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19/07/2019 Guerra do Afeganistão (1979-1989) – Wikipédia, a enciclopédia livre

Guerra do Afeganistão (1979-1989)


Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Guerra do Afeganistão de 1979–1989 (também
chamada de Guerra Afegã-Soviética; em russo: Guerra do Afeganistão (1979–1989)
Афганская война, transl. Afganskaya voiná, Guerra
Parte da Guerra Fria e Guerra Civil do Afeganistão
Afegã) foi um período do conflito civil na nação afegã
marcado pelo envolvimento militar direto da União
Soviética, que durou de 1979 a 1989. Travada no contexto
da Guerra Fria, as forças soviéticas lutaram ao lado das
tropas do governo marxista da República Democrática do
Afeganistão contra grupos de guerrilheiros mujahidins de
diversas nacionalidades. A maioria das facções de
insurgentes da vertente sunita recebia apoio militar, na
forma de armas e dinheiro, de nações vizinhas como o
Paquistão, Arábia Saudita e a China,[6] contudo o mais
Milicianos islamitas afegãos na província de Kunar, em
crucial suporte logístico veio de nações ocidentais como
1987.
os Estados Unidos, o Reino Unido e outros.[7][8][9] Os
grupos xiitas receberam suporte de países como a Data 27 de dezembro de 1979 — 15 de fevereiro
República Islâmica do Irã.[10] de 1989
Local Afeganistão
Esta fase do conflito, que durou uma década, resultou em
Desfecho Acordos de Genebra de 1988
milhares de mortes (entre civis e combatentes) e outra
grande parcela da população afegã fugiu do país, se Retirada das forças soviéticas do
refugiando em países como o Paquistão e o Irã. Afeganistão;
Continuação da guerra civil afegã;[1]
As primeiras forças soviéticas entraram no Afeganistão
Combatentes
em 24 de dezembro de 1979, sob a liderança do premier
União Soviética Mujahidins
Leonid Brezhnev.[11] Já a retirada deu-se quase uma República
década mais tarde, a 15 de maio de 1988, se completando Democrática do Unidade Islâmica do
Afeganistão Mujahidin Afegão
a 15 de fevereiro de 1989, já com Mikhail Gorbachev no
Jamiat-e
cargo de líder da União Soviética. Devido a própria
Islami[2]
natureza desta guerra, o conflito travado no Afeganistão é
Shura-e Nazar
chamado de a "Guerra do Vietnã da União Soviética" ou
"armadilha de urso".[12][13][14] Alguns estudiosos Facção
acreditam que o custo econômico e militar deste conflito Gulbuddin[2]
contribuiu consideravelmente para o colapso da União Maktab al-
Soviética em 1991.[15] Khadamat
Facção Khalis[2]
Ittehad i-Islami[2]
MRI[2]
Índice FLN[2]
Antecedentes FINA[2]
A Revolução de Saur
As facções dentro do PDPA
Relações afegã-soviéticas

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Início da insurgência Harakat i-Islami


A guerra Al-Nasr
Preparações
Hezbollah Afegão
1979: Intervenção soviética
Reação internacional a invasão
Apoiados por:
Dezembro de 1979 – Fevereiro de 1980: Início
da ocupação Paquistão[2][3][4]
Março de 1980 – Abril de 1985: Ofensivas dos Estados Unidos
Soviéticos
Arábia Saudita
Década de 80: A insurgência se intensifica
Reino Unido
1986: O "Efeito Stinger"
China
Abril de 1985 – Janeiro 1987: Estratégia de
retirada Irã
Janeiro de 1987 – Fevereiro de 1989: A Alemanha Ocidental
evacuação
Consequências da guerra Líderes e comandantes
Reações internacionais Leonid Brejnev Ahmad Shah
Envolvimento estrangeiro e apoio aos Iúri Andropov Massoud
mujahidins Konstantin Abdul Haq
Surgimento da Al-Qaeda Chernenko Abdullah Azzam
Mikhail Gorbachev Ismail Khan
Envolvimento da China Dmitriy Ustinov Gulbuddin
As forças soviéticas e suas baixas Sergei Sokolov Hekmatyar
Destruição no Afeganistão
Valentin Varennikov Jalaluddin Haqqani
Igor Rodionov Mullah Naqib
Refugiados Boris Gromov Abdul Rahim
Guerra civil posterior Babrak Karmal Wardak
Impacto ideológico Mohammad Fazal Haq Mujahid
Najibullah Burhanuddin
Percepção na antiga URSS Abdul Rashid Rabbani
Memoriais Dostum Asif Mohseni
Mulavi Dawood
Ver também
Forças
Referências Soviéticos: Mujahidin:
40 000 (1979) 90 000 a 220 000
115 000 (1985)
Antecedentes
Afegãos:
A República Democrática do Afeganistão foi fundado após
a Revolução de Saur em 27 de fevereiro de 1978. O 55 000 (1985)
governo tinha uma agenda socialista e populista. O novo
Vítimas
Soviéticas: Estima-se mais de 1
regime afegão recebia vasto apoio político e econômico da milhão de afegãos
14 553 mortos, 53 753
União Soviética. Em 5 de dezembro de 1978, as duas mortos (tropas mujahidin
feridos e civis)
nações assinaram um acordo de parceria. Em 3 de julho
de 1979, o então presidente dos Estados Unidos, Jimmy
Forças do governo
Carter, assinou uma ordem executiva para secretamente
afegão:
apoiar financeiramente os grupos de oposição ao regime
18 000 mortos[5]
pró-soviético em Cabul.[16]

O apoio militar da Rússia ao Afeganistão começou no


século XIX, durante o período chamado de "Grande Jogo". O interesse russo na região continuou durante a era
soviética, com bilhões de dólares em ajuda econômica e militar aos comunistas afegãos entre 1955 e 1978.[17]

Em fevereiro de 1979, a Revolução Iraniana (acontecendo num país na fronteira afegã) derrubou o regime do
imperador Mohammad Reza Pahlavi, que era simpático aos Estados Unidos. O embaixador americano no Afeganistão,
Adolph Dubs, foi sequestrado por militantes do movimento Setami Milli e depois acabou sendo morto durante uma
fracassada tentativa de resgate feito pela polícia afegã. A morte do embaixador obscureceu ainda mais as relações dos

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Estados Unidos com o Afeganistão.[18] Os americanos então enviaram uma frota de vinte navios de guerra ao Golfo
Pérsico e ao mar arábico, ao mesmo tempo que as tensões também aumentavam entre o governo dos Estados Unidos e
do Irã.[19]

Em março de 1979, foi assinado, com apoio americano, um acordo de paz entre Israel e Egito. A liderança soviética viu
este tratado como uma vitória geopolítica americana. Para Moscou, o acordo não tinha o propósito de apenas selar a
paz entre israelenses e egípcios, mas também de firmar um pacto militar entre essas nações e o governo americano.
Também, os Estados Unidos avançaram em outras frentes para expandir sua influência na região, como a venda de 5
000 mísseis para a Arábia Saudita e o oferecimento de ajuda aos combatentes antinasserismo na guerra Civil do
Iêmen do Norte. Além disso, a outrora forte parceria entre a União Soviética e o governo do Iraque começou a se
desfalecer. Em junho de 1978, os iraquianos começaram a se aproximar mais do Ocidente, comprando armas da
Europa (especialmente da França e da Itália), em detrimento dos russos, apesar de boa parte do seu equipamento
militar ainda ter origem soviética.[20]

A Revolução de Saur
Em 1933, Mohammed Zahir Xá ascendeu ao trono do Reino do
Afeganistão e governou até 1973. O primo de Zahir, Mohammed
Daoud Khan, serviu como primeiro-ministro do país de 1954 a 1963.
O poder do chamado Partido Democrático do Povo (PDPA), de
inclinação marxista, cresceu rapidamente. Em 1967, o PDPA se
dividiu em duas facções, o Khalq, liderado por Nur Muhammad
Taraki e Hafizullah Amin, e o Parcham liderado por Babrak
Karmal.[20]

O ex primeiro-ministro Daoud assumiu o poder total no país em 17 de Destruição nas ruas de Cabul, capital do
Afeganistão, logo após a revolução de
julho de 1973 após dar um golpe com apoio dos militares. O governo
Saur, em 1978.
monarquico há muito tempo havia perdido popularidade devido a
pobreza extrema na nação e as acusações de corrupção. O governo de
Daoud, por outro lado, acabou conquistando certa aceitação popular, mas não recebeu apoio dos membros do PDPA,
que lhe faziam forte oposição. Não demorou e simpatizantes de ambos os lados começaram a se confrontar pelas ruas
do país, incitando a repressão do regime de Mohammed Daoud Khan. Em 1978, em um dos atos repressivos, o líder da
PDPA, Mir Akbar Khyber, acabou sendo morto.[21] As circunstâncias da morte de Khyber incitou várias manifestações
antiDaoud por toda Cabul, que resultou na prisão de vários simpatizantes do partido.[22]

Em 27 de abril de 1978, o exército afegão, simpático à causa do PDPA, derrubou Daoud do poder e depois o executou
(sua família também foi morta pelos militares). Nur Muhammad Taraki, Secretário geral do Partido Democrático do
Povo do Afeganistão, se tornou presidente do Conselho Revolucionário e Primeiro-ministro do país.[23]

As facções dentro do PDPA


Após a revolução de 1978, Taraki assumiu a presidência da República Democrática do Afeganistão, além de manter a
liderança do partido. O movimento comunista era dividido em duas facções, o Khalq, que apoiava o novo presidente e
seu vice primeiro-ministro, Hafizullah Amin, e o Parcham, liderados por Babrak Karmal e Mohammad Najibullah. As
diferenças entre ambos os lados se tornaram irreconciliáveis e vários membros do movimento Parcham foram presos,
executados ou mandados para o exílio.[24]

Durante seus primeiros dezoito meses no poder, o PDPA lançou vários programas de reformas, de inspiração soviética,
para modernizar a nação, sendo que algumas destas acabaram por irritar a ala mais conservadora do país. Entre
algumas das mudanças, vieram leis que alteravam regras quanto a casamento e reforma agrária, que acabaram
incitando insatisfação na maioria da população islâmica da nação, que via tais reformas como uma ameaça as suas

