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Ministério da Educação
Fernando Haddad
Ministro
CAPES
Jorge Almeida Guimarães
Presidente
Governo do Estado
Ricardo Vieira Coutinho
Governador
Assessora de EAD
Cecília Queiroz
Edson Tavares Costa
Literatura Portuguesa
Campina Grande-PB
2011
Universidade Estadual da Paraíba
Marlene Alves Sousa Luna
Reitora
Cecília Queiroz
Assessora de EAD
Coordenador de Tecnologia
Ítalo Brito Vilarim
Projeto Gráfico
Arão de Azevêdo Souza
Revisão Linguística
Maria Divanira de Lima Arcoverde (UEPB)
Diagramação
Arão de Azevêdo Souza
Gabriel Granja
869
C837l Costa, Edson Tavares.
Licenciatura em Letras/Português: literatura portuguesa. /Edson
Tavares Costa; UEPB / Coordenadoria Institucional de Programas
Especiais, Secretaria de Educação a Distância._Campina Grande:
EDUEPB, 2011.
161 p.: il.
I Unidade
Trovadorismo: cantigas e novelas de cavalaria...............................................7
II Unidade
Trovadorismo: textos poéticos e em prosa ....................................................25
III Unidade
Humanismo: crônicas.................................................................................39
IV Unidade
Classicismo: a poesia épica de Camões ......................................................51
V Unidade
Barroco: Padre Vieira..................................................................................69
VI Unidade
Arcadismo: Bocage.....................................................................................85
VII Unidade
Romantismo: Garrett e Herculano................................................................97
VIII Unidade
Realismo e Simbolismo: a Questão Coimbrã e a decadência......................113
IX Unidade
Modernismo: a “literatura” Fernando Pessoa..............................................129
X Unidade
Contemporaneidade: José Saramago e outros autores ..............................145
I UNIDADE
Trovadorismo: cantigas e
novelas de cavalaria
Literatura Portuguesa I SEAD/UEPB 7
Apresentação
O grande poeta Fernando
Pessoa escreveu que Portugal é
o rosto com que a Europa fita
“o Ocidente, futuro do passa-
do” (PESSOA, Fernando. Obra
poética. Org. Int. e Notas de
Maria Aliete Galhoz. Rio de Ja-
neiro: Nova Aguilar, 2001, p.
71). Nesta unidade, igual ao
que Pessoa falou sobre o con-
tinente europeu, posto nos co-
Foto de satélite da Península Ibérica tovelos, “de Oriente a Ociden-
te” (idem), vamos nos debruçar
sobre Portugal, fitando com olhos de quem perscruta, de
quem analisa, de quem investiga, a sua história, seu povo,
sua cultura. E faremos isso através de sua literatura, de seus
escritores, desde a origem à contemporaneidade.
É uma literatura rica, com nomes de peso no cânone
universal, como Luís de Camões, Fernando Pessoa e, mais
recentemente, José Saramago – único escritor de língua por-
tuguesa a ser agraciado com o Prêmio Nobel.
Como afirma Nicola (NICOLA, José de. Literatura Por-
tuguesa: da origem aos nossos dias. São Paulo: Scipione,
1999, p. 28), “a literatura portuguesa, que já abrange oito
Fonte da imagem: http://
séculos de produção, pode ser dividida em três longos es-
www.mapas-portugal. paços de tempo, acompanhando as grandes transformações
com/Satellite_Image_
Photo_Iberian_ vividas pela Europa: Era Medieval, Era Clássica e Era Romântica
Peninsula_2.htm. Crédito:
Jacques Descloitres,
ou Moderna. Essas três grandes eras apresentam-se subdivi-
MODIS Rapid Response didas em fases menores, chamadas de escolas literárias ou
Team, NASA/GSFC
estilos de época.”
Objetivos
É nosso desejo que, ao final desta unidade, você consiga:
Formação de Portugal
Portugal é a parte mais ocidental da penínsu-
la mais ocidental da Europa: a Península Ibérica.
Se voltarmos dez mil anos atrás, vamos encontrar
essa região povoada por diferentes povos (celtas,
iberos, fenícios, gregos, germânicos...), num ladri-
lho diferenciado de culturas, que terminaram uni-
ficadas pela ocupação romana, a partir de 219
a.C. Uma unificação forçada, imposta pelos do-
minadores, que reduziram todas as manifestações
culturais dos peninsulares a um denominador cul-
tural comum.
Fonte: http://peninsulaiberica.blogs.sapo.pt/arquivo/ib_hond.jpg
Mas os romanos não se mantiveram perene-
mente na península. No século V, diversos grupos
guerreiros foram destruindo a hegemonia administrativa e política ro-
mana. Eram denominados genericamente de “bárbaros” aqueles que
viviam fora das fronteiras do Império e não falavam o latim. Entretanto,
embora superiores na conquista bélica, os “bárbaros” não conseguiram
destroçar a cultura estabelecida; ao contrário, sofreram um processo
de “romanização” cultural, isto é, incorporaram a cultura dos romanos.
É nesse período que se estabelecem as três classes sociais que com-
porão a sociedade ibérica: o clero, formado pelos sacerdotes da Igreja
cristã, possuidora de riquezas e poder político; a nobreza, composta
pelos proprietários de terras, que detinham um grande poder militar; e
o povo, uma classe desprivilegiada, constituída principalmente de cam-
poneses.
No século VIII, a península foi invadida pelos árabes (também de-
nominados mouros ou muçulmanos), que a dominaram quase que por
completo, ao longo de vários séculos. Não foi um domínio homogê-
neo, como o romano; ao contrário, variava de intensidade, de região
a região. No sul da península, por exemplo, a dominação foi maior;
o norte, no entanto, jamais foi subjugado, servindo, assim, de refúgio
aos ibéricos cristãos, que se preparavam para a reconquista dos terri-
-tórios tomados. Somente no século XV as lutas da Reconquista tiveram
fim, com a retomada do último reduto mouro na Espanha, Granada,
Texto 2
Leitura na Internet
O texto a seguir traz uma abordagem interessante sobre essa rela-
ção homem-mulher, numa perspectiva literária, mas também cotidiana.
O texto integral está no site http://www.filologia.org.br/abf/vol4/num-04.
htm
Trovadorismo
No século XII, a França não apresentava uma unidade linguística: a
língua d’oil no norte e a língua d’oc no sul. Na região occitânica, terri-
tório em que se falava o d’oc, floresce uma poesia, associada ao canto,
que tem como tema o que se convencionou chamar de amor cortês.
Do final do século XII até a segunda metade do século XIV, em Por-
tugal e na Galícia, surge uma poesia em galego-português que retoma
o tema do amor, a partir de vários gêneros.
A famosa Cantiga da Guarvaia, de autoria de Paio Soares de Ta-
veirós, é considerada por Carolina de Michaëlis o texto inaugural do
trovadorismo galego-português. [...]
Amor-cortês e amor-paixão
Nas Cantigas de Amor, o sujeito do discurso é um homem e o tema
é o amor impossível. Em galego-português, o sofrimento causado pela
não correspondência amorosa é chamado de coita e o objeto amado –
a Dama – é nomeado pela palavra Senhor. A maioria dos medievalistas
concorda que essas cantigas retomam o lirismo occitânico, sofrendo
influências diretas da poesia provençal.
Nas Cantigas de Amigo, em vez de um amor impossível, temos o
testemunho de mulheres apaixonadas. O poeta – trovador, jogral ou
menestrel –, se coloca do lado das mulheres, falando como se fosse
uma delas. Em galego-português, amigo é sinônimo de namorado,
amado.
No que diz respeito à origem dessas cantigas, vamos encontrar três
versões diferentes:
[...]
[...]
[...]
[...]
Sugestões de filmes
Resumo
Referências
COELHO, Nelly N.. Literatura e Linguagem. A obra literária e a
expressão lingüística. 5. ed. reform. Petrópolis-RJ: Vozes, 1993
Web:
http:// www.filologia.org.br/abf/vol4/num1-04.htm
Trovadorismo:
textos poéticos e em prosa
Apresentação
Estudamos, na unidade passada, a origem do reino de
Portugal e sua nascente literatura, o Trovadorismo poético.
Lemos alguns textos históricos e teóricos, que nos ajudaram
a situar adequadamente a literatura que passaremos a estu-
dar com mais atenção a partir de agora. Vimos algumas re-
ferências a respeito das cantigas lírico-amorosas e satíricas,
bem como relacionadas ao tema destas, mas sem entrarmos
em contato diretamente com elas.
O que faremos nesta unidade é estabelecer esse contato
com as cantigas, classificadas pelos seus temas. “As primei-
ras cantigas ou trovas medievais portuguesas são inspiradas
nas cantigas que há muito tempo já eram feitas em Proven-
ça, no sul da França; por isso, a Literatura Medieval Por-
tuguesa também é chamada de LITERATURA PROVENÇAL.
Apesar de oito séculos terem se passado, as cantigas con-
tinuam existindo: basta ligarmos o rádio e ouviremos POE-
MAS ORAIS (cantados) ACOMPANHADOS DE MÚSICA...”
(http://rosabe.sites.uol.com.br/trovad.htm).
26
2 6 SEAD/UEPB I Literatura Portuguesa
Num segundo momento, abordaremos a prosa medie-
val portuguesa, composta pelas famosas “Novelas de Ca-
valaria”, oportunidade em que analisaremos alguns trechos
desses textos, “narrativas ficcionais de acontecimentos histó-
ricos”, gerados a partir da “prosificação de poemas épicos e
das canções de gesta (guerra) francesas e inglesas” (http://
www.gargantadaserpente.com/historia/trovadorismo/prosa.
shtml).
