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Uma publicação do Geoscience Research Institute (Instituto de Pesquisas em Geociências)

Estuda a Terra e a Vida: Sua origem, suas mudanças, sua preservação.

Edição em língua portuguesa patrocinada pela DSA da IASD com colaboração da SCB.

APRESENTAÇÃO DO SEXTO NÚMERO DE


CIÊNCIAS DAS ORIGENS
TRADUZIDO PARA A LÍNGUA PORTUGUESA

A Sociedade Criacionista Brasileira, V. D. Montenegro, que aponta para um Igreja Adventista do Sétimo Dia, na pessoa
dentro de sua programação editorial, tem interessante novo campo de pesquisas do seu Presidente, Pastor Ruy Nagel,
a satisfação de apresentar o sexto número – a Biomimética. pela continuidade do apoio à publicação
deste periódico (terceiro número anual Como sempre, ficam expressos os periódica desta revista.
de 2003), versão brasileira de “Ciencia agradecimentos da Sociedade Criacionista
de los Orígenes”, editado originalmente Brasileira a todos os que colaboraram Ruy Carlos de Camargo Vieira
pelo “Geoscience Research Institute” nos para possibilitar esta publicação em Diretor-Presidente da
E.U.A. Português. Sociedade Criacionista Brasileira
Ressaltamos o artigo de fundo “A teia Renovam-se aqui os agradecimentos
de Aranha”, de autoria do Dr. Rivelino especiais à Divisão Sul-Americana da

A TEIA DE ARANHA
Rivelino V. D. Montenegro (*)

À medida que se aprofunda o conhe-


cimento científico sobre as estruturas e
mecanismos dos seres vivos, encantamo-
nos cada vez mais com a complexidade e a
funcionalidade de tais sistemas biológicos,
mesmo entre aqueles considerados “sim-
ples” ou “primitivos”.
O termo Biomimética se tornou co-
mum nos meios científicos, e se refere ao
trabalho de diversos cientistas (engenhei-
ros, químicos, físicos, biólogos, etc.) que
tentam copiar os processos biológicos e
aplicá-los em diferentes áreas tecnológicas
e científicas.

Introdução
A história está repleta de exemplos de
engenheiros, cientistas e artistas que se
inspiraram na natureza. Dentre eles, podemos
citar os irmãos Wright, que voaram após
observar o vôo rasante dos abutres. Inspirado
na estrutura dos ossos, Eiffel projetou a
famosa torre que leva o seu nome, e que
suporta seu enorme peso em suas curvas presas de cobras, e o velcro, que foi baseado no campo. E mais recentemente, tintas que
elegantes (1). Outros exemplos são as pontas no mesmo princípio daqueles carrapichos que imitam a superfície da flor de Lótus, sendo
de agulhas hipodérmicas moldadas como grudam nas meias durante uma caminhada dessa forma tintas auto-limpantes.

