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CERTIFICAÇÃO SÉRIE
ISO 14000-
GESTÃO AMBIENTAL
2

3 INTRODUÇÃO
7 UNIDADE 1 – Normas Técnicas
7 1.1 Definição, evolução e objetivos

8 1.2 Princípios e benefícios da normalização

9 1.3 Sistema internacional de normatização e a dinâmica da certificação

12 UNIDADE 2 – Certificação NBR ISO 14000 – Gestão Ambiental


12 2.1 Breves reflexões

15 2.2 A sustentabilidade e a gestão ambiental

SUMÁRIO
19 2.3 A norma ISO 14000

22 2.4 Requisitos do sistema de gestão ambiental da ISO 14001

27 UNIDADE 3 – Certificação NBR 16000 e ISO 26000 – Gestão da Sustentabilidade


27 3.1 Contextualização das certificações

31 3.2 Programa Brasileiro de Certificação em Responsabilidade Social

34 UNIDADE 4 – Certificação OHSAS 18000 – Segurança e Saúde Ocupacional


37 UNIDADE 5 – Certificação Para Sistemas de Segurança
37 5.1 Importância e justificativas para certificação para sistemas de segurança

40 5.2 Auditoria e pré-auditoria

43 REFERÊNCIAS
46 GLOSSÁRIO AMBIENTAL PARA NORMA ISO 14000
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INTRODUÇÃO

Na gestão de negócios, qualquer que ramenta para estabelecer e atingir objeti-


seja ele, área industrial, saúde, educação, vos organizacionais.
encontramos pelo menos quatro funções
A utilização da normalização internacio-
ou ações básicas que se fazem presen-
nal, muito além de impactar na redução de
tes: planejar, executar, controlar e avaliar,
custos de produção e melhoria da qualida-
objetivando que o negócio cresça, que se
de do produto final, tem gerado benefícios
mantenha no mercado, que atenda ao seu
não apenas em aspectos tecnológicos,
público com eficiência e eficácia, entregan-
mas também na área econômica e social,
do-lhe produtos e/ou serviços de qualida-
tais como:
de sem perder de vista seu objetivo maior.
Grosso modo, no caso da empresa privada aos consumidores, a conformidade
seria o lucro mediante redução de custos com normas internacionais assegura qua-
e em se tratando de empresas públicas, lidade, confiabilidade e segurança;
atendimento ao público com qualidade. aos fornecedores, assegura ampla
Qualidade, eficiência, eficácia são al- aceitação internacional de seus produtos,
guns dos critérios que nos levam aos Siste- estabilidade, crescimento, parceria com
mas de Gestão Integrados, os conhecidos clientes e facilidade de compreensão mú-
SIG’s, que vão além da satisfação dos clien- tua;
tes, objeto do sistema de gestão de qua- aos acionistas, proporciona melhores
lidade, ou de proteção ao meio ambiente, resultados operacionais, aumento na par-
objeto do sistema de gestão ambiental. ticipação de mercado, crescimento nos lu-
cros e no retorno sobre investimentos;
Os SIGs garantem que, respondendo às
aos empregados, proporciona me-
exigências de uma regulamentação cada
lhores condições de trabalho, saúde e se-
vez mais rigorosa, respeitando o ambiente
gurança, estabilidade empregatícia, sa-
e preocupando-se permanentemente com
tisfação com o trabalho e efeitos morais
a saúde e a segurança das pessoas no tra-
positivos;
balho, ou seja, considerando a dimensão
ambiental e social, a satisfação do cliente aos governos, fornece bases tecnoló-
estará ainda mais garantida, pois são qua- gicas e científicas para apoiar a legislação
tro sistemas compatíveis integrados com de saúde, segurança e meio ambiente; e,
um único intuito: a obtenção de resultados para a sociedade, facilita o cumpri-
cada vez melhores para as organizações mento de requisitos legais e regulamenta-
que os adotem (RIBEIRO NETO; TAVARES; res, gera melhoria na saúde e segurança e
HOFFMANN, 2008). reduz impactos sociais e ambientais.

Chegamos ao que queríamos: sistemas Embora o foco deste módulo seja a Nor-
de normalização! A implantação de siste- ma ISO 14001, veremos algumas outras,
mas de normalização disponibiliza, para os conforme as ilustrações abaixo.
gestores das organizações, poderosa fer-
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Figura 1: Normas.
Fonte: http://www.abnt.org.br/imagens/downloads/15.00NigelExponormasSeminar.pdf

A Associação Brasileira de Normas téc- biental significa comprovar junto ao mer-


nicas (ABNT) justifica e explica de maneira cado e à sociedade que a organização ado-
sucinta e clara, a importância de tais nor- ta um conjunto de práticas destinadas a
mas, vejamos algumas delas: minimizar impactos que imponham riscos à
preservação da biodiversidade.
a) Sistema de Gestão Ambiental –
ABNT NBR 14001 Com isso, além de contribuir com o equi-
líbrio ambiental e a qualidade de vida da
O aumento crescente da consciência
população, as organizações obtêm um con-
ambiental e a escassez de recursos natu-
siderável diferencial competitivo fortale-
rais vêm influenciando cada vez mais as
cendo sua ação no mercado.
organizações a contribuírem de forma sis-
tematizada na redução dos impactos am- b) Sistema de Gestão da Responsa-
bientais associados aos seus processos. bilidade Social – ABNT NBR 16001
A Conformidade do sistema com a ABNT O surgimento de movimentos dirigidos
NBR 14001 garante a redução da carga de aos interesses diversos dos consumidores
poluição gerada por essas organizações, impõe nas organizações a necessidade de
porque envolve a revisão de um processo se atualizarem frente a este contexto. Cer-
produtivo visando a melhoria contínua do tamente, as organizações que possuem
desempenho ambiental, controlando insu- posicionamento ético melhoram sua ima-
mos e matérias-primas que representem gem pública gradativamente, alcançando
desperdícios de recursos naturais. maior legitimidade social.

Certificar um Sistema de Gestão Am- Para ser realmente eficiente, os pro-


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cedimentos da organização precisam ser fabris. Tendo todos estes procedimentos


conduzidos dentro de um sistema de ges- funcionando, a Certificação do Sistema da
tão estruturado. A partir daí, a Certificação Segurança e Saúde Ocupacional serve ain-
do Sistema de Gestão de Responsabilidade da para mostrar, tanto para os fornecedo-
Social demonstrará ao mercado que a or- res quanto para os consumidores, o grau de
ganização não existe apenas para explorar seriedade do trabalho de uma organização.
os recursos econômicos e humanos, mas
d) Segurança da informação:
também para contribuir com o desenvolvi-
mento social, por meio da realização pro- Em determinados ramos de negócio, a
fissional de seus colaboradores e da pro- informação se mostra como o bem mais im-
moção de benefícios ao meio ambiente e portante e, sendo assim, precisa ser prote-
às partes interessadas. gida de acordo com os riscos associados.
Para manter características como confi-
c) Sistema da Segurança e Saúde
dencialidade, integridade e disponibilidade
Ocupacional – OHSAS 18001
das informações, organizações deste setor
Este sistema tem por objetivo assegurar buscam várias formas de se protegerem, a
o bom cumprimento de procedimentos e fim de garantir a entrega de um bom tra-
cuidados que venham a garantir o geren- balho.
ciamento dos riscos de saúde e segurança
O Sistema de Gestão de Segurança da
em uma organização. Também neste caso,
Informação é uma forma de gerenciamen-
nota-se certa pressão da sociedade para
to utilizada para estabelecer políticas ba-
que as organizações ajam de maneira que
seadas na análise de risco do negócio. Ten-
sejam evitados acidentes ou fatalidades
do este sistema certificado, a organização
com seus colaboradores.
demonstrará sua capacidade de definir,
Trabalhando com base nesses princí- implementar, operar, manter e sempre me-
pios, a organização consegue também a lhorar a segurança da informação (www.
geração de mais qualidade e produtivida- abnt.org.br).
de dos empregados e de seus processos

Figura 2: ISO.
Fonte: http://www.abnt.org.br/imagens/downloads/15.00NigelExponor-
masSeminar.pdf
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Mediante as premissas acima, começa- instituto não defende posições ideológico-


remos nossos estudos pela definição de -partidária, priorizando o estímulo ao co-
normas técnicas, seus objetivos, os prin- nhecimento e ao pensamento crítico.
cípios e benefícios. Na sequência, os siste-
4) Sabemos que a escrita acadêmica
mas de normalização e a dinâmica da certi-
tem como premissa ser científica, ou seja,
ficação. Cada sistema e sua respectiva NBR
baseada em normas e padrões da acade-
ISO terá uma unidade específica.
mia, portanto, pedimos licença para fugir
Desejamos boa leitura e bons estudos, um pouco às regras com o objetivo de nos
mas antes algumas observações se fazem aproximarmos de vocês e para que os te-
necessárias: mas abordados cheguem de maneira clara
e objetiva, mas não menos científicos.
1) Ao final do módulo, encontram-se
muitas referências utilizadas efetivamen- Por fim:
te e outras somente consultadas, princi-
5) Deixaremos em nota de rodapé, sem-
palmente artigos retirados da World Wide
pre que necessário, o link para consulta de
Web (www), conhecida popularmente
documentos e legislação pertinente ao as-
como Internet, que devido ao acesso que
sunto, visto que esta última está em cons-
na atualidade está bem facilitado e até
tante atualização. Caso esteja com mate-
mesmo democrático, ajudam sobremanei-
rial digital, basta dar um Ctrl + clique que
ra para enriquecimentos, para sanar ques-
chegará ao documento original e ali encon-
tionamentos que por ventura surjam ao
trará possíveis leis complementares e/ou
longo da leitura e, mais, para manterem-se
outras informações atualizadas. Caso es-
atualizados.
teja com material impresso e tendo acesso
2) Deixamos bem claro que esta compo- à Internet, basta digitar o link e chegará ao
sição não se trata de um artigo original1 , mesmo local.
pelo contrário, é uma compilação do pensa-
mento de vários estudiosos que têm muito
a contribuir para a ampliação dos nossos
conhecimentos. Também reforçamos que
existem autores considerados clássicos
que não podem ser deixados de lado, ape-
sar de parecer (pela data da publicação)
que seus escritos estão ultrapassados,
afinal de contas, uma obra clássica é aque-
la capaz de comunicar-se com o presente,
mesmo que seu passado datável esteja se-
parado pela cronologia que lhe é exterior
por milênios de distância.

3) Por uma questão ética, a empresa/

1  Trabalho inédito de opinião ou pesquisa que nunca foi publicado


em revista, anais de congresso ou similares.
7

UNIDADE 1 – Normas Técnicas

Falar em normas técnicas nos reme- começou a funcionar oficialmente em 23


te de imediato à Associação Brasileira de de fevereiro de 1947 com a denominação
Normas Técnicas (ABNT) e à Organização International Organization for Standardi-
Internacional para Padronização (ISO). zation (ISO), ou Organização Internacional
de Normalização.
Sobre a ABNT é importante saber:
A ISO é uma organização não governa-
foi fundada em 1940, é o órgão res-
mental internacional, que hoje reúne mais
ponsável pela normalização técnica no
de uma centena de organismos nacionais
país, fornecendo a base necessária ao de-
de normalização. Representando países
senvolvimento tecnológico brasileiro;
que respondem por cerca de 95% do PIB
é uma entidade privada, sem fins lu- mundial, tem por objetivo promover o de-
crativos, reconhecida como único Foro senvolvimento da padronização de ativi-
Nacional de Normalização através da Re- dades correlacionadas, de forma a possi-
solução n.º 07 do CONMETRO (Conselho bilitar o intercâmbio econômico, científico
Nacional de Metrologia, Normalização e e tecnológico em níveis mais acessíveis
Qualidade Industrial), de 24.08.1992; aos aludidos organismos (MARSHALL JR.,
2001).
é membro fundador da ISO (Interna-
tional Organization for Standardization),
1.1 Definição, evolução e
da COPANT (Comissão Panamericana de
Normas Técnicas) e da AMN (Associação objetivos
Mercosul de Normalização); Normalização pode ser definida como
uma atividade que estabelece, em rela-
a ABNT é a única e exclusiva repre-
ção a problemas existentes ou potenciais,
sentante no Brasil das seguintes enti-
prescrições destinadas à utilização co-
dades internacionais: ISO (International
mum e repetitiva, com vistas à obtenção
Organization for Standardization), IEC (In-
do grau ótimo de ordem, em um dado con-
ternational Electrotechnical Commission);
texto.
e das entidades de normalização regional
COPANT (Comissão Panamericana de Nor- O contexto da normalização não se res-
mas Técnicas) e a AMN (Associação Mer- tringe à modernidade. Ao contrário, há
cosul de Normalização). muito tempo, na história da evolução hu-
mana, a normalização é uma constante.
Quanto à ISO, em 1946, em Londres, In-
Pesos e medidas, dinheiro, leis, expres-
glaterra, representantes de vinte e cinco
sões gráficas para representar números e
países decidiram criar uma organização
letras são exemplos de normalização fun-
internacional com o objetivo de facilitar,
damentais para a vida em coletividade.
em nível mundial, a coordenação e a uni-
ficação de normas industriais. Essa or- Segundo Ribeiro Neto, Tavares e Hof-
ganização, com sede em Genebra, Suíça, fmann (2008), foi em fins do século XVIII
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que tivemos uma concepção moderna de sobre produtos e serviços, em diferentes


normalização, de caráter técnico e cien- países, de forma a facilitar o intermédio
tífico, exatamente quando foi criado o comercial.
sistema métrico de medidas e surgiu, na
indústria, o conceito de produção em sé- 1.2 Princípios e benefícios
rie, com a consequente necessidade de
intercambialidade de componentes. A
da normalização
percepção dos benefícios decorrentes da O processo de elaboração de normas
intercambialidade de peças, não só em técnicas está apoiado em princípios, que
uma mesma fábrica, mas entre diferen- são fundamentais para que todos os obje-
tes fábricas, estimulou em alguns países tivos da normalização sejam atendidos e
o desenvolvimento dos primeiros organis- para que ela seja eficaz na sua aplicação e
mos de normalização. reconhecida por todos.

