch u viscos,
em bor a possa m a pr esen t a r ecos levem en t e difu sos, pou co a fet a m a det ecçã o r a da r .
A in t en sida de dos ecos pr oven ien t es de pr ecipit a ções pode, por vezes, m a sca r a r os
ecos de t er r a , o qu e pode per t u ba r o n a vega n t e por oca siã o da s a t er r a gen s com o r a da r .
Qu a n do n osso n a vio en con t r a -se den t r o da ch u va , o a lca n ce r a da r pode ser dim in u ído,
pois pa r t e da en er gia em it ida é a bsor vida pela s got a s d’á gu a . Ta n t o m a ior ser á a r edu çã o
do a lca n ce, qu a n t o m a ior for a á r ea cober t a pela ch u va . Ta m bém n esse ca so, o oper a dor
deve a t u a r con t in u a m en t e n os con t r oles de ga n h o e F TC, dim in u in do e a u m en t a n do.
Com o n a vio den t r o de u m a gu a ceir o, com o m a r a git a do, som a m -se o “clu t t er ” da
ch u va com o r et or n o do m a r , t or n a n do a in da m a is difícil a det ecçã o de a lvos pr óxim os,
poden do, a t é m esm o, cega r com plet a m en t e o r a da r . Nest e ca so, a solu çã o é dim in u ir a
velocida de e n a vega r com o se est ivesse em cer r a çã o, sem r a da r .
Os m en or es com pr im en t os de on da sofr em m a ior a t en u a çã o da s got a s d’á gu a . Assim ,
os r a da r es qu e oper a m n a fa ixa de 3 cm (ba n da X) sã o m a is in flu en cia dos pela ch u va qu e os
da fa ixa de 10 cm (ba n da S ).

Gra n izo
É a pr ecipit a çã o de peda ços de gelo qu e, em ger a l, t êm for m a esfér ica e diâ m et r os
qu e vã o desde m ilím et r os a t é a pr oxim a da m en t e 10 cm . E st e t ipo de pr ecipit a çã o é m a is
com u m n a s m édia s la t it u des e n or m a lm en t e t êm cu r t a du r a çã o, ocor r en do qu a se sem pr e
en t r e a m et a de da t a r de e o a n oit ecer . Se a t a xa de pr ecipit a çã o for a m esm a da ch u va , o
a spect o da t ela do in dica dor r a da r ser á t a m bém o m esm o. Ma s, isso só ocor r e qu a n do a s
pedr a s de gelo sã o gr a n des, o qu e é difícil de a con t ecer . De m a n eir a ger a l, a a t en u a çã o
devida a o gr a n izo é m en or qu e a devida à ch u va , e o “clu t t er ” qu e o gr a n izo ca u sa é m en os
pr eju dicia l. No ca so da ocor r ên cia de gr a n izo, o oper a dor deve a t u a r n os con t r oles do r a da r
da m esm a m a n eir a com o se est ivesse ca in do ch u va .

Neve
É a pr ecipit a çã o de cr ist a is de gelos em flocos. A n eve, a n ã o ser a s m a is for t es
n eva sca s, qu a se n ã o é n ot a da n a t ela do r a da r . Ist o é, a qu eda de n eve n ã o a pa r ece com o u m
a lvo, em bor a a t en u e a s on da s r a da r . Às vezes a qu eda de n eve é det ect a da com o r a da r de 3
cm , m a s n ã o com u m qu e oper e n a fa ixa de 10 cm . E m vir t u de da a t en u a çã o, a n eve pr ovoca
r edu çã o do a lca n ce r a da r .
Ou t r o a spect o m u it o pr eju dicia l da n eve é qu e cobr e t odos os a lvos, m a sca r a n do os
ecos. E ssa cober t u r a de n eve defor m a os a lvos, qu e já n ã o poder ã o ser iden t ifica dos fa cil-
m en t e. E m bor a a on da r a da r pen et r e n a n eve, ela sofr e m u it a a t en u a çã o devido à a bsor çã o
de en er gia pelos cr ist a is de gelo, e a ssim , os ecos qu e r et or n a m sã o fr a cos. O r esu lt a do
desses dois fa t or es é u m a a pr esen t a çã o in defin ida dos a lvos n a t ela do r a da r . Dest a for m a ,
o n a vega n t e qu e se a pr oxim a da cost a , ou est á cost ea n do, a pós u m a qu eda de n eve deve
t om a r m a ior es cu ida dos com a su a n a vega çã o. Deve t en t a r t odos os ou t r os a u xílios à n a -
vega çã o dispon íveis, e u sa r o r a da r com m u it a pr eca u çã o.

434 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


N a v e g a ç ã o ra d a r

Ce rra ç ã o e “S m o g ”
Visibilida de é, con for m e vim os, a m a ior dist â n cia n a qu a l u m objet o escu r o pode ser
vist o n o h or izon t e, t en do o céu com o fu n do. De n oit e, u m a lu z de in t en sida de m oder a da é
u sa da , em vez do objet o escu r o. N e v o e iro é a pr esen ça em su spen sã o de m in ú scu la s pa r t í-
cu la s d’á gu a ou de gelo ju n t o à su per fície. Ma s, só qu a n do est a s pa r t ícu la s em su spen sã o
dim in u ír em a visibilida de pa r a 1 qu ilôm et r o (0.54 m ilh a s n á u t ica s), é qu e o fen ôm en o t em
o n om e de n e v o e iro . Se a visibilida de for m a ior qu e 1 qu ilôm et r o, o n om e cor r et o é n e blin a .
Con t u do, a bor do, t a m bém é com u m a pa la vr a c e rra ç ã o pa r a a m bos os fen ôm en os, fa la n do-
se em c e rra ç ã o le v e , m o d e ra d a ou c e rra ç ã o fe c h a d a .
No qu e diz r espeit o a o r a da r , o n e v o e iro t a m bém n ã o se fa z a pr esen t a r n a t ela do
r a da r , sa lvo em ca sos especia is. Ma s a s got ícu la s d’á gu a , ou de gelo, em su spen sã o a bsor vem
en er gia da on da , de m a n eir a qu e o a lca n ce r a da r fica r edu zido. Um n evoeir o pesa do, ou
seja , a qu ele qu e r edu z a visibilida de pa r a 100 m et r os ou m en os, r edu z o a lca n ce r a da r pa r a
60% de seu a lca n ce n or m a l.
E m ca sos r a r os, com r a da r de 3 cm poder ã o ser det ect a dos ba n cos de n evoeir os
pesa dos, de gr a n de den sida de.

S m o g (n é v o a s e c a )
É a cor t in a de a r polu ído qu e ger a lm en t e se en con t r a sobr e a s gr a n des cida des, de
or igem in du st r ia l e a u t om ot iva . A pa la vr a é for m a da de S m o k e (fu m a ça ) e F o g (n evoeir o).
Nã o exist em da dos sobr e a a t u a çã o do S m o g n o r a da r , m a s é de se cr er qu e ele t a m bém
dim in u a o a lca n ce r a da r , pela a bsor çã o de en er gia pela s pa r t ícu la s em su spen sã o.
E m r esu m o, pode-se a fir m a r qu e, em qu a lqu er t ipo de pr ecipit a çã o, seja ch u va , gr a -
n izo ou n eve, e m esm o n o ca so de n u ven s, n evoeir o, n eblin a ou s m o g , u m r a da r de 10 cm
(ba n da S ) ser á m en os a fet a do qu e u m de 3 cm (ba n da X).

Ve n to
A pr in cipa l, e t a lvez a ú n ica , in flu ên cia do ven t o n a a pr esen t a çã o do r a da r est á
r ela cion a da com o e s ta d o d o m a r dele r esu lt a n t e, pois, com o vim os, a s va ga s pr odu zem os
ecos de r et or n o do m a r (“clu t t er ”). Qu a n t o m a is a lt a s e a br u pt a s a s va ga s, m a is for t es sã o
os ecos de r et or n o. A pot ên cia dos ecos de r et or n o depen de do â n gu lo de in cidên cia do feixe
r a da r e, a ssim , o “clu t t er ” do m a r é m a is pr on u n cia do a ba rla v e n to , do qu e a s o ta v e n to
(F igu r a 14.28).

F ig u ra 14.28 - "Clu tte r" d o m a r (m a is p ro n u n c ia d o a ba rla v e n to )


Vento
Energia refletida para
Barlavento Sotavento longe do navio

Ge lo
Os ic e be rg s (blocos de gelo de á gu a doce) ger a lm en t e sã o det ect a dos pelo r a da r em
dist â n cia s qu e per m it em t em po su ficien t e pa r a a ções eva siva s. E ssa s dist â n cia s depen der ã o
de su a s dim en sões. Os ic e be rg s do Ár t ico a pr esen t a m , em ger a l, su per fícies r ecor t a da s e
fa cet a da s, qu e pr opor cion a m bon s ecos de r et or n o. Os ic e be rg s ta bu la re s , com u n s n a

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 435


N a v e g a ç ã o ra d a r

An t á r t ica , t en do t ope pla n o e pa r edes la t er a is qu a se ver t ica is, qu e podem se eleva r a m a is


de 30 m et r os a cim a da su per fície do m a r , t a m bém con st it u em bon s a lvos-r a da r , sen do n or -
m a lm en t e det ect a dos com t em po su ficien t e pa r a m a n obr a r a fim de deixá -los sa fos.
Gr a n des ic e be rg s podem ser det ect a dos em dist â n cia s da or dem de 15 a 20 m ilh a s
com m a r ca lm o, em bor a a in t esida de de seu s ecos seja som en t e 1/60 da in t en sida de dos
ecos qu e ser ia m pr odu zidos por u m a lvo de a ço de t a m a n h o equ iva len t e. Ic e be rg s m en or es
sã o det ect a dos a cer ca de 6 a 12 m ilh a s. “B e rg y bits ”, peda ços qu ebr a dos de ic e be rg s com
4 a 5 m et r os de a lt u r a , n or m a lm en t e n ã o sã o det ect a dos pelo r a da r a dist â n cia s m a ior es
qu e 3 m ilh a s.
Os flo c o s d e g e lo (“ic e flo e s ”) e “gr owler s”, for m a dos pelo con gela m en t o de á gu a
sa lga da , sã o, em ger a l, m u it o ba ixos (a lt u r a m á xim a de 2 m et r os) e con st it u em u m a lvo
r a da r ext r em a m en t e r u im , sen do de difícil det ecçã o, pr in cipa lm en t e com m a r a git a do, qu a n -
do o “clu t t er ” do m a r pode m a sca r a r por com plet o ecos de peda ços de gelo per igosos à n a ve-
ga çã o. Com m a r ca lm o, esse t ipo de gelo n or m a lm en t e n ã o é det ect a do em dist â n cia s m a ior es
qu e 2 m ilh a s. Assim , em bor a o r a da r con st it u a u m a u xílio m u it o im por t a n t e pa r a a n a vega çã o
em pr esen ça de gelo (pa r a a det ecçã o de ic e be rg s e blocos de gelo de m a ior es dim en sões),
a bu sca r a da r deve ser com plem en t a da por u m a vigilâ n cia visu a l con st a n t e, pois est a é
in su bst it u ível pa r a a det ecçã o de c a m p o s d e g e lo e “g ro w le rs ” per igosos à n a vega çã o.

Te m p e s ta d e s tro p ic a is , fu ra c õ e s , tu fõ e s e c ic lo n e s
As t em pest a des t r opica is, em qu a lqu er de su a s m oda lida des m a is sever a s (fu r a cões,
t u fões ou ciclon es), pr odu zem ecos bem defin idos n o r a da r . O u so do r a da r n a s m a n obr a s
fr en t e a esses fen ôm en os m et eor ológicos ser á m en cion a do n o Volu m e II.

14.2.5 AU XÍLIOS À N AVEGAÇÃO RAD AR


Vá r ios a u x ílio s à n a v e g a ç ã o ra d a r, ou in s ta la ç õ e s a u x ilia re s , for a m desen vol-
vidos pa r a a ju da r o n a vega n t e a iden t ifica r u m a lvo r a da r ou pa r a a u m en t a r a in t en sida de
dos ecos pr odu zidos por objet os qu e, de ou t r a for m a , ser ia m de difícil det ecçã o.
Os a u x ílio s à n a v e g a ç ã o ra d a r podem ser cla ssifica dos, pela m a n eir a com o a t u a m ,
em p a s s iv o s e a tiv o s . Os p a s s iv o s a pen a s r eflet em a en er gia qu e sobr e eles in cide. Os
a tiv o s t r a n sm it em u m sin a l de RF , qu e é r ecebido pelos r a da r es de bor do.

Re fle to r-ra d a r
É u m a u xílio à n a vega çã o r a da r p a s s iv o , cu ja fin a lida de é a u m en t a r a ca pa cida de
de r espost a de u m a lvo-r a da r , pa r a possibilit a r su a det ecçã o a m a ior dist â n cia . O re fle to r-
ra d a r é u m equ ipa m en t o r et r o-r eflet ivo, qu e r et or n a a en er gia in ciden t e sobr e ele n a dir eçã o
da fon t e de em issã o, den t r o de lim it es bem a m plos de â n gu los de in cidên cia .
O m ét odo u su a l pa r a obt er a r et r o-r eflexã o é em pr ega r du a s ou m a is su per fícies
r eflet or a s pla n a s, for m a n do â n gu los r et os en t r e si, de m odo qu e a en er gia in ciden t e r et or n e
n a dir eçã o da fon t e em issor a , a pós m ú lt ipla s r eflexões. Assim , sã o for m a dos o d ie d ro re -
fle to r e o trie d ro tri-re tâ n g u lo re fle to r. Os trie d ro s re fle to re s sã o n or m a lm en t e con s-
t it u ídos por 3 t r iâ n gu los isósceles for m a n do â n gu los r et os e r et or n a m a en er gia in ciden t e
con for m e m ost r a do n a F igu r a 14.29.

436 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


N a v e g a ç ã o ra d a r

F ig u ra 14.29 - Trie d ro s re fle to re s

P or vezes, em vez de u m ú n ico, sã o in st a la dos n os a u xílios à n a vega çã o gr u pos de


r eflet or es-r a da r , qu e, con ven ien t em en t e dispost os, fa cilit a m em m u it o a su a det ecçã o pelo
r a da r (F igu r a s 14.30, 14.31 e 14.32).

F ig u ra 14.30 - Re fle to r ra d a r F ig u ra 14.31 - B ó ia re fle to ra ra d a r

F ig u ra 14.32 - B ó ia lu m in o s a c o m a rra n jo d e re fle to re s ra d a r


Os r eflet or es-r a da r , em su a m a io-
r ia , est ã o in st a la dos em bóia s, m a s exis-
t em , igu a lm en t e, em sin a is fixos (fa r óis,
fa r olet es e ba liza s). Adem a is, con for m e já
m en cion a do, a s em ba r ca ções de m a deir a
e de fibr a de vidr o t a m bém devem por t a r
re fle to re s -ra d a r, a fim de m elh or a r su a
ca pa cida de de r espost a -r a da r . Aliá s, a
IMO r ecom en da qu e t oda s a s em ba r ca ções
com m en os de 100 t on ela da s de a r qu ea çã o
br u t a seja m equ ipa da s com r eflet or -r a da r .

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 437


N a v e g a ç ã o ra d a r

A t a bela segu in t e dá u m a idéia do a u m en t o da r eflet ivida de obt ido pela a plica çã o de


re fle to re s -ra d a r:

ALVO ALCANCE RADAR


Sem Refletor Com Refletor
Bóia Comum 1.5' 3.5'
Bóia Cilíndrica 3.5' 7.0'
Baleeira 3.0' 7,0'
Barco de Pesca 2.0' 6.0'

RACON
RACON der iva da expr essã o, em in glês, “RAD AR B EACON ”, ou “RAD AR TRAN S -
P ON D ER B EACON ”. O RACON é u m a u xílio à n a vega çã o r a da r a tiv o , ger a lm en t e in st a -
la do em u m fa r ol, fa r olet e, bóia ou ba r ca -fa r ol, qu e, qu a n do excit a do por u m r a da r de n a ve-
ga çã o, a u t om a t ica m en t e r et or n a u m sin a l dist in t o, qu e a pa r ece n a t ela do r a da r , pr opor cio-
n a n do id e n tific a ç ã o posit iva do a lvo e possibilit a n do a leit u r a pr ecisa de m a rc a ç ã o e
d is tâ n c ia -ra d a r.
Nor m a lm en t e, os equ ipa m en t os RACON t êm a gilida de de fr eqü ên cia e du a lida de
de ba n da (“DUAL BAND RACON”), r espon den do a os r a da r es de n a vega çã o qu e oper a m
n a s fa ixa s de 3 cm (ba n da X) e 10 cm (ba n da S ).
O pu lso em it ido pelo r a da r de bor do é r ecebido pelo RACON, a m plifica do e va i dispa r a r
o t r a n sm issor do equ ipa m en t o, qu e em it e u m sin a l on idir ecion a l. E st e sin a l é r ecebido a
bor do qu a n do a a n t en a do r a da r est á con t eir a da dir et a m en t e pa r a o RACON, a pa r ecen do
n a t ela do in dica dor , ger a lm en t e com o u m sin a l em Código Mor se, qu e se or igin a n a posiçã o
do RACON e se est en de r a dia lm en t e pa r a for a , n a dir eçã o da per ifer ia do P P I (F igu r a
14.33).

F ig u ra 14.33 - S in a l c o d ific a d o d e RACON ("0")


Assim , o pr im eir o t r a ço ou pon t o in -
dica a posiçã o do sin a l on de est á in st a la do
o RACON. Dest a for m a , a dist â n cia deve
ser m edida t a n gen cia n do-se a bor da in -
t er n a do pr im eir o pon t o ou t r a ço do sin a l
codifica do do RACON (ist o é, a “m a r gem
m a is p r óxim a ”). A m a r ca çã o é m ed id a
a ju st a n do-se o cu r sor de m a r ca çã o a m eio
do sin a l codifica do. E n t r e a s a plica ções es-
pecífica s do RACON, in clu em -se:

a. Ate rra g e m
O RACON é in dica do pa r a r efor -
ça r a r espost a e fa cilit a r a iden t ifica çã o
de u m sin a l de a t er r a gem , qu e é o pr im eir o
a ser vist o n a a pr oxim a çã o a u m det er m i-
n a do pon t o da cost a , vin do do m a r a ber t o.

438 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


N a v e g a ç ã o ra d a r

b. N a v e g a ç ã o a c u rta d is tâ n c ia
O RACON é u sa do pa r a fa cilit a r a iden t ifica çã o r a da r de u m a ciden t e ou pon t o de
in t er esse loca l, com o, por exem plo, u m a en t r a da de por t o.

c. Alin h a m e n to
O RACON é in dica do pa r a fa cilit a r a iden t ifica çã o de u m sin a l de a lin h a m en t o n o
r a da r . Usa n do 2 equ ipa m en t os RACON , ou u m RACON e u m re fle to r-ra d a r, n os sin a is
a n t er ior e post er ior de u m a lin h a m e n to , u m n a vio pode u t iliza r o a lin h a m en t o m esm o
com m á visibilida de, pela n a v e g a ç ã o ra d a r.

d. Ma rc a ç õ e s d e p o n te
O RACON é in dica do pa r a m a r ca r o v ã o c e n tra l, ou v ã o d e n a v e g a ç ã o , de pon t es
qu e cr u za m via s n a vega veis.

e. N o v o s p e rig o s
O RACON é u sa do pa r a m a r ca r u m n ovo p e rig o à n a v e g a ç ã o , t a l com o u m ca sco
soçobr a do. Nest e ca so, deve r espon der com u m sin a l cor r espon den t e à let r a “D” em Código
Mor se (— • • ).

f. Id e n tific a ç ã o d e lin h a d e c o s ta in c o n s p íc u a
Qu a n do a lin h a de cost a é difícil de dist in gu ir ou iden t ifica r , pode-se u sa r u m RA-
CON pa r a in dicá -la n a t ela do r a da r .

g. Ma rc a ç ã o d e e s tru tu ra a o la rg o
O RACON pode ser u sa do pa r a m a r ca r e iden t ifica r u m a est r u t u r a “offsh or e”, t a l
com o u m a pla t a for m a de pet r óleo.

RAMARK
RAMARK é a a br evia t u r a da expr essã o, em in glês, “RADAR MARKE R”. O RAMARK
t r a n sm it e con t in u a m en t e, ou a in t er va los, sem n ecessida de de ser excit a do/dispa r a do por
sin a is de r a da r es de bor do. A t r a n sm issã o a in t er va los é m a is u sa da qu e a t r a n sm issã o
con t ín u a , de m odo qu e o P P I possa ser per iodica m en t e in specion a do sem qu a lqu er m a n ch a
(“c lu tte r”) in t r odu zida pelo sin a l do RAMARK.

F ig u ra 14.34 - S in a l RAMARK tra c e ja d o e p o n tilh a d o

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 439


N a v e g a ç ã o ra d a r

O sin a l RAMARK a pa r ece n o P P I com o u m a lin h a r a dia l qu e se or igin a n o cen t r o da


t ela , est en den do-se n a dir eçã o da posiçã o do equ ipa m en t o.
A lin h a r a dia l pode ser con t ín u a , u m a sér ie de t r a ços, u m a sér ie de pon t os, ou de
pon t os e t r a ços (F igu r a 14.34).
O RAMARK, por t a n t o, só in dica a m a rc a ç ã o . Além disso, a pr esen t a a desva n t a gem
de qu e o seu for t e sin a l, a lém de pr odu zir a in dica çã o deseja da , pode da r or igem a ecos
fa lsos n a t ela (qu e podem ser a t en u a dos com a a plica çã o do con t r ole F TC).

Ra d a r Ta rg e t En h a n c e r (RTE)
O re fo rç a d o r d e a lv o -ra d a r (“RADAR TARGE T E NH ANCE R”), de in t r odu çã o r e-
cen t e, é u m a u xílio à n a vega çã o r a da r a tiv o , qu e r ecebe o pu lso r a da r t r a n sm it ido, a m plifica
e r et r a n sm it e, com o u m eco r efor ça do (sem qu a lqu er espécie de codifica çã o), de m odo a
a u m en t a r a seçã o r a da r e a ca pa cida de de r espost a de a lvos im por t a n t es (bóia s e ou t r os
a u xílios à n a vega çã o). O RTE t a m bém pode ser u t iliza do pa r a a u m en t a r a seçã o r a da r e a
ca pa cida de de r espost a de pequ en a s em ba r ca ções (especia lm en t e a s de fibr a de vidr o e
m a deir a ).

14.3 N AVEGAÇÃO RAD AR

14.3.1 P re c is ã o d a s d is tâ n c ia s e m a rc a ç õ e s -ra d a r

a D is tâ n c ia s -ra d a r
As d is tâ n c ia s -ra d a r, em bor a m a is pr ecisa s qu e a s m a r ca ções, sã o a fet a da s por
diver sos fa t or es, en t r e os qu a is e rro s in e re n te s a o p ró p rio e qu ip a m e n to (r et a r do do
r ecept or , er r o de ca libr a gem , dist or çã o da im a gem r a da r , et c.), e rro s d o o p e ra d o r (fa lsa
in t er pr et a çã o da lin h a de cost a , im pr ecisã o decor r en t e da n ã o u t iliza çã o da esca la de dis-
t â n cia m a is cu r t a , t a n gên cia im per feit a do est r obo de dist â n cia , et c.), e rro s d e v id o s à s
d ife re n te s c a ra c te rís tic a s d e re fle x ã o d e c a d a a lv o e à s c o n d iç õ e s a tm o s fé ric a s
re in a n te s .
P a r a m in im iza r os efeit os dos er r os a cim a cit a dos sobr e a s d is tâ n c ia s -ra d a r, a lgu n s
cu ida dos devem ser t om a dos:

• ver ifica r per iodica m en t e a c a libra g e m d o ra d a r, cor r igin do-a , se n ecessá r io. A ca libr a -
gem do e s tro bo d e d is tâ n c ia pode ser ver ifica da a t r a vés da com pa r a çã o com os c írc u lo s
d e d is tâ n c ia fix o s . A ca libr a gem do r a da r pr opr ia m en t e dit o pode ser ver ifica da com o
n a vio a t r a ca do ou fu n dea do em u m a posiçã o bem det er m in a da . Mede-se, en t ã o, n a Ca r t a
Ná u t ica , a dist â n cia do n a vio a u m pon t o qu e seja con spícu o n o r a da r . Ao m esm o t em po,
m ede-se a dist â n cia -r a da r pa r a o r efer ido pon t o. Com pa r a -se, em segu ida , os dois va lor es.
A c a libra g e m ser á s a tis fa tó ria se a difer en ça en t r e a dist â n cia ver da deir a e a dist â n cia -
r a da r a o objet o n ot á vel for m en or qu e 1,5% do a lca n ce da e s c a la d e d is tâ n c ia u t iliza da .
• u t iliza r sem pr e a e s c a la d e d is tâ n c ia s m a is cu r t a possível. Con for m e vist o, qu a n t o
m a is cu r t a a e s c a la d e d is tâ n c ia s , m a ior a r esolu çã o de im a gem -r a da r , m elh or a defi-
n içã o do con t or n o dos a lvos e, por t a n t o, m a ior a pr ecisã o da s d is tâ n c ia s -ra d a r m edida s.
Adem a is, qu a n t o m a is cu r t a a e s c a la d e d is tâ n c ia s , m en or ser á o er r o devido à espessu r a
lu m in osa dos c írc u lo s d e d is tâ n c ia fix o s ou do e s tro bo d e d is tâ n c ia s .

440 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


N a v e g a ç ã o ra d a r

• evit a r m edir dist â n cia s pa r a a lvos m u it o pr óxim os da bor da da t ela do r a da r , a fim de


elim in a r o er r o devido à cu r va t u r a do P P I, qu e dist or ce a im a gem dos a lvos ju n t o a o
per ím et r o do in dica dor , qu e a pa r ecem m a ior es em t a m a n h o.
• qu a n t o a os dem a is er r os, u m oper a dor exper ien t e, qu e fa ça u m bom est u do da Ca r t a
Ná u t ica da á r ea , com pa r a n do-a com a im a gem r a da r a pr esen t a da n a t ela do in dica dor ,
con segu ir á r edu zí-los sign ifica t iva m en t e n a m ediçã o da s d is tâ n c ia s -ra d a r.
Con sider a -se qu e u m r a da r bem ca libr a do e cor r et a m en t e oper a do pode for n ecer
dist â n cia s com pr ecisã o de 100 ja r da s a t é o h o rizo n te -ra d a r, com decr éscim o pr ogr essivo
a lém desse pon t o, a t é o lim it e do a lca n ce.
O pr ocedim en t o cor r et o pa r a m ediçã o da s d is tâ n c ia s -ra d a r é o segu in t e:

• selecion a -se a e s c a la d e d is tâ n c ia s m a is cu r t a possível;


• oper a -se o e s tro bo d e d is tâ n c ia s (m a r ca dor va r iá vel de dist â n cia s) de m odo a t a n gen cia r
a bor da in t er n a do eco (F igu r a 14.35);
• a d is tâ n c ia -ra d a r é, en t ã o, lida n o m ost r a dor cor r espon den t e.

