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ESPECIAL

ANOS

JORNAL METROPOLITANO DA CAPITAL ANGOLANA


25 de Janeiro de 2019 • Ano 1 • Edição Especial • • Preço: 100Kz

443ºANIVERSÁRIO

Parabéns Luanda!
Luanda é uma cidade em franco crescimento. Hoje com mais de oito milhões de habitantes, prevê-se que,
em 2030, tenha mais de 12 milhões de pessoas. Para satisfazer essa demanda, está projectado a construção
de 13 novos hospitais, 174 novos centros de saúde, 1.500 novas escolas e 1,4 milhões de novas habitações.

MENSAGEM
GOVERNO REAFIRMA COMPROMISSO
DE RESOLVER OS PROBLEMAS p. 03
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OPINIÃO
Sexta-feira, 25 de Janeiro de 2019
ESPECIAL

ANOS

NOTA DO DIA Luandando Postal da Cidade


Escreva-nos por e-mail para: jornal.luanda@edicoesnovembro.co.ao

AGOSTINHO NARCISO | EDIÇÕES NOVEMBRO

Editor
CRISTINA DA SILVA
Directora Executiva

UM PLANO LUANDA, MINHA


DE ESPERANÇA QUERIDA LUANDA
“Minha cidade é linda/ É de bem Luanda é a cidade que me acolheu e transformou-me no
querer/ A minha cidade é lin- homem que sou hoje. Embora não tenha nascido aqui,
da/Hei de ama-la até morrer”, can- tenho afinidades com ela e com o seu modo de vida.
tou o músico e compositor Dioní- Temos em comum o mês de Janeiro. Sou um luandense
sio Rocha. A letra demonstra bem de coração. Nasci no bairro Santos, baptizado com esse
o amor e esperança que se tem pe- nome em homenagem ao meu bisavô paterno, na
la cidade de Luanda. pequena vila do Chitato, na Lunda Norte. Na minha
Em 443 anos, a capital ainda está adolescência, visitei várias vezes Luanda durante as férias
longe de ser um lugar melhor para escolares. Algumas vezes ficava hospedado em casa de
se viver, tal como se previa. Várias uma tia, já falecida, no Bairro Popular, e outra vezes, na
razões concorrem para isso mesmo. casa de um tio, na rua Nicolau Gomes Spencer, no
A construção anárquica e o cresci- Maculusso. Em 1992, fixei-me difinitivamente em Luanda,
mento populacional são algumas devido à guerra que assolava o país. Tinha 17 anos de Contraste dos fiscais e outras mil e uma situa-
das dessas razões. A construção de idade e Luanda 416. Primeiro, vivi no Maculusso e depois CIDADE ENIGMÁTICA ções negativas. Os aspectos positivos
residência, em vários pontos de pas- no Martíres de Kifangondo. Pelo meio, residi durante As luzes escondem a outra face de são ofuscados pelo emaranhado de “
sagem de água, faz de Luanda um algum tempo no bairro Grafanil, antes de regressar ao Luanda. Ela tem duas faces. De dia, makas”. De noite, parece que as “ corti-
lugar improvável em tempo chu- antigo bairro Salazar. Já morei também no Cassequel, aos nossos olhos, a capital mostra aos nas” se fecham para deixar “ actuar”
voso, deixando boa parte das suas Cassenda, Futungo, Prenda e Marçal. Já fui um “gira bairro”. seus habitantes e visitantes vários ce- uma Luanda transfigurada. Face limpa
ruas inapropriada para circulação. Luanda é a minha cidade. Tenho com ela um caso de nários: um trânsito caótico, zonas e e iluminada. O breu da noite e as luzes
Reforma é o que se espera e urge, amor, que ultrapassa as dificuldades do dia-a-dia. Sou um bairros degradados, águas fétidas a dão-lhe um toque mágico. Até chegar
para que Luanda tenha uma digni- luandense feliz, que gosta da cidade onde vive, apesar de escorrerem por várias ruas, zunguei- o alvorecer, a Luanda que a todos aco-
dade melhor. As ruas terciárias e se- todos os seus problemas. ras que andam assustadas por causa lhe, permanece enigmática.
cundárias carecem de uma atenção Em tempos idos, o Governo da Província de Luanda tinha
especial. A reabilitação de antigos um lema: “Luanda, nossa casa comum.” Ela é, de facto, “a
edifícios, toponímia dos novos e an-
tigos bairros, água potável, energia
casa comum” dos angolanos, pois, de tão generosa que é,
não faz distinção entre os seus filhos, quer nascidos aqui
Carta do leitor
eléctrica, iluminação pública, segu- quer aqueles que a escolheram para viver.
rança pública e outros, são matérias Nestes 27 anos em que vivo em Luanda, vi uma cidade
que se seguidas à risca podem ele- em constante transformação. A paisagem aos poucos
var a qualidade de vida do cidadão. mudou. Foram erguidos muitos prédios. Escolas, hospitais,
O Plano Director Geral Metropoli- abertas novas vias e construídos viadutos. Surgiram
tano de Luanda continua a ser a es- centralidades. Primeiro, disseram-nos que eram
perança maior para os luandenses. O habitações, mas depois veio uma nova terminologia: fogos
projecto prevê condições de susten- habitacionais. E de “fogo” em “fogo”, a cidade cresceu.
tabilidade ambiental, habitacional, de Esse crescimento deve-se ao facto de Luanda ser o centro
mobilidade e de crescimento social e do poder político e económico do país. Nela há
económico. Em 2015, o documento oportunidades que não podem ser encontradas noutras
estimava que 80 por cento da popu- cidades angolanas. Apesar desse crescimento em termos
lação, cerca de 6,5 milhões de habi- de infraestruturas, Luanda continua “sufocada” por
tantes, um quarto de todo o país, re- problemas, típicos das grandes metrópoles.
sidia em musseques, bairros pobres e Tudo começa com a sua densidade populacional.
suburbanos. Nesta área, o plano, de- Luanda conta hoje com uma população estimada em
signado “Luanda 2030 — Cidade ino- 8,3 milhões de habitantes. Os problemas, que continuam Eterna Luanda mudanças feitas na sua
vadora”, prevê realojamento e rege- sem solução duradoura à vista, são na sua maioria no Hoje, Luanda completa 443 anos configuração. Embora tímidas, elas
neração de várias zonas da capital domínio da habitação, saneamento básico, sistema de desde a sua fundação. Aqui nasci, são reais. Desde a Ilha de Luanda à
angolana. Este plano de intervenção transporte público, criminalidade, energia e água, na cresci, estudei desde o ensino de Marginal tudo está diferente. o
prevê obras em 446 quilómetros de educação e saúde, entre outros. base ao Ensino Superior. Constitui Largo do Ambiente também
estradas primárias e 676 quilómetros As maiores dificuldades residem, sem dúvida, na rede família e exerço a minha profissão mudou para melhor. Foram
de vias secundárias. Envolve igual- de transporte público e no sistema de saúde, como professora. Acredito ser erguidos edifícios em quase toda a
mente um sistema de comboio su- fragilizado por carência de recursos humanos Luanda o melhor lugar para viver, cidade. Tenho a certeza que daqui a
burbano com 210 quilómetros e 142 qualificados. Apesar de tais dificuldades, Luanda cresce criar e educar os meus filhos e algum tempo vamos ter uma
quilómetros de corredor para trânsi- e, embora maltratada e, muitas vezes, abandonada à fazer amizades. Infelizmente, nem cidade completamente
to exclusivo de transportes públicos. sua sorte, continua de braços abertos para todos os todos pensam assim e não fazem transformada. As mudanças são
que aqui vêm para viver ou fazer negócio. jus ao seu acolhimento. O animadoras.
luandense é alegre e acolhedor, Pedro Manuel
embora uma parte deles seja Maianga
sofredora, não desiste. É cheio de
esperança, fé e amor. Luanda Menos atropelamentos
Directora Executiva: Cristina da Silva merece ser cuidada com o mesmo Quero neste aniversário da nossa
Editores: Rosalina Mateta e Domingos dos Santos amor que ela nos dá. Parabéns Luanda manifestar a minha
Sub-Editores: António Pimenta , Adalberto Ceita e José Bule minha amada e eterna Luanda. satisfação pela quantidade de
Secretária de Redacção: Maria da Gama
Jornalistas: Arcângela Rodrigues, Fula Martins, Helma Reis, João Pedro, Mazarino da Cunha, Manuela Presidente do Conselho de
Estou aqui para servir-te, ajudar-te a pontes pedonais que foram
Mateus e Nilza Massango Administração: Víctor Silva crescer e crescer contigo. colocadas em vários pontos da
Fotógrafos: Francisco Bernardo, Rogério Tuti, Contreiras Pipa, Domingos Cadência, João Gomes, Administradores Executivos: Ernesto Vieira cidade, principalmente nas vias de
M. Machangongo e Kindala Manuel Caetano Pedro da Conceição Júnior,
Departamento de Paginação José Alberto Domingos, Rui André Marques Morro Bento maior circulação. Penso que elas
Irineu Caldeira (Chefe), Adilson Santos (Chefe-adjunto), Adilson Félix, Waldemar Jorge & Jorge de Sousa Upalavela, Luena Cassonde Ross Guinapo chegaram na altura certa, porque
Administradores não Executivos:
Ilustração: Armando Pululo & Edna Mussalo
Filomeno Jorge Manaças
Mudanças animadoras diminuiu o número de atropelamen-
Morada: Rua Rainha Jinga 12/26 . Caixa Postal: 13 12
Telefone: 222 02 01 74/222 33 33 44 Fax: 222 33 60 73
Mateus Francisco dos Santos Júnior Para quem esteve fora do país por tos.
Mail: jornal.luanda@edicoesnovembro.co.ao um longo tempo, ao regressar a Luís Albino
Publicidade: (+244) 926 40 69 29/923 40 27 00 EMAIL: antonio.goncalves@edicoesnovembro.co.ao Luanda fica admirado com Prenda
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Governador Provincial, Sérgio


Luther Rescova, e o aniversário
da fundação da cidade capital

CAROS MUNÍCIPES, rar o nosso apelo aos cidadãos da nossa Província, tão em curso em todos os Municípios, além do pro-
para o exercício do seu papel de cidadania e con- grama central do Governo Provincial. Saudamos, por
uanda de encantos múltiplos, cantada, pinta-

L
tribuir com as suas acções em prol do desenvolvi- este facto, as diversas acções que estão a ser realiza-
da e coreografada pelos artífices das muitas mento de Luanda. das por entidades da Sociedade Civil e outros grupos
Artes, completa 443 anos da sua fundação. Vá- Juntos é possível, a contar com grandioso contri- organizados de munícipes de Luanda.
rias foram as metamorfoses operadas para o buto que as organizações da Sociedade Civil têm da- O Governo Provincial de Luanda está engajado em
que temos hoje como Província. do no domínio da assistência e acção social, protecção trabalhar para dar melhores condições de vida aos nos-
A capital de Angola, que recebe de abraços aber- do ambiente, desporto, turismo, cultura, comunicação sos cidadãos, a quem apelamos para acções conjuntas
tos todos e assume o papel decisivo das grandes trans- social, trabalhos comunitários, alfabetização, em- de melhoramento de saneamento básico, melhoria dos
formações económicas e sociais do nosso País, é a ter- preendedorismo e outras acções com impacto directo espaços verdes, limpeza das valas de drenagem, va-
ra da Kianda que também preserva a tradição de um ao nível das comunidades. letas e sarjetas, melhoria do tráfego rodoviário, com a
povo rico em valores culturais, exclusivos e com ca- O papel relevante das igrejas no suprimento das reparação das vias secundárias e terciárias, bem como
racterísticas e vivências únicas. necessidades sociais e espirituais, também demonstra nos programas de sensibilização da sociedade.
Luanda é uma metrópole com percurso longo, ca- claramente que junto é possível, razão pela qual de- Desejamos felicidade a todos os munícipes de
racterizado por momentos e sinalizações diversas, des- vemos continuar a incentivar o trabalho cada vez mais Luanda e que este dia sirva de reflexão sobretudo o
de a sua arquitectura, à mobilidade da sua compo- próximo das comunidades, nos termos da lei, ao mes- que temos por fazer juntos, para o bem da nossa Luan-
nente demográfica, passando pela geográfica dos seus mo tempo que devemos prevenir acções que podem da, a Casa de todos nós.
hábitos e costumes. colocar em risco o bem-estar das famílias.
Neste dia de celebração de mais um aniversário, Precisamos de melhorar e reforçar os procedi- Luanda, aos 25 de Janeiro de 2019
o Governo Provincial de Luanda reafirma o seu com- mentos e métodos de actuação da Operação Resgate, O GOVERNO PROVINCIAL DE LUANDA
promisso de tudo continuar a fazer para minimizar tendo o diálogo construtivo e o agir pedagógico co-
os problemas que enfrentamos no dia-a-dia, como os mo o suporte da afirmação da autoridade do Estado,
que estão ligados à saúde pública, tráfego e mobili- bem como o pleno exercício de uma governação par-
dade, fornecimento de energia eléctrica e abasteci- ticipativa e inclusiva.
mento de água potável, construções anárquicas, ven- Neste ano de 2019, os desafios estão virados à im-
da ambulante desordenada e ilegal, poluição sonora plementação, com prioridade, dos programas desti-
e outros já diagnosticados. nados à Província de Luanda, constantes no Plano Na-
De igual modo, é nossa determinação melhorar cional de Desenvolvimento.
o atendimento dos cidadãos, dando-lhes respostas Neste sentido, é gigantesco o esforço que tem sido
convincentes e no tempo certo, sem que para isso feito para melhorar a educação e a saúde, com surgi-
se criem constrangimentos de vária ordem e conse- mento de novas salas de aulas, tanto públicas como
quências diversas. privadas, assim como de novos postos de atendimento
A desconcentração Administrativa é outra tarefa sanitário, no sentido de garantir mais educação e mais
que se vai intensificar de modo que os Municípios e saúde às nossas populações.
Distritos Urbanos sejam os principais actores da go- A elevação dos níveis de segurança pública, da pro-
vernação de Luanda, com programas concretos e acom- tecção policial e a iluminação pública, visando dimi-
panhamento eficaz na sua implementação para a me- nuir a delinquência e a violência, constitui também
lhoria das condições básicas da população. um foco de actuação permanente da nossa parte.
Neste momento, é também fundamental reite- Para saudar o 25 de Janeiro, várias actividades es-
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LUANDA
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RELIGIÃO DATAS HISTÓRICAS


CONSTRUÇÃO CENTRO ADMNISTRATIVO
DE TEMPLOS DE ANGOLA
O desenvolvimento urbano da cidade A cidade tornou-se, em 1627, no centro
foi acompanhado da construção de administrativo de Angola. Em 1847, tinha 144
vários templos, resultado do processo casas com primeiro andar, 275 casas térreas e
de materialização da ocupação 1.058 cubatas de indígenas. Até 1647, o eixo
do território e da colonização entre a Fortaleza de São Miguel e o Hospital
portuguesa em Angola. Josina Machel era a única rua da cidade.

