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SUSTENTABILIDADE NA AMAZÔNIA
Campus Universitário da UFAM, Manaus, 14 a 17 de Agosto de 2018
RESUMO
O presente artigo reúne uma breve análise do livro Saber Ambiental, um importante referencial para
quem deseja ter um esclarecimento acerca de racionalidades existentes na sociedade e de que
maneira estas racionalidades se conduzem a um caminho que procura alternativas não só para a
produção, mas também para comportamentos, padrões de consumo, valores e princípios. É preciso
compreender que essa mudança não ocorre instantaneamente e sim de forma gradativa, sendo
necessária a revalorização de conhecimentos e saberes populares que não se encaixam apenas em
uma área de conhecimento, pois são multidisciplinares. Neste ponto, é reconhecida a
indispensabilidade da formação de um novo conhecimento que preenche a lacuna existente, o saber
ambiental. A educação ambiental na distribuição e popularização desse saber para a sociedade é
imprescindível e, por isso, é um tema transversal que pode ser realizada por inúmeras experiências
para colaborar com a formação acadêmica e subjetiva do indivíduo. Este artigo estrutura-se com
abordagens, baseadas na obra de Enrique Leff, sobre a racionalidade ambiental, formação do saber
ambiental e como esse saber pode ser gerado na prática através da abordagem da educação
ambiental. O trabalho utilizou como metodologia a revisão de literatura narrativa, buscando a
contextualização do problema, e tem como objetivo geral analisar contribuições de Enrique Leff
sobre as questões ambientais e como o saber ambiental assegura integração do indivíduo com o meio
ambiente.
¹
Bacharel em Engenharia Ambiental e Sanitária, mestranda em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia,
Universidade Federal do Amazonas - UFAM, andreza.cristhine@hotmail.com.
² Licenciatura em Ciências Biológicas, mestranda em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia,
Universidade Federal do Amazonas – UFAM, alinetatty.3@gmail.com.
³ Licenciatura em Ciências Biológicas, mestranda em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia,
Universidade Federal do Amazonas – UFAM, joicyfalcao@hotmail.com.
4 Doutora em Biologia de Água Doce e Pesca Interior pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA,
professora colaboradora do Programa de Pós-Graduação em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia –
PPGCASA, mariaoliviar@uol.com.br.
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Anais do Seminário Internacional em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia, v. 5. Manaus: EDUA. 2018. ISSN 2178-3500
V SEMINÁRIO INTERNACIONAL EM CIÊNCIAS DO AMBIENTE E
SUSTENTABILIDADE NA AMAZÔNIA
Campus Universitário da UFAM, Manaus, 14 a 17 de Agosto de 2018
ABSTRACT
This article gathers a brief analysis from the book Saber Ambiental, an important reference for those
who wish to have clarification about rationalities in society and how these rationalities lead to a path
that seeks alternatives not only for production, but also for behaviors, patterns of consumption,
values and principles. It must be understood that this change does not occur instantaneously and
rather gradually, and it is necessary to revalue knowledge and to know popular ones that do not fit
only in an area of knowledge, because they are multidisciplinary. At this point, it is recognized the
indispensability of the formation of a new knowledge that fills the existing gap, the environmental
knowledge. Environmental education in the distribution and popularization of this knowledge for
society is indispensable and therefore it is a transversal theme that can be realized by countless
experiences to collaborate with the academic and subjective formation of the individual. This article
is structured with approaches, based on the work of Enrique Leff, on environmental rationality,
formation of environmental knowledge and how this knowledge can be generated in practice through
the approach of environmental education. The work used as a methodology the revision of narrative
literature, seeking the contextualization of the problem, and has as a general objective to analyze
contributions of Enrique Leff on environmental issues and how environmental knowledge ensures
integration of Individual with the environment.
INTRODUÇÃO
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Este artigo tem como referencial teórico o livro “Saber Ambiental” (2011) de Enrique Leff.
Nesta obra o autor aborda questões como a racionalidade ambiental, as concepções acerca do
ambiente, a interdisciplinaridade e a Educação Ambiental (EA), evidenciando o seu ponto de vista
frente aos problemas socioambientais e indicando caminhos alternativos para a composição de um
novo saber que integra os processos naturais e sociais e as diferentes racionalidades. Ele propõe o
estabelecimento de uma nova prática que permite obter conhecimento por um novo olhar, um olhar
que modifica a circunstância do saber.