F ig u ra 14.35 - Me d iç ã o d e d is tâ n c ia s -ra d a r

b. Ma rc a ç õ e s -ra d a r
As m a rc a ç õ e s -ra d a r sã o, con for m e m en cion a do, m en os pr ecisa s qu e a s dist â n cia s,
sen do a fet a da s pelos segu in t es er r os:

• dist or çã o devida à la r gu r a do feixe-r a da r , qu e pr odu z u m a im a gem defor m a da . Ma r ca ções


de pon t os de t er r a sofr er ã o u m er r o de a pr oxim a da m en t e m et a de da a ber t u r a a n gu la r
do feixe, con for m e m ost r a do n a F igu r a 14.36. Na sit u a çã o ilu st r a da , a pon t a de t er r a
com eça a r eflet ir a s on da s r a da r desde qu e o feixe in cide sobr e ela , r esu lt a n do em u m a
im a gem dist or cida n a t ela do in dica dor , com o a pa r ecim en t o de eco n o P P I n a m a r ca çã o
M, cu ja difer en ça pa r a a m a r ca çã o r ea l da pon t a é igu a l à m et a de da la r gu r a a n gu la r do
feixe-r a da r (n a ver da de, in flu em n est a dist or çã o ou t r os fa t or es, com o o poder de r eflexã o
do a lvo e a dist â n cia a o m esm o, qu e a fet a m o va lor do er r o). Redu zin do-se o ga n h o,
dim in u i-se a dist or çã o devida à la r gu r a do feixe, elim in a n do-se os ecos m a is fr a cos da
per ifer ia do feixe-r a da r e m a n t en do-se a pen a s os ecos m a is pot en t es, cor r espon den t es à s
pr oxim ida des do eixo do feixe t r a n sm it ido;

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 441


N a v e g a ç ã o ra d a r

F ig u ra 14.36 - D is to rç ã o d e v id a à la rg u ra d o fe ix e

(O PEQUENO
LÓBULO
MOSTRADO EM
(a) REPRESENTA
O FEIXE QUE
SERÁ RECEBIDO
COM O GANHO
REDUZIDO)

• er r o devido a im per feições n o a lin h a m en t o da lin h a de fé, ou m a r ca de pr oa (SH M -


“SH IP ’S H E AD MARKING”); dificu lda de de a ju st a r a a n t en a n o m a st r o com pr ecisã o
m a ior qu e 1°; er r o n ã o det ect a do n a a gu lh a gir oscópica ; ou folga n o m ot or de con t eir a da
a n t en a . Todos esses er r os se t r a n sm it em em ver da deir a gr a n deza pa r a a s m a r ca ções
m edida s com o r a da r .
• er r o do oper a dor , devido à pa r a la xe do cu r sor m ecâ n ico de m a r ca çã o (gr a va do em m a t e-
r ia l t r a n spa r en t e) e er r o de cen t r a gem do cu r sor .
E m vir t u de dos er r os e dist or ções a cim a , con sider a -se qu e a s m a r ca ções-r a da r t êm
u m a pr ecisã o da or dem de 2° a 3°.
P a r a obt en çã o de m a rc a ç õ e s -ra d a r, r ecom en da -se a dot a r o segu in t e pr ocedim en t o:

• selecion a r a esca la de dist â n cia s m a is cu r t a possível;


• dim in u ir o ga n h o, pa r a r edu zir a dist or çã o de a ber t u r a do feixe;
• sem pr e qu e possível, u sa r o cu r sor elet r ôn ico, pa r a evit a r os er r os de pa r a la xe e de cen -
t r a gem do cu r sor m ecâ n ico;
• sen do o eco pequ en o, bissect á -lo com o cu r sor . No ca so de eco gr a n de, com o de u m a cost a ,
det er m in a r u m pon t o con spícu o e bem defin ido e, en t ã o, oper a r pa r a qu e o cu r sor pa sse
sobr e ele;
• con sider a r o d e s v io d a g iro (Dgi) pa r a obt er m a rc a ç õ e s v e rd a d e ira s ;
• n o ca so de m a rc a ç õ e s re la tiv a s (a pr esen t a çã o n ã o-est a biliza da , ou “pr oa pa r a cim a ”),
t r a n sfor m á -la s em m a rc a ç õ e s v e rd a d e ira s , a plica n do o ru m o v e rd a d e iro .

14.3.2 U S O D O RAD AR N A N AVEGAÇÃO COS TEIRA E


EM ÁGU AS RES TRITAS
E m vir t u de de su a m a ior pr ecisã o, a s dist â n cia s-r a da r t êm pr efer ên cia sobr e a s m a r-
c a ç õ e s , n a n a vega çã o cost eir a e em á gu a s r est r it a s. Na r ea lida de, a s m a rc a ç õ e s -ra d a r
devem sem pr e ser t r a t a da s com m u it o cu ida do. Algu n s n a vega n t es t êm com o r egr a só u t iliza r
m a rc a ç õ e s -ra d a r n a a u sên cia de qu a lqu er ou t r a in for m a çã o.

442 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


N a v e g a ç ã o ra d a r

Assim sen do, os m elh or es m ét odos pa r a obt en çã o de u m a posiçã o u sa n do o r a da r


sã o, por or dem de pr ecisã o:

• dist â n cia s-r a da r e m a r ca ções visu a is;


• cr u za m en t o de dist â n cia s-r a da r ;
• dist â n cia s e m a r ca ções-r a da r ; e
• cr u za m en t o de m a r ca ções r a da r .
Con for m e m en cion a do n o Ca pít u lo 9, qu e descr eve a oper a çã o da E qu ipe de Na vega çã o,
em u m n a vio de gu er r a a E qu ipe de Na vega çã o-Ra da r do CIC é, n or m a lm en t e, qu em execu t a
a n a vega çã o qu a n do con dições de visisbilida de r est r it a im pedem a obt en çã o de lin h a s de
posiçã o (LDP ) visu a is. E n t r et a n t o, m esm o n essa s con dições, o E n ca r r ega do de Na vega çã o
con t in u a sen do o r espon sá vel, per a n t e o Com a n da n t e, pela n a vega çã o segu r a do n a vio. O
E n cNa v deve m a n t er u m a plot a gem pa r a lela n o pa ssa diço, u t iliza n do a r epet idor a -r a da r lá
in st a la da e qu a lqu er LDP visu a l de opor t u n ida de.
Na det er m in a çã o da posiçã o do n a vio u sa n do lin h a s de posiçã o r a da r (isola da m en t e,
ou em com bin a çã o com LDP visu a is ou obt ida s de ou t r a s fon t es), devem ser sem pr e u t iliza da s
pelo m en os 3 LDP , pa r a defin ir a posiçã o com segu r a n ça , evit a n do er r os e a m bigü ida des.
A iden t ifica çã o dos pon t os a ser em m a r ca dos com o r a da r , ou seja , a cor r espon dên cia
en t r e a im a gem a pr esen t a da n a t ela do in dica dor e o qu e é r epr esen t a do n a Ca r t a Ná u t ica ,
n em sem pr e é fá cil, exigin do u m est u do da á r ea em qu e se n a vega e u m a boa coor den a çã o
en t r e o plot a dor e o oper a dor do r a da r .
Qu a n do se u sa a pen a s o r a da r , 4 sã o os m ét odos em pr ega dos pa r a obt er a posiçã o do
n a vio:

• in t er seçã o de 3 ou m a is dist â n cia s;


• cr u za m en t o de m a r ca ções;
• dist â n cia e m a r ca çã o de u m ú n ico objet o; e
• m a r ca ções t a n gen t es, com dist â n cia m ín im a .

a. P OS IÇÃO P ELA IN TERS EÇÃO D E 3 OU MAIS D IS TÂN CIAS -RAD AR

F ig u ra 14.37 - P o s iç ã o p o r d is tâ n c ia a trê s N or m a l m e n t e , a s d i s t â n ci a s
o bje to s is o la d o s , c o n s p íc u o s n o ra d a r t om a da s de t r ês ou m a is pon t os de t er r a
da r ã o u m a posiçã o r a da r m a is pr ecisa do
qu e a obt ida por qu a lqu er ou t r o m ét odo.
O m a ior per igo n a u t iliza çã o desse m ét odo
é a possibilida de de se plot a r n a ca r t a a
dist â n cia obt ida de u m pon t o qu e n ã o seja
a qu ele qu e o oper a dor de r a da r in for m ou .
A or la d e u m a cos t a p r óxim a , qu a n d o
b a i x a , n ã o a p a r e ce n o r a d a r com a
pr ecisã o da ca r t a . O r a da r , n or m a lm en t e,
det ect a r á a lvos a lém da cost a . É difícil
det er m in a r com pr ecisã o o pon t o exa t o em qu e est á se da n do a r eflexã o da s on da s em it ida s
pelo r a da r . P or est a r a zã o, pequ en os objet os, t a is com o pedr a s isola da s e ilh ot a s, for n ecem
os m elh or es pon t os.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 443


N a v e g a ç ã o ra d a r

As dist â n cia s devem ser t om a da s com o m ín im o de in t er va lo de t em po en t r e si, de


t r ês pon t os de t er r a pr evia m en t e escolh idos. Tr a ça r com o com pa sso os a r cos de dist â n cia ,
t om a dos n a esca la de la t it u de da ca r t a , com cen t r o n os pon t os de on de for a m obt ida s a s
r espect iva s dist â n cia s. O pon t o de in t er seçã o dos a r cos de dist â n cia ser á a posiçã o do n a vio
n a qu ele m om en t o (F igu r a 14.37). A pr á t ica t em m ost r a do qu e a m elh or seqü ên cia dos pon t os
a ser em m a r ca dos é: o pon t o m a is de va n t e, o m a is de r é e o pon t o cen t r a l. O oper a dor da
r epet idor a , pa r a dim in u ir o t em po en t r e a s in for m a ções dos pon t os, poder á pr im eir a m en t e
m a r cá -los t odos, a n ot a r a s dist â n cia s com lá pis-cer a sobr e a su per fície da r epet idor a e, em
segu ida , in for m á -los a o plot a dor .
A r igidez da posiçã o obt ida depen de da geom et r ia da s LDP , ist o é, do â n gu lo de cor t e
dos a r cos de dist â n cia , de for m a sim ila r a o qu e ocor r e qu a n do é det er m in a da u m a posiçã o
por cr u za m en t o de LDP visu a is.

F ig u ra 14.38 -
No ca so de dois pon t os con spícu os
n o r a da r est a r em em dir eções opost a s, ou
q u a s e , d e m od o q u e s e u s a r cos d e
d i s t â n ci a s e ja m a p r ox i m a d a m e n t e
pa r a lelos, os m esm os poder ã o ser u sa dos,
desde qu e em com bin a çã o com ou t r o a r co
de dist â n cia , qu e os in t er cept e em u m â n -
gu lo pr óxim o de 90°. A posiçã o r esu lt a n t e
t er á boa pr ecisã o (F igu r a 14.38). A qu a se
t a n gên cia dos 2 a r cos de dist â n cia in dica
m edida s pr ecisa s e a lt a con fia bilida de da
posiçã o com r espeit o à dist â n cia de t er r a
por a m bos os bor dos.

Not e-se qu e, n os 2 exem plos m ost r a dos, os a r cos de dist â n cia s n ã o se cr u za r a m em


u m pon t o. Ist o decor r e dos er r os in er en t es a o equ ipa m en t o e à oper a çã o do r a da r , a n t er ior -
m en t e cit a dos.
Qu a n do os a r cos de dist â n cia sã o m u it o gr a n des, exceden do a a ber t u r a m á xim a do
com pa sso de n a vega çã o, u sa -se u m c in te l pa r a su a plot a gem (ver Ca pít u lo 11).

b. P OS IÇÃO P OR CRU ZAMEN TO D E MARCAÇÕES -RAD AR


Se, com o u m ú lt im o r ecu r so, m a r ca ções-r a da r t êm qu e ser u sa da s pa r a plot a gem da
n a vega çã o, som en t e objet os r ela t iva m en t e pequ en os e dist in t os devem ser obser va dos pa r a
obt en çã o da s LDP (F igu r a 14.39).
F ig u ra 14.39 - P o s iç ã o p o r m a rc a ç õ e s -ra d a r

444 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


N a v e g a ç ã o ra d a r

E m bor a a s m a r ca ções-r a da r n ã o seja m n or m a lm en t e u sa da s n a det er m in a çã o de


posições, ela s sã o m u it o ú t eis pa r a a u xilia r n a iden t ifica çã o de a lvos con spícu os n o r a da r .

c. P OS IÇÃO P OR MARCAÇÃO E D IS TÂN CIA-RAD AR D E U M MES MO


P ON TO
Um ú n ico objet o, pequ en o e bem defin ido, t a l com o u m ilh ot e, u m r och edo ou u m a
pon t a de t er r a , con st it u em u m ót im o pon t o pa r a ser iden t ifica do n o r a da r . E st e m ét odo é
m u it o u sa do qu a n do n a vega n do pr óxim o da cost a . Ut iliza n do t r a n sfer idor u n iver sa l ou a
r égu a de pa r a lela s, o plot a dor t r a ça a m a r ca çã o in for m a da e, em segu ida , plot a a posiçã o do
n a vio sobr e a lin h a de m a r ca çã o, n a dist â n cia -r a da r a o objet o selecion a do (F igu r a 14.40).
E st e m ét odo é m u it o r á pido e a pr esen t a a va n t a gem de r equ er er a pen a s u m ú n ico pon t o de
t er r a . Além disso, a s 2 LDP sã o per pen dicu la r es en t r e si, pr opor cion a n do u m ót im o â n gu lo
d e cr u za m en t o (9 0 °). E n t r et a n t o, o u s o d e a p en a s 2 LDP p od e con d u zir a er r os e
a m bigü ida des, já r efer idos em ca pít u los a n t er ior es. Assim , est e m ét odo deve ser em pr ega do
som en t e qu a n do n ã o h ou ver possibilida de de u t iliza çã o de ou t r o m a is segu r o.

F ig u ra 14.40 - P o s iç ã o p o r m a rc a ç ã o d is tâ n c ia -ra d a r d e u m m e s m o p o n to

d MARCAÇÕES TAN GEN TES COM D IS TÂN CIA MÍN IMA


Qu a n do se obser va a m a r ca çã o-r a da r de a lvos pequ en os, o oper a dor det er m in a a
m a r ca çã o pr ecisa m en t e do m eio do “pip” cor r espon den t e a o pon t o de t er r a qu e est á sen do
visa do. P or ém , n o pr esen t e m ét odo, com o se t r a t a de a lvos de gr a n des dim en sões, ou t r a s
con sider a ções t er ã o qu e ser feit a s.
A m a r ca çã o t a n gen t e é m en os desejá vel do qu e a cen t r a l, pois gr a n des er r os podem
r esu lt a r , em vir t u de da lin h a de cost a a pr esen t a da pelo r a da r n ã o cor r espon der exa t a m en t e
à r ea l, ou por a pa r ecer a u m en t a da , devido à dist or çã o da la r gu r a do feixe.
O pr im eir o er r o é m a is com u m qu a n do a lin h a da cost a é ba ixa , ou est á a lém do
h or izon t e, por ém pode ser cor r igido por u m est u do cu ida doso da ca r t a . Con sider a n do-se a
n a t u r eza da cost a , a a lt u r a da t er r a , a a lt u r a da a n t en a e a dist â n cia , podem os, m u it a s
vezes, det er m in a r a pa r t e da t er r a qu e o r a da r det ect a r á .
Qu a n t o à dist or çã o da im a gem , poder á ser a plica da à s t a n gen t es m edida s pelo r a da r
u m a cor r eçã o, pa r a obt er a s m a r ca ções r ea is, leva n do em con t a a la r gu r a do feixe.
Com o r egr a , a o obt er m a r ca ções t a n gen t es de a lvos de gr a n des dim en sões, s o m a r a
m et a de da la r gu r a a n gu la r do feixe à m a r ca çã o t a n gen t e da esqu er da e d im in u ir da t a n gen t e

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 445


N a v e g a ç ã o ra d a r

dir eit a est e m esm o va lor . E sse cr it ér io é ba sea do n o sen t ido n or m a l da va r r edu r a dos r a da r es
de n a vega çã o, ist o é, a a n t en a gir a n do n o sen t ido dos pon t eir os de u m r elógio (F igu r a 14.41).

F ig u ra 14.41 - Co rre ç õ e s p a ra d is to rç õ e s d a la rg u ra d o fe ix e

F ig u ra 14.42 - P o s iç ã o p o r m a rc a ç õ e s ta n g e n te s c o m d is tâ n c ia m ín im a
As m a r ca çõe s t a n g e n t e s e s t ã o
s u je i t a s a e r r os e , p or t a n t o, n ã o
con s t it u e m u m m é t od o id e a l p a r a s e
est a belecer u m a posiçã o. U m a posiçã o
obt ida por m a r ca ções t a n gen t es deve ser
ver ifica da , sem pr e qu e possível, por m eio
de u m a dist â n cia m ín im a de t er r a , com o
se vê n a F igu r a 14.42.

14.3.3 ATERRAGEM COM O RAD AR


P a r a a t er r a gem com o r a da r , é opor t u n o r ecor da r qu e, ger a lm en t e, a s lin h a s de cost a
sã o m a is ba ixa s qu e a s t er r a s do in t er ior e ser ã o est a s qu e for n ecer ã o os pr im eir os ecos.
Além disso, t a m bém a cu r va t u r a da Ter r a in flu i n a det ecçã o-r a da r .

F ig u ra 14.43 - Ate rra g e m c o m o ra d a r

Na F igu r a 14.43, em A, o n a vio est á


a 50 m ilh a s da cost a , m a s, em vir t u de do
feixe t r a n sm it ido r eflet ir n o pon t o 1, bem
pa r a o in t er ior , a dist â n cia in dica da n o
r a da r (60') t er á u m er r o de 10 m ilh a s. E m
B , com o n a vio já a 40 m ilh a s da cost a , a
dist â n cia in dica da ser á 46 m ilh a s, com u m
er r o de 6 m ilh a s, pois o feixe t r a n sm it ido
ir á se r eflet ir n o pon t o 2. E m C, com o
n a vio a 30 m ilh a s da cost a , o feixe in cide
n o p on t o 3 e o er r o s er á d e 2 m ilh a s .
Som en t e com o n a vio a in da m a is pr óxim o
é qu e a lin h a de cost a ser á r ea lm en t e
a pr esen t a da n o r a da r .

446 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


N a v e g a ç ã o ra d a r

Assim , n a s a t er r a gen s o r a da r deve ser u sa do com ca u t ela , pois gr a n des er r os podem


r esu lt a r n a s posições obt ida s. In for m a ções a dicion a is, or iu n da s de ou t r os a u xílios-r á dio à
n a vega çã o e, pr in cipa lm en t e, a s son da gen s for n ecida s pelo ecoba t ím et r o, dever ã o ser u sa da s,
em con ju n t o com a s obser va ções-r a da r , pa r a det er m in a çã o da posiçã o do n a vio.

14.3.4 D IS TÂN CIA-RAD AR COMO LD P D E


SEGURANÇA
Con for m e vist o n o Ca pít u lo 7, a lin h a de posiçã o d is tâ n c ia é u t iliza da com o LD P d e
S e g u ra n ç a n a n a vega çã o cost eir a e em á gu a s r est r it a s. As d is tâ n c ia s -ra d a r, com a pr e-
cisã o e fa cilida de de m edida qu e lh es sã o ca r a ct er íst ica s, sã o ba st a n t e con ven ien t es pa r a o
em pr ego com o LD P d e S e g u ra n ç a .
Mu it a s vezes, qu a n do se n a vega a o lon go de u m a cost a ou se con t or n a u m a ciden t e
n ot á vel com ba ixa visibilida de, som os obr iga dos a a u m en t a r a dist â n cia de t er r a , a fim de
com pen sa r a r est r içã o de visibilida de, com o qu e a du r a çã o do t r a jet o é a u m en t a da , a ca r r e-
t a n do m a ior dispên dio de t em po e com bu st ível.
Tr a ça n do n a Ca r t a Ná u t ica a rc o s d e d is tâ n c ia d e s e g u ra n ç a , com or igem em
pon t os selecion a dos da lin h a de cost a , pode-se est a belecer u m a lin h a d e s e g u ra n ç a (t a n -
gen t e a os r efer idos a r cos de dist â n cia ), por for a da qu a l u m a t r a vessia segu r a pode ser
feit a , u sa n do d is tâ n c ia s -ra d a r pa r a con t r ola r a n a vega çã o, a fim de ga r a n t ir qu e o n a vio
n ã o en t r e n a s dist â n cia s m ín im a s de segu r a n ça (F igu r a 14.44). Com isso, fica r edu zido o
pr oblem a m en cion a do n o pa r á gr a fo a n t er ior .

F ig u ra 14.44 - D is tâ n c ia s -ra d a r c o m o LD P d e s e g u ra n ç a

P a r a u sa r est e m ét odo, é essen cia l a ssegu r a r -se qu e a lin h a de cost a for n ece bon s
a lvos n a s dist â n cia s n ecessá r ia s e qu e a im a gem r a da r ser á r ea lm en t e da lin h a de cost a e
n ã o de a lvos m a is eleva dos sit u a dos n o in t er ior . Adem a is, o g a n h o n ã o deve ser r edu zido,
a fim de qu e o r a da r r eceba e a pr esen t e n a t ela os pr im eir os ecos r eflet idos pela lin h a de
cost a , em r ela çã o à qu a l deve-se m a n t er u m a dist â n cia m ín im a .
E st e m ét odo de d is tâ n c ia d e s e g u ra n ç a pode ser com pa r a do com o u so de â n gu los
ver t ica is e â n gu los h or izon t a is de per igo n a n a vega çã o visu a l (ver Ca pít u lo 7).
E m con dições n or m a is de visibilida de, a s dist â n cia s-r a da r de segu r a n ça podem ser
u sa da s pa r a a ssin a la r per igos a o la r go de u m a cost a on de sã o esca ssos os pon t os n ot á veis à
n a vega çã o por m ét odos visu a is.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 447


N a v e g a ç ã o ra d a r

14.3.5 F U N D EIO D E P RECIS ÃO COM O RAD AR


P ode ocor r er a n ecessida de de execu t a r u m fu n d e io d e p re c is ã o em ba ixa visibili-
da de, qu a n do o ra d a r pode ser o ú n ico a u xílio dispon ível. A u t iliza çã o de pr ocedim en t os
segu r os e bem defin idos é de gr a n de im por t â n cia n os fu n deios de pr ecisã o, pr in cipa lm en t e
qu a n do o m esm o vier a ser feit o por vá r ios n a vios de u m a F or ça n a m esm a á r ea , ou em
por t os con gest ion a dos. O pla n eja m en t o e a execu çã o do fu n d e io d e p re c is ã o devem ser
con du zidos de m a n eir a a la r ga r o fer r o exa t a m en t e sobr e o pon t o det er m in a do, com o m á xim o
de pr ecisã o.

a P REP ARAÇÃO D A CARTA


Ta l com o n o fu n deio de pr ecisã o por m ét odos visu a is, o fu n d e io d e p re c is ã o c o m o
ra d a r exige u m a pr epa r a çã o cu ida dosa :

• t r a ça r em t or n o do pon t o de fu n deio selecion a n do u m c írc u lo d e s e g u ra n ç a , t en do


com o r a io o fila m e (defin ido em fu n çã o da pr ofu n dida de do loca l e da n a t u r eza do fu n do)
som a do a o com pr im en t o do n a vio (F igu r a 14.45). Nen h u m per igo deve fica r den t r o desse
cír cu lo; pa r t icu la r a t en çã o deve ser da da a ou t r os n a vios fu n dea dos n a á r ea e a ba ixa s
pr ofu n dida des;
F ig u ra 14.45 - Círc u lo d e s e g u ra n ç a

• t r a ça r u m c írc u lo d e “la rg a r o fe rro ”


em t or n o do pon t o de fu n deio, t en do co-
m o r a io a dist â n cia h or izon t a l dos pe-
lor os a o escovém , ou , n o ca so de n a ve-
ga çã o r a da r , da a n t en a do r a da r a o es-
covém ;
• t r a ça r c írc u lo s d e d is tâ n c ia , a pa r t ir
do cír cu lo de “la r ga r o fer r o”. Nor m a l-
m en t e, esses cír cu los devem ser t r a ça -
dos a ca da 100 ja r da s, a t é o lim it e de
1000 ja r da s e, en t ã o, a 1200 ja r da s, 1500 ja r da s e 2000 ja r da s. O cír cu lo de “la r ga r o
fer r o” deve ser con sider a do com o “zer o”;
• t r a ça r a d e rro ta d e a p ro x im a ç ã o a o pon t o de fu n deio. O ru m o d e a p ro x im a ç ã o deve
ser escolh ido de for m a qu e se t en h a pela pr oa u m a lvo con spícu o n o r a da r , t a l com o a
pon t a m ost r a da n a F igu r a 14.46. Assim , a dist â n cia a essa r efer ên cia da r á con t in u a m en t e
u m a in dica çã o dir et a da dist â n cia a n a vega r a t é o p o n to d e fu n d e io . A a pr oxim a çã o
fin a l deve, se possível, ser feit a com o n a vio a pr oa do à cor r en t e, ou a o ven t o, se est e t iver
m a ior efeit o;
• det er m in a r a s dist â n cia s de r efer ên cia pa r a o fu n d e io d e p re c is ã o c o m o ra d a r. Um a
dist â n cia pela pr oa (pa r a a r efer ên cia de pr oa do r u m o fin a l) e u m a dist â n cia t ã o pelo
t r a vés qu a n t o possível.
Da m esm a for m a qu e n o fu n deio de pr ecisã o por m ét odos visu a is, n o t r a ça do do
fu n d e io d e p re c is ã o c o m o ra d a r t a m bém devem ser leva dos em con t a os d a d o s tá tic o s
do n a vio (a v a n ç o e a fa s ta m e n to ) pa r a a s gu in a da s pla n eja da s, obt idos da s c u rv a s d e
g iro cor r espon den t es à s v e lo c id a d e s e â n g u lo s de lem e qu e se pr et en de u t iliza r .

448 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


N a v e g a ç ã o ra d a r

b. EXECU ÇÃO D O F U N D EIO D E P RECIS ÃO COM O RAD AR


Na execu çã o do fu n deio de pr ecisã o, a posiçã o r a da r do n a vio é det er m in a da segu i-
da m en t e, de for m a a a ssegu r a r qu e a der r ot a pla n eja da est á sen do r ea lm en t e cu m pr ida . À
m edida qu e os c írc u lo s d e d is tâ n c ia sã o a t in gidos, o Com a n da n t e deve ser in for m a do,
pa r a qu e a velocida de possa ser a ju st a da , visa n do est a r o n a vio pa r a do a o a lca n ça r o p o n to
d e fu n d e io , qu a n do a a n t en a do r a da r dever á est a r sobr e o cír cu lo de “la r ga r o fer r o”, a
u m a dist â n cia do p o n to d e fu n d e io igu a l à dist â n cia h or izon t a l a n t en a do r a da r -escovém
(75 ja r da s n o exem plo da F igu r a 14.46).