São objetivos da normalização: Princípio da Voluntariedade – a


participação em processo de normaliza-
comunicação – proporciona os ção não é obrigatória e depende de uma
meios necessários para a troca adequada decisão voluntária dos interessados. Essa
de informações entre clientes e fornece- vontade de participar é imprescindível
dores, com vista a assegurar a confiança para que o processo de elaboração de
e um entendimento comum nas relações normas ocorra. Outro aspecto que funda-
comerciais; menta a voluntariedade do processo de
normalização é o fato de que o uso da nor-
simplificação – reduz as variedades
ma também não é obrigatório, devendo
de produtos e de procedimentos, de modo
ser resultado de uma decisão em que são
a simplificar o relacionamento entre pro-
percebidas mais vantagens no seu uso do
dutor e consumidor;
que no não uso.
proteção ao consumidor – define os
requisitos que permitam aferir a qualida-
Princípio da Representatividade– é
preciso que haja participação de especia-
de dos produtos e serviços;
listas cedidos por todos os setores – pro-
segurança – estabelece requisitos dutores, organizações de consumidores e
técnicos destinados a assegurar a prote- neutros (outras partes interessadas tais
ção da vida humana, da saúde e do meio como universidades, laboratórios, insti-
ambiente; tutos de pesquisa, órgãos do governo), de
modo que a opinião de todos seja conside-
economia – diminui o custo de pro-
rada no estabelecimento da norma. Dessa
dutos e serviços mediante a sistematiza-
forma, ela de fato reflete o real estágio de
ção, racionalização e ordenação dos pro-
desenvolvimento de uma tecnologia em
cessos e das atividades produtivas, com a
um determinado momento, e o entendi-
consequente economia para fornecedo-
mento comum vigente, baseado em expe-
res e clientes;
riências consolidadas e pertinentes.
eliminação de barreiras – evita a
Princípio da Paridade – não basta
existência de regulamentos conflitantes,
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apenas a representatividade, é preciso dendo as etapas de análise, apreciação e


que as classes (produtor, consumidor e aprovação por parte de uma comunidade,
neutro) estejam equilibradas, evitando- técnica ou não. A finalidade desse proces-
-se assim a imposição de uma delas sobre so de consenso é o de atender aos inte-
as demais por conta do maior número de resses e às necessidades da coletividade,
representantes. Assim, deve-se buscar em seu próprio benefício. Não é uma vo-
assegurar o equilíbrio das diferentes opi- tação, mas um compromisso de interesse
niões no processo de elaboração de nor- mútuo, não devendo, portanto, ser con-
mas. fundido com unanimidade.

Princípio da Atualização – a atua- Quanto aos inúmeros benefícios, citan-


lização do processo de desenvolvimento do apenas alguns, a normalização ajuda a:
de normas, com a adoção de novos méto-
organização do mercado;
dos de gestão e de novas ferramentas de
tecnologia da informação, contribui para constituição de uma linguagem única
que o processo de normalização acompa- entre produtor e consumidor;
nhe evolução tecnológica. Esse princípio
melhorar a qualidade de produtos e
de atualização deve ser constantemente
serviços;
perseguido para que a normalização aten-
da à intensa demanda considerando que orientar as concorrências públicas;
uma norma defasada tecnologicamente
aumentar a produtividade, com con-
fatalmente cairá no desuso.
sequente redução dos custos de produtos
Princípio da Transparência – todas e serviços, a contribuição para o aumento
as partes interessadas devem ser dispo- da economia do país e o desenvolvimento
nibilizadas, a qualquer tempo, as informa- da tecnologia nacional.
ções relativas ao controle, atividades e
decisões sobre o processo de desenvolvi- 1.3 Sistema internacional
mento de normas técnicas.
de normatização e a dinâ-
Princípio da Simplificação – o pro-
cesso de normalização deve ter regras e
mica da certificação
procedimentos simples e acessíveis, que Um complexo de partes coordenadas
garantam a coerência, a rapidez e a quali- para realizar um conjunto de finalidades
dade no desenvolvimento e implementa- é chamado de sistema, o qual trabalha de
ção das normas. maneira coordenada, embora cada uma
destas partes tenha objetivos próprios.
Princípio do Consenso – para que Em se tratando de sistemas de gestão,
uma norma tenha seu conteúdo o mais exemplificando com a ISO 9001, estes são
próximo possível da realidade de aplica- baseados em normas internacionais, ou
ção, é necessário que haja consenso en- seja, em especificações estabelecidas em
tre os participantes de sua elaboração. consenso e aprovadas por um organismo
Consenso é processo pelo qual um Projeto específico composto por membros de vá-
de Norma deve ser submetido, compreen- rios países (FERREIRA, 2012).
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Segundo a ABNT (2008), dentre alguns celência. Pois bem, a solução encontrada
dos objetivos da normalização tem-se a pelas empresas é investir em um sistema
possibilidade de uma melhor comunicação de qualidade, conforme os requisitos nor-
entre o cliente e o fornecedor (melhoran- mativos da ISO 9001 e outras normas que
do a confiabilidade das relações comer- veremos em detalhes ao longo do módulo,
ciais e de serviços) e a eliminação de bar- com foco maior na certificação para ges-
reiras técnicas e comerciais (evitando a tão ambiental.
existência de regulamentos conflitantes
De acordo com Carpinetti et al. (2007
em diferentes países).
apud STAINO et al., 2011), em alguns ca-
Assim, observa-se que a normalização sos, essas certificações são necessárias
está presente em diversas áreas, sendo uma vez que são exigidas pelo próprio
que, com isso, são geradas várias normas cliente, em outras situações, mesmo que
internacionais de gestão que, devido à ne- isso não ocorra, a implementação criterio-
cessidade das organizações em atender à sa dos requisitos de gestão estabelecidos
demanda de diversos grupos de interesse, na norma elevará a eficácia e eficiência da
vêm sendo amplamente adotadas (ZUT- empresa, tornando-a mais competitiva.
SHI; SOHAL, 2005 apud VITORELI, 2011).
Para a implantação de sistemas de ges-
De acordo com Fortes (2007, p. 47 apud tão da qualidade, conforme as normas
OLIVEIRA et al., 2009, p. 18-9), a ISO é con- da série ISO, é necessário atentar para
siderada a maior instituição do mundo que os princípios estabelecidos pela norma,
trata das “questões de desenvolvimen- como foco no cliente, liderança, aborda-
to de padrões voltados à área técnica”, e gem factual para a tomada de decisão,
afirma ainda que “a utilidade dos padrões abordagem sistêmica, abordagem por
se estende aos ambientes de produção, processos, relação benéfica com fornece-
tanto privados quanto públicos, tornan- dores e melhoria contínua.
do-os mais seguros, eficientes e transpa-
As empresas devem tomar decisões ba-
rentes”. Tais padrões podem ser utiliza-
seadas em fatos e dados, os quais podem
dos “como base técnica para as questões
ser obtidos por meio das ferramentas da
legais que envolvam a saúde, o ambiente
qualidade. Para identificar os processos-
e a segurança”.
-chave de uma organização, deve ser re-
A ABNT foi o órgão nacional respon- alizado um estudo de todas as atividades
sável por produzir traduções referentes que fazem parte da rotina de trabalho da
a essas normas. Até dezembro de 2005, empresa, de forma crítica e sem omissões
haviam sido conferidas 776.608 certifi- (STAINO et al., 2011).
cações ISO 9001 em todo o mundo (FNQ,
Segundo Marshall JR. (2001), a ISO tem
2006 apud OLIVEIRA et al., 2009).
por objetivo promover o desenvolvimento
A sobrevivência das organizações em da padronização e de atividades correla-
tempos de globalização e competitivida- cionadas de forma a possibilitar o inter-
de passa pela garantia de produtos e ser- câmbio econômico, cientifico e tecnológi-
viços com uma qualidade beirando a ex- co em níveis mais acessíveis aos aludidos
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organismos. Brasileiro de Avaliação da Conformidade


(SBAC) deve estar cadastrado no Institu-
A família de norma ISO representa um
to Nacional de Metrologia, Normalização
consenso internacional em boas práticas
e Qualidade Industrial (INMETRO) para
que possam assegurar que a organiza-
exercer tal atividade. Isso acontece para
ção forneça produtos/serviços que aten-
que o processo de certificação seja impar-
dam ou superem as necessidades de seus
cial e a credibilidade do certificado seja
clientes, que são o foco desta norma.
assegurada.
Elas auxiliam na melhoria dos proces-
As auditorias são realizadas com o ob-
sos internos, no aumento da capacitação
jetivo de averiguar se atividades desen-
dos funcionários, no acompanhamento da
volvidas estão de acordo com o estabe-
satisfação dos clientes, colaboradores e
lecido previamente. Elas são divididas em
fornecedores, num processo contínuo de
auditoria de adequação (verificação da
melhoria. Para a preparação destas nor-
conformidade da documentação da orga-
mas internacionais são conciliados os in-
nização à norma) e auditoria de conformi-
teresses dos produtores, consumidores,
dade (verificação por meio de evidência
comunidade e governo.
objetiva, da efetiva implementação dos
Na prática, a normalização está presen- procedimentos que compõem o sistema
te na fabricação dos produtos, na trans- da qualidade de uma empresa).
ferência de tecnologia e na melhoria da
Também são classificadas como audito-
qualidade de vida, através de normas re-
rias de primeira parte (auditoria interna),
lativas à saúde, à segurança e à preserva-
de segunda parte (cliente-fornecedor) e
ção do meio ambiente.
de terceira parte (sem relação comercial,
Devido a fatores como a evolução tec- feita por um organismo independente)
nológica, desenvolvimento de novas fer- (MAGALHÃES, 2009).
ramentas, metodologias, novos requisi-
tos, entre outros, a ISO estabeleceu que
as normas devem ser revisadas em perío-
dos inferiores a 5 anos.

Nesse contexto, a certificação é um


procedimento para alcançar um padrão
que assegure qualidade, surgida da ne-
cessidade de as organizações comunica-
rem a seus clientes e ao mercado a ade-
quação de seus princípios de gestão aos
requisitos ISO. Como as normas são revi-
sadas periodicamente, a certificação pas-
sa a ser uma atividade dinâmica.

A certificação é efetuada por um orga-


nismo certificador que no âmbito Sistema
12
UNIDADE 2 – Certificação NBR ISO
14000 – Gestão Ambiental
2.1 Breves reflexões ciais, mas também alarmada pela ocorrência
de eventos extremos e aquecimento global.
Não há dúvida que o conceito de susten-
Esse processo resultou em legislações e nor-
tabilidade vem evoluindo ao longo do tempo!
mas mais rígidas, com maior fiscalização e
Principalmente a evolução da percepção de
responsabilização por passivos ambientais.
sobrevivência da organização, para o con-
senso de que é preciso sobreviver sem com- Por outro lado, as empresas também per-
prometer as gerações futuras. Essa visão ceberam o potencial competitivo do tema. O
mais ampla de sustentabilidade emergiu em desafio de produzir com maior eficiência no
uma perspectiva tridimensional, incorpo- uso de recursos naturais cada vez mais es-
rando as dimensões econômica, social e am- cassos, gerindo o ciclo de vida do projeto ao
biental, ou o termo em inglês Triple Bottom descarte, tem gerado ganhos efetivos e mi-
Line (CARVALHO; MIGUEL, 2012). nimizado problemas ambientais, que pode
deteriorar a imagem da empresa perante os
Esse tripé vem em grande medida respon-
consumidores. Nesse sentido o “marketing
der ao processo de exaustão dos recursos
verde” representa fonte de vantagem com-
naturais, em grande medida fruto de uma vi-
petitiva desde que feito de forma autêntica
são míope da dimensão econômica e da pers-
e com consistência ao longo do tempo, ou
pectiva de curto prazo. Nesta visão antiga, a
seja, faça parte dos valores da organização
hipótese que conduzia a ação é que as ques-
(CARVALHO; MIGUEL, 2012).
tões ambientais e sociais trariam impacto
negativo na dimensão econômica, o que tem Embora essa nova tendência seja clara,
sido contestado nestas últimas décadas, pe- ainda há muito que fazer. Uma pesquisa so-
las evidências de que as três dimensões se bre sustentabilidade, realizada com uma
reforçam, formando um ciclo virtuoso (CAR- centena de empresas da lista da revista For-
VALHO; RABECHINI JR, 2011). tune, revelou que 72% delas não incluem as-
pectos relacionados à sustentabilidade em
Essa nova visão vem não somente como
seus projetos, investimentos, transações ou
fruto de uma sociedade mais consciente e
processos de avaliação, conforme a ilustra-
crítica quanto a questões ambientais e so-
ção abaixo:

Figura 3: Pirâmide sobre os aspectos relevantes das empresas.


Fonte: PRICEWATERHOUSE COOPERS (2002 apud CARVALHO; MIGUEL, 2012 p. 417).
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É claro que existem empresas pionei- normas gerenciais de cunho voluntário,


ras em adotar a abordagem sustentável, que, se adotadas em conjunto nas organi-
como é o caso da Natura no Brasil ou da zações, permitem uma visão de integrada
americana Body Shop. No entanto, pode- sustentável.
mos situar as empresas em uma escala É claro que apenas as normas não ga-
contínua que vai de uma postura reativa, rantem que a empresa terá uma postura
com baixo comprometimento com essa proativa, pois isso depende da estratégia
causa, cumprindo estritamente a lei, até e da cultura e valores da organização. No
organizações mais comprometidas, com entanto, a iniciativa de ter um sistema in-
postura proativa. tegrado de gestão demonstra o grau de
Nessas empresas mais proativas, ob- comprometimento com a gestão do tripé
servamos uma preocupação sistêmica da sustentabilidade na organização.
com a sustentabilidade que, em geral, é Esse conjunto de normas 2 é composto
desdobrada para os seus sistemas de ges- pelas normas série ISO 9000 e ISO 14000,
tão. Uma das ações nesse sentido é a ten- de gestão da qualidade e de gestão am-
tativa de integrar estes sistemas geren- biental, respectivamente, acrescidas das
ciais por meio de um sistema integrado de normas ISO 26000 de responsabilidade
gestão. social e da OHSAS 18000 de saúde e se-
Os sistemas integrados de gestão (SIG) gurança ocupacional.
compõem-se de um conjunto de quatro

Figura 4: Sistemas integrados de gestão.