EVOLUÇÃO URBANA DE LUANDA


ANTES A
B
DEPOIS

C D

E F

Nilza Massango
jornal.luanda@edicoesnovembro.co.ao
A cidade estendia-se da Fortaleza
aumento da população eu-

O ropeia e do número de edi-


ficações, quase 30 anos de-
pois da chegada dos portugueses,
de S. Miguel ao hospital Maria Pia
fez com que a então vila de São
Paulo de Assunção de Loanda ga- O historiador Emanuel Caboco disse que, até 1647, o eixo entre a Fortaleza
nhasse, em 1605, o estatuto de ci- de São Miguel e o Hospital Josina Machel era a única rua da cidade.
dade, estendendo-se desde a For-
taleza de São Miguel até ao hos-
pital Maria Pia. Paulo Dias de Novais avançou blicos, 275 casas térreas e 1.058 cu- cal do antigo Convento de São Jo- factor determinante para o cresci-
Um documentário, produzido para terra firme e lançou a primei- batas de indígenas. sé, passando a denominar-se Ci- mento da população e da cidade.
pela Comissão Administrativa de ra pedra para a edificação da Igre- Emanuel Caboco, historiador e dade Alta. Na parte baixa veio a Até 1647, explicou, o eixo entre a
Luanda, apresentado quarta-feira ja dedicada a São Sebastião, onde especialista em património, conta desenvolver-se a Cidade Baixa. De- Fortaleza de São Miguel e o Hos-
no Museu de História Natural, mos- hoje está hoje o Museu das Forças que foi “à sombra” da Fortaleza pois, esta área foi se estendendo pital Josina Machel era a única rua
trou que São Paulo de Assunção de Armadas, também conhecido co- de São Miguel em que foram cons- até ao Convento das Carmelitas, da cidade. O historiador esclareceu
Loanda foi o primeiro nome dado mo Fortaleza de São Miguel. truídas as primeiras habitações. de que resta a setecentista Igreja que o Atlantic Palace Hotel foi o
a cidade, por Paulo Dias de Novais, A cidade tornou-se, em 1627, no “O perímetro urbano veio a ex- do Carmo”, explicou. primeiro hotel a ser construído em
quando desembarcou em 1575, na centro administrativo de Angola. pandir-se em torno de uma faixa O desenvolvimento do comércio Luanda e não o Grande Hotel de
zona da Ilha de Luanda, onde de- Em 1847, tinha 144 casas com pri- estreita do planalto até a área do de exportação, principalmente de Luanda, hoje transformado na Ca-
cidiu criar um núcleo permanente. meiro andar, incluindo edifícios pú- actual Hospital Josina Machel, lo- escravos, nos séculos XVI e XIX, foi sa de Cultura Angola-Brasil.
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SÃO PAULO DE LOANDA EMANUEL CABOCO


O NOME DADO POR PAULO PRIMEIRO HOTEL
DIAS DE NOVAIS CONSTRUÍDO EM LUANDA
São Paulo de Assunção de Loanda foi o O O historiador esclareceu que o Atlantic Palace
primeiro nome dado a cidade, por Paulo Hotel foi o primeiro hotel a ser construído em
Dias de Novais, quando desembarcou em Luanda e não o Grande Hotel de Luanda, hoje
1575. Avançou para terra firme e lançou a transformado na Casa de Cultura Angola-Brasil. o
primeira pedra para a edificação da Igreja casco urbano era constituído por edificações de
dedicada a São Sebastião. carácter militar, religioso e comercial.

CULTO DO MODERNISMO
A CONSTRUÇÃO de novas edifica- ficavam onde está hoje o edifício se-
ções aconteceu paralelamente à des- de do Banco de Poupança e Crédito.
truição das primeiras construções Emanuel Caboco lamenta o facto de
da cidade. Com isso, foram destruí- Luanda, em nome de um suposto de-
das a “Casa dos Contos”, “Casa dos Len- senvolvimento, estar a crescer a ba-
castres”, “Casa dos Bispos”, “Casa do se de demolições de autênticos mo-
Catonho-tonho”, as antigas igrejas de numentos históricos. Apesar disso, o
Santo António dos Capuchos, do Ro- historiador acredita que Luanda po-
sários dos Pretos, São João, e ainda de ainda oferecer um número razoável
os sobrados dos séculos XVII e XVIII, de edificações de grande valor his-
que acolhiam as casas comerciais, que tórico, arquitectónico e paisagístico.

ACTIVIDADES COMEMORATIVAS

EIXO VIÁRIO A zona está a sofrer grandes transformações com a construção de unidades hoteleiras

Emanuel Caboco explicou que o


casco urbano era constituído por
edificações de carácter militar, re-
ligioso e comercial, nomeadamen- GESTÃO Sérgio Luther Rescova dirige os destinos da província
te a igreja de Nossa Senhora dos
Remédios, das Fortalezas de São EM ALUSÃO AOS 443 ANOS campanha massiva de limpeza em
Pedro da Barra, São Francisco Pe- da fundação da cidade de Luan- todos os bairros da cidade capital.
nedo e São Miguel. da, o Governo da Província realizou As administrações municipais têm
Em 1889, ocorreu a classificação várias actividades, desde visitas, reu- todos os locais críticos identificados.
oficial atribuída à Estátua de Pe- niões, encontros, inaugurações, Num encontro com as organizações
dro Alexandrino da Cunha. Em palestras e outros. e associações da sociedade civil e
1922, aconteceu a classificação da Hoje, acontece o acto central com o Ministério do Ambiente, o gover-
Ermida de Nossa Senhora da Na- apresentação de cumprimentos, nador Sérgio Luther Rescova fez sa-
zaré, ou seja, a Igreja de Nossa Se- mensagens de representantes, con- ber que o fundamental, depois da
nhora da Nazaré, como Monu- vocatória de prémios de Luanda em campanha, é saber preservar, man-
mento Nacional. Artes, intervenção do governador, brin- ter e conservar os espaços limpos.
de e corte do bolo de aniversário. Rea- Quanto a arborização, Luther Rescova
GRANDES ARMAZÉNS liza-se ainda, no jardim adjacente ao disse mesmo que não adianta plan-
Emanuel Caboco disse que o de- GPL, um programa multidisciplinar tar sem que haja condições para re-
senvolvimento mercantil deu ori- com animação artística, cultural e in- ga. Por isso, considerou viável a so-
gem ao estabelecimento, na Baixa teracção com a Rádio Luanda. lução apresentada pelo Ministério do
de Luanda, de grandes firmas e ar- Amanha, realiza-se uma mega cam- Ambiente, em utilizar motorizadas de
mazéns que fizeram prosperar a ur- panha comunitária municipal de lim- três rodas acopladas de reservatórios
be luandense. peza e arborização. Vai ser uma de água para a rega dos jardins.
O historiador frisou que o de-
senvolvimento urbano da cidade
foi acompanhado também da cons-
trução de vários templos, resulta-
do do processo de materialização
ENCONTRO Sebastião, disse, no final do en-
contro, que o governador provincial
da ocupação do território e da co-
lonização portuguesa em Angola.
COM AS apelou à cooperação e colaboração
com as igrejas, de forma a se al-
“As mais antigas e notáveis cons-
truções são sobretudo, as do sécu-
IGREJAS cançarem êxitos nas acções do
Governo, no domínio da saúde,
lo XVII e XVIII, mas há ainda ou- educação cívica e moral e no sa-
tras de séculos mais recentes, XIX Governo da Província de Luanda neamento.
e XX, entre as quais, as mais anti- busca apoio das igrejas para pre- Ainda no âmbito do 443 aniversá-
gas desapareceram, salvo a Torre servação dos bens públicos. Num rio da Cidade de Luanda, o gover-
da antiga Sé Catedral, na Cidade encontro no GPL, os representan- nador Sérgio Luther Rescova visi-
Alta, onde hoje funcionam os ser- tes das igrejas reconhecidas pelo Es- tou as instalações da Empresa de
viços de meteorologia.”, Explicou. tado foram exortadas a moralizarem Limpeza e Saneamento de Luan-
O historiador disse que essas os cidadãos para a preservação dos da (ELISAL), onde inaugurou um
construções, militares, religiosas e bens públicos. O director do Gabi- posto médico para atender os fun-
civis, são no seu conjunto, o teste- nete Provincial de Cultura, Manuel cionários e seus familiares.
munho da história de Luanda.
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ANOS

ATRACTIVOS CIDADE COSMOPOLITA


LUGARES DO SABER ACOMODAÇÃO E LAZER
Apesar dos contrastes, a capital
O Museu de História Natural,
de Angola é cosmopolita.
Antropologia, Moeda, Escravatura,
Hotéis, bares e restaurantes
Casa Museu Óscar Ribas, História
são os chamarizes para muitos turistas
Militar e Geologia, fazem parte dos
estrangeiros que vêm
atractivos da capital angolana. As
com objectivos distintos,
mediatecas, bibliotecas e casas de
apesar da crise financeira mundial.
cultura são outros lugares do saber.

LUANDA
| EDIÇÕES NOVEMBRO

Africana. Entre o concreto e o


que está para vir, hoje, estima-
se que Luanda albergue oito mi-

Cidade quatrocentista lhões de habitantes, sendo que


mais de 80 por cento vive na pe-
riferia. Dada a grande explosão
demográfica, surgiram novas
zonas habitacionais que coexis-

alcança outros tem com as construções mais an-


tigas da cidade. Na Baixa de
Luanda, edifícios antigos mis-
turam-se com modernos arra-
nha-céus, continuando esta a

patamares ser a zona mais importante, fre-


quentada e conhecida do país.
Das zonas novas e “nobres” er-
guidas fora do centro, destacam-
se Talatona, onde foi constituída
uma “cidade financeira”, a Baía
de Luanda e as centralidades do
Kilamba e Zango Zero.

CAPITAL COSMOPOLITA
Apesar dos contrastes, a capital
de Angola é cosmopolita. Ho-
téis, bares e restaurantes são os
chamarizes para muitos turistas
estrangeiros que vêm com ob-
jectivos distintos, apesar da cri-
se financeira mundial. O au-
mento do número de hotéis e a
melhoria da qualidade dos ser-
viços de acomodação e restau-
ração contribuíram para atrair
mais visitantes.

As mediatecas,
bibliotecas e casas
de cultura são
outros lugares do
saber onde
qualquer visitante
pode ter contacto
com a história,
cultura, culinária e
outros hábitos e
costumes dos
luandenses.

Actualmente, tanto para co-


mer, hospedagem e diversão,
Rosalina Mateta em 15 anos. O mesmo vai, até 2030, mais de 12,9 milhões de habitan- Luanda oferece várias opções
jornal.luanda@edicoesnovembro.co.ao dotar Luanda de mais escolas, hos- O aumento do tes, numa perspectiva futurista. que podem aliar o preço à qua-
pitais, zonas comunitárias e outro número de hotéis e a Para aumentar a responsabilida- lidade. Mas, os custos ainda
tipo de infra-estruturas. melhoria da de e o prestígio da “velha” cida- são muito elevados quando
completar hoje 443 anos,

A
O “instrumento de planea- de de Luanda, a UNESCO atri- comparados com os de outros
Luanda pode comemorar, mento” que integra o mapa e or- qualidade dos buiu-lhe o título de Capital Mun- destinos mundiais.
mais do que a sua idade, o denamento do crescimento e das serviços de dial da Paz e da Amizade. Na A Baía de Luanda, desde que
facto de ter ganho, em Fevereiro transformações de Luanda pre- acomodação e sequência, em Setembro desde Angola alcançou a paz, já teste-
de 2018, o seu tão esperado Plano tende dar atenção ao seu cresci- ano, realiza-se a primeira edição munhou a visita de dezenas de cru-
Director Geral Metropolitano. Es- mento sustentável e à preserva- restauração da Bienal de Luanda - Fórum Pan- zeiros saídos de vários continentes.
ta carta urbanística, que deverá ção do ambiente e da cultura. Es- contribuíram para Africano para a Cultura da Paz, A par disto, a bela Marginal tam-
dar outra “cara” à capital de An- tá avaliado em biliões de dólares atrair mais visitantes. numa parceria entre o Governo bém tem suscitado a curiosidade
gola, prevê a sua implementação norte-americanos e vai abranger de Angola, a UNESCO e a União de muitos visitantes.
LUANDA
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SURF OBRAS DE DESTAQUE


DESTINO MUNDIAL SÉ EPISCOPAL E PALÁCIO
Luanda teve a sorte de ser banhada DOS GOVERNADORES
pelo Oceano Atlântico e pode entrar Em 1641, a cidade tinha obras de destaque como as
na rota do surf mundial por ter em igrejas da Misericórdia, Sé Episcopal, Jesuíta, o
Cabo Ledo um “point break” com uma Convento de S. José, o Palácio dos Governadores e
onda considerada de “classe mundial”. a Câmara. Neste mesmo ano, o almirante holandês
O site “Takeoff surf”, diz que Cabo Peter Houtbeen e a sua tropa tomaram Luanda dos
Ledo é o epicentro do surf angolano. portugueses que fugiram em debandada.

