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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E ECONÔMICAS


DEPARTAMENTO DE ECONOMIA

Sistema Monetário
ECO07667 – CONTABILIDADE SOCIAL
Prof. Dr. Daniel P. Sampaio

V i tó r ia/ES, 3 0 d e o u t u bro d e 2 0 1 8
➢Sistema Monetário

➢Os meios de pagamento


➢O Banco Central e suas funções
Programação: ➢As Contas Monetárias
➢O Multiplicador Bancário
As funções da moeda

Meios de Pagamentos

Unidade de Conta

Reserva de Valor
Os meios de pagamentos
“Em termos agregados, a quantidade de meios de pagamento presente
em uma economia em determinado momento está relacionada com a
quantidade de papel-moeda existente (moeda corrente) e com os
depósitos à vista do público nos bancos comerciais (moeda escritural)”
(PAULANI E BRAGA, 2012, p. 258).

➢Papel Moeda Emitido (pme): nas sociedades modernas é monopólio


do governo, sendo uma moeda de curso forçado.
A responsável pela produção é a Casa da Moeda e a sua autorização é
dada pela autoridade monetária (Banco Central).
Pme indica, portanto, num determinado momento do tempo, o saldo de
papel-moeda emitido com autorização do Banco Central.
Os meios de pagamentos
➢Papel moeda em poder do público (pmpp): papel moeda em poder
das famílias, empresas e governo.

❖ Bancos Comerciais: são instituições legalmente constituídas que


recebem depósitos à vista. Podem emprestar recursos
depositados para o público. Ligam agentes poupadores aos
devedores por meio da intermediação financeira. Dessa forma,
multiplicam os meios de pagamentos.

➢Caixa em moeda corrente do sistema bancário (csmb): recursos em


posse do sistema bancário
pmpp = pme - cmsb
Os meios de pagamentos
Moeda Escritural: Percebendo que os depositantes não resgatam seus
recursos ao mesmo tempo, os bancos emprestam recursos, realizando
criação secundária de moeda. Geram, assim, maior liquidez na
economia.
Exemplo:
$ 100.000 – Valor Depositado
$ 20.000 – Reserva que fica no próprio banco
$ 80.000 – Empréstimo do Banco
Total de moeda em circulação: $ 180.000
Os $ 80.000 entram novamente em circulação, gerando nova
criação escritural
Os meios de pagamentos
A criação de moeda escritural pelos bancos comerciais traz uma
discussão sobre o poder do sistema bancário produzir moeda:
• Banco Central: poder de emitir moeda corrente (papel moeda);
• Bancos Comerciais: criação de moeda escritural (criação
secundária).

➢Assim, podemos definir os meios de pagamentos (MP) como:


MP = pmpp + dv
Os meios de pagamentos
Papel moeda emitido = total de moeda emitida com
autorização do BC

Papel moeda em poder do público = papel moeda emitido


menos caixa do sistema bancário

Meios de pagamentos = papel moeda em poder do público


mais depósitos à vista do público nos bancos comerciais
Agregados Monetários
Em termos técnicos, os meios de pagamentos (papel moeda em poder
do público e depósitos à vista) constituem um agregado monetário.
Os meios de pagamentos são um tipo de agregado monetário com
maior liquidez porque tem poder de compra imediato
Outros agregados monetários também podem ser definidos,
dependendo da sua liquidez. Os que tem elevado liquidez podem ser
considerados como quase-moedas.
Quase-moedas são ativos monetários com mercado secundários
desenvolvidos e elevada liquidez.
Até 2001 os agregados monetários eram organizados segundo o grau de
liquidez. Após 2001, os agregados monetários passaram a ser
apresentados segundo o sistema emissor.
Agregados Monetários
M1 Sistema emissor: consolidado monetário. (passivo monetário restrito do BC, bancos
criadores de moeda escritural: bancos múltiplos com carteira comercial, bancos
comerciais e caixas econômicas).
M1 = Papel moeda em poder do público mais depósitos à vista
M2 Sistema emissor: consolidado bancário menos fundo de renda fixa. (passivo
monetário restrito do BC e passivo monetário ampliado emitido primariamente pelas
instituições depositárias).
M2 = M1 + depósitos especiais remunerados + depósitos de poupança + títulos
emitidos por instituições depositárias
M3 Sistema emissor: consolidado bancário. (passivo monetário restrito do BC e passivo
monetário ampliado das instituições depositárias e fundos de renda fixa).
M3 = M2 + quotas de fundo de renda fixa + operações compromissadas registradas
no SELIC
M4 Sistema emissor: consolidado bancário mais governo. (passivo monetário ampliado
do BC, instituições depositárias, fundos de renda fixa e tesouro nacional, estaduais e
municipais).
M4 = M3 + títulos públicos de alta liquidez.
Funções do Banco Central
I. Controlar a emissão de moeda: controle da política monetária, de
acordo com objetivos pré-estabelecidos, controlando a oferta
monetária com objetivo de controlar o nível de preços da
economia.

