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HIDROGEOLOGIA

APLICADA A MINERAÇÃO

Prof. Marcus Vinícios Andrade Silva


Engenheiro Geólogo - Hidrogeólogo
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UNIDADE 1 - Introdução à Hidrogeologia
1.1 - Ocorrência das Águas Subterrâneas
1.2 - Hidrogeologia: Conceitos básicos
1.3 - Geologia de Aquíferos
1.4 - Construção e teste de bombeamento de poços tubulares

UNIDADE 2 - Conceitos básicos de Hidrogeoquímica

2.1- Noções de Hidroquímica


2.2 - Uso da água e requisitos de qualidade
2.3 - Poluição Antrópica x Natural
2.4 - Metodologias de campo
2.5 - Estudos de Caso

UNIDADE 3 – Hidrogeologia e Mineração

3.1 - Pesquisa Mineral x pesquisa Hidrogeológica


3.2 - Mapeamento e Modelagem Hidrogeológica e aplicações
3.3 - Planejamento de lavra e Rebaixamento de nível de água subterrânea
3.4 - Projeto, operação e manutenção de sistemas de bombeamento de águas subtrerrâneas e superficiais em minas
subterrâneas e a céu aberto
3.5 – Monitoramentos e mapeamentos hidrogeológicos das minas
3.5 – Estudos de caso
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UNIDADE 4 - Simulação Numérica

4.1 - Modflow
4.2 - Previsão da migração de poluentes em águas subterrâneas
4.3 - Modelagem de fluxo de água subterrânea
4.4 - Método das diferenças finitas
4.5 - Condições de Contorno
4.6 - Principais etapas da modelagem

UNIDADE 5 – Legislação Ambiental aplicada a Hidrogeologia

5.1- Legislação Federal aplicada as àguas subterrâneas (ANA)


5.2- Legislação Estadual aplicada as águas subterrâneas (IGAM)
5.3. Outorgas e licenças ambientais
5.4. Aspectos sócio-ambientais das águas subterrâneas
5.5. Estudos de caso

UNIDADE 6 - Noções de Cartografia Hidrogeológica

6.1- O mapa hidrogeológico de mina


6.2- Finalidades e usos do mapa hidrogeológico da mina
6.3- Representação das estruturas hidrogeológicas presentes na mina
6.4- Medidas e símbolos utilizados em mapas hidrogeológicos e topográficos
6.5- Representação esquemática de aquíferos em mapas e seções verticais
6.6- A interpretação de mapas e seções hidrogeológicas de mina.
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FLUXO HÍDRICO SUBTERRÂNEO
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HIDROGEOLOGIA APLICADA A MINERAÇÃO

CONCEITOS BÁSICOS

HIDROGEOLOGIA x HIDROLOGIA x HIDRÁULICA

Nascentes GEOLOGIA
HIDROGEOLOGIA ÁGUA SUBTERRÂNEA Cisternas
Poços MATEMÁTICA

GEÓLOGO E ENG. DE MINAS

Córregos ESTATÍSTICA
HIDROLOGIA ÁGUA SUPERFICIAL Chuvas
MATEMÁTICA
Rios

ENG. CIVIL E AMBIENTAL

Encanamentos FÍSICA
HIDRÁULICA ÁGUA EM TUBULAÇÕES Mangueiras
Bombas MATEMÁTICA

ENG. MECÂNICO E CIVIL

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HIDROGEOLOGIA APLICADA A MINERAÇÃO

Etapas do Rebaixamento do N.A (Nível de Água Subterrânea)

ENCOSTA

A CÉU ABERTO
GEOLOGIA CAVA

PLANOS DE LAVRA
SUBTERRÂNEA

Mapa Hidrogeológico Q outorgada


Processo de Pesquisa
Outorga Hidrogeológica Modelo Numérico de Fluxo Condicionantes

Construção,
Implantação do Atualização e
Manutenção e
Sistema de Operação do Sistema Revisão dos
Ampliação da Rede de
Rebaixamento de Rebaixamento Estudos/Modelos
(Poços, DHP’s, Sumps, canaletas,...)
Monitoramento
Hidrogeologicos
Hidrogeológico

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FUNDAMENTOS DE MINERAÇÃO E PESQUISA MINERAL
APLICADOS A HIDROGEOLOGIA

Prof. Marcus Vinícios Andrade Silva


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EXPLORAÇÃO MINERAL
Longo Prazo Médio Prazo

MINA
Desenvolvimento Lavra
Meio Ambiente Meio Ambiente

BENEFICIAMENTO
Caracterização Concentrado
Pesquisa de Curto Prazo Pesquisa de Curto Prazo
Meio Ambiente Meio Ambiente

METALURGIA 10
MINERAÇÃO
BRASIL – 1998 - Tratamento de minérios. CETEM, Rio de Janeiro, 676 p.

BRASIL – 1985 - Métodos e técnicas de pesquisa mineral. DNPM, Brasília, 355 p.


CHIOSSI, N.J. - 1985 - Geologia aplicada a engenharia. Ed. Grêmio Politécnico, 427p.
HERMANN, C. - 1972 - Manual de perfuração de rocha. Ed. Polígono. SP. 450p.
McKINSTRY, H.L. – 1977 - Geologia de minas. Ed. Omega, Barcelona, 671 p.
OLIVA, L.A. (coord.) - 1985 - Métodos e técnicas de pesquisa mineral. DFPM/PNPM, 355p.

MARANHÃO, R.J.L. - 1985 - Introdução à Pesquisa Mineral. BNB. 682p.


Fundamentos de Mineração

Histórico
A mineração juntamente com a agricultura é considerada a primeira empreitada
do homem. Ambas, certamente, ocupam juntas a indústria primaria básica da
civilização. Outra forma de expressar a fundamental importância da mineração
em ambas, antiga e moderna cultura é lembrar que a natureza é uma fonte
limitada de recursos naturais ou caminha para gerar novas riquezas.

