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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

QUÍMICA GERAL EXPERIMENTAL C


Química Tecnológica
Professor: Luiz Otávio Amaral
Alunos: Júlia Soares e Rafael da Gama
Data de Entrega: 09 de junho de 2015

Corrosão

Belo Horizonte
1º semestre de 2015
1. Introdução

A corrosão metálica é a transformação de um material ou liga metálica pela sua


interação química ou eletroquímica num determinado meio de exposição, processo que resulta
na formação de produtos de corrosão e na libertação de energia. Quase sempre, a corrosão
metálica (por mecanismo eletroquímico), está associada à exposição do metal num meio no qual
existem moléculas de água, juntamente com o gás oxigênio ou íons de hidrogênio, num meio
condutor.

A adoção de uma ou mais formas de proteção contra a corrosão dos metais deve levar
em conta aspectos técnicos e econômicos. Entre os aspectos técnicos, o meio de exposição é um
parâmetro de grande importância. Quanto a este parâmetro, o uso de inibidores de corrosão ou o
controle de agentes agressivos (SO2, H+, Cl-) são impraticáveis nos casos em que se deseja
proteger um determinado metal contra a corrosão atmosférica e o mesmo vale para a utilização
da proteção catódica, restando nestes casos somente a modificação do metal ou a interposição
de barreiras como uma alternativa para proteção contra a corrosão.

Em alguns casos, a modificação do metal é perfeitamente aplicável, citando como


exemplo, a utilização do alumínio e suas ligas em componentes como esquadrias, portas e
janelas ao invés do aço-carbono. No entanto, para estruturas de grande porte, nas quais a
resistência mecânica é um requisito importante, o alumínio e suas ligas nem sempre podem ser
utilizados, sendo os aços inoxidáveis ou os aços aclimáveis, potenciais materiais alternativos. A
utilização dos aços inoxidáveis nem sempre é economicamente viável, enquanto que a utilização
dos aços aclimáveis esbarra na questão de condições de exposição, visto que estes só
apresentam desempenho satisfatório em atmosferas moderadamente contaminadas com
compostos de enxofre e em condições de molhamento e secagem, além da sua limitação de
utilização em atmosferas com alta concentração de cloretos como, por exemplo, as marinhas
severas.

Em resumo, são muitos os casos em que os metais ferrosos (aço-carbono ou ferro


fundido) continuam sendo os materiais mais adequados para utilização em estruturas expostas a
atmosferas em geral, restando tão somente a interposição de uma barreira entre este metal e o
meio como uma forma de proteção contra a corrosão.

Para esta finalidade, tanto os revestimentos orgânicos (tintas), como os inorgânicos


(revestimentos metálicos ou de conversão como a anodização, cromatização) ou uma
combinação dos dois são utilizados.
A escolha de um sistema de proteção contra a corrosão para os metais ferrosos (como
o aço-carbono) dependerá de uma série de fatores, citando como um dos principais, o grau de
corrosividade do meio.

Na engenharia hidráulica e na engenharia mecânica é grande a preocupação com a


corrosão em bombas e em turbinas, sobretudo devido aos prejuízos que podem causar nas
estações elevatórias e nas usinas hidrelétricas.

2. Objetivos

Observar as reações de corrosão que o ferro pode sofrer.

3. Materiais

 Tubos de ensaio;
 Tubo de vidro de 40 cm graduado;
 Rolha de cortiça;
 Vidro de relógio;
 Béquer de 100 ml e de 500 ml;
 Pinça metálica;
 Frasco de resíduo.

4. Reagentes e indicadores

 H2SO4 concentrado;
 Soluções aquosas de HCl 6 mol/L, HCL 3 mol/L, H2SO4 3,5 mol/L, NaOH 0,1
mol/L, NaCl a 5%;
 Palha de aço;
 Pregos de ferro;
 Lâminas de ferro;
 Solução de NaCl contendo K3[Fe(CN)6];
 Fenolftaleína.
5. Procedimentos

5.1 Corrosão do ferro úmido na atmosfera


 Colocou-se um pedaço de palha de aço no fundo de um tubo. Este foi cheio
com água, de maneira que ela penetrasse a malha da palha de aço;
 Emborcou-se o tubo em um copo com água, deixando o ar penetrar cerca de 10
cm;
 Após uma semana, observou-se o conjunto, suas variações e resultados.

