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Professora Isabel Raposo, 6º Mestrado em Reabilitação da Arquitectura e Núcleos Urbanos
Síntese da disciplina .
prática
sociedade intervenção pública
/mercado teoria
cidade medieval
cidade clássica
cidade industrial
interv. paternalistas utópicos séculoXIX
Bairros operários
Ilhas, pátios, vilas Paris: Haussamann
urbanística formal
Lisboa Av. Novas
Crescimentos urbano
acelerado Bairro Alvalade
Extensão dos subúrbios
Novas acepções conceito Carta Atenas 1933
urbanização Grands ensembles Movimento moderno
Olivais, Chelas
cidade pós-industrial Bairros sociais/PER…
SAAL Carta Atenas 1998/2003
Novos problemas
Esvaziamento e degradação Novos programas Novas abordagens
dos centros históricos social+espacial teóricas e metodológicas
Fragmentação Na periferia:
Desqualificação das reabilitação
Proqual / urban … (re)qualificação
periferias
AUGI, bairros precários, Swot/estratégia
bairros sociais… Iniciativa Bairros Críticos Concertação/participação
FAUTL . MRANU . 2006/07 . Isabel Raposo
sumário
da cidade medieval à cidade industrial
6 cidade medieval
8 cidade clássica
15 cidade neoclássica
20 cidade industrial
30 alojamento operário em Lisboa
das acções paternalistas às acções públicas
das visões utópicas ao movimento moderno
40 industriais filantrópicos
42 acção pública
43 utopias do século XIX
49 cidade jardim
56 carta de atenas de 1933
79 aplicação dos princípios da carta de atenas de 1933
81 olivais
86 chelas
urbanização acelerada
101 explosão demográfica vertiginosa
103 explosão urbana
109 urbe extensiva
113 aceleração da urbanização: novas dimensões ou acepções
do esvaziamento dos centros à extensão e degradação das periferias
119 centros antigos
120 periferias / subúrbios
129 pnpot
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Professora Isabel Raposo, 6º Mestrado em Reabilitação da Arquitectura e Núcleos Urbanos
cidade medieval
Reconstituição da cerca moura e da muralha fernandina (1761) (in Moita 1994: 99)
FAUTL . MRANU . 2006/07 . Isabel Raposo
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cidade clássica
(1807) (in Moita 1994: 223)
Bairro Alto
regularidade de quarteirões
divididos em lotes
e com logradouros no interior
planta actual:
traçados, quarteirões e lotes
(in Lamas 2000: 189)
FAUTL . MRANU . 2006/07 . Isabel Raposo
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Professora Isabel Raposo, 6º Mestrado em Reabilitação da Arquitectura e Núcleos Urbanos
Bairro Alto
“é este bairro
senão o mais frequentado,
ao menos o mais gabado;
as casarias mui nobres,
a obra de arquitectura romana
e a traça moderna:
o sítio mais alto da cidade,
mais descoberto ao norte,
mais lavado dos ventos
e mais purificado nos ares;
e como com as chuvas
têm tanta corrente para o mar
fica todo mui limpo e sadio
e fora dos incomodos que nas mais
partes da cidade se padecem:
as ruas são mui largas e mui bem
lançadas”
Padre jesuíta Teles (século XVII)
(in Moita 1994: 222)
Baixa
antes do terramoto
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Professora Isabel Raposo, 6º Mestrado em Reabilitação da Arquitectura e Núcleos Urbanos
Baixa Pombalina
Baixa Pombalina
• Traçado racionalista iluminista
• Estandardização de vãos e
elementos construtivos
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Professora Isabel Raposo, 6º Mestrado em Reabilitação da Arquitectura e Núcleos Urbanos
Baixa Pombalina
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Professora Isabel Raposo, 6º Mestrado em Reabilitação da Arquitectura e Núcleos Urbanos
cidade neoclássica
avenidas de Lisboa
• Ressano Garcia (engº diplomado em Paris)
rompe o Passeio Público e abre a Av. da Liberdade
direccionando o crescimento de Lisboa para NO
depois a Av. Fontes Pereira de Melo e Av. da República
Crescimento linear, mais que em mancha de óleo
São feitas expropriações numa faixa de 50 metros
para cada lado dos arruamentos
• Av. da Liberdade
cose com o tecido existente para nascente,
e origina expansão urbana para poente,
quarteirões largos (mas menos que posteriores das Av.