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tradições e cultura. Vários latifundiários e donos de terras também se sentiram ameaçados economicamente,
especialmente após a abolição da usura e do cancelamento de algumas dívidas dos pequenos fazendeiros. Em meados
de 1978, rebeldes anticomunistas lançaram um ataque contra uma guarnição militar na região de Nuristan, na parte
leste do país. Combates começaram a irromper por toda a zona rural e nas regiões montanhosas, se espalhando
também para áreas urbanas. Em setembro de 1979, o vice primeiro-ministro, Hafizullah Amin, assumiu o poder
depois do assassinado do presidente Taraki. Os dois meses seguintes foram de profunda instabilidade, com o regime
de Amin combatendo seus oponentes no PDPA e os rebeldes.[25]

Relações afegã-soviéticas
A União Soviética (URSS) havia influenciado consideravelmente o
ambiente político afegão durante toda a década de 1970, afetando
profundamente a sociedade afegã. Nos anos 80, o russo chegou a ser a
segunda língua mais falada no país. Desde 1947, o Afeganistão sentia a
forte ingerência dos governos russos em seus assuntos internos, vindo
desde a forma de ajuda humanitária, a assistência econômica e militar,
Combatentes de infantaria soviética
com treinamento e exportação de armas.[20] Auxílios econômicos e outros
enviados ao Afeganistão ao fim dos
de menor porte também foram reportados em 1919, logo após a Revolução anos 70.
Russa. Provisões foram enviadas, como armas pequenas, munição,
aeronaves menores e (de acordo com algumas fontes) um milhão de rublos
para apoiar a resistência durante a Terceira Guerra Anglo-Afegã. Em 1942, a URSS mais uma vez tentou fortalecer as
Forças Armadas Afegãs, fornecendo armas e aeronaves pequenas, além de estabelecer centros de treinamento em
Tashkent (República Socialista Soviética Uzbeque). A cooperação militar entre os dois países começou em efetivo e
larga escala apenas em 1956 e novos acordos foram assinados nos anos 70, com os soviéticos enviando conselheiros
militares e especialistas. A União Soviética financiou várias obras de infraestrutura, além de assistência na construção
da Universidade de Cabul, do Instituto Politécnico e também de hospitais, usinas de energia e escolas. Nos anos 80, os
soviéticos também financiaram a construção de universidades em Blakhe, Herate, Takhar, Nangarhar e Fariyab.
Professores russos foram enviados para dar aulas no Afeganistão, ensinando sua língua e costumes.[20]

Em 1978, o presidente Daud Khan iniciou um programa de pesados investimentos nas forças armadas, após a Índia
iniciar seu programa nuclear, o Smiling Buddha. Irã e Paquistão também tentaram aumentar sua influência no
Afeganistão. Em dezembro, um dos últimos tratados assinados antes da invasão soviética, permitia que o PDPA
convocasse apoio militar russo, se necessário. Contudo, políticos soviéticos não estavam muito entusiasmados a
respeito.[26]

Após um levante em Herat, o presidente Taraki contactou Alexei Kosygin,


Seria um grande erro
Chefe de Gabinete do Conselho de Ministros da União Soviética e pediu por enviar tropas terrestres
uma "ajuda mais técnica e prática, com homens e armamentos". Kosygin (para o Afeganistão).
não gostou da ideia, temendo uma repercussão ruim entre o povo russo, e [...] Se nossas tropas
rejeitou qualquer tipo de aumento no auxílio militar ao Afeganistão.[28] fossem para lá, a
Após a recusa de Kosygin, Taraki decidiu pedir ajuda diretamente a Leonid
situação no nosso país
não melhoraria. Pelo
Brezhnev, o Secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética e
contrário, ficaria pior.
Chefe de Estado da nação, que avisou a Taraki que envolvimento militar Nossos combatentes
soviético "serviria ao interesse apenas dos nossos inimigos – nossos e teriam que lidar não
seus". Brezhnev também aconselhou o presidente Taraki a maneirar nas somente com um
reformas sociais, respeitando as tradições afegãs, e tentar aumentar o combatente externo,
apoio popular ao seu regime.[29]
mas com o
descontentamento
Em 1979, Taraki atendeu a uma conferência do Movimento dos Países Não popular (na Rússia). E
o povo não esquece
Alinhados em Havana, Cuba. Na volta, ele visitou Moscou, em 20 de
essas coisas."
março, e se encontrou com Brezhnev, com Andrei Gromyko (ministro do
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exterior) e outros ministros soviéticos. Alguns afirmam que Karmal, chefe —Alexei Kosygin, chefe de
gabinete do conselho de ministros
da facção Parcham e rival político de Taraki, também estava presente na da URSS, em resposta ao pedido
de Taraki para a União Soviética
reunião para tentar uma reconciliação. Taraki conseguiu negociar mais enviar mais tropas ao
apoio militar ao seu país, incluindo o envio de duas divisões do exército Afeganistão.[27]
vermelho russo para a região de fronteira, além de mais 500 conselheiros
militares, civis e especialistas, junto com enormes quantidades de armas vendidas com descontos de até 25%.
Contudo, os soviéticos reafirmaram que não tinham interesse de enviar grandes unidades militares aquela nação e
Brezhnev voltou a pedir a Taraki para trabalhar mais pela unidade do seu partido. Apesar dos acordos com a liderança
afegã, os soviéticos continuavam a rejeitar a ideia de uma intervenção militar.[30]

Início da insurgência
As relações entre o Afeganistão e Paquistão sempre foram deterioradas, especialmente depois do primeiro-ministro
afegão Daoud adotar políticas linha dura contra o povo do Pashtunistão, na região de fronteira entre os países.[31] A
retaliação paquistanesa veio na forma de operações secretas feitas por seu serviço de inteligência.[31] Entre uma das
medidas tomadas pelos paquistaneses era treinar militantes do movimento Jamiat-e Islami.[31] Contudo, tais
operações cessaram após a derrubada do premier Zulfikar Ali Bhutto do poder no Paquistão.[31]

Em junho de 1975, militantes do grupo Jamiat Islami tentaram um golpe de estado. Sua rebelião se focou na região do
vale de Panjshir (na província de Parwan), cerca de 100 km de Cabul. Porém, o governo rapidamente destruiu a
insurgência, com sobreviventes da revolta tomando refúgio no Paquistão, onde receberam apoio de autoridades
locais.[32]

Em 1978, o governo de Taraki iniciou uma série de reformas internas,


incluindo uma radical modernização de várias leis, ferindo alguns
princípios islâmicos (especialmente associados a casamento). Estas
mudanças tinham objetivo de acabar com o "feudalismo" da
sociedade afegã.[33] Qualquer oposição a estas medidas era reprimida
e o governo respondia com violência qualquer tipo de resistência às
mudanças.[24] Entre abril de 1978 e dezembro de 1979, ao menos 27
000 pessoas foram mortas pelo regime.[34][35] Outros membros da
elite tradicionalista, líderes religiosos e intelligentsias fugiram do
país.[35]
Militares soviéticos com mujahidins
capturados. Rapidamente, o governo começou a perder o controle de várias
regiões do país. Em resposta a estas revoltas, pelo menos 11 000
pessoas foram executadas pelo regime de Amin e Taraki.[36] Estas rebeliões se iniciaram, em larga escala, em outubro
de 1978, inicialmente entre o povo Nuristani, no vale de Kunar, na região norte do país, perto da fronteira
paquistanesa. Mas, rapidamente, outros grupos étnicos também iniciaram uma luta armada contra o regime
comunista.

No dia 24 de março de 1979, uma guarnição de soldados afegãos em Herat matou um grupo de conselheiros soviéticos
(e suas famílias) que ordenaram às tropas para disparar contra manifestantes antigovernamentais. A partir deste
ponto, o regime passou a enfrentar uma grande hostilidade de amplas parcelas da população, e elevou o nível de
repressão. A frente da repressão estava o Hafizullah Amin, na época Primeiro-Ministro.[37]

Na primavera de 1979, cerca de 24 das 28 províncias reportaram casos de violência.[38][39] As revoltas, outrora
restringidas as zonas rurais e interioranas, se mudaram também para os centros urbanos. Em março de 1979, islamitas
iniciaram uma rebelião em Herat. Entre 3 000 e 5 000 pessoas foram mortas ou feridas na repressão naquela cidade.

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Pelo menos 100 cidadãos soviéticos foram mortos nas revoltas


naquele período.[40][41] Em 3 de julho de 1979, o Presidente Jimmy
Carter assinou a primeira directiva para o apoio secreto aos opositores
do regime pró-soviético de Cabul.[42]

Em 1979, o caos que se instaurou pelo país, o que começou a gerar


situações que causaram desconforto diplomático entre os Estados
Unidos, a União Soviética e Afeganistão, quando, por exemplo, o
embaixador americano Adolph Dubs foi sequestrados por militantes
comunistas da facção Settam-e-Melli.[43] Os americanos exigiram Soldados soviéticos durante um exercício
de treinamento.
uma resposta do governo afegão, mas receberam pouco retorno.[44]
Dubs foi encarcerado em um hotel em Cabul e os americanos
enviaram uma equipe para ajudar nas negociações e buscas.[43] Então, as forças de segurança afegãs, acompanhado
por conselheiros russos, cercaram o prédio e invadiram o local. Durante o tiroteio, o embaixador americano
sequestrado, Adolph Dubs, acabou sendo morto.[44] Documentos revelados na década de 1990 afirmaram que a ordem
de ação de atacar o hotel veio de oficiais do governo afegão e da KGB (a inteligência soviética). O líder do grupo
sequestrador também teria sido executado, a mando dos russos, para evitar que ele fosse interrogado pelos
americanos.[45] Logo após este incidente, os Estados Unidos publicamente condenaram a União Soviética e a
culparam pelo ocorrido, complicando ainda mais a relação entre as superpotências.[46]

Com o agravamento da situação, os soviéticos aconselharam Taraki a demitir Amin, se reunir com o Parcham (facção
do PDPA) e adotar uma política de "nacionalismo democrático". Mas Amin ficou sabendo do plano e, em setembro,
prendeu e assassinou Taraki, e passou a ser o Chefe de Estado.[37]

Com os combates se intensificando no final da década de 70, a situação se complicava para o governo comunista
afegão. Durante toda a década de 1980, quase metade do exército do Afeganistão havia ou desertado ou se juntado aos
rebeldes.[38]

