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INTRODUÇÃO

Disfunção sexual é a incapacidade de participar do ato sexual com satisfação. As disfunções


sexuais masculinas podem ocorrer em qualquer fase do ciclo de resposta sexual, ou seja:
desejo, excitação, orgasmo/ejaculação e resolução.
As principais delas são:
• Relacionadas à fasede desejo/excitação - desejo sexual hipoativo, impulso sexual excessivo e
disfunção erétil;
• Relacionadas à fasede ejaculação/orgasmo - ejaculação precoce,ejaculação retardada,
ejaculação retrógrada, anaejaculaçãoe anorgasmia;
• Dispareunia - distúrbio que se caracteriza pela presença de dor à relação sexual, que pode
ocorrer em todas as fases do ciclo (AFIF-ABDO, 2007).
A disfunção erétil é uma patologia caracterizada pela incapacidade recorrente e persistente de
obter ou manter uma ereção peniana em 50% das tentativas do ato sexual de forma
satisfatória devido à disfunção psicológica ou orgânica. O grau de disfunção erétil pode variar
de uma redução parcial da rigidez peniana, de uma incapacidade de manter a ereção, até a
falta completa de ereção.
Vários fatores podem ser considerados desencadeantes, entre eles diabetes,
hipercolesterolemia, hipertensão e outros fatores como o envelhecimento, o sedentarismo e o
fumo. Fatores socioeconômicos, tais como baixa renda e baixo grau de escolaridade,
desemprego e estado civil solteiro têm sido também associados à presença de dificuldades de
ereção.
EPIDEMIOLOGIA
Recente revisão da literatura sugere que 5 a 20% dos homens têm DE de moderada a severa
(KUBIN et al., 2003). Em 1994 foi publicado um importante estudo epidemiológico: o
Massachussetts Male Aging Study (MMAS) que avaliou 1.790 homens. Os resultados
mostraram que 52% apresentavam algum grau de disfunção erétil, sendo 10% completa, 25%
moderada e 17% mínima. Considerando a estratificação por faixa etária, o estudo confirmou
disfunção erétil completa em 5% dos homens com 40 anos e em 15% dos homens com mais de
70 anos. Entre a quinta e a sexta década de vida, a probabilidade de DE completa triplicou,
passando de 5,1 para 15% (FELDMAN, 1994).
No Brasil, estima-se que cerca de 25 milhões de homens com mais de 18 anos sofram algum
grau de DE, e que aproximadamente 11 milhões tenham disfunção moderada ou severa. A
taxa de incidência da disfunção erétil em homens brasileiros foi de 65,6 casos por 1.000
pessoas/ano, 2,5 vezes maior do que no Massachusetts Male Aging Study (26/1.000 pessoas-
ano).
FARMACOLOGIA DA DISFUNÇÃO ERÉTIL
A função erétil depende de fatores psicológicos e fisiológicos. A ereção se deve pelo
relaxamento de artérias e arteríolas, aumentando o fluxo sanguíneo e o enchimento
sinusoidal, comprimindo vênulas, impedindo o retorno venoso e causando a ereção, sua
inervação é tanto autonômica, quanto somática. O oxido nítrico é o principal mediador da
ereção,sendo liberado por nervos nitrérgicos e pelo endotélio.
Muitos fármacos interferem a função erétil, como anti-psicoticos, antidepressivos e anti-
hipertensivos. Algumas enfermidades psiquiátricas e vasculares (endoteliais) também podem
causar a disfunção erétil, além do hipogonadismo, hiperprolactinemia, doença arterial e
neuropatias (especialmente a diabetes).
Historia dos fármacos para disfunção erétil:
-Iombina (antagonista alfa-2), todavia os testes foram inconclusivos.
-Apomorfina (agonista da dopamina, realizando ereção) aplicado via subcutânea , causa êmese
e náuseas, quando aplicado via sublingual a náusea desaparece com o uso contínuo. Ela era
utilizada como terapêutica para “curar” o homossexualismo, uma vez que os pacientes que
faziam uso sentiam seus efeitos colaterais, associando a atividade sexual (homoafetiva) a
esses efeitos negativos e desconfortáveis, durante a época quando o homossexualismo era
considerado uma doença psiquiátrica.
-Papaverina associada a fentolamina vasodilatadores injetados diretamente no corpo
cavernoso, sendo essa via um grande empecilho a essas drogas.
-Alprostadil administrada via cavernosa ou via transuretral.
O problema frequente dos fármacos administrados diretamente nos corpos cavernosos é o
priapismo, sendo seu tratamento pela aspiração do sangue e administração de fenilefrina
(vasoconstrictor).
Fármacos atuais de escolha (inibidores da fosfodiesterase V):
-Sildenafila- primeiro descoberto (originalmente seu efeito seria para tratar angina). A
sildenafila é um inibidor seletivo da fosfodiesterase tipo 5 (PDE5), específica do monofosfato
de guanosina cíclico (GMPc).
