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DO CIDADÃO EM NATAL/RN
Ana Paula Ferreira de Andrade, Janine Kharen de Lima Ferreira, Julio Gabriel Campos Marques, Lucas
Matheus Rodrigues, Silvo Sanderson de Araújo.
RESUMO
INTRODUÇÃO
De modo geral, as atividades públicas devem ter constante preocupação com a otimização de
seus recursos, desde a fase de planejamento até a sua execução. Todas as decisões tomadas
dentro desse âmbito devem ter como premissa o cumprimento do seu objetivo principal na
promoção de um serviço eficiente para o cidadão, aliado com a alocação eficiente de insumos.
Dentro destas funções desenvolvidas pelo 1° Setor temos as Centrais do Cidadão, que tem
como objetivo principal centralizar serviços do âmbito executivo e judiciário de modo a torná-
los mais práticos, ágeis e com maior facilidade de acesso por toda a população.
Desse modo, é de extremo valor que as mesmas estejam situadas em pontos estratégicos de
uma determinada cidade/região, visto que a sua localização deve ser capaz de permitir o
atendimento de uma maior quantidade de pessoas possível, respeitando seus limites de
capacidade.
O erro na escolha da localização da Central do Cidadão pode dificultar o seu acesso e impedir
o atingimento do seu público alvo, seja por dificuldade de locomoção ou a grande extensão de
tempo ao longo da mesma.
Dentro da área de Pesquisa Operacional, questões desse tipo são classificadas como problemas
de localização. Neles, o objetivo é alocar facilidades de modo a otimizar a área coberta por elas
ou o atendimento às demandas de clientes, mas sempre levando em consideração suas restrições
de acesso, capacidade, distância e outros parâmetros pertinentes.
Atualmente, a cidade conta com três centrais, estando estas localizadas nos bairros Alecrim
(Zona Leste), Lagoa Nova (Zona Sul) e Potengi (Zona Norte). Essas, estão em reestruturação
e serão transferidas para os bairros da Cidade da Esperança (Zona Oeste), Capim Macio (Zona
Sul) e Igapó (Zona Norte). Ao final do trabalho, pretende-se então validar, através dos métodos
aplicados, a eficiência da atual distribuição para o cumprimento de sua premissa de fácil acesso.
CENTRAIS DO CIDADÃO
St. a
(1.1)
∑ 𝑥𝑖𝑗 = 1, ∀𝑖 ∈ 𝑈
𝑗∈𝐹 (1.2)
𝑦𝑗 − 𝑥𝑖𝑗 ≥ 0, ∀𝑖 ∈ 𝑈, ∀𝑗 ∈ 𝐹
∑ 𝑦𝑗 = 𝑝 (1.3)
𝑗∈𝐹
𝑦𝑗 , 𝑥𝑖𝑗 ∈ {0,1}, ∀𝑖 ∈ 𝑈, ∀𝑗 ∈ 𝐹 (1.4)
Onde,
U conjunto de clientes;
F conjunto de possíveis facilidades;
1, 𝑠𝑒 𝑜 𝑐𝑙𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑖 é 𝑎𝑡𝑒𝑛𝑑𝑖𝑑𝑜 𝑝𝑒𝑙𝑎 𝑓𝑎𝑐𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑗
𝑥𝑖𝑗 = {
0, 𝑐𝑎𝑠𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟á𝑟𝑖𝑜
1, 𝑠𝑒 𝑎 𝑓𝑎𝑐𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑗 é 𝑎𝑏𝑒𝑟𝑡𝑎
𝑦𝑗 = {
0, 𝑐𝑎𝑠𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟á𝑟𝑖𝑜
𝑑𝑖𝑗 distância do cliente i até a facilidade j;
𝑝 quantidade de facilidades a serem alocadas.
Em (1.0) é expresso o objetivo do modelo. A restrição (1.1) garante que cada cliente é alocado a
exatamente uma facilidade. (1.2) afirma que cada cliente só pode ser atendido se a facilidade oferecer
o serviço. Em (1.3) é definido o número de facilidades que serão alocadas. A restrição (1.4) exige que
as variáveis sejam binárias, ou seja, assuma valores de zero ou um.