A guerra

Preparações
O governo comunista do Afeganistão, tendo assinado um acordo em
dezembro de 1978 que permitiu a entrada de tropas soviéticas no país,
havia pedido insistentemente ajuda na forma de assistência militar
direta durante o ano de 1979, para auxiliar na luta contra os
mujahidins. Em 14 de abril de 1979, o regime afegão pediu aos
soviéticos que estes enviassem de 15 a 20 helicópteros para o país e,
em 16 de junho, Moscou respondeu enviando um destacamento de
tanques, vários BMPs e tripulações para proteger Cabul e guardar os
aeroportos de Bagram e Shindand. No dia 7 de julho, um batalhão de O Palácio de Tajbeg, em Cabul, 1987.
paraquedistas, comandados pelo coronel A. Lomakin, chegou na base Foi, por boa parte da década, o quartel-
aérea de Bagram. Eles chegaram sem seus equipamentos de combate, general do 40º Corpo do Exército
Soviético.
sob disfarce de estar ali apenas para auxílio técnico. Eles assumiram a
posição de seguranças do presidente Taraki. Esses soldados eram
subordinados aos oficiais soviéticos que serviam em Cabul na função de conselheiros e não interferiam com a política
local. Vários proeminentes políticos russos, como Alexei Kosygin e Andrei Gromyko, eram contra a intervenção.[47]

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Com o passar do tempo, o regime afegão começou a pedir por mais tropas e por contingentes maiores. Em julho, Cabul
pediu por duas divisões mecanizadas. Logo depois, foi feito um pedido por mais uma divisão aerotransportada. Nos
meses seguintes, até dezembro de 1979, eles continuaram a pedir insistentemente por mais soldados. Contudo, o
governo soviético não tinha pressa em responder.

Baseado em informações vindas da KGB, a liderança soviética começou a


"Nós devemos
conversar com Taraki e questionar as atitudes do primeiro-ministro afegão Hafizullah Amin,
Amin para convence- chegando a conclusão de que suas ações estavam ajudando a aumentar a
los a mudar de tática. desestabilização do país. Após o golpe que derrubou o presidente Taraki, a
Eles vão continuar a inteligência soviética contactou Moscou para informar que o governo de
só executar seja quem Amin iria "levar a mais repressão e, como resultado, fortaleceria a oposição
discorde deles. Eles
ao regime".[49]
estão matando quase
todos os líderes do
Uma comissão foi formada então em Cabul, composta pelo líder da KGB,
Parcham, não apenas
os chefes, mas os de Yuri Andropov, Boris Ponomarev, do Comitê Central e Dmitri Ustinov,
baixa patente Ministro da Defesa. Ao fim de abril de 1978, o comite relatou que Amin
também." estava eliminando seus oponentes, que incluia pessoal simpático à União
Soviética. Foi reportado também que sua lealdade a Moscou podia não ser
—Kosygin falando em uma sessão
do Politburo.[48] inquestionável, já que ele havia contatado o Paquistão e talvez até mesmo a
República Popular da China (com quem os soviéticos não estavam nos
melhores termos). Porém, uma das suspeitas mais problemáticas seria de
que Amin secretamente teria se encontrado com J. Bruce Amstutz, um enviado do governo americano, que, apesar de
não ter sido confirmado, foi muito mal recebido no Kremlin.[50]

Informações obtidas pela KGB, através de seus agentes em


Cabul, acabariam por selar o destino de Amin. Supostamente,
dois guardas do presidente afegão mataram o ex presidente
Nur Muhammad Taraki com um travesseiro e Amin,
inclusive, poderia estar trabalhando para a CIA. A última
informação, contudo, é bem controversa: Amin, até aquele
momento, tinha se mostrado um amigo confiável da União
Soviética. O general russo Vasily Zaplatin, servindo como
conselheiro militar, afirmou que ex ministros do governo de
Taraki eram responsáveis pela desestabilização política.
Porém, Zaplatin não conseguiu convencer os líderes militares
em Moscou.[33]

Também, durante os anos 70, a União Soviética chegou ao


auge de sua influência política em comparação com os
Estados Unidos, enquanto o tratado SALT I fora assinado
entre as nações para evitar a proliferação de armas e
tecnologia nuclear. Uma segunda rodada de negociações
entre o premier Brezhnev e o presidente Carter terminou na
proposta de um novo tratado (o SALT II), em junho de 1979,
mas os americanos não ratificaram o acordo. A falta de
cooperação levou a União Soviética a ficar mais inclinada a
intervir no Afeganistão, para estabilizar os países dentro de
Helicópteros Mi-24 e tanques de guerra soviético
sua esfera de influência.[47]
durante a primeira fase das ofensivas contra os
mujahidins afegãos.

1979: Intervenção soviética

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Em 31 de outubro de 1979, informantes dentro das Forças Armadas


do Afeganistão que estavam a serviço da União Soviética, mandavam
constantemente informações sobre os acontecimentos dentro do país,
especialmente do ponto de vista militar. Enquanto isso, ligações de
telecomunicação em áreas fora de Cabul foram interrompidas em
parte, isolando a capital. Com a situação de segurança se
deteriorando, vários contingentes das forças paraquedistas soviéticas
começaram a desembarcar no coração do Afeganistão em dezembro.
Ao mesmo tempo, Amin moveu seu quartel-general para o palácio de
Mapa da invasão soviética no
Afeganistão. Tajbeg, acreditando que lá seria mais seguro. De acordo com os
generais Tukharinov e Merimsky, Amin estava ciente das
movimentações militares russas acentuadas, pois foi ele mesmo que
pediu por estas tropas.[51][52] O general Dmitry Chiangov se encontrou com o comandante do 40º Corpo do Exército
Soviético, antes das forças russas entrarem no país, para planejar a estratégia de invasão. Naquela altura, o Kremlin já
havia decidido que derrubaria o regime de Hafizullah Amin.[51]

Em 27 de dezembro de 1979, cerca de 700 soldados soviéticos, vestidos em uniformes afegãos, incluindo agentes da
KGB e membros das forças especiais GRU dos Grupos Alpha e Zenith, se moveram para ocupar prédios e instalações
militares em Cabul. Já um grupamento de Spetsnaz seguiu para o alvo principal, o palácio presidencial de Tajbeg.[47]
A operação começou as 19:00 h, quando o grupo Zenith da KGB destruiu o prédio de comunicações em Cabul,
cortando o Comando militar afegão do resto do país. As 19:15 h, o ataque ao palácio de Tajbeg começou. Como
planejado, o presidente Hafizullah Amin foi morto. Ao mesmo tempo, outras instalações (como o Ministério da
Informação) também foram tomadas. No amanhecer de 28 de dezembro de 1979 as operações já estavam
completas.[53]

O comando soviético em Termez, no Uzbequistão, anunciou na Radio Kabul que o Afeganistão havia sido "libertado do
regime de Amin". De acordo com o Politburo soviético, eles estavam em conformidade com o "Tratado de Amizade,
Cooperação e Bons vizinhos" de 1978 e que Amin havia sido "executado por seus crimes", por condenação do Comitê
Central Revolucionário Afegão. Tal comitê elegeu então como novo líder da nação o ex vice primeiro-ministro Babrak
Karmal, que havia caído em desgraça quando a facção Khalq do partido comunista subiu ao poder.[54]

Em 27 de dezembro, tropas soviéticas, comandadas pelo marechal Sergei Sokolov, entraram no Afeganistão. Naquela
manhã, a 103ª Divisão Aerotransportada 'Vitebsk' se lançou sobre o aeroporto de Bagram e forças adicionais do
exército vermelho começaram a se mover por todo o país. A espinha dorsal da força invasora era o 40º Corpo do
Exército Soviético, acompanhado por batalhões da 108ª e 5ª Divisão Mecanizada de Rifles, do 860º Regimento
Mecanizado, da 56ª Brigada Aerotransportada e elementos do 36º Corpo Misto Aéreo. Grupamentos da 201ª e 58ª
Divisão de Infantaria também entraram no Afeganistão, junto com outras unidades menores.[55] A força de invasão
inicial continha 1 800 tanques, 80 000 soldados de infantaria e outros 2 000 veículos blindados. Na semana seguinte,
a força aérea soviética já tinha feito mais de 4 000 voos sobre Cabul.[56] Mais tarde, duas divisões extras entraram no
país, totalizando assim mais de 100 000 militares soviéticos na primeira onda de invasão.[54]

Reação internacional a invasão


Logo após a invasão, cerca de trinta e quatro nações islâmicas aprovaram uma resolução que condenava a União
Soviética e suas ações, exigindo a retirada "imediata, urgente e incondicional das forças soviéticas da nação
muçulmana do Afeganistão".[57] A Assembleia Geral da ONU também passou uma resolução protestando e
questionando a invasão.[58]

Vários países rapidamente começaram a fornecer ajuda clandestina aos rebeldes afegãos. Os Estados Unidos
compraram todo o equipamento soviético em posse de Israel e depois enviou para os mujahidins, enquanto o Egito
iniciou um programa de modernização de suas forças armadas, mandando então equipamento velho para os

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militantes afegãos. A Turquia também vendeu armas velhas e usadas


aos mujahidins e os britânicos e suíços mandaram alguns mísseis
Blowpipe e canhões Oerlikon (respectivamente) ultrapassados.[59] A
China foi uma das poucas que mandou armas novas e mais relevantes,
além de fornecer ajudas em outras formas (o país tinha vasta
experiência na luta de guerrilhas).[59]

Dezembro de 1979 – Fevereiro de 1980: Início da Militares soviéticos em um blindado


