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CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO

Trânsito, questão

7
de cidadania

Novembro de 2004

Ministério
das Cidades
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA


Presidente

MINISTÉRIO DAS CIDADES

OLÍVIO DUTRA
Ministro de Estado

ERMÍNIA MARICATO
Ministra Adjunta e Secretária-Executiva

JORGE HEREDA
Secretário Nacional de Habitação

RAQUEL ROLNIK
Secretária Nacional de Programas Urbanos

ABELARDO DE OLIVEIRA FILHO


Secretário Nacional de Saneamento Ambiental

JOSÉ CARLOS XAVIER


Secretário Nacional de Transporte e Mobilidade Urbana

JOÃO LUIZ DA SILVA DIAS


Presidente da Companhia Brasileira de Trens Urbanos – CBTU

AILTON BRASILIENSE PIRES


Diretor do Departamento Nacional de Trânsito – Denatran

MARCO ARILDO PRATES DA CUNHA


Presidente da Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre – Trensurb
CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO
APRESENTAÇÃO

A criação do Ministério das Cidades representa o reconhecimento do Governo


do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que os imensos desafios urbanos do
país precisam ser encarados como política de Estado.
Atualmente cerca de 80% da população do país mora em área urbana e, em
escala variável, as cidades brasileiras apresentam problemas comuns que foram
agravados, ao longo dos anos, pela falta de planejamento, reforma fundiária,
controle sobre o uso e a ocupação do solo.
Com o objetivo de assegurar o acesso à moradia digna, à terra urbanizada,
à água potável, ao ambiente saudável e à mobilidade com segurança, iniciamos
nossa gestão frente ao Ministério das Cidades ampliando, de imediato, os
investimentos nos setores da habitação e saneamento ambiental e adequando
programas existentes às características do déficit habitacional e infra-estrutura
urbana que é maior junto a população de baixa renda. Nos primeiros vinte
meses aplicamos em habitação 30% a mais de recursos que nos anos de 1995
a 2002; e no saneamento os recursos aplicados foram 14 vezes mais do que o
período de 1999 a 2002. Ainda é pouco. Precisamos investir muito mais.
Também incorporamos às competências do Ministério das Cidades as áreas
de transporte e mobilidade urbana, trânsito, questão fundiária e planejamento
territorial.
Paralelamente a todas essas ações, iniciamos um grande pacto de
construção da Política Nacional de Desenvolvimento Urbano – PNDU, pautado
na ação democrática, descentralizada e com participação popular, visando
a coordenação e a integração dos investimentos e ações. Neste sentido, foi
desencadeado o processo de conferências municipais, realizadas em 3.457 dos
5.561 municípios do país, culminando com a Conferência Nacional, em outubro
de 2003, e que elegeu o Conselho das Cidades e estabeleceu os princípios e
diretrizes da PNDU.
Em consonância com o Conselho das Cidades, formado por 71 titulares que
espelham a diversidade de segmentos da sociedade civil, foram elaboradas
as propostas de políticas setoriais de habitação, saneamento, transporte e
mobilidade urbana, trânsito, planejamento territorial e a PNDU.
CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO

Como mais uma etapa da construção da política de desenvolvimento,


apresentamos uma série de publicações, denominada Cadernos MCidades,
para promover o debate das políticas e propostas formuladas. Em uma primeira
etapa estão sendo editados os títulos: PNDU; Participação e Controle Social;
Programas Urbanos; Habitação; Saneamento; Transporte e Mobilidade Urbana;
Trânsito; Capacitação e Informação.
Com essas publicações, convidamos todos a fazer uma reflexão, dentro
do nosso objetivo, de forma democrática e participativa, sobre os rumos das
políticas públicas por meio de critérios da justiça social, transformando para
melhor a vida dos brasileiros e propiciando as condições para o exercício da
cidadania.
Estas propostas deverão alimentar a Conferência Nacional das Cidades, cujo
processo terá lugar entre fevereiro e novembro de 2005. Durante este período,
municípios, estados e a sociedade civil estão convidados a participar dessa grande
construção democrática que é a Política Nacional de Desenvolvimento Urbano.

Olívio Dutra
Ministro de Estado das Cidades
CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO
TRÂNSITO SEGURO E HUMANO 7

O TRÂNSITO NO BRASIL E NO MUNDO 11

A POLÍTICA NACIONAL DE TRÂNSITO 19

O SISTEMA NACIONAL DE TRÂNSITO 37

O DEPARTAMENTO NACIONAL DE TRÂNSITO 43

RESOLUÇÕES DO CONTRAN – 2003/2004 69

CONCLUSÃO 79
CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO
TRÂNSITO SEGURO E HUMANO

O Ministério das Cidades procura levar para a sociedade brasileira uma nova forma de ver, en-
tender e fazer trânsito. Queremos introduzir novos conceitos para mostrar que trânsito é uma
questão de cidadania. É uma ferramenta de gestão para a construção de cidades mais inclusivas
e com maior qualidade de vida.
O “acidente de trânsito” não existe, pois acidente é algo inevitável, como uma intempérie.
Pensando dessa forma podemos concluir que o “acidente de trânsito” é algo que podemos evitar
e para tal necessitamos mostrar à sociedade que as variáveis que o envolvem são perfeitamente
controláveis e estão sob domínio de qualquer cidadão.
Tentamos por intermédio de nosso trabalho, indicar que este governo quer entender o trân-
sito como conseqüência inevitável de um conjunto de causas que, isoladamente ou agrupadas,
justificam o acidente.
Aqui começa nosso compromisso, pois quem não prepara as pessoas por meio de projetos
de educação de trânsito desde o ensino fundamental até o superior: não habilita os candidatos
a condutores a não serem meros “operadores de máquinas”; não capacita seus órgãos e/ou
entidades de trânsito, sejam urbanos ou rodoviários, na arte da engenharia de tráfego; não cria
critérios, procedimentos para operar, fiscalizar e policiar a circulação de pessoas e veículos e, não
se comunica com a comunidade alertando para situações de risco, ou ainda, não estimula pos-
turas adequadas de segurança; só poderá obter, com o crescimento da população e do número
de veículos, o crescimento inevitável do número de acidentes e acidentados.
Como veremos nesse caderno, o “descolamento” das curvas que indicam os crescimentos
da população e da frota, da curva de vitimas fatais, começa a ser observado somente após a en-
trada em vigor do Código de Trânsito Brasileiro, em 22 de janeiro de 1998.
O trânsito neste governo está sendo tratado como uma das bases do tripé formado pelo uso
e ocupação do solo e pelo transporte de pessoas e de cargas.
Desta forma, propomos uma nova estrutura ao SNT – Sistema Nacional de Trânsito, uma for-
ma que não apenas o operacionalize, mas também permita maior agilidade, comprometimento,
confiabilidade e qualidade nas suas decisões.
Várias ações já foram empreendidas durante esta administração visando aperfeiçoar a
atuação dos órgãos de trânsito componentes do SNT, dotando-os dos instrumentos para se
integrarem tendo como foco o cidadão e a cidadã, e a construção de um ambiente seguro por
meio do trânsito.
As decisões sobre os rumos do SNT agora são tomadas segundo um processo democrático,
com ampla participação dos órgãos e entidades que compõem o sistema, cujo perfil institu-
cional está assim delineado:
 Criação da Câmara Interministerial de Trânsito pelo Decreto nº 4.710, de 29 de maio de 2003;

 Atribuição ao Ministério das Cidades da coordenação máxima do Sistema Nacional de

Tr â n s i t o , q u e s t ã o d e c i d a d a n i a 7
CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO Trânsito, e redefinição da composição do Conselho Nacional de Trânsito – Contran, presidido
pelo dirigente do órgão máximo executivo de trânsito da União – Denatran;
 Criação do Fórum Consultivo do Sistema Nacional de Trânsito pela Resolução nº 142, de
26 de março de 2003;
 Retomada das atividades das Câmaras Temáticas, criadas pelo art. 13 do Código de Trânsito
Brasileiro, que desde junho de 2003 vêm se reunindo mensalmente, depois de uma paralisação
de quase dois anos;
 Realização de reuniões sistemáticas entre o Denatran e os Conselhos Estaduais de Trânsito,
com as Secretarias Municipais e com os dirigentes dos Detran.

Cabe salientar que, além das modificações feitas institucionalmente, visando democratizar o
Sistema Nacional de Trânsito, o novo Denatran procura alertar as autoridades e a sociedade civil
para as conseqüências desastrosas da continuidade do modelo instituído no país durante as
últimas décadas.
Os muitos projetos em curso nesse governo se apóiam em grande parte na consciência adqui-
rida pelos cidadãos e pelas cidadãs de que é responsabilidade de todos e de todas contribuir para
aprimorar o convívio nas cidades e nas estradas e rodovias deste país.
Como principais programas e projetos podemos citar:
 Programa de Educação para a Cidadania no Trânsito – PECT: o programa tem por base a rela-

ção educação-cidadania-trânsito e a necessidade de se modificar atitudes e comportamentos


da população brasileira para uma convivência harmoniosa com o trânsito;
 Inspeção Técnica de Segurança Veicular – ITV: o Código de Trânsito Brasileiro em seu artigo 104

estabelece a obrigatoriedade da inspeção técnica veicular, delegando ao Conselho Nacional


de Trânsito – Contran – a responsabilidade pela sua regulamentação. No artigo 131, o Código
estabelece a necessidade de aprovação dos veículos no programa de inspeção veicular como
condição necessária para seu licenciamento anual;
 Identificação Automática de Veículos – IAV: Os veículos automotores para circularem em via

pública devem ser registrados e licenciados, cabendo aos órgãos de trânsito estaduais a fiscali-
zação dessas condições. Hoje, as informações fornecidas pelos Detrans dão conta de que 30%
da frota nacional de veículos não são licenciados anualmente, o que representa cerca de
10 milhões de veículos. O sistema de identificação automática de veículos possui caracte-
rísticas tecnológicas tais que permitem aos agentes de trânsito a identificação imediata dos
veículos trafegando em condições irregulares na via pública ou que estejam identificados no
cadastro de roubo e furto;
 Municipalização: As atribuições e competências do órgão máximo executivo de trânsito da

União, relacionadas no artigo 19 do Código de Trânsito Brasileiro, incluem o acompanhamento


dos órgãos integrados ao SNT, mediante visitas e aplicação de estratégias definidas segundo
projeto específico; a programação de campanhas educativas; a organização, elaboração, com-
plementação e alteração de manuais e normas de projetos; a implementação da sinalização
dos dispositivos e equipamentos de trânsito aprovados pelo Contran; a elaboração e distribui-
ção de conteúdos programáticos para a educação de trânsito;
 Registro Nacional de Informações Interestaduais – Renainf: Começou a ser implantado pela

resolução nº 155 de 28 de janeiro de 2004, atualmente está implantado em 6 (seis) Unidades

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CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO
da Federação, e deverá até o final do ano estar implantado em mais 14 (quatorze) Unidades da
Federação;
 Sistema Nacional de Estatísticas de Trânsito – Sinet: As estatísticas de trânsito são fundamen-
tais para a definição de prioridades nas ações de prevenção dos acidentes e suas conseqüên-
cias para os três níveis da Administração Pública e também para a sociedade civil. As estatísti-
cas são necessárias para justificar a alocação de recursos e, uma vez executadas as ações, para
a verificação de sua eficácia;
 Programa de Capacitação para Profissionais do Sistema Nacional de Trânsito: A estruturação
de um órgão executivo de trânsito exige a organização de equipes para responder pela enge-
nharia de tráfego, pela operação e fiscalização, pela administração da arrecadação de multas,
pela gestão de trânsito e para a implementação da educação de trânsito em suas respectivas
áreas de atuação. Por ausência quase total do desenvolvimento das atividades de engenharia
de tráfego, operação e fiscalização do trânsito em todo o país, anteriores à municipalização do
trânsito, a grande maioria dos recém-criados órgãos municipais conta com profissionais com
pouco ou quase nenhum tipo de capacitação específica para o exercício de suas funções.
Poucas foram as iniciativas nacionais voltadas para a formação de agentes de trânsito, dos en-
genheiros e técnicos de trânsito, de educadores, gestores, etc.

Enfim, os objetivos e metas que pretendemos alcançar para o Sistema Nacional de Trânsito
estão alicerçados na Política Nacional de Trânsito, parte integrante desse caderno, preconizada
em diversos dispositivos do Código de Trânsito Brasileiro, e que finalmente após 7 (sete) anos
foi entregue a sociedade, no último dia 23 de setembro de 2004 pelo Ministro das Cidades,
Olívio Dutra.
A Política Nacional de Trânsito considera como marco referencial todo um conjunto de fatores
históricos, culturais, sociais e ambientais que caracteriza a realidade brasileira, e integra objetivos,
diretrizes e estratégias que buscam traduzir valores, princípios, aspirações e anseios da socie-
dade, em busca da promoção e da expansão da cidadania, da inclusão social, da redução das
desigualdades e do fortalecimento da democracia.
Enfim, queremos propor um outro enfoque para o trânsito, queremos que ele seja uma meta
dos governos federal, estaduais e municipais e de toda a sociedade.
Assim como a esperança venceu o medo, a vontade de mudar precisa vencer a descrença; por
isso, editamos o presente caderno e convocamos todos a se unirem a nós pela construção de
um novo estágio de cidadania por intermédio de um trânsito mais seguro e mais humano.

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CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO
O trânsito no Brasil
e no mundo
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Prêmio Denatran
Rodrigo dos Santos de Souza
Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais/Apae
Lauro de Freitas/BA
CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO
O sistema de trânsito ocupa um papel de em acidentes de trânsito apresenta sintomas
destaque sob o aspecto social e econômico, psicotraumáticos mais ou menos severos, que
na medida em que envolve, no dia-a-dia, pra- permanecem por um longo tempo após o
ticamente os cidadãos e cidadãs de todo o acidente (Swov, 1993).
mundo, no exercício do seu direito de ir e vir, Nas áreas urbanas, os números são preocu-
de se locomover livremente para satisfação de pantes. Sob a perspectiva social, estudos nos
suas necessidades, em busca de seu bem-es- países em desenvolvimento mostram que os
tar e o da comunidade em que vive. Diversos pedestres, ciclistas e motociclistas represen-
são os meios de locomoção por via terrestre tam 56% a 74% dos mortos no trânsito. Essa
que envolvem diretamente o cidadão e o é a maior diferença com respeito aos países
transporte de vários produtos em seu bene- desenvolvidos, onde, de acordo com os dados
fício. Tais dinâmicas, intensas e ininterruptas, do Banco Mundial, o percentual de mortes de
caracterizam o trânsito em seus desdobra- pedestres em relação ao total de mortes no
mentos urbanos, regionais e nacionais, o qual trânsito é significativamente menor (20% na
se organiza em um sistema nacional que deve Europa/EUA) do que o registrado na América
produzir resultados focados no cidadão. Essas Latina (60%), na África (45%), no Oriente Mé-
dinâmicas geram inúmeros problemas, desa- dio (51%) e na Ásia (42%)2.
fiando governos e toda a coletividade para a De acordo com a Organização Mundial
sua solução. Tais problemas traduzem-se, por de Saúde3 – OMS, os países são diferentes
exemplo, em elevadas taxas de ocorrência e em seus padrões de utilização das estradas e
de severidade de acidentes de trânsito, em nos tipos de acidentes e seqüelas, e também
congestionamentos e na degradação do am- na realização de ações de prevenção e re-
biente urbano, influenciando negativamente a dução. Na maioria dos países desenvolvidos,
qualidade de vida da população. os carros fazem a maior parte do tráfego nas
No estudo “Impactos Sociais e Econômicos estradas. Já nos países subdesenvolvidos e
dos Acidentes de Trânsito nas Aglomerações em desenvolvimento, pedestres, motonetas,
Urbanas Brasileiras” (Ipea/Denatran/ANTP), motocicletas são mais comuns. Nesses países
publicado em 2003, é citado que os acidentes o transporte público, tais como vans, miniô-
são, no mundo, a principal causa de morte nibus, ônibus e outros de duas ou três rodas
entre as pessoas de 16 a 24 anos. O custo total são difundidos. Em alguns desses veículos, os
é estimado em 162 bilhões de ECU1 (Ministry passageiros permanecem em pé ou sentados
of Public Works and Water Management, em locais não designados ou apropriados em
1996). Os dados europeus mostram ainda que termos de segurança. Essas diferenças têm
o número de anos perdidos por acidentes de um importante impacto na ocorrência dos
trânsito é menor apenas que aqueles perdi- acidentes entre os diferentes tipos de usuários
dos por doenças cardíacas e vasculares e é das estradas.
maior do que os anos perdidos por causa do Pedestres, ciclistas e motociclistas são me-
câncer. Uma em cada dez pessoas envolvidas nos protegidos. Correm maior risco do que

1 European Currency Unit. 3 The World Report on Road Traffic Injury Prevention:
2 Impactos Sociais e Econômicos dos Acidentes Summary – 2004. Publicação conjunta da Organiza-
de Trânsito nas Aglomerações Urbanas Brasileiras, ção Mundial de Saúde e do Banco Mundial. Tradução
Ipea/Denatran/ANTP – 2003. livre.

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CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO os motoristas e os passageiros de carros e composta por empresas multinacionais e
grandes veículos sendo denominados pelos nacionais montadoras e de autopeças, sendo
especialistas de trânsito de usuários vulne- que a produção de automóveis corresponde
ráveis das estradas. Em 2003, um estudo do a mais de 80% da produção. Não obstante
Conselho Europeu de Segurança nas Estradas esses dados, nas áreas urbanas – onde reside
(European Road Safety Council) demonstrou a imensa maioria da população – o percurso
que para cada quilômetro rodado nas estra- a pé somado ao uso do ônibus constituem as
das dos países da União Européia, uma pes- formas dominantes de deslocamento.
soa de bicicleta é oito vezes mais propensa a
ser morta do que uma pessoa em um carro; FROTA DE VEÍCULOS NO BRASIL

um pedestre é nove vezes e um motociclista


é vinte vezes mais propenso a ser morto.
Mais uma vez, esses padrões são diferentes
nos diversos países.
A OMS aponta ainda que os idosos e as
crianças são os mais frágeis no contexto do
trânsito. Os primeiros por serem menos alertas
e mais lentos. Os idosos em geral apresentam
grande chance de se envolverem em aciden-
tes sendo mais propensos à mortalidade ou
a conseqüências mais graves. Outro aspecto
ressaltado pela OMS é a rede formada pelas
pessoas diretamente relacionadas – amigos, Os índices de acidentes de trânsito têm se
vizinhos, parentes, empregados, professores mostrado uma grave questão. A incompa-
– às vítimas fatais e aos gravemente feridos tibilidade entre o ambiente construído das
em acidentes de trânsito – considerados cidades, o comportamento dos motoristas, o
vítimas primárias. Todos envolvidos na rede grande movimento de pedestres sob condi-
podem experimentar transtornos de saúde ções inseguras faz o Brasil deter um dos mais
física, psicológica ou social de curta ou longa altos índices de acidentes de trânsito em todo
duração, todos podem ser afetados em maior o mundo. A gravidade do problema se revela
ou menor grau. tanto no número absoluto de acidentes quan-
Estima-se que, em todo o mundo, cerca to nas taxas proporcionais à frota veicular e às
de 100 milhões de famílias estão sofrendo populações consideradas.
com as mortes e seqüelas irreversíveis de seus De acordo com dados do Departamento
membros vítimas de acidentes de trânsito, Nacional de Trânsito, os acidentes no país
recentemente ou no passado. entre 1961 e 2000 multiplicaram-se por 15,
enquanto o número de mortes aumentou 6
vezes. A taxa de óbitos por habitantes cresceu
O TRÂNSITO NO BRASIL
nas duas primeiras décadas do período em
No Brasil, estima-se uma frota aproximada questão, apresentando tendência de queda
de 36 milhões de veículos – 70% dos quais nas duas últimas, assim como o índice de
se concentram nas Regiões Sul e Sudeste mortes por veículo. Não obstante tais quedas,
do país. A indústria automotiva brasileira é os números mantêm-se preocupantes.

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CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO
O IMPACTO DA RESTRIÇÃO DE MOBILIDADE cativas. Nos últimos 60 anos – de 1940 a 2000
E ACESSIBILIDADE SOBRE A ECONOMIA EM DEZ – a taxa de urbanização passou de 31,4% para
CIDADES PESQUISADAS EM ESTUDO DA IPEA/ANTP cerca de 78% da população. Nesse período
ESTIMOU QUE OS GASTOS RESULTANTES 130 milhões de pessoas passaram a viver em
DOS CONGESTIONAMENTOS CHEGAM A cidades, e são responsáveis por cerca de 90%
R$ 450 MILHÕES POR ANO
do Produto Interno Bruto – PIB.
As cidades no Brasil passaram a ser vistas,
portanto, como focos de concentração de
Os custos relacionados aos acidentes em atividades e de irradiação de inovações, fun-
áreas urbanas (não incluindo, portanto, os ções essas essenciais no contexto do proces-
casos que ocorrem em rodovias) foram esti- so de desenvolvimento econômico e social
mados em cerca de 5,3 bilhões de reais, sendo do país.
3,6 bilhões de reais somente nos 49 maiores Acompanhando o crescimento urbano, o
conglomerados urbanos4. fenômeno trânsito passou a ser visto como
Disso decorreram situações crônicas de elemento de preocupação na gestão urbana,
congestionamento e suas conseqüências nas principalmente no que se refere à melhoria da
atividades urbanas. O impacto da restrição de qualidade de vida nas cidades.
mobilidade e acessibilidade sobre a economia Os acidentes de trânsito representam uma
em dez cidades pesquisadas em estudo da das mais freqüentes causas de óbitos no
Ipea/ANTP (1998) estimou que os gastos resul- Brasil5. Segundo o Banco Interamericano de
tantes dos congestionamentos chegam R$ 450 Desenvolvimento – BID, 55% das vítimas fatais
milhões por ano. Incluindo-se as demais cida- situam-se na faixa etária economicamente
des médias e grandes brasileiras este valor che- ativa (de 20 a 49 anos).
garia à casa de vários bilhões de reais anuais. O índice de vítimas fatais por 10.000 veí-
No tocante às ocorrências em áreas não- culos apresentou uma redução significativa
urbanas a situação não é, tampouco, confor- do ano de 1997 para 1998 – ano em que o
tável. Não obstante as dificuldades igualmente Código de Trânsito Brasileiro entrou em vigên-
significativas na obtenção de dados seguros cia – passando de 8,3 para 6,5 vítimas fatais
sobre os acidentes nas estradas, o estado de por 10.000 veículos. E, com exceção de 1999,
boa parte da malha rodoviária brasileira suge- este índice tem apresentado uma sutil redu-
re o quanto desfavorável é o cenário. Estima- ção chegando até 6,2 no ano de 2002.
se que o custo total dos acidentes no Brasil, Comparando-se com outros países, per-
incluindo, portanto, aqueles ocorridos em cebe-se que “não obstante os esforços para
áreas não-urbanas, aproxime-se de 10 bilhões redução dos acidentes de trânsito, o índice
de reais a cada ano. de mortalidade, de 6,8 mortos por 10.000
De acordo com os registros estatísticos do veículos, referente ao ano de 2000, ainda é
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística elevado, se comparado com os apresentados
– IBGE, o processo de crescimento das cidades por países desenvolvidos, inferiores a 3,0
brasileiras apresenta taxas altamente signifi- mortes/10.000 veículos : Japão – 1,32; Esta-
dos Unidos – 1,93; França – 2,35; Alemanha
4
– 1,46, conforme dados do Internacional
Impactos Sociais e Econômicos dos Acidentes
de Trânsito nas Aglomerações Urbanas Brasileiras,
Ipea/Denatran/ANTP – 2003. 5 Idem.