Desde os tempos pré-históricos, a mineração tem sido essencial para a


existência do homem. Devemos entender aqui, como mineração a extração
de toda substância mineral ocorrida naturalmente, na forma de sólido líquido e
gás, da terra, para propósitos utilitários. Por utilitários, podemos entender as
necessidades humanas essenciais e anseios que são unicamente encontrados
nos minerais através da história.
Fundamentos de Mineração
Uso dos minerais pelo homem
Fundamentos de Mineração

Muitas das idades culturais do homem estão associadas com os minerais e


seus derivados. Elas incluem a idade da Pedra (4000 AC), Bronze (4000 1500
AC), idade do Ferro (1500 AC a 1780 DC), Idade do Aço (1780 a 1945) e era
Nuclear (desde 1945). Não é coincidência que muitos marcos da história da
humanidade, viagem de Marco Pólo à China, Vasco da Gama à África e Índia,
descoberta do Novo Mundo por Colombo, corrida do ouro à Califórnia, África do
Sul, Austrália, Canadá, Entradas e Bandeiras no Brasil, Alasca, foram
executadas graças à procura e valor dos minerais. Pode-se também observar
que os minerais mais precisamente a mineração estão associados com a
ascendência de grandes civilizações. Como exemplo, temos a expansão do
Império Romano até a Espanha e Inglaterra, a conquista das Américas pelos
espanhóis e portugueses, a colonização da África e parte da Ásia e mais
recentemente os cartéis do petróleo.
Fundamentos de Mineração
Desenvolvimento Tecnológico da Mineração

Para entender a moderna prática da indústria mineral é interessante traçar a


evolução da tecnologia mineral, que tem um paralelo com a evolução e
desenvolvimento da civilização.
Pode-se afirmar que a mineração iniciou-se no paleolítico a 450.000 anos atrás .
De fato, não existiam dados substantivos que comprovem, mas alguns seixos tem
sido encontrados com os fósseis de homens da antiga idade da pedra. Eles eram
extraídos e trabalhados para as mais diversas necessidades como utensílios de
caça e armas. Já no início da idade da pedra o homem começa a lavrar corpos
subterrâneos em aberturas sistemáticas. Mineradores subterrâneos empregavam
métodos rústicos de controle em ventilação, iluminação e “quebra” de rocha.
Minas subterrâneas atingiram profundidades de 250 metros nos tempos Egípcios.
Minerais metálicos sempre atraíram a atenção do homem desde a pré - história.
Inicialmente os metais foram usados na sua forma nativa, provavelmente obtidos
pela lavagem de cascalhos dos rios em depósitos de pláceres. Com o advento
das idades do Bronze e do Ferro, o homem descobriu a fusão, levando-o a reduzir
minérios a metal nativo ou formar ligas.
Fundamentos de Mineração
O primeiro fato tecnológico notável, que mudou a mineração, foi a descoberta do
modo de “quebrar” a rocha, através de fendas ou falhas no maciço rochoso e
depois como as ferramentas feitas de ossos, madeira e da própria pedra não
eram suficientes para quebra da rocha, surgiu à técnica de fraturar a rocha por
aquecimento, seguido de um imediato resfriamento. Nenhum outro avanço
tecnológico foi de tal importância, até o uso da pólvora no século XVII.

Devido à rudeza e periculosidade dos trabalhos, escravos e prisioneiros eram


freqüentemente empregados nos trabalhos mineiros. Os egípcios foram os
primeiro a descrever atividade de mineração. Entretanto, o sucesso maior é
creditado aos romanos. Usando sua famosa habilidade de colonização, os
romanos estabeleceram a industria de mineração que se desenvolveu e
prosperou através do império.
Fundamentos de Mineração
Um notável desenvolvimento político em 1185 ampliou a mineração e o status
dos mineiros quando o bispo de Trend autorizou a mineração em seus domínios.
O grande impacto gerado pela necessidade do uso dos minerais, entretanto, foi
registrado pela revolução industrial. Juntamente com a crescente demanda por
minerais, ocorreu um espetacular incremento na tecnologia de mineração,
especialmente em conceitos científicos e mecanização, que tem continuado até
os dias atuais. Estas teorias vieram a formar a coluna vertebral da metodologia
com a qual nós, subseqüentemente, lidaremos.

Não é possível precisar cronologicamente todos os desenvolvimentos


tecnológicos da mineração, mas alguns dos mais marcantes, que tiveram impacto
na indústria ou na civilização de um modo geral, são numerados na tabela 2. Elas
culminam no lançamento da moderna mineração, para o começo do século 20,
com o advento da mecanização, produção em massa, computação e questões
ambientais.
Desenvolvimento Cronológico da Mineração
Fundamentos de Mineração
Fundamentos de Mineração
Desenvolvimento Cronológico da Mineração

1876 Fundação da Escola de Minas de Ouro Preto, Brasil.


1903 Era da mecanização e produção em massa.
Fundamentos de Mineração
Mineração

A mineração pode ser definida como a arte de descobrir, avaliar e extrair


substâncias minerais ou fósseis existentes na superfície ou no interior da terra.
Minerar é extrair economicamente bens minerais da crosta terrestre.
Compreende a pesquisa (prospecção e exploração), o desenvolvimento e a
lavra, bem como o transporte, manuseio, beneficiamento e toda infra-estrutura
necessária a essas operações, excluindo-se os processos de metalurgia e
transformação.
Fundamentos de Mineração
A mineração baseia-se nos seguintes princípios:

- Ativa descoberta: ampliação das reservas;

- Completa extração: máxima recuperação na lavra e no beneficiamento;

- Adequada utilização: não usando minerais nobres quando a necessidade


imediata pode ser provida com outros minerais menos nobres.

Os trabalhos de mineração deve se desenvolver dentro de condições técnicas,


seguras e econômicas.
Questões Ambientais devem ser respeitadas dentro dos seus princípios.
A industria de mineração é caracterizada por visar o aproveitamento econômico
de um bem exaurível e não renovável, o que a diferencia das demais industrias.
Fundamentos de Mineração
Fases da Mineração

A seqüência das atividades envolvidas em uma mineração moderna é


freqüentemente comparado aos estágios da vida de uma mina. Estes são
quatro: prospecção, exploração, desenvolvimento e lavra. Prospecção e
exploração, para a mineração atual são ligadas e algumas vezes combinadas e
correspondem a pesquisa mineral. Geólogos e engenheiros de minas dividem
responsabilidades para com esses dois estágios. Do mesmo modo,
desenvolvimento e lavra são intimamente relacionados, sendo usualmente
considerados constituir a mineração propriamente dita e são a principal
ocupação do engenheiro de minas.
Fundamentos de Mineração
Prospecção
corresponde a fase de procura de uma jazida, visando a sua descoberta.
Diversas técnicas são utilizadas para a realização da prospecção. Métodos
geoquímicos e geofísicos por exemplo são de grande importância na localização
e identificação dos corpos mineralizados.

