Você está na página 1de 12

RAS DOI: 10.13037/rbcs.vol12n42.

2428 artigo de revisão

78

ATIVIDADES AQUÁTICAS EM PACIENTES COM PARALISIA CEREBRAL:


UM OLHAR NA PERSPECTIVA DA FISIOTERAPIA
AQUATIC ACTIVITIES IN PATIENTS WITH CEREBRAL PALSY:
A LOOK FROM THE PERSPECTIVE OF PHYSIOTERAPY

Flayani da Silva Schmitza*, Felipe Stiggerb*


a
flayaniss@gmail.com, bfstigger@yahoo.com.br
*
Universidade Luterana do Brasil – Santa Maria (RS), Brasil

Data de entrega do artigo: 04/11/2013


Data de aceite do artigo: 05/06/2014

resumo

Introdução: Paralisia cerebral (PC) é o termo utilizado para descrever um conjunto de desordens motoras e
sensoriais decorrentes de distúrbios não progressivos no encéfalo. As lesões podem acontecer antes, durante
ou após o nascimento, levando a um controle motor deficiente, desordem neuromuscular e inatividade.
O tratamento fisioterapêutico deve ser iniciado precocemente para estimular o desenvolvimento
neuropsicomotor da criança com PC. Sendo assim, a hidroterapia é uma abordagem terapêutica que
está sendo muito utilizada entre os fisioterapeutas na busca da recuperação e melhora destes pacientes.
Objetivo e métodos: Realizar uma revisão das publicações indexadas nas bases de dados SciELO, Pubmed
e LILACS, nos idiomas português, espanhol e inglês entre 1996 e 2012. Resultados: Foram obtidos 60
estudos. Destes, 11 artigos foram excluídos por tratarem de temas que não estão diretamente relacionados
à pesquisa. Conclusão: A hidroterapia é uma estratégia terapêutica de grande valia para pacientes com
PC, devido a sua eficácia na melhora da flexibilidade, da postura, da amplitude de movimento, da força
muscular e da funcionalidade. A combinação destes benefícios se reflete na qualidade de vida destes
pacientes.

Palavras-chave: Paralisia cerebral; hidroterapia; exercícios aquáticos.

abstract

Introduction: Cerebral paralysis (CP) is a term used to describe a group of motor and sensory disorders
resulting from non-progressive brain disturbances. The lesions may occur before, during or after birth,
leading to a poor motor control, neuromuscular disorder and inactivity. The physiotherapy treatment
should be started as early as possible to stimulate neuropsychomotor development of children with
PC. Thus, hydrotherapy is a therapeutic approach that is being widely used among physiotherapists in
pursuit of recovery and improvement of these patients. Objective and Method: To conduct a review
of publications indexed in databases, SciElo, Pubmed and Lilacs in Portuguese, Spanish and English
between 1996 and 2012. Results: Sixty studies were obtained. Of these, eleven articles were deleted for
dealing with issues that are not directly related to this research. Conclusion: Hydrotherapy is a therapeutic
strategy of great value for patients with PC due to its effectiveness in improving posture, flexibility, range
of motion, muscle strength and functionality. The combination of these benefits is reflected in the quality
of life of these patients.

Keywords: Cerebral palsy, hydrotherapy; aquatic exercise.

Revista de Atenção à Saúde, v. 12, no 42, out./dez. 2014, p.78-89


ATIVIDADES AQUÁTICAS EM PACIENTES COM PARALISIA CEREBRAL 79

Introdução nos idiomas português, espanhol e inglês. Esta revisão


foi dividida em duas etapas, a busca primária utilizando
Paralisia cerebral (PC) é o termo utilizado para des- como descritores os termos “paralisia cerebral”, “hidro-
crever um conjunto de desordens motoras e sensoriais terapia”, “exercícios aquáticos”, “atividades aquáticas”
decorrentes de distúrbios não progressivos no encéfalo. e “natação”, assim como os seus correlatos nas línguas
As lesões podem ocorrer antes, durante ou após o nasci- inglesa e espanhola. A segunda etapa, dita busca secun-
mento, gerando diferentes graus de incapacidade1. dária, foi realizada a partir do referencial bibliográfico
A limitação da atividade motora é uma característica abordado nos artigos encontrados na busca primária.
da PC e ocorre pela falta de controle sobre os movimen- Os critérios de inclusão da pesquisa foram baseados em
tos. As consequências são adaptações musculares que, em artigos que abordassem tanto a hidroterapia e fisiotera-
longo prazo, podem resultar em deformidades ós­seas. Os pia aquática quanto outras diferentes abordagens tera-
primeiros anos de vida parecem ser cruciais para o pro- pêuticas envolvendo o meio aquático na PC, os efeitos
cesso de aquisição das habilidades motoras2. Assim, a fisiológicos da hidroterapia na PC e as propriedades fí-
imobilidade neste período de maturação do sistema ner- sicas da água. Foram excluídos desta, os artigos que tra-
voso pode modificar o desenvolvimento, interferindo no tavam de temas não relevantes para a pesquisa e os que
padrão normal de marcha3. não apresentavam detalhamento metodológico.
Uma das características clínicas mais comuns encon-
tradas nas crianças com PC é a diplegia, que se caracte-
riza por apresentar maior comprometimento motor nos Resultados
membros inferiores4.
O padrão de marcha normal é adquirido na infância, Nesta revisão, foram encontrados um total de 60 es-
proporcionando ao indivíduo independência e funcio- tudos. Destes, 11 artigos foram excluídos por abordar
nalidade, porém, quando comparados com crianças com temas não relevantes para a pesquisa e os que não apre-
PC, este está prejudicado pelos distúrbios neuromus- sentavam detalhamento metodológico. Foram encon-
culoesqueléticos que afetam a posição em ortostase, o trados e utilizados artigos que compreendessem temas
equilíbrio e, consequentemente, a habilidade de andar5. como as propriedades físicas da água10,15-33; diferentes
Neste contexto, a fisioterapia possui um importante abordagens terapêuticas e exercícios na água2,13,34-49 e
papel na PC pelo treinamento específico de atos moto- artigos que evidenciassem cientificamente a prática de
res como: levantar-se, dar passos ou caminhar, sentar-se, atividades aquáticas em crianças com PC9,11,50-58.
pegar e manusear objetos, além de exercícios destinados No total dos 17 estudos, dois50,52 utilizaram o ensaio
a aumentar a força muscular e melhorar o controle sobre clínico controlado; três22,51,57 utilizaram o ensaio clíni-
os movimentos, objetivando a funcionalidade6. co quase-controlado, três11,31,55 eram ensaio clínico não
Uma das abordagens fisioterapêuticas que vem ga- controlado, um58 era estudo piloto e oito2,9,10,15,20,30,53,54
nhando espaço no tratamento de crianças com PC é a séries/relatos de caso.
hidroterapia. Este tipo de tratamento possibilita o de- A tabela 1 apresenta um breve resumo dos 17 arti-
senvolvimento geral da criança, já que, dentro da água, gos utilizados que evidenciam cientificamente a prática
o movimento é facilitado pelas propriedades físicas que de exercícios aquáticos na PC. A população destes estu-
atuam no corpo imerso2. dos consistiu principalmente por crianças com paralisia
Tendo em vista que a compreensão das proprieda- cerebral espástica. Dentre as distribuições topográficas
des físicas da água junto com as respostas fisiológicas das sequelas motoras, foram encontradas, mais especi-
à imersão podem favorecer a atuação fisioterapêutica e ficamente, a diplegia (n= 48), a hemiplegia (n= 17) e
potencializar os resultados do processo de intervenção7, a quadriplegia (n= 16). A faixa etária dos participantes
o objetivo deste trabalho é realizar uma revisão biblio- envolvidos variou entre 1 e 34 anos de idade.
gráfica envolvendo os benefícios das atividades aquáticas Nos 17 estudos, diversas intervenções tera-
em crianças com PC e discutindo-os na perspectiva de pêuticas foram abordadas no ambiente aquático
atuação fisioterapêutica. como: 13 estudos indicaram os treinamentos ae-
róbicos9,11,20,22,30,31,50,51,52,54,55,57,58 e cinco os anaeró-
bios9,20,30,52,55 e 11 estudos foram classificados como “ou-
Objetivos e métodos tro” tipo de treinamento2,10,11,15,22,30,31,50-52,54.
No treinamento aeróbico, foram citadas atividades
No período de março de 2011 a maio de 2012, rea- hidrocinesioterapêuticas, como caminhar/correr, chu-
lizou-se uma revisão bibliográfica nas publicações inde- tar, exercícios resistidos e exercícios de natação. Já nos
xadas nas bases de dados SciELO, Pubmed e LILACS. treinamentos anaeróbicos, as atividades foram limita-
Foram priorizadas as publicações entre 1996 e 2012, das a saltos, nado livre e exercícios de fortalecimento