Tr â n s i t o , q u e s t ã o d e c i d a d a n i a 15
CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO POPULAÇÃO BRASILEIRA ACIDENTES COM VÍTIMAS

Road and Traffic Accident Database – IRTAD preocupação permanente do gestor público.
–, 2000”.6 O crescimento da frota numa ve- Não se dispõe de informações seguras se-
locidade bem superior àquela da população quer para afirmar que parcela dessas vítimas
explica o aumento de cerca de 56% no grau torna-se portadora de graves incapacidades
de motorização entre 1990 e 2001, inten- físicas e dependerá, por conseguinte, da
sificando a possibilidade de ocorrência de assistência de serviços de saúde para o resto
acidentes. de suas vidas.
Em consonância ao descrito pela OMS, no Segundo o Ipea, há divergências entre as
Brasil a mortalidade não é o único indicador estatísticas de acidentes de trânsito utilizadas
de profundos impactos humanos, sociais e pelos órgãos envolvidos com tais números,
econômicos de longo prazo engendrados pe- bem como entre os órgãos locais de trânsito,
las causas externas. A maior parte das vítimas a Polícia Militar e os órgãos locais de saúde;
de acidentes e violências sobrevive a esses divergências essas que evidenciam a preca-
eventos, demandando atenção dos serviços riedade do registro, coleta e tratamento dos
de saúde. Na última década, a título de exem- dados de acidentes de trânsito nas áreas ur-
plo, para cada morto em acidente de trânsito banas. A inexatidão das informações é tanto
no Brasil, as estatísticas oficiais registraram quantitativa, pelo não registro dos acidentes
cerca de 13 feridos. de pequena monta, como qualitativa. É co-
Pouco se sabe e quase nada se fala do mum ocorrer preenchimento incompleto ou
expressivo contingente de vítimas “não- incorreto dos boletins de ocorrência de aci-
fatais” dos vários acidentes e violências. dentes de trânsito. Sem falar do desconhe-
Analisar em que circunstâncias ocorrem seus cimento das características e dos custos dos
ferimentos, em que condições de saúde acidentes de trânsito. É preciso estabelecer
essas pessoas sobrevivem aos eventos trau- um padrão metodológico para adequada
máticos dos quais são vítimas deve ser uma coleta de informações; e empregar um sis-
tema nacional para coletar e processar essas
6
informações.
Impactos Sociais e Econômicos dos Acidentes
de Trânsito nas Aglomerações Urbanas Brasileiras,
Ipea/Denatran/ANTP – 2003.

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CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO
VÍTIMAS FATAIS/10.000 VEÍCULOS ESTIMA-SE QUE O CUSTO TOTAL DOS ACIDENTES
NO BRASIL, INCLUINDO, PORTANTO, AQUELES
OCORRIDOS EM ÁREAS NÃO-URBANAS, SE
APROXIME DE 10 BILHÕES DE REAIS A CADA ANO

(DER), normalmente vinculados às Secreta-


rias de Transporte.
Ao lado das atividades administrativas de
licenciamento de veículos e habilitação de
condutores – que permanecem no âmbito
estadual com o novo CTB – cada Detran era
responsável pelo planejamento, operação e
fiscalização do trânsito em todas as cidades
QUADRO INSTITUCIONAL do seu estado, funções que agora passaram
DO TRÂNSITO NO BRASIL para o âmbito municipal, à exceção do poli-
ciamento ostensivo – que é prerrogativa da
A responsabilidade institucional sobre as
Polícia Militar – e da vistoria de segurança
questões de trânsito e transporte no Brasil é dos veículos. Os DERs foram e continuam
dividida entre os níveis de governo federal, sendo responsáveis pelo planejamento, ope-
estadual e municipal, dependendo das carac- ração e fiscalização das rodovias estaduais,
terísticas da infra-estrutura e dos modos de estas últimas em conjunto com a Polícia
transporte. Rodoviária.
Os governos estaduais são responsáveis Estabeleceu o Código de Trânsito Brasileiro,
pelas rodovias e ferrovias estaduais, pelo em 1997, a obrigatoriedade de uma Política
sistema de ônibus intermunicipal e de longo Nacional de Trânsito que incorporasse os de-
percurso e pelo transporte metropolitano. sejos da sociedade brasileira para um trânsito
Os governos municipais são responsáveis pelo seguro e uma melhor qualidade de vida das
transporte público e pelo trânsito dentro dos pessoas e que trouxesse, em seu bojo, dire-
seus limites geográficos. A União tem a prer- trizes para ações concretas de mudança da
rogativa constitucional de legislar sobre trans- trágica realidade.
porte e trânsito, cabendo aos demais níveis de Coube a este Governo a vontade política
governo a regulamentação nas suas áreas de de propor, discutir com a sociedade e agora
competência. apresentar a Política Nacional de Trânsito.
Na área do trânsito, os governos esta- Para tanto, ouviu-se toda a sociedade brasi-
duais – até a entrada em vigor do novo leira, a partir de uma ampla discussão em que
Código de Trânsito Brasileiro (CTB) em 1998 foram protagonistas entes dos três níveis de
– eram integralmente responsáveis por governo – federal, estadual e municipal, repre-
todas as ações, por intermédio dos seus De- sentantes de entidades da sociedade civil or-
partamentos Estaduais de Trânsito (Detran), ganizada e cidadãos, que em reuniões, fóruns
na maioria dos casos vinculados às Secreta- e audiências públicas em todas as unidades
rias de Estado de Segurança Pública, e pelos da federação puderam, democraticamente,
Departamento de Estradas de Rodagem oferecer suas contribuições.

Tr â n s i t o , q u e s t ã o d e c i d a d a n i a 17
CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO A Política Nacional de Trânsito, apresentada um conjunto de fatores históricos, culturais,
a seguir, cria caminhos e condições para a sociais e ambientais, que caracterizam a reali-
abordagem das questões do trânsito de forma dade brasileira e integra objetivos, diretrizes e
integrada ao uso do solo, ao desenvolvimento estratégias que buscam traduzir valores, prin-
urbano e regional, ao transporte por via ter- cípios, aspirações e anseios da sociedade, com
restre em diferentes modalidades, ao sistema vistas à promoção e à expansão da cidadania,
viário, à educação, à saúde e ao meio ambien- da inclusão social, da redução das desigualda-
te. Considera-se como marco referencial todo des e do fortalecimento da democracia.

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CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO
A política nacional
de trânsito
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Prêmio Denatran
Daniel Wellington Torres Grego
Arapongas/PR
CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO
A segurança no trânsito é um problema atual, Traça rumos e cria condições para a aborda-
sério e mundial, mas absolutamente urgente gem do trânsito de forma integrada ao uso do
no Brasil. A cada ano, mais de 33 mil pessoas solo, ao desenvolvimento urbano e regional,
são mortas e cerca de 400 mil ficam feridas ou ao transporte em suas diferentes modalida-
inválidas em ocorrências do trânsito. Nossos des, à educação, à saúde e ao meio ambiente.
índices de fatalidade na circulação viária são A Política Nacional de Trânsito tem por
bastante superiores aos dos países desenvolvi- base a Constituição Federal; como marco le-
dos e representam uma das principais causas gal relevante o Código de Trânsito Brasileiro;
de morte prematura da população economi- como referenciais a Convenção de Viena7 e o
camente ativa. Acordo Mercosul8 ; por agente o Sistema Na-
Consideradas apenas em áreas urbanas, as cional de Trânsito – SNT, conjunto de órgãos
ocorrências trágicas no trânsito, sendo grande e entidades da União, dos Estados, do Distrito
parte delas previsíveis e, portanto, evitáveis, Federal e dos Municípios, cuja finalidade é o
causam uma perda da ordem de R$ 5,3 bi- exercício das atividades de planejamento, ad-
lhões por ano, valor esse que, certamente, ministração, normalização, pesquisa, registro
inibe o desenvolvimento econômico e social e licenciamento de veículos, formação, habili-
do país. tação e educação continuada de condutores,
Desde a promulgação do Código de educação, engenharia, operação do sistema
Trânsito Brasileiro – CTB em 1997, houve um viário, policiamento, fiscalização, julgamento
despertar de consciência para a gravidade de infrações e de recursos e aplicação de pe-
do problema. No entanto, o estágio dessa nalidades.
conscientização e sua tradução em ações A gestão do trânsito brasileiro é responsa-
efetivas ainda são extremamente discretos e bilidade de um amplo conjunto de órgãos e
insuficientes para representar um verdadeiro entidades, devendo os mesmos estarem em
enfrentamento da questão. constante integração, dentro da gestão fede-
Para se reduzirem as ocorrências e imple- rativa, para efetiva aplicação do CTB e cumpri-
mentar-se a civilidade no trânsito, é preciso mento da Política Nacional de Trânsito, confor-
tratá-lo como uma questão multidisciplinar me descrição sucinta e diagrama a seguir:
que envolve problemas sociais, econômicos, a) Ministério das Cidades: os assuntos de sua
laborais e de saúde, na qual a presença do competência são o saneamento ambien-
Estado de forma isolada e centralizadora não tal, os programas urbanos, a habitação, o
funciona. trânsito, o transporte e mobilidade urbana.
O verdadeiro papel do Estado é assumir a O Ministério das Cidades é o coordenador
liderança de um grande e organizado esfor- máximo do Sistema Nacional de Trânsito
ço nacional em favor de um trânsito seguro; – SNT e a ele está vinculado o Conselho
mobilizando, coordenando e catalisando as Nacional de Trânsito – Contran e subordi-
forças de toda a sociedade. nado o Departamento Nacional de Trânsito
A Política Nacional de Trânsito tem o cida- – Denatran. Cabe ao Ministério presidir o
dão brasileiro como seu maior beneficiário.

8Acordo sobre a Regulamentação Básica Unificada


7Convenção sobre o Tráfego Viário de Viena, à de Trânsito, entre Brasil, Argentina, Bolívia, Chile,
qual o Brasil aderiu, por meio do Decreto 86.714, Paraguai, Peru e Uruguai, autorizado por Decreto
de 10 de dezembro de 1981. de 3 de agosto de 1993.

Tr â n s i t o , q u e s t ã o d e c i d a d a n i a 21
CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO Conselho das Cidades e participar na Câ- tem por finalidade assessorar o Contran em
mara Interministerial de Trânsito. suas decisões.
b) Câmara Interministerial de Trânsito: consti- i) Sistema Nacional de Trânsito: conjunto de ór-
tuída por dez Ministérios, tem o objetivo gãos e entidades da União, dos Estados, do
de harmonizar os respectivos orçamentos Distrito Federal e dos Municípios, que tem
destinados às questões de trânsito. por finalidade o exercício das atividades de
c) Conselho Nacional de Trânsito: constituído planejamento, administração, normaliza-
por representantes de sete Ministérios, tem ção, pesquisa, registro e licenciamento de
por competência, dentre outras, estabele- veículos, formação, habilitação e recicla-
cer as normas regulamentares referidas no gem de condutores, educação, engenharia,
Código de Trânsito Brasileiro e as diretrizes operação e fiscalização de trânsito, policia-
da Política Nacional de Trânsito. mento, julgamento de recursos a infrações
d) Conferência Nacional das Cidades: prevista de trânsito e aplicação de penalidades.
no Estatuto das Cidades, é realizada a cada Conta, atualmente, com cerca de 1.244 ór-
dois anos e tem por objetivo propor princí- gãos e entidades municipais, 162 estaduais
pios e diretrizes para as políticas setoriais e e 7 federais. Congregando mais de 50. mil
para a política nacional das cidades. profissionais.
e) Conselho das Cidades: colegiado constituído
por representantes do estado em seus três A Política Nacional de Trânsito, como marco
níveis de governo e da sociedade civil – 71 referencial, considera um conjunto de fato-
membros titulares e igual número de su- res históricos, culturais, sociais e ambientais
plentes, e mais 27 observadores –, tem por que caracteriza a realidade brasileira. A partir
objetivo estudar e propor diretrizes para o do cenário assim constituído, a Política em
desenvolvimento urbano e regional com a questão integra objetivos e diretrizes que bus-
participação social. cam traduzir valores, princípios, aspirações e
f) Departamento Nacional de Trânsito: órgão anseios da sociedade, em busca do exercício
executivo máximo da União, cujo dirigente pleno da cidadania e da conquista da dignida-
preside o Contran e que tem por finalidade, de humana e da qualidade de vida plena.
dentre outras, a coordenação e a supervi- A Política Nacional de Trânsito, prevista no
são dos órgãos delegados e a execução da Código de Trânsito Brasileiro, que incumbe o
Política Nacional de Trânsito. Sistema Nacional de Trânsito de propor e o
g) Câmaras Temáticas: órgãos técnicos com- Conselho Nacional de Trânsito de estabelecer
postos por representantes do estado e suas diretrizes, deve se harmonizar com as
da sociedade civil e que tem a finalida- políticas estabelecidas por outros Conselhos
de de estudar e oferecer sugestões e Nacionais, em especial com o Conselho das
embasamento técnico para decisões do Cidades, órgão colegiado que reúne represen-
Contran. São seis Câmaras Temáticas, cada tantes do poder público e da sociedade civil e
qual com treze membros titulares e respec- que tem por foco o desenvolvimento urbano
tivos suplentes. e regional, a política fundiária e de habitação,
h) Fórum Consultivo de Trânsito: colegiado o saneamento ambiental, o trânsito e o trans-
constituído por 54 representantes, e igual porte e mobilidade urbana, além do Conselho
número de suplentes, dos órgãos e entida- Nacional do Meio Ambiente – Conama, e do
des do Sistema Nacional de Trânsito, e que Conselho Nacional da Saúde.

22
CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO
POLÍTICA NACIONAL DE TRÂNSITO para fins de circulação, parada, estacionamen-
to e operação de carga ou descarga (Art. 1º §
Marco referencial 2º do CTB).
Estatísticas de acidentes de trânsito indi-
A Política Nacional de Trânsito é instrumento
cam a ocorrência de cerca de 350 mil aciden-
da Política de Governo expressa no Plano Bra-
tes anuais com vítimas em todo o país, dos
sil para Todos e que tem por macro-objetivos:
quais resultam cerca de 33 mil mortos e 400
a) Crescimento com geração de trabalho, em-
mil feridos.
prego e renda, ambientalmente sustentável Estudo desenvolvido pelo Instituto de Pes-
e redutor de desigualdades regionais. quisa Econômica Aplicada – Ipea em parceria
b) Inclusão social e redução das desigualda- com a Associação Nacional de Transportes
des sociais. Públicos – ANTP e o Departamento Nacional
c) Promoção e expansão da cidadania e forta- de Trânsito – Denatran, com a finalidade de
lecimento da democracia. mensurar o custo social decorrente do aci-
dente de trânsito em aglomerados urbanos,
Segurança de trânsito aponta um montante anual de 5,3 bilhões de
reais. Projetando-se esse valor para incluir os
O trânsito em condições seguras é um direito acidentes ocorridos nas vias rurais9, estima-se
de todos e um dever dos órgãos e entidades um custo social total anual da ordem de 10
do Sistema Nacional de Trânsito, aos quais bilhões de reais.
cabe adotar as medidas necessárias para asse- Segundo o Informe Mundial sobre Preven-
gurar esse direito. Considera-se trânsito a utili- ção de Acidentes causados no Trânsito, publi-
zação das vias por pessoas, veículos e animais,
isolados ou em grupos, conduzidos ou não, 9 Vias rurais – estradas e rodovias, CTB – Anexo I.

Tr â n s i t o , q u e s t ã o d e c i d a d a n i a 23
CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO cado pela Organização Mundial de Saúde em um processo de aprendizagem continuada e
2004, estudos demonstram que os acidentes deve utilizar metodologias diversas para atingir
de trânsito têm um impacto desproporcional diferentes faixas etárias e clientela diferenciada.
nos setores mais pobres e vulneráveis da po- A educação para o trânsito tem como mola
pulação. Estatísticas brasileiras indicam que mestra a disseminação de informações e a
cerca de 30% dos acidentes de trânsito são participação da população na resolução de
atropelamentos, e causam 51% dos óbitos. problemas, principalmente quando da im-
A estatística nacional de acidentes de trân- plantação de mudanças, e só é considerada
sito no Brasil, que deveria representar a conso- eficaz na medida em que a população alvo se
lidação das informações de todos os órgãos e conscientiza do seu papel como protagonista
entidades de trânsito, mesmo após a implan- no trânsito e modifica comportamentos inde-
tação, pelo Denatran, do Sistema Nacional de vidos. Uma comunidade mal informada não
Estatísticas de Trânsito (Sinet), ainda é impre- reage positivamente a ações educativas.
cisa e incompleta, dada a precariedade e falta A educação inclui a percepção da realidade
de padronização da coleta e tratamento das e a adaptação, assimilação e incorporação
informações. de novos hábitos e atitudes frente ao trânsito
– enfatizando a co-responsabilidade governo
e sociedade, em busca da segurança e do
Educação para o trânsito
bem-estar.
A educação para o trânsito é direito de todos e O governo e a sociedade brasileira vêm se
constitui dever prioritário dos componentes do mostrando a cada dia mais sensíveis e atentos
Sistema Nacional de Trânsito (CTB, capítulo V). ao investimento e à participação em ações
A educação para o trânsito deve ser pro- educativas de trânsito. É preciso fomentar e
movida desde a pré-escola ao ensino superior, executar programas educativos contínuos,
por meio de planejamento e ações integradas junto às escolas regulares de ensino e junto
entre os diversos órgãos do Sistema Nacional à comunidade organizada, centrados em
de Trânsito e do Sistema Nacional de Educa- resultados e integrados aos outros aspectos
ção. Segundo o Código de Trânsito Brasileiro, da gestão do trânsito, principalmente com
mediante proposta do Conselho Nacional de relação à segurança, à engenharia de tráfego
Trânsito e do Conselho de Reitores das Univer- e à fiscalização.
sidades Brasileiras, cabe ao Ministério da Edu- A formação e a capacitação de condutores
cação, promover a adoção, em todos os níveis e instrutores dos Centro de Formação de Con-
de ensino, de um currículo interdisciplinar dutores – CFC é outro campo a se priorizar,
sobre segurança de trânsito, além de conteú- para que as exigências do Código de Trânsito
dos de trânsito nas escolas de formação para Brasileiro possam ser cumpridas com eficiên-
o magistério e na capacitação de professores cia e possa fazer parte do currículo dos cursos
e multiplicadores. a discussão da cidadania e de valores.
A educação para o trânsito ultrapassa a
mera transmissão de informações. Tem como
Mobilidade, qualidade de vida
foco o ser humano, e trabalha a possibilidade
e cidadania
de mudança de valores, comportamentos e
atitudes. Não se limita a eventos esporádicos e A mobilidade do cidadão no espaço social,
não permite ações descoordenadas. Pressupõe centrada nas pessoas que transitam e não na

24
CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO
A SEGURANÇA NO TRÂNSITO É UM PROBLEMA ATUAL, qüência direta dos problemas de mobilidade
SÉRIO E MUNDIAL, MAS ABSOLUTAMENTE URGENTE e ordenamento, leva à necessidade de ado-
NO BRASIL. A CADA ANO, MAIS DE 33 MIL PESSOAS ção de novos modelos de desenvolvimento
SÃO MORTAS E CERCA DE 400 MIL FICAM FERIDAS urbano e de transporte, e da introdução, nas
OU INVÁLIDAS EM OCORRÊNCIAS DO TRÂNSITO. políticas públicas, dos preceitos de sustentabi-
NOSSOS ÍNDICES DE FATALIDADE NA CIRCULAÇÃO
lidade e desenvolvimento.
Longe dos grandes centros, também vivem
VIÁRIA SÃO BASTANTE SUPERIORES AOS DOS PAÍSES
pessoas que se locomovem, muitas vezes em
DESENVOLVIDOS E REPRESENTAM UMA
condições precárias, sobre lombos de animais,
DAS PRINCIPAIS CAUSAS DE MORTE PREMATURA
em carrocerias de pequenos veículos, a pé,
DA POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA
em vias inadequadas, muitas vezes sem con-
dições mínimas de segurança.
maneira como transitam, é ponto principal
a ser considerado, quando se abordam as O TRANSPORTE E O TRÂNSITO
questões do trânsito, de forma a considerar O transporte por modo rodoviário ocupa um
a liberdade de ir e vir, de se atingir o destino papel fundamental na matriz do transporte
que se deseja, de satisfazer as necessidades brasileiro e constitui fator relevante na abor-
de trabalho, de lazer, de saúde, de educação dagem integrada das questões do trânsito.
e outras. Estima-se que 96% das distâncias percorridas
Sob o ponto de vista do cidadão que busca pelas pessoas ocorram em vias urbanas e
melhor qualidade de vida e o seu bem estar rurais, 1,8% em ferrovias e metrôs e o restante
social, o trânsito toma nova dimensão. Deixa por hidrovias e meios aéreos. Em relação às
de estar associado, de forma preponderante, à cargas, 60,5% são transportadas em vias urba-
idéia de fluidez, de ser relacionado apenas aos nas e rurais, 21% em ferrovias, 14% em hidro-
condutores de veículos automotores e de ser vias e o restante por gasodutos/oleodutos, ou
considerado como um fenômeno exclusivo meios aéreos (Geipot, 2001).
dos grandes centros urbanos, para incorporar Nas áreas urbanas, os deslocamentos a pé e
as demandas de mobilidade peculiares aos o uso do ônibus são as formas dominantes de
usuários mais frágeis do sistema, como as deslocamento. Estima-se que no ano de 2001
crianças, os portadores de necessidades espe- estavam em circulação cerca de 115.000 ôni-
ciais e os idosos. bus, transportando 65 milhões de passageiros
O direito de todos os cidadãos de ir e vir, por dia. Os sistemas metroviários e ferroviários
de ocupar o espaço público e de conviver em operação nas regiões metropolitanas e
socialmente nesse espaço são princípios fun- grandes cidades transportam um volume diá-
damentais para compreender a dimensão do rio da ordem de 5 milhões de passageiros.
significado expresso na palavra trânsito. Tal Os automóveis, cuja produção anual gira
abordagem, ampliando a visão sobre o trânsi- em torno de 1,5 milhão de veículos, corres-
to, considera-o como um processo histórico- pondem a mais de 80% da produção de ve-
social que envolve, principalmente, as relações ículos automotores – sendo que a maioria é
estabelecidas entre as pessoas e o espaço, movida a gasolina (93,1% em 2003 e 78,4% até
assim como as relações das pessoas entre si. julho de 2004 com a inclusão dos automóveis
A violência no trânsito e a drástica redução com combustível flexível gasolina/álcool – An-
da qualidade de vida no meio urbano, conse- favea). Observa-se, ainda, a produção anual de

Tr â n s i t o , q u e s t ã o d e c i d a d a n i a 25
CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO 1,0 milhão de motocicletas (Abraciclo). ano 2010 poderão ser acrescentados cerca
O número de veículos no País tem crescido de cinqüenta milhões de habitantes às áreas
rapidamente nas últimas décadas: de 430.000 urbanas e vinte milhões de veículos à frota
em 1950, para 3,1 milhões em 1970, chegando nacional. O grande desafio é como acomodar,
a 36,5 milhões em 2003. com qualidade e eficiência, esses contingen-
O uso de combustíveis fósseis e o cresci- tes populacionais adicionais e os desloca-
mento da demanda do transporte rodoviário mentos que eles farão, considerando que o
incidem diretamente na emissão de poluentes aumento da frota de automóveis, de seu uso
pelos veículos motorizados. Embora compen- e da mobilidade tendem a agravar os proble-
sado em parte pelo fato de os novos veículos mas de congestionamento e poluição.
produzidos pela indústria nacional emitirem Tradicionalmente, as ações dos técnicos e
menor quantidade de poluentes por quilô- decisões das autoridades têm privilegiado a
metro rodado, a gravidade do problema se circulação do automóvel, exigindo contínuas
expressa por meio dos prejuízos à saúde da adaptações e ampliações do sistema viário,
população em geral e, em particular, das pes- freqüentemente a custos elevados. Conside-
soas idosas e das crianças. rando que a ocupação per capita do espaço
O crescimento da população urbana e da viário pelo automóvel é bem maior do que
frota de veículos tende a agravar mais a si- em relação ao ônibus, esta prioridade ao
tuação. Admitindo-se um crescimento anual transporte individual consome recursos que,
de 2% a 3% da população urbana e de 4% da em muitos casos, poderiam ser orientados
frota de veículos, pode-se estimar que até o para a melhoria do transporte público.
A adaptação das cidades para o uso inten-
sivo do automóvel tem levado à violação da
Av. Getúlio Vargas natureza, das áreas residenciais e de uso cole-
Manaus / AM

26
CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO
tivo, bem como à degradação do patrimônio No sentido do exercício democrático é que
histórico e arquitetônico, devido à abertura se coloca a pertinência e a legitimidade da
de novas vias, ao remanejamento do tráfego participação da sociedade na discussão e na
para melhorar as condições de fluidez e ao proposição de ações referentes ao trânsito,
uso indiscriminado das vias para o trânsito de tido como fenômeno resultante da mobilida-
passagem. de dos cidadãos. É crescente a movimentação
da coletividade buscando organizar-se. Por
A CIDADANIA, A PARTICIPAÇÃO E sua vez, os governos, nos diversos níveis, pau-
A COMUNICAÇÃO COM A SOCIEDADE latinamente, vêm abrindo espaços e oportuni-
Historicamente, o trânsito foi tratado como dades à participação popular.
uma questão policial e de comportamento Priorizar e incentivar a participação da
individual dos usuários, carecendo de um sociedade e promover a produção e a veicu-
tratamento no campo da engenharia, da ad- lação de informações claras, coerentes e obje-
ministração do comportamento e da partici- tivas, significa, assim, construir um ambiente
pação social. favorável à implantação de uma nova cultura,
De um lado um trânsito ruim e no limite orientada ao exercício do trânsito cidadão e
criminoso, por falta de consciência dos seus da qualidade de vida.
perigos e por falta de punição, aproxima-nos
da barbárie e do caos. Por outro lado, um
Sistema Nacional de Trânsito:
trânsito calmo e previsível estabelece um
desempenho, integração e relações
ambiente de civilidade e de respeito às leis,
com outros setores
mostrando a internalização da norma básica
da convivência democrática: todos são iguais A INTEGRAÇÃO DOS MUNICÍPIOS AO SISTEMA
perante a lei e, em contrapartida, obedecê-la NACIONAL DE TRÂNSITO
é dever de todos. O Código de Trânsito Brasileiro e a legislação
O conceito de cidadania implica conflitos, já complementar em vigor vieram introduzir pro-
que, de um lado, está a idéia fundamental de fundas mudanças no panorama institucional
indivíduo, e de outro, regras universais – um do setor. Para sua real implementação em todo
sistema de leis válido para todos em todo e o País, muito é preciso ainda investir, princi-
qualquer espaço social. Assim considerando, é palmente no que diz respeito à capacitação,
fundamental destacar a dimensão de cidadania ao fortalecimento e à integração dos diversos
inserida no trânsito, uma vez que este configu- órgãos e entidades executivos de trânsito, nas
ra uma situação básica de diferença, diversida- esferas federal, estadual e municipal, de forma
de, eqüidade, tolerância e de direitos humanos. a produzir efeito nacional, regional e local e
Diferentemente de algumas outras normas buscando contribuir para a formação de uma
sociais, que podem ser rompidas ou ignora- rede de organizações que constituam, verda-
das sem que ninguém perceba, as normas de deiramente, o Sistema Nacional de Trânsito.
trânsito produzem um efeito imediato, levan- O Código de Trânsito Brasileiro estabelece
do, se observadas, à manutenção da qualida- que o Sistema Nacional de Trânsito com-
de de vida do cidadão e da coletividade, ou, põe-se de órgãos e entidades da União, dos
se derespeitadas, a resultados desastrosos. Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
Com isso, o trânsito configura-se em uma no- estendendo até estes as competências execu-
tável escola de e para a democracia. tivas da gestão do trânsito.