Exploração
corresponde ao estudo do corpo julgado jazida, empreendido para
conhecimento de suas características: volume, teor e valor, definição do valor e
extensão do corpo mineralizado. É nesta fase que serão realizadas as
campanhas de sondagem visando obter o maior número possível de
informações sobre a jazida. Os resultados obtidos nesta fase devem apresentar
o maior grau de confiabilidade possível para que se possa estimar a reserva de
forma correta. Vários procedimentos serão então utilizados visando avaliar a
reserva como por exemplo métodos estatísticos e geoestatísticos.
Fundamentos de Mineração
Desenvolvimento

Esta fase compreende a execução de acessos e preparação da jazida para


possibilitar o seu aproveitamento industrial. Diversos trabalhos são realizados
nesta fase que se desenvolve até o término da lavra. Abaixo está citados alguns
destes trabalhos.
-Execução de galerias subterrâneas;

-Abertura de acessos às frentes;

-Remoção de capeamento;

-Construção de estradas;

-Preparação de pilhas de estéril e locação das instalações;

-Construção de barragens de rejeito;

- Instalações de apoio
Fundamentos de Mineração
Lavra (explotação)

Corresponde ao aproveitamento da jazida já provada e suficientemente


desenvolvida. Diversos métodos de lavra são utilizados de acordo com a forma,
dimensão, posição geográfica do corpo mineralizado. Esta fase compreende:

-Execução do método de lavra previamente definido;

-Serviços de desmonte;

-Carregamento e Transporte;

-Segurança;

- Tratamento de minérios.
Fundamentos de Mineração
Pode-se se dizer hoje que o fechamento de mina faz parte de uma das fases da
mineração tendo em vista a grande preocupação e a necessidade de
recuperação do meio ambiente. Nesta fase são compreendidos os trabalhos de
recuperação de áreas degradadas, revegetação, monitoramento das barragens,
etc. A recuperação, restauração ou reabilitação das áreas afetadas pela
mineração se baseia no conceito de desenvolvimento sustentável onde implica a
utilização racional dos recursos naturais para o bem estar da sociedade sem
comprometer a expectativa natural de sobrevivência das gerações futuras.

A atividade de mineração é tida como uma das mais impactantes ao meio


ambiente, gerando: degradação visual da paisagem, do solo, do relevo;
alterações na qualidade das águas; transtornos gerados as populações que
habitam o entorno dos projetos minerários e à saúde das pessoas diretamente
envolvidas no empreendimento. Porém a mineração é, sem dúvida, uma
atividade indispensável à sobrevivência do homem moderno, dada à importância
assumida pelos bens minerais em praticamente todas as atividades humanas,
das mais básicas as mais modernas. Apresenta então um desafio em realizar as
atividades de mineração e preservar o meio ambiente.
Fundamentos de Mineração
È importante lembrar que as fases não são perfeitamente distintas: prospecção
de novos corpos é tomada como exploração. Serviços de exploração são
considerados como desenvolvimento. As diferentes fases podem se sobrepor
não sendo obrigatoriamente sucessivas (operações para descoberta de novos
corpos, estudo dos já revelados, preparação de outros já estudados e para
aproveitamento industrial de alguns já desenvolvidos prosseguem, usualmente,
nas minas em operação).

È excepcional o caso de uma jazida completamente explorada antes que se


passe a fase de desenvolvimento e a lavra.

Prospecção e exploração estão legalmente englobadas na fase de Pesquisa.


Fundamentos de Mineração
Desenvolvimento está compreendido na Lavra legal.

É a fase que se executa após a jazida estar provada e quando já se tem o direito
assegurado (portaria de lavra).

Alguns conceitos serão tratado de forma a iniciar e facilitar o entendimento dos


diversos assuntos de mineração.
Fundamentos de Mineração
Mina: escavação feita na crosta terrestre para a extração de minerais.

Mineração: é a atividade, ocupação e indústria relativa a extração e tratamento de


minerais.

Mineral: substância natural, usualmente inorgânica, com composição química


definida e distintas características físicas.

Rocha: um agregado de minerais.

Minério: mineral ou rocha que tem suficiente utilidade e valor para ser extraído
economicamente.

Estéril ou Ganga: mineral com baixa ou nenhuma utilidade e valor quando


minerado.

Depósito mineral: ocorrência geológica de minerais em relativa concentração.

Jazida: ocorrência de minerais que podem ser extraídos economicamente.


Fundamentos de Mineração
Conceituação Legal (código de mineração)

“Compete a União administrar os recursos minerais, a industria de produção


mineral e a distribuição, o comércio e o consumo de produtos minerais”.

Os principais órgãos fiscalizadores são o D.N.P.M. (Departamento Nacional


de Produção Mineral) e o M.M.E. (Ministério de Minas e Energia).
Fundamentos de Mineração

Jazida: toda massa individualizada de substancia mineral ou fóssil, aflorando a


superfície ou existente no interior da terra, e que tenha valor econômico.

Pesquisa Mineral: é a execução dos trabalhos necessários a definição da


jazida, sua avaliação e a determinação da exeqüibilidade do seu aproveitamento
econômico.

Mina: é a jazida em lavra, ainda que suspensa.