FUNDAÇÃO DE LUANDA
A HISTÓRIA RECENTE INDICA, Pedro Houtbeen e a sua tropa to-
que muito antes da penetração e maram Loanda dos portugueses
consequente ocupação portu- que fugiram em debandada.
guesa, Luanda era habitada e co- Sete anos mais tarde, os portu-
mandada pelo rei do Kongo que gueses, comandados por Salvador
tinha o seu “estado maior” na Ilha Correia de Sá e Benevides, recon-
de Luanda. quistam a vila que passa a chamar S.
Naquela época, a moeda usada era Paulo de Assunção de Loanda, pelo
um búzio denominado Zimbo. Es- facto da retomada ocorrer em 15 de
te servia igualmente para os súbi- Agosto, dia da Assunção da Virgem.
tos pagarem o tributo ou Lwan- Em 1662 a vila de Loanda ganha
da, em Kimbundo. Sendo dai que o estatuto de cidade fase ao cres-
surgiu o nome da cidade, Luanda. cimento de mais edificações ao re-
Há ainda quem defende que a pa- dor da colina de S.Paulo. Os seus
lavra tem origem no kikongo em habitantes passaram a ter os pri-
que Lwanda significa bater. Pois era vilégios dos cidadãos da cidade do
com agressão física que a guarda Porto, através dos Alvarás Régios
do rei atendia todos aqueles que de 28 de Setembro e de 9 de De-
tentassem entrar para a Ilha sem zembro de 1662.
o seu consentimento. Ao ano de 1764 regista as edifica-
Sabe-se que em Fevereiro de 1575, ções mais belas da cidade de Loan-
REGISTO A Marginal de Luanda tem suscitado a curiosidade de visitantes nacionais e estrangeiros os portugueses, comandados por da. Era governador D. Francisco
Paulo Dias de Novais aportaram a Inocêncio de Sousa Coutinho. Nes-
Ilha- do- Cabo. Um ano depois, em ta Administracção, a cidade esta-
LUGARES PARA VISITAR 25 de Janeiro de 1576, Paulo Dias va dividida pelas partes Alta e bai-
A capital angolana tem os museus de Novais pediu autorização do rei xa que eram separadas por gran-
de História Natural, Antropologia, do Kongo para deixar a Ilha e fixar- des barrocas bastante íngremes.
da Moeda Escravatura, Casa Mu- se no continente, no sopé de um Na cidade Alta estavam os servi-
seu Óscar Ribas, de História Militar morro que viria a chamar-se coli- ços militares, civis e religiosos, in-
e o Museu Geologia. As mediatecas, na de S. Miguel. cluindo a fortaleza de S. Miguel, o
bibliotecas e casas de cultura são ou- Em 1641, a cidade tinha obras de Palácio dos Governadores, o Tri-
tros lugares do saber onde qualquer destaque como as igrejas da Mi- bunal, a Junta da Fazenda Real e
visitante poderá ter contacto com a sericórdia, Sé Episcopal, Jesuíta, o o hospital D. Maria Pia. A cidade
história, cultura, culinária e outros Convento de S. José, o Palácio dos Baixa era dominada pelo comér-
hábitos e costumes dos luandenses. Governadores e a Câmara. Neste cio e dividida em largos, praças e
Para diversão dos mais peque- mesmo ano, o Almirante Holandês terreiros.
nos, a cidade reserva os parques
aquáticos e salas de cinema, sendo
que nestas os melhores dias são as
quartas e sábados, de manhã, pe-
los baixos preços praticados.

DESTINO MUNDIAL DO SURF


Luanda que teve a sorte e graça de
ser banhada pelo Oceano Atlânti-
co, além de praias aprazíveis para
os banhistas, poderá entrar na ro-
ta do surf mundial por ter, no Ca-
bo-Ledo, um “ point Break” com
uma onda considerada de “classe
mundial”.
De acordo com o site especiali-
zado “ Takeoff surf”, o Cabo Ledo
É o epicentro do surf angolano.
MAIS BELA
Possui uma esquerda que pode ser CIDADE
quilométrica nos seus dias de ex-
cepção e que dá para qualquer tipo DE ÁFRICA
de surfista, pois trata-se de uma on-
da segura. Na localidade também se
pode apanhar “ beach breaks”, sem con- Nos anos 1960, do século XX,
tar com os imensos trechos de costa e Luanda foi considerada cidade
os picos que ainda estão por ser des- mais desenvolvida e bonita do
cobertos. O “ longboard” pode ser uma continente africano. O desen-
opção válida em algumas destas ondas. volvimento levou a cidade ao es-
Sendo o Cabo Ledo uma zona tado de edificação deixado pelo
ainda por explorar e dada a quali- colono em 1975, altura em que
dade “ quilométrica” de uma das Angola foi declarada indepen-
suas ondas, pode-se afirmar que o dente de Portugal.
mesmo será um dos destinos do
surf mundial.
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LUANDA
Sexta-feira, 25 de Janeiro de 2019
ESPECIAL

ANOS

ATRACÇÕES BAÍA DE LUANDA


LOCAIS TRANSFORMAÇÃO
OBRIGATÓRIOS O Governo Provincial de Luanda possui
Na Baía, localizam-se monumentos um plano estratégico de gestão,
de valor histórico, como a Fortaleza recuperação e arrecadação de receitas
de S. Miguel, hoje Museu das Forças para a Baía de Luanda. Deste modo, o
Armadas, o edifício do Banco Estado deixa de participar com verbas.
Nacional de Angola e a Igreja de Desde 2012, o local está integrado no
Nossa Senhora Nazaré. roteiro turístico da cidade.

BAÍA DE LUANDA

Arcângela Rodrigues
jornal.luanda@edicoesnovembro.co.ao

avenida Marginal, com a Cartão postal ganha


A Baía ao fundo, constitui
um dos principais car-
tões de visita da cidade de Luan-
da. Construída na era colonial,
segue o contorno da Baía, alvo
de uma requalificação para sal-
nova dimensão | EDIÇÕES NOVEMBRO

vaguardar a sua matriz.


O antigo “passeio marítimo”
é agora um grande parque ur-
bano. Além de novas infra-es-
truturas, compreende uma zo-
na verde com arborização, per-
cursos pedonais e um conjunto
de espaços públicos de lazer.
Defronte à Baía, localizam-se
monumentos de valor históri-
co, como a Fortaleza de S. Mi-
guel, hoje Museu das Forças Ar-
madas, o edifício do Banco Na-
cional de Angola, a Igreja de
Nossa Senhora da Nazaré, a es-
tação dos Correios de Angola
e o Monumento ao Soldado
Desconhecido.

Ainda no quadro do
aproveitamento do
espaço Baía de
Luanda, nas
imediações do Hotel
Panorama, vão ser
construídos 54
edifícios de 12
andares com
apartamentos do tipo
T1 e T4.

As obras de requalifica-
ção da Baía de Luanda ti-
veram início em 2009. O
projecto compreende cinco
fases. A primeira, inaugu-
rada em 2012, engloba a
construção de 20 edifícios de
28 andares, junto ao Porto de
Luanda, num conjunto de-
nominado Distrito Financei-
ro da Cidade de Luanda, in-
serido no plano urbanístico da
capital de Angola.
O “distrito” será constituí-
do por instituições bancárias
e empresas do ramo financei-
ro, entre outras. drados de espaços verdes, mais de Luanda Waterfalls, um “Business da Província e, assim, ficam sob de participar com verbas. Desde
Ainda no quadro do aproveita- três mil árvores e arbustos, lojas e Park Premium” com quatro edifí- sua responsabilidade os espaços 2012 está integrada no roteiro tu-
mento do espaço Baía de Luanda, restaurantes, uma praça para gran- cios para escritórios e uma torre verdes, as lojas e os restaurantes, rístico da cidade capital.
nas imediações do Hotel Panora- des eventos, parques de estacio- habitacional. Os referidos projec- parques de estacionamento pú- Ainda no âmbito do projecto se-
ma, vão ser construídos 54 edifí- namento públicos, espaços de la- tos serão erguidos num espaço en- blicos e outros serviços. rá construída uma ponte sobre o
cios de 12 andares com aparta- zer e de desporto. tre a Marginal e o início da Ilha do O Governo da Província pos- nó da Fortaleza, com três faixas de
mentos do tipo T1 e T4. Comporta redes de água pota- Cabo. Há cerca de um ano, a So- sui um plano estratégico de ges- rodagem em cada sentido, não só
A zona urbana, totalmente infra- vél, energia eléctrica e esgotos. ciedade Baía de Luanda passou tão, recuperação e arrecadação para assegurar a fluidez do trân-
estruturada, tem 3,1 quilómetros O projecto Baía de Luanda con- a gestão e operacionalidade da de receitas para a Baía de Luan- sito, como também para melhorar
de extensão, 350 mil metros qua- templa a construção do edifício Marginal de Luanda ao Governo da. Deste modo, o Estado deixa o acesso à Ilha do Cabo.
LUANDA
Sexta-feira, 25 de Janeiro de 2019 ESPECIAL
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ANOS

EMBLEMÁTICO “CLÁSSICOS DE TALATONA”


CIDADE FINANCEIRA COMPLEXO MINISTERIAL
E EDIFÍCIOS COMERCIAIS Inaugurado a 22 de Agosto de 2014, pelo então
O empreendimento de investimento Presidente da República, José Eduardo dos Santos,
privado, está avaliado em 78 milhões o Clássicos de Talatona” é um complexo
de euros e concluído em 2014, foi administrativo constituído por cinco edifícios,
construído num terreno com uma onde funcionam os ministérios da Administração
área de 25.000m2. O mesmo do Território e Reforma do Estado, Comunicação
comporta edifícios comerciais. Social, Cultura, Economia, entre outros.

TALATONA
Cristina da Silva
jornal.luanda@edicoesnovembro.co.ao

F
undada em 1576 por Paulo
Dias de Novais, Luanda co-
memora hoje o 443.º ani-
Uma zona nobre
versário. Considerada o centro
político e económico do país, re-
gistou nos últimos anos o sur-
gimento de novos bairros, com
em franca ascensão
destaque para Talatona, em
Luanda Sul.
Na década de 90 do século pas-
sado, a zona onde está implanta-
do o bairro era uma área agríco-
la, que começou a ser urbanizada
a partir de 2000.
Localizada a cerca de 17 qui-
lómetros da Baixa de Luanda, Ta-
latona possui arranha-céus resi-
denciais e comerciais e condo-
mínios horizontais, shoppings,
restaurantes, escolas, universi-
dades e clínicas, e dispõe de ser-
viços administrativos até então
sediados na Baixa da Cidade, que
fazem dela uma zona nobre da
cidade, alvo de investidores que
ali encontram oportunidades de
negócios.
O Belas Shopping, inaugura-
do em 2008, foi o primeiro cons-
truído em Angola, como resulta-
do do crescimento do bairro. Ele-
vado à categoria de município, no
âmbito da nova divisão adminis-
trativa da cidade de Luanda, Tala-
tona viu a sua extensão territorial
estender-se aos distritos de Benfi-
ca, Camama, Cidade Universitária,
Futungo de Belas, Lar do Patriota,
Talatona e Mussulo.

CENTRO ADMINISTRATIVO
“Clássicos de Talatona”, inaugu-
rado a 22 de Agosto de 2014, pe-
lo então Presidente da República,
José Eduardo dos Santos, é um
complexo administrativo consti-
tuído por cinco edifícios, onde
funcionam os ministérios da Ad-
ministração do Território e Re-
forma do Estado, Ensino Superior,
Ciência, Tecnologia e Inovação,
Comunicação Social, Cultura, Eco-
nomia e da Justiça e dos Direitos
Humanos.
No complexo, que tem capaci-
dade para 12 mil trabalhadores,
funcionam igualmente a Comis-
são de Mercados de Capitais, os
Institutos Nacionais de Bolsas de
CIDADE FINANCEIRA
Estudos, de Fomento do Turismo,
dos Recursos Hídricos, Regulador LOCALIZADA NUM MODERNO terreno com uma área de 25.000m2. bitação destina-se aos funcionários táveis. Comporta um edifício habi-
do Sector Eléctrico, das Pescas e COMPLEXO DE EDIFÍCIOS DES- É constituído por quatro edifícios de das instituições bancárias que aí tacional e quatro de escritórios com
de Pequenas e Médias Empresas. TINADO MAIORITARIAMENTE escritórios formando uma praça trabalham. O complexo tem uma sete pisos em elevação e estacio-
Cada edifício possui parque de es- A ESCRITÓRIOS, a Cidade Finan- central, ocupados por instituições área total de 93 mil metros quadra- namento subterrâneo para cerca de
tacionamento subterrâneo com ca- ceira dispõe de restaurantes, agên- bancárias e financeiras. No piso tér- dos e destaca-se pela sua qualida- 800 viaturas em duas caves. Dado
pacidade para 150 viaturas. O pro- cias de viagens e instituições ban- reo há um centro de convenções, de e luminosidade, que tornam o em- o nível de operacionalidade, com o
jecto inclui a construção de bi- cárias. O empreendimento avalia- academia de formação, restaura- preendimento numa alternativa pa- mais alto rigor e excelência, já é con-
bliotecas, restaurantes, auditórios, do em 78 milhões de euros e con- ção, ginásio, espaço pré-escolar, en- ra empresas que procuram escritó- siderado um dos maiores centros
ginásios, zonas verdes, melhoria cluído em 2014 foi construído num tre outros serviços. O edifício de ha- rios modernos, eficientes e confor- de negócios de Luanda.
de acessibilidades.
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LUANDA
Sexta-feira, 25 de Janeiro de 2019
ESPECIAL

ANOS

KILAMBA E SEQUELE
EDUARDO PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO

Novas urbanizações
transformaram a vida
de milhares de famílias
Localizadas próximo da Via Expresso, as cidades do Kilamba e do Sequele,
em fase de desenvolvimento habitacional, introduziram significativas
melhorias na vida de muitos luandenses

lhor. ras, ruas devidamente urbanizadas projecto habitacional e salientou e outros testemunhou, a “fuga” de
Adalberto Ceita Inquilino em regime de renda e quando chove não há inunda- que a mudança depende muito do três vizinhos, recusa-se a seguir o
jornal.luanda@edicoesnovembro.co.ao resolúvel de um apartamento T3, ções”, disse. contributo dos moradores, sob pe- mesmo caminho. Sem pestanejar,
no quarteirão U, disse que não há Xavier Neto, porém, está cons- na do Kilamba perder o “título” de assume que não lhe passa pela ca-
comparação possível com a quali- ciente que nem tudo é um mar de modelo de referência habitacional. beça sair do Kilamba, local onde
dificada para suprir a carên-