5.2 Corrosão úmida do ferro


 9 pequenos pregos de ferro foram limpos e mergulhados, cada um, nas
seguintes soluções:
- Tubo 1: água de torneira;
- Tubo 2: HCl p.a. diluído (3 mol L-1)
- Tubo 3: HCl p.a. (6 mol L-1)
- Tubo 4: NaOH (0,1 mol L-1)
- Tubo 5: H2SO4 (3,5 mol L-1)
- Tubo 6: H2SO4 conc.
- Tubo 7: NaCl a 5%
- Tubo 8: Somente o prego de ferro
 Após uma semana, observou-se o conjunto, suas variações e resultados.
5.3 Corrosão na linha d’água
 Mergulhou-se parcialmente um prego de ferro nas seguintes soluções:
- Tubo 1: água de torneira
- Tubo 2: NaCl a 5%
 Tampou-se os tubos de ensaio
 Após uma semana, observou-se o conjunto, suas variações e resultados.

5.4 Verificação das áreas anódicas e catódicas


 Em uma placa de ferro limpa (decapada com HCl, lavada e seca), colocou-se 2
gotas de solução de NaCl contendo K3[Fe(CN)6] (indicador de presença de
ferro(II)) e fenolftaleína.
 Após alguns minutos, as alterações e resultados foram observados e anotados.

5.5 Corrosão sob tensão


 Mergulhou-se um prego grande nas seguintes soluções:
1. NaCL a 5%
2. HCl a 6 mol L-1
 Após uma semana, as alterações e resultados foram observados e anotados.

5.6 Corrosão galvânica


 Colocou-se os pares Fe:Cu e Fe:Zn, unidos por um fio condutor de cobre
soldado, em aproximadamente 3mL de uma solução indicadora de NaCl
contendo indicador de ferro (II) e fenolftaleína.
 As equações, alterações e resultados foram anotados.

6. Resultados e discussões

6.1 Corrosão de ferro úmido na atmosfera

Após uma semana, observou-se que a palha de aço adquiriu aparência enferrujada.
A ferrugem se forma quando o ferro se oxida na presença de ar e água. Ocorre a oxidação do
ferro metálico a cátion ferro:

Fe(s) → Fe2+ + 2e-

Simultaneamente, há a seguinte redução da água:

2H2O + 2e– → H2 + 2OH–

Ocorre a formação do hidróxido ferroso (Fe(OH)2), que na presença de oxigênio é


oxidado a hidróxido de ferro III (Fe(OH)3). Posteriormente, ele perde água e se transforma no
óxido de ferro (III) mono-hidratado (Fe2O3 . H2O), isto é, a ferrugem[2]:

Fe2+ + 2OH– → Fe(OH)2


2Fe(OH)2 + H2O + 1/2O2 → 2 Fe(OH)3

2Fe(OH)3 → Fe2O3 . H2O + 2H2O

Notou-se também que o nível da água no interior do tubo aumentou, passando de


35,5 mL para 37,9 mL. Isso se deve à diminuição do volume de ar no mesmo recipiente
(provocada pelo consumo de oxigênio na corrosão) fazendo com que a pressão em seu interior
diminua com relação à pressão externa. Com isso, há a entrada de água no tubo e o consequente
aumento de sua coluna.

6.2 Corrosão úmida de ferro

Após uma semana, obtiveram-se os seguintes resultados nos tubos:

 Tubo 1: Houve corrosão do ferro de acordo com as reações:


Fe(s) + H2O(l) + 1/2O2(g) -> Fe(OH)2(aq)
Fe(OH)2(aq) + H2O(l) +3/2O2(g) -> Fe(OH)3(aq) + H2O(l)
Fe(OH)3(aq) -> H2O(l) + Fe2O3(s)
A ferrugem podia ser encontrada ao redor do prego e no fundo do tubo de ensaio

 Tubo 2:
O prego também oxidou-se, sendo perceptível que a corrosão foi maior que no
primeiro tubo devido a maior presença de sólido alaranjado no fundo do tubo.
Percebe-se também a presença de uma tonalidade verde na solução, que pode ser
explicada pela reação:

2Fe(s) + 6HCl(aq) -> 2FeCl2(aq) + 4H2(g)


O composto FeCl2 é solúvel em meio ácido e caracteristicamente verde.

 Tubo 3: Observou-se resultados semelhantes ao tubo 2, porém com maior


intensidade e proporção dos produtos da corrosão. Isso ocorres porque há maior
concentração do ácido corrosivo e consequentemente maior número de eletrólitos, os
quais geram mais fluxo de elétrons no meio.

 Tubo 4: Não houve alterações drásticas a olho nu além de uma leve


diminuição do brilho metálico do prego.

 Tubo 5: Houve oxidação do prego juntamente com a formação de


precipitado preto intenso, como mostra a seguinte equação: Fe(s) + H2SO4 -> H2(g)
+ FeSO4(s)
 Tubo 6: Não ocorreu reação em níveis significativos uma vez que a alta
concentração de ácido sulfúrico, substância molecular (aproximadamente 98%)
dificulta a formação de íons H+ dissociados em solução, impedindo assim a
ocorrência da corrosão.

