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DIFERENÇAS ENTRE ROSCAS BSP E NPT

 Publicado em 16 de agosto de 2016

Cleyton Oliveira
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Abaixo compartilho um pouco do meu conhecimento sobre esse tema que ainda gera
muitas dúvidas entre profissionais da área de engenharia.
DIFERENÇAS ENTRE ROSCAS BSP E NPT
BSP e NPT são roscas comumente utilizadas em tubulações. A vedação nesses tipos de
rosca se dá pelo aperto dos filetes e adição de um vedante, normalmente uma fita de teflon
(PTFE). Disso a grande maioria dos técnicos sabem. Porém, é comum que apareçam
algumas dúvidas quanto a utilização dessas roscas, principalmente para aqueles que têm
pouco contato com essa disciplina. Eis algumas dessas questões: quando utilizar uma ou
outra? Qual é melhor? Posso misturá-las?
NORMAS
Bom, primeiro vamos nos situar. Vamos definir essas roscas através de suas respectivas
normas.
A rosca BSP (British Standard Pipe) é a que causa mais confusão com relação a sua
especificação. Isso se deve ao fato de ser uma rosca especificada por várias entidades
normativas através de várias normas. Além disso, causa confusão pelos termos que são
utilizados para se referir a essa rosca, como BSP, BSPT, BSPP, rosca Gás, rosca
G, Whitworth Gás, entre outras denominações.
As normas para rosca BSP são: ISO 7/1; NBR ISO 7.1 (que substituiu a NBR 6414); EN
10226 (DIN EN 10226 é a versão em alemão da EN 10226, que substituiu a DIN 2999); BS
21; BS EN 10226; JIS B 0203.
Das normas acima, a BS 21 é a mais antiga norma ainda em vigor. Sua primeira versão é
de 1905, com revisões em 1909, 1938, 1957, 1973 e 1985. Apesar do status de ainda estar
em vigor, em teoria já foi substituída pela BS EN 10226.
A rosca NPT (National Pipe Thread) já não causa tantas dúvidas. É especificada pelas
normas ANSI B1.20.1 e NBR 12912 (igual a ANSI) e conhecida apenas por rosca NPT.
CARACTERÍSTICAS
Quando falamos em rosca BSP para tubulação temos que ter em mente o seguinte: a rosca
externa (do tubo) é cônica; a rosca interna (conexão) é paralela. A menos que esteja
especificado de outra forma, é assim que deve ser, é assim que o mercado oferece.
Isso é importante, pois as normas de rosca BSP permitem que a roscas internas sejam
também cônicas, porém é apenas uma alternativa, pois o mercado adotou o padrão como
rosca interna paralela (Não tenho o histórico do porquê ter sido adotado a rosca interna
paralela, porém acredito que seja pela maior facilidade de execução e menor custo
também).
DICA: Referencie sempre a norma ISO 7/1 quando especificar uma rosca BSP. Isso pelo
fato da ISO ser uma norma internacional amplamente reconhecida.
Para diferenciar a rosca cônica da paralela, a norma ISO utiliza a seguinte designação:
- Rosca Interna Paralela => Designação: RP
- Rosca Interna Cônica => Designação: RC
- Rosca Externa (sempre cônica) => Designação: R
Portanto, se você se deparar com a seguinte especificação: Rosca para tubo ISO 7/1 RP 1”,
significa que é uma rosca BSP Interna Paralela de 1”.
Diferentemente da norma ISO, a norma EN se apresenta dividida, conforme abaixo:
EN 10226-1 >> Rosca Externa Cônica + Rosca Interna Paralela
EN 10226-2 >> Rosca Externa Cônica + Rosca Interna Cônica
Apesar do mesmo número, são normas adquiridas separadamente. No caso, a EN 10226-
1 é a mais utilizada.
DICA: É comum ouvirmos a designação “G”, como por exemplo ‘ Rosca G ½” ‘.
Normalmente já traduzimos essa expressão para ‘ Rosca BSP 1/2" ‘. Isso não é uma
verdade absoluta. A designação “G” se refere à rosca especificada pela norma DIN 228