F ig u ra 14.46 - F u n d e io d e p re c is ã o c o m o ra d a r

Mesm o com boa visibilida de, o r a da r a in da pode ser ba st a n t e ú t il n o fu n deio de


pr ecisã o, qu a n do pon t os n ot á veis à n a vega çã o visu a l sã o esca ssos ou in exist en t es, ou qu a n do
ou t r os n a vios est ã o fu n dea dos n a s pr oxim ida des (u sa -se o r a da r , en t ã o, pa r a m a n t er u m a
dist â n cia segu r a desses n a vios).
Após a fa in a , o r a da r t a m bém é de gr a n de u t ilida de n o con t r ole da posiçã o de fu n deio,
especia lm en t e em ba ixa visibilida de, pa r a ver ifica r se o n a vio est á ga r r a n do.
O fu n d e io d e p re c is ã o c o m o ra d a r t a m bém pode u t iliza r os con ceit os de n a vega çã o
pa r a lela in dexa da , a dia n t e a bor da dos.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 449


N a v e g a ç ã o ra d a r

14.3.6 N AVEGAÇÃO P ARALELA IN D EXAD A


A n a vega çã o r a da r em pr ega n do r et a s pa r a lela s a o r u m o do n a vio, t r a ça da s n a Ca r t a
e n a t ela do r a da r , dest in a -se a con t r ola r a sit u a çã o do n a vio com r ela çã o à der r ot a pla n eja da ,
a lém de in dica r á r ea s de per igo a ser em evit a da s. Com pa r a da com a n a vega çã o r a da r ele-
m en t a r , a n a v e g a ç ã o p a ra le la in d e x a d a t em a va n t a gem de pr over in fo rm a ç ã o e m
te m p o re a l do a fa st a m en t o do n a vio em r ela çã o à der r ot a pla n eja da , a ssim com o da a pr o-
xim a çã o de á r ea s per igosa s.
As posições 1, 2, e 3, n a ca r t a e n a r epet idor a do r a da r (F igu r a 14.47), a pr esen t a m o
desloca m en t o do n a vio sobr e a der r ot a pla n eja da a t é o in st a n t e em qu e a ilh a se en con t r a va
n o t r a vés de bor est e; a s posições 4 e 5 m ost r a m o n a vio a fa st a do da der r ot a pa r a bom bor do.
A dist â n cia exa t a for a da der r ot a poder á ser m edida en t r e o eco da ilh a e o pon t o m a is
pr óxim o da r et a pa r a lela in dexa da (t r a ça da n a r epet idor a , com lá pis de cer a ). P a r a m a ior
fa cilida de, poder ã o ser con st r u ída s esca la s gr a du a da s pa r a ca da esca la da r epet idor a .
F ig u ra 14.47 - Re ta P a ra le la In d e x a d a

a P REP ARAÇÃO

Ra d a r
A pr epa r a çã o do r a da r visa a obt en çã o da m elh or a pr esen t a çã o possível, n a esca la
m a is cu r t a da r epet idor a . E sca la s m a ior es qu e 6 m ilh a s r a r a m en t e sã o u t iliza da s em n a ve-
ga çã o em á gu a s r est r it a s. P a r a m elh or r esolu çã o, o r a da r dever á ser oper a do em pu lso
cu r t o (SH ORT P ULSE ) e fa ixa est r eit a (NARROW BANDWIDH T), pois n essa s con dições
h á u m a u m en t o n a discr im in a çã o de dist â n cia e m elh or ia n a a pr esen t a çã o r a da r .
Os segu in t es a spect os m er ecem a t en çã o per m a n en t e:
• o s c o n tro le s s u p re s s o re s (A/C RAIN, A/C SE A, STC e F TC), o brilh o (BRILLIANCE )
e o g a n h o (GAIN) dever ã o ser u t iliza dos pa r a elim in a r da a pr esen t a çã o r a da r a ch u va ,
o r et or n o do m a r e os ecos fa lsos; m a s é n ecessá r io qu e a u t iliza çã o seja cu ida dosa , pa r a
qu e pequ en os con t a t os, t a is com o bóia s, ba liza s e pequ en a s em ba r ca ções, n ã o seja m
t a m bém elim in a dos;
• a dist â n cia à s su per fícies r eflet or a s, bem com o a s con dições m et eor ológica s e de pr opa -
ga çã o, va r ia m con st a n t em en t e a o lon go da der r ot a , o qu e r equ er fr eqü en t es a ju st a gen s
dos con t r oles de brilh o e g a n h o ;

450 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


N a v e g a ç ã o ra d a r

• u m a r epet idor a a pr esen t a n do boa lin e a rid a d e é u m pr é-r equ isit o pa r a a r ea liza çã o da
n a v e g a ç ã o p a ra le la in d e x a d a pr ecisa . A con diçã o de lin e a rid a d e pode ser fa cilm en t e
ver ifica da u t iliza n do-se u m com pa sso pa r a com pa r a r , fisica m en t e, a dist â n cia en t r e os
a n éis de dist â n cia em ca da esca la qu e for ser u t iliza da . Ta m bém , a s pa r a lela s in dexa da s
da pr ópr ia r epet idor a poder ã o ser u t iliza da s pa r a est a ver ifica çã o. Se, em qu a lqu er esca la ,
os a n éis de dist â n cia n ã o est iver em equ idist a n t es, h á fa lt a de lin ea r ida de. Na F igu r a
14.48 sã o a pr esen t a dos exem plos exa ger a dos de fa lt a de lin ea r ida de, pa r a ilu st r a çã o.
Dist â n cia s pr ecisa s e m a r ca ções poder ã o ser obt ida s em u m a r epet idor a n ã o lin ea r ; os
er r os su r gir ã o n a s m edida s feit a s en t r e dois pon t os n o P P I e n ã o n a s m edida s r a dia is.

F ig u ra 14.48 - Lin e a rid a d e

• os con t r oles de cen t r a gem da a pr esen t a çã o devem ser a ju st a dos com a t en çã o; u m a


a pr esen t a çã o r a da r descen t r a liza da r edu n da r á em er r os de m a r ca çã o em t oda s ou em
a lgu m a s m a r ca ções. A m a r ca de pr oa (SH M) dever á ser ver ifica da por com pa r a çã o com
u m a r epet idor a da gir o qu e n ã o a pr esen t e er r o em r ela çã o à a gu lh a m est r a . Mesm o
a ssim , n ã o se pode a ssu m ir qu e a a pr esen t a çã o est eja sem pr e a lin h a da ; é con ven ien t e
qu e se fa ça u m a ver ifica çã o da or ien t a çã o da a pr esen t a çã o, a t r a vés de com pa r a ções de
m a r ca ções r a da r e visu a l de pon t os con spícu os de t er r a .
• o er r o de dist â n cia da r epet idor a a ser u t iliza da em n a vega çã o dever á ser det er m in a do
pa r a ca da esca la , a n t es de in icia r a t r a vessia ; os r esu lt a dos, sob for m a de cor r eções a
ser em a plica da s à s dist â n cia s, dever ã o ser a n ot a dos com lá pis de cer a n a per ifer ia do
P P I, e t oda s a s dist â n cia s in for m a da s já dever ã o in cor por a r essa s cor r eções. A m a ior ia
dos a t r a ca dou r os per m it e qu e se com pa r em dist â n cia s obt ida s n a ca r t a com a s obt ida s
pelo r a da r , a n t es do n a vio su spen der . A det er m in a çã o do er r o qu a n do n a vega n do ser á
t r a t a da m a is a dia n t e.
• qu a n do a r epet idor a n ã o possu ir r ecu r so pa r a descen t r a gem do cu r sor de dist â n cia , esca la s
gr a du a da s em m ilh a s e com u m a m ilh a su bdividida em décim os ou em cen t en a s de ja r da s
dever ã o ser con st r u ída s pa r a ca da esca la da r epet idor a , de m odo a per m it ir qu e dist â n cia s
en t r e pon t os n a a pr esen t a çã o r a da r possa m ser fa cilm en t e det er m in a da s u t iliza n do-se
u m com pa sso.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 451


N a v e g a ç ã o ra d a r

Ca rta
Con sider a ções n or m a is à escolh a de u m a der r ot a se a plica m qu a n do da pr epa r a çã o
e do pla n eja m en t o de u m a n a vega çã o em á gu a s r est r it a s e/ou ba ixa visibilida de. Algu n s
fa t or es a dicion a is dever ã o, en t r et a n t o, ser con sider a dos:

• a a r t e de n a vega r r equ er a u n ifor m iza çã o de sím bolos e t r a ça dos, de m odo qu e a execu çã o


de u m pla n eja m en t o possa ser fa cilm en t e com pr een dida . A n a vega çã o em ba ixa visibili-
da de r equ er o m esm o t r a t a m en t o; por t a n t o, é su ger ido qu e:
• a s r et a s pa r a lela s in dexa da s pr in cipa is seja m r epr esen t a da s por lin h a s con t ín u a s;
• a s r et a s de segu r a n ça seja m r epr esen t a da s por lin h a s t r a ceja da s; e
• a s cu r va s de gu in a da seja m r epr esen t a da s por lin h a s pon t ilh a da s;
• o m en or n ú m er o possível de m u da n ça s de r u m o deve ser a dot a do, pois, a ca da u m a , o
oficia l de n a vega çã o t er á de dedica r cer t o t em po n o t r a ça do de n ova s r et a s pa r a lela s
in dexa da s n a r epet idor a , com pr eju ízo pa r a a a va lia çã o da sit u a çã o e pa r a o a ssessor a -
m en t o a o com a n do;
• ca da per n a da da der r ot a dever á ser escolh ida t en do em m en t e a esca la qu e ser á u sa da
n a r epet idor a ; qu a n t o m a is cu r t a a esca la u t iliza da , m a ior a pr ecisã o da n a vega çã o;
m a s, por ou t r o la do, os pon t os de t er r a a dot a dos pa ssa r ã o r a pida m en t e, exigin do qu e
n ova s r et a s pa r a lela s in dexa da s seja m t r a ça da s, com a con seqü en t e per da de t em po;
• sem pr e qu e possível, devem -se t er r et a s pa r a lela s in dexa da s em a m bos os bor dos da
der r ot a , pois ser ã o u m a segu r a n ça con t r a er r os de iden t ifica çã o de pon t os de t er r a e
poder ã o in dica r , a in da , a exist ên cia de er r os de dist â n cia n a r epet idor a , ou fa lt a de li-
n ea r ida de;

F ig u ra 14.49 -

452 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


N a v e g a ç ã o ra d a r

• deve ser est a belecido qu a n do ser á m u da da de u m a pa r a lela in dexa da pa r a a segu in t e.


No exem plo da F igu r a 14.49, dever á ser m u da do de P ONTA 1 pa r a P ONTA 4 n a posiçã o
A, com t em po su ficien t e pa r a a t r oca segu in t e, de BÓIA 2 pa r a o P IE R 3, n a posiçã o B ,
oca siã o em qu e a BÓIA 2 est a r á a t in gin do o lim it e ext er n o da t ela do P P I.

Re ta s d e S e g u ra n ç a
Con ju n t os com plet os de r et a s de segu r a n ça , com su a s dist â n cia s à s r et a s pa r a lela s
in dexa da s e à der r ot a pla n eja da , dever ã o ser t r a ça dos n a ca r t a . E la s ser ã o de ext r em o
va lor pa r a in dica r o qu a n t o o n a vio poder á se a fa st a r , com segu r a n ça , da der r ot a pla n eja da .
P a r a evit a r excesso de t r a ça do n o P P I, a pen a s a qu ela s de im por t â n cia im edia t a dever ã o
ser u t iliza da s, en qu a n t o o n a vio est iver segu in do a der r ot a . Qu a n do ocor r er u m a fa st a m en t o
da der r ot a pa r a evit a r ou t r o n a vio (ou devido a u m a a va r ia , h om em a o m a r , ou ou t r o m ot ivo
qu a lqu er ), é essen cia l qu e u m con ju n t o com plet o de r et a s de segu r a n ça seja pr on t a m en t e
t r a ça do n a r epet idor a . Na F igu r a 14.50, for a m t r a ça da s n a ca r t a re ta s d e s e g u ra n ç a ,
r epr esen t a da s por lin h a s t r a ceja da s, sign ifica n do:

F ig u ra 14.50 - Re ta s d e s e g u ra n ç a

• ilh a A (pa r a lela in dexa da 0.7' por BB): pr ofu n dida des segu r a s a t é 0.2' (400jd) a BB; e
• pon t a B (pa r a lela in dexa da 0.5' por BE ): pr ofu n dida des segu r a s a t é 0.1' (200jd) a BE .
Ou t r os det a lh es m ost r a dos n a F igu r a :
• pier : 0.4' (800jd) por BE ;
• 5M: dist â n cia de 5M pa r a o pon t o de dest in o, qu a n do est iver m os n o t r a vés da ilh a A; e
• 4M: dist â n cia de 4M pa r a o pon t o de dest in o, qu a n do est iver m os n o t r a vés do pier .

Erro d e D is tâ n c ia
Com o o er r o de dist â n cia va r ia fr eqü en t em en t e, a s vezes devido a va r ia ções de
volt a gem ou a va r ia ções de t em per a t u r a in t er n a do equ ipa m en t o, é n ecessá r io, pa r a u m a
n a vega çã o de pr ecisã o, qu e o er r o de dist â n cia seja det er m in a do em t oda s a s opor t u n ida des
d u r a n t e a t r a ves s ia . A p r ep a r a çã o p r évia p od e r ed u zir o t em p o n eces s á r io p a r a a
d et er m in a çã o d o er r o d e d is t â n cia a a p en a s d ez s egu n d os , evit a n d o, a in d a , qu e a s
opor t u n ida des seja m per dida s ou a ver ifica çã o esqu ecida .

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 453


N a v e g a ç ã o ra d a r

O er r o poder á ser det er m in a do t om a n do-se a dist â n cia -r a da r com a m a ior pr ecisã o


possível, en t r e dois pon t os de t er r a con spícu os n o P P I e r epr esen t a dos n a ca r t a , n o in st a n t e
em qu e o n a vio est iver pa ssa n do n o a lin h a m en t o en t r e eles.
A som a da s du a s dist â n cia s-r a da r , com pa r a da com a dist â n cia obt ida n a ca r t a , in dica
o dobr o do er r o, já qu e du a s dist â n cia s for a m u t iliza da s.

F ig u ra 14.51 - D e te rm in a ç ã o d o e rro d e d is tâ n c ia

No exem plo da F igu r a 14.51, t er ía m os:


P ONTA A: 2.1 M
BALIZA : + 2.3 M
DISTÂNCIA NO RADAR: 4.4 M
DISTÂNCIA NA CARTA: – 4.2 M
DIF E RE N ÇA: 0.2 M
E RRO DE DISTÂNCIA: 0.1 M (a su bt r a ir ).

Mu d a n ç a s d e Ru m o
A posiçã o pa r a in ício de gu in a da n a s m u da n ça s de r u m o é est a belecida e plot a da , em
n a vega çã o pa r a lela in dexa da , da m esm a m a n eir a qu e em n a vega çã o visu a l, ist o é, leva n do
em con sider a çã o a dist â n cia a ser per cor r ida pelo n a vio a t é a t in gir o n ovo r u m o, ou seja o
a v a n ç o e o a fa s ta m e n to . Na F igu r a 14.52 est ã o m ost r a dos o pon t o de gu in a da , r et a s
pa r a lela s in dexa da s e r et a s de segu r a n ça , pa r a a s du a s per n a da s da der r ot a pla n eja da .

F ig u ra 14.52 -

454 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


N a v e g a ç ã o ra d a r

b. TRAÇAD O N O P P I
O oficia l de n a vega çã o dever á m a n t er -se a dia n t a do n o t r a ça do da s r et a s in dexa da s
n o P P I, ist o é, dever á t r a ça r o pr óxim o con ju n t o de r et a s t ã o logo a s qu e est eja m em u so
possa m ir sen do a pa ga da s.

F ig u ra 14.53 - Cro qu is d a d e rro ta

A fim de evit a r obscu r ecer ecos r a -


da r e visa n do a u m en t a r a pr ecisã o, a s
r et a s p a r a lela s in d exa d a s d ever ã o s er
t r a ça da s o m a is leve possível. Os lá pis
“Om n ich r om e”, n a s cor es a zu l, ver m elh o
e a m a r elo, a pr esen t a m m elh or r esu lt a do
qu e os lá pis de cer a com u n s. Ca da r et a
AF d e ve r á , p or s u a ve z, s e r id e n t ifica d a
a br evia da m en t e e com in dica çã o da esca la
AV a plicá vel, deven do ser pa r a lela a o r u m o
n o fu n do e n ã o à pr oa do n a vio ou à pr oa
esper a da .
A p r e p a r a çã o d e e s q u e m a s ,
desen h os e cr oqu is de pa r t es n ot á veis da
der r ot a , r et ir a dos da ca r t a , podem ser de
ext r em a u t ilida de, evit a n do o a fa st a m en t o
do oficia l do P P I pa r a con su lt a à ca r t a
(F igu r a 14.53). Igu a lm en t e, esqu em a s do
t r a ça do do P P I, feit os n a a t m osfer a fr ia
do est á gio de pla n eja m en t o, a ju da r ã o a
evit a r er r os du r a n t e a fa se de t r a vessia ;
a s p r ofu n d id a d e s m ín im a s e s p e r a d a s
m er ecem u m a a n ot a çã o com dest a qu e.

c. ID EN TIF ICAÇÃO D E ECOS RAD AR


Qu a n do n ecessá r io iden t ifica r a lgu m eco r a da r , é m elh or u t iliza r com o r efer ên cia s a
dist â n cia e m a r ca çã o em r ela çã o a u m ou t r o eco r a da r de pon t o de t er r a já iden t ifica do, do
qu e em r ela çã o a o n a vio, cu ja posiçã o poder á n ã o est a r pr ecisa n a qu ela oca siã o.

d. COMEN TÁRIOS E S U GES TÕES P ARA A MAN OB RA


O r espon sá vel pela con du çã o da n a vega çã o r a da r deve m a n t er u m con t ín u o, con st a n t e,
pr eciso e com plet o flu xo de in for m a ções e su gest ões pa r a o com a n do. P er íodos lon gos de
silên cio dã o m a r gem a qu e a im a gin a çã o e a a n sieda de n o pa ssa diço seja m a t iva da s, com o
con seqü en t e flu xo de per gu n t a s, o qu e deve ser evit a do. In for m a ções ir r eleva n t es segu ida s,
com a in t en çã o de evit a r qu e os dem a is fa lem , sã o igu a lm en t e in desejá veis.
As su gest ões sobr e a pr óxim a m u da n ça de r u m o devem ser , excet o qu a n do em em er -
gên cia , t r a n sm it ida s com o m ot ivo, com o, por exem plo: “dois m in u t os pa r a o pon t o de gu in a da ,
bor est e 120°, de a cor do com o pla n o pa r a con t or n a r o qu ebr a -m a r ”.
Ou t r os it en s a com en t a r , sem qu a lqu er or dem de pr ior ida de, sã o:
• in for m a r r egu la r m en t e a posiçã o do n a vio em r ela çã o à der r ot a ; se for a dela , o bor do, o
qu a n t o, e se est á r et or n a n do.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 455


N a v e g a ç ã o ra d a r

• in for m a r det a lh es dos sin a is de a u xílio à n a vega çã o ou pon t os n ot á veis esper a dos.
• in for m a r a s lim it a ções de m a n obr a . E xem plo: “Águ a s sa fa s a t é 500 ja r da s a bor est e e
800 ja r da s a bom bor do, n a pr óxim a m ilh a e m eia ”.
• m a n t er a t en çã o a os a lvos qu e se a pr oxim a m , pr in cipa lm en t e qu a n t o a o m ovim en t o de
m a r ca ções e a “r a t e” de va r ia çã o de dist â n cia ; deve ser lem br a do, n o en t a n t o, qu e n ã o é
o ú n ico qu e pode vê-los e, por t a n t o, deve per m it ir qu e o oficia l con t r ola dor de con t a t os
fa ça o seu t r a ba lh o.
• in for m a r os r esu lt a dos da s ver ifica ções dos er r os de dist â n cia e de a lin h a m en t o r a da r .

e. P OS IÇÕES RAD AR
Os “m a r qu es” devem ser da dos com u m in t er va lo t a l qu e per m it a a obt en çã o de
posições r a da r su ficien t es à m a n u t en çã o da n a vega çã o pr ecisa . Isso, fr eqü en t em en t e, en t r a
em con flit o com ou t r a s t a r efa s do oper a dor da r epet idor a , obr iga n do-o a t r a ba lh a r com
m a ior r a pidez, sem pr eju ízo, por ém , da n ecessá r ia pr ecisã o. Na s r epet idor a s qu e possu em
“st r obe” sobr e a va r r edu r a r a da r , a u t iliza çã o dos a n éis de dist â n cia , em bor a m a is r á pida ,
per de em pr ecisã o qu a n do é n ecessá r io in t er pola r . Um m ét odo eficien t e con sist e em m a r ca r
com lá pis de cer a a posiçã o dos pon t os selecion a dos n o in st a n t e do “m a r qu e”, e efet u a r
post er ior m en t e a leit u r a da s dist â n cia s u t iliza n do o “st r obe” de dist â n cia . E sse m ét odo
per m it e qu e se obt en h a m a s dist â n cia s com pr ecisã o, sem qu e seja in t r odu zido er r o devido
a o m ovim en t o do n a vio, a pr esen t a n do, t a m bém , com o va n t a gem a possibilida de de r á pida
con fir m a çã o, ca so a plot a gem n ã o in diqu e u m a boa posiçã o.

f. MU D AN ÇAS D E RU MO
É va n t a josa a a doçã o de u m a r ot in a pa r a efet u a r m u da n ça s de r u m o, com o, por
exem plo:
• ver ifica r se a á r ea en con t r a -se sa fa pa r a efet u a r a m u da n ça de r u m o (r epor t a r );
• su ger ir a gu in a da ;
• ver ifica r se a s or den s pa r a o t im on eir o r eflet em o qu e foi su ger ido;
• obser va r a “r a t e” de gu in a da ;
• qu a n do “a ca m in h o”, su ger ir cor r eções de r u m o pa r a posicion a m en t o sobr e a der r ot a ; e
• in for m a r a lvos, bóia s, et c.

g. F U N D EIO D E P RECIS ÃO COM N AVEGAÇÃO P ARALELA IN D EXAD A


A u t iliza çã o da n a vega çã o pa r a lela in dexa da du r a n t e u m fu n deio n a da m a is é do qu e
u m a ext en sã o da t écn ica vist a a n t er ior m en t e.
A a pr oxim a çã o a o fu n dea dou r o é efet u a da u sa n do o m esm o pr in cípio já est u da do, ou
seja , o da escolh a de pon t os r a da r con spícu os (se possível u m em ca da bor do da der r ot a
pla n eja da ), pa r a u t iliza çã o n o t r a ça do da s r et a s pa r a lela s in dexa da s. Se n ecessá r io, r et a s
de segu r a n ça poder ã o ser pr evist a s, a ler t a n do sobr e a s á r ea s per igosa s à n a vega çã o. O
r u m o fin a l dever á ser escolh ido de m odo qu e se t en h a pela pr oa u m pon t o con spícu o n o
r a da r , qu e ser vir á de r efer ên cia pa r a o fu n deio, em u m a dist â n cia det er m in a da .

456 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


N a v e g a ç ã o ra d a r

F ig u ra 14.54 - F u n d e io d e p re c is ã o c o m n a v e g a ç ã o p a ra le la in d e x a d a

Na F igu r a 14.54, por exem plo, su pon h a m os qu e o ru m o fin a l escolh ido pa r a o fu n d e io


d e p re c is ã o é 290°, t en do com o re fe rê n c ia d e p ro a u m a ilh a con spícu a n o r a da r . O p o n to
d e fu n d e io est á a 1 m ilh a da r efer ida ilh a . Na á r ea h á u m pier por BE qu e pode ser u t iliza do
pa r a o t r a ça do de u m a r et a pa r a lela in dexa da . O n a vega n t e, en t ã o, execu t a o segu in t e:
1. n a ca r t a , a pós t r a ça r o r u m o fin a l 290° e plot a r o pon t o de fu n deio a 1 m ilh a da ilh a ,
con for m e a n t er ior m en t e vist o, t r a ça a r et a pa r a lela com r ela çã o à ext r em ida de do pier e
det er m in a a su a dist â n cia à der r ot a pla n eja da ;
2. n a r epet idor a , a lin h a o cu r sor de pa r a lela s n a dir eçã o da der r ot a pla n eja da (290°);
3. u sa n do a s lin h a s pa r a lela s do cu r sor com o gu ia , t r a ça n a t ela , a u m a dist â n cia do cen t r o
do P P I igu a l à det er m in a da em (1), a r et a pa r a lela in dexa da , qu e r epr esen t a a lin h a de
m ovim en t o r ela t ivo da ext r em ida de do pier , se o n a vio est iver sobr e a der r ot a pla n eja da ;
4. n a lin h a cen t r a l do cu r sor de pa r a lela s (or ien t a do n a dir eçã o 290°), fa z u m a m a r ca a 1
m ilh a do cen t r o do P P I e r egist r a LG (pon t o de la r ga da do fer r o, cu ja dist â n cia a o pon t o
de fu n deio é igu a l à dist â n cia h or izon t a l da a n t en a do r a da r a o escovém ); e
5. fa z ou t r a m a r ca n a lin h a cen t r a l do cu r sor de pa r a lela s, 1 m ilh a a lém do pon t o LG e
su bdivide est a m ilh a , con for m e m ost r a do n a F igu r a .
Se o n a vio, n a a pr oxim a çã o a o pon t o de fu n deio, est iver sobr e a d e rro ta p la n e ja d a ,
a r et a pa r a lela in dexa da t r a ça da n a r epet idor a ir á t a n gen cia r a im a gem r a da r da ca beça do
pier , qu e, em seu m ovim en t o r ela t ivo, m a n t er -se-á sobr e a pa r a lela in dexa da en qu a n t o o
n a vio segu ir a der r ot a pla n eja da . Se o n a vio desvia r -se da der r ot a , a im a gem do pier a fa st a r -
se-á da r et a pa r a lela in dexa da e o n a vio dever á cor r igir o r u m o, de m odo a qu e a ext r em ida de
do pier r et or n e à r et a t r a ça da .
Com o n a vio sen do m a n t ido sobr e a der r ot a pla n eja da , u sa -se a re fe rê n c ia d e p ro a
pa r a da r in dica ções da dist â n cia a o pon t o de fu n deio. Qu a n do a m a r ca “1” a lca n ça a bor da
in t er n a do “pip” da ilh a , a dist â n cia a per cor r er ser á de 1 m ilh a . Qu a n do a m a r ca “0.5” t oca
o "pip", r est a 0.5 m ilh a (ou 1000 ja r da s) pa r a o pon t o de fu n deio, e a ssim por dia n t e. O fer r o
dever á ser la r ga do com o n a vio pa r a do, qu a n do a m a r ca LG t oca r a bor da in t er n a do “pip”
da ilh a , ist o é, com o n a vio exa t a m en t e a 1 m ilh a da ilh a .

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 457


N a v e g a ç ã o ra d a r

14.4 U S O D O RAD AR P ARA EVITAR


COLIS ÃO N O MAR

14.4.1 MOVIMEN TO RELATIVO


O ra d a r t a m bém é u m r ecu r so de en or m e im por t â n cia pa r a evit a r colisões n o m a r ,
especia lm en t e em con dições de visibilida de r est r it a , possibilit a n do a det ecçã o a n t ecipa da
de ou t r os n a vios (com o t em po r equ er ido pa r a u m a cor r et a a va lia çã o da sit u a çã o) e for n ecen do
elem en t os qu e per m it a m m a n obr a r com segu r a n ça , de a cor do com a s r egr a s de n a vega çã o
(ver Ca pít u lo 15).
Con for m e vist o, a im a gem r a da r (t a n t o a e s ta biliza d a , com o a n ã o e s ta biliza d a )
con st it u i u m a a p re s e n ta ç ã o e m m o v im e n to re la tiv o * , n a qu a l o n osso n a vio m a n t ém -
se fixo n o cen t r o da t ela do in dica dor e t odos os a lvos sã o m ost r a dos com o seu m ovim en t o
r ela t ivo (com r efer ên cia a o n os s o n a vio). As s im s en d o, é es s en cia l qu e s eja m bem
com pr een didos os fu n da m en t os do m o v im e n to re la tiv o .
O m o v im e n to a bs o lu to ou m o v im e n to v e rd a d e iro de u m n a vio é defin ido em
t er m os do seu ru m o v e rd a d e iro e su a v e lo c id a d e , t om a dos com r ela çã o a u m pon t o fixo
n a Ter r a . E n t r et a n t o, o m ovim en t o de u m objet o pode, a in da , ser defin ido em t er m os de su a
d ire ç ã o e v e lo c id a d e com r ela çã o a ou t r o objet o qu e t a m bém se m ove, qu a n do, en t ã o, se
den om in a m o v im e n to re la tiv o .
O m o v im e n to re la tiv o de u m n a vio (ist o é, o m ovim en t o de u m n a vio com r ela çã o a
ou t r o, qu e t a m bém se m ove) é defin ido pela D IREÇÃO D O MOVIMEN TO RELATIVO
(D MR ) e pela VELOCID AD E D O MOVIMEN TO RELATIVO (VMR).
Assim , ca da for m a de m ovim en t o pode ser defin ida por u m v e to r, r epr esen t a n do
su a d ire ç ã o e v e lo c id a d e de desloca m en t o.

F ig u ra 14.55 - Mo v im e n to re la tiv o e n tre d o is n a v io s

* Tem se t or n a do cr escen t e o u so da a p re s e n t a ç ã o ra d a r e m m o v im e n t o v e rd a d e iro . E n t r et a n t o, pa r a


u t iliza çã o do r a da r com o m eio de evit a r colisões n o m a r , o em pr ego da a p re s e n t a ç ã o e m m o v im e n t o
re la t iv o ofer ece, sem dú vida s, m a ior es va n t a gen s.