O objetivo principal deste estudo é analisar, através de uma revisão bibliográfica, e as
contribuições de Enrique Leff a partir da obra “Saber Ambiental” sobre as questões ambientais e
como o saber ambiental assegura a integração do indivíduo com o meio ambiente. De forma
especifica buscamos: (i) Evidenciar a importância de uma racionalidade ambiental para a formação
do saber; (ii) Apontar a perspectiva de Enrique Leff no que diz respeito ao saber ambiental; e (iii)
Analisar diferentes abordagens de práticas em EA e sua contribuição para a construção do saber
ambiental.
Este trabalho utiliza como metodologia a revisão de literatura, permitindo que os autores
façam uso da contextualização do problema apresentado pela área de estudo e da análise e síntese das
possibilidades presentes na literatura consultada para a concepção do referencial teórico da pesquisa,
de forma a resumir o corpo de conhecimento existente e levar a conclusões sobre o assunto de
interesse (ALVES, A. J, 1992; MANCINI E SAMPAIO, 2006). Foi escolhido o tipo de revisão
narrativa, viabilizando a compreensão do “estado da arte” do tema escolhido, sob um ponto de vista
teórico ou contextual, evidenciando novas ideias, métodos e subtemas (ROTHER, 2007;
NORONHA; FERREIRA, 2000).
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A racionalidade social nos levou a ter uma vida de consumo sem limites a qual podemos
comparar ao estilo de Economia do Cowboy de Boulding (1993) apud Serge Latouche (2009), que
define um estilo de vida explorador com a ideia de que os recursos são infinitos, contrário a
Economia do Astronauta em que todo recurso deve ser racionalmente utilizado. A racionalidade
social gerou dívidas que são até mesmo irreparáveis, pois não são economicamente calculáveis.
Enrique Leff classifica essas dívidas como: financeira, ecológica e da razão. A financeira, ainda que
necessite de bastante tempo, pode ser pagável, porém a ecológica que envolve perdas como espécies
nunca descobertas, biomas que foram degradados quase que totalmente como a Mata Atlântica são
danos irreparáveis. E finalmente a dívida da razão que nos direciona os trilhos em que a ordem é
buscar novos padrões de consumismo, processos alternativos de produção, ressignificação e novos
comportamentos com caráter crítico e reflexivo. Grande é o desafio quando se fala em novas
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posturas quanto aos aspectos citados, pois eles conduzem à racionalidade ambiental que integram
inúmeros princípios, instrumentos e ações sendo capaz de integrar três aspectos: Eco-tecnologia,
Perspectiva humanista e Racionalidade social. Visto que a racionalidade ambiental é fruto de um
processo resultante de diversas racionalidades vem à tona a necessidade de conhecimentos
multidisciplinares e à confluência de saberes e identidades.
A racionalidade ambiental incorpora assim as bases do equilíbrio ecológico como norma do
sistema econômico e condição de um desenvolvimento sustentável; da mesma forma se funda em
princípios éticos (respeito a harmonia com a natureza) e valores políticos (democracia participativa e
equidade social) que constituem novos fins do desenvolvimento e se entrelaçam como normas
morais nos fundamentos matérias de uma racionalidade ambiental (LEFF, 2011)
De acordo com Boaventura Santos (2006) a revalorização de conhecimentos tradicionais ou a
ecologia de saberes é necessária e o conhecimento deve ser distribuído de maneira igualitária na
sociedade. Embora isso não ocorra, ainda assim quanto maior o reconhecimento do conhecimento
mais proveitoso será o presente e direcionado o seu futuro. Então o saber ambiental surge no meio
desse processo como estratégia de conectar conhecimentos que na percepção econômica parecem
desconexos. A interdisciplinaridade nesse contexto é o instrumento que fomenta o saber ambiental,
uma vez que desafia às diversas ciências a preencher o espaço deixado pelas mesmas por estarem
focadas em seus objetos de estudo a mais do que se complementarem, mas a formar um novo
conhecimento.
A construção de uma racionalidade ambiental implica a formação de um novo saber e a
integração interdisciplinar do conhecimento (LEFF, 2011, p.145). Dessa maneira, faz-se necessária
uma nova epistemologia que seja capaz de abranger mais do que pensamentos isolados acerca de
diferentes ciências, construindo um saber ambiental a partir da desconstrução do conhecimento
disciplinar individual.