Revista de Atenção à Saúde, v. 12, no 42, out./dez. 2014, p.78-89


80 Schmitz F. da S., Stigger F.

Tabela 1: Resumo dos 17 artigos utilizados na revisão dos efeitos dos exercícios aquáticos na PC

MÉTODO
AUTOR/ DESENHO DO AMOSTRA/
OBJETIVO VARIÁVEL INTERVENÇÃO CONCLUSÃO
ANO ESTUDO IDADE
AVALIADA

A combinação
Avaliar a efetivida- ∆t= 6 meses- 30min;
de musculação
de de um progra- Capacidade vital, Crianças divididas
n= 46; e hidroterapia
Hutzler ma de natação e questionário em dois grupos: (1)
Ensaio clínico crianças com PC; melhorou a função
et al., movimentos na de avaliação natação- 2X/sem
quase-controlado 5 e 7 anos respiratória das
1998a22 função respiratória da orientação associada à atividade
crianças com PC,
e habilidades de aquática terrestre 1X /sem (2)
assim como sua
orientação na água Bobath 4X/sem
orientação aquática

∆t= 6 meses- 30min;


Descrever o efeito
Crianças divididas
de um programa A hidroterapia
Questionário em dois grupos: (1)
Hutzler de natação e movi- n= 46; melhorou
Ensaio clínico de avaliação da natação 2X/sem
et al., mentos globais na crianças com PC; orientação aquática
quase-controlado orientação aquá- associada à atividade
1998b51 função motora na 5 e 7 anos das crianças com
tica; Escala SPS terrestre em grupo
e autopercepção na PC
1X/sem.(2) Bobath
água
4X/sem
Avaliar o resultado
de um programa
∆t= 10 sem- 45min;
de hidroterapia na n= 7; A hidroterapia
3X/sem
força de membros crianças com promove a melhora
Teste TUG; Sessão composta por
Thorpe et inferiores, veloci- PC espástica (6 da mobilidade fun-
Série de casos GMFM; Gasto alongamentos, exer-
al., 200554 dade da marcha, diplégicas e 1 cional, da velocida-
energético cícios resistidos, de
mobilidade fun- hemiplégica); de da marcha e da
resistência, caminha-
cional e equilíbrio 7 a 13 anos função motora
das e brincadeiras
em crianças com
diagnóstico de PC
Verificar o efeito
A hidroterapia
do tratamento n= 6
promove a melhora
hidroterapêutico crianças com
Bonomo funcional significa-
Ensaio clínico não na funcionalidade diagnóstico de Escala de ∆t= 5 meses-40min;
et al, tiva para pacientes
controlado e tono muscular PC tretaparesia Ashworth; PEDI 2X/sem
200731 com paralisia cere-
de crianças com espástica;
bral e tetraparéticas
tetraparesia 2 a 6 anos
espásticas
espástica
A hidroterapia é
Verificar os bene- eficaz no aumento
fícios da hidrote- do equilíbrio, e da
n= 1
Cardoso rapia na melhora Cinemática da confiança durante
criança com PC ∆t= 1 mês-50min;
et al, Estudo de caso do equilíbrio da marcha e do a marcha, quan-
diplegia espástica; 2X/sem
200720 marcha em pacien- equilíbrio do combinado
sexo masculino
te portador de PC com o tratamento
diplégica espástica fisioterapêutico
convencional

continua...