E
dade de vida no bairro Rocha Pin- rosas. Aponta as falhas recorrentes Casada e mãe de três filhos, diz ter encontrado o sossego que
cia habitacional, tendo por is- to, onde residiu durante oito anos, no abastecimento de água, ausên- Branca Macedo, também morado- tanto procurava.
so recebido fortes elogios da antes de se mudar com a família cia de uma estrutura hospitalar à ra, não tem dúvidas: “É de elogiar “Não posso desmentir a ocor-
sociedade aquando da sua inau- para a nova habitação. dimensão da cidade, os engarrafa- que a construção do Kilamba, aci- rência de assaltos e outras situações
guração, sete anos e meio depois a “Resido no Kilamba há cinco mentos que enfrenta até ao centro ma de tudo, contribuiu para reti- menos boas como a recusa de mui-
Cidade do Kilamba, apesar do que anos e estou satisfeito com a opção de Luanda e a ineficiente ilumina- rar muitas famílias da especulação tos em pagar a taxa de condomí-
dela se fala em termos de cons- que fiz. Aqui temos jardins nos es- ção pública, entre os constrangi- imobiliária.” nio. O Kilamba está dentro de Luan-
trangimentos, é para Xavier Neto, paços públicos, lugares reservados mentos. Contudo, disse acreditar Branca Macedo, que em quatro da e não está imune a estas práti-
38 anos, sinónimo de uma vida me- para o estacionamento das viatu- que nada pode retirar o mérito ao anos, por razões de custos mensais cas negativas, ainda assim não tem
LUANDA
Sexta-feira, 25 de Janeiro de 2019 ESPECIAL
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ANOS

FEIRAS TEMÁTICAS JOAQUIM ISRAEL


INTERAÇÃO REGIME ADMINISTRATIVO
ENTRE PAIS E FILHOS Joaquim Israel, que esteve à frente da gestão do
Os moradores das cidades do Kilamba e Kilamba, de Julho de 2011 a Janeiro de 2017, fica
do Sequele são constantemente na história como o primeiro administrador da
brindados com feiras temáticas. No cidade. Incumbido de criar um regime
Kilamba, por exemplo, a “Feira de Natal organizativo e administrativo específico, teve
BNIX” teve como objectivo proporcionar uma gestão marcada por diversas manifestações
diversão em família. de descontentamento dos moradores.

EDUARDO PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO

ARQUITECTURA MODERNA
DIVIDIDA EM DUAS FASES, I tações de tratamento de água po-
e IA, a Cidade do Sequele foi tável e residual, bem como equi-
construída numa área de 211,94 pamentos sociais e de serviços
hectares, preenchida por 10.108 fo- que incluem duas esquadras de
gos habitacionais, que albergam polícia, três jardins de infância,
uma população estimada em 70 uma escola primária e outra se-
mil habitantes. cundária. Foram igualmente cons-
Localizado na parte sul do mu- truídos quatro edifícios adminis-
nicípio de Cacuaco, além da cons- trativos, lojas, um mercado e re-
trução de moradias e respectivas servados espaços para a edifica-
infra-estruturas internas, o pro- ção de outras instituições públi-
jecto habitacional possui redes cas e uma igreja. Os edifícios pú-
viárias, de energia eléctrica e ilu- blicos encontram-se já ocupados
minação pública, abastecimento por instituições que prestam ser-
de água potável, drenagem de viços ao cidadão. O Sequele está
águas residuais e pluviais, e tele- dividido em 13 blocos urbanos. A
comunicações. urbanização apresenta edifícios de
Com uma arquitectura moderna, apartamentos de cinco, nove e on-
o Sequele está equipado com es- ze andares, de 3 a 5 quartos.

EDUARDO PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO

MODELO A proximidade entre edifícios e estabelecimentos de ensino tem sido elogiada pelos estudantes

comparação com a delinquência tura de uma segunda fase de ins- dia o apartamento será meu”, real-
que se regista em muitos bairros. crição que, infelizmente, foi o que çou. Além da quase inexistência
Quanto ao resto, penso que a ad- foi”, disse visivelmente triste.Ar- de conflitos entre vizinhos, como
ministração do Kilamba precisa ur- rendatário do Estado era comum nos bairros onde re-
gentemente de melhorar o seu de- sidiu, até chegar ao Sequele, ou-
sempenho”, disse. ARRENDATÁRIO DO ESTADO tra questão elogiada por Pedro
Em sentido contrário aos pro- Pedro Manuel Dias, que vive Manuel Dias é a proximidade en-
prietários dos apartamentos “aban- no Sequele desde 2014, admite que tre os edifícios e os estabeleci-
donados” pelos vizinhos de Bran- leva uma vida menos agitada e mentos de ensino. Pai de duas
ca Macedo está Francisco Vieira. sem muitos incómodos em rela- crianças, embora no início tenha
Embora se tenha esforçado para ção ao passado, quando partilha- experimentado dificuldades pa-
adquirir um apartamento na “ape- va com a família, em regime de ar- ra matricular os filhos, diz ter a
tecida” urbanização, viu a sua in- rendamento, um anexo de quarto situação controlada.
tenção frustrada. e sala, no município de Viana, pro- “A cidade dispõe do ensino pri-
“As enchentes na fase das ins- priedade de uma particular. mário, primeiro e segundo Ciclo
crições para a compra de um apar- “Nada melhor do que ser in- de ensino. Para mim, por enquan-
tamento em 2013 fizeram-me de- quilino do Estado e pagar as pres- to satisfaz, mas seria bom se tivesse EDIFÍCIOS A Cidade do Sequele se diferencia pela arquitectura
sistir. Estava convencido da aber- tações mensais confiante que um outros níveis de ensino”, sugeriu.

FRANCISCO BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO

PADRÃO to de 2008, sendo oficialmente inau-


gurada a 11 de Julho de 2011, pelo an-
URBANO terior Presidente da República.
O escopo inicial do empreendi-
INTEGRADO mento compreende 710 edifícios
com apartamentos de tipologia T3 A,
ENCRAVADA NO MUNICÍPIO de B, C e T5, 48 lojas, 24 jardins de infância,
Belas, a Cidade do Kilamba está lo- nove escolas primárias, oito secun-
calizada a cerca de 40 quilómetros dárias, 50 quilómetros de estradas, pa-
a sul do centro de Luanda, tendo co- ragens para transportes públicos,
mo local de referência o Estádio Na- parques de estacionamento, qua-
cional 11 de Novembro. dras de jogos multiusos, entre outros
Projectada para três fases de ex- equipamentos.
pansão, tem actualmente uma popu- Os prédios estão dispostos em
lação estimada em 120 mil habitantes quarteirões. Elementos como su-
e ocupa uma área de 54 quilómetros portes e canalização para os apare-
quadrados. A primeira pedra de cons- lhos de ar condicionado foram in-
trução foi lançada no dia 31 de Agos- corporados nos edifícios.
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LUANDA
Sexta-feira, 25 de Janeiro de 2019
ESPECIAL

ANOS

CEMITÉRIO DE NAVIOS IGREJA DOS REMÉDIOS


PRAIA DE SANTIAGO IMÓVEL DE INTERESSE
IMPRESSIONA PÚBLICO DESDE 1949
“A Praia de Santiago é conhecida não “As obras da Igreja de Nossa Senhora dos
só pelas suas águas calmas ou areias Remédios começaram em 1651 e terminaram
desertas, mas também pelo grande em 1679, ano em que foi inaugurada pelo
cemitério de navios em que se bispo D. Manuel da Natividade. Em 1949 foi
transformou. O lugar impressiona. declarada Imóvel de Interesse Público.

LUANDA

mado pelos sedimentos do rio Cuan-


José Bule za, na costa sul de Luanda. A res-
jornal.luanda@edicoesnovembro.co.ao

Locais pitorescos tinga do Mussulo abriga a baía, com


três ilhas no seu interior, sendo a
dos Padres a maior e mais conheci-
província de Luanda é a mais

A
da. As águas calmas da baía favo-
pequena de Angola, com
uma área de 24.651 quiló-
metros quadrados. Antigamente, en-
de Luanda atraem recem a prática de desportos aquá-
ticos. O local está repleto de casas
de fim-de-semana mais ou menos
globava nove municípios: Sambi- recentes, com traçados simples e es-
zanga, Rangel, Kilamba Kiaxi,
Maianga, Samba, Viana, Cacuaco,
Cazenga e Ingombota. Depois da re-
milhares de turistas condidas pela vegetação. É lugar de
luxo, de vaivém de lanchas, iates,
embarcações de recreio e de pe-
forma administrativa de 2011, a ca- quenos barcos dos pescadores.

4
pital do país passou a ter apenas se-
te municípios: Cacuaco, Belas, Ca- BAÍA DE LUANDA

11
zenga, Icolo e Bengo, Luanda, A Baía de Luanda, cujas
Quissama e Viana, que apresentam águas são protegidas pela

7
na sua maioria pontos turísticos de Ilha do Cabo, foi o lugar de fun-
encher os olhos. dação da cidade por Pau-

13
Luanda é a capital de Angola, lo Dias de Novais, em
fundada em 1575, quando Paulo 1575. Junto à Baía surgiu
Dias de Novais desembarcou na na era colonial a Cidade
Ilha do Cabo. Os colonos assenta- Baixa, onde se instalou
ram e a cidade foi então chamada a maior parte da po-
de S. Paulo de Loanda. O grupo ét- pulação, enquanto a

6
nico original de Luanda é o dos Am- Cidade Alta era uma
bundo e a língua nacional mais fa- área administrativa e
lada é o quimbundu. militar. A Avenida 4
Na capital do país existem lo- de Fevereiro, que se-
cais muito interessantes para visi- gue o contorno da
tar, como o Miradouro da Lua, um Baía, deu origem à
conjunto de falésias a 40 quilóme- marginal marítima e à
tros a sul, no município da Samba. respectiva orla urbana da
A erosão provocada pelo vento e capital. É o principal es-
pela chuva criou uma paisagem do paço público da cidade e o centro
tipo lunar naquela paragem obri- social e financeiro do país.

6
gatória para quem se dirige de
Luanda à Barra do Cuanza ou às PRAIA DE SANGANO
praias do Cabo Ledo. A praia de Sangano é

1
uma das mais belas de
FORTALEZA Angola. Fica a cerca de uma
DE SÃO MIGUEL hora do centro de Luanda.
A Fortaleza de São Miguel É um bom lugar para os
localiza-se no antigo monte de São amantes do Surf, para fa-
Paulo, no actual Morro da Fortale- zer um piquenique, fu-
za. Foi a primeira fortificação a ser gir à rotina e ao stress
erguida em Luanda, no século XVI, da cidade e estar mais
durante o governo de Paulo Dias próximo da natureza.
de Novais, primeiramente em bar- Situada a cerca de 27
ro. Com a expulsão dos holande- troduziu na cidade uma inovado- vou a Igreja dos Remédios a trans- quilómetros a sul da bar-
ses, ficou em 1705 com uma estru- ra visão do sagrado. Num dos co- formar-se em catedral. Em 1949, foi ra do Kwanza, Sangano
tura de alvenaria, a mando do go- rações palpitantes da capital, pon- declarada Imóvel de Interesse Pú- está numa localização pri-
vernador D. Lourenço de Almada, to de convergência de ruas impor- blico, quando ainda era parte do vilegiada da costa.

5
fazendo parte das obras obrigató- tantes, a Igreja da Sagrada Família Império Colonial Português.

3
rias dos sucessivos governantes. Fi- impõe-se pela arquitectura. junto PRAIAS DE CACUACO

2
nalmente, no governo de D. Fran- ILHA DE LUANDA ao mar e Às águas do mar que ba-
cisco de Sousa Coutinho (1764 - CATEDRAL DE LUANDA É um cordão litoral com- das disco- nham a vila de Cacuaco
1772), as obras terminam com a A construção da Igreja de posto por uma estreita lín- tecas aos juntam-se as águas das lagoas da
construção de uma bateria do ca- Nossa Senhora dos Remé- gua de terra com sete quilómetros hotéis, comuna da Funda, como a da Ki-
valeiro, armazéns à prova de bom- dios, na antiga Cidade Baixa de de comprimento que, separando a sem es- lunda, que já são uma alternativa
ba e uma cisterna que ficou co- Luanda, foi iniciativa dos comer- cidade de Luanda do Oceano Atlân- quecer as bastante conhecida dos luanden-
nhecida como Cova da Onça. ciantes e moradores locais para com- tico, criou a Baía de Luanda. A Ilha inevitáveis praias e a marina. A Ilha ses. A Praia de Santiago, por exem-
Igreja da Sagrada Família petir com os edifícios religiosos da de Luanda encontra-se ligada à ci- de Luanda está localizada no dis- plo, é conheci00.0000da não pelas
A Igreja da Sagrada Família está lo- Cidade Alta. As obras começaram dade por um pequeno istmo no so- trito urbano da Ingombota, muni- suas águas calmas ou areias de-
calizada no bairro Maculusso, mu- em 1651 e terminaram em 1679, ano pé da Fortaleza de São Miguel. É o cípio de Luanda. sertas, mas sim, pelo grande cemi-

7
nicípio da Ingombota. Foi a pri- em que foi inaugurada solenemente local de divertimento e lazer dos tério de navios em que se trans-
meira Igreja de Angola a adoptar pelo bispo D. Manuel da Nativi- luandenses e das demais pessoas PENÍNSULA formou. O lugar impressiona. São
uma arquitectura mais geométrica dade. Em 1716, a sede da Diocese que desejam conhecer a Ilha do Ca- DO MUSSULO dezenas de navios enferrujados fun-
e mais próxima das formas indus- de Angola e Congo foi transferida bo, podendo encontrar ali uma gran- A Pensínsula do Mussulo é deados numa paisagem surreal em
triais e moduladas. Com a sua vo- de São Salvador do Congo para de variedade de equipamentos tu- um banco de areia com cerca de 30 pleno século XXI. O local é também
lumetria de carácter estrutural, in- Luanda, o que eventualmente le- rísticos, dos bares aos restaurantes quilómetros de comprimento for- um singular mercado de peixe.
LUANDA
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ANOS