(*) Rivelino V. D. Montenegro é membro fundador da Sociedade Criacionista Brasileira, reside atualmente em Ontário, no Canadá, onde está fazendo seu pós-doutorado,
tendo feito seu doutorado no Max Planck Institute for Colloids and Interfaces, podendo ser contactado através do e-mail: verdier_99@yahoo.com
Neste campo científico, um dos produtos alongamento de ruptura, e é mais forte sob tem peso molecular de 30.000 Daltons,
naturais que mais chamam a atenção é a compressão (5). enquanto dentro da glândula. Fora da
teia de aranha. Inúmeros cientistas em todo Há várias glândulas localizadas no glândula, ela se polimeriza para dar origem
o mundo tentam copiar as propriedades da abdômen da aranha, as quais produzem à fibroína, que tem peso molecular em torno
seda que a aranha produz e, de maneira os fios de seda. Cada glândula produz de 300.000 Daltons (6, 3).
muito mais interessante ainda, tentam um fio para propósitos específicos. São Muitas aranhas tecedeiras reciclam
reproduzir o método que as aranhas conhecidas sete diferentes glândulas. suas teias. Isso acontece porque a teia
utilizam para fabricar a teia. Cada aranha, entretanto, possui apenas tem que ser renovada freqüentemente
A tenacidade, a resistência e a algumas dessas glândulas e não todas ao e, como na sua fabricação é gasta uma
elasticidade desta seda continua a intrigar mesmo tempo. grande quantidade de nitrogênio, a aranha
os cientistas, que se perguntam o que dá As glândulas conhecidas como se alimenta da teia para reaproveitar o
a este material natural suas qualidades Ampullaceae (Maior e Menor), são usadas nitrogênio(3).
inusitadas. Mais fina que um fio de cabelo, para produzir os fios por onde a aranha As aranhas produzem uma série de
mais leve que o algodão, e (nas mesmas anda. A glândula Pyriformes é usada diferentes fibras, nas quais a seqüência de
dimensões) mais forte que o aço, a teia para produção dos fios conectivos. A aminoácidos das proteínas componentes
”atormenta” os cientistas que tentam glândula Aciniformes produz fios para o são precisamente controladas a fim de
copiar suas propriedades, ou sintetizá-la, encapsulamento da presa. A glândula ajustar as propriedades mecânicas de cada
para produção em larga escala. Várias Tubiliformes produz fios para os casulos. A teia para sua função específica (7).
aplicações desse novo material surgem glândula Coronatae é usada para produção A matéria prima inicial que as aranhas
na mente dos pesquisadores, tais como de fios adesivos (6). usam para tecer a teia é uma solução
roupas e sapatos à prova d’água, cabos Normalmente, a aranha tem três pares líqüida cristalina, contendo proteínas, que
e cordas, cintos de segurança e pára- de órgãos (equivalentes a “máquinas de flui facilmente pelas tubulações presentes
quedas mais resistentes, revestimento anti- fiar”) que produzem os fios. Mas há aranhas no abdômen da aranha. A solução
ferrugem, pára-choques para automóveis, que possuem apenas um par ou mesmo contém 50% de proteína, concentração
tendões e ligamentos artificiais, coletes à quatro pares destes órgãos. Há pequenos que normalmente acarreta altíssima
prova de balas, etc (2). tubos, que são conectados às glândulas. viscosidade, fazendo que o processo de
Um fio comum da seda de teia de O número de tubos pode variar entre 2 e tecer a teia em laboratório se torne inviável.
aranha é capaz de estender-se por até 70 50.000 (Figura 1). Entretanto, as aranhas conseguem resolver
km sem se quebrar sob seu próprio peso, A seda da teia de aranha é constituída este problema mantendo as proteínas
e pode ser esticado até 30 ou 40 % além principalmente de uma proteína que numa conformação enrolada enquanto
de seu comprimento inicial, sem se romper, estão tecendo a teia, e só em seguida é
enquanto o nylon suporta apenas 20 % de que as proteínas deixam essa conformação
estiramento (3). A seda que a aranha produz enrolada, esticando-se e arranjando-se
tem tal resistência que se chegou à hipótese para produzir a elasticidade final do fio (8).
de que, caso fosse possível construir uma Os fios de seda da teia da aranha são
teia com a espessura do fio equivalente compósitos macromoleculares de domínios
ao de uma caneta esferográfica, tal teia de proteínas amorfas, que possuem ligações
seria capaz de parar um Boeing 747 em cruzadas e são reforçadas por microcristais
pleno vôo! (3, 4) (β-sheets). A quantidade de ligações
Os fios de seda da teia de aranha já cruzadas e de reforços de microcristais
foram usados antigamente nos retículos determina importantes propriedades
de lunetas astronômicas, micrômetros e mecânicas (9, 10). Por exemplo, os primeiros
outros instrumentos ópticos. Algumas tribos fios a serem tecidos, que são utilizados
da América do Sul empregaram as teias como bases de sustentação da teia, contêm
de aranha como hemostático em feridas. de 20 a 30 % de cristal por volume (10, 11),
Pescadores da Polinésia usam o fio da formando uma fibra que é rígida (módulo
aranha Nephila, que é exímia tecedeira, de Young inicial igual a 10 GPa), forte e
como linha de pescar. Em Madagascar, dura (energia para rompimento igual a 150
nativos capturavam as aranhas Nephila, e MJ/m3). O fio adesivo utilizado para tecer a
obtinham rolos de fios, que eram usados espiral contém 5% ou menos de cristal por
para fabricar tecidos de cor amarelo- volume e é mecanicamente semelhante a
dourada (3). Algumas tribos na Nova Guiné borracha bem flexível, com baixa rigidez
usam teias de aranha como chapéu para (módulo de Young inicial igual a 3 MPa) e
se protegerem da chuva. alta extensibilidade (10).
Muitas fibras sintéticas, tais como Muitas companhias de biotecnologia
o kevlar e fibras de polietileno de estão interessadas no desenvolvimento de
altíssima densidade, atingem módulos proteínas transgênicas da teia de aranha
de elasticidade (Young) e tensões de para incorporação em novos materiais (8).
estiramento elevadíssimos, devido a Figura 1
cristalinidades muito altas. Em virtude da Pequenos tubos utilizados A construção da teia (12)
alta cristalinidade, estas fibras tendem a para a fiação da teia. Como a aranha constrói a sua teia?
ser quebradiças, não sendo assim muito (Cortesia Ed. Nieuwenhuys – referência
resistentes quando sob compressão. original: E. Kullmann, H. Stern, Leben am A parte mais difícil parece ser o primeiro
O fio da teia de aranha, entretanto, seidenen Faden, Die rätselvolle Welt der fio. Mas a solução é simples. A aranha
apesar de não atingir os módulos de Spinnen, 1975, Verlagsgruppe Bertelsmann produz um fio que fica preso por uma das
elasticidade (Young) extremamente altos Verlag, München, Alemanha, ISBN 90 222 extremidades a um ponto inicial, e a outra
de algumas fibras sintéticas, possui um alto 0239 9) extremidade é levada pelo vento para então

