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Propriedades do papel de impressão

O papel deve reunir uma série de propriedades que garantam a printabilidade (qualidade)
e o desempenho (produtividade) durante os processos de impressão e acabamento, bem
como atendam aos requisitos do produto. O termo printabilidade não é facilmente definido
ou mensurável. Significa a extensão com que as propriedades do papel permitem repro-
duzir com fidelidade o padrão aprovado. De maneira abrangente, essas propriedades
podem ser classificadas em: propriedades de aparência, propriedades químicas, proprie-
dades estruturais, propriedades mecânicas e propriedades superficiais. Considerando os
aspectos práticos de manuseio e uso do papel, iremos considerar essas propriedades
como um todo, em conjunto com os fenômenos de inter-relacionamento com outras
variáveis.

- alvura e brancura -

Um dos requisitos do produto impresso é que exista contraste suficiente entre a imagem
entintada e o papel. Papel branco proporciona maior contraste com tinta preta do que
papéis coloridos.
Os termos alvura e brancura são usados como sinônimos, gerando grande confusão,
uma vez que ambos têm definição distinta. Brancura significa a propriedade de refletir por
igual os comprimentos de onda dominantes do espectro visível; alvura é a reflectância
relativa num determinado comprimento de onda padrão (457 nm).
Considerando três diferentes papéis, cujas reflectâncias são ilustradas na tabela abaixo,
fica fácil demonstrar que: o papel A é o mais branco visto que reflete de maneira
equilibrada nas três zonas do espectro visível; o papel B é o mais alvo devido à maior
reflexão na região do azul, portanto é branco azulado ou "branco frio"; o papel C reflete
maior quantidade total de luz, porém é amarelado ou "branco quente". O papel B produzirá
azuis mais contrastados, enquanto o papel C favorecerá a reprodução de amarelos,
laranjas e vermelhos.

Reflectância (%)
papel filtros
vermelho verde azul
A 80 80 80
B 80 80 85
C 85 85 80

É um grave erro assumir que a cor do impresso é governada apenas pela tinta. A seleção
do papel é igualmente importante. A cor resultante depende das propriedades da tinta (cor,
tipo e granulometria do pigmento) e do papel (cor, absorção e brilho). Aliás, por ser branco,
o papel encerra, na forma latente, todas as cores visíveis. As tintas de impressão fun-
cionam como filtros para evitar ou limitar a reflexão de certos comprimentos de onda da
luz, modulando as cores.

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- cor -

A cor do papel é o resultado da absorção seletiva de luz de determinados comprimentos


de onda pela estrutura do papel. Anilinas ou pigmentos adicionados ao papel promovem
absorção de luz de comprimento de onda específico. A combinação dos comprimentos de
onda refletidos pelo papel mais os comprimentos de onda refletidos pelas tintas determina
a cor final do impresso. A seleção de cores deve ser feita de modo a compensar a
influência do papel; caso contrário, o resultado obtido será diferente do previsto, a menos
que as provas tenham sido executadas no mesmo papel da impressão.

- brilho -

Brilho é o atributo do papel que o torna reluzente ou lustroso. Conforme a superfície do


papel se aproxima do nivelamento óptico, por meio de calandragem ou outro tratamento
superficial, os raios de luz incidentes são refletidos como raios paralelos, como acontece
num espelho. Este fenômeno é conhecido por reflexão especular.

- opacidade -

A opacidade é a medida da obstrução da luz pelo papel. Quando a luz incide no papel,
parte é refletida, parte é absorvida e parte é transmitida através da folha. O papel pode
transmitir a luz de duas maneiras: como raios paralelos, que não sofrem difusão, ou na
forma de raios dispersos ou difusos. A transmitância total de luz (paralela + difusa)
determina a opacidade do papel. As fibras de celulose pura são transparentes, portanto a
opacidade resulta da absorção e difusão da luz conforme esta passa do ar para as fibras e
volta para o ar e, adicionalmente, para papéis contendo cargas minerais, nas interfaces:
ar–fibra, ar–carga e fibra–carga.
Falta de opacidade, ou transparência, reduz o contraste do impresso. Pigmentos e anilinas
escuros adicionados ao papel aumentam sua opacidade visto que absorvem luz. Pasta
mecânica e fibras não branqueadas também absorvem luz e, portanto, aumentam a
opacidade do papel. Cargas minerais dispersam a luz e aumentam a opacidade do papel.
O grau de opacidade depende de diversas propriedades do papel: composição fibrosa e
não-fibrosa, alvura, tonalidade, gramatura, espessura etc.
A transparência do impresso pode ser o resultado da falta de opacidade do papel ou do
atravessamento causado por excessiva penetração da tinta no papel, ou ainda uma
combinação das duas coisas.

- composição da camada -

A camada do papel deve ser formulada para atender aos requisitos dos processos de
impressão e de uso final do produto impresso. Nos processos flexográfico e rotogravura
não existe a necessidade de formular o papel com ligantes resistentes à água, exceto para
impressão com tintas base água. O processo ofsete exige que a superfície do papel tenha
certa resistência à água. O grau de resistência necessário determina o tipo de ligante a ser
escolhido. O esforço a que o papel estará sujeito durante o processo de impressão
determina o grau de resistência que a superfície deve ter: resistência ao arrancamento
("pick"), resistência ao "blistering", resistência à umidade etc.

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- composição de fibras e cargas -

A composição fibrosa do papel afeta suas propriedades de printabilidade e desempenho.


