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Como lidar com pessoas insuportáveis

Dicas de psicólogos para conviver com gente capaz de fazer qualquer


um perder a cabeça

Verônica Mambrini Ilustrações Fernando Brum

MIMADOS
Como identificar: são narcisistas, teatrais, dependentes e superficiais. Conseguem o que querem explorando
sentimentos como pena e culpa
O que podem causar: sugam o tempo da vítima, provocam desgaste emocional e até prejuízos financeiros O
que fazer: imponha limites e não se perturbe com as lamentações.

Algumas pessoas parecem ter o dom de enlouquecer os outros. Em menor ou maior grau,
são capazes de tornar a convivência difícil, até insuportável. Pode ser o chefe autoritário
que controla cada passo do funcionário, o amigo que não perde uma chance de reclamar
da vida ou o parente que aparece para uma visita e consegue destruir móveis e bibelôs. O
fato é que tipos como esses são mais comuns do que se supõe. Mas as formas como as
pessoas reagem a eles não. Há quem consiga se defender. Há quem recorra à terapia
para superar os traumas do convívio. Com a bagagem dos casos colecionados em
consultório, especialistas ensinam a lidar com esses “indivíduos-problema”.

O psicólogo americano Paul Hauck é um exemplo. Há quatro décadas ele estuda os


comportamentos neuróticos. Em maio, lança o livro Como lidar com pessoas que te
deixam louco. Nele, o terapeuta com mais de 15 obras publicadas decifrou cinco
“personalidades” capazes de fazer alguém perder a razão – os controladores, os
fracassados, os mimados, os bullies e os desleixados/maníacos por limpeza (leia
quadros). “Quando você não constrange quem age de forma irritante e perturbadora, está
tolerando esse comportamento”, disse Hauck à ISTOÉ. “Nós só somos tratados do jeito
que permitimos.” Segundo o psicólogo, muitas vezes, quem o procura no consultório é a
pessoa errada – ou seja, a vítima. “Vários que estão aqui vêm porque os que realmente
deveriam estar não aceitam tratamento”, confirma a terapeuta de casais Ana Maria
Fonseca Zampieri, de São Paulo.

Os grupos mais perigosos são os bullies e os controladores. “Eles podem recorrer à força
física e não se importam com as conseqüências”, analisa Hauck. “Evite-os a todo custo, a
não ser que você seja forte o suficiente para se defender.” A dor aumenta e as
conseqüências psicológicas agravam se o agressor é alguém muito próximo. Foi o que
aconteceu com a carioca Luiza Leme. Seu ex-marido a vigiava constantemente. Lia e-
mails, mexia em objetos pessoais, violava sua privacidade. “Eu queria dar uma de boa
samaritana”, reconhece. “Hoje, sei que limite é saudável”, diz Luiza, que só melhorou
quando decidiu terminar o relacionamento.
O bully, valentão que intimida os colegas de escola, tem seu paralelo entre adultos.
A designer paulistana Cris Rocha, 30 anos, passou maus bocados nas mãos de um. Ela
assumiu algumas contas de um amigo em dificuldades financeiras, como a internet banda
larga do rapaz, pois os dois tinham criado um site em conjunto. “Mas ele se tornou
grosseiro e começou a fazer cobranças e acusações”, lembra Cris. Depois de dois anos de
agressões verbais, a designer criou coragem para se afastar. “A forma de argumentar dele
fazia eu me sentir muito mal”, lembra. “Só com ajuda de amigas percebi que o errado era
ele.” É importante identificar se as acusações têm fundamento. “Não deixe que os bullies
o convençam de que você está sempre errado ou que é um idiota”, aconselha Hauck.
Fracassados, mimados e maníacos por limpeza (ou bagunça, no extremo oposto) causam
menos danos, mas nem por isso devem ser ignorados. “Pequenos traumas podem se
tornar crônicos”, afirma a terapeuta Ana Maria. A professora de inglês Andréa Oliveira, 25
anos, cometeu outro erro comum: deu brechas demais a um mimado. “Eu me proponho a
ajudar os amigos, mas eles abusam”, reconhece. Depois de reconciliar um casal de
conhecidos, eles passaram a convocá - la a cada desentendimento, até que ela se
recusou a intermediar. “Por causa disso, minha amiga ficou um mês sem falar comigo”,
diz. Essa é a estratégia dos mimados: esperneiam, batem o pé, fazem bico. A
recomendação da psicanalista Léa Michaan, da Universidade de São Paulo (USP), é
deixar claro que ninguém tem obrigação de fazer favores. “Dizer o que pensa, mesmo que
seja num tom de brincadeira, é fundamental”, afirma.
Comportamento