Revista de Atenção à Saúde, v. 12, no 42, out./dez. 2014, p.78-89


ATIVIDADES AQUÁTICAS EM PACIENTES COM PARALISIA CEREBRAL 81

Tabela 1: Continuação

MÉTODO
AUTOR/ DESENHO DO AMOSTRA/
OBJETIVO VARIÁVEL INTERVENÇÃO CONCLUSÃO
ANO ESTUDO IDADE
AVALIADA
Investigar a
influência de um As atividades aquá-
Teixeira-
programa de ativi- n=2; ticas são indicadas
Arroyo Estudo de caso
dades aquáticas no PC espástico; Avaliação ∆t= 5 meses- 60min para a estimulação
e De descritivo e
comportamento 12 e 7 anos; psicomotora 2X/sem psicomotora de
Oliveira, exploratório
psicomotor de sexo masculino crianças com parali-
20072
crianças com para- sia cerebral
lisia cerebral
∆t= com duração de
Ambos os trata-
40 sessões.
mentos são efetivos
Comparar dois mé- Crianças divididas
n= 22 para o tratamento
todos de tratamen- Escala de em dois grupos:
Torres et Ensaio clínico crianças com PC de crianças com PC
to fisioterápico: fi- Ashworth, (1) Fisioterapia
al., 200757 quase-controlado espástica; espástica promo-
sioterapia aquática GMFM convencional asso-
1 à 16 anos vendo a melhora
e a convencional ciada à aquática (2)
significativa da
somente fisioterapia
espasticidade
convencional
Crianças divididas
Inventário de
em dois grupos: (1 -
Determinar o Comportamentos
controle) mantinha
efeito do treina- para Crianças e
seu tratamento con- O treinamento
mento envolvendo Adolescentes -
vencional (Bobath) aquático possibili-
a natação sobre a n= 23; Child Behavior
Özer at al, Ensaio clínico (2) ∆t= 14 sem de tou uma melhora
competência social, crianças com PC; Checklist;
200750 controlado hidroterapia-30min; na percepção cor-
os comportamen- 5 a 10 anos
3X/sem; poral em crianças
tos e a consciência Sensibilidade
Envolvendo alonga- com PC
corporal em crian- corporal (Body
mentos, exercícios
ças com PC Awareness
estáticos, jogos com
– Kirkendall)
bolas e nado
Avaliar a
efetividade e a
Os exercícios
segurança de
aeróbicos
um programa ∆t= 14 sem-45min
promovem a
Fragala- de atividade em Teste de corrida 2X/sem
n=16 (2 com melhora da
Pinkhan Ensaio clínico não grupo de crianças de 500m; Envolvendo alonga-
PC); resistência
et al., controlado com necessidades M-PEDI; Teste mentos, exercícios
7 e 10 anos cardiorrespiratória
200811 especiais, no de sentar-levantar resistidos e exercícios
em crianças com
condicionamento aeróbicos
necessidades
cardiorrespiratório,
especiais
força e habilidades
motoras
continua...

Revista de Atenção à Saúde, v. 12, no 42, out./dez. 2014, p.78-89


82 Schmitz F. da S., Stigger F.

Tabela 1: Continuação

MÉTODO
AUTOR/ DESENHO DO AMOSTRA/
OBJETIVO VARIÁVEL INTERVENÇÃO CONCLUSÃO
ANO ESTUDO IDADE
AVALIADA

A terapia aquática
com os princípios
∆t= 11 meses-45min
físicos da água é
Verificar a 2X/sem;
eficaz para o rela-
importância da n=1; O procedimento
Marcha; xamento muscular,
Relato de caso hidrocinesioterapia PC tetraparesia foi em duas etapas:
Navarro et AVD’s. ADM diminuição de
descritivo e no tratamento de espástica e ataxia; (1) adaptação no
al, 200830 e coordenação espasmos muscula-
exploratório PC para melhora e/ 34 anos; meio aquático e (2)
motora res e espasticidade,
ou manutenção do sexo masculino aumento progressivo
melhora da muscu-
quadro clínico do nível dos
latura respiratória,
exercícios
melhora do equilí-
brio e ADM

O programa de
Verificar o efeito de
∆t= 10 sem-55min natação possuiu um
um programa de
Chrysagis n= 12; GMFM; Escala 2 X/sem efeito positivo na
Ensaio clínico natação no tono,
et al, com PC; de Ashworth; Envolvendo warm atividade motora,
controlado função motora e
200952 12 a 20 anos ADM -up, nado crawl, coll- espasticidade e
ADM de estudan-
down e nado livre ADM de estudantes
tes com PC
com PC
Descrever a
n=2; A associação da
implementação de GMFM; Dor;
7 a 10 anos; fisioterapia terrestre
um programa de FM; ADM; PED; ∆t= de 6 sem a 8
Fragala- crianças com e aquática favoreceu
fisioterapia aquá- FRT; Índice de meses
Pinkhan PC, sendo 1 com a melhora tanto dos
Série de casos tica num hospital gasto energético; 1 a 2X/sem;
et al., artrite idiopática pacientes com PC
pediátrico e docu- COMP; Atividades terrestres
200915 e outra com quanto das crianças
mentar as melhoras OGS; Teste de e aquáticas
síndrome de portadoras de
encontradas após a sentar-levantar
Prader-Willi outras patologias
intervenção
Verificar se o
O método
método Watsu
Watsu auxilia
é capaz de atuar
na reabilitação
na Fisioterapia
n=1; motora e na
Aquática
Pastrello, PC tetraparética; ∆t= 4 meses-30min funcionalidade,
Estudo de caso complementar, GMFM
200910 4 anos; 2X/sem visto que
no processo de
sexo masculino proporciona
reabilitação de
maiores
uma criança com
experiências
PC tetraparética
motoras
espástica
continua...

Revista de Atenção à Saúde, v. 12, no 42, out./dez. 2014, p.78-89


ATIVIDADES AQUÁTICAS EM PACIENTES COM PARALISIA CEREBRAL 83

Tabela 1: Continuação

MÉTODO
AUTOR/ DESENHO DO AMOSTRA/
OBJETIVO VARIÁVEL INTERVENÇÃO CONCLUSÃO
ANO ESTUDO IDADE
AVALIADA
Avaliar o efeito do
CIF; COMP;
exercício aeróbico A hidroterapia
GMFM; TC6;
aquático na par- promove melhora
n= 1; Índice de ∆t= 12 sem-30min;
Retarekar ticipação, função de todos os
PC com diplegia gasto energético 3X/sem
et al., Estudo de caso motora, resistência componentes da
espástica; modificado; Envolvendo
20099 para caminhar e CIF, sendo eficaz
5 anos de idade Questionário exercícios aeróbicos
gasto energético para este paciente
relacionado às
em uma criança com PC
atividades físicas
com PC
Avaliar o efeito e
n= 12; O treinamento
a viabilidade do
PC espástica aquático em grupo
treinamento aquá- Gasto energético; ∆t= 20
Ballaz et Ensaio clínico não (hemiplégicos, foi capaz de melho-
tico na eficiência FM; Marcha; sessões-45min
al., 201055 controlado diplégicos, rar a eficiência da
da marcha em um GMFM 2X/ sem
quadriplégicos); marcha em adoles-
grupo a adolescen-
14 a 21 anos centes com PC
tes com PC