2- Essas normas devem passar, geralmente a cada cinco anos, por processo de revisão, a fim de definir se elas devem ser mantidas,
aprimoradas ou canceladas. A ISO 9000, por exemplo, que está em vigor, foi publicada em 30 de setembro de 2015, com validade a partir
de 30 de outubro do mesmo ano.
A ISO 14001, por sua vez, teve a primeira publicação em 1996 e foi revisada em 2004. No ano de 2011 começou um novo processo de revisão
que resultou na ISO 14001:2015.
Em dezembro de 2010, a ABNT lançou no Brasil a norma ISO 26000:2010, com as diretrizes sobre responsabilidade social.
No catálogo da ABNT, site: https://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=345040, é possível adquirir a norma. Mais adiante falare-
mos da nova ISO 14001:2015.
14

O desenvolvimento das três normas da apud CARVALHO; MIGUEL, 2012).


ISSO – International Organization for Stan- A seguir veremos uma síntese de cada
dardization – veio em ordem cronológica, ini- uma das normas usadas em um sistema de
ciada pela de gestão da qualidade, seguida gestão integrado, voltado para a sustenta-
da gestão ambiental e, mais recentemente, bilidade.
da norma de responsabilidade social, sendo A preocupação com gestão ambiental
que a pioneira série ISO 9000, amplamente pode ter visões distintas conforme a cul-
adota pelas empresas, influenciou forte- tura organizacional das empresas. Há três
mente a estrutura das normas subsequen- visões mais comuns de abordagem para a
tes ISO 14000 e ISO 26000. gestão ambiental empresarial: a) controle
Ambas adotam o conceito de melhoria da poluição; b) prevenção da poluição; e, c)
contínua e propõem diretrizes de mudança. abordagem estratégica.
A outra norma mencionada trata das ques- Enquanto na abordagem de controle da
tões de saúde e segurança ocupacional, poluição, o comportamento é mais reativo,
denominada da série OHSAS 18000 (Oc- em que a organização responde às pres-
cupational Health and Safety Assessment sões da comunidade e cumpre a lei; na abor-
Series). Essa norma, em conjunto com a fa- dagem estratégica de gestão ambiental, a
mília ISO 14000, fornece a base para o que postura é proativa e concebida como parte
as empresas têm chamado de SMS (saúde, do negócio, desde o marketing e projeto do
meio ambiente e segurança). produto até as técnicas de produção mais
Embora sinérgicas, caso implementadas limpa e o pós-venda.
de forma estanque, podem gerar desperdí- As normas da série ISO 14000, de manei-
cios e aumento desnecessário de documen- ra geral, abordam a gestão ambiental. No
tação gerando burocracia. Dessa forma, as entanto, é necessário salientar o conceito
empresas que adotam as quatro normas de gerenciamento do ciclo de vida (life cycle
simultaneamente devem criar um sistema management – LCM), tratado na norma ISO
integrado de gestão, o que é relativamente 140403 , que é importante para que a em-
mais simples, dado que as quatro normas presa adote uma visão sustentável e que
adotam estrutura similar. Também o pla- também pertença a esse conjunto de nor-
nejamento e gestão dos recursos alocados mas.
deve ser conjunto. O conceito de ciclo de vida refere-se aos
Há métodos de integração dos sistemas estágios sucessivos e encadeados de um
de gestão, a maioria com propostas por fa- sistema que envolve um produto, desde a
ses, que variam de um nível de gestão iso- aquisição da matéria-prima ou geração de
lado até a integração plena, passando por recursos naturais até a sua disposição final.
níveis intermediários. A integração pode Atrelado a esse conceito temos a avaliação
se dar de forma paulatina, em que coexis- do ciclo de vida (life cycle assessment - LCA),
tem documentos dos sistemas, mas o con- apresentado na norma ISO 14044:20144 ,
teúdo é comparado, havendo referências 3- A norma ABNT ISO 14040:2009 foi cancelada e corrigida pela
norma 14040:2014.
cruzadas e coordenação interna. Na versão
4- Esta versão corrigida da ABNT NBR 14044:2009 incorpora a
integrada há processos genéricos e ciclo de Errata 1 de 21.07.2014. Confirmada em 28.11.2014.
gestão integração (BERNARDO et al., 2009 Mais informações: https://www.abntcatalogo.com.br/norma.
aspx?ID=316461
15

que permite identificar e avaliar os impac- longo do ciclo de vida, conforme ilustrado
tos ambientais potenciais de um sistema ao abaixo:

Figura 5: Sustentabilidade ambiental: interação entre LCM e LCA.


Fonte: Adaptado de Labuschagne e Brent (2005 apud CARVALHO; MIGUEL, 2012, p. 420).

O impacto ambiental pode ser definido duto projetado; a classificação refere-se


como qualquer modificação, positiva ou à correlação entre as cargas ambientais
negativa, no meio ambiente, resultan- e as categorias de impacto selecionadas;
te das atividades, produtos ou serviços e a caracterização agrega as cargas am-
de uma organização. Logo, não se trata bientais correlacionadas às categorias de
apenas de identificar os impactos nega- impacto e as converte para indicadores
tivos, mas sim antever as oportunidades (CARVALHO; MIGUEL, 2012).
de melhoria no desempenho ambiental de Feitas estas considerações, mas antes
produtos e serviços, ao mesmo tempo em de mirarmos na norma ISO 14000, vamos
que identifica os trade offs dessas alter- falar mais um pouco sobre sustentabilida-
nativas com os aspectos social e econômi- de!
co, o que em regra não é tarefa fácil.
Há três elementos obrigatórios na ava- 2.2 A sustentabilidade e a
liação do impacto do ciclo de vida, segundo gestão ambiental
a norma ISO 14044: a) seleção das cate- Até bem recentemente, acreditava-se
gorias de impacto; b) indicadores de cate- de forma generalizada que a atividade hu-
gorias; e, c) modelos de caracterização. O mana acarretava apenas reflexos locais
primeiro, seleção das categorias, identifi- ou, no máximo, mudanças regionais no am-
ca as categorias de impacto mais críticas biente. É sabido que os efeitos da atividade
para o perfil ambiental do sistema de pro- humana no planeta são de tal envergadura
16

que, atualmente, este se encontra às vol- tentabilidade se refere a tipos de desenvol-


tas com experimentações ambientais não vimento que são economicamente viáveis,
planejadas cujos resultados, na maior parte não agridem ao ambiente e são socialmente
das vezes, são imprevisíveis. justos. Entretanto, todos concordam com a
O principal objetivo da ciência ambiental, necessidade de se aprender como manter
que ainda podemos dizer está emergindo, é os recursos ambientais, de forma a conti-
obter conhecimentos básicos para enten- nuarem a prover benefícios à população hu-
der sistematicamente como o planeta fun- mana e a outras formas de vida no planeta.
ciona. Esse conhecimento poderá ser apli- Por outro lado, um número crescente de
cado para ajudar a resolver os problemas pessoas está vivendo em áreas urbanas.
ambientais globais, portanto, a emergência Infelizmente os centros urbanos têm sido
dessa ciência ambiental abriu novos hori- negligenciados e a qualidade ambiental
zontes para o entendimento das relações urbana tem sofrido prejuízos, através de
entre ciências biológicas e físicas, o que re- poluição aérea, problemas de destinação
quer cooperação interdisciplinar e educa- de resíduos sólidos, inquietações sociais e
ção. outras formas de “estresse” do ambiente.
Na base de praticamente todos os pro- No passado, os poucos que estudavam o
blemas ambientais está o rápido crescimen- ambiente centravam sua atenção no sel-
to da população humana. De fato, será difícil vagem ou natural, em vez de dirigirem seus
resolver outros problemas, a menos que a esforços na direção do ambiente urbaniza-
quantidade de pessoas que habitam o am- do. Hoje já se observa a necessidade de um
biente esteja de acordo com sua capacidade maior foco em aglomerações urbanas e em
de sustentação. Talvez a maior responsabi- cidades como ambiente onde se possa vi-
lidade nessa área esteja vinculada ao escla- ver.
recimento e à educação dos seres humanos Encontrar soluções para problemas am-
para os problemas populacionais. À medida bientais envolve mais que simplesmente
que a população se torna mais educada e a juntar fatos e entendimentos de temas
taxa de analfabetismo decresce, o cresci- científicos de um problema particular. Tam-
mento populacional tende também a se es- bém tem muito a ver com os sistemas de va-
tabilizar, e até a decrescer. lores vigentes e os temas de justiça social.
Nesse contexto, sustentabilidade é uma Para resolver problemas ambientais em um
terminologia que recentemente ganhou determinado local, é importante entender
popularidade e que, de uma forma geral, quais os seus valores e as possíveis solu-
significa a utilização de determinado recur- ções que seriam socialmente justas. A partir
so natural de tal forma que ele permaneça daí, é possível aplicar conhecimentos cien-
continuamente disponível. Entretanto, o tíficos sobre determinado problema e achar
termo é usado de forma vaga e equivoca- soluções aceitáveis para o mesmo (ZILBER-
damente em certas circunstâncias. Alguns MAN, 2004).
o definem como a garantia de que as futu- Ainda sobre a questão da sustentabili-
ras gerações terão iguais oportunidades de dade, na administração contemporânea, a
acesso aos recursos oferecidos atualmente dimensão da gestão ambiental está sendo
pelo planeta. Outros argumentam que sus- considerada uma das principais chaves para
17

a solução dos graves problemas que afligem novos mercados; (d) redução de custos pela
o mundo moderno (MORAES FILHO, 2009). eliminação de desperdícios; (e) melhoria do
As vantagens da gestão ambiental de- desempenho geral da empresa; (f) redução
correm de regras e práticas administrativas de riscos (multas, ações legais, acidentes);
preestabelecidas que atuam para reduzir os (g) maior permanência do produto nos mer-
riscos ambientais da atividade, aumentan- cados (ausência de reações negativas); (h)
do a motivação e satisfação de seus colabo- maior facilidade na obtenção de financia-
radores. mentos; (i) caminho único para a obtenção
Os negócios estão se voltando cada vez de certificados ambientais (selos verdes e
mais para questões ambientais. Cinco fato- similares); j) prestação de contas às chama-
res influenciam essa mudança de postura: das partes interessadas (clientes, acionis-
(1) necessidade de obediência às leis; (2) tas, sociedade).
eficácia em custos; (3) opinião pública; (4) Todas essas razões apontam no sentido
pressão dos movimentos ambientalistas; de um maior fortalecimento da empresa em
(5) pensamento a longo prazo. seu ambiente de negócio, o que leva à hipó-
O pensamento sistêmico revela que as tese de ser o conceito de sustentabilidade
questões ambientais permeiam a empresa empresarial um caminho não só desejável,
e por isso deveriam ser abordadas de modo como correto e provável de ser seguido.
abrangente e integrativo. Assim, a proteção Inúmeras empresas vêm assumindo essa
ambiental passou a ser uma necessidade e postura, mudando o foco de administrar,
ao mesmo tempo uma fonte de lucro para colocando a questão ambiental na priorida-
os negócios, o que abre uma perspectiva de de suas ações. E já parece estar surtindo
positiva para sua efetiva implementação, efeitos, a considerar a recente notícia di-
pois não transgride o princípio da busca per- vulgada pela revista científica Nature, se-
manente pelo lucro, indissociável da lógica gundo publicado no site Globo on-line (maio
de funcionamento das organizações em 2006), de que uma equipe de cientistas ha-
meio empresarial. via chegado à conclusão de que a camada
de ozônio da Terra que protege o ambiente
Hoje em dia, face à crescente concorrên-
das radiações ultravioletas está passando
cia dada à globalização, os clientes estão
por uma lenta recuperação. Uma prova da
cada vez mais informados e predispostos a
eficácia e sucesso do Protocolo de Montreal
comprar e usar produtos que respeitem o
(1987), concluiu (MORAES, 2009).
meio ambiente. O produto ecologicamente
correto vende mais nos mercados e detém No caso brasileiro, seguindo a literatura
a preferência do consumidor. disponível, o mesmo autor cita a Petrobras,
na exploração de minérios fósseis; as com-
No diagnóstico estratégico ambiental,
panhias siderúrgicas em geral, tidas ante-
citam-se dez razões convincentes, como
riormente como vilãs do meio ambiente; as
afirma Moraes (2009), para a adoção pelas
petroquímicas e em especial a Petroflex, em
empresas de um design e marketing am-
Pernambuco, detentora de vários prêmios e
biental para os produtos com melhoria nos
certificados ISO, referenciada como exem-
processos internos de produção. Elas são:
plo de preservação ambiental; a Alcan e a
(a) maior satisfação dos clientes; (b) me-
Alcoa, no setor de alumínio; a Kablin (maior
lhor imagem da empresa; (c) conquista de
18

produtora e exportadora de papel do Bra- dos consumidores (quando não são satis-
sil), única empresa no país, de acordo com feitas, recorrência ao Código de Defesa do
informações em seu site corporativo, a re- Consumidor).
ceber o certificado FSC (Forest Stewardship A visão com foco no equilíbrio e respon-
Counsil), pelo manejo de plantas medicinais sabilidade social apregoando maior respei-
em suas florestas no Paraná; a Natura, re- to ao consumidor leva a inverter a ordem de
centemente instalada no México e em Pa- prioridades dentro da empresa, devendo
ris em seu processo de internacionalização então estar em primeiro plano: (a) satisfa-
com forte apelo à ecoeficiência e adminis- ção dos consumidores (norteando as ações
tração com responsabilidade social com das empresas); (b) satisfação dos emprega-
profundo respeito à natureza; a Ripasa, no dos (valorização do capital humano); (c) sa-
setor de produção de papel e celulose. tisfação dos fornecedores (preços compatí-
A visão de desenvolvimento clássica com veis nas partidas fornecidas); (d) satisfação
foco apenas no crescimento econômico (e dos distribuidores (margens responsáveis
que prevalece ainda hoje para muitas eco- de lucro); (e) satisfação dos acionistas ou
nomias) não leva em consideração, pelo sócios proprietários. Muda, portanto, a vi-
menos em níveis adequados ou aceitáveis, são e a forma de administrar.
a questão dos riscos de esgotamento dos É com essa expectativa que se devem
recursos naturais, sobretudo os não reno- buscar os novos caminhos para o desen-
váveis e o impacto das atividades econômi- volvimento econômico e social: o caminho
cas na degradação do meio ambiente. da sustentabilidade empresarial. Ela é uma
A visão econômica contemporânea ain- expectativa e uma esperança. Os desdo-
da em construção, com foco no equilíbrio bramentos futuros das relações entre as
do ecossistema como precondição para o nações em sua fase atual de globalização da
desenvolvimento social, prevê com maior economia nos fornecerão os dados e infor-
acuidade a questão da preservação am- mações que permitirão avaliar se o caminho
biental introduzindo a noção de reciclagem apontado está sendo de fato trilhado ou se
como forma de maior eficiência administra- teimamos em seguir velhos atalhos, igno-
tiva e processo por excelência redutor de rando as inter-relações que nos unem como
poluição ambiental e indutor de responsa- inquilinos comuns de um mesmo condomí-
bilidade social. nio, a Terra (MORAES, 2009).
No plano administrativo, a visão de de- A importância que deve assumir cada in-
senvolvimento com foco puramente no divíduo nas relações entre sistema produti-
crescimento econômico busca levar em vo e meio ambiente, enquanto consumidor
conta as seguintes prioridades dentro da na nova ordem econômica globalizada, pa-
empresa por ordem de importância: (a) sa- rece nos conferir uma importante e podero-
tisfação dos acionistas ou interesse dos sa arma. A do controle pelo consumo, isto é,
sócios proprietários; (b) satisfação dos não precisamos de agências institucionais
distribuidores (maximização das margens nos moldes tradicionais até então em vigor
de lucro); (c) satisfação dos fornecedores para executar as vontades ou propósitos
(bons preços nas partidas fornecidas); (d) que não a da organização em redes, perfei-
satisfação dos empregados; (e) satisfação tamente factível com as tecnologias atuais.
19

