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Tertuliano
Nascimento 160
Cartago na província
romanada África
por nos dar a mais antiga exposição formal ainda existente sobre a teologia trinitária.[1][3] É
um dos Padres latinos.
Algumas das ideias de Tertuliano não eram aceitáveis para os ortodoxos e, no fim de sua
vida, ele se tornou um montanista.
Vida[editar | editar código-fonte]
Tertuliano
Pouquíssima informação confiável existe sobre a vida de Tertuliano. A maior parte do que
sabemos sobre ele vem de seus próprios escritos.
De acordo com a tradição, ele foi criado em Cartago[4] e acreditava ser o filho de
um centurião romano, um advogado treinado e um padre ordenado. Estas assertivas se
baseiam principalmente em Eusébio de Cesareia na sua História Eclesiástica (livro II, cap
2[5]) e em São Jerônimo, em De Viris Illustribus (cap. 53 [6]).[7] Jerônimo alegou que o pai de
Tertuliano tina a posição de centurio proconsularis no exército romano na África. Porém,
não está claro se esta posição sequer existiu nas forças militares romanas.[8]
Adicionalmente, acredita-se que Tertuliano foi um advogado por causa do uso que ele faz
de analogias legais e de uma identificação dele com o jurista Tertulianus, que foi citado
no "Digesta seu Pandectae". Embora Tertuliano utilize conhecimentos da lei romana em
seus escritos, seu conhecimento legal não é — de forma demonstrável — superior ao que
se esperaria de um romano com educação suficiente.[9] Dos escritos de Tertulianus, um
advogado com o mesmo cognome, existem apenas fragmentos e eles não demonstram
uma autoria cristã. E Tertulianus só foi confundido com Tertuliano muito depois, por
historiadores cristãos.[10] Finalmente, também é questionável se ele era ou não um padre.
Em suas obras sobreviventes, ele jamais se descreve como ordenado[8] pela Igreja e
parece se colocar como leigo em trechos de "Exortação à Castidade" (7.3[11]) e "Sobre a
Monogamia" (12.2[12]).
A África era famosa por ser terra de oradores. Esta influência pode ser percebida no estilo
de Tertuliano, permeado de arcaísmos e provincialismos, suas imagens brilhantes e o seu
temperamento apaixonado. Ele era um estudioso de grande erudição, tendo escrito pelo
menos dois livros em grego. Neles, ele se refere a si mesmo, mas nenhum sobreviveu até
hoje. Sua principal área de estudo era a jurisprudência e sua forma de raciocinar revela
algumas marcas de um treinamento jurídico mais formal.
“ Nós somos da mesma laia e natureza: cristãos são feitos e não nascidos
”
— Apologia, Tertuliano [13].
Dois livros endereçados à sua esposa confirmam que ele foi casado com cristã.[14]
No meio de sua vida (por volta de 207 d.C.), ele foi atraído pela "Nova profecia"
do Montanismo e parece ter deixado o ramo principal da Igreja. No tempo de Santo
Agostinho, um grupo de "tertulianistas" ainda tinham uma basílica em Cartago que, nesta
mesma época, passou para a Igreja. Não sabemos se esta é apenas uma outra
denominação para os montanistas e se significa que Tertuliano rompeu também com os
[b]
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Gregório de Nazianzo
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Nota: Para o pai, veja Gregório de Nazianzo, o Velho. Para outros significados,
veja Gregório.
Índice
1Biografia
o 1.1Primeiros anos e educação
o 1.2Sacerdócio
o 1.3Episcopado em Sásima e Nazianzo
o 1.4Gregório em Constantinopla
o 1.5Segundo Concílio Ecumênico e aposentadoria em
Arianzo
2Legado
o 2.1Pensamento teológico
o 2.2Influência
o 2.3Obras
3Relíquias
4Ver também
5Notas
6Referências
7Bibliografia
Gregório foi consagrado bispo de Sásima em 372[2]:190–5, uma Sé recentemente criada por
Basílio para reforçar sua posição na disputa contra Antimo, bispo de Tiana[4]. As ambições
do pai de Gregório de ver o seu filho subir na hierarquia da Igreja e a insistência de seu
amigo Basílio convenceram Gregório a aceitar esta posição, apesar de suas reservas
pessoais. Gregório iria depois se referir à esta consagração episcopal como tendo sido
forçada sobre ele por seu teimoso pai e por Basílio[2]:187–92. Descrevendo seu novo bispado,
Gregório lamentou que ele não passava de um "buraquinho apertado, completamente
horrível; uma irrisória parada de cavalos na estrada principal... sem água, vegetação ou a
companhia de cavalheiros... esta era a minha igreja em Sásima!"[6].Ele fez pouco para
administrar sua nova diocese, reclamando a Basílio que ele teria preferido, ao invés disto,
ter continuado a perseguir a vida contemplativa[3]:38–9.