A hidroterapia
promove melhora
Avaliar a flexibi-
da flexibilidade em
lidade da cadeia
relação à cadeia
muscular poste-
muscular posterior,
Espíndula rior, utilizando o n= 3;
Flexômetro de rt= 1 mês-30min pelo relaxamento
et al., Estudo de caso método PC diparética;
Wells 1X/sem global e consequen-
201053 proposto por Wells 7 a 10 anos
te diminuição do
e Dillon, antes e
tônus muscular,
após cada sessão de
quando associada a
hidroterapia
exercícios de alon-
gamentos passivos

Comparar os
resultados do Concluímos que
programa de tanto os programas
treinamento aquáticos quanto
no ecossistema os terrestres foram
aquático com eficazes na melhoria
n= 17; Teste de
o programa em 10-m velocidade,
Getz et PC espástica caminhada de 10 rt= 4meses- 30min
Estudo piloto terra, analisando o enquanto os
al., 201258 diplégica; metros; GMFM; 2X/sem
custo metabólico aquáticos também
3 a 6 anos PEDI
da caminhada, a melhoraram a
função motora marcha estacionária
grossa e o em crianças com
desempenho PC diplégica
locomotor em espástica
crianças com PC
n- quantidade de participantes da amostra; rt- tempo total das intervenções e a duração de cada sessão; COPM- medida de desempenho ocupacional cana-
dense; FM- força muscular; FRT- teste de alcance funcional; GMFM- medição da função motora; OGS- escala observacional de marcha; PEDI- avaliação
pediátrica de inventário deficiência; SPS- escala autopercepção; TUG- timed up and go; TC6- teste de caminhada 6 minutos; CIF- Classificação Internacional
de Funcionalidade Incapacidade e Saúde.

Revista de Atenção à Saúde, v. 12, no 42, out./dez. 2014, p.78-89


84 Schmitz F. da S., Stigger F.

de membros superiores e inferiores. Estes treinos de avanços como uma modalidade da fisioterapia, ganhan-
força ou de resistência se baseavam no uso de halteres do seu espaço como recurso auxiliar da reabilitação e na
e flutuadores. E, nos artigos classificados como “outro” prevenção de alterações funcionais16.
treinamento, eram inseridas atividades de relaxamento, Tendo em vista as características específicas do am-
alongamento, técnicas de adaptação no meio aquáti- biente aquático, a hidroterapia é considerada um dos
co, atividades lúdicas e, ainda, os métodos Halliwick recursos mais utilizados no tratamento de crianças com
e Watsu. As intervenções realizadas variaram de uma a PC17. Os programas de exercícios neste ambiente apre-
três vezes por semana, com duração de 30 a 60 minutos sentam inúmeras vantagens quando comparados com o
diários durante um período que variou entre dez sema- solo18. Durante a imersão, o corpo sofre influência de
nas e 11 meses, de acordo com os objetivos propostos. diversas propriedades físicas, que juntas desencadeiam
alterações fisiológicas extensas que afetam quase todos
os sistemas do organismo16 e possibilitam a vivência de
Discussão atividades mais complexas de serem realizadas no am-
biente terrestre.
As experiências motoras são importantes para a ma- Dentre as propriedades físicas da água abordadas na
turação do sistema nervoso e, consequentemente, res- hidroterapia e os inúmeros efeitos terapêuticos desenca-
ponsáveis por um melhor desempenho neuromuscular deados, destacam-se: a pressão hidrostática, a viscosida-
na adolescência e na vida adulta8. de, a flutuação e a temperatura.
As crianças com PC, no período inicial de vida, são A pressão hidrostática é a pressão exercida pelo líqui-
menos ativas, permanecem mais tempo sentadas e têm do no corpo submerso16 influenciada pela densidade do
menor participação em atividades como correr, pular líquido e pela profundidade19. Com isso, quanto maior
e caminhar9. As limitações das atividades durante este a profundidade em que o corpo se encontra, maior será
período crucial do desenvolvimento motor potenciali- a pressão exercida sobre ele20. Este princípio físico pos-
zam as desordens sensoriais e motoras que resultam em sui vários efeitos terapêuticos, como a oferta de estímu-
diminuição da força muscular, do equilíbrio, da coor- los proprioceptivos e táteis que auxiliam na adequação
denação, da resistência cardiorrespiratória, e também do tônus, na resposta sensorial e também na resistência
alterações do tônus muscular10,11. aos movimentos21. Fisiologicamente a pressão hidrostá-
As abordagens fisioterapêuticas no tratamento de tica tem impacto sobre os vasos sanguíneos, aumentan-
pacientes com PC vêm se aprimorando na busca de um do a circulação e a atividade respiratória, o que condi-
atendimento integral ao paciente. Os exercícios tera- ciona maior eficiência na manutenção da aptidão geral
pêuticos e o treinamento funcional são os instrumentos do corpo22.
mais utilizados12. Entre as abordagens terapêuticas, po- A viscosidade representa o atrito que o líquido exerce
demos citar a hidroterapia, cada vez mais utilizada na em um corpo submerso em movimento. Assim, quanto
atuação do fisioterapeuta para a recuperação e melhora mais viscoso o líquido, maior a força requerida para se
dos pacientes com PC13. criar um movimento19. A viscosidade e a pressão hidros-
As propriedades da água como a flutuação, a resistên- tática atuam de forma concomitante, podendo ser utili-
cia e a pressão hidrostática auxiliam o fisioterapeuta na zadas no tratamento de pacientes com PC por facilitar
reabilitação14, potencializando o fortalecimento muscular, o fortalecimento da musculatura hipotônica sem sobre-
a funcionalidade e o equilíbrio, proporcionando, ao mes- carregar o tecido mole ou estressar partes específicas do
mo tempo um ambiente divertido, motivante e seguro15. corpo23.
Os fisioterapeutas precisam possuir um conhecimen- A flutuação pode ser considerada como uma força
to, detalhado e atualizado, em relação às propriedades que atua em sentido contrário à força da gravidade19. Os
da água e dos possíveis exercícios terapêuticos realizados benefícios da flutuação nos pacientes com PC devem-se
no ambiente aquático. Sendo assim, é essencial embasar ao fato de que, na água, o efeito da força da gravidade
sua atuação tendo como base evidências clínicas e cien- pode ser minimizado, auxiliando no alívio do estresse
tíficas, favorecendo a tomada de decisões com objetivos sobre as articulações24,25. Isto permite o início de movi-
e condutas adequadas para os pacientes com PC no âm- mentos independentes difíceis de serem alcançados em
bito da hidroterapia7. solo, devido às restrições gravitacionais22. A flutuação
também pode ser utilizada como uma forma de resistên-
cia ao movimento. Os exercícios resistidos possibilitam
As propriedades físicas da água aos pacientes hipotônicos aumentar sua força muscular
e suas habilidades26.
O uso da água com o objetivo terapêutico vem A viscosidade e a flutuação, consideradas pro-
sendo descrito desde a antiguidade e obtendo grandes priedades de suporte27, 28, favorecem o tratamento