Ela está ao alcance das mãos. Resta saber 2.3 A norma ISO 14000
se teremos disposição e organização sufi-
A ISO 14001 é uma norma internacio-
cientes para usá-la em nosso proveito que
nalmente reconhecida que define o que
se supõe a favor de toda a comunidade.
deve ser feito para estabelecer um Sis-
O conceito introduzido no início da déca- tema de Gestão Ambiental (SGA) efetivo.
da dos anos 80 por Lester Brown (CAPRA, A norma é desenvolvida com objetivo de
s.d. apud TRIGUEIRO, 2004, p. 19), definindo criar o equilíbrio entre a manutenção da
comunidade sustentável como “a que é ca- rentabilidade e a redução do impacto am-
paz de satisfazer às próprias necessidades biental; com o comprometimento de toda
sem reduzir as oportunidades das gerações a organização. Com ela é possível que se-
futuras”, está pronto para ser modelado. E jam atingidos ambos objetivos.
cabendo a nós pela primeira vez, de forma
A origem da norma ISO 14000 se deu
palpável e inequívoca no atual estágio tec-
no início da década de 1990 quando a ISO
nológico, uma parcela importante da capa-
se organizou para criar um conjunto de re-
cidade em influir em nosso destino comum.
gras que tratassem da questão ecológica,
Urge alinhavá-los dando-lhes consistên- em virtude dos grandes problemas am-
cia, substância e unidade como força capaz bientais causados pelo grande desenvol-
de fazer frente aos problemas ambientais vimento econômico e industrial.
contemporâneos na sociedade em que vi-
Veja no quadro abaixo, de forma sim-
vemos (MORAES, 2009).
plificada, os principais agentes que impul-
sionaram o surgimento das normas am-
bientais:

Quadro 1: Surgimento das normas ambientais.


Fonte: Ribeiro Neto; Tavares e Hoffmann (2008, p.82).
20

Em 1993, a ISO reuniu uma grande regeriam questões relacionadas ao fator


quantidade de profissionais e montou um ambiental (série 14000), esse comitê foi
comitê para a criação das normas e deu a dividido em subcomitês que cuidariam de
ele o nome de TC 207 que tinha por objeti- áreas específicas no desenvolvimento
vo desenvolver as normas ambientais que das normas.

TC 207 – Gerenciamento ambiental

Como resultado do trabalho do SC1, um conjunto distinto de normas.


foram publicadas, em 1996, as normas A série ABNT NBR ISO 14000 é compos-
da série ISO 14000 voltadas para gestão ta por várias normas que com-plementam
ambiental, utilizando como referência as a ABNT NBR ISO 14001, algumas das quais
normas BS 7750 e os requisitos estabe- se encontram listadas abaixo.
lecidos no Sistema Europeu de Ecogestão a) ISO 14004 oferece orientações
e Auditorias Ambientais (Emas). A versão desde a incorporação, implementação e
brasileira dessas normas foi publicada manutenção até a melhoria do sistema de
também em 1996, pela ABNT, estando sob gestão ambiental, bem como a adaptação
a responsabilidade do CB 38 – Comitê Bra- deste a outros sistemas de gestão.
sileiro de Gestão ambiental. Em dezembro
b) ISO 14006 é destinada a empre-
de 2004 saiu a segunda edição. 5
sas que implementaram um sistema de
O TC 207, por meio de seus diferentes gestão ambiental em conformidade com a
comitês, é responsável pela publicação de ABNT NBR ISO 14001, mas pode integrar a
5- Como já dito, em 2011 começou novo processo de revisão e a concepção ecológica a outros sistemas de
nova norma saiu em 2015.
21

gestão. empresa precisa se adequar a legislação


c) ISO 14064-1 estabelece os princí- ambiental, para que possa receber a cer-
pios e os requisitos a nível organizacional tificação, que só pode ser concedida me-
para a quantificação e comunicação das diante empresa certificadora especializa-
emissões e compensação de gases de da para isso. O processo de treinamento
efeito estufa (GEE). de colaboradores está inserido na ade-
Também é fato que o sistema de ges- quação da empresa de um modo geral.
tão ambiental mais difundido é o que tem Depois de recebida a certificação a cada
por referência os requisitos estabelecidos determinado período de tempo, a empre-
pela ISO 14001. Segundo pesquisa publi- sa passará por auditorias que serão reali-
cada pela ISO (ISO Survey 2008)6 , até o zadas por órgãos competentes.
final de 2008 foram emitidos 188.815 São vantagens da implantação da
certificados de conformidade, abrangen- ISO 14000:
do 155 países e representando um incre- identificação da empresa com a cons-
mento de 18% em relação ao número de ciência ambiental;
certificados do ano anterior. O Brasil ocu-
o efeito da consciência ecológica que
pava a 16ª posição no ranking mundial de
influenciará os colaboradores.
número de certificados emitidos (RIBEIRO
NETO; TAVARES; HOFFMANN, 2008). São pontos fortes da norma:
A ISO 14000 pode ser aplicada em em- redução de desperdícios, pois uma
presas de qualquer porte e qualquer ati- empresa com uma visão ambiental, sem-
vidade, seja ela indústria, prestadora de pre buscará produzir mais produtos e ser-
serviços, agroindústria, empresas públi- viços, com menos recursos;
cas ou até empresas de extração, a ISO pode ser considerado fator chave –
14000 ainda certifica produtos e serviços com todas as auditorias e mudanças fei-
que estejam de acordo com as normas am- tas na empresa por causa da certificação,
bientais. a empresa terá processos mais eficientes,
Quanto ao momento de sua aplicação: isso trará menores custos, melhor qua-
esse conjunto de normas pode e deve ser lidade, maior lucro e maior satisfação do
aplicado em empresas que tenha qualquer cliente para com a empresa.
tipo de atividade. A consciência ambiental Em contrapartida, temos também
é uma tendência que cresce a cada dia e alguns pontos fracos, mas que po-
que tende a crescer mais ainda, portanto, dem ser corrigidos:
uma empresa que está no mercado e que necessidade de treinar colaborado-
deseja continuar e melhorar seu posicio- res de empresas terceirizadas;
namento no mesmo pode-se utilizar dos
inexperiência dos órgãos certificado-
benefícios dessa certificação.
res.
Em relação ao processo de implantação
A relevância da norma reside no fato
da norma, ele se dá da seguinte forma: a
de que: impactos ambientais estão se
6- Dados mais recentes, de acordo com a ISO (http://www.iso. tornando um tema cada vez mais impor-
org/iso/iso-survey), apontam um total de 1.519.952 certifica-
dos emitidos em todo o mundo em 2015, em comparação com tante no mundo, com pressão para mini-
1.476.504 do ano anterior, um aumento de 3%.
22

mizar esse impacto, oriunda de uma série incentivar a melhoria do desempe-


de fontes: autoridades governamentais nho ambiental por parte de fornecedores,
locais e nacionais, reguladores, associa- integrando-os aos sistemas de negócios
ções comerciais, clientes, colaboradores da empresa (ABNT, 2015).
e acionistas. As pressões sociais também A nova ABNT NBR ISO 14001:2015
aumentam em função da crescente gama passa a exigir:
de partes interessadas, tais como consu-
midores, organizações ambientais e não que a gestão ambiental seja mais im-
governamentais de minorias (ONGs), uni- portante no posicionamento estratégico
versidades e vizinhos. da empresa;
Então, a ISO 14001 é relevante para to- maior comprometimento da lideran-
das as organizações, incluindo desde: ça;
sites únicos até grandes companhias a implementação de iniciativas proa-
multinacionais; tivas que visem proteger o meio ambien-
companhias de alto risco até organi- te contra danos e degradação, como por
zações de serviço de baixo risco; exemplo, o uso sustentável dos recursos
e a mitigação das alterações climáticas;
indústrias de manufatura, de proces-
so e de serviço; incluindo governos locais; enfoque no conceito de ciclo de vida
a fim de garantir que aspectos ambientais
todos os setores da indústria incluin-
sejam levados em consideração desde o
do setores públicos e privados;
desenvolvimento até o fim da vida útil do
montadoras e seus fornecedores. produto;
a adoção de uma estratégia de comu-
São benefícios da norma: nicação com foco nas partes interessadas;
além disso, ela possibilita uma in-
demonstrar conformidade com re-
tegração mais fácil a outros sistemas de
quisitos legais e regulamentares atuais e
gestão, visto que têm a mesma estrutura
futuros;
e os mesmos termos e definições.
aumentar o envolvimento da lideran-
ça e o comprometimento dos funcioná- 2.4 Requisitos do sistema
rios;
de gestão ambiental da ISO
melhorar a reputação da empresa e
a confiança das partes interessadas me- 14001
diante comunicação estratégica; A FIESP/CIESP (2015) no documento
alcançar os objetivos estratégicos que apresenta as mudanças na norma re-
de negócios através da incorporação de força que o Sistema de Gestão Ambien-
questões ambientais na gestão das em- tal implementado segundo a ISO 14001
presas; permite a obtenção de certificação após
oferecer vantagem competitiva e fi- auditoria por organismo certificador acre-
nanceira aumentando a eficiência e redu- ditado. Para muitas empresas, obter a
zindo custos; certificação da ISO 14001 é uma deman-
da de mercado, pois demonstra seu com-
23

prometimento com práticas sustentáveis tema de gestão da qualidade (ISO 9001).


e padrões internacionais de gestão am- Pensando naqueles que conhecem a
biental. Além disso, possibilita a integra- norma ABNT ISO 14001:2004, optamos
ção com os demais sistemas de gestão já por colocar um quadro comparativo entre
implementados pela empresa ou a serem esta e as novidades da versão de 2015.
implementados, como, por exemplo, o sis-

PLANEJAR

ISO 14001:2015 ISO 14001:2004

Contexto da organização 4 - -
Entendimento da organização
4.1 - -
e seu contexto.
Entendimento das necessida-
des e expectativas das partes 4.2 - -
interessadas.
Determinação do escopo do
4.3 4.1 Requisitos gerais.
Sistema de Gestão Ambiental.
Sistema de Gestão Ambiental 4.4 4.1 Requisitos gerais.
Liderança 5 - -
Liderança e
5.1 - -
comprometimento.
Política ambiental. 5.2 4.2 Política ambiental.
Regras organizacionais, res- Recursos, regras, responsabilidade e
5.3 4.4.1
ponsabilidades e autoridades. autoridade.
Planejamento. 6 4.3 Planejamento.
Ações para endereçar riscos
6.1 - -
e oportunidades.
Geral. 6.1.1 - -
Aspectos ambientais 6.1.2 4.3.1 Aspectos ambientais.
Requisitos legais e outros Requisitos legais e outros requisitos
6.1.3 4.3.2
requisitos. subscritos pela organização.
Planejando ações. 6.1.4 - -
Objetivos ambientais e plane-
6.2 4.3.3 Objetivos, metas e programas.
jamento para alcançá-los.
Objetivos ambientais. 6.2.1 4.3.3 Objetivos, metas e programas.
24

Planejando ações para alcan-


6.2.2 4.3.3 Objetivos, metas e programas.
çar os objetivos ambientais.
Apoio 7 4.4 Implementação e operação.
Recursos, regras, responsabilidade e
Recursos. 7.1 4.4.1
autoridade.
Competência, treinamento e cons-
Competências. 7.2 4.4.2
cientização.
Competência, treinamento e cons-
Conscientização. 7.3 4.4.2
cientização.
Comunicação. 7.4 4.4.3 Comunicação.
Geral. 7.4.1 4.4.3 Comunicação.
Comunicação interna. 7.4.2 4.4.3 Comunicação.
Comunicação externa. 7.4.3 4.4.3 Comunicação.
Informação documentada. 7.5 4.4.4 Documentação.
Geral. 7.5.1 4.4.4 Documentação.
4.4.5 Controle de documentação.
Criação e revisão. 7.5.2
4.5.4 Controle de registro.
Controle de informação 4.4.5 Controle de documentação.
7.5.3
documentada. 4.5.4 Controle de registro.
EXECUTAR
OPERAÇÃO 8 4.4 Implementação e operação.
Planejamento e controle
8,1 4.4.6 Controle operacional.
operacional.
Preparação e resposta a Preparação e resposta a emergên-
8.2 4.4.7
emergências. cias.
VERIFICAR
AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO 9 4.5 Avaliação.
Monitoramento, mensuração,
9.1 4.5.1 Monitoramento e mensuração.
análise e avaliação
Geral. 9.1.1 4.5.1 Monitoramento e mensuração.
Avaliação de conformidade. 9.1.2 4.5.2 Avaliação de conformidade.
Auditoria interna. 9.2 4.5.5 Auditoria interna.
Geral. 9.2.1 4.5.5 Auditoria interna.
Programa de auditoria interna. 9.2.1 4.5.5 Auditoria interna.
25

Análise crítica. 9.3 4.6 Análise crítica.