Lavra: o conjunto de operações coordenadas objetivando o aproveitamento


industrial da jazida, desde a extração de substancias minerais úteis que contiver,
até o beneficiamento das mesmas.
Fases de um Projeto Mineiro
Fases de um Projeto Mineiro
Fases de um Projeto Mineiro
Fases de um Projeto Mineiro
Fases de um Projeto Mineiro
Pesquisa Mineral

Prospecção

É a pesquisa por minerais metálicos ou outros de valor (carvão ou não


metálicos). Visto que os depósitos minerais encontram-se na superfície ou
sob a superfície da terra, são empregados métodos de prospecção diretos
e indiretos.
Pesquisa Mineral

Métodos diretos

Normalmente limitados a depósitos superficiais.


Consistem de investigações visuais do depósito exposto e de amostras
coletadas. Os estudos geológicos são realizados por meio de fotografias
aéreas e imagens de satélite, mapas topográficos e estruturais.
Pesquisa Mineral

Métodos indiretos

Métodos geofísicos que detectam anomalias causadas pela presença


de depósitos minerais através de análises de medidas gravimétricas,
sísmicas, magnéticas, elétricas, eletromagnéticas e radiométricas.
Os métodos geofísicos se baseiam nas propriedades físicas dos
minerais como: densidade, atração magnética, condutividade
elétrica, etc. Também são empregados como ferramentas de
prospecção os métodos geoquímicos, através de analise
microquantitativas de amostras de solo e água, e os estudos de
vegetação e padrão de crescimento de plantas. É de grande
importância salientar que a prospecção tem como principal
finalidade a descoberta do depósito mineral.
Pesquisa Mineral

Anomalias geoquímicas

Método sísmico de reflexão


Pesquisa Mineral
Exploração
A exploração visa determinar com a maior exatidão possível o tamanho e
o valor do depósito mineral, utilizando-se de técnicas similares, porém mais
refinadas que as de prospecção. O melhor conhecimento do deposito mineral é
obtido através de amostras representativas deste, submetidas à análise de raios-X,
espectrografia ou radiometria. As amostras são obtidas através de furos de
sondagem, trincheiras, poços, etc.
Uma avaliação destes resultados por geólogos e/ou engenheiros de
minas possibilita o cálculo do teor do minério e sua reserva em toneladas.
Determina-se então o valor do minério estimam-se os custos de mineração
daquele depósito específico. Este procedimento é chamado de estimação da
reserva ou exame ou avaliação do depósito de minério. Para conclusão deste
estágio um estudo de viabilidade econômica é conduzido. Uma ferramenta
importante na estimação da reserva é a Geoestatística.
Deve-se nesta fase realizar um estudo o mais detalhado possível de
forma a obter com a maior exatidão as características da jazida. Erros de
estimativa de reserva podem ocorrer causando sub-estimativa ou super-estimativa
podendo inviabilizar o projeto.
Pesquisa Mineral

Reconhecimento de um minério com mergulho fraco por trincheiras, poços


e furos de sonda. 1 - Manto de intemperismo. 2 - Minério. 3 – Encaixante.
Desenvolvimento Mineiro
Define-se como o trabalho de abertura de uma jazida, para as atividades de
lavra. Desta forma o acesso à jazida precisa ser obtido pelo decapeamento, ou
seja, retirada do solo ou rocha de cobertura, para expor o minério próximo da
superfície para a lavra a céu aberto, ou pela escavação de aberturas da
superfície para a profundidade em depósitos profundos para serem lavrados por
métodos subterrâneos.

Em ambos os casos, certos trabalhos de desenvolvimento preliminares, tais


como aquisição de direitos minerários e financiamento, provisão de estradas de
acesso e outros transportes, fontes de energia, manuseio do minério, instalações
de tratamento, depósito de estéril e barragens de rejeito etc., precisam preceder,
ou caminhar paralelamente a lavra. Afigura abaixo mostra uma barragem de
rejeitos com alteamento a montante construída para abrigar todo o rejeito vindo
da usina de beneficiamento.
Desenvolvimento Mineiro
As atividades de mineração normalmente originam grandes quantidades de
estéril e rejeito. É importante fazermos a distinção entre estéril e rejeito.

Estéril é todo o material “não-minério” removido durante a lavra de uma


jazida mineral. Este material é estocado, em uma área estratégica da mina,
visando o seu aproveitamento futuro.

Rejeito é todo o material não aproveitado resultantes das usinas de


beneficiamento do mineral minério.

Para a deposição do estéril são construídos pilhas e para a contenção dos


rejeitos são construídas barragens ou barramentos que se iniciam na fase de
desenvolvimento mineiro. A localização das pilhas de estéril e barragens de
rejeito levam em consideração diversos fatores como por exemplo:volume de
material, características do material, método construtivo, topografia, hidrologia,
geologia, distância de transporte, etc.
Desenvolvimento Mineiro
Existem diversas formas construtivas de barragens de rejeitos que serão
tratados posteriormente como método de alteamento a jusante, a montante e por
linha de centro.

A figura abaixo mostra um projeto de planejamento de lavra visando obter o


limite ideal da cava onde se realizará a lavra do bem mineral. A partir da
definição desse limite serão realizados os projetos de construção de estradas,
determinação da altura dos bancos, blocos de minério e estéril, relação estéril
minério, e todos os parâmetros necessários para a realização da lavra da jazida.
Diversos programas de computador são utilizados para a confecção destes
modelos como por exemplo o VULCAN, DATAMINE, etc.
Desenvolvimento Mineiro

A figura abaixo ilustra a geometria final da cava vista em planta mostrando


as estradas e rampas projetadas para o transporte do minério e estéril. Estas
estradas são projetadas segundo diversos parâmetros como: altura dos bancos,
inclinação dos bancos, tipos de rochas de forma a realizar a lavra com o maior
aproveitamento possível do bem mineral, maximização dos lucros, agilidade no
transporte e diminuição dos custos.

Geometria final da cava a ser lavrada com representação das estradas


Desenvolvimento Mineiro
A lavra de uma mina pode ser realizada tanto a céu-aberto, quanto
subterrânea. Esta escolha está associada a diversas condições: tipo e forma do
depósito, dimensões do corpo, localização geográfica, fatores ambientais, etc.
De qualquer forma é imprescindível a realização do desenvolvimento mineiro.
Existem minas que se iniciam a partir da superfície, a céu-aberto, e em
determinada profundidade passam a lavrar seu minério a partir de vias
subterrâneas.

