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Logística II
Joelma Jacob
Neiva de Araújo Marques
Operações e Logística II
Curso de Administração a Distância – UAB/UFMT
Operações e Logística II
Cuiabá-MT
2012
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Olá!
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Sumário
UNIDADE 1
1.1 ORIGEM E EVOLUÇÃO DAS ATIVIDADES LIGADAS À ÁREA DE PRODUÇÃO ................................ 15
1.2 TAYLORISMO E FORDISMO ......................................................................................................... 19
1.3 SISTEMA TRADICIONAL DE PRODUÇÃO ...................................................................................... 21
1.3.1 Sistema de Produção Contínua ............................................................................................ 25
1.3.2 Sistema de Produção Intermitente ...................................................................................... 26
1.3.3 Sistema de Produção para Grandes Projetos ....................................................................... 30
1.4.1.1 Just-in-time enquanto FILOSOFIA DE TRABALHO .......................................................... 34
UNIDADE 2
2. PLANEJAMENTO DO SISTEMA DE PRODUÇÃO .................................................................................. 45
2.1. LOCALIZAÇÃO DE INSTALAÇÕES ................................................................................................. 46
2.1.1 Localização das matérias-primas.......................................................................................... 46
2.1.2 Mão de Obra ........................................................................................................................ 47
2.1.3 Água e Energia ...................................................................................................................... 48
2.1.4 Localização de mercados consumidores .............................................................................. 48
2.2. PLANEJAMENTO DA CAPACIDADE ............................................................................................. 51
2.2.1 Importância das Decisões sobre Capacidade ....................................................................... 51
2.2.2 Fatores que Influenciam a Capacidade ................................................................................ 53
2.2.2.1 Instalações ..................................................................................................................... 53
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2.2.2.5 Fatores Externos............................................................................................................ 55
2.3.1.3 Arranjo Físico de Posição Fixa (Sistema de Produção para Grandes Projetos) ............. 59
UNIDADE 3
3. OPERAÇÃO DO SISTEMA DE PRODUÇÃO .......................................................................................... 83
3.1 PLANEJAMENTO AGREGADO ...................................................................................................... 83
3.1.1 Alternativas para influenciar a Demanda ............................................................................. 84
3.1.2 Alternativas para influenciar a Capacidade de Produção .................................................... 85
3.1.2.1 Fatores Humanos: contratação e demissão de funcionários. ....................................... 85
UNIDADE 4
4.1 LOGÍSTICA .................................................................................................................................. 103
4.2 SUPPLY CHAIN ........................................................................................................................... 112
Bibliografia.........................................................................................................................................119
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Continuando a Viagem ...
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UNIDADE 1
INTRODUÇÃO
Relatar fatos históricos que deram origem aos dois sistemas de
produção que existem atualmente: o Sistema de Produção
Tradicional e o Sistema de Produção Flexível.
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1.1 ORIGEM E EVOLUÇÃO DAS ATIVIDADES LIGADAS À ÁREA DE
PRODUÇÃO
Sempre que fazemos essa pergunta em sala, a primeira resposta é ‘lucro’. Mas para
ter lucro, você precisa trabalhar antes. Fazendo o quê?
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chamamos de ‘significado do trabalho’. Esse detalhe é importante e voltaremos a tocar no
assunto quando falarmos de ‘Projeto e Medida do Trabalho’.
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É nesse ponto que a ciência passa a dominar a indústria. A Administração Científica
do Trabalho proposta por Taylor foi aplicada por Henry Ford.
Do ponto de vista teórico, vale lembrar o que você aprendeu no módulo de Teoria
Geral da Administração.A administração Científica do Trabalho ‘apropriou-se’ do saber do
artesão (agora operário), transferindo-o para a máquina.
O operário (antigo artesão), então, fazia somente uma pequena parte do trabalho que
antes era de sua inteira responsabilidade. Ou seja, a atividade que executava foi dividida (e
subdividida tanto quanto necessário) em tarefas menores que foram distribuídas entre os
empregados.
-transferência das habilidades dos artesãos para as máquinas (mais produção, maior
quantidade, maior qualidade, redução dos custos);
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Os problemas administrativos começaram a surgir, pois era preciso gerir uma grande
massa humana ao lado de máquinas cada vez mais complexas. O trabalho foi se subdividindo
em tarefas especializadas alienando o homem do valor social de seu trabalho.
Vamos entender.
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continua sendo a marca registrada dos Estados Unidos, o símbolo do seu poderio
industrial,...” (Moreira, 2000)
O desenvolvimento não foi maior na primeira metade do século XX, porque faltavam
instrumentos e ferramentas que só estariam à disposição depois da 2ª Guerra Mundial:
conhecimentos sobre estatística (controle estatístico da qualidade), probabilidade (teoria sobre
amostragem do trabalho) e informática (computadores).
Muitas pessoas creem que as guerras, em geral, são sucedidas por avanços em muitas
áreas como saúde, tecnologia, medicina, etc. Mas nós, as autoras, discordamos disso. Somos
da opinião que esses avanços, necessários sem dúvida, poderiam ser alcançados de forma
pacífica e bem mais inteligente.
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Assim, no ocidente, o grande ‘credor’ das dívidas de guerra (EUA) explodiu em
produtividade. Desenvolveu sistemas produtivos bastante eficientes, capazes de gerar
produtos em grande quantidade e de boa qualidade para atender o mercado interno e externo.
É muito importante lembrar que no período pós-guerra ‘faltava tudo’. Em outras palavras: a
demanda era imensa. E qual era o melhor sistema produtivo que havia? O sistema taylorista-
fordista.
Toda essa prosperidade fez com que se pensasse que as técnicas produtivas tivessem
alcançado o limite de eficiência e que a posição norte-americana estivesse assegurada.
Produção empurrada;
Dizemos que esse tipo de sistema de produção EMPURRA aquilo que produz
para o cliente (para o cliente interno e/ou externo, não importa).
Comecemos pela previsão da demanda. Suponha que, pela média de venda, seja
possível saber, aproximadamente, o que sai por semana no balcão; quanto às encomendas, a
empresa sabe que sai, mas não tem como precisar.
No que diz respeito às vendas no balcão, a demanda pode ser classificada como
regular, já que há uma média de venda relativamente estável; mas quanto às encomendas, a
classificação ao longo do tempo é tida como irregular, porque não é possível controlar quando
o cliente fará um pedido. É óbvio que, quando se trata de uma encomenda para alguma festa,
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a empresa saberá exatamente quanto deverá fabricar. Mas ela não sabe quando a encomenda
‘aparecerá’.
Suponha que cada sequência seja executada por uma pessoa diferente, num setor
diferente. Cada setor tem uma meta de produção a cumprir, que é ‘o 100% da sua capacidade
produtiva’, independente da velocidade e/ou da meta do setor seguinte ou anterior.
Desse modo, quando o dia começa na nossa ‘fábrica de brigadeiros’, a cozinheira vai
preparando e dispondo a massa para esfriar. Em função da capacidade da sua panela, ela faz
massa suficiente para 50 docinhos de cada vez. Assim que uma ‘panelada’ está pronta,
coloca-a para esfriar e começa outra. O dia inteiro, todos os dias.
Se no meio do dia o gás acabar, a cozinheira terá de parar, inevitavelmente. Mas isso
não atrapalhará a nossa produção, pois haverá muitas massas adiantadas, esfriando. Os dois
próximos estágios funcionarão perfeitamente porque há ‘estoques amortecedores’ entre as
estações de trabalho.
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Há tempo suficiente para reabastecer o gás (que é item crítico e não deveria faltar!) e
recomeçar a produção. Não houve ruptura, nem parada do processo produtivo por conta dos
estoques intermediários.
Você pode imaginar outras situações, como faltar chocolate granulado ou forminhas
de papel ou algum ingrediente da receita.
Muitas vezes, esses estoques precisam ‘rodar’ dentro da fábrica, não só ao longo da
linha de produção, mas também entre a produção e o almoxarifado (movimentação de
materiais). O exemplo pode assumir grandes níveis de complexidade e na vida real assume
mesmo.