Será importante observar a estreita ligação estabelecida
entre os textos estudados e o estilo de vida e comportamento
social dos portugueses medievais, notadamente dos chama-
dos trovadores.
Tanto as cantigas quanto as novelas foram escritas em
galego-português, que é uma forma ainda bastante primitiva
do idioma lusitano, o que poderia gerar alguns problemas
na hora do entendimento e interpretação. Desta forma, ao
lado do texto original, colocaremos a atualização linguística
do texto.
Vamos lá?!
Objetivos
É nosso desejo que, ao final desta unidade, você consiga:
• Identificar os diversos tipos de cantigas medievais, a partir da
análise do contexto poético presente nelas;
• Reconhecer os acontecimentos sócio-culturais que influencia-
ram a composição dos textos em prosa medievais;
• Observar as características formais e temáticas de um texto me-
dieval;
[http://pt.wikisource.org/wiki/Quer%27
eu_em_maneira_de_proen%C3%A7al]
Texto 2
Nom poss’ eu, madre, aver gasalhado, Não posso eu, mãe, ter paz
ca me non leixades fazer mandado pois não me deixas fazer a vontade
do meu amigo. do meu amigo.
2
João Garcia de Guilhade – trovador portu-
Ca me guardades a noit’ e o dia; Porque me guardas noite e dia; guês, nascido em Barcelos, atuou no século
XIII, e é con-siderado um dos mais notáveis
morrer-vos-ei con aquesta perfia morrerei com esta teimosia
autores de cantigas satíricas.
por meu amigo. por meu amigo.
http://www.filologia.org.br/pub_outras/sliit02/
sliit02_99-109.html
Atividade II
a) Você percebe que os dois poemas têm mulheres como destinatários?
O de Guinzo a mãe; o de Guilhade, as amigas. Por que, na sua opinião,
isso acontece?
As Cantigas Satíricas
A par das cantigas de amigo e das cantigas de amor, as cantigas
satíricas (de escárnio e maldizer) também estão presentes na literatura
galego-portuguesa.
De acordo com a “Arte de Trovar” incluída no Cancioneiro da Bi-
blioteca Nacional, Cantigas de Maldizer são aquelas que os trovadores
fazem mais abertamente; falam mal e de forma chula; e Cantigas de
Escárnio são aquelas que os trovadores fazem querendo dizer mal de
alguém através delas e fazem isso através de palavras disfarçadas, de
duplo sentido, para que não sejam entendidas de imediato... (CBN, Arte
de Trovar, Tit. III, C.VI [linguagem atualizada]).
A alusão mais ou menos direta ao destinatário do ataque constitui,
pois, o elemento que diferencia os dois tipos de cantiga, embora os
próprios trovadores e compiladores dos cancioneiros tenham renun-
ciado a efetuar rigorosamente a distinção entre cantiga de escárnio e
cantiga de maldizer, vazando-as num grupo comum que acolhe qual-
quer composição satírica. A intenção destas cantigas é satirizar certos
aspectos da vida da corte, visando com frequência certas personagens
como jograis, soldadeiras, clérigos, fidalgos, plebeus nobilitados. Ao
mesmo tempo, as cantigas de escárnio e maldizer recriam situações
anedóticas e picarescas e apresentam uma ridicularização do amor
cortês. O repertório linguístico da sátira pessoal, social, moral, religiosa
e política, surpreende pela sua amplitude e recorrente obscenidade,
transmitindo involuntariamente informações ímpares sobre a mentali-
dade e cultura laica medievais. (http://www.infopedia.pt/$cantiga-de-
-escarnio-e-maldizer)
Fonte: http://1.bp.blogspot.com/-b5ormQ1NrzA/
TcVhCBHAuAI/AAAAAAAABS0/hDvV1Lvkdzc/
s1600/Trovadores67894.jpg
Don Foão, que eu sei que ha preço de Dom Fulano, que eu sei que tem fama
ligeiro, vedes que fez ena guerra (da- de leviano, vejam o que fez durante a
questo son verdadeiro): guerra (disto estou certo): logo que viu
sol que viu os genetes, come bezerro os mouros, como um bezerro novo,
tenreiro, sacudiu-se e revolveu-se, al sacudiu-se e remexeu-se, levantou o
-çou rab’e foi sa vía a Portugal. rabo e fugiu para Portugal.
Don Foão, que eu sei que ha prez de Dom Fulano, que eu sei que tem fama
liveldade, vedes que fez ena guerra de medroso vejam o que fez durante a
(sabede-o por verdade): sol que viu os guerra - saibam que é verdade: logo
genetes, come can que sal de grade, que viu os mouros, como um cão que
sacudiu-se e revolveu-se, alçou rab’e foi sai da corrente, sacudiu-se e remexeu-
sa vía a Portugal. se, le vantou o rabo e fugiu para Por-
tugal.
http://pt.wikisource.org/wiki/Don_Fo%C3%A3o,
_que_eu_sei_que_ha_pre%C3%A7o_de_
liv%C3%A3o
Atividade III
a) Observe como o autor fala mal do personagem, a quem diz chamar-se Dom
Fulano – ao mesmo tempo que diz que pertence à nobreza, não fala seu nome.
Comente isso.
Texto 4
Resumo
Referências
Internet:
http://pt.scribd.com/doc/5710150/FInf-LitPort-Textos-Medievais-
Demanda-do-Graal
http://pt.wikipedia.org/wiki/Paio_Soares_de_Taveir%C3%B3s
http://pt.wikisource.org/wiki/Quer%27eu_em_maneira_de_
proen%C3%A7al
http://rosabe.sites.uol.com.br/trovad.htm
http://www.filologia.org.br/pub_outras/sliit02/sliit02_99-109.html
http://www.gargantadaserpente. com/historia/trovadorismo/prosa.
shtml
Humanismo: crônicas
TVk64-fGfVI/AAAAAAAABHM/Pt4OFOlHjbw/s1600/2005-02-03-419.jpg
Apresentação
Como afirma José de Nicola, “a Segunda Época Medie-
val ou Humanismo corresponde ao período que vai desde
a nomeação de Fernão Lopes para o cargo de cronista-mor
da Torre do Tombo, em 1434, até o retorno de Sá de Miranda
da Itália, no ano de 1527, quando introduziu em Portugal a
estética clássica.
O Humanismo foi um período muito rico para o desen-
volvimento da prosa, graças ao trabalho dos cronistas, no-
tadamente de Fernão Lopes, considerado o iniciador da his-
toriografia portuguesa. Outra manifestação importantíssima
que se desenvolveu no Humanismo, já no início do século
XVI, foi o teatro popular, com a produção de Gil Vicente. A
poesia, por outro lado, conheceu um período de decadên-
cia nos anos de 1400, estando toda a produção poética do
período ligada ao Cancioneiro Geral, organizado por Gar-
cia de Resende; essa poesia, por se desenvolver no ambiente
palaciano, é conhecida como poesia palaciana.
40
4 0 SEAD/UEPB I Literatura Portuguesa
Tanto as crônicas históricas como o próprio teatro vi-
centino estão intimamente relacionados com as profundas
transformações políticas, econômicas e sociais verificadas
em Portugal no final do século XIV e em todo o século XV.”
(NICOLA, José de. Literatura Portuguesa – das origens aos
nossos dias. São Paulo: Scipione, 1999, p. 51).
É isso, então, que vamos estudar nesta unidade.
Vamos lá?!
Objetivos
É nosso desejo que, ao final desta unidade, você consiga:
• compreender os aspectos que levaram a sociedade, e especial-
mente a literatura, a assumir um caráter mais antropocêntrico,
no século XV;
• identificar algumas das características estilísticas mais marcan-
tes do cronista Fernão Lopes;
• perceber as implicações sociais e políticas das crônicas de Fer-
não Lopes.
Leia outra vez estes dois trechos de textos retirados da internet, acrescente
outras leituras que você encontrar sobre o assunto, e comente as questões
levantadas a seguir:
a) A luta do homem sempre foi a luta pela sua liberdade, seja em que contexto
for. Até então, em Portugal, temos a época medieval, em que o homem era
escravo de uma hierarquia social rígida e de conceitos religiosos bastante
fortes. Comente a gradativa conquista da liberdade desse homem medieval,
que terminou por fazer brotar e se consolidar o movimento humanista.
b) Alguns termos presentes no texto acima, por si, já explicam e situam de forma
precisa o homem e a sociedade desse período. Pesquise seu significado e
procure comentar a importância desses termos na conjuntura humanista
portuguesa:
a. Regime feudal
b. Burguesia
c. Mercantilismo
d. Mecenas
e. Revolução de Avis
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
Em suma...
O período que estamos estudando é de transição, entre a Idade
Média e a Idade Moderna. Mais que qualquer coisa, esse período sig-
nifica uma transformação radical no modo de o homem pensar, nos
seus valores, nas suas crenças. Há uma gradativa mudança no centro
dos interesses, que passa da religiosidade à materialidade, da alma ao
corpo, de Deus ao homem. Por isso, dizemos que o Humanismo é uma
espécie de preparação para o momento literário seguinte, que é essen-
cialmente antropocêntrico, ou seja, o homem é o centro de tudo. No
Humanismo, há uma nítida opção pelo texto em prosa, notadamente a
crônica, gênero textual que procura registrar os feitos e acontecimentos
do reino. O primeiro grande cronista foi Fernão Lopes, razão por que
costuma-se iniciar o Humanismo com sua nomeação para esse cargo.