458 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


N a v e g a ç ã o ra d a r

P a r a fir m a r idéia s, va m os exa m in a r u m a sit u a çã o qu e en volva m o v im e n to re la tiv o


en t r e 2 n a vios. Na F igu r a 14.55, o n a vio A, n a p o s iç ã o g e o g rá fic a A 1, n o ru m o v e rd a d e iro
000°, v e lo c id a d e 15 n ós, obser va o n a vio B n o P P I, n a m a rc a ç ã o 180°, d is tâ n c ia 4 m ilh a s.
A m a rc a ç ã o e d is tâ n c ia do n a vio B va r ia m à m edida qu e A pr ocede da p o s iç ã o g e o g rá fic a
A 1 pa r a A 3 . Na p o s iç ã o g e o g rá fic a A 2 , B foi m a r ca do a os 134°, n a dist â n cia de 3.8 m ilh a s.
E m A 3 , o n a vio B est á n a m a r ca çã o 104°, dist â n cia de 5.5 m ilh a s. O m o v im e n to re la tiv o
do n a vio B com r efer ên cia a o n a vio A est á ilu st r a do n a s su cessiva s a pr esen t a ções do P P I do
r a da r de A, m ost r a da s n a F igu r a 14.55.
Da m esm a for m a , o n a vio B , n o ru m o v e rd a d e iro 026°, v e lo c id a d e 22 n ós, n a
p o s iç ã o g e o g rá fic a B 1 obser va o n a vio A n o P P I do seu r a da r , n a m a rc a ç ã o 000°, d is -
tâ n c ia de 4 m ilh a s. A m a rc a ç ã o e d is tâ n c ia de A va r ia m à m edida qu e o n a vio B pr ocede
da p o s iç ã o g e o g rá fic a B 1 pa r a B 3 . E m B 2 , A é m a r ca do a os 314°, n a dist â n cia de 3,8
m ilh a s. Na p o s iç ã o g e o g rá fic a B 3 , a m a r ca çã o do n a vio A é 284°, dist â n cia de 5.5 m ilh a s.
O m o v im e n to re la tiv o do n a vio A com r efer ên cia a o n a vio B est á ilu st r a do n a s su cessiva s
a pr esen t a ções do P P I do r a da r de B , t a m bém m ost r a da s n a F igu r a 14.55.
Se o oper a dor do r a da r do n a vio A plot a r a s p o s iç õ e s re la tiv a s su cessiva s do a lvo B
(com r efer ên cia à posiçã o do seu n a vio, fixo n o cen t r o do P P I), obt er á u m t r a ça do den om in a do
P LOTAGEM RELATIVA, com o ilu st r a do n a F igu r a 14.56. Se o oper a dor do r a da r do n a vio
B plot a r a s p o s iç õ e s re la tiv a s do n a vio A, obt er á a P LOTAGEM RELATIVA ilu st r a da
n a F igu r a 14.57. P a r a o oper a dor do r a da r do n a vio A, t u do se pa ssa com o se A est ivesse
pa r a do e B segu isse o ca m in h o a pa r en t e B 1 , B 2 , B 3 (F igu r a 14.56). O oper a dor r a da r de A,
com ba se n a P LOTAGEM RELATIVA det er m in a qu e a D IREÇÃO D O MOVIMEN TO
RELATIVO (DMR) do a lvo B é 063°. P a r a o oper a dor do r a da r do n a vio B , t u do se pa ssa
com o se B est ivesse pa r a do e A segu isse o c a m in h o a p a re n te A 1 , A 2 , A 3 (F igu r a 14.57), n a
dir eçã o DMR = 243°.

F ig u ra 14.56 - Mo v im e n to d e B c o m re la ç ã o F ig u ra 14.57 - Mo v im e n to d e A c o m re la ç ã o
a A (o bs e rv a d o n a te la d o ra d a r d e A) a B (o bs e rv a d o n a te la d o ra d a r d e B )

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 459


N a v e g a ç ã o ra d a r

F ig u ra 14.58 -
Nest e pon t o, é de im por t â n cia fu n -
d a m e n t a l e n t e n d e r q u e o m ovim e n t o
defin ido pela P LOTAGEM RELATIVA
e m ca d a P P I n ã o r e p r e s e n t a o
movimento ve rdade iro (r u m o
v e r d a d e i r o e v e l o c i d a d e ) d o ou t r o
n a vio. A F igu r a 14.58 ilu s t r a o r u m o
v e r d a d e i r o d o n a vio B , r ep r es en t a d o
sobr e a P LOTAGEM RELATIVA de B ,
obt id a p ela s in for m a ções d o r a d a r d o
n a vio A. P a r a d et er m in a r o r u m o
v e r d a d e i r o e a v e l o c i d a d e d e ou t r o
n a vio, sã o n ecessá r ios cá lcu los a dicion a is,
u sa n do vet or es r ela t ivos e ver da deir os.
O m o v i m e n t o re la t i v o é, en t ã o, defin ido em t er m os de D IR E ÇÃO D O MO-
VIMEN TO RELATIVO (DMR) e VELOCID AD E D O MOVIMEN TO RELATIVO (VMR).
A D I R E Ç ÃO D O MO VI ME N T O R E L AT I VO , con for m e já m e n cion a d o, é ob t id a
dir et a m en t e da P LOTAGEM RELATIVA (t en do o cu ida do de ver ifica r o sen t ido cor r et o
do r efer ido m ovim en t o, a fim de evit a r t om a r a r ecípr oca ). Assim sen do, n a F igu r a 14.56, a
D MR do a lvo B é 063°. P a r a det er m in a r a VELOCID AD E D O MOVIMEN TO RELATIVO
(VMR), t em os qu e con sider a r a d is tâ n c ia re la tiv a per cor r ida e o in te rv a lo d e te m p o
cor r espon den t e. Dest a for m a , n a F igu r a 14.56, se a d is tâ n c ia re la tiv a B 1 -B 3 é de 11 m ilh a s
e se o in te rv a lo d e te m p o decor r ido en t r e a s posições é de 1 h or a , a VMR do a lvo B é de 11
n ós.
É óbvio qu e só exist e m o v im e n to re la tiv o de u m n a vio, com r ela çã o a ou t r o, qu a n do
seu s m o v im e n to s a bs o lu to s (v e rd a d e iro s ) difer ir em em v e lo c id a d e e/ou d ire ç ã o .

14.4.2 MÉTOD O D O MOVIMEN TO RELATIVO


O Mé t o d o d o Mo v i m e n t o R e la t i v o divide-se em du a s pa r t es: D i a g ra m a d a s
P o s iç õ e s Re la tiv a s e D ia g ra m a d a s Ve lo c id a d e s .

F ig u ra 14.59 -

460 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


N a v e g a ç ã o ra d a r

a. D IAGRAMA D AS P OS IÇÕES RELATIVAS


No d ia g ra m a d a s p o s iç õ e s re la tiv a s , o n a v io re fe rê n c ia (em r ela çã o a o qu a l
deve ser m ost r a do o m o v im e n to re la tiv o ) é r epr esen t a do por u m p o n to fix o , n o cen t r o do
dia gr a m a , design a do pela let r a R. O ou t r o n a vio, gen er ica m en t e den om in a do a lv o , ou c o n -
ta c to , é r epr esen t a do pela let r a M (n a vio m a n obr a dor ), sen do su a s p o s iç õ e s re la tiv a s
su cessiva s design a da s por ín dices (M 1, M 2, M 3, et c.).
Na F igu r a 14.59 (A), est á r epr esen t a da a p lo ta g e m g e o g rá fic a (ou v e rd a d e ira )
dos m o v im e n to s a bs o lu to s (ou v e rd a d e iro s ) de 2 n a vios (R e M). Na F igu r a 14.59 (B)
est á r epr esen t a da a P LOTAGEM RELATIVA ou o d ia g ra m a d a s p o s iç õ e s re la tiv a s de
M com r ela çã o a R (n a v io d e re fe rê n c ia ). O d ia g ra m a d a s p o s iç õ e s re la tiv a s é con st r u ído
m a n t en do R em u m p o n to fix o e plot a n do a s posições su cessiva s de M (M 1, M 2, M 3, M 4 e
M 5) u t iliza n do a s m a rc a ç õ e s v e rd a d e ira s e d is tâ n c ia s do a lvo obt ida s em R . No r a da r
do n a v io d e re fe rê n c ia (R) a im a gem cor r espon den t e est á m ost r a da n a F igu r a 14.60.
O d ia g ra m a d a s p o s iç õ e s re la tiv a s per m it e obt er os segu in t es elem en t os:
D IREÇÃO D O MOVIMEN TO RELATIVO (D MR ), qu e é, por a ssim dizer , o ru m o d o
m o v im e n to re la tiv o , m edido dir et a m en t e sobr e a P LOTAGEM RELATIVA. Na F igu r a
14.60, DMR = 275°.
D IS TÂN CIA RELATIVA, qu e é a dist â n cia per cor r ida pelo m o v im e n to re la tiv o do a lvo M,
en t r e su a s su cessiva s p o s iç õ e s re la tiv a s (M 1 , M 2 , M 3 , et c.). A d is tâ n c ia re la tiv a deve ser
m edida n a m esm a esca la de dist â n cia u t iliza da n a plot a gem da s p o s iç õ e s re la tiv a s do a lvo M.
VELOCID AD E D O MOVIMEN TO RELATIVO (VMR), ou v e lo c id a d e re la tiv a , qu e é a
d is tâ n c ia re la tiv a per cor r ida n a u n id a d e d e te m p o . A VMR é obt ida con sider a n do a
d is tâ n c ia re la tiv a e o in te rv a lo d e te m p o ga st o pa r a per cor r ê-la .
P ON TO D E MAIOR AP ROXIMAÇÃO (P MA), elem en t o m u it o im por t a n t e pa r a a segu -
r a n ça da n a vega çã o. O P MA é obt ido t ir a n do do p o n to fix o d e re fe rê n c ia (R) u m a per pen -
dicu la r à D IREÇÃO D O MOVIMEN TO RELATIVO. O P MA en con t r a -se n a in t er seçã o
dessa per pen dicu la r com a p lo ta g e m re la tiv a . A F igu r a 14.61 ilu st r a a sit u a çã o da F igu r a
a n t er ior plot a da em u m a Ro s a d e Ma n o bra , com a in dica çã o do P MA. A m a rc a ç ã o e a
d is tâ n c ia do P MA (qu e r epr esen t a o pon t o em qu e os n a vios R e M est a r ã o m a is pr óxim os
F ig u ra 14.61 - P lo ta g e m re la tiv a n a ro s a d e
F ig u ra 14.60 - P lo ta g e m re la tiv a m a n o bra

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 461


N a v e g a ç ã o ra d a r
u m do ou t r o) podem ser obt ida s dir et a m en t e do d ia g ra m a d a s p o s iç õ e s re la tiv a s . A
obt en çã o do ou t r o elem en t o do P MA (h o ra em qu e ocor r e) ser á a dia n t e explica da .

b D ia g ra m a d e Ve lo c id a d e s
O ru m o re la tiv o (DMR) e a v e lo c id a d e re la tiv a (VMR) podem r ela cion a r -se com
os r u m os e a s velocid a d es d os 2 n a vios (R e M) p ela con s t r u çã o d o t r i â n g u l o d a s
v e lo c id a d e s ou d ia g ra m a d e v e lo c id a d e s , t a m bém ch a m a do de dia gr a m a vet or ia l.

F ig u ra 14.62 -
Su pon h a m os 2 n a vios, R (n a vega n -
do n o ru m o v e rd a d e iro 000°, com v e lo -
c id a d e de 15 n ós) e M (n o ru m o v e rd a -
d e iro 026°, com v e lo c id a d e de 22 n ós).
P a r a con st r u ir o d ia g ra m a d e v e lo c id a -
d e e det er m in a r o v e to r d o m o v im e n to
re la tiv o de M com r ela çã o a R, t r a ça -se,
in icia lm en t e, o vet or do m ovim en t o a bso-
lu t o de R, n a dir eçã o 000° e com u m a gr a n -
deza de 15, em u m a det er m in a da esca la .
Den om in em os o pon t o de or igem de t e a
ext r em ida de do vet or de r (F igu r a 14.62).
Do m esm o pon t o t, t r a ça -se o vet or cor r espon den t e a o n a vio M, n a dir eçã o 026° e com u m a
gr a n deza de 22, m edida n a m esm a esca la u t iliza da pa r a plot a r o vet or de R. Usem os a let r a
m pa r a m a r ca r a ext r em ida de do vet or do a lvo M. P a r a obt er a DMR e a VMR de M em
r ela çã o a R, fa z-se com qu e o pon t o de or igem t se desloqu e com a m esm a v e lo c id a d e de R,
por ém em ru m o o p o s to . Tr a ça -se, pois, o vet or tr’, cor r espon den t e a est e m ovim en t o. A
r esu lt a n t e dos vet or es tr’ e tm n os da r á u m vet or igu a l a o vet or rm (F igu r a 14.62-A), qu e
n os in dica o ru m o e a v e lo c id a d e do m o v im e n to re la tiv o de M com r efer ên cia a R (ist o
é, D MR e VMR). A con st r u çã o gr á fica é feit a m a is fa cilm en t e da segu in t e m a n eir a (F igu r a
14.62-B):
• t r a ça m -se os vet or es tr e tm ;
• liga -se o pon t o r a o pon t o m ;
• o ru m o re la tiv o , ou D IREÇÃO D O MOVIMEN TO RELATIVO (DMR), é a dir eçã o da
lin h a rm (n o sen t ido de r pa r a m );
• a v e lo c id a d e re la tiv a (VMR) é a gr a n deza rm , m edida n a m esm a esca la u t iliza da pa r a
t r a ça r os ou t r os vet or es.
No exem plo m ost r a do n a F igu r a 14.62, obt ém -se pa r a o v e to r d o m o v im e n to re la -
tiv o :
DMR = 063°; VMR = 11 n ós
A e s c a la d e v e lo c id a d e , u sa da pa r a con st r u ir o d ia g ra m a d e v e lo c id a d e , é in -
depen den t e da e s c a la d e d is tâ n c ia s , u t iliza da pa r a a p lo ta g e m re la tiv a (ou d ia g ra m a
d a s p o s iç õ e s re la tiv a s ).
Se con h ecer m os o v e to r d o n a v io d e re fe rê n c ia (tr) e o vet or do m o v im e n to
re la tiv o (rm ), poder em os obt er , con st r u in do o d ia g ra m a d e v e lo c id a d e s , o v e to r d o
a lv o M (tm ), com seu s 2 elem en t os: o ru m o d o a lv o e a v e lo c id a d e d o a lv o .

462 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


N a v e g a ç ã o ra d a r

14.4.3 ROS A D E MAN OB RA


P a r a fa cilit a r a con st r u çã o dos dia gr a m a s da s posições r ela t iva s e dia gr a m a s de
velocida des, u sa -se, n a r esolu çã o dos pr oblem a s de m o v im e n to re la tiv o , u m a folh a de
plot a gem especia l, den om in a da Ro s a d e Ma n o bra , pu blica da pela Dir et or ia de H idr ogr a fia
e Na vega çã o (F igu r a 14.63).
A Ro s a d e Ma n o bra con sist e, ba sica m en t e, de u m dia gr a m a pola r con t en do lin h a s
r a dia is e cír cu los con cên t r icos igu a lm en t e espa ça dos. O cír cu lo ext er n o é gr a du a do, de gr a u
em gr a u , de 000° a 360°, n o m esm o sen t ido qu e a s r osa s da s a gu lh a s. E ssa gr a du a çã o ser ve
pa r a o t r a ça do de ru m o s e m a rc a ç õ e s . Um a ou t r a gr a du a çã o, in t er n a , com a lga r ism os
m en or es, a pr esen t a os va lor es r ecípr ocos da gr a du a çã o ext er ior . As lin h a s r a dia is, r epr e-
sen t a da s a in t er va los de 10°, fa cilit a m a plot a gem dos ru m o s e m a rc a ç õ e s .
As cir cu n fer ên cia s con cên t r ica s igu a lm en t e espa ça da s, in t er cept a n do a s lin h a s r a -
dia is, fa cilit a m a plot a gem de d is tâ n c ia s e v e lo c id a d e s , sen do gr a du a da s, de 1 a 10,
sobr e os diâ m et r os 000°-180° e 090°-270°. Além disso, à dir eit a da r osa sã o r epr esen t a da s
5 esca la s pa r a m edida de d is tâ n c ia s e v e lo c id a d e s (1:1; 2:1; 3:1; 4:1 e 5:1). E m t oda s
essa s esca la s, ca da divisã o n u m er a da t em u m com pr im en t o igu a l à dist â n cia en t r e du a s
cir cu n fer ên cia s a dja cen t es da r osa . As esca la s per m it em qu e seja m plot a dos n a Ro s a d e
Ma n o bra va lor es m a ior es de d is tâ n c ia s e v e lo c id a d e s , sem n ecessida de de cá lcu los a u -
xilia r es. E n t r et a n t o, pa r a obt er m elh or pr ecisã o, devem os u sa r sem pr e a m a ior esca la pos-
sível (lem br a r qu e a esca la 1:1 é 5 vezes m a ior qu e a esca la 5:1).
Na solu çã o dos pr oblem a s de m o v im e n to re la tiv o , su r ge com fr eqü ên cia a n ecessi-
da de de obt er m os u m dos elem en t os te m p o , v e lo c id a d e e d is tâ n c ia p e rc o rrid a , em
fu n çã o dos ou t r os dois. P a r a r esolver r a pida m en t e essa s qu est ões, exist e u m dia gr a m a
r epr esen t a do do la do esqu er do da r osa , com a s r espect iva s in st r u ções pa r a seu u so. E st e
dia gr a m a con st a de 3 lin h a s r et a s. A lin h a qu e r epr esen t a a v e lo c id a d e (r ea l ou r ela t iva )
é gr a du a da em n ó s e em Km /h ; a lin h a de d is tâ n c ia (r ea l ou r ela t iva ) é gr a du a da em
ja rd a s e m ilh a s n á u tic a s ; a lin h a de te m p o é gr a du a da em m in u to s . Con h ecen do dois
elem en t os, pode-se det er m in a r o t er ceir o, a lin h a n do u m a r égu a pelos pon t os cor espon den t es
a os elem en t os con h ecidos e len do o va lor do elem en t o descon h ecido n a ou t r a esca la . P or
exem plo, se u m n a vio per cor r e 30.000 ja r da s em 45 m in u t os, pode-se det er m in a r o va lor de
su a velocida de: 20 n ós.
Os pr oblem a s dest e t ipo t a m bém podem ser r esolvidos u sa n do som en t e a s gr a du a ções
da esca la de t em po. E ssa esca la é con st r u ída de m odo a ser u m a e s c a la lo g a rítm ic a .
Assim , a r a zã o en t r e du a s leit u r a s qu a isqu er a o lon go da esca la ser á con st a n t e, desde qu e
seja m con st a n t es a s dist â n cia s en t r e ela s. Ut iliza n do-se est a pr opr ieda de, a esca la é u sa da
do segu in t e m odo: su pon h a m os u m n a vio com 15 n ós, qu e dist â n cia per cor r er á em 90 m in u -
t os? Com o com pa sso m edim os a dist â n cia n a esca la en t r e 15 e 60. Con ser va n do a m esm a
a ber t u r a do com pa sso, coloca m os u m a de su a s pon t a s sobr e 90. A ou t r a ca ir á sobr e a gr a -
du a çã o 22.5, qu e ser á o n ú m er o de m ilh a s per cor r ida s em 90 m in u t os.
Com o vim os, o á ba co e a esca la loga r ít m ica r esolvem os m esm os pr oblem a s. O u so de
u m ou de ou t r o m ét odo depen der á da s pr efer ên cia s do u t iliza dor da Rosa de Ma n obr a .

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 463


N a v e g a ç ã o ra d a r

S im bo lo g ia a s e r u s a d a n a Ro s a d e Ma n o bra
Com o fim de u n ifor m iza r a s n ot a ções u sa da s n a Ro s a d e Ma n o bra , a dot a -se:
cen t r o da r osa ........................................................................................................ let r a t
ext r em ida de do vet or velocida de do n a vio de r efer ên cia .................................... let r a r
ext r em ida de do vet or velocida de do n a vio m a n obr a dor ................................... let r a m
posições r ela t iva s do n a vio m a n obr a dor ................................ sím bolos M 1, M 2, M 3, et c.

Cu id a d o s n o u s o d a Ro s a d e Ma n o bra
a . con for m e vist o, a e s c a la d e d is tâ n c ia s é in depen den t e da e s c a la d e v e lo c id a d e s .
E n t r et a n t o, t oda s a s dist â n cia s devem ser m edida s em u m a ú n ica esca la , a ssim com o
t oda s a s velocida des. P a r a evit a r con fu sã o, é com u m a ssin a la r n a r osa com V a esca la
qu e est á sen do u sa da pa r a a s v e lo c id a d e s e com d a esca la u sa da pa r a m edida da s
d is tâ n c ia s ;
b. pa r a m elh or pr ecisã o, deve ser sem pr e u t iliza da a m a ior esca la possível n a m edida da s
dist â n cia s e velocida des. Nor m a lm en t e, pa r a plot a gem da s posições r ela t iva s e con st r u çã o
do dia gr a m a de velocida des de con t a t os, a fim de evit a r colisões n o m a r , a s esca la s de 1:1
ou 2:1 sã o con ven ien t es pa r a em pr ego;
c. a ssin a la r com u m a set a o sen t ido dos vet or es, n a h or a de t r a çá -los;
d. a ssin a la r com a s let r a s cor r espon den t es t odos os pon t os, n o m om en t o em qu e sã o plot a dos;
e. lem br a r -se qu e o vet or do m ovim en t o r ela t ivo do a lvo é t om a do sem pr e de r pa r a m ;
f. a posiçã o do n a v io d e re fe rê n c ia é sem pr e n o c e n tro d a ro s a ;
g. os vet or es de v e lo c id a d e s v e rd a d e ira s se or igin a m sem pr e n o c e n tro d a ro s a ;
h . pa r a a p lo ta g e m re la tiv a e con st r u çã o dos d ia g ra m a s d a s p o s iç õ e s re la tiv a s ou
d ia g ra m a s d e v e lo c id a d e s , pode ser u t iliza do qu a lqu er in t er va lo de t em po en t r e a s
posições do a lvo M. Dois va lor es, en t r et a n t o, fa cilit a m os cá lcu los su bseqü en t es:
• 3 m in u t os, pa r a u sa r a “Regr a dos Tr ês Min u t os”, pela qu a l a v e lo c id a d e , em n ós, é
igu a l à d is tâ n c ia p e rc o rrid a e m 3 m in u to s , em ja r da s, dividida por 100.
• 6 m in u t os, pa r a em pr ega r a “Regr a dos Seis Min u t os”, qu e diz qu e a v e lo c id a d e , em
n ós, é igu a l à d is tâ n c ia p e rc o rrid a e m 6 m in u to s , em m ilh a s, m u lt iplica da por 10.
i. n o m ét odo do m ovim en t o r ela t ivo, u m a sit u a çã o pr eocu pa n t e se con figu r a qu a n do u m
con t a ct o a pr esen t a m a rc a ç ã o c o n s ta n te e d is tâ n c ia d im in u in d o , pois ist o sign ifica
qu e o r efer ido con t a ct o est á em ru m o d e c o lis ã o com o n osso n a vio. Mesm o qu a n do a s
m a r ca ções va r ia m u m pou co, devido à s im pr ecisões n a s m edida s t oda a t en çã o deve ser
da da a u m a lvo fech a n do sobr e o n osso n a vio n essa s con dições, deven do-se a dm it ir qu e
exist e r isco de colisã o.
j. n a r ea lida de, devido a os er r os n a s m edida s da s m a r ca ções e dist â n cia s, r a r a m en t e é
possível t r a ça r u m a r et a qu e pa sse por t oda s a s p o s iç õ e s re la tiv a s do a lvo plot a da s n a
Rosa de Ma n obr a . A d ire ç ã o d o m o v im e n to re la tiv o (DMR) é, en t ã o, obt ida “filt r a n do”
a qu ela s posições, ist o é, fa zen do pa ssa r u m a r et a de for m a qu e os pon t os fiqu em bem
dist r ibu ídos pa r a u m e ou t r o la do, o m a is pr óxim o possível dela .

464 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


N a v e g a ç ã o ra d a r

14.4.4 RES OLU ÇÃO D E P ROB LEMAS D E MOVIMEN TO


RELATIVO
O m é to d o d o m o v im e n to re la tiv o , u t iliza n do a s in for m a ções do r a da r e a Rosa de
Ma n obr a pa r a con st r u çã o dos dia gr a m a s de posições r ela t iva s e de velocida des, t em in ú m er a s
a plica ções t á t ica s, especia lm en t e qu a n do n a vios de gu er r a n a vega m em gr u po, ou qu a n do
se en ga ja m em com ba t e. E st a seçã o, en t r et a n t o, t r a t a r á do u so do m ét odo a pen a s pa r a
solu çã o de pr oblem a s qu e en volvem o u so do r a da r pa r a evit a r colisões n o m a r , a lém de
ou t r os com u n s n a n a vega çã o.
1. Seu n a vio est á n o r u m o 162°, velocida de 24 n ós. Às 0103 h or a s, é det ect a do u m con t a ct o
n a m a r ca çã o 123°, dist â n cia 13.000 ja r da s. Às 0107 h or a s, o m esm o con t a ct o é m a r ca do
a os 119°, dist â n cia 9.500 ja r da s. Det er m in a r DMR, VMR, P MA (m a r ca çã o, dist â n cia e
h or a ), r u m o do a lvo e velocida de do a lvo.

F ig u ra 14.63 - P ro ble m a n ° 1

S o lu ç ã o (F ig u ra 14.63):
a . s en d o a n os s a velocid a d e d e 24 n ós , s elecion a m os a es ca la d e 3:1 p a r a es ca la d e
velocida des. Tr a ça -se, en t ã o, o vet or tr.
b. t en do em vist a a s dist â n cia s en volvida s, selecion a m os a esca la de 1:1 pa r a esca la de
dist â n cia s. P lot a m -se, en t ã o, a s posições r ela t iva s M 1 e M 2, com os da dos do pr oblem a
(sa ben do qu e 1 m ilh a = 2.000 ja r da s), con st r u in do o d ia g ra m a d a s p o s iç õ e s re la tiv a s .
c. do d ia g ra m a d a s p o s iç õ e s re la tiv a s obt ém -se:

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 465


N a v e g a ç ã o ra d a r

• DIRE ÇÃO DO MOVIME NTO RE LATIVO (DMR) = 314°


• DISTÂNCIA RE LATIVA (M 1–M 2) = 1,8 m ilh a s (3600 ja r da s).
d. com a d is tâ n c ia re la tiv a (M 1–M 2) e o te m p o cor r espon den t e (4 m in u t os) obt ém -se a
v e lo c id a d e re la tiv a : VMR = 27 n ós
A v e lo c id a d e re la tiv a pode ser obt ida por cá lcu lo ou u sa n do o dia gr a m a (á ba co) im pr esso
n a Ro s a d e Ma n o bra , con for m e m ost r a do n a F igu r a 14.63.
e. o d ia g ra m a d a s p o s iç õ e s re la tiv a s n os for n ece dir et a m en t e 2 elem en t os do P MA (pon t o
de m a ior a pr oxim a çã o):
m a r ca çã o = 044° (per pen dicu la r à DMR)
dist â n cia = 1,2 m ilh a s (2.400 ja r da s).
f. pa r a ca lcu la r a h o ra em qu e o P MA ocor r er á , ver ifica -se n o d ia g ra m a d a s p o s iç õ e s
re la tiv a s qu a l a dist â n cia en t r e a posiçã o M 2 e o P MA. Com essa dist â n cia , a velocida de
r ela t iva e a h or a da posiçã o M 2, ca lcu la -se a h o ra em qu e ocor r er á o P MA. Nest e exem plo:
dist â n cia (M 2 – P MA) = 4,55 m ilh a s (9.100 ja r da s)
velocida de r ela t iva = 27 n ós
t em po = 10 m in u t os (a r r edon da do a o m in u t o in t eir o)
h or a da posiçã o M 2 = 0107 h or a s
t em po a t é o P MA = 10 m in u t os
h or a do P MA = 0117 h or a s.
g. con st r ói-se, en t ã o, o d i a g ra m a d e v e lo c i d a d e s , pa r a obt en çã o do vet or tm , cu jos
elem en t os sã o o ru m o d o a lv o e a v e lo c id a d e d o a lv o :
r u m o do a lvo = 251°
velocida de do a lvo = 12.5 n ós.
An a lisa n do-se essa sit u a çã o à lu z do RIP E AM (Regu la m en t o In t er n a cion a l pa r a E vi-
t a r Aba lr oa m en t os n o Ma r ), ver ifica -se qu e ela en volve dois n a vios em r u m os cr u za dos (R
n o r u m o 162° e M n o r u m o 251°), defa sa dos de cer ca de 90°. P ela s posições r ela t iva s dos
dois n a vios, R (n osso n a vio) t em pr efer ên cia e, a ssim , m a n t er á seu r u m o e velocida de. M é
o n a vio qu e dever á m a n obr a r , ca so h a ja r isco de colisã o. Com o o P MA é ba st a n t e pr óxim o
(1.2 m ilh a s), devem os m a n t er u m r ígido con t r ole da sit u a çã o, a t é qu e o ou t r o n a vio pa sse o
P MA e com ece a se a fa st a r .
2. Seu n a vio, n a vega n do sob visibilida de r est r it a , est á n o r u m o 011°, velocida de 6 n ós. Às
1322 h or a s, u m con t a ct o é det ect a do n a m a r ca çã o ver da deir a 026°, dist â n cia 11.000
ja r da s. Às 1333 h or a s, o m esm o con t a ct o é m a r ca do a os 056°, n a dist â n cia de 7300 ja r da s.
Det er m in a r DMR, VMR, P MA (m a r ca çã o, dist â n cia e h or a ), r u m o do a lvo e velocida de
do a lvo.

