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VOLUNTARIADO NA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO PARQUE ESTADUAL DA

PEDRA AZUL

Julia Falqueto Ambrosim¹, Jessica Mascarello Graciano², Luana Rodrigues


Castiglioni³.
¹ Instituto Federal do Espírito Santo, Campus de Alegre, Rodovia BR 482, km 47, Alegre-ES, Brasil.
julia_falqueto@hotmail.com
² Universidade Federal do Espírito Santo/ Departamento de Biologia, ​Alto Universitário, S/N
Guararema - 29500-000 - Alegre-ES​, Brasi. ​jessicagraciano9@gmail.com
³ Universidade Federal do Espírito Santo/ Departamento de Geografia, ​Av. Fernando Ferrari, 514 -
Goiabeiras - 29075-910​l​ - Vitória-ES, Brasil​. ​luana.castiglioni@aluno.ufes.br

Resumo - ​Este trabalho teve como objetivo relatar a rotina do “programa de voluntariado em
unidades de conservação” promovido pelo ​Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos
(IEMA) no Parque Estadual da Pedra Azul, localizado no município de Domingos Martins, Espírito
Santo, Brasil. Durante o período de 08 de janeiro à 08 de fevereiro, onde foram exercidas atividades
como, por exemplo, o monitoramento ambiental e confecção de placas para as trilhas e observação
de animais ou vestígios dos mesmos.

Palavras-chave: ​Estágio voluntário, monitoramento ambiental, unidade de conservação


Área do Conhecimento: ​CIÊNCIAS BIOLÓGICAS e GEOGRAFIA

Introdução

Nos anos 2000, o governo brasileiro criou o Sistema Nacional de Unidades de Conservação
(SNUC), com o intuito de proteger áreas naturais dos impactos antrópicos. O SNUC apresenta 12
categorias de preservação, proteção e conservação ambientais. Dentre elas, se enquadram o​s
Parques Nacionais/Estaduais que promovem a preservação de ecossistemas naturais de grande
relevância ecológica e beleza cênica, onde é possível a realização de pesquisas científicas,
atividades de educação ambiental e visitação do público (Brasil, 2000).

O Parque Estadual da Pedra Azul (PEPAZ) por meio do Instituto Estadual de Meio Ambiente e
Recursos Hídricos - IEMA promove através do “Programa de Voluntariado em Unidades de
Conservação” práticas de conservação e educação ambiental afim de aproximar e envolver a
sociedade com a rotina do Parque que se situa no corredor central da Mata Atlântica, em uma das
áreas de extrema importância para a conservação, visto que o bioma é um ​hotspot de biodiversidade
(IDAF, 2004). A unidade de preservação integral PEPAZ é gerenciada pelo Instituto Estadual do Meio
Ambiente e Recursos Hídricos do Espírito Santo (IEMA) em parceria com o Instituto de Defesa
Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (IDAF).

A anterior Reserva Florestal, só foi transformada em Parque em 1991 (IEMA) com o intuito de
proteger os ecossistemas ali presentes, dentre as principais espécies vegetais da unidade
encontram-se orquídeas, bromélias, ingás, cedros, cássias, ipês, além de várias espécies de canela.
A fauna é diversificada contando com animais como tatu, tamanduá-de-colete, jaguatirica, araponga,
veado-catingueiro, trinca-ferro e sabiá, além de alguns ameaçados de extinção como sagüi-da-serra,
onça-parda e macaco-barbado.

O cume do Parque Estadual da Pedra azul encontra-se a 1.822 metros de altitude, e a área
protegida pelo parque corresponde à ​aproximadamente 12.400.000 m² de bioma Mata Atlântica. ​O
maciço rochoso principal que compõem o complexo da Pedra Azul foi descrito e denominado como
monzogranito e diorito por Costa-de Moura (1999), encontra-se inserido no limite das Faixa Araçuai

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para a Faixa Ribeira fazendo parte do Orógeno Araçuaí. A delimitação da área do parque pode ser
observada na imagem 1, a seguir:

Imagem 1 - Imagem de Satélite da ADA do Parque Estadual da Pedra Azul. (Castiglioni, 2019)

Metodologia

O programa de voluntariado teve duração de um mês, sendo iniciado no dia 8 de janeiro e


finalizado em 8 de fevereiro de 2019. Como parte do programa, todos os dias as trilhas do PEPAZ
eram vistoriadas em dois momentos, um antes do início das visitações (6h) e um ao final do dia
quando o parque estava próximo de ser fechado (16h). No primeiro período de vistoria, foi realizada a
busca ativa para visualização de fauna e seus vestígios. No segundo período a vistoria era feita para
monitorar o impacto ambiental dos visitantes na trilha, onde era observado todo e qualquer vestígio
antrópico, como lixos e pichações.
Além do atendimento aos visitantes, onde houve o trabalho de conscientização ambiental, no qual
promoveu-se ações de educação ambiental como a árvore do saber, em que os “guardas mirins”,
(crianças e jovens) poderiam exercer a função de guardas ambientais durante a sua visitação,
alertando as pessoas que descumprissem com as normas do parque nas trilhas. Ao retornarem para
o centro de visitantes, as crianças podiam explorar sua criatividade fazendo desenhos em folhas de
papéis moldadas como a folhagem da ​Clusia fluminensis,​ espécie de flora nativa da mata atlântica e
depois as folhas desenhadas eram expostas em galhos secos no centro de visitantes. Ao final da
visitação foi aplicado um questionário online para os visitantes visando compreender as demandas do
PEPAZ.

