Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1
(Fundamentos Teóricos). Itapetinga: Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). 2005.
Teórica 04
Conversão do Músculo
em Carne
E.M. Ramos & L.A.M. Gomide
Normal (RFN). Atualmente, em termos práticos, tem- abate e que esgota os níveis de glicogênio muscular.
se avaliado a qualidade da carne em função de quatro Uma vez que no momento de abate o animal apresenta
condições de pH, já que se reconheceu que algumas pouca disponibilidade de glicogênio para ser utilizado
carnes apresentam características intermediárias entre pelo mecanismo anaeróbio (quando terminarem as
as curvas Normal (RFN) e PSE. Estas carnes são reservas de oxigênio), a produção de ácido lático é
denominadas RSE, e apresentam coloração típica da baixa e, consequentemente, a carne se apresenta com
carne Normal, enquanto as demais características são alto valor de pH post-mortem (pH 6,5 a 6,8). A
semelhantes à da carne PSE. Os tipos característicos diferenciação da carne DFD da normal somente
de qualidade de carne estão ilustrados na Figura 4.2. poderá ser feita no pH final. Se após 24 horas o pH
da carne se apresentar acima de 6,2, têm-se o indício
Carne RFN da condição DFD.
(queda de pH normal) Como na anomalia DFD o pH post-mortem
permanece próximo ao fisiológico, haverá pouca
O animal normal não se encontra sob excessivo desnaturação protéica e sua carne possuirá alta
estresse e apresenta estoque normal de glicose. Assim, capacidade emulsificante (CE) e alta capacidade de
após certo tempo de queda o pH estabiliza-se devido retenção de água (CRA). Do ponto de vista
ao esgotamento das reservas de glicose e à econômico, a maior CRA mantém o peso da carne
desnaturação das enzimas da via glicolítica pelo baixo quase constante, com pouca perda de suco,
pH muscular. possibilitando a venda de “água por carne”.
As carnes oriundas desta situação apresentam A carne DFD apresenta ainda uma maior maciez
características intermediárias entre os extremos PSE (suculência) e um maior rendimento durante o
e DFD e são preferidas para a comercialização de processamento, especialmente após os processos de
carnes frescas. cocção. Outrossim, a sua maior CRA evita perda de
componentes hidrossolúveis (minerais e vitaminas
Carne DFD hidrossolúveis) e evita a redução do tamanho da carne
pela perda de água quando submetida a temperaturas
A carne de corte escuro (dark cutting), ou ainda elevadas. São carnes ideais para o processamento de
DFD (dark, firm and dry), apresenta características produtos emulsionados, uma vez que as suas
anormais devido ao seu aspecto escuro, firme e seco. proteínas, em especial as miofibrilares, são
Esta anomalia é detectada em ovinos e suínos, mas minimamente desnaturadas, pelo que são altamente
apresenta maior incidência em bovinos (cerca de 3% solúveis, permitindo uma maior extração e capacidade
das carcaças). emulsionante.
A carne DFD é um problema causado pelo Entretanto, carnes DFD apresentam alguns
estresse crônico (cansaço, maus tratos, excitação, etc.) inconvenientes. A sua conservação é problemática por
submetidos a animais resistentes ao estresse antes do apresentar pH próximo ao neutro, ótimo para o
48 E.M. Ramos & L.A.M. Gomide
crescimento de grande parte dos microorganismos e hipertermia.
para reações de deterioração. Além disso, do ponto A disfunção metabólica parece ser causada por
de vista do consumidor, apresenta uma carne de uma mutação no gene responsável pelo controle da
coloração mais escura, o que pode dar a impressão, síntese protéica muscular, que ocasiona alterações na
nem sempre real, de deterioração. Esta forte coloração proteína rianodina (RYR), receptora de cálcio,
é conferida pelo baixo grau de desnaturação dos causando um descontrole na liberação de cálcio do
pigmentos de mioglobina. retículo sarcoplasmático. Assim, nestes animais há
Devido à sua elevada CRA, a carne DFD não é um grande fluxo de cálcio para o sarcoplasma frente
adequada para o processamento de produtos secos a condições adversas (estressantes), o que acelera o
ou semi-secos, como salames. A carne DFD também metabolismo post-mortem, resultando numa
não é propícia para a fabricação de curados, por exacerbada elevação da temperatura muscular e queda
apresentar dificuldades na absorção de sais de cura e de pH muscular.
condimentos, uma vez que a sua capacidade de A PSS é ocasionada por fatores estressantes como
absorver quantidades adicionais de água está limitada ferimentos, doenças, brigas e, especialmente, por
pela manutenção da água naturalmente presente extremos de temperatura e umidade durante o
(ligada às proteínas musculares). Associado a isto a transporte e a espera nas pocilgas de matança.
carne DFD apresenta uma coloração muito intensa Associado a estes fatores, existe animais com maior
que pode descaracterizar o produto frente ao predisposição ao estresse (mais sensíveis), carreadores
consumidor. Quando do seu uso na fabricação de de um gene recessivo semiletal conhecido como gene
presunto cozido, aconselha-se a mistura com 60% de halotano.