-Tadalafila- atua mais tempo que a sildenafila. Inibidor reversível, potente e seletivo da
guanosina monofosfato cíclica (GMPc) - fosfodiesterase específica tipo 5 (PDE5)
-Vardenafila
Mecanismo de ação:
O processo de ereção ocorre por meio da liberação de óxido nítrico nos corpos cavernosos
pela transmissão parassimpática, decorrente de um estímulo sexual. A presença de NO ativa a
enzima guanilil-ciclase, aumentando a oferta de GMP-c. A queda da concentração intracelular
de cálcio pela atividade deste segundo mensageiro culmina com o relaxamento da
musculatura lisa dos corpos cavernosos, o que causa a ereção. O GMP-c
é degradado pela enzima fosfodiesterase-5, alvo da ação dos inibidores da PDE-5. Desse modo,
estes fármacos mantém altos os níveis de GMP-c, potencializando o efeito sobre o músculo
liso vascular peniano do NO, em benefício da durabilidade da função erétil. Também atuam em
outros leitos vasculares, podendo ser usados para hipertensão pulmonar.
Farmacocinética:
-Sildenafila- Tem sua concentração máxima entre 30 minutos e 2 horas por via oral, dose única
oral de 100mg. Todavia, esse pico pode ser atrasado pelo consumo de alimentos. Se
recomenda ser ingerido 1 hora antes da relação sexual.Sua meia-vida terminal de 3-5 horas
sildenafila é eliminada predominantemente através do metabolismo hepático (principalmente
via citocromo P450 3A4),sua biodisponibilidade absoluta média de 41% e é convertida a um
metabólito ativo com propriedades semelhantes à sildenafila inalterada. Sua eliminação é
dada predominantemente nas fezes(80%) e pela urina(13%).
-Tadalafila- Temsua meia-vida mais longa que a sildenafila, com sua concentração plasmática
máxima média observada (Cmáx) atingida em um tempo médio de 2 horas após a
administração, sendo tomada muito antes da sildenafila. Sua meia-vida média é de 17,5 horas.
A dose de 5 mg de tadalafila melhora significativamente a função erétil por um período
superior a 24 horas entre as doses. Sua metabolização é feita pela enzima CYP3A4. Sua
excreção é principalmente pelas fezes(61%) e pela urina(36%).
-Vardenafila- apresentado na forma de comprimidos revestidos, nas dosagens de 5 mg, 10 mg
e 20 mg. A Cmáx é atingida em 30 a 120 minutos (média: 60 minutos) após administração oral
em jejum. Apresenta considerável efeito de primeira passagem, a biodisponibilidade oral
absoluta média é de aproximadamente 15%. vardenafila pode ser ingerida com ou sem
alimentos, visto que sua taxa de absorção só é alterada caso se ingira uma quantidade
significativa de gordura, devendo alimentos gordurosos serem evitados. vardenafila e seu
principal metabólito circulante ligam-se em alto grau às proteínas plasmáticas. Ela é
metabolizada predominantemente pelas enzimas hepáticas por meio do CYP3A4. A meia-vida
de eliminação média (t1/2) é de aproximadamente 4-5 horas. Excretada em forma de
metabólitos predominantemente nas fezes (aproximadamente 91-95) e em menor extensão
na urina (aproximadamente 2-6%)
Interações Medicamentosa:
-Como são metabolizados pela enzima hepática CYP3A4, a qual pode ser induzida por
Carbamazepina, Rifampicina e barbitúricos, aumentando a metabolização dos inibidores de
fosfodiesterase, além disso, essas enzimas tem sua atividade reduzida pela cimetidina, por
macrolideos, por antifúngicos, antivirais(ritonavir) e suco de laranja.
Efeitos adversos:
A grande maioria dos efeitos é comum aos medicamentos dessa classe
-Sildenafila:
Os eventos adversos foram, em geral, transitórios e de natureza leve a moderada.
- Reação muito comum: cefaleia e rubor
-Reação comum: Tontura, Visão embaçada, Distúrbios visuais, Cianopsia, Congestão nasal,
Náusea, Dispepsia.
-Reação Incomum: Hipersensibilidade, Sonolência, Dor ocular, Fotofobia, Fotopsia,
Cromatopsia, Hiperemia ocular, Ofuscamento visual, Taquicardia, Hipotensão, Epistaxe,
Congestão dos seios nasais.
-Reação Rara: Convulsão, Síncope, Edema ocular, Secura nos olhos, Eritropsia, Distúrbio ocular
Hiperemia da conjuntiva, Irritação ocular, Edema de pálpebra, Fechamento ou aperto na
garganta, Secura nasal.
-Tadalafila:
-Reação Muito Comum: cefaleia (dor de cabeça).
-Reação Comum: tontura, visão embaçada, distúrbios visuais, cianopsia, ondas de calor, rubor
(vermelhidão), congestão nasal, náusea (enjoo) e dispepsia (má digestão).
