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Trocas gasosas em seres

multicelulares
Trocas gasosas nas plantas
 A respiração, a fotossíntese e a transpiração permitem a obtenção
e o transporte de matéria até às células e a sua utilização na
obtenção de energia e estão associadas a trocas gasosas.
Trocas gasosas nas plantas
As trocas gasosas são mais intensas nos órgãos fotossintéticos.
 Estomas: estruturas que permitem as trocas gasosas controlando a
quantidade de gases absorvidos e libertados devido à capacidade que
têm de abrir e fechar.
A abertura e o fecho dos estomas são condicionados pela pressão de
turgescência das células-guarda (ou estomáticas).
Formação porosa que se apresenta na epiderme das plantas lenhosas e que funcionalmente
substitui os estomas; lentícula.
Trocas gasosas nas plantas
 Quando as células-guarda ganham água, aumenta a pressão de turgescência, a
região mais fina da parede das células-guarda deforma-se mais facilmente do
que a região mais espessa , levando à abertura do estoma.

 Quando as células-guarda perdem água, a pressão de turgescência diminui


(ficam plasmolisadas), permitindo às células-guarda aproximarem-se, fechando
o estoma.
Trocas gasosas nas plantas
 A variação da turgescência das células-guarda pode estar associada à
concentração de certos iões nas células, à concentração de dióxido de
carbono, à luz, à temperatura, ao vento ou ao conteúdo de água no solo.
Mecanismo de abertura dos estomas
A captação de iões K+, por transporte ativo, para
o interior das células estomáticas aumenta a
sua pressão osmótica. Torna o meio celular
hipertónico. Célula
estomática Ostíolo

Este aumento de pressão leva à entrada de


água por osmose, provocando a turgescência
destas células.

O aumento da pressão de turgescência sobre


as paredes encurva as paredes que delimitam o
ostíolo, provocando a abertura do estoma.

Abertura Fecho
(células estomáticas (células estomáticas
A saída de K+ por difusão para as células
vizinhas provoca a plasmólise das células túrgidas) plasmolisadas)
estomáticas (torna o meio celular hipotónico) e
a redução da pressão de turgescência,
conduzindo ao fecho dos estomas.

https://app.escolavirtual.pt/lms/playerteacher/resource/14907488/E?se=&seType=&coId=15433524&bkid=23626440 –
atividade prática – simulação da abertura e fecho dos estomas
https://www.youtube.com/watch?v=3zJxRV98F_w
https://www.youtube.com/watch?v=xfHJ5C0HNP4 – Cierre estomático en tiempo real
Fatores que influenciam a abertura e fecho dos estomas

As plantas obedecem a um ritmo circadiano (ritmo biológico diário), por exemplo: de uma forma geral,
os estomas fecham à noite e abrem durante o dia.
Fatores implicados no processo de abertura e fecho dos estomas:
- Luz solar – a luz estimula um mecanismo que permite a entrada de K+ por transporte ativo para as
células-guarda, o que conduz à abertura do ostíolo.
- Quantidade de água – se a planta estiver em stress hídrico (Carência de água) produzirá uma hormona
vegetal – ácido abscísico (ABA) que conduz à saída de K+ garantindo o fecho dos ostíolos.
Trocas gasosas nos animais
Nos animais existe um conjunto de estruturas que permitem as trocas
gasosas com o meio externo designadas superfícies respiratórias.

O movimento dos gases respiratórios (O2 e CO2) quer ao nível das


superfícies respiratórias, quer ao nível das células, ocorre sempre por
difusão simples.

Difusão direta: as trocas gasosas ocorrem entre o meio externo e as


células.

Difusão indireta: há a intervenção de um fluído circulante – o sangue,


que transporta os gases respiratório das células para o exterior e vice versa.

As trocas gasosas denominam-se hematose.

https://www.youtube.com/watch?v=LXGG-HgtJoI
Trocas gasosas nos animais
Características das superfícies respiratórias
São superfícies sempre húmidas – deste modo favorece-se a difusão de
oxigénio e dióxido de carbono.

São estruturas com uma espessura muito reduzida, em regra possuem


um única camada de células que separa o meio interno do meio externo.

A sua morfologia permite uma maior área de contacto entre o meio


interno e externo.

São altamente vascularizadas (no caso da difusão ser indireta) uma vez
que é o sangue que tem como função o transporte dos gases respiratórios.
Trocas gasosas nos animais
Hidra e planária

Difusão direta: as trocas gasosas ocorrem entre o meio externo e as

células. Seres vivos sem estruturas respiratórias.