Fibras de algodão e linho promovem características diferentes daquelas derivadas de
fibras de madeira. Polpas químicas têm características diferentes dependendo da espécie
de madeira utilizada e da química do processo. Pasta mecânica proporciona absorção
elevada, mas resistência e alvura baixas.
Cargas minerais ("fillers") de diferentes tipos e em diferentes proporções são usadas para:
aumentar a opacidade, a alvura e a lisura; melhorar as características superficiais; reduzir
o atravessamento da tinta e reduzir a aspereza das fibras. Conforme a quantidade de
carga mineral aumenta, os vazios e os poros capilares do papel são reduzidos de
tamanho. Quanto menor o diâmetro dos poros capilares do papel, maior a força exercida
sobre os líquidos (água, tinta). Entretanto, o aumento do conteúdo de carga mineral torna o
papel quebradiço e mais absorvente, embora a capacidade de retenção diminua. Papéis
absorventes têm capacidade de absorver grandes volumes de água, mas papel cuchê
absorve o veículo ou o solvente da tinta mais rapidamente do que um papel mais "aberto".
Os materiais usados como carga são inertes às variações de umidade, portanto, a
estabilidade dimensional do papel melhora conforme o conteúdo de carga mineral
aumenta. Considerando apenas o processo de impressão, é desejável uma elevada
porcentagem de carga mineral (15% a 20%) no caso de papéis não-revestidos. Entretanto,
outros requisitos impõem uma quantidade menor.

- conteúdo de umidade -

Celulose e água são inseparáveis e apresentam um inter-relacionamento fundamental


durante a fabricação e uso do papel. O conteúdo de umidade do papel, assim como o
vapor d'água ao qual está exposto, afeta suas propriedades elétricas, mecânicas,
superficiais e, principalmente, sua estabilidade dimensional.
O papel é higroscópico porque as fibras de celulose têm forte atração por moléculas de
água. As fibras absorvem água tanto no seu interior quanto na superfície. As fibras sofrem
expansão quando absorvem água e contração ao perdê-la. Quando isso acontece, as
fibras alteram as suas dimensões, muito mais o diâmetro do que o comprimento. Por isso,
o papel sofre maior variação dimensional no sentido perpendicular à direção das fibras.
Esta é a principal causa de fora de registro e encanoamento.
O nível de variação dimensional em função da variação de umidade depende do tipo de
papel, da composição fibrosa e não-fibrosa e do grau de refinação do papel.
Várias distorções são causadas por variações no conteúdo de umidade do papel. Perda de
umidade para o ambiente causa encolhimento do papel nas bordas exteriores das pilhas e
bobinas tornando-as estiradas e deixando o centro frouxo.
Ganho de umidade torna as bordas do papel frouxas. Essas
distorções podem ser reduzidas mantendo o papel embalado,
com material à prova de umidade, até o momento do uso. As
distorções provocadas por desequilíbrio de umidade entre o
papel e o ambiente da sala de impressão podem levar a
problemas de fora-de-registro, duplagem, encanoamento e,
em condições extremas, rugas.
Na impressão ofsete, a condição ideal é que o papel tenha
umidade relativa ligeiramente superior à umidade relativa da
sala de impressão (cerca de 5%). Conteúdo de umidade

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muito baixo torna o papel muito rígido, quebradiço, pouco elástico, com lisura e maciez
reduzidas. Papéis mais úmidos imprimem melhor, visto que se acomodam melhor à
superfície de impressão. Papéis usados na impressão em máquinas rotativas com forno
podem sofrer "blister" se o seu conteúdo de umidade for excessivo. Conforme a gramatura
aumenta, a umidade deve ser reduzida para minimizar a probabilidade de ocorrer
"blistering". A combinação de umidade elevada com baixo pH do papel ou da solução de
molhagem altera a taxa de secagem das tintas "quickset". A umidade de equilíbrio de-
pende da composição fibrosa e não-fibrosa do papel, assim como da umidade relativa do
ambiente ao qual o papel fica exposto e das condições ambientais anteriores. A carga
mineral e o revestimento do papel reduzem o seu conteúdo de umidade uma vez que
apresentam consideravelmente menos atração pela água do que as fibras de celulose.
Desse ponto de vista, portanto, é desejável um elevado conteúdo de carga mineral.
O conteúdo de umidade do papel influencia significativamente suas propriedades físicas,
seu desempenho na impressora e nas operações de
açabamento (encadernação, colagem, envernizamento,
plastificação, hotstamping etc.). O aumento do conteúdo
de umidade torna as fibras e a camada do papel mais
flexíveis. A perda de umidade torna o papel quebradiço na
dobra. As propriedades mecânicas e elétricas do papel
também variam com as variações no conteúdo de
umidade. Quando a umidade relativa é inferior a 35%, a
eletricidade estática gerada durante a impressão não é
dissipada, aumentando o risco de decalque e prejudicando
as operações de dobra e encadernação. A umidade rela-
tiva ideal encontra-se no intervalo entre 50% e 60%.

- pH (acidez/alcalinidade) -

O termo pH é freqüentemente usado nas indústrias de papel e de impressão. É a


abreviação ou símbolo químico de potencial de íons hidrogênio (H+).
Quando uma substância ácida é dissolvida em água, ocorre a liberação de excesso de
íons hidrogênio e a solução torna-se ácida. Do mesmo modo, quando uma substância
alcalina é dissolvida em água, ocorre a liberação de excesso de íons hidroxila (OH-) e a
solução torna-se alcalina.
A escala de valores de pH varia de 0 a 14. Tais valores representam o expoente
(logaritmo) que matematicamente expressa a concentração de íons hidrogênio.
Quando o pH de uma solução é 7, as concentrações de íons hidroxila e hidrogênio são
iguais e a solução é quimicamente neutra (nem ácida, nem alcalina). Quando o pH da
solução é menor do que 7, existe maior concentração de íons hidrogênio, portanto a
solução é ácida.

Mudanças de pH representam alterações exponenciais na concentração iônica de uma


solução, portanto, uma solução com pH 5 é 10 vezes mais ácida do que uma solução com
pH 6, ou 100 vezes mais ácida do que uma solução com pH 7.

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Existem muitas aplicações nos processos de fabricação e uso do papel que exigem o
controle do pH: nos diversos estágios de branqueamento da polpa, no controle das resinas
de ligação interna e no controle das cargas minerais. Baixo pH acelera o processo de
envelhecimento do papel.
O pH tem pouca significância nos processos tipográfico, flexográfico e rotogravura, assim
como no caso de tintas que não contêm óleos secativos. O pH do papel não afeta as tintas
"heatset". Entretanto, pH baixo (<4.5), proveniente do papel ou da solução de molhagem,
pode retardar ou mesmo impedir a secagem e causar "podragem" das tintas "quickset".