Novas)
• Avenidas de traçado haussmanniano
- com arborização na faixa central e passeio pedonal
- praças/rotundas: Marquês de Pombal, Saldanha
- malhas ortogonais e quarteirões regulares de
diferentes dimensões, mudando de orientação em
cada bairro
Ressano Garcia. Planta parcial da cidade de Lisboa
com todos os melhoramentos aprovados, 1903 (in Lôbo 1995: 20)
FAUTL . MRANU . 2006/07 . Isabel Raposo
Avenida da Liberdade
(in Moita 1994, 432)
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Professora Isabel Raposo, 6º Mestrado em Reabilitação da Arquitectura e Núcleos Urbanos
O quarteirão de
Ressano Garcia
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Professora Isabel Raposo, 6º Mestrado em Reabilitação da Arquitectura e Núcleos Urbanos
Na cidade
pré-industrial
existe
diferenciação social
in Raposo et al 2007
mas não existe
segregação socio-espacial
Na cidade industrial
existe segregação
socio-espacial
século XVIII-XIX
Cidade industrial
(Goitia 1982)
Revolução industrial
(na agricultura, nos meios de transporte e
comunicação, nas teorias económicas e sociais)
Aumento da população
Máquina a vapor (1775)
concentração industrial
desenvolvimento tecnológico
Desenvolvimento dos meios de transporte
Favorece expansão do mercado
e desenvolvimento de grandes centros industriais
Teoria liberalismo económico capitalista
(Adam Smith, final séc XVIII)
Divisão do trabalho (crescimento do mercado)
= aumento produtividade + desenvolvimento
tecnológico
Mão-de-obra = mercadoria
Salários baixos – baixo custo de produção
Excedentes de operários
FAUTL . MRANU . 2006/07 . Isabel Raposo
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Professora Isabel Raposo, 6º Mestrado em Reabilitação da Arquitectura e Núcleos Urbanos
Cidade industrial
Visão de curto prazo
Fábricas, armazéns, centrais térmicas, estações de caminhos-de-ferro, áreas
portuárias implantados em função do máximo lucro
Poluição ambiental e sonora
Circulação perigosa
Crescimento urbano e crescimento demográfico
Novos centros fabris
Cidades próximas de matérias-primas
Cidades antigas: sedes do poder político e económico
e concentração de mão-de-obra
Novas zonas industriais
Novas infra-estruturas e equipamentos
A cidade cresce extra-muros – fim da cidade delimitada
A periferia cresce com novos bairros de baixa densidade
O subúrbio emerge na Europa na segunda metade do século XIX
com novo traçado urbano
Loteamentos alastram : traçado em quadrícula
Alteração do equilíbrio cidade-campo
Cidade industrial
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Professora Isabel Raposo, 6º Mestrado em Reabilitação da Arquitectura e Núcleos Urbanos
Cidade industrial
(Leonardo Benevolo, 1976 ed. orig 1963, Origenes del urbanismo moderno, H. Blume Ediciones, pp. 37-53)
Cidade industrial
A cidade antiga: descrição de Manchester por Engels em 1845
(Leonardo Benevolo, 1976 ed. orig 1963, Origenes del urbanismo moderno, H. Blume Ediciones, pp. 41-45)
“[Na cidade velha] as ruas, mesmo as melhores, são estreitas e turtuosas […], as
casas sujas, velhas e em ruínas, e o aspecto das ruelas laterais, é horrível. [Num]
bairro claramente operário, nem sequer as vendas e as tabernas procuram
aparentar um pouco de limpeza. Mas isto não é nada comparado com as travessas
e pátios que se abrem atrás e aos quais apenas se chega através de estreitas
passagens cobertas que não podem ser atravessadas por duas pessoas ao
mesmo tempo. É impossível fazer-se uma ideia da desordenada confusão de
casas, que constitui uma burla contra toda a urbanística racional, e da estreiteza
do espaço […] a confusão foi levada ao seu extremo pois onde existia algum
espaço livre entre as construções da época precedente continuou a edificar-se e a
construir anexos. […] Em baixo corre, ou melhor está estagnado, o Irk, um rio
estreito e negro, hediondo, cheio de dejectos e resíduos que banham a margem
direita, mais baixa […] Na parte superior da ponte há grandes fábricas de