BMD-1 durante a conquista de Cabul.
ocupação
A primeira fase da ocupação começou logo no início da intervenção
soviética no Afeganistão, enquanto batalhavam com os diversos grupos e facções locais.[57] As tropas do exército
vermelho entraram no território afegão através de duas rotas terrestres e um corredor aéreo, rapidamente assumindo
o controle dos centros urbanos, bases militares e outras instalações estratégicas. Contudo, a presença das forças
soviéticas no país não teve o efeito desejado de pacificar a nação. Pelo contrário, acabou exacerbando ainda mais o
sentimento nacionalista afegão, incentivando ainda mais os rebeldes.[60] Babrak Karmal, presidente afegão
empossado pelos russos em 1979, acabou por culpar os soviéticos pelo aumento dos distúrbios no país e exigiu que o
40º Exército fizesse mais para acabar com a rebelião, já que o seu próprio exército não era confiável.[61] Assim, as
tropas soviéticas se viram na posição de se tornar a principal força de combate, lutando contra os guerrilheiros tanto
no setor urbano, quanto nos campos e nas montanhas. Os insurgentes tinham pouco treinamento formal, mas muita
experiência. Além de soldados desertores do governo, ainda tinham os exércitos tribais (chamados lashkar). A
artilharia e o poder aéreo soviético, apesar de infligir pesadas baixas ao inimigo, não foi decisivo no resultado do
conflito.[62]

Março de 1980 – Abril de 1985: Ofensivas dos Soviéticos


O começo da década de 1980 viu a guerra entrar em uma nova fase: os
soviéticos ocupavam a maioria das grandes cidades e as principais
estradas que conectavam a nação, enquanto os mujahidins, (que eram
chamados pelos russos de 'Dushman', ou 'inimigo') eram divididos em
pequenos grupos e tomavam as montanhas, as zonas rurais,
fronteiriças e as aldeias isoladas, de onde lançavam uma campanha de
guerrilha. Cerca de 80% do país, na verdade, estava sob disputa, fora
do controle direto do regime comunista de Cabul.[63] Os militares
soviéticos estavam dispostos em regiões estratégicas no nordeste,
especialmente na rodovia que ligava Termez a capital. No oeste, uma
presença soviética também era forte, para evitar a influência iraniana.
Ao mesmo tempo, forças especiais soviéticas realizavam missões
secretas no Irã para tentar destruir as bases dos extremistas naquele
país. Foi reportado inclusive também combates entre aeronaves
Combatentes da milícia Jamiat e-Islami
russas e do Irã. Contudo, algumas áreas como Nuristan, no noroeste,
no vale de Shultan, com uma
e Hazarajat, na região central, viram poucos combates e praticamente
metralhadora DShK soviética capturada.
se governavam sozinhas, já que nenhuma autoridade de qualquer lado
tinha influência por lá.[64]

Periodicamente, o exército soviético lançava várias ofensivas concentradas contra áreas controladas por mujahidins.
Entre 1980 e 1985, os russos lançaram nove ofensivas contra o estratégico vale de Panjshir, mas o controle
governamental da área nunca foi firmado.[65] Uma das regiões mais violentas era a fronteira com o Paquistão, onde
cidades e postos de controle do governo estavam sendo atacados por guerrilheiros mujahidins. Grandes operações
militares soviéticas conseguiam repelir as ofensivas dos islamitas, mas estes voltavam quando os russo partiam de
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volta aos quartéis.[12] No norte e sul, a luta era mais esporádica,


exceto em Herat e Kandahar, que era controlado em sua maioria pela
resistência.[66]

Os soviéticos, no começo, não previam que teriam de tomar a


liderança na maioria dos combates e imaginavam que seu principal
papel seria apoiar o exército afegão. Contudo, a chegada das forças
soviéticas teve o efeito contrário ao esperado e acabou por intensificar
Mujahidins capturando duas peças de
a violência. Aos olhos do povo, o governo era fraco por recorrer a
artilharia soviéticas abandonas em Jaji,
1984. intervenção estrangeira, fortalecendo assim a causa dos
mujahidins.[67] As forças armadas afegãs sofriam com deserções e
relutavam em lutar, especialmente depois da chegada soviética. A
ineficiência das tropas do regime podia ser associada também ao pagamento extremamente baixo, o que fazia com que
a lealdade destes ao partido comunista não fosse tão alta. Quando ficou óbvio para os soviéticos que eles é que teriam
de lutar diretamente na guerra, eles passaram a seguir três estratégias: intimidação, com o uso de surtidas rápidas
com paraquedistas e veículos blindados contra os vilarejos espalhados pelo país e áreas problemáticas. Além do
bombardeio de regiões próximas a áreas de ataque, especialmente como retaliação contra as emboscadas que
aconteciam nas estradas que pegavam os comboios de veículos soviéticos. Os soldados soviéticos também expulsavam
pessoas de suas casas e os bombardeios também impossibilitavam que tais áreas fossem reocupadas; a segunda
estratégia consistia em subversão, enviando espiões aos grupos anticomunistas, subornando líderes tribais e
guerrilheiros para que eles encerrassem suas atividades; e terceiro, os soviéticos lançavam incursões militares
regulares em zonas controladas pelos mujahidins para tentar enfraquece-los. Tais missões são chamadas, no jargão
militar, de "procurar e destruir". Ataques eram realizados por helicópteros de ataque Mil Mi-24, que também davam
cobertura a infantaria e aos veículos blindados no solo.[68]

Além das missões para destruir a insurgência, os soviéticos usaram o KHAD (a polícia secreta afegã) para coletar
inteligência, se infiltrar nos grupos rebeldes, espalhar falsas informações, subornar líderes tribais e organizar milícias
pró-governo. Embora seja impossível saber qual foi a eficiência destas missões, eles conseguiram de fato se infiltrar
em algumas milícias e coletaram informações, porém nada se provou decisivo.[69] Os subornos só conseguiram
conquistar a lealdade dos líderes rebeldes por pouco tempo, sendo que na maioria dos casos, eles só conseguiam
acordos de cessar fogo temporários.[70] A milícia Sarandoy, leal ao governo, teve pouco sucesso na guerra. Melhores
salários e armas conseguiram atrair mais recrutas, mesmo os que não eram tão entusiasmados com o comunismo. O
problema era que os mujahidins também tinham pessoas infiltradas nas forças de segurança do governo, passando
desinformação e coletando dados.[71]

Em 1985, o número de tropas soviéticas no Afeganistão passou dos 108 800 soldados, enquanto a luta se intensificava
por todo o país. Este ano acabou sendo o mais sangrento da guerra. Apesar do equipamento superior e de serem mais
numerosos, os soviéticos e seus aliados comunistas afegãos não conseguiam lutar bem no terreno irregular, enquanto
os insurgentes islamitas usavam táticas de guerrilha de forma bem eficiente. Ainda, os mujahidins reforçavam seus
números com combatentes estrangeiros (jihadistas) e assim eles resistiam as ofensivas dos inimigos.[72]

Década de 80: A insurgência se intensifica


Em meados da década de 1980, a persistência do movimento de resistência afegão, com apoio dos Estados Unidos, do
Paquistão, do Egito, da Arábia Saudita, do Reino Unido, da China, do Irã e de outros, conseguiu forçar Moscou a se
segurar em uma longa, árdua e custosa guerra assimétrica, que também havia fatigado as relações internacionais. Os
estadunidenses viam o Afeganistão como uma parte integral da Guerra Fria e a CIA enviava ajuda as forças anti-
soviéticas através dos serviços de inteligência paquistaneses, em um programa chamado Operação Ciclone.[73]

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O conflito no Afeganistão mobilizou o povo muçulmano de toda a


região, trazendo combatentes jihadistas de vários países para lançar
uma guerra santa contra os comunistas ateus. Entre os notórios
mujahidins estava o saudita Osama bin Laden, cuja milícia que
comandava se tornaria a organização terrorista al-Qaeda.[74][75][76]

A resistência afegã nasceu no caos, se espalhou e venceu de forma


caótica. Os mujahidins não tinham uma liderança ou uma estratégia
única, com as decisões e o poder recaindo sobre líderes tribais locais.
Um grupo de Spetsnaz (forças especiais
De fato, a guerra era travada pelos chamados "Senhores da guerra". russas) se preparando antes de partir em
Conforme o conflito foi se desenrolando, a luta ficou mais sofisticada, uma missão no Afeganistão, 1988.
com apoio externo e regional crescendo de forma organizada. Mesmo
assim, a estrutura básica da organização e ação das unidades de
combate dos mujahidins continuavam a refletir a natureza altamente segmentada da sociedade afegã.[77]

O estudioso francês Olivier Roy estimou que no quarto ano de guerra havia pelo menos quatro mil bases de onde os
mujahidins operavam. A maioria destes era filiado a sete grupos expatriados com base no Paquistão, que era a
principal rota de transporte de suprimentos para os guerrilheiros islamitas. As unidades dos combatentes da
resistência eram compostas por grupos de 300 ou mais homens, que normalmente operavam a partir da zona rural e
das áreas montanhosas. A maioria desses combatentes não tinha treinamento formal porém acumulavam experiência
de uma década de guerras. Boa parte dos mujahidins assumiam posturas defensivas, guardando suas cidades e vilas,
mas alguns eram mais ambiciosos e até organizavam ataques em larga escala contra áreas controladas pelo governo
comunista. Uma das mais bem sucedidas milícias era comandada por Ahmad Shah Massoud, do vale de Panjshir, ao
norte da capital Cabul. Perto do fim do conflito, ele liderava um grupamento de pelo menos 10 000 combatentes
excepcionalmente bem treinados e equipados e havia expandido sua esfera de influência por todas as áreas dominadas
pelo povo tajique - nas províncias na região nordeste do país.[77] Roy também descreveu as variações étnicas, regionais
e sectárias da organização dos mujahidins. No território do povo pachtum (nas partes sul e leste do Afeganistão), a
estrutura tribal, com suas várias sub-divisões rivais, forneceu a base militar de vários grupos, além de vários de seus
líderes. A mobilização para os ataques, normalmente, partiam tradicionalmente do leste dos lashkars (força de
combate) tribais. Em circunstâncias favoráveis, suas formações para ofensivas podiam mobilizar 10 000 homens.
Contudo, o confronto direto contra posições defensivas soviéticas normalmente acabava em fracasso, devido a
disparidade de armamentos entre os dois lados, o que forçava os rebeldes a lutar, primordialmente, na defensiva.[77]