Fernão lopes
Não se sabe muita coisa da vida de
Fernão Lopes: apenas que foi funcioná-
rio do palácio real e notário (espécie
de tabelião), tendo sido nomeado cro-
nista-mor do Reino por dom Duarte em
1434; escreveu as crônicas dos reis D.
Pedro I, D. Fernando e a 1ª e 2ª partes
da de D. João.
Na internet, podemos encontrar al-
guns dados interessantes sobre Lopes:
Do ponto de vista da forma, o seu
estilo representa uma literatura de ex-
pressão oral e raiz popular. Ele próprio
diz que nas suas páginas não se encon-
tra a formosura das palavras, mas a
nudez da verdade. Era um autodidata.
Foi um dos legítimos representantes do
saber popular, mas já no seu tempo um
novo tipo de saber começava a surgir:
de cunho erudito-acadêmico, humanis-
ta, classicizante. Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/
commons/2/2f/Fernao_Lopes.jpg
Ocupa, entre a série dos cronistas
gerais do Reino, um lugar de destaque,
quer como artista quer pela sua maneira de interpretar os
fatos sociais. Fernão Lopes poderá ter nascido entre 1378
e 1390, aproximadamente, visto que em 1418 já ocupava
funções públicas de responsabilidade (era Guardião-mor
das escrituras da Torre do Tombo). (...)
Profissionalmente, Fernão Lopes era um tabelião (...).
Foi empregado da família real e da corte, escrivão de D.
Duarte, ainda infante, do rei D. João I, e do infante D.
Fernando, em cuja casa ocupou o importante posto de «es-
crivão da puridade», que correspondia ao cargo de maior
confiança pessoal concedido pela alta nobreza. A partir de
1418 aparece a desempenhar as funções de Guarda-mor
da Torre do Tombo, encarregado de guardar e conservar os
arquivos do Estado, lugar de confiança da Corte. (...). Em
1454, foi reformado do cargo de Guarda-mor da Torre do
Tombo devido à sua idade. Ainda vivia em 1459, segundo
atesta um documento de transmissão de sua herança.
Literatura Portuguesa I SEAD/UEPB 45
Durante este longo período de atividade, Fernão Lopes
atravessou os reinados de D. João I, D. Duarte, o governo
de D. Pedro e parte do reinado de D. Afonso V. Conheceu
muitas alterações políticas e sociais. Ao rei eleito e popular,
D. João I, viu suceder um rei mais dominado pela aristo-
cracia, D. Duarte; viu crescer o poder feudal dos filhos de
D. João I, e com ele o predomínio da nobreza, que saíra
gravemente abalada da crise da independência. Assistiu à
guerra civil subsequente à morte de D. Duarte, à insurrei-
ção de Lisboa contra a rainha viúva D. Leonor, e à eleição
do infante D. Pedro por esta cidade, e em seguida pelas
cortes, para o cargo de Defensor e Regedor do Reino, em
circunstâncias muito parecidas com as que tinham levado
o mestre de Avis ao mesmo cargo e seguidamente ao trono
em 1383-1385. Assistiu depois à reação do partido da
nobreza, à queda do infante D. Pedro, à sua morte na san-
grenta batalha de Alfarrobeira, à perseguição e dispersão
dos seus partidários, ao triunfo definitivo da nobreza, no
reinado. Foi testemunha do início da expansão ultramarina
(...).
Fernão Lopes viveu uma das épocas mais perturbadas
da História de Portugal, cheia de ensinamentos para o his-
toriador. A carreira de Fernão Lopes como historiador é
provavelmente a mais longa do que há pouco se supôs,
pois é provável que já em 1419 realizasse por encargo do
então infante D. Duarte a compilação e redação de uma
crônica geral do reino de Portugal. (...). Em 1449, pouco
antes da batalha de Alfarrobeira, ainda recebe um paga-
mento de D. Afonso V pelos seus trabalhos historiográfi-
cos, mas já nessa época entrara em atividade um outro
cronista, Gomes Eanes de Zurara. A última obra em que
Fernão Lopes trabalhou, a “Crônica de D. João I”, embora
monumental, ficou incompleta e foi continuada por Zurara
(a Crônica estava dividida em 3 partes das quais Fernão
Lopes só pode escrever as duas primeiras).
http://pt.wikipedia.org/wiki/Fern%C3%A3o_Lope
Uma crônica...
Vamos conhecer um trecho de uma crônica escrita
por Fernão Lopes, enfocando um momento da vida de
D. Pedro I. Como nos diz Moisés (2002, p. 47-8), “filho
de Afonso IV, D. Pedro I reinou entre 1357 e 1367. Aos
vinte anos, casou-se com D. Constança, filha do Infan-
te João Manuel, regente de Castela. Entre as damas de
MOISÉS, Massaud. A literatura portuguesa através dos textos. 28. ed. São Paulo: Cultrix,
2002, p. 47-8
Atividade II
a) Costuma-se caracterizar as crônicas de Fernão Lopes como regiocêntricas
(por centralizar-se nas ações do rei), políticas (por abordar a face
política de algumas ocorrências) e psicológicas (por se preocupar com a
sondagem do interior do monarca). Neste trecho, podemos perceber bem
duas dessas características. Localize-as e as comente.
Resumo
Pudemos observar, nesta unidade, o quanto a capacidade artístico-
literária de um escritor do nível de Fernão Lopes é capaz de produzir
uma obra que ultrapassa os séculos, e nos chega como importante
legado na construção da historiografia portuguesa, de quem o cronista
é considerado o “pai”. Clichês à parte, vale a pena observar o estilo
de Lopes, as inovações presentes em suas crônicas, a análise psicoló-
gica que realiza, as preocupações político-sociais nas abordagens dos
acontecimentos, a presença do povo como elemento também constru-
tor dessa História, embora a regiocentricidade medieval ainda esteja
muito presente em seus textos. Não podemos esquecer que este é um
período de transição, trazendo, portanto, elementos medievais mescla-
dos a novidades que se consolidarão no período seguinte.
Referências
MOISÉS, Massaud. A literatura portuguesa através dos textos. 28. ed.
São Paulo: Cultrix, 2002
NICOLA, José de. Literatura Portuguesa – das origens aos nossos dias. São
Paulo: Scipione, 1999
Web:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Fern%C3%A3o_Lopes
http://www.profabeatriz.hpg.ig.com.br/literatura/humanismo.htm
Classicismo:
a poesia épica de Camões
Literatura Portuguesa I SEAD/UEPB 51
Apresentação
A Europa viveu um
período característico,
que efetivou a transição
da Idade Média para
a Idade Moderna. É o
que se chamou de Re-
nascimento, em função
da redescoberta, da re-
valorização de aspectos
da antiguidade clássica,
que direcionaram as
mudanças desse perío-
do para um ideal huma-
nista e naturalista.
“O Renascimento
Sá de Miranda
cultural manifestou-se Fonte: http://sp1.fotolog.com/photo/17/47/62/
primeiro na região ita- kincaid/1197052156_f.jpg
Objetivos
“Os lusíadas”
(...) Os Lusíadas, que narra a aventura marítima de Vasco da Gama,
é a grande epopéia do povo lusitano. Publicada em 1572, o poema
é considerado o maior poema épico da língua portuguesa. Evidente-
mente não por conter 8816 versos decassílabos distribuídos em 1102
estrofes de oito versos cada, mas pelo seu valor poético e histórico.
Para a melhor compreensão do poema, levantaremos a seguir al-
guns dos seus aspectos fundamentais:
• Título – Camões foi buscar a palavra lusíadas numa epístola
escrita por André de Resende, em 1531. A palavra significa ‘lu-
sitanos’ e, como afirma Hernâni Cidade, é ‘um nome que logo
nos anuncia a história heróica de todo um povo. Os Lusíadas
são os próprios lusos, em sua alma como em sua ação.’
• Herói – O herói de Os Lusíadas não é apenas Vasco da Gama,
como se poderia pensar numa leitura mais superficial, mas sim
todo o povo português (do qual Vasco da Gama é digno repre-
sentante). O próprio poeta afirma que vai cantar ‘as armas e os
barões assinalados’ que ‘navegaram por mares nunca dantes
navegados’. Ou seja, todo o povo lusitano navegador que en-
frenta a morte pelos mares desconhecidos (lembre-se de que
corriam várias lendas sobre o Mar Tenebroso). Mas consideran-
do-se o papel desempenhado por Vasco da Gama no poema,
poderíamos afirmar, sim, que ele é o herói de Os Lusíadas.
126
Texto 2
Encontramos na internet um texto que faz um comentário interes-
sante sobre este trecho de Os Lusíadas. Leia-o, compare com o episó-
dio, e tire suas conclusões.
Fonte: http://inesdecastroesspc.files.wordpress.com/2010/02/327529286_
c90da75b85.jpg
Web
Biblioteca Virtual: http://www.portalcen.org/bv/estudante/
inesdecastro.pdf
SILVA, Fernando Correia; http://www.vidaslusofonas.pt/inesdecastro.
htm
http://www.notapositiva.com/trab_professores/textos_apoio/
portugues/Ines_de_Castro.htm
O sonetista camões
O SONETO é uma típica composição renascentista. A admiração pela
antiguidade clássica levava os classicistas a imitar-lhe inclusive o deta-
lhismo com que eram compostos os poemas e as demais manifestações
artísticas greco-romanas. Introduzido em Portugal por Sá de Miranda,
quando de sua volta da Itália, em 1527, o soneto é uma forma fixa de
poema, composto por 14 versos, distribuídos em duas quadras (estrofes
de quatro versos) e dois tercetos (estrofe de três versos), todos rimando
entre si, e com uma chave de ouro ao final.