S o lu ç ã o (F ig u ra 14.64):
a . t en do em vist a a s dist â n cia s en volvida s, selecion a m os a esca la de 1:1 pa r a esca la de
dist â n cia s. P lot a m -se, en t ã o, a s posições r ela t iva s M 1 e M 2 com os da dos do pr oblem a (1
m ilh a = 2.000 ja r da s), con st r u in do o d ia g ra m a d a s p o s iç õ e s re la tiv a s .
b. do d ia g ra m a d a s p o s iç õ e s re la tiv a s , obt ém -se:

466 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


N a v e g a ç ã o ra d a r

F ig u ra 14.64 - P ro ble m a n ° 2

DMR = 167°
DISTÂNCIA RE LATIVA (M 1–M 2) = 2.95 m ilh a s (5900 ja r da s).
c. com a d i s t â n c i a r e l a t i v a (M 1 – M 2 ) e o in t e r va lo d e t e m p o (M 1 – M 2 ) ob t é m -s e :
VMR = 16 n ós (F igu r a 14.64).

d. o d ia g ra m a d a s p o s iç õ e s re la tiv a s n os for n ece dir et a m en t e 2 elem en t os do P MA:


m a r ca çã o = 077°
dist â n cia = 3.4 m ilh a s (6.800 ja r da s).
e. pa r a ca lcu la r a h o ra do P MA, obt ém -se n o d ia g ra m a d a s p o s iç õ e s re la tiv a s, a dist â n cia
M 2 – P MA = 1.3 m ilh a s (2.600 ja r da s). Com a v e lo c id a d e re la tiv a de 16 n ós, ca lcu la -se
o te m p o c o rre s p o n d e n te = 5 m in u t os (a r r edon da n do pa r a o m in u t o in t eir o):
h or a de posiçã o M 2 = 1333 h or a s
t em po a t é o P MA = 05 m in u t os
h or a do P MA = 1338 h or a s.
f. t en do em vist a o va lor da v e lo c id a d e re la tiv a VMR = 16 n ós, escolh e-se a esca la 2:1
pa r a esca la de velocida des. Tr a ça m -se, en t ã o, os vet or es tr e rm e det er m in a -se o vet or
tm , obt en do-se, a ssim :
r u m o do a lvo = 154°
velocida de do a lvo = 10.7 n ós.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 467


N a v e g a ç ã o ra d a r

3. Seu n a vio est á n o r u m o 000°, velocida de 5 n ós, n a vega n do sob visibilida de r est r it a . Às
0835 h or a s, u m con t a ct o é m a r ca do a os 051° / 12.000 ja r da s. Às 0848 h or a s, o m esm o
con t a ct o é m a r ca do a os 033° / 11.000 ja r da s. Det er m in a r DMR, VMR, P MA (m a r ca çã o,
dist â n cia e h or a ), r u m o do a lvo e velocida de do a lvo. In for m a r se o a lvo cor t a r á n ossa
pr oa ou n ossa popa e a dist â n cia e h or a em qu e o cor t e ocor r er á .

F ig u ra 14.65 - P ro ble m a n ° 3

S o lu ç ã o (F ig u ra 14.65):
a . selecion a -se a e s c a la d e d is tâ n c ia s 1:1 e t r a ça -se o d ia g ra m a d a s p o s iç õ e s re la tiv a s ,
obt en do-se:
DMR = 296°
DISTÂNCIA RE LATIVA = 1.85 m ilh a s (3700 ja r da s).
b. com o va lor da d is tâ n c ia re la tiv a e o in te rv a lo d e te m p o M 1 –M 2 (13 m in u t os), obt ém -se:
VMR = 8.5 n ós (F igu r a 14.65).
c. do d ia g ra m a d a s p o s iç õ e s re la tiv a s obt ém -se os segu in t es elem en t os do P MA:
m a r ca çã o = 026°
dist â n cia = 5.4 m ilh a s (10.800 ja r da s).
d. com a dist â n cia M 2 – P MA e a VMR, obt ém -se o in t er va lo de t em po a t é o P MA: 5 m in u t os
(a r r edon da do).
e. en t ã o, obt ém -se a h or a do P MA: 0853 h or a s.

468 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


N a v e g a ç ã o ra d a r

f. selecion a -se a esca la 1:1 pa r a e s c a la d e v e lo c id a d e s e con st r ói-se o d ia g ra m a d e


v e lo c id a d e s , obt en do:
r u m o do a lvo = 319°
velocida de do a lvo = 11.5 n ós.
g. n o d ia g ra m a d a s p o s iç õ e s re la tiv a s ver ifica -se qu e o a lvo c o rta rá n o s s a p ro a (n o
pon t o in dica do n a F igu r a 14.65), n a d is tâ n c ia de 6.1 m ilh a s (12.200 ja r da s). Com a
dist â n cia da posiçã o M 2 a o pon t o de cor t e da pr oa (3.3 m ilh a s ou 6.600 ja r da s) e a VMR
de 8.5 n ós, obt em os o in t er va lo de t em po a t é o cor t e da pr oa : 23 m in u t os (a r r edon da do).
E n t ã o, ca lcu la -se:
h or a de posiçã o M 2 = 0848 h or a s
t em po a t é o cor t e de pr oa = 23 m in u t os
h or a do cor t e de pr oa = 0911 h or a s.
4. Seu n a vio est á n o r u m o 010°, velocida de de 16 n ós, n a vega n do sob visibilida de r est r it a .
Sã o obt ida s a s segu in t es posições su cessiva s de u m m esm o con t a t o, em r ela çã o a o seu
n a vio:
POSIÇÃO HORA MARCAÇÃO DISTÂNCIA
M1 0100 054° 18.0 milhas
M2 0103 052° 17.2 milhas
M3 0106 050° 16.3 milhas
M4 0109 048° 15.5 milhas
M5 0112 046°, 14.7 milhas

F ig u ra 14.66 - P ro ble m a n ° 4

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 469


N a v e g a ç ã o ra d a r

Det er m in a r DMR, VMR, P MA (m a r ca çã o, dist â n cia e h or a ), r u m o do a lvo e velocida de


do a lvo. In for m a r se o a lvo cor t a r á n ossa pr oa ou popa e a dist â n cia e h or a em qu e o cor t e
ocor r er á .

S o lu ç ã o (F ig u ra 14.66):
a . selecion a -se a e s c a la d e d i s t â n c i a s 2:1 e con st r ói-se o d i a g ra m a d a s p o s i ç õ e s
re la tiv a s , obt en do-se:
DMR = 268°
DISTÂNCIA RE LATIVA (M 1–M 5) = 3.9 m ilh a s
VMR = 20 n ós (F igu r a 14.66).
Con for m e a n t er iom en t e cit a do, er r os n a s m edida s da s d is tâ n c ia s e m a rc a ç õ e s fa zem
com qu e só r a r a m en t e seja possível t r a ça r u m a r et a qu e pa sse exa t a m en t e por t oda s a s
posições do con t a ct o. Assim , com o n o pr esen t e exem plo, a DMR deve ser obt ida pelo t r a ça -
do de u m a r et a de for m a qu e os pon t os fiqu em bem dist r ibu ídos pa r a u m e ou t r o la do, o
m a is pr óxim o possível dela .
b. det er m in a m -se os elem en t os do P MA:
m a r ca çã o = 358°
dist â n cia = 10.0 m ilh a s
h or a = 0145 h or a s
c. con st r ói-se o d ia g ra m a d e v e lo c id a d e s , n a esca la 2:1 e obt ém -se:
r u m o do a lvo = 311°
velocida de do a lvo = 22.8 n ós.
d. o a lvo cor t a r á n ossa p ro a , n a d is tâ n c ia de 10.4 m ilh a s, à s 0138 h or a s (a n t es, pois, de
a lca n ça r o P MA, con for m e podem os ver ifica do n a F igu r a 14.66).

5. Seu n a vio est á n o r u m o 160°, velocida de de 10 n ós e obt ém a s segu in t es posições su cessiva s


de u m m esm o con t a t o:
POSIÇÃO HORA MARCAÇÃO DISTÂNCIA
M1 1000 200° 20.000 jardas
M2 1005 200° 18.000 jardas
M3 1010 200° 16.000 jardas

Det er m in a r os elem en t os do P MA, o r u m o e velocida de do con t a ct o.

S o lu ç ã o (F ig u ra 14.67):
a . a n t es m esm o de con st r u ir o d ia g ra m a d a s p o s iç õ e s re la tiv a s , já ver ifica m os qu e se
con figu r a u m a sit u a çã o per igosa , pois a m a r ca çã o do a lvo per m a n ece con st a n t e, en qu a n t o
su a dist â n cia dim in u i, o qu e sign ifica qu e est á em ru m o d e c o lis ã o com o n osso n a vio.
b. t r a ça n do o d ia g ra m a d a s p o s iç õ e s re la tiv a s (esca la de dist â n cia s 1:1), obt em os os
segu in t es elem en t os:
DMR = 020°
DISTÂNCIA RE LATIVA (M 1–M 3) = 2.0 m ilh a s

470 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


N a v e g a ç ã o ra d a r

VMR = 12 n ós (F igu r a 14.67)


P MA: COLISÃO ÀS 1050 H ORAS.
c. t r a ça n do o d ia g ra m a d e v e lo c id a d e s (esca la 1:1), obt em os:
r u m o do a lvo = 076°
velocida de do a lvo = 7.7 n ós.
d. a n a lisa n do a sit u a çã o, ver ifica m os qu e se t r a t a de u m ca so de r u m os cr u za dos (n osso
n a vio n o r u m o 160° e o con t a ct o n o r u m o 076°) e qu e o ou t r o n a vio t em pr efer ên cia (pois
n ós o a vist a m os por BE ). Dever em os, en t ã o, m a n obr a r com a m pla a n t ecedên cia , a fim de
deixa r o ou t r o n a vio sa fo, evit a n do cor t a r su a pr oa , se possível.

F ig u ra 14.67 - P ro ble m a n ° 5

6. Seu n a vio n a vega , sob for t e n evoeir o, n o r u m o 090°, velocida de 4 n ós, bu sca n do u m a
ba rc a -fa ro l qu e con st it u i o sin a l de a t er r a gem e qu e m a r ca o in ício do ca n a l de a cesso
a o seu por t o de dest in o. Na t ela do r a da r a pa r ecem dois con t a ct os n a s vizin h a n ça s da
posiçã o da ba r ca -fa r ol. Su a s posições su cessiva s sã o:

CON TATO M:

POSIÇÃO HORA MARCAÇÃO DISTÂNCIA


M1 0500 100° 7.5 milhas
M2 0516 101° 5.7 milhas

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 471


N a v e g a ç ã o ra d a r

CON TATO N :
POSIÇÃO HORA MARCAÇÃO DISTÂNCIA
N1 0500 075° 8.0 milhas
N2 0516 073° 7.0 milhas

Iden t ifica r qu a l dos dois con t a t os é a ba rc a -fa ro l.


F ig u ra 14.68 - P ro ble m a n ° 6

S o lu ç ã o (F ig u ra 14.68):
a . es colh en d o a es ca la 1:1 t a n t o p a r a e s c a l a d e d i s t â n c i a , com o p a r a e s c a l a d e
v e lo c i d a d e s , t r a ça m -se os d i a g ra m a s d e p o s i ç õ e s re la t i v a s e os d ia g ra m a s d e
v e lo c id a d e s dos a lvos M e N (F igu r a 14.68), obt en do-se:
DMR (M) = 276° ; VMR (M) = 7.0 n ós
DMR (N) = 270° ; VMR (N) = 4.0 n ós
r u m o (M) = 284° ; velocida de (M) = 3.0 n ós
a lvo (N) est á pa r a do (velocida de zer o).
Assim , o m é to d o d o m o v im e n to re la tiv o per m it iu iden t ifica r a ba rc a -fa ro l com o
o con t a ct o N . Gu in a r em os, en t ã o, pa r a a pr oa r a o r efer ido sin a l. Com isso, n os a fa st a r em os
do a lvo M, cu jo P MA ser ia m u it o pr óxim o do n osso n a vio (ver n ova lin h a do m ovim en t o
r ela t ivo de M, qu e ocor r er ia a pós a n ossa gu in a da , n a F igu r a 14.68).
Mesm o sem con st r u ir o d ia g ra m a d e v e lo c id a d e s , poder ía m os con clu ir qu e o a lvo
N est á pa r a do, pois o seu m ovim en t o r ela t ivo t em o r u m o exa t a m en t e opost o a o r u m o do
n a vio e velocida de igu a l à qu e desen volvem os.

472 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


N a v e g a ç ã o ra d a r

7. Det er m in a r a d ire ç ã o e v e lo c id a d e do v e n to v e rd a d e iro em u m n a vio n o r u m o 030°,


velocida de 15 n ós, sen do a s segu in t es a s in dica ções do a n em ôm et r o:
DIRE ÇÃO DO VE NTO: 030° RE LATIVOS (30° BE )
VE LOCIDADE DO VE NTO: 20 NÓS.

F ig u ra 14.69 - P ro ble m a n ° 7

S o lu ç ã o (F ig u ra 14.69):
a . o pr oblem a pode ser r esolvido a ssem elh a n do o m ovim en t o do a r a o m ovim en t o de u m
n a vio. O v e n to v e rd a d e iro cor r espon de a o m o v im e n to re a l (a bs o lu to ) do a r . O v e n to
a p a re n te (ou re la tiv o ) é o m ovim en t o do a r em r ela çã o a o n osso n a vio (qu e t a m bém se
m ove).
b. n o ca so do ven t o, ba st a t r a ça r o d ia g ra m a d e v e lo c id a d e s , ou d ia g ra m a v e to ria l,
pa r a obt er os elem en t os do v e n to v e rd a d e iro .
c. n est e exem plo, se o v e n t o a p a re n t e est á en t r a n do por 030° RE LATIVOS, ele est á
sopr a n do de 060°. Assim , selecion a n do a e s c a la d e v e lo c id a d e s 2:1, con st r u ím os o
d ia g ra m a d e v e lo c id a d e s . No ca so do ven t o, a ext r em ida de do vet or do ven t o a pa r en t e
é den om in a da de w (“WIND”). Obt em os, en t ã o, o vet or tw , qu e n os for n ece os elem en t os
do ven t o ver da deir o:
dir eçã o: 107° (de on de sopr a o ven t o)
velocida de: 10.3 n ós
Lem br a r qu e, n o ca so do ven t o, o elem en t o de dir eçã o in for m a do é sem pr e d e o n d e
s o p ra .

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 473


N a v e g a ç ã o ra d a r

8. Seu n a vio est á n o r u m o 213°, velocida de 21 n ós. As in dica ções do a n em ôm et r o sã o:


DIRE ÇÃO DO VE NTO: 290° RE LATIVOS (70° BB)
VE LOCIDADE DO VE NTO: 20 n ós
Det er m in a r os elem en t os do ven t o r ea l.

F ig u ra 14.70 - P ro ble m a n ° 8

S o lu ç ã o (F ig u ra 14.70):
a . se o n a vio est á n o r u m o 213° e o ven t o a pa r en t e est á en t r a n do a os 290° RE LATIVOS (70°
BB), ist o sign ifica qu e o ven t o a pa r en t e est á sopr a n do de 143°.
b. con st r ói-se, en t ã o, o d ia g ra m a d e v e lo c id a d e s , n a esca la 3:1, pa r a det er m in a r o vet or tw .
c. obt em os, en t ã o, os e le m e n to s d o v e n to v e rd a d e iro :
dir eçã o: 087° (de on de sopr a )
velocida de: 23 n ós (o va lor da velocida de do ven t o é sem pr e a r r en don da do, n a pr á t ica da
n a vega çã o, pa r a o in t eir o m a is pr óxim o).

474 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


N a v e g a ç ã o ra d a r

9. Seu n a vio est á n o r u m o 265°, velocida de de 6 n ós. As in dica ções do a n em ôm et r o sã o:


DIRE ÇÃO DO VE NTO: 260° RE LATIVOS (100° BB)
VE LOCIDADE DO VE NTO: 6 n ós
Det er m in a r :
os elem en t os do ven t o ver da deir o; e
o r u m o e velocida de em qu e o seu n a vio deve gover n a r pa r a pr odu zir u m ven t o a pa r en t e
en t r a n do a os 340° RE LATIVOS (20° BB), com 15 n ós.
F ig u ra 14.71 - P ro ble m a n ° 9

S o lu ç ã o (F ig u ra 14.71:
a . a dir eçã o de on de sopr a o ven t o a pa r en t e é 165°; u sa n do a esca la 2:1, con st r ói-se o dia gr a m a
de velocida des, det er m in a -se o vet or tw e os elem en t os do ven t o r ea l:
dir eçã o = 125° (de on de sopr a )
velocida de = 9 n ós
b. pr olon ga -se a lin h a do vet or tw , pa r a in dica r a dir eçã o de on de o ven t o ver da deir o est á
sopr a n do (125°, n est e exem plo).
c. com o qu er em os o ven t o en t r a n do a os 340° RE LATIVOS (20° BB), sa bem os qu e o n osso
r u m o fica r á pa r a a dir eit a da dir eçã o de on de sopr a o ven t o ver da deir o. Assim , va m os
det er m in a r u m pon t o 20° à dir eit a da dir eçã o de on de sopr a o ven t o r ea l, sit u a do sobr e o
cír cu lo de 15 n ós, qu e é a velocida de do v e n to a p a re n te qu e deseja m os. E st e pon t o foi
den om in a do A n a F igu r a 14.71 (su a s coor den a da s pola r es sã o 145° / 15').

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 475


N a v e g a ç ã o ra d a r

d. com cen t r o n o pon t o A, a ju st a -se n o com pa sso a a ber t u r a cor r espon den t e à velocida de do
ven t o r ea l (9 n ós) e t r a ça -se u m a r co in t er cept a n do a r a dia l cor r espon den t e à dir eçã o de
on de sopr a o ven t o r ea l (125°, n est e exem plo). Det er m in a -se, en t ã o, o pon t o B (F igu r a
14.71).
e. o segm en t o tB r epr esen t a a m a gn it u de da velocida de qu e o n a vio deve se desen volver
pa r a obt er o ven t o r ela t ivo deseja do. No ca so, 6.8 n ós.
f. o r u m o do n a vio é da do pela dir eçã o BA: R = 160°.
g. t r a n spor t a n do os va lor es a cim a pa r a o cen t r o da r osa , con st r ói-se o vet or tr’, con fir m a n do-
se, pelo vet or r’w , qu e o v e n to re la tiv o est a r á en t r a n do a os 340° RE LATIVOS (20° BB),
com 15 n ós, con for m e deseja do.
10.Seu n a vio est á n o r u m o 312°, velocida de de 14 n ós. Sã o obt ida s a s segu in t es posições
su cessiva s de u m m esm o con t a t o M:

POSIÇÃO HORA MARCAÇÃO DISTÂNCIA


M1 0300 262° 13.0 milhas
M2 0308 263° 11.0 milhas

Det er m in a r o r u m o do n osso n a vio pa r a n ã o pa ssa r a m en os de 2.5 m ilh a s n a popa do


con t a ct o, m a n t en do a velocida de.

F ig u ra 14.72 - P ro ble m a n ° 10

476 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


N a v e g a ç ã o ra d a r

S o lu ç ã o (F ig u ra 14.72):
a . selecion a -se a esca la 2:1 pa r a dist â n cia s e velocida des; con st r ói-se o d ia g ra m a d a s
p o s iç õ e s re la tiv a s e ver ifica -se qu e o a lvo va i cor t a r a n ossa pr oa m u it o pr óxim o, o qu e
con figu r a u m a sit u a çã o de per igo. Det er m in a m -se:
DMR = 078°
VMR = 15 n ós (ver F igu r a 14.72).
b. con st r ói-se o d ia g ra m a d e v e lo c id a d e s e det er m in a m -se:
r u m o do a lvo = 019°
velocida de do a lvo = 13.4 n ós.
c. t r a ça -se, en t ã o, a pa r t ir do cen t r o da r osa , u m a cir cu n fer ên cia com r a io igu a l a 2.5 m ilh a s,
m edido n a esca la de dist â n cia s selecion a da (2:1).
d. a pa r t ir de M 2, t r a ça -se u m a t a n gen t e a essa cir cu n fer ên cia , qu e con st it u i a n ova d ire ç ã o
d o m o v im e n to re la tiv o (DMR).
e. com a n ova DMR, con st r u ir n ovo d ia g ra m a d e v e lo c id a d e s , sa ben do qu e o n osso n a vio
m a n t er á a velocida de de 14 n ós. Tr a ça -se do pon t o m u m a r et a pa r a lela e de sen t ido
con t r á r io à n ova DMR; n o pon t o em qu e est a r et a in t er cept a r a cir cu n fer ên cia de r a io
igu a l à velocida de do n osso n a vio (14 n ós), fica loca liza do o pon t o r ’. Det er m in a -se, en t ã o,
o n ovo r u m o do n a vio: 298°.
f. de u m pon t o ext er ior é sem pr e possível t r a ça r du a s t a n gen t es a u m a cir cu n fer ên cia .
Dest a for m a , se desejá ssem os n ã o pa ssa r a m en os de 2.5 m ilh a s, por ém cr u za n do a pr oa
do con t a ct o, t r a ça r ía m os a t a n gen t e a o set or opost o a o r u m o do ou t r o n a vio. Nest e ca so,
o n osso n a vio dever ia gu in a r pa r a o r u m o 345°, pa r a cr u za r a pr oa do con t a ct o a 2.5
m ilh a s, m a n t en do a velocida de de 14 n ós (ver r epr esen t a çã o em lin h a s t r a ceja da s n a
F igu r a 14.72).
g. pa r a qu e est e pr oblem a seja possível, é n ecessá r io, com o se con clu i fa cilm en t e da F igu r a
14.72, qu e a cir cu n fer ên cia da velocida de do n osso n a vio in t er cept e, n o d ia g ra m a d e
v e lo c id a d e s , a pa r a lela à n ova DMR, t r a ça da pelo pon t o m . H a ver á du a s solu ções, se
exist ir em dois pon t os de in t er seçã o.
h . a r esolu çã o desse pr oblem a t em gr a n de in t er esse qu a n do se pr et en de m a n obr a r pa r a
evit a r u m n a vio det ect a do pelo r a da r , especia lm en t e em con dições de m á visibilida de.
De fa t o, se, pela a n á lise da plot a gem r ela t iva , con clu ir -se qu e o n a vio va i pa ssa r
excessiva m en t e per t o, depois de se det er m in a r o seu r u m o e velocida de, a lt er a -se o r u m o
do n osso n a vio, pa r a pa ssa r a u m a dist â n cia con sider a da su ficien t e.
11.Um n a vio com u m a em er gên cia m édica a bor do est á se dir igin do pa r a o por t o m a is
pr óxim o, n o r u m o 020°, velocida de de 12 n ós. Seu n a vio, qu e possu i m édico a bor do,
decide in t er cept á -lo, com a velocida de de 14 n ós, pa r a pr est a r a u xílio. Às 2100 h or a s, o
ou t r o n a vio é m a r ca do a os 262°, n a dist â n cia de 15 m ilh a s. Det er m in a r o r u m o de
in t er cept a çã o e a h or a em qu e in t er cept a r em os o a lvo.

S o lu ç ã o (F ig u ra 14.73):
a . selecion a -se a esca la 2:1 pa r a dist â n cia s e velocida des; plot a -se a posiçã o do con t a ct o e
t r a ça -se a DMR deseja da , t r a zen do-o pa r a o cen t r o da r osa , fa zen do com qu e o con t a ct o
per m a n eça com m a r ca çã o con st a n t e e dist â n cia dim in u in do (com o n o ca so de r u m o de
colisã o com o n osso n a vio).

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 477


N a v e g a ç ã o ra d a r

b. com a DMR deseja da e o vet or tm (r u m o e velocida de do a lvo), t r a ça -se o d ia g ra m a d e


v e lo c id a d e s , t ir a n do do pon t o m u m a r et a pa r a lela à DMR, n o sen t ido opost o; n o pon t o
em qu e est a r et a in t er cept a r a cir cu n fer ên cia de r a io igu a l a 14 n ós (velocida de do n a vio),
fica loca liza do o pon t o r. Det er m in a -se, en t ã o, o r u m o de in t er cept a çã o: 310°.
c. n o t ri â n g u lo d e v e lo c i d a d e s (ou d i a g ra m a d e v e lo c i d a d e s ) m ede-se o va lor da
v e lo c id a d e re la tiv a : VMR = 15 n ós.
d. com a d is tâ n c ia a t é o con t a ct o (15 m ilh a s) e a VMR (15 n ós), det er m in a -se o te m p o a t é
a in t er cept a çã o. Nest e ca so, 1 h or a . Assim , a in t er cept a çã o ocor r er á à s 2200 h or a s.
e. pa r a qu e o pr oblem a seja possível, é n ecessá r io qu e a cir cu n fer ên cia da velocida de do
pr ópr io n a vio in t er cept e a pa r a lela à D MR deseja da , t r a ça da a pa r t ir do pon t o m . Qu a n do
h ou ver 2 pon t os de in t er seçã o, exist em 2 solu ções. Nest e ca so, escolh er em os, n or m a lm en t e,
a qu e pr odu zir m a ior v e lo c id a d e re la tiv a , a fim de r edu zir o t em po pa r a in t er cept a çã o.

F ig u ra 14.73 - P ro ble m a n ° 11

14.4.5 P LOTAGEM RAD AR EM TEMP O REAL

a. Mé to d o d e s o lu ç ã o g rá fic a s o bre a re p e tid o ra


H á oca siões, qu a n do n a vega n do em á r ea s de den so t r á fego m a r ít im o, em qu e a t ela
do r a da r a pr esen t a u m gr a n de n ú m er o de con t a ct os, exigin do u m a a va lia çã o r á pida da
sit u a çã o, pa r a decidir se ser á n ecessá r io m a n obr a r , a lt er a n do o r u m o e/ou a velocida de do
n a vio. À n oit e, ou sob visibilida de r est r it a , o pr oblem a t or n a -se a in da m a is com plexo.