II. Ser o Depositário das Reservas Internacionais: relações com outros


países gera fluxos de renda em moedas estrangeiras, que devem ser
trocadas por moeda nacional para circulação interna. O BC pode
operar no mercado cambial por meio da política cambial. Por isso, o
Banco Central é responsável pelo fornecimento de divisas.
Funções do Banco Central
III. Ser o Banco dos Bancos: Bancos mantém parte dos depósitos
realizados na forma de encaixes. Esses encaixes podem ocorrer:
▪ Encaixes em moeda corrente (cmsb): são recursos nos cofres dos
bancos comerciais para fazer frente a excessos de pagamentos
contra recebimentos em papel moeda;
▪ Encaixes voluntários junto ao Banco Central: encaixes voluntários
para fazer frente a movimento de compensações diárias de
cheques.
▪ Encaixes compulsórios junto ao Banco Central: cumprimento de
exigência legal pelo BC.

Eventuais necessidades de recursos por parte dos bancos leva a


solicitação de empréstimo junto ao BC. Assim, o BC atua como
emprestador de última instância, chamando-se a operação de
redesconto de liquidez. A taxa cobrada será a taxa de redesconto.
Funções do Banco Central
IV. Ser o Banqueiro do Governo: refere-se apenas ao governo federal.
É no BC que o Tesouro deposita recursos que arrecada, ou seja,
onde estão localizadas as disponibilidades financeiras da União,
suas autarquias e fundações. Mesmo o BC sendo proibido de
emprestar recursos para a União, é por meio dele que o governo
federal capta recursos por meio de leilões de títulos públicos
federais.
As operações entre BC e Tesouro revelam distintas naturezas e
impactos, inclusive com a possibilidade de destruição de meios de
pagamentos.
As Contas Monetárias
Balancete Consolidado dos Bancos Criadores de Moedas (Bancos Comerciais)
Ativos Passivos
A – Encaixes F – Recursos Monetários
1. Em moeda Corrente Depósitos à vista
2. Em depósitos no Banco Central
(Voluntário/Compulsório)
B – Empréstimos G – Recursos não Monetários
Ao setor público / setor privado 1. Depósitos à prazo, poupança e
C – Títulos outros depósitos
Públicos / Privados 2. Recursos provindos do BC
(redesconto)
D – Outras aplicações 3. Passivo Externo
E - Imobilizado 4. Outras exigibilidades
(outras fontes, p.e. FGTS)
5. Recursos próprios
(M) Base monetária
estrita
(M + N) Base
As Contas Monetárias monetária ampliada

Balancete sintético do Banco Central


Ativos Passivos
H – Reservas Internacionais M – Base Monetária (pme+dv) ou
(pme=pmpp+csmb)
1. PMPP
2. Encaixes totais dos bancos comerciais
I – Créditos a instituições financeiras N – Depósitos compulsórios em espécie:
(redesconto) 1. Sobre Poupança
2. Outros
J – Empréstimos ao TN e a outros órgãos
públicos e esferas de governo