A acidez é uma das variáveis que mais afeta a permanência do papel. Baixo pH reduz a
vida do papel e a sua permanência de cor. Para máxima permanência, o papel deve ter pH
próximo de 7.

- colagem e resistência à água -

O papel pode ser fabricado sem colagem, com colagem interna ou com colagem interna e
superficial. O propósito da colagem interna é evitar, ou retardar, a penetração de água e
outros fluidos, embora não promova impermeabilidade, resistência à umidade ou impeça a
penetração do veículo da tinta no papel.
O papel para impressão ofsete deve ter colagem interna e superficial por diversas razões:
no caso de papéis não-revestidos, a absorção de água proveniente da solução de
molhagem deve ser mínima; excesso de água absorvida enfraquece as ligações e causa
arrancamento, variação dimensional incontrolável e encanoamento. O propósito da
colagem superficial é aumentar a resistência da superfície do papel, além de melhorar a
"ancoragem" da tinta, a resistência à abrasão, ao estouro, à tração e à dobra.

- adesão -

É a propriedade do papel de aderir a outras superfícies com as quais mantém contato


(metal, vidro, papel, plástico etc.). Papel cuchê deve aceitar colas (hot melt, PVA) e formar
ligações firmes. Para tanto, a formulação do papel e do adesivo devem ser compatíveis.

- resistência à luz -

É a resistência do papel à fadiga ou envelhecimento causados por exposição a radiações


ultravioleta. Depende da composição química e fibrosa do papel.

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A lignina, que constitui parte substancial da pasta mecânica, é sensível à luz e, por isso,
escurece ou amarela rapidamente quando exposta à luz solar ou outra fonte de luz UV.

- permanência -

É a capacidade do papel de resistir às modificações de suas propriedades durante a


estocagem. É uma propriedade relativa que depende da composição química do papel e
das condições ambientes. Para alcançar máxima permanência, o papel deve ser feito com
pasta branqueada de pureza elevada e ter pH 7 ou ligeiramente alcalino.
A permanência relativa é indicada de dois modos: um é a medida da perda de alvura ou o
amarelamento após envelhecimento artificial, avaliada em equipamentos chamados "fade-
o-meters"; o segundo, e mais importante, é a medida da resistência original que perma-
nece após o envelhecimento.

- durabilidade -

Diferente de permanência, a durabilidade refere-se à propriedade do papel de manter as


suas propriedades invariáveis após o uso continuado ou, em outras palavras, seu grau de
deterioração com o uso e o manuseio.

- resistência química -

Papéis que serão usados em contato com produtos alcalinos, tais como sabões e
adesivos, devem ter estabilidade química a esses produtos, sem manchar ou descorar.
Esses papéis não devem conter pasta mecânica ou anilinas, que são sensíveis aos álcalis.

- resistência ao "blister" -

A resistência do papel cuchê ao "blister" depende do inter-relacionamento de diversas


propriedades: conteúdo de umidade, gramatura, força de ligação interna e porosidade do
revestimento. O conteúdo de umidade é crítico. Se o vapor de água formado no interior do
papel, ao passar pelo forno das máquinas rotativas, não conseguir escapar através da
estrutura porosa da camada do papel suficientemente rápido, a pressão torna-se
excessiva e rompe a estrutura do papel.
Existe uma estreita margem na qual a umidade do papel pode ser reduzida sem prejudicar
outras propriedades. Quando o conteúdo de umidade do papel diminui, aumenta sua
tendência de gerar eletricidade estática e de romper na dobra.
Existe uma relação de compromisso entre o conteúdo de umidade e a gramatura do papel.
Conforme a gramatura aumenta, aumenta também a tendência ao "blister". A colagem
interna deve ser adequada para evitar a delaminação da estrutura fibrosa e suportar a
força explosiva da pressão de vapor d'água desenvolvida repentinamente no interior do
papel. A porosidade da camada deve ser mantida num nível tal que o vapor possa escapar
rapidamente.

- compressibilidade -

Refere-se à redução de espessura que o papel sofre ao ser submetido a forças de


compressão. A compressibilidade afeta a capacidade do papel de se conformar à
superfície com a qual mantém contato. A lisura efetiva no ponto de impressão ("nip") é

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função da compressibilidade, ou maciez, e depende da densidade, do grau de refinação,
do volume de ar existente entre as fibras e do estado de compactação das fibras. O papel
torna-se mais compressível quanto maior o seu conteúdo de umidade.
A relação combinada de maciez, elasticidade e rigidez influencia a printabilidade do papel,
particularmente na impressão rotogravura. Na impressão ofsete não é tão importante visto
que a blanqueta apresenta certa compressibilidade e se acomoda às irregularidades da
superfície do suporte. Embora um papel compressível proporcione melhor resultado do
que outro rígido e incompressível, existem outras propriedades que agem no sentido de
reduzir a maciez e a elasticidade. A calandragem, usada para melhorar a lisura e o
acabamento superficial, compacta o papel e reduz a sua compressibilidade.

- elasticidade -

É a propriedade que o papel tem de recuperar sua espessura original quando as forças de
compressão que provocaram a redução de espessura deixam de atuar.
Nas impressoras rotativas o papel está sujeito a forças de tração necessárias para garantir
o registro e o controle da tira durante a impressão. Por isso, sofre certo alongamento e
perde espessura de acordo com a tensão aplicada.

- rigidez -

É a capacidade do papel de resistir à flexão causada pelo seu próprio peso. As proprie-
dades que mais afetam a rigidez são a espessura e a gramatura do papel.
Teoricamente, a rigidez varia com o cubo da espessura. A rigidez diminui conforme o
conteúdo de carga mineral , o conteúdo de umidade e o grau de calandragem aumentam.
A rigidez é maior no sentido paralelo às fibras do papel. Papéis de baixa gramatura
geralmente causam problemas de alimentação na impressora e, por isso, são alimentados
com sentido de fibra contrário ao recomendado.