carne normal para retenção da cor do produto. O gene halotano foi assim batizado pelo fato dos
Do ponto de vista do sabor, este se apresenta animais carreadores deste gene apresentarem espamos
menos pronunciado na carne DFD, o que se deve à intensos quando submetidos ao teste com o gás
falta de açúcares (carboidratos) para a reação de halotano. O lócus responsável pela sensibilidade ao
Maillard,que fornece o “gosto de carne”, halotano é denominado “Hal” e possui dois alelos: o
independente da espécie. Devido ao seu elevado pH, alelo normal (N) e o responsável pela sensibilidade
a carne DFD também é menos propensa às reações (n). Assim, reconhecem-se três genótipos:
de oxidação de gorduras, responsáveis pelo “gosto
da espécie, e à degradação dos nucleotídeos de ATP a # Halotano-negativos (Hal NN): animais mais
IMP (favorecida em pH ácido), o qual apresenta efeito resistentes ao estresse e menos propensos a gerar a
potencializador de sabor. condição PSE. No entanto, estes animais são menos
eficientes na produção de carne magra;
Carne PSE # Halotano-positivos homozigotos (Halnn): animais
altamente eficientes na produção de carne magra,
A carne PSE (pale, soft and exsudative) apresenta mas também altamente estressáveis e propensos a
características anormais devido ao seu aspecto pálido, desenvolver a condição PSE; e
flácido e exsudativo. Embora a maior parte da # Halotano-positivos heterozigotos (HalNn): animais
literatura diga respeito a suínos (com incidência entre que apresentam susceptibilidade intermediária ao
5 e 20% das carcaças), a condição PSE também está estresse, bem como eficiência intermediária de
presente em outras espécies, especialmente aquelas produção de carne magra e propensão a
em que a musculatura é rica em fibras brancas, como desenvolverem a condição PSE.
aves por exemplo.
A condição PSE é comumente gerada em animais De forma geral, suínos halotanos-positivos (Halnn
altamente susceptíveis ao estresse, principalmente e HalNn) são mais propensos a morrerem durante o
aqueles oriundos de seleção genética para a produção transporte do que os halotanos-negativos (HalNN). Por
de carne magra. Embora este objetivo tenha sido isso, a seleção genética oferece a única ferramenta
alcançado, esta seleção também levou ao possível para redução da incidência de problemas
desenvolvimento de animais que apresentam uma originados pela PSS. Entretanto, embora esteja inter-
disfunção metabólica que leva a uma acidose relacionada com a PSS, compartilhando vários
muscular excessiva e elevado aumento da temperatura caminhos fisiológicos, a condição PSE pode ocorrer
corporal, conhecida como Síndrome do Estresse independentemente do defeito genético (gene
Suíno (PSS, do inglês Porcine Stress Syndrome) ou halotano). Desta forma, a remoção (seleção genética)
Hipertermia Maligna. Em condições de estresse dos animais susceptíveis ao estresse devido ao gene
extremo, a PSS pode acarretar em níveis elevados de halotano pode praticamente eliminar a ocorrência da
potássio no sangue e a morte do animal por PSS, mas grande parte da incidência de PSE não será
Conversão do Músculo em Carne 49
afetada se as condições de estresse pré-abate não de abate, como, por exemplo, a escaldagem.
forem adequadas. Isto reforça a necessidade de se ter A associação de temperatura elevada e baixo pH
um manejo adequado destes animais durante as etapas no músculo promove uma acentuada desnaturação das
que precedem o abate. proteínas miofibrilares e sarcoplasmáticas, e a carne
Suínos que apresentam uma muscularidade se apresenta com baixa capacidade de retenção de
excessiva, fruto da seleção genética para a produção água (CRA) e baixa capacidade emulsionante (CE).
de carne magra, são mais sensíveis ao estresse crônico, Consequentemente, esta anomalia gera carnes de
sendo comum se verificar um avermelhamento do seu aparência ruim (pálida, sem firmeza, com a presença
couro, ansiedade e tremores musculares nos animais de suco sanguinolento na embalagem), baixo
estressados (Figura 4.3). rendimento (redução do peso da carne e seu
Em função de sua susceptibilidade ao estresse, o encolhimento, quando submetida a temperaturas de
animal apresenta condições musculares de anoxia cocção, pela perda de água) e com perda maior de
(ausência de oxigênio) nos momentos que antecedem nutrientes hidrossolúveis, como algumas vitaminas e
ao abate, especialmente em função da atuação dos sais minerais.
hormônios epinefrina e norepinefrina. Assim, por Do ponto de vista tecnológico a carne PSE pode
apresentar baixas reservas musculares de oxigênio, o ser usada em produtos que serão submetidos a
músculo deste animal recorrerá ao mecanismo processos de remoção de água (secos ou semi-secos),
anaeróbio mais rapidamente, ocorrendo, nas três como salames, uma vez que requererão menos energia
primeiras horas após o abate, uma queda drástica de para remoção de água do produto. Sua adição, no
pH a valores inferiores a 5,5, característico de carnes entanto, deve ser de no máximo 70% em mistura com
PSE. Após esse período, ocorre uma gradual elevação carnes normais, para não depreciar a qualidade do
do pH da carne pela liberação de amônia resultante produto, especialmente quanto à cor (menos atrativo,
da degradação de proteínas pelas enzimas pois o produto se apresenta com coloração menos
lisossômicas, que atuam a valores baixos de pH. intensa).