K – Títulos públicos federais Passivo não monetário


L – Outros O – Títulos do BC
P – Depósitos do governo federal
Q – Obrigações externas
R – Outras
S – Recursos Próprios
As Contas Monetárias
Balancete consolidado do Sistema Monetário
Ativo Passivo
Ativos do BC Passivo Monetário
T – Meios de Pagamento
H – Reservas Internacionais
1. PMPP
J- Empréstimos ao TN e a outros órgãos
2. Depósito à vista do público nos bancos
públicos e esferas de governo
comerciais
K – Títulos públicos federais
L - Outros Passivo Não Monetário BC
Ativos dos Bancos Comerciais P – Depósitos do Governo Federal
Q – Obrigações Externas
B – Empréstimos aos setores público e U – Outros (U=O+R+S)
privado Passivos Não Monetários dos
C – Títulos públicos e privados Bancos Comerciais
G1 – Depósitos à prazo
G3 – Obrigações externas
V – Outros (G4+G5-D-E)
O multiplicador bancário
“ O multiplicador bancário ou multiplicador dos meios de pagamentos,
como também é conhecido, é uma variável que sintetiza o mecanismo
de multiplicação da base monetária pelo processo de criação de moeda
operado pelos bancos comerciais” (PAULANI e BRAGA, 2012, p. 283).

O multiplicador bancário depende, basicamente, de dois parâmetros:


✓Comportamento das pessoas em relação aos seus recursos
líquidos;
✓Decisão dos bancos em relação aos seus encaixes.
O multiplicador bancário
Considerando:
m = M/B
c = pmpp/M
d = dv/M
R = r/dv
Onde:
m = multiplicador bancário
M = meios de pagamentos
B = base monetária
dv = depósitos à vista
r = encaixes totais (compulsórios e voluntários)
O multiplicador bancário
Sabendo-se que: c + d = 1
Pode-se deduzir:
M = cM + dM
B = cM + RdM
Logo:
𝑀 (𝑐+𝑑)
𝑚 =
𝑀 (𝑐+𝑅𝑑)
Simplificando a equação:
1
𝑚 =
[1−𝑑 1−𝑅 ]
O multiplicador bancário
Exemplo:
O público mantém 70% de seus recursos líquidos na forma de depósitos
à vista e os encaixes totais somam 30% dos depósitos. Qual o
multiplicador bancário?
d = 0,7, R = 0,3
1
𝑚 =
[1−𝑑 1−𝑅 ]
1
𝑚 =
[1−0,7 1−0,3 ]
m = 1,96
Ou seja, cada unidade adicional de base monetária dá origem a 1,96 de
meios de pagamentos.
O multiplicador bancário
Principais instrumentos para o Banco Central para expandir a base
monetária:
i. Expandir os empréstimos ao tesouro, às outras esferas de governo
ou ao setor privado;
ii. Aumentar as reservas cambiais;
iii. Comprar títulos da dívida pública de emissão do governo federal
(open market);
iv. Expandir as operações de redesconto aos bancos comerciais;
v. Diminuir os encaixes compulsórios.
O multiplicador bancário
Instrumentos à disposição do Banco Central tem papel decisivo na
oferta monetária, alterando:
i. De forma direta, a composição de seu passivo, influindo na parcela
de moeda corrente nos meios de pagamentos;
ii. De forma indireta, na parcela de moeda escritural (depósitos à
vista) dos meios de pagamentos, alterando o valor do multiplicador
bancário (via “R”).
iii. Ao ser banqueiro do governo, o BC tem ação privilegiada nas
operações de open market, sendo instrumento importante para a
ação da política monetária.
Referências:
PAULANI, L.; BRAGA, M. B. A nova contabilidade social: uma introdução
à macroeconomia. São Paulo: Ed. Saraiva, 2012, Cap. 8.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E ECONÔMICAS
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA

Bons estudos!
PROF. DR. DANIEL P. SAMPAIO
daniel.sampaio@ufes.br

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