Detalhe: você já sabe que essa forma de trabalho (com estoques) eleva o custo para a
empresa, mas atende o cliente. E é bom lembrar que esses custos adicionais estão embutidos
no preço final do docinho. Então, no final das contas, quem paga é o cliente.
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1.3.1 Sistema de Produção Contínua
Por que esse filme? ‘Cidade do Silêncio’, estrelado por Jennifer Lopez e Antonio
Banderas (além de Sônia Braga), é um drama cujo pano de fundo é uma fábrica que produz
televisores e computadores, localizada na cidade de Juarez, na fronteira entre o México e os
Estados Unidos.
Bom filme!
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sequência linear nas operações, permitindo uma previsão exata (o quê, quando, como
e onde o evento vai ocorrer);
grande inflexibilidade (por parte do sistema), uma vez que não permite que
outros itens, com design muito diferenciados, sejam fabricados.
Subdivide-se em:
Você já precisou comprar pisos ou azulejos para uma reforma? Percebeu que mesmo
encontrando o padrão idêntico, ele pode ser algo diferente? Isso porque o item pertence a
outro lote de fabricação. Uma regulagem ligeiramente diferente na temperatura do forno ou da
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composição da matéria-prima e/ou pigmentação pode ocasionar essa ‘pequena variação que
faz diferença’.
Observe que produz três itens diferentes (camiseta, calça e bermuda) utilizando três
matérias-primas diferentes (algodão, brim e malha).
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diferente da anteriormente citada e assim por diante. Mas nada impede que uma substitua a
outra, se necessário for.
Esperamos que tenha ficado claro para você que nos sistemas de produção
intermitentes, as pessoas e as máquinas são organizadas por tipo de habilidade, por operação
ou por equipamento. Formam ‘ilhas’, ‘estações’ de trabalho.
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Faz ideia do que seja e da sua importância?
Tempo de set-up é o tempo necessário para o ajuste de máquinas e pessoas entre dois
lotes de produção. É o tempo decorrido entre ‘a última peça boa’ do último lote e a primeira
peça correta do lote seguinte.
No nosso exemplo acima, imagine que a última das 10.000 calças foi produzida
dentro dos padrões de qualidade. Agora, começará a produção das camisetas. Executam-se os
procedimentos de que já falamos. Confecciona-se uma camiseta. Se a qualidade do produto
atender aos critérios pré-estabelecidos, inicia-se a produção do lote. Se a ‘camiseta piloto’ não
apresentar nível adequado de qualidade, repete-se o procedimento e novo teste é realizado. O
novo lote somente começa a ser fabricado quando houver liberação por parte do controle de
qualidade.
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Problemas com controle de estoque, Planejamento e Controle da Produção e
com Qualidade (em função da ‘flutuação’ da produção – em contraste com a
linearidade, a previsibilidade da produção contínua);
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Resgatando o que dissemos anteriormente, os americanos dedicaram-se a aprimorar
suas estratégias de marketing e finanças. Entretanto, alega-se que a ênfase em marketing e
finanças nas decisões estratégicas foi exagerada. A produção americana caracterizada pelas
longas rodadas, pelos produtos estáveis e operações repetitivas já não fazia frente à agilidade
do mercado, à necessidade de diminuição do estoque e diminuição do custo. O modelo de
produção fordista entrou em crise.
A produção em série e em massa começa a ser substituída por uma produção mais
flexível. Dito de outra forma: o rígido padrão fordista é confrontado por processos de
trabalho, mercados, produtos e padrões de consumo muito mais flexíveis. “O toyotismo
penetra, mescla-se ou mesmo substitui o padrão fordista dominante em várias partes do
capitalismo globalizado.” (ANTUNES, 1995)
Para o fundador da Toyota e mestre de invenções, Toyoda Sakichi, seu filho Toyoda
Kiichiro e o principal executivo o engenheiro Taiichi Ohno, o ‘ideal seria produzir somente o
necessário e fazê-lo no melhor tempo’. (ANTUNES, 1995)
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E aqui está a diferença: o sistema de produção flexível é ‘PUXADO’ pela
necessidade do cliente.
Mesmo assim, esse sindicato foi considerado pouco cooperativo. Foi dissolvido e
criado um novo sindicato (1954) inserido na “Família Toyota” cujo lema reinvindicatório era
‘Proteger nossa empresa para defender a vida!’.
Para compensar essa submissão dos sindicatos, cerca de 30% dos funcionários das
grandes empresas obtiveram emprego vitalício e ganhos sobre produtividade. É bom frisar
que este sistema de produção (flexível) firmou-se através da manipulação e repressão dos
trabalhadores japoneses.
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Se Deming havia recebido pouca atenção nos Estados Unidos, não foi o que ocorreu
no Japão. E assim, a Administração da Qualidade Total desenvolve-se junto com o Toyotismo
e hoje expressões como ‘produção com estoque zero’, ‘CCQs’, ‘gestão participativa’ já
migraram para o ocidente, influenciado profundamente o modo de gerenciar as organizações.
Just-in-time
O autor ressalta que um dos ‘sacrifícios’ exigidos por este sistema produtivo é a
utilização parcial da capacidade de produção.
Alta velocidade é fundamental e atende o cliente com a produção e não via estoque.
“A filosofia está fundamentada em fazer bem as coisas simples, em fazê-las cada vez
melhor e em eliminar todos os desperdícios em cada passo do processo”. (SLACK, 1996)
Seus valores fundamentais são:
Envolvimento de todos
Aprimoramento contínuo
Eliminar desperdícios
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Qualquer atividade que não agregue valor é considerada desperdício. A Toyota
identificou sete tipos: superprodução, tempo de espera, transporte, processo, estoque,
movimentação (de pessoas), produtos defeituosos.
Sem dúvida esse foco no desperdício originou-se no contexto social e econômico que
já comentamos. Um país superpovoado e com escassez de recursos levou a uma manufatura
que enfatiza o pouco desperdício e o alto valor agregado.
Envolvimento de todos
Mas não são necessariamente utilizadas em conjunto. Às vezes somente uma parte da
empresa adota um ou outro fragmento de umas delas. Introduzir o kanban não é trabalhar com
a filosofia JIT, assim como incluir o ciclo PDCA não significa implantar Qualidade Total.
No entanto, para que elas possam trazer todos os benefícios alardeados, elas devem
ser a base da cultura organizacional. Todos na empresa devem ‘respirar’ JIT e TQM; é quase
uma obsessão.
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Na Toyota, um operário pode e deve interromper o processo produtivo (Jidoka),
caso perceba alguma anomalia ou defeito. É preferível parar a linha a fornecer algo
defeituoso para o cliente.Nesse caso, o próximo estágio produtivo.
Aprimoramento contínuo
A filosofia JIT aceita que “... atender à demanda no momento exato com qualidade
perfeita e sem desperdício” é um idealismo que pode estar muito distante da realidade
organizacional e que talvez não seja nunca alcançado.( IBIDEM)
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fluxo, manutenção preventiva total, redução de set-up, envolvimento das pessoas, visibilidade,
fornecimento JIT.
Vejamos algumas.
Talvez uma das técnicas JIT mais conhecidas seja a ‘manutenção preventiva total’. O
objetivo da técnica é evitar quebra de máquinas. “Os donos de processos são incentivados a
assumir responsabilidade por suas máquinas e a executar atividades rotineiras de manutenção
e reparos simples”. (IBIDEM)
O ‘envolvimento total das pessoas’ aparece novamente como uma técnica JIT devido
à sua fundamental importância. Se os funcionários não ‘comprarem a ideia’, não ‘rola’.
É bom ressaltar que atualmente, no Japão, não se encontram operários com a mesma
‘devoção’ pela organização que havia no período pós-guerra. Hoje, vemos um quadro similar
na China, já que o operário daquele país se permite explorar, talvez porque não tenha outra
opção.
controle kanban;
programação nivelada;
modelos mesclados;
sincronização.
Por ser o mais conhecido e por haver confusão acerca do que realmente seja, vamos
detalhar o controle kanban.
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Considerá-lo sinônimo da filosofia JIT é um engano.
Supor que só exista essa forma de planejar e controlar a produção JIT também é um
equívoco.