Valores de pH muscular menores que 5,8 após 45 Por apresentarem pouca capacidade ligante,
minutos pós-abate é uma das principais características devido à menor solubilização e extração de proteínas
utilizadas na identificação de carnes PSE. Neste miofibrilares, a carne PSE prejudica a elaboração de
período a temperatura corporal também se encontra produtos que necessitam da ligação entre pedaços de
elevada, devido ao próprio metabolismo energético tecidos musculares para fatiamento homogêneo, como
muscular acelerado e também à processos específicos é o caso do presunto cozido. Entretanto, pode ser
Figura 4.3. Suínos submetidos a estresse crônico. Note-se mnchas na pele avermelhada e a extrema musculosidade.
Tabela 4.1. Mudança relativa no peso de pernil PSE, normal e DFD durante o processamento*
Tipo de Músculo
Item
PSE Normal DFD
Ganho após a injeção, % 8.63a 9.16a 8.60a
Perda durante a cura, % 3.30a 2.36b 1.33c
Perda durante estocagem,% 14.47a 12.91b 10.26c
*Médias, na linha, seguidas por letras iguais não diferem significativamente (P<0,001).
Fonte: Kauffman et al. (1978).
50 E.M. Ramos & L.A.M. Gomide
usada na fabricação do presunto cru, uma vez que se reações exotérmicas para manutenção da integridade
trata de um produto semi-seco, em que o pernil é muscular, o que implica numa elevação localizada
curado inteiro. Ainda assim, o produto pode apresentar da temperatura muscular. Esta elevação de
áreas deficiente em aroma e, no caso de pernis muito temperatura é maior em músculos internos, e naqueles
grande, a diferença de cor dos músculos pode ser recobertos com tecido adiposo, que apresentam maior
acentuada. isolamento térmico, dificultando a dissipação de calor
A Tabela 4.1 ilustra as conseqüências da carne para o ambiente.
PSE para a indústria de carnes e produtos processados. Os fatores externos associados ao processo de
Por outro lado, por apresentar baixos valores de abate (temperatura ambiente da sala de abate, duração
pH, a carne PSE possui uma boa conservação do ponto do processo de abate e obtenção da carcaça,.etc)
de vista microbiano. Entretanto, há que se considerar também podem influenciar na dissipação do calor.
o efeito negativo em função desta acidez elevada sobre Alguns processos pós-abate aos quais as carcaças
a propensão a processos oxidativos. Desta forma, estão sujeitas, como a escaldagem e o
embora a carne se apresente estável do ponto de vista chamuscamento, contribuem para um aumento da
microbiológico, sua vida-útil é restrita devido ao temperatura muscular em torno de 2 a 3°C;
favorecimento de processos oxidativos, especialmente Vale ressaltar que animais PSE apresentam um
em carnes frescas (não-processadas). aumento elevado de temperatura (hipertermia
maligna) na primeira hora após o abate em função do
Condições intermediárias maior metabolismo gerado pelo acúmulo
sarcoplasmático de cálcio.
A carne RSE, conforme já mencionado, se
apresenta vermelha, mas com aspecto flácido e Rigor Mor tis
Mortis
exsudativo. Este tipo de carne, também oriunda de
um estresse crônico pré-abate, não é distinguível da O rigor mortis consiste em uma contração
carne normal pela medida do pH, seja 45 minutos muscular intensa e irreversível que ocorre com a
após o abate ou, mesmo, após 24 horas. exaustão das reservas de energia do músculo, sem
As características de qualidade da “carne ácida” que ocorra a resíntese de ATP, conferindo ao tecido
são semelhantes às das carnes PSE, sendo, porém, muscular a perda de suas propriedades elásticas. De
detectadas somente no final do resfriamento das fato, podemos considerar a contração e o rigor mortis
carcaças, quando apresentam valores de pH final (24 como dois processos distintos.
horas) muito abaixo do normal, igual a 5,4 ou menos. O endurecimento muscular observado no rigor
Esta anomalia esta associada ao Gene RN - ou mortis é devido à formação de ligações permanentes
Rendimento Napole, que induz uma acelerada entre os filamentos de miosina e actina. É a mesma
acidificação da carne após o abate. O efeito do Gene interação química que forma o complexo de
RN- se manifesta pelo aumento da concentração de actomiosina durante a contração muscular no animal
glicogênio muscular, em torno de 70% acima do valor vivo. A diferença entre a contração no animal vivo e
encontrado em suínos normais no estado de rigor é que nesse último o relaxamento
O nome Gene RN - foi atribuído após a é impossível, uma vez que não há energia suficiente
identificação de que animais carreadores deste gene para quebrar as ligações do complexo de actomiosina.
apresentavam baixos valores de rendimento quando Além disto, no rigor mortis, a interação entre os
submetidos ao teste Rendimento Napole (RN), que monômeros de actina e as cabeças de miosina é de
prediz o rendimento durante a cocção (heat loss). Por praticamente 100%; na contração muscular normal é
enquanto, o Gene RN- foi identificado apenas em de cerca de 20%.
linhagens de Hampshire. Animais homozigotos Na ausência da Bomba de Cálcio, devido ao
recessivos são classificados como normais, esgotamento das reservas de energia, o teor de íons
produzindo carne com características de qualidade cálcio no sarcoplasma tende a se igualar com o teor
normais. de cálcio do retículo sarcoplasmático (equilíbrio
osmótico), impossibilitando o relaxamento muscular.