Trocas gasosas nos animais
Através da superfície corporal
Minhoca
A pele (tegumento) do organismo funciona como uma superfície
respiratória.
O oxigénio passa através do tegumento para o fluído circulante (difusão
indireta). Este movimenta-se num sistema circulatório fechado até junto das
células.
Trocas gasosas nos animais
Através da superfície corporal
Este tipo de trocas gasosas denomina-
se hematose cutânea, uma vez que
ocorre ao nível do tegumento.
A rã e outros anfíbios são exemplos de
animais vertebrados que também
apresentam este tipo de hematose.
Trocas gasosas nos animais
Através da superfície corporal
A pele ou tegumento dos animais que apresentam hematose cutânea
apresenta:

 Um elevado número de
glândulas que produzem muco.
Desta forma a pele estará
sempre húmida facilitando as
trocas gasosas.

 Há uma extensa
vascularização o que facilita a
difusão dos gases respiratórios.
CO2 O2
Trocas gasosas nos animais
Através de brânquias
Peixes
A superfície respiratória nos peixes
ósseos são as brânquias, estas localizam-
se nas câmaras branquiais, uma de cada
lado da cabeça e estão cobertas pelo
opérculo – proteção óssea.
As brânquias são constituídas por uma
enorme quantidade de lamelas
ricamente vascularizadas e a sua
morfologia permite uma grande área de
contacto entre o meio externo (água) e o
meio interno.
Trocas gasosas nos animais
Através de brânquias
Ocorre uma difusão indireta, uma vez que é o sangue que recebe o O2 e
cede o CO2. Este fenómeno é denominado hematose branquial.
As brânquias são banhadas por um fluxo contínuo de água que entra pela
boca e sai pelo opérculo.
Trocas gasosas nos animais
Através de brânquias
Nas lamelas o sangue circula em sentido oposto ao da passagem da água.
Este mecanismo de contracorrente garante o contacto do sangue,
progressivamente mais rico em oxigénio, com água em que a pressão parcial
de oxigénio é sempre superior àquela que existe no sangue.

Sangue Sangue
arterial venoso Sangue

Fluxo
de
água

Fluxo de água
http://www.youtube.com/watch?v=cVFqME-NW9s
Trocas gasosas nos animais
Através de brânquias

Filamento branquial, corte transversal, H&E (barra


= 16.7 μm) Fonte: YONKOS, 2000.
Legenda:
1) lamela primária;
2) lamela secundária;
3) célula epitelial;
4) célula mucosa;
5) célula pilar;
6) lúmen capilar (lacuna);
7) eritrócitos na luz do capilar;
8) célula de cloreto;
9) células basais.

Mecanismo de contracorrente
Fonte: Matias, 2020
Protopterus annectens

peixes pulmonados (dipnoicos)


Peixes ósseos que podem ser pulmonados facultativos (respiração branquial quando há água e respiração
pulmonar quando não há água) ou pulmonados obrigatórios. Vivem exclusivamente em água doce.
Tem narinas internas atípicas (narinas abrem-se dentro da cavidade bucal), pulmões funcionais e sistema
circulatório diferenciado. Devido a estas características foram considerados no passado como ancestrais
dos tetrápodes.

Os peixes dipnoicos são especiais pelo fato de terem como órgão primário de respiração um pulmão
especializado que não possui brônquios, sendo capaz de extrair oxigénio diretamente do ar atmosférico.
Espécie: Ambystoma mexicanum
Filo: Chordata
Ordem: Caudata
Classe: Amphibia
Família: Ambystomatidae
Fig. Regeneration process of the axolotl gill. (A) Intact external gill. (B) Histological
https://www.sciencedirect.com/science observation of the intact gill. Trichrome staining was performed on the section. The
dorsal side is up and the ventral side is down. (C, D) Time course of gill regeneration.
/article/abs/pii/B9780124059146000123 The line in C indicates the approximate amputation site. The asterisks and the white
cross marks in D point out the identical branching of blood vessels. The white dotted
lines in D indicate the same level based on the asterisks and the white cross marks. (E–
H) Histological observation. Trichrome staining was performed on the sections.
Asterisks in E–H indicate the end of collagen layers, pointing out the approximate
amputation plane. Scale bars in A, C, D, H, and H′ are 2000, 2000, 2000, 500, and
200 μm, respectively. ca. = gill capillary.
Fonte: SAITO et al, 2019
Trocas gasosas nos animais
Através de traqueias
Insetos
A superfície respiratória dos insetos e
outros artrópodes é constituída por
uma rede de canais - as traqueias.
As traqueias comunicam com o meio
externo através de aberturas que se
encontram na superfície do corpo dos
animais. A rede de canais vai-se
ramificando ficado cada vez mais fina –
as traquíolas. Estas estruturas estão
em contacto direto com as células.
Trocas gasosas nos animais
Através de traqueias
Ocorre difusão direta, ou seja, o O2 passa diretamente das superfícies
respiratórias para as células e o CO2 das células para as superfícies
respiratórias (o sangue não desempenha qualquer papel na distribuição dos
gases respiratórios).