AGIR
MELHORIAS 10 - -
Geral. 10.1 - -
Não conformidade e ação Não conformidade, ação corretiva e
10.2 4.5.3
corretiva. ação preventiva.
Melhoria contínua. 10.3 - -
Quadro 2: Quadro comparativo.

A Figura abaixo representa o modelo do pectos ambientais significativos. Adicio-


sistema de gestão ambiental conforme a nalmente, o sistema de gestão ambiental
NBR ISO 14001. A sequência e interação está alicerçado em uma abordagem por
proposta dos requisitos possibilitam à or- processos, em que é adotada a metodolo-
ganização a implementação de um siste- gia do PDCA - Plan, Do, Check and Act, no
ma, com política e objetivos alinhados aos sentido de promover a melhoria contínua.
requisitos legais aplicáveis e aos seus as-

Figura 6: Modelo de sistema de gestão ambiental.


Fonte: NBR ISO 14001

Guarde... dos os aspectos de seu negócio que im-


pactam o meio ambiente e compreender a
A ISO 14001 foi desenvolvida com obje-
legislação ambiental relevante à sua situ-
tivo de criar o equilíbrio entre a manuten-
ação. O próximo passo é preparar objeti-
ção da rentabilidade e a redução do im-
vos para melhoria e um programa de ges-
pacto ambiental com o comprometimento
tão para atingi-los, com análises críticas
de toda a organização, sendo possível que
regulares para melhoria contínua. Empre-
sejam atingidos ambos objetivos.
sas certificadoras podem periodicamente
Isto significa que devem ser identifica- auditar o sistema e, caso conforme, certi-
26

ficar a sua companhia na ISO 14001.


Valem as seguintes dicas para começar
a colocar em prática a norma ABNT NBR
ISO 14001:2015.
1º passo – Defina seus objetivos. O que
você pretende alcançar com essa norma?
2º passo – Obtenha a confiança da alta
gestão. É essencial que os líderes de sua
empresa apoiem os objetivos de um siste-
ma de gestão ambiental eficiente e este-
jam comprometidos com o processo.
3º passo – Obtenha uma boa perspec-
tiva dos processos e sistemas existentes
que influenciam seu impacto ambiental. É
isso que sustentará o seu sistema de ges-
tão ambiental e lhe permitirá identificar
mais facilmente eventuais falhas.
27
UNIDADE 3 – Certificação NBR 16000 e
ISO 26000 – Gestão da Sustentabilidade
3.1 Contextualização das capaz de solucionar a todos os problemas
e a responder a tantas demandas (INME-
certificações TRO, 2012).
Para entendermos a importância da
É diante desta conjuntura que nasce
NBR 16000 e ISO 26000, faremos uma
o movimento da responsabilidade social.
breve contextualização do panorama so-
Movimento este que vem crescendo e
cial mundial tomando por base a década
ganhando apoio em todo o mundo, e que
de 1970, quando a partir da Conferência
propõe uma aliança estratégica entre 1º,
das Nações Unidas sobre o Meio Ambien-
2º e 3º setores na busca da inclusão so-
te, o mundo começou a conscientizar-se
cial, da promoção da cidadania, da pre-
dos problemas oriundos da degradação
servação ambiental e da sustentabilidade
ambiental e passamos a ver de forma di-
planetária, na qual todos os setores têm
ferenciada nossas relações com a nature-
responsabilidades compartilhadas e cada
za. Foi apenas um passo, é verdade, mas
um é convidado a exercer aquilo que lhe é
foi um primeiro passo muito importante.
mais peculiar, mais característico. E, para
Afinal de contas, conscientização é o pon-
que essa aliança seja possível, a ética e a
tapé inicial para mudanças!
transparência são princípios fundamen-
De um lado a consciência começando a tais no modo de fazer negócios e de rela-
surgir, de outro, a desigualdade social que cionar-se com todas as partes interessa-
se expandia de maneira acelerada e com das.
ela a exclusão social e a violência.
À sociedade civil organizada cabe papel
Em decorrência destes dois fatores, fundamental pelo seu poder ideológico
deparamo-nos, na década de 1990, com – valores, conhecimento, inventividade
um novo fenômeno social, qual seja a pro- e capacidades de mobilização e transfor-
liferação do 3º setor: a esfera pública não mação.
estatal. Somado a isto, ganharam força os
A responsabilidade social conclama to-
movimentos da qualidade empresarial e
dos os setores da sociedade a assumirem
dos consumidores. De agente passivo de
a responsabilidade pelos impactos que
consumo, o consumidor passa a ser agen-
suas decisões geram na sociedade e meio
te de transformação social, por meio do
ambiente. Nesse sentido, os setores pro-
exercício do seu poder de compra, uso e
dutivos e empresariais ganham um papel
descarte de produtos, de sua capacidade
particularmente importante, pelo impac-
de poder privilegiar empresas que tinham
to que geram na sociedade e seu poder
valores outros, não somente o lucro na
econômico e sua capacidade de formular
sua visão de negócios. Assim, sociedade
estratégias e concretizar ações.
civil e empresas passam a estabelecer
parcerias na busca de soluções, diante da Essa nova postura, de compartilhamen-
convicção de que o Estado sozinho não é to de responsabilidades, não implica, en-
28

tretanto, em menor responsabilidade dos Portaria INMETRO / MDIC número 407 de


governos, ao contrário, fortalece o papel 02/08/2012 8 ) para as organizações esta-
inerente ao governo de grande formula- belecendo que:
dor de políticas públicas de grande alcan-
I. As organizações certificadas com
ce, visando o bem comum e a equidade
base na norma ABNT NBR 16001:2004
social, aumentando sua responsabilidade
podem, a qualquer tempo, a contar da
em bem gerenciar a sua máquina, os re-
data de publicação desta Portaria, migrar
cursos públicos e naturais na sua pres-
para a versão atual da norma, mediante
tação de contas à sociedade. Além disso,
auditoria.
pode e deve ser o grande fomentador, ar-
ticulador e facilitador desse novo modelo II. As solicitações de certificação inicial
que se configura de fazer negócios (INME- poderão continuar a ser concedidas com
TRO, 2012). base na norma ABNT NBR 16001:2004 em
até 12 (doze) meses contados da publica-
Nesse contexto, o Brasil é um dos pio-
ção desta Portaria.
neiros nesse movimento, contribuindo a
partir da elaboração uma norma nacional III. As solicitações de recertificação
de responsabilidade social, inicialmente poderão continuar a ser concedidas com
a ABNT NBR 16001:2004 e hoje, a ABNT base na norma ABNT NBR 16001:2004 em
NBR 16001:2012 7 - Responsabilidade So- até 24 (vinte e quatro) meses contados da
cial – Sistema de gestão – Requisitos, para publicação desta Portaria.
a qual o Inmetro desenvolveu o Programa
Brasileiro de Certificação em Responsabi-
IV. Todas as certificações vigentes con-
cedidas com base na norma ABNT NBR
lidade Social. O Brasil também liderou, em
16001:2004 deverão ser migradas para a
parceria com a Suécia, o Grupo de Traba-
versão atual da norma ou serem cancela-
lho da ISO (Internatinal Organization for
das no prazo de 36 (trinta e seis) meses,
Standardization) incumbido de elaborar a
contar da data de publicação desta Porta-
ISO 26000:2010 – Diretrizes em respon-
ria.
sabilidade social, publicada em 1º de no-
vembro de 2010. Ou seja:
O Inmetro desenvolveu o Programa até 02 de agosto de 2013, as organi-
Brasileiro de Certificação em Responsabi- zações poderão solicitar certificação ini-
lidade Social de acordo com a NBR 16001, cial com base na norma antiga (ABNT NBR
desde a sua primeira versão, e agora de- 16001:2004);
finiu um plano de transição (por meio da
as empresas já certificadas na primei-
7- A NBR ISO 16001, publicada em 03 de julho de 2012, com va-
lidade a partir de 03 de agosto de 2012, estabelece os requisitos ra versão poderão solicitar recertificação
mínimos relativos a um sistema de gestão da responsabilida-
de social, permitindo que a organização formule e implemen- até 02 de agosto de 2014;
te uma política e objetivos que levem em conta seus compro-
missos com: a) a responsabilização; b) a transparência; c) o a partir de 02 de agosto de 2015, to-
comportamento ético; d) o respeito pelos interesses das partes
interessadas; e) o atendimento aos requisitos legais e outros das as organizações deverão ter migrado
requisitos subscritos pela organização; f) o respeito às normas
internacionais de comportamento; g) o respeito aos direitos
humanos; e, h) a promoção do desenvolvimento sustentável. 8- http://www.inmetro.gov.br/legislacao/rtac/pdf/RTAC001888.
(http://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=091309) pdf
29

para a versão de 2012. nos; práticas trabalhistas, práticas justas


de operações; questões do consumidor,
A Norma propõe uma visão holística,
ambiente, envolvimento e desenvolvi-
em que as questões essenciais de gover-
mento da comunidade, conforme ilustra-
nança organizacional são: direitos huma-
do abaixo:

Figura 7: Princípios de Responsabilidade Social.


Fonte: ISO 26000.

A norma define responsabilidade social ternacionais de comportamento;


como sendo a responsabilidade de uma
esteja integrada em toda a organiza-
organização pelos impactos de suas deci-
ção e seja praticada em suas relações.
sões e atividades na sociedade e no meio
ambiente, por meio de um comportamen- Os princípios que regem a norma
to ético e transparente que: são os seguintes:
contribua para o desenvolvimento accountability (responsabiliza-
sustentável, inclusive a saúde e o bem- ção) – assumir voluntariamente as res-
-estar da sociedade; ponsabilidades pelas consequências de
leve em consideração as expectati- suas ações e decisões, respondendo pe-
vas das partes interessadas; los seus impactos na sociedade e no meio
ambiente, prestando contas aos órgãos
esteja em conformidade com a legis- de governança e demais partes interessa-
lação aplicável; das;
seja consistente com as normas in-
30

transparência – fornecer às partes cotidiana.


interessadas de forma acessível, clara,
b) Direitos humanos: inclui verifica-
compreensível e em prazos adequados
ção de obrigações e de situações de risco;
todas as informações sobre os fatos que
resolução de conflitos; direito civis, polí-
possam afetá-las;
ticos, econômicos, sociais e culturais; di-
comportamento ético – agir de reitos fundamentais do trabalho; evitar a
modo aceito como correto pela sociedade cumplicidade e a discriminação; e cuidado
e de forma consistente com as normas in- com os grupos vulneráveis.
ternacionais de comportamento;
c) Práticas trabalhistas: refere-se
considerações pelas partes inte- tanto a emprego direto quanto ao tercei-
ressadas (stakeholders) – ouvir, con- rizado e ao trabalho autônomo. Inclui em-
siderar e responder aos interesses das prego e relações do trabalho; condições
pessoas ou entidades que tenham um de trabalho e proteção social; diálogo so-
interesse identificável nas atividades da cial; saúde e segurança ocupacional; de-
organização; senvolvimento humano dos trabalhado-
res.
respeito ao Estado de Direito –
ponto de partida mínimo para ser consi- d) Meio ambiente: inclui prevenção
derado socialmente responsável, cumprir da poluição; uso sustentável de recursos;
integralmente as leis do local onde está combate e adaptação às mudanças climá-
operando; ticas; proteção e restauração do ambien-
te natural; e os princípios da preocupação,
respeito às Normas Internacionais do ciclo de vida, da responsabilidade am-
de Comportamento – adotar prescrições biental e do “poluidor pagador”.
de tratados e acordos internacionais fa-
voráveis à responsabilidade social, mes- e) Práticas operacionais justas:
mo que não obrigada por lei; compreende combate à corrupção; en-
volvimento político responsável; concor-
direito humanos – reconhecer a im- rência e negociação justas; promoção da
portância e a universalidade dos direitos
responsabilidade social na esfera da influ-
humanos, cuidando para que as ativida-
ência da organização e respeito aos direi-
des da organização não os agridam direta
tos de propriedade.
ou indiretamente, zelando pelo ambiente
econômico, social e natural que requerem. f) Questões dos consumidores: in-
clui práticas justas de negócios, marke-
São temas centrais desta norma: ting e comunicação; proteção à saúde e a
a) Governança organizacional: tra- segurança do consumidor; consumo sus-
ta de processos e estruturas de tomada tentável; serviço e suporte pós-forneci-
de decisão, delegação de poder e contro- mento; privacidade e proteção de dados;
le. O tema é, ao mesmo tempo, algo sobre acesso a serviços essenciais; educação e
o qual a organização deve agir e uma for- conscientização.
ma de incorporar os princípios da respon- g) Envolvimento com a comunida-
sabilidade social à sua forma de atuação
31

de e seu desenvolvimento: refere-se ao pios de responsabilidade social extraídos


envolvimento com a comunidade; inves- de várias fontes e fornece diretrizes em
timento social; desenvolvimento tecno- relação a eles.
lógico; investimento responsável; criação
7º. Diretrizes sobre temas de res-
de empregos; geração de riqueza e renda;
ponsabilidade social – oferece orienta-
promoção e apoio à saúde, à educação e à
ção separada em uma gama de assuntos/
cultura.
questões centrais e as relaciona às orga-
Segundo Carvalho e Miguel (2012), ba- nizações.
seando-se em dados do INMETRO, a ISO 8º. Diretrizes para todas as organi-
26000 é uma norma de diretrizes, sem o zações na implementação da respon-
objetivo da certificação, com o propósito sabilidade social – fornece diretrizes
de ser aplicável a todos os tipos e porte de práticas para a implementação da respon-
organizações (pequenas, médias, e gran- sabilidade social e sua integração com a
des) e de todos os setores (governo, ONGs organização.
e empresas privadas). A estrutura com-
preende as seguintes partes: 9º. Anexos – apresenta uma relação de
ferramentas existentes no campo dos te-
1º. Introdução – fornece informações mas que a norma aborda. Anexo A – apre-
sobre o conceito da norma de diretrizes e senta um cardápio de algumas iniciativas
os motivos de sua elaboração. e ferramentas voluntárias relacionadas à
2º. Escopo – define o assunto da nor- RS, de caráter regional ou internacional,
ma, sua abrangência e os limites de sua identificadas à época. Anexo B – contém
aplicabilidade. abreviaturas usadas na norma.