Luis de Camões foi um excelente sonetista, como comprovam al-
guns de suas criações, que colocaremos a seguir:
Amor é um fogo que arde sem se ver, É querer estar preso por vontade;
é ferida que dói, e não se sente; é servir a quem vence, o vencedor;
é um contentamento descontente, é ter com quem nos mata, lealdade.
é dor que desatina sem doer.
Mas como causar pode seu favor
É um não querer mais que bem querer; nos corações humanos amizade,
é um andar solitário entre a gente; se tão contrário a si é o mesmo Amor?
é nunca contentar se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.
Atividade III
Autovaliação
Com o objetivo de se autoavaliar, no que se relaciona à presente unidade, você
pode observar se conseguiu:
• Analisar com desenvoltura os trechos apresentados do poema épico dica. utilize o bloco
camoniano “Os Lusíadas”, bem como sonetos líricos aqui postos; de anotações para
responder as atividades!
NICOLA, José de. Literatura Portuguesa – das origens aos nossos dias. São
Paulo: Scipione, 1999
Web:
http:// pt.wikipedia.org/wiki/Lu%C3%ADs_de_Cam%C3%B5es
http:// pt.wikipedia.org/wiki/Renascimento
http://fredb.sites.uol.com.br/lusdecam.htm
http://www.notapositiva.com/trab_professores/textos_apoio/
portugues/Ines_de_Castro.htm
70
0 SEAD/UEPB I Literatura Portuguesa
fé” foi notória. O nome institucional dessa perseguição era “Tribunal da
Santa Inquisição”.
Vamos lá?!
Objetivos
É nosso desejo que, ao final desta unidade, você consiga:
O barroco
Nelly Novaes Coelho
Guarnición tosca de este escollo duro Guarnição tosca deste penhasco duro
troncos robustos son, a cuya greña troncos robustos são, a cujo
menos luz debe, menos aire puro emaranhado
la caverna profunda, que a la peña; menos luz deve, menos ar puro
caliginoso lecho, el seno oscuro a caverna profunda, que à penha;
ser de la negra noche nos lo enseña sombrio leito, o seio escuro
infame turba de nocturnas aves, ser da noite negra nos ensina
gimiendo tristes y volando graves. infame turba de noturnas aves,
gemendo tristes e voando graves.
(GÓNGORA, Fábula de Galatea y Polifemo)
(...)
O Classicismo inicial esforçou-se – como vimos – por estabelecer
uma ordem racional não apenas no pensamento, mas também na so-
ciedade, nos costumes, na vida enfim. A Arte também tende a ser a
mais alta de expressão de um universo penetrado de inteligência, de
uma consciência lúcida e de uma sociedade perfeitamente hierarqui-
zada. A certa altura, no entanto, dá-se como que uma explosão das
linhas equilibradas: a Arte é invadida por formas conflituosas em que
os contornos deixam de ser nítidos e a luminosidade aberta passa aos
tons sombrios e dramáticos do claro-escuro. É o período barroco que
começa, nos rastros do violento período da Contra-Reforma (com o
recrudescimento da ação punitiva do Tribunal da Inquisição, que havia
sido fundado na Espanha pelos reis católicos, em 1340, em Portugal é
instalado em 1536, a pedido de Dom João III, funcionando até 1732).
Surgindo, pois, da intensa reação que se seguiu ao movimento refor-
mista do Renascimento, o barroco inicia-se em cada país em datas
diferentes. O seu primeiro núcleo foi a Espanha do reinado dos Reis
Católicos, Isabel e Fernando I. Embora tenha sido um fenômeno euro-
peu, não resta dúvida de que foi aí, no império espanhol, que atingiu a
sua maior amplitude, riqueza e significação. Período em que a Pintura
e a Arquitetura criaram verdadeiras obras-primas, ele foi muito pobre,
porém, na área poética, onde as forças criadoras do pensamento so-
freram intensa repressão. O estilo barroco resultou, pois,
Atividade I
a) A partir das considerações de Nelly Coelho, podemos entender claramente
por que o Barroco está incluído na Era Clássica. Salvo algumas poucas
alterações, há uma espécie de continuação do movimento anterior. Releia
o texto de Coelho, e veja quais os pontos de identificação mais fortes com o
Classicismo, que ela aponta no Barroco. Comente-os.
Texto 2
76 SEAD/UEPB I Literatura Portuguesa
Padre Antonio Vieira
Nasceu em Lisboa, numa casa humilde da Rua do
Cônego, perto da sé. Foi o primeiro dos quatro filhos de
Cristóvão Vieira Ravasco, um alentejano neto de uma mu-
lata ou africana, e casado com a lisboeta Maria Azevedo.
Antonio veio com a família para o Brasil, pois seu pai
era escrivão, e aqui assumiu um posto no Tribunal de Re-
lação da Bahia. Em Salvador, Antonio ingressou na ordem
jesuíta (1614), tendo muitas dificuldades de aprendiza-
gem, a princípio, mas depois sobressaindo-se brilhante-
mente. Foi ordenado em 1634, época em que já era co-
nhecido pelos seus primeiros sermões, obtendo fama de
pregador notável. Em 1641, retornou a Lisboa, iniciando
uma conturbada e bem sucedida carreira diplomática, so-
bressaindo-se pela oratória; conquistou a confiança de D.
João IV de Portugal, que o nomeou embaixador e depois
pregador régio.
Viajou muito entre Portugal e Brasil, tendo também
passado um tempo em Roma. Por conta de suas posições
fortes, foi várias vezes alvo de processos da Inquisição, Fonte: http://upload.wikimedia.org/
dos quais se defendia pessoalmente. “Politicamente, Vieira tinha contra wikipedia/commons/2/28/Padre_
Ant%C3%B3nio_Vieira.jpg
si a pequena burguesia cristã, por defender os capitalismo judaico e os
cristãos-novos; os pequenos comerciantes, por defender um monopólio
comercial; os administradores e colonos, por defender os índios.” (NICO-
LA, José de. Literatura Portuguesa – das origens aos nossos dias. São Paulo:
Scipione, 1999, p. 98).
O Padre Antonio Vieira faleceu em 1697, no Colégio da Bahia, onde
foi sepultado.
Autor de uma fertilidade criativa impressionante, deixou quase 200
sermões, cerca de 500 cartas, além de três profecias (História do futuro,
Esperanças de Portugal e Clavis prophetarum – em que se percebe o se-
bastianismo (crença defendida por Vieira, segundo a qual Dom Sebastião
voltaria e implantaria o Quinto Império)). Tal fato estaria profetizado na
Bíblia, o que demonstra o caráter alegórico de sua interpretação da Escri-
tura Sagrada, ou seja, através de um nacionalismo exagerado (como foi o
de Sebastião) e uma servidão incomum, característica própria dos jesuítas.
Sermão da sexagésima
(Fragmento)
Sugestão de filme
80 SEAD/UEPB I Literatura Portuguesa
Palavra e Utopia (2000)
Para relaxar...
Esta brincadeira é bastante conhecida. Ao mesmo tempo em que se
diverte você pode fixar algumas ideias que estudamos nesta unidade.
Vamos lá, então? Funciona assim: temos abaixo trechos do Sermão de
Santo Antonio aos Peixes, que o Pe. Vieira pregou em São Luís do Ma-
ranhão, em 1654; utilizando a alegoria de falar aos peixes, recrimina
com contundência a má vida dos ouvintes. Faltam algumas palavras
desses trechos. Localize-as no quadro e complete as frases. Em segui-
da, comente tais frases com colegas.
b) “(...) e eu, que prego aos peixes, para que vejais quão feio e abomi-
nável é, quero que o vejais _______________.”
e) “(...) e assim como o pão se come com tudo, assim com tudo e em
tudo são comidos os ___________________.”
Q G J R K T A E Y Q K J L M N C T I D E V Z X R
O S G R A N D E S C O M E M O S P E Q U E N O S
A S L A I R N T E C T Y A N S Q A B T R Y E Z S
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J R K T A E F A U G O X I O A T C D E T E G N U
Autovaliação
Com o objetivo de se autoavaliar, no que se relaciona à presente unidade, você
pode observar se:
NICOLA, José de. Literatura Portuguesa – das origens aos nossos dias. São
Paulo: Scipione, 1999
Resposta do caça-palavras
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J R K T A E F A U G O X I O A T C D E T E G N U
Arcadismo: Bocage
Texto 1
Arcadismo
Nelly Novaes Coelho
Atividade I
a) Veja, a seguir, alguns dos lemas divulgados e vivenciados pelo Arcadismo.
São expressões latinas, que falam sobre ou direcionam o comportamento
poético dos árcades. Procure traduzi-las e comente-as:
a. Aurea mediocritas
b. Inutilia truncat
c. Carpe diem
d. Fugere urbem
dica. utilize o bloco e. Locus amoenus
de anotações para
responder as atividades!
Bocage
Conheçamos um pouco sobre a vida de Bo-
cage, uma vez que sua obra está impregnada
de elementos que tiveram origem em sua vida
conturbada. Utilizaremos, para isso, os dados
constantes em http://pt.wikipedia.org/wiki/Ma-
nuel_Maria_Barbosa_du_Bocage:
Nascido em Setúbal, às três horas da tarde
de 15 de setembro de 1765, falecido em Lis-
boa, na manhã de 21 de dezembro de 1805,
era filho do bacharel José Luís Soares de Bar-
bosa, juiz de fora, ouvidor, depois advogado, e
de D. Mariana Joaquina Xavier l’Hedois Lustoff
du Bocage, cujo pai era francês. Teve cinco ir-
mãos.