Já no final de 372, Gregório retornou a Nazianzo para ajudar seu pai, no leito de morte,
com a administração de sua diocese[2]:199. Isso acabou por afetar a relação com Basílio, que
insistia que Gregório reassumisse o seu posto em Sásima.Gregório respondeu que ele não
tinha intenção alguma de voltar a ser um peão para avançar os interesses de Basílio[7]. Ao
invés disso, ele focou sua atenção em suas novas tarefas como coadjutor de Nazianzo.
Foi ali que Gregório pregou a primeira de suas famosas orações episcopais . [b]
Após as mortes de seu pai e de sua mãe em 374, Gregório continuou a administrar a
diocese de Nazianzo, mas recusou ser nomeado bispo. Doando a maior parte de sua
herança aos necessitados, ele viveu uma existência austera[4]. No final de 375, ele se
retirou para um mosteiroem Selêucia Isaura (atual Silifke), vivendo ali por três anos. Perto
do final deste período, seu grande amigo Basílio faleceu. Embora a saúde de Gregório não
tenha permitido que ele participasse do funeral, ele escreveu uma comovente carta de
condolências para o irmão de Basílio, Gregório de Níssa, e compôs dois poemas
memoriais dedicados à memória de seu finado amigo . [c]
“
Vejam estes fatos: Cristo nasce, o Espírito Santo é seu precursor.Cristo é batizado, o
Espírito testemunha... Cristo realiza milagres, o Espírito os acompanha. Cristo
ascende, o Espírito toma Seu lugar. Que grandes coisas existem na ideia de Deus que
não estão em Seu poder? Que títulos pertinentes à Deus não se aplicam também a Ele,
exceto por "Não-criado" e "Criado"? Eu tremo quando eu penso em tal abundância
de títulos, e quantos Nomes eles blasfemam, estes que se revoltam contra o Espírito! ”
— Oração 31, Gregório de Nazianzo
As homilias de Gregório foram bem recebidas e atraiam uma multidão crescente até
Anastasia. Temendo sua popularidade, seus oponentes resolveram atacar. Na vigília
da Páscoa, em 379, uma multidão ariana invadiu a igreja durante a missa, ferindo Gregório
e matando um outro bispo. Escapando da turba, Gregório em seguida foi traído por seu até
então amigo, o filósofo Máximo, o Cínico. Máximo, que tinha uma aliança secreta
com Pedro, o bispo de Alexandria, tentou tomar para si a posição de Gregório e fazer-se
consagrar como bispo de Constantinopla. Chocado, Gregório decidiu renunciar ao seu
posto, mas a facção ainda fiel a ele o induziu a ficar e Máximo foi expulso.Porém, o
episódio o envergonhou e o expôs às críticas dos que o acusavam de ser um simplório,
incapaz de aguentar as intrigas da corte imperial[3]:43.
A situação em Constantinopla continuou confusa, pois a posição de Gregório ainda não
era oficial e padres arianos ocupavam ainda muitas igrejas importantes. A chegada do
imperador Teodósio em 380 resolveu a questão a favor de Gregório. O imperador,
determinado a eliminar o arianismo, expulsou o bispo Demófilo e Gregório foi
subsequentemente entronizado como bispo de Constantinopla na Basílica dos Apóstolos,
no lugar de Demófilo[3]:45.