curtumes; mais acima também tinturarias, moagens […] cujos canais de
desperdícios se vertem todos no Irk, o qual recolhe ademais o conteúdo das
latrinas…” (tradução de IR)
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Professora Isabel Raposo, 6º Mestrado em Reabilitação da Arquitectura e Núcleos Urbanos
Cidade industrial
A cidade nova: descrição de Manchester por Engels em 1845
(Leonardo Benevolo, 1976 ed. orig 1963, Origenes del urbanismo moderno, H. Blume Ediciones, pp: 45-49)
“A cidade nova […] estende-se para além da cidade antiga, sobre uma colina
argilosa […] Aqui termina toda a semelhança com a cidade; filas de casas ou
grupos de ruas encontram-se dispersas, aqui e além como pequenas aldeias sobre
o terreno argiloso desnudado no qual não cresce sequer uma erva; as casas, ou
melhor dito as cottages, estão em péssimo estado, mal conservadas, sujas,
húmidas, com sótãos que se usam como habitações; as ruas não estão
pavimentadas nem têm esgotos […] O barro em todos os caminhos é tal que só é
possível atravessá-los quando o tempo está muito seco…[O] método de fechar os
operários em pátios fechados por todos os lados é […] prejudicial. O ar não pode
sair, e as chaminés das casas quando o fogo está aceso, são as únicas vias de
escape para o ar viciado dos pátios […]. Os empresários [dos cottages para
operários] não são os proprietários do terreno, mas, de acordo com o costume
inglês arrendaram-nos por vinte, trinta, quarenta, cinquenta ou mesmo noventa
anos, ao fim dos quais, voltam ao seu antigo proprietário com tudo o que nele foi
construído, sem que o referido proprietário tenha de pagar pelas construções
erguidas. Por isto o arrendatário constrói os edifícios de forma a que quando
termine o prazo acordado tenham o valor mínimo possível […] os cottages
arruinam-se muito rápido e tornam-se inabitáveis” (tradução de IR)
FAUTL . MRANU . 2006/07 . Isabel Raposo
Precariedade,
falta de condições de higiene e habitabilidade,
mortalidade infantil,
“Cidades carvão” sem direitos civis
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Professora Isabel Raposo, 6º Mestrado em Reabilitação da Arquitectura e Núcleos Urbanos
Ilhas no Porto
(in Lamas 2000: 207)
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Professora Isabel Raposo, 6º Mestrado em Reabilitação da Arquitectura e Núcleos Urbanos
Lisboa
Planificação do
crescimento
urbano para Norte:
Av. da Liberdade
Avenidas Novas
Plano Geral de
melhoramento
de Lisboa,
do engº Ressano
Garcia
apresentado em
1888 e aprovado
em 1903
(in Lôbo 1995: 21)
FAUTL . MRANU
2006/07 . Isabel Raposo
MONSATO
MARQUÊS
POMBAL
GRAÇA
SANTOS
ALCÂNTARA
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Professora Isabel Raposo, 6º Mestrado em Reabilitação da Arquitectura e Núcleos Urbanos
Atraso industrial
Lento processo de industrialização a partir de
meados século XIX
Concentração de mão-de-obra operária
Pátios
Habitações precárias de renda, em espaços
desocupados, ou pardieiros arruinados
Nos bairros antigos ou nos da periferia
Em 1902, cerca de 200 (T. Pereira 1995: 263)
Com o afluxo crescente de mão-de-obra,
proprietários constroem casas abarracadas
nas traseiras dos seus prédios para aluguer
ou alugam caves insalubres
Conventos das ordens extintas e palácios
arruinados, são alugados quarto a quarto
Prédio de 3 pisos com pátio nas traseiras
construído depois do prédio
FAUTL . MRANU . 2006/07 . Isabel Raposo
Alojamento operário em Lx
(fonte: Teotónio Pereira 1995) Edifício tipo vila
no Campo Grande
Vilas final século XIX
(in T.Pereira 1995: 278)
Inquérito industrial de 1881,
refere carências habitacionais
Conjuntos construídos por iniciativa familiar
expressamente
para habitação de famílias operárias,
-ao contrário dos pátios –
de tipologias variadas,
em torno de recintos
à margem dos arruamentos
(em geral no interior dos quarteirões)
comunica com a via pública por serventia
Pode ser prédio de correnteza
ou tipo bloco colectivo,
construído ao longo da via