A sua mãe era segunda sobrinha da célebre
poetisa francesa, madame Anne-Marie Le Page Fonte: http://upload.wikimedia.
du Bocage, tradutora do “Paraíso” de Milton, imitadora da “Morte de org/wikipedia/commons/f/f6/
Manuel_Maria_Barbosa_du_
Abel”, de Gessner, e autora da tragédia “As Amazonas” e do poema Bocage.jpg
épico em dez cantos “A Columbiada”, que lhe mereceu a coroa de lou-
ros de Voltaire e o primeiro prêmio da academia de Rouen.
Apesar das numerosas biografias publicadas após a sua morte, boa
parte da vida de Bocage permanece um mistério. Não se sabe que
estudos fez, embora se deduza da sua obra que estudou os clássicos
e as mitologias grega e latina, que estudou francês e também latim. A
identificação das mulheres que amou é duvidosa e discutível.
A sua infância foi infeliz. O pai foi preso , quando ele tinha seis
anos e permaneceu na cadeia seis anos. A sua mãe faleceu quando
tinha dez anos. Possivelmente ferido por um amor não correspondi-
do, assentou praça como voluntário em 22 de setembro de 1781 e
permaneceu no Exército até 15 de setembro de 1783. Nessa data, foi
admitido na Escola da Marinha Real, onde fez estudos regulares para
Atividade II
a) Reúna as informações sobre a vida de Bocage e compare com o soneto em
que ele próprio se descreveu e procure elaborar um comentário a respeito
desse poeta.
http://www.antigo.turnodanoite.com/poesia/bocage.html
Resumo
Referências
COELHO, Nelly Novaes. Literatura e Linguagem. A obra literária e a
expressão linguística. 5. ed. Petrópolis-RJ: Vozes, 1994
NICOLA, José de. Literatura Portuguesa – das origens aos nossos dias. São
Paulo: Scipione, 1999
Web:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_Maria_Barbosa_du_Bocage
http://www.antigo.turnodanoite.com/poesia/bocage.html
http://www.citador.pt/poemas.php?op=10&refid=200808310012
Romantismo:
Garrett e Herculano
Literatura Portuguesa I SEAD/UEPB 97
Apresentação
A partir da Revolução France-
sa, de 1789, protagonizada prin-
cipalmente pelas classes burgue-
sas, o mundo cultural e artístico
começa a respirar outros ares.
Rejeita-se o materialismo clássico
e assume-se de vez uma atitude
essencialmente subjetiva, indivi-
dualista, em que os sentimentos
passam a ser o referencial mais
importante do ser humano.
A Alemanha já mostrara, em
1774, de que se comporia a lite-
ratura que se iniciava, através da
publicação de Werther, obra de
Goethe que é considerada o iní-
http://www.aletria.com.br/UserFiles/Image/
cio do novo movimento literário. Fontes:
Werther.jpg
Sete anos mais tarde, outro germa-
no, Schiller, lança Os Salteadores, e, em seguida, Guilher-
me Tell, transformando seu personagem em herói na luta
pela independência nacional.
Enquanto isso, a Inglaterra produz dois escritores cujas
obras definirão basicamente os rumos da nova escola lite-
rária: Lord Byron, com sua poesia ultra-sentimentalista, e
Walter Scott, com sua prosa de ficção histórica.
Entretanto, é na França que o novo movimento toma cor-
po e ganha a Europa.
Estamos falando sobre o Romantismo, um período tão
marcante que inicia e dá nome a uma era literária.
Em Portugal, temos o registro da primeira manifestação
98
8 SEAD/UEPB I Literatura Portuguesa
romântica com a publicação, em 1825, do poema Camões,
de Almeida Garrett; quarenta anos depois, essa escola cede
lugar ao Realismo, que surge no rastro da conturbada Ques-
tão Coimbrã.
Além de Garrett, com sua poesia lírica, enfocaremos nes-
ta unidade a literatura ficcional histórica de Alexandre Her-
culano, considerado o pai do romance histórico português.
Vamos lá?
Objetivos
É nosso desejo que, ao final desta unidade, você consiga:
Contexto histórico do
período romântico
Durante os quarenta anos que
durou o Romantismo em Portugal,
como afirma Moisés, “três são as
configurações assumidas pela esté-
tica romântica: a primeira, em que
ainda permanecem atuantes alguns
valores neoclássicos, é representado
por Garrett, Herculano e Castilho,
e transcorre mais ou menos entre
1825 e 1838; a segunda, em que
se aglutina o chamado Ultra-Roman-
tismo, é representada especialmente
por Soares de Passos e Camilo Cas-
telo Branco, e vigora entre 1838 e
1860; a terceira, em que se opera a
transição para o Realismo, é repre-
sentada sobretudo por João de Deus
e Júlio Dinis, e ocupa a década de
60. O Romantismo português acom-
panha as linhas gerais do movimento
europeu, mas adaptando-o à conjun-
tura sócio-econômico-cultural (...)”
de Portugal do século XIX. [MOISÉS,
Revolução Francesa Massaud. A literatura portuguesa através
Fonte: http://1.bp.blogspot.com/_ZIugouQ8Eog/TDu91ziQu6I/AAAAAAAAAtk/
CpRnIvm3rn0/s1600/06_french_revolution_345133928_std.jpg dos textos. 28. ed. São Paulo: Cultrix,
2002, p. 251].
Por outro lado, Falbel anuncia que “um dos mais autorizados es-
tudiosos da história europeia contemporânea, ao traçar o plano de
sua obra sobre a época do Romantismo, escreve ‘serem poucos os
períodos da história, como os anos entre 1815 e 1848, que realçam
com tanta evidência o fato de cada período não ser mais do que uma
etapa no processo histórico’ [TALMON, J. L. Romantismo e Revolta. Eu-
ropa 1815-1848. Lisboa: Verbo, 1967, p. 7]. Na verdade, o exame
do período não permite ao historiador fixar balizas cronológicas nítidas
Almeida garrett
João Batista da Silva Leitão
de Almeida Garrett, o iniciador
do romantismo português, nas-
ceu no Porto (1799) e faleceu
em Lisboa (1854); foi um dos
mais radicais componentes da
primeira geração romântica.
Suas produções literárias re-
velaram, na forma e no con-
teúdo, as contradições ideoló-
gicas em que ele se debateu:
era de personalidade conser-
vadora e, ao mesmo tempo,
um defensor das ideias liberais
– pelas quais foi exilado duas
vezes de Portugal.
Garrett formou-se dentro
do Arcadismo, identificando-
-se com as ideias iluministas
e com a poética defendida
por seu mestre neoclássico,
Filinto Elíseo. Suas primeiras
obras – Lírica de João Mínimo
e Retrato de Vênus – atestam
essa filiação ao Arcadismo.
Fonte: http://www.jornaltv.info/photos/almeida_garrett.jpg
Cursou Direito na Universida-
de de Coimbra, formando-se em
1821, nesse tempo já aderira ao liberalismo, tendo defendido ardente-
mente os liberais da Revolução do Porto de 1820.
A publicação do poema Retrato de Vênus no mesmo ano de sua for-
matura trouxe-lhe notoriedade, embora proveniente de um escândalo.
Setores reacionários, ligados à igreja, acusaram Garrett de materialista
e de obsceno e levaram-no a um julgamento, no qual foi absolvido.
Pouco antes desse acontecimento, encenou a tragédia Catão, com al-
gumas menções ao movimento revolucionário liberal português. Foram
Atividade I
A partir da comparação dos textos acima, estabeleça uma ligação entre
dica. utilize o bloco
a situação histórica europeia e a vida de Almeida Garrett. Em que pontos de anotações para
poderiam se encontrar? responder as atividades!
http://www.poemas-de-amor.net/este_inferno_de_amar_almeida_garrett
Não te amo
http://pensartransgredir.blogspot.com/2008/04/poesia-no-te-amo-almeida-garret.html
Atividade II
Alexandre Herculano
Alexandre Herculano de Carvalho e Araújo
nasceu no Pátio do Gil, na Rua de São Bento, em
28 de março de 1810, numa modesta família de
origem popular; a mãe, Maria do Carmo de São
Boaventura, filha e neta de pedreiros da Casa Real;
o pai, Teodoro Cândido de Araújo, era funcionário
da Junta dos Juros (Junta do Crédito Público). Na
sua infância e adolescência, não pode ter deixado
de ser profundamente marcado pelos dramáticos
acontecimentos da sua época: as invasões france-
sas, o domínio inglês e o influxo das ideias libe-
rais, vindas sobretudo da França, que conduziriam
à Revolução de 1820. Até aos 15 anos frequentou
o Colégio dos Padres Oratorianos de S. Filipe de
Néry, então instalados no Convento das Necessi-
dades em Lisboa, onde recebeu uma formação de
índole essencialmente clássica, mas aberta às no-
vas ideias científicas. Impedido de prosseguir estu-
dos universitários (o pai cegou em 1827, ficando
impossibilitado de prover ao sustento da família)
adquiriu uma sólida formação literária, que passou
Fontes: http://www.superdownloads.com.br/imagens/telas/aboboda- pelo estudo de inglês, francês, italiano e alemão,
alexandre-herculano-136245,1.jpg línguas que foram decisivas para a sua obra literária.
(Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Alexandre_Herculano)
Assim como Garrett, seu companheiro de geração, também foi exi-
lado, por acreditar no liberalismo. Em 1831, esteve na França, onde
passou o tempo a ler. Em 1832, incorporado ao exército liberal, ajudou
o cerco do Porto.
