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NINHO VAZIO

O Rui descobriu um ninho. Um ninho vazio. Um ninho sem ovos, sem


bebés, sem mãe, sem pai…
Será que tinham ido para outra terra? Será que o “Pinguim”, o gato do
vizinho que tinha fama de caçador… Não, o Rui nem queria pensar nisso. O
ninho é grande… devia ter sido de uma família grande…dizia ele para os seus
botões.
Todos os dias o Rui olhava para o ninho vazio. Gostava de o ter visto
ocupado… Um dia, muitos meses depois, viu que uma nova família tinha vindo
ocupar aquele ninho. Aquele ninho vazio era agora uma “casa” cheia. Seis bocas
todos os dias esperavam por comida. Todos os dias o Rui punha bocadinhos de
pão na varanda e ficava à espera que os viessem buscar. Enquanto houvesse
migalhas… um passarinho voava sem parar entre a varanda e o ninho. Trinta e
três viagens do ninho para a varanda e outras tantas da varanda para o ninho…
Devia estar cansado... E talvez tivesse sede.
– Parece que o passeio te abriu o apetite. Engoliste o pão sem mastigar? –
Comentou, admirada, a mãe.
– Não…. Sim… Mastiguei, mastiguei…. – Respondeu o Rui, fingindo
limpar a boca ao guardanapo.
No bolso das calças estava um pãozinho fresco… pronto a partir aos
bocadinhos. Será que os passarinhos gostam de pão com manteiga?

Corina S. (pseudónimo), texto inédito, 2016.

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