“Um kanban de transporte é usado para avisar o estágio anterior que o material pode
ser retirado do estoque e transferido para uma destinação específica. (...) Um kanban de
produção é um sinal para um processo produtivo de que ele pode começar a produzir um item
para que seja colocado em estoque. (...) Kanbans de fornecedor são usados para avisar ao
fornecedor de que é necessário enviar material ou componentes para um estágio da produção.
Neste sentido, ele é similar ao kanban de transporte, porém é normalmente utilizado com
fornecedores externos. (...) o recebimento de um kanban dispara [ou ‘autoriza’] o transporte, a
produção ou o fornecimento de uma unidade ou de um contenedor-padrão de unidades.”
(IBIDEM). Destaque nosso.
Os dispositivos utilizados para sinalizar são bastante simples. Pode ser um cartão de
papel colorido fixado num quadro; podem ser bolas de ping-pong coloridas (as diferentes
cores representando diferentes componentes); podem ser quadrados pintados no chão da
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fábrica – um quadrado vazio sinaliza a necessidade de produzir. Podem ser sinais luminosos
no ‘estilo semáforo’.
SABER MAIS...
http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAT-QAD/sistema-toyota-producao
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Sobre Jidoka
http://dqsperb.files.wordpress.com/2009/05/jidoka.pdf
http://www.leanway.com.br/jidoka
Sobre 5 S
http://www.portal-gestao.com/gestao/item/6185-implementação-dos-5s-por-
onde-começar-parte-i.html
Exercícios propostos.
1. Descreva:
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Para o JIT, a pior coisa que pode haver é o estoque, pois ele ‘esconde’ os erros e
falhas, tanto do processo quanto das pessoas. É preciso eliminá-lo, para que as falhas sejam
rapidamente resolvidas. ( )
O JIT também fornece uma coleção de várias ferramentas que possibilitam suportar
essa filosofia. Algumas delas são: Manutenção Preventiva Total, Redução de Set-up,
Máquinas pequenas e simples e Envolvimento total das pessoas, por exemplo. ( )
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UNIDADE 2
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2. PLANEJAMENTO DO SISTEMA DE PRODUÇÃO
Todas as vezes que alguém idealiza uma empresa, são tomadas algumas decisões a
respeito do Sistema de Produção a ser utilizado, mesmo que isso não esteja claro para essas
pessoas. Que decisões serão essas?
Outro ponto fundamental é decidir como será o produto (ou serviço), como este
adaptar-se-á ao processo produtivo (ou vice-versa), quais serão os níveis de qualidade e
confiabilidade desejáveis e/ou aceitáveis, (Projeto do Produto e do Processo)
“Localizar significa determinar o local onde será a base de operações, onde serão
fabricados os produtos ou prestados os serviços e/ou onde se fará a administração do
empreendimento”. (Moreira, 2000)
Para as empresas já instaladas, existem algumas opções que podem ser avaliadas.
E adicionar nova unidade? Qual será o impacto dessa nova unidade sobre o sistema
total?
E fechar uma unidade e abrir outra? Quais são os custos de abrir uma unidade e de
fechar uma antiga?
Pode-se generalizar dizendo que as atividades industriais buscam locais onde haja
garantia de matéria-prima, água, energia e mão de obra.
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É claro que a resposta tem relação com a natureza da matéria-prima. Ela pode ser
difícil de transportar, necessitando de condições especiais, elevando significativamente o
custo do transporte; pode ser extremamente perecível (pescado ou leguminosas); pode ser
muito volumosa e com baixo valor agregado, como a soja e o algodão aqui do Mato Grosso;
pode ser resultado de extração mineral.
Todos esses são motivos que justificam a proximidade da empresa com a fonte de
matéria-prima. No entanto, as empresas utilizam mais de um tipo de matéria-prima e não é
possível estar próxima a todas, ao mesmo tempo. A saída é levantar os custos logísticos,
especialmente o custo de comprar o item (Logística de Suprimento) e o custo relativo à
distribuição (Logística de Distribuição). Normalmente, a escolha recai sobre a alternativa que
apresentar o menor custo total.
Ao avaliar uma localidade no ‘quesito mão de obra’, o que mais importa para a
empresa? Depende de seus interesses.
Nós já sabemos que o interesse maior é o lucro e, em certas situações, mão de obra
barata, abundante e dócil é um presente do céu.
Quando falamos em mão de obra dócil, fazíamos alusão à questão sindical. Muitas
empresas relutam em instalar-se em certas localidades onde as agências sindicais
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desempenham um importante papel de conscientização junto aos operários, pois temem
problemas futuros.
Outro aspecto interessante comentado por Moreira (2000) diz respeito à dominação
da empresa sobre a comunidade. Às vezes a empresa será o mais importante suporte
econômico da comunidade avaliada. Isso pode trazer dificuldades quando for necessário
diminuir a produção e demitir empregados.
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De fato, pequenas cidades que dependem de grandes empresas vão, literalmente, à
falência quando essas empresas fecham. O resultado é a pobreza, aumento da criminalidade e
o esvaziamento, pois quem pode, vai embora atrás de melhores condições de vida. A cidade
passa a viver num marasmo triste de se ver.
Noutras vezes, a cidade rejeita frontalmente a empresa quando ela deixa no seu rastro
a degradação ambiental. Em Maio de 2011, protestos da população pediam a desativação das
usinas nucleares da Alemanha. Uma já havia sido desativada em Março daquele mesmo ano.
Segundo o governo do país, as demais serão desativadas até 2022.
As residências também ‘não combinam’ com as fábricas, porque estas fazem muito
barulho, aumentam o tráfego de pesados caminhões, além de necessitarem de energia elétrica
de alta tensão. As comunidades preferem que as empresas se instalem em distritos ou parques
industriais. Mas, muitas vezes, esses são terrenos com poucas possibilidades, com
congestionamentos e que facilitam a mobilização sindical.
Estar na localização errada, instalar uma loja na rua errada ou mesmo no lado errado
da rua, por exemplo, pode ter um impacto significativo nos lucros. No comércio
varejista, uma diferença de alguns metros na localização pode fazer a diferença entre
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o lucro e o prejuízo. (...) Parte de sua forma de competir é estar num local próximo a
seus clientes.
Qual o melhor local para a instalação de uma nova unidade escolar, por exemplo?
Que aspectos considerar?
SABER MAIS...
http://www.sargas.com.br/site/index.php?option=com_content&task=view&id
=37&Itemid=29 (Site da SARGAS – Competência em Logística)
http://www.administradores.com.br/informe-se/artigos/o-modelo-de-ardalan-
aplicado-na-producao-de-servicos-agroindustriais/26318/
http://www.geonordeste.com/apresentacao_oral/00098_051237.pdf
50
2.2. PLANEJAMENTO DA CAPACIDADE
Uma das coisas que mais preocupa o empresário é saber o quanto ele vai ter de lucro
com o seu trabalho. Conhecer o retorno financeiro do seu investimento é fundamental para
que possa avaliar o seu esforço.
Mas quanto a empresa precisa produzir para cobrir os custos e gerar lucro? Onde
buscar dados para determinar esse ‘quanto a ser produzido’? Informações sobre a previsão da
demanda são muito importantes para o planejamento da quantidade a ser produzida.
... capacidade pode ser definida como a quantidade máxima de produtos e serviços
que podem ser produzidos em uma unidade produtiva, em um dado intervalo de
tempo. (...) a estimativa inicial da capacidade leva a especificações mais detalhadas
de espaço, equipamentos e mão de obra. O espaço deve ser provido para acomodar
as máquinas, permitir a movimentação dos equipamentos (...), acomodar os estoques
(...), para os pátios de carga e descarga, para instalações de utilidade como
restaurantes e lanchonetes, áreas de lazer, escritórios, etc. (Moreira, 2000)
(Destaque do original)
Importante: ‘unidade produtiva’ pode ser tanto uma fábrica, quanto um
departamento, uma loja, uma máquina, um posto de trabalho, etc.
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Em síntese, as decisões sobre capacidade merecem muita atenção pelo seu caráter
essencialmente estratégico, que se reflete no envolvimento de grandes somas de
dinheiro, na imobilização forçada de recursos, nas dificuldades posteriores de
mudança e no grande impacto nos custos de operação (Moreira, 2000).