Em 1833, quando os ânimos políticos pareciam estar apaziguados,
Herculano começou a exercer o cargo de segundo bibliotecário na Bi-
blioteca Nacional do Porto, cargo que ocupou até 1836, quando se
demitiu a iniciou a publicação de A voz do profeta. Em seguida, dirigiu a
revista O Panorama, até 1844, onde publicou algumas de suas obras de
ficção, frutos de intensa pesquisa histórica: Lendas e narrativas; O bobo;
O monge de Cister; Eurico, o Presbítero.
Capítulo I – Os Visigodos
Sugestão de filmes
Frei Luis de Sousa (1950)
Adaptação cinematográ-
fica da mais famosa peça de
teatro do romantismo portu-
guês: Frei Luís de Sousa, de
Almeida Garrett. Após sete
anos de buscas pelo mari-
do, D. João de Portugal, que
partiu com D. Sebastião para
a Batalha de Alcácer-Quibir,
D. Madalena de Vilhena casa-se com o cavaleiro D. Manuel de Sousa
Coutinho, e tem uma filha, D. Maria de Noronha, que sofre de tubercu-
lose. Só o aio Telmo Pais conserva a esperança de D. João de Portugal
estar vivo, presságio que se confirmará vinte anos mais tarde, na figura
de um romeiro. Elenco: Maria Sampaio, Barreto Poeira, Raul de Carva-
lho, Tomás de Macedo, João Villaret, José Amaro, Maria Dulce. Direção:
Antonio Lopes Ribeiro. Duração: 117 min.
Resumo
Os primeiros anos do Romantismo português coincidiram com as
lutas civis entre liberais e conservadores, acirradas com a renúncia de
D. Pedro ao trono brasileiro e seu engajamento na luta pelo trono de
Portugal, ao lado dos liberais. Portugal vive então uma guerra civil que
se estende por dois anos (1832-34). Somente em 1836, com os liberais
já no poder, é que o país retorna a uma certa tranquilidade, sintonizado
com as maiores potências europeias. Participaram ativamente dessas
lutas, como soldados, os dois maiores nomes do movimento romântico
português: Almeida Garrett e Alexandre Herculano. Garrett é conside-
rado o iniciador do Romantismo em Portugal, com a publicação, em
1825, de obra Camões, enquanto Herculano é tido como um excelente
romancista histórico – sua obra mais conhecida é Eurico, o Presbítero.
Observe se:
Web:
http://www.poemas-de-amor.net/este_inferno_de_amar_almeida_
garrett
http://pt.wikipedia.org/wiki/Alexandre_Herculano
http://www.virtualbooks.com.br/v2/ebooks/?idioma=Portugu%EAs&
id=00696
http://pensartransgredir.blogspot.com/2008/04/poesia-no-te-amo-
almeida-garret.html
Realismo e Simbolismo:
a Questão Coimbrã e a
decadência
Literatura Portuguesa I SEAD/UEPB 113
Apresentação
A Questão Coimbrã foi um aconteci-
mento literário português que teve desdobra
mentos definitivos para a literatura lusa.
O mundo parecia estar cansado do sen-
timentalismo romântico, e a dura realidade
batia à porta. Influenciado fortemente por te-
orias cientificistas que começavam a se fazer
presentes no mundo, o homem passa a se
interessar mais por essa realidade, e a lite-
ratura acompanha essa tendência, tornando
seus temas mais materialistas, mais voltados
para o cotidiano, deixando o Romantismo
Fonte: http://4.bp.blogspot.com/_
oC0aHCGS9Ko/S_U8soRi3OI/ para trás.
AAAAAAAAJI4/q1uE5-5Zdok/s1600/
Clepsidra+1.jpg Na França, surge aquele que é conside-
rado o primeiro romance realista, Madame
Bovary, de Gustave Flaubert, refletindo essas ideias cientifi-
cistas da época.
Em Portugal, aparecem, neste momento, em Portugal,
nomes como Eça de Queirós e Antero de Quental, respecti-
vamente na prosa e na poesia. Portugal vive um forte senti-
mento anticlerical e antimonárquico. Juntam-se a esses dois
sentimentos, a preocupação em fazer uma literatura do seu
tempo, tendo como características: “o objetivismo, que é a
negação do subjetivismo romântico; a valorização do não-
-eu, do que está fora do indivíduo; o universalismo, que subs-
titui o personalismo romântico; e o materialismo, que leva
à negação do sentimentalismo e da metafísica.” (NICOLA,
José de. Literatura Portuguesa: da origem aos nossos dias.
São Paulo: Scipione, 1999, p. 154)
Mas, com o passar do tempo, e a aproximação do final
do século XIX, as lutas sociais pelas quais se bateram os re-
alistas mostraram-se ineficientes e incapazes de transformar
114
1 14 SEAD/UEPB I Literatura Portuguesa
o mundo como desejavam... Daí a crise existencial, a de-
pressão e a volta ao sentimento de misticismo como busca
de respostas para suas angústias. É o Simbolismo que surge,
com a publicação de Oaristos, de Eugênio de Castro, e se
estende até 1915, quando aparece o fenômeno Fernando
Pessoa, inaugurando o Modernismo português.
Nesta unidade, trataremos destas duas escolas: o Realis-
mo e o Simbolismo, com os três nomes aqui citados: Eça,
Quental e Eugênio de Castro.
Vamos lá?
Objetivos
É nosso desejo que, ao final desta unidade, você consiga:
A questão coimbrã
Também conhecida como a
Questão do Bom Senso e Bom
Gosto, foi uma das mais im-
portantes polêmicas literárias
portuguesas e a maior em todo
o século XIX que, como explica
Margarida Vieira Mendes, “alas-
trou de forma explosiva, de no-
vembro de 1865 a julho do ano
seguinte, em cartas, crônicas e
artigos de imprensa, opúsculos,
folhetins, poesias e textos satíri-
cos, alusões em conferências (...)
ou mesmo discursos parlamenta-
res” (in Dicionário do Romantis-
Universidade de Coimbra mo Literário Português, Editorial
Fontes: http://www.baixaki.com.br/imagens/wpapers/BXK8813_universidade_de_ Caminho, 1997).
coimbra800.jpg
Foi desencadeada em Coim-
bra por um grupo de jovens inte-
lectuais que vinham reagindo contra a degenerescência romântica e o
atraso cultural do país.
A polêmica começou em Outubro de 1865, quando António Feli-
ciano de Castilho aludiu, na carta-posfácio ao Poema da Mocidade, de
Pinheiro Chagas, à moderna escola de Coimbra e à sua poesia ininteli-
gível, ridicularizando o aparato filosófico e os novos modelos literários
de que ela se nutria (“temporal desfeito de obras, de encômios, de
sátiras, de plásticas, de estéticas, de filosofias e de transcendências”),
numa referência provável às teorias filosóficas e poéticas expostas nos
prefácios a Visão dos Tempos e Tempestades Sonoras (ambas de 1864),
de Teófilo Braga, e na nota posfacial das Odes Modernas, de Antero
de Quental (de Julho de 1865). Para além disso, António Feliciano de
Castilho fez elogios rasgados a Pinheiro Chagas, chegando ao ponto
de propor o jovem poeta para reger a cadeira de Literatura no Curso
Superior de Letras.
Sentindo-se visado, Antero de Quental respondeu com o panfleto
Bom Senso e Bom Gosto, carta ao Ex.mo. Sr. António Feliciano de Cas-
tilho, em que definiu “a bela, a imensa missão do escritor” como “um
Fonte: http://purl.pt/93/1/contextos/ sacerdócio, um ofício público e religioso de guarda incorruptível das
res4193g/res4193g-rosto_03.jpg ideias, dos sentimentos, dos costumes, das obras e das palavras”, que
116 SEAD/UEPB I Literatura Portuguesa
exige, por um lado, uma alta posição ética, por outro lado, uma total
independência de pensamento e de caráter. Como consequência, e
numa clara alusão a Castilho, Antero repudiava a poesia que cultiva a
“palavra” em vez da “ideia”; a poesia decorativa dos “enfeitadores das
ninharias luzidias”; a poesia conservadora dos que “preferem imitar a
inventar; e a imitar preferem ainda traduzir”; em suma, a poesia que
“soa bem, mas não ensina nem eleva”.
Estavam marcadas as posições: de um lado os intelectuais conser-
vadores; do outro a nova geração, aberta às recentes correntes euro-
peias. Seguiram-se “Bom Senso e Bom Gosto, folhetim a propósito da
carta...”, de Pinheiro Chagas, que acorreu em defesa de Castilho, e, do
lado dos coimbrões, os folhetos Teocracias Literárias, de Teófilo Braga,
e A Dignidade das Letras e as Literaturas Oficiais, de Antero. Neste tex-
to, Antero repudiava uma vez mais “as literaturas oficiais, governamen-
tais, subsidiadas, pensionadas, rendosas, para quem o pensamento é
um ínfimo meio e não um fim grande e exclusivo” e preconizava uma
literatura que “se dirige ao coração, à inteligência, à imaginação e até
aos sentidos, toma o homem por todos os lados; toca por isso em todos
os interesses, todas as ideias, todos os sentimentos; influi no indivíduo
como na sociedade, na família como na praça pública; dispõe os espí-
ritos; determina certas correntes de opinião; combate ou abre caminho
a certas tendências; e não é muito dizer que é ela quem prepara o
berço onde se há de receber esse misterioso filho do tempo - o futuro”.