- estabilidade dimensional -

É a propriedade do papel de manter suas dimensões constantes, tanto no sentido


perpendicular às fibras quanto no sentido paralelo, sob condições ambientes variáveis e
sob a ação dos esforços aplicados durante os processos de impressão e acabamento.
Nenhum papel é perfeitamente estável. Todos sofrem contração ou expansão ao variar o
seu conteúdo de umidade. O fabricante do papel pode controlar a estabilidade dimensional
apenas limitadamente, visto que existe relação de compromisso com outras propriedades.
Se cada uma das fibras da estrutura do papel fosse livre para contrair ou expandir
individualmente, sem a influência das fibras vizinhas, o papel sofreria pouca variação
dimensional. Entretanto, as variações no diâmetro das fibras individuais causam variações
externas nas dimensões do papel visto que as fibras mantêm contato entre si.
Quanto menor o grau de refinação e maior a porosidade do papel, menor será a variação
dimensional com as variações de umidade. No entanto, pouca refinação produz papéis
com fraca estrutura de ligação e baixa resistência ao arrancamento.
A incorporação de carga mineral aumenta a estabilidade dimensional do papel uma vez
que esses minerais são inertes à umidade. Porém, é necessário suficiente ligação interna
e refinação das fibras para que o papel suporte as forças que atuam durante a impressão
sem sofrer arrancamento, "blistering" ou delaminação.
A experiência mostra que o papel encontra a sua máxima estabilidade dimensional num
ambiente cuja umidade relativa esteja no intervalo de 45% a 60%. O papel sofre maior

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variação quando a umidade relativa é superior a 65%.
As variações dimensionais que resultam das variações no conteúdo de umidade do papel,
da umidade relativa do ambiente e da aplicação de tensão durante a impressão, afetam o
desempenho do papel. Até determinado ponto, a tração à qual o papel é submetido causa
estiramento reversível e o papel recupera suas dimensões originais quando a causa
cessa. Se o esforço ultrapassar certo limite, o papel torna-se permanentemente
deformado. Isso costuma acontecer na impressão em máquinas ofsete planas, onde o
esforço para soltar o papel da blanqueta pode provocar encanoamento, "abertura em
leque" e estampagem.

- higroexpansividade -

É a porcentagem de alongamento ou encolhimento causada por uma determinada


variação da umidade relativa do ambiente ou do conteúdo de umidade do papel. É uma
indicação da tendência do papel causar fora-de-registro na impressão, especialmente por
tornar-se ondulado ou retesado nas bordas ao trocar umidade com o ambiente.
Todo papel sofre estiramento ao ser submetido a forças de tração. Por ser viscoelástico,
retorna às condições originais quando cessa a causa. Se o esforço ultrapassar o ponto de
tolerância, então a deformação será permanente.
Nas impressoras ofsete planas, o papel sofre estiramento por ação de duas variáveis: o
tack da tinta, que tende a "colar" o papel na blanqueta, principalmente nas áreas
"chapadas", e a pressão de impressão. Nas máquinas rotativas, uma terceira variável, o
tensionamento do papel, soma-se às duas anteriores. Esse estiramento mecânico
geralmente não apresenta problemas na impressão de bobinas, visto que o papel é
suficientemente resistente no sentido paralelo às fibras. Entretanto, no sentido contrário,
como acontece com papel cortado, a resistência é menor. Se todas as folhas sofrerem o
mesmo grau de estiramento não haverá problemas, pois o comprimento da imagem
impressa pode ser compensado alterando-se os calços das chapas e das blanquetas.
Caso contrário, a ocorrência de fora-de-registro será inevitável.

- formação e nivelamento -

Formação é uma propriedade física e de aparência. É física nos aspectos que descrevem
a estrutura do papel e a maneira como as fibras estão entrelaçadas. É aparente por causa
da influência visual da luz que é transmitida. A formação ideal, se existisse, deveria
lembrar um filme plástico translúcido. É uma propriedade relativa uma vez que uma boa
formação para um tipo de papel pode ser considerada inaceitável para outro.
A formação é uma propriedade significativa, visto que determina outras propriedades do
papel. A uniformidade e a lisura são fortemente dependentes; um papel grosseiramente
formado apresenta picos e vales na sua superfície prejudicando a qualidade de impressão.
Quando um papel com deficiência de distribuição de massa é calandrado, sua superfície
torna-se irregularmente absorvente, visto que os picos são mais compactados do que os
vales. O impresso fica com aparência marmorizada. Do mesmo modo, um papel mal
formado apresenta grande variação de opacidade, sobretudo se a gramatura for baixa.

- sentido de fibra -

O alinhamento preferencial das fibras do papel num determinado sentido resulta do fato de
que as fibras suspensas em água fluem sobre a tela da máquina de papel e se alinham na
direção do movimento da tela. O tensionamento que a tira sofre no setor de secagem

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aumenta o alinhamento das fibras em igual sentido.
O efeito combinado da direção das fibras e da variação de umidade exerce influência
direta no resultado impresso.
Nas impressoras ofsete planas o papel deve ser alimentado com o sentido das fibras
paralelo aos cilindros da impressora. Uma vez que o papel sofre maior variação na direção
perpendicular ao sentido das fibras, é possível compensar alterando-se as alturas das
chapas e das blanquetas em relação às guias dos cilindros. Nas máquinas rotativas essa
condição não existe, uma vez que as bobinas só podem ser alimentadas com as fibras
perpendiculares aos cilindros.
A direção das fibras afeta tanto o desempenho do papel durante a impressão quanto as
operações de acabamento e de uso final do produto impresso. Enquanto é necessário que
as fibras estejam dispostas paralelamente aos eixos dos cilindros da impressora para
garantir melhor registro, o papel alimentado com as fibras no sentido contrário apresenta
maior rigidez, melhor desprendimento da blanqueta e menor tendência de estampar, o que
é particularmente importante na impressão de papéis de baixa gramatura.
Na encadernação, as fibras devem ficar paralelas à lombada do produto para evitar
ondulações, distorções e permitir manter o livro aberto por si só. O papel dobra mais
facilmente e tem menor tendência a "rachar" na dobra quando esta é paralela às fibras.
Entretanto, a resistência à dobra é maior no sentido perpendicular às fibras. No caso de
dobra cruzada, recomenda-se planejar a mais difícil no sentido paralelo às fibras, ou
serrilhar o caderno quando isso não for possível.