Segundo Concílio Ecumênico e aposentadoria em Arianzo [editar | editar
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Um ícone mostrando os Três Grandes Hierarcas: (esq. para dir.:)Basílio Magno, São João
Crisóstomo e Gregório, o Teólogo
Teodósio queria unificar ainda mais o Império Romano sob a posição ortodoxa e decidiu
convocar um concílio da Igreja para resolver os assuntos de fé e disciplina[3]:45. Gregório
queria o mesmo e desejava sanar os cismas vigentes na Cristandade. Na primavera de
381, reuniram o Primeiro Concílio de Constantinopla (Segundo Concílio Ecumênico), que
teve a presença de cento e cinquenta bispos orientais. Após a morte do bispo que presidia
os trabalhos, Melécio de Antioquia, Gregório foi selecionado como líder. Na esperança de
reconciliar as várias Igrejas orientais e a ocidentais, se ofereceu para
reconhecer Paulino como Patriarca de Antioquia. Os bispos das províncias
romanasdo Egito e Macedônia, que apoiavam Máximo, chegaram atrasados para o
concílio. Porém, uma vez lá, se recusaram a reconhecer a posição de Gregório como
chefe da igreja de Constantinopla, argumentando que sua transferência da Sé de Sásima
fora canonicamenteilegítima[2]:358–9.
Gregório estava fisicamente exaurido e preocupado em perder a confiança dos bispos e do
imperador[2]:359. Em vez de pressionar ainda mais sua posição e arriscar uma divisão maior,
ele decidiu renunciar: "Que eu seja o profeta Jonas! Eu fui o responsável pela tempestade
e seria capaz de sacrificar-me para a salvação da embarcação. Agarrem-me e me atirem
ao mar... Eu não estava feliz quando ascendi ao trono e com alegria eu desceria dele."[12].
Ele chocou o concílio com a sua renúncia surpreendente e deu um dramático discurso
para Teodósio pedindo que o liberasse de suas funções. O imperador, movido por suas
palavras, aplaudiu, elogiou seu trabalho e lhe concedeu a renúncia. O concílio pediu-lhe
que aparecesse uma vez mais para um ritual de despedida e orações celebratórias.
Gregório utilizou esta ocasião para proferir seu discurso final (Oração 42 ) e partiu[2]:361.
[e]
Retornando à sua terra natal na Capadócia, Gregório uma vez mais assumiu sua posição
como bispo de Nazianzo. Passou o ano seguinte combatendo os apolinaristas locais e
lutando contra uma doença recorrente. Também começou a compor De Vita Sua, seu
poema autobiográfico[3]:50. No final de 383, se considerou debilitado demais para continuar
as suas tarefas episcopais. Gregório então consagrou Eulálio como bispo da cidade e se
retirou para a solidão de Arianzo. Após de gozar cinco pacíficos anos retirado nas terras
[a]
da doutrina da Trindade"[22].
Obras[editar | editar código-fonte]
Gregório e os miseráveis.
Miniatura no mosteiro Agiou Panteleimonos, emMonte Atos, cod. 6.
Devido à tendência de Gregório de comentar aspectos de sua vida pessoal em suas obras,
elas são facilmente identificáveis e mostram claramente a evolução de seu pensamento[23].
Seus discursos (Orationes: abreviado aqui como "Orat.") foram organizados de maneira
cronológica para publicação integral por Tillemont e Maurini: abarcam a vida de Gregório
desde 362 até 383. No total, foram 44 (com uma finalmente sendo rechaçada
como espúrio). A edição de Migne (Patrologia Grega) os publicou nos volumes 35 e 36 . A
edição crítica, já com apenas os 43 discursos comprovados como autênticos foi publicada
pelas Sources Chrétiennes[24]. É possível identificar retoques feitos pelo autor, o que
implica que Gregório já imaginava publicar estes discursos. Rufino de Aquileia foi um dos
primeiros a traduzir alguns deles para o latim. No primeiro, Gregório pede desculpas por
fugir da ordenação sacerdotal. No segundo, fala do sacerdócio com um texto que
claramente influenciou a obra posterior de João Crisóstomo, os "Seis livros do
sacerdócio"[25]:386. Os famosos "Discursos Teológicos" sobre a Trindade se encontram sob
os números 27–31 na obra de Migne: o título foi sugerido pelo próprio Gregório (cf. Orat.
28, 1). Os discursos em que ele se dedicou a combater Juliano, o Apóstata foram escritos
no ano de 370 (cf. Orat. 4 e 5).
Suas cartas foram colecionadas por Migne no volume 37 de sua Patrologia Grega. São
249, ainda que com algumas espúrias. Datadas a partir de 359, muitas foram dirigidas
a Basílio Magno. Três cartas teológicas sobre o apolinarismo foram publicadas
por Sources Chrétiennes no volume 208 de sua coleção.