A figura abaixo ilustra um desenvolvimento realizado em uma mina


subterrânea que se iniciou a partir da superfície. Diversos fatores como relação
estéril/minério, segurança, maximização dos lucros, problemas ambientais
podem alterar o método de lavra a céu-aberto para subterrâneo.
Desenvolvimento Mineiro
É possível observar na figura que as
fases da mineração ocorrem em
conjunto.
Enquanto parte da mina está sendo
lavrada (produção), outra parte está
sendo desenvolvida para possibilitar o
seu futuro aproveitamento e uma
terceira parte está realizando uma
pesquisa a fim de estender a vida útil
da mina com a descoberta de novos
depósitos minerais.
Desenvolvimento Mineiro

O decapeamento tem um ciclo de operações para desmonte e manuseio do


estéril idêntico ao empregado nas operações de lavra propriamente dita.
Considerações econômicas determinam a relação estéril/minério.

O desenvolvimento para a lavra subterrânea é geralmente mais complexo e


caro. Requer um planejamento cuidadoso e projeto dos acessos, segurança e
estabilidade dos taludes.

A abertura principal para a superfície é, geralmente, através de “shafts” ou


poços, que podem ser de seção circular ou retangular, verticais ou inclinados, e
de tamanho suficiente para permitir a passagem de homens, equipamentos e
minério. Em terrenos acidentados, aberturas horizontais denominadas áditos
ou túneis, podem ser usados para atingir o corpo do minério.
Desenvolvimento Mineiro

Pela definição, a etapa de desenvolvimento antecede a lavra, entretanto, esta


divisão não é cronologicamente definida, sendo o desenvolvimento realmente
concluído somente quando a jazida é exaurida ou fechada. As razões pelas
quais o desenvolvimento e lavra caminham em seqüência são de natureza
administrativa e tecnológica.

- O investimento para desenvolvimento é muito grande para ser realizado por


inteiro, de uma só vez, sem retorno financeiro;

- É impossível desenvolver completamente uma mina, sem executar a lavra em


determinados pontos.
Desenvolvimento Mineiro

Da mesma forma como a pesquisa continua durante a lavra, o desenvolvimento


ocorre concomitantemente com esta. A tese de um limitado desenvolvimento, a
despeito da lavra, é amplamente defendida na mineração. Há um argumento
contrário, que advoga a favor do máximo desenvolvimento antes da primeira
produção, visto que para uma eficiente produção uma jazida requer que todos
os acessos e instalações superficiais estejam preparados antes que algum
minério seja produzido.

Muitos equívocos em projetos mineiros estão relacionados à pressa e avareza


na exploração de uma jazida. Desta forma, uma regra do desenvolvimento é
que uma locação satisfatória de capital e de trabalho sejam designados para
este propósito, de modo a permitir que seja realizado um máximo de
desenvolvimento antes do início da lavra. Em termos de engenharia, é o
mesmo que dizer que uma ótima taxa de desenvolvimento, precisa ser
determinado para cada projeto mineiro novo. Outra regra estabelece que o
desenvolvimento deve ser executado para acessar a máxima quantidade de
minério, para um mínimo de desenvolvimento de aberturas.
Desenvolvimento Mineiro

Do ponto de vista físico da abertura de uma mina, o principal propósito do


desenvolvimento é prover acesso à jazida, permitindo a entrada de mineiros,
equipamentos, suplementos, energia, ventilação e saída de minério e estéril
produzido. Antes do início da fase de exploração, o desenvolvimento é limitado,
tanto possível, à construção de aberturas primárias ou principais.

Na lavra a céu aberto, o acesso ao minério coberto pelo estéril ou pelo solo de
superfície, é obtido pelo decapeamento. Em minas subterrâneas, aberturas de
pequeno tamanho são feitas a partir da superfície para interceptar o corpo de
minério e eventualmente conectá-los com grandes aberturas de explotação.
Outras atividades relacionadas ao desenvolvimento são trabalhos
preparatórios, estruturas, pessoal e serviços que suportam a lavra e,
usualmente, as funções do processamento.
SONDAGENS
MARANHÃO, R.J.L. - 1985 - Introdução à Pesquisa Mineral. BNB. 682p.
Introdução
Embora existam vários métodos de perfuração, nos trabalhos de
pesquisa mineral, as sondagens utilizadas podem ser agrupadas em
duas classes:

Sondagens rotativas

Sondagens a percussão
Introdução
Sondagens rotativas
Nas sondagens rotativas as rochas perfuradas são cortadas pelo movimento
de rotação de um elemento cortante (broca, trépano ou coroa), que fica em
contato direto com as rochas. O material cortado é trazido até a superfície
graças a um fluido de perfuração (água, lama ou ar), que circula sob pressão
no interior do furo, ou fica retido em tubos especiais (bariletes), que são
retirados periodicamente dos furos, recuperando-se desta forma cilindros das
formações atravessadas que constituem os testemunhos de sondagens.
Introdução
Sondagens rotativas
Introdução
Sondagens a percussão
Nas sondagens a percussão o furo progride graças a ação de um elemento
pesado (trépano), que é deixado cair em queda livre no fundo do poço,
quebrando a rocha que está sendo perfurada em pequenos fragmentos, que
são retirados do poço com auxílio de caçambas amostradas ou bombas de
areia.
Introdução
Sondagens a percussão
Introdução
A escolha do método de sondagem depende das propriedades físico-
mecânicas das rochas que deverão ser atravessadas, principalmente
a sua dureza, abrasão, consistência e grau de fraturamento.

A dureza corresponde à propriedade que tem as rochas de oferecer


resistência a penetração de um corpo estranho no seu interior.