2 Nº 6 Ciências das Origens


prender-se em algum outro ponto (exemplos: da teia. Um dos estudos mais interessantes,
galho de árvores, parede, etc). Neste estágio realizado por cientistas da NASA, mostrou
a aranha conta com a ajuda do vento (em que é possível detectar a toxicidade de
locais sem vento a aranha precisa carregar substâncias químicas injetando-as em
o fio até encontrar outro ponto de fixação). aranhas e verificando como a teia é então
Assim, forma-se a primeira ponte (Figura construída. Os resultados mostraram
2-A). A aranha, cautelosamente, cruza o fio
inicial reforçando-o com um segundo fio. O
processo é repetido até que o fio esteja forte
o suficiente.
Depois deste fio, a aranha constrói um fio
folgado (Figura 2-B) e em seguida, a partir
deste fio, tece um terceiro formando um Y
(Figura 2-C). Estes são os primeiros 3 raios
da teia. Uma armação é então construída para
conectar os outros raios (Figura 2-D).
Os raios da teia são então terminados Figura 2-F
(Figura 2-E). A distância entre os raios nunca Construção da espiral.
é maior que o alcance da aranha. Agora o (Cortesia Ed. Nieuwenhuys (12) ).
fio adesivo é traçado entre os raios a partir
do centro da teia, formando a espiral (Figura uma relação direta entre a toxicidade
2-F). das substâncias e a desorganização na
Há muitas variações (13) na maneira das construção da teia, ou seja, quanto mais
Figura 2-C tóxica a substância, mais deformada será a
aranhas construírem suas teias; o exemplo
Construção dos três teia. Foram testadas drogas como maconha,
mostrado é um dos mais simples. A forma como
primeiros raios da teia. cafeína e outras. No caso da cafeína, por
se constrói a teia está sujeita a vários fatores,
(Cortesia Ed. Nieuwenhuys (12) ) exemplo, a aranha só conseguiu tecer
desde a espécie de aranha até as condições do
ambiente onde a teia será construída. alguns fios e de forma bastante aleatória. A
Há vários estudos na literatura científica partir destes resultados, os pesquisadores
sobre fatores que influenciam a construção acham ser possível, com a ajuda de um
programa de computador, quantificar
estes efeitos e produzir assim um novo
mecanismo para teste de toxicidade (14).

Por que a aranha não fica grudada na


própria teia? (15)
A aranha coloca-se no centro de sua
teia e ali espera imóvel que algum inseto
fique preso nela. Assim que isto acontece,
a aranha orienta-se na direção do inseto
e move-se sem hesitar ao longo de algum
dos fios radiais, afastando-se do centro da
teia para rapidamente segurar a presa.
Esta ação da aranha não constitui
Figura 2-D
nenhum risco para si mesma, visto que toda
Construção da armação para conectar
a seda utilizada para construir o centro, os
os demais raios da teia.
Figura 2-A fios radiais, e os fortes fios de sustentação,
(Cortesia Ed. Nieuwenhuys (12) ).
Fio inicial. não é adesiva. Somente a seda produzida
(Cortesia Ed. Nieuwenhuys (12) ) para construir a espiral que conecta os
fios radiais, é coberta com uma forte cola.
Contudo, quando observamos a aranha
andando rapidamente ao longo dos fios
radiais, ela regularmente toca a espiral
adesiva com suas pernas, ao se aproximar
da vítima o mais próximo possível a fim
de imobilizá-la, envolvendo-a com a teia e
dando-lhe uma mordida venenosa fatal.
Evidentemente, a aranha não teme ficar
grudada em sua própria teia, e caminha
facilmente ao longo dos fios não adesivos,
bem com sobre os adesivos. Como, porém,
ela é capaz disso? Para responder tal
pergunta somos forçados a examinar em
alta resolução as pernas de uma aranha.
Figura 2-B Figura 2-E O que vemos num primeiro relance são
Construção do segundo fio. Construção dos raios. duas garras escuras e serrilhadas (Figura
(Cortesia Ed. Nieuwenhuys (12) ) (Cortesia Ed. Nieuwenhuys (12) ) 3-A). Elas são usadas para se ter um bom