- força de ligação interna -

A resistência do papel é normalmente considerada dentro do plano da folha (x—y), ou


seja, nas direções paralela e perpendicular às fibras. A resistência na direção perpen-
dicular ao plano da folha (z) é também importante e denominada força de ligação interna,
que corresponde à força necessária para delaminar o papel.

- porosidade -

O papel é um material altamente poroso comparado a outros tipos de materiais, como os


plásticos e os metais. As fibras, ligantes, cargas minerais e camada ocupam apenas parte
do volume total. O volume de ar restante ocupa cerca de 60% a 70% do volume total no
caso de papéis do tipo didático e, cerca de 15% a 35% no caso de papéis mais densos. A
relação entre o volume dos componentes sólidos e os espaços entre as fibras, para um
dado papel, tem influência marcante sobre a maciez, a compressibilidade, a elasticidade e
sua capacidade de absorver água, tinta, óleo etc.
A estrutura porosa do papel consiste de: (1) vazios da superfície; (2) espaços entre as
fibras; (3) poros ou canais que atravessam o papel. A maioria dos papéis não- revestidos é
moderadamente poroso. Os papéis revestidos são relativamente não-porosos.
O grau de porosidade do papel depende do modo como é fabricado. Papel constituído
apenas de fibras longas é mais poroso do que papel que contém apenas fibras curtas,
visto que as fibras curtas são mais compactadas sob as mesmas condições de fabricação.
A carga mineral torna o papel menos poroso.
A etapa individual mais importante que governa a porosidade durante o processo de
fabricação do papel é o grau de refinação. O tratamento ou colagem superficial reduz a
porosidade. A calandragem compacta a estrutura do papel e reduz a sua porosidade. A
aplicação da camada cuchê reduz drasticamente a porosidade.
A porosidade afeta a absorção do veículo da tinta. Este é atraído para o interior dos poros

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e espaços inter-fibras por ação capilar. O número de poros, e suas dimensões, governa a
absorção da tinta. Na impressão em máquinas rotativas, com papéis não-revestidos, é
necessário que a porosidade seja elevada para proporcionar rápida penetração do solven-
te e rápido assentamento da tinta para evitar decalque e riscos no impresso. Outras
aplicações requerem papéis menos porosos para evitar penetração excessiva e
atravessamento da tinta.
Papel cuchê geralmente proporciona melhor "ancoragem" da tinta do que papel não-
revestido, devido à sua natureza de microporosidade. O nível de porosidade da cola cuchê
tem significado importante no processo de secagem das tintas "heatset". Se a porosidade
for muito baixa, os vapores de água formados quando o papel passa pelo forno não
poderão escapar rapidamente e causarão "bolhas". Com tintas "quickset" o papel deve ser
denso, relativamente não-poroso na superfície para evitar a penetração excessiva do
veículo da tinta e, assim, promover melhor ancoragem e maior nível de brilho.
Conforme a porosidade do papel diminui e a densidade aumenta, maior a probabilidade de
ocorrer encanoamento e variações dimensionais com as alterações de umidade. O
assentamento das tintas "quickset" depende da porosidade do papel. Conforme o papel
absorve os óleos da tinta, a viscosidade do filme de tinta impresso aumenta rapidamente e
imobiliza a tinta no suporte.
A porosidade afeta a penetração de adesivos e vernizes. Se a porosidade for muito
elevada, estes podem atravessar o papel, ou os sólidos podem penetrar excessivamente
deixando uma camada de espessura insuficiente na superfície. Papéis densos e pouco
porosos são os mais prováveis de encanoar e sofrer variação dimensional durante e após
a impressão.

- densidade aparente -

É uma propriedade fundamental que expressa a massa por unidade de volume. Quanto
maior o volume de vazios contido no interior do papel, menor a densidade aparente.
Quanto maior o nível de calandragem do papel, maior a sua densidade aparente. A
densidade aparente afeta as propriedades mecânicas, físicas, ópticas e elétricas do papel.

- gramatura -

A gramatura expressa a massa por unidade de área do papel. Várias outras propriedades
são influenciadas pela gramatura: espessura, opacidade, desempenho durante a impres-
são e nas operações pós-impressão. Quando se analisa os aspectos econômicos do
produto impresso a importância da gramatura aumenta, visto que o papel é comercializado
por peso e o produto impresso por área impressa.

- espessura e corpo -

A espessura do papel e suas variações têm considerável importância durante as fases de


fabricação e impressão. Visto que o papel é compressível, a avaliação da espessura deve
ser feita com micrômetros especiais, ou com espessímetros.
O "corpo" do papel depende do tipo de fibra, do conteúdo de carga mineral, do grau de
refinação, da pressão úmida e do grau de calandragem. O corpo é reduzido à medida que
essas variáveis aumentam. Pequenas variações na espessura do papel provocam
variações na tensão de bobinamento e conseqüente deformação da bobina.

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- encanoamento -

As causas básicas do encanoamento devem-se a diferenças na orientação das fibras e da


composição fibrosa e não-fibrosa dos lados tela e feltro. Visto que a umidade absorvida
pelo papel provoca expansão, a folha de papel encanoa na direção contrária à face
umedecida. Algumas vezes o papel encanoa na direção da face umedecida, originando um
problema conhecido por encanoamento reverso.
Diferenças estruturais e na orientação das fibras explicam os diferentes graus de expansão
ou contração entre os dois lados do papel com as variações de umidade. Por causa
dessas diferenças estruturais, o papel irá encanoar preferencialmente na direção do lado
tela, com o eixo de curvatura paralelo ao sentido das fibras, quando ocorre perda de
umidade ou quando a umidade relativa do ar diminui.
Quando ocorre ganho de umidade ou a umidade relativa do ambiente aumenta, o papel
tende a encanoar na direção do lado feltro. Os papéis menos porosos e menos densos são
menos sujeitos ao encanoamento. O aumento no conteúdo de carga mineral tende a
diminuir o encanoamento. Quanto maior a diferença estrutural dos dois lados do papel
maior a tendência ao encanoamento.