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MUSEU DA
MUSEU DE ESCRAVATURA
ANTROPOLOGIA O Museu da Escra-
Fundado a 13 de No- vatura está situado no Morro
vembro de 1976, o Museu Na- da Cruz. Dedicado à memória da
cional de Antropologia foi a pri- escravidão, é uma destacada insti-
meira instituição museológica cria- tuição cultural do país. Criado em
da depois da Independência de 1977 pelo Instituto Nacional do Pa-
Angola. Localizado no bairro dos trimónio Cultural com o objectivo

13
Coqueiros, a instituição vocacio- de dar a conhecer a história da es-
nada para a recolha, investigação, cravatura em Angola, o museu ocu- PARQUE DA q u e
conservação, valorização e divul- pa a Capela da Casa Grande, templo QUISSAMA não exis-
gação do património cultural an- do século XVII onde os escravos Quissama é um Parque Na- tem regis-
golano tem 14 salas distribuídas com outros predicados, além da be- eram baptizados antes de embarca- cional de Angola que possui 9.600 tos da sua
por dois andares, que abrigam pe- leza arquitectónica e das preciosi- rem nos navios negreiros, que os le- quilómetros quadrados de exten- origem.
ças tradicionais, designadamente dades expostas. O empreendi- vavam para o continente americano. são e apresenta uma grande di- Acredita-se

12
utensílios agrícolas, de caça e pes- mento ocupa uma área de cons- versidade de vegetação, que vai que a estru-
ca, fundição de ferro, instrumen- trução de 95 mil metros quadrados. MEMORIAL desde a mata tropical seca, com tura em ferro forjado tenha sido

10
tos musicais, jóias, peças de pano AGOSTINHO NETO cactos e imbondeiros até florestas construída em 1880 ou 90, em Fran-
feitas de cascas de árvores e foto- MUSEU DE HISTÓRIA O Memorial Agostinho Ne- tropicais e savanas, além de ani- ça, como pavilhão para uma expo-
grafias do povo Khoisan. NATURAL to é um imponente monumento com mais de várias espécies, como ele- sição, e posteriormente desmonta-

9
Criado em 1938 como Mu- enquadramento paisagístico admi- fantes e girafas. Interessante tam- do e transportado de barco para
MUSEU DA MOEDA seu de Angola e instalado na For- rável, para dar a conhecer a história bém é ver lá do alto o Rio Kwan- Madagáscar como destino prová-
O Museu da Moeda foi taleza de São Miguel, contava ini- do primeiro Presidente de Angola, za, o maior e mais importante de vel. O mesmo navio terá sido des-
criado pelo Banco Nacio- cialmente com secções de Etno- Agostinho Neto, com fotos, docu- Angola. Localizado a 75 quilóme- viado da sua rota pela corrente de
nal de Angola para reunir a histó- grafia, História, Zoologia, mentos e objectos da época. A estru- tros a norte de Luanda, o Parque Benguela, naufragando perto da
ria do país contada a partir da evo- Botânica, Geologia, Economia e tura, desenhada por arquitectos da foi criado como reserva de caça a Costa dos Esqueletos.
lução da sua moeda ou de outros Arte. O museu apresenta hoje um antiga União Soviética, rapidamen- 16 de Abril de 1938. Tornou-se Par- Após a Independência de Angola
meios de troca. Do Zimbo ao Kwan- amplo acervo de espécies repre- te se converteu numa obra de Santa que Nacional em 1957. e a subsequente guerra civil, o pa-

14
za, passando pelo Sal, o Cobre e o sentativas da rica e variada fauna Engrácia que demorou décadas até lácio entrou em ruína e o espaço
Sisal, incluindo os Reis, o Angolar angolana. Tem três andares e al- ser completada. De Mausoléu, o Me- PALÁCIO DE FERRO envolvente ficou transformado
e o Escudo, descreve a História de berga amplos salões onde estão morial passou a ser conhecido por Edifício histórico de Luan- num parque de estacionamento.
Angola, desde o Reino Kongo à ac- exemplares empalhados de ma- “Foguetão”, analogia elevada ao seu da que se crê ser da auto- Após restauro, em 2009, o Palácio
tual República, reunida num es- míferos, peixes, cetáceos, insectos, potencial máximo por vários artistas, ria de Gustave Eiffel, o Palácio de de Ferro foi entregue ao Ministé-
paço de exposição permanente, répteis e aves. entre os quais Kiluanji Kia Henda. Ferro está envolto em mistério, já rio da Cultura.
18

LUANDA
Sexta-feira, 25 de Janeiro de 2019
ESPECIAL

ANOS

CASAS DE CHAPAS PLANOS URBANÍSTICOS


FAMÍLIAS PARTILHAM TUDO COMEÇOU
O MESMO ESPAÇO ENTRE 2002 E 2003
Famílias de origem diferente partilham Entre 2002 e 2003, começou a
o mesmo espaço, dividido por uma primeira etapa com a elaboração de
cortina. A privacidade está planos urbanísticos e plantas de casas
condicionada. Os moradores dizem ser para abrigar cerca de três mil famílias
constrangedor no momento de na primeira fase do projecto,
satisfazer as necessidades. denominado Zango 1.

MUNICÍPIO DE VIANA EDIÇÕES NOVEMBRO | EDIÇÕES NOVEMBRO

VIDA PACÍFICA E ZANGO 8000


Foi há sensivelmente sete
anos que muitos luandenses vi-

Zangos são referência


ram o seu problema habitacio-
nal resolvido. A entrega de apar-
tamentos e habitações na urba-
nização do Zango 0, também
conhecida por Vida Pacífica,

no programa de fomento
deu ao município de Viana par-
ticular destaque do ponto de
vista de desenvolvimento e ar-
quitectura.
O Zango 0 encontra-se im-

habitacional
plantado na zona sul do muni-
cípio de Viana, estendendo-se
por uma área aproximada de 22
hectares, ocupados por 2.464 fo-
gos habitacionais, distribuídos
por 22 edifícios.
Para fases posteriores, den-
tro do plano da centralidade do
Zango 0, está prevista a cons-
trução de redes eléctricas, água,
combate a incêndios, drenagem
de águas pluviais e residuais, re-
servatórios e sala de bombagem
de água, iluminação pública e
arruamentos.

José Armindo contou


que, durante o tempo
em que viveu na Ilha,
havia receio em
namorar. “Para se
conversar com
alguém, era preciso
pedir autorização.
Agora, vale tudo e
ninguém tem medo
de nada”, afirmou.

O projecto é composto por


seis blocos habitacionais, in-
cluindo vias de circulação e
acesso. Tem capacidade para
albergar mais de 16 mil habi-
tantes. O conjunto de blocos é
composto por 22 edifícios com
tipologias T3 e T4.
Foram concebidos 13 edi-
fícios com tipologia T3, do ti-
po A, e nove com tipologia
T4, do tipo B, onde foram
construídos oito apartamen-
tos por piso, totalizando 112
por edifício.
zonas de risco ou por alegada ra o Zango, permitindo deste vida de milhares de famílias, O Zango 8000 foi concebi-
João Pedro expropriação por interesse pú- modo que se fizesse a recons- permitindo a implantação de in- do para albergar uma popula-
jornal.luanda@edicoesnovembro.co.ao blico. trução de infra-estruturas bási- fra-estruturas. ção estimada em 48.000 habi-
Assim, foi criado um pro- cas e a respectiva requalificação. Do Zango I ao Zango V foi tantes. Recebeu os primeiros
bairro do Zango no mu-

O
grama de emergência habita- Entre 2002 e 2003, começou construída uma rede básica de moradores entre Agosto e Se-
nicípio de Viana tornou- cional para realojar as famílias a primeira etapa com a elabo- abastecimento de água, através tembro de 2017, num acto que
se numa referência do pro- provenientes de vários bairros ração de planos urbanísticos e de fontanários, e uma de ilumi- marcou o arranque do proces-
grama de realojamento na pro- e que viviam em condições pre- plantas de casas para abrigar nação pública, dotada de uma so de venda de 2.600 dos 8.000
víncia de Luanda, depois de cárias. A encosta da Boavista, no cerca de três mil famílias no Zan- subestação nova e uma linha de fogos habitacionais projecta-
começarem a ser retirados vá- município do Sambizanga, foi a go 1. O programa ajudou tam- transformação de 60 KV para dos naquela nova urbanização
rios populares que viviam em primeira a enviar moradores pa- bém a melhorar a qualidade de servir as populações. do município de Viana
LUANDA
Sexta-feira, 25 de Janeiro de 2019 ESPECIAL
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ANOS

INFRAE-STRUTURAS ZANGO ZERO


SISTEMAS A ZONA NOBRE
DE ENERGIA E ÁGUA O Zango 0 estende-se por uma área
Foi construída uma rede básica de aproximada de 22 hectares,
abastecimento de água, através de ocupados por 2.464 fogos
fontanários, e uma de iluminação habitacionais, distribuídos por 22
pública, dotada de uma subestação edifícios e vias de circulação e de
nova e uma linha de transformação acesso. Tem capacidade para
de 60 KV. albergar mais de 16 mil habitantes.

EDIÇÕES NOVEMBRO | EDIÇÕES NOVEMBRO

COLOCADOS EM TENDAS moradores na condição de pri-


Os desalojados da Ilha do Cabo mitivos. Eles são unânimes em
em Abril de 2009 e transferidos pa- apontar que, devido às inunda-
ra o Zango I no município de Via- ções, o maior calvário é vivido no
na, sentem-se abandonadas pelo tempo chuvoso.
Governo. Em Dezembro, vários desa-
Inicialmente, moravam em ten- lojados ocuparam casas desabi-
das oferecidas pelo Governo, com tadas em projectos habitacionais
a promessa de que ficariam na- do Governo. De lá, garantem que
quelas condições durante quatro não vão sair. Outros populares
meses. Mas, passados 10 anos, a preparam-se para seguir o
situação mantém-se. exemplo e deram um prazo.
Muitas famílias optaram por
sair das tendas e erguer casas de
chapa de zinco. Esta tendência ten-
de a generalizar-se. Outros abri- Os casebres de chapa
gados em tendas começaram a não oferecem
ocupar as casas desabitadas em
projectos habitacionais do Gover- segurança. A falta de
no naquela zona. saneamento básico,
Ao Zango I chegaram crianças água canalizada,
e adolescentes que hoje são adul-
tos e estão a constituir família no
energia eléctrica, casa
bairro. “Um filho que chegou aqui de banho e cozinha
com 20 anos, hoje tem 30 anos e já coloca os moradores
tem três filhos. Se eu, como pai, na condição de
não tenho casa, ele também vai fa-
zer uma de ‘bate chapa’”, recla-
primitivos. Eles são
mou Alberto Ngonga, um dos de- unânimes em apontar
salojados da Ilha. que, devido às
“Ainda bem que [os jornalis- inundações, o maior ARTES Centro Cultural do Zango veio dinamizar a criatividade artística no dominío do teatro e da música
tas] vieram; precisam de teste-
munhar o sofrimento que passa- calvário é vivido no | EDIÇÕES NOVEMBRO

mos aqui. Tudo isso não é normal, tempo chuvoso.


nunca vi”, desabafou José Ar-
mindo, ao aperceber-se da pre-
sença da equipa de reportagem do “Dentro em breve vão ocu-
Luanda - Jornal Metropolitano. par outras casas no Zango III
José Armindo contou que, du- até no Zango IV há muitas ca-
rante o tempo em que viveu na sas vazias. Para um indivíduo
Ilha, havia receio em namorar. “Pa- que está a sofrer há dez anos,
ra se conversar com alguém, era vendo uma casa vazia, qual se-
preciso pedir autorização. Agora, rá a tendência dele? Se alguém
vale tudo e ninguém tem medo de lhe soprar no ouvido que vamos
nada”, afirmou. ocupar aquela casa, ele vai. Por
“Quando chegámos aqui, exis- mais que a invasão não tenha lí-
tiam só tendas e muito capim à der, ele vai, porque precisa de
volta. Como podem ver, hoje vi- uma casa”, explicou José Ar-
vemos em casebres de chapa, sem mindo.
as mínimas condições”, disse Jo- Muitos moradores encon-
sé Armindo. Os moradores tive- tram-se na condição de desem-
ram de limpar o capim. pregados e, por isso, os jovens
Os casebres de chapa não ofe- ficam a consumir bebidas al-
recem segurança. A falta de sa- coólicas o dia inteiro. “Parece
neamento básico, água canaliza- que se esquecem da existência
da, energia eléctrica, casa de ba- de vida além da bebida”, disse
nho e cozinha coloca os Maria da Conceição.

MANIFESTAÇÃO POPULAR
CENTENAS DE EX-MORADO- festantes percorreram cerca de as promessas feitas”. Augusto Ma- RNA que realizaria um encontro
RES DA ILHA DO CABO, acam- oito quilómetros a pé, do Zango I nuel dos Santos, que vive numa com uma comissão dos manifes-
pados há dez anos em tendas no até à Administração Municipal de casa de chapa, disse estar can- tantes para equacionar a solução
Zango I, manifestaram-se na passada Viana, empunhando vários carta- sado das péssimas condições de do problema.
segunda-feira, defronte do edifício zes. A moradora Jéssica Clemen- habitação. Outro morador, Do- Apesar desta franja da popula-
da Administração Municipal de Via- tina disse que o longo tempo de mingos Chaneque, explicou que ção ter ficado de fora dos planos
na, reclamando por realojamento espera era o motivo da manifes- a manifestação foi organizada de fomento habitacional e da ex-
condigno, conforme prometido pe- tação, argumentando que “que- para exigir uma resposta do Go- pansão da cidade de Luanda, tu-
las autoridades da província de remos uma boa resposta sobre as verno. “Exigimos a verdade, pas- do indica que Viana, pelo que já apre-
Luanda. De acordo com a Rádio Na- nossas casas, porque as autori- sados 10 anos”, enfatizou. Fonte da senta em termos de construção, vai
cional de Angola (RNA), os mani- dades não estão a cumprir com Administração de Viana garantiu à continuar a crescer.
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LUANDA
Sexta-feira, 25 de Janeiro de 2019
ESPECIAL

ANOS

MOBILIDADE PREVISÃO
MELHORIAS EXPLOSÃO DEMOGRÁFICA
NO TRÂNSITO Até 2030, a província de Luanda terá 12,9
Serão construídos 446 quilómetros milhões de habitantes. Viana terá uma
de estradas primárias para servir o população estimada em 3,1 milhões,
tráfego regional e metropolitano, e seguido de Belas com 2,9 milhões,
676 quilómetros de vias Luanda com 2,7 milhões, Cacuaco
secundárias para interligar as com 1,4 milhões, Cazenga com um milhão
viasestruturantes. e Icolo e Bengo com 500 mil.