A mobilização de mujahidin fora das regiões Pashtun enfrentava


vários obstáculos. Antes da invasão soviética, poucos grupos não
pashtuns possuíam muitas armas. No começo do conflito, eles
conseguira roubar armas dos militares ou conseguiram através da
deserção de soldados do governo. O trafico de armas e equipamentos
enviados por nações estrangeiras acabaram por suprir estas tribos, o
que os preparou para o combate. Nas regiões a nordeste, havia pouca
cultura para a guerra antes do conflito começar. A mobilização partiu
de lideranças ligadas ao islamismo. Para o estudioso Olivier Roy, era Um tanque soviético T-62M no
evidente o contraste social entre a liderança religiosa nas áreas onde o Afeganistão.
persa - e o turcomano - era falado e a etnia pashtuns. A falta de
representação com a liderança dos pashtuns, fez com que outras minorias étnicas afegãs olhassem para seus chefes
religiosos (pirs) como líderes de fato. Redes de sufistas e marabutos estavam espalhadas entre as minorias étnicas,
formando as primeiras lideranças, ajeitando as primeiras organizações e indoutrinações. Isso também ajudou também
na mobilização política, que acabaram gerando algumas das operações de resistência mais eficientes da guerra.[77]

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As principais ações de resistência dos mujahidins eram as operações


de sabotagem. Os tipos mais comuns eram ataques contra linhas de
transmissão, destruição de oleodutos e estações de rádios, explosão de
prédios governamentais, aeroportos, hotéis, cinemas e outros. Na
fronteira com o Paquistão, os guerrilheiros fundamentalistas
lançavam uma média de 800 foguetes por dia, e a esma, contra áreas
controladas por forças ou simpatizantes do regime. Entre abril de
Mujahidins afegãos rezando durante uma 1985 e janeiro de 1987, foram mais de 23 500 projéteis disparados
pausa nos combates no Vale do Kunar, contra alvos do regime. Os mujahidins disparavam de diversas vilas,
em 1987. que eram bombardeadas, em retaliação, pelas forças soviéticas, e isso
resultou em muitas mortes. Os rebeldes também usavam minas
terrestres indiscriminadamente, principalmente perto de estradas, atingindo vários veículos soviéticos. Vários
habitantes civis se uniram aos guerrilheiros. Inclusive, crianças também foram alistadas.[78]

Os ataques dos rebeldes miravam alvos militares e civis, derrubando pontes, fechando estradas, emboscando
comboios, interrompendo linhas de transmissão de energia elétrica e centros industriais. Além disso, postos de polícia
e instalações militares e bases aéreas soviéticas também eram atacadas. Muitos membros do governo e do PDPA (o
partido comunista afegão) foram assassinados. Em março de 1982, uma bomba explodiu em frente ao prédio do
ministério da educação, danificando vários edifícios na área. No mesmo mês, falhas na rede de energia resultaram em
blecautes em várias cidades, principalmente em Cabul. A estação elétrica de Naghlu, que alimentava a capital do país,
era alvo frequente de atentados. Em junho de 1982, um grupo de mil jovens do partido comunista afegão, que partia
para o vale de Panjshir, foi emboscado a cerca de 30 km de Cabul, o que resultou em centenas de mortes. Em 4 de
setembro de 1985, insurgentes derrubaram um voou doméstico da Bakhtar Airlines, que havia decolado do aeroporto
de Kandahar, matando todas as 52 pessoas a bordo.[78]

Em maio de 1985, sete facções rebeldes afegãos se uniram na chamada "Aliança de Sete Partidos Mujahidins" para
coordenar seus esforços em combater o exército soviético. No fim do mesmo ano, o grupo já estava ativo na região de
Cabul, lançando ataques com foguetes e conduzindo outros tipos de atentados, não só contra alvos do governo
comunista, mas até contra outras facções de guerrilheiros, caso tivessem ideologias diferentes.[79]

1986: O "Efeito Stinger"

Um mujahidin com um lançador de Áreas de atuação dos mujahidins, por


mísseis SA-7. volta de 1985.

Durante boa parte da guerra, a força aérea soviética exerceu o


controle dos céus sem muita dificuldade (os rebeldes não tinham qualquer avião) e com isso voavam várias surtidas e
conduziam diversos ataques com certa impunidade, especialmente no início do conflito. Novas aeronaves, como o jato
Su-25 e o helicóptero de ataque Mi-24, deram aos soviéticos muito mais poder de fogo que os mujahidins, e suas
blindagens os tornavam invulneráveis ao fogo antiaéreo de armas de pequeno e médio porte. Com isso, sempre que a
infantaria estivesse em problemas, bastava chamar o apoio aéreo que então a batalha podia ser vencida rapidamente.
A CIA (agência de inteligência americana) e os sauditas começaram então a planejar como dar suporte aos mujahidins
para que eles pudessem neutralizar a ameaça aérea russa. Os americanos começaram então a enviar aos rebeldes
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afegãos lançadores portáteis de mísseis antiaéreaos chamados FIM-92 Stinger. Os Estados Unidos enviaram pelo
menos 250 desses lançadores e também mais de 500 mísseis, além de pessoal para treinar os guerrilheiros a como
usar este equipamento.[80]

A introdução do Stinger no campo de batalha virou a maré do conflito no ar. Com isso, o poderio aéreo soviético
começou a ser contestado de forma mais eficiente e mortal. As aeronaves Su-25 e Mi-24 eram extremamente
vulneráveis a esse tipo de arma, pois eles voavam baixo e lento, se mantendo no alcance do Stinger. Depois que este
armamento começou a ser utilizado, os mujahidins começaram a derrubar pelo menos uma aeronave soviética por dia.
O custo da perda de aeronaves começou a fazer com que o custo da guerra se tornasse ainda maior e analistas afirmam
que os gastos causados pelas perdas infligidas pelo Stinger forçou o governo soviético a considerar a retirada do
Afeganistão. O congressista americano Charlie Wilson era considerado uma das maiores vozes por apoio aos
mujahidins e foi um fervoroso defensor da entrega dos Stingers aos rebeldes afegãos. E quando os soviéticos
começaram a perder batalhas, Wilson deu crédito aos mísseis Stinger. De fato, muitos analistas e historiadores
afirmam que a introdução do Stinger no campo de batalha foi o fator decisivo que virou a guerra em favor dos
mujahidins, mas analistas militares russos atuais discordam. Com um índice de precisão de 70% e mais de 350
aeronaves (aviões e helicópteros) abatidos em apenas dois anos, o Stinger notavelmente contribuiu para o
aceleramento da derrota soviética na guerra. Alguns analistas nos Estados Unidos chamaram esse fator determinante
de "Stinger Effect" (o "Efeito Stinger").[80]

Em meados de 1987, com as perdas aumentando, os soviéticos anunciaram que começariam a retirar suas forças do
Afeganistão. Sibghatullah Mojaddedi foi então apontado chefe do Governo Interino do Estado Islâmico afegão, para
dar uma face legítima à resistência contra o regime comunista, apoiado por Moscou. Mojaddedi, como chefe do
governo interino, se encontrou com o então vice-presidente dos Estados Unidos, George H. W. Bush, conquistando
uma vitória política a resistência afegã. Mais confiantes tanto no campo diplomático como no de batalha, os
mujahidins não mais iriam buscar algum tipo de comprometimento ou entendimento político com o regime, mas
aceitariam apenas vitória total.[81]

Abril de 1985 – Janeiro 1987: Estratégia de retirada


O primeiro passo tomado antes do início da retirada foi a gradual
transferência do fardo de liderar a luta contra os mujahidins. As
forças afegãs lentamente começaram a assumir esta responsabilidade,
para eventualmente ter que agir sem qualquer tipo de ajuda russa.
Durante esta fase, os soviéticos começaram a assumir papel de apoio,
dando suporte com artilharia, incursões aéreas e assistência técnica e
logística, apesar da presença de tropas soviéticas em algumas batalhas
ainda era necessária.[82]

Sob liderança dos soviéticos, as forças do governo comunista do Um soldado soviético combatendo no
Afeganistão, 1988.
Afeganistão construiram um exército de 302 000 homens em 1986.
Para evitar que esta força pudesse ameaçar o governo central e dar
um golpe, as unidades militares foram dividias em vários braços, seguindo o modelo soviético. Contudo, o regime
nunca conseguiu fazer total uso destes números, já que sofria com altos índices de deserção. Só as forças terrestres
tinham uma média de 32 000 deserções por ano.[82]

A decisão de fazer com que o exército afegão assumisse a maioria das missões de combate partiu dos soviéticos, mas
foi mal recebida pelos comunistas afegãos, que viam a partida de seus protetores com maus olhos. Em maio de 1987,
os militares afegãos atacaram posições dos mujahidins no distrito de Arghandab, mas não conseguiram muito sucesso
e acabaram sofrendo pesadas baixas durante a luta.[83] Na primavera de 1986, uma nova ofensiva na província de
Paktia conseguiu sobrepujar os islamitas em Zhawar, mas o custo da vitória foi extremamente alto em termos de
números de vidas perdidas.[84] Enquanto isso, os mujahidins se beneficiaram do aumento do apoio estrangeiro a sua

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causa. Mais armas e suprimentos vinham dos Estados Unidos, da Arábia Saudita, do Paquistão e de outras nações
muçulmanas. Os americanos tendiam a concentrar sua ajuda nas forças comandadas por Ahmed Shah Massoud
(considerado um islâmico moderado). A ajuda aos combatentes de Massoud aumentou consideravelmente na
administração do presidente Reagan, através da chamada "Operação Ciclone".[85][86]

Janeiro de 1987 – Fevereiro de 1989: A evacuação


A chegada de Mikhail Gorbachev ao poder na União Soviética em
1985 e sua "nova ideologia" para políticas internas e externas foi
provavelmente o fator decisivo para a decisão de retirada total das
forças soviéticas do Afeganistão. Gorbachev tentou mudar os anos de
estagnação do governo Brezhnev e, acima de tudo, queria reformar a
economia do país e sua imagem pelo mundo, através dos programas
Glasnost e Perestroika. O novo premier soviético queria quebrar as
tensões com o Ocidente, através de acordos como o Tratado de Forças
Blindados soviéticos abandonados no
Nucleares de Alcance Intermediário, assinado em 1987, e começou Afeganistão.
uma retirada consistente do Afeganistão. A ocupação do país, que já
atraia condenações cada vez mais fervorosas internacionalmente,
também começou a se tornar tremendamente impopular entre o povo da União Soviética. Gorbachev afirmou que a
ruptura com a China e a militarização da fronteira entre os dois países foram alguns dos maiores erros da
administração de Brezhnev. Pequim já tinha afirmado que apenas retomaria as relações normais com Moscou se estes
removessem suas tropas do Afeganistão e em 1989, com esta concluída, a liderança dos dois países se reuniu pela
primeira vez em trinta anos.[87] Ao mesmo tempo, Gorbachev também aconselhou seus aliados cubanos a diminuir e
desescalar suas atividades em Angola.[88] Os russos também começaram a retirar suas tropas da Mongólia em 1987, e
conteve a invasão vietnamita do Camboja, que acabou terminando em 1988. Essa política de retirada das forças
soviéticas de territórios em disputa evidenciava uma mudança na política externa de Moscou.[89]