Ele
Elevvação da Além disso, não é mais gerado o ATP-Mg, necessário
Tem per
emper atur
peratur a Muscular
atura para desativar o complexo actomiosina, o que
permitiria o deslizamento dos monômeros de actina
Uma vez sem o sistema respiratório e a circulação e a volta do sarcômero ao tamanho original.
sangüínea, o calor corporal não é mais removido dos A instalação do rigor mortis é gradual, e apresenta
músculos para ser dissipado na superfície. Entretanto, três fases, que pode ser acompanhada pela perda de
o mecanismo homeostático gera calor ao realiza extensibilidade do músculo (Figura 4.4) ou pelo
desenvolvimento de tensão isométrica (Figura 4.5):
Conversão do Músculo em Carne 51
Figura 4.4. Diagrama de mudanças na Fase do atraso Fase do estabelecimento
extensão usada no companhamento do
desenvolvimento do rigor mortis pela
perda de extensibilidade. Tiras musculares
de tamanho definido são submetidas a um
processo cíclico de estiramento. A seta 1 1 1
indica o início do rigor mortis. Fonte: 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
0 1 2
Betchel (1986). Tempo (horas) post mortem
O Estresse
intermediárias. Alguns exemplos do efeito da carga produtores brasileiros já estão implantando no seu
genética sobre as características de qualidade da carne plantel este tipo de animal;
podem ser citados: # No caso de suínos, animais foram geneticamente
selecionados para depositar menos gordura de
# Bovino do tipo Angus são reconhecidos pela sua cobertura e mais músculo (suínos tipo carne).
alta propensão a depositar gordura de marmoreio, Entretanto, isto também causou uma seleção de
o que influencia na suculência e sabor da carne, linhagens que apresentam maior suscetibilidade ao
com reflexos indiretos na percepção de maciez; estresse e, portanto, maior predisposição à condição
# Em bovinos, vários autores demonstraram que PSE.
animais do tipo Bos taurus (gado europeu)
apresentam maior atividade de proteases RESISTÊNCIA OU SUSCEPTIBILIDADE AO ESTRESSE
dependentes de cálcio (calpaínas) e menor atividade
de seu inibidor (calpastatina), que animais do tipo De uma maneira geral animais mais susceptíveis
Bos indicus (gado indiano, criado no Brasil). ao estresse tendem a apresentar maior incidência de
Entretanto, estes últimos são animais mais rústicos, carne PSE e os mais resistentes a apresentarem carne
que suportam mais as nossas condições climáticas DFD. A resistência e, ou, susceptibilidade ao estresse
e são mais resistentes a pragas, como, por exemplo, varia dentro de cada espécie animal segundo o tipo.
carrapatos; Por exemplo, suíno tipo banha é mais resistente ao
# Bovinos de musculatura dupla apresentam carcaças estresse que suíno tipo carne.
mais musculosas e magras (Figura 4.7), e com A espécie animal, relacionada à maior proporção
tamanho (diâmetro) de fibra menor. Este menor de fibras musculares vermelhas ou brancas, também
tamanho de fibra tem sido considerado como uma possui efeito sobre a suceptibilidade aos fatores
das razões para a maior maciez de sua carne, apesar estressantes. Assim, suínos, por apresentarem alta
da aparente maior propensão aos fenômenos de relação fibras brancas/fibras vermelhas, possuem
encolhimento pelo frio e rigor de descongelamento, menor capacidade de estocar oxigênio no músculo
que gerariam carnes mais duras. A grande (menor concentração de mioglobina), recorrendo com
desvantagem deste tipo de animal é o seu baixo mais freqüência ao mecanismo anaeróbio para
índice de natalidade, e alta mortandade das matrizes obtenção de energia. A queda de pH resultante do
durante o parto, o que tem inviabilizado a sua acúmulo de ácido láctico, associada à temperatura
utilização em larga escala. Ainda, assim, alguns corpórea, tem ação desnaturante sobre as proteínas,
sendo os suínos mais susceptíveis à condição PSE.
Já os bovinos apresentam alta relação fibras
vermelhas/fibras brancas, possuindo maior
capacidade de estocar oxigênio e utilizando
preferencialmente o mecanismo aeróbio para
obtenção de energia, sem queda de pH muscular,
sendo menos susceptíveis à condição PSE. São,
entretanto, mais propensos à condição DFD devido a
pouca quantidade de reservas de glicogênio em sua
musculatura.