No entanto, essa capacidade pode ser alterada se forem feitas horas-extras; se algum
operário faltar; se houver contratação; se alguém deixar de produzir a meta diária; se houver
demissão.
A loja pode contratar mão de obra temporária, pode demitir empregados, pode fazer
ampliação de suas instalações. Cada uma dessas alternativas altera a capacidade produtiva da
unidade.
52
O importante é que você perceba que:
“Sem violar as referências básicas, não é possível ter uma capacidade maior [ou
menor] que 100%.” (Moreira, 2000) Destaque nosso.
2.2.2.1 Instalações
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Também é possível utilizar a capacidade ociosa dos equipamentos ou trocá-los por
outros mais modernos, de maior capacidade, sem ocupar proporcionalmente mais espaço. No
caso da Toyota, eles optaram por máquinas simples, pequenas, flexíveis e adaptáveis.
Uma fábrica grande pode levar ao que se denomina de economia de escala – custos
menores devido à escala maior de operação. Mas também pode tornar-se ‘não focalizada’ (faz
muitas coisas diferentes), incidindo em altos custos de controles e custos administrativos que,
em vez de diminuírem, aumentam com a quantidade.
54
A forma pela qual se produz (o processo produtivo em si) também restringe ou
alavanca a capacidade produtiva.
Por fim, a capacidade de produção pode ainda ser afetada pela exigência dos clientes
por um padrão de qualidade. Se a empresa não oferece, o concorrente o fará, com certeza.
Existem, também, exigências ambientais amparadas por lei, que podem obrigar a
empresa a uma adaptação. Nesse caso as influências sobre a capacidade podem se
dar de três formas: restringindo a produção, até que a empresa se adapte; desviando
investimentos do setor produtivo para o combate à poluição; e desviando a atenção
dos executivos das questões de produção para os problemas com a legislação.
(Moreira, 2000)
55
Já pensou em como se mede a capacidade de produção de uma empresa?
Medida da Capacidade:
SABER MAIS...
Planejamento da Capacidade
http://www.univasf.edu.br/~cprod/disciplinas/PROD0048/Aula%2004/Capacid
ade.pdf
http://www.eps.ufsc.br/disserta96/armando/index/index.htm#sumario
Entretanto, existem bons motivos que justificam mudanças no arranjo físico de uma
unidade produtiva. Entre eles podemos citar:
A tipologia utilizada pelo autor (Moreira, 2000) que nos ampara o trabalho remete
cada tipo de arranjo físico a um tipo de sistema de produção.
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Cada centro de trabalho é responsável por uma parte especializada do produto. Os
materiais e as pessoas fluem de forma balanceada ao longo da linha e há baixos estoques de
produtos em processo.
O sistema que utiliza esse tipo de arranjo físico é muito mais flexível, os
equipamentos são mais baratos e as falhas isoladas da produção não são tão prejudiciais, já
que existem elevados estoques de produtos em processo.
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Por esse arranjo físico circulam diferentes produtos/serviços, pessoas, matérias-
primas e produtos em processo – ao mesmo tempo. Por esse motivo, o planejamento e
controle da produção é mais complexo.
O interessante é que dentro da célula pode-se encontrar um arranjo físico por produto
ou um arranjo físico por processo. Mas para facilitar, quando uma célula é planejada, é bom
escolher o foco: ou no processo ou no produto.
“De fato, o arranjo físico celular é uma tentativa de trazer alguma ordem para a
complexidade de fluxo que caracteriza o arranjo físico por processo”. (SLACK, 1996)
Se uma maternidade tiver os serviços de apoio, ela pode ser considerada uma célula
de produção dentro do hospital. Na manufatura, podem aparecer ‘fábricas-dentro-de-fábricas’
ou minifábricas (o JIT organiza as células de produção em forma de ‘U’); serviços de
auditoria interna, desde que tenham todos os recursos diretos e indiretos, também podem ser
autossuficientes em relação ao restante da empresa.
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A videolocadora BLOCKBUSTER pode ser vista como uma célula de produção (de
serviços, é claro) dentro das Lojas Americanas. O espaço a ela destinado fica no fundo da
loja. Naquele espaço, discretamente separado por divisórias transparentes, há vários títulos
para locação, mas também estão expostos CD’s e DVD’s de diferentes estilos para venda. Há
mais alguns itens como CD’s para gravação, capas em acrílico para CD’s, alguns itens de
bombonière e um caixa para pagamento das locações, evitando que o cliente enfrente as filas
do caixa da loja.
Fonte:
http://www.nortegubisian.com.br/onde-atuamos/gestao-de-operacoes/119-manufatura-
celular Acesso em 21/12/2011
SABER MAIS...
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Sobre os diferentes arranjos físicos. (Excelente para visualização da célula de
produção e também traz exemplos de famílias de peças).
http://www.usp.br/fau/cursos/graduacao/design/disciplinas/pro2721/09-11_-
_Arranjo_Fisico.pdf
As empresas que se mantém no mercado não estão lá por acaso. Estão continuamente
revendo seus produtos/serviços e introduzindo novidades. O cliente também espera por isso.
Espera que os projetos sejam atualizados, que novas tecnologias sejam incorporadas para
atender suas necessidades. E a empresa precisa ‘correr junto’ com a modernidade, porque isso
a diferencia dos seus concorrentes, por manter ou até mesmo aumentar os níveis da demanda
dos seus produtos.
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E como nasce um novo produto?
O projeto inicial deve criar algo que seja competitivo e de fabricação viável. Atenção
aos detalhes funcionais (peso, tamanho, aparência, qualidade, necessidade de manutenção,
62
vida útil, segurança para o usuário), necessidades técnicas (materiais e método de fabricação)
e considerações econômicas.
Fonte:
http://www.numa.org.br/conhecimentos/conhecimentos_port/pag_conhec/analise_de_valores.
htm Acesso em 23/12/2011.
Fonte:http://www.infoescola.com/administracao_/desdobramento-da-funcao-
qualidade-qfd/ Acesso em 23/12/2011.
... estimativas de custo devem agora ser obtidas tanto para os custos fixos como para
os variáveis. A análise do ponto de equilíbrio pode ser usada para verificar se a
demanda prevista inicialmente está longe ou perto do ponto de equilíbrio e quando o
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alcançará, ou seja, em quanto tempo os custos e os investimentos começarão a se
pagar (Moreira, 2000)
Treinando funcionários.
Até agora falamos de produtos novos, mas as empresas se ocupam também daqueles
que ainda estão no mercado, que ainda proporcionam lucro para os acionistas.
64
Vocês já conhecem o Ciclo de Vida do Produto (CVP), muito utilizado em
Marketing. Sabem, também, que a demanda de um produto/serviço passa por algumas fases
(Introdução, Crescimento, Maturidade e Declínio) e estas formam o CVP.
Muitos filmes ganham continuidade, novelas são reeditadas (e, diga-se de passagem,
nem sempre conseguem o mesmo sucesso da primeira versão). As ferramentas já
65
mencionadas (Análise de Valor e QFD) são muito utilizadas para intervir no CVP de um
produto com o intuito de prolongá-lo. Mas se ‘morte é certa’, é o caso de tirá-lo do mercado.
Lápis de madeira, pregos, garfos, sabão, são exemplos de produtos com ciclo de vida
longo. Já as novidades como bijuterias, roupas, brinquedos, celulares, têm ciclo de vida curto.
(Moreira, 2000; SLACK, 1996)
Obs.: as implicações importantes do CVP para a área de produção estão nas fases de
Introdução e de Maturidade.
Por outro lado, um projeto que mude drasticamente todo o processo produtivo e/ou
que esteja muito além das responsabilidades da área de produção, pode ser por ela
desaconselhado. (Moreira, 2000)
SABER MAIS...
66
porque fugiam do foco que a genialidade de Disney queria evidenciar. Outras, também
prontas, foram descartadas porque deixavam o filme longo demais.
Enquanto empreendedor, Disney entreviu uma fatia de mercado que lhe permitiria
crescer. Mas era um projeto (de serviço) de alto risco. Lembre-se de que ele estava, mais ou
menos em 1934 – o filme foi lançado em 1937! Nesses anos de preparo, ele investiu quase
todo o seu dinheiro. Se o filme falhasse, estaria falido.