Nº 6 Ciências das Origens 3


controle sobre a superfície lisa dos galhos
e folhas de árvores, entre as quais a aranha
constrói a teia, e também para mover-se
sobre o solo. Em frente destas garras há
uma garra menor, fortemente fixada, que
é cercada por um certo número de pêlos
encurvados. A impressionante diferença
entre estes pêlos e os demais presentes
em outras partes das pernas da aranha
não é apenas o fato de serem encurvados,
mas também deles serem providos de
um considerável número de pequenos
”espinhos”. Estes pêlos e a terceira garra
exercem juntos uma função crucial na
capacidade das aranhas se locomoverem
em suas próprias teias.
Com a ajuda das Figuras 3-B, 3-C, e 3-D, Figura 3-D
é possível entender o que acontece quando Soltando o fio
a aranha coloca a ponta de uma de suas (Cortesia Ben Prins (15) )
Figura 3-B
pernas contra um fio (Figura 3-B). A terceira
Antes de segurar o fio (thread)
garra é inclinada para trás e sua ponta aguda controla a composição química da teia
(Cortesia Ben Prins (15) )
direciona-se obliquamente. O fio é empurrado (processos ainda longe de serem copiados)
contra os pêlos elásticos. Então a terceira garra para cada finalidade bem específica,
gira para frente (Figura 3-C), o gancho agarra risco de ficar presa nela, pode existir ainda outro mostra o quanto tais sistemas biológicos
o fio, forçando o fio e os pêlos para trás. Agora mecanismo. Em alguns livros se menciona requerem um planejamento e, portanto,
que uma secreção oleosa cobre as pernas da um planejador.
aranha, impedindo-a de ficar presa nos fios Segundo os evolucionistas, as aranhas
adesivos. Embora esta possibilidade pareça surgiram há aproximadamente 125 milhões
plausível, até agora nenhuma publicação de anos, porém estudos recentes mostram
científica apoiou tal afirmação. Por enquanto, que a teia parece ter sofrido pouquíssimas
a única explicação para o fato da aranha não modificações durante todas essas
ficar presa à sua própria teia é o formato muito eras(17,18), ou seja, parece que as aranhas
especial das extremidades de suas pernas. já surgiram com um sistema extremamente
desenvolvido para solucionar o problema
Considerações Finais da sobrevivência da espécie (19), o que
As propriedades mecânicas da seda parece ser bastante paradoxal para a teoria
da teia de aranha são superiores à da evolução!
maioria das fibras sintéticas. Além do
mais, a teia exibe um comportamento não Bibliográficas
usual no qual a tensão necessária para 1. Ball, P. Nature 2001, 413-416.
romper a teia aumenta com o aumento da 2. Vide o site: www.sciencenews.org/
deformação(16). sn_edpik/ps_5.htm
Associada à verdadeira engenharia 3. Vide o site: www.geocities.com/
aplicada na construção da teia, a ~esabio/aranha/teia_e_a_seda.htm
complexidade com que a aranha tece e 4. Vide o site: www.xs4all.nl/~ednieuw/
spiders/info/spindraad.htm
5. Valluzzi, R.; Szela, S.; Autges, P.;
Figura 3-A Kirshner, D.; Kaplan, D. J. Phys. Chem.
Garras da Aranha B 1999, 103, 11382-11392.
Extremidade da perna da aranha, mos- 6. Vide o site: www.xs4all.nl/~ednieuw/
trando as garras utilizadas para caminhar spiders/infoned/webthread.html
(walking claws), a terceira garra (third claw) 7. Zhou, Y.; Wu, S.; Conticello, V. P.
e os pêlos. (Cortesia Ben Prins (15) ) Biomacromolecule 2001, 2, 111-125.
8. Mckay, D.; Davies, M. J. Trends in
a perna da aranha está segurando o fio bem Biotechnology 2001, 19, 204.
firme com uma área de superfície mínima do fio 9. Denny, M., The mechanical properties
em contato com os ”espinhos” dos pêlos e com of biological materials, Cambrige Univ.
a margem interna da terceira garra. Para soltar Press 1980, 475-559.
o fio, o gancho da terceira garra é simplesmente 10. Gosline, J. M. et al., Biomimetics, A/P
levantado e os pêlos retornam para sua posição Press. 1995, 237-261.
original, empurrando o fio para longe da perna 11. Simmons, A. H.; Michael, C. A.;
(Figura 3-D). Deste modo, mesmo um fio Jelinski, L. W. Science 1996, 271,
adesivo torna-se facilmente desprendível. 84.
Embora este dispositivo mecânico sozinho 12. Vide o site: www.xs4all.nl/~ednieuw/
Figura 3-C spiders/info/construction_of_a_web.html
possa ser suficiente para uma aranha de jardim
Segurando firmemente o fio. 13. Vide o site: www.unibas.ch/dib/nlu/
mover-se livremente por sua teia sem correr o
(Cortesia Ben Prins (15) ) staff/sz/webconstructbd.html