- lado tela/feltro -

Devido ao modo como o papel é formado, seus lados têm estruturas diferentes. Quando a
suspensão aquosa de fibras, cargas minerais, ligantes e outros aditivos flui sobre a tela da
máquina de papel, a água é parcialmente drenada, primeiramente por gravidade e depois
com o auxílio de sucção. O lado em contato com a tela perde fibras pequenas, partículas
de carga mineral etc., que são drenados junto com a água. Por isso, os dois lados do papel
têm estruturas diferentes.
O lado tela do papel tem menor quantidade de carga mineral e partículas finas do que o
lado feltro. Por isso, o lado tela é geralmente mais resistente ao arrancamento, tem menor
tendência a "rachar" na dobra, suporta melhor as tensões do lado externo da dobra. Por
isto, quando há possibilidade de escolha, deve ser o lado preferido para imprimir áreas
densas (sólidos, chapados).
Na impressão em máquinas rotativas blanqueta–blanqueta ("perfecting"), recomenda-se
imprimir o lado tela voltado "para cima", para melhor desprendimento da blanqueta. Embo-
ra o lado tela proporcione melhor desempenho, o lado feltro tem melhor printabilidade.

- resistência ao estouro -

É a pressão hidrostática necessária para romper o papel quando este é submetido a um


esforço constante e uniformemente distribuído, aplicado num de seus lados. Pode ser
considerada um indicador global da resistência do papel e está associada à rigidez e à
tensão de ruptura. Não tem relação com resistência ao rasgo e apresenta pouca impor-
tância para papéis de impressão, exceto papéis para embalagem.
A resistência ao estouro aumenta conforme aumentam o grau de refinação e a colagem
superficial do papel. Fibras longas promovem maior resistência ao estouro do que fibras
curtas. Conforme o conteúdo de carga mineral aumenta, a resistência ao estouro diminui.

- resistência à dobra -

É o número de dobras duplas que o papel suporta sob tensão antes de romper. A

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avaliação é feita sob condições específicas, tanto no sentido paralelo quanto no sentido
perpendicular às fibras. Em geral o papel tem maior resistência no sentido perpendicular
às fibras. A resistência à dobra aumenta com a refinação. Fibras longas, com elevado grau
de entrelaçamento, produzem papéis mais resistentes à dobra.
Colagem superficial, carga mineral e revestimento reduzem a resistência à dobra. O
conteúdo de umidade afeta intensamente a resistência à dobra dos papéis: conforme o
papel perde umidade, suas fibras tornam-se menos flexíveis e a resistência à dobra
diminui significativamente. Conforme a gramatura do papel aumenta, sua resistência à
dobra aumenta até atingir um valor máximo e depois diminui, quando a gramatura ultra-
passa certo limite.

- resistência ao rasgo -

É o esforço necessário para rasgar o papel numa distância fixada após o rasgo haver
iniciado. O papel tem maior resistência ao rasgo na direção perpendicular às fibras.
Quanto mais longa a fibra maior a resistência ao rasgo. O aumento do conteúdo de carga
mineral reduz a resistência ao rasgo. Existe relação de compromisso entre printabilidade e
resistência ao rasgo visto que, para aumentar a resistência, a refinação deve ser reduzida,
prejudicando a regularidade superficial do papel.

- resistência à tração -

A resistência à tração tem relação com a gramatura do papel. Entretanto, as quebras de


bobina estão muito mais associadas à resistência ao rasgo do que à resistência à tração.
A resistência à tração corresponde à máxima tensão que o papel suporta, sob condições
determinadas, antes de romper. Conforme o papel é tracionado, ocorre alongamento no
sentido paralelo à direção das fibras.
A resistência à tração varia dependendo do grau de refinação, da pressão úmida à qual o
papel está sujeito na máquina de papel, do comprimento das fibras, da gramatura e do
conteúdo de umidade. A resistência aumenta à medida que essas variáveis aumentam. A
resistência diminui conforme o conteúdo de carga mineral é aumentado.

- impurezas -

As impurezas da superfície do papel e sua conseqüente interferência na qualidade do


produto impresso, representada por vazios, pintas, manchas etc., não devem ser confun-
didas com problemas semelhantes de aparência causados por arrancamento de partículas
da superfície devido à falta de resistência superficial do papel, ou por causa do tack
elevado da tinta. Essa contaminação é originada durante a fabricação do papel e pode ser
distinguida em dois tipos:

(1) um tipo é superficial: partículas fracamente presas à superfície do papel, fibras ou


partículas de revestimento soltas durante o refile, poeira do ambiente e fibras de
tecido provenientes da máquina de papel.
(2) o segundo tipo de material contaminante é proveniente de inclusões estranhas de
ferrugem, aglomerados de fibras, amido, carga mineral, partículas dos rolos e
feltros da máquina de papel etc.

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- poeira/cisco -

Embora os impressores freqüentemente se refiram ao pó como qualquer tipo de impureza


proveniente do papel, para o fabricante de papel existe um significado especial: refere-se a
toda sorte de material estranho que contrasta em cor com o papel. É esteticamente
indesejável e pode ou não afetar a qualidade do produto impresso, dependendo do fato de
ser ou não arrastado pela blanqueta.

- absorção de tinta -

Absorção é a propriedade que determina a quantidade e a velocidade com que a tinta


penetra no papel. A espessura do filme de tinta impresso no processo ofsete é conside-
ravelmente menor do que em outros processos de impressão. Conseqüentemente, a
absorção da superfície do papel tem função importante no processo de secagem das tintas
e nos fenômenos relacionados à secagem.
A maioria das tintas usadas no processo ofsete é formulada com óleos secativos, que
secam por processos combinados de absorção e óxido-polimerização.
Antes da secagem propriamente dita, a tinta deve assentar no suporte para que não
ocorra decalque. O assentamento corresponde à penetração parcial do veículo da tinta no
suporte. A fase final de secagem, que corresponde à solidificação do filme de tinta, ocorre
por polimerização oxidativa e leva cerca de 2 a 4 horas.
O papel precisa ter absorção elevada para absorver rapidamente os componentes fluidos
da tinta e evitar blocagem; ao mesmo tempo, deve ter baixa absorção para promover
ancoragem e brilho. O ponto de equilíbrio não é muito bem delimitado e depende de outras
variáveis, além do papel. Se a tinta assentar muito lentamente poderá ocorrer blocagem;
se o assentamento for muito rápido poderá ocorrer penetração excessiva do veículo da
tinta no interior do papel e conseqüente perda de brilho e podragem. Por isso, as pro-
priedades da tinta devem ser ajustadas ao papel. Com respeito ao papel, o mais impor-
tante é que não haja variação de absorção durante a produção.
Na impressão em máquinas ofsete rotativas e rotogravura, a probabilidade de ocorrer
decalque devido à falta de absorção do papel é mínima. Porém, papéis muito absorventes
causam redução do brilho do impresso.