478 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


N a v e g a ç ã o ra d a r

Nessa s sit u a ções, a solu çã o gr á fica dos pr oblem a s de m ovim en t o r ela t ivo dir et a m en t e
n o plot a dor de r eflexã o in st a la do sobr e a t ela da r epet idor a é ba st a n t e con ven ien t e. E st e
m ét odo r á pido é den om in a do p lo ta g e m ra d a r e m te m p o re a l.
Qu a n do a t ela do r a da r m ost r a m ú lt iplos con t a ct os, a pr im eir a pr eocu pa çã o n a
a va lia çã o da sit u a çã o é ver ifica r a s m a rc a ç õ e s dos a lvos qu e se a p ro x im a m , pois, com o
sa bem os, exist e ri s c o d e c o li s ã o qu a n do o m ovim en t o r ela t ivo de u m a lvo a pr esen t a
m a rc a ç ã o c o n s ta n te e d is tâ n c ia d im in u in d o . P a r a det er m in a r se exist e r isco de colisã o
pela obser va çã o da t ela do r a da r , é essen cia l qu e se dispon h a de u m a a p re s e n t a ç ã o
e s ta biliza d a pela a gu lh a gir oscópica . Com u m a a pr esen t a çã o n ã o est a biliza da fica m u it o
difícil essa a va lia çã o (qu e t er ia qu e se ba sea r n a m a r ca çã o r ela t iva dos con t a ct os).
H a ven do n ecessida de de m a n obr a r , o pa sso segu in t e con sist e em decidir qu a l da s
qu a t r o m a n obr a s bá sica s pa r a evit a r colisã o (gu in a r BE , gu in a r BB, a u m en t a r a velocida de
e r ed u zir , ou p a r a r , a s m á qu in a s ), ou qu a l a com bin a çã o d ela s , ir á a u m en t a r m a is
efet iva m en t e a dist â n cia de pa ssa gem en t r e o n osso n a vio e o a lvo.
Na F igu r a 14.74, est á m ost r a da a t ela de u m r a da r on de for a m m a r ca da s com lá pis-
cer a a s posições de 5 a lvos (den om in a dos, r espect iva m en t e, A, B , C, D e E), n os m in u t os 00
e 06. Ta m bém for a m a ssin a la dos n a r epet idor a os m o v im e n to s re la tiv o s dos r efer idos
a lvos. Nosso n a vio est á n o r u m o 000°, velocida de 20 n ós. O r a da r oper a com a pr esen t a çã o
est a biliza da , n a esca la de 12 m ilh a s, com 2 m ilh a s en t r e os a n éis de dist â n cia .
F ig u ra 14.74 -

Obser va n do a im a gem r a da r com a s plot a gen s r ela t iva s do a lvos e su a s posições n os


m in u t os 00 e 06, ver ifica -se qu e o con t a t o C, a 4.5 m ilh a s n o t r a vés de BE , est á n o m esm o
r u m o e velocida de qu e o n osso n a vio (n ã o exist e m o v im e n to re la tiv o en t r e o n osso n a vio
e o a lvo C, p ois a m bos t êm o m es m o m o v i m e n t o v e r d a d e i r o ). S e r ed u zir m os ou
a u m en t a r m os a velocida de, ou se gu in a r m os pa r a BB, o n osso n a vio im edia t a m en t e com eça r á

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 479


N a v e g a ç ã o ra d a r

a a u m en t a r dist â n cia pa r a esse con t a ct o. E n t r et a n t o, se gu in a r m os pa r a BE , u m a sit u a çã o


de per igo pode su r gir , com r ela çã o a o con t a ct o C.
O con t a ct o D r a pida m en t e r evela qu e est á n o m esm o r u m o e com velocida de m a ior
qu e o n osso n a vio. Com o ele já est á a va n t e do n osso t r a vés de BB, a ú n ica m a n obr a n ossa
qu e pode cr ia r u m a sit u a çã o de r isco com esse con t a ct o é u m a u m en t o de velocida de.
O con t a ct o A est á n o r u m o opost o a o n osso (su a DMR é a r ecípr oca da n ossa pr oa ).
P or com pa r a çã o com os a n éis de dist â n cia , ver ifica -se qu e su a d is tâ n c ia re la tiv a per cor r ida
em 6 m in u t os (en t r e a s posições 00 e 06 do con t a ct o A) é de cer ca de 4 m ilh a s, o qu e n os
for n ece u m a v e lo c id a d e re la tiv a (VMR) de 40 n ós, in dica n do qu e o con t a ct o A desen volve
u m a velocida de de 20 n ós. Seu P MA t em dist â n cia de cer ca de 2 m ilh a s, o qu e pode ser
obt ido pr olon ga n do-se su a DMR a t é o n osso t r a vés de BE . Qu a lqu er m u da n ça de velocida de
n ã o ir á r edu zir a dist â n cia do P MA, de m odo qu e é segu r o, com r ela çã o a o con t a ct o A,
a u m en t a r ou dim in u ir a velocida de, a ssim com o gu in a r pa r a BB. Um a gu in a da pa r a BE ,
por ém , r epr esen t a r ia u m gr a n de r isco, sobr et u do por ca u sa da a lt a VMR (40 n ós).
O m ovim en t o r ela t ivo do con t a ct o E in dica u m a DMR opost a a o n osso r u m o. P or
com pa r a çã o com os a n éis de dist â n cia , ver ifica -se qu e a d is tâ n c ia re la tiv a per cor r ida pelo
con t a ct o E em 6 m in u t os é de a pr oxim a da m en t e 2 m ilh a s, o qu e n os for n ece u m a VMR de
20 n ós. Assim , o m ovim en t o r ela t ivo do con t a ct o E a pr esen t a r u m o opost o e u m a VMR
igu a l à velocida de do n osso n a vio, in dica n do qu e esse a lvo est á pa r a do. Seu P MA ocor r er á
a cer ca de 2 m ilh a s, n o n osso t r a vés de BB. Dest a for m a , é segu r o, com r ela çã o a o con t a ct o
E, a u m en t a r ou r edu zir a velocida de, ou gu in a r pa r a BE. Um a gu in a da pa r a BB, en t r et a n t o,
ir á r equ er er ca u t ela , pa r a n ã o cr ia r u m a sit u a çã o de r isco.
O con t a ct o B im edia t a m en t e r evela qu e est á em r u m o de colisã o con osco, pois su a
m a r ca çã o per m a n ece con st a n t e, en qu a n t o a dist â n cia dim in u i com r a pidez. Adem a is, a
a lt a v e lo c id a d e re la tiv a (VMR de cer ca de 30 n ós), qu e pode ser est im a da com ba se n a
dist â n cia en t r e a s posições dos m in u t os 00 e 06, a u m en t a a n ossa pr eocu pa çã o (o in t er va lo
de t em po a t é o pon t o de colisã o ser á de 16 m in u t os). Um a r edu çã o n a n ossa velocida de (ou
pa r a r a s m á qu in a s) fa r á com qu e o con t a ct o B cr u ze a n ossa pr oa com segu r a n ça (se o n osso
n a vio r edu z a velocida de, ou pá r a , qu a lqu er m ovim en t o r ela t ivo obser va do n o P P I do r a da r
gir a pa r a va n t e, ist o é, pa r a a dir eçã o da pr oa , n ã o im por t a on de est eja ).
Assim , ver ifica m os qu e ba st a u m a r edu çã o da n ossa velocida de (ou pa r a r a s m á qu in a s
t em por a r ia m en t e) pa r a sa fa r m os t odos os cin co con t a ct os. Após B cr u za r a n ossa pr oa ,
volt a r em os à velocida de a n t er ior .
S e, p or a lgu m a r a zã o, n ã o p u d er m os va r ia r a velocid a d e, r es t a m -n os d u a s
a lt er n a t iva s: gu in a r BE ou gu in a r BB.
Qu a lqu er gu in a da pa r a BE só dever ia ser con sider a da a pós o a lvo A pa ssa r pelo
n osso t r a vés (P MA, n a dist â n cia de cer ca de 2 m ilh a s). A gu in a da dever ia ser fr a n ca (pelo
m en os de 60°), pa r a n ã o cr ia r u m a sit u a çã o de r isco com o a lvo C, qu e, com o vim os, est á n o
m esm o r u m o e velocida de qu e o n osso n a vio. E st a gu in a da fa r ia com qu e o con t a ct o B
pa ssa sse sa fo por n osso BB.
Com u m a gu in a da pa r a BB (de cer ca de 50°), o a lvo B cr u za r ia a n ossa popa , por ém
leva r ia u m t em po m u it o gr a n de pa r a fica r sa fo, pois a velocida de do seu m ovim en t o r ela t ivo
ser ia r edu zida . Ou t r o com plica dor pa r a u m a gu in a da pa r a BB é, con for m e já m en cion a do,
o con t a ct o E (qu e est á pa r a do). A gu in a da deve ser t a l qu e o r efer ido con t a ct o fiqu e com
segu r a n ça por n osso BE .

480 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


N a v e g a ç ã o ra d a r

A sit u a çã o m ost r a da n a F igu r a 14.74 n ã o é, con t u do, r u im . U m a r edu çã o de


velocida de, com o vim os, r esolver ia com plet a m en t e o pr oblem a . Dest a for m a , pelo est u do do
P P I e o t r a ça do da plot a gem r ela t iva dos a lvos sobr e a pr ópr ia r epet idor a , pode-se evit a r
con t a ct os m ú lt iplos, sem a n ecessida de de det er m in a r , a t r a vés da solu çã o n a Rosa de
Ma n obr a s, os seu s r u m os ver da deir os e velocida des.
A F igu r a 14.75 m ost r a ou t r a sit u a çã o do u so do r a da r pa r a evit a r m ú lt iplos con t a ct os,
sem pr im eir o det er m in a r os r u m os ver da deir os e velocida des dos m esm os. Na sit u a çã o
ilu st r a da , o n osso n a vio est á n o r u m o 000°, velocida de de 20 n ós, a pr esen t a çã o r a da r
est a biliza da , n a esca la de 12 m ilh a s, com 2 m ilh a s en t r e os a n éis de dist â n cia . Tr ês con t a ct os
A, B e C sã o obser va dos e plot a dos dir et a m en t e sobr e o P P I ou plot a dor de r eflexã o. A
im a gem r a da r m ost r a a s posições dos a lvos à s 1000 h or a s e 1006 h or a s e a DMR de ca da
u m . Qu er -se det er m in a r a s n ova s lin h a s de m ovim en t o r ela t ivo pa r a os a lvos, r esu lt a n t es
de u m a gu in a da do n osso n a vio pa r a o r u m o 065°, à s 1006, pa r a ver ifica r se o n ovo r u m o
pr odu zir á P MA a ceit á veis pa r a t odos os con t a ct os.

F ig u ra 14-75 -

A solu çã o é a segu in t e:
• com or igem n o cen t r o do P P I, t r a ça r (com lá pis-cer a ) os vet or es tr e tr 1 , cor r espon den t es,
r espect iva m en t e, a o r u m o e velocida de in icia l e a o n ovo r u m o e velocida de. A gr a n deza
de ca da vet or deve ser m edida n a esca la de dist â n cia da a pr esen t a çã o r a da r , sen do igu a l
à dist â n cia per cor r ida pelo n ovo n a vio du r a n t e o in t er va lo de t em po da plot a gem r ela t iva .
No pr esen t e ca so, o in t er va lo é de 6 m in u t os e a velocida de de 20 n ós. P or t a n t o, a gr a n deza
de a m bos os vet or es tr e tr 1 deve ser de 2 m ilh a s (1 a n el de dist â n cia ), con for m e m ost r a do
n a F igu r a ;
• con st r u ir , en t ã o, u m a lin h a t r a ceja da de r pa r a r 1 ;

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 481


N a v e g a ç ã o ra d a r

• desloca r , em segu ida , a posiçã o in icia l dos con t a ct os A, B , e C (ist o é, a posiçã o de 1000
h or a s) n a m esm a dir eçã o e dist â n cia qu e a lin h a t r a ceja da rr 1 ; design e ca da u m a da s
posições obt ida s de r 1 ;
a n ova d ire ç ã o d o m o v im e n to re la tiv o de ca da con t a ct o ser á obt ida con ect a n do
a s posições desloca da s com a s posições fin a is dos con t a ct os (ist o é, a s posições de 1006).
Assim , ver ifica -se qu e, com a m u da n ça do r u m o pa r a 065°, o con t a ct o A, qu e est a va
em ru m o d e c o lis ã o , pa ssa r á sa fo do n osso n a vio, a ssim com o os con t a ct os B e C.
Os exer cícios qu e se segu em dest in a m -se a t est a r e a pr im or a r a pr á t ica de plot a gem
r a da r em t em po r ea l.

Ex e rc íc io s
1. Na sit u a çã o ilu st r a da n a F igu r a 14.76, seu n a vio est á n o r u m o 000°, velocida de de 20
n ós. O r a da r , com a pr esen t a çã o est a biliza da pela a gu lh a gir oscópica , est á n a esca la de
12 m ilh a s, com 2 m ilh a s en t r e os a n éis de dist â n cia . A F igu r a m ost r a a posiçã o de 5
a lvos (A, B , C, D e E), n os m in u t os 00 e 06.

F ig u ra 14.76 - Ex e rc íc io n ° 1
RUMO 000°

Qu est ões:
1. Qu a l o a lvo qu e est á em ru m o d e c o lis ã o com o seu n a vio?
(A) (B) (C) D) (E )
2. Qu a l o a lvo qu e com eça r ia a a u m en t a r dist â n cia se o seu n a vio gu in a sse pa r a bom bor do?
(A) (B) (C) (D) (E )

482 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


N a v e g a ç ã o ra d a r

3. Qu a l o a lvo cu ja DMR (dir eçã o do m ovim en t o r ela t ivo) m u da r á 30° pa r a a dir eit a , se o
seu n a vio gu in a r 30° pa r a bor est e?
(A) (B) (C) (D) (E )
4. Qu a l o a lvo cu ja DMR (dir eçã o do m ovim en t o r ela t ivo) gir a r ia pa r a a esqu er da se o seu
n a vio gu in a sse pa r a bor est e?
(A) (B) (C) (D) (E ) (Nen h u m )
5. Qu a l o a lvo qu e t er ia u m a DMR (dir eçã o do m ovim en t o r ela t ivo) de 285° se o seu n a vio
gu in a r 30° pa r a BE (pa r a o r u m o 030°)?
(A) (B) (C) (D) (E )
6. Qu a is os a lvos qu e m u da r ã o m a is seu s DMR e P MA se o seu n a vio r edu zir a velocida de
pa r a 10 n ós?
(A) e (E ) (C) e (E ) (B) e (D) (A) e (C)
7. Qu e a lvo pa ssa r á m a is pr óxim o do seu n a vio se est e gu in a r BE pa r a 050° n o m in u t o 06?
(A) (B) (C) (D) (E )
8. Qu a l o a lvo qu e t em a m en or v e lo c id a d e v e rd a d e ira , poden do, a t é m esm o, est a r pa r a do?
(A) (B) (C) (D) (E )
9. Se o seu n a vio gu in a r BB pa r a 315° n o m in u t o 06, t odos os a lvos t er ã o u m P MA de pelo
m en os 1 m ilh a ?
(SIM) (NÃO)
10. Um a gu in a da pa r a BE , pa r a o r u m o 045°, n o m in u t o 06, ir ia fa zer com qu e t odos
os a lvos t ivessem u m P MA de pelo m en os 2 m ilh a s?
(SIM) (NÃO)
Respost a s: 1–(A); 2–(C); 3–(E ); 4–(NE NH UM); 5–(C); 6– (B) e (D); 7–(C); 8–(E ); 9–(SIM);
10–(NÃO).

2. Na sit u a çã o ilu st r a da n a F igu r a 14.77, seu n a vio est á n o r u m o 000°, velocida de de 20


n ós. O r a da r , com a pr esen t a çã o est a biliza da , n a esca la de 12 m ilh a s (2 m ilh a s en t r e os
a n éis de dist â n cia ), a pr esen t a 5 a lvos (A, B , C, D e E), cu ja s posições n os m in u t os 00 e 06
sã o in dica da s n a F igu r a .
Qu est ões:
1. Qu a l o con t a ct o qu e poder ia ser u m a bóia ?
(A) (B) (C) (D) (E )
2. Qu a l o con t a ct o qu e est á n o m esm o r u m o qu e seu n a vio?
(A) (B) (C) (D) (E )
3. Qu a l o a lvo qu e est á n o r u m o oest e e com u m a velocida de u m pou co m a ior qu e a n ossa ?
(A) (B) (C) (D) (E )

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 483


N a v e g a ç ã o ra d a r

4. Qu a is os a lvos qu e pa ssa r ã o a o n or t e da bóia ?


(A) e (D) (A) e (B) (B) e (C) (B) e (D)
5. Qu a l o a lvo qu e est á em r u m o de colisã o com o n osso n a vio?
(A) (B) (C) (D) (E )
6. Qu a l o a lvo qu e, logo à pr im eir a vist a , ver ifica -se qu e est á com velocida de m en or qu e o
n osso n a vio?
(A) (B) (C) (D) (E )
7. Se o n osso n a vio pa r a r m á qu in a s n o m in u t o 06, qu a l o a lvo qu e com eça r á a a u m en t a r
dist â n cia ?
(A) (B) (C) (D) (E )
8. Qu a l o a lvo qu e t er á a m a ior v e lo c id a d e re la tiv a (VMR) se o seu n a vio gu in a r BE pa r a
045° n o m in u t o 06?
(A) (B) (C) (D) (E )
9. E n t r e os r u m os a ba ixo, in dica r em qu a l o seu n a vio dever ia gover n a r , se você decidisse
gu in a r pa r a BB n o m in u t o 06, a fim de qu e o a lvo C pa ssa sse n a su a popa , à m a ior
dist â n cia .
350° 340° 320° 290° 270°
10.Qu a l o a lvo cu ja dir eçã o do m ovim en t o r ela t ivo (DMR) gir a r á pa r a a esqu er da , se o seu
n a vio gu in a r pa r a BE n o m in u t o 06?
(A) (B) (C) (D) (E )
Respost a s: 1–(E ); 2–(A); 3–(B); 4–(B) e (D); 5–(B); 6–(A); 7–(A); 8–(B); 9–(320°); 10–(C).

F ig u ra 14.77 - Ex e rc íc io 2
RUMO 000°

3. Na sit u a çã o ilu st r a da n a F igu r a 14.78, seu n a vio est á n o r u m o 000°, velocida de 20 n ós.
O r a da r , com a pr esen t a çã o est a biliza da , est á n a esca la de 12 m ilh a s, com 2 m ilh a s en t r e
a n éis de dist â n cia . A F igu r a m ost r a a s posições de 7 a lvos (A, B , C, D , E, F e G) n os
m in u t os 00 e 06.

484 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


N a v e g a ç ã o ra d a r

F ig u ra 14-78 - Ex e rc íc io 3

Qu est ões:
1. Qu a l o a lvo qu e t em a m en or v e lo c id a d e v e rd a d e ira ?
(A) (B) (C) (D) (E ) (F ) (G)
2. Qu a l o a lvo qu e est á em r u m o de colisã o com o n osso n a vio?
(A) (B) (C) (D) (E ) (F ) (G)
3. Qu a l o a lvo qu e est á n o m esm o r u m o e velocida de qu e o n osso n a vio?
(A) (B) (C) (D) (E ) (F ) (G)
4. A qu e dist â n cia o a lvo G cor t a r á n ossa pr oa ?
(2') (1') (3') (4')
5. Qu a l o a lvo qu e se pode a fir m a r , logo à pr im eir a vist a , qu e est á com velocida de su per ior
à do n osso n a vio?
(A) (B) (C) (D) (E ) (F ) (G)
6. Qu a l a DMR e a VMR do a lvo C?
100°/20 n ós 280°/20 n ós 100°/10 n ós 280°/10 n ós
7. Qu e a lvo poder ia ser u m a bóia ?
(A) (B) (C) (D) (E ) (F ) (G)
8. Se o a lvo E a u m en t a r a velocida de, su a DMR ser á de:
090° 270° 180° 000°
9. Qu a l a dist â n cia do P MA do a lvo B ?
(2') (1') (3') (4')
10.Se o a lvo A r edu zir su a velocida de pa r a 10 n ós n o m in u t o 06, ele ir á :

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 485


N a v e g a ç ã o ra d a r

1. Cor t a r su a pr oa , com u m P MA m a ior qu e 2 m ilh a s;


2. P a ssa r pelo seu BB, com u m P MA m a ior qu e 2 m ilh a s;
3. P a ssa r pelo seu BE , com u m P MA m a ior qu e 2 m ilh a s;
4. P a ssa r pelo seu BE , com u m P MA m en or qu e 2 m ilh a s;
Respost a s: 1–(F ); 2–(A); 3–(E ); 4–(2'); 5–(D); 6–280°/10 n ós; 7–(F ); 8–(000°); 9–(2'); 10–(4).

14.4.6 S IS TEMAS AU TOMÁTICOS D E RAD AR AN TI-


COLISÃO
Recentemente foram desenvolvidos sistemas radar com acompanhamento e processamento
a u t om á t ico de con t a ct os, qu e r esolvem os pr oblem a s de cin em á t ica qu e in t er essa m à segu r a n ça
da n a vega çã o, for n ecen do a o Oficia l de Qu a r t o a s in dica ções n ecessá r ia s pa r a m a n obr a r a fim
de evit a r colisões, ou poden do, a t é m esm o, n os sist em a s in t egr a dos m a is a va n ça dos, com a n da r
o gir o-pilot o e/ou a s m á qu in a s, a lt er a n do o r u m o e/ou a velocida de do n a vio.
Os sist em a s a u t om á t icos, gen er ica m en t e den om in a dos de ARP A (“AU TOMATIC
RAD AR P LOTTIN G AID S ”) dest in a m -se a r edu zir o t em po r equ er ido pa r a u m a plot a gem
r a da r m a n u a l, sobr e a r epet idor a (n o plot a dor de r eflexã o) ou n a Rosa de Ma n obr a , e pa r a
solu çã o dos pr oblem a s de m ovim en t o r ela t ivo. Adem a is, con t r ibu em pa r a dim in u ir os r iscos
de er r os h u m a n os, qu e for a m ca u sa dor es de in ú m er os a ciden t es n o m a r .
N or m a lm en t e, os sist em a s a u t om á t icos for n ecem r u m o ver da deir o, velocida de e
elem en t os do P MA (dist â n cia e h or a ) dos a lvos det ect a dos, a lém de possu ír em a la r m e á u dio
e visu a l pa r a in dica r con t a ct os qu e est eja m em r u m o de colisã o com o n osso n a vio.
Além disso, os elem en t os do a lvo sã o ca lcu la dos logo qu e o m esm o é det ect a do pelo
r a da r , in depen den t em en t e da esca la de dist â n cia a ju st a da n o P P I. Se, por exem plo, u m
con t a ct o é a dqu ir ido pelo r a da r a 17 m ilh a s, o equ ipa m en t o leva a pen a s cer ca de 2 m in u t os
pa r a com pu t a r u m a solu çã o com plet a pa r a o con t a ct o. E st a n do o P P I n a esca la de dist â n cia
de 12 m ilh a s, qu a n do o a lvo a lca n ça r est a dist â n cia e o seu eco pa ssa r a ser m ost r a do n a
t ela do r a da r , ele já t er á sido a dqu ir ido e a com pa n h a do e seu s elem en t os de r u m o, velocida de
e P MA já t er ã o sido det er m in a dos.
Assim , a s va n t a gen s dos sist em a s a u t om á t icos de r a da r podem ser r esu m ida s com o
se segu e:
a . Aqu isiçã o e pr ocessa m en t o a u t om á t ico de ecos;
b. T od os os e cos r e le va n t e s (e m a lgu n s s is t e m a s ce r ca d e 2 0 0 ) s e r ã o e xa m in a d os
sim u lt a n ea m en t e e seu s da dos a t u a liza dos em ca da va r r edu r a ;
c. Os ecos m a is pr óxim os (a t é o n ú m er o de 40 em cer t os sist em a s) ser ã o m ost r a dos, com os
seu s r espect ivos vet or es;
d. Os elem en t os dos ecos (m ovim en t o r ela t ivo, posiçã o, r u m o, velocida de e P MA) sã o
in for m a dos in st a n t a n ea m en t e;
e. Os sist em a s possu em a la rm e d e ri s c o d e c o li s ã o , ba sea do n a dist â n cia do P MA
selecion a da pelo oper a dor e in depen den t e da esca la de dist â n cia a ju st a da n o P P I;
f. E lim in a çã o do er r o h u m a n o n a s t a r efa s m ecâ n ica s de plot a gem do m ovim en t o r ela t ivo e
cá lcu lo dos elem en t os do a lvo;
g. P r ovê a o n a vega n t e m a is t em po pa r a m a n obr a r , a lém de in dica r os r esu lt a dos de diver sa s
m a n obr a s im a gin a da s.

486 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


N a v e g a ç ã o ra d a r

E n t r et a n t o, sen do sist em a s com plexos, sã o su jeit os a fa lh a s. É n ecessá r io com ba t er a


t en dên cia qu e t êm cer t os oper a dor es de a ceit a r em a s in for m a ções de t ã o sofist ica do a pa r elh o
sem qu a lqu er con t est a çã o. Com o qu a lqu er t ipo de r a da r , os sist em a s a u t om á t icos podem da r
in dica ções fa lsa s, deixa r de det ect a r ecos, et c. Dest e m odo, em bor a u m a pa r elh o ba sea do em
com pu t a dor possa a u m en t a r o n ível de con h ecim en t o da sit u a çã o, ele n ã o dispen sa u m a
a va lia çã o con st a n t e, com plet a da por u m a vigilâ n cia visu a l per m a n en t e, a fim de qu e se con siga
u sa r t oda s a s in for m a ções pa r a obt er a sa ída ót im a de u m a sit u a çã o com plexa .

14.5 AP RES EN TAÇÃO EM MOVIMEN TO


VERD AD EIRO
Com a d ifu s ã o cr es cen t e d e equ ip a m en t os r a d a r qu e op er a m em m ovim en t o
ver da deir o, su a u t iliza çã o em n a vega çã o em á gu a s r est r it a s vem sen do a va lia da e pa r ece
ofer ecer m a ior es a t r a t ivos. E n t r et a n t o, a s lim it a ções da a pr esen t a çã o em m ovim en t o
ver da deir o devem ser r econ h ecida s:
• a lvos em r u m o de colisã o n ã o sã o fa cilm en t e per cebidos, a n ã o ser a qu eles ju st a m en t e
pela pr oa ou pela popa ;
• ocor r em in t er r u pções in evit á veis n o con t r ole e a va lia çã o da a pr esen t a çã o r a da r , t oda
vez qu e o n a vio a lca n ça a ext r em ida de do P P I e t em qu e ser r eposicion a do; e
• é m a is difícil a det er m in a çã o pr ecisa da cor r eçã o pa r a com pen sa r os efeit os de cor r en t e
e ven t o.
A va n t a gem é de n ã o se t er o m ovim en t o a pa r en t e de a lvos pa r a dos, o qu e fa cilit a o
r econ h ecim en t o de bóia s e n a vios fu n dea dos.
At é qu e m a ior exper iên cia seja a dqu ir ida e n or m a s est a belecida s, a s segu in t es
su gest ões podem ser a pr esen t a da s:
• a a pr esen t a çã o em m ovim en t o ver da deir o é a dequ a da pa r a ca n a is est r eit os e lon gos,
on de n ã o exist a u m t r á fego in t en so de n a vios e n o qu a l o im por t a n t e é o r econ h ecim en t o
de bóia s;
• o r eposicion a m en t o do n a vio deve ser cu ida dosa m en t e pla n eja do e execu t a do a pós o n a vio
est a r n u m a per n a da e com posiçã o r a da r n a ca r t a ; desse m odo, evit a r -se-á u m a con du çã o
er r a da da n a vega çã o, du r a n t e o per íodo de in t er r u pçã o;
• o r eposicion a m en t o do n a vio n ã o dever á ser deixa do pa r a o ú lt im o in st a n t e, pois poder á
h a v e r coi n ci d ê n ci a com s i t u a çõe s p e r i g os a s , q u e r e q u e i r a m m a i or cu i d a d o e
a com pa n h a m en t o;
• u m a est r eit a liga çã o com o con t r ola dor de a lvos de su per fície deve ser m a n t ida , pois a
n a vega çã o n ã o poder á m a n t er a a t en çã o pr esa a t odo o t r á fego de n a vios, e n ã o dispõe de
t em po pa r a det er m in a r os P MA;
• pa r a evit a r con fu sã o, n ã o devem ser u t iliza da s du a s r epet idor a s, u m a em m ovim en t o
ver da deir o e ou t r a em r ela t ivo; e
• é u m en ga n o pen sa r qu e a n a vega çã o em á gu a s r est r it a s com a pr esen t a çã o em m ovim en t o
ver da deir o possa ser efet u a da com segu r a n ça , sem se possu ir a devida pr á t ica em
m ovim en t o r ela t ivo.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 487


N a v e g a ç ã o ra d a r

14.6 S U MÁRIO D O CAP ÍTU LO


O r a da r é u m a fer r a m en t a ext r em a m en t e im por t a n t e pa r a a n a vega çã o cost eir a e
em á gu a s r est r it a s. É o ú n ico in st r u m en t o ger a lm en t e dispon ível qu e t em a ca pa cida de de
pr over lin h a s de posiçã o (LDP ) pr ecisa s, m esm o em con dições de visibilida de r est r it a ou
du r a n t e os per íodos de escu r idã o. As pr in cipa is va n t a gen s do r a da r , sob o pon t o de vist a da
n a vega çã o, podem ser r esu m ida s com o se segu e:
a . o r a da r pode ser u t iliza do à n oit e ou du r a n t e per íodos de visibilida de r est r it a , qu a n do os
m ét odos visu a is de n a vega çã o sã o lim it a dos ou de u so im possível;
b. o r a da r per m it e, n or m a lm en t e, a obt en çã o r á pida e pr ecisa de posições;
c. com o r a da r é possível, em bor a n ã o seja r ecom en da do, obt er u m a posiçã o com a pen a s u m
pon t o de a poio, a t r a vés da m ediçã o da m a r ca çã o e da dist â n cia -r a da r a o pon t o;
d. o r a da r pode ser u sa do a m a ior es dist â n cia s da cost a do qu e a m a ior ia dos ou t r os m ét odos
em pr ega dos n a n a vega çã o cost eir a (e em á gu a s r est r it a s); e
e. o r a da r pode ser u sa do pa r a det ect a r , loca liza r e a com pa n h a r ou t r os n a vios, t em pest a des
(fu r a cões, t u fões e ciclon es) e dem a is per t u ba ções a t m osfér ica s.
Ta l com o ou t r os equ ipa m en t os sofist ica dos, o r a da r t a m bém t em su a s lim it a ções
pa r a u so n a n a vega çã o. E n t r e a s m a is im por t a n t es, est ã o a s segu in t es:
a . é u m in st r u m en t o elet r ôn ico com plexo, depen den t e de u m a fon t e de a lim en t a çã o e su jeit o
a fa lh a s e a va r ia s;
b. a pr esen t a m en or pr ecisã o qu e det er m in a dos m ét odos de n a vega çã o. P or exem plo, a s
m a r ca ções visu a is sã o n or m a lm en t e m a is pr ecisa s;
c. a in t er pr et a çã o da im a gem r a da r é, à s vezes, difícil, m esm o pa r a u m oper a dor exper ien t e;
d. o a lca n ce m ín im o do r a da r é u m a lim it a çã o a o seu em pr ego. A r ever ber a çã o devida a o
r et or n o do m a r t or n a difícil a det ecçã o de pequ en os a lvos pr óxim os a o n a vio; e
e. o r a da r é su scept ível a in t er fer ên cia s, n a t u r a is ou deliber a da s (bloqu eio).
No qu e se r efer e a o seu u so com o m eio pa r a evit a r colisões n o m a r , vim os a im por t â n cia
e o va lor da s in for m a ções for n ecida s pelo r a da r , em especia l du r a n t e con dições de visibilida de
r est r it a , ou em per íodos de escu r idã o.
Rest a a cr escen t a r qu e, qu a n do u m n a vio, em oca siã o de ba ixa visibilida de, ver ifica r
qu e est á em r u m o de colisã o com ou t r o qu e det ect ou pelo r a da r , deve m a n obr a r sem pr e com
a m p la a n t eced ên cia , p ois , a o con t r á r io d o qu e s u ced e n o con t a ct o vis u a l, em qu e o
a vist a m en t o é r ecípr oco, n a det ecçã o pelo r a da r n ã o h á ga r a n t ia de exist ir essa r ecipr ocida de.
E n fim , em bor a o r a da r n ã o seja u m a pa n a céia , seu u so in t eligen t e, t a n t o n a n a vega çã o
cost eir a ou em á gu a s r est r it a s, com o pa r a evit a r colisões n o m a r , em m u it o a u xilia r á o
n a vega n t e a con du zir com segu r a n ça o seu n a vio.