Traquíola

Traqueia

Espiráculo

Fonte: Matias, 2020


Trocas gasosas nos animais
Através de pulmões
 O Homem e outros mamíferos apresentam pulmões. Estes não são
exclusivo dos mamíferos, existindo em outros vertebrados, como os
anfíbios, aves e répteis. No entanto, quando se compara a estrutura dos
pulmões desde dos anfíbios até aos mamíferos, é evidente uma sucessiva
complexidade da superfície respiratória que se apresenta cada vez mais
vascularizada e especializada no processo de ventilação.
 O tamanho e a complexidade da superfície respiratória é tanto maior
quanto maior for a taxa metabólica do animal e consequentemente a
quantidade de oxigénio necessário nas células.
Trocas gasosas nos animais
Através de pulmões
Fonte: Matias, 2020
Trocas gasosas nos animais
Através de pulmões
No Homem, como em outros mamíferos, os pulmões encontram-se na
cavidade torácica e apresentam uma grande eficiência nas trocas gasosas.

Homem

Fonte: Matias, 2020


Trocas gasosas nos animais
Através de pulmões Traqueia

Brônquios
Bronquíolos
Alvéolos pulmonares
Trocas gasosas nos animais
Através de pulmões
São os mecanismo de inspiração e de expiração que permitem a renovação de ar nos
pulmões e consequentemente permitem as trocas gasosas.
Os mecanismos de inspiração e de expiração ocorrem devido à contração e ao
relaxamento de músculos intercostais e do diafragma.

Inspiração Expiração

Ocorre devido à Ocorre devido ao


contração do relaxamento da
diafragma e dos musculatura do
músculos diafragma e dos
intercostais. músculos
intercostais.
Trocas gasosas nos animais
Através de pulmões
As trocas gasosas ocorrem entre o meio externo e o sangue, difusão indireta.

Devido à elevada taxa metabólica que o Homem


possui, a eficiência das suas superfícies
respiratórias tem que ser muito elevada. Esta
eficiência é garantida por:
 Uma elevada área de contacto na superfície
alveolar uma vez que existem milhões de
alvéolos.
Uma parede alveolar extremamente fina.
Os alvéolos são altamente vascularizados por
uma rede de capilares.
Trocas gasosas nos animais
Através de pulmões
Ao nível dos pulmões ocorre a hematose pulmonar. A difusão dos gases que
ocorre ao nível das célula denomina-se hematose celular. Esta difusão ocorre
devido à diferenças de pressão parcial de cada um dos gases respiratórios.

Assim, nos alvéolos pulmonares a


pressão parcial do oxigénio é maior do
que nos capilares sanguíneos e, por isso, o
oxigénio difunde-se dos alvéolos
pulmonares para o sangue. No caso do
dióxido de carbono a pressão é maior no
sangue e por isso este gás passa do sangue
para os alvéolos pulmonares.
Trocas gasosas nos animais
Através de pulmões

Ao nível das células, visto que


o oxigénio é consumido, a sua
pressão parcial é menor que no
sangue, por isso, este passa do
sangue para as células. O
dióxido de carbono encontra-se
em maior quantidade nas
células que no sangue por isso,
passa destas para o sangue.
1. Selecione a opção que completa corretamente a
opção.

A pressão de turgência das células-guarda depende de vários fatores, como,

por exemplo, a humidade do ar e a concentração de iões. Os iões potássio

entram nas células-guarda por transporte ativo e a água entra por _____,

deixando a célula túrgida, permitindo assim ________ do estoma.

A. osmose (…) o fecho

B. difusão (…) a abertura

C. difusão (…) o fecho

D. osmose (…) a abertura


2. Selecione a opção que completa corretamente a
opção.

As trocas gasosas podem ocorrer

A. por difusão direta, como nos insetos ou por difusão indireta, como nos

vertebrados.

B. por difusão direta, como nos vertebrados ou por difusão indireta como

nos insetos.

C. diretamente para as células como na minhoca.

D. por intermédio de um fluido circulante como nos insetos.


3. Selecione a opção que completa corretamente a
opção.

O fator determinante para a difusão dos gases respiratórios é a

A. pressão parcial de cada um dos gases, fazendo com que estes se movam

de onde a pressão é maior para onde a pressão é menor.

B. pressão parcial de cada um dos gases, fazendo com que estes se movam

de onde a pressão é menor para onde a pressão é maior.

C. existência de vilosidades intestinais.

D. pressão parcial de cada um dos gases, impedindo assim o seu

movimento.

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