Embora de origem literária, a questão alargou-se a outras áreas
como a cultura, a política e a filosofia. Esta refrega durou mais de um
ano e envolveu nomes que já eram ilustres, como Ramalho Ortigão e
Camilo C. Branco.
Os artigos, folhetins e opúsculos em apoio de uma e de outra parte
multiplicaram-se, até que, a partir de Março de 1866, a polêmica co-
meçou a declinar em quantidade e qualidade.
No entanto, a rotura provocada pela Questão Coimbrã iria abalar
irreversivelmente as estruturas socioculturais do país, lançando as se-
mentes para o debate de ideias e o projecto de reforma das mentalida-
des que norteariam a intervenção da que viria a ser a Geração de 70.
Aquela que constituiu a polêmica mais importante da nossa história li-
terária, pois nela participou, em uma ou outra frente, praticamente toda
a intelligentsia da época, fez emergir uma geração nova, protagonista
de uma revolução cultural e literária cuja amplitude ultrapassaria até a
do próprio Romantismo.
Questão Coimbrã. In Infopédia. Porto: Porto Editora, 2003-2011.
[Consult. 2011-01-31]. Disponível na www: <URL: http://www.
infopedia.pt/$questao-coimbra>
Faça uma análise do texto de Antero de Quental; em seguida, emita sua opinião
sobre o que ele defende.
O final que o autor deu ao romance foi alterado duas vezes, ao longo das três
versões da obra (uma de 1871, outra de 1876, e a definitiva de 1878-80 – que é
a que vemos aqui). Vale a pena lermos, sobre isso, uma crítica de José-Augusto
França:
Texto 2
Vamos, agora, procurar entender o surgimento do Simbolismo por-
tuguês, num cenário que tinha sido tão propício à morte do Roman-
tismo, através da ênfase à realidade dada pelo movimento realista.
Leiamos este texto de José de Nicola.
Simbolismo
O Simbolismo representa, na Europa, a estética literária do final do
século XIX, que se opõe às propostas do Realismo.
De fato, nas duas últimas décadas do século XIX, já se percebe, em
boa parte dos autores realistas, uma postura de desilusão, e mesmo de
frustração, em consequência das infrutíferas tentativas de transformar
a sociedade burguesa industrial. O crítico Alfredo Bosi sintetiza esse
clima:
Do âmago da inteligência europeia surge uma
oposição vigorosa ao triunfo da coisa e do fato so-
bre o sujeito – aquele sujeito a quem o otimismo do
século prometera o paraíso mas não dera senão
um purgatório de contrastes e frustrações.
Atividade III
a) Há quem afirme que todo final de século traz consigo uma natural volta do
ser humano para o metafísico, para o espiritual. Você concorda com essa
afirmação ou acha que esse traço simbolista tem a ver tão somente com
as razões de aversão ao materialismo realista? Justifique.
http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/livros/resumos_comentarios/o/oaristos
Sugestões de filmes
Um dia, um gato (1963)
Os moradores de um vila-
rejo assistem ao espetáculo de
um mágico e seu gato, que usa
óculos e, quando os tira, tem o
poder de mudar a cor das pes-
soas à sua volta de acordo com
o caráter delas. O fato assusta
os adultos do lugar, que vêem
o animal como uma ameaça,
mas, ao mesmo tempo, atrai todas as crianças da vila. Elenco: Václav
Babka, Jirina Bohdalová, Pavel Brodsky, Vlastimil Brodský, Vlasta Chra-
mostová, Dana Dubanska, Karel Effa, Ladislav Fialka, Tonda Krcmar,
Alena Kreuzmannová. Direção: Vojtech Jasny. Duração: 91 min.
Resumo
O Realismo e o Simbolismo representam a ascensão e queda dos
sonhos de racionalidade e materialismo. Os jovens que desbancaram
o subjetivismo romântico, elegendo a literária como uma forte arma
contra a ganância e o sentimentalismo burgueses, foram os mesmos
jovens que, anos mais tarde, se desencantaram com seus próprios so-
nhos, mergulharam em crises existenciais profundas, gerando uma arte
também metafísica. Retoma o subjetivismo, mas não mais o romântico;
agora há um mergulho bem mais profundo, até a alma. Essas duas
tendências literárias ocuparam toda a segunda metade do século XIX.
Autovaliação
Observe se:
NICOLA, José de. Literatura Portuguesa: da origem aos nossos dias. São
Paulo: Scipione, 1999
QUEIRÓS, Eça de. O crime do padre Amaro. São Paulo: Moderna, 1998
Web:
http://pt.poesia.wikia.com/wiki/A_um_poeta_%28Antero_de_
Quental%29
http://www.infopedia.pt/$questao-coimbra
http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/livros/resumos_
dica. utilize o bloco comentarios/o/oaristos
de anotações para
responder as atividades! http://www.progressao.com/arquivos/gilmar44.pdf
Modernismo: a “literatura”
Fernando Pessoa
Literatura Portuguesa I SEAD/UEPB 129
Fonte: http://4.bp.blogspot.com/_8yYvO4ngc0w/S_lz1Qq3RTI/AAAAAAAAFVk/V1GyPjX3fx8/s1600/Pessoa.jpg
Apresentação
Todo o século XX e a própria literatura portuguesa se
curvam diante de seu poeta maior, aquele que não foi um
só, antes foi toda uma “literatura”: Fernando Antonio No-
gueira Pessoa. Ele próprio se confunde com o Modernismo
português, que teve início em 1915, com a publicação da
revista Orpheu, por Pessoa, Mário de Sá-Carneiro, Almada
Negreiros e o brasileiro Ronald de Carvalho.
A Europa estava mergulhada em plena Guerra Mundial,
iniciada um ano antes; os artistas publicavam manifestos
vanguardistas, acenando para novas perspectivas de arte,
diferente de tudo que já se experimentara antes; a república
portuguesa fora proclamada em 1910, e estava, portanto,
experimentando seus primeiros passos, com toda a insegu-
rança e turbulências próprias de um período assim, sobres-
saindo-se um nacionalismo profundo. É num quadro como
este que surge um fenômeno literário chamado Fernando
Pessoa, com seus famosos heterônimos, dos quais os mais
conhecidos são Alberto Caeiro, Álvaro de Campos, Ricardo
Reis e Bernardo Soares.
Então, nesta unidade, deter-nos-emos sobre esse poeta –
diria melhor, “esses poetas”, já que cada um parece ter vida
própria, tanto literária quanto ideologicamente falando.
Vamos lá?
130
3
30 SEAD/UEPB I Literatura Portuguesa
Objetivos
Fernando pessoa
Fernando Antonio Nogueira Pessoa nasceu em
13 de junho de 1888, em Lisboa. Era filho de Joa-
quim Seabra Pessoa — falecido, aos 43 anos, quan-
do o poeta tinha cinco anos — e Maria Madalena
Nogueira Pessoa, que se casou dois anos depois com
o Comandante João Miguel Rosa, indo todos morar
em Durban, na África do Sul, onde Fernando teve sua
formação básica. De temperamento introspectivo,
sempre solitário, demonstrara desde cedo uma ten-
dência à dramaticidade, tendo ficado famoso o seu
processo de criação heteronímica, através do qual dá
vida a inúmeros seres que existiram de fato apenas
em sua imaginação, e dos quais se destacam Alberto
Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos.
O poeta não era muito dado a relacionamentos.
Em toda a sua vida, tem-se notícia de apenas um
caso amoroso, com a jovem Ofélia Queiroz, a quem
conhecera em 1920, e cujo romance foi ameaçado
pelo ciúme homossexual de Álvaro de Campos, que
via naquela relação um possível afastamento de Pes-
soa da poesia. O ortônimo termina por desistir. Mor-
reu solteiro.
Com evidentes inclinações místicas, era admi-
rador de seitas esotéricas; horoscopista – chegou a
elaborar a carta astrológica dos seus heterônimos
mais famosos – fazia-se escravo do zodíaco: conta-
-se que, certa vez, cancelou um encontro com a poe-
tisa brasileira Cecília Meireles simplesmente porque o
seu horóscopo não lhe aconselhava sair naquele dia.
Escreveu bastante, sobre os mais diversos assuntos:
estética, filosofia, comércio, política e, naturalmente,
Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/ literatura. Participou ativamente do movimento mo-
commons/4/42/216_2310-Fernando-Pessoa.jpg dernista português, colaborando na publicação de
várias revistas – das quais a mais importante é “Or-
http://4.bp.blogspot.com/_KeQHSTA2PXk/
TLTV7Yx8trI/AAAAAAAACYo/2UP6nUUZ99E/s400/ pheu”, apesar de apenas dois números terem sido
Fernando+P..jpg publicados – além de vários artigos em jornais e pe-
riódicos literários. Produziu em inglês, língua em que
foi educado, e em português, sendo considerado, ao
lado de Camões, um dos maiores poetas da literatura lusa. A maior
parte de sua obra foi publicada postumamente e ainda existem textos
inéditos, principalmente em termos de estudo. Faleceu no dia 30 de
novembro de 1935, de cirrose hepática.
132 SEAD/UEPB I Literatura Portuguesa
Assim alinhavadas as breves informações biográficas de Fernando
Pessoa, não se consegue, naturalmente, ter uma idéia da importância
artística desse fenômeno literário, que, ainda hoje, intriga estudiosos
de todo o mundo, não obstante o muito que já se tem pesquisado
sobre ele. Sua obra já foi de inúmeras formas dissecada, sob vários
pontos de vista analisada, e ainda assim guarda um considerável filão
a ser explorado.
(...)