Como lidar com pessoas insuportáveis


Dicas de psicólogos para conviver com gente capaz de fazer qualquer um
perder a cabeça

Verônica Mambrini Ilustrações Fernando Brum

Quem convive com pessoas problemáticas também corre o risco de se deixar contagiar,
especialmente pelos fracassados, que sabotam a própria felicidade. A estudante paulista Fernanda
Espinosa, 25 anos, terminou um noivado depois de sofrer muito ao lado de um. “Com a
convivência, percebi que ele era uma pessoa negativa”, conta. O ex-noivo passava os fins de
semana dormindo ou vendo tevê, e arrastava a moça com ele. “Vivia cheia de olheiras, de tanto
dormir. Estava muito mal”, afirma a estudante. Uma categoria à parte é a dos muito bagunceiros ou
pessoas com mania de limpeza, que não são comportamentos ruins por si só, mas podem tornar a
convivência irritante. O publicitário paulista Leandro Monteiro, 37 anos, teve de tolerar durante
anos os hábitos da mãe. “Hoje em dia acho o máximo poder fazer gestos corriqueiros como
atender ao telefone ou abrir a geladeira sem ter de lavar as mãos antes!”, explica Leandro, que,
casado há quatro anos, pode fazer a bagunça que tiver vontade.

Em muitos casos, é possível tentar a convivência com essa turma de personalidade difícil. “Pois
sem conflito não há mudança”, afirma a consultora de carreira Maria da Luz Calegari. Há várias
táticas para aprender a lidar com eles e, principalmente, para se fazer respeitar. Se ainda assim
elas falharem, é melhor evitálos. Quando não for possível riscá-los da lista de contatos, como no
caso de um chefe tirano, por exemplo, o segredo é abstrair. “É preciso não dar tanta importância
aos ataques”, diz Léa Michaan. Afinal, ninguém está totalmente imune a deslizes. Nem a pessoas
insuportáveis.
Como lidar com pessoas difíceis

Pessoas difíceis são aqueles tipos insuportáveis que se recusam a fazer as


coisas do jeito que você quer, ou melhor, que fazem exatamente o que você
não quer que elas façam – e você não sabe o que fazer com elas!
Boas notícias: você não precisa mais ser vítima desse tipo de pessoa. Já que
você não pode mudar as pessoas difíceis, pode ao menos influenciá-las de
modo que elas próprias decidam a mudar a si mesmas.

Você vai ler neste artigo o trabalho de dois médicos, Dr. Rick Brinkman e
Dr. Rick Kirschner, que estudaram a saúde do ponto de vista da atitude e
do comportamento. Em 1982, eles criaram um programa de como lidar com
pessoas difíceis, sob encomenda de uma instituição de saúde mental, que
resultou no livro com esse tema que li nesta última semana e agora faço um
pequeno resumo para você leitor do toque do dia.

Primeiramente eles separaram os 10 comportamentos mais indesejáveis.


Identificaram ainda como as pessoas normais se comportam quando estão
ameaçadas ou pressionadas, ou mesmo quando as circunstâncias não são
nada favoráveis.

Assim foi feita a divisão. Ficou um pouco extenso, mas pode valer a pena
se você aplicar essas teorias. Veja se você se identifica com alguns desses
tipos ou se você conhece alguém com essas características:

1. TANQUE DE GUERRA
Para lidar com este tipo, que é agressivo, rude, escandaloso e poderoso, é
preciso impor respeito. O “tanque de guerra” gosta de confrontos, é
acusador e raivoso – ele é o rei do comportamento agressivo e atrevido.
Mantenha-se firme, mas não contra-ataque. O melhor é demonstrar
autoconfiança e concentrar-se na síntese do problema, além de deixar
claro que vocês estão do mesmo lado. Na ânsia de controlar o processo e
cumprir a missão, a pessoa tanque não se acanha de passar por cima de
você, embora haja nada pessoal em jogo: você apenas ficou no caminho.
Evite entrar na onda do tanque. Você pode ganhar a batalha, mas pode
perder a guerra se ele decidir formar uma aliança contra você. Imponha
respeito porque ele não ataca quem respeita. Lidar com pessoas agressivas
exige reações categóricas.
2. ATIRADOR DE ELITE
Dissimulado, ele não esbraveja, prefere usar a sabotagem e comentários
depreciativos. Este perfil exige que você aponte os holofotes, ou seja,
coloque-o em evidência, tirando-o da toca. Quando as coisas lhe
desagradam, ele tenta assumir o controle por meio do constrangimento e da
humilhação. Ele é o rei das frases maliciosas e dos comentários sarcásticos.
Seja através de comentários rudes, do sarcasmo mais cáustico ou mesmo de
um movimento malicioso dos olhos, a especialidade do “atirador de elite” é
deixar você com cara de bobo. Então, proponha um futuro civilizado. Se
ele se tornar um atirador, use a mesma estratégia para este tipo. O primeiro
passo é tirá-lo de seu esconderijo, ou seja: expô-lo. Como seu poder deriva
do trabalho feito às escondidas, quando você revela a posição do “atirador
de elite”, ela perde sua eficácia.

3. GRANADA
Ele tem acessos de raiva e fúria desproporcionais às circunstâncias, mas
que geralmente são em função da insignificância dada a ele. Geralmente se
consideram desrespeitadas e ignoradas. Quando o silêncio se torna
ensurdecedor, cuidado com o temperamento explosivo do tipo granada, que
pode ter acessos de fúria de uma hora para outra: “Ninguém aqui se
preocupa com isso! Esse é o problema do mundo de hoje. Nem sei por que
eu ainda me preocupo com isso!” (Enquanto a pessoa “tanque de guerra”
atira em um único alvo, o “granada” explode, fora de controle, em todas as
direções: os “ataques” do granada podem não ter nenhuma relação
com as circunstâncias do momento. (EU) Mostre sua preocupação ao
falar com ele, mas pode usar um tom de voz mais alto ao pronunciar o
nome dele, porém sem agressividade. Responder com raiva é como apagar
incêndio com gasolina.

4. SABE-TUDO
Essa pessoa sabe 98% de tudo, fala horas sobre qualquer tema, porém não
ouve os demais. É importante que você também esteja completamente a par
do assunto. Este tipo controla as pessoas e as situações dominando a
conversa com argumentos longos e autoritários. Eles têm pouca tolerância
para correções e contradições. Esteja prevenido: você vai precisar voltar
atrás com o “sabe-tudo” mais do que com qualquer outra pessoa difícil. Ele
precisa sentir que você entendeu profundamente o brilhantismo de sua
visão, antes que você possa redirecioná-lo para outro ponto de vista.
Não fique ressentido com o “sabe-tudo”. Não é da natureza dele ouvir uma
segunda opinião. Os ressentimentos levam apenas a discussões
improdutivas. O “sabe-tudo” raramente tem dúvidas e sua tolerância para
correções e contradições é baixa. Porém, se alguma coisa dá errado, ele
apontará o culpado com a mesma autoridade: você! Seja, então, paciente,
flexível e esperto ao apresentar suas idéias.

5. ELE PENSA QUE SABE TUDO


Induz facilmente os outros ao erro, pois é convincente na argumentação,
mesmo não tendo domínio sobre o tema. Esse é um especialista em
exageros, meias-verdades, jargões, avisos inúteis e opiniões não solicitadas.
Carismática e entusiasmada, essa pessoa desesperada por atenção de
persuadir grupos inteiros de ingênuos e induzi-los ao erro. Na verdade,
necessita de atenção, então, dê. Reconheça a boa intenção dele e foque no
que realmente interessa, entretanto sem ser ameaçadora, resistindo à
tentação de constrangê-lo. Mostre alternativas e o coloque ao seu lado.

6. PESSOA-SIM
Agradar a todos. Este é o objetivo da pessoa que só diz “sim”. Ela concorda
com qualquer solicitação sem pensar nas conseqüências. Age lentamente e
deixa um rastro de desculpas por promessas não cumpridas, tudo fruto da
falta de organização. Em geral, promete muito e realiza pouco, ela deixa as
pessoas furiosas. Fale francamente sobre sua postura, mas sem ser ofensiva,
e elogie sua honestidade. Depois de entender por que não cumpre as
promessas, faça um planejamento com ela, inclusive com cronograma de
atividades, e comemore a cada etapa vencida.

