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Agrárias e da Saúde
ISSN: 1415-6938
editora@uniderp.br
Universidade Anhanguera
Brasil
RESUMO
Josilaine B. Fernandes Cruz Desde o final do século passado, algumas descobertas importantes sobre as
Faculdade Anhanguera de Brasília funções do zinco para o organismo humano tem sido relatadas em todo o
unidade Taguatinga mundo. O zinco participa como constituinte integral de proteínas ou co-fator
josibfc@gmail.com enzimático em mais de 300 reações químicas que envolvem a síntese e
degradação de macromoléculas. Este estudo pretende relatar pesquisas que
demonstrem a importância deste oligoelemento para o organismo humano
em seus diversos aspectos metabólicos. Foi possível observar que o zinco age
Henrique Freire Soares
como estimulante do crescimento, na prevenção do diabetes, como nutriente
Faculdade Anhanguera de Brasília antioxidante, estimulante tireoidiano e como imunomodulador. Entretanto,
unidade Taguatinga
prosseguir com as pesquisas é indispensável, pois é provável que o zinco
riquenutri@click21.com.br tenha uma participação ainda mais ampla sobre a vida humana, estando sua
importância ainda subestimada.
ABSTRACT
Since the end of last century, some important discoveries about the functions
of zinc for humans have been reported around the world. Zinc participates
as an integral constituent of protein or enzyme co-factor in more than 300
chemical reactions involving the synthesis and degradation of
macromolecules. This study reports on research demonstrating the
importance of this trace element for humans in their various metabolic
aspects. It was observed that zinc acts as a growth stimulant, prevention of
diabetes, antioxidant nutrient, thyroid stimulating as an immunomodulator.
However, continue with the research is essential, it is likely that zinc has an
even wider on human life and is still underestimated its importance.
1. INTRODUÇÃO
2. BIODISPONIBILIDADE
Nem toda quantidade de Zinco (Zn) ingerida pela alimentação é utilizada pelo
organismo, pois sua biodisponibilidade pode ser afetada no processo de absorção
intestinal ou já na circulação sanguínea. A absorção intestinal de Zn é diminuída por
fatores antagonistas na alimentação, como o fitato, o oxalato, os taninos e os polifenóis.
Tal absorção pode ser facilitada pela presença de aminoácidos (cisteína e histidina),
fosfatos, ácidos orgânicos e proteína. Na circulação, pode haver competição do Zn com os
minerais cobre e ferro, dependendo da quantidade desses elementos na corrente
sanguínea (PEREIRA; HESSEL, 2009, p.322-328).
exógeno, como a histidina, ácido cítrico e ácido picolínico. O zinco passa para a corrente
sanguínea por transporte ativo e combina-se com albumina e aminoácidos no teor de 55%
e com macroglobulinas no teor de 40% (ANDRADE; ALVES; TAKASE, 2005, p. 591-596).
As populações que têm como base da dieta alimentos de origem vegetal são
predispostas à deficiência de zinco, devido, principalmente, à qualidade proteica e à alta
ingestão de inositol hexafosfato (fitato). Então, a deficiência de zinco pode ser causada por
uma dieta rica em cereais refinados e pão não fermentado que contêm altos níveis de fibra
e fitato, os quais quelam com o zinco no intestino e evitam sua absorção (BUENO;
CZEPIELEWSKI, 2007, p.47-56).
O papel do zinco na nutrição humana tem sido cada vez mais ressaltado, e tem
havido um progresso dos conhecimentos no que diz respeito aos aspectos bioquímicos,
imunológicos e clínicos. A importância desse mineral foi demonstrada com a descoberta
de processos metabólicos, envolvendo esse nutriente em diversas atividades enzimáticas
(MARET, 2001 apud MARQUES; MARREIRO, 2006, p.501-510).
Em uma pesquisa realizada com ratos, Ishikawa et al. (2008) concluiram que a
dieta com baixo teor de zinco oferecida aos animais causou uma redução acentuada na
taxa de crescimento corporal, juntamente com um declínio considerável na concentração
plasmática de zinco (inferior a 60%), em comparação com a dieta controle.
chegada do impulso elétrico, por um mecanismo provável de exocitose das vesículas que
o contêm (PERSON; BOTTI; FÉRES, 2006, p.46-52).
O zinco presente em altas concentrações nas células pode interferir com outros
processos metalo-dependentes ou inibir proteínas. Assim, a tioneína (T) se acopla ao zinco
e age como marcador bioquímico que controla a concentração do zinco. Um aumento na
218 Uma revisão sobre o zinco
concentração de zinco disponível, induz à síntese de tioneína, por meio da ação do zinco
sobre os fatores de transcrição zinco-dependentes, formando a metalotioneína (MT)
(MAFRA; COZZOLINO, 2004, p.79-87).
Estudos in vitro apontam que a insulina pode se ligar com o zinco, melhorando a
solubilidade deste hormônio nas células beta do pâncreas, e, pode ainda aumentar a
capacidade de ligação da insulina ao seu receptor. Tem-se evidenciado a participação do
zinco estimulando a atividade do receptor de insulina tirosina quinase, que,
Josilaine Barbosa Fernandes Cruz, Henrique Freire Soares 219
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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