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Resultados

Na primeira semana de voluntariado foi iniciado o monitoramento das trilhas e, com isso, foi
encontrado lixo em vários pontos. No decorrer da mesma promoveu-se abordagens com o tema de
educação ambiental aos visitantes, mostrando a importância de trazerem de volta todos os resíduos
que haviam levado para as trilhas, inclusive os orgânicos. Dessa forma, nos seguintes
monitoramentos observamos significativa redução na quantidade de lixo nas trilhas, até que nas
últimas semanas quase nada foi encontrado.

O atendimento aos visitantes foi otimizado e eficaz na abordagem sobre educação ambiental,
expressos na figura 1. No período do voluntariado, foram obtidos cerca de 25 registros fotográficos
dos animais observados no entorno do parque, sendo os principais indicados nas figuras 2, 3, 4 e 5.

Figura 1- Realização do atendimento ao público.

Fonte: os autores.

Figura 2- Confecção de placas e manutenção na via de escalada.

Fonte: os autores.

Figura 3- Insetos.

Fonte: os autores.

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Figura 4- Organismos variados.

Fonte: os autores.

Figura 5 - Aves

Fonte: os autores.

Discussão

No período do estágio voluntário, como mencionado anteriormente, as atividades variaram em


atendimento aos visitantes, confecção de placas, manutenção da via de escalada, monitoramento de
animais e monitoramento de impactos ambientais. As figuras 1 e 2 representam o atendimento aos
visitantes, fornecendo informações sobre o parque e as abordagens com viés na educação ambiental
e a confecção das placas e manutenção na via de escalada, que eram necessidades das trilhas.
Observou-se grande variedade de organismos nos trajetos e principais pontos do parque. A figura
3 representa os insetos encontrados nas trilhas, a figura 4 mostra o sagui-da-serra, uma lagartixa e o
líquen vermelho que é uma associação de fungo e algas, o qual é considerado bioindicador de ar
puro. Este líquen é sensível à quantidades pequenas de monóxido e dióxido de carbono.
Em um mês de voluntariado, foram obtidos 25 registros fotográficos, sendo o grupo das aves o
mais abundante. O monitoramento de fauna apresentou significativa eficácia pela manhã
possibilitando a visualização destes e seus vestígios na área do parque. O maior número de registros
no período matutino, provavelmente está relacionado a pouca presença de pessoas, que
naturalmente afugenta os animais e também ao período de atividade de algumas espécies ser pela

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manhã. Já o monitoramento de impactos ambientais, expressou potencial logo após o período de
visitação ser encerrado, possibilitando observar os impactos decorrentes da visitação ao longo do dia.

Conclusão

No presente estágio e suas determinações, é possível concluir que o voluntariado em Unidades de


Conservação é uma excelente forma de aproximar a sociedade de uma UC, promovendo ações para
o entendimento da importância de preservação dos recursos naturais e o uso de forma sustentável.
Este que foi de grande importância também para os selecionados, pois os conhecimentos adquiridos
no decorrer da graduação foram aplicados no período de estágio, além de agregar mais
conhecimento com a vivência dentro da UC. O estágio voluntário viabilizou o diálogo como intermédio
entre visitantes e a UC para compreender as necessidades e promover o desenvolvimento das
demandas emergenciais do Parque Estadual da Pedra Azul. Portanto, a experiência adquirida no mês
de janeiro foi de cunho agregativo em duas vias principais, no atendimento aos visitantes e
desenvolvimento da educação ambiental, e nos monitoramentos ambientais, onde foi possível a
observação de diversos organismos e, consequentemente, seus hábitos mais intrinsecamente
relacionados aos períodos de visitação.

Agradecimentos: ​Agradecemos ao Programa de Voluntariado, promovido pelo IEMA, pela


oportunidade e em especial ao Leonardo Brioschi Mathias por todo apoio durante o período de
estágio.

Referências

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação da


Natureza: Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000; Decreto nº 4.340, de 22 de agosto de 2002; Decreto
nº 5.746, de 5 de abril de 2006. Plano Estratégico Nacional de Áreas Protegidas: Decreto nº 5.758, de
13 de abril de 2006. Brasília: MMA, 2011. 76 p.

COSTA-DE-MOURA J. et al. 1999. O plúton de Azul: a estrutura do maciço intrusivo e suas rochas
encaixantes – Domingos Martins, Espírito Santo, Brasil. In: VII SIMPÓSIO NACIONAL DE ESTUDOS
TECTÔNICOS – SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE TECTÔNICA DA SBG, 1999. Lençóis (Ba).
Anais...​ Lençóis (BA): Simpósio Internacional de Tectônica da SBG, p. 129-131, 1999.

Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo. Plano de Manejo do Parque Estadual
da Pedra Azul. CPM RT 199/04. In: PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O
DESENVOLVIMENTO - PNUD PROJETO CORREDOR CENTRAL DA MATA ATLÂNTICA. 2004.

SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE. Manual de Construção e Manutenção de Trilhas.


São Paulo: Imprensa Oficial, 2009.

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