Tr â n s i t o , q u e s t ã o d e c i d a d a n i a 27
CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO SEGUNDO O INFORME DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL áreas, ocorre em muitos casos sem controle,
DE SAÚDE, ACIDENTES DE TRÂNSITO TÊM UM com regulamentações sobre o uso e ocupa-
IMPACTO DESPROPORCIONAL NOS SETORES ção do solo precárias ou inexistentes, guiado
MAIS POBRES E VULNERÁVEIS DA POPULAÇÃO. de acordo com as leis de mercado referentes
ESTATÍSTICAS BRASILEIRAS INDICAM QUE CERCA ao valor da terra e aos níveis relativos de aces-
DE 30% DOS ACIDENTES DE TRÂNSITO SÃO sibilidade. As áreas periféricas das cidades são,
ATROPELAMENTOS, E CAUSAM 51% DOS ÓBITOS
freqüentemente, ocupadas por população de
baixa renda e nelas são, em geral, deficientes
os serviços públicos como educação, saúde
O atendimento a algumas exigências é e transporte coletivo, além de existirem pro-
condição indispensável à integração de cada blemas ambientais relativos à erosão do solo,
município ao Sistema Nacional de Trânsito. esgotamento sanitário e outros.
Tais exigências estão expressas no Código, A gestão integrada do trânsito e do trans-
artigos 24 e 333, e em Resolução do Contran. porte local é mais um fator impulsionador da
A integração do município ao Sistema administração municipal eficaz já praticada
Nacional de Trânsito independe de seu tama- nos municípios brasileiros.
nho, receitas e quadro de pessoal. É exigida Por fim, é necessário ter-se em mente a
a criação do órgão de trânsito e da Junta Ad- relação biunívoca do uso do solo com o trân-
ministrativa de Recursos de Infrações – Jari, à sito e o transporte, pois cada edificação gera
qual cabe julgar os recursos interpostos pelos uma necessidade diferente de deslocamento,
presumidos infratores. que deve ser atendida e, por outro lado, a
Atualmente, encontram-se integrados ao movimentação de veículos, pessoas e animais
SNT, cerca de 620 Municípios, mas inúmeros interfere na implantação e utilização das edi-
outros encontram-se carentes de orientação ficações.
e preparo para a introdução das mudanças
exigidas. Para implantação das orientações A AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS INSTITUCIONAIS
legais relativas à municipalização do trânsito, E ORGANIZACIONAIS
torna-se importante validar e implantar princí- A dificuldade das organizações para analisar
pios e modelos alternativos para estruturação sua performance, seus resultados efetivos,
e organização dos sistemas locais, passíveis de forma a realimentar processos de plane-
de adequação às diferentes realidades da jamento estratégico, tático e operacional e
administração municipal no Brasil, bem como corrigir rumos, origina-se, normalmente, na
viabilizar apoio técnico-legal e administrativo carência de orientações metodológicas claras
aos municípios que buscam engajar-se nesse e práticas de avaliação de resultados organi-
movimento de mudança. zacionais.
Entretanto, o investimento em fortale- Pode-se afirmar, a priori, que este panorama
cimento e desenvolvimento institucional não é diferente no setor de trânsito. Além da
requerido não é isolado nem se restringe à carência de dados confiáveis sobre as ocor-
gestão do trânsito, mas abrange outras áreas rências de trânsito, faltam indicadores eficazes
da gestão municipal. Os municípios, de forma para mensuração dos resultados e equipes
geral, necessitam estruturar-se e capacitar-se preparadas para a prática da avaliação conti-
para planejar e controlar o desenvolvimento nuada. Neste particular, torna-se necessário
dos espaços urbanos. O crescimento, nessas investir na concepção, validação e aplicação de

28
CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO
metodologias alternativas para a avaliação de centual de 5% do valor das multas de trânsito
resultados institucionais e organizacionais es- arrecadadas pela União, Estados, Distrito Fe-
pecíficas para o setor, inclusive na definição de deral e Municípios.
indicadores de resultados adequados ao Siste- Com relação à receita proveniente das
ma Nacional de Trânsito em sua totalidade. multas de trânsito, sua aplicação deve ser des-
tinada exclusivamente à melhoria do trânsito,
CAPACITAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO conforme dispõe a lei, sendo proibido qual-
PROFISSIONAL quer desvio de finalidade.
A capacitação de profissionais no setor de Outra fonte refere-se às receitas, que ca-
trânsito é condição indispensável para a efeti- bem à União, relativas à repartição de recursos
va gestão com qualidade das organizações do provenientes do Seguro Obrigatório de Danos
Sistema Nacional de Trânsito. A necessidade Pessoais causados por Veículos Automotores
de capacitação e aperfeiçoamento abrange de Vias Terrestres – DPVAT. De acordo com o
as funções gerenciais, técnicas, operacionais e Decreto nº 2.867, de 08 de dezembro de 1998,
administrativas. dos recursos arrecadados pelo DPVAT, cabem
à União:
 45% do valor bruto recolhido do segura-
Fortalecimento do Sistema Nacional
do a crédito direto do Fundo Nacional de
de Trânsito
Saúde, para custeio da assistência médico
O setor de trânsito em geral conta com re- hospitalar dos segurados vitimados em aci-
ceitas provenientes de várias fontes, entre dentes de trânsito;
as quais dotações orçamentárias, multas,  5% do valor bruto recolhido do segurado

convênios, pedágios, IPVA, financiamentos, ao Denatran, para aplicação exclusiva, pe-


taxas de estacionamento, licenciamento e los Ministérios da Saúde, da Educação, do
habilitação. Trabalho, dos Transportes e da Justiça, em
O setor vem sendo garantido, em grande programas destinados à prevenção de aci-
parte, pela receita proveniente das multas, o dentes de trânsito, nos termos do artigo 78
que constitui um grande risco, uma vez que o do Código de Trânsito Brasileiro e da Reso-
desejável é um trânsito disciplinado com re- lução do Contran nº 143/03.
duzido número de infrações. Assim, a gestão A chamada Lei de Responsabilidade Fiscal
financeira do sistema trânsito deve orientar-se veio reforçar a disciplina no emprego dos re-
pela independência financeira com relação ao cursos com vinculação legal em sua aplicação,
resultado de multas, a partir da constatação inclusive daqueles destinados à melhoria do
de que a arrecadação de tais recursos é variá- trânsito.
vel e desejavelmente decrescente.
O Fundo Nacional de Segurança e Educa-
Objetivos
ção para o trânsito – Funset, previsto no artigo
320 do Código de Trânsito Brasileiro e criado A Política Nacional de Trânsito busca atingir
pela Lei nº 9.602, de 21 de janeiro de 1998, cinco grandes objetivos, priorizados em razão
tem por finalidade custear as despesas do de seus significados para a sociedade e para o
Departamento Nacional de Trânsito relativas à cidadão brasileiro e de seus efeitos multiplica-
operacionalização da segurança e educação dores, em consonância com as demais políti-
para o trânsito. Sua constituição inclui o per- cas públicas. São eles:

Tr â n s i t o , q u e s t ã o d e c i d a d a n i a 29
CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO 1. Priorizar a preservação da vida, da saúde e do Detalhamento das diretrizes gerais
meio ambiente, visando à redução do nú- em específicas
mero de vítimas, dos índices e da gravidade
1. Aumentar a segurança de trânsito
dos acidentes de trânsito e da emissão de
 Intensificar a fiscalização de trânsito.
poluentes e ruídos;
 Combater a impunidade no trânsito.
2. Efetivar a educação contínua para o trânsito,
 Promover a melhoria das condições de se-
de forma a orientar cada cidadão e toda a
gurança dos veículos.
comunidade, quanto a princípios, valores,
 Promover a melhoria nas condições físicas
conhecimentos, habilidades e atitudes
e de sinalização do sistema viário, conside-
favoráveis e adequadas à locomoção no
rando calçadas e passeios.
espaço social, para uma convivência no
 Concluir e aprimorar a regulamentação do
trânsito de modo responsável e seguro;
Código de Trânsito Brasileiro.
3. Promover o exercício da cidadania, incenti-
vando o protagonismo da sociedade com
 Incentivar o desenvolvimento de pesquisas
sua participação nas discussões dos proble- tecnológicas na gestão de trânsito.
mas e das soluções, em prol da consecução
 Intensificar a fiscalização de regularidade
de um comportamento coletivo seguro, da documentação do condutor, do veículo
respeitoso e não agressivo no trânsito, de e das condições veiculares.
respeito ao cidadão, considerado como o  Padronizar e aprimorar as informações
foco dos esforços das organizações execu- sobre vítimas e acidentes de trânsito no
toras da Política Nacional de Trânsito; âmbito nacional.
4. Estimular a mobilidade e a acessibilidade a  Estabelecer bases legais para fiscalização
todos os cidadãos, propiciando as condições de infrações por uso de bebida alcoólica e
necessárias para sua locomoção no espaço substâncias entorpecentes.
público, de forma a assegurar plenamente  Aprimorar o atendimento às vítimas, no
o direito constitucional de ir e vir, e pos- local do acidente de trânsito.
sibilitando deslocamentos ágeis, seguros,  Disciplinar a circulação de ciclomotores,
confortáveis, confiáveis e econômicos. bicicletas e veículos de propulsão humana
5. Promover a qualificação contínua de gestão e de tração animal.
dos órgãos e entidades do SNT, aprimorando  Aprimorar a gestão de operação e de fisca-
e avaliando a sua gestão. lização de trânsito.
 Intensificar a fiscalização sobre a circula-
ção dos veículos de transporte de carga,
Diretrizes gerais
de transporte de produtos perigosos e de
1. Aumentar a segurança de trânsito transporte de passageiros.
2. Promover a educação para o trânsito  Tratar o trânsito, também, como uma ques-
3. Garantir a mobilidade e acessibilidade com tão de saúde pública.
segurança e qualidade ambiental a toda  Incentivar o desenvolvimento tecnológico
população dos veículos para aumento da segurança
4. Promover o exercício da cidadania, a parti- passiva e ativa.
cipação e a comunicação com a sociedade
5. Fortalecer o Sistema Nacional de Trânsito 2. Promover a educação para o trânsito
 Promover a educação para o trânsito abran-

30
CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO
gendo toda a população, trabalhando prin- tes, inclusive com ônus ao empreendedor,
cípios, cidadania, valores, conhecimentos, quando couber.
habilidades e atitudes favoráveis à loco-  Promover a atuação integrada dos órgãos
moção. executivos de trânsito com órgãos de pla-
 Promover a adoção de currículo interdis- nejamento, desenvolvimento urbano e de
ciplinar sobre segurança no trânsito, nos transporte público.
termos do CTB.  Promover a atuação integrada de mu-
 Promover a adoção de conteúdos curricula- nicípios no tratamento do trânsito em
res relativos à educação para o trânsito, nas regiões metropolitanas e nas cidades co-
escolas de formação para o magistério, e a nurbadas.
capacitação de professores multiplicadores.  Estimular a previsão na legislação munici-
 Promover programas de caráter permanen- pal, estadual e federal de mecanismos que
te de educação para o trânsito. exijam a construção, manutenção e melho-
 Promover a capacitação e o aperfeiçoa- ria de calçadas e passeios.
mento técnico dos profissionais da área de  Fomentar a construção de vias exclusivas
trânsito. para pedestres e ciclistas.
 Promover a melhoria contínua do proces-  Incentivar o desenvolvimento tecnológico
so de formação e habilitação dos condu- de veículos para redução de emissão de
tores. poluentes e de ruído.
 Intensificar a utilização dos serviços de  Incentivar o desenvolvimento tecnológico
rádio e difusão de sons e imagens para vei- de propulsão veicular menos poluente.
culação de campanhas educativas.  Implementar a fiscalização e o controle dos
níveis de emissão de poluentes e de ruído
3. Garantir a mobilidade e acessibilidade com veicular na frota em circulação.
segurança e qualidade ambiental a toda a  Incentivar a realização de convênios en-
população tre os órgãos executivos de trânsito e os
 Priorizar a mobilidade de pessoas sobre órgãos municipais executivos rodoviários,
a de veículos, incentivando o desenvolvi- para o tratamento conjunto nas vias rurais
mento de sistemas de transporte coletivo e que atravessam áreas urbanas.
dos não motorizados.  Minimizar os efeitos negativos causados
 Priorizar a mobilidade e acessibilidade das pelo trânsito no meio ambiente e melhorar
pessoas considerando os usuários mais a qualidade dos espaços urbanos.
frágeis do trânsito, como: crianças, idosos,  Estimular a fiscalização para coibir o trans-
pessoas com deficiências e portadores de porte ilegal de passageiros.
necessidades especiais.
 Promover nos projetos de empreendimen- 4. Promover o exercício da cidadania, a partici-
tos, em especial naqueles considerados pação e a comunicação com a sociedade
pólos geradores de tráfego, a inclusão de  Estimular a participação da sociedade em

medidas de segurança e sinalização de movimentos voltados à segurança e à cida-


trânsito, incentivando para que os planos dania no trânsito.
diretores municipais façam referência a sua  Estimular a criação de ouvidorias e outros

implantação e prevejam mecanismos que canais de comunicação da população com


minimizem os efeitos negativos decorren- os órgãos e entidades do SNT.

Tr â n s i t o , q u e s t ã o d e c i d a d a n i a 31
CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO  Fomentar a divulgação das ações de plane- O CONCEITO DE CIDADANIA IMPLICA CONFLITOS,
jamento, projeto, operação, fiscalização e JÁ QUE, DE UM LADO, ESTÁ A IDÉIA FUNDAMENTAL
administração do trânsito. DE INDIVÍDUO, E DE OUTRO, REGRAS UNIVERSAIS
 Divulgar e disponibilizar à sociedade – UM SISTEMA DE LEIS VÁLIDO PARA TODOS EM TODO
estudos técnicos, estatísticas, normas e E QUALQUER ESPAÇO SOCIAL. ASSIM CONSIDERANDO,
legislação. É FUNDAMENTAL DESTACAR A DIMENSÃO DE
 Desestimular a utilização de situações
CIDADANIA INSERIDA NO TRÂNSITO, UMA VEZ
condenadas pela legislação de trânsito, na
QUE ESTE CONFIGURA UMA SITUAÇÃO BÁSICA DE
veiculação de publicidade em geral.
DIFERENÇA, DIVERSIDADE, EQÜIDADE, TOLERÂNCIA
 Promover a sensibilização da opinião pú-
E DE DIREITOS HUMANOS
blica para o tema trânsito, por intermédio
da mobilização dos meios de comunicação
social, com engajamento dos órgãos e enti- de campo, policiamento, fiscalização e edu-
dades do Sistema Nacional de Trânsito. cação de trânsito.
 Promover a criação de indicadores que per-
5. Fortalecer o Sistema Nacional de Trânsito mitam avaliar a qualidade do trânsito.
 Promover a estruturação organizacional, o  Promover o amplo acesso às informações
dimensionamento de recursos humanos de trânsito por todos os órgãos e entidades
e materiais adequados, a modernização e do Sistema Nacional de Trânsito.
a melhoria de desempenho dos órgãos e  Estimular o relacionamento e articulação
entidades do Sistema Nacional de Trânsito. dos órgãos e entidades do Sistema Nacio-
 Promover a capacitação dos profissionais nal de Trânsito entre si.
que atuam nos órgãos e entidades do Sis-  Gerar e disponibilizar, aos órgãos e entida-
tema Nacional de Trânsito. des do Sistema Nacional de Trânsito, docu-
 Difundir e disponibilizar experiências exito- mentação e manuais técnicos de trânsito.
sas entre os órgãos e entidades do Sistema  Aprimorar a interpretação uniforme da
Nacional de Trânsito. legislação de trânsito para fins de sua apli-
 Promover a integração dos Municípios ao cação.
Sistema Nacional de Trânsito.
 Criar mecanismos de avaliação institucional
Metas
e organizacional, avaliar os órgãos e enti-
dades do Sistema Nacional de Trânsito e A Política Nacional de Trânsito aprovada pelo
divulgar os resultados. Contran expressa, por meio dos anunciados
 Criar formas e mecanismos que garantam objetivos e diretrizes, rumos e caminhos para
a sustentabilidade financeira do Sistema se atender ao anseio maior da população bra-
Nacional de Trânsito, não vinculados à sileira de redução da violência no trânsito e
arrecadação provenientes de multas de melhoria do bem estar social.
trânsito. Traçados os objetivos e as diretrizes e es-
 Estimular a criação de Conselhos Gestores tabelecidos assim os rumos para uma grande
dos fundos de arrecadação previstos na mudança de atitude em relação ao trânsito,
legislação de trânsito. mister se faz a formulação do Programa Na-
 Aplicar os recursos de multa exclusivamen- cional de Trânsito, consubstanciado em um
te em sinalização, engenharia de tráfego, conjunto de metas e ações voltadas para todo

32
CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO
o Sistema Nacional de Trânsito, com alcance pelo Governo Federal, com 30 (trinta)
em todos os rincões brasileiros, de forma que, campanhas avaliando sua eficácia, até de-
num horizonte de alguns anos, sejam, enfim, zembro de 2006.
revertidos os números tão negativos de aci- 9. Fomentar, com aplicação de recursos do
dentalidade e mortes no trânsito no Brasil. Funset, a elaboração de projetos de sinali-
O Programa Nacional de Trânsito não é zação de trânsito em:
obra de um órgão ou entidade apenas do Sis-  30 (trinta) municípios das regiões Norte,
tema Nacional de Trânsito, mas sim de todos Nordeste e Centro Oeste com índices de
eles, cada qual no seu âmbito de atuação. acidente de trânsito acima de 18 mortes
para cada 100.000 habitantes (média na-
cional), até dezembro de 2006.
Metas gerais do Programa Nacional
 30 (trinta) municípios de todo o país, com
de Trânsito para atendimento às Diretrizes
índices de acidente de trânsito acima de
da Política Nacional de Trânsito
15 mortes para cada 100.000 habitantes,
São metas para o horizonte 2006: até dezembro de 2006.
1. Concluir a regulamentação do Código de  30 (trinta) municípios de todo o país, com
Trânsito Brasileiro, até dezembro de 2005. índice de acidente de trânsito acima de 10
2. Implantar um projeto piloto de fiscali- mortes para cada 100.000 habitantes, até
zação automática de veículos em cada dezembro de 2006.
unidade da federação, até dezembro de 10. Iniciar a implantação do programa de
2005. inspeção técnica veicular até dezembro
3. Reduzir para dezessete mortes para cada de 2005, concluindo sua implantação, até
100.000 habitantes, até dezembro de dezembro de 2006.
2006, tendo como referência o índice 11. Implantar a segurança eletrônica de
nacional de acidentes de 18 mortes para emissão de documentos de veículos, até
cada 100.000 habitantes; dezembro de 2005.
4. Implementar as diretrizes de funciona- 12. Implantar a segurança eletrônica de emis-
mento dos Cetrans e do Contrandife, até são de documentos de habilitação de
janeiro de 2005. condutores, até dezembro de 2005.
5. Implantar o Fórum Consultivo Estadual 13. Implantar por intermédio do Denatran
em todas as unidades da federação, até um sistema nacional eficaz de estatística
dezembro de 2005. de acidentes de trânsito, que contemple
6. Implantar o “Programa de Educação para todas as unidades da federação e que
a Cidadania no Trânsito” em mil municí- represente 100% dos acidentes com ví-
pios, até dezembro de 2006. timas registrados no país, até dezembro
7. Capacitar 12.000 (doze mil) profissionais de 2006.
de órgãos e entidades do Sistema Nacio- 14. Implementar um banco nacional de ques-
nal de Trânsito, sendo 2.000 (dois mil) até tões de trânsito para exame de candida-
dezembro de 2004, 4.000 (quatro mil) até tos à habilitação, até junho de 2005.
dezembro de 2005 e 6.000 (seis mil) até 15. Iniciar a implementação de um “provão”
dezembro de 2006. nacional para exame de instrutores de
8. Iniciar a realização de programas educa- Centros de Formação de Condutores, até
tivos permanentes, de âmbito nacional junho de 2005.

