De acordo com Michel Foucault, as sociedades constroem regimes de verdade, ou
seja, acolhem tipos de discursos como sendo verdadeiros a partir de procedimentos
inseridos em redes sociais de práticas e de instituições coercitivas. Grosso modo, os regimes de verdade são fruto de discursos que regem redes de conhecimentos considerados válidos a partir das instituições que o produzem e apresentam-nos como científicos e verdadeiros, ainda que sua genealogia demonstre que são guiados em seu processo de produção por crenças, costumes e interesses de dominação social, quer sejam econômicos ou políticos. Estes conhecimentos são difundidos pelas instâncias educativas e informativas da sociedade. Portanto, para o autor, a verdade não existe fora do poder ou sem poder, é produto de múltiplas coerções e regulamentada pelos poderes sociais. Cada sociedade tem seus regimes de verdade, isto é, os tipos de discurso que ela acolhe e faz funcionar como verdadeiros; os mecanismos e as instâncias que permitem distinguir os enunciados verdadeiros dos falsos e a maneira como se sanciona uns e outros; as técnicas e os procedimentos que são valorizados para a obtenção da verdade; e o estatuto daqueles que têm o encargo de apontar aquilo que funciona como verdadeiro. Para mais detalhes conferir:
FOUCAULT. Michel. A ordem do discurso. Coletivo Sabotagem (digitalização). 1970.
____. A Verdade e as Formas Jurídicas. Rio de Janeiro. NAU Editora, 2003.
_____. Microfísica do Poder. Rio de Janeiro: Graal, 1979.