Fat or
ator es P
ores ós-
Pós- A bat
ós-A batee
Temperatura Post-Mortem
RIGOR DE DESCONGELAMENTO
Estimulação Elétrica
Figura 4.13. Eletromicrografia de músculo (longisimus) bovino (A) não estimulado e (B) com estimulação elétrica.
CB = bandas contraídas pelo efeito mecânico da EE. Fonte: Pearson e Dutson (1985).
62 E.M. Ramos & L.A.M. Gomide
Existem várias maneiras de se realizar a EE, # Melhora o sabor e aroma da carne, por acelerar o
variando-se a voltagem e a freqüência da corrente processo de maturação. Assim, potencializadores
elétrica aplicada. Entretanto, pode-se dividir em dois do sabor, como a inosina monofosfato (IMP) e a
tipos básicos: a de baixa e a de alta voltagem. hipoxantina, formadas na quebra do ATP, são
A EE de Baixa Voltagem é mais segura para os liberados mais cedo na carne, favorecendo sua
funcionários (menor risco de acidentes), porém de qualidade sensorial;
eficiência limitada à integridade física do sistema # Extensão da vida-de-prateleira das carnes, devido
nervoso central (SNC) do animal, uma vez que baixas a redução rápida do pH para níveis que inibem o
voltagens apenas estimulam o cérebro a executar a crescimento microbiano.
contração muscular. Desta forma, sua aplicação se
restringe a até10 minutos post-mortem, a partir do Suspensão da Carcaça (Pendura)
qual ocorre a falência completa do SNC.
O seu efeito se deve apenas à aceleração da Nem todos os músculos da carcaça estão livres
glicólise (queda mais rápida do pH muscular), causada para encolherem, mesmo quando expostos a
por um rápido consumo energético, que temperaturas inferiores a 15ºC ainda no estado pré-
consequentemente acelera o início do rigor mortis. rigor. A sua ligação ao esqueleto e a tensão localizada
As voltagens usadas estão na ordem de 30 a 100 V desenvolvida são suficientes para impedir o
por 2 a 4 minutos, sendo geralmente aplicadas durante encolhimento das fibras musculares, evitando a perda
a etapa de sangria (logo após corte da jugular). na maciez. No modo convencional de pendura, a
Já a EE de Alta Voltagem é um processo menos carcaça é suspensa pelo tendão de Aquiles, ficando
seguro para os funcionários, o que exige a construção alguns músculos mais aptos ao encolhimento do que
de instalações restritas a esta operação e sistemas de outros.
segurança eficazes, para evitar riscos de acidentes no A suspensão da carcaça resulta no
abatedouro. Entretanto, a EE por alta voltagem possui desenvolvimento de tensão localizada em
maior eficiência na melhoria da qualidade da carne. determinados músculos, minimizando ou impedindo
Uma vez que não depende do SNC do animal, a sua contração, já que eles ficam como que presos por
EE de alta voltagem pode ser usada num tempo post- suportes numa extremidade enquanto a gravidade atua
mortem maior (até uma hora após a insensibilização), no músculo como um todo, o que não deixa o músculo
sendo efeitva mesmo quando aplicada após a livre para sofrer a contração total do rigor mortis. É
evisceração. Sua aplicação (entre 400 e 1000 V por mais ou menos como se mantivesse o músculo
cerca de 1 a 2 minutos) permite uma estimulação esticado até o rigor mortis ocorrer. Como ele está
direta e uniforme através de toda a carcaça, com seu preso, não há movimentação livre dos filamentos finos
efeito sobre a qualidade da carne oriunda não apenas sobre os grossos. A menor compactação das estruturas
da aceleração da glicólise, mas também devido a celulares resulta em aumento da maciez dos músculos
rupturas nas fibras musculares causadas pelas atingidos.
extensivas distensões e violentas contrações (efeito Assim, mudando-se a forma de pendura, muda-
mecânico). se a susceptibilidade dos músculos ao encolhimento
Além do seu efeito sobre a maciez, também se pelo frio. A pendura pode ser realizada de duas formas
atribui as seguintes vantagens da aplicação da (Figura 4.14): pelo processo tradicional através do
estimulação elétrica nas carcaças: tendão de Aquiles; ou pelo foramem pélvico (pélvis
ou aitch bone).
# Melhora a coloração vermelha brilhante do músculo A pendura pelo Tendão de Aquiles (método
18 a 24 horas post-mortem, que se apresenta mais convencional), comumente utilizado no Brasil,
clara e atrativa. Esta coloração fornece a impressão beneficia os músculos abdominais e torácicos, o que
de se tratar de uma carne de um animal jovem; não tem muita razão de ser já que estes são
# Melhora a visualização da gordura de marmoreio normalmente mais macios, por serem menos exigidos
24 horas post-mortem, devido a um maior contraste fisicamente (menor conteúdo de tecido conectivo).