Tr â n s i t o , q u e s t ã o d e c i d a d a n i a 33
CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO 16. Iniciar a implementação de auditoria nos 2.000 (dois mil) municípios, até dezem-
exames de habilitação realizados pelos bro de 2010.
Detrans, até dezembro de 2005. 2. Implantar tecnologia de identificação au-
17. Implementar um sistema de fiscalização tomática em veículos novos, fabricados a
automática de veículos em todas as unida- partir de 2008.
des da federação, até dezembro de 2006. 3. Antecipar a substituição de todas as car-
18. Elaborar e implantar um programa de teiras de habilitação expedidas entre 1968
comunicação social e um programa de e 1998, durante a vigência do Código Na-
marketing de trânsito, até junho de 2005. cional de Trânsito – PGUs, até dezembro
19. Reduzir, para menos de 15% (quinze por de 2008.
cento), a taxa de veículos não licencia- 4. Capacitar 50.000 (cinqüenta mil) profissio-
dos com inadimplência em taxas, IPVA nais de órgãos e entidades do Sistema Na-
e multas de trânsito, até dezembro de cional de Trânsito, até dezembro de 2010.
2006. 5. Implementar a rede nacional de formação
20. Fiscalizar 10% (dez por cento) da frota do de condutores como forma de controle e
país quanto às condições físicas e docu- acompanhamento do processo de forma-
mentais do veículo em circulação, bem ção, até dezembro de 2007.
como as condições de habilitação dos 6. Reduzir, para menos de 10%, a taxa de
respectivos condutores, até dezembro veículos não licenciados com inadimplên-
de 2006. cia em taxas, IPVA e multas de trânsito, até
21. Iniciar a implantação do curso previsto no dezembro de 2010.
CTB para renovação da CNH, até dezem- 7. Concluir sistema nacional único de ava-
bro de 2005. liação de candidatos ao primeiro docu-
22. Incentivar a elaboração de proposta de mento de habilitação e implementá-lo
Projeto de Lei para criar base legal para em todas as unidades da federação, até
medição de alcoolemia previsto no CTB, dezembro de 2007.
até junho de 2005. 8. Reduzir o índice nacional de mortes para
23. Regulamentar a habilitação de condutor e cada 100.000 habitantes para 14 (qua-
o registro de ciclomotores, até dezembro torze) mortes para cada 100.000 habitan-
de 2005. tes, até dezembro de 2010.
24. Disciplinar a circulação de motocicletas na 9. Fiscalizar 20% (vinte por cento) da frota
via pública, até dezembro de 2005. do país quanto às condições físicas e
25. Fomentar, em conjunto com o Ministério documentais do veículo em circulação,
do Meio Ambiente, um programa de pro- bem como as condições de habilitação
teção e melhoria da qualidade ambiental, dos respectivos condutores, até dezem-
até dezembro de 2005. bro de 2010.
26. Fomentar, em conjunto com o Ministério 10. Implantar uma rede nacional de con-
dos Transportes, um programa de segu- trole das características dos veículos
rança rodoviária, até dezembro de 2005. automotores e dos atos de registro, até
dezembro de 2010.
São metas para o horizonte 2010: 11. Disciplinar a circulação de bicicletas em
1. Implantar o Programa de Educação todas as vias públicas do país, até 2010.
para a Cidadania no Trânsito em outros 12. Adotar, em todos os níveis de ensino, um

34
CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO
currículo interdisciplinar com conteúdo
programático sobre segurança no trânsi-
to, até dezembro de 2008.
13. Realizar programas educativos perma-
nentes de âmbito nacional pelo Governo
Federal, com 48 (quarenta e oito) campa-
nhas, até dezembro de 2010.
14. Fomentar, com aplicação de recursos do
Funset, a elaboração de projetos de sinali-
zação de trânsito em:
 30 (trinta) municípios das regiões Norte,
Nordeste e Centro Oeste com índices de
acidente de trânsito acima de 18 mortes
para cada 100.000 habitantes (média na-
cional), até dezembro de 2010.
 30 (trinta) municípios de todo o país, com
índices de acidente de trânsito acima de
15 mortes para cada 100.000 habitantes,
até dezembro de 2010.
 30 (trinta) municípios de todo o país, com Faixa exclusiva de ônibus à esquerda
índice de acidente de trânsito acima de 10 Belo Horizonte / MG
mortes para cada 100.000 habitantes, até
dezembro de 2010.
6. Fomentar, com aplicação de recursos do
São metas para o horizonte 2014 Funset, a elaboração de projetos de sinali-
1. Reduzir o índice de mortes no trânsito zação de trânsito em:
para 11 (onze) mortes para cada 100.000  30 (trinta) municípios de todos o país,
habitantes, até dezembro de 2014. com índices de acidente de trânsito acima
2. Colocar no mercado brasileiro veículos de 18 mortes para cada 100.000 habitan-
novos nacionais com padrão de segurança tes (média nacional), até dezembro de
– ativa e passiva – e ambiental, compatível 2014.
com os melhores padrões observados in-  30 (trinta) municípios de todo o país, com
ternacionalmente, até dezembro de 2014. índices de acidente de trânsito acima de
3. Implantar o Programa de Educação para a 15 mortes para cada 100.000 habitantes,
Cidadania no Trânsito em todos os Muni- até dezembro de 2014.
cípios, até dezembro de 2014.  30 (trinta) municípios de todo o país, com
4. Reciclar 12.000 (doze mil) profissionais de índice de acidente de trânsito acima de 10
órgãos e entidades do Sistema Nacional mortes para cada 100.000 habitantes, até
de Trânsito, até dezembro de 2014. dezembro de 2014.
5. Realizar programas educativos perma-  Reduzir, para menos de 5% (cinco por
nentes, de âmbito nacional pelo Governo cento), a taxa de veículos não licenciados
Federal, com 48 (quarenta e oito) campa- com inadimplência em taxas, IPVA e mul-
nhas, até dezembro de 2014. tas de trânsito, até dezembro de 2014.

Tr â n s i t o , q u e s t ã o d e c i d a d a n i a 35
CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO
O Sistema Nacional
de Trânsito
Página anterior
Prêmio Denatran
Educação 1ª e 2ª séries / Sudeste / 1º lugar
Lucas Henrique Araújo
São Carlos/SP
CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO
SISTEMA NACIONAL DE TRÂNSITO–  O Conselho Nacional de Trânsito – Con-
FINALIDADE, COMPOSIÇÃO tran, de âmbito da União, coordenador
E OBJETIVOS do Sistema e órgão máximo normativo e
consultivo;
Finalidade  Os Conselhos Estaduais de Trânsito – Ce-
tran e o Conselho de Trânsito do Distrito
O Sistema Nacional de Trânsito é o conjunto Federal – Contrandife, órgãos normativos,
de órgãos e entidades da União, dos Estados, consultivos e coordenadores em cada uni-
do Distrito Federal e dos Municípios que tem dade da federação;
por finalidade o exercício das seguintes ativi-  Os órgãos e entidades executivos de trânsi-
dades, conforme artigo 5° da Lei 9.503 de 23 to da União, dos Estados, do Distrito Fede-
de setembro de 1997 que instituiu o Código ral e dos Municípios;
de Trânsito Brasileiro – CTB:  Os órgãos e entidades executivos rodo-
 Planejamento; viários da União, dos Estados, do Distrito
 Administração; Federal e dos Municípios;
 Normatização;  A Polícia Rodoviária Federal;
 Pesquisa;  As Polícias Militares dos Estados e do Distri-
 Registro e licenciamento de veículos; to Federal; e
 Formação, habilitação e reciclagem de con-  As Juntas Administrativas de Recursos de
dutores; Infrações – Jari.
 Educação, engenharia, operação do sis-
tema viário, policiamento, fiscalização, O Sistema Nacional de Trânsito é composto,
julgamento de infrações e de recursos e atualmente, por 1.413 órgãos e entidades de
aplicação de penalidades. trânsito em todo o país (ver tabela abaixo).
Os Conselhos Estaduais de Trânsito – Ce-
tran (Contrandife para o Distrito Federal) são
Composição
compostos, cada qual, por no mínimo nove
Compõem o SNT os seguintes órgãos e enti- membros, sendo três deles representantes da
dades (artigo 7° do Código de Trânsito Brasi- sociedade. Assim, dos 243 membros, 81 são
leiro – CTB): indicados pela sociedade.

SISTEMA NACIONAL DE TRÂNSITO

INSTÂNCIA ÓRGÃOS ÓRGÃOS EXECUTIVOS AGENTES DE ÓRGÃOS TOTAL


CONSULTIVOS FISCALIZAÇÃO JULGADORES
TRÂNSITO RODOVIÁRIO
Federal Contran Denatran DNIT Polícia Rodoviária Jari (*) 7
Federal e DNIT
Estadual Cetran/ Detran DER Polícia Militar, Jari (*) 162
Contrandife agentes dos Detrans
e DER
Municipal – Órgão municipal Órgão municipal Polícia Militar e Jari (*) 1.244
de trânsito e de trânsito e agentes dos órgãos
rodoviário rodoviário municipais
TOTAL 1.413
(*) Considerada apenas uma Jari vinculada a cada órgão executivo de trânsito.

Tr â n s i t o , q u e s t ã o d e c i d a d a n i a 39
CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO As Jaris são constituídas por, no mínimo, É de competência do Contran, dentre
três membros, sendo um deles representante outras:
da sociedade. Há, atualmente, pelo menos,  Coordenar os órgãos e entidades do Sis-

2.034 membros de Jari, dos quais 678 são re- tema Nacional de Trânsito objetivando a
presentantes da sociedade. integração de suas atividades;
A expectativa é de que o Sistema Nacio-  Estabelecer as normas regulamentares refe-

nal de Trânsito venha a contemplar mais de ridas no Código de Trânsito Brasileiro;


11.000 órgãos e entidades de trânsito, assim  Estabelecer as diretrizes da Política Nacio-

que todos os Municípios brasileiros estejam a nal de Trânsito.


ele integrados e praticando a gestão do trân-
sito com suas respectivas Jaris.
Câmara Interministerial de Trânsito

A Câmara Interministerial de Trânsito, criada


Objetivos
pelo Decreto n° 4.710, de 29 de maio de 2003,
Dentre os objetivos básicos do Sistema Nacio- tem por finalidade harmonizar e compatibili-
nal de Trânsito (artigo 6° do CTB), destaca-se o zar políticas e orçamentos que interfiram ou
de estabelecer diretrizes da Política Nacional repercutam na Política Nacional de Trânsito.
de Trânsito, com vistas à segurança, à fluidez, A Câmara Interministerial de Trânsito é
à defesa ambiental e à educação para o trânsi- presidida pelo Ministério das Cidades e é com-
to, e fiscalizar o seu cumprimento. posta pelos seguintes Ministérios:
 das Cidades;

 da Ciência e Tecnologia;
Conselho Nacional de Trânsito –
 da Defesa;
Contran (art. 10° e 12° do CTB)
 da Educação;

O Decreto n° 4.711, de 29 de maio de 2003,  da Justiça;

estabelece que o Ministério das Cidades tem a  do Meio Ambiente;

coordenação do Sistema Nacional de Trânsito,  do Planejamento, Orçamento e Gestão;

ao qual está ligado o Conselho Nacional de  da Saúde;

Trânsito – Contran, presidido pelo dirigente do  do Trabalho e Emprego, e

órgão máximo executivo de trânsito da União  dos Transportes.

– Denatran.
O Conselho Nacional de Trânsito, subordi-
Câmaras Temáticas (art. 13° do CTB)
nado ao Ministério das Cidades, é composto
pelos seguintes Ministérios: As Câmaras Temáticas são órgãos técnicos
 da Ciência e Tecnologia; vinculados ao Contran, integradas por espe-
 da Educação; cialistas, e têm o objetivo de estudar e ofere-
 da Defesa; cer sugestões e embasamento técnico sobre
 do Meio Ambiente; assuntos específicos para decisões daquele
 dos Transportes; órgão colegiado.
 das Cidades; e As Câmaras Temáticas são constituídas
 da Saúde. por especialistas representantes de órgãos e
entidades executivos da União, dos Estados,
ou do Distrito Federal, e dos Municípios, além

40
CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO
de especialistas representantes dos diversos  Órgãos executivos rodoviários dos Estados
segmentos da sociedade relacionados com o e do Distrito Federal;
trânsito, todos indicados segundo resolução  Conselhos Estaduais de Trânsito – Cetran;
do Contran e designados pelo ministro ou  Polícias Militares – PM;
dirigente coordenador máximo do Sistema  Órgãos e entidades executivos municipais.
Nacional de Trânsito.
São as seguintes as Câmaras Temáticas:
 de Assuntos Veiculares;
Participação da sociedade
 de Educação para o Trânsito e Cidadania;
As questões do trânsito são discutidas, atual-
 de Engenharia de Tráfego, da Sinalização e
mente, num amplo espectro da sociedade, seja
da Via; pela ação dos 1.413 órgãos e entidades do Sis-
 de Esforço Legal: infrações, penalidades,
tema Nacional de Trânsito, nos quais se observa
crimes de trânsito, policiamento e fiscaliza- a participação direta de autoridades públicas
ção de trânsito; dos três níveis de governo e de 824 represen-
 de Formação e Habilitação de Condutores;
tantes da sociedade, assim distribuídos:
 de Saúde e Meio Ambiente no Trânsito.  Câmaras Temáticas: 84 representantes.

As Câmaras Temáticas são compostas por  Cetran / Contrandife: 81 representantes.

13 membros titulares e 13 membros suplentes,  Jari: 678 representantes.

totalizando 156 membros, sendo 84 represen-


tantes da sociedade.
Conferência Nacional das Cidades

A Lei 10.257, de 10 de julho de 2001, denomi-


Fórum Consultivo do Sistema
nada de Estatuto das Cidades, estabelece as
Nacional de Trânsito
diretrizes da política urbana, que tem por ob-
O Fórum Consultivo, criado pela Resolução jetivo ordenar o pleno desenvolvimento das
Contran n° 142, de 26 de março de 2003, tem funções sociais da cidade e da propriedade
por finalidade assessorar o Contran em suas urbana.
decisões, buscando atender ao disposto no O Estatuto das Cidades dedica um capítulo
artigo 6° do Código de Trânsito Brasileiro. específico – Capítulo IV – à gestão democrá-
O Fórum Consultivo é composto por 54 tica da cidade, estabelecendo os seguintes
membros titulares e 54 membros suplentes, instrumentos:
todos titulares dos seguintes órgãos e enti-  Órgãos colegiados de política urbana, nos

dades, distribuídos regionalmente e contem- níveis nacional, estadual e municipal;


plando todo o país:  Debates, audiências e consultas públicas;

 Órgão máximo executivo de trânsito da  Conferências sobre assuntos de interesse

União – Departamento Nacional de Trânsi- urbano, nos níveis nacional, estadual e mu-
to – Denatran; nicipal;
 Órgão executivo rodoviário da União – De-  Iniciativa popular de projeto de lei e de

partamento Nacional de Infra-estrutura de planos, programas e projetos de desenvol-


Trânsito – DNIT; vimento urbano.
 Polícia Rodoviária Federal – PRF;

 Órgãos ou entidades executivos de trânsito


Pelo Decreto Presidencial de 22 de maio de
dos Estados e do Distrito Federal; 2003, é convocada a 1ª Conferência Nacional

Tr â n s i t o , q u e s t ã o d e c i d a d a n i a 41
CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO das Cidades, ocorrida de 23 a 26 de outubro Conselho das Cidades
de 2003 e que teve por lema “Cidade para
O Conselho das Cidades, eleito na Conferên-
Todos”.
cia Nacional das Cidades, homologado pelo
A finalidade da 1ª Conferência Nacional das
Presidente da República pelo Dec. nº 5.031, de
Cidades foi definida pela Portaria de nº 170, de
2 de abril de 2004 e integrado ao Ministério
26 de maio de 2003, do Ministério das Cida-
das Cidades pela Lei 10.683, de 28 de maio de
des, assim definidas:
2003, é um órgão colegiado que reúne repre-
 Propor princípios e diretrizes para as polí-
sentantes do poder público e da sociedade
ticas setoriais e para a política nacional das
civil, e integra a estrutura do Ministério das
cidades;
 Identificar os principais problemas que afli-
Cidades.
O Conselho das Cidades tem por finalidade
gem as cidades brasileiras trazendo a voz
assessorar, estudar e propor diretrizes para o
dos vários segmentos e agentes produto-
desenvolvimento urbano e regional com a
res, consumidores e gestores;
 Indicar prioridades de atuação ao Ministé-
participação social e integração das políticas
fundiária e de habitação, saneamento ambien-
rio das Cidades;
 Propor a natureza e novas atribuições, bem
tal, trânsito, transporte e mobilidade urbana. É
como indicar os membros do Conselho das responsável pela formulação da política urba-
Cidades; na nacional, articulado com as câmaras seto-
 Propor as formas de participação no pro-
riais e os conselhos estaduais e municipais.
cesso de formação do Conselho das Cida- O Conselho tem uma estrutura básica
des; composta por Plenário e Comitês Técnicos. O
 Avaliar programas em andamento e legis- Plenário é composto por 71 membros e res-
lações vigentes nas áreas de Habitação, Sa- pectivos suplentes, sendo que 30 são repre-
neamento Ambiental, Programas Urbanos, sentantes dos três níveis de governo – federal,
Trânsito, Transporte e Mobilidade Urbana, estadual e municipal e 41 são representantes
desenvolvidas pelos Governos Federal, do movimento popular, da classe empresarial,
Estaduais, Municipais e do Distrito Federal dos trabalhadores, das entidades profissionais
nas suas diversas etapas, com base nos e acadêmicas e das organizações não gover-
princípios e diretrizes definidos; namentais. Compõem ainda o Conselho, 27
 Avaliar o sistema de gestão e implemen- observadores.
tação destas políticas, intermediando a O Conselho possui 4 Comitês Técnicos, de
relação com a sociedade na busca da cons- caráter permanente:
trução de uma esfera público-participativa;  Habitação;
 Avaliar os instrumentos de participação  Saneamento ambiental;
popular na elaboração e implementação  Trânsito, transporte e mobilidade urbana;
das diversas políticas públicas.  Planejamento territorial urbano.

42
CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO
Departamento
Nacional de Trânsito
Denatran
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Prêmio Denatran
1ª e 2ª série / Centro-Oeste / 2º lugar
Guilherme Henrique Oliveira Sotério
Planaltina/DF
CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO
Subordinado à Secretaria Executiva do Minis- teira Nacional de Habilitação, os Certifi-
tério das Cidades, o Departamento Nacional cados de Registro e o de Licenciamento
de Trânsito – Denatran – órgão máximo exe- Anual mediante delegação aos órgãos
cutivo de trânsito da União é responsável pelo executivos dos Estados e do Distrito
cumprimento das atribuições determinadas Federal;
pela Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997, VIII organizar e manter o Registro Nacional
que instituiu o Código de Trânsito Brasileiro de Carteiras de Habilitação – Renach;
– CTB, com as alterações promovidas pela Lei IX organizar e manter o Registro Nacional
nº 9.602, de 21 de janeiro de 1998: de Veículos Automotores – Renavam;
I cumprir e fazer cumprir a legislação de X organizar a estatística geral de trânsito
trânsito e a execução das normas e di- no território nacional, definindo os da-
retrizes estabelecidas pelo Contran, no dos a serem fornecidos pelos demais
âmbito de suas atribuições; órgãos e promover sua divulgação;
II proceder à supervisão, à coordenação, XI estabelecer modelo padrão de coleta
à correição dos órgãos delegados, ao de informações sobre as ocorrências de
controle e à fiscalização da execução da acidentes de trânsito e as estatísticas do
Política Nacional de Trânsito e do Progra- trânsito;
ma Nacional de Trânsito; XII administrar fundo de âmbito nacional
III articular-se com os órgãos dos Sistemas destinado à segurança e à educação de
Nacionais de Trânsito, de Transporte e trânsito;
de Segurança Pública, objetivando o XIII coordenar a administração da arrecada-
combate à violência no trânsito, pro- ção de multas por infrações ocorridas
movendo, coordenando e executando em localidade diferente daquela da
o controle de ações para a preservação habilitação do condutor infrator e em
do ordenamento e da segurança do unidade da Federação diferente daque-
trânsito; la do licenciamento do veículo;
IV apurar, prevenir e reprimir a prática de XIV fornecer aos órgãos e entidades do Sis-
atos de improbidade contra a fé públi- tema Nacional de Trânsito informações
ca, o patrimônio, ou a administração sobre registros de veículos e de condu-
pública ou privada, referentes à segu- tores, mantendo o fluxo permanente de
rança do trânsito; informações com os demais órgãos do
V supervisionar a implantação de proje- Sistema;
tos e programas relacionados com a XV promover, em conjunto com os órgãos
engenharia, educação, administração, competentes do Ministério da Educa-
policiamento e fiscalização do trânsito e ção e do Desporto, de acordo com as
outros, visando à uniformidade de pro- diretrizes do Contran, a elaboração e a
cedimento; implementação de programas de edu-
VI estabelecer procedimentos sobre a cação de trânsito nos estabelecimentos
aprendizagem e habilitação de con- de ensino;
dutores de veículos, a expedição de XVI elaborar e distribuir conteúdos progra-
documentos de condutores, de registro máticos para a educação de trânsito;
e licenciamento de veículos; XVII promover a divulgação de trabalhos
VII expedir a Permissão para Dirigir, a Car- técnicos sobre o trânsito;

Tr â n s i t o , q u e s t ã o d e c i d a d a n i a 45
CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO XVIII elaborar, juntamente com os demais XXVI estabelecer procedimentos para a con-
órgãos e entidades do Sistema Nacional cessão do código marca-modelo dos
de Trânsito, e submeter à aprovação do veículos para efeito de registro, empla-
Contran, a complementação ou altera- camento e licenciamento;
ção da sinalização e dos dispositivos e XXVII instruir os recursos interpostos das de-
equipamentos de trânsito; cisões do Contran, ao ministro ou diri-
XIX organizar, elaborar, complementar e gente coordenador máximo do Sistema
alterar os manuais e normas de projetos Nacional de Trânsito;
de implementação da sinalização, dos XXVIII estudar os casos omissos na legislação
dispositivos e equipamentos de trânsito de trânsito e submetê-los, com propos-
aprovados pelo Contran; ta de solução, ao Ministério ou órgão
XX expedir a permissão internacional para coordenador máximo do Sistema Na-
conduzir veículo e o certificado de cional de Trânsito;
passagem nas alfândegas, mediante XXIX prestar suporte técnico, jurídico, admi-
delegação aos órgãos executivos dos nistrativo e financeiro ao Contran.
Estados e do Distrito Federal;
XXI promover a realização periódica de reu- Das atribuições cometidas ao Denatran de-
niões regionais e congressos nacionais corre um vasto conjunto de atividades direcio-
de trânsito, bem como propor a repre- nado para toda a população brasileira e atin-
sentação do Brasil em congressos ou gindo diretamente um universo de 38 milhões
reuniões internacionais; de condutores, 36 milhões de veículos, 622
XXII propor acordos de cooperação com órgãos executivos municipais (até outubro
organismos internacionais, com vis- de 2004), 27 órgãos executivos estaduais, 27
tas ao aperfeiçoamento das ações órgãos rodoviários estaduais, 8.000 centros de
inerentes à segurança e educação de formação de condutores, mais de 676 juntas
trânsito; administrativas de recursos e 25 órgãos esta-
XXIII elaborar projetos e programas de for- duais normativos de trânsito.
mação, treinamento e especialização do O Denatran tem atuado no sentido de de-
pessoal encarregado da execução das senvolver programas, projetos e sistemas de
atividades de engenharia, educação, âmbito nacional voltados para a educação e
policiamento ostensivo, fiscalização, segurança no trânsito e apoiando os órgãos e
operação e administração de trânsito, entidades do sistema nacional de trânsito no
propondo medidas que estimulem a desempenho de suas atribuições.
pesquisa científica e o ensino técnico- A seguir serão apresentadas as modifica-
profissional de interesse do trânsito, e ções feitas pela atual administração do Dena-
promovendo a sua realização; tran nos sistemas Renavam, Renach e Renainf
XXIV opinar sobre assuntos relacionados ao (antigo Renacom), bem como os programas
trânsito interestadual e internacional; e projetos em desenvolvimento, atendendo
XXV elaborar e submeter à aprovação do às diretrizes estabelecidas pela Política Na-
Contran as normas e requisitos de cional de trânsito – PNT.
segurança veicular para fabricação e
montagem de veículos, consoante sua
destinação;

46
CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO
SISTEMAS APLICATIVOS DE APOIO AS ATRIBUIÇÕES DO DENATRAN SÃO DIRECIONADAS
À GESTÃO DE INFORMAÇÕES PARA TODA A POPULAÇÃO BRASILEIRA E ATINGEM
DIRETAMENTE UM UNIVERSO DE 38 MILHÕES
O Código de Trânsito Brasileiro, instituído pela
DE CONDUTORES, 36 MILHÕES DE VEÍCULOS,
Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997, com
622 ÓRGÃOS EXECUTIVOS MUNICIPAIS,
as alterações decorrentes da Lei nº 9.602, de
21 de janeiro de 1998, institucionalizou os 27 ÓRGÃOS EXECUTIVOS ESTADUAIS, 27 ÓRGÃOS

sistemas informatizados Registro Nacional de RODOVIÁRIOS ESTADUAIS, 8.000 CENTROS DE

Veículos Automotores – Renavam, Registro FORMAÇÃO DE CONDUTORES, MAIS DE 676 JUNTAS