Sua obra poética se divide em Carmina dogmatica (38 poemas), Carmina moralia (40
poemas), sobre si mesmo (99 poemas), sobre seus amigos (8 poemas), epitáfios (129
poemas) e epigrammata (94 poemas). Todos estão no volume 37 de Migne. Um poema
sobre a Paixão de Cristo é considerado apócrifo (cf. SC vol. 149.), ainda que seja um tema
de debates em que autores como Francesco Trisoglio ou André Tuilier defendem que ele é
de fato obra de Gregório[25]:389.
Juntamente com Basílio, Gregório compôs uma edição de textos
de Orígenes chamada "Filocália". Além do tema da apocatástase, já tratado, outro ponto
de contato entre Gregório e Orígenes é a sua avaliação positiva do uso da cultura clássica
no cristianismo. A comparação utilizada por Orígenes, de que assim como
os judeus levaram consigo os tesouros dos egípcios em sua fuga, também os cristãos
deveriam tomar da cultura greco-latina aquilo que fosse necessário para a propagação do
Evangelho, também foi utilizada por Gregório nesta obra[26].
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Gregório de Níssa
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Nota: Para bispo de Níssa, veja Gregório.
Padre capadócio
Nascimento c. 335 em Cesareia, Capadócia
Índice
1Esboço biográfico
2A obra teológica
3Traços de um pensamento
o 3.1Teologia e filosofia
o 3.2A Trindade
o 3.3Cristologia
o 3.4Mariologia
o 3.5Antropologia
o 3.6Escatologia
4Misticismo
o 4.1A imagem de Deus no homem
o 4.2Intuição de Deus
o 4.3A ascensão mística
5Bibliografia
6Ligações externas
De virginitate
Gregório de Níssa é, dos padres capadócios, o mais versátil e o que teve mais êxito. Os
seus escritos revelam uma grande profundidade de pensamento. Contudo, apesar de
mostrar influências da retórica, o seu estilo é muitas vezes pesado e sobrecarregado.
De entre as suas obras devem ser realçadas: "A Grande Catequese"; "Diálogo com
Macrina sobre a Alma e a Imortalidade"; "Sobre a Virgindade"; "Sobre a Criação do
Homem"; "Comentário ao Cântico dos Cânticos e às oito bem-aventuranças"; "Sobre o
amor dos Pobres"; "Sobre a Divindade do Filho e do Espírito Santo"; "A Vida de Moisés".
Gregório de Níssa foi, no século IV, aquele que mais utilizou a filosofia nas suas reflexões.
Tal como Orígenes, critica a esterilidade da filosofia pagã, mas advoga um discreto uso
dela, ao serviço da teologia cristã, a fim de resgatar a sabedoria pagã (a que reconhece a
existência), e dar-lhe um fim elevado. Considera que a filosofia não pode ser independente
ou absoluta, pois deve harmonizar-se com a Escritura.
Gregório de Níssa recorre muito a filósofos pagãos, mas mantendo sempre uma atitude
cristã. Foi influenciado sobretudo por Platão, pelo neoplatonismo e também por
elementos estoicos. Era convicção sua que devia utilizar a razão para procurar demonstrar
os mistérios da Revelação. Contudo, na impossibilidade de o fazer, considerava que a fé
havia que ser transmitida tal como fora recebida.
A Trindade[editar | editar código-fonte]
Para explicar este mistério, Gregório de Níssa recorre a Platão, enveredando por uma
explicação demasiado realista: compara a natureza divina à humana, referindo que ao
dizermos “homem” queremos referir a natureza humana, de modo que não poderemos
dizer “três homens”. Com isto, mostra admitir a ideia platónica de que há uma só essência
para muitos indivíduos, confundindo o abstracto com o concreto. Para explicar a Trindade,
defende que a ideia universal é algo real.
A distinção das pessoas divinas dá-se somente nas suas relações imanentes. A acção
externa é una e comum às três pessoas. A distinção dá-se no imanente, entre o que gera
e o que é gerado. O Espírito Santo procede do Pai através do Filho, contudo, o Espírito de
Deus é também Espírito do Filho. Gregório de Níssa vai mais além do que os outros no
aprofundamento das relações entre o Espírito Santo e Cristo.