4 Nº 6 Ciências das Origens


14. Bonner, J. New Scientist 1995, 1975, 5. 17. Gatesy, J.; Hayashi, C.; Motriuk, D.; 19. Vide o site: http://whyfiles.org/shorties/
15. Vide o site: http://www.microscopy- Woods, J.; Lewis, R. Science 2001, 077spidersilk
uk.org.uk/mag/art97b/benspid.html 291, 2603.
16. Kaplan, D. American Chemical Society 18. Selden, P. Palaeontology 1990, 33,
Symposium 1994, 544, 176-184. 257.

O REGISTRO FÓSSIL DOS ARACNÍDEOS


Dr. Raul Esperante
Pesquisador do GRI

Segundo a escala de tempo Além de não terem sido encontrados Por último, o conhecimento que
geológica evolucionista, os aracnídeos os possíveis ancestrais, também não se temos dos aracnídeos fósseis nos indica
surgiram no Paleozóico Inferior, porém conhecem os possíveis intermediários que estavam adaptados a ecossistemas
sua origem permanece incerta. Os entre uma forma e outra durante todo o tão complexos como os atuais, e que
primeiros aracnídeos fósseis (escorpiões período em que os aracnídeos viveram sua integração ecológica era também
e aranhas) foram encontrados em rochas sobre a Terra. Se a evolução ocorreu complexa. Sua adaptação ao ambiente
do Siluriano, os quais têm sido citados no passado, e todos os organismos não foi evolutivamente progressiva
como os primeiros animais terrestres compartilham um ancestral comum, (do contrário não teriam sobrevivido),
(Robison e Kaesler, 1978). Outras tendo surgido por alterações cumulativas mas apresentavam características,
ordens aparecem em rochas a partir do (mutações), então deveríamos comportamentos e associações
Devoniano (ácaros, pseudo-escorpiões, encontrar fósseis intermediários entre ecológicas semelhantes às de seus
etc). A maioria das ordens de aracnídeos as diferentes formas. Deveríamos homólogos modernos.
modernos aparece no registro fóssil do encontrar transições graduais desde Em conclusão, qualquer modelo
Carbonífero Superior. Existem poucos formas “primitivas” até formas mais evolutivo deve explicar satisfatoriamente
fósseis do período Mesozóico, porém modernas, e uma maior diversificação o surgimento abrupto de um grupo de
os que foram encontrados são muito de formas (por exemplo, famílias), animais altamente especializado, tanto
semelhantes às espécies modernas e adaptações e especializações ao morfológica como ecologicamente,
podem freqüentemente ser atribuídos às longo do tempo geológico. No entanto, como os aracnídeos, que ademais não
famílias atuais. Finalmente, os aracnídeos o registro fóssil dos aracnídeos não deixaram nem rastro das possíveis
fósseis do Cenozóico são também muito indica que tal diversificação e as formas intermediárias que poderiam
similares aos modernos ou podem de fato supostas transições tenham ocorrido. A ter existido ao longo de mais de 300
assemelhar-se a determinados gêneros maioria das ordens atuais de aracnídeos milhões de anos. O registro fóssil é bem
ou espécies atuais. O registro fóssil do aparece em rochas do Carbonífero conhecido e suficientemente completo
Cenozóico consiste principalmente em Superior, há supostamente uns 300 para pensar que, com pequena margem
aranhas, ácaros, escorpiões e pseudo- milhões de anos (Dunlop, 1996). Os de erro, o que se tem encontrado nas
escorpiões preservados em âmbar fósseis de aracnídeos do Carbonífero e rochas sedimentares e o que ficou
(resina de coníferas) (Dunlop, 1996). do Mesozóico são estruturalmente tão registrado no passado, reflete com
Assim, o registro fóssil dos aracnídeos complexos e avançados como os do suficiente realismo o que existiu em
desperta atenção e requer uma explicação Cenozóico e os espécimes modernos. tempos passados. A ausência de fósseis
que ainda não foi satisfatoriamente Não parece existir nenhuma transição intermediários de aracnídeos e o alto
oferecida dentro dos parâmetros do mais antigo ao mais recente, do nível de complexidade e adaptação
evolucionistas. Em primeiro lugar, temos mais simples ao mais complexo, do das espécies fósseis indicam que um
que ressaltar que os primeiros fósseis de menos adaptado ao mais integrado. Os Projetista os criou em um determinado
aracnídeos aparecem abruptamente no aracnídeos do Carbonífero e Permiano momento da história do planeta.
registro fóssil. Não existem (pelo menos não somente são tão complexos como os
não são conhecidos) ancestrais desses atuais, como também são semelhantes Referências
animais, e as possíveis interpretações aos atuais, apesar de haver uma Dunlop, J.A. 1996. Arácnidos fósiles (con
não são mais que especulações diferença de uns 300 milhões de anos exclusión de arañas y escorpiones). pp.77-
baseadas em padrões morfoestruturais e entre os primeiros e os últimos na escala 92. In: Melic, A. (ed.) Volumen Monográfico:
comparações anatômicas. Os aracnídeos de tempo geológico evolucionista. Este PaleoEntomologica. Boletím de la Sociedad
aparecem como tal no registro fóssil, sem fato também conduz a uma questão Entomológica Aragonesa, 16, 206 pp.
ancestrais, sem intermediários anteriores, difícil de responder: por que razão os Robison, R. A., Kaesler, Roger L. 1987.
plenamente distintos e diferenciados de aracnídeos não evoluíram notavelmente Phylum Arthropoda, p. 263. Em: Boardman,
outros grupos de invertebrados. Os nesse intervalo de tempo de 300 milhões R. S., Cheetham, A. H., Rowell, A. J. (eds).
primeiros fósseis de aracnídeos são de anos, mas mantiveram invariáveis Fossil Invertebrates, Blackwell, Oxford,
exatamente isso: aracnídeos. suas características morfoestruturais? 713 pp.