3º. Referências normativas – apre- 3.2 Programa Brasileiro de


senta uma lista de documentos que de-
vem ser lidos juntamente com a norma de Certificação em Responsa-
diretrizes; e escopo. bilidade Social
4º. Termos e definições – identifica os Em 2006, o INMETRO publicou atra-
termos usados na norma que precisam ser vés da Portaria INMETRO n.º 027, de
definidos e fornece tais definições. 09/02/2006, um Regulamento de Ava-
liação da Conformidade (RAC) com base
5º. O contexto da responsabilida- na NBR 16001 – Responsabilidade Social
de social em que as organizações atu-
– Requisitos. O processo de elaboração
am – apresenta os contextos histórico e
do RAC foi extremamente participativo e
contemporâneo relacionados ao tema e
contou com o apoio e envolvimento de to-
também coloca questões emergentes da
dos os setores da sociedade. 9
natureza do conceito de responsabilidade
social. Em abril de 2007 foi, oficialmente, lan-
6º. Princípios de responsabilidade 9- Hoje está em vigor a Portaria n.º 618 de 21/12/2015, a qual
pode ser encontrada na íntegra no site: http://www.inmetro.
social relevantes a todas as organiza- gov.br/legislacao/rtac/pdf/RTAC002352.pdf. É preciso ficar
atento, pois estas portarias são revogadas e outras surgem em
ções – identifica um conjunto de princí- intervalos muito pequenos.
32

çado o Programa Brasileiro de Avaliação ra Ltda (INMETRO, 2012; CARVALHO; MI-


da Conformidade em Responsabilidade GUEL, 2012, p. 425).
Social, juntamente com a entrega do 1.º
Em 2011, foi realizada uma pesquisa
Certificado.
com organizações certificadas na norma
Hoje o Brasil já conta com 21 empresas ABNT NBR 16001:2004, pesquisa esta
certificadas e 3 organismos de certifica- decidida pela ABNT/CEE RS sendo recebi-
ção dentro do Sistema Brasileiro de Ava- das respostas de 16 organizações certifi-
liação da Conformidade, a saber: cadas.

- FCAV – Fundação Carlos Alberto Van- Vale a pena conferir os resultados com-
zolini; pilados dessa pesquisa.

- BRTUV Avaliações da Qualidade S.A.; Quanto ao nível de dificuldade de im-


plantação de cada requisito da norma veja
- BVQI do Brasil Sociedade Certificado-
o gráfico abaixo:

Gráfico 1: Nível de dificuldade de implantação de cada requisito da norma.


Fonte: http://www.inmetro.gov.br/qualidade/responsabilidade_social/palestras/pesquisa_com_organizacoes_
certificadas.pdf
33

Quanto às necessidades de mudanças nos requisitos da norma:

Gráfico 2: Necessidades de mudanças nos requisitos da norma.


Fonte: http://www.inmetro.gov.br/qualidade/responsabilidade_social/palestras/pesquisa_com_organizacoes_cer-
tificadas.pdf

Metade dos respondentes concordou da organização em atrair e manter seus


que a norma deve conter requisitos de de- clientes/usuários, 44% concordaram par-
sempenho, enquanto a outra metade não cialmente, 25% totalmente, para 25% foi
concordou. indiferente e 6% não avaliaram. Quanto
às contribuições da norma para melhorar
Quanto à contribuição da norma para
ou fortalecer a imagem e reputação da or-
melhorar o relacionamento da organiza-
ganização, 63% concordaram totalmente
ção com algumas das partes interessadas,
e 37% concordaram parcialmente. 69%
56% concordaram totalmente; 38% con-
concordaram totalmente que a norma
cordaram parcialmente e 6% não avalia-
agrega valor para a organização.
ram.
Valores que mostram a aceitação e im-
Sobre a certificação ter contribuído
portância da norma para as organizações!
para melhorar a capacidade da organi-
zação de atrair e manter trabalhadores,
50% concordaram totalmente, 31% con-
cordaram parcialmente, para 13% foi in-
diferente e 6% não avaliaram.

Em relação a melhorar a capacidade


34
UNIDADE 4 – Certificação OHSAS 18000
– Segurança e Saúde Ocupacional
Segundo a BSI (2013), muitas organi- planejamento da identificação de pe-
zações estão implementando um Sistema rigos, avaliação de riscos e controle dos
de Gestão de Saúde e de Segurança Ocu- riscos;
pacional (SGSSO) como parte de sua es- estrutura e responsabilidade;
tratégia de gestão de riscos para lidar com
mudanças na legislação e proteger seus treinamento, conscientização e com-
colaboradores. petência;
consulta e comunicação;
Um SGSSO promove um ambiente de
trabalho seguro e saudável através de controle operacional;
uma estrutura que permite à sua organi- prontidão e resposta a emergências;
zação identificar e controlar consistente-
medição de desempenho, monitora-
mente seus riscos à saúde e segurança,
mento e melhoria.
reduzir o potencial de acidentes, auxiliar
na conformidade legislativa e melhorar o A OHSAS 18001 pode ser adotada por
desempenho geral. qualquer organização que deseja imple-
mentar um procedimento formal para re-
A OHSAS 18001:2007 é uma especi-
dução dos riscos associados com saúde e
ficação de auditoria internacionalmente
segurança no ambiente de trabalho para
reconhecida para sistemas de gestão de
os colaboradores, clientes e o público em
saúde ocupacional e segurança. Foi de-
geral (BSI, 2013).
senvolvida por um conjunto de organis-
mos comerciais líderes, organismos inter- Carvalho e Miguel (2012) também con-
nacionais de normas e certificação com firmam que a certificação OHSAS 18001
foco em uma lacuna para a qual não existe (Occupational Health and Safety Asses-
uma norma internacional certificável por sment Series) demonstra o compromisso
organismos certificadores. de uma organização com a segurança, hi-
giene e saúde no trabalho, alinhado com a
A OHSAS 18001 foi desenvolvida com
legislação vigente. A OHSAS 18001 pode
compatibilidade com a ISO 9001 e a ISO
ser adotada por organizações de quais-
14001, para ajudar a organização a cum-
quer porte e natureza que desejam imple-
prir com suas obrigações de saúde e se-
mentar um sistema formal de gestão para
gurança de um modo eficiente, o que se
redução dos riscos associados com saúde
dá mediante formulação de uma política
e segurança no ambiente de trabalho para
e objetivos para a saúde ocupacional e a
os colaboradores, clientes e o público em
segurança, baseada nos conceitos de me-
geral.
lhoria contínua e conformidade regulató-
ria. A norma especifica requisitos desen-
volvidos em conjunto por um grupo de
A OHSAS 18001 foca as seguintes áre-
organismos de normalização nacionais na
as chave:
Austrália, Inglaterra, Irlanda, dentre ou-
35

tros, de organismos de certificação inter- A norma inicia definindo uma série de


nacionais (BVQI, DNY, Lloyds, SGS, entre termos importantes relacionados à segu-
outros) e outras partes interessadas. rança, higiene e saúde no trabalho (risco
aceitável, incidente, danos para a saúde,
Um sistema de gestão de saúde e se-
avaliação de riscos, dentre outros), bem
gurança ocupacional visa promover um
como estabelece, a exemplo de outras
ambiente de trabalho seguro e saudável,
normas, requisitos gerais e específicos à
implementado por meio de uma estrutu-
gestão da estrutura organizacional.
ra organizacional que permite identificar
e controlar os riscos à saúde e segurança, A organização inicia com a definição da
reduzir o potencial de acidentes, auxiliar política de Segurança e Saúde do Traba-
na conformidade legislativa e melhorar o lho (SST) considerando, no planejamento,
desempenho geral, buscando o bem-es- requisitos relativos à identificação de pe-
tar das partes interessadas. rigos, avaliação de riscos e determinação
de medidas de controle, além de requisi-
A base para essa norma vem da publica-
tos legais e outros requisitos.
ção da norma inglesa BS 8800, em 1996.
No ano seguinte, a ISO define que a Orga- Na implementação e operação do SST,
nização Internacional do Trabalho (OIT) é os recursos atribuições, responsabilida-
o organismo adequado para editar norma de, obrigações e autoridade devem ser
sobre este assunto. estabelecidos, bem como competência,
formação e sensibilização dos colabora-
A primeira versão da norma foi lança-
dores, comunicação interna entre os vá-
da em 1999 e revisada em 2007. Diversas
rios níveis e funções da organização, sub-
mudanças foram introduzidas desde a pri-
contratados e outros visitantes do local
meira edição, que refletem a extensa uti-
de trabalho e outras partes interessadas.
lização e experiência com a OHSAS 18001
O SST deve ter estrutura de documenta-
em mais de 80 países e cerca de 16.000
ção com controle de documentos, contro-
organizações certificadas no mundo.
le operacional e preparação e resposta a
Em 2000, é publicada a OHSAS emergências.
18002:2000; em 2001, a OIT publica final-
Para verificação do SST, a longo prazo,
mente a ILO-OSH-2001 e, em 2007, ocorre
a organização deve estabelecer e manter
a atualização da OHSAS 18001:2007.
procedimentos para a medição e monito-
Uma das principais alterações na norma ramento do desempenho e avaliação da
é a ênfase muito maior dada à saúde do conformidade.
que somente à segurança, além da melho-
Outro grupo de requisitos considera a
ria no alinhamento à ISO 14001:2004 para
investigação de acidentes, não conformi-
permitir às organizações o desenvolvi-
dades e ações corretivas e preventivas e
mento de sistemas integrados de gestão.
auditorias internas. A organização deve
A partir de 30 de junho de 2009, as em- rever o SST em intervalos planejados,
presas somente poderiam ser certificadas identificando oportunidades de melhoria
na versão 2007. e necessidade de alterações no SST, para
36

assegurar a sua contínua adequação. 4.4.7 – Preparação e respostas a


emergências
No Brasil existem 10 órgãos que fazem
a certificação OHSAS 18001. A estimati- 4.5 – Verificação
va é de que pouco mais de 400 empresas 4.5.1 – Monitoramento e medição
sejam certificadas pela OHSAS 18001 no de desempenho
país, tais como: Bradesco, Braskem, CPFL, 4.5.2 – Avaliação do atendimento
Embraer, Phillips, SABESP, Siemens, Vol- a requisitos legais e outros
vo, Votorantim, entre outras. A Whirlpool, 4.5.3 – Investigação de incidentes,
por exemplo, possui a certificação OHSA5 não conformidades, ação correti-
18001 em todas as suas unidades (CAR- va e ação preventiva
VALHO; MIGUEL, 2012). 4.5.4 – Controle de registros
A norma OHSAS contém: 4.5.5 – Auditoria interna
4.6 – Análise crítica pela administra-
INTRODUÇÃO
ção
1 – Objetivo
2 – Referências normativas
3 – Termos e definições
4 – Requisitos do sistema da gestão de
saúde e segurança ocupacional
4.1 – Requisitos gerais
4.2 – Política de saúde e segurança
ocupacional – SSO
4.3 – Planejamento
4.3.1 – Identificação de perigos,
avaliação de riscos e determina-
ção de controles
4.3.2 - Requisitos legais e outros
4.3.3 – Objetivos e programas
4.4 – Implementação e operação
4.4.1 – Recursos, papéis, respon-
sabilidades e autoridades
4.4.2 – Competência, treinamento
e conscientização
4.4.3 – Comunicação, participação
e orientação
4.4.4 – Documentação
4.4.5 – Controle de documentos
4.4.6 – Controle operacional
37
UNIDADE 5 – Certificação Para Sistemas
de Segurança
5.1 Importância e justifica- rantir a integridade, confidencialidade,
autenticidade e disponibilidade das infor-
tivas para certificação para mações processadas pela instituição.
sistemas de segurança Integridade de informações consiste
Não somente a área de saúde, mas ci- na fidedignidade de informações. Sinaliza
tando esta como exemplo, utiliza siste- a conformidade de dados armazenados
mas informatizados para capturar, arma- com relação às inserções, alterações e
zenar, manusear e transmitir dados do processamentos autorizados efetuados.
atendimento em saúde. Há uma tendên- Sinaliza, ainda, a conformidade dos dados
cia crescente em substituir o papel pelo transmitidos pelo emissor com os recebi-
formato eletrônico, entretanto, é um as- dos pelo destinatário. A manutenção da
sunto complexo em vista de inúmeros fa- integridade pressupõe a garantia de não
tores, sendo a confiabilidade e segurança violação dos dados com intuito de alte-
dois deles. ração, gravação ou exclusão, seja ela aci-
dental ou proposital.
Como diz a introdução do Manual de
Boas Práticas do Tribunal de Contas da Confidencialidade de informações
União (TCU, 2012, p. 6): consiste na garantia de que somente pes-
soas autorizadas tenham acesso às infor-
Na época em que as informações
mações armazenadas ou transmitidas por
eram armazenadas apenas em pa-
meio de redes de comunicação. Manter a
pel, a segurança era relativamente
confidencialidade pressupõe assegurar
simples. Bastava trancar os docu-
que as pessoas não tomem conhecimen-
mentos em algum lugar e restringir
to de informações, de forma acidental ou
o acesso físico àquele local. Com as
proposital, sem que possuam autorização
mudanças tecnológicas e o uso de
para tal procedimento.
computadores de grande porte, a
estrutura de segurança ficou um Autenticidade de informações con-
pouco mais sofisticada, englobando siste na garantia da veracidade da fonte
controles lógicos, porém ainda cen- das informações. Por meio da autentica-
tralizados. Com a chegada dos com- ção, é possível confirmar a identidade da
putadores pessoais e das redes de pessoa ou entidade que presta as infor-
computadores que conectam o mun- mações.
do inteiro, os aspectos de segurança
Disponibilidade de informações con-
atingiram tamanha complexidade
siste na garantia de que as informações
que há a necessidade de desenvolvi-
estejam acessíveis às pessoas e aos pro-
mento de equipes e métodos de se-
cessos autorizados, a qualquer momento
gurança cada vez mais sofisticados.
requerido, durante o período acordado
A segurança de informações visa ga- entre os gestores da informação e a área
38