Cristologia[editar | editar código-fonte]
Gregório de Níssa apresenta uma nítida distinção entre as duas naturezas de Cristo. Não
existe confusão quando consideramos cada uma delas em si mesma. Assim, nem a carne
existe desde sempre, nem o Verbo começou a existir no fim dos tempos. Em relação aos
restantes atributos de Cristo, conserva-se esta distinção, podendo uns ser atribuídos à sua
natureza humana e outros à sua natureza divina. No entanto, Gregório de Níssa admite
totalmente a communicatio idiomatum: por causa da união, os atributos próprios de cada
uma das naturezas pertencem a ambas.
As duas naturezas continuam distintas mesmo após a exaltação de Cristo. Mas, apesar
destas duas naturezas, existe em Cristo uma só pessoa.
Mariologia[editar | editar código-fonte]
Gregório de Níssa, como vimos, defende a realidade da natureza humana e divina de
Cristo. Ora, o Filho de Deus tomou a natureza humana a partir da Virgem Maria. Assim,
ela pode com propriedade ser chamada Mãe de Deus (Teótoco).
Gregório de Níssa defende ainda a virgindade de Maria, mesmo durante o parto, dizendo
que nem o nascimento destruiu a virgindade, nem a virgindade impediu o nascimento.
Antropologia[editar | editar código-fonte]
A antropologia de Gregório de Níssa caracteriza-se pela descrição do Homem como o
ponto de convergência da natureza e do espírito. Criado e plasmado à semelhança de
Deus, o Homem é um ser privilegiado pois foi dotado pelo Criador, por Deus, de todos os
bens. Criado para ser participante, pela Graça, da divindade, é dotado de livre arbítrio que,
ao mesmo tempo, o dota de uma certa inconstância. Por o livre arbítrio ser criado, é
igualmente propenso para a mutabilidade, isto é, para a possibilidade de fazer o Homem
escolher o bem ou o mal ("A Grande Catequese" 6, 28 C). Para Gregório o mal é,
precisamente, esta escolha livre de optar contra Deus: não é "algo", mas a inexistência de
algo que deveria existir, a saber, a decisão por Deus ("A Grande Catequese" 5, 24 C). Este
estado não é, porém, irreversível, pois - como aduz continuamente ao longo da
sua Teologia -, segundo a Bíblia todo o Homem foi chamado a uma Nova Vida em Jesus
Cristo que o pode levar, ao cooperar com os dons deste, à restauração da semelhança
com Deus perdida pelo pecado. Para Gregório, Jesus só pôde salvar o Homem na medida
em que, como atestam incoativa, mas inequivocamente, os textos bíblicos,
era «verdadeiramente Homem e verdadeiramente Deus», pois «aquilo que Deus não
assumiu, não redimiu».
Escatologia[editar | editar código-fonte]
Gregório de Níssa, neste ponto, mostra-se bastante fiel a Orígenes. Contudo, diferencia-se
dele nalgumas doutrinas: nega ideias como a da pré-existência ou transmigração
das almas, e ainda que a sua união ao corpo se deva a um castigo pelo pecado. Partilha
com Orígenes, porém, a doutrina da apocatástase. Para S. Gregório, as
penas infernais nunca poderão ser eternas, mas apenas temporárias, e têm um sentido de
purificação. Apesar de ameaçar, nos seus escritos, os pecadores com o fogo eterno, tal
expressão tem para ele o significado dum longo período de tempo, pois não pode
conceber uma separação definitiva entre Deus e as suas criaturas. No fim dos tempos, virá
a restauração completa, em que Deus será tudo em todos, e essa será a conclusão de
toda a história da salvação (enquanto para Orígenes era apenas um fim dum ciclo,
devendo repetir-se tudo de novo)
Morte 1 de
janeiro de 379 (50 anos).[2] em Cesareia, Capadócia, Império
Romano
Índice
1História
o 1.1Primeiros anos e educação
o 1.2Anexos
o 1.3Cesareia
2Obras
3Legado
o 3.1Contribuições litúrgicas
o 3.2Influências no monasticismo
4Devoção
5Referências
6Bibliografia
7Ligações externas
Basílio nasceu na rica família de Basílio, o Velho, um famoso retórico,[9] e Emélia por volta
de 330 em Cesareia na Capadócia.[10] Seus pais eram conhecidos por sua piedade[11] e sua
avó materna era uma mártir, executada antes da conversão de Constantino I.[12][13]Entre os
irmãos de Basílio, quatro são geralmente venerados como santos: Macrina, a Jovem, São
Naucrácio, Pedro de Sebaste e Gregório de Níssa.