na sua aparência, permitindo um maior escore Já na pendura pelo Foramen pélvico, também
sensorial; conhecido como Tenderstrech, as patas traseiras ficam
# Previne a formação do “Anel de Aquecimento” numa posição de 90º fazendo com que uma série de
(presença de duas tonalidades de cor, com anel músculos do quarto traseiro permaneçam esticados
escuro na extremidade, geralmente no lombo, e, portanto, impedidos de se contrair. Esta posição de
causado pelo resfriamento muito rápido) no pendura deveria ser a mais utilizada, uma vez que
músculo. O mecanismo de atuação da EE, no beneficia músculos que uma dureza inerente devido
entanto, é ainda desconhecido; à alta atividade e, portanto, elevado teor de tecido
Conversão do Músculo em Carne 63
conectivo. A maciez ocasionada nestes músculos é refrigeração rápida, trata-se de uma operação, no
devido à eliminação/redução de mais um fator (o mínimo, inconveniente na linha de abate. Além disso,
encolhimento) responsável pela dureza, conferindo- deve se levar em consideração o fato de que o espaço
lhes uma maciez somente alcançada após vários dias ocupado pela carcaça suspensa pela pélvis é maior
de maturação. do que o espaço da carcaça suspensa pelo método
Embora a pendura pelo forâmen pélvico permita tradicional, exigindo câmaras frias maiores do que
certo controle sobre os músculos susceptíveis ao no processo convencional (pelo tendão de Aquiles).
encolhimento pelo frio durante o processo de Através da Figura 4.14 e da Tabela 4.4 pode-se
observar os músculos favorecidos pelo tipo de
pendura.
Processamento Pré-Rigor
Tabela 4.4. Tamanho do sarcômero1 e força de cisalhamento2 em diferentes músculos segundo o tipo de suspensão de
carcaça: Tendão de Aquiles (TA) e Foramen Pélvico (FP)
Tamanho do Sarcômero (µm) Força de Cisalhamento (kg)
Músculo
TA FP TA FP
Longissimo (lombo) 1,9 2,3 6,0 4,9
Semimembranoso (coxão) 1,9 2,6 5,0 4,3
Semitendenoso (coxão) 2,4 2,9 5,3 4,9
Biceps femures (coxão) 1,9 3,2 4,2 5,0
Rectus femures (coxão) 2,2 2,5 4,7 3,8
Adutor (coxão) 2,0 3,4 4,7 4,0
Psoas maior (filé mignon) 3,6 2,4 3,7 4,2
Gluteus medius (alcatra) 2,0 2,8 4,9 3,7
Triceps brachial (paleta) 2,3 2,3 4,7 4,8
Média 2,2 2,7 4,8 4,4
1
Quanto menor o tamanho do sarcômero, mais contraído se apresenta o músculo.
2
Quanto maior a força de cisalhamento, menor a maciez da carne.
64 E.M. Ramos & L.A.M. Gomide
CE) e conseqüente formação de uma “malha protéica” Tabela 4.5. Efeito da utilização da carne pré-rigor no
que impede a livre movimentação dos glóbulos de rendimento de hamburguês
gordura que porventura não tenham sido Carne Carne
Característica
encapsulados, evitando a sua coalescência e a Pré-Rigor Pós-Rigor
formação de grumos. Aumenta-se com isto a Perdas por cocção 33,85% 41,06%
estabilidade da emulsão. A maior solubilização das Rendimento 66,15% 58,94%
proteínas permite, ainda, um aumento da velocidade
da penetração dos sais de cura nos produtos
processados. carne, causada pela moagem, a adição de sal causa
A maior CRA também reduz a perda de água por a competição dos íons sódicos pelos sítios protéicos
evaporação durante o cozimento de embutidos e onde o cálcio se ligaria, disponibilizando mais
reestruturados, resultando no aumento do rendimento proteínas para exercerem propriedades funcionais
econômico, como se pode observar na Tabela 4.5. (CRA e CE). Além disto, o sal passa a inibir a
Como exemplo, o rendimento de salsichas aumenta atuação das enzimas glicolíticas, evitando uma
em cerca de 13 a 14%, com liberação de gordura da queda maior do pH (incremento de 0,2 unidades de
emulsão 83% menor e de gelatina 58% (formulação pH), afastando-o ainda mais do ponto isoelétrico
sem fosfato) a 70% (com fosfato) menor, quando do das proteínas miofibrilares e favorecendo a CRA e
uso de carne pré-rigor na elaboração destes produtos. a CE da carne. Associado ao efeito do pH, a adição
Entretanto, o curto espaço de tempo em que a de sal, em quantidades adequadas, causa uma maior
condição pré-rigor existe, requerer uma alteração no solubilização e extração protéica, devido a uma
fluxuograma de operação dos matadouros frigoríficos estabilização de sua estrutura, num efeito conhecido
e o seu processamento apresenta dificuldades em sua como salting-in, favorecendo também a CRA e CE.