Revista de Atenção à Saúde, v. 12, no 42, out./dez. 2014, p.78-89


ATIVIDADES AQUÁTICAS EM PACIENTES COM PARALISIA CEREBRAL 85

hidrocinesioterapêutico das crianças com PC, por fa- que permitam à criança selecionar um padrão de mo-
cilitar a posição ortostática10, melhorar o equilíbrio e vimento mais eficaz. Na abordagem da hidroterapia,
auxiliar na deambulação29. Tendo em vista que o meio tanto as propriedades físicas da água quanto o con-
aquático é um ambiente de baixa gravidade, o corpo texto ambiental são utilizados para facilitar a aquisi-
é mais facilmente desestabilizado. Sendo assim, estes ção de padrões funcionais31. O contato com um novo
princípios alteram os pontos de referência para o equi- ambiente permitirá às crianças com PC a melhora no
líbrio em todas as posturas, gerando a necessidade de comportamento motor e emocional2. O ambiente
uma reeducação do movimento para a aquisição da aquático é apropriado para a prática de fisioterapia,
funcionalidade20,30. permitindo o atendimento em grupo e facilitando a
A eficácia da hidroterapia com pacientes neurológi- recreação e a socialização que, associadas a melhoras
cos é atingida quando a água da piscina for mantida funcionais, elevam a autoestima e autoconfiança do
aquecida com uma temperatura entre 32 e 35 °C10,31. A paciente40.
temperatura e a turbulência da água são capazes de pro- Estudos sobre a hidroterapia envolvendo crianças
mover a normalização do tônus muscular, favorecendo com problemas neurológicos descrevem os efeitos de
o movimento mais eficiente das crianças com PC32. O intervenções aquáticas individualizadas25. Em con-
mecanismo que faz com que esses dois princípios facili- trapartida, alguns autores41 acreditam que o exercício
tem a normalização do tônus muscular é a depressão da aquático em grupo estimula as crianças, além de pro-
sensibilidade do fuso muscular e a redução da atividade mover motivação e socialização. Dentro de um contex-
das fibras gama. O efeito é a promoção do relaxamento to em grupo, jogos e atividades de cooperação podem
muscular, com diminuição dos espasmos musculares, ser usados para melhorar o envolvimento das crianças
garantindo a optimização da reabilitação funcional19, 33. com as intervenções fisioterapêuticas. Embora, em
A combinação adequada de todas as forças físicas alguns casos, seja indicado o atendimento individua-
que atuam na água geram resistência ou assistência aos lizado, para garantir qualidade técnica e intensidade
movimentos. O uso correto dos flutuadores e das torno- adequada dos exercícios, devem-se enfatizar os trata-
zeleiras, aumentam a estabilidade corporal, evitam com- mentos em grupo para estimular a participação global
pensações e propiciam a marcha20, fornecendo, além do das crianças13.
benefício terapêutico, um ambiente divertido e motiva- Os objetivos estabelecidos pelo fisioterapeuta permi-
dor para crianças com PC15. tem o emprego de diferentes técnicas, em destaque o
Watsu, o método Halliwick, o Bad Ragaz e a hidroci-
nesioterapia. Fundamentado no Zen Shiatsu que utiliza
Exercícios terapêuticos na água pontos de fluxo de energia (meridianos), com o objetivo
de reeducação muscular, ventilação e relaxamento16,42, o
As intervenções tradicionais usadas para melhorar a Watsu se caracteriza por movimentos rítmicos rotacio-
performance motora de crianças com PC são baseadas nais, trações e manipulações articulares, sequenciais ou
na abordagem do desenvolvimento neuromotor34. A livres, alongamentos passivos10.
hidroterapia, sendo considerada uma nova abordagem O método Halliwick foi desenvolvido como uma
nos programas de reabilitação, também estimula as fases atividade recreativa para facilitar a independência na
do desenvolvimento neuropsicomotor, como o controle água dentro do processo de aprendizagem para pacien-
de tronco, a marcha e a melhora do equilíbrio, propor- tes com alguma incapacidade16,43. As crianças com PC
cionando estímulos multissensoriais, facilitando os mo- se beneficiam deste método baseado no controle pos-
vimentos e treinando as atividades funcionais21,35. tural44 e nos princípios científicos da hidrodinâmica e
Estudos recentes recomendam intervenções que en- da mecânica corporal, propondo a independência no
fatizem a aprendizagem e a reaprendizagem das tarefas meio líquido45. É realizado por meio de atividades lú-
práticas com base na abordagem funcional36,37. Uma dicas em grupo, sendo aplicado de forma individua-
abordagem funcional considera uma pessoa como parte lizada, tendo ênfase nas habilidades e não em déficits
de um sistema, que engloba tanto contextos ambientais funcionais46. Este método objetiva a normalização do
quanto os da tarefa, necessitando a interação de vários tônus muscular e o controle do equilíbrio, aumentan-
subsistemas em referência a uma habilidade específica, do a estabilização postural do tronco, da pelve e dos
no contexto em que é realizada38. membros inferiores44.
O fisioterapeuta é considerado um agente transfor- O Bad Ragaz associa a realização de exercícios fun-
mador, que facilita a busca de soluções para déficits cionais baseados na técnica de facilitação neuromus-
funcionais, permitindo, assim, o aprimoramento das cular proprioceptiva (FNP) de Kabat com o uso de
habilidades da criança39. A partir desta perspectiva, flutuadores19. Os objetivos terapêuticos são: a redução
devem-se usar diversos estímulos ambientais e práticas do tônus muscular, o pré-treinamento para a marcha, a