Sociedade Criacionista Brasileira Site: http://www.scb.org.br


Nº 6 Ciências das Origens 5
HOMENS DE CIÊNCIA E DE FÉ EM DEUS
Parte XXXV
Por Dr. Ben Clausen

Allan Sandage (1926 -) teve desde demasiado grande para alguns homens
sua infância uma fascinação pelas estrelas de ciência.”
e pelo funcionamento do mundo. Era A conversão completa de Sandage foi
uma criança religiosa, que freqüentava no ano de 1980 e deu-se com a ajuda do
a Igreja Metodista enquanto seus pais testemunho de cristãos dedicados que ele
dormiam. Obteve seu Bacharelado em admirava por outras razões. Uniu-se a uma
Física na Universidade de Illinois (EUA) comunidade de fé, e passou a pertencer
em 1948, e fez seu doutorado em Física aos “Fundamentalistas Evangélicos.”
no Instituto de Tecnologia da Califórnia. Sandage afirma: “o evento da
Posteriormente fez o pós-doutorado na criação está fora do campo da ciência
Universidade de Princeton. Em 1952 e somente pode ser entendido através
começou a trabalhar com um grupo de do sobrenatural. A expansão do universo
pesquisadores dos Observatórios do é uma predição científica que aponta
Monte Palomar e do Monte Wilson, e para o evento da criação. As flutuações
como assistente do famoso Edwin Hubble. quânticas como fontes de criação são
Hubble morreu um ano depois, deixando Sandage ressalta que a ciência pode uma especulação vazia. A física não
Sandage encarregado da tarefa de tratar somente de uma área limitada provê nenhum modo de predizer este
continuar a cartografia estelar da expansão dos problemas. A astronomia não pode evento sobrenatural.” Ele considera que
do universo. Em 1997 aposentou-se, porém nos dizer o porquê, nem indicar-nos o a ciência e a religião devem relacionar-
continuou como Astrônomo Emérito do propósito. A ciência não pode nos dar base se mutuamente com seriedade, porém
Grupo de Pesquisa dos Observatórios para compreendermos a existência, o devem-se fixar claramente seus limites. A
(em Pasadena, Califórnia) pertencente à propósito, o valor moral, e o livre arbítrio. A ciência responde o que, quando e como,
Instituição Carnegie de Washington. ciência não tem significado em si mesma, e a religião responde por quê.
A continuidade dada por Sandage à porém a religião é plena de significado. Sandage se considera um homem
disciplina de observação cosmológica que Por volta dos seus cinqüenta anos, religioso. Suas vigílias à noite no telescópio
Hubble havia iniciado lançou a base para Sandage veio a compreender que deve são-lhe inspiradoras. Contudo, a ciência
responder as perguntas fundamentais haver algum princípio organizador e de encerra muitos mistérios para ele: por que
da Cosmologia: idade, tamanho, forma ordenação, que chamou de Deus. O a matemática explica tão bem o mundo; o
e, talvez, destino do universo. Para isso, mundo era demasiado mágico para ser porquê da ação à distância da gravidade de
era necessário achar o verdadeiro valor um acidente. As “conexões delicadas” Newton; o eletromagnetismo de Maxwell e
da constante de Hubble, Ho (ou seja, a necessitavam de um programa de ação. como funciona; e a mecânica quântica.
velocidade da expansão do universo) e A astronomia mostrava evidências de Em seu escritório há um frasco
o parâmetro de desaceleração (ou seja, planejamento, e mesmo a vida podia que ele chama de “Vitaminas Bíblicas
como decresce essa velocidade). Em 1929 ser melhor explicada como milagre do Superpotentes”, contendo 365 cápsulas
o valor que Hubble obteve para Ho era 500 que como casualidade. A “tremenda plásticas com versos da Bíblia. Dentre
km/seg/Mpc, porém com novas técnicas complexidade do equilíbrio químico do eles “Porquanto sois filhos, Deus enviou