manipulação. Devido à estrutura menos rígida que a # Se o corte desossado pré-rigor for destinado à
carne se apresenta, a faca “dança” durante a desossa comercialização refrigerado, este deve ser contido
a quente, implicando em riscos adicionais aos fisicamente para evitar a sua contração. Uma nova
operadores. Além disso, o processamento pré-rigor técnica de embalagem da carne, denominado
implicar em maior risco de contaminação e sistema Pi-Vac, permite manter tencionado o corte
proliferação microbiológica (devido ao seu pH e desossado pré-rigor enquanto embalado,
temperatura mais elevados) exigindo cuidados favorecendo a maciez da carne, mesmo quando esta
higiênicos maiores com o ambiente, instrumental e é submetida a um resfriamento rápido. O sistema
funcionários. Pi-Vac consiste em se embalar a carne à vácuo em
Por outro lado, a utilização da carne pré-rigor filmes altamente elásticos fazendo-se uso de
implica em menor consumo de energia, espaço, e mão- câmaras de embalagem especialmente
de-obra em frigoríficos, pela diminuição do tamanho desenvolvidas (Figura 4.15). O filme elástico,
das peças de carne a serem resfriadas e estocadas, e, depois de aplicado, automaticamente se retrai,
portanto, do volume e área para penetração de calor, mantendo-se firmemente preso em toda extensão
com redução do tempo de resfriamento. No entanto, da carne, evitando a sua contração. O favorecimento
cuidados com relação ao EPF e RD devem ser das condições higiênicas e um aspecto mais atrativo
observados, uma vez que a carne desossada se que é conferido à carne embalada são benefícios
apresenta mais propícia ao encolhimento. adicionais do sistema.
Para se tirar vantagens das características da carne
pré-rigor, minimizando ou evitando as sua Condicionamento (Maturação)
desvantagens, pode-se adotar um dos seguintes
procedimentos: Consumidores consideram a maciez da carne
como sendo o componente de qualidade mais
# Desossa e congelamento rápido da carne associado importante. Ainda assim, a inconsistência na maciez
à sua utilização ainda congelada no processamento. da carne é identificada como uns dos maiores
Com esta técnica evita-se o efeito do RD, uma vez problemas de processamento da indústria de carne.
que quando o descongelamento ocorrer, a fibra, e Um recente levantamento demonstrou que os
suas estruturas protéicas, já estarão totalmente consumidores estavam insatisfeitos com a qualidade
rompidas, impedindo a formação do complexo de comestível da carne bovina preparada em casa em
actomiosina. mais de 20% das vezes.
# Moagem da carne quente e sua salga imediata antes A maturação tem como objetivo melhorar a
da refrigeração (0ºC por 2 a 3 dias) até o maciez e conferir sabor característico à carne, devido
processamento. Além da destruição da estrutura da a uma ação proteolítica de enzimas (catepsinas e
Conversão do Músculo em Carne 65
(B) ganchos
(A)
Filme plástico
Remoção CARNE
do ar
Tubo de
embalagem
(D) (C)
CARNE
Figura 4.15. Esquematização do sistema Pi-Vac para embalagem de músculos pré-rigor. O corte de carne é inserido
(A) num tubo em que um filme altamente elástico é mantido estirado (B). Um sistema de vácuo suga o corte e o filme
é aplicado (C). Com a aplicação, o filme é liberado da máquina retornando, automaticamente, ao seu estado original
(retrai). A força do filme é aplicada em toda extensão da carne (D) impedindo a expansão de seu diâmetro (causado
pela contração longitudinal do músculo, veja Figura 4.11). Fonte: Meixner e Karnitzschky (2001).
Tabela 4.7. Efeito da injeção de 10% de CaCl2 0,3 M, imediatamente após o abate, na maciez de músculos
semimembranosus de acordo com o tempo de maturação post mortem
Força de cisalhamento (kg) Perda por
Tratamento
1 dia 8 dias 14 dias cozimento (%)
Controle 8,95 8,51 7,30 29,4
CaCl2 3,67 3,20 3,21 32,0
Quanto maior a força de cisalhamento, menor a maciez da carne.
Fonte: Wheller et al. (1991).
Conversão do Músculo em Carne 67
CASSENS, R.G., COOPER, C.C. Red and White Muscle. PUOLANNE, E.J., PÖSÖ, A.R., RUUSUNEN, M.H.,
Advanced Food Research, v.19, p.1-74, 1971. SEPPONEN, K.V., KYLÄ-PUHJU, M. Lactic Acid in
Muscle and its Effects on Meat Quality. In: 55TH ANNUAL
CULAU,P.O.V., LÓPEZ, S., RUBENSAM. J.M., LOPES,
RECIPROCAL MEAT CONFERENCE, American Meat
R.F.F., NICOLAIEWSKY, S. Influência do Gene Halotano
Science Association, Proceedings..., p.57-62, 2002.
sobre a Qualidade da Carne Suína. Revista Brasileira de
Zootecnia, v.31, n.2, p.954-961, 2002 (suplemento). Rübensam, J.M.. Transformações Post Mortem e
Qualidade da Carne Suína. In: I CONFERÊNCIA
ETHERINGTON, D. J., TAYLOR, M. A . J.,
VIRTUAL INTERNACIONAL SOBRE QUALIDADE
DRANSFIELD, E. Conditioning of meat from different
DE CARNE SUÍNA, Via Internet: 16 de novembro a 16
species. Relationship between tenderizarion and the levels
de dezembro de 2000. Anais..., CNPSA/Embrapa, 2000.
of cathepsin B, cathepsin L, calpain I, calpain II and b-
12p. <http://www.cnpsa.embrapa.br/>
glucuronidase. Meat Science, v. 20, p.1 -18, 1987.