MUNICÍPIO MAIS POPULOSO DE LUANDA

Viana com 3,1 milhões


de habitantes em 2030

CRESCIMENTO O município de Viana vai precisar de investimentos nos domínios da habitação, energia e águas, saúde e educação e rede viária para suportar a densidade populacional

Domingos dos Santos revelou que a província de Luan- (1.070.147) e Cazenga (892.401). Os milhões, Luanda com 2,7 milhões,
jornal.luanda@edicoesnovembro.co.ao da tinha 6.945.386 de habitantes. Prevê-se que até municípios menos populosos de Cacuaco com 1,4 milhões, Cazen-
Actualmente, a capital angolana 2030, Luanda venha Luanda eram o Icolo e Bengo ga com um milhão e Icolo e Ben-
alberga mais de oito milhões de (81.144) e Quissama (26.546). go com 500 mil.
iana pode tornar-se, em a contar com 13
V
pessoas, na sua maioria residen- O Plano Director Geral Metro- Prevê-se que até 2030, Luan-
2030, no município mais po- te na periferia. novos hospitais, politano de Luanda (PDGML) pre- da venha a contar com 13 novos
puloso de Luanda com 3,1 De acordo com dados divulga- 174 novos centros vê que, até 2030, a província de hospitais, 174 novos centros de
milhões de habitantes, segundo pre- dos pelo Instituto Nacional de Es- Luanda tenha uma população es- saúde, 1.500 novas escolas e 1,4
visão do Plano Director Geral Me- tatística (INE), o município de Luan-
de saúde, 1.500 timada em 12,9 milhões de habi- milhões de novas habitações. Nes-
tropolitano de Luanda (PDGML), da era o mais populoso da provín- novas escolas e 1,4 tantes. Nessa altura, o município ta altura, Luanda possui cerca de
publicado em 2015. cia, com 2.194.747 de habitantes, milhões de novas de Viana terá uma população es- 800 escolas públicas, 1.171 colé-
O Censo Geral da População seguido de Viana (1.605.291 habi- habitações. timada em 3,1 milhões de habi- gios privados e 1.497 escolas com-
e Habitação, realizado em 2014, tantes), Belas (1.075.109), Cacuaco tantes, seguido de Belas com 2,9 participadas.
LUANDA
Sexta-feira, 25 de Janeiro de 2019 ESPECIAL
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ANOS

CENSO 2014 TRANSPORTES FERROVIÁRIOS


MUNICÍPIO DE LUANDA NOVAS LINHAS PODEM
MAIS POPULOSO SURGIR NO FUTURO
O Censo da População e Habitação,
realizado em de 2014, concluiu que o A província de Luanda poderá contar com novas
município de Luanda era o mais linhas, nomeadamente, Bungo-Viana, Bungo-
populoso da província, com 2.194.747 Benfica, uma linha férrea circular, Benfica-Filda,
de habitantes, seguido de Viana Bungo-Segunda Circular, Kilamba-Cacuaco e
(1.605.291 habitantes), Belas (1.075.109) Zango-Viana. Com a sua efectivação, vai melhorar
e Cacuaco (1.070.147). a mobilidade de pessoas .

AGOSTINHO NARCÍSO | EDIÇÕES NOVEMBRO


EDIÇÕES NOVEMBRO | EDIÇÕES NOVEMBRO

MOBILIDADE A cidade poderá contar com novas vias primárias

REDE RODOVIÁRIA
FISTON ANTÓNIO JOÃO, na ao congestionamento e ao perío-
sua dissertação sobre “Acessibili- do de espera entre autocarros”, su-
dade e Mobilidade na Cidade de blinha na sua dissertação.
Luanda em situação de escassez A rede viária de Luanda é ali-
de informação: Pistas para Inter- mentada por três principais vias es-
venções”, apresentada em 2015 truturantes que ligam ao centro da
no Instituto Superior Técnico de Lis- cidade, nomeadamente as estradas
boa para a obtenção do grau de da Samba, Catete e Cacuaco. As
mestre em Urbanismo e Ordena- mesmas asseguram a distribuição
mento do Território, refere que, de dos maiores fluxos de trânsito de
uma forma geral, a “falta de inves- Luanda com origem noutros mu-
timento adequado no sistema de nicípios e periferias, com destino
transportes compromete a quali- ao centro da cidade.
dade e a intermodalidade de todas O PDGML prevê a construção
as redes de transportes”. de 446 quilómetros de estradas pri-
“O transporte rodoviário apre- márias, que tem como função prin-
senta estradas em estado de de- cipal servir o tráfego regional e me-
gradação e isso compromete a se- tropolitano, e 676 quilómetros de
gurança e mobilidade dos trans- vias secundárias para assegurar a
portes. Os utentes perdem assim acessibilidade e interligação com
muito tempo no percurso devido as vias estruturantes.

REDE FERROVIÁRIA
SOBRE O TRANSPORTE ferro- de 210 quilómetros integrados no
viário, Fiston António João considera sistema de comboio suburbano,
que os comboios, que seriam uma 44 quilómetros de conexão fer-
opção para acabar com os trans- roviária expressa, 142 quilómetros
tornos causados por uma rede ro- de corredor de trânsito totalmen-
doviária deficitária, não conseguem te segregado e 255 quilómetros de
obter uma cobertura razoável que corredor de trânsito parcialmen-
englobam as principais zonas de ori- te segregado. Com isso, surgem no-
gem das pessoas que todos os dias vas linhas, nomeadamente, Bungo-
se deslocam ao centro da cidade. Viana, Bungo-Benfica, uma linha fér-
O Plano Director Geral Metropoli- rea circular, Benfica-Filda, Bungo-
tano de Luanda deve acabar com Segunda Circular, Kilamba-Cacua-
esse problema com a construção co e Zango-Viana.
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LAZER
Sexta-feira, 25 de Janeiro de 2019

Cartoon Armando Pululo

?
Cinema
TESTE CINEMAX /Kilamba

Semana:

• Título: Glass
Sala ( VIP)
• Género: Thriller
•Sessões:13h10/15h50/ 19h00
/21h40

Desafio Curiosidades
Sobre animais

1 - A alimentação dos animais é um as


pecto variável, classificando-se na
queles que se alimentam de carne
de outros animais; aqueles que se
alimentam de vegetais e os que se
alimentam tanto um quanto outro.
Como se chama os que se alimen
tam de matéria morta?

1- Carnívoros •Título: Aquaman 3D


• Género: Acção, Aventura
2- Onívoros (sala 1)
• Sessão:12h40/15h40/18h40
/21h40
3- Detritívoros
•Título: Creed II
4- Herbívoros (sala 2)
• Género: Drama
• Sessão: 13h20/16h00/19h10
/21h50
Sobre museus
• Título: Escape Room
(sala 3)
• Género: Acção, Terror
2- O Museu da Moeda é um
• Sessões: 14h00/16h20
lugar simbólico e está locali
zado num dos largos da baixa O grupo de ballet tradicional Kilandukilu /19h20 /21h40
de Luanda. A maior parte deste
museu é subterrânea. Em que
história do grupo Ki- Itália, Alemanha, Suécia, Po- gar no Festival Provincial
largo está localizado?

a- Largo Saydi Mingas A landukilu começa


em 1984, altura em
que os jovens do bairro Ma-
lónia, África do Sul, Marro-
cos, Cuba, Costa Rica, Ni-
carágua, Índia, Coreia do
para trabalhadores em
Luanda. Em 1996, foi a vez
de receber o Prémio Reve-
b- Largo 4 de Fevereiro culusso, em Luanda, en- Norte e Sul, Singapura, Ja- lação e, em 1998, o Prémio
c- Largo da independência
cantados como os filmes de pão, Emirados Árabes Identidade, referente ao me-
dança divulgados na época, Unidos, Qatar, Israel, Tur- lhor grupo, ambos agracia-
d- Largo das Heroínas
quiseram criar um projecto quia e Rússia. Reconheci- dos pela União dos Artistas
que os pusesse também a do internacionalmente pe- e Compositores. Em 2000,
dançar. Com uma vontade la sua identidade e alma o Governo de Luanda dis-
entusiasmante de levar o africana, o Kilandukilu tinguiu-o com o Diploma
Sobre Luanda
• Título: Astérix: O Segredo
aroma de África através da foi coleccionando galar- de Mérito. Esse mérito con-
dança além-fronteiras, o dões ao longo dos anos de tinuou a ser destacado, ten- da Porção Mágica VP
(sala 4)
3- Luanda é a capital nosso país.
• Género: Animação
grupo tradicional já parti- actividade. do o Kilandukilu arrecada-
• Sessões:13h00/15h00
Está localizada na costa do
cipou em variados certames Logo no ano de forma- do o Prémio Carreira na edi-
/17h00 /18h50
Oceano Atlântico. Constitui um
município subdividido em seis internacionais. A lista de paí- ção, o grupo convenceu os ção 2010 da Moda Luanda
distritos urbanos. Foi fundada ses que já foram seduzidos mais cépticos em relação e o Prémio Nacional de Cul-
a 25 de Janeiro de... pelo encanto deste ritmo é ao sucesso do projecto, ar- tura e Artes na categoria de
extensa: Espanha, França, recadando o primeiro lu- Dança em 2011.
a- 1586 b- 1277

c- 1736 d- 1576 Palavras Cruzadas Horizontais


1- Município da província do Bengo.
7- Verbal. 11- Doca para barcos de re-
creio. 12- Cabeça (Bras.). 13- Lavrar.
RESPOSTAS 14- Figura. 16- Rente. 17- Raiva.
18- Espaço de 12 meses. 19- O número
38- RALA. 40- VIR. 41- FAB. 44- HM. quatro em numeração romana.
31- NASCE. 34- METE. 37- ALAR. 21- Abreviatura de et cetera. 23- Elas.
24- Tornar a ler. 27- Que não é o mesmo.
25- ETERNO. 26- REMA. 28- TÍPICO. 29- Extraterrestre. 30- Tipo de meditação
contemplativa. 32- Nesse lugar.
• Título: Robin Hood
20- VEZ. 22- CUA. 24- RESTAR.
33- Preposição designativa de falta.
(sala 3 )
9- ACENAR. 10- LAMOSO. 15- MATO. 35- Perverso. 36- Diz-se do número inteiro
• Género: Aventura, Fantasia
5- IN. 6- ZAIRE. 7- OCA. 8- RUGA. que é divisível por dois. 39- Escuridão
• Sessões: 13h00/ 15h40/18h20
completa. 41- Série de pessoas, animais
/21h00/23h40 (1)
1- AMAR. 2- MARÉ. 3- BRASIL. 4- RIR.
ou coisas colocadas umas atrás das ou-
Verticais tras. 42- Prefixo (oposição). 43- Quadrú-
pede feroz, da família dos cães.
45- Ratar. 46- Não obstante. • Título: Robin Hood
(sala 4 )
43- CHACAL. 45- ROER. 46- EMBORA.
• Género: Acção, Aventura
39- TREVAS. 41- FILA. 42- ANTI.
30- ZEN. 32- AÍ. 33- SEM. 35- MAU. 36- PAR. Verticais • Sessões:20h50/23h20(1)
23- AS. 24- RELER. 27- OUTRO. 29- ET. 1- Gostar muito. 2- Movimento periódico (1)Apenas dias 18 e 19 Janeiro
de subida e descida das águas do mar.
• Título: Força Ralph: Ralph
16- RÉS. 17- IRA. 18- ANO. 19- IV. 21- ETC. 3- País da América do Sul. 4- Assumir ex-
vs Internet VP
12- CUCA. 13- ARAR. 14- IMAGEM. pressão alegre. 5- Na moda. 6- Província
(sala 5 )
1- AMBRIZ. 7- ORAL. 11- MARINA. de Angola situada no extremo noroeste do
• Género: Animação
país. 7- Vazia. 8- Sulco na pele. 9- Cha-
• Sessões: 13h50/16h10
Horizontais mar a atenção por meio de gestos.
Filme Esquebra – 800 Kz
Palavras Cruzadas 10- Lamacento. 15- Terreno inculto,
coberto de plantas agrestes.
20- Turno. 22- Comissão da União Afri-

• Título: Segundo Acto


cana. 24- Remanescer. 25- Que não tem
fim. 26- Move os remos. 28- Caracterís-
(Sala 5)
3 - d - 1576. tico. 31- Vem ao mundo.
• Género: Comédia, Romance
2 - a - Largo Saydi Mingas. 34- Coloca dentro. 37- Em forma de asa.
1 - 3 - Detritívoros. 38- Tritura. 40- Regressar.
(1)Apenas dias 18 e 19 Janeiro
41- Federação Angolana de Basquetebol. •Sessões:18h30/21h00/23H20(1)
Desafio:
44- Símbolo de hectómetro.
LUANDA
Sexta-feira, 25 de Janeiro de 2019 ESPECIAL
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ANOS

TOPONÍMIA LUANDA ANTIGA


LUSITANA E NATIVA SÍMBOLO DE JUSTIÇA
Através das vicissitudes dos tempos, o E DE ORGANIZAÇÃO MUNICIPAL
velho burgo de Paulo Dias de Novais Em Luanda existiu um pelourinho - símbolo de
engrandeceu-se, ganhou feições novas e justiça e de organização municipal. A sua
elevou-se até ao esplendor actual. No configuração, dá -se como localizado na "Praça
seu nome, Cidade de São Paulo da do Pelourinho" , na rua onde actualmente
Assunção de Luanda, se combina a funciona o Museu Nacional de Antropologia,
toponímia lusitana e nativa. ao fundo dos Coqueiros.

SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA DA CIDADE


| EDIÇÕES NOVEMBRO

época, mandando "exautorar das


Joaquim Camacho respectivas honras no pelourinho
jornal.luanda@edicoesnovembro.co.ao
o soba Capela, do Golungo Alto,
D. Domingos Francisco, por in-
etentora dos nobres per-

D
subordinação, rebeldia e péssi-
gaminhos das velhas ci- mos costumes".
dades construídas pelos Desta data em diante, as re-
portugueses, Luanda, à data da ferências que encontrarmos ao
sua fundação, foi a primeira er- pelourinho constam dos jornais
guida com esforço de europeus, que então se publicavam em
na África intertropical - e esse é Luanda, os quais, fazendo-se eco
o seu primeiro título de nobreza dos sentimentos de liberdade hu-
- constituindo, do mesmo passo, mana, tanto em voga na época,
um dos primeiros e mais valio- atacavam a sua existência, apon-
sos padrões de colonização, le- tando-o como um "execrando pa-
vada a cabo pelos portugueses. drão injustificável no século
Desde então, através das vi- XIX". Como exemplo , citamos
cissitudes dos tempos, o velho a notícia constante do dia 5 de
burgo de Paulo Dias de Novais Agosto de 1877, do periódico lo-
engrandeceu-se, ganhou feições cal o Cruzeiro do Sul, em que
novas e elevou-se até ao esplen- pede "a demolição do pelouri-
dor actual. Ao evocar essa longa nho por desnecessário e inca-
caminhada, não me move outra paz". Certamente, devido a es-
ambição do que contribuir, com ta campanha e às pressões exer-
todo o meu coração, para o co- cidas no mesmo sentido , a
nhecimento da bela capital an- Câmara de Luanda, como se lê
golana e dos que, com heróica co- na acta da sessão de 23 de Ou-
ragem e nobre patriotismo, se tubro de 1884, decidiu, por
têm empenhado, entre recorda- maioria, sob proposta do presi-
ções do passado e esperanças do dente, José Jacinto Ferreira da
futuro, na sua valorização. cruz, "mandar demolir o pelou-
No seu nome, Cidade de São rinho, oficiando-se ao Governo-
Paulo da Assunção de Luanda, se Geral está resolução ". Em con-
combina a toponímia lusitana e na- formidade com está parte final,
tiva. "Luanda - quer se filie no vo- no dia seguinte era feita ao se-
cábulo quimbundo que significa cretário -geral do Governo a se-
tributo - alusão feita ao que os abo- guinte comunicação: "peço a V.
rígenes prestavam ao Rei do Con- Exa queira ter a bondade de le-
go sob a espécie do zimbo colhido var ao conhecimento de Sua Exa
na ilha fronteiriça à actual cidade o Governador Geral (Capitão te-
- quer se interprete como rede - a nente Francisco J. Ferreira do
rede da sua primitiva população
de pescadores - mantém o seu no-
me indígena sob a tutela da Vir-
gem Santíssima - Mãe do Mundo
Luanda e a demolição Amaral) que a Câmara em sua
sessão de ontem resolveu man-
dar demolir o pelourinho que
está colocado no fim da calçada

do Pelourinho
- e de São Paulo - o maravilhoso do mesmo nome. Mas apesar
semeador da palavra de Deus e desta resolução, se sua Exa tiver
Apóstolo das Gentes." o mais leve inconveniente, não
Cerca de um ano e meio de- se fará tal demolição".
pois de ter aportado à Ilha de A esta deliberação municipal
Luanda, em 11 de Fevereiro de aludia o Mercantil, de 6 de No-
1575, Paulo Dias de Novais, por Senhora da Assumpção, em cujo bido, qualquer destes regimes vembro de 1884, nos seguintes ter-
não achar "o lugar acomodado dia se restaurou a cidade. municipais, acompanhou sempre, mos: " ... foi resolvido, e aprovado
para capital da conquista" trans- A sua configuração, dá - Posto que Féo Torres, nas suas com pequenas alterações, o mo- pelo Governo-Geral, se procedes-
fere-se para o continente fronteiro se como localizado na memórias diga que Paulo Dias delo vigente em Portugal. se à demolição do pelourinho, des-
com "as equipagens das suas ca- de Novais, após o seu estabele- Por isso, como lá, também em se monumento de vergonhosas tra-
ravelas, os setecentos homens de "Praça do Pelourinho" , cimento em terra firme, - "criou Luanda existiu um pelourinho - sím- dições, onde eram manietados e
guerra da sua tropa e com a cle- na actual rua onde todos os cargos e ofícios neces- bolo de justiça e de organização mu- barbaramente castigados - se não
rezia que o acompanhava" e nes- funciona o Museu de sários ao governo da nova Coló- nicipal. A sua configuração, dá -se mortos - os nossos semelhantes".
te local funda a Vila de São Pau- nia" - ignora-se a data da insta- como localizado na "Praça do Pe- Assente assim a demolição
lo. O novo burgo, apesar das Antropologia, ao fundo lação do Município. É de crer, po- lourinho", na rua onde actuamente do pelourinho, deve a mesma
guerras que desde logo os seus dos Coqueiros. rém, em face de relações antigas funciona o Museu de Antropologia, ter sido desde logo iniciada,
habitantes tiveram que suportar que se referem ao assunto, que a ao fundo dos Coqueiros. pois o referido jornal, no dia 11
e da inclemência do clima, foi-se administração municipal, sob a Segundo Féo Torres e Lopes de Dezembro de 1884, dá a es-
desenvolvendo em ritmo firme, designação de Senado da Câma- de Lima, as execuções eram fei- tampa a seguinte notícia acerca
a tal ponto que, em 1605, lhe foi reia de Sá e Benevides, ao recon- ra, remonte aos primeiros dias tas num sítio chamado "quitan- do seu desaparecimento: "já es-
concebido, pela sua importância, quistar a cidade aos holandeses, de existência da Cidade, man- da pequena ou forca" - onde se tá concluída a demolição do pe-
o foral de cidade de que actual- o modifica para São Paulo da As- tendo-se assim até 15 de No- procediam às exautorações. A úl- lourinho, mandado botar- abai-
mente desfruta. sumpção de Luanda, por, como vembro de 1834, data em que for- tima conhecida vem indicada no xo pela actual vereação muni-
O primitivo nome - São Pau- escreve Cadornega, "o antigo ape- mou, ao abrigo da Carta Consti- ofício do então Governo-Geral cipal". Deste modo, e não vítima
lo de Luanda - manteve-se até lido de Loanda ter parecença com tucional, a primeira Câmara de 28/ 11/ 1845, para o coman- da usura do tempo, deixou de
1648, data em que Salvador Cor- o de Holanda, e em memória da Municipal de Luanda. Como é sa- dante da Polícia de Luanda na existir o pelourinho de Luanda.
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LUANDA
Sexta-feira, 25 de Janeiro de 2019
ESPECIAL

ANOS

ACESSO GRATUITO APROVEITAMENTO


ABERTA DE SEGUNDA ROUBO DE LIVROS
A SEXTA-FEIRA Em tempos idos, a biblioteca registava o roubo
de oito a dez livros, em muitos casos com a
A biblioteca está aberta de segunda a sexta-
conivência de alguns funcionários. “Hoje há
feira e o acesso é gratuito para pessoas com
mais controlo, mas precisamos reforçar a
idades a partir dos 12 anos. Os leitores não
segurança”, disse o historiador, lembrando que,
pagam para consultar os livros, bastando
depois da Independência, a Biblioteca perdeu
apenas estar bem apresentado e com um
seis mil livros dos 36 mil que possuía.
documento de identificação com fotografia.

BIBLIOTECA MUNICIPAL DE LUANDA

Nilza Massango
jornal.luanda@edicoesnovembro.co.ao

Biblioteca Municipal de
Acervo histórico corre
A Luanda possui um acervo
histórico de valor incalcu-
lável. Criada a 1 de Dezembro de
o risco de desaparecer
1873, ou seja há 145 anos, pela Câ-
mara Municpal de Luanda, a ins- Com 145 anos de existência, a Biblioteca Municipal de Luanda é considerada a mais antiga
tituição possui cerca de 32 mil li-
vros, na maioria em mau estado da África subsariana. Possui mais de 32 mil livros, na sua maioria em mau estado de
de conservação. conservação e em risco de desaparecer se nada for feito para a sua recuperação
Localizada no edifício sede do
Governo Provincial de Luanda
(GPL), a biblioteca possui arqui-
vos sobre a escravatura, contra-
tos, jornais antigos como “O Fu-
turo de Angola”, “O Mercantil”,
“O Comércio”, “O Intransigente”,
“O Bofetadas” e manuscritos so-
bre as contas dos procuradores do
Senado da Câmara Municipal de
Luanda, que datam dos anos 1778
e 1779, considerados os docu-
mentos históricos mais antigos da
instituição, que podem desapa-
recer se nada for feito para a sua
recuperação.
O director da Biblioteca Mu-
nicipal de Luanda, António de Bri-
to, revela que, além dessa situação,
a instituição registava anterior-
mente o roubo de oito a dez livros,
em muitos casos com a conivência
de funcionários. “Hoje há mais con-
trolo, mas precisamos de reforçar
a segurança”, disse o historiador,
lembrando que, depois da Inde-
pendência a biblioteca perdeu seis
mil livros dos 36 mil que possuía.
“Conseguimos recuperar al-
gumas obras e comprar outras no-
vas e hoje temos cerca de 32 mil li-
vros disponíveis. Os mais antigos
já não podem ser consultados por
causa do mau estado de conser-
vação”, explicou.
Funcionário do GPL há 40 anos,
26 dos quais como director da Bi-
blioteca Municipal, António de
Brito refere que o grande objecti-
vo é recuperar essas obras, tornar
a instituição mais moderna para
preservar o acervo e criar meca-
nismos de maior controlo.
“O acervo tem livros com dois,
três séculos e alguns deles já não
servem para consulta. Pretende-
mos criar condições para a repro-
dução dessas obras”, reafirmou. A qualquer justificação. VISITAS DE ESTUDO estar bem apresentado e com um anos, para 12 em 2018. António de
biblioteca possui, em exclusivo, A biblioteca tem encadernados E PESQUISA documento de identificação com Brito aponta questões de segu-
um conjunto de obras caras de um todos os jornais editados em Luan- António de Brito lamenta o facto fotografia. rança no acesso ao edifício do GPL
matemático e outras que chegam da, entre os quais o Jornal de An- de as pessoas procurarem a bi- Os estudantes das univerida- e a existência de outras bibliotecas
a custar cerca de 500 dólares nor- gola. Devido à crise financeira, a blioteca apenas em época de pro- des Agotinho Neto (UAN), Cató- para justificar a redução do núm-
te-americanos. encadernação dos jornais está sus- vas ou quando necessitam de pes- lica de Angola (UCAN) e Meto- ro de visitantes. “O edifício do GPL
António de Brito revelou que, pensa há quatro anos. “Não há di- quisar sobre alguma coisa do seu dista de Angola (UMA) são apon- tem apenas uma entrada e os lei-
em tempos, a Biblioteca Nacional nheiro para fazer a encadernação interesse. A biblioteca está aberta tados como aqueles que mais tores, que se apresentam inade-
Portuguesa mostrou disponibili- e também está difícil obter jornais. de segunda a sexta-feira e o aces- frequentam a Biblioteca Municipal quadamente, são proibidos de en-
dade para apoiar um programa Antigamente havia um convénio so é gratuito para pessoas com ida- de Luanda. O número de visitan- trar. Estamos a trabalhar no senti-
de informatização da biblioteca, com o Jornal de Angola, que nos des a partir dos 12 anos. Os leito- tes tem estado a diminuir drasti- do de facilitar o acesso ao edifício”,
orçado em 50 mil dólares, mas fornecia gratuitamente os jornais res também não pagam para con- camente nos últimos anos, tendo garantiu.
que ficou em “stand by”, sem todos os dias”, disse. sultar os livros, bastando apenas passado de 30 por dia, há cinco O mapa estatístico de 2016 re-
LUANDA
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ANOS

ORÇAMENTO ANUAL PROCURA


BIBLIOTECA RECEBE POUCOS VISITANTES
UM MILHÃO DE KWANZAS O número de visitantes tem estado a diminuir
Anualmente, recebe do Orçamento Geral do nos últimos anos, tendo passado de 30
Estado um milhão de kwanzas para a pessoas, há alguns anos, para apenas 12 por
compra dos livros mais soliciados e em falta. dia. António de Brito aponta questões de
A direcção da biblioteca, com parcos segurança, no acesso ao edifício do Governo
recursos, tenta a todo custo reproduzir Provincial de Luanda (GPL), e a existência de
algumas dessas obras. outras bibliotecas para justificar a redução do
número de visitantes.