67
Assista aos making of’s e localize todas as fases acima comentadas. É muito
interessante ver a teoria transformando-se em prática. E, se não resistir, pode assistir aos
filmes também. Valem a pena – os dois!
68
Observação: talvez você tenha percebido a falta do ‘quando’ fará. O momento em
que a pessoa executa seu trabalho está relacionado com Planejamento e Controle da Produção,
assunto da próxima Unidade.
Você já aprendeu muito sobre ‘Projeto de Trabalho’ ao longo desse curso e agora
queremos resgatar esse saber.
Antes, a pessoa era responsável por todas as tarefas e atividades que compunham seu
trabalho. Havia uma identificação profunda entre o ser humano e o que ele concretizava
através do seu trabalho. Generalizando, podemos dizer que havia um grande significado no
trabalho em si e isso proporcionava bem estar e alegria.
Você também aprendeu sobre a Escola Humanista (Elton Mayo, 1930) e como esse
movimento foi uma reação à atitude despótica dos patrões em relação aos operários. “A gente
não quer só dinheiro!” poderia ser um bom slogan para aquela época. Assim, a remuneração
passou a ser, também, social.
O conteúdo por você estudado também passou pela Burocracia e pela Escola
Comportamental (‘Hierarquia das Necessidades’ de Maslow e Teoria dos Dois Fatores de
Herzberg). Todos esses estudos, alguns mais outros menos, deram especial atenção ao ser
humano e ao intrincado mecanismo da motivação, procurando alinhar os interesses
individuais aos organizacionais.
E por que tanto esforço no sentido de gerenciar o trabalho das pessoas dentro das
organizações?
Então, inteligentemente, você pode se perguntar: mas qual a utilidade de voltar a esse
assunto em Administração da Produção?
E, também, porque é aqui que o ‘bicho pega’. Porque as organizações existem para
produzir e vender alguma coisa.
70
Mas, atenção! Queremos que você compreenda que nós, as autoras, não vemos
problema algum na prosperidade. Muito pelo contrário. A questão é como, a que preço isso é
conseguido.
Procure no próximo ‘SABER MAIS...’ como acessar um material sobre uma fábrica
da Catwalk (calçados) na Índia.
“O projeto do trabalho não é uma decisão simples. É composto por vários elementos
separados, embora relacionados que, quando tomados em conjunto, definem o trabalho das
pessoas na produção”. (SLACK, 1996)
O quê – diz respeito à tarefa (ou conjunto de tarefas) executada pelo ocupante do
cargo que, como vimos alguns parágrafos acima, pode ter mais ou menos significado para o
mesmo. No sistema de produção contínua, provavelmente será uma única tarefa, simples e
repetitiva; no sistema JIT, a variedade de tarefas designada a um operador será maior.
71
Para refletir...
E você? É, você que está lendo isso. Você já parou para pensar no que faz?
Nas atividades que executa no seu trabalho? Se não trabalha, pode usar como ponto de
partida os seus trabalhos escolares. Já parou para pensar no que faz e por que faz?
Esperamos que todas as suas respostas sejam positivas. Se assim for, é sinal
de que o que você faz é extensão da sua alma, é a manifestação do seu talento único, já
que o trabalho tem um profundo significado para o ser humano.
Mas nós também sabemos (inclusive por experiência própria) que, para a
maioria das pessoas, o trabalho não é ‘assim uma Brastemp’ (esse slogan ficou bom
mesmo!).
Esse ‘pouco a oferecer’ é sinônimo de despreparo técnico e/ou experiência e/ou idade,
infelizmente.l
72
Como – refere-se ao método (que é posteriormente medido e avaliado) a ser utilizado
pelo executor. Ou seja, existem procedimentos, roteiros, formas de trabalho, enfim, que
devem ser executadas, porque garantem a melhor utilização dos recursos envolvidos. Em
muitas organizações, há uma descrição minuciosa de como cada tarefa deve ser executada,
quais decisões devem ser encaminhadas, bem como a utilização correta de máquinas,
equipamentos e instalações de trabalho através do estudo do arranjo físico, considerando a
dimensão e posição dos dispositivos necessários à execução das atividades.
Se você assistiu ao making-of dos filmes, pode observar a profunda diferença que há
entre os cargos e tarefas de um e de outro setor. A tarefa dos desenhistas é essa: desenhar.
Mas eles podem e devem criar. Este cargo (desenhista) permite essa amplitude, há espaço
para a criatividade. Não há um rigoroso procedimento-padrão a ser seguido. Não é o caso,
definitivamente, dos salva-vidas.
O exemplo serve a duas finalidades: primeiro para que você atente para amplitude
que pode haver no projeto de trabalho (reducionismo X expansão), e, segundo, para que você
não descambe numa postura apaixonada e ‘anti-Taylor’ (‘a bruxa má’ chamada Taylor não foi
responsável pelos usos e abusos do seu pensamento, defendia um professor da época do
mestrado).
Dissemos alguns parágrafos acima que, nesse ponto, tratamos do método de trabalho.
A análise do método de trabalho é realizada pela área de Organização, Sistemas e Métodos,
utilizando algumas das ferramentas que você já conhece: Fluxograma do Processo, o estudo
dos movimentos, Ergonomia.
73
Também é utilizado o Diagrama Homem Máquina (encontrado nas obras dos autores
frequentemente citados nessa unidade e em várias outras).
“O projeto do trabalho define a forma pela qual as pessoas agem em relação ao seu
trabalho. Posiciona suas expectativas de o que lhes é requerido e influencia suas percepções
de como contribuem para a organização. Posiciona suas atividades em relação a seus colegas
de trabalho e canaliza os fluxos de comunicação entre diferentes partes da operação. De maior
importância, porém, auxilia a desenvolver a cultura da organização – seus valores, crenças e
pressupostos compartilhados. É por essa razão que o projeto do trabalho é visto por alguns
como o aspecto central do projeto de qualquer processo de transformação”. (SLACK, 1996)
74
2.5.2 Medida do Trabalho
‘Medir o trabalho’ significa “... determinar o intervalo de tempo que uma operação
leva para ser completada. Para cada operação, iremos definir um tempo padrão, que é obtido
após uma série de considerações, tanto sobre o operador, quanto sobre o método de trabalho
seguido”. (Moreira, 2000)
Segue o autor comentando que essa medição se presta a duas finalidades: é útil como
dado histórico para futuras avaliações acerca do custo de produção de algum item; e serve,
também, para avaliar a eficiência do método de trabalho.
Essas formas de medição estão bem explicadas na obra de Moreira (2000), que deve
ser consultada caso haja necessidade de aprofundamento. Na sequência abordaremos somente
a primeira.
Tempo real – é o tempo necessário para que a tarefa seja realizada, considerando
todo e qualquer movimento como sendo parte da mesma.
Tempo normal – é o tempo necessário para que a tarefa seja realizada, onde o
operador trabalhe com sua velocidade normal.
“... velocidade normal é aquela que pode ser obtida e mantida por um trabalhador de
eficiência média durante um dia típico de trabalho sem fadiga indevida. (IBIDEM)”
Tempo padrão – “... é aquele requerido por uma operação, quando as interrupções e
condições especiais da operação forem levadas em conta.” Entenda-se por ‘condições
especiais’ a fadiga e as demoras que não dependem do operador.
75
Os conceitos de “Tempo” na Cronoanálise. Douglas Miranda. Postado em
23/05/2009. Acesso em 03/02/2012.
Elementos Estranhos ou Anormais também tem a sua importância e não podem ser
simplesmente ignorados e desprezados. Registrar quando estes elementos ocorrem e
sua frequência é importante para identificar uma oportunidade de melhoria na
operação. Se tais elementos ocorrem com frequência significativa, os tempos
provenientes destes elementos perturbam o processo e reduzem a produtividade da
operação. Neste caso, convém identificar a causa de tais ocorrências e eliminá-la.”
http://www.myplick.com/view/5mz-W46A-ZS/CATWALK
Sobre Cronoanálise:
Exercícios propostos.