geralmente de difícil acesso
(Tipo bloco - semelhança com “vila” burguesa e daí
Grande edifício tipo “vila”
o seu nome, segundo Leite Vasconcelos) com 5 escadas servindo 2 fogos/piso
FAUTL . MRANU . 2006/07 . Isabel Raposo
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Professora Isabel Raposo, 6º Mestrado em Reabilitação da Arquitectura e Núcleos Urbanos
Alojamento operário em Lx
(fonte: Teotónio Pereira 1995) Vila Luz Pereira
Mouraria
Vilas formando pátio início século XX
(T.Pereira 1995: 286)
Aproveitamento máximo da área disponível
(lucro)
Maior número de fogos possível com áreas
ínfimas
Por vezes tratamento formal com qualidade
(guarnecimento de vãos, , remate de
coberturas, desenho de letreiros, jogo de
escadas e galerias com guardas de ferro)
mesmo em vilas de nível modesto
Vila Celeste
1910
hoje integrada na via
por rasgamento do fundo
(in T.Pereira 1995: 292)
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Professora Isabel Raposo, 6º Mestrado em Reabilitação da Arquitectura e Núcleos Urbanos
Alojamento operário em Lx
Vila Souza, 1890
Vilas atrás de prédios Graça
(in T. Pereira 1995: 324)
Prédio para a burguesia na frente
Vila operária nas traseiras
Com acesso lateral ou a eixo do lote, através de
corredor a céu aberto ou de passagem aberta em
arco sob o prédio
com portão de ferro com placa com nome da vila
Vila Macieira, 1907, Cç dos Barbadinhos Grande vila edificada sobre palácio
(in T. Pereira 1995: 321) destruído no terramoto, reconstruído e
FAUTL . MRANU . 2006/07 . Isabel Raposo de novo destruído em incêndio de 1819.
Alojamento operário em Lx
Vilas formando rua Vila Berta, 1902, Graça
(in T.Pereira 1995: 330)
Algumas vilas maiores
dispõem-se ao longo de uma rua particular
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Professora Isabel Raposo, 6º Mestrado em Reabilitação da Arquitectura e Núcleos Urbanos
Alojamento operário em Lx
Bairros operários
Formação de proletariado
Surto do cooperativismo e associativismo
Formação de sociedades cooperativas de
construção e habitação:
A Companhia Comercial Construtora
constrói em 1890,
o Bairro operário dos Barbadinhos, Bairro operários dos Barbadinhos
5 quarteirões, 2 a 3 pisos, escada central
de arquitectura simples
(in T. Pereira 1995: 365)
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Professora Isabel Raposo, 6º Mestrado em Reabilitação da Arquitectura e Núcleos Urbanos
Industriais filantrópicos
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Professora Isabel Raposo, 6º Mestrado em Reabilitação da Arquitectura e Núcleos Urbanos
Bairro Grandela
Industriais filantrópicos em Lx para alojº do pessoal
da Casa Grandela
(fonte: Teotónio Pereira 1995) Frente: escola primária
e administração
“Vilas” operárias directamente ligadas (Estrada de Benfica)
à produção (in T. Pereira 1995: 351)
Acção pública
Bairros sociais em Lisboa
(fonte: Teotónio Pereira 1995)
Bairro social
do Arco do Cego
iniciado em 1916,
inaugurado em 1934
~480 fogos
Tipologias variadas,
fachadas decoradas
Estúdios para artistas
plásticos, lojas, escolas
(in T. Pereira 1995: 368)
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Professora Isabel Raposo, 6º Mestrado em Reabilitação da Arquitectura e Núcleos Urbanos
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Professora Isabel Raposo, 6º Mestrado em Reabilitação da Arquitectura e Núcleos Urbanos
“paralelogramo” de Owen.
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Professora Isabel Raposo, 6º Mestrado em Reabilitação da Arquitectura e Núcleos Urbanos
Mas Marx e Engels não fizeram propostas urbanísticas, por considerarem que as
transformações urbanas são uma consequência das relações sociais.
O contributo das utopias é a intervenção ao nível urbano sem esperar pela reforma
geral da sociedade, propondo uma cidade ideal com um modelo de generosidade
muito distinto da cidade ideal renascentista: influenciam a cultura urbanística
moderna e as experiências urbanísticas futuras.