DOAÇÕES DE INTELECTUAIS
A CRIAÇÃO DA BIBLIOTECA, da, no sentido de aumentar o seu jornais da época”, disse o direc-
pela Câmara Municipal de Luan- acervo. Alfredo Troni chegou a tor António de Brito. Em 1911, a
da contou com a contribuição de doar 300 obras literárias. biblioteca foi transferida para o
intelectuais como Alfredo Tro- Naquele tempo, poucas pes- edifício do GPL, sede da Câma-
ni e Urbano de Castro. No iní- soas frequentavam a biblioteca. ra Municipal de Luanda até à In-
cio, tinha disponíveis 24 li- Eram dois ou três intelectuais dependência Nacional. É con-
vros. Os intelectuais da épo- que consultavam o acervo. “Não siderada a mais antiga da Áfri-
ca, possuidores de biblio- havia nada sobre literatura an- ca subsariana. “Há governado-
tecas particulares em casa, golana. Os escravos não sabiam res de Luanda que nunca visi-
antes de morrerem, doa- ler nem escrever. Não precisa- taram a biblioteca. Era pratica-
ram os seus livros à Bi- vam de biblioteca. A única coi- mente um lugar desconheci-
blioteca Municipal de Luan- sa que podiam encontrar era os do”, recordou António de Brito.
MOTA AMBRÓSIO | EDIÇÕES NOVEMBRO

DIFICULDADES
FINANCEIRAS
A BIBLIOTECA MUNICIPAL
DE LUANDA, possui uma sala de
leitura com 48 lugares. Os livros
são conservados em grandes ar-
mários de madeira. Treze fun-
cionários, na maioria mulheres
sem formação na área, assegu-
ram as actividades administrati-
vas e outras tarefas.
Anualmente, recebe do Or-
çamento Geral do Estado um
milhão de kwanzas para a com-
pra dos livros mais soliciados
e em falta. A direcção da bi-
blioteca, com parcos recursos,
tenta a todo custo reproduzir
algumas dessas obras.
António de Brito diz ser ne-
cessário dar um salário con-
digno e formação ao pessoal
que lida com livros com mais
de 100 anos e lembra que
quem trabalha na biblioteca
deve consumir leite todos os
dias. Defende, por isso, que ca-
fere que 389 funcionários públicos, da trabalhador deve ter di-
80 estudantes de base, 933 do en- reito, no mínimo, a quatro la-
sino médio e 1.845 do ensino su- tas de leite por mês e consu-
perior visitaram a Biblioteca Mu- mir um litro por dia devido à
nicipal de Luanda. natureza do trabalho.
Para fácil localização e em ca- “Queremos um orçamento
so de roubo, todos os livros são ca- que melhore a vida e a saúde
rimbados e têm número de regis- dos trabalhadores que, uma
to, estante e prateleira, além de um vez por ano, deve ir duas vezes
ficheiro com o nome do autor, tí- ao médico. Há pessoas que saí-
tulo e o assunto. Os leitores tem à ram da biblioteca com tuber-
disposição sete computadores, sem culose”, revelou. CONSERVAÇÃO Os livros são arrumados e guardados em grandes armários de madeira
Internet, para pesquisa.
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PUBLICIDADE Sexta-feira, 25 de Janeiro de 2019

(700.009)

(700.001b)
LUANDA
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ANOS

SALAS NETO KAJIMBANGALA


HISTÓRIAS DE LUANDA LUANDA
Figura de destaque do Distrito do Rangel, MODERNA E ANTIGA
pelo qual os moradores, sobretudo a nova “Focarei em questões que têm a ver com a
geração, devem tê-lo como fonte de construção da Luanda moderna, seus traços e
inspiração, Salas Neto é conhecedor de vestígios do que recebe da antiga Luanda.
muitas histórias de Luanda. Jornalista e Essencialmente, tomarei a iniciativa de provocar
cronista, é autor do livro “Kafuka- um debate sobre o grau de conhecimento que a
Fuka/Crónicas Do Areal”. juventude tem de Luanda”.

CASA DA CULTURA DO RANGEL

Luanda na voz Matadi Makola


jornal.luanda@edicoesnovembro.co.ao

astronomia, história e hábitos

de Dionísio Rocha, G e costumes dos kaluandas são


os motivos de um convívio a
ter lugar hoje na Casa da Cultura do
Rangel “Njinga a Mbande”, às 16 ho-
ras, denominado “Encontro sobre

Salas Neto
Luanda”. O evento será conduzido
pelos “kambas” Dionísio Rocha, Sa-
las Neto e Kajimbagala, figuras da
sociedade luandense.
Entre os três, Kajimbagala, mo-

e Kajimbagala
rador do Rangel e bom conhecedor
das suas histórias, em exclusivo ao
Luanda, Jornal Metropolitano re-
velou que tomará a iniciativa de
provocar um debate sobre o grau
de conhecimento que a juventude
tem de Luanda.
“Vou abordar a história do nas-
cimento da cidade, seus hábitos e
a gastronomia usual dos primeiros
habitantes. Porém, também me fo-
carei em questões que têm a ver
com a construção da Luanda mo-
derna, seus traços e vestígios do
que recebe da antiga Luanda”,
adiantou o palestrante.

PARCERIA
COM A RÁDIO KAIRÓS
A gestora da Casa da Cultura do Ran-
gel, Patrícia Faria, disse ao Luanda
Jornal Metropolitano que a data tam-
bém servirá para concretizar a cele-
bração de um protocolo de coope- “TRAÇOS
ração entre a Rádio Kairós e aquela
instituição. “Por termos objectivos DE LUANDA”
comuns, já evidenciados com a rea-
lização do projecto jornalístico Mais
EM EXPOSIÇÃO
Comunicação, que reúne grandes fi- NA BAÍA
guras do jornalismo angolano num
sábado de cada mês, acreditamos ser Quinze edifícios emblemáticos da
proveitoso conjugar forças”, funda- cidade de Luanda serão destaca-
mentou a responsável. A cooperação dos na exposição “Traços de Luan-
permitirá à Kairós desenvolver um da”, inaugurada hoje, pelas 18 ho-
plano de comunicação sobre as acti- ras, na Baía de Luanda.
vidades filantrópicas, culturais e cur- O evento organizado pelo Gabinete
sos profissionais e pedagógicos, que Estratégico de Gestão da Baía de
a casa oferece a custos acessíveis. Luanda, em parceria com a Traços
“Penso que temos aqui um bom Design, encerra a 9 de Fevereiro e
meio para divulgar o que se faz, vis- engloba 15 quadros de Zola Jere-
to que muitos dos que cá acorrem mias Daniel, Mauro Noriel Vaz, Ibra-
são jovens estudantes, que podem him Carlos e Danilson Joaquim, as-
ter palestras gratuitamente”, disse a sim como trabalhos fotográficos, ex-
cantora e responsável da Casa da certos videográficos e sonoros da
Cultura do Rangel. cidade de Luanda da autoria de
Raul Silva, que visam mostrar as di-
ferentes características dos edifícios
“Vou abordar representados.
Com este trabalho colectivo, a Baía
a história do de Luanda e a Traços Design pre-
nascimento tendem estimular o entusiasmo pe-
da cidade, seus lo conhecimento do património edi-
ficado da cidade e sua gente, ser-
hábitos e a vindo como uma ponte entre o seu
gastronomia usual passado, presente e futuro, bem co-
mo contribuir para o esboço de um
dos primeiros futuro sustentável, através da arte
habitantes” e inovação pela criatividade.
Sexta-feira, 25 de Janeiro de 2019
Edição Especial • Ano 1

Quatro mil e oitocentos e vinte alunos CAZENGA


estão matriculados, para o ano lectivo DISTRITO URBANO
2019, na Escola da Vida Pacífica, DO 11 DE NOVEMBRO
localizada na urbanização do Zango Zero, No âmbito da municipalização dos serviços e
da sua transferência junto dos munícipes, a
no município de Viana Administração Municipal do Cazenga
NARCISO BENEDITO
instalou, com sucesso, o “ Portal do Munícipe”,
no Distrito Urbano do 11 de Novembro. A
Director Provincial de Educação ferramenta que vem simplificar e melhorar
os níveis de atendimento aos utentes.

Tinta de caju Por fim...

O MEU AMOR
A LUANDA
LUANDA DEIXOU DE CUIAR VELHA E DECRÉPITA
Luanda, tu viste-me nascer
Luanda, que completa hoje mais um ano Também me viste crescer A “senhora do mar” perdeu o esplendor do passado.
de vida, não tem motivos para festejar, Concedeste-me educação Com o passar dos anos, ganhou rugas, engordou e
antes para se sentir triste, cada vez mais Por isso te presto atenção perdeu o brilho que seduzia “camundongos”, os
abandonada, até por alguns daqueles que naturais de Luanda. Hoje, desgastada pelo tempo,
tinham, e tem, a obrigação de a acarinhar. trémula e decrépita, é uma caricatura da cidade que
Não são as rugas, próprias de idade, que a Meu município descuidado encantou poetas e inspirou músicos.
desfeiam. Que, noutras circunstâncias, Sabes que te levo na mente A erosão do tempo deixou marcas profundas na
podiam significar regozijo, sinal de alegria Que te quero bem cuidado paisagem, contaminada por erros de urbanismo e
por se sentir respeitada, acima de tudo construção irremediáveis, a menos que o “muata dos
amada. Os sulcos que ela apresenta são E que te amo imensamente muatas” tenha a coragem de accionar o camartelo,
sinal de violentações, brutalidades instrumento de demolição.
sucessivamente infligidas. Esquartejaram- Meu berço mal organizado Abandonada à sua sorte, maltratada pelos filhos e
na, vezes sem conta, corpo e alma. Sempre Vou cuidar de ti com amor enteados, Luanda é o espelho da incompetência
em nome do progresso que nunca administrativa, da ganância dos especuladores
beneficiou os que mais a amam e Modificando-te para melhor imobiliários e dos negócios escuros
respeitam. Ela, que hoje faz anos, deu tudo Fazendo de ti bonito jardim do submundo da política.
o que podia e quase sempre recebeu Sucessivos governos da província sedeados na
nada. Que não fosse desrespeito, capital do país, com duas excepções, falharam
Luanda, eu estou preparado
malvadez. Tiram-lhe o vento bom que redondamente no objectivo de tornar Luanda uma
vinha da Ilha e a refrescava. Tapado por Estou disposto e disponível… “cidade boa para se viver” como disse alguém, do alto
caixotes de vidro e cimento armado. Pretendo servir-te com zelo de uma “Torre Marfim”, completamente
Derrubaram-lhe árvores - as de fruta e as Tornando-te mais aprazível desfasado da realidade.
outras - ou deixaram-nas tombar de O resultado de políticas urbanas erradas está a vista
cansaço e sede. Murcharam-lhe as tantas de todos, com arranha-céus a nascerem como
flores bonitas que enfeitavam sua vaidade. Luanda, meu município natal cogumelos silvestres nos bairros tradicionais,
Ofenderam-lhe a honra com toponímias Espero pelo teu chamamento substituindo vivendas com quintal e jardim, passeios
insultuosas aos homens livres. Rasgaram- Visto que me conheces bem e terraços ocupados com construções anárquicas,
lhe os panos que vestia e espartilharam-na parques transformados em depósitos de sucata,
Aguardo por esse momento
em vestes que nada lhe dizem. árvores derrubadas para ceder espaço a obras de
Descalçaram-lhe as sandálias e calçaram- fachada, e outros atentados à natureza de uma
na de saltos altos. Substituíram-lhe os Luanda, beijo-te com ternura cidade com história e características seculares.
balaios - feitos por mãos sábias, calejadas Por te amar profundamente Os “camundongos” de gema, que guardam na
por trabalho honrado - pelas bacias de memória a beleza da cidade onde nasceram e
Fá-lo-ei sempre com fervura
plástico. Ensurdeceram-na com os roncos cresceram, exigem respostas para atentados
de geradores e não a lavram para haver Por te querer altruisticamente inqualificáveis ao “tecido urbano” de Luanda, como
quem com isso tire dividendos. a construção de um “shopping” no sopé da colina da
“Luanda já não cuia mais”, disse-me Dona JOSÉ CARLOS DE ALMEIDA Fortaleza de S. Miguel, os prédios da Ilha do Cabo, a
Beta, com a linguagem do neto, quando edificação de uma torre na Baixa de Luanda, onde
lhe recordei o aniversário desta cidade. existia o Largo da República, denominado Julius
Fucik, depois da Independência Nacional, e o
consequente abate de árvores centenárias frondosas.
O responsável da Educação afirmou que o sector, em Icolo O mesmo atentado à memória e ao ambiente da
EDUCAÇÃO
e Bengo, necessita de quatro escolas para o ensino primário, Luanda foi cometido no chamado Largo dos
ICOLO E BENGO COM MAIS uma para formação de professores, outra para agronomia, um Correios, onde outras árvores centenárias foram
DE 100 NOVOS PROFESSORES instituto politécnico e quatro para o Iº ciclo. derrubadas para dar origem a um monumento que
Ressaltou o facto de o sector possuir convénio educacio- ninguém visita, desfigura a paisagem
Cento e 47 novos professores foram admitidos no Concurso nal com a Igreja Católica, que tem quatro escolas primárias e e engoliu rios de dinheiro inutilmente.
Público da Educação, em 2018, no município de Icolo e uma do Iº ciclo e o acordo com a Igreja Metodista que tam- Numa qualquer capital de um país desenvolvido -
Bengo, ficando por preencher 139 vagas, disse o director bém tem uma do ensino de base, que tem sido uma mais- não é o caso de Luanda e Angola - as autoridades
municipal da educação, Afonso Nkuansambo. valia. O município de Icolo e Bengo conta neste ano lectivo locais tiveram o cuidado de preservar as áreas
Em declarações à Angop, ontem, Afonso Nkuansambo adian- com 586 professores, sendo 264 do ensino primário, 232 para tradicionais, como exemplo da História
tou que o município de Icolo e Bengo dispõe de 286 vagas por o Iº ciclo e 90 para o IIº, distribuídos por 67 escolas, das quais através da arquitectura.
preencher no ensino primário, Iº e IIº ciclo, mas apenas 147 53 primárias, 13 complexos (ensino primário e Iº ciclo) e duas Longe dos melhores exemplos, Luanda viu crescer
foram admitidos. Afonso Nkuansambo afirmou que, para além escolas do IIº ciclo. os musseques, com construções anárquicas e ilegais
das reprovações nos testes de admissão, muitos concorrentes Icolo e Bengo, que dista a 60 quilómetros a Leste da ci- na maioria dos casos, onde se amontoa a maioria da
foram afastados devido ao uso de documentos falsos e por não dade de Luanda, tem uma população estimada em 81 mil 444 população, sem condições de vida condignas.
possuírem agregação pedagógica nos seus cursos. habitantes e a sua maioria dedica-se a actividade agrícola e Fruto da acumulação de erros políticos
O director municipal da Educação de Icolo e Bengo fri- piscatória. Com uma extensão territorial de 3.309 quilóme- e administrativos, a “senhora do mar”
sou que para 2019, o sector prevê matricular na iniciação tros quadrados, encontra-se dividido pelos distritos de Ca- parece uma idosa esquálida, desdentada,
mil 855 crianças, dois mil 620 alunos na 7ª classe e mil 80 tete e Bela Vista e pelas comunas de Cabiri, Bom Jesus, Qui- de carapinha desgrenhada, desprezada
para a décima classe. minha, Cassoneca e Caculo Cahango. pela família, entregue à sua (má) sorte.
Até quando?

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