Logo após o nascimento de Basílio, a família se mudou para as terras de sua avó Macrina,
perto da cidade de Neocesareia. Lá, Basílio foi educado em casa por seu pai e pela avó,
que havia sido aluna de Gregório Taumaturgo e acabou exercendo grande influência sobre
ele.[14] Após a morte de seu pai, ainda em sua adolescência, Basílio retornou para Cesareia
para começar a sua educação formal.[15]Lá, encontrou Gregório de Nazianzo, que se
tornaria um amigo pela vida toda.[16] Juntos, Basílio e Gregório foram estudar
em Constantinopla, onde puderam ouvir as palestras de Libânio. Finalmente, os dois
passaram quase seis anos em Atenas, começando por volta de 349, onde conheceram um
companheiro de estudos que viria a se tornar o imperador romano Juliano, o Apóstata,
grande inimigo do cristianismo.[17][18]
Basílio deixou Atenas em 356 e, depois de viajar pelo Egito e Síria, retornou para
Cesareia, onde, por cerca de um ano, advogou e ensinou retórica.[10] Um ano depois, a
vida de Basílio mudaria radicalmente depois de se encontrar com Eustácio de Sebaste, um
bispo carismático e asceta.[19] Basílio logo abandonou as suas profissões de docente e
advogado para dedicar sua vida a Deus. Descrevendo o seu despertar espiritual, Basílio
disse:
“ ”
Muito tempo eu desperdicei com vaidades e gastei quase toda a minha juventude com
o trabalho que tive adquirindo uma sabedoria que Deus tornou vã. Então, de repente,
como alguém que acorda de um sono profundo, virei meus olhos para a maravilhosa
luz da verdade do Evangelho e percebi a inutilidade da sabedoria dos príncipes deste
mundo, que se transformou em nada.
— Basílio de Cesareia, Epístola 223.2[20].
Anexos[editar | editar código-fonte]
Basílio, juntamente com Gregório de Nazianzo e João Crisóstomo, é um dos Três Grandes
Hierarcas, reverenciados na Igreja Ortodoxa.
século XVI. Ícone russo.
Após receber o sacramento do batismo, Basílio viajou em 357 para a Palestina, Síria e
a Mesopotâmia para estudar o monasticismo e o ascetismo.[21][22] Mesmo impressionado
com a piedade dos ascetas eremitas, o ideal da vida de solitária contemplação tinha pouco
apelo para ele.[23] Por outro lado, ele se interessou muito pela vida religiosa comunitária.
Após doar sua riqueza aos pobres, foi viver solitariamente por um curto período
em Neocesareia no Íris.[21]Basílio logo se cansou e, por volta de 359, juntou à sua volta um
grupo de discípulos, incluindo seu irmão, Pedro. Juntos, fundaram um mosteiro nas terras
da família perto de Anesos, no Ponto.[24] Estavam ali também sua mãe, Emélia, já viúva,
sua irmã Macrina e diversas outras mulheres que se dedicaram também à vida piedosa de
oração e às obras de caridade. Eustácio de Sebaste já tinha trabalhado na região em prol
da vida anacoreta e Basílio o reverenciou por isso, embora os dois divergissem sobre
diversos pontos dogmáticos, o que gradualmente os separou.[25]
Foi lá que Basílio escreveu suas obras sobre a vida monástica comunitária, que são
consideradas fundamentais para o desenvolvimento da tradição monásticas na Igreja
Ortodoxa e que o levaram a ser chamado de "Pai do monasticismo comunal
ortodoxo".[26] Em 358, escreveu para o seu amigo, Gregório de Nazianzo, pedindo-lhe que
se juntasse a ele em Anesos.[27] Gregório eventualmente concordou e para lá se foi; juntos,
colaboraram na "Filocalia", uma antologia das obras de Orígenes.[28] Depois deste período,
Gregório decidiu voltar para junto de sua família em Nazianzo.