7. PESSOA-TALVEZ
Não consegue tomar nenhuma decisão quando é algo importante. Não gosta
de pedir ajuda para não ‘incomodar’ ou deixar os outros ressentidos, nem
quer ser portador de más notícias. Pessoas com esse tipo de personalidade
não gostam de ser repreendidas, por isso evitam tomar decisões. Afinal, a
escolha errada pode desagradar a alguém e, até que a outra pessoa tome a
decisão, ou ainda que a decisão se faça sozinha. Com isso, a pessoa
“talvez” adia os problemas que precisa resolver – e isso acaba causando
tanta frustração e aborrecimento que ela é deixada de lado pelos outros
quando os relacionamentos são importantes e significativos. Estabeleça
uma zona de conforto e a mantenha motivada. Para lidar com ela, deixe de
lado a impaciência, irritação e pressão.

8. PESSOA-NADA
Esta é invisível, ninguém sabe o que se passa pela cabeça dela, feedback
não entra na sua rotina. Geralmente é uma pessoa tímida, pouco à vontade e
insegura. Como acha que não tem nada de bom a dizer, prefere ficar calada
na maior parte das vezes. O silêncio pode ser uma forma agressiva que ela
escolheu para se expressar. Podem até fazer um último comentário sobre os
poderes implacáveis que não deixam as coisas darem certo: “Tudo bem!
Faça do jeito que você está querendo. Mas não venha comigo se não
funcionar!” Mas, a partir desse momento, a pessoa “nada” não falará nem
fará nada. A idéia é quebrar o gelo, e para isso não tenha pressa, faça
perguntas abertas (não podem ser respondidas com apenas um sim), mostre
a ela que o silêncio pode ter conseqüências negativas.

9. PESSOA-NÃO
Indolente e desencorajadora, esta pessoa leva os outros ao desespero por
causa do seu pessimismo. Certa de que o errado nunca será corrigido, a
pessoa “não” não hesita em proclamar em alto e bom som como se sente:
“Esqueça isso, já tentamos antes. Não funcionou daquela vez, nem vai
funcionar agora. Desista e evite gastar energia com uma causa perdida.”
Muitas vezes essa atitude acaba sugando as outras pessoas para o mesmo
fosso de falta de esperança. A melhor forma de lidar com ela é deixando o
trabalho fluir e aproveitar na negatividade dela informações valiosas que
somente uma visão pessimista consegue enxergar.

10. RECLAMADOR
É horrível conviver com pessoas assim. O reclamador mergulha de cabeça
nos problemas, reclama incessantemente e para ela tudo está sempre
errado. Oprimido e esmagado pela incerteza que nos envolve, os
“reclamadores” abandonam qualquer idéia de solução. Em vez disso, eles
se sentem cada vez mais desesperançados e se agarram a qualquer
problema que possa ser usado como prova para uma generalização em larga
escala. Neste caso, você terá, ainda que isso lhe custe muito, ouvir suas
queixas. Calma, anote os pontos principais, assuma o controle e direcione o
foco para a solução. Como ela generaliza as reclamações, mande que seja
objetiva e só depois volte a falar com ela sobre o assunto. Agora se isso
persistir, você deve impor limites com mais rigor.

Fonte: Aprendendo a lidar com pessoas difíceis


Dr. Rick Brinkman e Dr. Rick Kirschner
Ed. Sextante, 2003.

Após ler essas dicas importantíssimas para lidar com essas pessoas que
estão no nosso trabalho, na nossa família, do nosso lado espero que você
possa cultivar habilidades de harmonização e redirecionamento, de modo a
transformar conflitos em momentos de cooperação. Busque encontrar o
melhor de cada pessoa. Da mesma forma que algumas pessoas extraem o
melhor de você e outras extraem o pior, você pode tirar a melhor parte do
pior de cada pessoa. É uma questão de entender de onde elas vêm e o que
significa trabalhar com elas. Mas, lembre-se que muitas vezes o difícil não
pode ser "elas" e sim você mesmo. Precisamos nos conhecermos mais para
tornamos também pessoas melhores para os outros.

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