1 – Quanto à Localização:
Mesmo que uma comunidade seja bem estruturada, a empresa pode descartá-la como
sede se o seu impacto sobre a comunidade for muito acentuado. ( )
-quando a empresa trabalha com muitos fornecedores (às vezes milhares, segundo
Moreira [2008]), a decisão acerca da localização deve ser apoiada por modelos quantitativos
77
que projetem o melhor custo total de transportes de matérias-primas e de produtos acabados.
( )
-alguns aspectos devem ser considerados na escolha do local como, por exemplo,
matérias-primas, energia e disponibilidade de mão de obra qualificada (preferencialmente).( )
-muitas vezes, as indústrias não conseguem estar, ao mesmo tempo, próximas de suas
fontes de matéria-prima e dos seus consumidores. Entretanto, no caso da produção de bens, a
proximidade com o cliente é fundamental. ( )
-alguns dos fatores que influenciam a capacidade são o tamanho das instalações, a
composição dos produtos ou serviços, o fator humano. ( )
-decisões sobre capacidade são decisões táticas importantes, de efeito imediato sobre
a capacidade que a organização tem em atender a demanda. ( )
78
3 – Arranjo Físico:
-definir o melhor arranjo físico é uma decisão operacional, já que não se repete
diariamente nem é tão esporádica e comprometedora quanto decisões sobre localização e
capacidade. ( )
-mudanças no arranjo físico têm como objetivo tornar mais fácil e suave o
movimento do trabalho. ( )
-o arranjo físico por produto conduz a baixos custos unitários, devido ao alto volume
de produção. ( )
-as ideias para novos produtos surgem, geralmente, dos consumidores e da tecnologia
existente. ( )
-as fases do Ciclo de Vida do Produto que mais interessam à produção são o
crescimento (incremento de produção) e o declínio (direcionando a atividade produtiva para
novos projetos. ( )
-as fases do Ciclo de Vida do Produto que mais interessam à produção são a
introdução (quando o produto/serviço passa por correções e adaptações) e a maturidade
(quando os problemas com processo produtivo já estão resolvidos, favorecendo as economias
de escala). ( )
79
-o ‘Ciclo de Vida do Produto’ é um modelo de pouca utilidade, impreciso, que ainda
é utilizado pela área de produção. ( )
-uma outra consequência advinda da separação entre o pensar e fazer foi a satisfação
advinda do melhor desempenho profissional. ( )
-taylor propôs a separação entre o pensar e fazer. Isso trouxe como consequência um
maior interesse por parte dos funcionários, porque passaram a desempenhar uma única e
simples tarefa, podendo aumentar seus salários, caso atingissem as metas de produção. ( )
Escolha e argumente.
80
UNIDADE 3
Operação do Sistema de Produção
Conceituar o Planejamento Agregado, situando-o no planejamento organizacional
enquanto decisão tática.
81
82
3. OPERAÇÃO DO SISTEMA DE PRODUÇÃO
Agora vamos tratar das decisões de médio e curto prazo. As decisões táticas (médio
prazo) dizem respeito ao Planejamento Agregado; as decisões operacionais (curto prazo)
ficam por conta do Planejamento e Controle da Produção.
O Planejamento Agregado tem que oferecer uma solução para o necessário ajuste
entre a capacidade de produção e a demanda.
83
E é possível contornar as restrições da capacidade de produção? Sim e nós já
passamos por esse assunto, lembra?
“Sem violar as referências básicas, não é possível ter uma capacidade maior
que 100%.” (Moreira, 2000)
Antes de seguir em frente, vamos esclarecer mais um detalhe: por que se chama
Planejamento Agregado?
Basicamente o que se faz é deslocar a demanda para outro período mais confortável
para a produção. As estratégias mais utilizadas para conseguir esse efeito são: propaganda;
promoções e preços diferenciados (passagens aéreas para o Nordeste, por exemplo, são mais
acessíveis fora da temporada) ; reservas e demoras na liberação de produtos e serviços;
desenvolvimento de produtos diferenciados. (IBIDEM)
84
3.1.2 Alternativas para influenciar a Capacidade de Produção
Alerta o autor acima mencionado que a maior parte dos métodos utilizados para fazer
o Planejamento Agregado considera a demanda como fixa. Assim, os esforços concentram-se
em influenciar a produção.
O custo mais expressivo, aqui, associa-se às horas extras. Nesse caso, o custo
unitário de produção também sobe, porque o valor pago por horas extras é acrescido de um
percentual previsto em lei. E nem sempre as pessoas gostam de trabalhar mais, mesmo que
ganhem um pouco mais. Além disso, a produtividade nas horas extras é menor. A redução da
jornada de trabalho também não é muito agradável, porque ela vem acompanhada de redução
de salário.
Quando a demanda está baixa, o referido sistema produz e estoca para atendimento
da mesma em períodos de alta (lembramos dos esquilos estocando nozes). Já sabemos que
isso eleva consideravelmente o Custo de Manutenção do Estoque, sem falar do capital de giro
85
que está imobilizado. Lembramos que o JIT prefere sacrificar a produção do que manter
estoques.
86
[Queremos fazer uma ressalva quanto ao comportamento do consumidor. Essa
atitude insatisfeita e compulsiva é, em larga escala, criada, estimulada e mantida pelas
organizações.]
SABER MAIS...
http://www.simpep.feb.unesp.br/anais/anais_13/artigos/1125.pdf
Planejamento Agregado:
http://pt.scribd.com/doc/7120058/Planejamento-Agregado
87
“O planejamento e controle preocupa-se com operar esses recursos no nível diário de
modo a oferecer bens e serviços que preencherão as exigências dos consumidores”. (SLACK,
1996) Destaque nosso.
Mas, para que o Planejamento Agregado possa ser ‘colocado em prática’, no dia a
dia, necessária é a ‘desagregação’ desse plano em produtos individuais.
O Plano Mestre de Produção é o documento que diz quais itens serão produzidos e
quanto de cada um para um determinado período, sendo de importância fundamental. Gerado
a partir do plano agregado de produção, desagrega-o em produtos acabados, guiando as ações
do sistema de manufatura no curto prazo, estabelecendo quando e em que quantidade cada
produto deverá ser produzido dentro de um certo horizonte de planejamento. Este horizonte
de planejamento pode variar de alguns dias a 6 ou 12 meses sendo que, quanto menor for o
horizonte de tempo, mais preciso será. (MOURA JÚNIOR, 1996)
definir compras;
88
Como dissemos anteriormente, o Planejamento e Controle da Produção é a ‘estrela’
do sistema de produção, pois cabe a ele materializar os produtos s/ou serviços que a
organização vende.
MOURA JÚNIOR (1996) indica três sistemas que podem auxiliar, de forma
independente ou combinada, as atividades de Planejamento e Controle da Produção:
MRP/MRP II.
Just-in-time.
Pedimos especial atenção à Demanda Dependente, que é aquela que ocorre num
processo de fabricação, onde diversos elementos em quantidades definidas entram na
composição de um produto final.
Podemos dizer que os inputs do MRP são o Plano Mestre de Produção (ou Master
Production Scheduling – MPS), a Lista de Materiais e os Estoques disponíveis.
Se a fábrica planejou montar mil carros, por exemplo, é possível saber com exatidão,
quantos pneus, lanternas, bancos serão necessários (Demanda Dependente). Como dissemos
acima, um dos elementos básicos do MRP é a Lista de Materiais (Bill of Materials – BOM).
O item é ‘decomposto’, isto é, são listados todos os componentes necessários para fabricar um
carro. O programa faz os cálculos necessários para montar as mil unidades, confrontando a
necessidade com o que há em estoque.
89
Repetimos a citação já feita: O Material Requirements Planning (MRP) é projetado
para realizar estes cálculos. “... é o sistema utilizado para se evitar as peças ausentes.