FAUTL . MRANU . 2006/07 . Isabel Raposo
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Professora Isabel Raposo, 6º Mestrado em Reabilitação da Arquitectura e Núcleos Urbanos
Cidade-jardim
Ebenezer Howard
(1969/1898)
utiliza a investigação dos
reformadores socialistas na
Teoria da cidade jardim
individualismo + socialismo
cidade + campo
funda
Letchworth (1903)
Welwyn (1919)
Cerca de 20 cidades são
construídas em Inglaterra
respeitando a ideia de EH
de Cidade-Jardim,
visando descongestionar as
grandes cidades,
dispersar e reagrupar as
populações e locais de
trabalho
FAUTL . MRANU . 2006/07 . Isabel Raposo
Cidade-jardim
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Professora Isabel Raposo, 6º Mestrado em Reabilitação da Arquitectura e Núcleos Urbanos
Cidade-jardim
Letchworth (1903)
Ebenezer Howard + Arqºs Raymond Unwin e B Parker
Paradigma das reformas do planeamento e da habitação
Cidade linear
Em Espanha, nos finais do século XIX, Soria y Mata projecta a cidade linear
a 7km do centro de Madrid: todas as habitações têm contacto com o campo.
Madrid.
Cidade linear
(in Goitia 1982: 166)
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Professora Isabel Raposo, 6º Mestrado em Reabilitação da Arquitectura e Núcleos Urbanos
Esquema
(in Lamas 2000: 269)
Pormenor dos
bairros
habitacionais
Perspectiva aérea
do conjunto
Perspectiva da gare
ferroviária
Perspectiva da
siderurgia na zona
industrial
FAUTL . MRANU
2006/07 . Isabel Raposo
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Professora Isabel Raposo, 6º Mestrado em Reabilitação da Arquitectura e Núcleos Urbanos
FAUTL . MRANU . 2006/07 . Isabel Raposo Forestier, 1925, plano de prolongamento da Av. Liberdade
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Professora Isabel Raposo, 6º Mestrado em Reabilitação da Arquitectura e Núcleos Urbanos
• Os CIAM defendem:
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Professora Isabel Raposo, 6º Mestrado em Reabilitação da Arquitectura e Núcleos Urbanos
X funcionalista e racionalista
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Professora Isabel Raposo, 6º Mestrado em Reabilitação da Arquitectura e Núcleos Urbanos
Habitação
Recreio
Trabalho
Circulação
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Professora Isabel Raposo, 6º Mestrado em Reabilitação da Arquitectura e Núcleos Urbanos
Habitação (cont)
• Considera a necessidade psicológica e fisiológica de todo o ser humano de:
sol, espaço e verde 3 primeiros materiais do urbanismo
• Defende zonamento de actividades: habitação, indústria, comércio, recreio
• Defende a construção em altura (graças à nova tecnologia em aço e em
cimento armado) para ter melhor vista, ar puro, insolação e espaços verdes
melhorar a circulação e criar espaços verdes
• Localizar habitação nos melhores sítios
• Garantir que sol entre em cada alojamento pelo menos 2h por dia
• Acabar com o alinhamento das habitações ao longo da rua
• Separar a habitação e as vias de peões das vias de automóveis
• Destruir bairros sem condições sanitárias resultantes de especulação
• Controlar a expansão urbana desmesurada e fixar as densidades urbanas
(determinando a área do terreno e a previsão de população)
• Prever área para construção de equipamentos colectivos: educação, saúde,
creches, desporto, recreio, cultura
“a sua necessidade é ainda pouco ressentida pela população”
• Afastar as escolas das vias e aproximá-las da habitação
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Professora Isabel Raposo, 6º Mestrado em Reabilitação da Arquitectura e Núcleos Urbanos
evolução comparativa,
das formas urbanas tradicionais às modernas
Antoine Prieur, “Habitation collective et urbanisme”, AA 16, 1947
in Lamas 2000: 339)
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Professora Isabel Raposo, 6º Mestrado em Reabilitação da Arquitectura e Núcleos Urbanos
Lazer
• Existem poucos espaços livres no interior das cidades:
parques, jardins de casas aristocráticas ou burguesas,
na periferia ou no centro de zona residencial luxuosa,
para bem-estar das classes privilegiadas,
só utilizadas ao fim de semana, só com função de embelezamento,
longe da habitação popular, interditas ao público,
• Têm sido substituídos por imóveis
• Propõe-se a conversão dos espaços livres para prolongamento da habitação:
jardins, equipamentos de recreio e desporto
• Assegurar condições de vida saudáveis e em espaço natural,
locais de lazer para desfrute depois das horas de trabalho,
numa proporção equilibrada entre volumes construídos e espaços livres
• Criação de reservas verdes na cidade para descanso semanal
e em torno da habitação, para descanso quotidiano
Lazer (cont.)