Primeiramente, é preciso entender que a interdisciplinaridade tem como propósito a
reestruturação dos antigos métodos fechados e individuais de formação para um princípio que vise a
capacidade de analisar, compreender e propor soluções para problemas inseridos em diferentes
realidades. Japiassu (1976) reforça que a interdisciplinaridade se define e se elabora por uma crítica
das fronteiras das disciplinas, de sua compartimentação, proporcionando uma grande esperança de
renovação e de mudança. Por conseguinte, a interdisciplinaridade contrapõe a ideia de um saber
fragmentado, visto que a realidade não é restrita, mas sim global.
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entanto, sem ainda alcançar indivíduos críticos e conscientes, isso se dá pelo uso de metodologias
que não estimulam o hábito de investigar, questionar, descobrir e construir novos conhecimentos.
O acesso e a apropriação das informações, dos saberes, das experiências e dos conhecimentos
relacionados ao campo da EA e das áreas afins são fundamentais para a compressão crítica dos
problemas socioambientais e da atual crise ambiental em suas múltiplas dimensões: econômica,
histórica, biológica, social, política, ideológica, cultural e subjetiva e em suas conexões territoriais,
geográficas e geopolíticas (QUINTAS et. al., 2009, p. 163).
Partindo do pressuposto que EA é um desafio muito atual, muitos pesquisadores tentam
compreender quais as soluções possíveis para mitigar essas lacunas deixadas por uma formação
unilateral e fragmentada. Vilas – Boas investiga e faz uma reflexão teórica sobre metodologia em
Educação Ambiental em uma escola publica de Joao Pessoa:
CONCLUSÕES
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advém da somatória destes, mas sim de confluência entre esses saberes e as identidades de cada
ambiente.
Ao decorrer da sua pedagogia ambiental, Leff realiza apontamentos significativos para a
prática e o desenvolvimento de uma Educação Ambiental centrada na diversidade e
interdisciplinaridade. O autor compreende a EA como um processo onde os indivíduos tomam
consciência do seu meio ambiente, além de apresentarem conhecimentos, valores e experiências que
os instigam a pensar e buscar a solução de problemas ambientais, presentes e futuros, fazendo a
inclusão de aspectos sociais, políticos, econômicos e ecológicos da realidade, promovendo um
diálogo de saberes.
Analisando as duas experiências abordadas neste estudo, percebemos o quão dinâmico
precisa ser o processo de formação dos educadores para que possam articular de forma mais ampla as
temáticas em Educação Ambiental. Faz-se necessário dialogar com os saberes locais e investigar em
conjunto com todas as outras ciências, buscando estratégias menos superficiais de abordagem.
Partindo do princípio de que é essencial uma ampla formação de educadores, ainda se faz
importante uma abordagem mais completa no material didático produzido pelas instituições de
ensino. Este material é fundamental para subsidiar novas práticas e auxiliar na disseminação em
lugares que nem sempre as formações são suficientes ou em muitos casos é até inexistente.
Dialogar com as inúmeras ciências não é uma tarefa tão simples na prática. Levando em
consideração que muitas metodologias existentes hoje dificultam ainda mais essa socialização de
saberes, é imprescindível que sejam criadas estratégias reais e objetivas que contemplem todos os
aspectos que possam colaborar para um novo olhar ambiental de todos os sujeitos envolvidos neste
processo.
REFERÊNCIAS BIBLOGRÁFICAS
LARAIA, R. B. Cultura: um conceito antropológico. 14 Ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.
MORIN, Edgar. Os Sete Saberes necessários à Educação do Futuro. 2. ed. São Paulo: Cortez,
2000.
SANTOS, Boaventura de Sousa. A gramática do tempo: para uma nova cultura política. São
Paulo:Editora Cortez, 2006.
REIGOTA, M. O que é Educação Ambiental. Coleção Primeiros Passos, Brasiliense São Paulo,
1994.
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ROTHER, E. T. Revisão sistemática x revisão narrativa. Acta Paul Enferm, 20(2): v-vi, 2007.
Acesso: 14 de maio de 2018. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ape/v20n2/a01v20n2
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