Estabelece um agendamento (plano de prioridades) que mostra os componentes exigidos em
cada nível de montagem, com base nos lead times, calcula quando esses componentes serão
necessários”. (ARNOLD, 1999)
“Em 1981, Oliver Wight publicou o livro Manufacturing Resources Planning, MRP
II, no qual apresenta a nova geração dos MRP’s. (...) o novo sistema permite considerar outros
recursos de produção, entre eles, os recursos humanos e orçamentários. Ao conjunto básico de
dados do MRP (MPS, Lista de Materiais e Estoques), acrescentam-se os roteiros de produção
(sequências e tempos das diferentes tarefas das ordens de produção) e um cadastro dos centros
de produção com as respectivas capacidades. (...) Em virtude do aumento da abrangência do
modelo, passou a ser denominado planejamento dos recursos de produção em lugar de
necessidade de materiais”. (LAURINDO, 2000)
90
podem provocar um maior congestionamento do chão-de-fábrica e, por decorrência, um
aumento dos tempos de fluxo das ordens e de estoques intermediários. Uma alternativa
interessante para implantação nas empresas parece ser a combinação dos modelos MRP II e
JIT. Neste caso, as operações na fábrica não precisariam ser monitoradas em detalhe pelo
sistema MRP II, ficando este mais dedicado às atividades de planejamento. VOLLMANN
(1997) discute os princípios básicos dos modelos MRP II e JIT e mostra que, menos que
conflitantes, os modelos podem ser usados de forma complementar”.
SABER MAIS...
http://www.iepg.unifei.edu.br/edson/download/Arterp.pdf
http://www.scielo.br/pdf/gp/v7n3/v7n3a08.pdf
Mantivemos o subtítulo aqui por uma questão de ordem do texto. Mas sugerimos que
você volte ao início do Livro 2, Unidade 1, subitem 1.4 Sistema de Produção Flexível. E se
você ainda não acessou o material indicado no SABER MAIS... da referida unidade, agora
também é um bom momento.
“Ganho: é o índice pelo qual o sistema gera dinheiro através das vendas de seus
produtos.
Inventário: é todo dinheiro que o sistema investiu na compra de bens que ele
pretende vender. Refere-se apenas ao valor das matérias-primas envolvidas.
Para aumentar os ganhos e minimizar despesas e inventários, o OPT ‘joga’ com dois
recursos interdependentes: os recursos gargalos, cuja capacidade produtiva é igual ou menor
às tarefas a ele designadas (trabalham sempre no limite, esgoelados); e os recursos não-
gargalos, cuja capacidade produtiva é maior do que as tarefas a ele designadas (têm folga).
Moura Júnior (1996) sinaliza que nas obras de GOLDRATT & FOX (1992),
JACOBS (1984) e CORRÊA & GIANESI (1993) podem ser encontrados os princípios da
filosofia OPT.
SABER MAIS...
http://www.eps.ufsc.br/disserta96/armando/cap3/cap3.htm
92
3.2.4 Programar a Produção
Se a situação for esta, a decisão deve ser pautada pelos menores custos de preparação
e/ou processamento, bem como pela minimização dos tempos ociosos de equipamentos e
pessoas.
1. Gráficos de Gantt;
2. Método da Designação.
93
2º Objetivo: Sequenciar as Tarefas
Noutras vezes, prossegue ele, a sequência existe para evitar erros (o trabalho de um
caixa, por exemplo, obedece a um procedimento padrão que minimiza os erros). Por outro
lado, essa padronização pode ser muito monótona (de uma chatice sem fim!). E, de tão
entediantes a atenção facilmente se dispersa e aqui temos um problema que a Ergonomia
procura solucionar: ‘desenhar’ postos e conteúdos de trabalho que sejam interessantes e
estimulantes para o operário.
Não é possível trabalhar com kanban no chão de fábrica se a área de compras, por
exemplo, não desenvolver uma parceria com os fornecedores.
Optar por MRP significa, entre outras coisas, possuir um software que permita a
integração de dados entre a área de produção e a área de materiais, no mínimo. E o banco de
dados que alimenta esse software vai exigir materiais codificados (Classificação de Material,
lembra?), leitora ótica, automação dos almoxarifados, e por aí vai, lembrando que é possível a
utilização mesclada dessas diferentes técnicas.
94
O Sistema de Produção Contínua, como já sabemos, é caracterizado pela linha de
montagem. Um certo número de operações precisa ser distribuído entre os postos de trabalho
e mesmo que haja uma só pessoa no posto, mais de uma tarefa pode ser a ela designada.
A variedade do que produz nos sistemas intermitentes é bem maior mas eles (os
sistemas) perdem em eficiência por necessitarem de constantes reprogramações, por gerarem
muito estoque de produtos semi-acabados, sendo frequente a formação de filas. Essas filas
fazem com que o tempo de processamento seja muito menor que o tempo de espera. (Você
certamente já passou pela experiência de esperar muito numa fila e o atendimento ser
realizado em questão de segundos. A experiência é especialmente negativa quando se trata do
atendimento médico do serviço público de saúde).
Tempo de Esgotamento é uma medida da urgência com que o produto deve ser
fabricado. Se há muitos produtos esperando processamento, programa-se em primeiro lugar o
de menor Tempo de Esgotamento. Tão logo termine o processamento do produto escolhido,
refazem-se os cálculos para determinar os novos produtos a serem sequenciados. (IBIDEM)
É uma regra dinâmica, porque programa um novo produto a cada rodada. Esta
técnica não considera os custos de preparação, de manutenção e a falta de estoque.
Implantar um sistema que auxilie a controlar a produção soa como uma ‘receita de
bolo’: é só comprar um programa e colocar para rodar. Não é bem assim. Na maior parte das
vezes, são necessários muitos meses, às vezes anos, para implementar um sistema de
informação. É preciso gerar dados para alimentar o sistema – já o dissemos acima.
96
E não é só isso. O sistema de informação será desenhado dentro de certos
parâmetros. Ele gerará relatórios em função da sua programação. O programa não se adaptará
a mudanças repentinas (um cliente importante quer seu pedido hoje, mas há outros na frente).
Se o gerente desconsiderar o sistema, para que a informação serve? (GAITHER, 2001)
SABER MAIS...
http://pt.wikipedia.org/wiki/Diagrama_de_Gantt
http://www.deinf.ufma.br/~mario/grad/filas/TeoriaFilas_Cajado.pdf
Exercícios propostos...
97
-é um processo rudimentar e aproximado e, muitas vezes necessita adotar uma
mesma unidade comum (peso) por exemplo, para agregar num mesmo planejamento uma
linha de produtos bastante variados. ( )
-aumentar a capacidade produtiva para atender a demanda não é possível, uma vez
que essa mesma capacidade já foi estabelecida e o planejamento agregado deve limitar-se a
isso. ( )
98
2 – Quanto ao Planejamento e Controle da Produção, explique a relação que
existe entre Planejamento da Capacidade, Planejamento Agregado e Planejamento e
Controle da Produção.
99
100
UNIDADE 4
101
102
4.1 LOGÍSTICA
Você já leu alguns resumos históricos em outras partes desse fascículo. No Livro 1
há alguns eventos que lhe dão uma ideia do que era a área de Administração de Materiais no
final do século XIX até meados do século XX. É óbvio que as organizações naquela época
sequer pensavam em Logística, nos moldes em que hoje se apresenta.
Entretanto, esse era – e ainda é – um assunto que os militares dominam muito bem.
As guerras sempre marcaram a história do homem e as primeiras aplicações da Logística
ocorreram dentro desses eventos. Pode-se dizer que todo o esforço de guerra em larga escala
sempre foi um exercício de Administração de Materiais (segundo os militares era um esforço
de procura e de logística). Procura no sentido de comprar o material certo e de logística no
sentido de colocar o material no local em que poderia ser usado.
103
No ocidente, a década de 70 (1970) foi o palco no qual a excelência do sistema de
produção flexível se consolidou. Como vimos, os japoneses inundaram o mercado com
produtos ‘na qualidade certa, na quantidade certa, no tempo certo, no preço certo’. Os tempos
de set up reduziram-se, a qualidade ganhou papel de destaque, o cliente passou a ser
considerado ‘rei’ e a ‘explosão’ da tecnologia de informação abriu campo para aplicação de
muitas ferramentas (entre elas o MRP) que contribuíram decisivamente para o
desenvolvimento da logística.
Assim, nesses últimos 40 anos, é possível perceber uma clara inversão no papel
desempenhado pelos ‘elementos de apoio logístico’. O que era trivial (o serviço logístico)
alcançou status de estratégia organizacional.
Isto é, colocar o produto certo, no local certo, no momento certo, nos moldes dos
conceitos acima mencionados, exige elevados investimentos em sistemas de informação,
automação, transporte, treinamento etc.