usadas entre 1960 e 1970, Sandage e G. corpo humano” tinha que ser um milagre, a vosso coração o Espírito de Seu Filho”
Tammann (suíço) reduziram este valor para não poderia ser causada pela “progressiva (Gálatas 4:6). “Oh Senhor, Senhor nosso,
50. Isto trouxe a idade do universo para seleção do mais apto”. Temos que “inclinar- quão magnífico em toda terra é o Teu
cerca de 20 bilhões de anos. A constante nos ante o mistério da existência”. nome! Pois expuseste nos céus a Tua
de Hubble se baseia em dois valores: a) Entretanto, o fato da existência de majestade” (Salmo 8:1).
o deslocamento para o vermelho da luz planejamento levou Sandage ao “Deus dos
das galáxias, o que é relativamente fácil filósofos e não ao Deus das Escrituras”. Referências
de determinar, e b) a distância até essas Reconheceu que identificar a força Durbin, William A. 2003. “Negotiating
galáxias, o que é muito mais difícil. Tem organizadora como o Deus da Bíblia the Boundaries of Science and Religion:
havido muitas controvérsias acerca desses requeria um salto de fé. Não bastava The Conversion of Allan Sandage.” Zygon
valores, porém os últimos dados são mais somente o caminho da razão. Apenas um 38 (Março): 71-84.
consistentes com o valor de Ho determinado ato de vontade lhe poderia trazer paz, Sandage, Allan. 2002. Entrevista com
por Sandage. e finalmente decidiu dar o salto de fé. Philip Clayton, e “Science and religion:
Além de trabalhar com a constante de “Finalmente decidi usar minha vontade Separate closets in the same house.” In
Hubble, Sandage tem também investigado para crer”, diz Sandage. “As respostas Science and the Spiritual Quest: New
as pulsações das estrelas variáveis, a às perguntas da vida requerem um ato Essays by Leading Scientists, ed. W. Mark
evolução estelar, a primeira identificação da vontade e este ato da vontade não Richardson, Robert John Russel, Philip
óptica dos quasares e a classificação, encontra lugar no método científico. No Clayton, and Kirk Wegter-McNelly, 52-63.
formação e evolução de galáxias. Sandage cristianismo nós cremos antes de ter todas New York: Routledge.
escreveu mais de 400 artigos e cinco livros. as evidências, e então esperamos o que Thompson, Francis. 1881. The Hound
Foi premiado com as mais altas honrarias acontece. A fé precede a compreensão; e of Heaven – http://www.cin.org/liter/hound.
pela Inglaterra, Estados Unidos e Suécia temos que crer para poder entender. Esta html e http://sandhwak.tripod.com/adtxt/
(esta última equivalente ao prêmio Nobel). trajetória religiosa, às vezes, é um salto astronomy.html

Sociedade Criacionista Brasileira e-mail: ruivieira@scb.org.br


6 Nº 6 Ciências das Origens
PRIMEIRA FOTO DA TERRA E LUA
“CIÊNCIAS DAS ORIGENS” é uma publicação quadrimestral do
TIRADA DE MARTE Geoscience Research Institute, situado no
A sonda “Mars Global Surveyor”, que Campus da Universidade de Loma Linda, Califórnia, U.S.A.
está em órbita ao redor de Marte desde
1997, apontou suas câmaras para a Terra A Divisão Sul-Americana da Igreja Adventista do Sétimo Dia provê recursos para que
e tirou a primeira fotografia da Terra e da esta edição em Português de “Ciências das Origens” chegue gratuitamente a professores
Lua obtida de outro planeta. de cursos superiores interessados em estudos das Origens. Grupos de pelo menos cinco
estudantes interessados podem receber esta publicação gratuitamente solicitando-a
(alebenegas@yahoo.com.ar)
anualmente à Sociedade Criacionista Brasileira, enviando seus nomes e endereços. Outros
interessados deverão solicitar assinatura anual preenchendo o cupom que se encontra na
página 8 deste número.