488 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Re g u la m e n to in te rn a c io n a l p a ra e v ita r a ba lro a m e n to s n o m a r

REGU LAMEN TO
15 IN TERN ACION AL
P ARA EVITAR
AB ALROAMEN TOS
N O MAR

15.1 INTRODUÇÃO
E st e Ca pít u lo dest in a -se a or ien t a r o est u do do Regu la m en t o In t er n a cion a l pa r a E vi-
t a r Aba lr oa m en t os n o Ma r (RIP EAM – 72), in cor por a n do a s em en da s de 1981, con st it u in do-
se em uma espécie de “tra duçã o”, pa ra uma lingua gem ma is a cessível, da s regra s esta belecida s
n o Regu la m en t o. E m bor a t odo o RIP EAM seja discu t ido n est e Ca pít u lo, o n a vega n t e dever á ,
t a m bém , est u da r o t ext o com plet o da s r egr a s, con st a n t e da pu blica çã o R e g u la m e n t o
In te rn a c io n a l p a ra Ev ita r Aba lro a m e n to s n o Ma r , edit a da pela Dir et or ia de P or t os e
Cost a s do Min ist ér io da Ma r in h a .

15.2 D EF IN IÇÕES ; AP LICAÇÃO D AS


REGRAS
P a r a com pr een der t ot a lm en t e a s r egr a s é im por t a n t e con h ecer o sign ifica do dos se-
gu in t es t er m os:
1. A pa la vr a e m ba rc a ç ã o pa r a o RIP EAM design a qu a lqu er en gen h o ou a pa r elh o, in clu si-
ve ve ícu los se m calado (t a is com o os qu e se desloca m sobr e colch ões de a r ) e h idroaviõe s ,
u sa dos ou ca pa zes de ser em u sa dos com o m eio de t r a n spor t e sobr e a á gu a .
2. O t er m o e m ba rc a ç ã o d e p ro p u ls ã o m e c â n ic a design a qu a lqu er em ba r ca çã o m ovim en -
t a da por m eio de m á qu in a s ou m ot or es.
3. O t er m o e m ba rc a ç ã o a v e la design a qu a lqu er em ba r ca çã o sob vela , sen do pr opelida a pe-
n a s pela for ça do ven t o, ou seja , com a m á qu in a de pr opu lsã o, se h ou ver , n ã o sen do u t i-
liza da .
4. O t er m o e m m o v im e n to se a plica a t oda s a s em ba r ca ções qu e n ã o se en con t r a m fu n dea -
da s, a m a r r a da s à t er r a ou en ca lh a da s.
As defin ições de t er m os t a is com o e m ba rc a ç ã o s e m g o v e rn o , e m ba rc a ç ã o c o m
c a p a c id a d e d e m a n o bra re s trita , e m ba rc a ç ã o re s trita d e v id o a o s e u c a la d o e e m -

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 489


Re g u la m e n to in te rn a c io n a l p a ra e v ita r a ba lro a m e n to s n o m a r

ba rc a ç ã o e n g a ja d a n a p e s c a , ser ã o a bor da da s n a s pa r t es dest e Ca pít u lo on de est a s em -


ba r ca ções sã o est u da da s.
As r egr a s do RIP EAM a plica m -se a t oda s a s em ba r ca ções em m a r a ber t o e em t oda s
a s á gu a s a est e liga da s, n a v e g á v e is p o r n a v io s d e a lto m a r.
O segu n do pon t o é especia lm en t e im por t a n t e, pois o RIP EAM é n or m a lm en t e a ssocia -
do a pen a s com o m a r a ber t o. Na r ea lida de, en t r et a n t o, h á m u it os r ios, á gu a s in t er ior es e
por t os a os qu a is se a plica m a s r egr a s do RIP E AM, por qu e sã o n a vegá veis por em ba r ca ções
de a lt o m a r e, a in da , est ã o liga dos a o m a r a ber t o. P or ou t r o la do, h á pa íses, com o os E st a dos
Un idos, qu e a dot a m u m con ju n t o de r egr a s loca is (“in la n d r u les”), qu e se a plica m à s á gu a s
in t er ior es, sit u a da s por den t r o de u m a lin h a d e d e m a rc a ç ã o , qu e divide a s á gu a s r egu la da s
pelo RIP EAM da s á gu a s r egida s pela s r egr a s loca is a cim a cit a da s.
O Br a sil a dot a u m con ju n t o de Re g ra s Es p e c ia is Co m p le m e n ta re s a o RIP EAM/
72, pa r a u so n a s n ossa s á gu a s in t er ior es (r ios, la gos, la goa s e ca n a is em qu e a m ba s a s m a r -
gen s est ã o em t er r it ór io n a cion a l). Os a spect os pr in cipa is de t a is r egr a s ser ã o m en cion a dos
a o fin a l dest e Ca pít u lo.

15.3 LU ZES E MARCAS


a. É IMP ORTAN TE AS S IN ALAR AS S EGU IN TES REGRAS , QU E S E
AP LICAM ÀS LU ZES E MARCAS :
1. As lu ze s devem ser exibida s d o p o r a o n a s c e r d o S o l e em p e río d o s d e v is ibilid a d e
re s trita . Du r a n t e est es per íodos, n ã o devem ser exibida s ou t r a s lu zes qu e possa m per -
t u r ba r a iden t ifica çã o, por pa r t e de ou t r o n a vio, da s lu zes especifica da s n o RIP EAM.
2. As r egr a s r efer en t es à s m a rc a s se a plica m a o p e río d o d iu rn o .

b. S ETORES D E VIS IB ILID AD E D AS LU ZES P AD RÕES D E


NAVEGAÇÃO.
1. LU ZES D E B ORD OS (ver de a bo re s te e en ca r n a da a bo m bo rd o): devem a pr esen t a r
u m set or de visibilida de de 112.5°, desde a pr oa a t é 22.5° por a n t e a r é do t r a vés do seu
r espect ivo bor do.
2. LU ZES D E MAS TRO: a s lu zes br a n ca s con t ín u a s de m a st r o, sit u a da s sobr e a lin h a
d e c e n tro do n a vio, devem a pr esen t a r u m set or de visibilida de de 225°, desde a pr oa a t é
22.5° por a n t e a r é do t r a vés em a m bos os bor dos da em ba r ca çã o.
3. LUZ DE ALCANÇADO: a luz branca contínua de alcançado, situada tão próximo quanto
possível da popa , deve ser visível n u m set or h or izon t a l de 135°, sen do 67.5° pa r a ca da
bor do, a pa r t ir da popa .

490 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Re g u la m e n to in te rn a c io n a l p a ra e v ita r a ba lro a m e n to s n o m a r

Os set or es de visibilida de da s lu zes pa dr ões de n a vega çã o sã o m ost r a dos n a F igu r a

15.1.

F ig u ra 15.1 - S e to re s d e v is ibilid a d e d a s lu ze s p a d rõ e s d e n a v e g a ç ã o

c. ALCAN CES D AS LU ZES P AD RÕES D E N AVEGAÇÃO


Os a lca n ces pa dr ões m ín im os da s lu zes de n a vega çã o sã o os qu e se segu em :
1. E m em ba r ca ções de com pr im en t o igu a l ou su per ior a 50 m et r os:
LU ZES D E MAS TRO 6 m ilh a s
LU ZES D E B ORD OS 3 m ilh a s
LU Z D E ALCAN ÇAD O 3 m ilh a s
2. E m em ba r ca ções de com pr im en t o igu a l ou su per ior a 12 m et r os, por ém in fer ior a 50
m et r os:
LU Z D E MAS TRO 5 m ilh a s (qu a n do o com pr im en t o da em ba r ca çã o for
in fer ior a 20 m : 3 m ilh a s)
LU ZES D E B ORD OS 2 m ilh a s
LU Z D E ALCAN ÇAD O 2 m ilh a s
3. E m em ba r ca ções de com pr im en t o in fer ior a 12 m et r os:
LU Z D E MAS TRO 2 m ilh a s
LU ZES D E B ORD OS 1 m ilh a
LU Z D E ALCAN ÇAD O 2 m ilh a s

d. LU ZES E MARCAS P AD RÕES D E N AVEGAÇÃO P ARA OS D IVERS OS


TIP OS D E EMB ARCAÇÃO
1. EMB ARCAÇÃO D E P ROP U LS ÃO MECÂN ICA D E COMP RIMEN TO IGU AL OU
S U P ERIOR A 50 METROS :
Em m o v im e n to , à n oit e ou sob visibilida de r est r it a , deve exibir :

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 491


Re g u la m e n to in te rn a c io n a l p a ra e v ita r a ba lro a m e n to s n o m a r

• du a s lu ze s d e m a s tro de m odo a for m a r u m a lin h a m en t o, ist o é, sen do a lu z de r é m a is


a lt a qu e a de va n t e,
• lu ze s d e bo rd o s

B - LUZES BRANCAS
E - LUZ ENCARNADA
V - LUZ VERDE
• u m a lu z d e a lc a n ç a d o

E st a s lu zes sã o m ost r a da s n a s F igu r a s 15.2 e 15.3.

F ig u ra 15.2 -

F ig u ra 15.3 - Em ba rc a ç ã o d e p ro p u ls ã o m e c â n ic a , d e c o m p rim e n to m a io r qu e 50 m e tro s


e m m o v im e n to

2. EMB ARCAÇÃO D E P ROP U LS ÃO MECÂN ICA D E COMP RIMEN TO


IN F ERIOR A 50 METROS :
Em m o v im e n to , à n oit e ou sob visibilida de r est r it a , deve exibir :
• u m a lu z d e m a s tro
• lu ze s d e bo rd o s
• u m a lu z d e a lc a n ç a d o
E st a s lu zes sã o m ost r a da s n a s F igu r a s 15.4 e 15.5(a ).

492 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Re g u la m e n to in te rn a c io n a l p a ra e v ita r a ba lro a m e n to s n o m a r

F ig u ra 15.4 - Em ba rc a ç ã o d e p ro p u ls ã o m e c â n ic a , m e n o r d o qu e 50 m e tro s , e m m o v im e n to

F ig u ra 15.5 (a ) - Vis ta d e to p o e d e bo m bo rd o d e u m a e m ba rc a ç ã o d e p ro p u ls ã o m e c â n ic a
m e n o r d o qu e 50 m e tro s , e m m o v im e n to

N OTA: Um a em ba r ca çã o de pr opu lsã o m ecâ n ica de com pr im en t o in fer ior a 50 m et r os n ã o é


obr iga da a exibir a segu n da lu z d e m a s tro , m a s poder á fa zê-lo.

3. OBSERVAÇÕES
• E m em ba r ca ções de com pr im en t o in fer ior a 20 m et r os, a s lu ze s d e bo rd o s podem ser
com bin a da s em u m a ú n ica la n t er n a in st a la da sobr e a lin h a de cen t r o da em ba r ca çã o.

F ig u ra 15.5 (b) - F ig u ra 15.5 (c ) -

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 493


Re g u la m e n to in te rn a c io n a l p a ra e v ita r a ba lro a m e n to s n o m a r

• Um a em ba r ca çã o de pr opu lsã o m ecâ n ica com m en os de 12 m et r os de com pr im en t o, em


m ovim en t o, pode exibir a pen a s u m a lu z c irc u la r bra n c a (set or de visibilida de de 360º) e
lu ze s d e bo rd o s – F igu r a 15.5(b).
• Um a em ba r ca çã o de pr opu lsã o m ecâ n ica com m en os de 7 m et r os de com pr im en t o, cu ja
velocida de m á xim a n ã o exceda a 7 n ós, pode exibir a pen a s u m a lu z c irc u la r bra n c a
(F igu r a 15.5(c)) e deve, se possível, t a m bém exibir lu ze s d e bo rd o s .

4. EMB ARCAÇÕES A VELA EM MOVIMEN TO


Um a em ba r ca çã o a vela em m ovim en t o, à n oit e ou sob visibilida de r est r it a , deve exibir :
• lu ze s d e bo rd o s
• lu z d e a lc a n ç a d o
F ig u ra 15.6 (a ) - F ig u ra 15.6 (b) -

Além da s lu zes a cim a pr escr it a s, u m a em ba r ca çã o a vela em m ovim en t o pode exibir ,


F ig u ra 15.7 -
com o lu ze s o p c io n a is , n o t ope do m a st r o
ou pr óxim o dest e, on de possa m ser m elh or
vist a s, d u a s lu ze s c irc u la re s d is p o s ta s
e m lin h a v e rtic a l, s e n d o a s u p e rio r
e n c a rn a d a e a in fe rio r v e rd e .
E s t a s l u z e s s ã o m os t r a d a s n a s
F igu r a s 15.6(a ) e 15.6(b).

5. EMB ARCAÇÃO N AVEGAN D O

494 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Re g u la m e n to in te rn a c io n a l p a ra e v ita r a ba lro a m e n to s n o m a r

• Um a em ba r ca çã o de pr opu lsã o m ecâ n ica com m en os de 12 m et r os de com pr im en t o, em


m ovim en t o, pode exibir a pen a s u m a lu z c irc u la r bra n c a (set or de visibilida de de 360º) e
lu ze s d e bo rd o s – F igu r a 15.5(b).
• Um a em ba r ca çã o de pr opu lsã o m ecâ n ica com m en os de 7 m et r os de com pr im en t o, cu ja
velocida de m á xim a n ã o exceda a 7 n ós, pode exibir a pen a s u m a lu z c irc u la r bra n c a
(F igu r a 15.5(c)) e deve, se possível, t a m bém exibir lu ze s d e bo rd o s .

4. EMB ARCAÇÕES A VELA EM MOVIMEN TO


Um a em ba r ca çã o a vela em m ovim en t o, à n oit e ou sob visibilida de r est r it a , deve exibir :
• lu ze s d e bo rd o s
• lu z d e a lc a n ç a d o
F ig u ra 15.6 (a ) - F ig u ra 15.6 (b) -

Além da s lu zes a cim a pr escr it a s, u m a em ba r ca çã o a vela em m ovim en t o pode exibir ,


F ig u ra 15.7 -
com o lu ze s o p c io n a is , n o t ope do m a st r o
ou pr óxim o dest e, on de possa m ser m elh or
vist a s, d u a s lu ze s c irc u la re s d is p o s ta s
e m lin h a v e rtic a l, s e n d o a s u p e rio r
e n c a rn a d a e a in fe rio r v e rd e .
E s t a s l u z e s s ã o m os t r a d a s n a s
F igu r a s 15.6(a ) e 15.6(b).

5. EMB ARCAÇÃO N AVEGAN D O

494 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Re g u la m e n to in te rn a c io n a l p a ra e v ita r a ba lro a m e n to s n o m a r

S OB VELA E MÁQU IN A
Um a em ba r ca çã o n a vega n do a vela , qu a n do t a m bém oper a pr opu lsã o m ecâ n ica , deve
exibir a va n t e, on de possa ser m elh or vist a , du r a n t e o per íodo diu r n o, u m a m a r ca em for m a de
con e, de cor pr et a , com o vér t ice pa r a ba ixo, com o m ost r a do n a F igu r a 15.7.
À n oit e, ou em con diçã o de visibilida de r est r it a , u m a em ba r ca çã o n a vega n do sob vela e
m á qu in a deve exibir a s lu ze s p a d rõ e s d e n a v e g a ç ã o pa r a e m ba rc a ç õ e s d e p ro p u ls ã o
m e c â n ic a e m m o v im e n to .

6. LU ZES E MARCAS P ARA REB OQU E E EMP U RRA


As lu ze s e m a rc a s e s p e c ia is p a ra re bo qu e e e m p u rra devem ser exibida s a pen a s
qu a n do a em ba r ca çã o est iver efet iva m en t e en ga ja da n est a s oper a ções. Um r eboca dor ou
em pu r r a dor qu a n do n a vega n do in depen den t em en t e deve exibir a s lu zes pa dr ões de n a vega çã o
pa r a u m a em ba r ca çã o de pr opu lsã o m ecâ n ica .
– Uma e m barcação re bocan do, sen do o com prim e n to do re boqu e (m edido a pa r t ir
da popa do r eboca dor a t é a popa da ú lt im a em ba r ca çã o r eboca da ) in fe rio r a 200 m e tro s ,
deve exibir :
• du a s lu ze s d e m a s tro bra n c a s , em lin h a ver t ica l (set or es de visibilida de de 225°, sen do
112.5° pa r a ca da bor do da pr oa ).
• lu ze s d e bo rd o s
• lu z d e a lc a n ç a d o
F ig u ra 15.8 - Em ba rc a ç ã o re bo c a n d o p e la p o p a , c o m p rim e n to d o re bo qu e m e n o r qu e 200
m e tro s e c o m p rim e n to d o re bo c a d o r m e n o r qu e 50 m e tro s

F ig u ra 15.9 - Em ba rc a ç ã o re bo c a d a

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 495


Re g u la m e n to in te rn a c io n a l p a ra e v ita r a ba lro a m e n to s n o m a r

• lu z d e re bo qu e , de cor a m a re la , com a s m esm a s ca r a ct er íst ica s da lu z de a lca n ça do


(set or de visibilida de de 135° cen t r a do n a popa ), loca liza da em lin h a ver t ica l e a cim a da
lu z d e a lc a n ç a d o .
A em ba r ca çã o r eboca da deve exibir :
• lu ze s d e bo rd o s

• lu z d e a lc a n ç a d o
As lu zes a cim a cit a da s sã o m ost r a da s n a s F igu r a s 15.8 e 15.9.
Se o com pr im en t o do r eboca dor for igu a l ou m a ior qu e 50 m et r os, u m a lu z d e m a s tro
a dicion a l deve ser exibida , a r é e m a is a lt a qu e a s du a s lu zes a n t er ior m en t e m en cion a da s,
con for m e m ost r a do n a F igu r a 15.10.

F ig u ra 15.10 - Re bo c a d o r d e c o m p rim e n to ig u a l o u s u p e rio r a 50 m e tro s , e n ba ja d o e m


fa in a d e re bo qu e , s e n d o o c o m p rim e n to d o re bo qu e in fe rio r a 200 m e tro s

Um a e m ba rc a ç ã o re bo c a n d o , sen do o c o m p rim e n to d o re bo qu e s u p e rio r a 200


m e tro s , dever á exibir , à n oit e ou sob visibilida de r est r it a :
• t r ês lu ze s d e m a s tro bra n c a s , em lin h a ver t ica l (set or es de visibilida de de 225°, sen do
112.5° pa r a ca da bor do.
• lu ze s d e bo rd o s
• lu z d e a lc a n ç a d o
• lu z d e re bo qu e , a m a r ela , com 135° de set or de visibilida de (67.5° pa r a ca da bor do, a
pa r t ir da popa ), a cim a e em lin h a ver t ica l com a lu z d e a lc a n ç a d o .
C om o n o ca s o a n t e r i or , a s
em ba r ca ções r eboca da s devem exibir :
• lu ze s d e bo rd o s
• lu z d e a lc a n ç a d o

496 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Re g u la m e n to in te rn a c io n a l p a ra e v ita r a ba lro a m e n to s n o m a r

A F igu r a 15.11 ilu st r a a sit u a çã o descr it a .

F ig u ra 15.11 - Em ba rc a ç ã o (d e c o m p rim e n to m e n o r qu e 50 m e tro s ) re bo c a n d o , s e n d o o


c o m p rim e n to d o re bo qu e s u p e rio r a 200 m e tro s

É im por t a n t e n ot a r qu e, se o com pr im en t o do r eboca dor for igu a l ou su per ior a 50


m et r os, ele dever á exibir u m a lu z de m a st r o a dicion a l, a r é e m a is a lt a qu e a s t r ês lu zes a cim a
cit a da s.

Qu a n do o com pr im en t o do r eboqu e for su per ior a 200 m et r os, t a n t o o r eboca dor qu a n t o


a s em ba r ca ções r eboca da s exibir ã o, du r a n t e o dia , u m a m a r ca for m a da por dois con es pr et os
u n idos pela s ba ses, sit u a da on de m elh or possa ser vist a , com o m ost r a do n a s F igu r a s 15.11 e
15.12.
F i g u ra 15.12 - Ma rc a d i u rn a e x i b i d a p e lo re b o c a d o r e p e la s e m b a rc a ç õ e s re b o c a d a s
qu a n d o o c o m p rim e n to d o re bo qu e é m a io r qu e 200 m e tro s

E m ba r ca çã o de pr opu lsã o m ecâ n ica re bo c a n d o a c o n tra bo rd o :


À n oit e ou sob visibilida de r est r it a deve exibir :
• du a s lu ze s d e m a s tro bra n c a s , em lin h a ver t ica l.
F ig u ra 15.13 (a ) - Em ba rc a ç ã o d e p ro p u ls ã o m e c â n ic a , re bo c a n d o a c o n tra bo rd o

F ig u ra 15.13 (b) - Re bo qu e a c o n tra bo rd o

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 497


Re g u la m e n to in te rn a c io n a l p a ra e v ita r a ba lro a m e n to s n o m a r

F ig u ra 15.14 -

• lu ze s d e bo rd o s
• lu z d e a lc a n ç a d o

A em ba r ca çã o sen do r eboca da a con t r a bor do deve exibir lu ze s d e bo rd o s n o ext r em o


de va n t e e lu z d e a lc a n ç a d o .
As F igu r a s 15.13(a ) e 15.13(b) ilu st r a m o r eboqu e a con t r a bor do.
Um gr u po de em ba r ca ções r eboca da s a con t r a bor do deve exibir lu ze s d e n a v e g a ç ã o
com o se fosse u m a ú n ica em ba r ca çã o, con for m e m ost r a do n a F igu r a 15.14.
Um a e m ba rc a ç ã o e m p u rra n d o deve exibir , à n oit e ou sob visibilida de r est r it a :
• du a s lu ze s d e m a s tro br a n ca s, n u m a lin h a ver t ica l
• lu ze s d e bo rd o s
• lu z d e a lc a n ç a d o
Se o com pr im en t o do em pu r r a dor for igu a l ou m a ior qu e 50 m et r os, ele deve exibir u m a
lu z d e m a s tro a dicion a l, a r é e m a is a lt a qu e a s du a s lu zes a cim a cit a da s.

F ig u ra 15.15 (a ) - F ig u ra 15.15 (b) -

A e m ba rc a ç ã o s e n d o e m p u rra d a deve exibir a pen a s lu ze s d e bo rd o s , n o ext r em o


de va n t e.
A F igu r a 15.15(a ) ilu st r a est a sit u a çã o.
Qu a n do u m a e m ba rc a ç ã o e m p u rra d o ra e u m a e m ba rc a ç ã o e m p u rra d a est ã o
r igida m en t e liga da s en t r e si, for m a n do u m a u n ida de in t egr a da e r ea gin do a o m a r com o se
fosse um só navio, elas devem ser consideradas como uma só embarcação de propulsão mecânica
e exibir a s lu zes pa dr ões pa r a est e t ipo de em ba r ca çã o (F igu r a 15.15(b)).

498 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Re g u la m e n to in te rn a c io n a l p a ra e v ita r a ba lro a m e n to s n o m a r

7. EMB ARCAÇÕES EN GAJ AD AS N A P ES CA


P a r a ser con sider a da u m a e m ba rc a ç ã o e n g a ja d a n a p e s c a , a em ba r ca çã o deve est a r
pesca n do com “re d e s , lin h a s , re d e s d e a rra s to ou qu a lqu er ou t r o e qu ip a m e n to d e p e s c a
qu e re s trin g e s u a m a n o bra bilid a d e ”. Ist o n ã o in clu i u m a em ba r ca çã o de r ecr eio pesca n do
de cor r ico ou com ou t r os equ ipa m en t os de pesca qu e n ã o r est r in gem su a m a n obr a bilida de.
As segu in t es re g ra s e s p e c ia is a plica m -se à s e m ba rc a ç õ e s e n g a ja d a s n a p e s c a :
• e m ba rc a ç õ e s d e p ro p u ls ã o m e c â n ic a e e m ba rc a ç õ e s a v e la devem m a n t er -se for a do
ca m in h o de e m ba rc a ç õ e s e n g a ja d a s n a p e s c a .

F ig u ra 15.16 (a ) - Em ba rc a ç ã o m a io r qu e F ig u ra 15.16 (b) - Em ba rc a ç ã o m e n o r qu e 50


50 m e tro s , e n g a ja d a n a p e s c a d e a rra s to , m e tro s , e n g a ja d a n a p e s c a d e a rra s to , c o m
s e m s e g u im e n to s e g u im e n to

• u m a e m ba rc a ç ã o e n g a ja d a n a p e s c a n ã o deve im pedir a pa ssa gem de qu a lqu er n a vio


n a vega n do em u m c a n a l e s tre ito ou segu in do u m e s qu e m a d e s e p a ra ç ã o d e trá fe g o .
• u m a e m ba rc a ç ã o e n g a ja d a n a p e s c a fu n dea da exibe a pen a s a s lu ze s d e id e n tific a ç ã o
d e p e s c a , n ã o m ost r a n do a s lu zes de em ba r ca çã o fu n dea da .
• qu a n do e m m o v im e n to u m a em ba r ca çã o en ga ja da n a pesca exibe, a lém da s lu ze s d e
id e n tific a ç ã o d e p e s c a , a s lu ze s d e bo rd o s e a lu z d e a lc a n ç a d o .