Revista de Atenção à Saúde, v. 12, no 42, out./dez. 2014, p.78-89


86 Schmitz F. da S., Stigger F.

estabilização do tronco, o fortalecimento muscular e a Considerando os efeitos já citados da hidroterapia


melhora da amplitude articular16. na espasticidade e na função motora, em protocolo hi-
A hidrocinesioterapia é fundamentada na teoria do droterapêutico para analisar a cinemática da marcha e o
Controle Motor. Esta técnica é definida como um conjun- equilíbrio, foi possível verificar a melhora do equilíbrio
to de procedimentos e modalidades para promover a ma- e o aumento de confiança durante os ciclos da marcha20.
nutenção ou melhora da capacidade funcional do paciente, Esta eficiência do treinamento aquático na marcha nos
adequar o tônus muscular, aumentar as amplitudes de mo- indivíduos com PC está associada a adaptações cardior-
vimentos das articulações e estimular a propriocepção47-49. respiratórias55. Portanto, um programa de hidroterapia
Desta forma, quando um programa de hidrocinesio- é eficaz na melhora da função respiratória e no gasto
terapia é utilizado com crianças com PC, deve-se realizar energético de pacientes com PC22,54.
uma avaliação fisioterapêutica criteriosa. Identificando Pesquisadores11 concordam com este achado cientí-
as limitações funcionais, diminuem-se os riscos de inter- fico e evidenciam os benefícios dos exercícios aquáticos
corrências, como dores musculares tardias e microlesões aeróbicos em crianças com necessidades especiais na
articulares, e adequa-se o planejamento terapêutico às melhora da resistência cardiorrespiratória. Embora este
necessidades do paciente16. estudo forneça informações sobre os efeitos do exercício
aeróbico aquático nas crianças com PC, os resultados
não são conclusivos.
Evidências científicas A combinação de exercícios aquáticos com os terres-
tres permite a realização de movimentos com amplitu-
Atualmente a hidroterapia vem se consolidando des e padrões diferenciados, viabilizando a recuperação
como um importante recurso na recuperação cinético- cinético-funcional de forma mais completa e precoce56.
-funcional dos pacientes com PC. Considerada como Diversos estudos ressaltam que a associação destes am-
uma estratégia terapêutica, a fisioterapia aquática é bientes promove a diminuição da espasticidade57, do
fundamentada na apropriação e utilização dos efeitos equilíbrio e da confiança durante a marcha20, garantindo
provenientes da imersão do corpo com o intuito de ad- a funcionalidade15. Da mesma forma, outros autores58
quirir, manter ou melhorar a capacidade funcional. De afirmam que, com bases nos princípios físicos, é prová-
acordo com evidências científicas, os benefícios da hi- vel que, por rea­lizar atividades físicas por um longo pe-
droterapia são amplos e diversos podendo variar desde ríodo de tempo no ambiente aquático, as crianças com
o desenvolvimento das capacidades psicomotoras até a PC garantem um melhor condicionamento muscular,
melhora da marcha e funcionalidade. diminuindo a fadiga quando comparado com exercícios
Além do ambiente aquático em grupo ser motivante terrestres.
e permitir a socialização de crianças com PC13, as novas
experiências às quais as crianças são submetidas durante
a hidroterapia permitem o desenvolvimento psicomo- Conclusão
tor. Os ganhos em equilíbrio, coordenação, lateralidade
e orientação (espacial e temporal)2 favorecem a percep- Cada vez mais percebemos a importância do fisio-
ção corporal50 e facilitam a aquisição de habilidades de terapeuta em possuir um conhecimento, detalhado
orientação na água22,51. e atualizado, em relação às suas condutas e objetivos.
A hidroterapia pode atuar na diminuição da sensi- Atualmente, vem crescendo bastante a necessidade de
bilidade do fuso muscular e, consequentemente, redu- uma atuação fisioterapêutica baseada em evidências,
zir os espasmos musculares desencadeando um relaxa- em que o fisioterapeuta fundamenta sua atuação em
mento global e a normalização do tônus muscular19,33. evidências clínicas e científicas. Tomando como base
Estudos comprovam que, em crianças com PC espásti- a Fisioterapia Aquática, esta visão auxilia a tomada de
ca, este tratamento proporciona a normalização do tô- decisões, permitindo ao fisioterapeuta a elaboração de
nus e permite o aumento da amplitude de movimentos, objetivos e condutas mais adequadas para uma ampla
promovendo a melhora das atividades motoras e, conse- classe de pacientes como os com PC.
quentemente, funcionalidade30,52,53. Conforme apresentado nesta revisão bibliográfica, a
A melhora da função motora representada pelo au- grande maioria dos artigos encontrados que abordavam
mento de habilidades motoras grossas (com base na es- a atuação fisioterapêutica era constituída por uma amos-
cala de medição da função motora GMFM) pode ser tragem reduzida e por uma metodologia não detalhada.
adquirida tanto pela elaboração de um programa hidro- Entretanto, mesmo mediante este fato, foram encontra-
cinesioterapêutico convencional31,54 quanto pela utiliza- das evidências científicas que demonstram a eficácia da
ção de técnicas específicas como o Watsu10, ou a partir hidroterapia na dor; no aumento da mobilidade articu-
de um protocolo de exercícios aeróbicos9. lar e na força muscular; na melhora da funcionalidade e