• Transformar as aglomerações em cidades verdes
com espaços para equipamentos colectivos
(ao contrário das cidades jardins, divididas em pequenos lotes privados)
e para hortas individuais com infra-estruturas colectivas
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Professora Isabel Raposo, 6º Mestrado em Reabilitação da Arquitectura e Núcleos Urbanos
Le Corbusier
Trabalho
Existente
• Com o maquinismo: fim da proximidade do trabalho-casa,
fim do artesanato,
emerge mão-de-obra anónima e móvel
• Implantação das pequenas e médias indústrias
nos bairros de habitação, provocam poluição sonora e poeiras,
• Implantação da grande indústria na periferia, faz surgir subúrbios
obriga a longas deslocações casa-trabalho e a grandes investimentos em
transportes públicos
Proposta
• Redução das distâncias habitação-trabalho
• Cidades industriais lineares
ao longo das vias de transporte das matérias primas, férrea, canal, auto-estrada,
incluindo zona de habitação paralela à zona industrial, separada por zona verde e
aberta para o campo, diminuindo distância casa-trabalho,
• Actividades artesanais no centro da vida urbana
• Centro de negócios consagrada à administração pública e privada, junto às vias
que servem a zona de habitação, de indústria e artesanato, estações
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Professora Isabel Raposo, 6º Mestrado em Reabilitação da Arquitectura e Núcleos Urbanos
Circulação
• Vias antigas concebidas para peões e carroças, dimensionamento
inapropriado e distância entre cruzamentos fracos
• Caminho de ferro tornou-se, com a extensão da cidade, um obstáculo à
urbanização, uma barreira
• Propõe-se
• Hierarquia viária
• Nós viários desnivelados
• Ruas de peões
• Zonas verdes de protecção das vias de atravessamento
Circulação
Vista sobre a estação central (Le Corbusier, The city of tomorrow, 1929)
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Professora Isabel Raposo, 6º Mestrado em Reabilitação da Arquitectura e Núcleos Urbanos
Le Corbusier
O Plan Voisin, 1925
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Professora Isabel Raposo, 6º Mestrado em Reabilitação da Arquitectura e Núcleos Urbanos
Le Corbusier
The city of tomorrow
(1929: 289)
Princípios gerais:
• As cidades, na era do maquinismo, oferecem uma imagem de caos e já não
respondem às necessidades básicas biológicas e psicológicas dos seus habitantes
• A violência dos interesses privados,
dos industriais e construtores de alojamentos
sobrepuseram-se aos interesses colectivos,
provocando ruptura do equilíbrio entre as forças económicas,
a fraqueza do controle administrativo e a fraqueza da solidariedade social
• A transformação urbana faz-se sem controle
nem tendo em conta os princípios de urbanismo
• O dimensionamento de todos os elementos urbanos
deve ser regido pela escala humana
• Os planos determinam a estrutura de cada uma das 4 funções chave do
urbanismo e fixam a sua localização
• A habitação é o centro das preocupações urbanísticas
• Revisão da circulação urbana e suburbana a partir do zonamento
• A construção em altura permite melhorar a circulação e criar espaços verdes
• A cidade deve ser estudada no conjunto da sua região
• A cidade é definida como uma unidade funcional
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Professora Isabel Raposo, 6º Mestrado em Reabilitação da Arquitectura e Núcleos Urbanos
Le Corbusier
“La ville contemporaine”
In Lamas 2000: 353
• Planta geral
• Pormenor do centro
• Vistas do eixo central e da
zona residencial
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Professora Isabel Raposo, 6º Mestrado em Reabilitação da Arquitectura e Núcleos Urbanos
Aplicação dos
princípios da
Carta de Atenas
de 1933
Urbanismo francês
do pós-guerra
Os grands
ensembles
Sarcelles, 1966
Vista de 15º andar
in Lamas (2000: 393)
NOTA:
ver aula Prof. Daniel PINSON
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Professora Isabel Raposo, 6º Mestrado em Reabilitação da Arquitectura e Núcleos Urbanos
Olivais e
Sul
Chelas (ver Teresa Heitor (s/d) Olivais e Chelas, operações urbanísticas de grande escala)
Olivais e
Sul
Chelas (ver Teresa Heitor (s/d) Olivais e Chelas, operações urbanísticas de grande escala)
Olivais Norte
• Ruptura com prática da urbanística formal de Alvalade
• Aplicação fiel do modelo racionalista da “Carta de Atenas” de 1933:
• edifícios não alinhados com rua, espaço livre ajardinado fluido
• Rede de circulação viária: espinha dorsal da malha e elemento integrador
• Hierarquização dos espaços exteriores: separação rede viária e pedonal
• Serviços concentrados no centro cívico-comercial. Escola separada
• Independência e liberdade nos projectos dos edifícios: tipologias de banda e
torre
Olivais Sul
• Alteração do modelo da cidade moderna:
• Densificação das áreas residenciais
• Centro cívico estruturante
• Identidade
• Abandono do conceito de unidade de vizinhança
• Introdução de áreas centrais
• Introdução de formas de agregação dos edifícios inovadoras
• Introdução de estruturada celular hierarquizada e zonificada nas suas funções
• Equipamentos e serviços próximos da habitação em função da hierarquia
• Mistura de categorias para evitar segregação e exclusão social
• Não inclui equipamento produtivo: não ultrapassou estatuto de zona dormitório
FAUTL . MRANU . 2006/07 . Isabel Raposo
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Professora Isabel Raposo, 6º Mestrado em Reabilitação da Arquitectura e Núcleos Urbanos
Olivais Sul
C F
D E
Olivais Sul
Fotos Sívia Jorge
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Professora Isabel Raposo, 6º Mestrado em Reabilitação da Arquitectura e Núcleos Urbanos
Olivais Sul
Chelas (ver Teresa Heitor (s/d) Olivais e Chelas, operações urbanísticas de grande escala)
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Professora Isabel Raposo, 6º Mestrado em Reabilitação da Arquitectura e Núcleos Urbanos
Chelas (ver Teresa Heitor (s/d) Olivais e Chelas, operações urbanísticas de grande escala)
Chelas
objectivo: integração na cidade e articulação com a frente ribeirinha oriental
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Professora Isabel Raposo, 6º Mestrado em Reabilitação da Arquitectura e Núcleos Urbanos
Chelas
Zona N2 Zona I
Zona N1
Zona J
Zona M
Chelas
Fotos Sívia Jorge
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Professora Isabel Raposo, 6º Mestrado em Reabilitação da Arquitectura e Núcleos Urbanos
Chelas
Chelas
Fotos Sívia Jorge
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Professora Isabel Raposo, 6º Mestrado em Reabilitação da Arquitectura e Núcleos Urbanos
Chelas
Chelas
Fotos Sívia Jorge
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Professora Isabel Raposo, 6º Mestrado em Reabilitação da Arquitectura e Núcleos Urbanos
Chelas
…estrutura diversificada
…manifestação artística
FAUTL . MRANU . 2006/07 . Isabel Raposo …exploração de novas formas
Chelas
Fotos Sívia Jorge
elementos de
continuidade…
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Professora Isabel Raposo, 6º Mestrado em Reabilitação da Arquitectura e Núcleos Urbanos
Chelas
Chelas
Fotos Sívia Jorge
espaços verdes
malha coesa
tecido compacto
FAUTL
UTL . FA
MRANU
. MRANU
. 2006/07
. 2006/07
. Isabel
. Isabel
Raposo
Raposo
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Professora Isabel Raposo, 6º Mestrado em Reabilitação da Arquitectura e Núcleos Urbanos
Chelas
Alguns problemas
• falta de coordenação institucional
• problemas na execução das infra-estruturas e dos espaços exteriores
• diversidade de soluções técnicas não articuladas
• o resultado final traduz o somatório de diferentes iniciativas formais afastando-
se da proposta global do conjunto urbano (quanto à forma e ao funcionamento)
• fraca coerência da malha com descontinuidade entre as partes
• falta de legibilidade do ambiente urbano
• falta de articulação e descontinuidade com massas edificadas das áreas
envolventes
• os obstáculos naturais e vias rápidas periféricas não foram ultrapassados
• a zona O (núcleo central), que devia agregar as zonas edificadas e articulá-las
com a envolvente, não foi construído
• os espaços deixados livres funcionam como pausas e não como vazios,
comprometendo a unidade do tecido urbano e acentuando a descontinuidade
interna e com exterior
urbanização acelerada
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Exemplo:
entre 1965-70 entre 1985-90
crescimento anual global 2,06 1,73
em África 2,63 3,00
na Europa 0,67 0,22
FAUTL . MRANU . 2006/07 . Isabel Raposo
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explosão urbana
A cidade cresce e adquire importância crescente com Revolução Industrial.