SØRHEIM, O., HILDRUM, K.I. Muscle stretching
FENNEMA, O.R. Food Chemistry. 2th Edition, Manual
techniques for improving meat tenderness. Trends in Food
Dekker Inc. 1985, 991p.
Science & Technology, v.13, p.127-135, 2002.
HAMM, R. Post Mortem Changes in Muscle with Regard
TAKAHASHI, G. Técnicas para Melhorar a Qualidade:
to Processing of Hot-Boned Beef. Food Technology, v.36,
Fatores “Post-Mortem”. Revista Nacional da Carne. Ano
n.11, p.105-115, 1982.
XVI, no. 184, p.27-31, Junho de 1992.
HONIKEL, K.O., FISCHER, C., HAMID, A., HAMM,
TAYLOR, R.G., GEESINK, G.H., THOMPSON, V.F.,
R. Influence of Postmortem Changes in Bovine Muscle
KOOHMARAIE, M., GOLL, D.E. Is Z-Disk Degradation
on the Water-Holding Capacity of Beef. Postmortem
Responsible for Postmortem Tenderization? Journal of
Storage of Muscle at 20ºC. Journal of Food Science, v.46,
Animal Science, v.73, p.1351-1367, 1995.
n.1, p.1-6, 1981.
WILSON, N.R.P. et. al. Meat and Meat Products –
HONIKEL, K.O., KIM, C. Causes of the Development of
Factors Affecting Quality Control. Applied Science
PSE Pork. Fleischwirtsch International, v.1, p.7-12,1987.
Publishers, London and New Jersey, 1981. 207p.
KOOHMARAIE, M. Muscule proteinases and meat aging.
WHEELER, T.L., KOOHMARAIE, M., CROUSEL, I.D.
Meat Science, v.36, p.93- 104, 1994.
Effects of calcium chloride injection and hot boning on
KOOHMARAIE, M., BABIKER, A.S., SCHROEDER, the tenderness of round muscles. Journal of Animal
A.L., MERKEL, R.A., DUTSON, T.R. Acceleration of Science, v.69, p.4871-4875, 1991.
postmortem tenderization in ovine carcasses through
WHEELER, T.L., KOOHMARAIE, M., LANSDELL,
activation of Ca2+-dependent proteases. Journal of Food
J.L., SIRAGUSA, G.R., MILLER, M.F. Effects of
Science, v.53, p.1638, 1988.
Postmortem Injection Time, Injection Level, and
KUBOTA, E. H., OLIVO, R., SHIMOKOMAKI, M. Concentration of Calcium Chloride on Beef Quality Traits.
Maturação da carne um processo enzimático. Revista Journal of Animal Science, v.71, p.2965-2974, 1993.
Nacional da Carne, n. 200, p. 12 - 13, 1993.
WHEELER, T.L., KOOHMARAIE, M.,
LOCKER, R.H. Cold-induced Toughness of Meat. In: SHACKELFORD, S.D. Effect of Postmortem Injection
PEARSON, A.M., DUTSON, T.R. (eds.) Advances in Time and Postinjection Aging Time on the Calcium-
Meat Research. v.1 (Electrical Stimulation). New York: Activated Tenderization Process in Beef. Journal of
AVI Books, p.1-44, 1985. Animal Science, v.75, p.2652-2660, 1997.
MARSH, B.B., LEET, N.G. Studies in Meat Tenderness. WOLTERSDORF, W. Do Quick Methods of Chilling
III. The Effects Cold Shortening on Tenderness. Journal Cause Faults in Meat? Fleischwirtsch. International, v.1,
of Food Science, v.31, p.450-459, 1966. p.6-13, February 1989.
MEIXNER, H-W., KARNITZSCHKY, I. Correctly VRIES, A.G., FAUCITANO, L., SOSNICKI, A.,
Packaging Hot-Bone Meat. Fleischwirtschaft PLASTOW, G.S. The use of gene technology for optimal
International, n.3, p.24-25, 2001. development of pork meat quality. Food Chemistry, v.69,
p.397-405, 2000.
PEARSON, A.M., DUTSON, T.R. Scientific Basis for
Electrical Stimulation. In: PEARSON, A.M., DUTSON, von LENGERKEN, G., MAAK, S., WICKE, M. Muscle
T.R. (Eds.). Advances in Meat Research, v.1 (Electrical metabolism and meat quality of pigs and poultry.
Stimulation) New York: Elsevier Applied Science, p.185- Veterinarija Ir Zootechnika. T., v.20, n.42, p.82-86, 2002.
218, 1985.
PELOSO, J.V. Studies on Pale Soft Exudative Meat in
Pigs. Identification of Live Animals with a Propensity
for Poor Meat Quality. Thesis (Master of Agricultural
Science). Australia: La Trobe University, 1992. 153p.
68 E.M. Ramos & L.A.M. Gomide