Basílio também esteve no Concílio de Constantinopla de 360 e foi lá que se juntou pela
primeira vez com os homoiousianos (vide controvérsia ariana), uma facção semi-
ariana que ensinava que o Filho era de uma substância similar à do Pai, não a mesma
('tese dos homoousianos) e nem outra distinta (tese dos arianos).[29] Entre os membros do
grupo estava Eustácio, o mentor de Basílio no ascetismo. Os homoiousianos se opunham
ao arianismo de Eunômio, mas se recusavam a se juntar aos que apoiavam o Credo de
Niceia. Esta posição o colocou em atrito com o seu bispo, Diânio, que era um niceno
convicto. Anos mais tarde, Basílio abandonaria os homoiousianos e se tornaria um
defensor dos nicenos.[29]
Cesareia[editar | editar código-fonte]
Gregório de Nazianzo, grande amigo e colaborador de Basílio, co-escreveu com ele a "Filocalia".
século XI. Afresco na Igreja de Chora, em Istambul.
Em 362, Basílio foi ordenado diácono pelo bispo Melécio de Antioquia. Ele foi convocado
por Eusébio e foi ordenado presbítero da Igreja em 365, um ato que foi provavelmente o
resultado de suas discordâncias com seus superiores eclesiásticos.[21]
Basílio e Gregório de Nazianzo passaram os anos seguintes combatendo a heresia ariana,
que ameaçava dividir a região da Capadócia[30]. Os dois amigos entraram num período de
cooperação fraternal muito próxima conforme participavam de grandes debates e disputas
retóricas causados pela chegada de habilidosos teólogos e retóricos arianos na
região.[31] Quase sempre presididos por agentes do imperador Valente, Gregório e Basílio
emergiram vitoriosos, confirmando para ambos que o futuro para eles estava na
administração da Igreja.[31]
Basílio assumiu uma posição na administração da Diocese de Cesareia.[26] Relata-se que
Eusébio teria se enciumado da reputação e influência que Basílio rapidamente conquistou
e permitiu-lhe que voltasse para sua vida reclusa anterior. Posteriormente, porém,
Gregório persuadiu Basílio a retornar, o que ele fez, e se tornou um gestor muito eficiente
da diocese por muitos anos, mesmo dando quase todo o crédito a Eusébio.[32]
Em 370, Eusébio morreu e Basílio foi escolhido para sucedê-lo, sendo consagrado bispo
em 14 de junho de 370.[33] Seu novo posto como bispo de Cesareia também lhe deu
poderes de exarca no Ponto e bispo metropolitano de cinco bispos sufragâneos, muitos
dos quais foram contra a sua eleição como sucessor de Eusébio.[32]
Suas cartas mostram que Basílio trabalhou ativamente tentando reformar ladrões e
prostitutas. Elas também mostram-no encorajando o clero a não serem tentados pelas
riquezas ou pela vida comparativamente mais fácil de um padre, e que ele pessoalmente
escolhia candidatos dignos das ordens sagradas. Basílio também teve a coragem de
criticar funcionários públicos que falhavam na tarefa de prover a justiça ao povo e pregava
todas as manhãs e tardes em sua própria igreja para grandes congregações de fiéis. E,
por fim, ele construiu um grande complexo nas redondezas de Cesareia, chamado
de Basilíada, que incluía um abrigo para os pobres, um hospícioe um hospital.[34]
Seu zelo pela ortodoxia doutrinária não evitou que ele visse os pontos positivos nas teses
de seus adversários e, com o objetivo de manter a paz e a caridade, contentava-se em
dispensar o uso da terminologia ortodoxa quando ela podia ser evitada sem sacrificar a
verdade. O imperador Valente, que era ariano, enviou seu prefeito Modesto para tentar ao
menos uma solução de compromisso com a facção nicena. A contundente resposta
negativa de Basílio fez com que Modesto lhe dissesse que ninguém jamais o havia tratado
desta forma, ao que Basílio respondeu "Talvez você jamais teve que lidar com um bispo
antes". Modesto fez seu relato a Valente afirmando acreditar que nada além de violência
seria suficiente contra Basílio. O imperador aparentemente não estava inclinado a usar de
violência e, em vez disso, emitiu repetidas ordens para que Basílio fosse banido, nenhuma
delas efetiva. Valente então foi ele mesmo a uma celebração da liturgia da Festa