de informática. Manter a disponibilida- Anteriormente, Res. N.º 1639/2002


de de informações pressupõe garantir a que definia as “Normas Técnicas para o
prestação contínua do serviço, sem inter- Uso de Sistemas Informatizados para a
rupções no fornecimento de informações Guarda e Manuseio do Prontuário Médico”,
para quem é de direito. dispondo sobre o tempo de guarda dos
prontuários, estabelecendo critérios para
A importância do zelo pela segurança
certificação dos sistemas de informação e
de informações reside no fato de um ati-
dando outras providências.
vo ser muito importante para qualquer
instituição, podendo ser considerado, A Certificação SBIS/CFM se baseia em
atualmente, o recurso patrimonial mais conceitos e padrões internacionais da
crítico. Informações adulteradas, não dis- área de Informática em Saúde, muitos dos
poníveis, sob conhecimento de pessoas quais já foram traduzidos para o Portu-
de má-fé ou de concorrentes podem com- guês e reconhecidos como padrões brasi-
prometer significativamente, não apenas leiros.
a imagem da instituição perante terceiros,
Um segundo produto dessa parceria
como também o andamento dos próprios
foi a elaboração do Manual de Requisitos
processos institucionais. É possível invia-
de Segurança, Conteúdo e Funcionalida-
bilizar a continuidade de uma instituição
des para Sistemas de Registro Eletrônico
se não for dada a devida atenção à segu-
em Saúde (RES). Com base neste manu-
rança de suas informações (TCU, 2012).
al, publicado em 2004, no sítio da SBIS e
Voltando ao nosso exemplo da saúde, do CFM, teve início a Fase 1 do Processo
em 2002, uma parceria entre a Socieda- de Certificação, e que até 2007 contava
de Brasileira de Informática em Saúde10 com mais de 70 sistemas autodeclarados
(SBIS) e o Conselho Federal de Medicina (através de seus representantes legais)
(CFM) levou a aprovação da Resolução N.º como estando aderentes ao conjunto de
1821/07: requisitos da versão 2.1 do Manual. A Fase
1 teve seu objetivo de preparar o mercado
Aprova as normas técnicas con-
para o processo de Certificação, o que foi
cernentes à digitalização e uso dos
plenamente atingido (LEÃO; COSTA; FOR-
sistemas informatizados para a
MAN, 2007).
guarda e manuseio dos documentos
dos prontuários dos pacientes, au- O manual já se encontra na versão 4.1
torizando a eliminação do papel e a (22/10/2013). Esta versão do Manual de
troca de informação identificada em Certificação para Sistemas de Registro
saúde11 . Eletrônico em Saúde (S-RES) revoga e
10- A SBIS tem como objetivo promover o desenvolvimento de
substitui, a partir da data de início de sua
todos os aspectos da Tecnologia da Informação aplicada à Saú- vigência, todas as suas versões anterio-
de. A tradição da atuação da SBIS é marcada pela realização
de eventos nacionais e internacionais, como congressos, simpó- res (mais adiante voltaremos a falar desse
sios, cursos, seminários e workshops. A SBIS colabora com os
órgãos públicos, como a OPAS, a Finep e o Ministério da Saúde, manual).
bem como com outras entidades e associações de classe, como
o CFM, a Abramge, a Fenaess e o Sindhosp, para citar apenas Segundo a norma NBR ISO/IEC
alguns exemplos (http://www.sbis.org.br/).
11-http://www.portalmedico.org.br/resolucoes/cfm/2007/1821_2007.
17799:2005, segurança da informação é
htm
39

a proteção da informação contra vários Segurança da Informação, mas atenção:


tipos de ameaças de forma a assegurar a norma de certificação é a NBR ISO IEC
a continuidade do negócio, minimizando 27001:2013, a NBR ISO IEC 17799 é so-
danos comerciais e maximizando o retor- mente uma norma de referência contida
no sobre investimentos e oportunidades na norma de certificação.
de negócios. Ainda segundo a NBR ISO/IEC
Todas as grandes organizações do mun-
17799:2005, a segurança da informação
do, sejam públicas ou privadas, já toma-
é caracterizada pela preservação dos três
ram conhecimento sobre as normas ISO
atributos básicos da informação: confi-
27001. Diversas pesquisas demonstram
dencialidade, integridade e disponibilida-
que muitas dessas organizações já estão
de.
incorporando os controles das normas em
Também em relação à segurança, a NBR suas políticas de segurança, haja vista sua
ISO IEC 27001:2006 12 é a norma de certi- importância para as organizações.
ficação para Sistemas de Gestão da Segu-
A importância da ISO 27001 reside no
rança da Informação, editada em portu-
fato da norma permitir que uma empresa
guês, em abril de 2006, e que substituiu a
construa de forma muito rápida uma polí-
BS 7799-2. Esta norma foi preparada para
tica de segurança baseada em controles
prover um modelo para o estabelecimen-
de segurança eficientes. Os outros cami-
to, implementação, operação, monitora-
nhos para se fazer o mesmo, sem a norma,
mento, revisão, manutenção e melhoria
são constituir uma equipe para pesquisar
de um Sistema de Gestão de Segurança
o assunto ou contratar uma consultoria
da Informação.
para realizar essas tarefas.
A NBR ISO IEC 27001 e NBR ISO IEC
Quanto a se adaptar a qualquer tipo de
17799 formam o par consistente de nor-
organização, as normas foram criadas e se
mas relativas ao Sistema de Gestão de Se-
adaptam bem a organizações comerciais.
gurança da Informação.
Instituições de ensino, instituições públi-
Na verdade, a NBR ISO/IEC 17799 é a cas e outras assemelhadas podem ter di-
versão brasileira da norma ISO homologa- ficuldades em implantar certos controles
da pela ABNT, a versão válida é de 2005. da norma devido a seus ambientes serem
É o Código de Prática para Gestão da Se- diferentes dos ambientes de uma empre-
gurança da Informação. Serve como re- sa comercial.
ferência para a criação e implementação
Apesar disso, qualquer organização
de práticas de segurança reconhecidas
pode aproveitar grande parte dos contro-
internacionalmente, incluindo: Políticas,
les da norma para implementar segurança
Diretrizes, Procedimentos, Controles.
da informação em suas instalações.
É um conjunto completo de recomen-
Assim, podemos inferir que Sistema de
dações para: Gestão da Segurança de In-
Gestão de Segurança da Informação é o
formação e Controles e práticas para a
resultado da aplicação planejada de obje-
tivos, diretrizes, políticas, procedimentos,
12- Cancelada em 08/11/2013. Substituída por: ABNT NBR ISO/
IEC 27001:2013. modelos e outras medidas administrati-
40

vas que, de forma conjunta, definem como que segue a suas estruturas e conteúdos.
são reduzidos os riscos para segurança da A 27001 inclui um PDCA semelhante aos
informação. Uma empresa que implante a existentes na ISO 9001 e ISO 14000 com
norma ISO 27001 acaba por constituir um objetivo de estabelecer uma contínua
SGSI. gestão da segurança da informação.

Para constituir um SGSI, em primeiro Quanto à legislação para uso da ISO


lugar, devem-se definir quais são seus 27001, sabemos que as leis variam de
limites (sua abrangência física, lógica e país para país. A rigor não existem leis que
pessoal). Depois devem ser relacionados obriguem o emprego de tais normas. No
os recursos que serão protegidos. Em se- Brasil, existem recomendações no senti-
guida, relacionam-se quais são as possí- do de empregar-se a norma, emitidas por
veis ameaças a esses recursos, quais são entidades como a Fenabam, o Conselho
as vulnerabilidades a que eles estão sub- Federal de Medicina, a ICP-Brasil, dentre
metidos e qual seria o impacto da mate- outros. No Reino Unido, a Data Protection
rialização dessas ameaças. Por fim, com Act promulgada em 1998 e, nos Estados
base nessas informações, são priorizados Unidos, a lei Sarbanes-Oxley (que atinge
os controles necessários para garantir a subsidiárias de empresas americanas de
segurança desses recursos. capital aberto instaladas no Brasil), pro-
mulgada em 2002, determinam cuidados
Para implantar a norma em uma em-
no trato das informações que, na práti-
presa não é obrigatório empregar todos
ca, obrigam as empresas a empregar a
os seus controles. Aplicam-se somente os
ISO 27001 e ISO 17799 como uma forma
controles para os serviços, facilidades, es-
de demonstrarem que estão procurando
paços e condições existentes na empresa.
cumprir os requisitos de segurança deter-
Por exemplo, se a empresa não tem aces-
minados por essas leis.
so remoto de usuários, todos os controles
referentes a esse tipo de acesso podem
ser ignorados.
5.2 Auditoria e pré-audito-
Muito se ouve falar na Declaração de
ria
Aplicabilidade. Este é um documento exi- A norma ISO 27001 pode ser aplicada
gido pela NBR ISO IEC 27001, no qual a em- e realizar apenas uma auditoria interna,
presa tem que relacionar quais controles sendo o procedimento que mais aconte-
do Anexo A são aplicáveis e justificar os ce nas empresas, principalmente porque
que não são aplicáveis ao seu SGSI. elas ainda não identificaram a necessida-
de ou a possibilidade de realizarem o pro-
Vale lembrar que as normas NBR ISO, cesso de certificação.
assim como as de outros países, têm direi-
tos autorais. As normas da série NBR ISO Segundo o site www.xisec.com, até
devem ser adquiridas na Associação Bra- o final de 2004, mais de 2017 empresas
sileira de Normas Técnicas (ABNT). em todo mundo receberam a certifica-
ção BS7799-2; a certificação NBR ISO
A ISO 27001 harmoniza-se com as nor- 27001:2005 até o presente momento
mas ISO 9000 e ISO 14000 na medida em somente 1 empresa obteve no mundo, e
41

esta empresa foi no Brasil, Módulo Secu- se crítica pela direção para verificar o ní-
rity. vel de adequação à norma em questão.

Os certificados são emitidos por entida- A Pré-auditoria tem como principal ob-
des certificadoras acreditadas por órgãos jetivo a detecção de eventuais problemas
de credenciamento nacionais ou interna- conceituais que possam vir a ser desper-
cionais após realização de auditorias do cebidos pela empresa em processo de
SGSI, as quais acontecem em duas etapas: certificação. Seria um exemplo de proble-
ma conceitual, a não aplicação de um re-
1ª) Auditoria de Documentação, conhe-
quisito ou controle que influencie na Se-
cida como Fase 1.
gurança da Informação da empresa. Isto
2ª) Auditoria de Certificação, conheci- pode ocorrer em razão de uma incorreta
da como Fase 2. interpretação da norma para o negócio da
empresa e/ou escopo considerado(s). No
Existe também a Auditoria de Docu-
entanto, nestes casos, a certificação não
mentação que é o primeiro contato com a
pode ser recomendada, causando trans-
equipe auditora, ou seja, faz-se uma análi-
tornos para a empresa e uma certa decep-
se prévia dos documentos e informações,
ção para todos os envolvidos.
muitas vezes confidenciais, nas instala-
ções da própria empresa visando à veri- Essas análises prévias – chamadas pré-
ficação de sua adequação e a segurança -auditoria – acontecem exatamente para
dos dados. reduzir os riscos de não certificação por
problemas de adequação. A Pré-auditoria
A diferença entre a auditoria de do-
é realizada nas instalações da empresa e
cumentação e pré-auditoria é que Audi-
segue os mesmos passos da Auditoria de
toria de Documentação tem como foco a
Certificação: Reunião de Abertura, inves-
seguinte documentação: Declaração de
tigação, relato das não conformidades e
Aplicabilidade, Relatório de Avaliação de
reunião de encerramento. Geralmente, a
Riscos e Análise Crítica pela Direção, entre
equipe auditora da Pré-auditoria será a
outros possíveis documentos associados
mesma da Análise Documental e da Audi-
a estes, conforme aplicável. Esta análise
toria de Certificação.
não contempla procedimentos e práticas
específicos, uma vez que estes são obje- São verificados os procedimentos e a
to da Pré-auditoria, que tem por objetivo documentação em relação à sua adequa-
a análise crítica da adequação do sistema ção à norma de referência. O tempo di-
à norma. mensionado para esta auditoria, normal-
mente não permite que a equipe auditora
Podemos dizer também que Pré-au-
tenha tempo para verificar se as práticas
ditoria é o mesmo que Auditoria de Pré-
descritas na documentação estão ade-
-certificação podendo ou devendo ser
quadamente implementadas, isto é o que
solicitada após a implantação do Sistema
chamamos de auditoria de conformidade,
de Gestão da Segurança da Informação e
que será realizada durante a Auditoria de
após ter realizado pelo menos um ciclo de
Certificação (Inicial) e nas Auditorias de
auditoria interna e pelo menos uma análi-
Manutenção (Anuais ou semestrais).
42

De todo modo, há empresas que optam


por pular a pré-auditoria, principalmente
quando estão seguras que na adequação
e conformidade do seu sistema de gestão
não há problema algum em ir direto para a
Auditoria de Certificação.

Ressalte-se que a Pré-auditoria tem


objetivo distinto da Auditoria de Certifica-
ção. A Pré-auditoria verifica a adequação
do sistema, não colhendo evidências sufi-
cientes de que as práticas refletem o pla-
nejamento contido nos procedimentos. A
verificação da implementação é feita na
Auditoria de Certificação que não pode
ser dispensada em nenhum caso.

Com exceção às Auditorias de Manuten-


ção, que devem ocorrer no mínimo anual-
mente, não há um prazo expressamente
definido para que estes eventos ocorram,
e os mesmos podem ser discutidos e acor-
dados, conforme as necessidades de cada
empresa.