Revista de Atenção à Saúde, v. 12, no 42, out./dez. 2014, p.78-89


ATIVIDADES AQUÁTICAS EM PACIENTES COM PARALISIA CEREBRAL 87

do equilíbrio; e no aumento do condicionamento físico. 10. Pastrello FHH, Pereira, K. Método watsu como terapia com-
Os exercícios aquáticos podem ser divertidos, motivan- plementar na reabilitação da paralisia cerebral tetraparética
tes, trazendo mais segurança e confiança para a criança espástica: estudo de caso. Rev Fisioter Mov. 2009; 22: 95-102
com PC, dessa forma auxiliando na adesão a um progra- 11. Fragala-Pinkham M, Haley SM, O’Neil ME. Group
ma de intervenção terapêutica. aquatic aerobic exercise for children with disabilities.
Na literatura, há um consenso sobre os benefícios do Developmental Medicine and Child Neurology. 2008; 50
ambiente aquático no tratamento de pacientes com di- (11): 822-7.
ferentes disfunções cerebrais, porém existem divergên- 12. Martins SMMQ, Del Guidice AV. Um novo auxílio para
cias em relação à abordagem terapêutica específica a ser tratar a paralisia cerebral. Fisio & Terapia. 2001; 28: 25-7.
utilizada, assim como o embasamento teórico-científi- 13. Kelly M, Darrah J. Aquatic exercise for children with ce-
co da sua prática. Devido a este fato, na perspectiva da rebral palsy. Developmental Medicine & Child Neurology.
Fisioterapia, ressalta-se a importância do conhecimento 2005; 47: 838-42.
teórico sobre a Fisioterapia Aquática, sua prática e seus 14. Candeloro JM, Caromano FA. Discussão crítica sobre o uso
benefícios em PC, para que, assim, o fisioterapeuta pos- da água como facilitação, resistência ou suporte na hidroci-
sa elaborar seu plano de tratamento com mais proprie- nesioterapia. Acta Fisiatrica. 2006; 13(1): 7-11.
dade, baseando-se nas necessidades de cada paciente. 15. Fragala-Pinkham MA, Dumas HM, Barlow CA, Pasternak
Para tanto, é essencial haver mais publicações referentes A. An aquatic physical therapy program at a pediatric reha-
a esta temática associada à PC, com maior rigor meto- bilitation hospital: a case series. Pediatr Phys Ther. 2009;
dológico e delineamento do tratamento proposto. 21(1):68-78.
16. Biasoli MC, Machado CMC. Hidroterapia: técnicas e
aplicabilidades nas disfunções reumatológicas. Temas de
Referências Reumatologia Clínica. 2006; 7(3): 78-87.
17. Hurvitz EA, Leonard C, Ayyanger R, Nelson V.S. Com­
1. Monteiro M, Matos AP, Coelho R. A adaptação psicológica plementary and alternative medicine use in families of
de mães cujos filhos apresentam paralisia cerebral: revisão de children with cerebral palsy. Developmental Medicine and
literatura. Rev Port Psicossom. 2002; 4(2): 149-75. Child Neurology. 2003; 45: 364-70.
2. Teixeira-Aroyo C, de Oliveira SRG. Atividade aquática e a 18. Ide MR, Caromano FA, Dip MAVB, Guerino MR.
psicomotricidade de crianças com paralisia cerebral. Motriz. Exercícios respiratórios na expansibilidade torácica de ido-
2007 abr/jun; 13(2): 97-105. sos: exercícios aquáticos e solo. Fisioterapia em Movimento.
3. Marcuzzo S, Dutra MF, Stigger F, do Nascimento PS, Ilha 2007; 20 (2): 33-40
J, Kalil-Gaspar PI. Achaval M. Beneficial effects of tread- 19. Carregaro RL, Toledo AM. Efeitos fisiológicos e evidências
mill training in a cerebral palsy-like rodent model: walking científicas da eficácia da fisioterapia aquática. Revista Mo­
pattern and soleus quantitative histology. Brain Res. 2008; vimenta. 2008; 1: 23-27.
1222: 129-40. 20. Cardoso AP, Silva RL, Silva AC, de Paula BF, Alves DN,
4. Schwartzman J. Paralisia cerebral. Arq Bras Paralis Cereb. Albertini R. A hidroterapia na reabilitação de equilíbrio
2004; 1(1): 6-19. na marcha do portador de paralisia cerebral diplégica es-
5. Dini PD, David AC. Repetibilidade dos parâmetros espaço- pástica leve. XI Encontro Latino Americano de Iniciação
temporais da marcha: comparação entre crianças normais Científica e VII Encontro Latino de Pós-Graduação-
e com paralisia cerebral do tipo hemiplegia espástica. Rev Universidade do Vale do Paraíba. 2007: 1972-75.
Bras. Fisioter. 2009; 13: 215-22. 21. Gimenes RO, Leite RTG, Berretti B, Schonvvetter B,
6. Leite JMRS, do Prado GF. Paralisia cerebral aspectos fisiote- Carrenho T, Barbosa RC. A Hidroterapia na Síndrome de
rapêuticos e clínicos. Rev Neurociênc. 2004; 12: 41-5. Down: uma abordagem baseada na mecânica dos fluidos.
7. Geytenbeek J. Evidence foe effective hydrotherapy. Rev. O mundo da saúde. 2004; 28(4): 475-7.
Physiother. 2002; 88(9): 514-29. 22. Hutzler Y, Chacham A, Bergman U, Szeinberg A. Effects of
8. Stigger F, Felizzola ALS, Kronbauer GA, Couto GK, Achaval a movement and swimming program on vital capacity and
M, Marcuzzo S. Effects of fetal exposure to lipopolysaccha- water orientation skills of children with cerebral palsy. Dev
ride, perinatal anoxia and sensorimotor restriction on motor Med Child Neurol. 1998a; 40(3): 176-81.
skills and musculoskeletal tissue: Implications for an animal 23. Broach E, Dattilo J. Aquatic therapy: A viable therapeutic
model of cerebral palsy. Experimental Neurology. 2011 Apr; Recreation intervention. Therapeutic Recreation Journal.
228 (2): 183–91. 1996; 3: 213-29.
9. Retarekar R, Fragala-Pinkham MA, Townsend EL. Effects 24. Dornelas LF. Técnicas de hidroterapia em um caso Jarcho-
of Aquatic Aerobic Exercise for a Child with Cerebral Levin. Rev Neurocienc. 2010; 20(3):1-4.
Palsy: Single-Subject Design. Pediatric Physical Therapy. 25. Thorpe DE, Reilly M. The effect of na aquactic resis-
2009:336-44. tive exercise program on lower extremity strenght, energy