Nacional de Condutores Habilitados – Renach ADMINISTRATIVAS DE RECURSOS E 25 ÓRGÃOS


e a Coordenação e Administração da arreca- ESTADUAIS NORMATIVOS DE TRÂNSITO
dação de multas por infrações ocorridas em
localidade diferente daquela da habilitação  Emissão do certificado de adequação à le-
do condutor infrator e em unidade da Fede- gislação de trânsito;
ração diferente daquela do licenciamento do  Pré-cadastro, registro, licenciamento de
veículo (este sistema ao longo do tempo foi veículos;
chamado de Renacom e atualmente através  Emplacamento de veículos;
da Resolução n° 155/2004 de 28 de janeiro de  Faturamento de veículos pelas montadoras
2004, passou-se a chamar Registro Nacional para suas revendedoras;
de Infrações Interestaduais – Renainf), como  Registro de roubo e furto de veículos;
instrumentos de utilização obrigatória dos  Emissão e renovação de carteiras de habili-
órgãos e entidades integrantes do Sistema tação;
Nacional de Trânsito;  Atualização de dados cadastrais CRV e
Os serviços providos pelo Renavam e Rena- CNH; e
ch são imprescindíveis aos órgãos executivos  Registro de restrições financeiras, adminis-
estaduais de trânsito e do Distrito Federal, trativas e judiciais.
de Segurança Pública, do Departamento de
Polícia Rodoviária Federal, do Departamento Esses sistemas, aglutinadores de um univer-
de Polícia Federal, da Secretaria da Receita so de veículos e condutores de forma direta
Federal, das Secretarias Estaduais da Fazenda e indireta, são responsáveis pela movimen-
e do Distrito Federal, do Ministério das Rela- tação de parcela considerável do Produto
ções Exteriores, das respectivas montadoras Interno Bruto – PIB Nacional, englobando
e importadoras de veículos, das instituições montadoras, concessionárias de automóveis,
financeiras, seguridades e gráficas com a órgãos governamentais, federais, estaduais,
responsabilidade pela emissão da CNH, entre entre outros.
outros. São utilizados para o desenvolvimento O sistema Renainf, redesenhado, imple-
das atividades a seguir descritas e, pela sua menta uma nova função que permitirá a
complexidade, não podem sofrer solução de cobrança de infrações de trânsito cometidas
continuidade, seja por inoperância adminis- em unidade da federação diferente daquela
trativa ou por falhas técnicas em seu proces- de licenciamento do veículo. Esse módulo
samento: deverá também vir a ser utilizado pelo De-
 Concessão do código de marca – modelo partamento de Polícia Rodoviária Federal na
– versão dos veículos; cobrança de multas por infrações cometidas

Tr â n s i t o , q u e s t ã o d e c i d a d a n i a 47
CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO em rodovias federais. Para tanto, os dados da Na continuidade do mesmo artigo, o pará-
infração serão registrados na BIN pelas enti- grafo 3º do inciso XXIX especifica: ”os órgãos
dades autuadoras, bem como o crédito refe- e entidades executivas de trânsito e executivos
rente ao seu pagamento, permitindo assim rodoviários da União, dos Estados, do Distrito
o controle da autuação e da cobrança pelos Federal e dos Municípios fornecerão, obrigatoria-
Detrans. O repasse dos valores cobrados será mente, mês a mês, os dados estatísticos para os
efetuado diretamente pela rede arrecadadora fins previstos no inciso X”.
e o controle dos repasses será exercido pelo Em conformidade com o artigo 20, inciso
Denatran. VII, o artigo 21, inciso IV, o artigo 22, inciso IX, e
A estatística de trânsito é uma iniciativa de o artigo 24, inciso IV, o Código de Trânsito Bra-
suma importância para o Sistema Nacional sileiro estabelece que: a) o Departamento da
de Trânsito. Seus dados permitem orientar o Polícia Rodoviária Federal – DPRF, b) os órgãos
planejamento das atividades dos órgãos de executivos rodoviários da União, dos Estados,
trânsito, especialmente no que tange a: do Distrito Federal e dos Municípios, c) os ór-
 elaboração de políticas, projetos e ações gãos ou entidades executivos de trânsito dos
ligadas à segurança e educação no trânsito; Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
 realização de estudos visando a redução e d) as entidades e os órgãos executivos dos
dos índices de acidentes, o número de Municípios, respectivamente, devem coletar
vítimas fatais e a gravidade das lesões, por dados e elaborar estudos sobre os acidentes
meio de ações voltadas para a segurança e de trânsito e suas causas.
fluidez do trânsito;
 assegurar os resultados pretendidos e me-
Descrição dos Sistemas Aplicativos
dir a eficiência da gestão dos investimentos
de Gestão da Informação
realizados.

Renavam – Registro Nacional de Veículos


Mediante este contexto, foi instituído o
Automotores
Sistema Nacional de Estatísticas de Trânsito
– Sinet, que pela integração nacional dos da- O Renavam foi concebido com o objetivo de
dos estatísticos contribui para a execução do integrar informações sobre todos os veículos
processo de gestão do trânsito brasileiro. da frota nacional, tornando-as disponíveis em
Dentre as competências legais contidas no todo o território nacional por meio da inter-
artigo 19, incisos X e XI, da Lei 9.503, de 23 de ligação da Base de Índices Nacional (BIN) às
setembro de 1997, que institui o Código de bases de dados estaduais nos Detrans.
Trânsito Brasileiro, compete ao Departamento A BIN é uma base de dados central, na qual
Nacional de Trânsito – Denatran: estão armazenadas as principais informações
 “organizar a estatística geral de trânsito no dos veículos pertencentes à frota nacional,
território nacional, definindo dados a serem desse modo racionalizando o processo de
fornecidos pelos demais órgãos e promover transferência de veículos entre os Estados da
sua divulgação”; e Federação, bem como promovendo a integri-
 “estabelecer modelo de coleta de informações dade e consistência dos dados dos veículos,
sobre ocorrências de acidentes de trânsito e as evitando a duplicidade de registros em dife-
estatísticas do trânsito”, respectivamente. rentes estados.

48
CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO
Elevado da Av. Perimetral
Rio de Janeiro / RJ

SISTEMA RENAVAM
OBJETIVOS BASE DE ÍNDICES PARA REGISTRO DE VEÍCULOS INTERLIGANDO AS 27 UFS

MÓDULOS

IDENTIFICAÇÃO DESCRIÇÃO CLIENTELA

Veículos Atualização de dados cadastrais dos veículos Montadoras, fabricantes, importadores,


SRF, Detran, Anfir, Simefre

Roubo e furto Atualização de dados de registro de roubos e furtos Detran, Polícia Civil e Polícia Militar
(via Detran)

Gerencial Relatórios de controle gerencial Denatran

Contabilização Relatório quantitativo de ocorrências (transações) Denatran

Tabelas Atualização de dados diversos de controle Denatran

Consultas Consulta dados cadastrais, emplacamento e de Denatran, federações, associações,


roubos e furtos entidades de classe

Estatística Quantitativos de veículos e consolidação de roubos Denatran – Anuário Estatístico


e furtos

Tr â n s i t o , q u e s t ã o d e c i d a d a n i a 49
CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO SISTEMA RENACH
OBJETIVOS BASE DE ÍNDICE DE CONDUTORES

MÓDULOS

IDENTIFICAÇÃO DESCRIÇÃO CLIENTELA

Condutores Cadastro e consulta de condutores Denatran, Detran, gráficas

Impedimento Consulta de impedimento de cidadão, condutor e Denatran, Detran


registro de impedimento de condutor e cidadão

Tabelas Consulta e atualiza tabelas Consulta distribuição Denatran, Detran


própria, ficha de condutor; Desempenho do sistema
central, quantidade de transações realizadas,
impedimentos a cidadãos, distribuição

Gerenciamento Armazena dados de imagens do condutor e Denatran


assinatura do expedidor, assinatura e fotografia do
condutor

Banco de dados Empresa própria (expedidora de CNH)


(imagens)

SISTEMA RENAINF
OBJETIVOS BASE DE DADOS DAS INFRAÇÕES INTERESTADUAIS INTERLIGANDO AS 27 UFS

MÓDULOS

IDENTIFICAÇÃO DESCRIÇÃO CLIENTELA

Consultas Consulta de infrações e multas registradas Órgãos executivos de trânsito do SNT,


pelos órgãos Denatran, condutores e proprietários

Registro de Infrações Inclusão de autuações de infrações de Órgãos executivos de trânsito do SNT


trânsito

Notificação Impressão e envio da Notificação de Órgãos executivos de trânsito do SNT


Autuação

Guias de Pagamento Impressão e envio da Notificação de Órgãos executivos de trânsito do SNT e sistema
Penalidade e boleto de pagamento bancário

Baixa de Infrações Registrar a baixa de infrações por recursos Órgãos executivos de trânsito do SNT
ou pagamentos

Pontuação Registro de pontuações na Binco Órgãos executivos de trânsito do SNT

Recursos Registro e controle de entradas e Órgãos executivos de trânsito do SNT


resultados de recursos

Cancelamento de infrações Retirada de infrações decorrentes de erros Órgãos executivos de trânsito do SNT
de consistências

Suspensão de Infrações Quantitativos de veículos e consolidação Órgãos executivos de trânsito do SNT


de roubos e furtos

50
CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO
Renach – Registro Nacional de Condutores Sinet – Sistema Nacional de Estatística
Habilitados de Trânsito

O objetivo do Renach é integrar as informa- Com o propósito de operacionalizar as atri-


ções sobre cidadãos, candidatos e condutores, buições referentes às estatísticas de trânsito,
tornando-as disponíveis em todo o território descritas anteriormente, foi instituído pela
nacional pela interligação da Base de Índices Portaria nº 02, de 28 de janeiro de 1994, o
de Condutores (Binco) às bases de dados esta- Sistema Nacional de Estatísticas de Trânsito
duais nos Detrans. – Sinet, cujos objetivos são:
A Binco, além de servir como consolidadora  “assegurar a organização e o funcionamento

de informações sobre o conjunto das Carteiras da estatística geral do trânsito no território


Nacionais de Habilitação de todo o território nacional”; e
nacional, funciona como um índice, disponibi-  “disponibilizar as suas informações”.

lizando os dados dos condutores habilitados


em qualquer ponto do país, simplificando a Considerando a necessidade de aperfeiçoar
sistemática de transferência de prontuários os mecanismos de conhecimento e análise
dos condutores entre os estados. das informações e estatísticas de trânsito, vi-
sando a formulação de políticas de segurança
e educação no trânsito, revogou-se o artigo
Renainf – Registro Nacional de Infrações
2º da Portaria nº 02/94 e conseqüentemente
Interestaduais
foi publicada a Portaria nº 59, de 15 de setem-
O sistema Renainf foi concebido com o ob- bro de 2000, que criou a Gestão do Sistema
jetivo de integrar as informações cadastrais Nacional de Estatística de Trânsito, sendo sua
residentes nas bases estaduais dos 27 Detrans, competência a tarefa de assegurar a organiza-
necessárias ao processamento das infrações de ção e o funcionamento da estatística geral de
trânsito cometidas em unidades da Federação trânsito, com destaque para os acidentes de
diferentes do registro e licenciamento dos veí- trânsito no território nacional e a disponibiliza-
culos que cometeram as infrações de transito. ção dos seus dados.
O sistema Renainf foi concebido para efe- Ficou ainda estabelecido que a gestão é
tivar em todo o território nacional o registro de responsabilidade do Coordenador-Geral
das ocorrências relativas às infrações de trân- de Informatização e Estatística do Denatran, e
sito, disponibilizando a todas as entidades e composto por um representante dos seguin-
órgãos envolvidos e ao Denatran as seguintes tes órgãos:
funcionalidades:  Departamento Nacional de Trânsito –
 Consultas;
Denatran;
 Registro, Atualização, Notificação;
 Departamento da Polícia Rodoviária Fede-
 Guias de Pagamento;
ral – DPRF;
 Baixa de Infração por Pagamento;
 Executivos de trânsito dos Estados e do
 Real Infrator / Pontuação;
Distrito Federal – Detran;
 Recursos;
 Executivo Rodoviário da União – DNIT; e
 Cancelamento, Suspensão;
 Executivo de Trânsito Municipal.
 Reativação de Multas e Pontuação.
A mesma portaria aprovou e instituiu o
“Manual de Procedimentos 2000 – 2001 do

Tr â n s i t o , q u e s t ã o d e c i d a d a n i a 51
CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO Sinet”, que tem por objetivo orientar a coleta, O PROGRAMA DE EDUCAÇÃO PARA A CIDADANIA NO
organização e encaminhamento das informa- TRÂNSITO – PECT É UM PROGRAMA IDEALIZADO NO
ções sobre acidentes de trânsito. ÂMBITO DO DENATRAN/MINISTÉRIO DAS CIDADES
COM O OBJETIVO DE MODIFICAR O CENÁRIO DO

PROGRAMAS E PROJETOS TRÂNSITO BRASILEIRO, CRIANDO CONDIÇÕES PARA


A ADOÇÃO DE NOVAS ATITUDES E COMPORTAMENTOS,

Programa de Educação para Cidadania DENTRO DE UM CONCEITO QUE CONTEMPLE SUA


no Trânsito – PECT DIMENSÃO DE CIDADANIA ATIVA

O Programa de Educação para a Cidadania no


Trânsito – PECT é um programa idealizado no a um ambiente seguro, e a obrigação dos
âmbito do Denatran/Ministério das Cidades órgãos e entidades do Sistema Nacional de
com o objetivo de modificar o cenário do Trânsito de garantirem tal segurança, temas
trânsito brasileiro, criando condições para a abordados logo nas disposições preliminares
adoção de novas atitudes e comportamentos, do CTB. Esse tratamento das questões do
dentro de um conceito de trânsito que con- trânsito em uma inédita relação Estado-So-
temple sua dimensão de cidadania ativa. ciedade não é mera coincidência, posto que,
no Código atual, o capítulo Da Educação para
o Trânsito seja precedido pelo capítulo Do
Fundamentação
Cidadão.
O Código de Trânsito Brasileiro vigente, tendo Os conhecidos índices de acidentalidade
sofrido inegável influência dos preceitos de em nosso país decorrem de uma conjunção
cidadania difundidos na Constituição de 1988, de fatores associados às condições do espaço
encerra em seu texto os fundamentos e refe- de circulação, à conduta irresponsável de uma
renciais para as ações educativas calçadas em parcela da população e históricas fragilidades
direitos, deveres e na busca de um convívio institucionais.
mais harmônico e democrático em nossas vias A precariedade do ambiente de circulação
públicas. brasileiro é resultante, entre outros fatores, do
O Código de Trânsito promulgado em 1997 crescimento desordenado das cidades e das
dedica à educação para o trânsito uma ênfase contradições advindas da opção por um mo-
jamais emprestada à questão em códigos ante- delo de desenvolvimento centrado no trans-
riores. Com efeito, a Lei vigente consagra todo porte motorizado individual, cuja manutenção
um capítulo (o VI) em favor do tema educação, é incompatível com capacidade do Estado
colocando-o como um direito de todos e um em países em desenvolvimento. Tal ambiente
dever prioritário para os órgãos componentes induz, muitas vezes, a ocupação irregular das
do Sistema Nacional de Trânsito, inclusive ga- vias públicas existentes.
rantindo a obrigatoriedade da existência de Não obstante essa precariedade, a indis-
uma coordenação educacional em cada órgão ciplina no trânsito também se explica pela
ou entidade componente do Sistema. incipiência da democracia em nosso país e
Tão importante quanto o próprio capítulo pela fragilidade dos preceitos de cidadania.
dedicado a essa matéria, são as relações que a O foco do Programa de Educação para a Ci-
educação de trânsito estabelece com outros dadania no Trânsito nos aspectos referentes a
aspectos ligados aos direitos dos cidadãos estes preceitos, portanto, é tão fundamental

52
CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO
quanto a atenção aos aspectos relacionados um conceito de trânsito fundamentado no
ao ambiente e aos veículos. Com efeito, a pre- direito à mobilidade. Ele envolverá a elabora-
ocupação com os fatores relacionados às vias ção e aplicação de cursos de especialização
e aos veículos não se dissocia, em nenhum e extensão, nas modalidades de educação
momento, das estratégias educativas. continuada, modular e a distância, utilizando
tecnologias da informação e comunicação, e
da articulação com meios de comunicação de
Princípios norteadores
massa alternativos.
O PECT, em sua proposta, incorpora iniciativas O eixo da mobilização, por sua vez, consiste
desenvolvidas anteriormente em projetos na convocação das vontades, organizando
como o Rumo à Escola que focaram a questão as pessoas na busca da melhoria do trânsito.
do trânsito no ensino fundamental. A pro- Esse eixo materializa-se, por exemplo, em
posta existente no PECT não só abrange esse campanhas e projetos para as comunidades,
aspecto em bases mais amplas e articuladas, programas escolares e monografias do curso
como também ultrapassa o sentido formal do de especialização; fundamentando-se espe-
processo educativo e busca explorar de ma- cialmente na capacidade de articulação que a
neira mais intensa e ampliada o grande poten- sociedade civil brasileira tem conquistado nas
cial que a educação possui para influenciar a últimas décadas.
convivência no trânsito, efetuando mudanças As estratégias de sobrevivência aos con-
não somente a partir da escola, mas também flitos no trânsito, difundidas pelo Programa,
por meio da mobilização social ampliada e assentam-se, em suas premissas, na promoção
do impacto educacional para além da escola, dos princípios de solidariedade, democracia e
articulando os espaços institucionais da edu- civilidade. Nesse sentido, o PECT primará pela
cação formal com as entidades e manifesta- reorientação de atitudes, procurando levar
ções institucionais e informais da sociedade, o risco e o egoísmo, por exemplo, ao campo
tais como sindicatos, igrejas, ONGs, empresas, dos valores negativos de crianças e jovens. Se
grupos de jovens, entre outros. por um lado constatará os valores negativos,
Priorizando uma educação de trânsito por outro lado, promoverá comportamentos
centrada no mencionado foco da cidadania, o que se pautem pelo acesso e uso consciente e
PECT sustenta-se nos eixos formação, capacita- democrático do espaço público.
ção e mobilização, assentados sobre princípios
da perenidade, influenciando mudanças que se
Objetivos
sustentem ao longo do tempo, e a capilaridade,
atingindo o máximo da população envolvida. O Programa de Educação para a Cidadania
Para tanto, deverão ser realizadas parcerias no Trânsito tem como objetivo geral incor-
junto às Secretarias de Educação; aos órgãos porar a temática da cidadania no trânsito no
e entidades do Sistema Nacional de Trânsito; programa curricular das escolas, promover a
ONGs ; às associações de bairros ou vizinhança; conscientização da população, por meio de
aos sindicatos e entidades da sociedade civil entidades da sociedade civil organizada e
organizada; às igrejas e entidades culturais. formar e capacitar agentes de trânsito para a
O eixo da formação/capacitação consiste aplicação e desenvolvimento dos princípios
na estratégia que visa formar e aperfeiçoar da cidadania no trânsito em nível local. Espe-
agentes multiplicadores, imbuindo-os de cificamente, buscará:

Tr â n s i t o , q u e s t ã o d e c i d a d a n i a 53
CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO  Universalizar o acesso à educação para a e de ruídos. A Lei nº 9.503 também atribuiu
cidadania no trânsito; ao Conselho Nacional de Trânsito – Contran
 Garantir a sustentabilidade de um compor- – a tarefa de especificar os procedimentos e a
tamento positivo em relação à convivência periodicidade para os itens de segurança e ao
no trânsito; Conselho Nacional do Meio Ambiente – Cona-
 Garantir a capilaridade das ações, atingin- ma –, a tarefa de especificar os procedimentos
do, em todo o Brasil, os órgão e entidades e a periodicidade para a emissão de gases
componentes do Sistema Nacional de Trân- poluentes e ruídos.
sito, escolas dos municípios e instituições Se por um lado a nova Lei abordou as-
de educação superior; pectos importantes na vida dos cidadãos,
 Formar monitores em educação para cida- por outro, devido ao rigor imposto aos seus
dania no trânsito; infratores, o desrespeito a itens da nova lei foi
 Gerar uma expressão social para o Pro- incrementado. Para ilustrar este fato, em 1997,
grama; dados extras oficiais, assumidos pelos Detrans,
 Incorporar na agenda das entidades locais indicavam que perto de 15% dos veículos não
o temário e as expressões concretas da ci- quitavam suas obrigações legais (licencia-
dadania no trânsito; mento, IPVA, multas). Atualmente aproximada-
 Articular a escola com organizações da so- mente 30% dos veículos se encontram nessa
ciedade civil para reforçar as condições de condição. Estima-se que com a Inspeção Vei-
permanência e perenidade do Programa; cular esse número possa aumentar para algo
 Promover articulações institucionais entre o em torno de 40% ou mais.
Ministério das Cidades/Denatran e os mu- É meta do Governo Federal, sob a admi-
nicípios e estados. nistração do Ministério das Cidades, implan-
tar no prazo máximo de 2 anos, a inspeção
veicular em todo território nacional. Essa
Inspeção Técnica de Segurança
meta de governo compreende não somente
Veicular – ITV
a inspeção veicular em si, mas toda uma mu-
A preocupação com as condições dos ve- dança de comportamento social, por meio
ículos que compõem a frota nacional, no da disseminação de uma cultura de segu-
que concerne a seu aspecto físico, mecânico rança embasada na manutenção preventiva
e ambiental, vem se consolidando junto à dos veículos. Busca-se com isso, a redução
sociedade brasileira desde a década de 80, de acidentes e seus custos, o aumento da
quando Conselho Nacional do Meio Ambiente segurança no trânsito e melhoria das condi-
– Conama, publicou resolução de nº 018 que ções ambientais notadamente nos grandes
instituiu, em caráter nacional, o Programa centros urbanos, a melhoria da qualidade da
de Controle da Poluição do Ar por Veículos frota nacional, o aperfeiçoamento da pres-
Automotores – Proconve. tação de serviço técnico em mecânica auto-
Essa tendência foi fortemente reforçada motiva, além da formação de mão-de-obra
com a publicação da Lei nº 9.503, que instituiu especializada.
o Código de Trânsito Brasileiro, que em seu São inúmeros os benefícios advindos da
artigo nº 104 torna obrigatória a inspeção implantação da Inspeção Técnica Veicular,
para a verificação das condições de segurança dentre eles: redução do custo social com
e de controle de emissão de gases poluentes acidentes, redução de despesas com danos

54
CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO
À esquerda, reunião para discussão das
diretrizes da PNT. Belém / PA
ambientais em especial quanto à saúde nos
À direita, remoção de veículo com falha
grandes centros urbanos, inibição de clona- mecânica por agentes da CET/SP
gem e moralização do mercado de veículos
automotores, crescimento do mercado auto- regulamentarão a Inspeção Técnica Veicular
mobilístico (produção de veículos e de auto- em todo território nacional.
peças), crescimento do mercado de prestação Os veículos serão inspecionados anualmen-
de serviços de manutenção (geração de mais te em estações construídas com a finalidade
de 120.000 empregos nos dois primeiros anos específica de avaliar as condições de seguran-
e anualmente, com o crescimento da frota, ça e de emissão de gases poluentes e ruídos.
mais 3.000 empregos) e redução dos custos Ao final da inspeção o proprietário do veículo
do transporte individual e de carga. receberá um laudo técnico contendo o resul-
Para a consecução desses objetivos, o tado da avaliação efetuada. Veículos que por
Ministério das Cidades, por intermédio do De- ventura sejam reprovados no testes terão um
natran, empreendeu um grande diálogo com prazo para realizar os reparos necessários e se
toda a sociedade, notadamente os segmentos submeterem à nova inspeção.
envolvidos e especializados no assunto, para O programa de Inspeção Técnica Veicular
depois de ouvidas todas as partes, propor a será implementado gradativamente em todo
regulamentação do assunto de forma que o o território nacional, assim como as exigências
processo de inspeção possa ser implemen- requeridas para a aprovação do veículo na
tado de forma gradativa e segura, tanto nas inspeção. No primeiro ano, apesar de vários
características da frota quanto no rigor dos itens e sistemas dos veículos serem avaliados,
critérios de reprovação. apenas a ausência ou mau funcionamento
Esse diálogo se deu por dois instrumentos: dos equipamentos obrigatórios, emissão de
reuniões setoriais com segmentos específicos gases e ruídos acima dos limites estabelecidos
da sociedade e 6 audiências públicas nos vá- ou defeitos no sistema de freios reprovarão os
rios Estados da Federação. veículos. Nos anos seguintes, novas exigências
Concluído esse processo, um relatório téc- serão incorporadas até que todo o programa
nico foi elaborado apresentando as diversas esteja implantado.
alternativas possíveis de implementação, O programa prevê a participação de todas as
que forneceram ao Ministério das Cidades, a esferas de governo, sendo que para cada esfera
quem cabe a definição e aprovação final, os governamental caberá parcela igual de respon-
subsídios para a determinação das regras que sabilidade e de participação no processo.