St. a (2.1)
∑ 𝑥𝑖𝑗 = 1, ∀𝑖 ∈ 𝑈
𝑗∈𝑈
(2.2)
𝑥𝑖𝑗 ≤ 𝑥𝑗𝑗 , ∀𝑖𝑗 ∈ 𝑈
∑ 𝑥𝑗𝑗 = 𝑝 (2.3)
𝑗∈𝑈
𝑥𝑖𝑗 ∈ {0,1}, ∀𝑖𝑗 ∈ 𝑈 (2.4)
Onde,
U conjunto de clientes e possíveis localizações de mediana;
1, 𝑠𝑒 𝑜 𝑐𝑙𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑖 é 𝑎𝑡𝑒𝑛𝑑𝑖𝑑𝑜 𝑝𝑒𝑙𝑎 𝑓𝑎𝑐𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑗
𝑥𝑖𝑗 = {
0, 𝑐𝑎𝑠𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟á𝑟𝑖𝑜
𝑑𝑖𝑗 distância do cliente i até a mediana j;
𝑤𝑖 importância dos clientes (pesos);
p quantidade de medianas a serem localizadas.
O objetivo da função matemática é expresso em (2.0). A restrição (2.1) garante que cada cliente é
alocado a exatamente uma facilidade. (2.2) afirma que cada cliente só pode ser atendido se a mediana
oferecer o serviço. Em (2.3) é definido o número de medianas que serão alocadas. A restrição (2.4)
exige que as variáveis sejam binárias, ou seja, assuma valores de zero ou um.
De acordo com Zarandi, Davari e Sisakht (2011), o problema de máxima cobertura é considerado
quando se tem uma quantidade insuficiente de recursos para cobrir a demanda de todos os nós. Dessa
forma, o tomador de decisão define um recurso fixo e limitado para cobrir a maior quantidade de
demanda.
Desenvolvido por Church e ReVelle (1974) o problema de máxima cobertura busca maximizar a
população que pode ser cobertura com “nível de serviço”, expresso em distância ou tempo, definido um
número limitado de facilidades. A seguir, segue o modelo matemático sugerido pelos autores.
max Z = ∑ 𝑎𝑖 𝑦𝑖 (3.0)
𝑖∈𝑈
St. a (3.1)
∑ 𝑥𝑗 ≥ 𝑦𝑖 , ∀𝑖 ∈ 𝑈
𝑗∈𝑁𝑖 (3.2)
∑ 𝑥𝑗 = 𝑝
𝑗∈𝐹
(3.4)
𝑦𝑖 , 𝑥𝑗 ∈ {0,1}, ∀𝑖 ∈ 𝑈, ∀𝑗 ∈ 𝐹
Onde,
U conjunto de pontos de demanda;
F conjunto de possíveis facilidades;
S é a distância ou tempo em que um ponto de demanda (cliente) é considerado “coberto”;
1, 𝑠𝑒 𝑜 𝑐𝑙𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑖 é 𝑎𝑙𝑜𝑐𝑎𝑑𝑜 𝑝𝑒𝑙𝑎 𝑓𝑎𝑐𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑗
𝑦𝑖 = {
0, 𝑐𝑎𝑠𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟á𝑟𝑖𝑜
𝑑𝑖𝑗 a menor distância ou tempo do cliente i até a facilidade j;
𝑁𝑖 = {𝑗 ∈ 𝐹 | 𝑑𝑖𝑗 ≤ 𝑆}
𝑎𝑖 população a ser atendida no ponto de demanda i;
𝑝 quantidade de facilidades a serem alocadas.
Em (3.0) é expressa a função objetivo. A restrição (3.1) é verdade se uma ou mais facilidades pertencem
ao conjunto 𝑁𝑖 (ou seja, se uma ou mais facilidades sejam alocadas com uma distância S do ponto de
demanda i). Em (3.2), é definido o número de facilidades que serão alocadas. A restrição (2.4) exige
que as variáveis sejam binárias, ou seja, assuma valores de zero ou um.
ABRAGÊNCIA DO ESTUDO
A área para possível abertura da facilidade e clientes abrange todo o município de Natal, RN,
como mostrado no mapa abaixo.
Este tópico detalha o procedimento metodológico para aplicação dos modelos. Inicialmente,
para aplicação de qualquer de um dos modelos, é necessário a construção da matriz que
relacione o custo da facilidade j atender o cliente i. Dessa forma, utilizando Python com
aplicação do Google Distance Matrix API foi construído essa matriz, para tempo de
deslocamento da facilidade j para o cliente i. Os dados foram armazenados em planilhas
eletrônicas utilizando o software Microsoft Excel.