No começo de 1988, a retirada das tropas soviéticas do Afeganistão começou a todo vapor. As operações de combate
caíram drasticamente.[89] Em setembro, um caça MiG-23 russo derrubou um F-16 paquistanês e dois AH-1J Cobra
iranianos, que haviam penetrado no espaço aéreo afegão.[90]

Uma exceção a retirada foi a Operação Magistral, que, conduzida por forças afegãs e russas, limpou as estradas entre
Gardez e Khost, que estavam em mãos dos guerrilheiros islâmicos. O efeito desta ação não durou muito, mas serviu
para ajudar os soviéticos a, simbolicamente, encerrar sua missão naquele país com uma vitória.[91]

A primeira metade do contingente soviético no Afeganistão se retirou


entre 15 de maio e 16 de agosto de 1988 e a segunda metade saiu entre
15 de novembro e 15 de fevereiro de 1989. A fim de garantir uma
passagem segura, os soviéticos haviam firmado acordos de cessar fogo
com alguns comandantes dos mujahidins.[92]

O general Yazov, ministro da defesa soviético, ordenou então que o


40º Exército violasse seu acordo com Ahmad Shah Massoud, um líder
mujahidin, que comandava os insurgente no vale de Panjshir, e
O general Boris Gromov, comandante do atacou suas forças que não estavam esperando essa investida. O
40º Corpo do Exército russo, anunciando ataque serviria para proteger Najibullah, que não havia firmado
a retirada das tropas soviéticas do qualquer acordo de cessar fogo com Massoud. Os russos temiam que
Afeganistão.
o comandante rebelde atacasse as forças soviéticas em retirada.[93] O
general Gromov, comandante do 40º Exército, foi contrário a esta
operação, mas obedeceu a ordem. A operação "Typhoon" começou em 23 de janeiro e prosseguiu por mais três dias, se
tornando o último grande combate travado pelas forças soviéticas no Afeganistão. Para minimizar suas baixas, os

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soviéticos evitaram combates próximos, usando artilharia, mísseis e outros tipos de armamento pesado. Várias baixas
civis foram reportadas. Massoud então ordenou um contra-ataque.[94] No final, os mujahidins tiveram de recuar,
perdendo ao menos 600 homens entre mortos e feridos.[93]

Após a retirada das forças soviéticas, as tropas do regime comunista do Afeganistão tiveram de lutar sozinhas e com
poucas provisões. Dada as circunstâncias, acreditou-se que eles não conseguiriam resistir por muito tempo. Contudo,
o governo central conseguiu uma importante vitória na batalha por Jalalabad.[89]

O governo do presidente Karmal, considerado um regime


fantoche, era visto como ineficiente. Divisões dentro do
partido comunista local e a facção Parcham levou a um
enfraquecimento do poder central. Tentativas subsequentes
de apelar por unidade nacional e de conquistar mais apoio
popular acabaram falhando. Moscou viria a culpar Karmal
pelo fracasso na guerra. Três anos depois, quando o regime
de Karmal estava prestes a cair, Mikhail Gorbachev,
presidente do Comitê Central do Partido Comunista da União
Soviética, disse "o principal motivo por não haver unidade
nacional [no Afeganistão] é que o camarada Karmal ficava só
Uma coluna de veículos blindados BTR partindo
em Cabul contando com nossa ajuda".
do Afeganistão.
Em novembro de 1986, Mohammad Najibullah, ex chefe da
polícia secreta afegã (o KHAD), foi eleito presidente da nação e uma nova constituição foi escrita. Ele introduziu, em
1987, uma política de "reconciliação nacional", elaborado por especialistas do partido comunista soviético. Apesar das
expectativas, a nova política não fez com que o regime socialista de Cabul ganhasse mais apoio popular, e tão pouco
convenceu os insurgentes a negociar com o governo.[89]

De fato, as primeiras negociações para retirada soviética do Afeganistão começaram em 1982. Em 1988, o governo
paquistanês e afegão, com os americanos e russos servindo como garantidores, firmaram um compromisso de acertar
suas diferenças através do Acordos de Genebra. As Nações Unidas enviaram uma missão para supervisionar o
processo. Nesse meio tempo, Najibullah, novo presidente afegão, havia estabilizado sua posição política o suficiente
para garantir que o seu governo não caísse mesmo após a retirada dos soviéticos. Um ano antes, em 20 de julho 1987,
foi anunciado o começo da retirada. O comando da operação ficou a cargo do tenente-general Boris Gromov, que,
naquele período, era o comandante do 40º Exército.[89]

Entre outras coisas, os Acordos de Genebra firmaram um entendimento entre os Estados Unidos e a União Soviética,
que se comprometiam a não interferir mais nos assuntos internos do Paquistão e do Afeganistão, além de organizar
um cronograma de retirada para as tropas soviéticas. Em fevereiro de 1989 já não havia mais nenhum combatente
russo no território afegão.[89]

Consequências da guerra

Reações internacionais
A administração do presidente americano Jimmy Carter colocou um Aqueles valentes
embargo econômico contra a União Soviética, especialmente focado em guerreiros com quem
commodities, como grãos e até armas. O aumento nas tensões, assim como andei, e suas famílias,
o medo da presença de tropas soviéticas tão perto do Golfo Pérsico (rico em
que sofreram por fé e
liberdade e aqueles
petróleo), efetivamente colocou um fim na chamada détente.[97]
que ainda não estão
livres, eles eram os

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A resposta diplomática da comunidade internacional foi grande, indo de verdadeiro Povo de


apenas retóricas, ao de fato boicote aos Jogos Olímpicos de Verão de 1980 Deus.
em Moscou (onde o Afeganistão competiu também). A invasão soviética, — Jornalista Rob Schultheis,
junto com outros eventos, como a Revolução Iraniana, a crise dos reféns 1992.[95][96]
americanos em Teerã, a Guerra Irã-Iraque, a Guerra do Líbano de 1982, o
aumento das tensões entre Paquistão e Índia, contribuiu para tornar o Oriente Médio e o sul da Ásia em uma das
regiões mais instáveis e violentas do mundo nos anos 80.[98]

O chamado Movimento Não Alinhado ficou dividido entre os que apoiavam a intervenção soviética e aqueles que
achavam que a invasão fora um movimento ilegal. Dentro do Pacto de Varsóvia, a ação russa foi condenada pela
Romênia.[99] Índia, uma aliada da União Soviética, se recusou a demonstrar qualquer apoio a Guerra Afegã,[100] mas,
após o fim das hostilidades, ofereceu ajuda humanitária ao governo do Afeganistão.[101][102]

Envolvimento estrangeiro e apoio aos mujahidins


Os Mujahidins afegãos receberam apoio de vários países, sendo os
Estados Unidos e a Arábia Saudita foram os que ofereceram maior
suporte financeiro.[7][8][9][103] Quando Jimmy Carter estava na Casa
Branca ele afirmou que a "agressão soviética" não era um evento
isolado ou geograficamente menos importante, mas era uma ameaça a
influência americana no Golfo Pérsico. Uma das preocupações era
também que a União Soviética tivesse um acesso direto ao Oceano
Indico, se fizesse um acordo com o Paquistão também.[47]

O conselheiro de segurança do governo Carter, Zbigniew Brzezinski, Ronald Reagan, presidente dos Estados
conhecido como um dos políticos mais "linha dura" em relação a Unidos, em um encontro com líderes
União Soviética, iniciou em 1979 uma campanha para ajudar os mujahidins afegãos na Casa Branca.
mujahidins no Afeganistão, com apoio da inteligência paquistanesa
que recebia suporte da CIA e do MI6 (a inteligência britânica).[8] Anos mais tarde, em 1997, Brzezinski deu uma
entrevista a CNN/National Security Archive onde detalhou os planos da administração do presidente Carter contra os
soviéticos em 1979:

"Nós começamos uma reação dupla quando soubemos que os soviéticos tinham entrado no Afeganistão.
A primeira foram reações diretas e sanções contra a União Soviética, e tanto o Departamento de Estado
e o Conselho de Segurança Nacional prepararam uma longa lista de sanções e passos para serem
tomados para aumentar o custo internacional para a União Soviética sobre suas ações. A segunda ação
me levou ao Paquistão um mês depois da invasão soviética do Afeganistão, com o propósito de
coordenar uma responsa em conjunto com os paquistaneses, tendo o propósito de fazer os soviéticos
sangrarem pelo maior tempo possível; e nós engajamos nesta tarefa com a ajuda dos sauditas, dos
egípcios, dos britânicos e dos chineses, e nós começamos a enviar armas aos mujahidins, a partir de
várias fontes – por exemplo, como algumas armas russas do Egito e da China. Nós até conseguimos
armamento soviético do governo comunista da Checoslováquia, já que eles estavam suscetível a
incentivos materiais; e, em um período, nós compramos armas pros mujahidins diretamente de
militares soviéticos no Afeganistão, pois aquele exército era muito corrupto".[104]

O envio de bilhões de dólares em armas e equipamentos para os mujahidins afegãos foi a operação mais cara e longa
da história da CIA.[105] A agência de inteligêcnia americana apoiou os fundamentalistas insurgentes através dos
serviços secretos paquistaneses, o Inter-Services Intelligence (ISI), em um programa conhecido como Operação
Ciclone. Pelo menos 3 bilhões de dólares foram enviados para o Afeganistão para treinar e equipar os militantes. A

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Arábia Saudita, o Reino Unido, o Egito, o Irã e a China também ajudaram os mujahidins,[106] com armas como o
lançador de mísseis portátil FIM-43 Redeye, uma poderosa arma contra aeronaves pequenas, como helicópteros. Os
paquistaneses, com seu ISI, foram os principais intermediários de armas.[47]