Tr â n s i t o , q u e s t ã o d e c i d a d a n i a 55
CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO Identificação Automática manda de veículos e ao devido cumprimento
de Veículos – IAV do CTB. A solução a ser proposta ao Sistema
Nacional de Trânsito baseia-se na utilização de
A Identificação Automática de Veículos – IAV
quatro tecnologias:
baseia-se em uma solução tecnológica que
 Reconhecimento digital de placas de veícu-
permite a verificação e fiscalização de veículos
los, por meio do Optical Character Recog-
em movimento ou estacionados.
nition – OCR;
Todo veículo automotor deve conter fisica-
 Análise de imagens de veículos para identi-
mente informações que identificam sua situ-
ficação de marca, modelo e cor;
ação e propriedade. A numeração do chassi  Películas de segurança para as placas de
que é marcada fisicamente pela gravação em
veículos; e
relevo no corpo do veículo e pelas etiquetas  Terceira placa, interna ao veiculo com
de segurança adesivadas em várias partes do
identificação visual e microchip de identi-
veículo. Outra marca física do veículo são as ficação.
placas de identificação, que são afixadas no
frontal e na traseira do veículo. Essas identifi- Baseadas nestas quatro tecnologias, es-
cações permitem que a fiscalização possa ve- taremos implantando a Identificação Auto-
rificar se um determinado veículo encontra-se mática de Veículos – IAV. Essa solução imple-
em situação regular, ou por consulta a base de menta o mais moderno padrão de segurança
dados informatizada ou por comparação com de identificação veicular, proporcionando
os dados registrados no documento de porte uma ferramenta extremamente eficaz para
obrigatório para circulação. Essas informações a fiscalização de trânsito e com uma grande
a respeito dos veículos, chassi, placas de iden- capacidade de implementações de novas
tificação e documento de porte obrigatórios, funcionalidades, como por exemplo, controle
atualmente sofrem processos de adulteração de roubos e furtos de automóveis e inadim-
devido ao avanço das tecnologias disponíveis plência fiscal.
para falsificação de numeração de chassi, clo- A partir de convênio firmado entre o
nagem de placas e reprodução de documen- Ministério das Cidades, por meio do Dena-
tos por impressoras de alta tecnologia. O em- tran, e a Fenaseg em 11 de agosto de 2004,
prego desses mecanismos tem proporciona- o Denatran passou a participar do projeto
do o aumento considerável de irregularidades Fronteiras, juntamente com o Ministério da
na identificação de veículos, sejam por motivo Justiça, por intermédio da Senasp – Secreta-
de roubo/furto ou por burlar a legislação de ria Nacional de Segurança Publica. O Projeto
trânsito quanto ao licenciamento, pagamen- Fronteiras adota as tecnologias de reconheci-
tos de impostos, multas e seguros obrigató- mento digital de placas de veículos, pelo Op-
rios. O contingente de agentes de fiscalização tical Character Recognition – OCR e análise
nunca será suficiente para atender a demanda de imagens de veículos para identificação de
de veículos em circulação, pois seu volume é marca, modelo e cor. Esse convênio faz parte
cada dia maior. e inicia o projeto da Identificação Automática
Para que o Sistema Nacional de Trânsito de Veículos – IAV, que será implementado
possa aumentar sua capacidade de fiscaliza- totalmente a partir da implantação das de-
ção foi necessário pensar em uma solução mais tecnologias.
automatizada que possa atender à grande de-

56
CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO
É META DO GOVERNO FEDERAL, SOB A ração de imagens a marca, modelo e cor do
ADMINISTRAÇÃO DO MINISTÉRIO DAS CIDADES, veículo, permitindo a comparação dos dados
IMPLANTAR NO PRAZO MÁXIMO DE 2 ANOS processados com a base de dados central
A INSPEÇÃO VEICULAR EM TODO TERRITÓRIO BIN, que contem de forma digital todas essas
NACIONAL. ESSA META DE GOVERNO COMPREENDE informações.
NÃO SOMENTE A INSPEÇÃO VEICULAR EM SI, MAS
PELÍCULAS DE SEGURANÇA PARA AS PLACAS
TODA UMA MUDANÇA DE COMPORTAMENTO SOCIAL,
DE VEÍCULOS
POR MEIO DA DISSEMINAÇÃO DE UMA CULTURA
Para a verificação de suas condições de segu-
DE SEGURANÇA EMBASADA NA MANUTENÇÃO
rança, autenticidade de identificação, legitimi-
PREVENTIVA DOS VEÍCULOS
dade da propriedade, e para prover melhores
condições de visibilidade, propõe-se uma
RECONHECIMENTO DIGITAL DE PLACAS nova tecnologia para a confecção de placas
DE VEÍCULOS, PELO OPTICAL CHARACTER de identificação de veículos.
RECOGNITION – OCR A solução proposta é relativa à identifi-
Essa solução aliada à utilização de câmeras cação física do veiculo, as placas traseira,
de alta resolução permite que a imagem de dianteira e plaquetas. Existem atualmente
uma placa de identificação de veículo seja no mercado películas plásticas de segurança
capturada e, por análise da imagem dos três semelhantes às películas plásticas utilizadas
caracteres alfabéticos e dos quatro caracteres na fabricação de cédulas monetárias, que
numéricos que compõem a placa, seja con- garantirão a autenticidade das placas fixadas
vertida em informação digital. Após a con- nos veículos sem que isso venha a embutir
versão da imagem da placa para informação custos adicionais aos usuários. As películas
digital, a identificação digital da placa passa plásticas disponíveis no mercado agregam
a ser a chave de acesso ao banco de dados marcas compostas de microesferas e marcas
central BIN, que contem todas as informações tridimensionais, impressas a laser que tem ca-
referentes ao veículo que está sendo monito- racterísticas que tornam quase impossível sua
rado. Por meio dessas informações verifica-se duplicação e adulteração.
a regularidade do veículo e sua autenticidade
em relação às informações na BIN. TERCEIRA PLACA, INTERNA AO VEICULO
COM IDENTIFICAÇÃO VISUAL E MICROCHIP
ANÁLISE DE IMAGENS DE VEÍCULOS PARA DE IDENTIFICAÇÃO
IDENTIFICAÇÃO DE MARCA, MODELO E COR Atualmente a tecnologia de informação tem
Esta solução utiliza câmeras de alta resolução empregado largamente a solução de micro-
aliadas à tecnologia de redes neurais para chips, acoplados à tecnologia de radiofreqüên-
processamento de imagem e pesquisa em cia, de tal forma que possam ser utilizados em
bancos de dados em estações (fixas ou mó- várias aplicações sem que se necessite o con-
veis) interligadas via internet. A tecnologia de tato físico entre módulos leitores/gravadores.
rede neural é capaz de extrair regras básicas Esses microchips têm uma boa capacidade de
a partir de dados reais, simulando a mente armazenamento de informações e de processa-
humana. Ao registrar a imagem de um veículo mento, permitindo tratar informações para di-
em circulação, o processamento da imagem versas aplicações, principalmente aquelas que
tem a capacidade de identificar, pela compa- exigem confiabilidade e inviolabilidade.

Tr â n s i t o , q u e s t ã o d e c i d a d a n i a 57
CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO MUNICIPALIZAR O TRÂNSITO É ASSUMIR MUNICÍPIOS INTEGRADOS X POPULAÇÃO
INTEGRALMENTE A GESTÃO DAS QUESTÕES LOCAIS,
NAQUILO QUE O CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
COLOCA COMO COMPETÊNCIA ESPECÍFICA
DOS MUNICÍPIOS, ISTO É, A ENGENHARIA, A
FISCALIZAÇÃO, A OPERAÇÃO, ALÉM DA EDUCAÇÃO,
AGORA PARTE OBRIGATÓRIA DE TODOS OS ÓRGÃOS
DO SISTEMA NACIONAL DE TRÂNSITO. QUESTÕES
COMO CIRCULAÇÃO, ESTACIONAMENTO, PARADA,
municípios, isto é, a engenharia, a fiscalização,
EXCESSO DE PESO, DIMENSÕES E LOTAÇÃO,
a operação, além da educação, agora parte
CICLOMOTORES, BICICLETAS E PEDESTRES DEVEM
obrigatória de todos os órgãos do Sistema Na-
SER ABORDADAS NA GESTÃO DO TRÂNSITO
cional de Trânsito. Questões como circulação,
estacionamento, parada, excesso de peso,
dimensões e lotação, ciclomotores, bicicletas
A solução a ser adotada consiste em eti- e pedestres devem ser abordadas na gestão
quetas adesivas contendo o chip e a microan- do trânsito.
tena instaladas nos veículos, antenas de rádio A municipalização do trânsito das cidades
freqüência externas acopladas em pedestais representa a efetiva possibilidade do Prefeito
e interligadas aos leitores/gravadores que administrar de forma integral e sistêmica os
processam as informações contidas no chip problemas municipais referentes a mobilidade
embarcado no veículo. A antena externa per- urbana, correlacionando-os com transporte
manece enviando radiofreqüência – RF – para de passageiros e planos diretores.
uma zona de passagem de veículos contendo Municipalizar, portanto, é fundamental para
a etiqueta portando o chip. Ao receber a RF, o o futuro das cidades, permitindo que ações
chip é energizado e reflete parte da RF rece- tomadas no presente possibilitem a melhora
bida para a antena externa. A onda de rádio efetiva da qualidade de vida no futuro, melho-
refletida acopla o código de identificação da rando a circulação e reduzindo consideravel-
etiqueta (identificação do veículo) e outras mente o número de mortos em acidentes de
informações do veículo armazenadas no chip trânsito.
que foi previamente carregado pelo sistema
de registro de veículos. Ao receber essas infor-
Situação atual
mações, o leitor/gravador, com as informações
que estavam armazenadas no chip, consultará O Brasil tem, atualmente, 5.561 municípios,
o sistema central (BIN) para verificação da re- sendo que deste total 622 são municípios in-
gularidade do veículo. tegrados ao SNT – Sistema Nacional de Trânsi-
to, ou seja, com o trânsito já municipalizado.
Esses 622 municípios juntos são responsá-
Municipalização
veis por 25.715.752 veículos, que correspon-
Municipalizar o trânsito é assumir integral- dem a 73,73% da frota nacional e são res-
mente a gestão das questões locais de trânsi- ponsáveis por uma população de 98.694.679
to, naquilo que o Código de Trânsito Brasileiro habitantes, que corresponde a 58,11% da
coloca como competência específica dos população do país.

58
CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO
Desde a promulgação do CTB – Código nas áreas de engenharia, operação, fiscaliza-
de Trânsito Brasileiro, em setembro de 1997, o ção, educação de trânsito e acompanhamen-
número de cidades brasileiras que possuem o to de Jari – Junta Administrativa de Recursos
trânsito municipalizado vem crescendo, con- de Infração.
forme dados a seguir, até setembro de 2004: Esse trabalho teve inicio em agosto de
2003 e estendeu-se até dezembro de 2003.
ANO MUNICÍPIOS Esse primeiro momento foi de grande valia
INTEGRADOS
pois pela primeira vez o Denatran estava
1997 17
1998 29 saindo de Brasília e visitando os municípios
1999 195 integrados, atuando em conformidade com o
2000 78 papel de nosso Ministério.
2001 58 Essa primeira fase constituiu de observa-
2002 119
ção, monitoramento e, principalmente, de
2003 80
2004 46 orientação sobre como construir um trânsito
Total 622 mais humano. Foram realizadas visitas aos
órgãos executivos de trânsito municipais, ao
Com o entendimento de que “trânsito não Departamento de Estadual de Trânsito da
é apenas um problema técnico, mas, sobretu- Bahia e ao Departamento de Infra-Estrutura
do, uma questão social e política diretamente de Santa Catarina.
ligada às características de nossa sociedade”, Para atingir o objetivo proposto levou-
visando ampliar o número de municípios com se em conta o tamanho do município e o
o trânsito municipalizado e finalmente tentan- tempo de integração ao Sistema Nacional
do incentivar uma única forma de falar e fazer de Trânsito; além de se procurar ter a repre-
trânsito, o Denatran elaborou um projeto de sentatividade das cinco regiões geográficas
acompanhamento e monitoramento dos ór- do país.
gãos executivos de trânsito e rodoviários. As 13 (treze) cidades visitadas foram: Ji-Pa-
raná (RO); Estância (SE); Chapecó (SC), Tangará
(RN), Santarém (PA), Ponta Porá (MS), Doura-
Projeto de Acompanhamento
dos (MS), Primavera do Leste (MT), Maricá (RJ),
e Monitoramento de Trânsito
Feira de Santana (BA), Sete Lagoas (MG), Salva-
Este projeto visa atender às exigências do ar- dor (BA) e Florianópolis (SC).
tigo 19 do CTB – Código de Trânsito Brasileiro A segunda etapa desse projeto teve inicio
e permite a observação dos padrões técnicos em fevereiro de 2004 e além dos critérios
que os órgãos estão adotando, bem como adotados na primeira fase, foi introduzido o
o acompanhamento da forma com que eles critério da população, ou seja, só foram visita-
estão utilizando a ferramenta trânsito na cons- dos municípios cuja população estava acima
trução de cidades mais humanas, mais inclusi- de 30.000 habitantes. Durante este ano, até
vas e com maior qualidade de vida. setembro de 2004, o Denatran esteve presen-
O projeto inicial consistiu da realização de te em 34 municípios brasileiros, a saber: Natal
um levantamento da forma que os órgãos (RN), Belém (PA), Campo Grande (MS), Cuiabá
gestores das esferas municipal e estadual in- (MT), Itabira (MG), Timóteo (MG), Magé (RJ),
tegrantes do SNT – Sistema Nacional de Trân- Niterói (RJ), Rio Bonito (RJ), Casemiro de Abreu
sito estavam desenvolvendo suas atividades (RJ), Guapimirim (RJ), Vila Velha (ES), Cariacica

Tr â n s i t o , q u e s t ã o d e c i d a d a n i a 59
CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO (ES), Piúna (ES), Serra (ES), Tubarão (SC), Crici- Registro Nacional de Informações
úma (SC), Laguna (SC), Gravatal (SC), Imbituba Interestaduais – Renainf
(SC), Siderópolis (SC), Rio Branco (AC), Plácido
de Castro (AC), Bujari (AC), Xapuri (AC), Recife Conclusão da Implantação do Renainf
(PE), Olinda (PE), Jaboatão dos Guararapes
O Registro Nacional de Infrações de Trânsito
(PE), Abreu e Lima (PE), João Pessoa (PB), Cam-
– Renainf foi desenvolvido com a coordena-
pina Grande (PB), Pombal (PB), Paracambi (RJ)
ção do Denatran e participação dos Detrans.
e São Paulo (SP).
Com o objetivo de se conceber uma solução
Na tentativa de aperfeiçoar essa dinâmica
que causasse o mínimo de investimentos
e de se chegar a mais municípios brasileiros,
tanto em desenvolvimento quanto em infra-
tanto para incentivar a municipalização, como
estrutura, optou-se por um módulo adicional
para monitorá-los e assessorá-los, decidiu-se
aos sistemas Renavam e Renach.
por realizar workshop com a participação dos
O sistema viabiliza ao órgão autuador a ob-
municípios que desejassem municipalizar seu
tenção dos dados do veículo e do proprietário
trânsito.
nas respectivas bases estaduais, permitindo a
O Denatran, sediado em um município já
notificação ao proprietário do veículo de outra
integrado ao sistema, convida os municípios
UF, por ele autuado. Além disso, viabiliza o blo-
do entorno para participar de um workshop,
no qual se dirimiam as dúvidas e procurava-se queio, no licenciamento ou transferência, no
mostrar o papel e a importância do trânsito respectivo Detran de registro desse veículo.
como ferramenta de gestão. Durante todo o segundo semestre de
Após a eleição municipal de 2004, será 2003, foram feitos investimentos na reestru-
dada continuidade ao projeto com as admi- turação do sistema Renainf, concebido ini-
nistrações eleitas, levando a elas, além dos cialmente em 2002. Considerando que qual-
conhecimentos para uma boa gestão de trân- quer solução que fosse adotada esbarraria na
sito, também a necessidade do compromisso dificuldade de implementação, pois seriam
com a implementação da Política Nacional alterados, além do sistema central, os outros
de Trânsito – PNT, para que se possa cada vez 27 sistemas dos Detrans estaduais e do Dis-
mais construir cidades com maior qualidade trito Federal, foram definidos os seguintes
de vida e mais seguras. pré-requisitos:
Como forma de incrementar o projeto,  Alterar o mínimo possível os sistemas esta-
faz parte do programa de capacitação para duais;
profissionais, órgãos e entidades do Sistema  Aproveitar a infra-estrutura de telecomuni-
Nacional de Trânsito a realização de eventos cação já disponível entre o sistema central
direcionados aos municípios, sendo: e os Detrans; e
 Fase III – Municipalização do trânsito, even-  Implantar ainda em 2004.
tos destinados aos municípios que ainda
não estão integrados ao SNT; e Com essas considerações, a solução ado-
 Fase IV – Monitoração e acompanhamento tada foi a inicialmente prevista pelo Renainf,
da municipalização, destinado aos municí- porém com algumas atribuições adicionais.
pios já integrados ao SNT. O Renainf passou a ser um módulo adicional
ao Sistema Renavam, com transações estru-
turalmente idênticas e utilizando a mesma

60
CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO
AS ESTATÍSTICAS DE TRÂNSITO SÃO FUNDAMENTAIS bendo a cada Detran o desenvolvimento do
PARA A DEFINIÇÃO DE PRIORIDADES NAS AÇÕES DE módulo em seus sistemas locais. Em outubro
PREVENÇÃO DOS ACIDENTES E SUAS CONSEQÜÊNCIAS de 2004 esses seis estados (Bahia, Goiânia,
PARA OS TRÊS NÍVEIS DA ADMINISTRAÇÃO Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Pará e Para-
PÚBLICA E TAMBÉM PARA A SOCIEDADE CIVIL. AS ná) já estavam com seus sistemas homologa-
ESTATÍSTICAS SÃO NECESSÁRIAS PARA JUSTIFICAR dos e em produção As demais UFs, em função
A ALOCAÇÃO DE RECURSOS E, UMA VEZ EXECUTADAS
de suas próprias demandas, encontram-se
em desenvolvimento e testes, com previsão
AS AÇÕES, PARA A VERIFICAÇÃO DA SUA EFICÁCIA
de homologação até o final de 2004, sempre
com o acompanhamento e suporte técnico
infra-estrutura de telecomunicações. Com do Denatran e Serpro.
capacidade de troca de informações direta-
mente com o Renavam e Renach, o sistema,
Reformulação e implantação de
além de viabilizar a imposição de penalidades
um novo projeto do Sistema Nacional
interestaduais, permite indicar a pontuação
de Estatísticas de Trânsito – Sinet
para o real infrator, independente da UF de
origem da sua CNH. Partindo da versão inicial, As estatísticas de trânsito são fundamentais
chegou-se até a versão 4.0, atualmente em para a definição de prioridades nas ações de
uso, todas definidas em conjunto com os en- prevenção dos acidentes e suas conseqüên-
volvidos no processo. cias para os três níveis da Administração Públi-
A partir de outubro de 2003 o primeiro ca e também para a sociedade civil. As estatís-
grupo de homologação do Renainf já estava ticas são necessárias para justificar a alocação
trabalhando no desenvolvimento e testes do de recursos e, uma vez executadas as ações,
conjunto das novas transações. Esse grupo para a verificação da sua eficácia.
contou com os estados de Bahia, Goiás, Per- A disponibilidade de dados confiáveis,
nambuco e Paraná. A previsão inicial para a completos, detalhados e atualizados é um fa-
entrada em produção no Renainf desses qua- tor de estímulo a análises realizadas pelo meio
tro estados era de 1 de janeiro de 2004, o que acadêmico e ONGs, permitindo que ações de
aconteceu. A partir dessa data, todas as infra- prevenção sejam desencadeadas indepen-
ções cometidas por veículos e condutores de dentemente do Denatran.
outros estados, registradas por esses quatro Atualmente, as estatísticas são não con-
estados, cada um na sua área de abrangência, fiáveis, incompletas, desatualizadas e pouco
foram devidamente notificadas da autuação disponíveis.
dentro do prazo previsto no CTB de até 30 Dessa forma, é de fundamental importân-
dias. Em julho de 2004 entrou em produção o cia que se reformule o Sistema Nacional de
estado do Mato Grosso do Sul e de agosto de Estatísticas de Trânsito – Sinet, para que ele
2004 o estado do Pará. cumpra os objetivos expressos na Portaria
A partir de setembro de 2004 esses seis 059/00 do Denatran.
estados iniciaram o processo de notificação
da penalidade de todas as infrações até então
Situação atual
registradas no Renainf.
Atualmente, o desenvolvimento do módulo O sistema atual baseia-se na coleta de dados a
central do Renainf se encontra concluído, ca- partir dos BOATs nos municípios, sua concen-

Tr â n s i t o , q u e s t ã o d e c i d a d a n i a 61
CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO tração a cargo dos Detrans e a transmissão de A APLICAÇÃO INADEQUADA DA LEGISLAÇÃO E
planilhas resumo para o Denatran, que emite DAS TÉCNICAS DE TRÂNSITO, DECORRENTE DA
um anuário, divulgado pela internet. Os anuá- FALTA DE CONHECIMENTOS E INFORMAÇÕES,
rios se limitam a apresentar quadros de dados, TORNA MENOS EFICAZ A GESTÃO DO TRÂNSITO,
sem análises nem a apresentação de gráficos GERA INSATISFAÇÃO POR PARTE DOS CIDADÃOS E
de tendências. PROPICIA A MANUTENÇÃO E O INCREMENTO NAS
CONDIÇÕES INSEGURAS DO TRÂNSITO
Reformulação do Sinet

A reformulação do Sinet deve considerar cionados: Detrans, Ministério da Saúde e


a necessidade de melhoria imediata e um outros países.
plano para a implantação de um novo siste-
ma, de alcance nacional. O objetivo é tornar
Desenvolvimento de nova arquitetura
disponível para a sociedade dados confiáveis,
do Sinet
completos e atualizados sobre acidentes de
trânsito de forma que: O Denatran está definindo uma nova arquite-
 Todos os acidentes com vítimas sejam tura que permita:
registrados no sistema;  Confiabilidade total dos dados;

 Os acidentes sejam registrados no sistema  Coleta automatizada dos dados;

no prazo de 24 horas de sua ocorrência;  Disponibilidade de dados para acesso a

 Dados disponíveis permitam vários tipos de todos os interessados: Municípios, Estados,


análises, conforme o interesse do usuário Denatran, outros ministérios, sociedade
dos dados, focando os fatores humanos, civil, cidadãos;
ambientais e veiculares;  Correlação com Renavam, Renach e Re-

 Sinet seja a fonte única oficial de dados so- nainf;


bre acidentes de trânsito,  Flexibilidade para emissão de diversos tipos

 Seja feita correlação com o Renavam, Rena- de relatórios;


ch, Renainf, IBGE (população) e Ministério  Possibilidade de emissão de cópia do BO

da Saúde para permitir análises. via Internet;


 Facilidade de alterações para a inclusão de

novos dados.
Ações em andamento para melhoria
do Sinet nas condições atuais
O Denatran está adotando como pre-
Com pouco investimento e sem alteração missas:
básica do esquema atual, o Denatran vem tra-  Arquitetura aberta, possibilitando o uso de

balhando para: equipamentos de diversos fabricantes;


 Melhorar a confiabilidade dos dados;  Software livre;

 Reduzir o prazo para emissão do  Coleta de dados local, por meio de compu-

anuário; tadores de mão e transmissão via web para


 Melhorar a apresentação do anuário, um repositório único. A coleta deve ser
incluindo análises e comentários, melho- facilitada ao extremo;
rando legibilidade e incluindo links para  Possibilidade de incluir fotos no registro do

outros sites que contenham dados rela- acidente;

62
CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO
 Acesso aos dados via internet; para cada órgão executivo de trânsito deve-
 Participação dos envolvidos na coleta dos riam ser constituídas Juntas Administrativas
dados: polícias e municípios. de Recursos à Infração – Jari, cada qual com
pelo menos três membros.
Atualmente, existem 622 municípios integra-
Definição dos dados a serem coletados
dos ao Sistema Nacional de Trânsito, organiza-
e disponibilizados
dos institucionalmente, com equipes técnicas
Estão sendo definidas as necessidades de in- em formação, além de 27 órgãos executivos
formações relativas a: rodoviários estaduais e 27 órgãos executivos de
 Pessoas (condutores e vítimas); trânsito estaduais (Detran). Ao lado de cada um
 Veículos; dos órgãos executivos, foram constituídas Jaris,
 Ambiente (condições naturais, viário, sina- no mínimo uma para cada um deles. Existem,
lização); atualmente, 1.413 órgãos integrados ao Sistema
Nacional de Trânsito, número que vem gradati-
Definição das formas de acesso aos dados vamente aumentando a cada ano.
tendo como premissas: A estruturação de um órgão executivo de
 Dados para atender a todos os interessados; trânsito exige a organização de equipes para
 Participação de municípios, estados, minis- responder pela engenharia de tráfego, pela
térios, sociedade civil (por intermédio das operação e fiscalização, pela administração
ONGs mais representativas, como ANTP, da arrecadação de multas, pela gestão de
Abramet e outras) para que sejam levanta- trânsito e para a implementação da educa-
das as necessidades; ção de trânsito em suas respectivas áreas
 Facilidade de alteração. Deve ser definido o de atuação. Considerando o efetivo mínimo
processo de alteração. necessário para o desenvolvimento das ati-
vidades previstas, estima-se em 50 mil pro-
fissionais envolvidos hoje com o assunto em
Programa de Capacitação para Profissionais
todo o país.
do Sistema Nacional de Trânsito
Por ausência quase total do desenvolvi-
O Código de Trânsito Brasileiro, instituído mento das atividades de engenharia de trá-
pela Lei nº 9503, de 23 de setembro de 1997, fego, operação e fiscalização do trânsito em
em vigor desde 22 de janeiro de 1998, dentre todo o país, anteriores à municipalização do
outras inovações em relação ao código ante- trânsito, a grande maioria dos então recém-
rior, redefiniu as competências dos órgãos de criados órgãos municipais conta com profis-
trânsito até então existentes, sendo criados os sionais com pouco ou quase nenhum tipo
órgãos executivos de trânsito dos municípios de capacitação específica para o exercício de
e os órgãos executivos rodoviários estaduais suas funções. Poucas foram as iniciativas na-
e federais. Aos órgãos municipais foi dada cionais voltadas para a formação de agentes
a incumbência pela engenharia, operação de trânsito, dos engenheiros e técnicos de
e fiscalização do trânsito nas vias urbanas e trânsito, de educadores, gestores, etc..
rurais do município, e aos órgãos executivos O quadro atual é preocupante, tendo em
rodoviários as mesmas incumbências restritas vista que apenas os 622 municípios integra-
às estradas e rodovias estaduais e federais. dos ao SNT respondem por mais de 70% da
Estabeleceu ainda a legislação de trânsito que frota em circulação em todo o país.