 Tubo 7: Os resultados obtidos foram os mesmos do tubo 1 (corrosão do


ferro), porém mais intensamente. Isso devido à presença de NaCl, que facilita o
transporte de elétrons.

 Tubo 8: Alterações macroscópicas não puderam ser muito bem visualizadas,


embora se espere resultados semelhantes ao do tubo 1 a longo prazo. Isso porque
apenas a umidade do ar provoca uma reação muito lenta, diferentemente da presença
de água que, devido à sua alta polaridade, o movimento dos íons e seus rearranjos.

6.3 Corrosão na linha d’água

Após uma semana, observou-se que o prego sofreu uma corrosão mais intensa na
região exposta à linha d’água do que nas extremidades. Além disso, houve formação de um
precipitado negro no fundo do tubo e a solução apresentou coloração castanha escura na linha
d’água e castanha clara nas partes restantes. Essas reações podem ser explicadas pela diferença
de aeração em ambas as partes do prego. A parte que se encontra na linha d’água (catódica) está
em contato direto com o oxigênio, sofrendo, assim, uma oxidação mais intensa e uma maior
corrosão. Já a extremidade submersa (anódica) está em menor contato com o oxigênio, sofrendo
uma oxidação mais lenta.
Já no tubo contendo NaCl, depois de uma semana, o sistema apresentou o mesmo
aspecto do tubo de ensaio contendo água de torneira, porém com maior quantidade de
precipitado negro. Além disso, a reação foi mais veloz devido a uma corrosão mais intensa do
ferro, uma vez que este está submerso em uma solução iônica (NaCl), facilitando o transporte de
elétrons, ou seja, a oxidação

6.4 Verificação das áreas anódicas e catódicas

A colocação de gotas da solução de NaCL contendo indicador de ferro (II) e


fenolftaleína sobre a placa de ferro resultou em uma gota com coloração azulada no centro e
tons de rosa por toda a sua borda. Pode-se inferir que o ferro sofreu oxidação, tendo o Fe2+
resultante reagido com o Fe(CN)6 do indicador de ferro (II), formando um precipitado azul na
parte central da gota. Já o rosa na borda indica a presença de íons OH-, acusados pela adição de
fenolftaleína.
6.5 Corrosão sob tensão

Na solução de NaCl, uma semana depois, a solução ficou turva e o prego de ferro
liberou uma substância avermelhada (ferrugem), sendo mais intensa a corrosão nas
extremidades do mesmo devido à maior concentração de elétrons nessa região.
Já na solução de HCl, o prego sofreu corrosão, com mais intensidade nas
extremidades, tendo a solução com uma coloração esverdeada, proveniente do precipitado
Fe(OH)3 (aq) formado.

6.6 Corrosão galvânica

Após algum tempo, observamos no primeiro sistema (Fe:Cu) que a placa de ferro
sofreu oxidação liberando o íon Fe2+. Portanto, ao redor dessa placa, surgiu uma coloração
azul evidenciada pelo indicador de ferro (II).

Anodo: 2Fe(s) → 2Fe+(aq) + 4e-

Íons hidroxila são concentrados ao redor da placa de cobre, indicados pela


coloração rósea (fenolftaleina).

Cátodo: O2(g) + 4e- + 2H2O(l) → 4OH-(aq)

No segundo sistema montado (Fe:Zn), não foi observado surgimento de cores. Pela
equação global dessas substancias, obtem-se um potencial negativo, o que indica que a reação
não é espontânea:

Fe(s) ( Fe2+(aq) + 2e- Eº=0,44V


Zn2+(aq) + 2e- ( Zn(s) Eº= -0,76V
Zn2+(aq) + Fe(s) ( Fe2+(aq) + Zn(s) Eº= -0,32V

Dessa forma, não ocorreu corrosão das placas, o que explica também o fato de não
haver mudanças na coloração (indicadores não acusaram presença de ferro (II) nem de
hidroxila).

7 Conclusão
As experiências realizadas foram bem sucedidas, visto que apresentaram os resultados
esperados. Colaboraram, dessa forma, para um melhor entendimento acerca do tema “corrosão”,
como ocorre, o porquê, como minimizar, etc. São conhecimentos essenciais para o valorizado
mercado dos metais e que podem ajudar a melhorar a durabilidade destes produtos ou matérias-
primas.

8 Referências
[1] Química Geral. UFMG 2014
[2] FOGAÇA, Jenifer. Corrosão do ferro. Brasil Escola. Disponível em
http://educador.brasilescola.com/estrategias-ensino/corrosao-ferro.htm . Acesso em 09/06/2015

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