Pessoa nos mostra a chave para que o crítico literário possa pene-
trar em sua personalidade artística. Trata-se da compreensão de que
ele é, antes de tudo, um poeta dramático. Todo o estudo pessoano
deve advir dessa premissa. Também grande parte dos escritos de Fer-
nando Pessoa gira em torno do binômio “sentir” x “pensar”, estando Fontes: http://3.bp.blogspot.com/_
WGeVQDbGvNg/THQmkAR8lcI/
presente de maneira muito marcante não apenas na obra heteroními- AAAAAAAABjQ/ua2AWiJv3Ec/s1600/
ca, mas na sua própria visão de mundo. Desde a afirmação enfática desenho-de-fernando-pessoa-por-
de que “Sentir é criar”, passando por “O que sente em mim está pen- almada.jpg
Texto 2
A heteronímia e a
“ânsia de ser plural”
Já observamos que a “tendência orgânica e constante [de Fernando
Pessoa] para a despersonalização e para a simulação”, como o poeta de-
fende, poderia ser a origem “psíquica” dos heterônimos. Entretanto, ao
lado deste, apresenta-se um outro motivo para o surgimento e atuação
dessas diversas personalidades. É por uma razão crítico-literária que se
dá o surgimento dos heterônimos. Na realidade, estava brotando uma
poesia nova em Portugal. Tão nova e tão original que o próprio Pessoa
questionava se os críticos convencionais teriam competência e conheci-
mento bastantes para aquilatar-lhe o valor, sem cair no erro de comparar
o que surgia de novo com o estabelecido canonicamente. Daí os pri-
meiros críticos dos heterônimos terem sido eles mesmos, todos de uma
“integridade artística indiscutível” [NUNES, Benedito. O dorso do tigre. 2.
ed. São Paulo: Perspectiva, 1976, p. 229]: Álvaro de Campos escreveu
as notas introdutórias à poesia de Ricardo Reis, bem como notas sobre
seu relacionamento com Alberto Caeiro; e Ricardo Reis prefaciou a obra
de Álvaro de Campos e a de Caeiro. No rascunho da carta a Casais
Monteiro, o criador dos heterônimos deixa bem claro que ele (Pessoa) é
134 SEAD/UEPB I Literatura Portuguesa
o “ponto de reunião de uma pequena humanidade só minha”.
Na verdade, a heteronímia não é uma novidade com Fernando
Pessoa; já se utilizaram desse recurso Kierkegaard - que criou Cons-
tantin Contantio, Johannes de Silentio, Victor Eremita Victor - e Antonio
Machado, idealizador de Abel Martins e Juan de Mairena. O que temos
aqui é um mundo multifacetado, abrindo-se em infinitas possibilidades
perceptivas, forçando no poeta a necessidade de abarcar o mais possí-
vel do que se expunha ao seu olhar. Essa infinitude exigia mais que um
observar único, limitado a apenas um ponto de vista. Era preciso tam-
bém se multiplicar em personalidades várias, em perspectivas diversas,
no vão afã de pelo menos competir, com alguma chance, com as varia-
das formas que a realidade se lhe apresentava. Assim, o fenômeno da
heteronímia aparece como uma possibilidade viável de se experimentar
essa viagem cognitiva múltipla.
No entanto, nenhum desses heterônimos alcançou a independên-
cia intelectual e criativa que os de Pessoa, o que leva Octavio Paz a
identificar aqueles como apenas pseudônimos [apud GAMA, Rinaldo.
O Guardador de Signos. Caeiro em pessoa. São Paulo: Perspectiva, 1995,
p. 24-5]. O próprio Pessoa resiste em considerar Bernardo Soares, au-
tor do “Livro do Desassossego”, como um heterônimo, já que o estilo
deste guardava tal identidade com o seu que não deveria passar de
um semi-heterônimo. E justificava essa ausência de independência de
Soares em relação ao criador: “Em prosa é mais difícil de se outrar”.
Naturalmente, a modéstia ditou esta afirmação, uma vez que os textos
em prosa dos heterônimos são de uma autonomia teórica e estilística
ímpares.
Estava sendo sincero Fernando Pessoa quando se “outrava” em per-
sonalidades tão díspares entre si e em relação a ele próprio? O poeta
afirma que “se há parte de minha obra que tenha um ‘cunho de since-
ridade’, essa parte é a obra do Caeiro”, embora deixe claro que todos
os heterônimos se distinguem dele e que ninguém deve buscá-lo nas
idéias deles, mas lê-los como eles são. A respeito da não-sinceridade,
a concepção de Fernando Pessoa é muito clara:
O tempo passa,
Não nos diz nada.
Envelhecemos.
Saibamos, quase
Maliciosos,
Sentir-nos ir.
Atividade II
a) Depois de ler essa fantástica abordagem da forma de Fernando Pessoa
fazer literatura, da criação dos heterônimos, o que você acha disso tudo?
É um devaneio, uma loucura ou algo completamente novo e inusitado na
literatura universal? Argumente.
II
Dia após dia a mesma vida é a mesma.
O que decorre, Lídia,
No que nós somos como em que não somos
Igualmente decorre.
Sorte Hoje,
Destino sempre, e nesta ou nessa
Forma alheio e invencível. (Ricardo Reis)
PESSOA, Fernando. Obra poética. Sel., org. e notas de Maria Aliete
Galhoz. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2001, p. 275
Atividade III
dica. utilize o bloco Veja como são diferentes os estilos dos poemas acima. Parecem escritos
de anotações para
realmente por pessoas diferentes. Procure estabelecer as principais diferenças
responder as atividades!
que você encontra entre eles, e produza um texto, que poderá ser partilhado
com os colegas.
Resumo
Fernando Pessoa e o Modernismo português se confundem, não só
porque o poeta foi seu iniciador, através da revista Orpheu, mas pelas
próprias características essencialmente modernistas do autor, que fize-
ram dele uma referência única na literatura lusa. Tanto que chegou a
fazer sombra aos demais autores do período. O fenômeno literário da
heteronímia, desenvolvido por Pessoa, é responsável por um dos mais
intrincados – e apaixonantes – mistérios da poesia portuguesa. Alberto
Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis, além de Bernardo Soares e
do ortônimo Fernando Pessoa (ele mesmo), compõem toda uma litera-
tura, com todas as nuanças de estilo diferenciadas entre si e do criador,
numa projeção do complexo multifacetamento do mundo moderno,
em que estão inseridos os poetas.
Observe se:
Referências
PESSOA, Fernando. Obra em prosa. Sel., org. e notas de Maria Aliete
Galhoz. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1998.
Contemporaneidade: José
Saramago e outros autores
Literatura Portuguesa I SEAD/UEPB 145
1 3
Agustina Bessa-Luís
Apresentação
fonte das imagens
Vamos lá?
Objetivos
Objetivamos, com esta unidade:
José saramago
José de Sousa Sarama-
go foi escritor, argumentista,
jornalista, dramaturgo, con-
tista, romancista e poeta. Foi
galardoado com o Nobel de
Literatura de 1998. Também
ganhou o Prêmio Camões, o
mais importante prêmio lite-
rário da língua portuguesa.
Saramago foi considerado o
responsável pelo efetivo re-
conhecimento internacional
da prosa em língua portu-
guesa.
O seu livro Ensaio So- Fonte: http://embaixada-portugal-brasil.blogspot.
bre a Cegueira foi adapta- com/2010/09/jose-saramago-integra-lista-de.html
do para o cinema e lançado
em 2008, produzido no Japão, Brasil, Uruguai e Canadá, dirigido por
Fernando Meirelles. Em 2010, o realizador português António Ferreira
adapta um conto retirado do livro Objecto Quase, conto esse que viria
dar nome ao filme Embargo, uma produção portuguesa em co-produ-
ção com o Brasil e Espanha.
Saramago nasceu no distrito de Santarém, na província geográfica
do Ribatejo, no dia 16 de Novembro de 1922, de uma família de pais e
avós agricultores. A sua vida é passada em grande parte em Lisboa, para
onde a família se muda em 1924. Dificuldades econômicas impedem-no
de entrar na universidade. Demonstra desde cedo interesse pelos estudos
e pela cultura, curiosidade perante o Mundo que o acompanhou até à
morte. Formou-se numa escola técnica. O seu primeiro emprego foi de
serralheiro mecânico. Fascinado pelos livros, visitava, à noite, com gran-
de frequência, a Biblioteca Municipal Central — Palácio Galveias.
Aos 25 anos, publica o primeiro romance, Terra do Pecado (1947),
no mesmo ano de nascimento da sua filha, Violante, fruto do primeiro
casamento com Ilda Reis – com quem se casou em 1944 e com quem
permaneceu até 1970. Nessa época, Saramago era funcionário públi-
co. Em 1988, casar-se-ia com a jornalista e tradutora espanhola María
del Pilar del Río Sánchez, que conheceu em 1986 e ao lado da qual
viveu até a morte. Em 1955 e para aumentar os rendimentos, começou
Texto 2
Vamos ler um trecho do Ensaio sobre a cegueira, sucesso literário
que se transfor-mou também em grande sucesso de cinema.
Atividade I
a) Você percebeu, no trecho acima transcrito, alguns aspectos do estilo de
Saramago, apontados no texto anterior? Identifique-os e comente-os.
A literatura portuguesa
contemporânea
Atividade II
Embargo (2010)
Autovaliação
Observe se:
Web:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Saramago
http://recantodasletras.uol.com.br/teorialiteraria/1062563
http://veja.abril.com.br/livros_mais_vendidos/trechos/ensaio-sobre-a-
cegueira.html