Foi reportado que nenhum oficial do governo americano treinou ou sequer


Olhar esses corajosos
teve contato direto com os mujahidins afegãos.[108] A CIA tinha menos de combatentes da
10 agentes na região pois temiam ser culpada ou implicada nos liberdade afegãos
acontecimentos naquele país, assim como tinha acontecido na Guatemala lutarem contra
em 1954.[109] Contudo, empregados civis e oficiais do Departamento de arsenais modernos
Estado americano e da CIA frequentemente visitavam a fronteira afegã-
com simples armas de
mão é uma inspiração
paquistanesa.[47]
para aqueles que
amam a liberdade.
O apoio paquistanês veio pelo general Muhammad Zia-ul-Haq, o
governante militar do país.[110] Para ele, apoiar os militantes islâmicos — Ronald Reagan, 21 de março de
contra os soviéticos era uma retaliação pelo apoio incondicional que a 1983[107]

União Soviética dava a Índia, maior rival regional do Paquistão. Os


paquistaneses, na maioria dos casos, contrabandeavam armas conseguidas pelos americanos, além de também
enviarem dinheiro e outros recursos humanitários.[110]

Em 1981, o governo do recém-eleito presidente americano Ronald


Reagan, um fanático anticomunista, aumentou consideravelmente a
ajuda aos mujahidins. Figuras proeminentes do cenário político e de
inteligência americano, como o congressista Charlie Wilson e o agente
da CIA Gust Avrakotos, também pediam mais ação americana.[111][112]

Em retaliação ao apoio paquistanês aos insurgentes, o serviço secreto


afegão (KHAD), sob a liderança de Mohammad Najibullah, lançou
uma série de operações contra o país vizinho. Em 1987, cerca de 127
incidentes resultaram em 234 mortes no Paquistão. Em abril de 1988,
um depósito de munição perto de Islamabad explodiu matando 100 Combatentes mujahidins em Asmar,
pessoas e ferindo outras 1 000. O KHAD e a KGB foram os principais 1985.
suspeitos de serem responsáveis pelo ocorrido.[113] Aviões soviéticos
ocasionalmente bombardeavam alvos no Paquistão ou na área de
fronteira. Pelo menos 300 pessoas morreram nesses ataques.
Também foi reportado combates entre caças russos e
paquistaneses.[114] Apesar do mal relacionamento, milhões de pessoas
tomaram refúgio no Paquistão para fugir dos combates. O enorme
número de refugiados acabaram aumentando a crise humanitária na
região. Em 1989, o governo paquistanês acabou oferecendo ajuda aos
soviéticos na sua retirada do Afeganistão. Os problemas gerados pelo
imenso fluxo migratório na fronteira segue até os dias atuais.[115]

Entre as facções mujahidins que mais receberam financiamento Combatentes do Spetsnaz interrogando
um mujahidin capturado, em 1986.
externo, destacava-se aquela lidera por Gulbuddin Hekmatyar.[37]

Surgimento da Al-Qaeda
Durante a guerra, entre as facções mais extremistas dos mujahidins, surgiu a al-Qaeda. Supostamente, eles estavam
entre os grupos que receberam dinheiro, armas e outros tipos de ajuda vindo dos americanos e seus aliados. Os
combatentes que viriam a servir na al-Qaeda ganharam proeminência por sua bravura em combate contra os
russos.[116] Os americanos afirmariam mais tarde que a organização liderada por Osama Bin Laden estava "fora da
alçada da CIA" e que eles não receberam apoio destes, porém esta informação é muito contestada.[117]
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Osama Bin Laden, que era um amigo próximo do príncipe Turki al-Faisal (chefe dos serviços de inteligência da Arábia
Saudita entre 1977 e 2001), e de Ahmed Badeeb (na época chefe de gabinete de serviços de inteligência da Arábia
Saudita), foi a principal liderança entre os cerca de 4 000 sauditas que lutaram no Afeganistão. Os sauditas eram
apenas uma parte dos cerca de 100 mil combatentes estrangeiros, que foram financiados, armados e treinados pela
CIA e Arábia Saudita para lutar ao lado dos fundamentalistas.[118]

Envolvimento da China
Durante a chamada ruptura sino-soviética, as relações entre a China e a União Soviética se deterioraram, desde o final
da década de 1960. O governo chinês tinham relações pífias com o Reino Afegão. Quando os comunistas pró-Moscou
assumiram o poder em Cabul, em 1978, as relações com a China, também comunista, surpreendentemente pioraram.
Os afegãos apoiaram os inimigos dos chineses no Vietnã e os acusaram de apoiar os extremistas. O governo chinês
respondeu a invasão soviética do Afeganistão apoiando os mujahidins e aumentando sua presença militar nas regiões
próximas. A China também teria até recebido equipamento militar americano para se defender de um possível ataque
russo.[119]

Em cima, soldados soviéticos retornando para casa, em outubro de 1986. A baixo, um soldado russo em serviço
no Afeganistão, em 1988.

O Exército de Libertação Popular chinês treinou e apoiou os mujahidins. A maioria dos campos de treinamento se
mudaram do Paquistão para a própria China. Mísseis antiaéreos, lançadores de foguetes e metralhadoras, avaliados
em milhões de dólares, foram dados aos fundamentalistas pelos chineses. Conselheiros militares da China teriam
inclusive ido até o território afegão para fornecer mais ajuda.[119]

As forças soviéticas e suas baixas


Entre 25 de dezembro de 1979 e fevereiro de 1989, um total de 620 000 soldados soviéticos serviram no Afeganistão
(no auge das operações, entre 80 000–104 000 serviam na guerra): 525 000 eram do exército, 90 000 eram militares
da fronteira e também havia sub-unidades que respondiam a KGB, além de forças policiais variadas. Outros 21 000
militares soviéticos também serviram na guerra afegã com deveres burocráticos.[120]

As perdas sofridas pelas forças soviéticas foram extensas. Foi reportado que, entre todas as unidades de serviço e
segurança, um total de 14 453 combatentes morreram. O exército teria perdido 13 310 homens, a KGB sofreu 572
baixas e a polícia soviética perdeu 28 em operações. Cerca de 20 cidadãos soviéticos de outros departamentos ligados

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ao conflito também perderam a vida. Ao fim da guerra, cerca de 312 militares permaneciam desaparecidos ou foram
feitos prisioneiros. Destes, cerca 119 foram soltos, com 97 retornando para a Rússia e outros 22 indo a outras
repúblicas soviéticas.[121]

As unidades de combate também reportaram que ao menos 53 753 homens foram feridos, e mais 415 932 adoeceram.
As doenças foram uma das principais responsáveis pelas baixas soviéticas nesta guerra. As condições climáticas e
sanitárias no Afeganistão eram bem ruins, o que fez com que doenças e infecções se espalhassem muito rapidamente.
Foi registrado 115 308 casos de hepatite entre as tropas soviéticas, além de 31 080 casos de febre tifoide. Outros 140
665 militares foram retirados de serviço por outras doenças. Durante a década que o conflito durou, cerca de 11 654
soviéticos foram dispensados por motivo de ferimentos ou enfermidades, além de pelo menos 10 751 homens
acabaram incapacitados com alguma sequela física. Outros milhares mais tiveram problemas psicológicos devido a
brutal natureza do conflito.[122]

As perdas materiais também foram altas:[121]

Pelo menos 451 aviões foram perdidos (incluindo 333 helicópteros)


147 tanques de guerra
1 314 veículos de transporte de tropas e equipamentos (VCIs/VBTPs)
433 peças de artilharia e morteiros
11 369 caminhões e outros veículos menores.

Destruição no Afeganistão
Estima-se que entre 850 000 e 1 500 000 afegãos morreram neste
conflito.[123][124] Outros 5 a 10 milhões se refugiaram no Paquistão ou
no Irã (cerca de um terço da população pré-guerra) e outros dois
milhões ficaram desalojados no país. Em meados da década de 80,
quase metade de todos os refugiados no mundo eram afegãos.[125]

Felix Ermacora, um enviado da ONU


Soldados afegãos em um desfile do "Dia
para o Afeganistão, afirmou que,
da Vitória Mujahidin".
devido aos combates, pelo menos 35
000 civis morreram apenas em 1985,
15 000 em 1986 e pelo menos 14 000 em 1987. Ermacora também notou que ataques
feitos por forças antigoverno, como os feitos em Cabul, causaram a morte de mais de 4
000 civis em 1987.[126] O analista R.J. Rummel estimou que as tropas soviéticas foram
diretamente responsáveis pelo democídio (assassinato) de 250 000 civis durante a
guerra, e o governo afegão foi responsável por outras 178 000 mortes.[127]

Além das fatalidades, outros 1,2 milhões de civis foram incapacitados (a maioria por
mutilações, sendo que este número compreende os mujahidins, soldados do governo e
Militares americanos e civis) e outros 3 milhões foram feridos (a maioria não combatentes).[128]
combatentes
mujahedins feridos na Antes mesmo da guerra começar, o país já era um dos mais pobres do mundo. Os
base aérea de Rhein,
combates prolongados por décadas levaram o Afeganistão da posição 170 para a 174 na
em Frankfurt,
lista do IDH dos países, uma das piores marcas.[129] A agricultura, uma das principais
Alemanha.
fontes de recursos do país sofreu muito com a guerra. Sistemas de irrigação, cruciais
devido ao árido clima afegão, foram destruídos em diversos bombardeios aéreos feitos
pelos soviéticos ou pelo governo central afegão. Em um dos piores e mais intensos anos da guerra, 1985, mais da
metade dos fazendeiros que ainda estavam trabalhando tiveram suas plantações bombardeadas e ainda tiveram um
quarto do seu sistema de irrigação destruídos. Também houve denúncias de que soldados soviéticos e do regime
matavam o gado e outros animais dos fazendeiros, como informou alguns observadores suecos.[125]