Quanto a esta propriedade, as rochas podem ser divididas em


extremamente duras, duras, médias e moles, sendo que os
principais tipos litológicos representativos destas diferentes classes
estão relacionados na Tabela abaixo:
Introdução

A abrasão representa a maior ou menor capacidade de uma rocha para


desgastar o material que penetra no seu interior. Consequentemente, depende
da dureza dos minerais componentes da rocha e, por isso, quanto mais duros
os minerais formadores, mais abrasiva é a rocha. Assim, as rochas ricas em
quartzo (dureza 7, na escala de Mohr) são particularmente abrasivas, enquanto
os calcários, os evaporitos, os folhelhos e argilitos são pouco abrasivos, visto
que são constituídos principalmente por minerais com dureza igual ou inferior a
três na escala de Mohr.
Introdução

Em relação à consistência, as rochas podem ser repartidas em tenazes ou


consolidadas e inconsolidadas. Os tipos inconsolidados são de origem
sedimentar, não apresentam cimento, e compreendem as areias, argilas,
diatomitos, aluviões, cascalhos, margas inconsolidadas, solos, etc. Nessas
rochas o problema maior consiste extração do material ultrapassado, pois
não existe geralmente dificuldade na penetração, em virtude de as rochas já
se encontrarem normalmente reduzidas a grãos. Nelas os trabalhos iniciais
são efetuados com sondagem manual, já que não são necessários grandes
esforços para a progressão do furo.
Introdução

As rochas tenazes englobam os tipos metamórficos, ígneos e de origem


sedimentar, desde que cimentados. Compreendem os arenitos, calcários,
folhelhos, basaltos, riolitos, traquitos, granitos, gnaisses, xistos, etc. Nessas
rochas a maior dificuldade consiste em geral na penetração e por isso, as
sondagens são executadas com o auxílio de máquinas, responsáveis pelo
movimento de rotação ou de percussão transmitido as brocas, coroas ou
trépanos.
Introdução

As fraturas são especialmente importantes porque modificam localmente as


características das rochas, reduzindo a resistência a forças mecânicas,
criando áreas de maior permeabilidade onde podem ocorrer perda do fluido
de circulação, faixas de desmoronamento, zonas de abrasão devido à
silicificação posterior, etc.
Introdução
As sondagens rotativas são indicadas para rochas duras ou extremamente
duras e para sondagens inclinadas, enquanto que os tipos a percussão são
mais utilizados em rochas inconsolidadas, como conglomerados formados
por blocos de rochas duras em uma matriz mol, ou em rochas muito
fraturadas. As demais vantagens de cada processo podem ser encontradas
na Tabela abaixo:
Compração entre as sondagens rotativas e a percussão
Introdução
Comparação entre as sondagens rotativas e a percussão
Sondagem rotativa

Existem vários métodos de sondagem que utilizam o princípio de rotação na


perfuração de poços, sendo os mais utilizados:

Perfuração manual:

- Sondagem a trado;
- Sondagem “empire” ou “banka”.

Perfuração com máquina:

- Sondagem a diamante;
- Sondagem a grenalha ou cálix;
- Sondagem “rotary”.
Sondagem rotativa
Sondagem a diamante:

Na sondagem a diamante o processo de perfuração é realizado


em geral com auxílio de uma coroa de forma anelar, contendo inúmeros
diamantes encravados, que girando a alta velocidade, corta o terreno
segundo uma seção circular, separando um cilindro do material penetrado
do resto da rocha (Figura abaixo).
Sondagem rotativa
Na sondagem a diamante os furos podem ser verticais ou inclinados e com
profundidade variando entre alguns metros até mais de mil metros.
As máquinas utilizadas na perfuração dos furos com pequeno diâmetro e
com uma profundidade de até 500 metros, geralmente são portáteis e
podem ir montadas em caminhões e em reboques apropriados.
Sondagem rotativa
Instalação típica de uma sonda não-portátil para exploração geológica

(1) máquina de perfuração


composta do motor, embreagem e
caixa de câmbio;
(2) bomba d’água conectada a
coluna de perfuração e ao depósito
d’água;
(3) tripé de sustentação contendo a
alça, o eixo, a roldana e o
andaime, sendo que pela roldana
passa um cabo de aço ligado ao
guincho e que tem na extremidade
um tornel para içamento da
composição;
(4) coluna de perfuração
constituída de cima para baixo das
hastes, barrilete, calibrador e coroa
diamantada e que é acoplada ao
cabeçote da máquina pelo mandril.
Sondagem rotativa

Os testemunhos dos furos apresentam um diâmetro oscilando entre 18 e 61


mm, de acordo com a tabela abaixo:
Sondagem rotativa
Os tubos de revestimento são fabricados de tal forma que um revestimento
pode ser colocado no interior de um furo de bitola imediatamente superior.
Assim, um revestimento BX pode ser colocado no interior de um furo
realizado com coroa amostradora NX e a perfuração podem continuar com
uma coroa amostradora BX.
Sondagem rotativa
Relação entre os
diâmetros das coroas
amostradoras, tubos de
revestimento e sapatas
de revestimento.
Sondagem rotativa

Os tubos de revestimento apresentam comprimento variando entre 1 a 10


pés. O acoplamento com um segundo tubo é realizado com auxílio de um
conector. As hastes são responsáveis pela transmissão à coroa dos
movimentos rotativos e de avanço, gerados pela máquina. Sua parte central
é oca, permitindo a passagem do fluido de circulação no seu interior.

“Desenho esquemático de uma haste da série X “


Sondagem rotativa
Para içar a coluna, basta rosquear o tornel na última haste superior, lugar do
cabeçote de perfuração e acionar o guincho.

Equipamentos para içar a coluna de perfuração:


(a) Tornel comum sem rolamento; (b) Colar recebedor de pancada.
Sondagem rotativa
Situado abaixo da última haste está o barrilete, que é constituído por um ou
mais tubos ocos, no interior do qual penetram e ficam acomodados os
testemunhos da sondagem, que são impedidos de cair no furo, quando a
composição é içada pelo atrito ou por um sistema especial de molas
retentoras.
Como mostra a figura abaixo, os barriletes são constituídos por um cabeçote
rosqueado, onde se adapta um conector, que é acoplado à haste e a um ou
dois tubos ocos, no interior do qual se alojam os testemunhos.

Corte esquemático de um barrilete duplo-rígido, acoplado ao calibrador e à coroa amostradora.


Sondagem rotativa
As coroas diamantadas de perfuração são constituídas numa das extremidades
por uma matriz onde estão encravados os diamantes, enquanto na outra
extremidade existe uma rosca que é acoplado ao calibrador que tem com
função calibrar o furo e proteger o barrilete e a coroa.