(ISO 228-1). O problema é que essa norma estabelece que a rosca externa deve ser
paralela, ao contrário das outras normas onde a rosca externa é sempre cônica. A principal
característica das roscas conforme DIN 228 (ISO 228-1) é que a vedação não é feita pelos
filetes da rosca, e sim através de uma espécie de anel de vedação, normalmente de
borracha. No caso da rosca interna, que também é paralela, as dimensões são idênticas às
outras normas BSP.
A rosca BSP é recomendada para instalações domiciliares, prediais e industriais de baixa
responsabilidade. Além disso, somente devem ser utilizadas em tubos cujos diâmetros
externos sejam iguais aos da norma NRB 5580 (DIN 2440/2441).
CURIOSIDADE: As normas DIN 2440 e DIN 2441, ainda muito utilizadas para designação
de tubos de aço, foram substituídas pela norma DIN EN 10255 no ano de 2004.
A rosca NPT é, de certa forma, mais robusta que a BSP. Atendendo a requisitos mais
elevados de pressão e confiabilidade, o que a torna mais indicada em instalações de maior
responsabilidade. A rosca NPT deve ser executada apenas em tubos cujos diâmetros
externos sejam iguais aos da norma NBR 5590 (ANSI B36.10).
Porém devemos nos atentar ao fato de que os diâmetros externos das normas NBR 5580 e
5590 são iguais em alguns diâmetros nominais e praticamente iguais em outros. Na prática
apenas os diâmetros 2.1/2” e 6” são incompatíveis, ou seja, nesses dois diâmetros os tubos
da norma NBR 5580 não devem receber rosca NPT e os tubos da norma NBR 5590 não
devem receber rosca BSP. Nos outros diâmetros não ocorre esse problema. É lógico que
ao fazer essa adaptação você estará em desacordo com as normas.
Tanto a rosca BSP como a NPT são normalizadas até o diâmetro de 6”, porém não é
recomendado que se trabalhe com tubulação roscada de diâmetro maior que 2.1/2”. Isso
pelas dificuldades de montagem que as tubulações maiores causam. Como fazer uma
rosca NPT em um tubo de 6” em campo? Difícil né? Agora imagine o tamanho da chave de
aperto para uma tubulação desse diâmetro... Muito difícil.
Outra limitação quando trabalhamos com essas roscas é a espessura do tubo. As normas
de projeto ANSI não permitem que tubos schedule 5 e 10 sejam roscados. Essa limitação
ocorre devido a fina espessura da parede do tubo, que, em teoria, não comportaria a
elaboração de uma rosca. Portanto devemos ter em mente que tubos de parede fina não
devem receber rosca, sejam elas BSP ou NPT.
Na rosca NPT, tanto a parte interna como a externa são cônicas, garantindo que a vedação
ocorra em todos filetes da rosca. Fato que não ocorre com a rosca BSP, onde apenas
alguns filetes são responsáveis pela vedação. As figuras abaixo mostram como ocorre a
vedação nesses tipos de roscas.
Em teoria, não existe intercambiabilidade entre BSP e NPT. Suas construções são bem
distintas, a começar pelo ângulo dos filetes, que na BSP é de 55° e na NPT de 60°. Além
disso, o passo, que é dado em números de filetes por polegada, é também diferente.
Exceção apenas para os diâmetros de 1/2” e 3/4", que tem passos iguais. Nesses dois
diâmetros, a diferenciação visual entre BSP e NPT é praticamente impossível.
Não é demais lembrar que o diâmetro dessas roscas não é real, ou seja, em uma rosca
com diâmetro nominal 1/2", seu diâmetro real não é de 1/2" (12,7mm). Esses diâmetros
nominais obedecem aos diâmetros dos tubos, conforme suas normas. Um tubo de 1/2"
conforme NBR 5590 tem, por exemplo, diâmetro de 21,3mm.
Espero que o texto tenha sido útil.

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