F ig u ra 15.17 (a ) - Em ba rc a ç ã o e n g a ja d a e m
p e s c a q u e n ã o s e ja d e a r r a s t o , s e m F ig u ra 15.17 (b) - Em ba rc a ç ã o e n g a ja d a e m
s e g u im e n to p e s c a qu e n ã o s e ja a rra s to , c o m s e g u im e n to

Um a e m ba rc a ç ã o e n g a ja d a n a p e s c a d e a rra s to, ist o é, a r r a st a n do a t r a vés da


á gu a u m a r ede ou ou t r o disposit ivo u sa do com o a pa r elh o de pesca , deve exibir , du r a n t e à

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 499


Re g u la m e n to in te rn a c io n a l p a ra e v ita r a ba lro a m e n to s n o m a r

7. EMB ARCAÇÕES EN GAJ AD AS N A P ES CA


P a r a ser con sider a da u m a e m ba rc a ç ã o e n g a ja d a n a p e s c a , a em ba r ca çã o deve est a r
pesca n do com “re d e s , lin h a s , re d e s d e a rra s to ou qu a lqu er ou t r o e qu ip a m e n to d e p e s c a
qu e re s trin g e s u a m a n o bra bilid a d e ”. Ist o n ã o in clu i u m a em ba r ca çã o de r ecr eio pesca n do
de cor r ico ou com ou t r os equ ipa m en t os de pesca qu e n ã o r est r in gem su a m a n obr a bilida de.
As segu in t es re g ra s e s p e c ia is a plica m -se à s e m ba rc a ç õ e s e n g a ja d a s n a p e s c a :
• e m ba rc a ç õ e s d e p ro p u ls ã o m e c â n ic a e e m ba rc a ç õ e s a v e la devem m a n t er -se for a do
ca m in h o de e m ba rc a ç õ e s e n g a ja d a s n a p e s c a .

F ig u ra 15.16 (a ) - Em ba rc a ç ã o m a io r qu e F ig u ra 15.16 (b) - Em ba rc a ç ã o m e n o r qu e 50


50 m e tro s , e n g a ja d a n a p e s c a d e a rra s to , m e tro s , e n g a ja d a n a p e s c a d e a rra s to , c o m
s e m s e g u im e n to s e g u im e n to

• u m a e m ba rc a ç ã o e n g a ja d a n a p e s c a n ã o deve im pedir a pa ssa gem de qu a lqu er n a vio


n a vega n do em u m c a n a l e s tre ito ou segu in do u m e s qu e m a d e s e p a ra ç ã o d e trá fe g o .
• u m a e m ba rc a ç ã o e n g a ja d a n a p e s c a fu n dea da exibe a pen a s a s lu ze s d e id e n tific a ç ã o
d e p e s c a , n ã o m ost r a n do a s lu zes de em ba r ca çã o fu n dea da .
• qu a n do e m m o v im e n to u m a em ba r ca çã o en ga ja da n a pesca exibe, a lém da s lu ze s d e
id e n tific a ç ã o d e p e s c a , a s lu ze s d e bo rd o s e a lu z d e a lc a n ç a d o .

F ig u ra 15.17 (a ) - Em ba rc a ç ã o e n g a ja d a e m
p e s c a q u e n ã o s e ja d e a r r a s t o , s e m F ig u ra 15.17 (b) - Em ba rc a ç ã o e n g a ja d a e m
s e g u im e n to p e s c a qu e n ã o s e ja a rra s to , c o m s e g u im e n to

Um a e m ba rc a ç ã o e n g a ja d a n a p e s c a d e a rra s to, ist o é, a r r a st a n do a t r a vés da


á gu a u m a r ede ou ou t r o disposit ivo u sa do com o a pa r elh o de pesca , deve exibir , du r a n t e à

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 499


Re g u la m e n to in te rn a c io n a l p a ra e v ita r a ba lro a m e n to s n o m a r

n oit e ou em per íodos de visibilida de r est r it a (F igu r a s 15.16(a ) e 15.16(b)):


• du a s lu zes cir cu la r es (com set or es de visibilida de de 360°) d is p o s ta s e m lin h a v e rtic a l,
sen do a su per ior v e rd e e a in fer ior bra n c a .
• qu a n do com segu im en t o exibir á t a m bém lu ze s d e bo rd o s e lu z d e a lc a n ç a d o .

• se m a ior qu e 50 m et r os, a e m ba rc a ç ã o e n g a ja d a n a p e s c a d e a rra s to dever á a in da


exibir u m a lu z d e m a s tro , por a n t e a r é e a cim a da lu z ver de.
Um a e m barcação e n gajada e m pe sca com lin h a ou re de qu e n ão se ja de arrasto
deve exibir (F igu r a s 15.17(a ) e 15.17(b)):

• du a s lu ze s c irc u la re s (com set or es de visibilida de de 360°) d is p o s ta s e m lin h a v e rti-

(A) (B)
1. EMBARCAÇÃO ENGAJADA NA PESCA QUE NÃO SEJA DE ARRASTO, SEM SEGUIMENTO OU
FUNDEADA (NÃO EXIBE LUZES DE BORDO E LUZ DE ANCANÇADO)
2. EMBARCAÇÃO DE COMPRIMENTO INFERIOR A 20 METROS, ENGAJADA NA PESCA,
DURANTE O DIA (EXIBE UM CESTO IÇADO NO MASTRO)

500 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Re g u la m e n to in te rn a c io n a l p a ra e v ita r a ba lro a m e n to s n o m a r

c a l, sen do a su per ior e n c a rn a d a e a in fer ior bra n c a .


• qu a n do com segu im en t o exibir á a in da lu ze s d e bo rd o s e u m a lu z d e a lc a n ç a d o .

F ig u ra 15.20 - Em ba rc a ç ã o e n g a ja d a n a p e s c a , c o m o a p a re lh o s e e s te n d e n d o a m a is d e 150
m e tro s , m e d id o s h o rizo n ta lm e n te a p a rtir d a e m ba rc a ç ã o , e x ibe a m a rc a p a d rã o p a ra
e m ba rc a ç ã o e n g a ja d a n a p e s c a e u m c o n e c o m o v é rtic e p a ra c im a , n a d ire ç ã o d o a p a re lh o

• qua ndo o equipa mento de pesca se estender a ma is de 150 metros, medidos horizonta lmente
a pa r t ir da em ba r ca çã o, exibir á a in da u m a lu z c irc u la r bra n c a , n a dir eçã o do a pa r elh o.

F ig u ra 15.18 - Em ba rc a ç ã o e n g a ja d a n a p e s c a (m a rc a d iu rn a )

U m a e m ba rc a ç ã o e n g a ja d a n a p e s c a c o m re d e s , lin h a s o u re d e s d e a rra s to
exibir á d u ra n te o d ia u m a m a rc a com post a por d o is c o n e s p re to s u n id o s p o r s e u s
v é rtic e s , dispost os n a ver t ica l. Um a em ba r ca çã o de com pr im en t o in fer ior a 20 m et r os poder á ,
em lu ga r dessa m a r ca , exibir u m c e s to iç a d o n o m a s tro (F igu r a s 15.18 e 15.19).

F ig u ra 15.19

Qu a n d o o equ ip a m en t o d e p es ca s e es t en d er a m a is d e 150 m et r os , m ed id os
h or izon t a lm en t e a pa r t ir da em ba r ca çã o, a em ba r ca çã o exibir á , du r a n t e o per íodo diu r n o, u m
con e com o vér t ice pa r a cim a , n a dir eçã o do a pa r elh o, a lém da m a r ca diu r n a de iden t ifica çã o
de em ba r ca çã o en ga ja da em pesca , com o n a F igu r a 15.20.

8. EMB ARCAÇÕES COM CAP ACID AD E D E MAN OB RA RES TRITA


A expr essã o “e m ba rc a ç ã o c o m c a p a c id a d e d e m a n o bra re s trita ” design a u m a
emba rca çã o que, devido à n atu re za de se u s se rviços, se encontra restrita em sua ca pa cida de
de m a n obr a r com o det er m in a do pelo RIP EAM, est a n do, por t a n t o, in c a p a c ita d a d e s e
m a n te r fo ra d a ro ta d e o u tra e m ba rc a ç ã o .
A expr essã o “e m ba rc a ç ã o c o m c a p a c id a d e d e m a n o bra re s trita ” in clu i os ca sos
a ba ixo, n ã o se lim it a n do a eles, en t r et a n t o:
• em ba r ca ções en ga ja da s em ser viços de coloca çã o, m a n u t en çã o ou r et ir a da de sin a is de
n a vega çã o, ca bos ou t u bu la ções su bm a r in a s;
• em ba r ca ções en ga ja d a s em s er viços d e d r a ga gem , leva n t a m en t os h id r ogr á ficos e
ocea n ogr á ficos ou t r a ba lh os su bm a r in os, in clu in do oper a ções com m er gu lh a dor es;

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 501


Re g u la m e n to in te rn a c io n a l p a ra e v ita r a ba lro a m e n to s n o m a r

• embarcações engajadas em reabastecimento ou transferência de pessoas, provisões ou carga


em via gem ;
• em ba r ca ções en ga ja da s em la n ça m en t os ou r ecolh im en t os de a er on a ves;
• em ba r ca ções en ga ja da s em oper a ções de r em oçã o de m in a s;
• embarcações engajadas em operação de reboque, que, por sua natureza, dificilmente permite
a o r eboca dor e a seu r eboqu e desvia r em -se do r u m o.

F i g u r a 1 5 .2 1 (a ) - E m b a r c a ç ã o c o m F ig u ra 15.21 (b) - Em ba rc a ç ã o c o m c a p a c id a d e
c a p a c id a d e d e m a n o bra re s trita , s e m d e m a n o bra re s trita , d e c o m p rim e n to m e n o r
s e g u im e n to qu e 50 m e tro s , c o m s e g u im e n to

• em ba r ca ções en ga ja d a s em com p en s a çã o d e a gu lh a m a gn ét ica ou ca libr a gem d o


r a diogon iôm et r o

F ig u ra 15.21 (c ) - Em ba rc a ç ã o c o m c a p a c id a d e d e m a n o bra re s trita , d e c o m p rim e n to in fe -


rio r a 50 m e tro s , fu n d e a d a

U m a e m b a r ca çã o e n ga ja d a e m
op e r a çõe s d e r e m oçã o d e m i n a s é
con sider a da em ba r ca çã o com ca pa cida de
de m a n obr a r est r it a pa r a os pr opósit os de
re g ra s d e m a n o bra, por ém exibe lu zes e
marcas diferentes das outras categorias de

em ba r ca ções com ca pa cida de de m a n obr a r est r it a , con for m e a dia n t e m ost r a do.

LU ZES E MARCAS P ARA EMB ARCAÇÕES COM CAP ACID AD E D E

502 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Re g u la m e n to in te rn a c io n a l p a ra e v ita r a ba lro a m e n to s n o m a r

F ig u ra 15.22 - Em ba rc a ç ã o re bo c a n d o , in c a p a z d e a lte ra r o ru m o d o d is p o s itiv o

MAN OB RA RES TRITA


Qu a n do s e m s e g u im e n to , exibir ã o (F igu r a 15.21(a )):
• t r ês lu zes cir cu la r es dispost a s em lin h a ver t ica l, on de possa m ser m elh or vist a s. As lu zes
s u p e rio r e in fe rio r dever ã o ser e n c a rn a d a s e a d o m e io bra n c a .
Quando com se gu im e n to as embarcações com capacidade de manobra restrita exibirão
a in da (F igu r a 15.21(b)):
• lu z o u lu ze s d e m a s tro
Figu ra 15.23 - Em barcação e n gajada e m dragage m , com se gu im e n to, com obstru ção a bore ste
e bo m bo rd o liv re

F ig u ra 15.24 - Em ba rc a ç ã o c o m c a p a c id a d e d e m a n o bra re s trita (m a rc a d iu rn a )


• lu ze s d e bo rd o s
• lu z d e a lc a n ç a d o
Qu a n do fu n de adas, a lém da s lu zes de
iden t ifica çã o de em ba r ca çã o com ca pa cida de
de m a n obr a r est r it a , exibir ã o a in da a s lu zes
pa r a em ba r ca çã o fu n dea da , a dia n t e descr it a s
(F igu r a 15.21 (c)).
U m a em ba r ca çã o en ga ja da em u m a
oper a çã o de r eboqu e com r est r içã o sever a em
s u a ca p a ci d a d e d e a l t e r a r o r u m o d o
N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 503
Re g u la m e n to in te rn a c io n a l p a ra e v ita r a ba lro a m e n to s n o m a r

disposit ivo, deve, a lém da s lu zes pr escr it a s pa r a r eboqu e, exibir a s lu zes de iden t ifica çã o de
em ba r ca çã o com ca pa cida de de m a n obr a r est r it a (lu zes cir cu la r es en ca r n a da - br a n ca –
en ca r n a da ), lu zes de bor dos e lu z de a lca n ça do (F igu r a 15.22).
Qu a n do u m a em ba r ca çã o est á dr a ga n do ou en ga ja da em oper a ções su bm a r in a s e
a pr esen t a u m a obst r u çã o, ela deve exibir a s segu in t es lu zes, a lém da s lu ze s de ide n tificação

F ig u ra 15.26 - Em ba rc a ç ã o m iú d a e n g a ja d a e m o p e ra ç õ e s c o m m e rg u lh a d o re s

d e e m b a rc a ç ã o c o m c a p a c i d a d e d e
m a n o b r a r e s t r i t a (lu ze s cir cu la r e s
en ca r n a da – br a n ca – en ca r n a da ):
• d u a s lu ze s c irc u la re s e n c a rn a d a s
em lin h a ver t ica l n o bor do n o qu a l exis-
t e a obst r u çã o (t a is com o ca n a liza ções
de dr a ga gem ).
• d u a s lu ze s c irc u la re s v e rd e s em li-
n h a ver t ica l n o bor do livr e pa r a n a ve-
ga çã o (F igu r a 15.23).

Ma rc a d iu rn a p a ra e m ba rc a ç õ e s c o m c a p a c id a d e d e m a n o bra re s trita : du r a n -
t e o pe ríodo diu rn o , u m a e m barcação com capacidade de m an obra re strita deve exibir,
on de m elh or possa ser vist a , u m a m a r ca con st it u ída por u m a esfer a , u m a figu r a con st it u ída
por dois con es u n idos pela s ba ses e u m a esfer a , dispost a s em lin h a ver t ica l, t oda s de cor
pr et a . O r efer ido sin a l é m ost r a do n a F igu r a 15.24.
Ca so a em ba r ca çã o com ca pa cida de de m a n obr a r est r it a a pr esen t e u m a obst r u çã o n u m
dos bor dos, os sin a is m ost r a dos n a F igu r a 15.25 dever ã o ser exibidos du r a n t e o dia (pa r a
m elh or com pr een sã o sã o t a m bém a pr esen t a da s a s lu zes cor r espon den t es).

F ig u ra 15.25 -

Sem pr e qu e o por t e de u m a em ba r ca çã o en ga ja da em oper a ções su bm a r in a s t or n a r a


exibiçã o da s m a r ca s a cim a cit a da s im pr a t icá vel, deve ser exibida u m a ré p lic a ríg id a d a
ba n d e ira “A” do Có d ig o In te rn a c io n a l d e S in a is , coloca da à a lt u r a m ín im a de 1 m et r o.
Devem ser t om a da s pr eca u ções a fim de a ssegu r a r su a visibilida de em t odos os set or es, com o
m ost r a do n a F igu r a 15.26.

504 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Re g u la m e n to in te rn a c io n a l p a ra e v ita r a ba lro a m e n to s n o m a r

disposit ivo, deve, a lém da s lu zes pr escr it a s pa r a r eboqu e, exibir a s lu zes de iden t ifica çã o de
em ba r ca çã o com ca pa cida de de m a n obr a r est r it a (lu zes cir cu la r es en ca r n a da - br a n ca –
en ca r n a da ), lu zes de bor dos e lu z de a lca n ça do (F igu r a 15.22).
Qu a n do u m a em ba r ca çã o est á dr a ga n do ou en ga ja da em oper a ções su bm a r in a s e
a pr esen t a u m a obst r u çã o, ela deve exibir a s segu in t es lu zes, a lém da s lu ze s de ide n tificação

F ig u ra 15.26 - Em ba rc a ç ã o m iú d a e n g a ja d a e m o p e ra ç õ e s c o m m e rg u lh a d o re s

d e e m b a rc a ç ã o c o m c a p a c i d a d e d e
m a n o b r a r e s t r i t a (lu ze s cir cu la r e s
en ca r n a da – br a n ca – en ca r n a da ):
• d u a s lu ze s c irc u la re s e n c a rn a d a s
em lin h a ver t ica l n o bor do n o qu a l exis-
t e a obst r u çã o (t a is com o ca n a liza ções
de dr a ga gem ).
• d u a s lu ze s c irc u la re s v e rd e s em li-
n h a ver t ica l n o bor do livr e pa r a n a ve-
ga çã o (F igu r a 15.23).

Ma rc a d iu rn a p a ra e m ba rc a ç õ e s c o m c a p a c id a d e d e m a n o bra re s trita : du r a n -
t e o pe ríodo diu rn o , u m a e m barcação com capacidade de m an obra re strita deve exibir,
on de m elh or possa ser vist a , u m a m a r ca con st it u ída por u m a esfer a , u m a figu r a con st it u ída
por dois con es u n idos pela s ba ses e u m a esfer a , dispost a s em lin h a ver t ica l, t oda s de cor
pr et a . O r efer ido sin a l é m ost r a do n a F igu r a 15.24.
Ca so a em ba r ca çã o com ca pa cida de de m a n obr a r est r it a a pr esen t e u m a obst r u çã o n u m
dos bor dos, os sin a is m ost r a dos n a F igu r a 15.25 dever ã o ser exibidos du r a n t e o dia (pa r a
m elh or com pr een sã o sã o t a m bém a pr esen t a da s a s lu zes cor r espon den t es).

F ig u ra 15.25 -

Sem pr e qu e o por t e de u m a em ba r ca çã o en ga ja da em oper a ções su bm a r in a s t or n a r a


exibiçã o da s m a r ca s a cim a cit a da s im pr a t icá vel, deve ser exibida u m a ré p lic a ríg id a d a
ba n d e ira “A” do Có d ig o In te rn a c io n a l d e S in a is , coloca da à a lt u r a m ín im a de 1 m et r o.
Devem ser t om a da s pr eca u ções a fim de a ssegu r a r su a visibilida de em t odos os set or es, com o
m ost r a do n a F igu r a 15.26.

504 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Re g u la m e n to in te rn a c io n a l p a ra e v ita r a ba lro a m e n to s n o m a r

9 EMB ARCAÇÕES RES TRITAS D EVID O AO S EU CALAD O

A expr essã o e m ba rc a ç ã o re s trita d e v id o a o s e u c a la d o design a u m a em ba r ca çã o


de pr opu lsã o m ecâ n ica qu e, devido a o seu ca la do em r ela çã o à pr ofu n dida de do loca l, ou devido
à s su a s dim en sões em r ela çã o à ext en sã o de á gu a n a vegá vel dispon ível, est á com sever a s
r est r ições qu a n t o à su a ca pa cida de de se desvia r do r u m o qu e est á segu in do.
Ao se det er m in a r a con diçã o de e m ba rc a ç ã o re s trita d e v id o a o s e u c a la d o, deve
s e r d a d a a n e ce s s á r ia con s id e r a çã o a o e fe it o d a p ou ca á gu a a b a ixo d a q u ilh a n a
m a n obr a bilida de do n a vio e, por t a n t o, em su a ca pa cida de de desvia r -se do r u m o qu e est á
segu in do. Um a em ba r ca çã o n a vega n do com pou ca á gu a a ba ixo da qu ilh a , m a s com su ficien t e
lazeira para efetuar manobras para evitar colisão, não deve ser considerada como e m barcação
re s trita d e v id o a o s e u c a la d o .
Um a e m ba rc a ç ã o re s trita d e v id o a o s e u c a la d o pode, a lém da s lu zes pr escr it a s
para embarcações de propulsão mecânica, exibir trê s lu ze s circu lare s e n carn adas dispostas
em lin h a ver t ica l, ou u m a m a r ca con st it u ída por u m cilin dr o pr et o, on de m elh or possa m ser
vist os. A F igu r a 15.27 m ost r a a s lu zes e a m a r ca a cim a cit a da s.

F ig u ra 15-27 - Em ba rc a ç ã o re s trita d e v id o a o s e u c a la d o

F i g u ra 15-28 - E m b a rc a ç ã o fu n d e a d a , d e F ig u ra 15-29 - Em ba rc a ç ã o fu n d e a d a , d e
c o m p rim e n to ig u a l o u s u p e rio r a 50 m e tro s c o m p rim e n to in fe rio r a 50 m e tro s

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 505


Re g u la m e n to in te rn a c io n a l p a ra e v ita r a ba lro a m e n to s n o m a r

10. EMB ARCAÇÕES F U N D EAD AS


Um a e m ba rc a ç ã o fu n d e a d a deve exibir , on de m elh or possa m ser vist a s:
• n a p a rte d e v a n te , u m a lu z c irc u la r bra n c a .
• n a p o p a (ou pr óxim o dela ) e a u m n ív e l m a is ba ix o qu e a lu z d e v a n te , u m a ou t r a lu z
c irc u la r bra n c a .
N OTAS : – E m ba r ca ções de com pr im en t o in fer ior a 50 m et r os podem exibir , em lu ga r da s
lu zes a cim a cit a da s, u m a lu z c irc u la r bra n c a , on de m elh or possa ser vist a .
Um a em ba r ca çã o fu n dea da pode e, se o seu com pr im en t o for m a ior qu e 100 m et r os,
deve, u t iliza r a in da t oda s a s lu zes de fa in a s dispon íveis, pa r a ilu m in a r seu s con veses.
• du r a n t e o dia , u m a e m ba rc a ç ã o fu n d e a d a deve exibir u m a m a rc a con st it u ída por u m a
e s fe ra p re ta , on de m elh or possa ser vist a .

N OTA: Um a em ba r ca çã o de com pr im en t o in fer ior a 7 m et r os n ã o ser á obr iga da a exibir a s


lu zes e a m a r ca a cim a descr it a s, qu a n do fu n dea da for a de u m ca n a l ou de u m a via de a cesso,
de u m fu n dea dou r o ou da s r ot a s n or m a lm en t e u t iliza da s por ou t r a s em ba r ca ções.

506 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Re g u la m e n to in te rn a c io n a l p a ra e v ita r a ba lro a m e n to s n o m a r

As F igu r a s 15.28 e 15.29 ilu st r a m a s lu zes e a m a r ca diu r n a pa r a em ba r ca ções


fu n dea da s.

11. EMB ARCAÇÕES S EM GOVERN O


A expr essã o e m ba rc a ç ã o s e m g o v e rn o design a u m a em ba r ca çã o qu e, por a lgu m a
cir cu n st â n cia excepcion a l, com o, por exem plo, u m pr oblem a n o a pa r elh o de gover n o ou n o
sist em a de pr opu lsã o, en con t r a –se in ca pa z de m a n obr a r com o det er m in a do pelo RIP EAM,
est a n do, por t a n t o, in ca pa cit a da de se m a n t er for a da r ot a de ou t r a em ba r ca çã o.
Um a e m ba rc a ç ã o s e m g o v e rn o deve exibir :

• d u a s lu ze s c irc u la re s e n c a rn a d a s dispost a s em lin h a ver t ica l, on de m elh or possa m ser


vist a s.
• qu a n do com segu im en t o, deve exibir a in da lu ze s d e bo rd o s e lu z d e a lc a n ç a d o .

• d u ra n te o d ia , u m a e m ba rc a ç ã o s e m g o v e rn o deve exibir u m a m a r ca con st it u ída por


du a s e s fe ra s p re ta s , em lin h a ver t ica l, on de m elh or possa m ser vist a s.

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 507


Re g u la m e n to in te rn a c io n a l p a ra e v ita r a ba lro a m e n to s n o m a r

F ig u ra 15.30 (a ) - Em ba rc a ç ã o s e m g o v e rn o , s e m s e g u im e n to

As F igu r a s 15.30(a ) e 15.30(b) m ost r a m a s lu zes e m a r ca s pa r a u m a em ba r ca çã o sem


gover n o.

F ig u ra 15.30 (b) - Em ba rc a ç ã o s e m g o v e rn o , c o m s e g u im e n to

12. EMB ARCAÇÃO EN CALHAD A


Um a e m ba rc a ç ã o e n c a lh a d a deve exibir :
• a s lu ze s p re s c rita s p a ra e m ba rc a ç õ e s fu n d e a d a s , a n t er ior m en t e descr it a s.
F ig u ra 15.32 - Em ba rc a ç ã o d e p ra tic a g e m , F ig u ra 15.33 - Em ba rc a ç ã o d e p ra tic a g e m ,
c o m s e g u im e n to m e n o r qu e 50 m e tro s , fu n d e a d a

• d u a s lu ze s c irc u la re s e n c a rn a d a s dispost a s em lin h a ver t ica l, on de m elh or possa m ser


vist a s.
• trê s e s fe ra s p re ta s d u ra n te o p e río d o d iu rn o , on de m elh or possa m ser vist a s.

F ig u ra 15.31 (a ) - N a v io e n c a lh a d o (m a io r qu e 50 m e tro s )

As Figuras 15.31(a) e 15.31(b) ilustram as luzes e marcas exibidas por uma e m barcação
e n c a lh a d a .

F ig u ra 15.31 (b) - Em ba rc a ç ã o m e n o r qu e 50 m e tro s , e n c a lh a d a

N OTA: Um a em ba r ca çã o com m en os de 12 m et r os de com pr im en t o qu a n do en ca lh a da


n ã o ser á obr iga da a exibir a s lu zes ou m a r ca s a cim a cit a da s, por ém deve in dica r su a con diçã o
da m a n eir a m a is efica z possível.
F ig u ra 15.34 - Em ba rc a ç ã o e n g a ja d a e m re m o ç ã o d e m in a s (c o m p rim e n to m a io r qu e 50
m e tro s ).

508 N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas


Re g u la m e n to in te rn a c io n a l p a ra e v ita r a ba lro a m e n to s n o m a r

13. EMB ARCAÇÕES D E P RATICAGEM


Um a e m ba rc a ç ã o e n g a ja d a e m s e rv iç o d e p ra tic a g e m deve exibir :
• d u a s lu ze s c irc u la re s dispost a s em lin h a ver t ica l, sen do a su per ior bra n c a e a in fer ior
e n c a rn a d a , sit u a da s n o (ou pr óxim o do) t ope do m a st r o.
• qu a n do em m ovim en t o, deve exibir a in da lu ze s d e bo rd o s e lu z d e a lc a n ç a d o .

F ig u ra 15.34 (a ) - S u bm a rin o n a v e g a n d o n a s u p e rfíc ie , e x ibin d o , a lé m d a s lu ze s p re v is ta s


n o RIP EAM, lu z â m ba r in te rm ite n te

• qu a n do fu n dea da exibe, a lém da s lu zes pr escr it a s pa r a pr a t ica gem , a lu z (lu ze s ) ou m arca


d e fu n d e io , a n t er ior m en t e descr it a s.
As F igu r a s 15.32 e 15.33 ilu st r a m o qu e foi a cim a descr it o.

14. EMB ARCAÇÕES EN GAJ AD AS EM OP ERAÇÕES D E REMOÇÃO D E

F ig u ra 15.35 (a ) F ig u ra 15.35 (b)

MINAS
Um a e m ba rc a ç ã o e n g a ja d a e m o p e ra ç õ e s d e v a rre d u ra ou c a ç a d e m in a s deve,
a lém da s lu zes pr escr it a s pa r a em ba r ca çã o de pr opu lsã o m ecâ n ica em m ovim en t o, (ou a s
lu zes ou m a r ca s pr escr it a s pa r a u m a em ba r ca çã o fu n dea da ), exibir trê s lu ze s c irc u la re s
v e rd e s . Um a dessa s lu zes dever á ser exibida pr óxim a a o t ope do m a st r o de va n t e e a s du a s
r est a n t es, u m a em ca da la is da ver ga do m esm o m a st r o. E st a s lu zes in dica m qu e é per igoso
pa r a ou t r a em ba r ca çã o a pr oxim a r -se a m en os de 1000 m et r os do va r r edor .

N avegação costeira, estim ad a e em águ as restritas 509

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