As coroas são classificadas quanto ao tipo, tamanho e qualidade dos


diamantes, ao número de saídas d’água e em relação às características da
matriz.
Sondagem rotativa

(a) Desenho esquemático de calibradores do tipo anel balanceado


(b) anel balanceado com reforço de tungstênio
Sondagem rotativa
Diferentes tipos de coroas amostradoras

(a) (b) (c) (d)

(a) com pedras pequenas – 60 pedras por quilate e duas saídas d’água;
(b) com pedras grandes e duas saídas d’água;
(c) escalonada e com três saídas d’água;
(d) impregnada e com diversas saídas d’água.
Sondagem a grenalha
Este método tem um princípio de funcionamento semelhante ao da sondagem
diamantada, sendo que, nas formações atravessadas, a perfuração do terreno
é efetuada por seção, através de coroas lisas extremamente duras. Estas são
comprimidas sobre grãos de quartzo ou esferas de aço de pequeno diâmetro
(grenalha), que, por abrasão no fundo do poço, vão cortando as rochas.

(a) (b)

Detalhe da perfuração a grenalha (a) e do esquema do furo (b)


Sondagem a grenalha
Nestas sondagens, os furos em geral apresentam um diâmetro maior que os da
sondagem a diamante, sendo os valores compreendidos entre 5cm e 2,5cm.
Nas perfurações em terrenos duros e fissurados, os grânulos se perdem com
facilidade e a coroa age diretamente sobre a rocha sem qualquer avanço. Já
nos terrenos moles e fofos a coroa lisa e normal deve ser substituída por coroas
dentadas, que recortam diretamente o terreno, sendo que este tipo de
perfuração nada mais é que uma variável do tipo “rotary”.

Acima da coroa há um barrilete que se liga a uma peça denominada cálice,


responsável pela coleta dos fragmentos mais grosseiros da rocha perfurada e
das esferas de aço que são removidas eventualmente pelo fluido de perfuração.
O consumo de esferas varia de 1 a 4 metros de avanço em terrenos
homogêneos.
Sondagem “rotary”
Na sondagem “rotary” o processo de perfuração é realizado com auxílio de
trépano ou broca, que, girando rapidamente no terreno, corta e reduz a rocha
a pequenos fragmentos, à medida que ocorre a penetração nas formações. O
fluido de perfuração que é bombeado através das hastes, sai com forte
pressão por orifícios existentes na broca e sobe ainda com grande pressão
até a superfície, carregando o material cortado e efetuando a limpeza do furo.
Na superfície, a lama de perfuração é dirigida para um tanque de decantação
e peneirada, para se recuperarem os fragmentos das rochas cortadas, que
constituem as amostras de calha indicativas das formações atravessadas.
Sondagem “rotary”
Após a decantação o fluido passa para um tanque e daí volta a recircular pelas
hastes de perfuração.
Sondagem “rotary”
1 e 2 - mesa giratória,
3 - “kelly”,
5 - Tornel,
6 - Trépano,
7 - Haste,
8 - Tanque de decantação
9- Mangueira para
transportar o fluido de
perfuração.

Na figura B, observa-se o
detalhe da mesa giratória.
Sondagem “rotary”
As brocas de perfuração empregadas têm formas bastante variáveis, e as
mais comuns estão apresentadas na figura abaixo.

Brocas de perfuração usadas no sistema “rotary”.


(a) trépano de arraste, (b) tipo tricônico, (c) tipo rodilho.
Sondagem a trado
Nestas sondagens a perfuração é efetuada graças à rotação manual do trado
diretamente contra o terreno.
Existe uma grande variedade de trados, sendo que as maiores variações são
quanto à forma do elemento cortante.

Trados manuais, com elemento cortante em forma de caçamba (a), e espiral (b).
Sondagem a trado

Diferentes tipos de elementos cortantes, usados em sondagem a trado manual.


As perfurações por trado normalmente são feitas com o diâmetro oscilando entre 2” e 6” e atingem profundidades de até 25m.
Sondagem “empire” ou “banka”
Na sondagem “empire” ou “banka” a perfuração é executada pela introdução de
uma tubulação no aluvião que está sendo estudado, graças primeiro ao
movimento de rotação desta tubulação, executado por operários ou animais,
que giram braços radiais adaptados aos tubos. Em segundo lugar, graças ao
peso da própria tubulação, que tem acoplado ao primeiro tubo uma plataforma,
sobre a qual ficam dois a quatro operários encarregados da coleta de
amostras.
Sondagem “empire” ou “banka”

Desenho esquemático de sonda “empire”,


indicando os seus principais componentes:
1-coroa ou sapata dentada;
2-tubos;
3-braços radiais;
4-plataforma;
5-composição interna para limpeza;
6-bomba de areia;
7-trado “colher” para início do furo.
Sondagem a Percussão
As perfuratrizes a percussão empregam o princípio do peso em queda livre,
para desferir golpes ritimados contra o fundo do poço. Os fragmentos cortados
são recuperados com auxílio de bobas de areia, caçambas de limpeza,
amostradores de solo ou através do fluido de circulação.

Do mesmo modo que nas sondagens rotativas, nas perfurações a percussão


existem sistemas de trabalho manual e com máquinas.

Na sondagem manual, a equipe de perfuração é constituída por um tripé,


contendo roldana ou polia na parte superior, por onde passa uma corda
grossa ou um cabo de aço, que se liga a um peso de bater, contendo uma
haste guia. Esta é introduzida na haste de percussão através de um
cabeçote de bater, atarrachado à primeira haste, que contém um orifício,
para ultrapassagem da haste guia.
Sondagem a Percussão
(a) - equipe de percussão
composta pelo peso de bater
contendo a haste-guia, que
penetra na haste de
perfuração através do
cabeçote de bater.

(b) - haste de percussão de


aço especial trefilado a frio
sem costura, com roscas em
ambas as extremidades e
luva externa.

(c) - amostrador de tubo


(1) sólido composto do
cabeçote, (2) tubo sólido, (3)
retentor de testemunho,
(4)sapata.