Para cálculo desses dados, o critério considerado foi o tempo de deslocamento entre a facilidade
e o cliente, utilizando transporte público. Diversas variáveis influenciam nesse tempo e rota
estabelecida. Com isso, foi estimado que o momento de saída (do cliente para facilidade) foi
realizado às 08:00h de uma segunda-feira, com condições de trânsito normais. O algoritmo
utilizado para coleta, considera tais variáveis.
O modelo de máxima cobertura leva em conta o valor crítico S, que expressa a distância (ou
tempo) a que um cliente está de uma facilidade para ser considerado coberto. Para este estudo,
esse método considerou o tempo de deslocamento e foram considerados 45 e 30 unidades de
tempo expresso em minutos.
Na definição da quantidade de p Centrais do Cidadão abertas pelos modelos, o estudo se baseia
no planejamento do Governo do Estado do Rio Grande do Norte que em 2017 anunciou
investimento de cerca de R$ 43 milhões na construção de 22 novas Centrais e reestruturação
das existentes. O projeto afirma que no município de Natal não serão instaladas novas sedes,
mas as atuais serão modelos para construção de novas instalações e as existentes serão
realocadas. Dessa forma, serão abertas p = 3 facilidades.
Utilizando o pacote de software CPLEX Optimization Studio (IBM) com a linguagem OPL
(Optimization Programming Language) os modelos matemáticos apresentados anteriormente
foram modelados e calculados para busca dos melhores bairros para instalação das Centrais do
Cidadão.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Ao reduzir esse tempo para 30 minutos, os resultados obtidos foram os bairros de Nossa
Senhora de Nazaré, Potengi e Praia do Meio. Entretanto, alguns bairros não foram atendidos
dentro desse tempo, sendo eles: Candelária, Capim Macio, Neópolis, Pajuçara, Pitimbu e Ponta
Negra.
Figure 5. Resultado do Modelo 3 - Máxima Cobertura, com S = 30 min
Esse resultado destoante obtido no método de máxima cobertura pode ser explicado pelo
critério adicional de densidade populacional, que tende a deslocar as facilidades para os bairros
de maior concentração de moradores.
Através dos resultados pode-se observar que as atuais localizações das Centrais do Cidadão
(Alecrim, Lagoa Nova e Potengi) em Natal/RN adequam-se aos resultados obtidos tantos nos
modelos de localização de facilidade quanto no de p-Medianas não capacitado. Comprova-se
então a eficiência destas localidades na cobertura dos 36 bairros natalenses.
Já para as novas localizações propostas pelo Governo do Estado (Cidade da Esperança, Capim
Macio e Igapó), os resultados não comprovam que as decisões de mudanças foram as melhores,
de acordo com os parâmetros estabelecidos dentro deste estudo.
CONCLUSÃO
Com esse estudo, pretende-se colaborar com o atual serviço das Centrais do Cidadão em Natal
que estão situadas nos seguintes bairros: Alecrim, Lagoa Nova e Potengi. Porém, estão
passando por uma reestruturação e, posteriormente, serão situadas nos bairros de Cidade da
Esperança, Capim Macio e Igapó.
O trabalho utilizou os métodos de localização de facilidades, p-medianas não capacitado e
máxima cobertura. O resultado encontrado para os dois primeiros foi o mesmo da localização
atual das Centrais do Cidadão, porém não condiz com o local de construção das novas Centrais.
Isso pode ter ocorrido pois os métodos do estudo não leva em consideração os custos de
instalação, nem as decisões estratégicas do Governo do Estado do Rio Grande do Norte. Já o
método de máxima cobertura não coincidiu com as localidades atuais das Centrais e é
justificado pelo fatores considerados nesse método, como já dito.
Pode-se deixar como sugestão para futuras pesquisas e aplicações a utilização de mais
parâmetros e restrições dentros dos modelos, como custo para alocação, capacidade de
atendimento e possibilidade de abertura de novas facilidades.
REFERÊNCIAS
DASKIN, Mark S.; MAASS, Kayse Lee. The p-Median Problem. Location Science, [s.l.],
p.21-45, 2015. Springer International Publishing. http://dx.doi.org/10.1007/978-3-319-13111-
5_2.
ZARANDI, M.h. Fazel; DAVARI, S.; SISAKHT, S.a. Haddad. The large scale maximal
covering location problem. Scientia Iranica, [s.l.], v. 18, n. 6, p.1564-1570, dez. 2011.
Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.scient.2011.11.008.