Reação Incomum: rinite , hipersensibilidade , sonolência, dor no olho, fotofobia , fotopsia
(sensação de ver luzes), hiperemia ocular, ofuscamento visual, taquicardia, hipotensão,
epistaxe, congestão dos seios nasais, doença do refluxo gastroesofágico, vômito, dor no
abdômen superior, boca seca, rash cutâneo, mialgia, dor nas extremidades, aumento da
frequência cardíaca.
-Reação Rara: convulsão, síncope, edema no olho, olhos secos, xantopsia (ver cor amarela),
eritropsia (ver cor vermelha), hiperemia da conjuntiva , edema na pálpebra , fechamento da
garganta, secura nasal, edema nasal, hipoestesia oral, priapismo.
-vardelafina:
-Reação Muito comum: Cefaleia,
-Reação comum: Tontura, Vasodilatação, Dispepsia
-Reação Incomum: angioedema, Distúrbio do sono, Parestesia, Distúrbio visual, Hiperemia
ocular, Distorções visuais de cor, dor nos olhos, Fotofobia, Vertigem, Taquicardia, Dispneia,
Congestão sinusoidal, Náuseas, Dor abdominal, Boca seca, Refluxo gastroesofágico, Vômito,
Rash, Dor nas costas, cãibras, Mialgia, Ereção aumentada
-Reação Rara: Conjuntivite, Reação alérgica, Síncope, Amnésia, Convulsão, Aumento da
pressão intraocular, Angina, Infarto do miocárdio, Taquiarritmias, Hipotensão.
Contraindicações:
Os inibidores da fosfodiesterase-5 não devem ser administrados em concomitância com
nitratos, uma vez que esta interação potencializa o efeito vasodilatador dos nitratos, gerando
queda da pressão arterial e, como consequência, um reflexo taquicárdico, com risco de infarto
do miocárdio ou hipotensão grave. É recomendável o período de 24 horas entre a
administração dos dois fármacos. Outra contraindicação são reações de hipersensibilidade ao
fármaco.
Tratamento de segunda linha:
O tratamento de segunda linha da disfunção erétil constitui-se na injeção em lócus de
substâncias vasodilatoras, como a prostaglandina E1, papaverina e fentolamina. Este
tratamento é utilizado como alternativa terapêutica caso os inibidores da fosfodiesterase-5
sejam contraindicados ou ineficazes. Nesse sentido, é utilizado para o tratamento da disfunção
erétil decorrente de lesão medular, dos nervos ou falta de libido. O alprostadil, análogo da
PGE é, na atualidade, o fármaco mais utilizado para estes pacientes. A injeção intracavernosa é
contraindicada em pacientes com priapismo de repetição, doenças cardiovasculares mal
controladas ou coagulopatias severas. A aplicação destas substâncias possui alguns efetos
adversos: dor e desconforto local, hematomas, priapismo ou fibrose local.
CONCLUSÃO
Apesar da DE ser uma doença benigna, ela afeta a saúde física e psicossocial e tem um impacto
significativo sobre a qualidade de vida (QV) dos pacientes, seus parceiros e famílias. Além
disso, em geral, os casos são subdiagnosticados devido à relutância dos doentes, e dos
responsáveis pela Saúde em discutir a função sexual e a sexualidade.
Referencias:
Rang, H.P., Dale, M.M., Ritter, J.M., Flower, R.J., Henderson, G. Farmacologia. 7ª ed. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2012.
ANA PAULA ARAUJO COSTA INIBIDORES DA FOSFODIESTERASE TIPO V: ASPECTOS CLÍNICOS E
FARMACOLÓGICOS Seminário apresentado junto à Disciplina de Seminários Aplicados do
Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal da Escola de Veterinária e Zootecnia da
Universidade Federal de Goiás. Nível: Mestrado Área de Concentração: Patologia, Clínica e
Cirurgia Animal Orientadora: Profa . Dra . Naida Cristina Borges - UFG Comitê de Orientação:
Profa . Dra . Rosângela de Oliveira Alves Carvalho - UFG Profa . Dra . Andréia Vitor Couto do
Amaral – CAJ/UFG .COSTA, A. P. Inibidores da fosfodiesterase tipo V: aspectos clínicos e
farmacológicos. Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária e Zootecnia) da Escola de
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VIRINEO ® (citrato de sildenafila) Brainfarma Indústria Química e Farmacêutica S.A.
Comprimido Revestido 50mg. ANVISA, 2016. Disponível em
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Levitra® Bayer S.A.Comprimidos revestidos 5 mg, 10 mg e 20 mg de cloridrato de vardenafila


Comprimidos orodispersíveis10 mg de cloridrato de vardenafila. ANVISA, 2014. Disponível em
<http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=9100872
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ZEhB_wQjRx6BAgBEAQ&url=https%3A%2F%2Fportais.ufg.br%2Fup%2F67%2Fo%2Fsemi2011_
Ana_Paula_1c.pdf&psig=AOvVaw0xp-RtxV4Ul0FSYV5Xuumi&ust=1553366393679106

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