Mas o maior interesse na logística não está na contenção ou redução dos custos
envolvidos (!), mas em como as empresas obtém vantagem competitiva através da sua
competência logística. “... ganhar vantagem competitiva proporcionando aos clientes um
serviço superior.”
Você pode se perguntar: que custo é esse? De quais funções específicas as autoras
estão falando?
Nós falamos das ‘funções logísticas específicas’ ao longo desses dois livros:
processamento do pedido, níveis de estoque, planejamento e controle da produção etc. Olhe
os sumários. Cada unidade lá elencada é função específica da logística. Cada uma dessas
atividades busca incansavelmente a diminuição dos próprios custos (redução de perdas,
compras corretas, eliminação de todo e qualquer desperdício e assim por diante).
106
Quando se fala em custo total do sistema logístico, admite-se a possibilidade de que
uma ou mais funções específicas tenham seus custos aumentados – e isso nenhum gerente
quer, pois afeta negativamente o desempenho da sua unidade.
Por esse motivo, a ideia de ‘menor custo total’ é importante do ponto de vista
logístico. Dizendo de outra forma: em algum subsistema logístico o custo pode até ser alto,
desde que, no geral ele (o custo total) se mostre vantajoso.
Por exemplo: para atender o nível de serviço logístico que a organização estabeleceu
como padrão de atendimento ao cliente, há necessidade de manutenção de estoque de alguns
itens da Classe A. A área de Gestão de Estoques não gosta porque sua meta de ‘baixo custo’
não se concretiza. Armazenagem também ‘torce o nariz’ porque tem mais trabalho a fazer,
envolvendo mais pessoas, controles rigorosos pois estamos falando de itens da Classe A, e
isso acarreta maiores custos. Sem falar do financeiro.
MAS... aquele cliente importante é atendido. O que as áreas isoladas não têm é a
percepção do conjunto, por falta integração interna. Se o objetivo é oferecer um serviço
logístico ao menor custo total possível é necessário, por parte dos subsistemas logísticos, a
disponibilidade para abrir mão da sua vantagem ‘isolada’ em favor do todo.
disponibilidade;
desempenho operacional;
Será que o cliente necessita, espera ou deseja esse nível de serviço? Como o cliente
percebe a qualidade do atendimento? Como não é possível uma análise quantitativa, o que se
pode fazer é identificar de forma objetiva o que representa valor para o mesmo, ou seja, “...
qual é o nível de desempenho que ele espera em função do preço pago pelo bem.”
(MARTINS, 2000)
Até agora falamos em ‘Logística’ e talvez você se pergunte ‘onde está a ‘Logística
Integrada’?
É importante que você tenha em mente que esse é um campo, tanto teórico quanto
prático, em construção. E a nossa ideia enquanto autoras é ir lhe apresentando os conceitos de
forma progressiva.
108
Vocês percebem os três subsistemas da Logística dento dessa conceituação? Vamos
analisar a definição.
Este método de compra foi mudando porque os custos de manutenção e/ou de ruptura
dos estoques passaram a ser mais importantes. A troca de informação (EDI) e a discussão de
problemas comuns melhoram a comunicação e o entendimento entre as empresas,
viabilizando uma redução do estoque de segurança de matérias-primas, pela segurança de
recebimento na data e nas quantidades desejadas. Aparece aqui o que se pode chamar de
‘Logística de Suprimento’, ou seja, a interface da empresa com os seus fornecedores.
Isso significa dizer que é cada um por si. Cada departamento, cada seção, tem suas
metas a alcançar e terão seus respectivos desempenhos avaliados. Avaliação, na grande
maioria das vezes, significa recompensa ou punição. Ninguém quer ser punido. Todos querem
ser recompensados. Então todos querem ter à disposição os recursos necessários para o seu
melhor desempenho (que é igual à recompensa).
Cada área quer ser proprietária do estoque que lhe diz respeito – no início do Livro 1
nós lhe falamos do quanto a área de materiais está fragmentada dentro das organizações e de
como isso dificulta o gerenciamento mais eficiente dos recursos.
110
(*) Quando trabalharmos Supply Chain você perceberá que talvez esse não seja o
recurso mais importante para a concretização dessa estratégia.
Sem superar essas barreiras, “... a integração logística será mais teórica do que
prática”. (BOWERSOX, 2001)
Figeuredo (2006), elaborou um texto muito interessante sobre o que ele denomina de
‘serviço logístico’, indicando 6 objetivos que podem orientar os esforços de uma organização
em direção à logística integrada e, talvez à Cadeia de Suprimentos.
Oferecer o que o cliente quer, onde ele quer e exatamente quando ele quer.
SABER MAIS...
http://professorricardo.tripod.com/Artigo_15.pdf
Exercícios propostos...
Mas o maior interesse na logística não está na contenção ou redução dos custos
envolvidos (!), mas em como as empresas obtém vantagem competitiva através da sua
competência logística. “... ganhar vantagem competitiva proporcionando aos clientes um
serviço superior.”Comente.
Embora os termos ‘Logística Integrada’ e ‘Supply Chain’ sejam, na maior parte das
vezes, utilizados como sinônimos, é possível perceber uma diferença de amplitude entre eles.
Assim como há uma diferença de amplitude entre Logística e Logística Integrada, há também
diferença entre esta última e Supply Chain.
Nós já sabemos que uma pequena economia em itens específicos pode gerar lucros
elevados (Classificação ABC). E esse detalhe fica mais evidente a cada dia. Outro fato
112
importante é a localização de fornecedores e de clientes. Estão espalhados por todo o Planeta,
como uma imensa rede.
Nos últimos 10 anos tornou-se interessante gerenciar toda essa rede de suprimentos
com o intuito de otimizar seu desempenho. “Elas [as organizações] entenderam que, sempre
que uma empresa lida com outra que desempenha o próximo passo na cadeia de suprimentos,
ambas se beneficiam uma do sucesso da outra.” Portanto, ‘compartilhar’ passou a trazer
vantagens financeiras. (Moreira, 2008)
Ressalva: essa ideia de ‘compartilhar para todos ganharem’ é mais teórica do que
prática. E aqui temos um ‘gargalo’. Voltaremos a ele logo adiante.
A figura abaixo delineia, de forma incompleta é verdade, o que pode ser uma Cadeia
de Suprimento. Incompleta porque ela é muito maior do que isso - mais fornecedores, mais
armazéns, mais indústrias e assim por diante. Imagine o quão complexa pode ser!
Observações
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ainda, que o cliente é a única fonte de receita dentro da cadeia e que todos os fluxos de
materiais e informações agregam custo.
Chopra (2003) ainda arremata dizendo que o foco no lucro dos estágios isolados
pode levar a uma lucratividade menor da cadeia como um todo.
Mas que garantia os envolvidos têm de que será uma partilha justa? Quem terá
autoridade para determinar esses parâmetros? E mesmo que seja justa a divisão dos lucros,
quem garante que os envolvidos contentar-se-ão com o que lhes couber? Se os envolvidos
sentirem-se inseguros em relação ao rateio do lucro, é óbvio que focarão no retorno financeiro
do seu estágio isolado. Fica claro que aqui encontramos valores nobres como a justiça,
equidade mas também vícios como a avareza e a ganância.
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Separar os pedidos que ainda deverão ser confirmados [Compras –
Acompanhamento dos Pedidos].
Aprimorar os sistemas de inserção de dados por leitura óptica, tanto na compra como
no recebimento de materiais [Compras; Armazenagem - Classificação de Materiais].
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Internet – influenciam decisivamente nas operações de compra e venda; as
(des)regulamentações governamentais e a questão ecológica constituem o conjunto de fatores
externos que pressionam a Cadeia de Suprimentos.
SABER MAIS...
http://cadeiadesuprimento10.blogspot.com/
http://www.ilos.com.br/web/index.php
http://www.rslima.unifei.edu.br/
Exercícios propostos...
Como deve ser a relação da empresa com os seus fornecedores para viabilizar uma
cadeia de suprimentos? E com o cliente?
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Bibliografia
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MARTINS, Petrônio Garcia. Administração de Materiais e Recursos Patrimoniais.
São Paulo: Saraiva, 2000.
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