Revista de Atenção à Saúde, v. 12, no 42, out./dez. 2014, p.78-89


88 Schmitz F. da S., Stigger F.

expenditure, functional mobility, balance and self-percep- 42. Lutz ER. Watsu-aquatic bodywork. Beginnings. 1999 Mar/
tion in na adult with cerebral palsy: a retrospective case re- apr; 19(2): 9-11.
port. J. Aquat Physther. 2000; 8: 18-24. 43. Freire M, Schwartz GM. O papel do elemento lúdico nas
26. Degani AM. Hidroterapia: os efeitos físicos, fisiológicos e aulas de natação. Rev Digital EFDeportes. 2005; 10(86).
terapêuticos da água. Fisioterapia em movimento. 1998; 44. Carvalho RGS, Cezar GC, Assis KV, Araújo SRS. Melhora
11(1): 91-106. do equilíbrio e da redução do risco de queda através do
27. Orsini M, Mello MP, Calheiro M, Nascimento OJM, método Halliwick em um grupo de mulheres. Fisioterapia
Freitas MRGF. Hidroterapia para espasticidade na doen- Brasil. 2009; 10(6): 424-9.
ça de Strumpell- Lorrain: relato de caso. Rev Neurocienc. 45. Noh DK, Lim JY, Shin HI, Paik NJ. The effect of aquatic
2009; 17 (1): 67-71. therapy on postural balance and muscle strength in stroke
28. Koury JM. Benefits of an aquatic therapy program. In: survivors-a randomized controlled pilot trial. Clin Rehabil.
Koury JM. Aquatic therapy programming. Champaign: 2008; 22(10-11): 966-76.
Human Kinetics. 1996: 1-11. 46. Cunha MCB, Labronici RHDD, Oliveira ASB, Gabbai
29. Driver S, O’Connor J, Lox C, Rees K. Evaluation of an AA. Relaxamento aquático em piscina aquecida, realizado
aquatics programme on fitness parameters of individuals pelo método AI CHI uma nova abordagem hidroterapêu-
with a brain injury. Brain Inj 2004; 18(9): 847-59. tica para pacientes portadores de doenças neuromusculares.
30. Navarro FM, Machado BBX, Neri AD, Ornellas E, Mazetto Rev Neurociênc. 2000; 8(2): 46-9.
AA. A importância da hidrocinesioterapia na paralisia cere- 47. Hall J, Swinkels A, Briddon J, McCabe SC. Does aquatic
bral: relato de caso. Rev Neurocienc. 2009; 17: 371-7. exercise relieve pain in adults with neurologic or musculo-
31. Bonomo LMM, Castro VC, Ferreira DM, Miyamoto skeletal disease? A systematic review and meta-analysis of
ST. Hidroterapia na aquisição da funcionalidade de crian- randomized controlled trial. Arch Phys Med Rehabil. 2008;
ças com paralisia cerebral. Rev Neurociênc. 2007; 15(2): 89: 873-83.
125-30. 48. Malouin F, Richards CL, Mcfadyen B, Doyon J. Nouvelles
32. Caromano FA, Nowotny JP. Princípios físicos que funda- perspectives en réadaptation motrice après un accident vas-
mentam a hidroterapia. Rev Fisio Brasil. 2002; 3(6): 1-9. culaire cerebral. Med Sci. 2003;19:994-998.
33. Kesiktas N, Paker N, Erdogan N, Gülsen G, Biçki D, Yilmaz 49. Dumas HM, O’Neil ME, Fragala MA. Expert consensus on
H. The use of hydrotherapy for the management of spastici- physical therapist intervention after botulinum toxin A in­
ty. Neurorehabil Neural Repair. 2004; 18(4): 268-73. jec­tion for children with cerebral palsy. Pediatr Phys Ther.
34. Bobath, K., & Bobath, B. The neurodevelopmental treat- 2001; 13: 122-132.
ment. In Scrutton, D. (Ed.), Management of motor disor- 50. Ozer D, Nalbant S, Aktop A, Duman O, Keleş I, Toraman
ders of cerebral palsy. Clinics in Developmental Medicine. NF. Swimming training program for children with cerebral
London: Heineman Medical; 1984. palsy: body perceptions, problem behaviour, and compe-
35. Dumas H, Francesconi S. Aquatic Therapy in Pediatrics: tence. Percept Mot Skills. 2007; 105: 777-87.
Annotated Bibliography. Physical & Occupational Therapy 51. Hutzler, Y., Chacham, A., Bergman, U., & Reches, I. (1998
in Pediatrics. 2001; 20(4): 63-78. b). Effects of a movement and swimming program on water
36. Ketelaar M, Vermeer A, Hart H, Petegem-van BE, Helders orientation skills and self concept of kindergarten children
P. Effects of a functional therapy program on motor abili- with cerebral palsy. Perceptual Motor Skills. 1998b; 86: 111-8.
ties of children with cerebral palsy. Physical Therapy. 2001; 52. Chrysagis N, Douka A, Nikopoulos M, Apostolopoulou F,
81(9): 1534-45. Koutsouki D. Effects of an aquatic program on gross motor
37. Siebes RC, Wijnroks L, Vermeer A. Qualitative analysis of function of children with spastic cerebral palsy. Biology of ex-
therapeutic motor intervention programmes for children ercise. 2009; 5 (2): 13-25.
with cerebral palsy: an update. Developmental Medicine 53. Espindula AP, Jammal MP, Guimarães CSO, Abate DTRS,
and Child Neurology. 2002; 44(9): 593-603. Reis MA, Teixeira VPA. Avaliação da flexibilidade pelo
38. Newell KM, Valvano J. Therapeutic intervention as a con- método do Flexômetro de Wells em crianças com Paralisia
straint in the learning and relearning of movement skills. Cerebral submetidas a tratamento hidroterapêutico: estudo
Scandinavian Journal of Occupational Therapy. 1998; 5(2): de casos. Rev Maringá. 2010; 32: 163-7.
51-7. 54. Thorpe DE, Reilly M, Case L. The effects of an aquatic resis-
39. Valvano V. Activity focused motor interventions for children tive exercise program on ambulatory children with cerebral
with neurological conditions. Physical and Occupational palsy. Journal of Aquatic Physical Therapy. 2005; 13: 21-35.
Therapy in Pediatrics. 2004; 24: 79-107. 55. Ballaz L, Plamondon S, Lemay M. Group aquatic training
40. Caromano FA, Candeloro JM. Fundamentos da hidrotera- improves gait efficiency in adolescents with cerebral palsy.
pia para idosos. Rev Ciências da Saúde. 2002; 5(2): 187-95. Disability and Rehabilitation. 2011; 33(17-18): 1616-24.
41. Silva ASD, de Lima AP. Os benefícios da reabilitação aquá- 56. Ribas DIR, Israel VL, Manfra EF, Araujo CC. Estudo com-
tica para grupos especiais. Rev Digital. 2011; 16(160). parativo dos parâmetros angulares da marcha humana em

Revista de Atenção à Saúde, v. 12, no 42, out./dez. 2014, p.78-89


ATIVIDADES AQUÁTICAS EM PACIENTES COM PARALISIA CEREBRAL 89

ambiente aquático e terrestre em indivíduos hígidos adultos 58. Getz M, Hutzler Y, Vermeer A, Yarom Y, Unnithan V.
jovens. Rev Bras Med Esporte. 2007; 13(6): 371-5. The Effect of Aquatic and Land-Based Training on the
57. Torres Y, Castillo A, Díaz C.Evaluación de un programa de Metabolic Cost of Walking and Motor Performance
fisioterapia convencional más terapia acuática en niños con in Children with Cerebral Palsy: A Pilot Study. ISRN
parálisis cerebral espástica. Rev Colomb Rehabil. 2007; 6 Rehabilitation. 2012: 1-8.
(6): 21-37.

Revista de Atenção à Saúde, v. 12, no 42, out./dez. 2014, p.78-89

Você também pode gostar