Tipo de tinta Espessura (μ)


ofsete 2
tipográfica 3
rotogravura 12
serigráfica 60

A absorção de tinta dos papéis não-revestidos depende de diversos fatores. A composição


fibrosa e de carga mineral afeta a absorção. À medida que o grau de refinação aumenta, o
papel torna-se menos poroso e menos absorvente. As propriedades superficiais do papel
são as que mais afetam a absorção de tinta. Se o papel for liso e compactado por
calandragem, a absorção de tinta é reduzida. Colagem superficial reduz a absorção e
aumenta a ancoragem da tinta. Com papéis revestidos, a absorção de tinta é função das
características da cola cuchê e do grau de calandragem.

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- printabilidade -

A printabilidade do papel pode ser definida como o nível de qualidade que as suas
propriedades superficiais são capazes de promover. As propriedades superficiais, por sua
vez, dependem de outras propriedades, tais como: lisura, uniformidade, absorção e acei-
tação da tinta.
Os aspectos de printabilidade mais importantes a ser observados compreendem: a
definição (resolução) do ponto impresso; idealmente os pontos devem ser bem
recortados, sem deformações ou pontos faltantes, o que depende fundamentalmente da
lisura efetiva do papel no "nip" de impressão e do perfeito contato entre este e a tinta;
deficiências estruturais do papel, tais como: formação grosseira e compressibilidade
insuficiente, podem provocar deficiência na transferência de tinta; variações de absorção
e brilho da superfície do papel podem causar marmorização.
As variações de absorção podem ser causadas por deficiência de lisura, formação gros-
seira ou cobertura insuficiente das fibras pela tinta cuchê; saturação e brilho da tinta
impressa são diretamente afetados pela ancoragem da tinta e, principalmente, pelo brilho
do papel. Variações nessas propriedades produzem diferenças de cor, de brilho e de
contraste do filme de tinta impresso.
É impossível predizer a printabilidade do papel sem testes específicos, visto que sua
quantificação depende da somatória de diversas propriedades, tais como: brilho,
ancoragem da tinta, lisura e brilho do papel, densidade do filme de tinta impresso etc…

- lisura -

A lisura, ou nivelamento superficial do papel, afeta tanto as suas propriedades funcionais


quanto as propriedades de aparência. Fibras curtas produzem papéis mais lisos do que
fibras longas.
A preparação da massa e o modo como as fibras são dispersas quando da formação do
papel sobre a tela têm grande influência sobre a lisura. Geralmente a lisura diminui
conforme a gramatura do papel aumenta.
Outros fatores que governam a lisura são o conteúdo de carga mineral, o grau e a pressão
de calandragem.

- resistência superficial -

Também chamada de resistência ao "pick", é a resistência do papel às forças per-


pendiculares ou de ruptura exercidas no momento da divisão do filme de tinta entre a
superfície da blanqueta e a superfície do papel.
Quando a resistência do papel ao arrancamento é inferior à
força exercida pelo tack da tinta, ocorre ruptura de porções
da camada do papel, arrancamento de fibras e fragmentos
da camada ou delaminação.
Em presença de água, pode ocorrer enfraquecimento das
forças de ligação superficiais, o que é conhecido como
arrancamento a úmido.
A resistência superficial do papel aumenta conforme
aumenta o conteúdo de fibras longas, aumenta a colagem
interna, diminui o conteúdo de carga mineral, aumenta o
grau de refinação e aumenta a colagem superficial.

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- resistência ao atrito -

É uma propriedade pouco importante no que diz respeito à impressão e, por isso, não será
discutida aqui, mas muito significativa no caso de materiais impressos que são empilhados
e manuseados, tal como acontece com pacotes e caixas num supermercado.

Inter-relacionamento entre as propriedades do papel

Dentre as muitas propriedades importantes do papel não existe uma única que seja
totalmente independente de todas as outras e que possa ser alterada sem afetar as
demais. O conhecimento e a compreensão das numerosas relações existentes entre as
propriedades do papel é necessário durante a sua fabricação e essencial para entender
suas aplicações e os problemas que podem ocorrer durante os processos de impressão e
pós-impressão.
De modo geral, existe uma relação de compromisso entre as diferentes propriedades do
papel. O incremento de uma delas implica, necessariamente, em prejuízo de outras.
Propriedades de importância primária para cada tipo específico de papel devem ser
balanceadas com aquelas de importância menor.
A análise das várias operações de fabricação e sua importância nas propriedades de
aparência, mecânicas, químicas, estruturais e superficiais do papel permite melhor com-
preensão do seu inter-relacionamento.

- comprimento das fibras, propriedades de printabilidade e resistência -

Conforme o conteúdo de fibras longas aumenta, as propriedades de resistência do papel


são beneficiadas. Os efeitos prejudiciais, entretanto, compreendem: formação grosseira e
desuniforme; redução da lisura e do nivelamento superficial. Isso é desvantajoso do ponto
de vista da impressão. Portanto, as exigências de resistência mecânica conflitam com as
exigências de printabilidade.

- propriedades ópticas e branqueamento -

Fibras químicas não-branqueadas produzem papéis com elevada absorção de luz. Tais
papéis apresentam elevada opacidade, mas pouca alvura. Conforme a polpa química é
branqueada para remover os materiais que absorvem luz, o papel ganha alvura, mas
perde opacidade.