(d) amostrador bipartido


(1) cabeçote, (2) luva, (3) tubo
bipartido, (4) retentor de
testemunho e (5) sapata.
Sondagem a Percussão
O princípio de operação consiste em rosquear a primeira haste e, na
extremidade superior desta haste, coloca-se o cabeçote de bater. O peso é
então levantado por dois operários, puxando a corda que passa na roldana.
Um terceiro operário introduz a haste guia no orifício do cabeçote e o peso é
deixado cair em queda livre, iniciando a penetração do amostrador. A partir
daí, o peso é levantado e deixado cair de forma rítmica até a penetração de
todo o amostrador, quando uma segunda haste de percussão é atarrachada à
primeira, após a retirada do cabeçote de bater, que deve ser colocado agora
na extremidade da segunda haste e reiniciada a operação de percussão. À
medida que penetra no terreno parte do material atravessado penetra no
amostrador através da sapata oca. Ao se levantar o testemunho permanece
no amostrador graças a uma espécie de válvula ou mola que fecha o bico do
amostrador.
Sondagem a Percussão
Nas sondagens a percussão, utilizando-se máquinas, o método normal
consiste na perfuração por cabos de aço, que sustentam uma coluna pesada
de percussão, que é deixada cair de forma rítmica sobre o fundo do poço,
graças ao movimento de um braço excêntrico, chamado balancim. Abaixo
está representado um desenho esquemático de uma sonda a percussão.
Sondagem a Percussão

Desenho esquemático de uma equipe de


sondagem a percussão.
Desvio de furos
Durante os trabalhos de sondagem, a experiência tem demonstrado que
raramente os furos apresentam uma trajetória reta, sendo comum à existência de
desvios, principalmente, em furos profundos ( com extensão superior a 100m).

Não existe uma causa única responsável pelo desvio dos furos, porém hoje em
dia sabe-se que: os furos que formam um pequeno ângulo com as camadas,
tendem ao paralelismo com elas, os poços quando cortam as formações com
ângulos fortes tendem a se tornar perpendiculares as estruturas, nos furos
horizontais ou fortemente inclinados em relação a vertical são freqüentes os
desvios motivados pelo peso da composição que orienta o furo em direção a
superfície, nos furos em terrenos moles, tais com argilitos e folhelhos ao atingir
veios subverticais de rocha dura (basalto, por exemplo) tende a se amoldar
segundo o contato, nas perfurações em conglomerados formados por seixos
duros em uma matriz mole ao atingir os seixos de grandes dimensões muitas
vezes é desviada, zonas fendilhadas que facilitam ou dificultam a perfuração
motivam quase sempre deflexões, hastes curvas e conexões defeituosas
facilitam os desvios assim como perfurações em altas velocidades de rotação
ou com pressão excessiva.
Desvio de furos
Para a medição da inclinação dos furos, utilizam-se clinômetros de vários tipos,
sendo que os mais usados apresentam princípios óticos, eletromagnéticos,
químicos ou mecânicos.
Desvio de furos

(a) Equipamentos principais


do clinômetro ótico.
(b) Foto típica tirada a uma
dada profundidade.
Desvio de furos
A trajetória do furo é obtida, ligando-se as diferentes posições encontradas.

Perspectiva de um eixo de um furo de sonda “rotary”


Desvio de furos
Em alguns casos, principalmente na exploração de campos de petróleo e gás, as
sondagens são desviadas propositalmente, com a finalidade de alcançar
determinados horizontes, que não seriam atingidos a partir de perfurações
verticais.
As sondagens dirigidas podem ser motivadas pela presença de horizontes
produtores abaixo de lagoas, lagos, rios,ou oceanos, pela existência de níveis
petrolíferos ao lado de domos de sal, para atravessar falhas fortemente inclinadas
que desviariam poços verticais, para aproveitar furos acidentados, para executar
a partir de um furo original várias perfurações em leque.

Os principais aparelhos usados para a deflexão dos furos são a cunha, o joelho
e o trépano desviador.
Desvio de furos

Casos típicos de sondagem dirigida


Desvio de furos

Esquema de deflexão em um furo de


sonda com auxílio da cunha desviadora.
Desvio de furos

(a) Joelho desviador


(b) Processo de operação (b)
Estudos dos testemunhos de sondagem

Os melhores testemunhos são obtidos nas sondagens diamantadas, que


dão cilindros das rochas atravessadas. Na descrição destes testemunhos,
além da denominação da rocha, deve-se anotar a percentagem de
testemunho recuperado, o aspecto geral da rocha, sua cor, tamanho dos
grãos expresso numericamente, os minerais reconhecidos, o tipo e grau de
alteração, o ângulo entre os planos estruturais (xistosidade, estratificação,
juntas, veios) e o eixo do testemunho, as zonas fortemente cisalhadas ou
com recuperação apenas de argila, que podem corresponder a regiões
falhadas, etc.
Estudos dos testemunhos de sondagem

A recuperação é calculada, relacionando-se o comprimento do testemunho


com a extensão da rocha atravessada.

O ângulo que as principais direções estruturais formam com o eixo do


testemunho geralmente é útil, mesmo considerando que o testemunho gira
no interior do barrilete e, ao recuperá-lo, não se conhece a sua posição
original.

Os testemunho de sonda após a descrição são armazenados em caixas


com aproximadamente dois metros de comprimento por cinqüenta
centímetros de largura onde são marcados e registrados para possíveis
correções e verificações dos mesmos.
Estudos dos testemunhos de sondagem

Caixa de testemunhos de sondagem


SONDAGEM

105
SONDAGEM
DESCRIÇÃO E ANÁLISES DOS TESTEMUNHOS
SONDAGEM

INTERPRETAÇÃO GEOLÓGICA

Teor médio de
Zn – 14%

Teor médio de
Zn – 21%
SONDAGEM
INTERPRETAÇÃO GEOLÓGICA
SONDAGEM
INTERPRETAÇÃO GEOLÓGICA
SONDAGEM

INTERPRETAÇÃO GEOLÓGICA

CAPA Lapa
Superior

Lapa
Inferior

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