da Epifania e, na época, ficou tão impressionado com Basílio que doou-lhe terras para a
construção do Basiliad.[35]
Basílio entrou em contato com o ocidente e, com a ajuda de Atanásio de Alexandria,
tentou superar a sua atitude de desconfiança em relação aos homoousianos. As
dificuldade tinham se acentuado quando entrou no debate a questão
da essência do Espírito Santo. Embora Basílio defendesse objetivamente
a consubstancialidade do Espírito com o Pai e com o Filho, ele era dos que, fiéis à tradição
oriental, não tolerava que o predicado homoousios ao Pai. Por esta aproximação, ele foi
admoestado pelos mais tradicionais ortodoxos, principalmente os monges, mas foi
defendido por Atanásio. Ele manteve sua relação com Eustácio de Sebaste, apesar das
diferenças dogmáticas. Por outro lado, Basílio foi gravemente ofendido pelos aderentes
mais extremados do homoousianismo, que pareciam para ele estar revivendo a
heresia sabeliana (que, no afã de defender a consubstancialidade da Trindade, beiravam
eliminar a distinção entre Pai, Filho e Espírito Santo).[32]
Ele também se correspondeu com o papa Dâmaso I na esperança de ter um bispo de
Roma condenado a heresia onde quer que ela estivesse. A aparente indiferença
do papaperturbou Basílio e ele se voltou para a tristeza e preocupação. É ainda tema de
controvérsia o quanto ele acreditava que sé romana poderia ajudar as igrejas do oriente,
com muitos teólogos católicos romanos[36] alegando a primazia para o bispo de Roma
sobre as demais igrejas, tanto em doutrina quanto em poderes eclesiásticos.
Igreja principal do Mosteiro da Grande Lavra, em Monte Atos, onde estaria preservada a cabeça de
Basílio.
Através de seus exemplos e ensinamentos, Basílio promoveu uma notável moderação nas
práticas austeras que eram características anteriores da vida monástica.[41] A ele também
se credita a coordenação das tarefas de trabalho e oração para assegurar um balanço
correto entre os dois.[42]
Basílio é lembrado como o mais influente autor no desenvolvimento do monasticismo
cristão. Não apenas ele é reconhecido como pai do monasticismo ortodoxo, mas
historiadores reconhecem que o seu legado se estende também para a igreja ocidental,
principalmente pela influência que ele teve sobre São Bento.[43] Acadêmicos patrísticos,
como Meredith, afirmam que o próprio Bento teria reconhecido esta influência quando ele
escreveu no epílogo de sua "Regra" que seus monges, além da Bíblia, deveriam ler "as
confissões dos Padres e seus institutos e suas vidas e a 'Regra de nosso Santo Padre,
Basílio'".[44]
Os ensinamentos sobre monasticismo, como aparecem suas obras, como seu Small
Asketikon, foram transmitidos para o ocidente por Rufinono final do século IV.[45]
Como resultado desta influência, diversas ordens religiosas no cristianismo oriental trazem
o nome de Basílio. Na Igreja Católica Romana, os padres basílios, também conhecidos
como Congregação de São Basílio, também homenageiam o santo.
Devoção[editar | editar código-fonte]
Há diversas relíquias de São Basílio por todo o mundo. Uma das mais importantes é a sua
cabeça, que estaria preservada até hoje no Mosteiro da Grande Lavra, em Monte Atos,
na Grécia.[46]
Sobre ele, assim se manifestou o papa Bento XVI:
“ ”
Na realidade, São Basílio criou uma vida monástica muito particular: não fechada à
comunidade da Igreja local, mas aberta a ela. Seus monges formavam parte da Igreja
particular, eram seu núcleo animador que, precedendo aos demais fiéis no
seguimento de Cristo e não só da fé, mostrava sua firme adesão a Cristo - o amor a
ele -, sobretudo com obras de caridade. Estes monges, que tinham escolas e hospitais,
estavam ao serviço dos pobres; assim mostraram a integridade da vida cristã..[47]
“
Muitos opinam que essa instituição tão importante em toda a Igreja como é a vida monástica
ficou estabelecida, para todos os séculos, principalmente por São Basílio ou que, pelo menos,
a natureza da mesma não teria ficado tão propriamente definida sem a sua decisiva
aportação.[47]