Tr â n s i t o , q u e s t ã o d e c i d a d a n i a 63
CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO CRONOGRAMA DE CURSOS

CIDADES SEDES UF PERÍODO DE PERÍODO DE


INSCRIÇÃO REALIZAÇÃO
Goiânia GO 22/3 a 8/4 26 a 30/04
Belo Horizonte MG 29/3 a 15/4 03 a 07/05
João Pessoa PB 5 a 22/4 10 a 14/05
Recife PE 12 a 29/4 17 a 21/05
Aracaju SE 19/4 a 6/5 24 a 28/05
Maceió AL 26/4 a 13/5 31/05 a 04/06
Salvador BA 3 a 20/5 14 a 18/06
Campo Grande MS 17/5 a 3/6 21 a 25/06
Cuiabá MT 24/5 a 10/6 28/6 a 2/7
Fortaleza CE 31/5 a 17/6 5 a 9/7
Natal RN 7/6 a 24/6 12 a 16/7
São Luís MA 14/6 a 1/7 19 a 23/7
São Paulo SP 21/6 a 8/7 26 a 30/7
Manaus AM 28/6 a 15/7 2 a 6/8
Curitiba PR 5 a 22/7 9 a 13/8
Macapá AP 12 a 29/7 16 a 20/8
Porto Alegre RS 26/7 a 12/8 30/8 a 3/9
Florianópolis SC 9 a 26/8 13 a 17/9
Vitória ES 16/8 a 2/9 20 a 24/9
Volta Redonda RJ 30/8 a 16/9 18 a 22/10
São Paulo SP 30/8 a 16/9 18 a 22/10
Belém PA 12/9 a 30/9 25 a 29/10
Rio de Janeiro RJ 20/9 a 7/10 25 a 29/10
Santos SP 4 a 21/10 8 a 12/11
Campinas SP 18/10 a 4/11 22 a 26/11
Boa Vista RR 18/10 a 4/11 22 a 26/11
Ribeirão Preto SP 25/10 a 11/11 29/11 a 3/12

A aplicação inadequada da legislação e das ordenando e executando o controle das


técnicas de trânsito, decorrente da falta de ações para a preservação do ordenamento
conhecimentos e informações, torna menos e da segurança do trânsito e, especialmen-
eficaz a gestão do trânsito, gera insatisfação te, para os fins deste projeto, a atribuição
por parte dos cidadãos e propicia a manuten- descrita no inciso XXIII do referido artigo 19,
ção e o incremento nas condições inseguras qual seja a de “elaborar projetos e programas
do trânsito. de formação, treinamento e especialização do
Dentre outras responsabilidades, cabe ao pessoal encarregado da execução das ativi-
Denatran controlar e fiscalizar a execução dades de engenharia, educação, policiamento
da Política Nacional de Trânsito, combater ostensivo, fiscalização, operação e administra-
a violência no trânsito, promovendo, co- ção de trânsito”

64
CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO
São inúmeras as necessidades de aper- dividido em quatro fases, entre elas, o Curso
feiçoamento dos técnicos envolvidos com a Técnico Básico de Trânsito (CTBT).
gestão do trânsito em todo o país, mas levan-
tamentos feitos pelo Denatran indicam que
Curso Técnico Básico de Trânsito – CTBT
a carência maior dos órgãos e entidades é de
informações básicas de legislação, de enge- O CTBT tem por objetivo o fortalecimento da
nharia, de operação e fiscalização e de edu- capacidade técnica e institucional dos mu-
cação para o trânsito, o que se explica pela nicípios, o apoio à modernização e à eficácia
origem da grande maioria dos profissionais administrativa com a promoção da gestão
que atuam na área de trânsito, sobretudo nos democrática das cidades e a potencialização
municípios, que em geral são de outros seto- da ação dos quadros técnicos públicos e dos
res da administração municipal ou estadual. agentes sociais.
Em função da necessidade de atender o A elaboração de programas de formação,
disposto na lei, o Denatran vem realizando treinamento e especialização dos profissionais
– desde abril do corrente ano – programas de que atuam nos órgãos e entidades do SNT é
capacitação que fazem parte de um projeto obrigação do Denatran, expressa no artigo 19,

PROGRAMAÇÃO DENATRAN – 2005

FASE II QUANTIDADE CIDADES PÚBLICO CARGA HORÁRIA


DE EVENTOS ATENDIDAS

Municipalização 69 690 3.450 16 horas

FASE III QUANTIDADE ÓRGÃOS/ PÚBLICO CARGA HORÁRIA


DE EVENTOS ENTIDADES

Funcionamento de Jari 10 50 500 24 horas

Gestão de qualidade 8 40 320 32 horas

Educação para o trânsito 11 40 440 40 horas

Gestão de projetos de sinalização 11 25 275 40 horas

Definição e controle de velocidade 10 25 250 16 horas

Estudos de locais críticos 10 25 250 40 horas

Pólos geradores de tráfego 11 25 275 40 horas

Tratamentos de interseções 11 25 275 40 horas

Programa de orientação de tráfego 10 25 250 32 horas

TOTAL DA FASE III 92 – 2.835 –

FASE IV QUANTIDADE CIDADES PÚBLICO CARGA HORÁRIA


DE EVENTOS ATENDIDAS

Monitoração e acompanhamento 60 600 1.800 –


– Municipalização

TOTAL GERAL 221 – 8.085 –

Tr â n s i t o , q u e s t ã o d e c i d a d a n i a 65
CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO inciso XXIII da Lei nº 9.503, de 23 de setembro lação, especialmente no tocante à redução da
de 1997, que instituiu o Código de Trânsito violência urbana e construção da cidadania.
Brasileiro. O CTBT se destina aos profissionais que
O CTBT foi idealizado visando suprir a ne- atuam nos órgãos e entidades do Sistema
cessidade básica de informações dos profis- Nacional de Trânsito, nas três esferas de go-
sionais que atuam no trânsito. Essa carência verno, federal, estadual e municipal, que inclui
de informações foi identificada nos últimos órgãos executivos municipais e estaduais,
seis anos de vigência do Código de Trânsito órgãos executivos rodoviários, juntas de admi-
Brasileiro, e no ano de 2003 foram realizados, nistração de recursos a infrações – Jari e con-
pelo Denatran, estudos e pesquisa relacio- selhos estaduais de trânsito – Cetran.
nada ao processo de gestão do trânsito, nos A carga horária prevista para os cursos é de
seus aspectos institucionais e legais, e no 40 horas aula cada, abordando os temas: as-
que diz respeito ao conhecimento e aplica- pectos institucionais e legais do trânsito; en-
ção de engenharia, operação, fiscalização e genharia de tráfego; e operação; fiscalização
educação. e educação para o trânsito, tendo como preo-
A finalidade é fortalecer tecnicamente os cupação central a promoção da cidadania e a
órgãos e entidades do Sistema Nacional de difusão de valores fundamentais à vida.
Trânsito, como forma de melhorar o tratamen- Estão sendo ministrados os conceitos bá-
to dos problemas de trânsito e, por conseqü- sicos e as noções fundamentais dos temas
ência, melhorar a qualidade de vida da popu- citados, visando dar uma noção integrada da
gestão do trânsito.
II Prêmio Denatran As cidades sedes foram definidas em todo
1º lugar /subcategorias 1ª e 2ª séries o país, considerando-se o contingente popu-
Caio Artur S. Ferreira, Timóteo/MG

66
CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO
O CTBT FOI IDEALIZADO VISANDO SUPRIR FASE IV – MONITORAÇÃO E ACOMPANHAMENTO
A NECESSIDADE BÁSICA DE INFORMAÇÕES DA MUNICIPALIZAÇÃO.
DOS PROFISSIONAIS QUE ATUAM NO TRÂNSITO. Destinado aos municípios já integrados ao
ESSA CARÊNCIA DE INFORMÇÕES FOI IDENTIFICADA SNT. Carga horária de 40 horas cada.
NOS ÚLTIMOS SEIS ANOS DE VIGÊNCIA DO CÓDIGO
DE TRÂNSITO BRASILEIRO Prêmio Denatran de Educação
para o Trânsito

lacional e frota veicular. Prevalecendo as sedes A instituição do Prêmio Denatran visa estimu-
dos cursos nas capitais, para onde se dirigem lar crianças, jovens, educadores e jornalistas
os alunos dos demais municípios. Ao todo es- na adoção de comportamentos e sedimenta-
tão sendo oferecidos 29 cursos, cada um com ção de hábitos que tornem o trânsito mais se-
vagas para 50 profissionais, totalizando 1.450 guro, civilizado e humano Busca-se incentivar
alunos nesta primeira fase. o debate e a discussão sobre o tema, procu-
No início de cada treinamento ocorre uma rando difundir e prestigiar as melhores idéias
abertura solene, com a presença de autorida- e práticas educacionais voltadas à consolida-
des de trânsito convidadas e do representante ção dos valores da vida, da paz e da convivên-
do Ministério das Cidades/Denatran. cia civilizada; contribuindo para a redução do
Ao aluno com freqüência de 100% que rea- número de acidentes, mortos e feridos.
liza a prova de conhecimento e que entrega a Em 2004, na quarta edição do Prêmio, pro-
avaliação do curso é concedido um certifica- curou-se dar uma maior abrangência sendo
do de participação. premiados os três primeiros colocados de
O CTBT foi iniciado em 26 de abril do cor- cada categoria em cada região geográfica
rente ano. Até a presente data foram realiza- brasileira.
dos 19 cursos com um total de 911 participan- Foram 161 agraciados selecionados entre
tes. A primeira fase do CTBT encerra-se em 03 mais de 6 mil trabalhos inscritos nas catego-
de dezembro de 2004. rias imprensa, educador, estudante – subdivi-
dida nas subcategorias alunos de educação
infantil; alunos de 1ª e 2ª séries, alunos de 3ª
Próximas fases do Programa
e 4ª séries, alunos de 5ª a 8ª séries, alunos de
de Capacitação
ensino médio, alunos de educação especial
Para 2005, o Denatran prevê a seguinte pro- e aluno universitário. Foi, também, premiada
gramação de eventos de capacitação: a categoria campanha educativa, subdividida
nas subcategorias órgãos e entidades do Sis-
FASE II – MUNICIPALIZAÇÃO DO TRÂNSITO tema Nacional de Trânsito e órgãos e entida-
Destinados aos municípios que ainda não des de outros segmentos que não integram o
estão integrados ao SNT. Serão eventos de 16 Sistema Nacional de Trânsito, mas que estejam
horas cada. promovendo ou tenham promovido no ano
de 2004 campanhas voltadas à educação de
FASE III – CURSOS ESPECÍFICOS trânsito.
Destinado aos técnicos de trânsito dos órgãos
e entidades do SNT. A carga horária variará en-
tre 24 e 50 horas cada, de acordo com o tema.

Tr â n s i t o , q u e s t ã o d e c i d a d a n i a 67
CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO
Resoluções do Contran
2003 / 2004
Página anterior
Prêmio Denatran
Moacir dos Passos Alves
Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – Apae
Caxias do Sul/RS
CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO
A responsabilidade atribuída ao Contran pelo Resolução nº 142
atual Código de Trânsito Brasileiro – CTB, é de 26 de março de 2003
muito maior do que aquela que lhe atribuía o
Dispõe sobre o funcionamento do Sistema
Código Nacional de Trânsito – CNT de 1966.
Nacional de Trânsito – SNT, a participação dos
Isto porque o CNT foi regulamentado por um
órgãos e entidades de trânsito nas reuniões do
decreto federal e o CTB foi elaborado de for-
sistema e as suas modalidades.
ma a dispensar um decreto, remetendo toda
Contextualização:
sua regulamentação ao Contran. Com esta
O Sistema Nacional de Trânsito tem composição
lógica, a composição do Contran votada pelo
e objetivos regulamentados pelo Código de
Congresso incluía, além de representantes de
Trânsito Brasileiro – CTB. O grande número de
ministérios, representantes de órgãos e enti-
componentes do Sistema impedia que eles se
dades executivas de trânsito das três esferas
reunissem e cumprissem sua missão. A criação
de governo e da sociedade, por meio de enti-
do Fórum Consultivo, pela resolução nº 142,
dades não governamentais.
permitiu que um extrato do SNT pudesse se
Ocorre que, quando da promulgação do
reunir, ordinariamente a cada dois meses e ex-
CTB em 23 de setembro de 1997, o então Pre-
traordinariamente a qualquer momento. Esse
sidente da República vetou a participação no
extrato é composto por 54 titulares de órgãos e
Contran de todos os integrantes que não fos-
entidades das três esferas de governo, de todas
sem representantes de ministérios. No mesmo
as regiões do país e dos estados e municípios
dia o decreto federal nº 2.327 estabelecia que
mais populosos.
os próprios ministros seriam os representantes
dos ministérios.
Ao iniciar a gestão em janeiro de 2003, fi- Resolução no 143
cou claro que era preciso alterar a dinâmica da de 26 de março de 2003
regulamentação do CTB. Era preciso democra-
Dispõe sobre a utilização dos recursos do Seguro
tizar a análise das propostas de regulamenta-
Obrigatório de Danos Pessoais Causados por
ção, pondo fim às resoluções impostas e sem
Veículos Automotores de Vias Terrestres – DPVAT,
prazo para planejamento e implementação.
destinados ao órgão Coordenador do Sistema
A criação do Fórum Consultivo e a alteração
Nacional de Trânsito e dá outras providências.
da composição das Câmaras Temáticas, já
Contextualização:
abordadas na parte III desta publicação –
A resolução que vigorava dividia os recursos
O Sistema Nacional de Trânsito, (Resoluções
advindos do DPVAT igualmente entre os cinco
nº 142/03 e 144/03, abaixo mencionadas) –,
Ministérios com direito a esses recursos, não
possibilitaram essa democratização com a
considerando as peculiaridades, abrangência
participação de representantes das três esfe-
e custo de cada projeto proposto. Além disso,
ras de governo e da sociedade. Por solicitação
não existia uma consolidação desses projetos
do Denatran e do Ministério das Cidades, o
para que existisse um projeto de governo e não
Contran passou a ter uma nova composição
vários projetos pontuais.
a partir de 29 de maio de 2003, estabelecida
pelo Decreto 4.711/03, no qual o representan-
te de cada ministério deixa de ser o próprio
ministro. Essa alteração deu ao Contran maior
agilidade.

Tr â n s i t o , q u e s t ã o d e c i d a d a n i a 71
CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO

CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO


Resolução nº 144 automotores, reboques e semi-reboques, confor-
de 21 de agosto de 2003 me o Código de Trânsito Brasileiro.
Contextualização:
Aprova o Regimento Interno das Câmaras
Os medidores de velocidade, equipamentos
Temáticas.
metrológicos, tinham sua regulamentação esta-
Contextualização:
belecida na mesma resolução de alguns equi-
O Regimento das Câmaras Temáticas que vigo-
pamentos não metrológicos. Além de dificultar
rava, aprovado pela resolução nº 138, desrespei-
a compreensão, continha equívocos técnicos
tava o artigo 13 do CTB, que determina que a
que necessitavam revisão.
representação dos órgãos e entidades de trânsi-
to das três esferas de governo deve ser paritária.
Diante disso, foi estabelecida nova composição Resolução no 147
com treze membros, sendo dois representan- de 19 de setembro de 2003
tes de órgãos e entidades de trânsito de cada
Estabelece diretrizes para a elaboração do Re-
esfera de governo e sete representantes da
gimento Interno das Juntas Administrativas de
sociedade.
Recursos de Infrações – Jari.
Contextualização:
Resolução no 145 As diretrizes para a elaboração do Regimento
de 21 de agosto de 2003 das Juntas Administrativas de Recursos de In-
frações – Jari, que vigoravam, impediam que os
Dispõe sobre o intercâmbio de informações, en-
entes da federação elaborassem o regimento
tre órgãos e entidades executivos de trânsito dos
de sua Jari de acordo com as suas necessidades.
Estados e do Distrito Federal e os demais órgãos e
As novas diretrizes estabelecem regras mínimas,
entidades executivos de trânsito e executivos ro-
visando a transparência dos julgamentos, mas
doviários da União, dos Estados, Distrito Federal
possibilitam que cada órgão ou entidade de
e dos Municípios que compõem o Sistema Nacio-
trânsito tenha composição de acordo com suas
nal de Trânsito e dá outras providências.
peculiaridades.
Contextualização:
As diferentes formas de cobrança do forne-
cimento dos arquivos contendo o cadastro Resolução no 148
dos veículos e os dados de seus proprietários, de 19 de setembro de 2003
necessário para a notificação das infrações e
Declara revogadas as Resoluções nº 472/74,
penalidades de trânsito, motivaram a expedi-
568/80, 812/96 e 829/97.
ção desta resolução que exige a elaboração de
Contextualização:
planilhas demonstrando o custo do serviço e
O processo administrativo de autuação, imposi-
proibindo a cobrança sobre porcentagem de
ção de penalidade e recurso foi regulamentado
multa arrecadada.
pelo Código de Trânsito Brasileiro – CTB e, por-
tanto, as resoluções que tratavam do assunto
Resolução 146no e conflitavam com o CTB deixaram de vigorar
de 27 de agosto de 2003 no dia 22 de janeiro de 1998, por força de seu
artigo 314. Ocorre que, quanto às resoluções nº
Dispõe sobre requisitos técnicos mínimos
472/74, 568/80, 812/96 e 829/97, o assunto não
para a fiscalização da velocidade de veículos
estava pacificado entre os órgãos e entidades

72
CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO
de trânsito, acarretando procedimentos dis- de Trânsito, Cetran e Conselho de Trânsito do
tintos. Diante do entendimento da Consultoria Distrito Federal – Contrandife, que vigoravam,
Jurídica do Ministério da Justiça, a quem o De- impediam que fosse elaborado o regimento de
natran era subordinado, a resolução declarando seu Cetran ou Contrandife, de acordo com as
que as resoluções em pauta não vigoravam suas necessidades. As novas diretrizes estabe-
desde 22 de janeiro de 1998 foi o meio encon- lecem regras mínimas, visando a transparência
trado para encerrar os questionamentos que dos julgamentos, mas possibilitam que cada
existiam. estado tenha a composição de acordo com suas
peculiaridades.