Diretor Redator Redatores Associados Secretária


James Gibson David H. Rhys Edmundo Alva Ben Clausen Jan Williams
Raul Esperante
Site: http://www.grisda.org e-mail: ciencia@grisda.org
Conselho Editorial - James Gibson (Diretor do GRI), Benjamin Clausen,
Katherine Ching, Elaine Kennedy, Raul Esperante, Tim Standish
Tiragem desta edição: 2.000 exemplares

NOTÍCIAS DO CAMPO DA CIÊNCIA


Dr. David H. Rhys

A TEIA DE ARANHA MAIS ANTIGA NOVOS SATÉLITES DE JÚPITER AGRADECIMENTO


CONSERVADA EM ÂMBAR ? Duas novas descobertas de uma A Sociedade Criacionista Brasileira
Em um pedaço de âmbar achado equipe internacional de astrônomos deseja exprimir aqui seus agradecimentos
no Líbano foi encontrado o tesouro elevaram para 61 o número de satélites à Profa. Dra. Márcia Oliveira de Paula,
mais antigo da aranha – um filamento naturais conhecidos na órbita de Júpiter. Coordenadora do Núcleo de Estudos
sedoso de uma teia. Segundo os cálculos (alebenagas@yahoo.com.ar) das Origens do Centro Universitário
evolucionistas teria 130 milhões de anos Adventista, pela revisão e sugestões
– 90 milhões de anos mais velho que A MISTERIOSA ROCHA DO feias para o aprimoramento da tradução
os restos paleontológicos conhecidos DECÁLOGO dos artigos e notícias constantes desta
até agora. A teia tem 4 milímetros de Ao pé de uma montanha no Estado publicação.
comprimento e é do tipo de seda viscosa de Novo México, E.U.A., a oeste da
similar às fibras pegajosas que algumas localidade de Los Lunas, há uma rocha
aranhas modernas usam para caçar suas de 70 toneladas com inscrições cinzeladas
presas. O biólogo que o estudou, Samuel que antes eram um mistério para os
Zschokke, da Universidade de Basel, na indígenas do lugar, e agora o é também
Suíça, disse que, apesar de sua idade, tem para os arqueólogos, historiadores e
todas as semelhanças com a teia de aranha outros. Em 1800 os índios informaram
moderna. Zschokke descreve este delicado aos brancos a existência dessa rocha.
fóssil na revista Nature de 7 de agosto. Os brancos de então não conseguiram
Indica que sem dúvida pertence a um ler as inscrições, e só recentemente os
ancestral das aranhas de “patas de pente” eruditos se aperceberam que a escrita era
que são os aracnídeos que produzem teias hebraico-fenícia, quase idêntica ao alfabeto
viscosas sobre as árvores, e assim a teia usado na Pedra Moabita. A segunda
foi englobada pela resina que exsuda da surpresa foi que a inscrição é o Decálogo.
árvore. (Sc.N.Ag. 30-03). Tinha algumas pequenas abreviações,
porém eram os 10 mandamentos de
NOVO METEORITO LUNAR Êxodo 20. O geólogo George Morehouse
Desde o ano 2000, foram recolhidos 443 calculou que a inscrição tem
meteoritos na Antártida. Vários deles têm 3.000 anos, o que a leva ao
sido classificados na categoria de brechas tempo do rei Salomão. Talvez
lunares. Agora um dos últimos, o LAP I Reis 9:26-27 ajude a explicar
02205, foi classificado como basalto lunar. como os hebreus chegaram às
É o primeiro exemplar de basalto lunar Américas 1000 anos antes da era
encontrado pelo Grupo Norte Americano cristã. A Sociedade de Epigrafia
ANSMET (Ant. Met. Nwsl. Ago. 2003). fez uma tradução certificada
da inscrição, pois a descoberta
afeta muitos detalhes da história
antiga e do mundo conhecido
antes de Colombo. Veja mais
em http://www.christian911.com/
c911/postdisplay/dosplaypost.
asp?section_id=2&post_
id=7100).

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Para a assinatura anual (com 3 números) de “Ciências das Origens” em
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