A Freira no Subterrâneo, com o Português de Camilo Castelo Branco
O caso foi notícia de escândalo na segunda metade do século XIX, em Cracóvia,
na Polónia. Uma freira carmelita viveu emparedada, comendo o pão da amargura e bebendo a água das lágrimas, como se escreve neste livro, durante quase trinta anos, entre 1841 e 1868. Bárbara Ubrick, a Freira do Subterrâneo, foi encontrada em condições desumanas. Num espaço de poucos pés quadrados, estava agachada, recurvada sobre si mesma, uma criatura talvez humana, dizemos «talvez» porque a face contraída pelo sofrimento revelava uma expressão medonha, em que a loucura se confundia com a raiva. Bárbara estava a sofrer o castigo infligido pela madre superiora por ter infringido o voto de castidade seguindo um homem. Camilo Castelo Branco também se condoeu com a história da freira de Cracóvia. Pegou, por isso, num livro francês de autor anónimo e transpô-lo para a língua portuguesa, para o português de Camilo, como salienta esta nova edição. O caso de Cracóvia, semelhante a um rastilho de pólvora, derramou-se por toda a Europa. Um geral terror se apoderou dos espíritos, que perguntavam espavoridos de que servira abolir-se a Inquisição. A efervescência dos espíritos foi tamanha em Cracóvia que os habitantes tentaram derruir o mosteiro das Carmelitas. Foi mister que a tropa o defendesse. O Livro do Dia TSF é A Freira no Subterrâneo, com o Português de Camilo Castelo Branco, edição Sistema Solar.