Normalmente, a equipe auditora é for-


mada por um ou dois auditores com expe-
riência em auditoria e conhecimentos do
segmento de negócio da empresa. Por se
tratar de uma norma específica, as audi-
torias do Sistema de Gestão de Seguran-
ça da Informação devem contar sempre
auditores que detenham conhecimentos
técnicos suficientes para compreender
a linguagem dos auditados (FUNDAÇÃO
VANZOLINI, 2006).
43

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em 1992 na Conferência das Nações Uni- biente.
das para o Meio Ambiente e Desenvolvi-
AUDITORIA AMBIENTAL: processo sis-
mento (Rio-92) e que deve ser particu-
temático e documentado de verificação
larizado para os países e suas unidades
e avaliação das condições ambientais em
territoriais, podendo incluir também orga-
um local ou organização, realizado por um
nizações que queiram criar suas próprias
especialista qualificado.
agendas.
BIODIVERSIDADE: expressão que de-
ANÁLISE DO CICLO DE VIDA: método
fine a diversidade da vida na Terra, fator
de avaliação e quantificação dos impac-
primordial para a preservação do equilí-
tos ambientais causados por um produto
brio na natureza.
durante toda sua vida, desde os recursos
naturais e matérias-primas utilizados até BIO-REMEDIAÇÃO: processo de des-
sua disposição final. contaminação do solo ou das águas que
se utiliza de microrganismos como agen-
AQUECIMENTO GLOBAL: acréscimo da
tes para degradar os poluentes.
temperatura média na Terra causada por
alterações na atmosfera provocadas pe- BIOSFERA: camada que envolve a Ter-
las atividades humanas. ra capaz de manter a vida, compreendida
pela atmosfera, o solo e as águas até o
ASBESTOS: compostos naturais cons-
fundo dos oceanos.
tituídos por silicatos de magnésio, apre-
sentando-se sob a forma de fibras alta- BIOTA: conjunto das espécies que habi-
mente resistentes ao calor e capazes de tam uma região, incluindo desde os orga-
provocar, quando inaladas, moléstias pul- nismos unicelulares até as plantas e ani-
monares incluindo o câncer. mais de grande porte.

ASPECTO AMBIENTAL: elemento das CAMADA DE OZÔNIO: faixa de prote-


atividades, produtos e serviços de uma ção que envolve a Terra na alta atmosfera
organização que pode interagir com o e que possui uma concentração de ozônio
meio ambiente. capaz de atuar como um filtro natural no
bloqueio das radiações ultravioletas pro-
ATERRO SANITÁRIO: área para depo-
cedentes do Sol e nocivas à vida no plane-
sição de resíduos sólidos executada em
ta e à saúde humana.
local escolhido e obedecendo a técnicas
adequadas que permitem reduzir os im- CDM - ver MDL: CERTIFICAÇÃO AM-
pactos ambientais. BIENTAL: comprovação documentada do
cumprimento dos compromissos assu-
ATUAÇÃO RESPONSÁVEL: programa
midos por uma organização em respeito
desenvolvido pela indústria química na
ao meio ambiente através de sua política
47

ambiental e de seu sistema de gestão am- vação privilegia sua intocabilidade.


biental.
DESEMPENHO AMBIENTAL: resulta-
CFCs: compostos de Cloro, Flúor e Car- dos alcançados por uma organização so-
bono desenvolvidos pelo homem, utiliza- bre seus aspectos ambientais através do
dos principalmente como gases para re- seu sistema de gestão ambiental.
frigeração, solventes, propelentes para
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL:
“sprays” e material para produção de iso-
desenvolvimento que permite atender às
lantes térmicos. Os CFCs quando liberados
necessidades da geração atual sem com-
na atmosfera, contribuem para a destrui-
prometer o direito das futuras gerações
ção da Camada de Ozônio.
de atenderem suas próprias necessida-
CHUVA ÁCIDA: deposição de substân- des.
cias ácidas dispersas na atmosfera, resul-
DFD (Design for Disassembly - Proje-
tantes principalmente dos gases produzi-
to voltado para a Desmontagem): con-
dos pela queima de combustíveis fósseis.
ceito de projeto de um produto que obje-
CICLO DA ÁGUA: ciclo percorrido pela tiva facilitar sua desmontagem ao final de
água, desde sua evaporação dos oceanos seu ciclo de vida, estimulando a recicla-
e outros corpos d'água para a atmosfera, gem e reaproveitamento de suas partes e
até seu retorno aos oceanos através da componentes. O DFD é parte do DFE.
precipitação atmosférica, infiltração no DFE (Design for Environment - Proje-
solo e cursos dos rios. to voltado para o Meio Ambiente): con-
CICLO DO CARBONO: ciclo deste ele- ceito de projeto que conduz a produtos
mento vital para a vida, através de sua fi- ambientalmente otimizados e economi-
xação nos combustíveis fósseis (petróleo, camente viáveis, levando em conta todo
carvão, gás), sua presença na atmosfera seu Ciclo de Vida.
(especialmente sob a forma de dióxido de DIOXINAS E FURANOS: duas famílias
carbono) e nos organismos vivos. de compostos orgânicos de cloro totali-
COMPOSTAGEM: método de reci- zando 210 substâncias distintas, algumas
clagem de resíduos orgânicos capaz de delas extremamente tóxicas.
transformá-los em adubo. ECOEFICIÊNCIA: capacidade de se pro-
COMPOSTOS ORGÂNICOS VOLÁTEIS: duzirem bens e serviços melhores redu-
compostos que se evaporam e dispersam zindo o uso de recursos naturais, inclusive
com facilidade no ambiente próximo e na água e energia, minimizando-se ao mes-
atmosfera. mo tempo a geração de poluentes.

CONSERVAÇÃO E PRESERVAÇÃO: ati- ECOLOGIA: ciência que estuda as inter-


tudes que exprimem, de formas distintas, -relações dos seres vivos com o meio am-
a preocupação com a natureza e com o biente.
meio ambiente: a conservação admite o
ECOSSISTEMA: unidade básica da na-
aproveitamento controlado do ecossiste-
tureza incluindo os organismos vivos em
ma pelo homem, enquanto que a preser-
48

suas inter-relações com o ambiente de um corpos de água doce.


local determinado, levando em considera-
LIXO: designação vulgar para os resí-
ção os processos físicos, químicos e bioló-
duos sólidos, especialmente aqueles ge-
gicos que os relacionam.
rados nos domicílios e nos espaços muni-
ECOTURISMO: turismo que tem como cipais.
objetivo básico apreciar a vida selvagem e
LIXO DOMÉSTICO: resíduos sólidos ge-
as áreas naturais preservadas.
rados nos domicílios e nos pequenos es-
EFEITO ESTUFA: fenômeno que con- tabelecimentos comerciais.
trola as condições climáticas na Terra
LIXO ORGÂNICO: parte do lixo consti-
através da absorção das radiações solares
tuída de matérias orgânicas, geralmente
pelos gases da atmosfera, assegurando a
úmidas e putrescíveis, em oposição ao lixo
manutenção de uma faixa de temperatura
reciclável, constituído por materiais geral-
adequada à vida.
mente secos e que podem ser reaprovei-
EFLUENTE: descarga líquida prove- tados.
niente de atividades produtivas ou siste-
LIXÕES: aterros a céu aberto, criados
mas de escoamento.
sem técnica nem controle adequado de
EMISSÃO: descarga ou liberação de seus impactos.
substâncias poluentes no meio ambiente.
MDL - MECANISMO DE DESENVOL-
Refere-se geralmente a gases e vapores.
VIMENTO LIMPO: mecanismo criado no
EUTROFIZAÇÃO: processo de altera- âmbito do Protocolo de Kyoto que permi-
ção de corpos d'água devido à adução de te aos países industrializados (que têm
nutrientes, gerando como uma das conse- compromisso de reduzir suas emissões de
quências a proliferação das plantas aquá- gases geradores do efeito estufa) finan-
ticas. ciarem projetos de redução ou “compra-
rem” os volumes de redução das emissões
GASES DE EFEITO ESTUFA: gases ca- resultantes de projetos em países em de-
pazes de absorver energia e aumentar a
senvolvimento.
temperatura da atmosfera, contribuindo
para o surgimento de mudanças climáti- MEIO AMBIENTE: entorno onde atua
cas. um indivíduo ou organização, incluindo
solo, água, ar, recursos naturais, flora,
GESTÃO AMBIENTAL: controle do meio fauna, seres humanos e todas suas inter-
ambiente físico de forma a manter seu
-relações.
uso com o mínimo de degradação.
METAIS PESADOS: metais que por
IMPACTO AMBIENTAL: qualquer mo- suas características tendem a se fixar nos
dificação no meio ambiente, adversa ou
organismos vivos e incorporam-se nas
benéfica.
cadeias alimentares, provocando efeitos
LIMNOLOGIA: estudo dos processos tóxicos e, muitas vezes, letais nesses or-
físicos, químicos e biológicos e suas inte- ganismos. Os metais pesados mais noci-
rações que podem afetar o ambiente nos vos são o chumbo, o mercúrio, o cádmio e
49

o cromo na sua forma hexavalente. radiações ionizantes e não ionizantes, até


os aspectos visuais degradantes.
MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS: aborda-
gem para a destinação dos resíduos que POP – POLUENTES ORGÂNICOS PER-
visa reduzir a geração dos mesmos, atra- SISTENTES: POPs são produtos químicos
vés do projeto de produtos ecológicos, desenvolvidos pelo homem que não se
uso de processos produtivos calcados em degradam ou combinam facilmente, re-
tecnologias mais limpas e estímulo à reci- sultando em passivos ambientais de difícil
clagem e ao reuso dos produtos e emba- controle e eliminação. Entre eles contam-
lagens. -se os PCBs, o DDT e diversos pesticidas e
inseticidas.
MUDANÇAS CLIMÁTICAS: alterações
no clima atribuíveis à influência das ati- PÓS-CONSUMO: diz-se da condição
vidades humanas sobre a atmosfera ter- dos produtos que, após sua vida útil, são
restre, especialmente pelas emissões dos descartados aumentando o volume dos
chamados gases de efeito estufa, e das resíduos gerados pela sociedade e, em
alterações da cobertura florestal da su- muitos casos, causando impactos am-
perfície terrestre provocadas pelos des- bientais que decorrem de substâncias pe-
matamentos e queimadas. rigosas que podem conter.

OZÔNIO: gás formado por moléculas PREVENÇÃO DA POLUIÇÃO: utilização


constituídas por três átomos de oxigênio de processos, práticas, materiais ou pro-
ao invés de dois (como é o oxigênio co- dutos que evitem, controlem ou reduzam
mum que respiramos). a poluição.

PCB: compostos orgânicos sintéticos PROTOCOLO DE KYOTO: documento


(desenvolvidos pelo homem) largamente negociado e firmado na cidade de Kyoto,
utilizados como óleos isolantes de trans- Japão, em 1997, pelo qual os países de-
formadores e capacitores elétricos até os senvolvidos se comprometem a reduzir
anos 1980. Suas características tóxicas e em 5,2%, entre 2008 e 2012, suas emis-
a atribuição de propriedades canceríge- sões de gases contribuintes para o efeito
nas aos PCBs levaram à proibição de sua estufa referidas aos níveis de emissão de
produção e descarte no meio ambiente. 1990.

POLÍTICA AMBIENTAL: declaração de RECICLAGEM: abordagem para a desti-


intenções e princípios de uma organiza- nação de resíduos que visa o reaproveita-
ção em relação ao seu desempenho am- mento de matérias-primas e substâncias
biental global. que são reinseridas no ciclo produtivo,
evitando-se seu descarte no meio am-
POLUIÇÃO: resultando das atividades biente.
humanas que causam dano ao meio am-
biente e à saúde, a poluição compreende REDUÇÃO NA FONTE: abordagem para
tudo que é indesejável gerado sob a for- o desenvolvimento de processos produ-
ma de resíduos sólidos, efluentes líqui- tivos e da concepção de produtos e suas
dos, emissões gasosas, ruídos, odores, embalagens que visa reduzir e, se possí-
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vel, eliminar na origem, a geração de resí- co, vulgarmente designado por “selo ver-
duos. de”.

RESÍDUO: tudo o que resta, sobra, não SEQUESTRO DO CARBONO: fixação


é desejado e deveria ser evitado. Pode ser do carbono existente na atmosfera (sob a
um desperdício do processo produtivo, forma de dióxido de carbono, identificado
um produto ao fim de sua vida útil, uma como um dos principais contribuintes para
matéria-prima para um reciclador. o aquecimento global) através de iniciati-
vas, tais como projetos de florestamento
RESÍDUOS ESPECIAIS: resíduos com
e reflorestamento.
características tais que requerem desti-
nação controlada, especialmente aqueles SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL: sis-
que contêm substâncias perigosas. tema interno que regula as atividades de
uma organização em tudo que se refere
RESÍDUO PERIGOSO: resíduo que, por
ao meio ambiente, assegurando a aplica-
suas características nocivas ao meio am-
ção de sua política ambiental e possibi-
biente requer cuidados e destinação es-
litando, através de auditoria específica,
peciais.
sua certificação ambiental.
RESÍDUO DE SERVIÇO DE SAÚDE: re-
TECNOLOGIA LIMPA: tecnologia que
síduo com características patogênicas ge-
torna mínimos ou inexistentes os impac-
rado em estabelecimentos de dedicados à
tos ambientais causados pelas atividades,
saúde, tais como hospitais, ambulatórios,
produtos e serviços de uma organização
clínicas, farmácias, entre outros.
(MOURA, 2012).
RESÍDUO SÓLIDO MUNICIPAL: resíduo
gerado no âmbito do município, incluindo
os resíduos domiciliares, os resíduos de
varrição, podas de árvores, entre outros.

REUSO: abordagem para a destinação


de produtos e embalagens descartados
que visa utilizá-los mais de uma vez, au-
mentando seu ciclo de vida e reduzindo,
consequentemente, o volume de resíduos
a dispor. Garrafas retornáveis e cartuchos
de impressoras re-enchidos são exemplos
de reuso.

RISCO AMBIENTAL: potencial do dano


que um impacto pode causar sobre o meio
ambiente.

RÓTULO AMBIENTAL: identificação da


qualidade ambiental de um produto atra-
vés de símbolos, gráfico ou selo específi-
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