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ADORNO, Theodor. Capitalismo tardio ou sociedade industrial. Trad. Flávio Kothe.

In;
COHN, Gabriel. (org.). Theodor W. Adorno: Sociologia. São Paulo: editora Ática, 1986.
p.62-75

A dominação sobre seres humanos, contínua a ser exercida através do processo


econômico. Objeto disso já não são mais apenas as massas, mas também os mandantes e
seus apêndices. P.67

Por toda parte e para além de todas as fronteiras dos sistemas políticos, o trabalho
industrial tornou-se o modelo de sociedade. Evolui para uma totalidade, porque modos
de procedimento que se assemelham ao modo industrial necessariamente se expandem,
por exigência econômica, também para setores da produção material, para a
administração,, para a esfera da distribuição e para aquela que se denomina cultura. Por
outro lado, a sociedade é capitalismo em suas relações de produção. Os homens seguem
sendo o que, segundo a análise de Marx, eles eram por volta da metade do século XIX:
apêndices da maquinaria, e não mais apenas literalmente os trabalhadores, que têm de se
conformar às características das máquinas a que servem, mas além de se conformar as
características das máquinas a que servem, mas, além deles, muito, metaforicamente:
obrigados até mesmo em suas mais intimas emoções a se submeterem ao mecanismo
social como portadores de papéis, tendo de se modelar sem reservas de acordo com ele.
Hoje como antes produz-se visando o lucro. p.68

O fascínio que o sistema exerce sobre os homens, na medida em que tais comparações
possam ser feitas com algum sentido, ficou reforçado através da integração. Em tudo
isso é inegável que, com a crescente satisfação das necessidades materiais – apesar de
sua configuração ser deformada pelo aparelho -, também se desenha de um modo muito
mais concreto a possibilidade de viver sem passar necessidade. P.68

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