- influência da refinação mecânica -

A refinação mecânica das fibras tem efeito sobre uma série de propriedades em diferentes
proporções. A resistência ao rasgo aumenta ligeiramente com a refinação inicial devido
ao desenvolvimento de ligações entre as fibras, as quais oferecem suporte umas às
outras. As resistências ao estouro, à dobra e à tração aumentam conforme o grau de
refinação aumenta, devido ao maior grau de entrelaçamento entre as fibras. Conforme a
refinação progride essas resistências, independentemente umas das outras, atingem um
pico e depois declinam.
É impossível obter valores máximos de resistência para todas as propriedades ao mesmo

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tempo, uma vez que cada uma delas alcança o seu máximo valor em diferentes níveis de
refinação para um dado papel.
A espessura , para uma dada gramatura, diminui gradualmente à medida que a refinação
progride, visto que a densidade do papel aumenta. Conforme a densidade aumenta o
papel torna-se mais rígido e menos compressível. Outras modificações estruturais que
ocorrem durante a refinação afetam a porosidade e a absorção de tinta.
O papel torna-se menos poroso e menos absorvente quanto maior o grau de refinação das
fibras. Em contrapartida, a formação, o nivelamento superficial, a lisura e a força de
ligação interna melhoram.
A refinação prolongada prejudica a estabilidade dimensional, visto que as fibras tornam-
se mais intimamente ligadas umas às outras, deixando menos espaços inter-fibras para
permitir a sua acomodação quando incham ao absorverem umidade.
As propriedades ópticas são inversamente afetadas pela refinação. A opacidade diminui
por causa da redução dos espaços internos (maior compactação), proporcionando menor
espalhamento da luz e, portanto, maior transparência. Visto que a maior porção da luz
incidente penetra profundamente e é absorvida pela estrutura mais densa do papel mais
refinado, uma porção menor de luz é refletida e a alvura diminui.

- influência do conteúdo de carga mineral -

Cargas minerais são usadas principalmente por causa de sua influência benéfica sobre as
propriedades ópticas do papel e outras propriedades relacionadas à printabilidade. A
opacidade, a alvura e a printabilidade do papel são incrementadas.
Visto que as cargas são inertes à umidade o papel torna-se menos sensível às variações
de umidade e, portanto, sua estabilidade dimensional aumenta. A rigidez e o corpo são
reduzidos e o papel torna-se mais "mole", o que pode ou não ser vantajoso. As pro-
priedades de resistência física são reduzidas, bem como a força de ligação interna
conforme o conteúdo de carga mineral aumenta.
Estes efeitos opostos sobre as propriedades do papel são exemplos da relação de
compromisso a considerar na determinação da quantidade de carga mineral a ser usada,
de modo a atender às exigências dos processos de impressão e de acabamento, e aos
requisitos de uso final do produto impresso.

- influência da umidade -

O conteúdo de umidade que o papel deve ter para atender aos requisitos das diferentes
etapas do processo de conversão afeta outras propriedades durante a fase de fabricação
do papel. Baixo conteúdo de umidade em papel cuchê, necessário para evitar o "blistering"
durante a secagem "heatset", prejudica o brilho do papel durante a supercalandragem.
O conteúdo de umidade do papel deve ser suficientemente baixo para evitar o "blistering",
mas não tanto a ponto de torná-lo quebradiço e sujeito a "rachar" na dobra. Conteúdo de
umidade muito elevado pode causar escurecimento (perda de alvura) no processo de
supercalandragem.

- colagem superficial -

A colagem superficial dos papéis não-revestidos é necessária para proporcionar o grau de


resistência superficial requerido no processo ofsete. Como conseqüência, a porosidade
do papel diminui, a ancoragem da tinta aumenta, a rigidez aumenta e aumentam as
resistências ao estouro e ao rasgo.

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Colagem superficial em grau elevado é prejudicial à qualidade da dobra, visto que ocorre
adesão das fibras mais externas dificultando o movimento de flexão quando o papel é
dobrado. Também tem influência negativa sobre a opacidade e a alvura.
Visto que a resina responsável pela colagem preenche os espaços entre as fibras e reduz
o espalhamento da luz, a opacidade é reduzida. Esse efeito permite maior penetração da
luz e reduz ligeiramente a alvura.

- calandragem -

A calandragem, cujo propósito é melhorar o acabamento superficial do papel, afeta as


suas propriedades de diferentes modos. Conforme o grau de calandragem é aumentado,
aumentam a lisura e o brilho do papel e diminuem a espessura e a rigidez.
A calandragem reduz consideravelmente a opacidade e moderadamente a alvura, visto
que as fibras são compactadas, reduzindo sua habilidade de espalhar a luz. Excesso de
pressão de calandragem para melhorar o brilho e o acabamento superficial provoca
enfraquecimento e escurecimento do papel. A porosidade e a absorção de tinta são
reduzidas. Supercalandragem de papel cuchê retarda a liberação de umidade durante a
secagem "heatset" aumentando a tendência ao "blistering".

- inter-dependência entre gramatura, corpo e acabamento -

Para um dado papel não-revestido, existe uma tripla relação entre gramatura, corpo e
acabamento, de modo que nenhuma dessas propriedades pode ser alterada sem afetar
pelo menos uma das outras. Se a gramatura é reduzida e o corpo permanece constante, a
estrutura torna-se mais porosa para que as fibras mantenham o mesmo corpo por unidade
de área, o que dá origem a um papel de acabamento mais grosseiro. Do mesmo modo, se
a espessura do papel não puder ser alterada e a lisura for aumentada, então a gramatura
deverá ser aumentada para manter a espessura.

- carga de revestimento -

Conforme a camada cuchê aumenta, a lisura do papel também aumenta, melhorando a


aceitação e a ancoragem da tinta, aumentando o brilho durante a supercalandragem e
aumentando a opacidade. Entretanto, a tendência do papel "rachar" na dobra e a
tendência ao "blistering" se agravam.
Conforme a espessura da camada cuchê aumenta, para uma dada gramatura, a massa do
papel base deve ser reduzida proporcionalmente, ocasionando redução da espessura, da
opacidade, da rigidez e da resistência mecânica do papel.

Este artigo é de autoria de

Sérgio Rossi Filho

ROSSI
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(013) 34815910

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