Resolução no 149
de 16 de outubro de 2003 Resolução no 151
de 8 de outubro de 2003
Dispõe sobre a uniformização do procedimento
administrativo da lavratura do auto de infração, Dispõe sobre a unificação de procedimentos
da expedição da Notificação da Autuação e da para imposição de penalidade de multa a pessoa
Notificação da Penalidade de multa e de ad- jurídica proprietária de veículos por não identifi-
vertência por infrações de responsabilidade do cação de condutor infrator.
proprietário e do condutor do veiculo e da identi- Contextualização:
ficação do condutor infrator. A pontuação de condutores e proprietários
Contextualização: de veículos pessoa física não precisou ser re-
O processo administrativo de autuação, impo- gulamentada. Porém, quando os proprietários
sição das penalidades de multa e advertência a pessoa jurídica deixavam de indicar o condutor,
condutor e proprietário de veículo automotor a multa prevista no CTB não vinha sendo apli-
e seus recursos, vinha sendo praticado pelos cada porque existiam diversos entendimentos
órgãos e entidades executivos de trânsito de diferentes quanto a esta matéria. A resolução
distintas formas, resultado de entendimentos pacificou o assunto, acabando com a impunida-
diversos pelo disposto no CTB. Era urgente o de dos condutores infratores contumazes que
estabelecimento de um único procedimento eram acobertados pela empresa empregadora.
para todos os órgãos e entidades de trânsito. É a única multa do CTB que permaneceu com
Ressalte-se a obrigatoriedade de permitir a de- fator multiplicador calculado pelo número de
fesa da autuação. infrações iguais cometidas no período de um
ano, as demais foram vetadas na promulgação
do CTB pelo Presidente da República.
Resolução no 150
de 8 de outubro de 2003
Resolução no 152
Estabelece diretrizes para a elaboração do Regi-
de 29 de outubro de 2003
mento Interno dos Conselhos Estaduais de Trânsi-
to – Cetran e do Conselho de Trânsito do Distrito Estabelece os requisitos técnicos de fabricação e
Federal – Contrandife. instalação de pára-choque traseiro para veículos
Contextualização: de carga.
Assim como as diretrizes para a elaboração do Contextualização:
Regimento das Jari, as diretrizes para a elabo- O pára-choque traseiro dos veículos de carga
ração do Regimento dos Conselhos Estaduais é um elemento vital de segurança passiva, haja

Tr â n s i t o , q u e s t ã o d e c i d a d a n i a 73
CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO vista a gravidade dos acidentes de trânsito em equipamentos que produzam imagens com
que há colisão traseira de automóveis, cami- fins de entretenimento, visíveis pelo condutor
nhonetes e camionetas, cujos ocupantes estão ou motorista, preservando-os, portanto, nas
sujeitos a danos letais nas partes superiores do situações em que somente os passageiros aco-
corpo ocasionados pelo impacto com o chassis modados atrás do condutor possam visualizar
do caminhão, reboque ou semi-reboque, sob as imagens.
cujas carroçarias o veículo menor penetraria à
falta da resistência oferecida por um elemento
Resolução no 155
rígido que absorvesse o choque, dissipando a
de 28 de janeiro de 2004
energia cinética mediante deformação das par-
tes em aço, protegendo o habitáculo do condu- Estabelece as bases para a organização e o fun-
tor e passageiros. cionamento do Registro Nacional de Infrações
Visando ao permanente aprimoramento dos de Trânsito – Renainf e determina outras provi-
itens de segurança veicular, estava em análise dencias.
alteração na Resolução 805, de 1995, inclusive Contextualização:
para acompanhar a norma do Grupo Mercosul À vista do que dispõe a Lei nº 9.503, de 23 de
vigente para os veículos de carga com peso setembro de 1997, Código de Trânsito Brasileiro,
bruto total superior a 4,6 toneladas. especialmente em seu a artigo 19, inciso XII:
“coordenar a administração da arrecadação
de multas por infrações ocorridas em loca-
Resolução no 153
lidade diferente daquela da habilitação do
de 17 de dezembro de 2003
condutor infrator e em unidade da Federação
Estabelece proibição de uso de equipamento diferente daquela do licenciamento do veí-
eletrônico, para cumprimento das normas de culo”, o Denatran editou a portaria 57/01 que
segurança de trânsito. instituiu o Registro Nacional de Compensação
Contextualização: de Multas – Renacom, que regulamentava o
A crescente utilização de equipamentos eletrôni- processamento de auto de infrações e multas
cos com objetivo de entretenimento em veículos de transito interestaduais. A solução Renacom
automotores motivou o Denatran a encaminhar não foi totalmente implementada até o final de
ao Contran proposta de resolução proibindo 2002, quando a portaria foi revogada em 29 de
o uso desses equipamentos nas condições em dezembro de 2002. Desde a implantação do
que possa constituir perigo para o trânsito. A Código de Trânsito Brasileiro vem se tentando
disseminação do uso de televisores e monitores implantar o processamento de infrações de
capazes de gerar imagens, seja por intermédio trânsito de âmbito interestaduais. A importância
da captação de sinais eletromagnéticos ou tec- da implantação desse processamento se deve
nologia análoga, seja mediante a reprodução de ao fato da impunidade crescente dos proprietá-
dados gravados em fitas magnéticas, discos de rios de veículos que transferem o licenciamento
alta densidade, ou qualquer outro tipo de mídia, de seus veículos para Estados onde os mesmos
estava alcançando sua instalação em automóveis não estão sendo utilizados, configurando uma
e outros veículos automotores de forma a poder atitude de desrespeito e descumprimento ao
distrair o condutor da atenção ao trânsito. CTB. Para atender esta demanda, o Denatran,
Dessa forma, a proibição contida na Resolução juntamente com o Serpro, passou a desenvolver
abrange o uso, com o veículo em trânsito, de uma nova solução para integrar as 27 Unidades

74
CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO
da Federação no processamento e controle dos Resolução no 157
autos de infrações e multas de transito. Essa de 22 de abril de 2004
nova função do sistema permite a cobrança de
Fixa especificações para os extintores de incên-
infrações de trânsito cometidas em unidade da
dio, equipamento de uso obrigatório nos veículos
federação diferente daquela de licenciamento
automotores, elétricos, reboque e semi-reboque,
do veículo. Para tanto, os dados da infração
de acordo com o Artigo 105 do Código de Trânsi-
deverão ser registrados na BIN pelas entidades
to Brasileiro.
autuadoras, bem como o crédito referente ao
Contextualização:
seu pagamento, permitindo assim o controle
Os extintores veiculares em uso são destinados
da autuação e da cobrança pelos Detrans. O
a apagar princípios de incêndio de classes B e
repasse dos valores cobrados será efetuado
C, ou seja, os combustíveis e lubrificantes (B) e
diretamente pela rede arrecadadora e o contro-
os circuitos energizados (C). Visando à maior
le dos repasses será exercido pelo Denatran. A
segurança, a resolução exigiu dos extintores
solução operacional desenvolvida pelo Dena-
de incêndio veiculares a utilização de pó ABC.
tran e Serpro foi regulamentada pela aprovação
Esses novos extintores dotados de uma tecno-
e publicação dessa resolução pelo Contran.
logia que os torna mais eficazes do que os atu-
A implantação da base de dados nacional de
ais equipamentos, uma vez que se destinam a
infrações de trânsito, além de permitir o cum-
apagar também princípio de incêndio da classe
primento das atribuições acima, evitará que os
A, ou seja, materiais sólidos combustíveis, como
órgãos autuadores continuem sendo obrigados
revestimentos, estofamentos, pneus, painéis e
a cancelar as autuações em veículos de outra
tapetes.
UF. Permitirá também que condutores autuados
fora da UF da sua CNH possam ser penalizados
com a respectiva pontuação. Resolução no 158
de 22 de abril de 2004

Resolução no 156 Proíbe o uso de pneus reformados em ciclomo-


de 22 de abril de 2004 tores, motonetas, motocicletas e triciclos, bem
como rodas que apresentem quebras, trincas e
Dispõe sobre a alteração do prazo estabelecido
deformações.
no artigo 14 da Resolução do Contran nº 149 de
Contextualização:
19 de setembro de 2003, publicada no DOU de 16
A proibição do uso de pneus reformados – re-
de outubro de 2003.
capados, recauchutados ou remoldados – em
Contextualização:
motocicleta e veículos assemelhados decorreu
Foi necessário prorrogar o prazo da Resolução
de análise de teste no qual foram alinhadas
149 que tinha uma implantação complexa do
características técnicas dos pneus novos e refor-
ponto de vista do processamento de dados e
mados, e sua adequação aos esforços a que são
que demandou licitação em alguns órgãos e
submetidos quando utilizados em motocicletas.
entidades de trânsito. Dificuldades enfrentadas
Os resultados foram considerados suficientes
por estes órgãos justificaram a prorrogação do
para concluir pelo risco à segurança do trânsito,
prazo.
em especial à integridade física do condutor e
passageiro da motocicleta, motoneta ou ciclo-
motor. Concluiu-se que há alterações no de-

Tr â n s i t o , q u e s t ã o d e c i d a d a n i a 75
CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO sempenho do pneu que influem sobre o equilí- aos entes cartorários, tão somente, em face
brio do veículo. No próprio processo de fabrica- de sua competência originária, no relativo ao
ção dos pneus de motocicleta não há previsão Contrato com Cláusula de Garantia Real de Alie-
da reforma, diferentemente do que ocorre com nação Fiduciária.
os demais tipos de pneus que admitem reca- Outra finalidade da resolução é a previsibilidade
pagem, recauchutagem e remoldagem. Influiu dos órgãos de trânsito para o ato de conveniar
também decisivamente a inexistência de norma (a prestação de serviço) para execução desse
técnica brasileira ou internacional sobre reforma novo serviço, com as instituições que possam
de pneus de moto, bem como de certificação lhe fornecer a certeza e fé pública dos requisitos
de reformadoras pelo Inmetro. indispensáveis ao licenciamento dos veículos
No entanto, à vista de contestações à decisão adquiridos por contratos de alienação fiduciária,
do Contran, apresentadas pelo segmento dos visando harmonizar as normalizações existen-
reformadores de pneus por intermédio de sua tes com a obrigatoriedade da regulamentação
entidade representativa, o Presidente do Con- nova, advinda da vigência do atual Código Civil.
tran, por meio da Deliberação 41, de 23 de julho
de 2004, suspendeu a vigência da Resolução
Resolução no 160
157 até o dia 24 de novembro de 2004, instando
de 22 de abril de 2004
a que durante esse período sejam realizados
estudos e outros testes para dirimir quaisquer Aprova o Anexo II do Código de Trânsito Bra-
dúvidas sobre a segurança do uso de pneus sileiro.
reformados em motocicletas. Contextualização:
A revisão do anexo II está consubstanciada pelo
artigo 12, inciso XI, que determina a competên-
Resolução no 159
cia do Contran para “aprovar, complementar
de 22 de abril de 2004
ou alterar os dispositivos de sinalização e os
Estabelece procedimentos para o registro de con- dispositivos e equipamentos de trânsito”, o arti-
trato com cláusula de garantia real e anotação go 13 que atribui às Câmaras Temáticas a tarefa
no Certificado de Registro de Veículos – CRV e dá de “oferecer sugestões e embasamento técnico
outras providências. sobre assuntos específicos para decisões” do
Contextualização: Contran e o artigo 336 do CTB.
Por força do novo Código Civil de 2002, que em A proposta do novo anexo II procurou, no
seu artigo 1.361 estabeleceu a obrigatoriedade aspecto funcional, melhorar a formatação, orga-
de registro do contrato particular de financia- nização e diagramação visual dos 07 capítulos
mento de compra e venda (chamado de alie- que o compõem, objetivando uma leitura mais
nação fiduciária) junto ao órgão licenciador do rápida e entendimento mais claro, utilizando
veículo (leia-se Detran), para fins de constituto linguagem técnica de fácil assimilação por es-
de direito, era necessária a regulamentação do pecialistas ou não.
assunto pelo Contran. Em seu conteúdo técnico, algumas inovações e
Previu a Lei civil que, sendo originalmente a modificações foram introduzidas, incorporando
função registral de competência dos serviços ao texto experiências de êxito comprovado por
notarias (denominados de Cartórios), não fazen- diversos órgãos executivos e procurando intro-
do o órgão de trânsito licenciador na forma do duzir conceitos modernos relacionados a outras
artigo 1.361, facultado estaria a sua delegação normas de engenharia de trânsito.

76
CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO
Resolução no 161 por vias terrestres, autorizava o limite de 14,00 me-
de 26 de maio de 2004 tros para o comprimento total dos veículos simples.
No entanto, inovações tecnológicas introduzi-
Acresce parágrafos ao artigo 30 da Resolução nº
das por fabricantes de veículos de transporte
50/98 – Contran.
coletivo urbano de passageiros para aperfeiço-
Contextualização:
amento da operação e manobrabilidade dessa
A presente introdução no texto do artigo 30
espécie de veículo ensejaram a criação de ôni-
da resolução de nº 50/98, visava atender o
bus com 15 metros de comprimento, dotado de
princípio de reciprocidade estabelecido entre
terceiro eixo direcional, cujo desempenho em
Governos estrangeiros que aderissem a tal pos-
vias urbanas, segundo os critérios de operação
tura para com o Governo Brasileiro, indepen-
que compete ao órgão ou entidade executivo
dentemente de acordo bilateral, em relação à
rodoviário ou de trânsito com circunscrição
habilitação estrangeira.
sobre a via definir, comprovadamente traz be-
Tal permissivo, respeitado os demais parágrafos
nefício aos usuários sem ocasionar qualquer
das resoluções apontadas, permitiam aos ór-
prejuízo à fluidez e segurança do trânsito.
gãos de trânsito estaduais e do Distrito Federal
a liberdade de aplicar o princípio da reciproci-
dade, tão logo recebessem do Órgão Máximo Resolução nº 164
Executivo de Trânsito da União – Denatran, a de 10 de setembro de 2004
informação de que países se aplicaria o disposi-
Acresce parágrafo único ao artigo 1º da Resolu-
tivo acrescido na norma.
ção Contran n° 68/98.
Contextualização:
Resolução 162 no Dispensa de AET para a combinação de veículos
de 26 de maio de 2004 de carga conhecida como bi-trem.
A decisão do Contran fundamentou-se em
Dispõe sobre a alteração do prazo estabelecido
análise que comprova que a combinação de
no artigo 8º da Resolução do Contran nº 151,
veículos de carga com uma unidade tratora do
publicada no DOU de 16 de dezembro de 2003.
tipo cavalo mecânico e dois semi-reboques
Contextualização:
articulados com pino rei e quinta roda, com
A resolução 149 está intrinsecamente ligada à
comprimento mínimo de 17,50 metros e máxi-
resolução nº 151, isto é, a resolução nº 151 de-
mo de 19,80 metros, sete eixos, peso bruto total
pende da resolução 149 para ser implementada.
combinado de 57 toneladas e, ainda, satisfa-
Por esse motivo foi prorrogada, acompanhando
zendo as demais exigências contidas no artigo
a resolução nº 149.
2º da Resolução 68, que continua em vigor, é
uma configuração que não causa dano à infra-
Resolução 163 no estrutura viária – incluindo pavimento, pontes e
de 24 de junho de 2004 demais estruturas – e à segurança do tráfego.

Acresce alínea ao inciso III do artigo 1º da Resolu-


ção nº 12/098 – Contran. Resolução no 165
Contextualização: de 10 de setembro de 2004
A Resolução Nº 12, que estabelece os limites de
Regulamenta a utilização de sistemas automáti-
peso e dimensões para veículos que transitem
cos não metrológicos de fiscalização, nos termos

Tr â n s i t o , q u e s t ã o d e c i d a d a n i a 77
CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO do § 2º do artigo 280 do Código de Trânsito ou operacionais. Essa abordagem equivocada
Brasileiro. acarretou, por diversas vezes, exigências téc-
Contextualização: nicas incompatíveis com os equipamentos em
Embora sendo utilizados como ferramenta análise.
essencial no auxílio à fiscalização de trânsito
há quase uma década, os equipamentos de
Resolução nº 166
fiscalização registradores de imagem têm sido
de 15 de setembro de 2004
alvo de inúmeras dúvidas quanto aos aspectos
técnicos/legais necessários e suficientes para Aprova as diretrizes da Política Nacional de Trân-
que os mesmos obtenham credibilidade de sito – PNT.
funcionamento junto à população. Se efetu- Contextualização:
armos um levantamento histórico veremos O Código de Trânsito Brasileiro estabelece que
que desde a primeira Resolução pertinente ao o Contran é o responsável pelo estabelecimen-
assunto (079/98), datada de 19 de novembro de to de diretrizes da Política Nacional de Trânsito.
1998, sempre houve equívocos na abordagem Mais que uma imposição do CTB, o estabele-
desta legalização em função de se tentar abran- cimento das diretrizes é que possibilitará que
ger em uma única Resolução os vários tipos de os órgãos e entidades do Sistema Nacional de
equipamentos de fiscalização por registro de Trânsito trabalhem de forma harmônica, com os
imagem, independentemente de suas carac- mesmos objetivos, buscando a preservação da
terísticas peculiares, sejam estas construtivas vida, objetivo maior da gestão do trânsito.

78
CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO
CONCLUSÃO

A responsabilidade do Governo Federal por meio do Ministério das Cidades e do Denatran


é a de coordenar o Sistema Nacional de Trânsito.
Os números de hoje falam por si:
 Mais de 30.000 mortes por ano;

 Mais de 400.000 feridos por ano;

 Mais de R$ 10 bilhões nos custos dos acidentes por ano;

 36 milhões de veículos;
 38 milhões de condutores;
 1.413 órgãos e entidades compõem o SNT;
 Mais de 2,5 milhões de veículos fabricados a cada ano;
 10 milhões de veículos usados negociados por ano;
 1,7 milhões de novos condutores por ano;
 Mais de 7,0 milhões de renovações de CNH por ano;
 Mais de 8.000 centros formadores de condutores;
 Aproximadamente 50 mil profissionais na área; e
 Cerca de R$ 5 bilhões não recolhidos anualmente entre impostos, licenciamento e multas
vinculados a 30% da frota não licenciada.

Pode-se depreender pela leitura dos objetivos e diretrizes da Política Nacional de Trânsito
aprovados pelo Contran em 15 de setembro de 2004 e tornada pública pelo Ministro das Cida-
des, Olívio Dutra, em 23 de setembro de 2004, que a proposta deste governo é a de reverter
totalmente os aspectos negativos do quadro acima.
Para tanto, pretende capacitar e reciclar profissionais ligados ao trânsito, convidar municípios
a se integrarem ao SNT, qualificar todo sistema de formação de condutores e desenvolver cam-
panhas institucionais buscando conscientizar a sociedade em geral na adoção de um compor-
tamento que, objetivamente, reduza o número e a gravidade dos acidentes, entre outras ações
previstas na PNT.
A implementação dessa Política exigirá ações, esforços e investimentos coordenados pelo
conjunto do Sistema Nacional de Trânsito.
Assim, visando intensificar, aprofundar e envolver mais efetivamente a todos na concretiza-
ção do proposto na Política Nacional de Trânsito e, reconhecendo os diferentes estágios de de-
senvolvimento de cada unidade da Federação, estamos propondo que em cada Estado, a partir
do estipulado como regra geral na PNT e sob a coordenação do respectivo Conselho Estadual
de Trânsito – Cetran seja feita ampla discussão envolvendo todos os órgãos e entidades locais
e a sociedade civil, gerando uma proposta de como melhor atender os objetivos e diretrizes
gerais e analisando o reflexo direto em cada UF.

Tr â n s i t o , q u e s t ã o d e c i d a d a n i a 79
CADERNOS MCIDADES TRÂNSITO Para corroborar com esta ação, os coordenadores e assessores do Denatran estarão, durante
o mês de novembro de 2004, assessorando essas reuniões para que possamos, em 22 de janeiro
de 2005 quando comemoraremos o 7º ano da data de entrada em vigor do Código de Trânsito
Brasileiro, divulgar a complementação da Política Nacional de Trânsito, com o detalhamento re-
percutido em cada Estado.
Se formos bem sucedidos nesses propósitos, poderemos legar às gerações futuras a certeza de
que, à semelhança de outros povos, é possível modificarmos, para melhor, a dura realidade que
hoje vivemos.

80
Coordenação geral dos Cadernos MCidades CLÁUDIA CRISTINA CARVALHO
DANILO PASCOAL ROMAN
ERMÍNIA MARICATO
FRANCISCA DE LOURDES BARROS ALMEIDA
Ministra Adjunta e Secretária-Executiva
MARIO MARRA
KELSON VIEIRA SENRA OLAVO CAETANO MELLO FILHO
Diretor de Desenvolvimento Institucional
ROBERTO VICTOR PAVARINO FILHO
FABRÍCIO LEAL DE OLIVEIRA ROXANE PINHEIRO
Gerente de Capacitação

ROBERTO SAMPAIO PEDREIRA


Responsáveis e contatos de programas e ações
Assessor Técnico
referentes ao tema

Coordenação-Geral de Planejamento Normativo


Coordenação, elaboração e revisão de textos
e Estratégico do Sistema Nacional de Trânsito
MANOEL VICTOR DE AZEVEDO NETO
AILTON BRASILIENSE PIRES
Tel 429-3968
Diretor do Departamento Nacional de Trânsito
denatran.cgpne@mj.gov.br
DÁRCIO PAUPÉRIO SÉRIO
Coordenação-Geral de Informatização e Estatística
Assessor Parlamentar
DANIEL CÂNDIDO
DULCE LUTFALLA Tel 429-3566
Assessora Institucional denatran.cgie@mj.gov.br

EDSON GASPAR Coordenação-Geral de Instrumental Jurídico


Assessor de Planejamento e de Fiscalização
FÁBIO ANTINORO
CARLOS EDUARDO PINI LEITÃO Tel 429-3699
Coordenador-Geral de Infra-Estrutura de Trânsito denatran.cgijf@mj.gov.br

DANIEL CANDIDO Coordenação-Geral de Planejamento Operacional


Coordenador-Geral de Informatização e Estatística do Sistema Nacional de Trânsito
Coordenador-Geral
FÁBIO ANTINORO
RICARDO VAGNER MELETI
Coordenador-Geral de Instrumental Jurídico
Tel 429-3955
e de Fiscalização
denatran.cgpo@mj.gov.br
MANOEL VICTOR DE AZEVEDO NETO
Coordenação-Geral de Infra-Estrutura de Trânsito
Coordenador-Geral de Planejamento Normativo
CARLOS EDUARDO PINI LEITÃO
e Estratégico
Tel 429-3151
MARIA HELENA PENA MATA MACHADO denatran.cgit@mj.gov.br
Coordenadora-Geral de Qualificação do Fator Humano
Coordenação-Geral de Qualificação do Fator Humano
no Trânsito
no Trânsito
RICARDO VAGNER MELETI MARIA HELENA PENA MATA MACHADO
Coordenador-Geral de Planejamento Operacional Tel 429-3969
educacao@mj.gov.br
Colaboradores
LÚCIA MARIA MENDONÇA SANTOS
LUIZ CARLOS MANTOVANI NÉSPOLI
MARCO ANTONIO XAVIER TELLES
CARLA APARECIDA MAGALHÃES CARSTEN BRADA
DE MIRANDA
Ministério Ministro de Estado
OLÍVIO DUTRA
das Cidades cidades@cidades.gov.br

Chefe de Gabinete
DIRCEU SILVA LOPES
cidades@cidades.gov.br

Consultora Jurídica
EULÁLIA MARIA DE CARVALHO GUIMARÃES
conjur@cidades.gov.br

Assessor de Comunicação
ÊNIO TANIGUTI
enio.taniguti@cidades.gov.br

Assessora Especial de Relações com a Comunidade


IRIA CHARÃO RODRIGUES
iriaacr@cidades.gov.br

Assessor Parlamentar
SÍLVIO ARTUR PEREIRA
aspar@cidades.gov.br

Conselho Nacional de Trânsito


Presidente
AILTON BRASILIENSE PIRES
denatran@mj.gov.br

Conselho das Cidades


Coordenadora da Secretaria Executiva do ConCidades
IRIA CHARÃO RODRIGUES
conselho@cidades.gov.br

Ministra Adjunta e Secretária-Executiva


ERMÍNIA MARICATO
erminiatmm@cidades.gov.br

Subsecretário de Planejamento, Orçamento


e Administração
LAERTE DORNELES MELIGA
laerte.meliga@cidades.gov.br

Diretor de Desenvolvimento Institucional


KELSON VIEIRA SENRA
kelson.senra@cidades.gov.br

Diretor de Integração, Ampliação e Controle Técnico


HELENO FRANCO MESQUITA
helenofm@cidades.gov.br
Assessora de Relações Internacionais Departamento de Água e Esgotos
ANA BENEVIDES Diretor
abenevides@cidades.gov.br CLOVIS FRANCISCO DO NASCIMENTO FILHO
clovisfn@cidades.gov.br
Departamento Nacional de Trânsito (Denatran)
Diretor Departamento de Desenvolvimento e Cooperação
AILTON BRASILIENSE PIRES Técnica
denatran@mj.gov.br Diretor
MARCOS MONTENEGRO
Secretário Nacional de Habitação marcos.montenegro@cidades.gov.br
JORGE HEREDA
snh@cidades.gov.br Departamento de Articulação Institucional
Diretor
Departamento de Desenvolvimento Institucional SERGIO ANTONIO GONÇALVES
e Cooperação Técnica sergioag@cidades.gov.br
Diretora
LAILA NAZEM MOURAD Secretário Nacional de Transporte e da Mobilidade
laila.mourad@cidades.gov.br Urbana
JOSÉ CARLOS XAVIER
Departamento de Produção Habitacional josecx@cidades.gov.br
Diretora
EMILIA CORREIA LIMA Departamento de Cidadania e Inclusão Social
emilia.lima@cidades.gov.br Diretor
LUIZ CARLOS BERTOTTO
Departamento de Urbanização e Assentamentos luiz.bertotto@cidades.gov.br
Precários
Diretora Departamento de Mobilidade Urbana
INÊS DA SILVA MAGALHÃES Diretor
imagalhaes@cidades.gov.br RENATO BOARETO
renato.boareto@cidades.gov.br
Secretária Nacional de Programas Urbanos
RAQUEL ROLNIK Departamento de Regulação e Gestão
programasurbanos@cidades.gov.br Diretor
ALEXANDRE DE AVILA GOMIDE
Departamento de Planejamento Urbano alexandre.gomide@cidades.gov.br
Diretor
BENNY SCHASBERG Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU )
planodiretor@cidades.gov.br Diretor-presidente
JOÃO LUIZ DA SILVA DIAS
Departamento de Apoio à Gestão Municipal Territorial dir.p@cbtu.gov.br
Diretora
OTILIE PINHEIRO Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre S.A.
olitiemp@cidades.gov.br (Trensurb)
Diretor-presidente
Departamento de Assuntos Fundiários Urbanos MARCO ARILDO PRATES DA CUNHA
Diretor trensurb@trensurb.com.br
SÉRGIO ANDRÉA
regularizacao@cidades.gov.br

Secretário Nacional de Saneamento Ambiental


ABELARDO DE OLIVEIRA FILHO
sanearbrasil@cidades.gov.br
EDIÇÃO E PRODUÇÃO
Espalhafato Comunicação

PROJETO GRÁFICO
Anita Slade
Sonia Goulart

FOTOS
Arquivo MCidades

DIAGRAMAÇÃO E ARTE FINAL


Anita Slade

REVISÃO
Ricardo Peixoto

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