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A população da cidade de Kandahar, a segunda maior do Afeganistão, que era de 200 000 antes da guerra caiu para 25
000 perto do seu fim, após meses de combates e, principalmente, bombardeios feitos por forças soviéticas ou por
soldados do regime comunista afegão.[130] Minas terrestres também foram um problema, matando ao menos 25 000
pessoas durante a guerra. No fim dos grandes combates, foi estimado que entre 10 e 15 milhões de minas ainda
estavam ativas (a maioria plantada pelos russos) e, até os dias atuais, ainda assolam a população.[131] O Comitê
Internacional da Cruz Vermelha estimou, em 1994, que levaria ao menos 4 300 anos de trabalho para remover todas
as minas plantadas no Afeganistão.[132] As crianças se tornaram algumas das maiores vítimas das minas e do conflito
em si. Em um campo de refugiados na cidade paquistanesa de Quetta, uma pesquisa notou que a taxa de mortalidade
infantil dentre os recém nascidos era de 31%, sendo que 80% das crianças nascidas nem eram registradas. A pesquisa
também revelou que 67% das crianças estavam mal nutridas.[133]

Também houve denúncias de que as forças soviéticas usaram armas


químicas no conflito, a maioria mirando civis.[134][135]

Críticos das forças afegãs e russas descrevem seu efeito na cultura


afegã em três estágios: primeiro, o centro da cultura afegã habitual, o
islã, foi deixado de lado; segundo, padrões de vida soviético,
especialmente dos jovens, foram importados; terceiro, características
culturais compartilhadas pelos afegãos foram destruídos pela ênfase
nas chamados "nacionalidades", com o resultado de que o país estava
O congressista americano Charlie Wilson
dividido em dois grupos étnicos, sem língua, religião ou cultura em
(2º da esquerda e armado com uma AK-
comum.[136]
47), vestindo roupas tradicionais afegãs
em um encontro com guerrilheiros
Os Acordos de Genebra de 1988, que levou a retirada das forças
mujahidins no Afeganistão.
soviéticas do Afeganistão um ano mais tarde, deixou o governo afegão
em ruínas. Os acordos não contemplaram direito a fase do pós-guerra
e nem mencionaram ajuda aos governos locais para reerguer a nação destruída. A percepção dos diplomatas
ocidentais era de que o governo de fantoche soviético em Cabul iria rapidamente entrar em colapso, contudo isso só
aconteceria três anos após a saída soviética do território afegão. No meio tempo, o Governo Interino Islâmico do
Afeganistão (GIIA) foi estabelecido no exílio. A exclusão da liderança dos refugiados e de nomes proeminentes da
comunidade xiita local, além das divisões internas entre as facções mujahedins, fez com que esse governo interino
nunca conseguisse se comportar como um governo de fato.[137]

Após a saída dos soviéticos da guerra, o interesse dos Estados Unidos no


Afeganistão caiu consideravelmente nos anos seguintes. Logo nos
primeiros anos da administração do governo do presidente Bill Clinton, os
americanos cancelaram quase toda a ajuda enviada aos afegãos. Os Estados
Unidos não estavam interessados em ajudar o Afeganistão a se reconstruir,
deixando esta tarefa à Arábia Saudita e ao Paquistão. O governo
paquistanês tomou vantagem desta situação e fez amizade com os chefes
militares afegãos e depois com o regime do Taliban, para tentar garantir
Guerrilheiros afegão logo após que seus interesses fossem atingidos. O crescimento das plantações do
receberem tratamento médico
ópio, acabaram por destruir boa parte da mata nativa afegã. Boa parte
especializado na Base Aérea de
dessa destruição ecológica atendia aos interesses paquistaneses.[138]
Norton, no estado da Califórnia, nos
Estados Unidos, em 1986.
Segundo um depoimento do capitão Tarlan Eyvazov, um oficial do exército
soviético e veterano da guerra, o destino das crianças afegãs "era a guerra".
Eyvazov disse que as "crianças nascidas no Afeganistão no começo do conflito [...] foram trazidas ao mundo no meio
da guerra, então isso se tornou parte da vida delas". A retirada dos russos da nação afegã deixou o país no caos e na
desordem e contribuiu para uma radicalização ainda maior do Taliban e da juventude do Afeganistão.[139]

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De acordo com um relatório intitulado CIA World Fact Book, de 2004, o Afeganistão ainda tinha uma dívida de US$8
bilhões de dólares, com a maior credora sendo a Rússia. Porém, em 2007, o governo russo concordou em cancelar boa
parte da dívida.[140]

Refugiados
Até 1988, um total de 3,3 milhões de afegãos refugiados fugiram para o Paquistão. Nos dias atuais, uma boa parcela
deste número segue vivendo naquele país. A maioria destes esta na cidade de Peshawar, ou por toda a região da
província de Khyber Pakhtunkhwa.[141][142] Ao mesmo tempo, perto de dois milhões de afegãos foram morar no Irã. O
fluxo de refugiados ficou tão grande que o governo iraniano (e paquistanês) tiveram de impor condições mais estritas
para conceder visto de entrada nos seus países. O número de deportações também aumentou consideravelmente com
o tempo.[143][144] Refugiados afegãos também foram para a Índia, e muitos até ganharam cidadania local.[145][146]
Refugiados também foram para o Norte da África, Europa, Austrália e outras partes do mundo.[147]

Guerra civil posterior


A guerra civil seguiu no Afeganistão após a retirada soviética do país.
Cerca de 400 000 civis afegãos perderam a vida nos conflitos internos
na década de 1990.[148] A saída da União Soviética acabou por piorar
a situação já deteriorada no Afeganistão, com o governo central
comunista sem força para se manter de pé sozinho. Os mujahidins
renovaram sua campanha, lançando ataques mais frenéticos em
diversas províncias e cidades, incluindo a capital Cabul.[149]

O governo de Mohammad Najibullah, acabou perdendo apoio


Dois tanques T-55 soviéticos, em 2002,
popular, território e reconhecimento internacional. Em janeiro de
abandonados durante a retirada das
1992, a Rússia encerrou completamente a ajuda militar e econômica
tropas do país do Afeganistão. Os russos
ao regime afegão. As forças comunistas conseguiram segurar vários acabaram deixando muito equipamento
ataques dos mujahidins, mas a situação se deteriorava para atrás enquanto se retiravam da
rapidamente.[150] Após a queda da União Soviética, o governo do região de combate.
presidente da Federação Russa, Boris Iéltsin, não tinha qualquer
intenção de ajudar os ex aliados socialistas do país. Deserções de combatentes, oficiais e membros da cúpula do
regime, fizeram com que os comunistas rapidamente perdessem o controle da situação. Em abril, Najibullah
renunciou e um governo de transição assumiu.[151] Os fundamentalistas, contudo, não se importavam com a queda do
comunismo. Para eles, o Afeganistão deveria se tornar um Estado islâmico. A luta então seguiu até 1996 quando Cabul
e boa parte do país caiu sob controle do regime do Talibã, que se tornou o de facto governo afegão até 2001, quando
uma invasão americana reinstalou um governo secular no poder. Nos dias atuais, o país segue em profunda
instabilidade com conflitos entre o governo pró-ocidente e os extremistas religiosos.[152][153]

Impacto ideológico
Muitos islamitas acreditavam que suas ações foram as verdadeiras razões que levaram ao colapso do império soviético.
Osama bin Laden (que lutou na guerra ao lado dos mujahedins), por exemplo, teria afirmado que que "os responsáveis
pela dissolução da União Soviética ... foram Deus e os mujahidins do Afeganistão."[154]

Percepção na antiga URSS


Em dezembro de 2009, ano aniversário de 20 anos da retirada soviética do Afeganistão, os parlamentares da Duma
fizeram uma homenagem aos veteranos daquela guerra. No dia 25 de dezembro, membros da Câmara Baixa
defenderam a ação soviética no Afeganistão e louvaram o esforço dos veteranos naquele conflito. No fim da seção, o

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parlamento afirmou em nota: "diferentes avaliações da guerra não


devem erodir o respeito do povo russo para com os soldados que
honestamente cumpriram seu dever para tentar combater o
terrorismo internacional e o extremismo religioso".[155]

Semyon Bagdasarov, membro da Duma e do movimento "Rússia


Justa", afirmou que o país deveria rejeitar os apelos do Ocidente de
ajuda as forças da ISAF (uma coalizão de nações da OTAN que ocupa
militarmente o Afeganistão) e lembrou que os Estados Unidos (que
lideram essa coalizão) era o responsável por ter colocado o Taliban no
Selo lançado no 20º aniversário da
poder duas décadas antes.[156]
retirada das forças militares soviéticas do
Afeganistão.

Memoriais

Presidente Vladimir O então presidente da Veteranos russos da Serguei Mironov,


Putin prestando Rússia, Dmitri guerra em uma presidente do Conselho
homenagem ao Medvedev, em uma celebração dos 20 anos Federal russo (o
monumento em Moscou cerimonia com da retirada soviética do parlamento),
aos combatentes veteranos da guerra no Afeganistão. depositando flores no
soviéticos mortos no Afeganistão, em 2010. memorial dos veteranos,
Afeganistão. durante as
comemorações do dia
que marcou 15 anos da
retirada russa do
território afegão.

Ver também
Crimes de guerra soviéticos
Retirada soviética do Afeganistão

Referências
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1. Borer, Douglas A. (1999). Superpowers defeated: om/event/Afghan-War)
Vietnam and Afghanistan compared. London: Cass.
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ks.google.com/?id=k86jifnA3oYC&pg=PA5&dq=ospre
2. Goodson, P. L. (2001). Afghanistan's Endless War: y+russia+afghanistan#v=onepage&q&f=false). [S.l.]:
State Failure, Regional Politics, and the Rise of .. (htt Books.google.es. ISBN 9780850456912. Consultado
ps://books.google.com/books?id=oFCfzdmnTwQC&p em 15 de fevereiro de 2012
g=PA147) [S.l.: s.n.] pp. 147, 165.
ISBN 9780295980508 6. « "Xinjiang: China's Muslim Borderland". pp157–158»
(http://books.google.co.il/books?id=GXj4a3gss8wC&p
3. «Afghanistan War – 2001–2014» (https://www.britanni g=PA157&redir_esc=y#v=onepage&q&f=true) Página
ca.com/event/Afghanistan-War) acessada em 23 de março de 2014.

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2003). «The Oily Americans» (http://www.time.com/ti Confrontation. Washington D.C.: The Brookings
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8. « "Interview with Dr. Zbigniew Brzezinski-(13/6/97)" » Republic of Afghanistan – Library of congress country
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