Torna-se lugar de concentração de população, meios de produção e capital.
Sociedade pré-moderna
• A posse de bens materiais serve para defender uma posição social
• O objectivo não é a acumulação de capital
• Os mercados são elementos secundários na vida económica
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explosão urbana
A população mundial tende a concentrar-se em urbes
cada vez mais extensas, congestionadas, onde se amontoam milhões de pessoas
• sem emprego
• sem as condições básicas de habitação,
• sem infra-estruturas e serviços sociais,
• com degradação do equilíbrio ecológico
• e crescimento da violência
11 das vinte maiores cidades (com 11 ou mais milhões de pessoas)
localizar-se-ão em 2025, segundo as melhores projecções, nos países periféricos
• México: 24,4 milhões de pessoas;
• São Paulo: 23,6 milhões de pessoas
O processo de urbanização capitalista
nos países industrializados
• eclode com a Revolução Industrial
• e anda associado ao crescimento das economias nacionais.
na maioria dos países periféricos e especificamente em África,
• acentua-se nas últimas décadas
• e anda associado à degradação das economias dos países do Sul,
• como resultado da aplicação desajustada
- das políticas emanadas dos países desenvolvidos
- e da globalização da economia neo-liberal
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Aceleração da urbanização
novas dimensões ou acepções (Isabel Raposo 1999)
Dimensão demográfica
(exodo rural, crescimento populacional)
Dimensão espacial
Aceleração da urbanização
novas dimensões ou acepções (Isabel Raposo 1999)
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Aceleração da urbanização
novas dimensões ou acepções (Isabel Raposo 1999)
Dimensão socioeconómica
• substituição da produção artesanal pela produção industrial
• mudança dos sectores predominantes de actividade: aumento da percentagem
da população não agrícola (industrial ou dos serviços); mais recentemente
aumento do terciário em detrimento do secundário;
• extensão do trabalho assalariado e da monetarização
• aumento da produtividade
• aumento da divisão do trabalho, especialização profissional, racionalização
económica e mecanização agrícola;
• complementaridade das actividades não agrícolas e agrícola (produção para
autoconsumo); incessante vai e vem entre urbano e rural
• com a disseminação das pequenas e média empresas agrícolas, industriais, de
serviços ou turísticas (resultado das novas tecnologias e da crise do modelo
fordista), aumenta a pluriactividade e o trabalho por conta própria
• redes relacionais mais complexas, profissionais e económicas que tendem a
substituir as sociabilidades de interconhecimento; maior interdependência
• maior mobilidade profissional, geográfica e social
• aumento da racionalidade económica ou mercantil, da procura do proveito
individual, do espírito competitivo, do profissionalismo
Aceleração da urbanização
novas dimensões ou acepções (Isabel Raposo 1999)
Dimensão socio-cultural
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Aceleração da urbanização
novas dimensões ou acepções (Isabel Raposo 1999)
• Manifesta-se ao nível
da alimentação, do vestuário, da habitação,...
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centros antigos
…bairros críticos?
periferias
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subúrbio
…
Lá não figura no mapa
No avesso da montanha,
é labirinto
É contra-senha,
é cara à tapa
…
Casas sem cor
Ruas de pó, cidade
Que não se pinta
Que é sem vaidade
……
Lá não tem moças douradas
…
subúrbio
subúrbio…
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bairros degradados
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clandestinos
cova da moura
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2001
periferias
Pontos de vista de NEUTELINGS, Willem, Patchwork city, Roterdão, 010 Publishers, 1992:
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fim
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